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Ética na contabilidade

Tema:

A ética e a atuação do profissional contábil nas empresas

Resumo

O profissional contábil é necessário para a empresa, sendo de fundamental importância o


uso da ética na atuação deste. A evidenciação da ética na conduta do profissional contábil
dentro do contexto organizacional lhe proporciona um grau maior de responsabilidade
agregando respeito à classe. Dentro do contexto atual, o seguimento aos padrões éticos
contábeis de acordo com o código de ética do profissional contábil se torna incontestável
para o desenvolver das empresas em que atuar. Este trabalho tem como objetivo apresentar
a relação entre a ética e a contabilidade, evidenciando a importância da integração de
ambas no desenvolvimento das empresas, e como a conduta do profissional contábil pode
influenciar levando as empresas ao crescimento ou à falência. A metodologia utilizada para o
desenvolvimento do estudo foi exploratória de caráter descritivo, com abordagem
qualitativa, com pesquisa bibliográfica. Sendo assim o presente trabalho ..... conclui que....

Fundamentação teórica

Ética

A palavra ética nos leva à antiguidade para conseguirmos compreender sua


origem e conceitos atribuídos. Citando brevemente alguns filósofos, fica mais fácil
compreender o significado da ética.

Os primeiros indícios do estudo da ética são encontrados na Grécia, com


Sócrates, tendo por base os textos de Platão e Aristóteles. Na visão de Sócrates, ética era
uma área na qual os valores morais do homem tinham como ser estabelecidos. A partir de
Aristóteles é que começamos a ter a ética como algo que passamos a conhecer somente

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diante de nossa ação, sendo então a consequência desta. Ou seja, se o homem se comporta
de forma ética naquele determinado grupo, tudo o que acontecer em decorrência do seu
comportamento é mera consequencia de seus atos. Assim também se aplica se não se
comportar de forma ética.

Outro filósofo que veio a estudar a ética, Pitágoras, tinha a ética como a conduta
do homem dentro da sociedade em que está inserido, um estudo deste no meio. Durante o
iluminismo surgiu novas ideias na figura de Jean-Jacques Rousseau, cujo qual defendia a
idéia de que o ser humano nasce com uma consciência moral e sentimento de dever inatos,
ou seja, que o ser humano nasce bom por sua própria natureza, sendo o meio externo no
qual estamos inseridos que nos corrompe. Para outros filósofos, como Thomas Hobbes, o
homem já nasce mau, assim afirmado em seu livro, Leviatã, de 1851. Immanuel Kant
também segue a mesma linha, afirmando três máximas nas quais em resumo a ética se
incorpora a uma universalidade a ser seguida, onde as pessoas são o fim da ação, separando
as causas das consequências.

A discussão acerca da ética ainda persevera até os dias de hoje, mantendo-se a


base de conduta moral do homem atrelado à sociedade.

A origem da palavra ética é grega(ethos) que significa modo de ser, caráter,


comportamento, a maneira de vida que o homem adquire no meio em que vive. De modo
mais direto, pode-se afirmar que ética é um conjunto de conhecimentos racionais a respeito
do comportamento humano oriundo da noção da própria coisa ser racional. Não há o certo
e o errado, é a ética que define essa questão, influenciado pelo tempo, local, e circunstância.

Muitas vezes a ética se confunde com a moral, sendo que são distintas, mas
interligadas, ponderando que ética exprime a teoria ou ciência do comportamento moral
dos homens em sociedade, enquanto que moral significa costume, ou conjunto de normas
adquiridas com o passar do tempo, diante da educação obtida.

Ética Profissional

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No campo profissional, a ética inicia-se com a reflexão, sendo esta uma escolha
influenciada por diversos fatores, entre eles dinheiro, família, amigos, etc. No entanto o que
devemos carregar desde o início da carreira profissional são os valores éticos e morais que
norteiam a sociedade e a profissão escolhida, assumindo deveres profissionais obrigatórios.
Para o contabilista a boa conduta profissional é de suma importância em sua atuação, a fim
de haja a integração entre ética e contabilidade, proporcionando o desenvolvimento da
entidade em que atuar.

A ética do profissional é o conjunto de normas que irá reger o homem no


exercício da sua profissão, para que haja a harmonia entre o individuo e a sociedade
enquanto o primeiro profissional. Dentro do crescimento do mundo globalizado é natural os
profissionais sofrerem pressão, ou deixar ser levados pela pressão provocada pelo sistema
produtivo. A exigência mercadológica determina novos padrões a cada dia mais
competitivos, deixando-nos muitas vezes sem refletir sobre as ações e decisões que são
tomadas diariamente. Algo que pode ser natural/ético numa empresa, em outra pode não
ser. O profissional deve ser conhecedor das normas que norteiam a sociedade da qual faz
parte a fim de evitar deslizes que prejudiquem a sua imagem e leve à entidade em que atuar
à falência.

O Código de ética profissional Contábil

Em todo o Código de ética do profissional contábil está descrito qual deve ser a
conduta do mesmo nas entidades, tendo em vista que o contabilista possui acesso a
informações confidenciais e valiosas, devendo mantê-las em sigilo, salvo se autorizados ou
legalmente exigida para a liberação de informações do cliente, conforme cita o código de
ética do profissional em seu artigo 2º, II. Nos artigos do referido código encontramos os
pilares a serem seguidos pelo profissional, cabe desde então a integridade moral baseada
nos bons costumes, não bastando somente seguir o código de ética da sua profissão. A
execução do trabalho irá tratar interesses de terceiros e o seu próprio, diante disso, seu

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comportamento ético faz parte de sua vida, pois ele deve ser ciente de seus direitos e
obrigações.

Durante o exercício da profissão, o contabilista se depara com situações em que


sua decisão poderá influenciar na continuidade do patrimônio, bem como provocar prejuízos
à terceiros. O contabilista tem sua profissão regida pelo código de ética de sua classe, mas
também está subordinado às leis constitucionais vigentes no país.

A ética na contabilidade

As constantes transformações no cenário mundial dentro da globalização apresentam


o contabilista como um profissional necessário ao desenvolvimento da sociedade diante do
conhecimento que cumula e das habilidades que traz para as entidades em seu progresso. A
execução de seu trabalho e relevância das informações que possui pede a inserção dos
princípios éticos na formação dos novos profissionais, e um aprofundamento dos já
intitulados.

O desenvolvimento das empresas está atrelado à atuação dos profissionais que


compõem o corpo da mesma, entre eles o contabilista que deve ter a execução de sua
profissão baseada do Código de Ética atestada de probidade e respeito, procurando ter
sempre uma visão que auxilie na interpretação das informações obtidas de forma coerente,
pois a omissão ou distorção pode levar a entidade a prejuízos irreversíveis. As atitudes do
contabilista fazem a diferença na tomada de decisões. Sua conduta interfere no progresso
da entidade em que atua, tendo em vista a velocidade que as informações alcançam, sendo
ferramentas que decidem o futuro da dinâmica da globalização. A interpretação de dados
deixou de ser uma mera ferramenta administrativa, e cabe aos contabilistas fazerem bom
uso delas. Relacionar ética e contabilidade é muito simples, pois ao analisarmos informações
de determinada empresa, cabe ao profissional ter o zelo para com a mesma, utilizando-a
com a merecida consideração a fim de que traga resultados favoráveis.
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O levantamento e estudo das informações são de inteira responsabilidade do
contador, devendo este ter uma conduta responsável e fidedigna. A expansão dos mercados
exige a presença e atuação de profissionais com ações claras e transparentes que evitem
transtornos econômicos de dimensões que acarretem à falência das organizações.

Não precisamos voltar muito não tempo para encontrarmos feridas no código de
ética trabalhadas por empresários com a ajuda de profissionais contabilistas que tinham
conhecimento do código de ética, mas ainda assim não respeitaram. Alguns casos que
ficaram famosos são os que melhores exemplificam as infrações, como Parmalat, Enron,
Lucent, WorldCom, AOL, Merrill Lynch, Banco Panamericano, etc. Nos exemplos citados
houve o papel do contabilista como um dos principais precursores para o desenrolar do
desmoronamento dessas sociedades, fato que acaba por manchar toda uma classe de
profissionais. São casos que faz todos pensarem se estão ou não a salvos de falcatruas dessa
natureza.

Neste trabalho vamos descrever dois dos casos supracitados, apresentando falhas
cometidas por profissionais que certamente conheciam o código de ética que rege a
profissão, no entanto, desrespeitou.

Infrações ao Código de Ética

Parmalat

A Parmalat é uma empresa italiana que surgiu em 1961. Seu crescimento se deu
em parte pelo destaque na produção de leite com o uso do processo UTH 1. A crise que
derrubou a teve início em 1999. Nessa época, a empresa já não ia muito bem, então abriram

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Ultra-high temperature processing (ou UHT) é a esterilização parcial da comida aquecendo-a por um curto
período de tempo (entre 1 e 2 segundos) a mais de 135ºC, temperatura mínima de combate aos micro-
organismos. Aumenta a vida útil do leite para 6 até 9 meses até que seja aberto.
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uma subsidiária, a Bonalt, nas Ilhas Cayman, um paraíso fiscal que garantia sigilo absoluto na
aplicação de recursos: os prejuízos e dívidas eram “repassados” à Bonlat, uma espécie de
“empresa associada”, e excluídos do balanço da Parmalat.

Esse repasse feria a transparência das informações, impedindo que os


investidores conseguissem visualizar a real situação da empresa. Quatro anos mais tarde, a
companhia anuncia publicamente um investimento de 500 milhões de euros no fundo
Epicurum, que era administrado por uma empresa ligada à Parmalat, também com sede nas
Ilhas Cayman. A Standard & Poors, percebeu que o investimento estava um pouco estranho
e reduziu a cotação dos títulos da empresa. As ações começaram a despencar devido à
especulações em torno desse misterioso e vultuoso investimento. Daí, a fim de tranqüilizar a
todos, o grupo resolve apresentar um documento que citava que a empresa tinha cerca de
3,95 bilhoes de euros no Bank of América, nas Ilhas Cayman. No entanto, o banco disse que
o documento era falso.

No caso Parmalat, houve a divulgação de documentos falsificados, art. 3º, XVII,


investimentos fantasmas, maquilagem do balanço fazendo uso de paraísos fiscais. Houve
ainda a falta de transparência no que deveria ter sido exposto ao investidor, levando à um
prejuízo de 14 bilhões de euros.

Segundo o código de ética, o cliente ou empregador deve ser informado desde cedo
se algo ocorrer na empresa, conforme cita o artigo 2º, IV:

“comunicar, desde logo, ao cliente ou empregador, em


documento reservado, eventual circunstância adversa que possa
influir na decisão daquele que lhe formular consulta ou lhe confiar
trabalho, estendendo-se a obrigação a sócios e executores;”

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Banco Panamericano

A principal atuação do Banco Panamericano que é controlado pelo Grupo Silvio


Santos (SS) está voltada para operações de créditos consignados e veículos, sendo o dinheiro
destinado à empréstimos oriundos das carteiras de créditos vendidas para grandes bancos.
O problema que deu início a essa quebra começou quando o Panamericano vendeu carteiras
de créditos para dez instituições bancarias, no entanto não contabilizou parte dessas
operações em seu balanço financeiro. Poucos meses depois na prestação de contas dos
bancos compradores ao Banco Central (BC), constatou-se que os dados não casavam com as
divulgados pelo Panamericano. Após algum tempo, o banco do grupo SS admitiu problemas
na contabilidade, mas ao ser chamado pelo BC, o controlador do banco informou que
desconhecia o problema, mas que iria buscar resolver a questão. Na busca pela obtenção de
recursos, entrou em negociações com o Fundo Garantidor de Crédito (FGC 2). Depois da
negociação o grupo Silvio Santos conseguiu R$ 2,5 bilhões para cobrir o rombo no banco e
deu parte do seu patrimônio como garantia.

No caso do Banco Panamericano, não houve transparência dos dados divulgados,


nem mesmo a fidedignidade dos registros contábeis que deveriam ter sido feitos. Devido à
interferência do FGC o banco resistiu e está se reerguendo do rombo, mas nem sempre o
mesmo acontece com outras entidades.

No banco Panamericano, assim como em qualquer outra entidade o registro contábil


deve ser feito logo na sua ocorrência, respeitando o principio da competência, registrando
as entradas e saídas logo na sua ocorrência, independente do recebimento ou pagamento, a
fim de evitar subavaliação ou superavaliação de ativos e passivos.

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O FGC é um fundo administrado pelos bancos brasileiros para cobrir perdas de correntistas em caso de
quebra de alguma instituição.
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