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CURSO DE

EDIFICAÇÕES E
GERENTE DE OBRAS

MÓDULO – CÁLCULO
ESTRUTURAL AULA 02
Sumário

1 Dimensionamento de Pilares ........................................................................................... 3

2 Dimensionamento de lajes .............................................................................................. 5

2.1 Vão de cálculo ......................................................................................................... 5

2.2 Condições de contorno das lajes ............................................................................... 6

2.3 Tabela de Czerny ..................................................................................................... 8

2.4 Armação das lajes .................................................................................................... 9

2.5 Carregamento das lajes ............................................................................................ 9

3 Tarefa 02 ...................................................................................................................... 11
1 DIMENSIONAMENTO DE PILARES

Para pré-dimensionamento, é comum adotar pilares com carga média de 1000 kg/m²
(ou Pmed = 10 kN/m²). É possível realizar o cálculo da carga exata de cada pilar, porém isso
depende do cálculo das cargas de lajes e vigas, e para edificações residenciais (com cargas
que costumam ser baixas) as dimensões mínimas de norma suportam sem problemas cargas,
então (com margem de segurança) adotamos o valor médio de carga 1000 kg/m².

As dimensões mínimas de pilares determinadas por norma evitam problemas com o


efeito de flambagem quando estão sujeitos a cargas baixas.

Figura 1: Efeito de flambagem em pilar devido ao carregamento P.

FLAMBAGEM: deflexão lateral que ocorre no eixo de menor inércia (no caso da figura 1, o
eixo de menor inércia seria o eixo a-a). Fenômeno que ocorre em peças esbeltas e compridas
quando submetidas a esforços de compressão axial, comprometendo a estabilidade da
estrutura, podendo levar a falhas repentinas.

Ao se definir a carga de um pilar, seguimos para determinar sua seção transversal pela
seguinte formula:

𝑁𝑡
𝜎𝑐 = ≤ 120 𝑘𝑔/𝑐𝑚²
𝑆

Onde:

𝑁𝑡 = (𝐴𝑖𝑛𝑓. 𝑃) ∙ 𝑃𝑚𝑒𝑑 ∙ 𝑛º 𝑑𝑒 𝑝𝑎𝑣𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜𝑠

𝑆=𝑎∙𝑏
Adotamos a dimensão a igual à largura das vigas (14 ou 19 no caso do nosso projeto)
e assim determinamos b. Escolhemos os valores de a e b como múltiplos de 5 cm, salvo
limitações arquitetônicas.

Observações:

 Norma: S ≥ 360 cm²


 Usual: b ≤ 5 . a (caso b ultrapasse, temos pilar parede, outro processo construtivo)

A seção transversal de um pilar tem suas medidas da seguinte forma:

Figura 2: seção transversal de um pilar.

Na planta de formas, devemos descriminar a seção dos pilares da seguinte forma:

Figura 3: Pilares em planta de forma.


2 DIMENSIONAMENTO DE LAJES

A norma NBR 6118:2014 (item 14.4.2.1) define placas como sendo elementos de
superfície plana sujeitos principalmente a ações normais a seu plano. As lajes são definidas
como estruturas laminares que, como as placas e as cascas, apresentam segundo uma direção
uma dimensão muito inferior à das outras duas. As lajes são, então, elementos laminares,
horizontais, cujo trabalho estrutural se dá ortogonalmente ao seu plano.

Figura 4: Cargas atuando sobre laje.

2.1 Vão de cálculo

Em edifícios e construções térreas, ambos para fins residenciais, as vigas são


geralmente de pequena largura, podemos então adotar como vão de cálculo (ou teórico) a
distância de eixo a eixo das vigas de apoio.

Figura 5: Vão de cálculo.

E por convenção, supomos sempre:

lx = menor vão
ly = maior vão
2.2 Condições de contorno das lajes

São três os tipos de apoio para lajes:


 Bordo apoiado: quando não há restrição dos deslocamentos verticais, sem impedir a
rotação das lajes no apoio.

 Bordo engastado: quando há impedimento do deslocamento vertical e de rotação da


laje nesse apoio (ex.: lajes apoiadas em viga de grande rigidez).

 Bordo livre: quando não há suporte (ex.: laje em balanço)

A notação em planta para os tipos de lajes é a seguinte:

Para definir o tipo de apoio da laje, observa-se seu comportamento em relação as lajes
e vigas que a circundam. Quando temos lajes contíguas no mesmo nível, o bordo é
considerado perfeitamente engastado.

Figura 6: Lajes contíguas.


Alguns casos particulares:

Figura 7: Lajes em níveis diferentes

Figura 8:Lajes com inércias muito diferentes

Figura 9: Lajes com vãos muito diferentes


Figura 10: Condição de apoio parcial de lajes.

O caso da figura 10 é comum quando temos caixões perdidos ou shafts em edifícios.

2.3 Tabela de Czerny

Com as condições de contorno das lajes definidas, passamos a classificá-las de acordo


com a tabela de Czerny, para futuramente realizarmos a compatibilização dos momentos das
lajes e lançar corretamente as cargas sobre as vigas. Para classificação, são observadas as
condições de contorno e os valores de lx e ly de cada laje.

Exemplo: Considerando a laje abaixo:

lx = 1,40m

ly = 2,10m

Apenas um dos lados de ly está engastado, e todos os demais estão livres, então
procuramos na tabela o desenho correspondente, que em
nosso caso seria o tipo B1.

Caso a mesma laje tivesse a condição de contorno


ao lado, com apenas um dos lados de lx livre, e todos os
demais engastados, seria tipo C2.

2.4 Armação das lajes

Armada em uma só direção: 𝐿˃2𝑙 , dimensionar no sentido da menor dimensão.

Armada em duas direções (ou em cruz): 1 ≤ 𝐿⁄𝑙 ≤ 2 , dimensionar nas duas direções.

2.5 Carregamento das lajes

As cargas verticais atuantes nas lajes são consideradas uniformes. Algumas realmente
o são, como o peso próprio das lajes, porém outras como paredes apoiadas sobre lajes, são
transformadas em cargas uniformes utilizando hipóteses simplificadoras. As cargas são
classificadas em permanentes (g) e acidentais (q).

As principais cargas a se considerar são:

 g1: peso próprio


𝑔1 = ℎ ∙ 𝛾𝑐 [𝑘𝑁⁄ ] , sendo 𝛾𝑐 = 25 𝑘𝑁⁄
𝑚² 𝑚³

 g2: contra-piso / camada de regularização


𝑔2 = 0,05 ∙ 𝛾 𝑎𝑟𝑔𝑎𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 [𝑘𝑁⁄ ] , sendo 𝛾 𝑎𝑟𝑔𝑎𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 = 20 𝑘𝑁⁄
𝑚² 𝑚³

 g3: piso
𝑘𝑔𝑓
𝑔3 = 50 ⁄ = 0,5 𝑘𝑁⁄
𝑐𝑚² 𝑚²

 g4: alvenaria sobre laje


𝑐𝑜𝑚𝑝𝑟𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 ∙ 𝑒𝑠𝑝𝑒𝑠𝑠𝑢𝑟𝑎 ∙ 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 ∙ 𝛾 𝑎𝑙𝑣
𝑔4 =
𝑙𝑥 ∙ 𝑙𝑦
[𝑘𝑁⁄𝑚2]
Sendo γ alv: 𝑇𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 𝑚𝑎𝑐𝑖ç𝑜 = 18 𝑘𝑁⁄
𝑚³
𝑇𝑖𝑗𝑜𝑙𝑜 𝑓𝑢𝑟𝑎𝑑𝑜 = 13 𝑘𝑁⁄
𝑚³

 g5: enchimento
𝑔5 = ℎ 𝑒𝑛𝑐 ∙ 𝛾 𝑒𝑛𝑐 [𝑘𝑁⁄ ] , sendo 𝛾 𝑒𝑛𝑐 = 20 𝑘𝑁⁄
𝑚² 𝑚³

 q: carga acidental
Determinada pela tabela 2 da NBR 6120:1980, como “toda aquela que pode atuar
sobre a estrutura de edificação em função de seu uso (pessoas, móveis, materiais
diversos, veículos, etc.) ”. Em nosso caso de edifício residencial, consideramos o
seguinte:

A carga total P é a somatória de todas as cargas:

𝑃 = 𝑔1 + 𝑔2 + 𝑔3 + 𝑔4 + 𝑔5 + 𝑞 [𝑘𝑁⁄𝑚²]
3 TAREFA 02

Realizar os itens a seguir:

a. Determinar para os pilares: cargas totais (Nt) e seções dos pilares;


b. Determinar para as lajes: condições de apoio, condições de contorno de acordo com a
tabela de Czerny, sentido de armação, e cargas totais de cada laje.
c. Desenhos em planta (AutoCad):
 Planta 01 - Formas: pilares, vigas e lajes nomeados, com cotas para carpintaria.
 Planta 02 - Área de influencia de pilares: nomeadas como A1 para P1, A2 para
P2,...

 Planta 03 - Condições de contorno: lajes nomeadas conforme condições de


contorno na tabela de Czerny.

Ao final dessa aula, teremos as seguintes informações quanto a lajes e pilares (valores
numéricos dados apenas como exemplo):

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