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Curso de Criminologia

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Apresentação da
Formadora/Tutora
Liliana Sofia Teixeira

Licenciada em Psicologia. Pós graduada na área de


peritagem psicológica penal forense e em avaliação
psicológica forense e assessoria psicológica em direito civil,
familiar e laboral pela Universidade Autónoma de Barcelona.
Experiência internacional (Instituto de Medicinal Legal da
Catalunha e Tribunal regional de Múrcia) e voluntariado
neste âmbito (Comissão de Protecção de Menores e Jovens
em Risco).
Docente convidada na Universidade Fernando Pessoa,
palestra sobre "Mobbing: Assédio Moral no Trabalho”
(2009).
Psicóloga em contexto escolar (2010/2011). Membro
efectivo da ordem dos psicólogos.
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Módulo I – Criminologia e
Enquadramento Teórico

Conteúdos do módulo:

 Criminologia – Enquadramento Teórico


 Conceito, Método e Objecto

 Evolução Histórica da Criminologia

 Importância do estudo da Criminologia

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Objectivo Geral

No final deste módulo, os formandos


deverão ser capazes de:
- Compreender o conceito, o método e
objecto da criminologia.
- Identificar as diferentes teorias e o
contributo dos principais autores ao longo da
sua evolução histórica.
- Reconhecer a importância do estudo da
Criminologia.
O formando deverá dedicar 4 horas de
estudo para este módulo.
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Objectivos Específicos
No final do módulo, os formandos deverão ser
capazes de:

 Especificar o conceito de criminologia;


 Identificar o seu método e objecto;
 Reconhecer o contributo das Escolas clássica
e positivista na evolução histórica da
criminologia;
 Compreender a importância do estudo da
criminologia.
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Criminologia
 Conceito
 Ciência empírica e interdisciplinar que tem
por objecto o crime, o delinquente, a vítima e
o controlo social do comportamento
criminoso;

 que fornece uma informação válida,


contrastada e fiável sobre a origem, dinâmica
e variáveis do crime – contemplando este
como fenómeno individual e como problema
social, comunitário (Garcia-Pablos,2003).
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Criminologia
 Metas
 Descritivas – fornecer informação sobre
a realidade do crime;

 Preventivas – desenvolver programas ou


estratégias de prevenção do crime;

 Interventivas – desenvolver técnicas


orientadas à reinserção e ressocialização
do delinquente.

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Criminologia
 Objecto de estudo
gira em torno de quatro
componentes: Crime

o crime; o delinquente; a
vítima e o controlo social.

Controlo
Criminologia Delinquente
Social

Vítima

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Criminologia
 Método
 Pertence ao âmbito das ciências empíricas
 saber é baseado no real, no verificável e
mensurável

 O método permite distingui-la do Direito


Penal que aborda o saber de forma
puramente normativa - baseado nos valores
(Cusson, 2005).

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Criminologia

Criminologia Direito penal

 Pretende conhecer a  Pretende ordenar/orientar a


realidade realidade

 Baseia-se na observação e  Interpretação das leis e da


experimentação jurisprudência
 Propõe-se a descrever e
explicar os  Visa punir os delinquentes;
comportamentos fazer justiça às vítimas
(delinquentes; vitimas)
 Procura medir os efeitos  Visa determinar sempre a
das políticas concebidas conduta de juízes,
para fazer face ao crime magistrados e policia
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Evolução Histórica da Criminologia
 Escola Clássica
 sistematiza-se todo um conjunto de princípios
que vão consagrar, no campo social, uma nova
filosofia política, que se caracteriza pela
substituição do teocentrismo pelo
antropocentrismo (Dias & Andrade, 1997):

 Individualismo: ao afirmar-se o princípio da


prioridade do indivíduo face ao Estado. O
indivíduo passa de sujeito a cidadão, isto é, do
estado de sujeição ao Estado para o estatuto de
autonomia.

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Evolução Histórica da Criminologia
 Escola Clássica

 Livre arbítrio: refere-se à forma de considerar o


Homem, como um ser racional, que pensa as
suas acções e nas consequências das mesmas - é
capaz de tomar decisões ponderadas.

 Racionalismo: a razão humana como fonte e


critério da verdade e da justiça. Da
fundamentação na lei divina passa-se para a
autonomia e imanência do critério da verdade
teórica e prática da razão humana.

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Evolução Histórica da Criminologia
 Escola Clássica

 Utilitarismo: o direito do Estado determinar as


penas deve ser exercido e limitado pelo critério
da necessidade ou utilidade social.
“É conforme à utilidade ou ao interesse de uma
comunidade o que tenda a aumentar a soma
total do bem-estar dos indivíduos que a
compõem” (Bentham, 1802 citado por Cusson,
2005) - um acto só poder ser considerado “justo”
se contribuir para a felicidade da maioria.

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Evolução Histórica da Criminologia
 Escola Clássica
 Os Fundadores – Beccaria e Bentham
afastam-se das formas de punição usadas no
Antigo Regime - desproporcionadas e
abusivas, para um sentido delimite (Faria &
Agra, 2012), fundamentando-se o princípio
da:
 Proporcionalidade: segundo o qual existe
sempre um mínimo e um máximo de pena
ligeiramente superior às vantagens obtidas
com o crime, que impede a passagem para
delitos mais graves (Faria & Agra, 2012).

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Evolução Histórica da Criminologia
 Escola Clássica

 A obra de Beccaria em 1764 intitulada “Dei


delliti e delle pene” –procurou fundamentar
a legitimidade do direito de punir, bem como
estabelecer os critérios da sua utilidade, a
partir do postulado do contrato social (Dias
& Andrade, 1997)

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Evoluçao Histórica da Criminologia
 Escola Positivista
 Em 1876 – cerca de um século depois do
aparecimento do livro de Beccaria – foi publicada
a obra de Cesare Lombroso “L’Uomo
Delinquente” - inaugurando a escola positiva
italiana (Dias & Andrade, 1997).

 Influenciada pela doutrina de Comte (que


preconiza fundar o conhecimento na experiência
e na observação).

 Defendia o uso do método científico no estudo


da delinquência e da criminalidade.
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Escola Positivista
 Lombroso
 Preocupado com o fenómeno biológico do
crime, Lombroso passou a estudar a figura do
criminoso.
 Para o autor o delinquente é biologicamente
inferior ao não delinquente

atavismo - ideia de evolução inacabada – o


delinquente como portador de marcas de
estádios primitivos da evolução.

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Escola Positivista
 Lombroso
 Através da observação, vai tentar encontrar os
sinais desse atavismo no corpo do delinquente:
entendia conseguir assim retirar a imagem
daquele a quem designou de “criminoso
nato”(Cusson, 2005).
 Ao longo das sucessivas edições da sua obra
“L’Uomo delinquente” a teoria vai-se
transformando :
 acrescentando à tipologia: o criminoso louco;
epiléptico; criminoso por paixão e o criminoso
ocasional (idem).

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Escola Positivista
 Entre os fundadores da escola positiva italiana e
discípulos de C. Lombroso destacaram-se as
teorias de E. Ferri e R. Garófalo, em todos
encontramos o eixo fundamental do positivismo:

 Postulado Determinista e Oposição à ideia


do livre arbítrio:
 o comportamento do individuo encontra-se
determinado, seja nas características
biológicas, psicológicas ou nas condicionantes
sociológicas que o rodeiam:

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Escola Positivista
 Contudo, verificam-se diferenças nas suas
concepções, explicadas em grande medida por
serem oriundos de áreas do saber diferentes
(Dias & Andrade, 1997):

 Lombroso baseava-se nos factores biológicos


ou antropológicos.
 Ferri acreditava que estavam na base
condicionantes sociológicas.
 Garófalo dava especial relevância aos factores
psicológicos.

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Escola Positivista
 Ferri
 Em 1893 estreou uma nova vertente
interpretativa do crime, através da sua obra
fundamental: “Sociologia Criminal” (Nunes,
2010).

 Complexifica a concepção de Lombroso ao


introduzir e privilegiar os factores de
natureza social.

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Escola Positivista
 Ferri
 Propõe uma abordagem multifactorial –
vários grupos de factores contribuem para
o crime:
 Individuais ou antropológicos -
constituição orgânica e psíquica do individuo;
 Físicos ou ambientais - como o cosmos e a
terra;
 Sociais - condições económicas, educação, a
densidade populacional, a religião, entre
outros.

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Escola Positivista
 Garófalo
 Em 1885 publica a obra - “Criminologia” .
 Delito natural - quando se atenta contra os
sentimentos básicos da sociedade (Agra,
2012).
 São sentimentos altruístas, sentimentos de:
probidade - respeito pela propriedade do outro
piedade - respeito pelo bem do outro (idem).

 O delinquente é o individuo que não respeita


estes sentimentos básicos da sociedade / que
não interiorizou o sentido moral comum.

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Criminologia no século XX
 Surgem novas correntes com objectos de estudo
mais abrangentes

 Cusson (2005) indica que é possível distinguir


cinco correntes:
× A criminologia clínica e o estudo das carreiras
criminais - cujo objectivo se centrava no estudo do
delinquente enquanto pessoa, assim como na
evolução do comportamento delinquente desde o
seu aparecimento até ao abandono da carreira
criminal.

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Criminologia no século XX
× A tradição “durkheimiana”: integração social e
anomia – impulsionados pelos contributos de
Durkheim, alguns sociólogos consideraram a
criminalidade como produto de uma desorganização
social: um desenlace social, um desgaste das forças
coercivas das normas sociais, ou indisponibilidade
de oportunidades para alcançar os objectivos
esperados pela sociedade.

× Os conflitos de cultura - muitos criminólogos


consideraram o crime como um comportamento
normativo, aprendido e transmitido aos jovens.
Estudaram ainda a influência exercida pelo grupo
delinquente, aos elementos que o constituem.

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Criminologia no século XX
× A reacção social à desviância –“interaccionismo”,
“sociologia da desviância”, “teoria da etiquetagem”,
“criminologia crítica”, etc.

Defendem que o crime apenas é crime porque existe


uma lei, e que a estigmatização teria como
consequência o aumento da desviância.

× A criminologia do acto e a escolha racional – o


objecto de estudo centra-se no processo de
passagem ao acto delituoso. Assim como no crime
como sendo resultado de escolhas estratégias.

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Para melhor percebermos a teoria
Poderá visualizar o vídeo em inglês, sobre as
teorias clássica e positivista (Dissecting
Neoclassical and Positivistic Theories),
disponibilizado na plataforma de e-learning.

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Importância do Estudo da Criminologia

 A formação teórico-prática e a perspectiva multi,


inter e transdisciplinar sobre o crime possibilitam
saberes e competências necessárias ao pleno
desempenho profissional na área do saber
criminológico.

 De acordo com Silva e Nogueira (2013) os


criminólogos encontram-se aptos a desenvolver
diversas actividades:
 Análise criminológica; Elaboração e planeamento de
políticas criminais; Concepção e execução de programas
de prevenção; Intervenção clínica; Mediação;
Consultadoria em diversas áreas; Concepção de políticas
sociais e penais; Investigação criminal; Segurança
privada; Investigação Científica e Formação e/ou ensino.

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Importância do Estudo da Criminologia

Para melhor perceber este ponto poderá


visualizar a entrevista ao Professor
Hammer R. Dammer, disponível na
plataforma de e-learning.

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Bibliografia
 Braz, J. (2009). Investigação Criminal: a organização,
o método e a prova: os desafios da nova criminalidade.
Coimbra: Almedina

 Cusson, M. (2005). Criminologia (J. Castro, Trad.).


Lisboa: Casa das Letras

 Dias, J. F. & Andrade, M. C. (1997). Criminologia. O


homem delinquente e a sociedade criminógena.
Coimbra: Coimbra Editora

 Dias, T., Faria, R. & Agra, C. (2012). Elementos para


uma História da Criminologia em Portugal. In Agra, C.
(Ed.). A Criminologia: Um arquipélago Insterdisciplinar
(pp. 77-109). Porto: Universidade do Porto editoral
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Bibliografia
 Faria, R. & Agra, C. (2012). A História Epistemológica
da Criminologia. In Agra, C. (Ed.). A Criminologia: Um
arquipélago Insterdisciplinar (pp. 27-62). Porto:
Universidade do Porto editoral

 García- Pablos de Molina, A. (2003). Tratado de


Criminología (3ªEd). Valencia: Tirant lo Blanch

 Le blanc, M., Ouimet, M. & Szabo, D. (2008).Tratado


de Criminologia Empírica. Lisboa: Climepsi

 Nunes, L. (2010). Crime e Comportamentos


Criminosos. Porto: Edições Universidade Fernando
Pessoa

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Bibliografia
 Silva, V. & Nogueira, C. (2013). A pertinência da
formação académica em criminologia para o ingresso
nos órgãos de policia criminal. Revista jurídico-laboral
e técnico-profissional dos investigadores criminais, pp.
130-132. Disponível em
http://apcriminologia.com/pdfs/Artigo_MO.pdf

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