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The world that trade created:

Society, culture and the world economy –


1400 to the present

COPPE/UFRJ

Douglas Silveira de Assis

Abril de 2011
The world that trade created: Society, culture and the world economy -

1400 to the present dos autores Kenneth Pomeranz e Steve Topik, oferece ao leitor

uma grata oportunidade de entendimento sobre a evolução – sendo esta a palavra não

mais adequada, mas que cabe o uso na falta de melhor opção – das relações comerciais

e econômicas durante nossa história e o impacto na dinamização destes aspectos para a

construção do mundo conforme o conhecemos. O grande destaque para o estudo da

dupla está contido na forma como eles desenvolvem os temas e os amarram de maneira

a gerar uma completa, agradável e surpreendente obra. Ao terminar a leitura perceberá a

propriedade de ambos (Pomeranz é professor de História na Universidade da Califórnia,

especialista em história da China e Topik Ph.D pela Universidade do Texas e professor

de história também na Universidade da Califórnia, especialista em história latino-

americana) para desenvolver os temas abordados e, principalmente, a naturalidade, com

pitadas de bom-humor, no desenvolvimento dos assuntos levantados.

Desde o início, os autores deixam claro que cenários econômicos estão

intimamente relacionados com contextos culturais e sociais. Apesar de soar como “mais

do mesmo”, Pomeranz e Topik conseguem diferenciar-se dos demais pela rica, e

enriquecedora contextualização de períodos históricos e do desenvolvimento das

atividades econômicas – sem pieguismo, sem erudição desnecessária e, ao mesmo, sem

abrir mão de ser convincente nos argumentos apresentados.

Dividida em sete capítulos – organizados de forma cronológica – outro ponto

interessante desta publicação consiste na forma como estes estão divididos: No início de

cada capítulo há um texto introdutório, que já valeria por si só, e este é procedido por

sub-textos que completam a contextualização apresentada inicialmente e que, de mesma

forma, são também textos que podem ser entendidos se forem lidos separadamente dos

que lhes precedem. São e não são complementares entre si. Muito embora seja difícil

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pulá-los, dado o interesse que naturalmente brotará no leitor, por puro mérito dos

autores ao jogar as informações no papel.

Talvez a maior questão levantada pelo duo esteja na reflexão a cerca de que o

conceito de mundo globalizado não seja um acontecimento tão recente como pensamos.

É evidente que a dinamização dos mercados nos dias atuais realmente fosse

imprevisível em períodos de outrora. Mas, ao mesmo tempo, é inegável que a

necessidade de aproximação entre povos que buscavam dividir seus produtos e trocar

necessidades, de certa forma, gerou redes de comércio interligando – mesmo que não

formando uma via de mão-dupla, em alguma das vezes – um ambiente globalizado.

Onde ingleses, no século XVIII, bebiam seus tradicionais chás em xícaras produzidas na

China ou americanos fumavam o tabaco vindo da américa do sul, por exemplo. Por este

motivo, através dos ensaios desenvolvidos durante a obra, é essencial ter em mente o

conceito inicial e principal que alicerça a obra: a interdependência econômica, social e

política como ferramenta de (des)acelaração das relações comerciais.

The world that trade created apresenta ao leitor reflexões interessantíssimas a

cerca da natureza humana no que diz respeito a comercialização - Desde seus

primórdios, antes até mesmo do comércio como atividade econômica existir. Para os

autores, os seres humanos possuem por natureza uma espécie de instinto econômico.

Muito embora, sabendo que estas relações comerciais já se dêem há milhares de anos,

sendo o primórdio desta experiência pode apenas ser imaginado, culminando

posteriormente nas mais variadas formas de de realizá-las. Assumindo, então, esta

condição como intrínseca ao homem, o que deve ser desenvolvido e de certa forma

uniformizado é a noção de valor que irá conduzir o preço dos produtos. E, igualmente, a

partir disto, a cultura da troca e do comercio que inicialmente era regida por diferentes

meios a partir de cada civilização. Munidos ou não do uso da noção de valor.

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A partir deste grande ponto inicial, Pomeranz e Topik dão o start para uma

formidável e prazerosa viagem através dos séculos, trazendo para confronto conceitos

novos e velhos relacionados ao comércio e sobre a forma de comercializar e ganhar

mercados (produtores e consumidores). Uma avalanche de informações que, em

conjunto, somam-se de forma a gerar o que hoje conhecemos como mercado e o que

especula-se dele no futuro. Muito embora, nas palavras dos autores, não haja muito o

que prever e sim aguardar pelas transformações vindouras.

Uma das inúmeras passagens interessantes encontradas no livro descreve a

forma que o conceito de tempo como forma de valor surgiu. Para chegar neste moderno

conceito, os autores entrelaçam o advento da estradas de ferro onde uma locomotiva

parada na estação esperando ser carregada de grãos era sinal de perda de lucratividade

ao controle e disseminação do cultivo de bens vegetais ao redor do mundo que geraram

a possibilidade de comprar mercadorias que ainda não existem no tempo presente,

somente recebendo-as no futuro e a concretização do mercado de capitais, a partir da

unificação do conceito de valor monetário, onde o aparecimento do produto empréstimo

cujo a rentabilidade está intimamente ligada ao fator tempo, de mesma forma.

De certo, cabe encaixar a obra em questão como multidisciplinar, uma vez

digerida a infinidade e complexidade de assuntos de diferentes áreas abordadas por

Pomeranz e Topik. Servindo como leitura ilustrativa geral e, ao mesmo tempo, como

base para questionamentos em áreas como Administração de Empresas, Marketing,

Economia, História, Ciências Socias e Politicas, só para citar algumas das inúmeras

áreas de estudo possíveis. “Assuntos tabu” como sobre o nascimento, disseminação,

apogeu, retração e coerção do mercado de drogas são desenvolvidos de maneira exímia

e revelam pontos e fatos que possivelmente irão trazer novas questões para o

entendimento destes produtos. Realmente, estamos conversando neste espaço sobre um

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livro bastante singular tanto em seu propósito, quanto em sua execução e resultados

alcançados.

A partir do que já foi brevemente apresentado, procurando informar de maneira

exageradamente concisa sobre o incalculável acervo informativo contido no livro The

world that trade created: Society, culture and the world economy - 1400 to the

present dos autores Kenneth Pomeranz e Steve Topik deve-se, automaticamente,

assimilar a leitura supracitada como imprescindível seja qual for a expectativa daquele

que a lê. Sem sombra de dúvidas, estamos tratando aqui de uma obra que transcende

entre os mundos das leituras de interesses acadêmicos e distrativos pois ela é por si só

uno nestes dois campos. Aconselha-se fortemente o uso desta em sala de aula, podendo

ser aproveitada em debates que abrangem conteúdos que englobam desde estudantes do

segundo grau até os da pós-graduação.

Bibliografia

POMERANZ, Kenneth, TOPIK, Steven. The world that trade created:

Society, culture and the world economy - 1400 to the present. Nova Iorque, M. E.

Sharpe, 2005.

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