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Pertubações do Humor e do Sono

( Mood disorders and sleep)

2009/2010

Célia Mendes Martins Vieira

Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra

Pós-graduação Medicamentos e Produtos à base de plantas

Dezembro 2010

1
“Pode ser que um dia deixemos de nos falar...
Mas, enquanto houver amizade,
Faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...


Mas, se a amizade permanecer,
Um de outro se há de lembrar.

Pode ser que um dia nos afastemos...


Mas, se formos amigos de verdade,
A amizade nos reaproximará.

Pode ser que um dia não mais existamos...


Mas, se ainda sobrar amizade,
Nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...


Mas, com a amizade construiremos tudo novamente,
Cada vez de forma diferente.

Sendo único e inesquecível cada momento


Que juntos viveremos e nos lembraremos para sempre.

Há duas formas para viver a vida:


Uma é acreditar que não existe milagre.
A outra é acreditar que todas as coisas são um milagre.”
(Albert Einstein)

2
Dedico ao meu marido, que sempre me apoiou nos momentos mais difíceis,
aos meus filhos, 4 doces, pela felicidade constante que me dão
e aos meus pais que me ensinaram que a sabedoria e a honestidade são
os bens mais preciosos que se pode ter.
A todos obrigado pelo amor, confiança e por tudo o que fizeram por mim
3
Preâmbulo
Este trabalho pretende dar uma panorâmica sobre o consumo em Portugal, nos últimos anos
de medicamentos antidepressores e ansiolíticos usados em medicina convencional assim
como o consumo de medicamentos e produtos à base de plantas com os mesmos efeitos
terapêuticos- Parte I.
Sabendo-se que cada vez mais, existe a procura de produtos à base de plantas, pretende-se
aqui dar uma visão dos que são mais vendidos em farmácia comunitária, assim como das
principais interacções destes, com os medicamentos convencionais - Parte II.

Segundo os últimos dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), no ano 2020 a


depressão será a principal causa de incapacidade em todo o mundo, só ultrapassada pelas
doenças do foro cardiovascular[1] .

Introdução
A rotina da vida moderna faz com que apareçam sintomas como o stress, o cansaço e a
perca de tranquilidade para nos mantermos activos e bem comnosco próprios. O cérebro é o
responsável pela produção de substancias químicas - neurotransmissores, que comandam o
nosso estado de espírito. Destas substâncias destacam-se a serotonina, a noradrenalina e a
dopamina,[2] que têm uma enorme influência sobre os nossos estados de ânimo, sensações de
bem estar e humor.

A alimentação também tem uma enorme importância nos níveis de serotonina, pois estes
são regulados pela ingestão de alimentos ricos em triptofano, aminoácido seu percursor
(Kapczinski, Flavio et al.,1998). Dietas de emagrecimento muito pobres em gorduras e em
hidratos de carbono podem levar a estados de depressão e agressividade (Bjork et al. 1999).

Existem outros nutrientes essenciais na manutenção do sistema emocional (Alvarenga


Izaara, 2010):

Vitamina B1- Auxilia o funcionamento do sistema nervoso, tendo tambem papel importante
nas funções cognitivas e memória. Fontes: Lentilhas, soja, milho verde e cereais integrais.

Vitamina B6- Participa na produção dos neurotransmissores serotonina e norepinefrina.


Fontes: Fígado, frango, banana, arroz integral e sementes de gergelim.

Vitamina B12- É importante para o humor, pois participa no transporte de ácido fólico,
substância que em níveis baixos, pode levar à depressão. Fontes: Leite e derivados, atum
carne bovina e ovos.

Ácido Fólico- Associado à vitamina B12 participa na produção de neurotransmissores.

4
Fontes: Espinafres, Verduras de folha escura, soja, laranja, melão e maçã.

Selénio- este mineral com acção antioxidante tem grande participação no humor. Pessoas
carentes em selénio tendem a ser depressivas, irritads e ansiosas. Fontes: Nozes, amêndoas,
sementes de girassol, peixes e trigo integral.

As variações da alimentação e do stress provocam variações naturais nos níveis de


serotonina e consequentemente interferem nos processos de decisão em sociedade.

A falta de serotonina pode causar depressão, ansiedade e agressividade (Burrowes et al.,


1988). Desempenha igualmente um papel importante nos padões de sono, apetite, memória
e capacidade de aprendizagem, controlo da dor, na inflamação e peristaltismo intestinal.

O stress, vícios, obesidade, enxaqueca, síndrome pré-menstrual e pensamentos suicidas são


frequentemente associados com défices de serotonina[3].

A ansiedade [4] é um estado psicológico, fisiológico e comportamental, induzido por uma


ameaça, real ou potencial, à sobrevivência e bem estar. É caracterizada por um aumento da
excitação e expectativa, por uma resposta fisiológica automática e neuroendócrina e por
padrões comportamentais específicos. A função destas alterações é preparar o organismo
para enfrentar situações adversas ou inesperadas e pode ser desencadeada como resposta a
estímulos exteriores visuais, auditivos, olfactivos ou somatosensoriais, ou a estímulos
internos. A ansiedade também pode ser produzida através de processos cognitivos mediando
a antecipação, interpretação ou recordação de ameaças percebidas.
Existem dois tipos de ansiedade: A normal e a generalizada[5].
A normal restringe-se a uma determinada situação e que nos faz pensar sobre como resolver
os problemas e enfrentá-los da melhor forma.
Os principais sintomas são: inquietação, dificuldade em relaxar, irritabilidade, cansaço,
problemas gastrointestinais, dificuldade em adormecer ou sono leve e não reparador,
palpitações e falta de ar.
A ansiedade generalizada aparece quando este sintomas tornam-se constantes e a
preocupação injustificável, considerando-se patológica quando existe desequilíbrio entre as
exigências do meio e a capacidade de resposta do individuo.
Quando a ansiedade generalizada é aguda e intensa, o paciente tem a sensação de morte
eminente, taquicardia, suores frios e medo intenso. Este quadro é denominado Síndrome de
Pânico.
Existem indivíduos que, por força da sua carga genética ou exposição precoce a
determinados factores ambientais, desenvolve um limiar mais baixo para o aparecimento da
ansiedade, de tal modo que esta ocorre em situações menores ou neutras para a maior parte
dos indivíduos[4].
A personalidade ansiosa é pois, um padrão comportamental de longa duração, praticamente
permanente, que surge como um desenvolvimento anormal da personalidade e que, pela sua
natureza e menor intensidade, não é considerada uma entidade patológica[4].
Os fenómenos ansiosos não são específicos das patologias ansiosas propriamente ditas.
Nos casos em que a ansiedade é o sintoma nuclear e se organiza numa doença ansiosa
identificada é designada por ansiedade primária[4].
Nos casos de ansiedade secundária, os fenómenos ansiosos ocorrem no contexto de outros
quadros clínicos, constituindo um sintoma entre outros[4].
5
Perante queixas ansiosas deve sempre colocar-se a hipótese de se tratar de uma doença não
ansiosa.

Os ansiolíticos eliminam mais selectivamente a ansiedade, interferindo menos com as


capacidades cognitivas e com as funções vegetativas. Mesmo em doses elevadas não
produzem anestesia geral, depressão respiratória ou paralisia bulbar fatal. Contudo, podem
excepcionalmente, causar morte em doentes com capacidade ventilatória diminuída ou em
associação a outros antidepressores do SNC[6].

A depressão é uma doença que afecta o estado de humor, deixando a pessoa com
predomínio anormal para a tristeza.
Existem dois tipos de depressão: A unipolar e a bipolar[7].
A depressão unipolar consiste num transtorno afectivo caracterizado por uma combinação
de tristeza, desespero, sensação de culpa e vazio, medo, nervosismo, desinteresse por
actividades supostamente agradáveis, pensamentos de morte e suicídio e falta de energia.
A causa pode ser conhecida ou não ser especifica, facto que geralmente está ligado a
factores bioquímicos ou genéticos.
A depressão bipolar é uma associação entre a depressão e a mania, onde se enquadra o
síndrome de pânico e o transtorno obsessivo compulsivo -TOC
A depressão está associada a episódios de grande duração, altas taxas de cronicidade,
recaídas e a elevada morbimortalidade. Pacientes com formas graves apresentam um risco
de morte por suissídio de 15%.
O tratamento de primeira linha (Powell V. B. et al, 2008), para a maioria dos doentes com
depressão consiste em medicação antidepressiva, psicoterapia ou uma combinação de
ambas. Como resultado, os medicamentos antidepressivos estão entre os medicamentos
mais frequentemente prescritos .
Estes têm demostrado eficácia no controlo sintomático das perturbações depressivas do
humor[8].
O mecanismo de acção dos antidepressores é complexo e envolve uma resposta demorada (4
a 6 semanas) de adaptação dos receptores das aminas biogénicas[6]. Distinguem-se
principalmente pelo seu perfil de reacções adversas e por propriedades farmacocinéticas,
mais do que pela eficácia terapêutica.
Não devemos esquecer, que muitas vezes o insucesso dos tratamentos se deve não só à
dosagens desajustadas, como à pressa em obter resultados visíveis.

A depressão como síndrome clínico, está inserida em várias entidades psiquiátricas pelo que
se define actualmente como Alterações de Humor e do Sono.

O problema de identificar e tratar os casos de depressão é importante para a qualidade de


vida e produtividade dos pacientes e para os planos de saúde, uma vez que os pacientes não
correctamente tratados representam um maior custo.
A depressão constitui um importante problema de saúde pública, pela sua frequência,
repercurssão física, psicológica, social,laboral e consequentemente, económica.
6
O uso de plantas medicinais para o tratamento de distúrbios relacionados com o humor e o
sono, tem vindo a aumentar ao longo dos últimos anos. Este uso crescente resulta da procura
espontânea por parte dos doentes, em opção aos medicamentos de síntese mais usados (tais
como as benzodiazepinas e inibidores selectivos da recaptação da serotonina - (SSRI`s).
Esta procura ocorre muitas vezes em situações de autodiagnóstico e de automedicação mas
também de um maior interesse da classe médica na prescrição de tratamentos com base em
plantas medicinais. Um dos exemplos mais ilustrativos será o caso dos extractos de
Hypericum perforatum L., usados no tratamento de depressões ligeiras a moderadas, que
na Alemanha, representaram já cerca de 25% de todas as prescrições de antidepressivos
(Schrader, 2000).
Apesar do número significativo de ensaios clínicos e da enorme quantidade de estudos
publicados sobre a actividade farmacológica de extractos das principais plantas medicinais
referenciadas pelas suas propriedades ansiolíticas / sedativas e antidepressoras, permanecem
por esclarecer inúmeros aspectos fundamentais relacionados com a sua actividade[9].

7
Parte I

Métodos utilizados

Para este trabalho, foram utilizados dados fornecidos pelo INFARMED (Autoridade
Nacional do medicamento e produtos de Saúde IP ) através do Observatório do
medicamento e produtos de saúde (OMPS). Os dados de consumo são fornecidos
mensalmente pelas sub-regiões de saúde-ARS(s), que contêm dados sobre valores de preços
de venda ao público - PVP e número de embalagens dispensadas - EMB, de todas as
especialidades farmacêuticas comparticipadas pertencentes ao grupo fármacoterapêutico-
Medicamentos com acção sobre o sistema nervoso central -SNC, e dos subgrupos 2.9.1-
Ansiolíticos, Sedativos e Hipnóticos e 2.9.3- Antidepressores, em ambulatório, em Portugal
Continental com receita do Serviço Nacional de Saúde- SNS[5].
Para este estudo, embora sejam apresentados valores em PVP, estes só são mostrados a
título informativo, uma vez que as diferentes políticas sobre os preços dos medicamentos e a
introdução no mercado dos medicamentos genéricos e de preços de referência, influencia os
dados de forma significativa, não podendo tirar-se conclusões reais a partir destes, sobre a
evolução das doenças do foro da ansiedade e depressão e do consequente consumo de
medicamentos.
Para os dados comparativos, foram usados apenas o número de embalagens vendidas
-EMB. O facto de ter sido introduzido no mercado medicamentos com dosagens mais altas
em valeriana e raiz de valeriana, pode também influenciar os resultados, visto o universo de
medicamentos à base de plantas ter variado, mas foi considerado desprezível.

Foi tambem usado a percentagem de incremento interanual, obtido da seguinte forma:


[ (Valor Ano X – Valor Ano Y)/Valor anoX ]x100.

Também se utilizaram dados fornecidos pela Associação Nacional das Farmácias -ANF, e
incluem as vendas em valor e em volume de embalagens, relativas aos anos 2008, 2009 e
year to date –YTD, Set 2010, para os medicamentos incluídos nas categorias
farmacoterapêuticas:- ansiolíticos, sedativos e hipnóticos 2.9.1 e antidepressores 2.9.3.
Também para estes, só foram considerados os dados em EMB, pelos mesmos motivos
descritos anteriormente. De salientar que os dados dizem respeito a vendas das farmácias
para os utentes, independentemente de terem sido comparticipados ou não, e para todas as
8
entidades - "Sell-Out", e são valores extrapolados para o universo de todas as Farmácias do
País.

Na Tabela I são mostrado valores de consumo de fármacos, em ambulatório, no SNS.

Tabela I-Vendas de especialidades farmacêuticas em ambulatório no SNS

Medicamentos dos subgrupos


Medicamentos com acção no SNC-2 Psicofármacos 2.9
terapêuticos 2.9.1 e 2.9.3

Ano PVP EMB PVP EMB PVP EMB

2007 422.180.031,00 31.243.105 249.719.808,00 18.329.481 172.691.507,00 16.210.987

2008 450.270.594,00 31.410.518 284.969.210,00 18.334.085 176.953.263,00 16.075.571

2009 475.941185,00 33 161 500 272 985 698,00 18 912 810 174.429.468,00 16.542.659

Fonte: INFARMED

Com o gráfico I pretende-se mostrar o peso que os medicamentos do grupo 9.2-


Psicofármacos, têm no total dos medicamentos com acção no sistema nervoso central.

35000000
30000000
25000000 Medicamentos com acção
no SNC
20000000
Psicofarmacos
15000000
10000000 Med. Sub grupos 2.9.1 e
2.9.3
5000000
0
2007 2008 2009

Gráfico I – Variação em EMB de medicamentos com acção no SNC, de psicofármacos e de ansiolíticos, sedativos
e hipnóticos e antidepressores

Os psicofármacos apresentam um peso médio de 58,1%, no total de medicamentos com


acção no SNC, sendo de 57,03% em 2009.
9
Neste grupo terapêutico, que incluí quatro subgrupos: 2.9.1-ansiolíticos, sedativos e
hipnóticos, 2.9.2- antipsicóticos, 2.9.3- antidepressores e 2.9.4- lítio[10], os dois subgrupos
em estudo representam cerca de 88,6% do total.
Na tabela II é possível ver valores de consumo em PVP e EMB para os subgrupos
terapêuticos em análise. Nestes valores estão incluídos os de medicamentos de valeriana e
raiz de valeriana e de hipericão.

Tabela II-Vendas de especialidades farmacêuticas dos subgrupos 2.9.1 e 2.9.3 em


ambulatório no SNS

CFT Medicamentos do subgrupo terapêutico 2.9.1 Medicamentos do subgrupo terapêutico 2.9.3

PVP EMB PVP EMB

2007 52.517.949 11.830.463 120.173.558 4.380.524

2008 51.822.972 11.538.704 125.130.291 4.536.867

2009 52.749.842 11.672.148 121.679.626 4.870.511


Fonte: INFARMED

Nos gráficos II e III é mais fácil a visualização da evolução do consumo de medicamentos


destes dois subgrupos terapêuticos.

11850000
11800000
11750000
11700000
11650000
11600000 Medicamentos do sub
11550000 grupo 2.9.1
11500000
11450000
11400000
11350000
2007 2008 2009

Gráfico II- Consumo Ansiolíticos, Sedativos e Hipnóticos

10
4900000
4800000
4700000
4600000
4500000 Medicamentos do
4400000 subgrupo 2.9.3
4300000
4200000
4100000
2007 2008 2009

Gráfico III- Consumo Antidepressores


Do gráfico II salta à vista, que houve vários parâmetros a modularem o consumo de
ansiolíticos, sedativos e hipnóticos, que está muito relacionado com mudanças de estratégias
terapêuticas.
Em relação ao consumo de medicamentos com valeriana e raiz de valeriana e de hipericão,
a tabela seguinte mostra a sua evolução:

Tabela III-Vendas de especialidades farmacêuticas com valeriana e raiz de valeriana e


com hipericão.

Medicamentos com valeriana e raiz de Medicamentos com hipericão


valeriana

PVP(€) EMB PVP(€) EMB

2007 1.785.281 366.874 251.070 26.175

2008 1.579.753 330.436 226.985 23.961

2009 1.480.024 309.498 140.786 14.846


Fonte: INFARMED

Só em 2006 foi introduzido no mercado português, o primeiro medicamento


comparticipado contendo Hipericão - Hipericum perfuratum L, havendo uma grande
procura inicial sobre o produto, o seu consumo tem vindo a decrescer. Tal facto é devido
também a campanhas de marketing dos laboratórios junto da classe médica.

11
370000
360000
350000
340000
330000 Medicamentos
320000 contendo valeriana
310000 e raiz de valeriana
300000
290000
280000
2007 2008 2009

Gráfico IV-Variação do consumo de medicamentos contendo valeriana e raiz.

30000

25000

20000

15000 Medicamentos com


Hipericão
10000

5000

0
2007 2008 2009

Gráfico V- Variação do consumo de medicamentos contendo Hipericão.


Na tabela IV são mostrados valores que dizem respeito a vendas das Farmácias aos
utentes, independentemente de terem sido comparticipados ou não-"Sell-Out", e para todas
as entidades e são valores extrapolados para o universo de todas as Farmácias do País,
dando estes valores uma panorâmica mais real em relação ao consumo total em Portugal.

Tabela IV-Vendas de especialidades farmacêuticas com valeriana e raiz de valeriana e


com hipericão.
VALOR VOLUME (Nº EMBALAGENS )
CATEGORIA FÁRMACO- TERAPÊUTICA (CFT) 2008 2009 2010* 2008 2009 2010*
INFARMED
Ansiolíticos, Sedativos e 84.403.543 84.558.270 65.090.944 19.316.065 19.229.986 14.836.638
Hipnóticos(2.9.1)
Valeriana** 5.160.456 5.230.006 4.392.356 934.218 896.386 643.879
Antidepressores (2.9.3) 164920.711 153.827.705 124.722.046 6.102.508 6.298.060 5.229.654
Hipericão*** 317.559 199.462 117.568 33.453 21.001 12.401

Fonte: Sistema de Informação hmR / Análise CEFAR


* YTD Set 2010
** Medicamentos com Valeriana e Valeriana (raiz)
*** Medicamentos com Hipericão

12
20000000 Total embalagens
vendidas subgrupo 2.9.1

15000000 Total embalagens


vendidas SNS subgrupo
10000000 2.9.1
Total embalagens
vendidas subgrupo 2.9.3
5000000

Total embalagens
0 vendidas SNS subgruppo
2008 2009 2008 2009 2.9.3

Gráfico V I - Nº de embalagens totais vendidas versus total de embalagens comparticipadas pelo SNS de
medicamentos dos subgrupos farmacoterapeuticos 2.9.1 e 2.9.3

1000000

800000

600000 Total de embalagens


vendidas
400000 Total de embalagens
comparticipadas
200000

0
2008 2009

Gráfico VI I - Nº de embalagens totais vendidas versus total de embalagens comparticipadas pelo SNS de
medicamentos contendo valeriana e raiz de valeriana

35000
30000
25000
20000 Total de embalagens
vendidas
15000 Total de embalagens
10000 comparticipadas

5000
0
2008 2009

GráficoVIII - Nº de embalagens totais vendidas versus total de embalagens comparticipadas pelo SNS de
medicamentos contendo Hipericão

13
Nestes dois gráficos - VII e VIII, em que se comparam valores de nº de embalagens totais
vendidas nas farmácias portuguesas e valores de nº de embalagens vendidas por prescrição
médica e comparticipadas pelo SNS mostra bem a situação de que estas plantas são
consumidas em grande quantidade em automedicação, sem controlo e orientação médica, e
de salientar que estamos apenas a comparar o universo de especialidades farmacêuticas e
não o total de produtos à base de valeriana/raiz valeriana e hipericão.

Na tabela V pode ser visualizado o valor dos medicamentos para o tratamento do Sistema
Nervoso Central só ser ultrapassado pelos medicamentos para o tratamento do aparelho
circulatório, pese embora, dentro dos primeiros existam 13 grupos[10], sendo apenas os
subgrupos 2.9.1- ansiolíticos, sedativos e hipnóticos e 2.9.3- antidepressores, o alvo deste
trabalho. Como já vimos anteriormente, estes dois subgrupos terapêuticos, representam uma
média de 58,1% do total dos medicamentos usados no tratamento de problemas do SNC.

Tabela V-Distribuição dos encargos do SNS por grupos Farmacoterapêuticos- ano


2009

Grupos farmacoterapeuticos Total


Aparelho Cardiovascular 30,56%
Sistema Nervoso Central 21,51%
Hormonas e Med. usados no Tratamento das Doenças Endócrinas 10,12%
Aparelho Digestivo 9,47%
Aparelho Locomotor 8,70%
Medicamentos Anti-Infecciosos 5,07%
Sangue 4,70%
Aparelho Respiratório 3,96%
Medicamentos usados em Afecções Oculares 2,02%
Aparelho Geniturinário 1,75%
Medicamentos Antineoplásicos e Imunomoduladores 0,49%
Medicação Antialergica 0,44%
Edicamentos Usados em Afecções Cutâneas 0,43%
Vacinas e Imunoglobulinas 0,39%
Medicamentos usados em Afecções Otorrinolaringológicas 0,23%
Nutrição 0,14%
Medicamentos usados no Tratamento de Intoxicações 0,01%
Correctivos de Volémia e das Afecções Electrolíticas 0,01%
Grupos farmacoterapêuticos de acordo com o Despacho nº21 844/2004, de 12 Outubro Fonte: INFARMED

14
Também existem variações sazonais no consumo de medicamentos antidepressores e
ansiolíticos, conforme pode ser observado nos gráficos seguintes:

2000000
1800000
1600000
1400000 2008
1200000 2009
1000000
800000 2010
600000 Linear (2010)
400000
200000
0
r il
Fe eiro

Ag o

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ço

Se o

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te

m
tu
n

Ju
M

v
ve
Ja

Figura I- Dispensa de ansiolíticos,sedativos e hipnóticos, em embalagens, em Portugal Continental


Fonte: Sistema de Informação hmR / Análise CEFAR

800000
700000
600000
2008
500000
2009
400000
2010
300000
Linear (2010)
200000
100000
0
r il
ro

o
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ro

ço

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o

Se o
Ou b

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ai

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ei

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ar

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Ju

te

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tu
n
er

Ju
M

v
Ja

ze
v
Fe

Figura II- Dispensa de antidepressivos, em embalagens, em Portugal Continental


Fonte: Sistema de Informação hmR / Análise CEFAR

Da observação da Figura I e II sobressai a existência de uma tendência crescente de


utilização destes fármacos- Linha a preto. É também evidente um padrão sazonal no
comportamento do consumo de neurolépticos. Este padrão traduz-se por picos no mês de
Março e Outubro e quebras no mês de Agosto.
A procura de produtos à base de plantas medicinais ou medicamentos tradicionais para o
tratamento de distúrbios relacionados com a ansiedade, com o humor e sono parece
acompanhar o aumento da procura de medicamentos ditos convencionais. De acordo com os
relatórios anuais do Internacional Narcotics Control Board (INCB) das Nações Unidas, a
procura de medicamentos ansiolíticos e/ou sedativos no mundo ocidental tem vindo a
15
crescer ao longo das ultimas décadas (Fontes Ribeiro C. A.,2000), (Coleta M.,2008).
Portugal não é excepção e um estudo do Infarmed, concluiu que o nosso país apresenta um
dos maiores níveis de utilização de benzodiazepinas em termos europeus. Portugal, segundo
esse estudo, durante o ano de 2004, o consumo de benzodiazepinas expresso em Doses
Diárias Defenidas por 1000 habitantes /dia (DHD) atingiu as 115DHD (Coleta M.,2008).
Apesar das benzodiazepinas serem fármacos relativamente seguros e da sua enorme
utilidade terapêutica, apresentam inconvenientes bastante significativos: sedação excessiva,
interacção com outros fármacos, interferência com mecanismos cognitivos, depressão,
tolerância e dependência (Baldwin e Ajel, 2007; Sinclair e Nutt,2007; Millan, 2003) o que
justifica a procura de alternativas terapêuticas pelo menos tão eficazes quanto as
benzodiazepinas, mas sem os efeitos adversos que estas apresentam (Fontes Ribeiro C. A.,
2000).

16
Parte II

Em relação a medicamentos e produtos à base de plantas, de acordo com o Decreto-Lei n.º


176/2006, de 30 de Agosto, entende-se aqueles em cuja composição não estão incluídas
substâncias activas isoladas, de qualquer origem, nem associações destas com extractos
vegetais.
As plantas medicinais, são capazes de aliviar ou curar enfermidades e têm tradição de uso.
A falsa concepção de que por ser natural, se não fizer bem também não fará mal, leva por
vezes ao aparecimento de sinais e sintomas, assim como interacções não desejadas(Oliveira
A. E.; Costa T.D.,2004).
Existem várias causas apontadas para o aparecimento de reacções adversas e até de
intoxicações com plantas medicinais, como por exemplo, falta de conhecimento a respeito
de condições de cultivo, associadas à correcta identificação farmacobotânica da planta,
informações insuficientes sobre reacções adversas, esquema posológico, período de tempo a
ser empregado, entre outras e em especial, as interacções medicamentosas decorrentes[11].

Existem várias dezenas de plantas cujas indicações terapêuticas estão relacionadas com
uma acção no SNC. Para algumas destas plantas, as indicações terapêuticas e propriedades
farmacodinâmicas indicam uma potencial actividade ansiolítica e ou sedativa ou
antidepressora. As plantas que mais frequentemente se encontram em medicamentos e
produtos à base de plantas indicados nestas perturbações, e que têm o seu uso oficialmente
reconhecido, pela comissão E, são[1]:
Com indicação terapêutica para a ansiedade Com indicação terapêutica para perturbações do humor

Passiflora incarnata Humulus lupulus


Valeriana officinalis Lavandula angustifolia
Rauvolfia serpentina Passiflora incarnata
Hypericum perfuratum Hypericum perfuratum
Piper methysticum Valeriana officinalis
Humulus lupulus

17
Com indicação terapêutica para a depressão Com indicação terapêutica para perturbações do SNC

Hypericum perfuratum Lycopus europaeus


Ginkgo biloba Com indicação terapêutica para a agitação

Com indicação terapêutica para distúrbios do sono Rauvolfia serpentina


Humulus lupulus Hypericum perfuratum

Rauvolfia serpentina Valeriana officinalis


Melissa officinalis Melissa officinalis
Piper methysticum Passiflora incarnata
Lavandula angustifolia Piper methysticum
Humulus lupulus

Muitas outras podem aqui ser referidas, como sejam Scutelaria baicalensis, Panax ginseng
Narthostachys jatamansi, Turnera diffusa, Magnolia officinalis, Matricaria chamomilla
Tilia europaea, Crataegus oxyacanta, mas não é objectivo deste estudo fazer uma
identificação exaustiva das plantas cuja indicação de uso tradicional possa estar relacionada
com a ansiedade e a depressão.

Dos medicamentos e produtos à base de plantas existentes no mercado destacam-se:

TabelaVI-Principais medicamentos e produtos à base de plantas existentes no mercado

Nome Composição Forma de Indicações


comercial apresentação terapeuticas
Crataegus Sumidade florida - Pó integral
criotriturado doseado a 1,5% de Cápsulas Stress
Ansiedade
Arkocapsulas flavonoides (expresso em
hiperrósidos)- 270mg Nervosismo
Substituto na privação
do tratamento com
benzodiazepinas e
outros ansiolíticos
qímicos
Escholtzia Parte florida - Pó integral
criotriturado doseado a 0,8% de Cápsulas Dificuldade em
adormecer
Arkocapsulas alcalóides - 240mg
Insónia
Ansiedade
Pesadelos

18
Hipericão Sumidades floridas- Extrato seco
doseado a 0,25mg de hipericinas Cápsulas Estados depressivos
ligeiros
Arkocapsulas totais - 185mg
Problemas de humor
Baixa de moral
Stress
Ansiedade
Ginkgo Pó integral criotriturado doseado
0,5% de flavonóides-180mg Cápsulas Prevenção do
envelhecimento
Arkocapsulas cerebral
Zumbido nos ouvidos
Passiflora Parte aérea- Pó integral
criotriturado doseado a 2% de Cápsulas Ansiedade
Insónias
Arkocapsulas flavonoides - 230mg
Stress
Substituição dos
hipnóticos e
ansioliticos quimicos
Valeriana Raiz- Pó integral criotriturado
doseado a 0,5% de óleo essencial Cápsulas Insónia
Ansiedade
Arkocapsulas -270mg
Angustia
Desintoxicação
tabágica
Sedatif PC** Aconitum napellus 6 CH -0,5mg
Atropa belladonna 6CH – 0,5mg Comprimidos Estados ansiosos e
Calendula officinalis 6 CH- 0,5mg emotivos ligeiros:
Chelidonium majus 6 CH -0,5mg Ansiedade,
Abrus precatorius 6 CH- 0,5mg
Vibumum opulus 6 CH- 0,5mg
Hipersensibilidade
emocional e
Irritabilidade.
Perturbações ligeiras
do sono, devidas a
esses estados.
Passival 500mg Extrato seco
valeriana-500mg
de raiz de
Comprimidos Tensão nervosa ligeira
e dos distúrbios do
sono.
Stresscalm* Passiflora 51mg
Camomila 30mg Drageias Stress
Extrato mole de valeriana 26mg Ansiedade
Extrato fluido alface 25mg Nervosismo
Estrato fluido de Espinheiro Alvar
21mg
Dificuldade de
Raiz de Valeriana 10 mg concentração
Extrato fluido de Lupulo 8mg Dificuldade em
Vitaminas
adormecer
Normasleep* Extrato seco de Passiflora
Incarrnata- 250mg (standarizado Cápsulas Tensão nervosa
em 2,2-2,8% de Vitexina) Ansiedade ligeira
Extrato seco de Humulus Insónia ligeira ou
lupulus-100mg (standarizado Min
o,3% rutina)
moderada
Magnésio (sob a forma de óxido)
45,25mg- 15% D.D.R.

Sedivitax Bio* Passiflora concentrado liofilizado


titulado em flavonoides totais Capsulas Relaxante
Tranquilizante
capsulas expressos em vitexina 8% - 46,5 mg
Raiz de valeriana 435,6 mg titulado Reparador do sono
em acidos valerianicos totais
0,24%- 1mg
Folhas de melissa 217,8mg titulado
em acido rosmarinico a 6,5% 14,2
mg
papoila da california titulada em
protopina 0,045%

19
Sedivitax Bio Passiflora folhas-titulado em
flavonoides totais expressos em Saquetas Relaxante
Tranquilizante
tisana* vitexina >2,5%- 400mg
Anis Verde Frutos titulado em
2gramas Reparador do sono
essência >20mg/kg- 400mg
Mellissa folhas titulado em àcido
rosmarínico >3,5% - 300mg
Camomila flores titulado em
flavonoides apigénicos similares
>0,2% - 300mg
Tilia flores titulado em flavonoides
totais expressos como
isoquercitrina >0,5% - 240mg
Alcaçuz raiz titulado em ácido
glicirrízico >4%- 200mg
Laranja doce casca titulado em
essência >10ml/kg -130mg

Livetam Extrato seco de raiz de


valeriana-500mg Comprimidos Alívio da tensão
nervosa ligeira
Distúrbios do sono
Valdispert Extrato seco de raiz de valeriana-
25mg ou 125mg Comprimidos Alívio temporário de
perturbações
nervosas ligeiras
(tensão nervosa,
stress, ansiedade
ligeira, dificuldade em
concentração).
Alívio temporário da
dificuldade em
adormecer
Valzen Extracto de Valeriana- 80mg
Extracto de Passiflora-100mg Cápsulas Insónia
Extracto de Camomila- 30mg Ansiedade
Stress diário
Alacre Extracto seco alcoólico a 50% de
Hipericum perfuratum L-250mg Comprimidos Tratamento de doença
depressiva ligeira
revestidos
Gincoben Extracto padronizado de Ginkgo
biloba (EGb761) -40mg Comprimidos Tratamento da
demência ligeira a
Solução oral moderada (falta de
memória, confusão ou
dificuldade em
encontrar as palavras
correctas)
Bilobam Extracto padronizado de Ginkgo
biloba(24% de heterósidos de Solução oral Tratamento
Ginkgo e 6% de terpenos- sintomático das
ginkgólidos e bilobalido)-40mg/ml alterações das
funções cognitivas
Tratamento da
demência ligeira a
moderada
Abolibe forte Extracto de Ginkgo
biloba-40mg/ml Solução oral Ttratamento
sintomático das
alterações das funções
cognitiva
Demência ligeira a
moderada
Pharmaton* Extracto padronizado de Ginseng Cápsulas Sintomas causados pela
fadiga, envelhecimento e
G115® convalescença associados
com a diminuição da
Vitaminas ( Vitamina A (Retinol), capacidade mental, atenção
Vitamina B1 (Tiamina),Vitamina B2

20
e concentração.
(Riboflavina), Vitamina B12
Stress
(Cianocobalamina),Vitamina C Alimentação inadequada
(Ácido Ascórbico),Vitamina D, Doença que impõem
Vitamina E, Vitamina B3 (Niacina, exigências adicionais em
Nicotinamida, Vitamina termos de nutrição e quando
PP),Vitamina H (Biotina),Vitamina a suplementação de
B9 (Ácido Fólico, vitaminas e minerais é
necessária.
Minerais Magnésio, Melhora a tensão física e
mental.
Oligoelementos(Ferro,Cobre, Influencia positivamente e
Manganês, Zinco, Selênio, Lecitina fortalece o sistema
de soja imunológico.

*Encontram-se no mercado como suplemento alimentar


** Medicamento homeopático

O facto de os produtos à base de plantas, serem introduzidos no mercado como


suplementos alimentares, torna difícil a sua quantificação e registo de reacções adversas e
efeitos secundários não descritos. Visto estarem sob a alçada da ASAE e “fugirem” ao
controlo por parte da Autoridade do medicamento e produtos de saúde IP- Infarmed e até da
ANF que através do Cefar- Centro de estudos e avaliação em saúde, faz também avaliações
das vendas do mercado de produtos de saúde, por vezes a informação chega através do
Centro de Informação Antivenenos e do GPP- Gabinete de planeamento e políticas do
Ministério da Agricultura, o que no campo dos efeitos adversos e interacções, torna a
informação existente, muito parca e pouco sistematizada.

Grande parte destes produtos, a única advertência que contêm é não ser administrado a
grávidas e lactantes e a crianças com idades inferiores a, não contendo quaisquer indicações
de possíveis interacções medicamentosas, sendo estas omissas ou com a indicação de que
não apresentam interacções.

Devido à aceitação popular, os usos medicinais devem-se sobretudo à crença de que além
de eficazes não têm efeitos adversos.[11]

Sabendo-se que as interacções não se resumem somente ao universo das substâncias


químicas sintetizadas, mas também àquelas presentes em plantas que são empregues na
preparação de chás, xaropes caseiros e medicamentos à base de plantas e considerando-se
que este segmento contribui significativamente para a automedicação e portanto, para o
aumento das consequências do usos inadvertido das plantas medicinais, este trabalho faz
uma pequena amostragem de interacções medicamentosas possíveis. Recorde-se que por
vezes surgem interacções e efeitos adversos graves (Oliveira A. E.; Costa T.D.,2004).
.

Interacções
21
O efeito esperado na sequência da administração de um fármaco é alterado pela acção de
outro fármaco ou qualquer outro xenobiótico(Boletim do CIM Março/Abril 2008-Rof 82),
(Barros R. L.F.,2010)[ 12].
Das interacções surgem consequências:
1- Diminuição dos efeitos farmacodinâmicos com consequente compromisso da
eficácia terapêutica, ou
2- Potenciação dos efeitos farmacodinâmicos, com compromisso da eficácia
terapêutica e/ou com consequências adversas de gravidade não desprezível.

Mecanismos de interacção[13]

Mecanismos farmacodinâmicos:
A capacidade de interacção do fármaco com o respectivo site de acção é alterada pela
presença de outro fármaco.

• Podem resultar do uso concomitante de dois fármacos com uma ou mais acções
farmacodinâmicas comuns (interacção aditiva ou sinérgica), opostas ou antagonistas

• Podem resultar da alteração de condições indispensáveis para a utilização segura e


eficaz de um segundo fármaco.
Mecanismos farmacocinéticos:
As interacções ocorrem quando um fármaco altera o perfil farmacocinético de um segundo
fármaco:

• Alterações na absorção

• Alterações na distribuição

• Alteração do metabolismo do fármaco

• Alteração na eliminação do fármaco ou dos seus metabolitos

Existem também perfis de predisposição a interacções que envolvem medicamentos


à base de plantas, como sejam (Boletim do CIM Março/Abril 2008-Rof 82):

22
Obesidade

Hipertensão (antihipertensores e diuréticos)


Distúrbios metabólicos
Deslipidémias ( antiagregantes, anticoagulantes, inibidores HMG-CoA redutase)
Hiperglicémias (hipoglicemiantes)
Perturbações minor do SNC ( benzodiazepinas e antidepressivos)

Um aspecto comum a estas plantas é o desconhecimento e a incerteza sobre o seu


mecanismo de acção (Coleta M.,2008), apesar dos avanços das últimas décadas no domínio
do isolamento e identificação dos metabolitos secundários produzidos pelas plantas, a
caracterização das actividades biológicas de muitos destes metabolitos isolados, como sejam
por exemplo os flavonóides (Middleton et al., 2000; Nijvelt et al., 2001), estes avanços não
se traduzem de forma directa na compreensão dos mecanismos de acção dos extractos
complexos que são normalmente obtidos e usados para fins terapêuticos, o que leva a que as
interacções medicamentosas apareçam normalmente descritas como possíveis, ou mesmo
como inexistentes.

Do ponto de vista toxicológico, deve considerar-se que as plantas e os produtos à base das
mesmas não têm somente efeitos imediatos e facilmente relacionáveis com a sua ingestão,
mas também efeitos a longo prazo e de forma assintomática, como efeitos carcinogénicos,
hepatotóxicos e nefrotóxicos(Nicoletti M.A.,2007, Infarma, v.19, nº 1/2)

Tabela VII- Principais interacções entre plantas com actividade ansiolítica e/ou sedativa e
antidepressora e os principais grupos medicamentosos

Planta Principais compostos Interacções


bioactivos

23
Crataegus -Ácidos carboxílicos -Potencia os efeitos dos digitálicos
oxyacanta [14],[15] triterpénicos - (digoxina)e dos agentes hipotensores
Procianidinas-procianidol, e vasodilatadores como:
epicatecol
Inibidores da ECA (inibidores da
-Fitoesteróis
-Flavonóides-Hiperosideos, enzima conversora da angiotensina)
galactosídeos, (captopril, enalapril, ramipril), Beta-
quercetina,vitexina Bloqueadores(atenolol, metoprolol,
-Taninos propranolol),
- Aminas aromáticas - bloqueadores dos canais de cálcio
Purinas - ( verapamil, nifedipina, diltiazem) e
Óleos essenciais
de nitratos orgânicos (nitroglicerina).
-Diminui os efeitos da Fenilefedrina
(vaso constritor muito usado em
descongestionantes nasais)
-Potencia o efeito vasodilatador do
cloridrato de sildenafil
-Potencia o efeitos das bebidas
alcoólica
-Potencia o efeito dos sedativos

Ginkgo billoba -Esteres cumarínicos- quercetina -Diminuição dos efeitos


[14], [15],[16],[17]
gluco-ramnósidos, campferol anticonvulsivantes ( carbamazepina e
gluco-ramnósido ácido valpróico).
-Flavonóides( glicosideos da
quercetina, canferol e -Aumentaro risco de síndrome
isoramnetina) - serotoninérgico com:
Catequinas, dehidrocatequinas
Antidepressivos inibidores seletivos
-Lactonas terpénicas
(ginkgolidos e bilobalídos) da recaptação da serotonina (ISRS)
(citalopram, escitalopram, fluoxetina,
fluvoxamina, paroxetina e sertralina).

-Potencia os efeitos dos inibidores da


MAO(fenelzina) e dos efeitos
adversos.

-Potencia efeitos colinergicos com


inibidores da acetilcolinesterase
(donezepil, galantamina, isoflurofato,
neostigmina,fisostigmina,
24
piridostigmina,rivastigmina, tacrina).

-Potencia o efeito dos anticoagulantes


(varfarina e heparina) e dos
antiagregantes plaquetares- salicilatos
(salicilato de sódio, aspirina,
trisalicilato de colina e magnésio,
aminosalicilato de sódio) e
clopidogrel

-Aumento do risco de hemorragias


com anti-inflamatórios não
esteroidicos (AINEs )-(naproxeno e
ibuprofeno).

-Potencia os efeitos das tiazidas


diurética-(clorotiazida, clortalidona,
meticlotiazida, bendoflumetiazida,
hidroclorotiazida[16],
hidroflumetiazida, metolazone),
diminuindo a pressão arterial, mas há
relatos de respostas paradoxais .

-Potencia efeito vasodilatador dos


bloqueadores dos canais de
cálcio(nifedipina ).

-Aumento do risco de hipoglicémia


coma antidiabeticos orais e insulina

- Associa-se a um caso de coma com


a administração de um antidepressivo
atípico- trazodona

-Pode potenciar o efeito de


medicamentos usados para a
disfunção eréctil(sildenafil).

-Pode potenciar a toxicidade renal da


25
ciclosporina.

-Pode potenciar os efeitos adversos


do antineoplasico fluouracilo.

Humulus -Flavonóides (quercetina, rutina) -Potencia efeito depressor de outros


lupulus L.[15], [14] -Flavonois produtos com acção sobre o SNC.
-Flavonas( derivados da
apigenina, luteolina,baicaleína e -Contra-indicado em pacientes com
da wogonina ) tumores estrógeno-dependentes.
-Ácido valerénico , cafeico
-Princípio amargo (Humolona e - Poderá inibir o citocromo P450 que
Lupulona) está envolvido no metabolismo de
-Óleo essencial (eugenol, antibióticos como polimixina, a
limoneno, mirceno) tobramicina e ciprofloxacina.
-Fitoestrogénios
Hypericum - Flavonóides (rutina, -Diminuí a acção dos estrogénios
perfuratum L [10], hiperosídeo, isoquercitrina orais e pode causar hemorragias
[15],[14],[16],[17]
equercitina)
- Naftodiantronas( hipericina e -Fotosensibilidade com omeprazol,
pseudo-hipericina) lansoprazol, piroxicam e
-Floroglucinóis (hiperforina e sulfonamidas
adiperforina)
-Potencializa os efeitos dos inibidores
-Bioflavonóides (biapigenina e
da MAO, aumentando a pressão
amentoflavona)
sanguínea
-Aminoácidos
- Glúcidos -Diminui as concentrações
-Ácidos tanicos plasmáticas da ciclosporina e do
inadivir, pelo que a diminuição da
acção destes últimos deve ser
considerada
-Diminui as concentrações
plasmáticas da digoxina, da varfarina
e da teofilina
-Poderá causar o aparecimento do
síndrome setotoninergico com
Antidepressores inibidores selectivos
da recaptação da serotonina-
citalopram, escitalopram, paroxetina,
sertralina, fluoxetina
Antidepressores tricíclicos-
amitriptilina, nortriptilina,
imipramina
Inibidores da MAO
26
Inibidores do apetite e com
medicamentos para a enxaqueca
(agonistas serotoninergicos e
alcalóides do ergot)
-Inibe a absorção de ferro
-Acção aditiva com
broncodilatadores e diuréticos
-Por interferir com a acção do
citocromo P450, pode alterar a
metabolização de muitas drogas,
cujos níveis sanguíneos poderão ser
aumentados em curto espaço de
tempo causando aumento dos efeitos
ou potencializando reacções adversas
graves ou serem eliminadas num
maior período de tempo, como sejam:
omeprazol, talbutamida, cafeína,
carbamazepina, midazolam,
nifedipina, sinvastatina, teofilina,
antidepressivos tricíclicos, inibidores
da transcriptase reversa, ou inibidores
da protease
-É de considerar a interacção com
alimentos (queijos envelhecidos,
fígado de galinha, creme azedo e
vinho tinto), embora não existam
relatos descritos com plantas
contendo tiramina.

Matricaria -Óleo essencial (camazuleno,α- -Potencia os efeitos dos sedativos de:


recutita L [14],15], bisabolol ) Benzodiazepinas (alprazolan e
[18],[22]
-Flavonóides( derivados da diazepam), barbitúricos
apigenina, luteolina, quercetina, ( fenobarbital), narcóticos,
baicaleina e da Wogonina) hipnóticos( zolpidem),
-Substancias amargas (matricina, antidepressivos
matricarina) tricíclicos(amitriptilina),
-Cumarinas anticonvulsivantes (ácido valpróico e
-Mucilagens fenitoína) e álcool
-Potencia o efeitos dos
anticoagulantes ( varfarina),
aumentando o risco de hemorragia
-Poderá apresentar efeito anti -
estrogénico
27
-Inibe a absorção de ferro
- Pode interagir com as drogas tais
como o raloxifeno ou tamoxifeno
-Pode interagir com medicamentos
ou suplementos contendo soja ou
Trifolium pratense
-Pode piorar a asma, pelo que as
pessoas que sofrem de asma não
deverão tomá-la.
-Mulheres grávidas devem evitar a
camomila, devido ao risco de aborto.
-Beber grandes quantidades de chá de
camomila altamente concentrada
pode causar vómitos
Melissa - Óleo essencial (α e β citral -Potencia a actividade sedativa das
officinalis[14] pineno, limoneno ,linalol, benzodiazepinas, dos narcóticos e
citronelal, metilcitronelal, dos barbitúricos (pentobarbital).
citronelol).
-Ácidos triterpenóides (ursólico -Diminui os efeitos das hormonas da
e oleânico), sesquiterpenos tiróide.
(cariofileno), ácido caféico,
ácido rosmarínico, ácido
clorogênico, p-cumárico,
-Flavonóides (derivados da
apigenina, luteolina,baicalina e
da wogolina) -
Substâncias amargas
-Glicosídeos flavonicos
-Mucilagens
-Aalcalóides
-Resina
-Taninos (LORENZI; MATOS, 2002; MAY et al.,
2008 )

Panax -Gingenósidos do tipo -Potencia os efeitos dos sedativos de:


ginseng[14],[15],[16], damarano- Derivados do -Anticonvulsivantes (fenitoína e
[17], [18]
protopanaxadiol e derivados do acido valpróico)
protopanaxatriol
-Barbitúricos
-Oleanano
-Panaxanos ( polissacarídeos) -Benzodiazepinas( alprazolam e
- Flavonoides diazepam )
-Vitaminas (B) -
Proteínas e aminoácidos - -Actua como ibidor da enzima
28
Oligoelementos conversora da angiotensina- ECA
- Fito-esteróis(sitosterol) (Medicamentos para Pressão Arterial)
- Óleo essencial Captopril,benazepri, enalapril,
lisinopril, fosinopril, ramipril,
perindopril, quinapril, moexipril,
trandolapril

-Potencia os efeitos das tiazidas


diurética hidroclorotiazida

-Bloqueadores dos Canais de Cálcio-


Amlodipina, diltiazem e nifedipina

-Diminuição da actividade dos


anticoagulantes-varfarina

-Aumento do risco de hemorragias


com a heparina , antiagregantes
plaquetares (aspirina e clopidogrel) e
anti-inflamatórios não
esteróides(naproxeno e ibuprofeno)

-Potencia o efeito dos estimulantes


do SNC (cafeína) o que pode causar
nervosismo, sudorese, insónia ou
arritmia cardíaca.

-Aumentando o risco de hipoglicemia


com antidiabéticos

-Pode aumentar o efeito estimulante e


os efeitos colaterais de alguns
medicamentos para tirar a atenção e
hiperactividade ( anfetamina,
dextroanfetamina e metilfenidato)

-Pode aumentar o risco de mania,


quando tomado com IMAOs, um tipo
de antidepressivo.

-Existem relatos de interacção entre o


ginseng e a fenelzina causando dores
de cabeça, tremores e mania.

29
-Isocarboxazid

- Fenelzina Tranilcipromina

-Pode bloquear os efeitos analgésicos


da morfina.
Passiflora spp -Alcaloides derivados do indol- -Potenciação do efeito dos anti-
[15],[14]
harmana , harmina, histaminicos
harmol,harmalina, harmanol
-Flavonoídes-vitexina, -Potencia os efeitos dos sedativos dos
isovitexina, luteolina, orientina barbitúricos (pentobarbital),dos
narcóticos (codeína, morfina), das
benzodiazepinas( diazepam,
alprazolan), dos hipnóticos(zolpiden),
antidepressivos
tricíclicos(amitriptilina, nortriptilina,
doxepina) , dos anticonvulsivantes
(fenitoína) e dos inibidores da
MAO e do álcool.
-Diminui os efeitos das anfetaminas

-Potencia os efeitos dos


antiagregantes
plaquetários(clopidogrel e aspirina ) e
dos anticoagulantes(varfarina,
heparina).

-Poderá ocorrer também hemorragias


com a administração conjunta de
anti-inflamatórios não esteroidicos
como o ibuprofeno e o naproxeno.

-Poderá ocorrer ainda aumento da


pressão arterial quando administrados
conjuntamente com guaraná, cafeína
ou efedra e com alimentos que
contenham tiramina ou triptofano

Scutellaria -Arsênico, baicaleína, baicalina, -Potencia o efeito sedativo dos


baicalensis[20],[21] bioflavonóides, campesterol, anticonvulsivantes( fenitoína e acido
chrisina, estigmasterol, valproico), dos barbitúricos, das
huangqin, isocartamidina, benzoduazepinas ( diazepam e
neobaicaleína, wogonina. alprazolam) , hipnóticos(zolpidem),
dos antidepressivos tricíclicos
30
( amitriptilina) e do álcool

Tilia europea L -Flavonóides( heterósidos da -Potencia o efeito dos diuréticos e de


[24],[26]
quercetina,rutina) hipotensores aumentando os riscos de
-Ácidos fenilcarboxilicos desidratação
(cafeico, clorogénico e p-
cumarínico) -Como diurético pode, aumentando a
-Mucilagens - concentração de lítio no sangue.
Óleos essenciais (farnesol) - -Anticoagulantes e sedativos
Aminoácidos (GABA) -
Fluoroglucinol

Turnera difusa -Flavonóides( hiperosídeo, -Pode interferir com a acção dos


[23]
avicularina, galactosil-3- antidiabéticos.
miricetol, glucoronil-3-quercetol
e quercetosídeo)
-Óleo essencial (a e b-pineno, p-
cimeno, timol, 1,8-cineol,
sesquiterpenos (a-copaeno, d-
cadineno e calameneno),
-Pepsina,
-Glicosídeos cianogênicos,
-Cafeína,
-Princípios amargos(damianina)
-Sitosterol
-Taninos -
Alcalóides -
Resinas

Valeriana -Valepotriatos -Potencia os efeitos dos sedativos das


officinalis [14],[15], -Ácido valerénico
[17],[19] benzodiazepinas (alprazolam e
-Ácido acetoxivalerenico
-Valeranona diazepam), dos anticonvulsivantes
-Aminoácidos-GABA e ( fenitoína e valpróico), dos
glutamina - barbitúricos ( pentobarbital e
Linhanos-hidroxipinoresinol
tiopental), dos
hipnóticos( zolpidem),dos
anestésicos, dos narcóticos e do
álcool.

-Com a loperamida pode provocar

31
confusão, agitação e desorientação.

-Por apresentarem álcool nas


soluções extractivas causam náuseas
com o metronidazol e o dissulfiram.

-Risco de sobrecarga hepática quando


administrado com anti-histamínicos,
estatinas (medicamentos utilizados
para baixar o colesterol) e alguns
antifúngicos.

-Diminuição dos efeitos estrogénicos.

Os medicamentos à base de plantas despertam reacções muito dispares junto dos


profissionais de saúde mental, que vão de uma resistência absoluta a um entusiasmo
extremado, passando por alguma indiferença.

Em relação a posturas pré-concebidas, todas elas apresentam prejuízos potenciais para os


pacientes. A resistência absoluta para um medicamento à base de plantas com acção
comprovada pode privar determinado doente de medicação eficaz, por outro lado uma
postura de entusiasmo não fundamentado em estudos clínicos comprovados, pode privar o
doente de um tratamento realmente eficaz em detrimento de um produto à base de plantas
ineficaz e com efeitos adversos. Mesmo uma atitude mais neutra de descrença com uma
certa benevolência (não tem efeito, mas também não faz mal ou é um placebo sem riscos)
também pode acarretar prejuízos para o paciente, pois muitas vezes apresentam efeitos
adversos importantes, assim como a possibilidade de interacções medicamentosas.
De qualquer modo, mesmo que o médico não utilize produtos à base de plantas no seu
arsenal terapêutico, este deve conhecer as principais plantas da sua área de actuação e deve
perguntar sistematicamente aos pacientes sobre o seu uso, pois há grande probabilidade de
que uma parte dos pacientes faça uso sem informar.

Conclusão

Analisando as duas partes precedentes podem-se tirar as seguintes conclusões:

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• Pese embora em Portugal não existirem estudos epidemiológicos ou dados fiáveis,
que revelem a tendência crescente da procura de produtos à base de plantas e dentro
destes, dos que têm propriedades ansiolíticas e antidepressoras, esta tendência parece
comprovada pelo aparecimento nas grandes superfícies comerciais de secções
inteiramente dedicadas a produtos medicinais à base de plantas e aí aparecer sempre
várias formulações com indicações terapêuticas como “regulador do sono”,
“calmante”, para situações de “stress”, “tensão psíquica” ou “desgaste”.
• Devido ao facto de serem introduzidas no mercado sob diversas formas -
medicamentos sujeitos a receita médica, medicamentos não sujeitos a receita médica,
medicamentos homeopáticos e suplementos, por serem vendidos em farmácias, para
farmácias, ervanárias, lojas especializadas em produtos naturais, grandes superfícies
comerciais e em mercados tradicionais de produtos agrícolas, leva a que seja difícil
quantificar o seu consumo.
• Devido à procura de plantas medicinais ter vindo a aumentar ao longo dos últimos
anos e de nos países industrializados as autoridades de saúde tenham tentado
corresponder a esta procura crescente, tentando estabelecer metodologias e critérios
de modo a garantir a segurança destes produtos, criando-se até na União Europeia, na
Agencia Europeia do Medicamento - EMA, em 2007 um grupo de trabalho sobre
medicamentos à base de plantas, que deu origem ao actual Herbal Medicinal
Products Committee (HMPC), e nos Estados Unidos, o National Intitutes of Health
ter criado em 1998 o Nacional Center for Complementary and Alternative Medicine,
existe uma lacuna ainda muito importante por preencher: Uma única entidade que
faça a recolha de efeitos adversos e interacções medicamentosas. Muitas destas
informações chegam ao Infarmed, departamento de farmacovigilância através de
organismos como o centro de informação antivenenos e do GPP do Ministério da
Agricultura.

Assim podemos afirmar que a insuficiente regulamentação em Portugal dos produtos


medicinais à base de plantas, faz com que não seja possível saber quais, nem quantos os
produtos disponíveis, nem em que condições, nem haja um serviço único de recepção de
notificações, situação que é indesejável do ponto de vista de saúde pública. Torna-se de
extrema importância a inclusão de medicamentos e produtos à base de plantas nos
programas de farmacovigilância.

33
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