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Matemática aplicada às Ciências Agrárias – Integrais múltiplas

24.1.5. Integrais duplas em coordenadas polares

Até o presente momento, estudamos a representação de funções em sistemas


de coordenadas cartesianas, também conhecido como sistemas de coordenadas
retangulares. Nesta subseção, veremos uma aplicação de um sistema de
coordenadas diferente, denominado de sistema de coordenadas polares. Este
sistema de coordenadas, criado por Issac Newton (1643-1727), pode ser, em
algumas ocasiões, mais conveniente e prático do que o sistema de coordenadas
retangulares convencional.
O sistema de coordenadas polares consiste em um ponto do plano,
denominado de polo (ou origem) e um eixo horizontal para direita (correspondente
ao eixo 𝑥 positivo tradicional) denominado de eixo polar. Um ponto 𝑃 qualquer do
plano é representado pelo par ordenado (𝑟, 𝜃 ), onde 𝑟 é a distância de O até 𝑃 e 𝜃
o ângulo (geralmente medido em radianos) entre o eixo polar e o segmento &&&&& (ver
𝑂𝑃
figura 24.1.5.1). Nesse sistema, 𝑟 e 𝜃 são denominados de coordenadas polares do
ponto 𝑃, e o ângulo 𝜃 , por convenção, tem seu valor positivo no sentido anti-horário
e negativo no sentido horário.
Qualquer ponto 𝑃 do sistema de coordenadas retangulares convencional tem
sua representação no plano de coordenas polares, isto é, qualquer par (𝑥, 𝑦) de um
sistema tem seu representante (𝑟, 𝜃) de outro (e vice-versa). Ver figura 24.1.5.2.
A relação entre os dois sistemas é dado por:

𝑥 = 𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃, 𝑦 = 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑒 𝑟 ! = 𝑥 ! + 𝑦²

Figura 24.1.5.1 Figura 24.1.5.2

𝜋
O ponto (4, ) em coordenadas polares, por exemplo, representa o ponto
3
(2, 2√3) no sistema de coordenadas cartesianas, pois:
𝜋
𝑥 = 𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃 = 4. 𝑐𝑜𝑠 3 = 2;
𝜋
𝑦 = 𝑟. 𝑠𝑒𝑛 𝜃 = 4. 𝑠𝑒𝑛 3 = 2√3.

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A resolução de integrais duplas em algumas regiões 𝑅 em formas de círculos


ou elipses é mais fácil utilizando o sistema de coordenadas polares. Para isso é
preciso fazer a mudança (ou transformação) de um sistema de coordenadas para
outro.
Porém, essa transformação de um sistema de coordenadas para outro, implica
na alteração da região de integração da integral, seja ela, integral simples, dupla
ou tripla (que veremos adiante) e, consequentemente, um fator de correção precisa
ser aplicado. A esse fator de correção denominamos de Jacobiano24.
Vimos na seção 21.4.1, por exemplo, que o método da substituição nas
integrais simples é dado por
$ " "
𝑑𝑥
: 𝑓(𝑥)𝑑𝑥 = : 𝑓(𝑔(𝑢)). 𝑔′(𝑢)𝑑𝑢 = : 𝑓@𝑔(𝑢)A. 𝑑𝑢.
% # # 𝑑𝑢
Assim sendo, o fator de correção (ou o jacobiano da transformação) da
#$
mudança de uma variável de 𝑥 para 𝑢 é .
#%
Para correção de uma transformação com duas variáveis, o jacobiano é dado
pela definição a seguir.

Definição 24.1.5.1: O jacobiano da transformação 𝑇 dada por 𝑥 = 𝑔(𝑢, 𝑣) e


𝑦 = ℎ(𝑢, 𝑣) é o determinante de:
𝑑𝑥 𝑑𝑥
&
𝑑𝑢 𝑑𝑣&.
𝑑𝑦 𝑑𝑦
𝑑𝑢 𝑑𝑣

Nas integrais duplas especificamente, estamos interessados em aplicar uma


transformação (𝑇) de uma região 𝑅 retangular para uma região 𝑆 polar, consoante
a figura a seguir.

Figura 24.1.5.3

24
O fator de correção recebe o nome de jacobiano em homenagem ao matemático alemão Carl Gustav Jacob Jacobi (1804-1851). Jacobi usou derivadas
(parciais) como fator de correção de mudança de coordenadas em integrais múltiplas.
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Isso posto, sendo 𝑥 = 𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃, 𝑦 = 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑒 𝑟 ! = 𝑥 ! + 𝑦², o fator de correção


dessa transformação é:
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
&
𝑑𝑢 𝑑𝑣& = & 𝑑𝑟 𝑑𝜃& = ) 𝑐𝑜𝑠 𝜃 −𝑟. 𝑠𝑒𝑛 𝜃) = 𝑟. (𝑐𝑜𝑠²𝜃 + 𝑠𝑒𝑛²𝜃) = 𝑟.
𝑑𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑦 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃
𝑑𝑢 𝑑𝑣 𝑑𝑟 𝑑𝜃

Portanto, a mudança para coordenadas polares em uma integral dupla,


para uma função 𝑓(𝑥, 𝑦) contínua no retângulo polar 𝑅 , dado por 0 ≤ 𝑎 ≤ 𝑟 ≤ 𝑏 e
𝛼 ≤ 𝜃 ≤ 𝛽 (0 ≤ 𝛽 − 𝛼 ≤ 2𝜋), é dado por:

𝛽 𝑏
" 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝐴 = * * 𝑓(𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃, 𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃). 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃
𝛼 𝑎
!

A fórmula acima nos diz que para mudar uma integral dupla de coordenadas
cartesianas para coordenas polares, devemos substituir 𝑥 por 𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜃 , 𝑦 por 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃 ,
𝑑𝐴 por 𝑟. 𝑑𝑟. 𝑑𝜃 (não esqueça do jacobiano 𝑟) e os intervalos de integração por 𝑟 e
𝜃 adequados, observando que 0 ≤ 𝑎 ≤ 𝑟 ≤ 𝑏 e 𝛼 ≤ 𝜃 ≤ 𝛽 (0 ≤ 𝛽 − 𝛼 ≤ 2𝜋).
Como exemplos de aplicação, observe como deve ser os intervalos de
integração da região 𝑅 das figuras 24.1.5.4 e 24.1.5.5.

Figura 24.1.5.4 Figura 24.1.5.5

Exemplo: Vamos calcular o volume de um cilindro de raio 𝑎 e altura ℎ ,


aplicando a definição de integral dupla e utilizando ambas as coordenadas.
a) Utilizando as coordenadas retangulares (cartesianas)
Solução: O volume desse cilindro pode ser calculado, considerando a região 𝑅
limitada pela função 𝑥 ! + 𝑦 ! = 𝑎² e o sólido com altura limitada por um plano 𝑧 = ℎ,
conforme as figuras 24.1.5.6 e 24.1.5.7.
Devemos considerar ainda, por simplicidade, apenas a parte positiva da região R,
limitada superiormente por 𝑦 = l𝑎! − 𝑥² e inferiormente por 𝑦 = 0 no intervalo −𝑎 ≤
𝑥 ≤ 𝑎.
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Assim, o volume será a metade, conforme a seguir.


$ *! (,) % ./0% ! 1,² %
𝑉
=: : 𝑓(𝑥, 𝑦)𝑑𝑦 𝑑𝑥 = : : ℎ𝑑𝑦 𝑑𝑥 ⇒ : ℎl𝑎! − 𝑥²𝑑𝑥
2 % *" (,) 1% ./3 1%

Aplicando a substituição trigonométrica, temos: 𝑥 = 𝑎. 𝑠𝑒𝑛𝜃, então 𝑑𝑥 = 𝑎𝑐𝑜𝑠𝜃𝑑𝜃. Os


𝜋 𝜋
intervalos passam a ser 𝜃 = − 2 e 𝜃 = 2 , substituindo na integral:
4 4 4
𝑉 ! ! ! 1 + 𝑐𝑜𝑠2𝜃
= : ℎ𝑎𝑐𝑜𝑠𝜃(𝑎𝑐𝑜𝑠𝜃)𝑑𝜃 = ℎ. 𝑎² : 𝑐𝑜𝑠 ! 𝜃𝑑𝜃 = ℎ. 𝑎² : 𝑑𝜃 ⇒
2 1
4
1
4
1
4 2
! ! !
4
𝑉 1 𝑠𝑒𝑛2𝜃 ! 𝜋 𝜋
= ℎ. 𝑎² t 𝜃 + uv 4 = −ℎ. 𝑎² w + x ⇒ 𝑉 = 𝜋𝑎²ℎ .
2 2 4 1 4 4
!

Figura 24.1.5.6 Figura 24.1.5.7

b) Utilizando as coordenadas polares.


Solução: Mudando para coordenadas polares, temos que 0 ≤ 𝑟 ≤ 𝑎 e 0 ≤ 𝜃 ≤ 2𝜋
(considerando toda a região R da figura 24.1.5.7 – e não a metade).
%
5 $ !4 % !4
ℎ𝑟 ! ⎤
𝑉 = : : 𝑓(𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃, 𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃). 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 = : : ℎ𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 = : | }⎥ 𝑑𝜃 ⇒
6 % 3 3 3 2 ⎥
⎦3
!4
!4
ℎ𝑎² ℎ𝑎! 𝜃 ⎤
𝑉=: 𝑑𝜃 = | }⎥ ⇒ 𝑉 = 𝜋𝑎²ℎ .
3 2 2 ⎥
⎦3

Notadamente, a solução utilizando as coordenadas polares foi mais prática.

2º exemplo: Vamos calcular o volume de um sólido gerado pelo paraboloide


o 𝑧 = 9 − 𝑥 ! − 𝑦 ! acima do plano 𝑥𝑦.
Solução: O sólido está figura 24.1.5.8. A região R no plano 𝑥𝑦 será uma
circunferência de raio 3 e centro (0, 0), conforme a figura 24.1.5.9. Assim: 0 ≤ 𝑟 ≤ 3 e
0 ≤ 𝜃 ≤ 2𝜋.

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5 $
𝑉 = : : 𝑓(𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃, 𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃). 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 ⇒
6 %
!4 7
𝑉=: : (9 − (𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜃)! − (𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃)! ). 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 ⇒
3 3
7
!4 7 !4
9𝑟 ! 𝑟 8 ⎤
𝑉=: : (9𝑟 − 𝑟 7 ). 𝑑𝑟 𝑑𝜃 = : | − }⎥ 𝑑𝜃 ⇒
3 3 3 2 4 ⎥
⎦3
!4
81 81. 𝜃 !4 81𝜋
𝑉=: 𝑑𝜃 = t uv ⇒ 𝑉 = 𝑢. 𝑣 .
3 4 4 3 2
Se utilizássemos as coordenadas cartesianas teríamos que resolver:
7 091,²
𝑉=: : (9 − 𝑥 ! − 𝑦 ! )𝑑𝑦 𝑑𝑥 .
17 1 091,²

O que não é uma tarefa fácil.

Figura 24.1.5.9
Figura 24.1.5.8

3º exemplo: Determine o volume de um sólido que está sob o paraboloide


𝑧 = 4 − 𝑥² − 𝑦² e dentro do cilindro 𝑥² + 𝑦² = 2𝑥.
Solução: O sólido está na figura 24.1.5.10. Como o cilindro em questão não está na
origem, devemos encontrar o raio e as coordenadas do centro desse cilindro. Completando
quadrados, temos:
𝑥 ! + 𝑦 ! = 2𝑥 ⇒ 𝑥 ! + 𝑦 ! − 2𝑥 + 1 − 1 = 0 ⇒ (𝑥 − 1)! + 𝑦 ! = 1 .
A região R é, portanto, uma circunferência de raio 1 e centro (1, 0), conforme a figura
24.1.5.11.
Como a circunferência não está na origem, devemos substituir 𝑥 e 𝑦, respectivamente,
por 𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 e 𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃 na equação do cilindro, e isso nos dá:
𝑟=0
𝑥 ! + 𝑦 ! = 2𝑥 ⇒ (𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃)! + (𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃)! = 2𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 ⇒ 𝑟 ! = 2𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 ⇒ ˆ .
𝑟 = 2𝑐𝑜𝑠𝜃
𝜋 𝜋
Dessa forma, 0 ≤ 𝑟 ≤ 2𝑐𝑜𝑠𝜃, − 2 ≤ 𝜃 ≤ 2 e o volume é dado por:

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5 $
𝑉 = : : 𝑓(𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃, 𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃). 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 ⇒
6 %
4
!#:;<
!
𝑉=: : (4 − (𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜃)! − (𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃)! ). 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 ⇒
4
1 3
!
4 4
!#:;< !#:;<
! !
𝑉=: : (4 − 𝑟²). 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 = : : (4𝑟 − 𝑟³). 𝑑𝑟 𝑑𝜃 ⇒
4 4
1 3 1 3
! !
4 !#:;< 4
!𝑟8 !
𝑉 = : |2𝑟² − }Š 𝑑𝜃 = : 8𝑐𝑜𝑠²𝜃 − 4𝑐𝑜𝑠 8 𝜃𝑑𝜃 ⇒
1
4 4 3 1
4
! !
4 4
1 + 𝑐𝑜𝑠2𝜃
! 1 + 𝑐𝑜𝑠2𝜃 ! !
𝑉 = : 8t u − 4t u 𝑑𝜃 = : 4(1 + 𝑐𝑜𝑠2𝜃) − (1 + 𝑐𝑜𝑠2𝜃)! 𝑑𝜃
1
4 2 2 1
4
! !
4 4
! ! 1 + 𝑐𝑜𝑠4𝜃
𝑉=: 4 + 4𝑐𝑜𝑠2𝜃 − 1 − 2𝑐𝑜𝑠2𝜃 − 𝑐𝑜𝑠²2𝜃𝑑𝜃 = : 3 + 2𝑐𝑜𝑠2𝜃 − t u 𝑑𝜃
1
4
1
4 2
! !
4 4
𝜃 𝑠𝑒𝑛4𝜃 5𝜃 𝑠𝑒𝑛4𝜃 !
!
𝑉 = 3𝜃 + 𝑠𝑒𝑛2𝜃 − − v 4= + 𝑠𝑒𝑛2𝜃 − v 4
2 8 1 2 8 1 ! !

5𝜋 5𝜋 5𝜋
𝑉= + 0 − 0 − t− + 0 − 0u ⇒ 𝑉 = 𝑢. 𝑣 .
4 4 2

Figura 24.1.5.10 Figura 24.1.5.11

Uma solução alternativa para esse exemplo pode ser viável utilizando as
coordenadas polares não centradas na origem.
Se a região 𝑅 for uma circunferência não centrada na origem, utiliza-se:

𝑥 = 𝑥3 + 𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃, 𝑦 = 𝑦3 + 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃 𝑒 𝑟 ! = (𝑥 − 𝑥3 )! + (𝑦 − 𝑦3 )²

Se a região 𝑅 for uma elipse não centrada na origem, utiliza-se:

(𝑥 − 𝑥3 )! (𝑦−𝑦3 )!
𝑥 = 𝑥3 + 𝑎. 𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃, 𝑦 = 𝑦3 + 𝑏. 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃 e + =1
𝑎! 𝑏!

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Vamos ao cálculo do fator de correção (jacobiano) para a elipse:
𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥 𝑑𝑥
& 𝑑𝑢 𝑑𝜃& = ) 𝑎. 𝑐𝑜𝑠 𝜃 −𝑎. 𝑟. 𝑠𝑒𝑛 𝜃) = 𝑎𝑏𝑟. (𝑐𝑜𝑠²𝜃 + 𝑠𝑒𝑛²𝜃) = 𝑎𝑏𝑟.
𝑑𝑣& = & 𝑑𝑟
𝑑𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑦 𝑑𝑦 𝑏. 𝑠𝑒𝑛 𝜃 𝑏. 𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃
𝑑𝑢 𝑑𝑣 𝑑𝜃 𝑑𝑟
E para a circunferência o jacobiano é 𝑟 (verifique!).

Vamos resolver o exemplo anterior.


𝑥 = 1 + 𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃 ⇒ 𝑥 = 1 + 𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃
Solução: +
𝑦 = 0 + 𝑟. 𝑠𝑒𝑛 𝜃 ⇒ 𝑦 = 𝑟. 𝑠e𝑛 𝜃
Substituindo esses valores e os intervalos tradicionais: 0 ≤ 𝑟 ≤ 1, 0 ≤ 𝜃 ≤ 2𝜋, temos
5 $
𝑉 = : : 𝑓(1 + 𝑐𝑜𝑠 𝜃, 𝑠𝑒𝑛𝜃). 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 ⇒
6 %
!4 =
𝑉= : : [4 − (1 + 𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜃)! − ( 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃)! ]. 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 ⇒
3 3
!4 =
𝑉= : : [4 − (1 + 2 𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 + 𝑟²𝑐𝑜𝑠²𝜃 + 𝑟²𝑠𝑒𝑛²𝜃)]. 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 ⇒
3 3
!4 = !4 =
𝑉= : : [3 − 2𝑟𝑐𝑜𝑠𝜃 − 𝑟²]. 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 = : : [3𝑟 − 2𝑟²𝑐𝑜𝑠𝜃 − 𝑟³]. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 ⇒
3 3 3 3
!4 !4 =
3𝑟² 2𝑟³ 𝑟8
5 2
𝑉= : − 𝑐𝑜𝑠𝜃 − Š 𝑑𝜃 = : t − 𝑐𝑜𝑠𝜃u 𝑑𝜃 ⇒
3 2 3 4 3 3 4 3
!4
5 2 5 5𝜋
𝑉= 𝜃 − 𝑠𝑒𝑛𝜃v = . 2𝜋 ⇒ 𝑉 = 𝑢. 𝑣 .
4 3 3 4 2

2
4º exemplo: Calcule ∬𝑅 (𝑒
−4𝑦 −(𝑥−1)²
)𝑑𝑥𝑑𝑦, onde 𝑅 é uma elipse de equação

(-)> ($0/)>
+ = 1.
/ 1
Solução: O centro da elipse é (1,0), eixo maior é 𝑎 = 2 e eixo menor é 𝑏 = 1. Como
a elipse não está centrada na origem, podemos utilizar 𝑥 = 𝑥3 + 𝑎. 𝑟. cos 𝜃 e 𝑦 = 𝑦3 +
𝑏. 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃 ao transformar em coordenadas polares. Isto é,
𝑥 = 1 + 2. 𝑟. cos 𝜃 e 𝑦 = 0 + 1. 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃 ⇒ 𝑥 = 1 + 2𝑟 cos 𝜃 e 𝑦 = 𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃 .
Vamos substituir essas expressões na equação da elipse para encontrar a variação do
raio 𝑟:
(𝑦)! (𝑥 − 1)! (𝑟𝑠𝑒𝑛𝜃)! (1 + 2𝑟 cos 𝜃 − 1)!
+ =1⇒ + =1⇒
1 4 1 4
4𝑟 ! 𝑠𝑒𝑛! 𝜃 + 4𝑟²𝑐𝑜𝑠²𝜃
= 1 ⇒ 𝑟 ! (𝑠𝑒𝑛! 𝜃 + 𝑐𝑜𝑠 ! 𝜃) = 1 ⇒ 𝑟 = 1 (𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑟 > 0)
4
Nesse interim, e de acordo com a região de integração na figura 24.5.1.12, temos 0 ≤
𝑟 ≤ 1 e 0 ≤ 𝜃 ≤ 2𝜋. Logo:

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5 "
! 1(,1=)² ! 1(,1=)²
•(𝑒 18. )𝑑𝑥𝑑𝑦 = : : 𝑒 18. . 𝑑𝑥𝑑𝑦
–—˜ =
6 # %.$.A."A"<
?
!4 = !4 =
18(A;BC<)! 1(=D!A #:; <1=)! ! ;BC ! <18A² #:; ! <
: : 𝑒 . 2.1. 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 = : : 𝑒 18A . 2𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 =
3 3 3 3

!4 = !4 = !4
18A²
𝑒 18A² 1 − 𝑒 18 1 − 𝑒 18
: : 𝑒 . 2𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃 = : − Š 𝑑𝜃 = : 𝑑𝜃 = | }𝜋
3 3 3 4 3 3 4 2

Use o método da ! 1(,1=)² 1 − 𝑒 18


•(𝑒 18. )𝑑𝑥𝑑𝑦 = | }𝜋 .
substituição 2
?

Esse resultado representa o sólido destacado na figura 24.5.1.13.

Figura 24.1.5.12
Figura 24.1.5.13

Observe no exemplo anterior, que é inviável utilizar o método tradicional (com


coordenadas polares na origem). Pois, qual seria o intervalo do raio 𝑟 na figura
24.1.5.12 para este caso? E além disso, veja que a função do integrando
" *(-*.)²
(𝑒 *+, ) ficaria ainda mais complexa ao substituir 𝑥 e 𝑦 pelos tradicionais 𝑟. 𝑐𝑜𝑠 𝜃
e 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃 .
Por outro lado, existem integrais duplas em que essa complexidade no intervalo
ou na função do integrando pode também surgir ao usar o método alternativo (com
coordenadas polares não centradas na origem). Observe que a solução do 3º
1
exemplo anterior, não seria tão simples se o integrando fosse 𝑧 = , pois
/ 𝑥2 +𝑦²

teríamos que resolver:


!4 =
1
𝑉= : : . 𝑟. 𝑑𝑟 𝑑𝜃.
3 3 šl(1 + 𝑟. 𝑐𝑜𝑠𝜃)! + ( 𝑟. 𝑠𝑒𝑛𝜃)! ›

Nesse desfecho, seja qual for o método escolhido, devemos sempre analisar as
consequências dessa escolha, seja no intervalo ou na função do integrando da
integral dupla.

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EXERCÍCIOS 24.3

1) Calcule as integrais duplas utilizando as coordenadas polares.


= 0 =1,² 7 091,²
𝑎) : : (𝑥²𝑦²)𝑑𝑦 𝑑𝑥 𝑑) : : 𝑒 ,²D.² 𝑑𝑦 𝑑𝑥
1= − 0=1,² −3 −0 91,²
! 081.² E 3
𝑏) : : (𝑥𝑦²)𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑒) : : 𝑠𝑒𝑛(𝑥 ! + 𝑦 ! )𝑑𝑦 𝑑𝑥
1! − 081.² 0 − 0!E1,²

𝑎 0𝑎²1,²
= 0=1,²
𝑐) : : œ𝑥 ! + 𝑦²𝑑𝑦 𝑑𝑥 𝑓) : : (𝑥 ! + 𝑦 ! )𝑑𝑦 𝑑𝑥
0 0 −𝑎 − 0𝑎²1,²

2) Calcule as integrais duplas a seguir utilizando ambas as coordenadas


retangulares e polares.
𝑎 3 √2
𝑎 0𝑎²1.²
𝑎) : : (𝑥𝑦 ! )𝑑𝑥 𝑑𝑦 2
0 − 0𝑎²1.² 𝑏) : : (𝑥)𝑑𝑥 𝑑𝑦
0 𝑦

3) Monte as integrais duplas utilizando as coordenadas polares centradas na


origem e também utilizando o método para não centradas na origem. Resolva a
integral dupla cujo método é o mais prático.
1 0=1,²D= 2 01. ! D!.
𝑥
𝑎) : : (𝑥 + 𝑦)𝑑𝑦 𝑑𝑥 𝑐) : : | } 𝑑𝑥 𝑑𝑦
−1 1 0 − 01. ! D!. l(𝑥 ! + 𝑦 ! )
1 0.1.² 2 √1, ! D!,D=
𝑏) : : (𝑥)𝑑𝑥 𝑑𝑦 𝑑) : : (𝑦)𝑑𝑦 𝑑𝑥
0 0 0 − √1, ! D!,D=

4) Calcule as integrais duplas, utilizando as coordenadas polares, de acordo


com cada região 𝑅 .

𝑎) " 𝑥²𝑑𝐴, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 é 𝑎 𝑚𝑒𝑡𝑎𝑑𝑒 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑖𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑛𝑎 𝑜𝑟𝑖𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑟𝑎𝑖𝑜 3.


!

𝑏) " 𝑦² + 1𝑑𝐴, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 é 𝑎 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜𝑠 𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑛𝑎 𝑜𝑟𝑖𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑟𝑎𝑖𝑜 1 𝑒 2.


!

𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 é 𝑎 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑑𝑜 𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒


𝑐) " 𝑐𝑜𝑠(𝑥2 + 𝑦2 ) 𝑑𝐴,
𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑛𝑎 𝑜𝑟𝑖𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑟𝑎𝑖𝑜 3.
!

𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 é 𝑎 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑎𝑑𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑚 𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑛𝑎 𝑜𝑟𝑖𝑔𝑒𝑚


𝑑) " 𝑠𝑒𝑛8(𝑥2 + 𝑦2 )𝑑𝐴,
𝑑𝑒 𝑟𝑎𝑖𝑜 1 𝑒 𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑡𝑎𝑠 𝑦 = 𝑥 𝑒 𝑥 = 0 𝑛𝑜 1º 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒.
!

𝑒) " 1 𝑑𝐴, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 é 𝑎 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜𝑠 𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑛𝑎 𝑜𝑟𝑖𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑟𝑎𝑖𝑜 2 𝑒 4,


!
𝑥 2 + 𝑦2 𝑛𝑜 𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑖𝑟𝑜 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒.
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𝑓) " 817 − 𝑥2 − 𝑦² 𝑑𝐴, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 é 𝑎 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑜𝑠 𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑛𝑎 𝑜𝑟𝑖𝑔𝑒𝑚,


! 𝑑𝑒 𝑟𝑎𝑖𝑜 1 𝑒 4, 𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑎 𝑦 = √3𝑥 𝑒 𝑎 𝑟𝑒𝑡𝑎 𝑦 = 0.

𝑦
𝑔) " 𝑑𝐴, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 é 𝑎 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑒𝑛𝑡𝑟𝑒 𝑥2 + 𝑦2 ≤ 4 𝑒 𝑥 ≥ 1.
𝑥 2 + 𝑦2
!

𝑦
𝑑𝐴, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 é 𝑎 𝑟𝑒𝑔𝑖ã𝑜 𝑑𝑒𝑛𝑡𝑟𝑜 𝑑𝑜 𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 (𝑥 − 1) + 𝑦 = 1 𝑒
2 2
ℎ) "
𝑥
! 𝑓𝑜𝑟𝑎 𝑑𝑜 𝑐í𝑟𝑐𝑢𝑙𝑜 𝑥2 + 𝑦² = 1.

𝑥2 𝑦2
𝑖) " 𝑥𝑦𝑑𝐴, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 é 𝑜 1º 𝑞𝑢𝑎𝑑𝑟𝑎𝑛𝑡𝑒 𝑑𝑎 𝑒𝑙𝑖𝑝𝑠𝑒 + = 1.
9 16
!

(𝑥 − 2)2 (𝑦 − 1)2
𝑗) " 𝑦 𝑑𝐴, 𝑜𝑛𝑑𝑒 𝑅 é 𝑎 𝑒𝑙𝑖𝑝𝑠𝑒 + = 1.
4 1
!

5) Calcule o volume do sólido acima do cone 𝑧 = (𝑥2 + 𝑦² e abaixo da esfera

𝑥 ! + 𝑦 ! + 𝑧 ! = 4.

6) Determine o volume do sólido baixo da superfície 𝑧 = −𝑥 4 − 𝑦 4 + 6 e acima do


plano 𝑧 = 2.

7) Determine o volume de um sólido que está sob o cone 𝑧 = 2 − l𝑥² + 𝑦² e


dentro do cilindro 𝑥² + 𝑦² = 2𝑥 .

(-0/)> ($0/)>
8) Calcule a área da elipse + = 1 utilizando integrais duplas.
1 /

9) Calcule o volume do sólido que está sob o plano 𝑥 + 𝑦 + 𝑧 = 5 e limitado


(-)> ($0/)>
lateralmente pela elipse + = 1.
1 3

10) Calcule o volume do sólido que está acima do plano 𝑧 = 1/𝑒 e abaixo da
! 1.²
superfície 𝑧 = 𝑒 1, .

11) Calcule o volume do sólido que está dentro do cilindro elíptico 4𝑥² + 𝑦² =
-> $> 5>
16, limitado superiormente pelo elipsoide + + = 5 e inferiormente pelo
/4 1 /4
plano 𝑥𝑦.

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