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EXCELENTÍSSIMO(A) SENHOR(A) DOUTOR(A) JUIZ(A) FEDERAL DA Xª VARA FEDERAL DA

SUBSEÇÃ O JUDICIÁ RIA DE CIDADE – UF

NOME DA PARTE, já cadastrada eletronicamente, vem,


com o devido respeito, perante Vossa Excelência, por meio de
seus procuradores, propor

AÇÃO PREVIDENCIÁRIA DE CONCESSÃO DE


BENEFÍCIO ASSISTENCIAL À PESSOA COM DEFICIÊNCIA

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL (INSS),


pelos seguintes fundamentos fá ticos e jurídicos que passa a
expor:

FATOS

A Autora requereu, em 07 de Julho de 2014, junto à Autarquia Previdenciá ria, a concessã o de


Benefício Assistencial à Pessoa com Deficiência, que foi indeferido, conforme documentos em
anexo, por entender o INSS que a Requerente nã o se enquadra no Art. 20, § 10º da Lei 8.742/93.

Entretanto, os atestados e laudos médicos carreados nos autos demonstram o estado


incapacitante da parte Autora, em decorrência de graves patologias ortopédicas.

Ainda, analisando os documentos acostados nos autos, observa-se que a Autora vive em
situaçã o de risco e vulnerabilidade social, eis que reside sozinha e não possui fonte de renda,
demonstrando, assim, o estado de miséria em que se encontra.

Por esses motivos, a concessã o do benefício pretendido se faz imperativa.


Síntese sobre as condições pessoais da parte Autora:

1. Doença/enfermidade Graves Patologias Ortopédicas

Não possui condições de desenvolver atividades


2. Limitaçõ es decorrentes da moléstia
laborativas.

Dados sobre o requerimento administrativo:

1. Nú mero do benefício XXX.XXX.XXX-X

2. Data do requerimento 07/07/2014

3. Razã o do indeferimento Nã o enquadramento no Art. 20, § 10º da Lei 8.742/93.

FUNDAMENTOS JURÍDICOS

A pretensã o da Autora vem amparada no art. 203, inciso V, da Constituiçã o Federal de 1988,
na Lei 8.742/93 e demais normas aplicá veis. Tais normas dispõ em que para fazer jus ao Benefício
Assistencial, o Requerente deve estar incapacitado para o trabalho ou ser pessoa com mais de 65
anos de idade, além de comprovar a impossibilidade de ter seu sustento provido pelo seu nú cleo
familiar.

Da Deficiência

Conforme se observa nos atestados e laudos médicos em anexo, a Autora é acometida por
diversas graves patologias, as quais a incapacitam para o trabalho.

Neste sentido, prudente destacar a sú mula 30 da AGU, que demonstra que a incapacidade
laboral é suficiente para caracterizar a incapacidade para a vida independente. Note-se o
enunciado da referida sú mula:
“A incapacidade para prover a própria subsistência por meio do trabalho é
suficiente para a caracterização da incapacidade para a vida
independente, conforme estabelecido no art. 203, V, da Constituição Federal, e art.
20, II, da Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993.” (grifei)

Igualmente, há a sú mula 29 da Turma Nacional de Uniformizaçã o. Veja-se (com grifos):

“Para os efeitos do artigo 20, §2º, da Lei nº 8.742 de 1993, incapacitada para a
vida independente não só é aquela que impede as atividades mais elementares da
pessoa, mas também a impossibilidade de prover seu próprio sustento.”

Logo, resta demonstrada a satisfaçã o do critério “médico”, constante no artigo 20 da Lei


8.742/93.

Outrossim, prudente destacar que a incapacidade temporá ria ou parcial nã o constitui ó bice à
concessã o do benefício assistencial, conforme entendimento jurisprudencial já pacificado nos
Tribunais especializados na matéria. Veja-se:

PEDIDO DE UNIFORMIZAÇÃ O. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. LOAS. INCAPACIDADE PARCIAL E


TEMPORÁ RIA. VERIFICAÇÃ O DAS REAIS CONDIÇÕ ES SOCIAIS E ECONÔ MICAS DO
REQUERENTE. 1. O fato de a incapacidade ser parcial, ou temporária, não
constitui óbice à concessão do benefício assistencial desde que demonstrada a
impossibilidade de a pessoa prover o seu próprio sustento . 2. No presente caso, há
que se reiterar o entendimento já consagrado em outros julgados desta Turma Regional no
sentido de que a concessã o do benefício assistencial depende da verificaçã o das reais
condiçõ es sociais e econô micas do requerente, mediante a aná lise de todo o conjunto
probató rio (IUJEF 0002386-95.2010.404.7051, relator p/ acó rdã o Juiz Federal Antonio
Fernando Schenkel do Amaral e Silva, D.E. 07/10/2013). 3. Pedido de uniformizaçã o
conhecido e provido, com remessa dos autos à Turma Recursal de origem para adequaçã o.  
(TRF4 5004745-37.2011.404.7102, Turma Regional de Uniformizaçã o da 4ª Regiã o, Relator
p/ Acó rdã o Henrique Luiz Hartmann, juntado aos autos em 06/11/2015, com grifos
acrescidos)

PREVIDENCIÁ RIO. BENEFÍCIO ASSISTENCIAL. PORTADOR DE DEFICIÊ NCIA. MENOR.


INCAPACIDADE TEMPORÁ RIA. IRRELEVÂ NCIA. CONDIÇÃ O SOCIOECONÔ MICA.
MISERABILIDADE. PREENCHIMENTO DE REQUISITOS. RENDA FAMILIAR. ART. 20, §3º, DA
LEI 8.742/93. RELATIVIZAÇÃ O DO CRITÉ RIO ECONÔ MICO OBJETIVO. STJ E STF. PRINCÍPIOS
DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DO LIVRE CONVENCIMENTO DO JUIZ.
CONSECTÁ RIOS LEGAIS. HONORÁ RIOS ADVOCATÍCOS. ISENÇÃ O DE CUSTAS. 1. O direito
ao benefício assistencial previsto no art. 203, V, da Constituiçã o Federal e no art. 20 da Lei
8.742/93 (LOAS) pressupõ e o preenchimento de dois requisitos: a) condiçã o de pessoa com
deficiência ou idosa e b) condiçã o socioeconô mica que indique miserabilidade; ou seja, a
falta de meios para prover a pró pria subsistência ou de tê-la provida por sua família. 2. Nã o
há ó bice à concessã o do benefício assistencial ao menor, uma vez que a assistência social é
prioritá ria a crianças e adolescentes, proteçã o reforçada em caso de menor deficiente,

conforme previsto pela Constituiçã o e pela Lei da Assistência Social. 3. O fato de a


incapacidade ser temporária não afasta o direito à percepção do
benefício assistencial, visto que a legislação não estabelece que a
incapacidade seja irreversível. (omissis)   (TRF4, AC 0005969-66.2013.404.9999,
Quinta Turma, Relator Luiz Carlos de Castro Lugon, D.E. 29/11/2013)

Da Miserabilidade

De outra banda, se encontra igualmente satisfeito, no caso em apreço, o requisito econô mico.
Isto, pois, em aná lise de documento constante no processo administrativo em anexo, observa-se
que a Demandante RESIDE SOZINHA E NÃO POSSUI RENDA, de maneira que, obviamente, tem-se
caracterizado o estado de miserabilidade que enseja a concessã o do benefício pretendido.

E reitere-se que é drástica a situação de hipossuficiência econômica no caso em tela, eis


que se está diante de pessoa portadora de diversas graves doenças, e que não possui meios
de subsidiar o tratamento de suas enfermidades.

Assim, resta demonstrada a situação que permite a concessão do benefício pretendido,


porquanto, sendo a Demandante pessoa incapaz para o trabalho e sem fonte de renda, tem-
se que é obrigação do Estado, por meio da assistência social, de suprir as necessidades
mínimas da Autora, eis que a mesma não reúne meios de prover seu sustento.

Portanto, imperioso seja concedido o benefício de prestaçã o continuada à Demandante, pois,


nã o somente ela pessoa incapaz (nos termos da legislaçã o inerente à matéria), também vive em
estado de profunda e lastimá vel miséria, carecendo do devido amparo estatal.

Sendo assim, apó s a instruçã o processual, restará plenamente comprovado que a Autora
satisfaz todos os requisitos necessá rios à percepçã o do benefício pleiteado.
TUTELA DE URGÊNCIA
ENTENDE A AUTORA QUE A ANÁLISE DA MEDIDA ANTECIPATÓRIA PODERÁ SER MELHOR
APRECIADA EM SENTENÇA

O novo Có digo de Processo Civil estabeleceu em seu art. 300 que “A tutela de urgência será
concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou
o risco ao resultado útil do processo”. Nesse sentido, o novo diploma legal exige para a concessã o da
tutela de urgência dois elementos, quais sejam o fumus bonis iuris e o periculum in mora.

A Demandante necessita da concessã o do benefício em tela para custear a pró pria vida,
tendo em vista que nã o reú ne condiçõ es de prover seu sustento, nem pode tê-lo provido por sua
família.

Portanto, apó s a realizaçã o das perícias pertinentes ao caso, ficará claro que a parte Autora
preenche todos os requisitos necessá rios para o deferimento da Antecipação de Tutela, eis que o
laudo socioeconô mico fará prova inequívoca do estado de miserabilidade, bem como o laudo
médico pericial nã o deixará dú vidas quanto à s moléstias incapacitantes, comprovando, assim, o
fumus bonis iuris. O periculum in mora se configura pelo fato de que se continuar privada do
recebimento do benefício, a Demandante terá seu sustento prejudicado, tendo em vista o cará ter
alimentar do benefício.

DA NÃO NECESSIDADE DE AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO

O novo Có digo de Processo Civil tratou de estipular os requisitos para realizaçã o da


audiência de conciliaçã o. Nesse sentido, em seu art. 334, § 4º, inciso II normatizou que:

Art. 334.  Se a petiçã o inicial preencher os requisitos essenciais e nã o for o caso de
improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliaçã o ou de mediaçã o
com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20
(vinte) dias de antecedência.

§ 4o A audiência não será realizada:

II - quando não se admitir a autocomposição. (grifado)

Excelência, o presente feito versa acerca de benefício assistencial à pessoa com deficiência,
ao que sabemos na vigência do antigo CPC já nã o se admitia a audiência de conciliaçã o para casos
desta natureza, ainda que fosse no â mbito dos juizados especiais. Portanto, nã o faria sentido que à
luz do novo diploma legal fosse realizada a audiência de conciliaçã o, até mesmo pela
impossibilidade de autocomposiçã o em casos com o epigrafado, tendo em vista a necessidade de
realizaçã o de perícia médica judicial e avaliaçã o socioeconô mica.

Sendo assim, diante do exposto, REQUER a Parte Autora a nã o realizaçã o da audiência de


conciliaçã o, tendo em vista que o presente feito nã o admite autocomposiçã o, estando, assim,
acobertado pelo escopo de incidência do inciso II do art. 334, § 4º do NCPC.

PEDIDOS

EM FACE DO EXPOSTO, REQUER a Vossa Excelência:

1) O recebimento e o deferimento da presente peça inaugural, bem como o deferimento da


Assistência Judiciária Gratuita, por ser a Autora pobre na acepçã o legal do termo;

2) A citaçã o do Instituto Nacional do Seguro Social – INSS, para, querendo, apresentar defesa;

3) A produçã o de todos os meios de prova, principalmente a documental e a pericial;

4) O deferimento da Antecipação de Tutela, com a apreciaçã o do pedido de implantaçã o do


benefício em sentença;

5) O julgamento da demanda com TOTAL PROCEDÊNCIA, para que o INSS conceda o benefício
assistencial à Autora, pagando as parcelas vencidas (a partir do requerimento administrativo) e
vincendas, monetariamente corrigidas desde o respectivo vencimento e acrescidas de juros
legais e morató rios, incidentes até a data do efetivo pagamento;

6) Em caso de recurso, a condenaçã o do Réu ao pagamento de custas e honorá rios advocatícios, eis
que cabíveis em segundo grau de jurisdiçã o, com fulcro no art. 55 da Lei 9.099/95 c/c art. 1º da
Lei 10.259/01.

Nesses Termos;
Pede Deferimento.

Dá à causa o valor1 de R$ XX.XXX,XX.

1
Valor da causa = 12 parcelas vincendas (R$ X.XXX,XX) + parcelas vencidas (R$ X.XXX,XX).
CIDADE, DIA de MÊ S de ANO.

NOME DO ADVOGADO
OAB/UF XX.XXX

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