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EXCELENTÍSSIMA SENHORA DOUTORA JUIZA FEDERAL DA ___ VARA FEDERAL

DA 20ª SUBSEÇÃO DA JUSTIÇA FEDERAL DO ESTADO DE SÃO PAULO EM ..

_______________________________________________, por
sua advogada e procuradora infra-assinada, vem, respeitosamente propor a presente

AÇÃO DE COBRANÇA DE ATUALIZAÇÃO MONETÁRIA


NOS SALDOS DA CONTA VINCULADA AO FGTS

em face de CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, inscrita no CNPJ sob o nº 00.360.305/0001-04


estabelecido à Avenida Brasil, Centro, no Município de Araraquara∕SP, pelos fatos a seguir
expostos:
DOS FATOS
A requerente trabalhou de 12 de junho de 1.976 até 23 de
dezembro de 2006 para a Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo sob o regime da
Consolidação das Leis do Trabalho, tendo conta vinculada para de depósito do FGTS junto ao
Banco Banespa, conforme cópia da CTPS anexa.
A requerente pretende com a presente ação as diferenças da
correção monetária decorrentes da aplicação de índices que não reajustaram corretamente os valores
devidos nos saldos da sua conta vinculada do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) em
face dos planos econômicos (expurgos inflacionários), fazendo jus também, à aplicação da taxa
progressiva de juros de 3% a 6% ao ano, por ter feito a opção retroativa pelo regime do FGTS nos
termos da Lei n.º 5.858/73.
Cumpre esclarecer que, devido à aposentadoria da requerente, o
saque do saldo existente na respectiva conta vinculada do FGTS ocorreu na data indicada nas guias
de autorização de movimentação de conta vinculada em anexo.

DO BENEFÍCO DO ESTATUTO DO IDOSO


A requerente conta com 64 anos de idade, conforme cópia de
documento anexo. Desta forma, faz jus ao benefício do art.71 da Lei 10.741∕03 nos seguintes
termos:
“Art. 71. É assegurada prioridade na tramitação dos processos e procedimentos
e na execução dos atos e diligências judiciais em que figure como parte ou
interveniente pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos, em
qualquer instância.
§ 1o O interessado na obtenção da prioridade a que alude este artigo, fazendo
prova de sua idade, requererá o benefício à autoridade judiciária competente
para decidir o feito, que determinará as providências a serem cumpridas,
anotando-se essa circunstância em local visível nos autos do processo.”

DA LEGITIMIDADE
A gestão do FGTS é feita pela CEF (Caixa Econômica Federal),
ora Requerida, incumbindo-lhe a administração sobre todas as ordens, o que legitima a demandada
para figurar no pólo passivo.
A Caixa Econômica Federal ficou com o encargo de administrar o
FGTS após a extinção do BNH pelo DL nº 2.291/86, assumindo posteriormente o pleno comando
do FGTS com a Lei 7.839 de 12/10/89 e, atualmente, os saldos das contas vinculadas encontram-se
assentados perante ela, nos termos do artigo 12 da Lei 8.036/90, sendo seu agente operador do
Fundo.
Pacífica e remansosa a jurisprudência pátria em admitir que a
Caixa Econômica Federal, como agente operador do Fundo de Garantia do tempo de Serviço, é o
único órgão legitimado para pólo passivo das ações em que se busca a atualização dos saldos das
contas vinculadas ao FGTS.
Nesse sentido:
AC - 1997.01.00.0055747-1/MG; APELAÇÃO CIVIL - RELATOR JUÍZ OLINDO
MENEXES, 3ª TURMA DO TRF 1ª DJ 01/07/1998 P. 174: "I - A Caixa
Econômica Federal, como agente operador do Fundo de Garantia do Tempo de
Serviço, é o único órgão legitimado para o pólo passivo das ações em que busca
a atualização dos saldos das contas vinculadas ao FGTS."

TRF 3ª REGIÃO – APELAÇÃO CIVEL Nº 342559/SP (REG. 96.03.080887-3 –


Relator Juiz OLIVEIRA LIMA. FGTS. SALDO DE CONATS VINCULADAS.
CORREÇÃO PELO IPC. LEGITIMIDADE PASSIVA. - Já é tranqüilo nesta E.
Corte o entendimento de que a Caixa Econômica Federal é parte integrante em
ações onde se pleiteada a aplicação do IPC nos saldos das contas do FGTS.

DO JULGAMENTO ANTECIPADO DA LIDE


Sendo a matéria unicamente de direito, requer o julgamento
antecipado da lide, nos termos do artigo 330, I, do Código de Processo Civil.
Nestes termos:
“Art. 330. O juiz conhecerá diretamente do pedido, proferindo sentença:
I - quando a questão de mérito for unicamente de direito, ou, sendo de direito e
de fato, não houver necessidade de produzir prova em audiência.”
E ainda:
“Presentes as condições que ensejam o julgamento antecipado da lide, é dever do
juiz e não mera faculdade, assim proceder.” (STJ – 4ª Turma – Recurso Especial
2.832-RJ, Relator Ministro Sálvio de Figueiredo – votação unânime – negaram
provimento – DJU 17.09.90, página 9.513)

DA PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA
O direito da requerente é líquido e certo e já sumulado, tratando-
se de verbas de FGTS que têm prescrição trintenária, ou seja, os juros não aplicados nos últimos
trinta anos são devidos, acrescidos de juros e atualização monetária, conforme previsão legal e
jurisprudencial:
Nesse sentido:
"FGTS - OPÇÃO RETROATIVA - CAPITALIZAÇÃO - JUROS PROGRESSIVOS
- PRESCRIÇÃO TRINTENÁRIA - PRELIMINARES SUSCITADAS PELA CEF,
DE ILEGITIMIDADE, DE LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO DOS BANCOS
DEPOSITÁRIOS, DE INÉPCIA DA INICIAL POR FALTA DE
DOCUMENTAÇÃO COMPROBATÓRIA DA TITULARIDADE DE CONTA, DA
PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL - PRELIMINARES REJEITADAS - JUROS
MORATÓRIOS - I. A opção pelo FGTS proporcionada pela Lei 5958/73
retroagiu seus efeitos a 01.01.67, sem qualquer restrição ao regime de
capitalização dos juros. II. Se a prescrição quanto às contribuições do FGTS é
trintenária, os juros, acessórios que são, seguem a mesma sorte. III. Legitimidade
apenas da Caixa Econômica Federal para integrar a lide. Não integração da
União e demais Bancos depositários. IV. Fazem jus aos juros progressivos do
FGTS os empregados admitidos até a edição da Lei nº. 5.705, de 22/09/71. V. No
caso em apreço, de acordo com os precedentes desta E. 4ª Turma, os juros de
mora incidiriam nos índices da taxa SELIC, porém, a parte a quem aproveitaria
tal aplicação não se insurgiu neste particular. Mantidos os juros de mora de 1%
(um por cento) ao mês fixados na sentença. VI. Apelação improvida. (TRF 5ª R. -
AC 2005.83.00.016946-6 - 4ª T. - Rel. Des. Fed. Marcelo Navarro Ribeiro Dantas
- DJU 06.09.2006 - p. 1229) (Ementas no mesmo sentido).

"CIVIL - FUNDO DE GARANTIA DE TEMPO DE SERVIÇO - CORREÇÃO


MONETÁRIA - EXPURGOS INFLACIONÁRIOS - PRESCRIÇÃO
TRINTENÁRIA. Ambas as Turmas que compõem a Segunda Seção deste Tribunal
têm entendido ser trintenária a prescrição da ação para cobrança de diferença
de correção monetária nas contas vinculadas do FGTS." A 1ª Turma do TRF da
3ª Região, na Apelação Civil nº 342559/SP, Reg. 96.03.080887-3), em acórdão de
lavra do Juiz Relator Oliveira Lima, decidiu: E o Egrégio Superior Tribunal de
Justiça, em situação análoga, também vem ressaltando que o prazo de cobrança
é trintenário, como decidiu o julgado que segue: A prescrição para cobrar
qualquer parcela relativa ao FGTS, por parte do empregado, é de 30 (trinta)
anos. Posição jurisprudencial assentada na linha dessa compreensão. (REsp nº
0106964, 1ª Turma, Rel. Min. José Delgado, DJ 16.12.96, pág. 50810). Os
TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS, adotando posturas idênticas, têm decidido
ser trintenária a prescrição da ação para cobrança de diferenças de correção
monetária nas contas vinculadas do FGTS, senão vejamos: "1- ambas a Turmas
que compõe a Segunda Seção deste Tribunal têm entendido ser trintenária a
prescrição da ação para cobrança de diferenças de correção monetária nas
contas vinculadas do FGTS". (AC - 1998 - 01.00.005841/0 - MG - DJ de
01/07/1998, p.236, Relator Juiz Osmar Tognolo)

CORREÇÃO DAS CONTAS VINCULADAS


A correção monetária não se constitui em um "plus", sendo tão-
somente a reposição do valor real da moeda. É farta a jurisprudência de nossos tribunais em
reconhecer que os trabalhadores têm direito à atualização de suas contas vinculadas ao FGTS,
quando dos expurgos inflacionários
A Súmula 252 do STJ indica quais os índices a serem aplicados
nos saldos das contas vinculadas do FGTS, senão vejamos:
“Os saldos das contas do FGTS, pela legislação infraconstitucional, são
corrigidos em 42,72% (IPC) quanto às perdas de janeiro de 1989 e 44,80% (IPC)
quanto às de abril de 1990, acolhidos pelo STJ os índices de 18,02% (LBC)
quanto às perdas de junho de 1987, de 5,38% (BTN) para maio de 1990 e 7,00%
(TR) para fevereiro de 1991, de acordo com o entendimento do STF (RE 226.855-
7-RS).”

A Súmula 154 do STJ


“Os optantes pelo FGTS, nos termos da Lei 5.958, de 1973, têm direito à taxa
progressiva de juros, na forma do art. 4º da Lei 5.107/66.”.

Sendo pacífico o entendimento nos Tribunais Superiores de que


são devidos aos titulares de contas vinculadas de FGTS os reais índices de atualização.

DO PEDIDO
Diante do exposto requer seja a presente ação julgada
TOTALMENTE PROCEDENTE, com o julgamento antecipado da lide, na forma do artigo 330 do
Código de Processo Civil, sendo a requerida condenada no pagamento do total do pedido, ou seja, a
correção dos saldos de sua conta vinculada ao FGTS nos índices de correções monetárias, referente
aos anos de 1989 a 1991, conforme disposto na Súmula 252 do STJ, bem como a aplicação das
taxas de juros progressivos 3% a 6% ao ano, nos termos da Lei nº 5.958/73 c/c art. 4º da Lei
5.107/66, acrescidos dos juros legais mais juros de mora, a partir da data do débito da diferença
creditada a menor.
Requer a condenação da requerida nas custas e despesas
processuais, bem como honorários advocatícios na base de 20% do montante do valor da causa.
Requer, ainda, os benefícios do art. 71 da Lei 10.741∕03, uma vez
que a requerente conta com mais de 60 anos de idade.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito
admitidas, juntada de novos documentos e outras mais que se fizerem necessárias.
Dá-se à causa o valor de 72.553,98.
Termos em que,
Pede deferimento.
data.

Advogado

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