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FELISBELLO FREIRE
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R E P U B L IC A
DOS
VOLUM E I
RIO DE JANEIRO
TYP. ALDINA-RUA SETE DE SETEMBRO 79.
18 9 4 *
P R E F A C IO
que motivaram as r e s o í ^ ” 7 ““
amda mais suas condições finaiceiras eco EstUdamos
vantagens oue p11p« 7 +. t e economicas e as
gens que elles tem tirado da federação.
Eis ahi o plano geral da obra.
que s i aTlustona
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dos d° m d° contemporâneos
successos em que Se agita não
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foi re ne tar I I a-g° - er“° P™™0™ ’ 9™ < »to reformou,
foi respeitar esta divisão, cuja alteração intelligente a nro
p m forma federativa proclamada vigorosamente recla-
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p esidencial. Essa solução veiu a tomar corpo posterior™ ,,.»
no projecto da Constituição que foi debatido peia consti
tumte da Republica de Piratinim e no qual a fôrma federal é
de longa d a t ò ^ “7 “ ^ trab“»>a7
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II
III
Íatropmando
C h ia n d o aSaa vida continental. 0 eSPWto de ™ ciativa
IV
Y
Detive-me talvez de mais na apreciação dos dados de
ordem econmica que o Sr. Felisbello Freire procurou syste-
matisar no intuito de pôr em relevo a importância que teve
entre nós o desenvolvimento da riqueza como factor da
democracia. Não podia, entretanto, deixar de estender-me
sobre esse factor, não só porque é o unico que abrange o pe
ríodo da nossa historia colonial, mas também porque envolve
acontecimentos menos conhecidos e a parte propriamente
inconsciente da vida nacional.
Seguem-se os factores politicos e sociaes.
O Dr. Felisbello Freire dá o nome de causas políticas
áquellas que se prendem á intervenção directa do poder pu
blico na vida nacional por meio da legislação, ao desenvolvi
mento do regimen estabelecido, e á fórma de governo.
Segundo sua opinião todos os males que affligiram o
Brasil durante o período monarchico nasceram da imperfeita
constituição, que nos foi outorgada em 25 de Março de 1824?
e do espirito mau que se occupou em tirar dessa imperfeição
toda a obra infernal do segundo império, depauperando as
províncias, anniquilando o município e atrophiando comple
tamente a iniciativa individual. Os instrumentos dessa obra
surda foram a centralisação política e administrativa, o
parlamentarismo, o regimen eleitoral e o governo pessoal do
soberano. O capitulo em que são desenlvidas essas theses sae
triumphante de todas as objecções.
No que respeita á centralisação política e administrativa
ahi está o drama do Acto additional. Como se suffocou essa
aspiração nacional? Voltando-se ao conselho politico de que
usaram os próceres da colonia quando o Brasil pensou em
proclamar-se livre: — a menoridade e a incapacidade. As
Côrtes de Lisbôa, por orgão dos energumentos Fernandes
Thomaz e Borges Carneiro, quando se dizia que o Brasil
podia ter uma constituição propria, berravam que seria re
matada loucura consentir que uma colonia illetrada e sem
conhecimentos práticos de economia política dirigisse os seus
negocios. Pois bem, mutato nomine, igual procedimento, no
XLVIII
VI
F elisbello F r e ir e .
LIVRO I
A REVOLUÇÃO
CAPITULO I
Exposição da questão
SUMMARIO
(1) J o ã o F r a n c is c o L is b o a —O b r. c i t .
(2) J o ã o F r a n c is c o L is b o a —O b r. c i t ., V o l. 3 o , p a g . 82.
9
Cansas económicas
SUMMAEIO
V a lo r d o s f a c t o s e c o n o m ic o s . S u a im p o r tâ n c ia n a r e v o lu ç ã o d e 1889 e n a fo r m a ç ã o
d a id é a r e p u b lic a n a . T r e s p e r ío d o s p o lit ic o s e t r e s p h a s e s e c o n o m ic a s . O s tr e s
f a c t o r e s d a r iq u e z a . A c ç ã o d e c a d a u m d e lle s . A p r o d u c ç ã o d o p a iz n o fim do
s é c u lo X V I I e n o c o m e ç o d o s é c u lo X V I I I . O r e g im e n a g r ic o la , c o m o o re
g im e n d o m in a n t e , e m v ir tu d e n ã o s ó d ç s f a c t o r e s n a tu r a e s . c o m o d a le g is t a ç ã o
S u a in f lu e n c ia . L e is d e n o s s a e c o n o m ia . C a u s a s d a r e v o ln ç ã o d e M a n ê ta n a
B a h ia , d a r e v o lu ç ã o d o s M a s c a te s e m P e r n a m b u c o e d e M a n o e l B e q u im ã o
em M a r a n h ã o . M a n if e s t a ç ã o c o n f u s a d o p r in c ip io r e p u b lic a n o n ’e s t e s m o v i
m e n t o s . E l l e m e lh o r s e d e fin e n a r e v o lu ç ã o de T ir a d e n t e s . S u a s c a u s a s e c o n o -
n o m ic a s . A m in e r a ç ã o c o m o f o n t e d e r e n d a ; d o m in o u u m p e r io d o e c o n o m ic o
E l l a é c a u s a d e m a io r p r o g r e s s o d a p o p u la ç ã o d o s u l em r e la ç ã o a o n o r t e e d e
a h i s e t e r m e lh o r a c e n t u a d o o r e g im e n a g r ic o la . O g o v e r n o e a m in e r a ç ã o . O
a t r a s o d o q u in t o . P a p e l d e B a r b a c e n a . I d e a s d e e m a n c ip a ç ã o . P a p e l d a c o lo n ia
b r a s ile ir a n a E u r o p a . P o li t i c a d e B a r b a c e n a em su a c ir c u la r d e 23 d e M arço
d e 1789. A r e v o lu ç ã o d e V illa - R ic a é a p r im e ir a m a n if e s ta ç ã o d o p r in c ip io r e
p u b lic a n o . P a p e l h is t o r ic o de T ir a d e n t e s .
tantes têm por meio de cultura não so tudo quanto lhes é ne
cessário para o sustento da vida, mas ainda muitos artigos
importantíssimos para fazerem, como fazem, um extenso com-
mercio e navegação. Ora, si a estas incontestáveis vantagens
reunirem as da industria e das artes para o vestuário, luxo
e outras commodidades, ficarão os mesmos habitantes total-
mente independentes da metropole.
i‘ E’ por consequência de absoluta necessidade acabar
còm todas as fabricas e manufacturas do Brazil.” (1)
Si em relação aos factores naturaes da riqueza, acaba
mos de vêr que delles o que dominou foi a natureza, pela in-
sufficiencia do capital (2) e pela falta de liberdade de traba
lho, feito pelo braço escravo, influindo tudo isto sobre a inér
cia da nossa economia, vemos que para o mesmo resultado
influio a legislação, o poder publico. E considero que este ul
timo factor foi de influencias mais activas para produzir
nosso atraso material. Elle obrou como uma força retardadora
da nossa economia. E é por este lado principalmente que
temos de estudar o eífeito do nosso movimento economico
sobre as situações políticas. E’ pela analyse da sua interven
ção na formação da nossa riqueza e em sua distribuição, que
temos de estudar o regimen e a evolução das idéas políticas
e os movimentos de revolta que se deram em diversas épocas
e em diversos lugares.
Nas seguintes palavras de um notável historiador nacio
nal está a descripção da influencia do governo em face da
prosperidade material do paiz :
<£Por um simples Decreto prohibia-se a criação e o com-
mercio destas e d’aquellas raças de animaes, a cultura de
taes ou quaes plantas ou especiarias, abolia-se a profissão de
ourives em toda a extensão do Brasil, fechavam-se as respe-
ctivas officinas e mais tarde inutilisavam-se todas as fabricas
de tecidos de algodão, linho, seda, lã, ouro e prata que iá
sustentava a industria nascente do paiz.
m
e a renda tendo uma unica forma — renda agraria. Eis abi
os factos geraes.
Vejamos agora a sua influencia na vida politica e sob
este aspecto da questão limitar-nos-emos a apreciar princi
palmente a influencia da legislação e do governo, porque o
estudo da influencia dosfactores naturaes está fóra do espirito
desta obra.
Por esse estudo alcançaremos definir a natureza e o me-
chanismo do governo da colonia, profundamente centralisa-
dor, omnipotente, despotico e inteiramente indifferente ao
respeito dos direitos e garan tias individuaes.
Porahi chegaremos ao fim que visamos: mostrar a mar
cha da idéa republicana e as causas de ordem economica que
influíram na revolução de 15 de Novembro. Acompanhar a
marcha e os processos de nossa economia em relação á poli
tica, constitue o assumpto da obra que emprehendemos.
Cingimo-nos pois ao estudo das causas económicas emquanto
consequências da legislação.
Muitas foram as vezes em que o povo se revoltou contra
a autoridade, em nome dos seus interesses profundamente
violados por ella e esquecidos pelo excesso e rigor do regimen
tributário e das autoridades fiscaes.
Ahi está a revolução do Maneta na Bahia no começo do
século XVII, que não é mais do que a expressão da revolta
contra a elevação do preço do sal de 480 a 720 reis, taxado
pelo governo, cuja omnipotência chegou ao ponto de taxar os
preços dos productos commerciaes e mais ainda contra o au-
gmento de imposto da importação de 10 0/ o-
Ahi está o motim dos Mascates em Pernambo, que não
passa de tentativa dos povos do Becife e .Olinda pelo pri
vilegio de representar-se no município, em vista da attri-
buição de tributar os impostos.
Ahi está a revolução de Manoel Bequimão no Maranhão,
no fim do século XVII, que não é mais do que a resistência
d’aquella gente contra o contracto celebrado pelo go
verno com uma companhia de negociantes de Lisboa, confir
mado pelo alvará de 12 de Fevereiro de 1682, em virtude do
qual se lhe concedeu o privilegio exclusivo do commercio em
todo o Estado de G-ram-Pará e Maranhão, por espaço de
20 annos.
Ahi estão as successivas alterações da ordem publica que
se deram em diversas capitanias e em diversas épocas, a
proposito de actos do governo sobre a escravidão dos indios,
em que se empenhavam os interesses da classe agricola e da
companhia dos Jesuitas, aquella protestando contra a eman
cipação da raça indigena, e esta abrindo uma campanha de
abolição a seu favor, para instituir o monopolio do trabalho
indigena em beneficio da ordem.
Podemos até mesmo dizer que estas classes viveram em
lucta continua entre si, pelos prejuisos que soffriam em seus
interesses a proposito daquella questão.
Muitos e muitos outros factos de ordem publica pode
ríamos apresentar para provar a proposição que acima enun
ciamos. Abstemos-nos de fazel-o. porque n’esses aconteci
mentos não vemos a aspiração de um principio politico novo.
nutrido pelo povo, em favor do qual se batesse, em substi
tuição das instituições dominantes. E ’ uma manifestação
amorpha que não se define bem. Antes exprime o desespero
do povo flagellado por um regimen tributário profundamente
pesado, do que qualquer outra cousa através da qual se lo
brigue uma aspiração politica que procure consubstanciar-se
em emancipação democrática.
E ’ somente em uma revolta idêntica a essas que temos
passado em revista, para salientar suas origens económicas—
a revolução de Minas no fim do século XVIII, — que vemos a
influencia de uma idéa politica, para assumir uma fórma
mtida e clara, tentando inspirar nova organisação institu
cional modelada em princípios democráticos.
N ’essa revolução é que vamos vêr o embryão da idéa
republicana. E’ em nome delia, e pela sua victoria que os
conspiradores de Villa Rica se empenham na causa revo-
1 ucionaria.
E’ também em causas económicas que o movimento vae
uscar sua razão de ser e a nobreza de intuitos que tão
fortemente estimularam aquellas deliberações revoluciona
rias.
Ainda que se fizesse sentir a influencia dos acontecimen
tos que deram logar á emancipação politica da America do
Norte, influencia trazida por estudantes brazileiros que fre
quentavam os cursos scientificos da Europa, todavia suas
origens económicas são incontestáveis.
As idéas de mineração que já tinham atravessado o pe-
riodo de sonho e ficção do século XVI e XVII, com os insuc-
cessos de Gabriel Soares, Belchior Dias nas excursões pelo
Rio de S. Francisco, Bahia e Sergipe, amadureceram no século
XVIII com as pesquizas em outras capitanias, como Minas,
Goyaz, S. Paulo, onde se descobriram ricas jazidas de ouro.
Isto abrio uma fonte de renda não só para a riqueza pu
blica, como particular, pela avidez com que os homens do
tempo se entregaram a taes explorações. Chegou mesmo a
formar uma época que se caracterisou pela tendencia de
todos em apellar para a mineração como unico genero de
trabalho.
O regimen agricola resentio-se desse escoamento de ac-
tividade que convergio para exploração das riquezas inte
riores do solo.
E, aclivando-se mais esse movimento para sul do que
para norte da colonia, eis a razão, a nosso vêr, do povoamento
do sul ir mais rápido e de ter-se regimen agricola acentuado
no septerentião caracterisando melhor o seu movimento eco-
nomico. Basta dizer que a lavonra do cafe que se coustitue
actualmente quasi que a fonte exclusiva da riqueza dos Estados
do sul, é uma lavoura de formação recente, relativamente á
lavoura da canna e do algodão, que é contemporânea dos
nossos primitivos colonos.
A mineração despertou também o inicio do regimen
industrial, que, si não teve o desenvolvimento que se devia
esperar, foi em razão da reacção que o governo levantou
contra elle. De facto, dondições geológicas do sul, offerecendo
pasto á sêde de explorações de minas, fez crear o espirito
industrial em seus habitantes.
30
z s r “ r r j r “ r^
t5° «rectamente e n to r p ^ a s p T “ t e l v e Í
ç ficial, a melhor opportunidade de revolta contra as
31
SUMMARIO
Liberdade commercial do Brazil. Sua influencia na administração publica. Os novos
impostos. Creação do Banco do Brazil. Desvalorisação de suas notas. Ex
cesso de despeza e de emissão. O Governo e o Banco. Tratado commercial
com a Inglaterra. Situação economica e financeira do Brazil no começo do
século XIX. Opinião de D. Pedro. Constitue-se a mais importante causa
dos acontecimentos da época. Associação das causas políticas e sociaes.
A revolução de 1817 em Pernambuco. Influencia histórica das lojas maçó
nicas. A posição do governo. Opinião popular em Pernambuco sobre os im
postos, revelada pelas camaras, escriptores e a imprensa. As condições da
moeda, representada por metal e notas do Banco. Desvalorisação das notas.
Situação precaria da vida. Ella aggrava-se ainda mais em Pernambuco. Sua
decadência economica e de todo o paiz. O espirito de revolta que ella creou.
Suas diversas fôrmas. Influencia de outras causas. Política de recolonisação.
Odio de raça. Sua influencia na separação de algumas províncias e na inde
pendência do paiz.
dl J . A r m it a g e —O b r. c it ., p a g . 31. . ..
(2) A m a r o C a v a l c a n t e - J f « w * « Financeira do eochnferw do Brasil, p a g . .
(3) A R eview Financial, Statistical and Commercial o f the E m pire o f brasil, b y
J . J . S tu a r d , L o n d o n , 1837.
40
(1) L u i z do R ego e a P o s t e r id a d e - h \ P in h e ir o , p a g . 9.
(2) V i s c o n d e d e P o r to S e g u r o — H is to r ia do b r a s tt , V o l. 2 .°, p a g . 1051.
(3) O le i t o r p r o c u r e lêr e s t a c a r t a n a o b r a d o D r. J . C. F e r n a n d e g P in h e ir o
/ u iz do R ego e a P o sterid a d e.
44
(1) D r. J . C. F e r n a n d e s P in h e i r o —O br. c it ., p a g . 9.
45
T o m . X V I I I , p a g . 558.
(2) C ita d o C orreio B ra silien se, p a g . o59.
46
(1) N ã o p o d e m o s e n c o n t r a r d a d o s e s t a t í s t i c o s so b r e a a lte r a ç ã o d o s p r e ç o s d o s
g e n e r o s c o m n ie r c ia e s .
48
A im o s P ip its de
A lin o s P ip a s de
180 c a n a d a s
If
180 c a n a d a s
1801................. ...................... 117 181° 2.209
1802.............................. sa 1813 2,079
1803................. 1SI 4 1,908
1804................. 1815
791
1805................. 1816.................. 795
1806................. 1817 903
1807................. 1818.............. 1,635
1808................. 1810 875
1S09................. is o n
1,199
1810................. 1821............ 753
1811................... 1S22.............. 2.209
Quanto ao algodão vemos :
A nnos A rrobas A nnos
A rrob as
1801................... 1812............ 188,322
1802............. 1813............ 202,265
1803................. 1C14
239,499
1804................. 1Q1£
180,067
1 8 0 5 ............. 1Q1
287,095
1806............... 1ci 7
242,804
1807.......................... Qo i >7(15; 1lolO..............
Q1Q
1808............. 250,027
1Gin ..............
1809........................ 000 no:: 252,728
1lo^U............
Q9n
1810........... 295,770
1-Lo^l..............
Q91
273,242
1811.................................. 99,077 1822................... 208,086
Eis ahi a decadência economica e financeira a que chega
ram a capitania e todo o paiz.
N’esse lado da sua vida publica inspirou-se a aspiração
dos revolucionários de 1817, que pretendiam antecipar 'a
emancipação e a independencia do paiz.
Ahi foi beber a revolução os seus mais valiosos motivos
II
SUMMARIO
(1) Dr. Liberato de Castro Correia — Hist. Financ. e 0>ç. do Império, pag. lõ.
‘•Ah ! Senhor, e será possivel que estas verdades, sendo
tão publicas, estejam fóra do conhecimento de Vossa Alteza
Real? Será possivel que Vossa Alteza Real ignore, que um
partido republicano, mais ou menos forte, existe semeado aqui
e alli, em muitas provindas do Brazil, por não dizer em todas
ellas ? Acaso as cabeças que intervieram na explosão
de 1817 expiraram já? E si existem, e são espiritos fortes e
poderosos, como se crer que tenham mudado de opinião ?
Qual outra lhes parecerá mais bem fundada que a sua ? E
não diz uma fama publica ao parecer seguro, que nesta
cidade mesmo um ramo deste partido reverdeceu com a espe
rança da sahida de Vossa Alteza Real, que fez tentativas para
crescer e ganhar forças, e que só desanimou á vista da
opinião dominante de que Vossa Alteza Real se deve demorar
aqui para sustentar a união da patria? ”
. Ahi estão as deportações de Ledo e de seus partidários
como republicanos; o fechamento das lojas maçónicas, a
apprehensão dos ducumèntos pertencentes a estas associações,
fócos da aspiração democrática brasileira ; ahi está a critica
da opinião externada em um pamphleto—Analyse do Decreto
•de I o de Dezembro—, aproposito da Ordem Imperial do
Cruzeiro, creada pelo soberano e na qual os espiritos patriotas
viam a volta aos tempos de praticas feudaes, cujos infelizes
effeitos já se haviam tanto sentido no Brasil durante o prece
dente reinado. (1)
As esperanças que despertou na opinião publica a eman
cipação politica do paiz, feita em nome dos interesses nacio-
naes contra a reacção que a politica portugueza quiz operar,
e com a qual havia de iniciar-se uma ordem de cousas que
acautelasse as liberdades publicas e promovesse o desen
volvimento material do paiz, cedo se disiparam em face dos
^actos da administração, pelos quaes a consciência publica
chegou á convicção dos sentimentos apaixonados e atrabiliá
rios do soberano. Emancipado o paiz, preparam-se suas forças
para organisal-o sob os principios do regimen monarehico.1
III
SUMMARIO
í í ........................ ;
comme la consequence cle la depre
ciation de Pagent de la circulation dans un pays quelconque
est exciter à importer davantage par suite de la hausse appa-
rente des prix ilen résulteplus de difficultés pour payer la va-
leur des importations. Comment peut-on alors payer la ba
lance finale ? L’ écoulement des espèces montre que la balance
du commerce est défavorable au pays, et quand le numeraire
est épuisé, Péquilibre ne peut plus se rétablir qu’en restrei-
gnant l’importation et la consommation. ” (1)
Pelo mappa estatistico que publicamos no final do vo
lume, vê-se a marcha da emissão do papel moeda e a marcha
da receita e despeza.
Assim vemos que a receita, sendo em 1840 18.674:698^795
Subio em 1888 a ............................................. 168.251:8011735
Havendo a differença maior d e.................... 134.577:102$940
A despeza, sendo em 1840............................ 22.700:935$978
Subio em 1888 a ............................................. 147.514:483$540
Havendo uma differença maior de.............. 124.893 •6471562
Durante o longo periodo intermédio em-
quanto os saldos (2) da receita attin-
giram apenas a ........................................... 21.059:494$516
Os deficits chegaram a ................................... 850.490:987$303
D’onde a differença maior d e....................... 829.431:482$787
o que quer dizer, que o nosso regimen normal fôra o regimen
dos deficits !
Eram os empréstimos os meios de que o governo lançava
mão como recurso fictício para segurar o cambio, em vez de
descobrir e de crear novas fontes de receita para sua despeza.
Para apparentar um certo equilibrio indispensável, foi
mister recorrer, constantemente, aos meios do credito, aug-
mentando a divida publica interna ou externa, á medida das
urgências. E d’aqui, em quanto a divida interna (fundada)2
era em 1840 de............................................. 26.575:200$000
a mesma attingio em 1889 a ........................ 543.585:3001000
resultando uma differença maior d e .......... 517.010:1001000
(1) Théorie des Changes S tra n g ers, pag, 140
(2) Dos exercícios de 1827, 1833-34, 1834-35,1845-46, 1846-47,1852-54. 1856-57. 1888.
A divida externa, que em 1840 era :
£ o.580.400 ou ao cambio par.................... 31.002:222$222
era em 1889 £ 30.419.500 o u ...................... 270.395:5551555
havendo uma difference maior de................ 239.393:333$333
Sobre esta especie de divida, éopportuno lembrar que o
governo do Brasil, durante o Império, tomóu emprestado na
praça de Londres :
Real ou recebido.................................................. 367538
Nominal (1)............................................................. 44.172.050
Menos do recebido................................................ 6804512
A importância nominal, por que constitue-
se o debito, ao cambio de 27 d. por 1$000,
somma em .............. 392.617:8511000
O desembolso com esta divida, isto é, juros, amortisação,
etc., também calculados ao cambio par, tinha subido (até De
zembro de 1888) a 415.559:329$669. (2)
Ainda peiores eram as condições económicas e finan
ceiras das provindas e municípios. Ainda que não tenhamos
podido colligir dados estatísticos de sua producção e da
marcha da sua receita e despeza, todavia ninguém póde con
testar que elles chegaram ao extremo do depauperamento,
sem os recursos para attender aos seus serviços. Presos pela
centralisação imperial, ficaram privados do desenvolvimento
material que poderiam iniciar e cultivar á custa dos seus
haveres, os quaes a corrente de absorpção dirigia para o
centro.
Sem recursos monetários, pela falta de estabelecimentos
de credito que fomentassem o seu desenvolvimento, acti-
vando-lhes as forças económicas; sem vias de communicaçâo
aperfeiçoadas, sem o governo municipal autonomo, as provín
cias chegaram á situação ern que se nos depara durante o
longo periodo do segundo reinado.12
(1) Não contemplamos o ultimo empréstimo de 1889, porque foi apenas uma
conversão.
(2) Conforme o# balanços do Thesouro e a svnopse de 1888.
68
70
-MvJiS- ■
seus interesses profundamente prejudicados pela tyrannia do
Estado, nas crises economicas, do que pela convicção da su
perioridade da idéa democrática. Sem os elementos de propa
ganda, quer pelos clubs, quer pela imprensa ou pelo livro, os
agitadores empenhavam-se logo nasluctasdas armas, sem o
periodo preliminar do ensinamento, sem a antecedencia do
preparo. Eis a razão do insuccesso d’aquelles movimentos, aos
quaes não faltaram o civismo e a coragem dos seus dire-
ctores.
Na phase politica que antecedeu ao inicio do governo
republicano e em que o sentimento liberal parece haver desap-
parecido da consciência nacional, as creações revolucionarias
collocaram-se em outro pé, em outro terreno de lucta e de
actividade.
Por isso mesmo que a educação intellectual estava mais
aperfeiçoada, pela maior disseminação da instrucção publica,
a idéa liberal recorreu a um programma de lucta.
Firmou o periodo preparatório pela propaganda. Servi-
ram-lhe de incentivo, não só as condicões económicas e finan
ceiras a que o regimen monarchico tinha levado o paiz, como
as praticas de sua politica e as forças sociaes que entraram
em jogo.
Na esphera economica, como já dissemos em outro capi
tulo, em derredor de tres factos agruparam-se os males que
tanto influiram para retardar o desenvolvimento material do
paiz — a escravidão, a centralisação e o regimen do pap^l
moeda.
Si a escravidão affectava a fórma do trabalho que alem
de entorpecer as forças económicas, se reflectia nas relações
civis do cidadão, no desenvolvimento da consciência juridica
da nação, no zelo dos direitos individuaes ; a centralisação e
o papel moeda affectavam o credito que por sua vez se re
flectia nos interesses do povo, no seu bem-estar, no seu des
envolvimento material, e ambas reflectiam-se na forma de
governo existente.
Ligados aquelles factos á fórma de governo, atacal-os,
abrir campanha contra elles, era consequentemente res-
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72
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Causas políticas
SUMMARIO
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88
(1) A nnaes da C am ara dos Deputados— 1990, Vol. !«, pag. 49.
1) qual a parte da despeza publica que devia ser considerada
provincial; 2 ) que todos os impostos existentes, não compre-
hendidos na receita geral, pertenciam á receita provincial;
mandando-se a respeito fazer escripturação á parte nas res-
pectivas thesourarias. ' 1 (1 )
A receita e despeza publica provincial era fixada pelos
conselhos geraes sobre as propostas do presidente da provinda;
e organisados, definitivamente, os orçamentos eram remet-
tidos á Camara dos Deputados, por intermédio do ministro
da fazenda, para serem corrigidos e approvados pela assem-
bléa geral.” (2 )
Com o Acto Addicional crearam-se as assembléas pro-
vinciaes com attribuições de legislarem sobre a fazenda pu
blica, sobre impostos, orçamentos da receita e despeza, etc.,
etc., denegada apenas a sua competência para legislarem sobre
impostos de importação, materia que continuou privativa da
Camara dos Deputados geraes.
Na elaboração da lei no parlamento, as maiores difficul-
dacles se fizeram sentir em resolver a questão tributaria no
intuito de traçar a divisão das rendas entre o governo central
e o das provindas.
Dizia o seguinte um deputado :
<‘ Estou longe de censurar os que fizeram a divisão exis
tente. A tarefa era por certo immensa, e talvez impossivel
fazer cousa que se approximasse da perfeição, attento o estado
da nossa industria exclusivamente agricola em lucta então, e
infelizmente ainda hoje, com graves dificuldades. Demais a
materia não tinha sido estudada e preparada ( e creio que
ainda o não está hoje) com antecipação. Entretanto creio,
talvez por não ser entendido na materia, que, pelo que res
peita á divisão da renda, com tempo e estudo, e si as refor
mas, para satisfazer a soffreguidão progressista, não hou
vessem sido feitas de afogadilho, se teria podido fazer cousa
melhor, e que, ao menos, divisasse com alguma clareza o12
A, w
Os autores do Acto Addicional, ainda que inspirados em
intuitos descentralisadores em favor das provincias, que qui-
zeram defender com a reforma, não delimitaram entreta^o a i
esphera de acção tributaria em que deviam gyrar os governos
provinciaes e o governo central.
Na propria expressão de que usou o acto legislativo no
art. 1 0 \ 5 o, qu®ula as attribuições provinciaes, está o cará
cter indeciso com que se investio o poder legislativo das pro
vincias sobre a tributação de impostos. Si por um lado ellas
entraram em uma longa competência tributaria, appellando
para a disposição expressa da lei que lhes vedava tributar a
importação, por outro lado delegou-se a actos posteriores do .
poder, legislativo resolver a questão da divisão das rendas.
Ahi iniciou-se a resistência com que o espirito centra-
lisador quiz esterilisar a reforma. Muito cedo, em 1835, a
assembléa na-lei interpretativa com que veio no terreno pra
tico fazer a organisação tributaria das provincias. fez con
vergir para a competência do governo imperial impostos que
deviam ficar sob a esphera de acção das provincias.
A propria commissão da Camara dos Deputados, encar
regada do projecto das rendas geraes e provinciaes, dizia .
A cohnmissão julga dever ainda ponderar á Camara,
que necessidade de uma tal medida é tanto mais sensivel e
irrefragavel, quanto os actos legislativos de algumas provin
cias sobejamente demonstram que, a não haver uma lei que
extreme com precisão os ramos da receita geral, em breve só
poderá reputar-se tal o producto das rendas de importação ;
por isso que os corpos legislativos de algumas localidades do
império, continuaram a entender (como, por exemplo, fez o
do Ceará) que se acham autorisados a impor sobre objectos
da receita geral: o que, na opinião da commissão, é inteira
mente offensivo ao Acto Addicional, á Constftuição do Im
pério o qual estatue no § 5 o do art. 1 0 , que ta*s assembléas
poderão legislar sobre os impostos necessários, comtanto
que não prejudiquem as imposições geraes do Estado. ” (1)
1 ^ 94
«S*Éh «MM
102
\
visorio em um programma reformista que não só deixou de res
peitar certas tradições nacionaes, como uma somma respei
tável de interesses, recuou entretanto em face de uma questão
que tão de perto havia de affectar não só a consolidação das
novas instituições, como o successo da federação no terreno
pratico.
Esse programma nada poupou.
A organisação judiciaria, as finanças, as relações do Es
tado e da Igreja, em summa todos os ramos da administração
publica foram reformados.
Só a questão territorial ficou immune, em um periodo
justamente em que o governo podia operar uma melhor divi
são do paiz, desde quando do seio da opinião não se
levantaria a menor resistência contra o acto, que os mais
vitaes interesses do novo regimen reclamavam como con
dição de seu desenvolvimento.
E hoje já temos a prova de inconveniências não pequenas
que emanam das condições territoriaes dos Estados. Ahi
estão aquelles que na Camara dos Deputados sobresahem
pelo numero de sua representação a asphixiar as reclamações
das bancadas dos Estados menores e a impor a deliberação
legislativa projectos que prejudicam os interesses do paiz.
Ahi está a lucta civil em que se debate ha mezes o Eio
Grande do Sul, como prova da resistência de um só Estado
contra as forças da União.
Ahi está a tendencia dos grandes Estados, no terreno
administrativo e politico, de assumir a supremacia nos des
tinos da nação, sahindo sómente defies as indicações para as
altas posições politicas.
E ’ de receiar que caiamos em situação idêntica a do Im
pério, pela absorpção dos pequenos Estados.
Não nos cansaremos de repetir por conseguinte que o
problema territorial precisa ser enfrentado e resolvido pelos
estadistas da Republica, em nome dos interesses e da ver
dade da federação.
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■ ■ « ” ::
Martinho^Campos^ue^hostilisou, apresentaram-se defen-
2 0 o os SrsP Saraiva e Teixeira Junior, de credos opp -
tos. 0 Sr. Vil lei a Tavares, historiando os acontecime ,
interroga interdicto: “quantas maiorias temos nos . e e ee-
tivamente seria difficil responder-lhe, porque a maioria era a
smmreza. A solução da crise deu-a, afinal, a coroa no anno
seguinte, dissolvendo a Camara e restaurando assim a
aorra que havia sido um momento entravada.
9 í<Mas os partidos estavam já baralhados e a gangorra
não funecionava com o rythmo dos primeiros tempos. As
reformas mais importantes por que o paiz passou a da elei
ção directa, a lei do ventre livre e a aboliçao total da escra
vidão vieram demonstrar que esse mesmo regímen parla
mentar que superpuzeram ao credo pela Constituição estava
já inquinado de vicios e ameaçado de dissolução.”
Eis ahi o historico do parlamentarismo.
O poder legislativo nacional foi o seu principal factoi.
Foi elle principalmente na practica que falsificou o direito
constitucional de Império, não encontrando nos outros pode
res o amparo necessário para salvar a sua fidelidade e os
reaes intuitos do legislador constituinte.
E, si quizermos agora inquerir da origem histórica dessa
omnipotência parlamentar, veremos que ella está nos aconte
cimentos da época que crearam um espirito de partido tao
incandescente.
0 governo pessoal desde o inicio do regimen constitucio
nal, dando logar ás mais sinceras decepções em vista das
esperanças com que fôra acclamado o regimçn monarchico,
governo que caracterisou a administração publica durante
todo o primeiro reinado; os actos violentos do soberano, ins
pirados nas suggestões de sua camarilha e profundamente
lesivos das liberdades e dos direitos públicos; a falta de ga
rantia do cidadão pela politica despótica que caracterisou
o governo da nação durante aquella phase; a falta de liber
dade da palavra, da imprensa, do direito de reunião, violados
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II
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(1) G F Curtis—Constitutional History o f the United States, pag. 470, Veil. 1°.
(2) Hallam’s—//if/. Const. Ill, 255. 256, 351-355. Macaulay's Hist, of England
III, 340-549.
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Podemos assegurar que elle já se achava em sua phase
final de formação. Nenhum elemento novo lhe adveio com a
politica deste século. E vejamos.
Os seus cardeaes principios são : a) a funcção da una
nimidade politica do gabinete; b) a pratica de mudanças si
multâneas de todo o gabinete como o resultado de sua depen-
dencia de maiorias parlamentares ; c) a funcção de primeiro
ministro, como a cabeça dirigente da machina administra
tiva. (1 )
Si demonstrarmos que estes principios já dominavam a
politica ingleza antes da organisação constitucional federa
tiva da America, da qual emanou em sua formula definitiva o
presidencialismo, temos demonstrado que o parlamentarismo
é de formação anterior*
Já no reinado de Guilherme III (1695) vê-se a organi
sação ministerial obedecendo ao principio da unanimidade
politica do gabinete (2 ) e em 1710 no reinado da rainha Anna,
o seu ministro Harley obtem a dissolução do parlamento,
por não ter podido conseguir uma coalisão com os Whigs,
formando então um gabinete composto exclusivamente de
Tories (3). D’ahi em diante o principio da unanimidade poli
tica tendeu sempre a tomar corpo.
Quasi tão antigo como elle é o outro principio cardeal do
regimen parlamentar, das simultâneas mudanças de todo o
gabinete, como o resultado de sua dependencia da appro-
vação parlamentar. Si no reinado de Guilherme III as mu
danças ministeriaes eram parciaes e dictadas pelos senti
mentos pessoaes do rei, no de George I, porém, dá-se o
primeiro facto de uma substituição de um ministério por
outro. E, ainda que essa substituição não fosse por prevale
cerem opiniões do parlamento, vemos que em 1721-1742 o
ministro Walpole se demite por um voto do parlamento, sendo
a ascenção de lord Rockingham ao poder noticiada como o
primeiro exemplo de mudanças simultâneas de toda admin is-123
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que agora só podia conhecer da identidade e não mais da
idoneidade do eleitor. A composição porém que lhe deram
com os elementos que a constituíam—o juiz de paz, o parocho
e o subdelegado de policia—favoieceu a intervenção da foiça
policial, que se representava na oignnisaçuo da mesa.
Isto deu logar aos maiores abusos no proprio pleito que
se ferio sob o novo regimen. “ A lei acaba de sei piomul-
gada, e transformaram-se logo as autoridades, que ellacreou,
em agentes eleitoraes, justamente na occasiao em que se ia
travar uma luta eleitoral em extremo apaixonada, depois da
dissolução da camara temporária em I o de Maio de 1842.
“ Si não fôra esta circumstancia ; si as instrucções de 4
de Maio não tivessem enlaçado a Lei de 3 Dezembro no seu
systema e na odiosidade que excitaram, aquella lei não se
teria desvirtuado na opinião publica e outros teriam sido os
seus resultados e o modo de consideral-a. ” (1)
D’ahi em diante a questão entrou em outra phase.
Si até então o proprio governo tinha sido o legislador do
serviço eleitoral, já agora o parlamento toma a si a funcção
que pela Constituição lhe competia. E então a Lei de 19 de
Agosto de 1846 foi o primeiro acto legislativo dessa prero-
gativa que o poder competente tinha tão voluntariamente
abdicado. Em relação ás condições anteriores, ella melhorou
simplesmente a organisação das mesas de qualificação e elei
toraes. Não deixou também de dar um pequeno desenvolvi
mento ao principio das incompatibilidades parlamentares. Con
servou, entretanto, inalterável o systema do regimen iridirecto
e em nada ampliou as regalias do direito politico do povo.
O ministro do império Marcelino de Brito, em seu relato-
rio, dizia: ‘‘ Tantas foram as duvidas occorridas na execução
da Lei eleitoral de 19 de Agosto de 1846 e tal é a gravidade
de algumas e tão transcendente é o objecto em si mesmo, que
eu não posso furtar-me ao dever de solicitar do vosso patrio
tismo a prompta revisão desta lei. ” (2)12
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mercio, da lavoura, desta ou d’aquella aspiração nacional;
mas do governo.
<<Os solicitadores se acotovellam nas ante-salas dos mi
nistros e presidente de provincia, e abandonam os comidos
populares; naquelles e não nestes pleiteam as candidaturas.
Tudo tornou-se artificial nas eleições. O mais desconhecido
cidadão nomeado presidente da provincia constitue-se logo, e
por este simples facto, o unico poder eleitoral da provincia a
que preside. O ministro do império, seja o mais nullo dos
politicos do seu partido, faz e desfaz deputados a seu talante
desde o Alto Amazonas até Matto Grosso com uma simples
carta de recommendação. O que se observa nas altas re
giões politicas reproduz-se nos collegios e freguezias elei-
toraes.” (1)
Um grémio politico de uma provincia, tendo de resolver
sobre as candidaturas, assim se referio sobre as de tres depu
tados que tinham na sessão anterior feito opposição ao mi
nistério :
“ Postas em discussão as candidaturas dos tres depu
tados acima referidos (Drs. Coelho, Enéas e Salles) fallou em
primeiro lugar sobre ellas o Sr. Dr. Simplicio, o qual disse
que, comquanto fosse muito digna e honrosa a posição hostil
ao gabinete que assumiram na Camara aquelles ex-represen-
tantes da provincia, visto como o que os levou a negar apoio
ao actual ministério foi a recusa deste a satisfazer necessi
dades vitaes e urgentes do partido conservador do Piauhy e
da provincia, a tomar medidas efficazes que reclamavam os
intereses mais sagrados do mesmo partido e provincia, não
era, todavia, prudente nem conveniente serem acceitas as
candidaturas dos mesmos senhores, por maiores que fossem
as sympathias que lhes votava o partido, por maiores que
fossem as dedicações que lhes consagrassem os conservadores
do Piauhy, pela razão de que, tendo elles definitivamente
votado contra o actual gabinete e perdido assim a confiança
deste, nao podiam de fórma alguma ser ellas sympathicas ao1
Causas sociaes
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níto vieram com seus raios rebater as sombras que ahi pesam
sobre quasi todas as relações de nossa vida publica. Basta
sómente uma ligeira leitura dos jornaes, brochuras e livros
que apparecem entre nós, na capital do Império mesmo, para
fazer pasmar sobre o triste estado de ignorância, em que nos
acbamos. E’ como se nada de novo exista : como si a França
sozinha, ainda deva marchar á frente de civilisação, tanto nas
fôrmas e meneios, como nas idéas, e nos costumes !...” (1)
“ Em um paiz, dizia mais, onde tudo ainda hoje se com
porta e gesticula á íranceza ; em um paiz, onde hoje ainda
difficilmente se encontram tres pessoas de que alguma maneira
conheçam a ingente significação da cultura scientifica do povo
allemão ; em tal paiz, a Allemanha não podia adquirir sectá
rios e adoradores. Para nós a França enchia toda a historia ;
a Allemanha pouco mais era que um conceito geographico :
um capitulo de astronomia. ” (2)
Como o Brazil, (continuava), na minha opinião se acha
muitos annos atraz de outros paizes do mundo civilisado, elle
precisa sobretudo de apropriar a si a vida espiritual allemã,
que é por rés, Sr. redactor, tão dignamente aqui represen
tada ; e eu não tenho outro intuito, senão promover o pro
gresso intellectual de minha patria, pedindo como peço para
ella a protecção do Allgemeine Deutsche Zeitung. Mais do que
nunca os brazileiros carecemos de conhecer a Allemanha.” (3)
Iniciada a propaganda, publicou diversas obras em que
submette a critica, a litteratura, o direito á influencia scienti
fica do naturalismo hseckeliano. D’entre ellas destacamos as
que melhor resumem as tendências reformistas e emancipa-
cionistas do escriptor. No terreno do direito, publicou — In-
troducção ao estudo do direito ; Sobre uma nova intuição do
direito e Idea do direito. N’estes trabalhos o autor obedece á
intuição monistica e evolucionista, considerando o Estado
como o orgão que appareceu na sociedade determinado pela func-
ção de assegurar o direito, e portanto um resultado dos factor es123
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(1) Existiam então na capital do Império mais de tres mil militares estran
geiros, e diminutissima força nacional !
(2) Luiz P, da Veiga—Obr. cit., pag., 113.
(3) Aurora Fluminense, n- 31, de 5 de Abril de 1828.
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(1) A n fr is io F ia l h o — O b r. c i t ., p a g . 68.
espirito de classe assumio as maiores proporções, reunindo
todos os membros da força publica sob a acçao de uma so
vontade de uma unica direcção representada na pessoa do Ge
neral Deodoro, a quem a classe militar delegou todos os
poderes para sustentar os seus brios tao profundamente
ofíendidos, em uma reunião effectuada a 2 de Fevereiro de
1887. Todo conceito de disciplina tinha desapparecido da
consciência do exercito. Dominado pela paixão de zelar
aquillo que suppunha um direito contestado pela autoridade
civil, que o fez não só em nome dos precedentes como da
propria indole do exercito, elle no programma firmado na-
quella reunião não fazia mais do que exercer a maior pressão
sobre as deliberações do governo, obrigando-o a retirar or
dens expedidas e executadas e aannullar actos que já tinham
chegado ás ultimas consequências.
Não era um, dois ou mais membros da classe que se em
penhavam na lucta. Era todo o exercito. Afigurava-se como
um conflicto entre dois poderes constituidos da nação, gy-
rando cada um em sua orbita constitucional e não como
uma contenda entre o governo e uma classe creada por lei e
cujas attribuições nella mesma estão traçadas. E na execução
que o General Deodoro deu do mandato de que fôra investido
pelos seus companheiros, por meio de cartas dirigidas ao
Imperador, o exercito já tomava as feições de um poder,
já interpretava suas funcçÕes, seus deveres como supremo
arbitro de disposições legaes. Já ditava as relações que devia
manter para com a autoridade constituida, traçando o seu
campo de acção em relação a ella. ‘‘ Senhor ! Sabe V. M. Im
perial da reprebensão que foi infligida a um coronel do exer
cito por sua justa e quiça franca resposta ainsultantes does
tos de um deputado da Nação ; e da maneira por que se tratou
desse assumpto no parlamento, mesmo por parte do minis
tério, como que se fazendo proposital alarde em desprestigio
do exercito.
<£ Sabe também V. M. Imperial da reprehensão infli
gida a outro official superior do exercito, chamado a ter
reiro n’esta discussão alimentada pelo proprio governo,
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210
A propaganda
SUMMARIO
Pestana, Dr. Henrique Limpo de Abreu, Dr. Augusto César de Miranda, César Aze
vedo, Elias Antonio Freire, Joaquim Garcia Pires de Almeida, Quintino Bocavuva,
Dr. Joaquim Mauricio de Abreu, Dr. Miguel Vieira Ferreira, Dr. Pedro Rodrigues
Soares, Julio de Cesar de Freitas Coitinho, Alfredo Moreira Pinto, Carlos Ameri
cano Freire, Jeronymo Simões, José Teixeira Leitão, João Vicente de Brito Galvão,
Dr. José Maria de Albuquerque Mello, Gabriel José de Freitas, Joaquim Heliodoro
Gomes, Francisco Antonio Castorino de Faria, José Caetano de Moraes e Castro,
Octaviano Hudson, Dr. Luiz de Souza Araujo, Dr. João Baptistn Lopes, Dr. Anto
nio da Silva Netto, Dr. Antonio José do Oliveira Filho, Dr. Francisco Peregrino
Viriato de Medeiros, Dr. Antonio de Souza Campos. Dr. Manuel Marques da Silva
Acauãn, Mariano Antonio da Silva, Dr. Francisco Leite de Bittencourt Sampaio,
Dr. Salvador de Mendonça, Eduardo Baptista R. Franco, Dr. Manuel Benicio Fon-
tenelli, Dr. Telles José da Costa Souza, Paulo Emilio dos Santos Lobo, Dr. José
Lopes da Silva Trovão, Dr. Antonio Paulino Limpo de Abreu, Macedo Sodré, Al
fredo Gomes Braga, Francisco C. de Brisio, Emilio Rangel Pestana, Antonio Nu
nes Galvão, Manuel Marques de Freitas, Thomé Ignacio Botelho, Eduardo Carneiro
de Mendonça, Julio V. Guttierres, Cândido Luiz de Andrade, Dr. José Jorge Para-
nhos da Silva.
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E terminava o orador :
“ Eu concluo saudando-vos, Povo Fluminense, pela vossa
coragem, pelo vosso civismo, pela vossa abnegação. Povo,
ouvi. quando fordes atacado, repelli firme e forte os ataques
quando elles partam dos representantes da raça preta, olhae
para o futuro da Republica, que é a fraternidade, que é a ele
vação do proletário, e desculpae-os, elles são irresponsáveis,
o odio os céga, a ignorância os illude, a simpleza os corrompe.
Os responsáveis pelos desatinos d’elles são os negros indignos
que os dirigem, ”
Seen as como estas repetiram-se em muitos logares. Te- .
remos de estudal-as em occasião opportuna.
A Guarda Negra era pois a expressão da reação monar-
chica.
W ' K
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(1) E s t e c o n g r e s s o fico u c o m p o s t o d o s s e g u in t e s c id a d ã o s: D r. J o a q u im S a l
d a n h a M a r in h o , D r. A n t o n io d a S ilv a J a r d im , Q u in tin o B o c a y u v a . D r. U b a ld in o do
A m a r a l, D r. A r is t id e s L o b o , D r . F . R a n g e l P e s t a n a , D r. M a n o el F . d e C a m p o s S a l
le s , F r a n c i s c o G lic e r io , D r. J . B . d e S a m p a io F e r r a z , P e d r o J o s é F 'e rn a n d es M a
d e ir a , E u g e n i o A . B . d o V a lle , D r. F r a n c is c o P o r te lla , J o ã o d e L . e S ilv a , B e r n a r d o
M. de A r a u jo , D r. R a y m u n d o d e S á V a lle , D r. A u g u s to d e O liv e ir a P in t o , D r. C y -
r illo d e L e m o s N u n e s F a g u n d e s , D r. A lb e r to d e S e ix a s M a r tin s T o r r e s, D r. L e o n e l
L . d a S ilv a L im a , L y d io M a r tin s B a r b o s a , A n t o n io J u s t in ia n o E s te v e s J u n io r , J o s é
m
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A rth u r B o ite u x , A n to u io D u tr a , A lf r e d o E s t e v e s , D r. E d u a r d o M e n d e s G o n ç a lv e s,
D r. C yro de A z e v e d o , H e n r iq u e D e s la n d e s , D r. G a b r ie l d e P a u l a A lm e id a M a g a
lh ã e s, D r. H e n r iq u e C eza r d e S. V a z , D r. J o iio P in h e ir o , A n t e r o M a g a lh ã e s , Dr.
A le x a n d r e S to c k ie r , R o d o lp h o d e A b r e u e D r. V ic e n t e d e S o u z a .
F o i e le it a u m a c o m m is s ã o c o m p o s t a d o s D r s . S ilv a J a r d im , F . G lic e r io e
F r a n c is c o P o r te lla , p a ra se e n c a r r e g a r d a r e v is ã o d a l e i o r g a n ic a d o p a r t id o .
feito chegar. E um ou outro orador que se fazia ouvir, nem
sempre tinha o apoio dos chefes e nem sempre contava com
a sua presença. Elles convergiam mais para a imprensa. As
columnas republicanas d'0 Paiz, da Gazeta de Noticias e de
pois do Diário de Noticias, diariamente traziam os bellos arti
gos de Aristides Lobo e de outros correligionários.
“ Decididamente o palacio de S. Christovão, dizia Silva
Jardim, empestara a cidade do Rio de Janeiro, a ponto de
fazer com que fosse levado, mesmo mal, que dividia os mo-
narchistas, aquillo que a alma nacional tinha de mais puro e
mais forte, o partido republicano. Suas faltas eram uma con
sequência fatal do meio formado por uma cidade heterogenea,
composta de uma amálgama de nacionaes e estrangeiros, desde
o bairro dos Benedictinos, onde só se pensava no café, á rua
da Alfandega em que se tratavam jogos de bolsa, á rua do Ou
vidor, frivola e maledicente, aos bairros aristocráticos que a
côrte fizera banaes pelo luxo immoderado, e á vasa da popu
lação sempre disposta á desordem.” (1)
Não se deve abandonar a propaganda nas provindas,
dizia ainda elle, porque ellas incitam a capital; mas aqui é
que é preciso combater até vencer. As revoluções feitas no
interior do paiz abortam todas. O Rio de Janeiro monopolisou
a vida nacional.” (2)
Silva Jardim communicou estas suas idéas a Quintino
Bocayuva, reservando para si a mais ampla liberdade de acção
e significando que este programma não o tiraria do proposito
de manter os melhores laços de fraternidade partidaria.
<‘ O chefe republicano, dizia elle, disse com franqueza e
lealdade, n’uma conferencia que tivemos, que não podia assu
mir a responsabilidade da propaganda no tom de combate em
que estava lançada, encarregava Barata Ribeiro e a mim, de
organisar um centro de direcção differente do que existia.
Essa operação ter-se-ia realisado com oaccôrdo geral, se a ex
cessiva timidez de alguns companheiros não a tivessem feito
abortar.
(1) S ilv a J a r d im — Memórias e Viagens, p a g . 245.
(2) S ilv a J a r d im —O b . c i t ., p a g . 246.
254
tencias.
u Os adversários passaram* das ameaças á reali
dade.” (1)
Por sua vez, dizia Silva Jardim ,
« Era difficil esquecer esse concurso preliminar á^obra
da propaganda republicana, e era triste vêr por que tão va-
lente espirito se deslocava do verdadeiro norte, hypothe-
cando apoio ao throno de Izabel, que elle suppunha ter-se
redimido quando apenas tinha capitulado. (2)
Os esforços abolicionistas de José do Patrocionio eram
secundados pelo concurso intelligente de um grupo de moços
que na tribuna faziam ganhar terreno a obra humanitaria da
abolição, como Campos da Paz, Pardal Mallet, Luiz Murat,
Olavo Bilac, Coelho Netto, João Clapp, Luiz de Andrade e
muitos outros. Este mesmo grupo que se inspirava na orien
tação de Patrocinio, abrio com elle a dissidência do par
tido, ainda que nenhum delles se trahisse pela menor phrase
de admiração e devotamento á generosidade da princeza
que o aulicismo chrismara com o nome de Izabel a Redem-
ptora.
Ainda bem o partido não tinha organisação com
pleta e definida em todas as provincias, já se apresentava
dividido, pelas divergências que grassavam em suas fi
leiras.12
C o n d iç õ e s d a s p r o v ín c ia s . A p r o p a g a n d a em A m a z o n a s . N o P a r á ; d e q u a n d o d a ta
n e s t a p r o v ín c ia a o r g a n is a ç ã o d o p a r tid o . O s c lu b s . C o m m is s ã o p e r m a
n e n te . A p rop a g a n d a em M a r a n h ã o , P ia u h y , C eará, P a r a h y b a , R io G ra n d e
d o N o r t e , P e r n a m b u c o , A la g o a s , S e r g ip e , B a h ia , E s p ir it o S a n to , S. P a u lo ,
R io d e J a n e ir o , M in a s, S a n ta C a th a r in a , P a r a u á , M a tto -G r o s so , G o y a z e R io
G r a n d e d o S u l.
263
276
278
280
283
.
284
287
288
289
293
Santos, E. Limpo de Abreu, Luiz Orsini, Bernardo Manso, Dr. Bernardo Cysneiro,
Joaquim Veríssimo, Arthur Itabirano, Dr. Henrique Diniz, Henrique Schmidt, Fran
cisco de Paula, Arthur de Rezende, Juvenal de Sá, Araújo Antunes, Arthur Guima
rães, Dias Primo, Dr. Antero Moraes, Dr. Necesio Tavares. Quintiliano Ribeiro. Pes
tana de Aguiar, Arthur Campos, Necesio Macedo. Dr. Cysneiro, Gama Cerqueira,
A. Medrado, Diogo Azevedo, Chagas Lobato, Rocha Lagoa, Baptista do Andrade e
Cupertino Siqueira.
(1) A Imanak R&publicano Brasileiro de 1889. pag. 310.
299
III
SUMMARIO
A propaganda no município noutro. Constituo-se como o centro mais activo da
propaganda pela imprensa. Os primeiros jornalistas. Lopes Trovão. A
propaganda se faz mais pelos esforços pessoaes do que pela acção do par
tido. Resultado destes esforços. Tentativa da organisação do partido.
303
SUMMARIO
Tres formas do principio republicano. C a u sa s deste facto. As tres formas são re
presentadas nos tres paizes - França, Suissa e Estados Unidos. A federação
fo. a fornia para que convergia a idéa republicana, como resultado de causas
históricas. Caracter político da Inconfidência de Minas. Falta-lhe a aspiração
federalism. Caracter politico da revolução de 1817 em Pernambuco. A mesma
ausência da aspiração federalists. Razão histórica. Governo provisorio. Sessão
de 8 de Março. O discurso de José Luiz de Mendonça. Caracter militar do mo
vimento. Falta de preparo dos seus autores. Sua proclamação. Actos do ooveruo
provisorio. ’
314
319
i
pois da morte do morgado. Este direito é não só estabelecido
para suspender os males, como também para previnil-os. Se
assim não fosse, estavamos no governo constitucional em peio-
res circumstancias, do que no regimen absoluto. Neste se sus
pende a execução de qualquer ordem superior, emqanto se
offerecem a quem a dá as razões, que prohibem a sua execução ;
e si agora não tem esta mesma virtude, este direito vem a ser
illusorio e irrisorio ; pois é fóra de toda a razão e prudência
que se deixem succeder os males, para depois se curarem, po
dendo ter prevenido os seus estragos. E por esta razão e pelas
mais, que hei produzido, que ultimamente digo, que se não
deve dar posse a Francisco Paes Barreto.” (1)
Organisam-se então dous governos—o de Manoel de Car
valho, delegado do povo, tendo por séde Olinda, e o de Paes
Barreto, delegado imperial, tendo por séde Barra Mansa, li
mite sul da provincia. A transação com que a politica impe
rial procurou resolver a crise, nomeando um outro presidente,
não poz termo ao conflicto que não podia assumir a expressão
de uma questão de caracter pessoal, para ter seu derivativo
na substituição de uma autoridade. Ella affectava questões
de princípios politicos. Repudiados os dous presidentes, o
povo do Recife nega-se a jurar oprojecto de constituição, que
o soberano entendeu impor á nação. O governo da provincia
nada resolvia, em questões importantes, sem previamente
reunir o conselho e inspirar-se em suas opiniões. Foi em uma
destas reuniões que ficou deliberado não adoptar-se uma con
stituição outorgada á nação, em nome da violência e da tyra-
nia. À opinião de Frei Caneca foi sempre a luz que illummava
as resoluções. Não podemos deixar de aqui transcrever tre
chos de seu voto sobre o projecto de constituição, por isso
que por elle póde-se aquilatar da orientação politica em que
se inspiravam o governo e a revolução. Os conceitos com que
Caneca regeitava o projecto, foram os mesmos que e\iam
servir de base á organisação politica de Pernambuco. Eis suas
palavras; “ Sendo a nossa primeira e principal questão, em
%
322
ê
323
225
329
II
SUMMARIO
^ : r r J : X = e resfrias.
Jli a in d a q e ^ saudado o reg ím en ím-
sem m uitas dedicações com q
perial, pelos actos de tyrannia com que elle iniciara a phase
constitucional, todavia ellas continuaram a existir e a lhe
servir de ponto de apoio. Poucos divergiiam e poucos assu
miram a posição definida do protesto.
A maioria continuou aconchegada ao throno e aos inte
resses officiaes da situação. Outra razão da mais alta impor
tância. O elemento estrangeiro dominava profundamente a
politica nacional. Era de facto um elemento de força. Con
tra tal situação era impossivel resistir um núcleo de patrio
tas como os da Confederação do Equador que, si tinham a seu
favor a sinceridade de suas convicções, tinham de luctar
contra uma situação impossivel de ser transformada de mo
mento. Não eram estas as condições sociaes e politicas em
1835. Uma serie de actos arbitrários e tyrannicos já se
tinha seguido á dissolução da Constituinte e serviam de me
dida da incapacidade do primeiro magistrado da nação e do
engodo com que o mundo official queria apparentar a vida de
um governo constitucional representativo, que se tinha pro
clamado e instituido, quando a nação vivia de facto sob um
governo pessoal sujeito a todos os caprichos e inspirações do
meio que o cercava. Não era no terreno da lei, no respeito
á sua fidelidade, aos direitos dos cidadãos, que a autoridade ia
auferir o espirito de obediência e de sympathias populares.
Esse principio era mais uma realidade pelo regimen do terror
do que pela convicção das regalias legaes. E esse program ma
politico que foi a caracteristica do primeiro reinado já tinha
despertado o civismo nacional a ponto de impor-se á abdica
ção do soberano, como o resultado inevitável da dictadura
pessoal em que viveu a nação desde as suas primeiras tenta
tivas de governo constitucional. Com a revolução de 7 de
Abril de 1831, além da decadência da supremacia estrangeira
na politica da nação, mais encandesceram-se as aspirações de
autonomia local. A federação tornou-se a idéa dominante.
O exaltamento popular fazia para ella convergir a maioria da
opinião. Creou-se uma situação subjectiva essencialmente
revolucionaria e anarchica, pela qual se póde apreciar o sen
timento de liberdade e independencia que inspirava aos ho-
335
A
343
III
----- SUMMARIO
345
347
348
Jt
Todos podem communicar seus pensamentos por palavras
ou escriptos, e publical-os, pela imprensa, sem dependencia
de censura, comtanto que hajam de responder pelos abusos
que commetterem no exercieio deste direito, nos casos e pela
fórma que a lei determinar.
Ninguém por motivo de religião, póde ser perseguido,
nem inhibido de exercer qualquer cargo de nomeação dos
poderes públicos ou de eleição popular n’este Estado.
Qualquer póde conservar-se ou sahir do Estado, como
lhe convenha, levando comsigo seus bens, guardadas as ex-
cepções exaradas em'lei.
Toda a pessoa tem em sua casa um as3do inviolável. De
noite não se poderá entrar n’ella senão por consentimento do
seu dono, ou para a defender de incêndio ou inundação ; e de
dia só será franqueada a entrada nos casos e pela fórma que
a lei determinar.
Ninguém poderá ser preso sem culpa formada, excepto
no caso de flagrante delicto e de ter sido a ordem expedida
pela autoridade competente, em virtude de depoimentos de
duas testemunhas, dos quaes conste a existência do crime e
com as formalidades prescriptas por lei. Si a prisão for arbi
traria o juiz que a ordenou será punido. O que fica disposto
acerca da prisão não comprehende as ordenanças de disci
plina militar.
Em todos os casos de prisão o juiz que a ordenar, em
uma nota por elle assignada, fará constar ao preso o motivo
da prisão, o nome dos accusados e das testemunhas.
Ainda com culpa formada niguem sera levado a prisão
ou n’ella conservado desde que preste fiança nas condições
que a lei admitte.
Nos crimes que não tiverem maior pena que a de seis
mezes de prisão ou de desterro para fóra da comarca, poderá
o réo livrar-se solto.
Ninguém será sentenciado senão pela autoridade compe
tente, em virtude de lei anterior e na forma por ella pre-
scripta.
352
y
....... i
353
23
V. 1
CAPITULO VII
SUMMARIO
361
362
SUMMARIO
307
368
369
I
mm
370
373
374
380
11 Concidadãos,
u o o’overno provisorio, simples agente temporário da
soberania nacional, c o governo da paz, da lioerdade, da fra
ternidade e da ordem.
<£ No uso das attribuições e faculdades extraordinárias
de que se acha investido,para a defesa da integridade da patria
e da ordem publica, o governo provisorio por todos os meios
ao seu alcance, promette e garante a todos os habitantes
do Brazil nacionaes e estrangeiros, a segurança da vida e
da propriedade, o respeito aos direitos individuaes e politicos,
salvos, quanto a estes, as limitações exigidas pelo bem da
patria e pela legitima defesa do governo proclamado pelo
povo, pelo exercito e pela armada nacional.
‘< Concidadãos!
<< As funcções de justiça ordinaria, bem como as func- >
ções de administração civil e militar, continuarão a ser exer
cidas pelos orgãos até aqui existentes, com relação aos actos
na plenitude dos effeitos ; com relação ás pessoas, respeitadas
as vantagens e os direitos adquiridos por cada funccionario.
“ Fica, porém, abolida desde já a vitaliciedade do senado
e bem assim o conselho de Estado.
i! Fica dissolvida a Camara dos deputados.
‘‘ Concidadãos!
í ( O governo provisorio reconhece e acata todos os com
promissos nacionaes e estrangeiros, contrahidos durante o
regimen anterior, os tratados subsistentes com potências es
trangeiras, divida publica externa e interna, os contractos
vigentes e mais obrigações legalmente estatuidas”.
Ainda que as aspirações monarchicas, em face da revo
lução triumpbante, não fossem lobrigadas na menor tentativa
de reacção e mesmo no mais simples protesto, todavia o go
verno provisorio comprehendeu ser uma medida de prudên
cia intimar a sahida do Imperador e da sua familia do ter
ritório nacional no prazo de 24 horas, “ porque ante a nova
situação que creou o paiz a situação irrevogável de 15 de
Novembro, seria absurda, impossivel e provocadora de des-
if1* *
SUMMARIO
388
CAPITULO IX
Conclusão
398
400
APPENDICE
O Positivismo
(1) M ig u e l L e m o s e T e ix e ir a M e n d e s . O b r. c i t . p a g . 11.
405
(1) O b r. c i t . p a g . 25.
406
(1) I d e m , i p s e — p a g . 58.
410
í « Devemos
também declarar que não aceitamos de fórma
alguma uma restauração em favor de um chefe de estado que
por sua falta de civismo deixar que se opere tumultuosa
mente uma revolução que elle podia ter dirigido.
“Depois de semelhante prova de inépcia política e moral
nenhum cidadão poderia sem crime de lesa-patriotismo pre
star o seu concurso para uma tal tentiva. Pela nossa parte,
affirmamos que com a mesma insistência combateríamos qual
quer proiecto tendente ao seu restabelecimento, caso a tran
sformação se operasse sem o seu concurso. Aliás, semelhante
hypothese não se realisaria entre nós: nossa situaçao e a
nossa época não comportam um Monk.
414
Eil-os :
<‘Julgo ter prestado serviço importante e momentoso,
publicando neste folheto o Manifesto Republicano dado á
lume n’A Republica aos 3 de Dezembro de 1870.
<<Não só os brasileiros e estrangeiros lerão agora, cheios
de interesse, esse grandioso e immortal documento do pas
sado, como, além disso, recordarão os nomes ou ficarão co
nhecendo os primeiros propulsores deste prodigioso movi
mento. A mocidade prepisa saber, de . presente e de futuro,
como estas cousas se têm passado desde a origem ; e já é
tempo de ir consignando os dados históricos para que não
fiquem no esquecimento.
“Em 1870, retirando-me do Maranhão para a côrte, disse
algumas pessoas que eu vinha trabalhar pela republica ; o
que deu logar á ironia e sarcasmo de um desses homens sem
fé nem crenças, que pensam ser os luzeiros e a personificação
da prudência ; que não acreditam senão n’aquillo que vêem,
e que lhes dá um interesse immediato ; e que chamam de
utopia o que não podem comprehender como possivel em
tudo quanto lhes possa trazer qualquer sacrifício ou prejuizo.
Perguntou-me de modo bem offensivo ; “ Então, o Sr. vai
para a côrte fazer politica sósinho ? !...” Respondi-lhe:
“ Sim. Toda a idéa grande começa por essa fórma.”
“Consigno este facto para mostrar o estado das cousas a
este tempo no Brazil. Com effeito, além de meu pae e do
Dr. Antonio Ehnes de Souza, que então era bem moço e
não tinha ainda ido estudar á Europa, ninguém, que eu
saiba, acceitava essas idéas em Maranhão ; e mui poucos no
paiz.
‘‘Passando por Pernambuco, fui sequioso procurar Bor
ges da Fonseca para communicar-lhe a minha idéa e obter
d’elle esclarecimentos, conselHbs ou aquillo que tivesse para
me dar. * **
“Recebi d’elle em resume o seguin te^ *4 Não se fie em
quem já estiver com a cabeça bçatfcáT como eu : é gente toda
estragada pela monarchia, é gente podre. Mesmo na moci
dade a corrupção é grande.^ No emtanto ha na côrte dous
#
417
mmi
420
*
Receita e despeza publica
Differenças
Exercidos Receita Despeza Af da
, ‘ Contra a renda
renda
D as g e r a l , e x c lu id o s o s
D a A lfa n d e g a d o
R io d c J a n e ir o o u tr a s A lfâ n d e g a s
D a s A lf â n d e g a s
d e p o s ito s e
o p e r a ç õ e s d e c r e d ito
I • - :»:!!-■ M MUM' 11,s ■— ."'•■‘.'j!.1.-; , " '.V i ; ' i ' . 7 ‘T - ' | . T '■ Í S i 'S !■ S ■ n ” i:/ . ■nr. I1
! ;! ; v S i S i i l s S S S S v I s s i i s s ; s i i i i s i ' S S S Í S s s i s ; 1-:.;1:/;
. ■ . - L,.i r t f l " ' i (-2 ■, *.. -rr-.l . .- I t -'-. >1 11 1 ■«. ilR''vM v ' ■I ~ I ,* v: ■ . .■■■i»l !-< I !• 227 I
i'Jt! i jiiíliliíi ip :^ is|* !:i 'iu -f s v i i-i-.i.-.f.v j B k : . > : ' í ’: s ,Í! :'.£! ■ « “ :;’ * ;£ * ? * • i ’!'- 11: iV *”.»-. « i- í? * » ..- ■■■&!>$•.»•: : l i^ r s t |H || « « s
KM- :<■»! I.UiM lW aM S - C - V iõ s i ........................................................................ .1 :>:■**>*»■:*:::I ........................... '■ U 'J - V. - •'f ! , -> i ij. I
OKI m * w : 1 li- í- í.. :Í!M i» iW . ■ ■■ ‘\ r * ' r,i {:;JI^ |-:i Jiif-*'-,: ! : iB ib íh - I - «■« - I Í - - .
-V : ................................................. ,1 n a is s ' 1 -& A W .W . ]n; , ........................ ’! v : •• . , U : 1 !..<..:#•*•< :::i 1- ■ - ■' I Í . '.■!?":! i- 1
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CAPITULO I
E xposição da questão
P a g s.
Summabio : Os revolucionários cie 1S89 são os representantes da
tradição histórica republicana no Brasil. Sua origem e
seu poder generalisador. Seu percurso em 35 annos. As
resistências que se fizeram contra ella. Influencia das ins
tituições sobre a educação nacional. Os poderes públicos
das capitanias. Opinião dos escriptores sobre ellas. Nos
antecedentes históricos está a origem da idéa republicana.
Influencia da política e da administração sobre o caracter
nacional: ’•Primeira forma da idea republicana. Em co
meço elijl■9?ev®ste a forma de um sentimento de interesse.
A mesma origem nos Estados-Unidos. Opinião de escrip
tores. Esboço dás causas da revolução de 15 de Novembro.
Causas económicas, sociaes e polilicas............................... d
CAPITULO II
Causas económicas
Summario : Valor dos factos economicos. Sua importância na
revolução de 1889 e na formação da idéa republicana. Ires
períodos politicos e tres phases economicas. Os tres fac-
tores da riqueza. Acção de cada um delles. A producçao
do paiz no fim do século XVII e no começo do século XV III.
O regimen agricola como o regimen dominante em virtude
não só dos factores naturaes, como da legislação. Sua ínflu-
encia. Leis de nossa economia. Causas da revolução do
Manêta na Bahia, da revolução dos Mascates em lernam-
buco e de Manoel Bequimão em Maranhão. Mamfestaçao
confusa do principio republicano nestes movimentos. Elle
melhor se define na revolução de Tiradentes. Suas causas
economicas. A mineração como fonte de renda. Dominou
um periodo economico. Ella é a causa de maior progresso
da população do sul em relação ao norte e de ani se ter
melhor accentuado o regimen agricola. O governo e a mi
neração. O atraso do quinto. Papel de Barbacena. Ideas
de emancipação. Papel da colonia brasileira na Europa.
Política de Barbacena em sua circular de 23 de Março de
1789. A revolução de Villa-Rica é a primeira mamfestaçao
do principio republicano. Papel historico de Tiradentes..
428
CAPITULO III
Cousas, políticas
CAPITULO IV
Causas sociaes
Summabio : Causas sociaes. A cultura do povo pela instrucção.
O espirito de classe do exercito e a supremacia dos juristas
na política. Influencia da cultura sobre a civilisação.
Theoria de Buckle. Historico da instrucção no Brasil.
A evolução intellectual. Inicio da propagatida das sciencias
naturaes. Condições do ensino medico e juridico. Phase
da orientação metaphysica e da orientação naturalista kte-
ckeliana. Frequência das faculdades de medicina e de
direito. Papel historico de Tobias Barreto. Sua propa
ganda. O allemanismo. Benjamin Constant. As escolas
como fóco de cultura. Duas correntes da educação scien-
tiflca : o evolucionismo kteckeliano e o positivismo. A in
fluencia da propaganda republicana.. ................................ 161I
I — Summario: A imprensa. Seu desenvolvimento. Suas con
dições em 1828. Desenvolvimento da imprensa republicana
Estatística. Suas condições em 1888. Papel dos medicos
na propaganda. O norte como fóco da emancipação intel
lectual. D’ahi ella caminha para o sul. Fóco da emanci
pação política..................................................................... 179
.£
„■
II — Summario: A força armada. Suas relações com a auto
ridade civil e a sociedade. Educação civil dos moços nas
escola,s. Foi ella a origem da idéa democrática no exercito.
O espirito de classe substitue o nativismo. Elle domina o
exercito no primeiro reinado. Espirito estrangeiro no exer
cito. A primeira guarda pretorian^í Distincções e privi
légios. Má organisação militar em começo. O batalhão
de estrangeiros. Opiniões de escriptores. A autoridade
civil contribue para a indisciplina. O problema militar
creado pelo Império. Opinião dos positivistas. Influencia
da guerra do P«ifagH«y. Pioemipencia do exercito. Riva-
lidadesde classe. O espirito de classe crê a as associações
militares. Assassino de Apulehó de Castro. Visita do
Imperador. Começo da questão jEjilitar. Manifestações
431
CAPITULO V
A propaganda
SuMMAitio : Caracter das primitivas aspirações republicanas.
Faltou-lhes o trabalho preliminar da propaganda. Razão
de ser deste facto. Influencia do terror pelas execuções.
Quando começa o trabalho da propaganda. Data do pri
meiro manifesto e do primeiro club. Primeiro jornal re
publicano da província do Rio. Influencia da mocidade
académica. E’ do seu seio que sahe a primeira aspiração
republicana. O R a d ic a l A cadém ico e os seus redactores.
Data da creação do partido em S. Paulo em 1872. Ideas
capitaes do seu programma. A convenção de Itú. Reso
luções da convenção. O primeiro congresso. Suas resolu
ções. 0 primeiro manifesto paulista. Suas ideas. Luctá
do partido nas urnas. Organisação do partido no sul e no
norte.................................................................................# 313
I — Summakio: Caracter da propaganda depois de 1880. Os
factos mais salientes. ^Questão militar e abolição. Odes-
peito da lavoura. Opinião de Silva Jardim. O estado
social f£ a instituição monarchica. Diminuição do seu
apoio nas ciasses sociaes. Caracter de Silva Jardim. Opi
nião de Rangel Pestana sobre elle. A propaganda dirige-se
em duas correntes — os evolucionistas e os revolucionários.
Silva Jardim, chefe do segundo grupo. Sua entrada na
propaganda. A moção da camara de 8 . Borja. Primeira
excursão de Silva Jardim. Guarda Negra. Sua creação
histórica. Por ella a monarchia resiste contra a republica.
Seu primeiro ataque. O 30 de Dezembro. O ^ a r t i d c í ^ k j r . :£.
capital do paiz. Sua scisão. Silva Jardjm e Quintino
Bocayuva. Dissidências e protestos. Viagem do Conde
d’Eu ao norte. Insuccesso da política de excursões. Sua
historia. A Guarda Negra da Bahia. A mashorc» da
ladeira do Tabuão. Opinião da imprensa da Bahia. Silva
Jardim e Conde d’Eu. Excursão d’aquelle em Pernam
buco. Outra dissidência do partido pelos defensores da
prinéeza. jOs adversários da adhesão agrícola.. . ......... 241
J T i *“ '%t,. , f p v -
II —• StJMMAflioi Condições 4 as províncias. A propaganda em
Amazonas. No Parií. Dè quando data n’esta província a
orgabisaçâo M partídOí Os clubs. Commissão permanente.
^propaganda bm Maranhão, Piauhy, Ceará, Parahyba,
Rio-Grande do Ncrfe; Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bà*
S. Paulo, Rio de Janeiro, Minas, Santa
Cath^rína, Paraná, Matto-Grosso, GoyaZ e Rio-Grande do
• » ! ...........................................
Ill SuMJtABlÓ^ Propagaflda no município neutro. Consti-
HIí--*
, tue-se çgmqlb centro mais activo da propaganda pela im- »#,
prensa. Oá primeiros jornalistas. Lopes Trovão. A pro-
paganda se fez mais pelos esforços pessoaes do que pela
acçãb do partido. Resultado destes esforços. Tentativas
da qrjgãuisação do partido................ , 301
* « t
'■- *
CAPITULO VI
II partidos. RemihlfeeraiÇa°pt0rna'
Republica de SR íl Sua
Piratimm. idt‘a feição
dominante dos
politics *
Diffcrenças que a separam da Confederação do Equador
dD0U~
do governo. S VSeus
824primeiros
6 .1885‘ 08actos.
e h e f Os
e s ^ministros
a f v o l u VMertiLe
X íia o
£ 1Da r ^ rê la ^ As f i n a ! wexercito e á jus
tiça. Actos legislativos sobre a naturalisacão eiura mento
CÍrf°- Í ^ Ç õ e s diplom áticas.ç,4eligii2T f f i S a S t e
política da Republica. Phase dictatorial Weacão de um
conselho legislativo. Reunião do
Sua sessão inaugural. Primeira u a X K K S l l
Seus primeiros passos na formação do dirçito constitucio-
pal. íProjecto de Constituição. Suas idéás geraçg............ 332
CAPITULO VII
Conclusão
APPENDICE
O Positivismo............................
O Manifesto da 3 de Dezembro.
Mappas