Você está na página 1de 7

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA

ESTEFÂNIA PINTOR CANZIAN

MÉTODO DOS ELEMENTOS DE CONTORNO:

MÉTODO DE TREFFTZ

VITÓRIA

2019
1
SUMÁRIO

1. MÉTODO DE TREFFTZ................................................................................................ 3
1.1 Caso Unidimensional ........................................................................................... 3
1.2 Caso Bidimensional ............................................................................................. 5
2. REFERÊNCIAS............................................................................................................. 7

2
1. MÉTODO DE TREFFTZ

1.1 Caso Unidimensional


Considerando uma equação diferencial qualquer, a substituição de suas variáveis pela
função de aproximação gera um erro, e procura-se minimizar o mesmo dentro do domínio.
Para minimizar o erro, é necessário considerar outra função, chamada w, ou função de
ponderação. Além disso, o resíduo, ou a função erro no domínio é chamada de Ed. Esse
resíduo é forçado a ser zero, num sentido médio, através de uma ponderação no domínio
(através de w), ou seja:

(1.1.1)
∫ 𝐸𝑑 𝑤 𝑑Ω = 0
Ω

A equação acima é chamada de forma variacional direta e a mesma dá origem a


métodos de resíduos ponderados. Utilizando como exemplo um domínio unidimensional,
com limites de x=0 a x=1 com a seguinte equação governante (forma forte):

𝑑2𝑢 (1.1.2)
+ 𝜆2 𝑢 − 𝑏 = 0 𝑒𝑚 𝑥
𝑑𝑥 2

Considerando as condições de contorno:

𝑢 = 𝑢̅ 𝑒𝑚 𝑥 = 0 → 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çõ𝑒𝑠 𝑒𝑠𝑠𝑒𝑛𝑐𝑖𝑎𝑖𝑠
{ 𝑑𝑢
𝑞= = 𝑞̅ 𝑒𝑚 𝑥 = 1 → 𝑐𝑜𝑛𝑑𝑖çõ𝑒𝑠 𝑛𝑎𝑡𝑢𝑟𝑎𝑖𝑠
𝑑𝑥

Em que, 𝑢 a solução governante do problema, 𝜆2 uma constante positiva conhecida e 𝑏


uma função conhecida de x. Sendo o resíduo (Ed) a resolução da equação diferencial, e
substituindo o mesmo na equação (1.1.1), e considerando a solução exata para não gerar
confusão com o MRP, obtemos a forma variacional direta:

1
𝑑 2 𝑢0 (1.1.3)
∫ ( 2 + 𝜆2 𝑢0 − 𝑏) 𝑤 𝑑x = 0
0 𝑑𝑥

Integrando por partes a equação (1.1.3):

1
𝑑𝑢0 𝑑𝑤 2
𝑑𝑢0 1 (1.1.4)
∫ {− + (𝜆 𝑢0 − 𝑏)𝑤} 𝑑x + [ 𝑤] = 0
0 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 0

3
𝑑𝑢
Sendo, 𝑞 = 𝑑𝑥 = 𝑞̅ 𝑒𝑚 𝑥 = 1, a equação acima pode ser escrita como:

1
𝑑𝑢0 𝑑𝑤 (1.1.5)
∫ {− + (𝜆2 𝑢0 − 𝑏)𝑤} 𝑑x + [̅̅̅𝑤
𝑞0 ]1 − [𝑞0 𝑤]0 = 0
0 𝑑𝑥 𝑑𝑥

Para a integração no contorno, devemos escolher uma função de ponderação que satisfaça
a equação do problema na sua forma homogênea, formando o método de Trefftz.

Caso a função w possua suficiente grau de continuidade é possível integrar por partes a
equação (1.1.4) novamente:

1
𝑑2𝑤 2
𝑑𝑢0 1 𝑑𝑤 1 (1.1.6)
∫ {𝑢0 ( + 𝜆 𝑤) − 𝑏𝑤} 𝑑x + [ 𝑤] − [𝑢 0 ] =0
0 𝑑𝑥 2 𝑑𝑥 0 𝑑𝑥 0

Tendo as condições de contorno essenciais (para u) e naturais (para q), devemos escolher
a função de ponderação w de forma a eliminar a necessidade de integração no domínio,
assim w deverá satisfazer a equação a seguir:

𝑑2𝑤 (1.1.7)
+ 𝜆2 𝑤 = 0
𝑑𝑥 2

Assim, substituindo (1.1.7) na equação (1.1.6):

1
𝑑𝑢0 1 𝑑𝑤 1 (1.1.8)
− ∫ 𝑏𝑤 𝑑x + [ 𝑤] − [𝑢0 ] =0
0 𝑑𝑥 0 𝑑𝑥 0

E a equação (1.1.8) é tida como a equação base do método Trefftz. O Método de Trefftz
(1926), em essência, consiste na aproximação das grandezas de interesse de um
determinado problema mediante o uso adequado das próprias soluções analíticas de sua
equação regente como funções de aproximação.

4
1.2 Caso Bidimensional
Para mostrar a extensão dos conceitos já apresentados, será utilizada agora, para o espaço
bidimensional, a equação de Poisson (forma forte):

∇2 𝑢 − 𝑏 = 0 (1.2.1)
ou

𝜕2𝑢 𝜕2𝑢 (1.2.2)


+ =𝑏
𝜕𝑥12 𝜕𝑥22

Dessa forma, a forma variacional direta é:

1
(1.2.3)
∫ (∇2 𝑢 − 𝑏) 𝑤 𝑑Ω = 0
0

As condições de contorno são:

𝑢 = 𝑢̅ 𝑒𝑚 Γ1
{ 𝜕𝑢
𝑞= = 𝑞̅ 𝑒𝑚 Γ2
𝜕𝑛

Integrando por partes a equação (1.2.3):

𝜕𝑢 𝜕𝑤 𝜕𝑢 𝜕𝑤 𝜕𝑢 (1.2.4)
∫ (− − − 𝑏𝑤) 𝑑Ω + ∫ 𝑤𝑑 Γ = 0
Ω 𝜕𝑥1 𝜕𝑥1 𝜕𝑥2 𝜕𝑥2 Γ 𝜕𝑛

𝜕𝑢
Sendo, 𝑞 = 𝜕𝑛, e integrando por partes novamente:

𝜕𝑤 (1.2.5)
∫ ((∇2 𝑤) 𝑢 − 𝑏𝑤) 𝑑Ω + ∫ 𝑞𝑤𝑑 Γ − ∫ 𝑢 𝑤𝑑 Γ = 0
Ω Γ Γ2 𝜕𝑛

Aplicando as condições de contorno em (1.2.5) e assim devemos escolher a função de


ponderação (w) de forma a satisfazer a equação:

∇2 𝑤 = 0, 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑇𝑟𝑒𝑓𝑓𝑡𝑧

Dessa forma, a equação (1.2.5) fica:

𝜕𝑤 𝜕𝑤 (1.2.6)
− ∫ 𝑏𝑤 𝑑Ω + ∫ 𝑞𝑤 𝑑Γ + ∫ 𝑞̅ 𝑤 𝑑Γ − ∫ 𝑢̅ 𝑑Γ + ∫ 𝑢 𝑑Γ = 0
Ω Γ1 Γ2 Γ1 𝜕𝑛 Γ2 𝜕𝑛

5
Considerando b=0, temos:

𝜕𝑤 𝜕𝑤 (1.2.7)
∫ 𝑞𝑤 𝑑Γ + ∫ 𝑞̅𝑤 𝑑Γ − ∫ 𝑢̅ 𝑑Γ + ∫ 𝑢 𝑑Γ = 0
Γ1 Γ2 Γ1 𝜕𝑛 Γ2 𝜕𝑛

Se as mesmas funções são escolhidas para 𝑢 e 𝑤, então tem-se o método de Trefftz.


Podemos notar isso a partir do teorema de Green:

𝜕𝑢 𝜕𝑤 (1.2.8)
∫ (u ∇2 𝑤 − 𝑤 ∇2 𝑢)𝑑Ω = ∫ ( 𝑤−𝑢 ) 𝑑Γ
Ω Γ 𝜕𝑛 𝜕𝑛

Tendo que Γ = Γ1 + Γ2 .

Quando são escolhidas as mesmas funções para 𝑢 e 𝑤, temos ∇2 𝑢 ≡ ∇2 𝑤 ≡ 0 e podemos


dizer 𝑤 = 𝛿𝑢. Assim, a equação (1.2.8) fica:

𝜕𝑢 𝜕𝛿𝑢 (1.3.9)
∫ 𝛿𝑢 𝑑Γ = ∫ 𝑢 𝑑Γ
Γ 𝜕𝑛 Γ 𝜕𝑛

E assim, substituindo as condições de contorno, temos:

𝛿𝜕𝑤 𝜕𝑤 (1.2.9)
∫ 𝑞 𝛿𝑢 𝑑Γ + ∫ 𝑞̅ 𝛿𝑢 𝑑Γ − ∫ 𝑢̅ 𝑑Γ + ∫ 𝑢 𝑑Γ
Γ1 Γ2 Γ1 𝜕𝑛 Γ2 𝜕𝑛

6
2. REFERÊNCIAS

BREBBIA, C.A; TELLES, J.C.F; WROBEL, L.C; Boundary Element Techniques. Springer-
Verlag, Berlin,1984.

BUFFON, L.P. Formulação do Método dos Elementos de Contorno para a análise


mecânica de domínios planos não-homogêneos enrijecidos. Dissertação de Mestrado
em Engenharia Civil, Universidade de São Paulo, São Carlos-SP, 2018.

Você também pode gostar