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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS – UFAL

Disciplina: Sociologia Professora: Alice Anabuki

Curso: Psicologia - 1º período Turno: Matutino Data: 01/12/2021

Nome: Sarah Maria Lins de Souza e Williany Amorim de Oliveira

1º) Considerando os textos: a) Sociologia e Psicologia: Disposição social


como via de convergência (BARREIROS, 2017) e b) O que é fato social?
(DURKHEIM, 1974), neles destaque argumentos tematicamente
convergentes e divergentes;
No capítulo “o que é fato social”, Durkheim aborda que o modo de agir,
de pensar e de sentir, os quais são impostos pela sociedade através de
coerção, apresentam uma capacidade de existir fora das consciências
individuais. Coerção essa que ocorre por meio do fornecimento da educação às
crianças, a fim de guia-las de forma social. Dessa forma, esse pensamento de
Durkheim, se contrapõe a afirmação de Barreiros, em “Disposição social como
via de convergência”, em que ele menciona o Estado como o agente que
organiza as camadas da ideia de que serão os próprios sistemas de
compreensão ou mentais direcionadas das formas de classificar as pessoas e
coisas, adiantando, ainda, que esse processo não ocorre por meio da coerção,
e sim a partir do consentimento dos cidadãos. Dessa forma, distancia-se entre
os autores os conceitos relacionados ao ser social, nesse aspecto abordado.
Outra divergência a ser considerada, é que, ao estudar os fatos sociais,
Durkheim isola o pensamento individual, não considerando esses fatos como
psíquicos. Já Lahire, em seus estudos, considera o interior do indivíduo.
Embora Durkheim e Barreiros, com sua relação entre Bourdieu e
Lahire, diferenciem-se quanto a imposição ou consentimento que a sociedade
é coagida ou permite-se ser induzida a acontecimentos sociais, em relação a
“fenômeno coletivo” ou “mentalidade coletiva” percebe-se uma concordância
entre os dois. Barreiros expõe que as permissividades organizadas pelo Estado
são os fundamentos da mentalidade coletiva onde, as ideias que compõe o
mesmo, eram específicas e pertencentes a grupos exclusivos de pessoas.
Esses grupos, através da posição social, são aptos de assegurar o poder e
manipular as normas para, assim, apresentar sua visão de mundo como a mais
fundamentada. Para Durkheim, o fenômeno coletivo é um estado do grupo que
se reflete nas pessoas porque se impões a elas. A crença e práticas, por
exemplo, são difundidas completamente finalizadas pelas gerações anteriores.
São recebidas e cumpridas porque estão acometidas de uma singular
autoridade que a educação ensinou. Portanto, é possível observar a
compatibilidade quanto a relação entre os dois no que se diz respeito ao
agrupamento de indivíduos que são influenciados para agir de determinada
maneira.
No que diz respeito a influência do exterior nas ideias elaboradas pelo
indivíduo, há uma convergência entre o pensamento de Bourdieu, de que os
fatores exteriores superam os interiores, e o de Durkheim, principalmente
quando afirma que “a maior parte das nossas ideias não é elaborada por nós,
mas antes nos vem do exterior”. (Durkheim, 1974).
Outro ponto de convergência entre Durkheim e Bourdieu é que ambos
acreditam que a escola é responsável pela socialização do indivíduo, processo
que Bourdieu nomeia de “transmutação”.
É fato social toda maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de
exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou ainda, toda maneira de
fazer que é geral na extensão de uma sociedade dada e, ao mesmo tempo,
possui uma existência própria, independentemente de suas manifestações
individuais. (Durkheim, 1974, em “As regras do método sociológico”)
A palavra disposição parece particularmente apropriada para expressar
o que envolve o conceito de habitus (definido como um sistema de
disposições). Primeiramente, ele expressa o resultado de uma ação
organizadora, com um sentido próximo ao de palavras como estrutura; também
designa uma maneira de ser, um estado habitual (do corpo, especialmente) e,
em particular, uma predisposição, tendência, propensão ou inclinação.
(Bourdieu 1977, p. 214)
Quanto ao conceito de fato social e de disposição social, há de certa
forma uma aproximação de sentido, pois como explica Durkheim, fato social
são as normas de convivência, valores e convenções que existem
independente da vontade e da existência do indivíduo. Disposição social, para
Bourdieu, refere-se a uma ação ordenada que também determina um modo de
agir, ser etc., através propensão. Além disso Durkheim converge com as ideias
de Lahire de disposições sociais, ao afirmar que:
Mesmo quando os compromissos que assumi estão de acordo com
os meus sentimentos próprios e lhes sinto interiormente a realidade;
esta não deixa de ser objectiva, pois não fui eu que os estabeleci,
antes os recebi pela educação. (Durkheim, 1974).
.
2o.) Com base em O Suicídio - Estudo de Sociologia (DURKHEIM, 2000),
como o autor demonstra teórica e metodologicamente as causas sociais
do suicídio egoísta, do suicídio altruísta e do suicídio anômico?
Suicídio egoísta

Teoria

O suicídio egoísta deve ser entendido como um tipo de morte em que o


indivíduo se mata por causa do esmorecimento dos grupos sociais que ele
pertence. Quanto maior o seu distanciamento e individuação diante os grupos
sociais que produzem específicos modos de agir, pensar e sentir capazes de
manter a consciência coletiva acima da consciência individual, maior a sua
chance de cometer suicídio.

Metodologia

O suicídio egoísta é causado pela individuação excessiva, para


compreendê-lo, Durkheim se utiliza de diferentes parâmetros, tais como a
religião, chegando a conclusão de que quanto mais desorganizada ela for,
maior será a necessidade de uma instrução individual, gerando o
individualismo religioso; profissão, concluindo que quanto mais intelectual ela
for, será mais susceptível ao suicídio; gênero, notando que, naquele contexto,
havia um maior número de suicídios no gênero masculino, que no feminino,
tendo uma relação com a instrução, visto que os homens eram mais instruídos
que as mulheres naquele período.

Suicídio altruísta
Teoria

O suicídio altruísta acontece, portanto, de maneira contrária ao suicídio


egoísta, porque, enquanto no suicídio egoísta o indivíduo se mata por estar
inteiramente apartado de sua atribuição social, deixando de sofrer o resultado
da coesão social presente na coletividade por causa de sua individuação
exacerbada, no suicídio altruísta o indivíduo se mata por se sentir no encargo
de cometer esse ato em conveniência do agrado da sociedade ou do grupo
social no qual está incluso.

Metodologia
O suicídio altruísta está diretamente relacionado com a forte
dependência que o indivíduo tem da sociedade. Para compreendê-lo, o autor
estuda as tradições das diferentes sociedades quanto a morte, citando
exemplos de sociedades em que o suicídio é tratado como um ato de bravura e
sabedoria, e aquele que o comete é honrado pelos outros e o que não o
comete é visto como covarde.

Suicídio anômico

Teoria

O suicídio anômico está relacionado à mudança da solidariedade


mecânica para a sociedade orgânica, condizendo a um momento no qual a
consciência coletiva e a moral estão debilitadas.
O suicídio anômico está abertamente ligado aos temas sociais. Quando
a sociedade se vê transtornadas, seja por estagnações econômicas e políticas
ou por conflitos e por reformas radicais, ela se torna inapto de desempenhar
uma instrução sobre o indivíduo.
Durkheim considera o suicídio um fato social, representando-se como
objeto de estudo da sociologia. Ele não observa a sociedade capitalista, nem
suas corporações e sua separação social do trabalho, como um dano que
precisa ser ultrapassado para acabar com o suicídio. O que é necessário ser
praticado é uma permutação nessa sociedade e nas instituições que a
constituem e a ordenação para que consiga retornar a seu estado comum de
atuação, ou seja, “é preciso, sem afrouxar os laços que ligam cada parte da
sociedade ao Estado, criar poderes morais que tenham sobre a multidão de
indivíduos uma ação que o Estado não pode ter” (DURKHEIM, 2004, p. 510).
As instituições precisam mover-se em conjunto com o Estado, ajudando, dessa
forma, no monitoramento da coesão social necessária para o aceitável
desempenho da sociedade.

Metodologia
O suicídio anômico ocorre quando há alguma perturbação no equilíbrio,
seja positiva ou negativa, desregrando a vida do indivíduo e fazendo-o sofrer
com isso, a ponto de cometer suicídio. Durkheim, ao estudá-lo, analisa
algumas crises que alteraram o equilíbrio, como a crise do trigo na Prússia e o
Craque da Bolsa de Paris, e relacionou com a taxa de suicídio. Além disso, ele
relaciona com os limites orgânicos (necessidades essenciais, instinto) e os
limites psicológicos (desejo, motivação, ambição).

Referências:
BARREIROS, Bruno Costa. Sociologia e Psicologia: Disposição Social como
via de convergência. Psicologia & Sociedade, v. 29, 2017.
DURKHEIM, Émile - As regras do método sociológico. São Paulo:
Companhia Editora Nacional, 1974. (Introdução, Cap. 1. Prefacio 1 ed. Prefacio
2 ed.).
MANGI, Luís. (2012). Durável e/ou Modificável? Reflexões Acerca da
Noção de Habitus em Pierre Bourdieu. Rio de Janeiro: EnANPAD.
ALMEIDA, F. M. O suicídio de Émile Durkheim e Karl Marx para a
compreensão desse fenômeno na contemporaneidade. 2018.
DURKHEIM, Émile. O Suicídio. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

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