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Métodos Analíticos e Computacionais

Modelagem Numérica

Capítulo III

Resolução Numérica de Problemas de Valor Inicial e de Contorno

III.1 – Diferenciação Numérica

Dada uma função, cujo gráfico está representado na Figura III.1. Os pontos definidos
pelos pares ordenados (x-w,f(x-w)), (x,f(x)) e (x+w,f(x+w)), são tão próximos quanto
se queira de modo que "w", aqui denominado, especialmente, de passo, deverá ser
um número pequeno.

Assim, sendo f : IR → IR , e, h o passo, para se aproximar a primeira e a segunda


derivada em "x" pode-se promover a expansão em séries de Taylor:

(1) 𝑤 2 (2) 𝑤 3 (3)


𝑓(𝑥 + 𝑤) = 𝑓(𝑥) + 𝑤𝑓 (𝑥) + 𝑓 (𝑥) + 𝑓 (𝑥) + . . . (1)
2 6

(1) 𝑤 2 (2) 𝑤 3 (3)


𝑓(𝑥 − 𝑤) = 𝑓(𝑥) − 𝑤𝑓 (𝑥) + 𝑓 (𝑥) − 𝑓 (𝑥) + . . . (2)
2 6

Figura III.1 – Pontos próximos de uma função


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Resolvendo a Equação III.1 em f(1)(x) obtém-se a diferença em avanço, na forma:

(1) 𝑓(𝑥 + 𝑤) − 𝑓(𝑥) 𝒘 (𝟐) 𝑤 2 (3) 𝑓(𝑥 + 𝑤) − 𝑓(𝑥)


𝑓 (𝑥) = − 𝒇 (𝒙) − 𝑓 (𝑥)+ . . . ≈ (3)
𝑤 𝟐 6 𝑤

Ou:


(1) 𝑓(𝑥 + 𝑤) − 𝑓(𝑥) 𝑤 (𝑘−1) (𝑘) 𝑓(𝑥 + 𝑤) − 𝑓(𝑥)
𝑓 (𝑥) = −∑ 𝑓 (𝑥) ≈ (4)
𝑤 𝑘! 𝑤
𝑘=2

Tal aproximação é de primeira ordem, pois, no maior termo desprezado, assinalado


em negrito na Equação III.3, o passo “w” está afetado de expoente igual à unidade.
A aproximação, então, é denominada O(w).

Analogamente, resolvendo-se a segunda série, Equação III.2, em f(1)(x), resulta a


diferença em atraso:

(1) 𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑥 − 𝑤) 𝒘 (𝟐) 𝑤 2 (3) 𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑥 − 𝑤)


𝑓 (𝑥) = + 𝒇 (𝒙) − 𝑓 (𝑥)+ . . . ≈ (5)
𝑤 𝟐 6 𝑤

Ou:


(1) 𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑥 − 𝑤) (−𝑤)(𝑘−1) (𝑘) 𝑓(𝑥) − 𝑓(𝑥 − 𝑤)
𝑓 (𝑥) = −∑ 𝑓 (𝑥) ≈ (6)
𝑤 𝑘! 𝑤
𝑘=2

Que também é de primeira ordem ou O(w).

Subtraindo-se a Equação III.2 da Equação III.1 e resolvendo-se o resultado em f(1)(x)


obtém-se a equação da diferença centrada:

𝑓(𝑥 + 𝑤) − 𝑓(𝑥 − 𝑤) 𝒘𝟐 (𝟑) 𝑓(𝑥 + 𝑤) − 𝑓(𝑥 − 𝑤)


𝑓 (1) (𝑥) = − 𝒇 (𝒙)+ . . . ≈ (7)
2𝑤 𝟔 2𝑤

(1) 𝑓(𝑥 + 𝑤) − 𝑓(𝑥 − 𝑤) 𝑤 2(𝑘−1) (2𝑘−1)
𝑓 (𝑥) = − ∑ 𝑓 (𝑥)
2𝑤 (2𝑘 − 1)!
𝑘=2

𝑓(𝑥 + 𝑤) − 𝑓(𝑥 − 𝑤)
≈ (8)
2𝑤

que é de segunda ordem, pois, no maior termo desprezado, destacado em negrito


na Equação III.7, o passo “w” está afetado de expoente igual a 2 (dois). A
aproximação é, contudo, denominada O(w2).
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Finalmente, adicionando a Equação III.1 à Equação III.2, e, resolvendo-se a


expressão resultante em f(2)(x), obtém-se a diferença referente à segunda derivada:

(2) 𝑓(𝑥 + 𝑤) − 2𝑓(𝑥) + 𝑓(𝑥 − 𝑤) 𝑤 2 (4)


𝑓 (𝑥) = − 𝑓 (𝑥)+ . . .
𝑤2 12
𝑓(𝑥 + 𝑤) − 2𝑓(𝑥) + 𝑓(𝑥 − 𝑤)
≈ (9)
𝑤2

(2) 𝑓(𝑥 + 𝑤) − 2𝑓(𝑥) + 𝑓(𝑥 − 𝑤) 𝑤 2𝑘
𝑓 (𝑥) = − 2∑ 𝑓 (2𝑘+2) (𝑥)
𝑤2 2(𝑘 + 1)!
𝑘=1

𝑓(𝑥 + 𝑤) − 2𝑓(𝑥) + 𝑓(𝑥 − 𝑤)


≈ (10)
𝑤2

cuja precisão é também de segunda ordem ou O(w2).

III.2 Aplicações em Problemas de Valor Inicial

Uma sistemática preliminar para a resolução numérica de problemas de valor inicial


e de contorno consiste no emprego das versões numéricas das derivadas que
constam da equação diferencial tratada no problema em análise.

Seja, por exemplo, uma equação do tipo:

𝒅𝒚
+ 𝑨(𝒕)𝒚 = 𝒓(𝒕) (11)
𝒅𝒕

Tal que “A(t)” e “r(t)” são funções conhecidas na variável t, y = f(t) é a função
solução da equação diferencial, e, y = f(to) = yo, em t = to.

Na maioria dos casos envolvendo problemas práticos o que se deseja, realmente, é


o conhecimento do valor da função y = f(t) em certo instante tn, conhecendo-se seu
valor y = f(to), em t = to.

Com vistas ao cumprimento de tal finalidade, subdivide-se o intervalo de tempo


compreendido entre t = to e t = tn, em subintervalos que, aqui, por conveniência, são
igualmente espaçados de uma amplitude “w”, estabelecendo-se assim os instantes
discretos, t1, t2, . ., tn-1, tn, Figura III.2. O valor de “w” deve ser identificado como
sendo o passo da diferenciação, e, assim, deve ser fixado de modo que os
resultados obtidos atenda à precisão requerida para o problema em resolução.
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Figura III.2 – Particionamento do intervalo de trabalho

Sabe-se que da diferença central, que é O(w2), resultando, portanto, em


aproximação de segunda ordem, obtém-se valores mais precisos para a primeira
derivada que aqueles referentes à diferença em atraso ou em avanço, que são O(w),
ou aproximação de primeira ordem. Entretanto, o emprego da diferença central
requer o conhecimento do valor da função em, pelo menos, dois pontos anteriores
ao que está por ser calculado, e, ao início da resolução do problema, só se dispões
do valor da função em um único ponto. Assim, para a obtenção do valor da função
no primeiro ponto, que corresponde a t = t1, se o valor a obter para a função refere-
se a ponto adiante do ponto conhecido, ou seja, tn > to , a versão numérica a
empregar para a primeira derivada da função que consta na equação diferencial
será a diferença em avanço. Por outro lado, se acontecer de to > tn, caso em que o
valor a obter para a função refere-se a ponto anterior ao ponto conhecido, a versão
numérica a adotar para substituir a primeira derivada da função que consta na
equação diferencial, será a diferença em atraso. Se a diferença em avanço deve ser
adotada, a qual é escrita na forma da Equação:

𝒇(𝒕 + 𝒘) − 𝒇(𝒕)
𝒇(𝟏) (𝒕) = (12)
𝒘

Uma vez substituindo-a na equação diferencial obtém-se:

𝒅𝒚 𝒇(𝒕 + 𝒘) − 𝒇(𝒕)
+ 𝑨(𝒕)𝒚 ≈ + 𝑨(𝒕)𝒇(𝒕) = 𝒓(𝒕) (13)
𝒅𝒕 𝒘
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Tal expressão pode ser modificada mediante e assumir a forma:

𝒇(𝒕 + 𝒘) − 𝒇(𝒕) = 𝒘[𝒓(𝒕) − 𝑨(𝒕)𝒇(𝒕) ] (14)

E, a seguir:

𝒇(𝒕 + 𝒘) = 𝒘[𝒓(𝒕) − 𝑨(𝒕)𝒇(𝒕) ] + 𝒇(𝒕) (15)

E, finalmente:

𝒇(𝒕 + 𝒘) = 𝒘𝒓(𝒕) + [𝟏 − 𝒘𝑨(𝒕)] 𝒇(𝒕) (16)

O valor aproximado da função em t = t1, deve ser obtido a partir da expressão:

𝒚𝟏 = 𝒇(𝒕𝟏 ) = 𝒇(𝒕𝒐 + 𝒘) = 𝒘𝒓(𝒕𝒐 ) + [𝟏 − 𝒘𝑨(𝒕𝒐 )] 𝒇(𝒕𝒐 ) (17)

Ou:

𝒚𝟏 = 𝒘𝒓(𝒕𝒐 ) + [𝟏 − 𝒘𝑨(𝒕𝒐 )] 𝒚𝒐 (18)

Uma vez conhecidos o valor da função em dois pontos consecutivos, pode-se então,
utiliza-los para calcular os demais pontos aplicando-se a diferença central:

𝒇(𝒕 + 𝒘) − 𝒇(𝒕 − 𝒘)
𝒇(𝟏) (𝒕) = (19)
𝟐𝒘

resultando para a equação diferencial:

𝒅𝒚 𝒇(𝒕 + 𝒘) − 𝒇(𝒕 − 𝒘)
+ 𝑨(𝒕)𝒚 ≈ + 𝑨(𝒕)𝒇(𝒕) = 𝒓(𝒕) (20)
𝒅𝒕 𝟐𝒘

Que pode ser modificada para:

𝒇(𝒕 + 𝒘) − 𝒇(𝒕 − 𝒘) = 𝟐𝒘[𝒓(𝒕) − 𝑨(𝒕)𝒇(𝒕)] (21)

E, ainda, a forma:.

𝒇(𝒕 + 𝒘) = 𝒇(𝒕 − 𝒘) + 𝟐𝒘[𝒓(𝒕) − 𝑨(𝒕)𝒇(𝒕)] (22)

Assim, para o valor aproximado da função em t = t2, ter-se-ia:

𝒚𝟐 = 𝒇(𝒕𝟐 ) = 𝒇(𝒕𝟏 + 𝒘) = 𝒇(𝒕𝟏 − 𝒘) + 𝟐𝒘[𝒓(𝒕𝟏 ) − 𝑨(𝒕𝟏 )𝒇(𝒕𝟏 )] (23)


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Que pode ser transformada em:

𝒚𝟐 = 𝒇(𝒕𝒐 ) + 𝟐𝒘[𝒓(𝒕𝟏 ) − 𝑨(𝒕𝟏 )𝒇(𝒕𝟏 )] (24)

Ou ainda:

𝒚𝟐 = 𝒚𝟎 + 𝟐𝒘[𝒓(𝒕𝟏 ) − 𝑨(𝒕𝟏 )𝒚𝟏 ] (25))

E, analogamente para os demais pontos, ficariam as formas de recorrência:

𝒚𝟑 = 𝒚𝟏 + 𝟐𝒘[𝒓(𝒕𝟐 ) − 𝑨(𝒕𝟐 )𝒚𝟐 ] (26)

𝒚𝒏−𝟏 = 𝒚𝒏−𝟑 + 𝟐𝒘[𝒓(𝒕𝒏−𝟐 ) − 𝑨(𝒕𝒏−𝟐 )𝒚𝒏−𝟐 ] (27)

𝒚𝒏 = 𝒚𝒏−𝟐 + 𝟐𝒘[𝒓(𝒕𝒏−𝟏 ) − 𝑨(𝒕𝒏−𝟏 )𝒚𝒏−𝟏 ] (28)

Tendo assim, desta forma, o problema devidamente resolvido. O procedimento


resolutivo assim descrito é denominado de Método das Diferenças Finitas.

Exercício Resolvido III.1: Determinar o valor da função y = f(t), em t = 0,4,


adotando-se como passo o valor w = 0,1 e sabendo-se que f(0) = 1 e o problema é
regido mediante a equação:

𝒅𝒚
− 𝒚= 𝟎
𝒅𝒕

Se esta equação diferencial é da forma:

𝑑𝑦
+ 𝐴(𝑡)𝑦 = 𝑟(𝑦)
𝑑𝑡

Então:

𝐴(𝑡) = −1 𝑒 𝑟(𝑡) = 0
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Aplicando-se, então, a forma referente à diferença em avanço para obter o valor da


função em t = t1 = to + w, = 0 + 0,1 =0,1 obtém-se:

𝑦1 = 𝑤𝑟(𝑡𝑜 ) + [1 − 𝑤𝐴(𝑡𝑜 )] 𝑦𝑜

𝑦1 = 𝑤𝑟(𝑡𝑜 ) + [1 − 𝑤𝐴(𝑡𝑜 )] 𝑦𝑜 = 0 + [1 − 𝑤(−1)]𝑦𝑜 = (1 + 𝑤)𝑦𝑜

Assim:

𝑦1 = (1 + 0,1)1,0 = 1,1

Para a obtenção de cada um dos demais pontos aplica-se a diferença central:

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−2 + 2𝑤[𝑟(𝑡𝑖−1 ) − 𝐴(𝑡𝑖−1 )𝑦𝑖−1 ] = 𝑦𝑖−2 + 2𝑤[0 − (−1)𝑦𝑖−1 ] = 𝑦𝑖−2 + 2𝑤𝑦𝑖−1

e:

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−2 + 2𝑤𝑦𝑖−1 = 𝑦𝑖−2 + 2 × 0,1𝑦𝑖−1 = 𝑦𝑖−2 + 0,2𝑦𝑖−1

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−2 + 0,2𝑦𝑖−1

Para t = t2 = t1 + w = 0,1 + 0,1 = 0,2, tem-se:

𝑦2 = 𝑦𝑜 + 0,2𝑦1 = 1,0 + 0,2 × 1,1 = 1,22

Para t = t3 = t2 + w = 0,2 + 0,1 = 0,3

𝑦3 = 𝑦1 + 0,2𝑦2 = 1,1 + 0,2 × 1,22 = 1,344

Para t = t4 = t3 + w = 0,3 + 0,1 = 0,4

𝑦4 = 𝑦2 + 0,2𝑦3 = 1,22 + 0,2 × 1,344 = 1,4888

Que representa então o valor aproximado da função solução em t = 0,4.

Uma vez resolvendo-se o problema a partir da modelagem analítica obter-se-ia para


solução f(0,4) = 1,49182. . . de forma que o erro cometido ao aproximar-se tal valor
mediante diferenças finitas, como o fizemos, seria da ordem de 0,2%.

Exercício Resolvido III.2: Determinar o valor de y = f(0,03), se o é passo w = 0,01


e sabendo-se que f(0) = 1 e o problema é regido mediante a equação:

𝒅𝒚
− 𝒕𝒚 = 𝟎
𝒅𝒕
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Se esta equação diferencial é da forma:

𝑑𝑦
+ 𝐴(𝑡)𝑦 = 𝑟(𝑡)
𝑑𝑡

Então:

𝐴(𝑡) = −𝑡, 𝐴(𝑡𝑖 ) = −𝑡𝑖 , 𝑒, 𝑟(𝑡) = 0

Aplicando-se, então, a forma referente à diferença em avanço para obter o valor da


função em t = t1 = to + w = 0 + 0,01 = 0,01 obtém-se:

𝑦1 = 𝑤𝑟(𝑡𝑜 ) + [1 − 𝑤𝐴(𝑡𝑜 )] 𝑦𝑜 = 0 + [1 − 𝑤(−𝑡𝑜 )] 𝑦𝑜 = (1 + 𝑤𝑡𝑜 )𝑦𝑜

Assim:

𝑦1 = (1 + 0,01 × 0,00)1,0 = 1,0

Aplicando-se a diferença central para os demais pontos, tem-se:

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−2 + 2𝑤[𝑟(𝑡𝑖−1 ) − 𝐴(𝑡𝑖−1 )𝑦𝑖−1 ] = 𝑦𝑖−2 + 2𝑤[0 − (−𝑡𝑖 )𝑦𝑖−1 ]


= 𝑦𝑖−2 + 2𝑤𝑡𝑖−1 𝑦𝑖−1

e:

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−2 + 2𝑤𝑡𝑖−1 𝑦𝑖−1 = 𝑦𝑖−2 + 2 × 0,01𝑡𝑖−1 𝑦𝑖−1 = 𝑦𝑖−2 + 0,02𝑡𝑖−1 𝑦𝑖−1

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−2 + 0,02𝑡𝑖−1 𝑦𝑖−1

Para t = t2 = t1 + w = 0,1 + 0,1 = 0,2, tem-se:

𝑦2 = 𝑦𝑜 + 0,02𝑡1 𝑦1 = 1,0 + 0,02 × 0,01 × 1 = 1,0002

Para t = t3 = t2 + w = 0,02 + 0,01 = 0,03

𝑦3 = 𝑦1 + 0,02𝑡2 𝑦2 = 1,0 + 0,02 × 0,02 × 1,0002 = 1,0004 . ..

Que representa o valor aproximado da função solução para t = 0,03, como solicitado
para se calcular.

Uma vez resolvendo-se o problema mediante modelagem analítica obter-se-ia a


solução f(0,3) = 1,00045. . . de forma que o erro cometido ao aproximar tal valor
mediante diferenças finitas, como o fizemos, seria da ordem de 0,005%.
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O êxito da aplicação do Método das Diferenças Finitas pode depender da adoção de


procedimento iterativo. Assim, seguindo tal filosofia, deve-se, inicialmente, subdividir
o intervalo de trabalho em dois subintervalos, e, portanto, n = 2. Conforme seja a
posição do ponto final em relação ao ponto inicial, deve-se então utilizar a diferença
em avanço ou em atraso para a determinação do valor do segundo ponto. Uma vez
que na maioria das vezes o ponto final está adiante do ponto inicial, deve-se adotar
a forma correspondente à diferença em avanço:

𝑦1 = 𝑤𝑟(𝑡𝑜 ) + [1 − 𝑤𝐴(𝑡𝑜 )] 𝑦𝑜

A seguir, deve-se então determinar o valor do terceiro ponto mediante a forma


correspondente à diferença central:

𝑦𝑛1 = 𝑦2 = 𝑦0 + 2𝑤[𝑟(𝑡1 ) − 𝐴(𝑡1 )]𝑦1

Em um segundo estágio, subdividir o intervalo de trabalho em quatro subintervalos,


obter o valor do segundo ponto a partir da expressão:

𝑦1 = 𝑤𝑟(𝑡𝑜 ) + [1 − 𝑤𝐴(𝑡𝑜 )] 𝑦𝑜

E o valor dos demais pontos mediante a forma de recorrência:

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−2 + 2𝑤[𝑟(𝑡𝑖−1 ) − 𝐴(𝑡𝑖−1 )]𝑦𝑖−1

De sorte que:

𝑦𝑛2 = 𝑦4 = 𝑦2 + 2𝑤[𝑟(𝑡3 ) − 𝐴(𝑡3 )]𝑦3

Calcular então a diferença entre os valores obtidos em cada um dos dois estágios
para o ponto no qual se deseja calcular o valor da função solução da equação
diferencial objeto do problema em resolução, ou seja:

𝑦𝑛2 − 𝑦𝑛1
𝐷𝑖𝑓 =
𝑦𝑛2

E compará-la com a tolerância admitida para o problema. Se a tolerância for


atendida então o valor da função no ponto que se deseja calcular será:

𝑓(𝑡𝑛 ) = 𝑦𝑛2
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Nas formas acima 𝑦𝑛1 e 𝑦𝑛2 representam os valores de yn obtidos na primeira e na


segunda iteração, respectivamente.

Se a tolerância não for atendida repetir sucessivamente o procedimento para 8, 16,


32, . . . intervalos até que tal objetivo aconteça. Caso a convergência ocorra em
certa iteração “k”, então o valor da função no ponto que se deseja calcular será:

𝑓(𝑡𝑛 ) = 𝑦𝑛𝑘

Problemas Propostos
1 - Encontrar, a partir do método das diferenças finitas, o valor em t = 0,02 da função
y = f(t) que satisfaz à equação diferencial dy/dt – 4y = 0, e atende à condição de em
t = 0, y = 1, utilizando passo w = 0,01.
2 - Encontrar o valor da função y = f(t) em t = 0,04 que satisfaz à equação diferencial
dy/dt – 2ty = 0, e atende à condição de em t = 0, y = 1, utilizando passo w = 0,01.

III.3 – Método de Euler Padrão

Seja a equação diferencial do tipo:

𝑑𝑦
= 𝑔(𝑡, 𝑦) (29)
𝑑𝑡

sendo y = f(t), Figura III.3, então pode-se adotar a notação:

𝑑𝑦
| 𝑡=𝑎 = 𝑔(𝑎, 𝑏) (30)
𝑑𝑡 𝑦=𝑏

Assim, se:

𝑦(𝑎) = 𝑓(𝑎) (31)

𝑑𝑦
𝑓(𝑎 + 𝑤) = 𝑦(𝑎 + 𝑤) = 𝑓(𝑎) + 𝑤 | 𝑡=𝑎 (32)
𝑑𝑡 𝑦=𝑏

e:

𝑓(𝑎 + 𝑤) = 𝑦(𝑎 + 𝑤) = 𝑦(𝑎) + 𝑤𝑔(𝑎, 𝑏) (33)


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Tratando-se de um problema de valor inicial e desejando-se o valor de “y = f(t)” em


um ponto tn então, toma-se o intervalo entre t = to, para o qual f(to) tem valor
conhecido, e, t = tn, e o subdivide-se em "n" subintervalos de amplitude "w" tal que:

𝑡𝑛 − 𝑡0
𝑤= = 𝑡𝑖+1 − 𝑡𝑖 (34)
𝑛

Sendo ti e ti+1 as abscissas de dois pontos genéricos subsequentes.


Consequentemente:

𝑡𝑛 − 𝑡0
𝑤= → 𝑡𝑖+1 = 𝑡𝑖 + 𝑤 = 𝑡𝑜 + 𝑖𝑤 (35)
𝑛

Figura III.3 – Aproximação em torno do ponto t = a

Assim:

𝑑𝑦 𝑦1 − 𝑦0
| 𝑡=𝑡 = 𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) ≈ (36)
𝑑𝑡 𝑦=𝑦𝑜 𝑡1 − 𝑡𝑜
0

De modo que se yo = f(to) então:

𝑓(𝑡1 ) = 𝑦1 ≈ 𝑓(𝑡𝑜 ) + (𝑡1 − 𝑡𝑜 )𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) = 𝑦0 + 𝑤𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) (37)

Analogamente:

𝑦2 ≈ 𝑦1 + 𝑤𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) (38)

𝑦3 ≈ 𝑦2 + 𝑤𝑔(𝑡1 , 𝑦1 ) (39)

.
12

𝑦𝑛−1 ≈ 𝑦𝑛−2 + 𝑤𝑔(𝑡𝑛−2 , 𝑦𝑛−2 ) (40)

𝑦𝑛 ≈ 𝑦𝑛−1 + 𝑤𝑔(𝑡𝑛−1 , 𝑦𝑛−1 ) (41)

A curva y = f(t” traçada a partir desses pontos é aproximada por uma série de
segmentos de reta, Figura III.4, conduzindo a erros que serão tanto maiores quanto
menor o total de subintervalos no qual o intervalo de trabalho é particionado, de
modo que a sistemática ora apresentada é de eficácia limitada.

O valor da função em um ponto yi depende do valor de seus antecessores y1, y2, . .


.,yi-1, assim como afeta seus sucessores yi+1, yi+2, yn, resultando em propagação de
erros.

O método será estável se os erros cometidos no início do processo, embora


mantidos, não promoverem erros nos passos seguintes, sendo instável se, além dos
erros transportados, ocorrerem novos erros, frequentemente muito maiores.

Figura III.4 – Erros do Método de Euler Padrão


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Exercício Resolvido III.3: Determinar, a partir do Método de Euler Padrão o valor


da função y = f(t), em t = 0,4, adotando-se como passo o valor w = 0,1 e sabendo-se
que f(0) = 1 e o problema é regido mediante a equação:

𝒅𝒚
− 𝒚= 𝟎
𝒅𝒕

Se a equação que rege o problema a ser resolvido é da forma:

𝑑𝑦
= 𝑔(𝑡, 𝑦)
𝑑𝑡

Então:

𝑑𝑦 𝑑𝑦
= 𝑔(𝑡, 𝑦) → − 𝑔(𝑡, 𝑦) = 0, 𝑔(𝑡, 𝑦) = 𝑦, 𝑒 𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 ) = 𝑦𝑖
𝑑𝑡 𝑑𝑡

A forma de recorrência para a equação diferencial objeto de resolução:

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−1 + 𝑤𝑔(𝑡𝑖−1 , 𝑦𝑖−1 )

Transforma-se em:

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−1 + 𝑤𝑦𝑖−1 = (1 + 𝑤)𝑦𝑖−1

Se w = 0,1, então:

𝑦𝑖 = (1 + 𝑤)𝑦𝑖−1 = (1 + 0,1)𝑦𝑖−1 = 1,1𝑦𝑖−1

𝑖 = 1, 𝑡 = 𝑡1 = 𝑡𝑜 + 𝑤 = 0 + 0,1 = 0,1

𝑦1 = 1,1𝑦𝑜 = 1,1 × 1,0 = 1,1

𝑖 = 2, 𝑡 = 𝑡2 = 𝑡1 + 𝑤 = 0,1 + 0,1 = 0,2

𝑦2 = 1,1𝑦1 = 1,1 × 1,1 = 1,21

𝑖 = 3, 𝑡 = 𝑡3 = 𝑡2 + 𝑤 = 0,2 + 0,1 = 0,3

𝑦3 = 1,1𝑦2 = 1,1 × 1,21 = 1,331

𝑖 = 4, 𝑡 = 𝑡4 = 𝑡3 + 𝑤 = 0,3 + 0,1 = 0,4

𝑦4 = 1,1𝑦3 = 1,1 × 1,331 = 1,4641


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Que é a ordenada do ponto cujo valor deveria ser determinado. Observe-se que este
problema é similar ao Exercício Resolvido III.1, diferindo tão somente no método
empregado em sua resolução. Uma vez que o valor de tal ordenada obtido através
de modelagem analítica é f(0,4) = 1,49182 então o erro cometido na presente versão
é da ordem de 1,8%, e, portanto, bem superior àquele do Exercício Resolvido III.1. A
razão de tal diferença deve-se ao fato de o método adotado no presente exercício
ser equivalente a se empregar a Diferença em Avanço em todo o procedimento de
cálculo, enquanto, no Exercício Resolvido III.1, tal tipo de Diferença ter sido
empregado, tão somente, nos cálculos voltados para a determinação do segundo
ponto.

Exercício Resolvido III.4: Seja determinar, a partir do Método de Euler Padrão, o


valor da função y = f(t), em t = 0,03, adotando-se como passo o valor w = 0,01 e
sabendo-se que f(0) = 1 e o problema é regido mediante a equação:

𝒅𝒚
− 𝒕𝒚 = 𝟎
𝒅𝒕

Adotando-se sequência resolutiva análoga àquela empregada no Exercício III.3,


deduz-se que:

𝑑𝑦
𝑔(𝑡, 𝑦) = = 𝑡𝑦 𝑒 𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 ) = 𝑡𝑖 𝑦𝑖
𝑑𝑡

A forma de recorrência:

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−1 + 𝑤𝑔(𝑡𝑖−1 , 𝑦𝑖−1 )

Transforma-se em:

𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−1 + 𝑤𝑡𝑖−1 𝑦𝑖−1 = (1 + 𝑤𝑡𝑖−1 )𝑦𝑖−1

Se w = 0,01, então:

𝑦𝑖 = (1 + 𝑤𝑡𝑖−1 )𝑦𝑖−1 = (1 + 0,01𝑡𝑖−1 )𝑦𝑖−1

𝑖 = 1, 𝑡 = 𝑡1 = 𝑡𝑜 + 𝑤 = 0 + 0,01 = 0,01

𝑦1 = (1 + 0,01𝑡0 )𝑦𝑜 = (1 + 0,01 × 0) × 1,0 = 1,0

𝑖 = 2, 𝑡 = 𝑡2 = 𝑡1 + 𝑤 = 0,01 + 0,01 = 0,02


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𝑦2 = (1 + 0,01𝑡1 )𝑦1 = (1 + 0,01 × 0,01) × 1,0 = 1,0001

𝑖 = 3, 𝑡 = 𝑡3 = 𝑡2 + 𝑤 = 0,02 + 0,01 = 0,03

𝑦3 = (1 + 0,01𝑡2 )𝑦2 = (1 + 0,01 × 0,02) × 1,0001 = 1,0003

Observe-se que este problema é similar ao Exercício Resolvido III.2, diferindo tão
somente no método empregado em sua resolução e o valor de tal ordenada obtido
através de modelagem analítica é f(0,03) = 1,00045, de modo que o erro cometido
neste exemplo é da ordem de 0,015%, que pela mesma razão declarada no
Exercício Resolvido III.3 é superior àquele do Exercício Resolvido III.2.

Problemas Propostos
3 - Encontrar, a partir do método de Euler, o valor da função y = f(t) no ponto de
abscissa t = 0,02, que satisfaz à equação diferencial dy/dx – 4y = 0, e atende à
condição de em t = 0, y = 1 utilizando passo w = 0,01.
4 - Encontrar o valor da função y = f(t) em t = 0,04 que satisfaz à equação
diferencial dy/dx – 2xy = 0, e atende à condição de em x = 0, y = 1, utilizando passo
w = 0,01, através do Método de Euler.

III.4 – Método de Euler Modificado

O método ora abordado decorre de refinamento do Método de Euler Padrão,


descrito na seção imediatamente anterior, visando a melhoria da qualidade dos
resultados. Para a aplicação do presente recurso o Método de Euler Padrão é
utilizado para o cálculo de valor provisório y'i+1 da função objeto de trabalho, aqui
nesta seção, especialmente, denominado preditor. Assim para o ponto referente à
abscissa x = xi+1, determina-se y'i+1 a partir da derivada g(xi,yi) no ponto x = xi,
representada graficamente pela inclinação da tangente AB à curva da Figura III.5,
neste último ponto. O valor y'i+1 assim calculado representa uma predição para o
valor final definitivo yi+1. Tal valor y'i+1 faz suscitar a falsa ideia de que a curva da
função y = f(x), seria aquela indicada em linha tracejada na Figura III.5. Para atenuar
tal distorção obtém-se a partir da equação diferencial original, objeto de cálculo, a
derivada g(xi+1, y'i+1) referente ao ponto de coordenadas (xi+1, y'i+1), que representa a
inclinação da tangente CD da curva da Figura III.5. A média aritmética das duas
derivadas, g(xi,yi) e g(xi+1, y'i+1), segmento EF, Figura III.5, deslocada para o ponto I
16

da curva assumindo a posição GH, será utilizada para o cálculo do valor mais exato
yi+1, Figura III.5. Em outras palavras, considerando-se a derivada a partir da equação
diferencial objeto de resolução na forma:

𝑑𝑦
= 𝑔(𝑡, 𝑦) (42)
𝑑𝑡

adota-se para preditor, em x = x1, o valor:

𝑦′1 = 𝑦0 + 𝑤𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) (43)

de modo que:

𝑑𝑦 𝑦1 − 𝑦0
| 𝑡=𝑡 = 𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) ≈ (44)
𝑑𝑡 𝑦=𝑦𝑜 𝑡1 − 𝑡𝑜
0

Para o y'1 assim calculado obtém-se:

𝑑𝑦
𝑔(𝑡1 , 𝑦′1 ) = | (45)
𝑑𝑡 𝑡=𝑡1
𝑦=𝑦′1

Figura III.5 – Definição do valor préditor da função e seu valor definitivo


17

Em uma etapa intermediária calcula-se, então a média aritmética envolvendo as

duas derivadas das Equações III.44 e III.45:

𝑑𝑦 𝑑𝑦
| + |
𝑑𝑡 𝑡=𝑡𝑜 𝑑𝑡 𝑡=𝑡1
𝑦=𝑦0 𝑦=𝑦′1 𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) + 𝑔(𝑡1 , 𝑦′1 )
𝑀𝑑𝑒𝑟 = = (46)
2 2

Após então, determina-se o valor da função y1 = f(x1) a partir da equação:

𝑦1 ≈ 𝑦0 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟 (47)

Para a obtenção de y2 repete-se o mesmo procedimento, ou seja, adota-se para


preditor em x = x2 o valor:

𝑦′2 = 𝑦1 + 𝑤𝑔(𝑡1 , 𝑦1 ) (48)

de modo que:

𝑑𝑦
𝑔(𝑡1 , 𝑦1 ) = | 𝑡=𝑡 (49)
𝑑𝑡 𝑦=𝑦 1
1

Para o y'2 calculado conforme a Equação III.48 obtém-se:

𝑑𝑦
𝑔(𝑡2 , 𝑦′2 ) = | (50)
𝑑𝑡 𝑡=𝑡2′
𝑦=𝑦 2

Determina-se então a média aritmética das duas derivadas apresentadas nas

Equações III.49 e III.50:

𝑑𝑦 𝑑𝑦
| 𝑡=𝑡 + | 𝑡=𝑡
𝑑𝑡 1 𝑑𝑡 2
𝑦=𝑦1 𝑦=𝑦′2 𝑔(𝑡1 , 𝑦1 ) + 𝑔(𝑡2 , 𝑦′2 )
𝑀𝑑𝑒𝑟 = = (51)
2 2

e, na sequência o valor de y2 = f(x2) a partir da equação:

𝑦2 ≈ 𝑦1 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟 (52)

e, de um modo geral, para o ponto de ordem "i", adotar-se-ia em x = xi o preditor:


18

𝑦′𝑖 = 𝑦𝑖−1 + 𝑤𝑔(𝑡𝑖−1 , 𝑦𝑖−1 ) (53)

De modo que:

𝑑𝑦
𝑔(𝑡𝑖−1 , 𝑦𝑖−1 ) = | 𝑡=𝑡 (54)
𝑑𝑡 𝑦=𝑦 𝑖−1
𝑖−1

Para o y'i calculado de acordo com a Equação III.53 calcula-se:

𝑑𝑦
𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦′𝑖 ) = | (55)
𝑑𝑡 𝑡=𝑡𝑖′
𝑦=𝑦 𝑖

E a média das duas derivadas determinadas nas Equações III.54 e III.55:

𝑑𝑦 𝑑𝑦
| + |
𝑑𝑡 𝑡=𝑡𝑖−1 𝑑𝑡 𝑡=𝑡𝑖
𝑦=𝑦𝑖−1 𝑦=𝑦′𝑖 𝑔(𝑡𝑖−1 , 𝑦𝑖−1 ) + 𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦′𝑖 )
𝑀𝑑𝑒𝑟 = = (56)
2 2

e, a seguir, o valor definitivo de yi = f(xi) a partir da equação:

𝑦𝑖 ≈ 𝑦𝑖−1 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟 (57)

Execício III.5: Seja então determinar, a partir do Método de Euler Modificado, o


valor da função y = f(t), em t = 0,4, adotando-se como passo o valor w = 0,1 e
sabendo-se que f(0) = 1 e o problema é regido mediante a equação:

𝒅𝒚
− 𝒚= 𝟎
𝒅𝒕

A equação que rege o problema é da forma:

𝑑𝑦
= 𝑔(𝑡, 𝑦)
𝑑𝑡

Com:

𝑔(𝑡, 𝑦) = 𝑦, 𝑒 𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 ) = 𝑦𝑖

De sorte que a forma de recorrência para o preditor será:

𝑦′𝑖 = 𝑦𝑖−1 + 𝑤𝑔(𝑡𝑖−1 , 𝑦𝑖−1 ) = 𝑦𝑖−1 + 𝑤𝑦𝑖−1 = (1 + 𝑤)𝑦𝑖−1

𝑦′𝑖 = (1 + 𝑤)𝑦𝑖−1 = (1 + 0,1)𝑦𝑖−1 = 1,1𝑦𝑖−1


19

𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) = 𝑦𝑜 = 1,0

𝑖 = 1, 𝑡 = 𝑡1 = 𝑡𝑜 + 𝑤 = 0 + 0,1 = 0,1

𝑦′1 = 1,1𝑦𝑜 = 1,1 × 1,0 = 1,1

𝑔(𝑡1 , 𝑦′1 ) = 𝑦′1 = 1,1

𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) + 𝑔(𝑡1 , 𝑦′1 ) 1,0 + 1,1


𝑀𝑑𝑒𝑟 = = = 1,05
2 2

𝑦1 ≈ 𝑦0 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟 = 1,0 + 0,1 × 1,05 = 1,105

𝑔(𝑡1 , 𝑦1 ) = 𝑦1 = 1,105

𝑖 = 2, 𝑡 = 𝑡2 = 𝑡1 + 𝑤 = 0,1 + 0,1 = 0,2

𝑦′2 = 1,1𝑦1 = 1,1 × 1,105 = 1,2155

𝑔(𝑡2 , 𝑦′2 ) = 𝑦′2 = 1,2155

𝑔(𝑡1 , 𝑦1 ) + 𝑔(𝑡2 , 𝑦′2 ) 1,105 + 1,2155


𝑀𝑑𝑒𝑟 = = = 1,1603
2 2

𝑦2 ≈ 𝑦1 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟 = 1,105 + 0,1 × 1,1603 = 1,221

𝑔(𝑡2 , 𝑦2 ) = 𝑦2 = 1,221

𝑖 = 3, 𝑡 = 𝑡3 = 𝑡2 + 𝑤 = 0,2 + 0,1 = 0,3

𝑦′3 = 1,1𝑦2 = 1,1 × 1,221 = 1,3431

𝑔(𝑡3 , 𝑦′3 ) = 𝑦′3 = 1,3431

𝑔(𝑡2 , 𝑦2 ) + 𝑔(𝑡3 , 𝑦′3 ) 1,221 + 1,3431


𝑀𝑑𝑒𝑟 = = = 1,2821
2 2

𝑦3 ≈ 𝑦2 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟 = 1,221 + 0,1 × 1,2821 = 1,3492

𝑔(𝑡3 , 𝑦3 ) = 𝑦3 = 1,3492

𝑖 = 4, 𝑡 = 𝑡4 = 𝑡3 + 𝑤 = 0,3 + 0,1 = 0,4

𝑦′4 = 1,1𝑦3 = 1,1 × 1,3492 = 1,4841


20

𝑔(𝑡4 , 𝑦′4 ) = 𝑦′4 = 1,4841

𝑔(𝑡3 , 𝑦3 ) + 𝑔(𝑡4 , 𝑦′4 ) 1,3492 + 1,4841


𝑀𝑑𝑒𝑟 = = = 1,4167
2 2

𝑦4 ≈ 𝑦3 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟 = 1,3492 + 0,1 × 1,4167 = 1,4909

Cujo erro é da ordem de 0,06%, de modo que, como era de se esperar, este método
mostrou-se bem mais preciso que o Método de Euler Padrão aplicado Exercício
Resolvido III.3, haja vista que naquele exemplo o erro cometido foi de 1,8%.
Observe-se, inclusive, que, para aplicação a este problema, do presente método
resultou melhoria substancial em relação ao Método das Diferenças Finitas utilizado
no Exercício Resolvido III.1, considerando-se que o erro cometido naquele exemplo
foi da ordem de 0,2%.

Exercício Resolvido III.6: Seja determinar, a partir do Método de Euler Modificado,


o valor da função y = f(t), em t = 0,03, adotando-se como passo o valor w = 0,01 e
sabendo-se que f(0) = 1 e o problema é regido mediante a equação:

𝒅𝒚
− 𝒕𝒚 = 𝟎
𝒅𝒕

Por analogia à sequência resolutiva empregada no exemplo 5, tem-se que:

𝑑𝑦
𝑔(𝑡, 𝑦) = = 𝑡𝑦 𝑒 𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 ) = 𝑡𝑖 𝑦𝑖
𝑑𝑡

E a forma de recorrência para obtenção do preditor:

𝑦′𝑖 = 𝑦𝑖−1 + 𝑤𝑔(𝑡𝑖−1 , 𝑦𝑖−1 )

Que se transforma em:

𝑦′𝑖 = 𝑦𝑖−1 + 𝑤𝑡𝑖−1 𝑦𝑖−1 = (1 + 𝑤𝑡𝑖−1 )𝑦𝑖−1

Se w = 0,01, então:

𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) = 𝑡𝑜 𝑦𝑜 = 0,0 × 1,0 = 0,0

𝑦′𝑖 = (1 + 𝑤𝑡𝑖−1 )𝑦𝑖−1 = (1 + 0,01𝑡𝑖−1 )𝑦𝑖−1


21

𝑖 = 1, 𝑡 = 𝑡1 = 𝑡𝑜 + 𝑤 = 0 + 0,01 = 0,01

𝑦′1 = (1 + 0,01𝑡0 )𝑦𝑜 = (1 + 0,01 × 0) × 1,0 = 1,0

𝑔(𝑡1 , 𝑦′1 ) = 𝑡1 𝑦′1 = 0,01 × 1,0 = 0,01

𝑔(𝑡𝑜 , 𝑦𝑜 ) + 𝑔(𝑡1 , 𝑦′1 ) 0,0 + 0,01


𝑀𝑑𝑒𝑟 = = = 0,005
2 2

𝑦1 ≈ 𝑦0 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟 = 1,0 + 0,01 × 0,005 = 1,00005

𝑔(𝑡1 , 𝑦1 ) = 𝑡1 𝑦1 = 0,01 × 1,00005 = 0,01

𝑖 = 2, 𝑡 = 𝑡2 = 𝑡1 + 𝑤 = 0,01 + 0,01 = 0,02

𝑦′2 = (1 + 0,01𝑡1 )𝑦1 = (1 + 0,01 × 0,01) × 1,00005 = 1,00015

𝑔(𝑡2 , 𝑦′2 ) = 𝑡2 𝑦′2 = 0,02 × 1,00015 = 0,02

𝑔(𝑡1 , 𝑦1 ) + 𝑔(𝑡2 , 𝑦′2 ) 0,01 + 0,02


𝑀𝑑𝑒𝑟 = = = 0,015
2 2

𝑦2 ≈ 𝑦1 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟 = 1,00005 + 0,01 × 0,015 = 1,0002

𝑔(𝑡2 , 𝑦2 ) = 𝑡2 𝑦2 = 0,02 × 1,0002 = 0,02

𝑖 = 3, 𝑡 = 𝑡3 = 𝑡2 + 𝑤 = 0,02 + 0,01 = 0,03

𝑦′3 = (1 + 0,01𝑡2 )𝑦2 = (1 + 0,01 × 0,02) × 1,0002 = 1,0004

𝑔(𝑡3 , 𝑦′3 ) = 𝑡3 𝑦′3 = 0,03 × 1,00048 = 0,03

𝑔(𝑡2 , 𝑦2 ) + 𝑔(𝑡3 , 𝑦′3 ) 0,02 + 0,03


𝑀𝑑𝑒𝑟 = = = 0,025
2 2

𝑦3 ≈ 𝑦2 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟 = 1,0002 + 0,01 × 0,025 = 1,00045

Neste problema que é similar ao Exercício Resolvido III.4, diferindo tão somente no
método de resolução empregado, o resultado obtido foi praticamente igual àquele
referente à aplicação da modelagem analítica.

Assim como ocorreu com relação ao Método das Diferenças Finitas pode-se
melhorar a qualidade dos resultados obtidos a partir do Método de Euler Modificado
mediante a adoção de procedimento iterativo. Para tal, deve-se, inicialmente,
22

subdividir o intervalo de trabalho em dois subintervalos, e, portanto, n = 2, e realizar


a sequência de cálculos resultante da aplicação das Equações III.43 a III.52, e,
considerar:

𝑦𝑛1 = 𝑦2

Em um segundo estágio, subdividir o intervalo de trabalho em quatro subintervalos,


e assim n = 4, e realizar a sequência de cálculos resultante da aplicação das
Equações III.43 a III.57, com índice “i” variando sequencialmente de 1 até 4, e,
considerar:

𝑦𝑛2 = 𝑦4

Calcular então a diferença entre os valores obtidos em cada um dos dois estágios
para o ponto que se deseja calcular o valor da função solução da equação
diferencial objeto do problema em resolução, ou seja:

𝑦𝑛2 − 𝑦𝑛1
𝐷𝑖𝑓 =
𝑦𝑛2

E compará-la com a tolerância admitida para o problema. Se a tolerância for


atendida então o valor da função no ponto que se deseja calcular será:

𝑓(𝑡𝑛 ) = 𝑦𝑛2

Se a tolerância não for atendida repetir sucessivamente o procedimento para 8, 16,


32, . . . intervalos até que a tolerância seja atendida. Caso a convergência ocorra em
certa iteração “k”, então o valor da função no ponto que se deseja calcular será:

𝑓(𝑡𝑛 ) = 𝑦𝑛𝑘

Problemas Propostos:
5 - Encontrar o valor da função y = f(x) em x = 0,01 que satisfaz à equação
diferencial dy/dx – 4y = 0, e atende à condição de em x = 0, y = 1 utilizando o passo
w = 0,01, através do Método de Euler Modificado.
6 - Encontrar o valor da função y = f(x) em x = 0,02 que satisfaz à equação
diferencial dy/dx – 2xy = 0, e atende à condição de em x = 0, y = 1, utilizando passo
w = 0,01, através do Método de Euler Modificado.
23

III.5 – Método de Runge-Kutta

Para o emprego deste método consideremos que a equação diferencial que rege o
problema em resolução pode ser escrita na forma:

𝑑𝑦
= 𝑔(𝑡, 𝑦) (58)
𝑑𝑡

E que:

𝑑𝑦
| 𝑡=𝑡 = 𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 ) (59)
𝑑𝑡 𝑦=𝑦 𝑖
𝑖

O intervalo entre x = xo e x = xn é dividido em “n” subintervalos, e, em cada um


deles efetua-se a iteração:

1
𝑦𝑖 = 𝑦𝑖−1 + (𝑘 + 2𝑘2 + 2𝑘3 + 𝑘4 ) (60)
6 1

𝑘1 = 𝑤𝑔(𝑡𝑖−1 , 𝑦𝑖−1 ) (61)

1 1
𝑘2 = 𝑤𝑔 (𝑡𝑖−1 + 𝑤, 𝑦𝑖−1 + 𝑘1 ) (62)
2 2

1 1
𝑘3 = 𝑤𝑔 (𝑡𝑖−1 + 𝑤, 𝑦𝑖−1 + 𝑘2 ) (63)
2 2

𝑘4 = 𝑤𝑔(𝑡𝑖−1 + 𝑤, 𝑦𝑖−1 + 𝑘3 ) (64)

A vantagem deste método sobre os de Euler é a melhor exatidão e a simplicidade


para estruturação do algoritmo correspondente. Pode ser apresentado em versões
de variadas ordens. A versão ora apresentada é a de quarta ordem. O estudante
interessado em sua dedução pode recorrer a livros de métodos computacionais de
autores tradicionais. Tal dedução será evitada neste texto, haja vista que o volume
de transformações envolvido foge ao escopo deste trabalho.
Como se pode observar, este método é de múltiplos passos uma vez que utiliza-se
dos pontos ti, ti + w/2 e ti + w, muito embora seus passos intermediários sejam
autogerados.
24

Problemas Propostos:
7 - Encontrar o valor da função y = f(x) em x = 0,01 que satisfaz à equação
diferencial dy/dx – 4y = 0, e atende à condição de em x = 0, y = 1 utilizando o passo
w = 0,01, através do Método de Runge-Kutta.
8 - Encontrar o valor da função y = f(x) em x = 0,02 que satisfaz à equação
diferencial dy/dx – 2xy = 0, e atende à condição de em x = 0, y = 1, utilizando passo
w = 0,01, através do Método de Runge-Kutta.

III.6 – Problemas Envolvendo Equações de Segunda Ordem

Os problemas envolvendo Equações Diferenciais de segunda ordem podem ser


resolvidos mediante o Método das Diferenças Finitas de maneira análoga àquela
apresentada na seção III.2, para as Equações de Primeira Ordem. Por outro lado,
pode-se recorrer à adoção da filosofia adotada nos Métodos de Euler. Uma vez
optando-se por esta segunda alternativa sobre equação diferencial do tipo:

𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
2
+ 𝑎(𝑡) + 𝑏(𝑡)𝑦 = 𝑟(𝑡) (65)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

aplique-se o procedimento que se segue.

A Equação 65 pode ser reescrita sob a forma:

𝑑2 𝑦 𝑑𝑦
2
= 𝑟(𝑡) − 𝑎(𝑡) − 𝑏(𝑡)𝑦 = 𝑟(𝑡) − 𝑎(𝑡)𝑦 (1) − 𝑏(𝑡)𝑦 (66)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Pode-se adotar a seguinte convenção:

𝑑𝑦
𝑧 = 𝑦 (1) = (67)
𝑑𝑡

e tem-se então estabelecida a variável “z”. Pode-se, criar a função “g(t,y,z)” de tal
forma que:

𝑑𝑦
𝑧 = 𝑦 (1) = = 𝑔(𝑡, 𝑦, 𝑧) (68)
𝑑𝑡

e, conforme a Equação 66:

𝑑𝑧 𝑑2𝑦
𝑧 (1)
= = 2
= 𝑟(𝑡) − 𝑎(𝑡)𝑦 (1) − 𝑏(𝑡)𝑦 (69)
𝑑𝑡 𝑑𝑡
25

Pode-se, igualmente, estabelecer a função “p(t,y,z)”, atendendo-se à relação:

𝑑𝑧 𝑑2𝑦
= 2
= 𝑝(𝑡, 𝑦, 𝑦 (1) ) = 𝑝(𝑡, 𝑦, 𝑧) (70)
𝑑𝑡 𝑑𝑡

Conforme Equações 68 e 70, então

𝑑𝑦
= 𝑔(𝑡, 𝑦, 𝑧) = 𝑧 (71)
𝑑𝑡

𝑑𝑧
= 𝑝(𝑡, 𝑦, 𝑧) (72)
𝑑𝑡

Adotando-se o Método de Euler Padrão para resolver o problema, resultariam as


formas de recorrência:

𝑦𝑖+1 = 𝑦𝑖 + 𝑤𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) (73)

𝑧𝑖+1 = 𝑧𝑖 + 𝑤𝑝(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) (74)

Optando-se pelo Método de Euler Modificado, por sua vez, culminaria na


formulação:

𝑦′𝑖+1 = 𝑦𝑖 + 𝑤𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) (75)

𝑧′𝑖+1 = 𝑧𝑖 + 𝑤𝑝(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) (76)

𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) + 𝑔(𝑡𝑖+1 , 𝑦 ′ 𝑖+1 , 𝑧 ′ 𝑖+1 )


𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 = (77)
2

𝑝(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) + 𝑝(𝑡𝑖+1 , 𝑦 ′ 𝑖+1 , 𝑧 ′ 𝑖+1 )


𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧 = (78)
2

𝑦𝑖+1 ≈ 𝑦𝑖 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 (79)

𝑧𝑖+1 ≈ 𝑧𝑖 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧 (80)

Exercício Resolvido III. 7: Determinar o valor da função y = f(t), em t = 0,3,


𝒅𝒚
adotando-se como passo o valor w = 0,1 e sabendo-se que f(0) = 2 e | = 𝟓, e
𝒅𝒕 𝒕=𝟎

que o problema é regido mediante a equação:

𝑑2𝑦 𝑑𝑦
− 3 + 2𝑦 = 0
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡
26

Considere-se a parametrização:

𝑑𝑦
𝑔(𝑡, 𝑦, 𝑧) = = 𝑧 → 𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) = 𝑧𝑖
𝑑𝑡

Por outro lado,

𝑑 2 𝑦 𝑑𝑧
𝑝(𝑡, 𝑦, 𝑧) = =
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡

Reordenando-se a equação diferencial objeto de trabalho resultará:

𝑑2𝑦 𝑑𝑦
= − 2𝑦 + 3 = − 2𝑦 + 3𝑧
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡

Assim:

𝑝(𝑡, 𝑦, 𝑧) = − 2𝑦 + 3𝑧 → 𝑝(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) = − 2𝑦𝑖 + 3𝑧𝑖

Optando-se pelo Método de Euler Modificado tem-se que:

𝑦′𝑖+1 = 𝑦𝑖 + 𝑤𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) = 𝑦𝑖 + 𝑤𝑧𝑖 = 𝒚𝒊 + 𝟎, 𝟏𝒛𝒊

𝑧′𝑖+1 = 𝑧𝑖 + 𝑤𝑝(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) = 𝑧𝑖 + 𝑤(− 2𝑦𝑖 + 3𝑧𝑖 ) = − 2𝑤𝑦𝑖 + 𝑧𝑖 + 3𝑤𝑧𝑖

𝑧′𝑖+1 = − 2𝑤𝑦𝑖 + ( 1 + 3𝑤) 𝑧𝑖 = − 2 × 0,1𝑦𝑖 + ( 1 + 3 × 0,1) 𝑧𝑖

𝒛′𝒊+𝟏 = − 𝟎, 𝟐𝒚𝒊 + 𝟏, 𝟑 𝒛𝒊

𝑔(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) + 𝑔(𝑡𝑖+1 , 𝑦 ′ 𝑖+1 , 𝑧 ′ 𝑖+1 ) 𝑧𝑖 + 𝑧 ′ 𝑖+1


𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 = =
2 2

𝑝(𝑡𝑖 , 𝑦𝑖 , 𝑧𝑖 ) + 𝑝(𝑡𝑖+1 , 𝑦 ′ 𝑖+1 , 𝑧 ′ 𝑖+1 ) − 2𝑦𝑖 + 3𝑧𝑖 − 2𝑦′𝑖+1 + 3𝑧′𝑖+1


𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧 = =
2 2

− 2(𝑦𝑖 + 𝑦′𝑖+1 ) + 3(𝑧𝑖 + 𝑧′𝑖+1 )


𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧 =
2

𝑦𝑖+1 ≈ 𝑦𝑖 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 = 𝑦𝑖 + 0,1𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦

𝑧𝑖+1 ≈ 𝑧𝑖 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧 ≈ 𝑧𝑖 + 0,1𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧

Assim, para a resolução do problema utiliza-se as formas de recorrência:

𝑦′𝑖+1 = 𝑦𝑖 + 0,1𝑧𝑖
27

𝑧′𝑖+1 = − 0,2𝑦𝑖 + 1,3 𝑧𝑖

𝑧𝑖 + 𝑧 ′ 𝑖+1
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 =
2

− 2(𝑦𝑖 + 𝑦′𝑖+1 ) + 3(𝑧𝑖 + 𝑧′𝑖+1 )


𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧 =
2

𝑦𝑖+1 ≈ 𝑦𝑖 + 0,1𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦

𝑧𝑖+1 ≈ 𝑧𝑖 + 0,1𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧

Como dado do problema tem-se y(0) = yo = 2 e y(1)(0) = zo = 5.

Em t = t1 = t0 + w = 0 + 0,1 = 0,1

𝑦′1 = 𝑦𝑜 + 0,1𝑧𝑜 = 2,0 + 0,1 × 5,0 = 2,5

𝑧′1 = − 0,2𝑦𝑜 + 1,3 𝑧𝑜 = − 0,2 × 2,0 + 1,3 × 5,0 = 6,1

𝑧𝑜 + 𝑧 ′1 5,0 + 6,1
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 = = = 5,55
2 2

− 2(𝑦𝑜 + 𝑦′1 ) + 3(𝑧𝑜 + 𝑧′1 ) − 2(2,0 + 2,5) + 3(5,0 + 6,1)


𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧 = = = 12,15
2 2

𝑦1 ≈ 𝑦𝑜 + 0,1𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 ≈ 2,0 + 0,1 × 5,55 = 2,555

𝑧1 ≈ 𝑧𝑜 + 0,1𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧 ≈ 5,0 + 0,1 × 12,15 = 6,215

Em t = t2 = t1 + w = 0,1 + 0,1 = 0,2

𝑦′2 = 𝑦1 + 0,1𝑧1 = 2,555 + 0,1 × 6,215 = 3,1765

𝑧′2 = − 0,2𝑦1 + 1,3 𝑧1 = − 0,2 × 2,555 + 1,3 × 6,215 = 7,5685

𝑧1 + 𝑧 ′ 2 6,215 + 7,5685
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 = = = 6,89175
2 2

− 2(𝑦1 + 𝑦′2 ) + 3(𝑧1 + 𝑧′2 ) − 2(2,555 + 3,1765) + 3(6,215 + 7,5685)


𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧 = =
2 2
= 14,94375

𝑦2 ≈ 𝑦1 + 0,1𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 ≈ 2,555 + 0,1 × 6,89175 = 3,244175


28

𝑧2 ≈ 𝑧1 + 0,1𝑀𝑑𝑒𝑟𝑧 ≈ 6,215 + 0,1 × 14,94375 = 7,709375

Em t = t3 = t2 + w = 0,2 + 0,1 = 0,3

𝑧′3 = − 0,2𝑦2 + 1,3 𝑧2 = − 0,2 × 3,244175 + 1,3 × 7,709375 = 9,3733525

7,709375 + 9,3733525
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 = = 8,541364
2

𝑦3 ≈ 𝑦2 + 0,1𝑀𝑑𝑒𝑟𝑦 ≈ 3,244175 + 0,1 × 8,541364 = 4,0983

Seu valor obtido através de modelagem analítica é y(0,3) = 4,2817, de modo que o
erro cometido é da ordem de 4,3%.

Exercício Resolvido III.8: Seja determinar, para a barra da Figura III.6, submetida a
uma carga de intensidade “q”, uniformemente distribuída ao longo de toda a
extensão do seu vão, que apresenta comprimento total “L”, o valor das funções
Momento Fletor M = M(x) e Esforço Cortante V = V(x), em x = L, sabendo-se que
em sua extremidade esquerda, que corresponde à abscissa x = 0, M(0) = V(0) = 0.
Recomenda-se adotar passo de aproximação w = L/4, e, admitir que o problema é
regido mediante as Equações Fundamentais da Estática, expressas na forma:

𝒅𝟐 𝑴(𝒙) 𝒅𝑴(𝒙)
𝟐
= −𝒒(𝒙), 𝒆, = 𝑽(𝒙)
𝒅𝒙 𝒅𝒙

Figura III.6 – Barra engastada e livre

Observe-se que para o presente exemplo a intensidade da carga é constante logo


podemos utilizar simplesmente a forma q(x) = q. A resolução do problema será
pautada em formulação de recorrência análoga àquela expressa mediante as
Equações de III.75 a III.80, colocada, porém, mediante a forma:

𝑀′𝑖+1 = 𝑀𝑖 + 𝑤𝑔(𝑥𝑖 , 𝑀𝑖 , 𝑉𝑖 )
29

𝑉′𝑖+1 = 𝑉𝑖 + 𝑤𝑝(𝑥𝑖 , 𝑀𝑖 , 𝑉𝑖 )

𝑔(𝑥𝑖 , 𝑀𝑖 , 𝑉𝑖 ) + 𝑔(𝑥𝑖+1 , 𝑀′ 𝑖+1 , 𝑉 ′ 𝑖+1 )


𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀 =
2

𝑝(𝑥𝑖 , 𝑀𝑖 , 𝑉𝑖 ) + 𝑝(𝑥𝑖+1 , 𝑀′ 𝑖+1 , 𝑉 ′ 𝑖+1 )


𝑀𝑑𝑒𝑟𝑉 =
2

𝑀𝑖+1 ≈ 𝑀𝑖 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀

𝑉𝑖+1 ≈ 𝑉𝑖 + 𝑤𝑀𝑑𝑒𝑟𝑉

Mas,
𝒅𝑴(𝒙)
𝑔(𝑥, 𝑀, 𝑉) = = 𝑽(𝒙) → 𝑔(𝑥𝑖 , 𝑀𝑖 , 𝑉𝑖 ) = 𝑉𝑖
𝒅𝒙
𝒅𝑽(𝒙) 𝒅𝟐 𝑴(𝒙)
𝑝(𝑥, 𝑀, 𝑉) = , = = −𝒒 → 𝑝(𝑥𝑖 , 𝑀𝑖 , 𝑉𝑖 ) = −𝑞
𝒅𝒙 𝒅𝒙𝟐

Assim sendo ter-se-á:

𝐿
𝑀′𝑖+1 = 𝑀𝑖 + 𝑤𝑔(𝑥𝑖 , 𝑀𝑖 , 𝑉𝑖 ) = 𝑀𝑖 + 𝑤𝑉𝑖 = 𝑀𝑖 + 𝑉𝑖
4

𝐿 𝑞𝐿
𝑉′𝑖+1 = 𝑉𝑖 + 𝑤𝑝(𝑥𝑖 , 𝑀𝑖 , 𝑉𝑖 ) = 𝑉𝑖 + 𝑤(−𝑞) = 𝑉𝑖 − 𝑤𝑞 = 𝑉𝑖 − 𝑞 = 𝑉𝑖 −
4 4

𝑉𝑖 + 𝑉 ′ 𝑖+1
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀 =
2

(−𝑞) + (−𝑞)
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑉 = = −𝑞
2

𝐿
𝑀𝑖+1 ≈ 𝑀𝑖 + 𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀
4

𝐿 𝐿 𝑞𝐿
𝑉𝑖+1 ≈ 𝑉𝑖 + 𝑀𝑑𝑒𝑟𝑉 = 𝑉𝑖 + (−𝑞) = 𝑉𝑖 − = 𝑉′𝑖+1
4 4 4
Como dado do problema tem-se M(0) = Mo = 0 e M(1)(0) = V(0) = Vo = 0

Em x = x1 = x0 + w = 0 + L/4 = L/4

𝐿 𝐿
𝑀′1 = 𝑀𝑜 + 𝑉0 = 0 + × 0 = 0,0
4 4
30

𝑞𝐿 𝑞𝐿 𝑞𝐿
𝑉1 = 𝑉′1 = 𝑉𝑜 − =0− =−
4 4 4
𝑞𝐿
𝑉𝑜 + 𝑉′1 0 + (− 4 ) 𝑞𝐿
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀 = = = −
2 2 8
𝐿 𝐿 𝑞𝐿 𝑞𝐿2
𝑀1 ≈ 𝑀𝑜 + 𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀 = 0 + (− ) = −
4 4 8 32
Em x = x2 = x1 + w = L/4 + L/4 = L/2

𝐿 𝑞𝐿2 𝐿 −𝑞𝐿 3𝑞𝐿2


𝑀′2 = 𝑀1 + 𝑉1 = − + × =−
4 32 4 4 32
𝑞𝐿 −𝑞𝐿 𝑞𝐿 𝑞𝐿
𝑉2 = 𝑉′2 = 𝑉1 − = − = −
4 4 4 2
−𝑞𝐿 𝑞𝐿
𝑉1 + 𝑉′2 + (− 2 ) 3𝑞𝐿
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀 = = 4 = −
2 2 8
𝐿 𝑞𝐿2 𝐿 3𝑞𝐿 𝑞𝐿2 3𝑞𝐿2 𝑞𝐿2
𝑀2 ≈ 𝑀1 + 𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀 = − + (− ) = − − =−
4 32 4 8 32 32 8
Em x = x3 = x2 + w = L/2 + L/4 = 3L/4

𝐿 𝑞𝐿2 𝐿 𝑞𝐿 𝑞𝐿2 𝑞𝐿2 𝑞𝐿2


𝑀′3 = 𝑀2 + 𝑉2 = − + × (− ) = − + (− )=−
4 8 4 2 8 8 4
𝑞𝐿 𝑞𝐿 𝑞𝐿 3𝑞𝐿
𝑉3 = 𝑉′3 = 𝑉2 − =− − = −
4 2 4 4
𝑞𝐿 𝑞𝐿
𝑉2 + 𝑉′3 (− 2 ) + (− 3 4 ) 5𝑞𝐿
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀 = = = −
2 2 8
𝐿 𝑞𝐿2 𝐿 5𝑞𝐿 𝑞𝐿2 5𝑞𝐿2 9𝑞𝐿2
𝑀3 ≈ 𝑀2 + 𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀 = − + (− ) = − − =−
4 8 4 8 8 32 32
Em x = x4 = x3 + w = 3L/4 + L/4 = L

𝐿 9𝑞𝐿2 𝐿 3𝑞𝐿 9𝑞𝐿2 3𝑞𝐿2 15𝑞𝐿2


𝑀′4 = 𝑀3 + 𝑉3 = − + × (− )=− + (− )=−
4 32 4 4 32 16 32
𝑞𝐿 3𝑞𝐿 𝑞𝐿
𝑉4 = 𝑉′4 = 𝑉3 − =− − = −𝑞𝐿
4 4 4
3𝑞𝐿
𝑉3 + 𝑉′4 (− 4 ) + (−𝑞𝐿) 7𝑞𝐿
𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀 = = = −
2 2 8
𝐿 9𝑞𝐿2 𝐿 7𝑞𝐿 16𝑞𝐿2 𝑞𝐿2
𝑀4 ≈ 𝑀3 + 𝑀𝑑𝑒𝑟𝑀 = − + (− ) =− =−
4 32 4 8 32 2
Uma vez resolvendo-se o problema a partir do Método das Seções do escopo da
Mecânica Técnica, chega-se aos mesmos resultados.
31

Problemas Propostos:
9 - Determinar o valor da função y = f(t), em t = 0,4, adotando-se para passo w = 0,1
𝒅𝒚
e sabendo-se que f(0) = 1 e | = 𝟏, e que o problema é regido mediante a
𝒅𝒕 𝒕=𝟎

equação:

𝑑2𝑦 𝑑𝑦
− 2 + 1𝑦 = 0
𝑑𝑡 2 𝑑𝑡

10 - Determinar, para a barra da Figura 7, de comprimento total “L” o valor das


funções Momento Fletor M = M(x) e Esforço Cortante V = V(x), em x = L, sabendo-
se que a barra é submetida a uma carga distribuída cuja intensidade varia ao longo
de sua extensão longitudinal conforme a função q(x) = q1x/L, sendo q1 uma
constante real conhecida, e que em sua extremidade esquerda, ao qual corresponde
a abscissa x = 0, M(0) = V(0) = 0. Recomenda-se adotar passo de aproximação
avaliado em w = L/4, e, admitir que o problema é regido mediante as Equações
Fundamentais da Estática, expressas na forma:

𝒅𝟐 𝑴(𝒙) 𝒅𝑴(𝒙)
𝟐
= −𝒒(𝒙), 𝒆, = 𝑽(𝒙)
𝒅𝒙 𝒅𝒙

Figura III.7 – Barra submetida a carregamento de variação linear

III.6 – Problemas Envolvendo Equações Diferenciais Parciais

Uma das estratégias voltadas para resolver problemas dessa natureza é o recurso
ao Método das Diferenças Finitas que será aqui exemplificada na resolução de um
exercício de Difusão Térmica em meios Sólidos Contínuos.

Consideremos então a barra da Figura III.8.a, de comprimento total “L = 9,00 m”, de


seção transversal circular, Figura III.8.b, constituída de núcleo de material condutor
32

térmico, cuja superfície externa ao longo de seu eixo longitudinal é revestida com
material refratário, assim denominado aquele que apresenta bom isolamento
térmico.

O exemplo será realizado em duas etapas. Em uma delas o material do núcleo


condutor é o aço que apresenta Difusividade Térmica a2 = 1,95x10-5 m2/s
(Joule/KgoC), correspondente a uma Condutividade Térmica de 72 W/(m.ºC), Calor
Específico de 468 J/(Kg.ºC), e, Massa Específica de 7870 Kg/m³. Na outra etapa o
material do núcleo condutor é o concreto de cimento Portland, normalmente
empregado na construção civil, com Difusividade Térmica a2 = 7,95x10-7 m2/s
(Joule/KgoC), referente à Condutividade Térmica de 1,75 W/(m.ºC), Calor Específico
de 880 J/(Kg.ºC) e Massa Específica de 2500 Kg/m³. Apagar (Joule/KgoC),

O domínio do problema pode ser definido mediante:

𝑫 = {𝒙 ∈ / 𝟎 ≤ 𝒙 ≤ 𝑳}

As fronteiras do domínio, as extremidades da barra são, portanto, os pontos de


abscissas x = 0 e x = L. As condições de fronteira podem ser expressas a partir de:

Em x = 0, u(0,t) = 0, e, em x = L, u(L,t) = 0

No presente exemplo to = 0 (zero), e, uma vez que as extremidades da barra


condutora são desprovidas de isolantes térmicos, elas estão mantidas em contato
com o meio ambiente, constantemente submetido à temperatura T = 0 o C.

A barra modelo de estudo apresenta em sua capa de revestimento termo isolante


diminuta janela removível localizada no centro de sua extensão longitudinal que em
dado instante é removida, e, através da qual é fornecido calor ao seu núcleo
condutor até que seja atingida em tal região a temperatura:

“u(x, t) = u(L/2, To) = Tmax = 30o C”

quando então a fonte de calor é extinta, a janela removível é recolocada, e, a


temperatura se distribui ao longo da barra conforme a curva g(x) = u(x,to) indicada
na Figura III.8.a. Assim, a condição inicial deve ser expressa mediante:

𝒕 = 𝒕𝟎 = 𝟎 ⇒ 𝒖(𝒙, 𝒕𝒐 ) = 𝒖(𝒙, 𝟎) = 𝒈(𝒙), ∀𝒙 ∈ 𝑫

Problemas desta natureza são regidos por Equação Diferencial Parcial do tipo:

𝝏𝒖 𝟐
𝝏𝟐 𝒖
= 𝒂 (81)
𝝏𝒕 𝝏𝒙𝟐
onde a2 = α, sendo “α” a Difusividade Térmica dada pela equação:

𝑲
𝜶=
𝒄𝝆
33

Onde "K", "ρ" e "c“ representam a condutividade térmica, a massa específica, e, o


calor específico do material.

Onde Cuja solução obtida através de modelagem analítica é:


𝒏𝝅𝒙 −(𝒏𝝅𝒂)𝟐 𝒕
𝒖(𝒙, 𝒕) = ∑ 𝑩𝒏 𝒔𝒆𝒏 ( )𝒆 𝑳 (82)
𝑳
𝒏=𝟏

Desde que:

𝑳
𝟐 𝒏𝝅𝒙
𝑩𝒏 = ∫ 𝒈(𝒙) 𝒔𝒆𝒏 ( ) 𝒅𝒙 (83)
𝑳 𝑳
𝟎

Figura III.8: a. Barra de núcleo condutor; b. Seção transversal

Para o presente exercício considerar-se-ão, inclusive, duas alternativas. Em uma


delas a função de distribuição inicial da temperatura apresentará a variação bilinear:

2𝑇𝑀𝐴𝑋 𝐿 2𝑇𝑀𝐴𝑋 𝐿
𝑔(𝑥) = 𝑥 𝑝𝑎𝑟𝑎 0 ≤ 𝑥 ≤ 𝑒 𝑔(𝑥) = (𝐿 − 𝑥) 𝑝𝑎𝑟𝑎 ≤ 𝑥 ≤ 𝐿 (84)
𝐿 2 𝐿 2

Neste caso resultou:

𝟖(−𝟏)(𝒏+𝟏) 𝑻𝑴𝑨𝑿
𝑩𝒏 = (85)
(𝟐𝒏 − 𝟏)𝟐 𝝅𝟐

E, consequentemente:

∞ 𝟐
𝟖𝑻𝑴𝑨𝑿 (−𝟏)(𝒏+𝟏) (𝟐𝒏 − 𝟏)𝝅𝒙 −[(𝟐𝒏−𝟏)𝝅𝒂] 𝒕
𝒖(𝒙, 𝒕) = ∑ 𝒔𝒆𝒏 [ ]𝒆 𝑳 (86)
𝝅𝟐 (𝟐𝒏 − 𝟏)𝟐 𝑳
𝒏=𝟏
34

Em uma segunda a função de distribuição inicial da temperatura apresentará a


variação quadrática:

𝟒𝑻𝑴𝑨𝑿
𝒈(𝒙) = (𝑳 − 𝒙)𝒙 𝒑𝒂𝒓𝒂 𝟎 ≤ 𝒙 ≤ 𝑳 (87)
𝑳𝟐

Neste caso resultou:

𝟑𝟐𝑻𝑴𝑨𝑿
𝑩𝒏 = (88)
(𝟐𝒏 − 𝟏)𝟑 𝝅𝟑

E, consequentemente:

∞ 𝟐
𝟑𝟐𝑻𝑴𝑨𝑿 𝟏 (𝟐𝒏 − 𝟏)𝝅𝒙 −[(𝟐𝒏−𝟏)𝝅𝒂] 𝒕
𝒖(𝒙, 𝒕) = ∑ 𝒔𝒆𝒏 [ ]𝒆 𝑳 (89)
𝝅𝟑 (𝟐𝒏 − 𝟏)𝟑 𝑳
𝒏=𝟏

Para a resolução do problema mediante aproximação numérica seu domínio


espacial foi discretizado em seis subintervalos, conforme Figura III.9.

Figura III.9 – Discretização do domínio espacial do problema

As derivadas que constam na equação foram substituídas por suas versões


numéricas. A derivada de primeira ordem em “t”, foi substituída pela diferença
avante, ordinariamente definida mediante:

𝒇(𝒕 + 𝒘) − 𝒇(𝒕)
𝒇(𝟏) (𝒕) = (90)
𝒘
35

Assumiu a forma:

𝝏𝒖 𝒖𝒊,𝒋+𝟏 − 𝒖𝒊,𝒋
| = (91)
𝝏𝒕 𝒋 ∆𝒕

A segunda derivada em “x” foi substituída pela diferença de segunda ordem, escrita
originalmente na forma:

𝒇(𝒙 + 𝒘) − 𝟐𝒇(𝒙) + 𝒇(𝒙 − 𝒘)


𝒇(𝟐) (𝒙) = (92)
𝒘𝟐

𝝏𝟐 𝒖 𝒖𝒊+𝟏,𝒋 − 𝟐𝒖𝒊,𝒋 + 𝒖𝒊−𝟏,𝒋


| = (93)
𝝏𝒙𝟐 𝒊 ∆𝒙𝟐

Observe-se que na Equação III.91, que se refere à diferencial da função solução em


“t”, o índice “j” é que é o contador da iteração, de modo que tal índice está associado
à variável “t”. Seguindo raciocínio análogo sobre a Equação III.93, conclui-se que o
índice “i” está associado à variável “x”. Note-se ainda que na Equação III.91 o termo
“Δt” desempenha o papel de passo da aproximação, enquanto, na Equação III.93,
tal finalidade cabe ao termo “Δx”, de sorte que depara-se com uma aproximação em
que os passos são diferentes em significado, e, consequentemente, em valores para
as varáveis envolvidas.

Levando-se as formas das Equações III.91 e 93 na Equação III.81, resulta:

𝒖𝒊,𝒋+𝟏 − 𝒖𝒊,𝒋 𝒖𝒊+𝟏,𝒋 − 𝟐𝒖𝒊,𝒋 + 𝒖𝒊−𝟏,𝒋


= 𝒂𝟐 ( ) (94)
∆𝒕 ∆𝒙𝟐
Fazendo-se na Equação 94:

∆𝒕 𝟐
𝜷= 𝒂 (95)
∆𝒙𝟐

E promovendo-se transformações algébricas pertinentes obtém-se a forma de


recorrência:

𝒖𝒊,𝒋+𝟏 = 𝜷(𝒖𝒊+𝟏,𝒋 + 𝒖𝒊−𝟏,𝒋 ) + (𝟏 − 𝟐𝜷)𝒖𝒊,𝒋 (96)

Foi elaborado protótipo computacional em linguagem SCILAB, versão 5.5.1, no qual


foram implementadas as Equações III.86 e III.89, bem como a forma de recorrência
da Equação III.96, para assim permitir a realização da análise comparativa dos
36

resultados obtidos, alternativamente, mediante cada um desses dois modelos, no


caso, o analítico e o numérico.

Foi realizado então um estudo preliminar para a avaliação do período de tempo em


que o equilíbrio térmico em cada uma das barras constituída de cada um dos
materiais é atingindo. Tal estudo consistiu em utilizar o módulo referente à versão
analítica do protótipo computacional, considerando um período total de tempo
reconhecidamente grande e avaliar a evolução da temperatura com o tempo no
centro da barra. Assim procedendo chegou-se à conclusão que a barra em que o
núcleo condutor é constituído em aço apresentou 92% do decaimento térmico em 10
dias, enquanto, para a barra em que o núcleo condutor é constituído em concreto, tal
período foi da ordem de 300 dias.

Sobre estes períodos de tempo procedeu-se a uma discretização à revelia de


qualquer critério, e, executou-se o programa para cada um dos dois casos,
deparando-se com instabilidade numérica. Para a solução de tal entrave Lima e
Makino (2001) recomendam estabelecer a discretização em consonância com os
valores do parâmetro “β” definido matematicamente na Equação 95, compreendidos
no intervalo:

𝟎 ≤ 𝜷 ≤ 𝟎, 𝟓 (97)

Uma vez tendo sido atendida tal recomendação, para a barra cujo núcleo condutor é
constituído de açoo, o período total de tempo foi discretizado conforme os instantes
2, 4, 6, 8 e 10 dias, enquanto, no caso em que o núcleo condutor é em concreto, tais
instantes ficaram definidos como sendo aos 60,120,180, 240 e 300 dias.

Na hipótese em que o material do núcleo condutor é constituído de aço, e a


distribuição inicial da temperatura é mediante variação bilinear as curvas de
decaimento de temperatura apresentaram-se como indicado na Figura III.10, e, para
variação quadrática conforme as curvas da Figura III.11.

O material do núcleo condutor sendo o concreto, e a distribuição inicial da


temperatura apresentar variação bilinear o decaimento de temperatura evoluiu
conforme as curvas da Figura III.12, e, para variação quadrática conforme as curvas
da Figura III.13.
37

Figura III.10 – Curvas de decaimento: aço e variação bilinear da temperatura inicial

Figura III.11 – Curvas de decaimento: aço e variação quadrática da temperatura


inicial
38

Figura III.12 – Curvas de decaimento: concreto e variação bilinear da temperatura


inicial

Figura III.13 – Curvas de decaimento: concreto e variação quadrática da


temperatura inicial
39

Constatou-se que os resultados obtidos mediante Diferenças Finitas apresentaram


diferença inferior a 0,0001 em relação àqueles referentes à série obtida
analiticamente, escrita com 4 termos para o aço e 3 termos para o concreto.

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