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Rael G. B. Toffolo
16 de dezembro de 2021
Sumário
Sumário . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1
2 INTERATIVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.1 Descritores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.2 Mapping . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
Introdução
2.1 Descritores
De acordo com Peeters et al.(2011), descritores de áudio buscam estabelecer uma
correlação quantitativa entre a posição em uma dimensão perceptual e um valor em
uma dimensão acústica derivados do sinal sonoro. Podendo ser inicialmente classificados
entre baixo, e alto nível, sendo que os primeiros descrevem características físicas do
som, como frequência em Hertz, decibels, massa espectral, entre outras, enquanto que
os segundos descrevem características que se constroem à partir de marcadores culturais,
como estilo musical, batimentos por minuto (BPM) ou identificação de instrumentos/voz.
Herrera(2001) afirma que descritores de baixo nível estão intimamente ligados ao sinal em
si e seus representantes e os divide entre descritores temporais e espectrais. Descritores
temporais, em geral, podem ser imediatamente calculados à partir do sinal-base, como
tempo de ataque e zero-crossing. Descritores espectrais necessitam normalmente de uma
análise prévia do material, como FFT e STFT, e são muito utilizados na construção
de descritores de alto nível. Alguns exemplos são: envelope espectral, centroide, forma
espectral, desvio harmônico e frequencia da fundamental.
Enquanto os descritores de baixo nível não são capazes de carregar qualquer
informação de valor semântico, os descritores de alto nível podem carregar consigo tanto
informações sintáticas quanto semânticas (Herrera, 2001). Um descritor sintático de alto
nível funciona como um aglomerado de descritores de baixo nível, que pode descrever do
que um som é feito sem considerar qualquer valor simbólico, como um identificador de
timbres que pode nos dar informações sobre um timbre, sem identificá-lo com o nome
de algum objeto sonoro, ou com alguma qualidade específica. Para isso, é necessário
adicionarmos conhecimento cultural, ou como diz Herrera, conhecimento do mundo real,
para que possamos realizar classificações como: "instrumento de corda", "instrumento de
sopro", "assustador", "tranquilo". Constituindo então um descritor semântico de alto nível.
2.2 Mapping
Como o Mapping é programado no domínio digital, a relação entre o input e
o output pode ser configurada de forma arbitrária [(Caramiaux et al, 2014)], o que
permite a implementação de uma imensa variedade de tipos de Mapping. Rovan et al (1997)
sugere duas abordagens principais, baseadas na física e na biomecânica de instrumentos
tradicionais: Mapping convergente, quando vários inputs são necessários para controlar
um parâmetro (ex: a dinâmica de uma flauta depende da quantidade e da velocidade do
ar, bem como a digitação empregada pelo flautista). Mapping divergente, quando um
input controla vários parâmetros (ex: o arco de um violino controlando timbre, articulação,
entre outros).
De acordo com [Varela et. al (1991)] e [Oliveira (2003)], os paradigmas das
ciências cognitivas podem ser classificados como cognitivismo, conexionismo, e enativismo.
A partir dessa classificação, é possível estabelecermos um paralelo entre o modus operandi
das diferentes estratégias de Mapping e os paradigmas acima citados: modelos de vertente
cognitivista (ou cibernética), irão seguir padrões algorítmicos lineares, com elementos
controlados por um sistema central, alto grau de previsibilidade e capacidade de repetição.
Modelos de vertente conexionista, diferente do anterior, não carecem de um sistema central
de controle, e se baseiam em sistemas de reconhecimento e classificação em paralelo, de
onde comportamentos, conexões e/ou eventos podem emergir, possibilitando assim um
maior grau de imprevisibilidade. As estruturas mais utilizadas e conhecidas nesse modelo
são chamadas de Redes Neurais, pois modelam o funcionamento dos neurônios humanos.
Por fim, a abordagem enativa parte do modelo não-centralizado e auto organizado do
conexionismo e o expande ao situar o corpo e o ambiente como partes constituintes de um
mesmo sistema. Modelos segundo essa abordagem, irão considerar o corpo do performer
como elemento integrante do sistema, não como um controle central, mas como uma das
várias partes que formam a obra e participam da emergência de novos eventos.
Considerando os modelos de Mapping e descritores utilizados nas obras interativas
e em tempo real, podemos intuir que há diferentes modelos que se enquadram em hipóteses
epistemológicas diferentes, sendo os mais frequentes, modelos de controle linear onde um
parâmetro específico do som (ex. amplitude) é mapeado para um parâmetro de síntese
(ex. frequência de corte de um filtro). Tal abordagem, apesar de eficiente, limita o campo
de possibilidades de interação devido a sua natureza predeterminista oriunda dos modelos
cibernéticos, ainda bastante praticados atualmente. Em contrapartida, modelos que se
aproximam da abordagem dinâmica, abrem mão de um controle central e linear em prol da
adaptabilidade e uma menor determinação de resultados, ampliando as possibilidades de
interação. Sistemas de Mapping construídos sob essa abordagem, podem modelar sistemas
vivos, e utilizarão mecanismos de feedback que podem alterar parâmetros dos descritores
em tempo real, de acordo com suas regras internas (ou identidade).
3 Identidade e variabilidade na música tradi-
cional
4 Considerações finais