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PROGRAMA DO CURSO - TEXTO DE APOIO

sexualidade em
Sigmund Freud
CURSO LIVRE - 12 HORAS

ELABORADO POR
PROF. DRA. NATÁLIA ROSA
@na.psique

OUTUBRO DE 2021
O curso irá abordar, de forma
introdutória, a concepção de
sexualidade no pensamento de
Sigmund Freud - ponto de sua
teoria que foi recebido com
grande dificuldade e
resistência.
Tem por objetivo explanar o
que foi chamado pelo autor de
conceito ampliado: uma noção
de sexualidade que aborda a
sexualidade que era
considerada normal, a
sexualidade em suas práticas e
desenvolvimentos
considerados perversos e a
sexualidade infantil.
Para isso irá partir do papel da
sexualidade na etiologia das
neurores, apresentando como
o conflito psíquico exposto na
primeira tópica possui a
sexualidade como categoria
central. Aprofundaremos a
teoria da libido desenvolvida
para conceituar esta dinâmica
e como Freud apresenta a vida
sexual desde os primórdios da
vida extrauterina apontando o
seu desenvolvimento.

Apresentação
Breviário
Sigismund Schlomo Freud nasceu em
1856, na cidade de Freiberg (que então
pertencia ao Império Austríaco), em uma
família judia. Era o filho mais velho do
terceiro casamento de seu pai, Jacob
Freud, com Amalie Nathansohn - 20 anos
mais jovem.
Em 1960, com dificuldades financeiras,
sua família muda para Viena, cidade onde
Sigmund Freud passará grande parte de
sua vida.
Aos 17 anos ingressou na Faculdade de
Medicina da Universidade de Viena. Em
sua formação teve bastante interesse
pelas teorias de Darwin, trabalhou no
laboratório de fisiologia comandado pelo
professor Enert Brucke, em que se
dedicou por muito tempo ao estudo da
anatomia do cérebro humano. Formou-se
em 1881 como médico neurologista.
Iniciou sua carreira trabalhando no
Hospital Geral de Viena, com baixo-
salário e poucas perspectivas. Em 1882 SIGMUND FREUD
ficou noivo de Martha Bernays, de uma
família judia ortodoxa, com quem se
1856 - 1939
casou apenas em 1886 graças a ajuda Sigmund Freud faleceu em 1939, aos
financeira de amigos, entre eles Josef 83anos de idade em decorrência de um
Breuer. Freud e Martha tiveram 6 filhos e câncer na boca (cancro no palato), pelo
por toda vida mantiveram a mesma excesso de morfina num suposto caso de
posição financeira modesta. Eutanásia. Conviveu com o câncer por
Em 1885 consegue uma bolsa de anos, sofrendo muita dor e passando por
pesquisa para ir ao hospital psiquiátrico 33 cirurgias.
Saltpêtrière, em Paris. Onde conheceu O cancro não foi a única presença de
Jean Martin Charcot e seu estudo clínico morte e dor em sua vida. Freud perdeu 4
da histeria no qual utilizava o método irmãs em campos de concentração. Em
da hipnose. Retonra para Viena em 1986 1938 refugiou-se na Inglaterra por
e estabelece sua clínica de doenças insistência de amigos para escapar do
nervosas com grande parte de clientes Nazismo, A psicanálise foi extremamente
histéricas, Passa a trabalhar e estudar os perseguida durante este período.
casos clínicos junto com Josef Breuer, A morte do pai (1986), de sua filha
amigo bastante renomada na área, Sophie (1920) e de seu neto Heinele (1923)
Publicam os primeiros trabalhos juntos de 4 anos (filho de Sophie) também o
apresentando o método catártico, mas abalaram bastante. Sobre Heinele, Freud
por divergências teóricas separam-se. A chega a escrever: "ele era realmente uma
partir de então Freud dedica-se a pessoa encantadora, e eu mesmo sei que
construção teórica e clínica da dificilmente algum dia amei um ser
psicanálise. humano, e certamente nunca uma criança,
tanto quanto a ele".
CURSO SEXUALIDADE EM SIGMUND FREUD

SEXUALIDADE E PSICANÁLISE
DIFICULDADE E PUSILANIMIDADE
CONCEITO AMPLIADO

OBJETIVOS:.
AUla I
Pontuar como a concepção de
sexualidade se revela como ponto de
maior dificuldade de compreensão da
psicanálise, gerando resistências e
incômodos.
Introduzir o conceito ampliado da
sexualidade da psicanálise: etiologia das
neuroses, sexualidade infantil, teoria da
libido.

TEXTOS DA BIBLIOGRAFIA
Uma Dificuldade no Caminho da Psicanálise (1917)
Dois Verbetes para um dicionário de Sexologia (1923)

OUTUBRO DE 2021
CURSO SEXUALIDADE EM SIGMUND FREUD AULA I

dificuldade e pusilanimidade
Em Uma dificuldade no caminha do psicanálise, (1917), Freud
enuncia como a concepção de sexualidade na psicanálise é o
ponto de maior resistência e incômodo do seu pensamento.
Salienta que a dificuldade de compreensão das formulações
teóricas sobre o papel da sexualidade na psique humana, não se
oriunda de uma dificuldade intelectual, mas afetiva (emocional).
É o incômodo que causa a dificuldade de compreensão teórica,
não uma deficiência intelectual dos leitores.
A resistência toma o sentido da resistência na clínica: "alguma
coisa que aliena os sentimentos daqueles que entram em contato
com a psicanálise, de tal forma que os deixa menos inclinados a
acreditar nela ou a interessar-se por ela."
Na prática a dificuldade afetiva torna-se uma dificuldade
intelectual.

Onde falta simpatia, a compreensão não virá facilmente

O que o texto diz:


A teoria dos pulsões (impulsos, instintos) na psicanálise não se
dissocia as formulações conceituais sobre as psicopatologias, Ou
seja, ela se tece sobre a investigação dos fenômenos clínicos
(estruturas neuróticas).

Há, na primeira tópica, dois grupos de pulsões: pulsões do Eu


(autopreservação) e pulsões sexuais (reprodução/amor). É o conflito
entre essas duas forças que está na etiologia das neurores, na base
da formação das estruturas sintomáticas.

Essas duas descobertas - a de que a vida dos nossos instintos


sexuais não pode ser inteiramente domada, e a de que os
processos mentais são, em si, inconscientes, e só atingem o ego e
se submetem ao seu controle por meio de percepções incompletas
e de pouca confiança -, essas duas descobertas equivalem,
contudo, à afirmação de que o ego não é o senhor da sua própria
casa. Juntas, representam o terceiro golpe no amor próprio do
homem, o que posso chamar de golpe psicológico. Não é de
espantar, então, que o ego não veja com bons olhos a psicanálise e
se recuse obstinadamente a acreditar nela.

PROFA. NATÁLIA ROSA


CURSO SEXUALIDADE EM SIGMUND FREUD AULA I

Em Psicologia das Massas e Análise do Eu (1921), Freud retoma


esta dificuldade - no caminho da psicanálise- e ressalta suas
escolhas em não ceder a pusilanimidade: não cede no uso das
nomenclaturas para agradar os leitores e não sofrer as críticas e
"revoltas". Se recusa a suavizar o sexual e a libido com termos Eros,
erótico, Amor... E explica como este termos - o Eros platônico -
possui o sentido sexual.

Eros que mantém unido tudo o que há no mundo

"Libido é uma expressão proveniente da teoria da afetividade; Assim


denominamos a energia, tomada como grandeza quantitativa - embora
atualmente não mensurável-, desses instintos relacionados com tudo que
pode ser abrangido pela palavra amor. O que constitui o âmago do que
chamamos amor é, naturalmente, o que em geral se designa como amor
e é cantado pelos poetas, o amor entre os sexos para fins de união
sexual. Mas não separamos disso o que partilha igualmente o nome de
amor, de um lado o amor a si mesmo, do outro o amor aos pais e aos
filhos, a amizade e o amor aos seres humanos em geral, e também a
dedicação a objetos concretos e a ideias abstratas. Nossa justificativa é
que a investigação psicanalítica nos ensinou que todas essas tendências
seriam expressões dos mesmos impulsos instintuais que nas relações
entre os sexos impelem à união sexual, e que em outras circunstâncias
são afastados dessa meta sexual ou impedidos de alcançá-la, mas sempre
conservam bastante da sua natureza original, o suficiente para manter
sua identidade reconhecível.
Por isso acreditamos que na palavra amor, com suas múltiplas acepções,
a língua fez uma síntese perfeitamente justificada, e o melhor que temos
a fazer é tomá-la também como base. Com esta decisão a psicanálise
desencadeou uma tormenta de indignação, como se fosse culpada de
uma inovação escabrosa. E no entanto ela não fez nada orginal, ao
conceber o amor desta forma ampliada....
Na psicanálise esses instintos amorosos são considerados a potiori
e devido à sua origem, de instintos sexuais. A maioria das pessoas
educadas sentiu-se ofendida com essa denominação, e vingou-se
laçando à psicanálise a acusação de pansexualismo. Quem toma a
sexualidade por algo vergonhoso e humilhante para a natureza
humana tem inteira liberdade para usar expressões mais nobres,
como Eros e erotismo. Eu próprio poderia tê-lo feito desde o início,
poupando-me de muita hostiliade. Mas não quis fazê-lo, porque
prefiro evitar concessões à pusilanimidade. Nunca se sabe aonde
conduz esse caminho; primeiro cedemos nas palavras, e depois,
pouco a pouco, também na coisa. Não consigo ver nenhum mérito
em ter vergonha na sexualidade..."

PROFA. NATÁLIA ROSA


CURSO SEXUALIDADE EM SIGMUND FREUD AULA I

Conceito ampliado
A Importância Etiológica da Vida Sexual:
A teoria dos pulsões (impulsos, instintos) na psicanálise não se
dissocia as formulações conceituais sobre as psicopatologias, Ou
seja, ela se tece sobre a investigação dos fenômenos clínicos
(estruturas neuróticas).
evidência clínica: na raiz de toda formação de sintoma se achavam
impressões traumáticas da vida sexual dos primeiros tempos. O
trauma sexual assumia o lugar do trauma ordinário e esse devia
sua significação etiológica à relação associativa ou simbólica com
aquele que o precedera.
AS NEUROSES SÃO EXPRESSÃO DE TRANSTORNOS NA VIDA
SEXUAL

Sexualidade Infantil:
O começo da função sexual da criança praticamente coincide com
o início da vida extrauterina.
A sexualidade infantil se mostra diferente da dos adultos. Muito
dos seus traços se encontra sobre o que é nos adultos chamados
de perversão. (perverso polimorfo).
Foi preciso ampliar o conceito de sexualidade, para que ele
abarcasse mais do que a tendência à união dos sexos no ato
sexual ou à geração de determinadas sensações de prazer nos
genitais. Mas essa ampliação valeu a pena, pois tornou possível
apreender a vida sexual infantil, a normal e a perversa a partir
de um só conjunto.

Teoria da Libido:
Libido é a expressão dinâmica do instinto sexual na vida psíquica.
Uma pulsão (impulso) possui origem (parte do corpo), objeto e
meta.
Os impulsos sexuais travam uma ralação dinâmica e de conflito
com outros impulsos. Na primeira tópica com os impulsos de
conservação (o mundo semove pela fome e peloamor). Na segunda
tópica com os impulsos de morte.

Desenvolvimento da Libido:
A Libido é composta de instintos parciais que vão se concentrar ao
longo do desenvolvimento nas zonas erógenas do corpo (fase oral,
fase anal, fase fálica).Passa pelo Complexo de Édipo (encontro com
o objeto) e depois por um período de latência até retornar na
puberdade.
Neste processo de desenvolvimento o indivíduo passa do auto-
erotismo para o narcisismo para a escolha objetal. Há a formação
do Eu, do Ideal do Eu e do Supereu.

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