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FACC - FACULDADE CONCÓRDIA

CURSO DE BACHARELADO CIÊNCIAS CONTÁBEIS

MANIFESTAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DOS CREDORES E


VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DE CRÉDITOS NA LEI FALIMENTAR

AGATHA DE LIMA JUNG


LUCIANE SALETE MOCELIN RIBEIRO

CONCÓRDIA - SC
2021

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AGATHA DE LIMA JUNG
LUCIANE SALETE MOCELIN RIBEIRO

MANIFESTAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DOS CREDORES E


VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DE CRÉDITOS NA LEI FALIMENTAR

Versão Única (VU) da dissertação


apresentada ao Curso de Bacharelado em
Ciências Contábeis da Faculdade
Concórdia, como requisito parcial para
obtenção da Nota da disciplina de Direito
Empresarial, ministrada pelo professor
especialista Gustavo dos Santos Bigaton.

CONCÓRDIA - SC
2021

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FACC - FACULDADE CONCÓRDIA
CURSO DE BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS
Disciplina: Direito Empresarial
Professora: Gustavo dos Santos Bigaton
Acadêmicas: Agatha De Lima Jung e Luciane Salete Mocelin Ribeiro CCO102

INTRODUÇÃO

No presente trabalho vamos falar sobre Manifestação e Representação


dos Credores, Verificação e Habilitação de Crédito na lei falimentar. São pontos
abordados, que introduzem a Recuperação Judicial.
Segundo o Código Civil Recuperação Judicial tem por objetivo viabilizar
a superação da crise econômica que envolve em si a empresa. Ferramenta
criada para houver uma negociação entre a devedora e seus credores.
A Manifestação e Representação dos Credores, é processo criado para
viabilizar os principais envolvidos, criada pela lei para ser um órgão de
fiscalização e de deliberação no processo recuperação.
No processo de verificação e habilitação de créditos na lei falimentar,
este, é um dos mais importantes, para poder entender a situação real da
empresa, nomear o administrador judicial, que se pretende, para credores do
empresário, determinará a inclusão no quadro-geral de credores das
habilitações de créditos não impugnadas.
O administrador judicial será responsável, pela consolidação do quadro-
geral de credores, o juiz assinará e determinará que o administrador judicial, a
classificação de cada crédito e a data do requerimento da recuperação judicial
ou da decretação da falência.

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MANIFESTAÇÃO E REPRESENTAÇÃO DOS CREDORES

Serve para resguardar uma proteção, que assegure aos credores a


chance de participar ativamente dos processos de falência e recuperação
judicial, essa participação pode ocorrer por meio de representantes.
Denominado por Assembleia geral de credores:
Nos processos de falência e de recuperação judicial os credores têm
interesses comuns, podendo ser individuais ou em coletividade, para atender
esses interesses vai ser por meio da assembleia geral dos credores.
Representada por reunião dos credores para deliberar sobre matérias do seu
interesse, nos processos de falência e de recuperação judicial.

1. Participantes

Composta pelos credores ao processo, à luz do quadro geral de


credores, ou na falta, será realizada pelo administrador judicial, sem o
administrador no lugar vai ser apresentada pelo devedor.

1.1. Competência

A assembleia tem a competência de expressar a vontade de credores,


sendo assim, a vontade coletiva. Têm competência para deliberar sobre o
pedido de desistência do devedor, formulado após a decisão que deferiu o
processamento da recuperação.

1.2. Convocação

Deliberar sobre os assuntos da sua competência, é essencial que haja a


regular e adequada convocação, entendida como chamamento dos credores
para deliberar.

1.3. Instalação

A assembleia só poderá deliberar se houver um número mínimo de


credores presentes (quórum de instalação).

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1.4. Deliberações

Utilizada para discutir e deliberar as matérias da ordem do dia, são


tomados por votos secretos, levando em conta o valor dos créditos e não o
número de credores, salvo no que tange á aprovação do plano de recuperação
judicial.

1.5. Invalidades

Embora não seja possível invalidar a assembleia pela existência de


decisões posteriores acerca da existência, valor ou classificação de crédito, é
possível que ela seja invalidada por outros motivos.

2. Comitê de credores

É órgão deliberativo, de formação facultativa, composta por


representantes das classes de credores e com função de fiscalizadora, mas
também como de gestão no caso de afastamento da administração.

2.1 Composição

Representado por membros que representam os diversos credores


abrangidos pelos processos de recuperação judicial e falência.
 1 representante dos credores trabalhista, com dois
suplentes;
 1 representante dos credores com diretos reais de garantia
ou privilégios especiais e dois suplentes;
 1 representante indicado pelos credores com privilégio
geral e pelos quirografários com dois suplentes.

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2.2 Constituição

Ao contrário do administrador judicial, que é obrigatório, no comitê não é


essencial para o andamento dos processos de falências e de recuperação
judicial, sua constituição será facultativa.

2.3 Eleição dos membros

Votação feita separadamente em cada classe, levando em conta apenas


o valor do crédito e não números de credores.

2.4 Investidura e funcionamento do comitê

Conforme o art. 33 da Lei 11.101/2005, o juiz, é quem verificar a


ausência dos impedimentos legais, sendo assim, os membros do Comitê de
Credores, logo que nomeados, serão intimados pessoalmente para, em 48
(quarenta e oito) horas, assinar, na sede do juízo, o termo de compromisso de
bem e fielmente desempenhar todas as funções e assumir todas as
responsabilidades a ele inerentes.

2.5 Competência

De modo similar aos conselhos de administração, o comitê de credores


é facultativo, mas, uma vez deliberada sua instalação, ele desempenha papel
de fundamental no processos de falência e recuperação judicial. O comitê de
credores tem uma competência consultiva, sendo ouvida em todo o processo e
também tendo o poder de fiscalizar o andamento do processo.
Ocorrendo a competência genérica, que é apresentar todos os
interesses dos credores.

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2.6 Remuneração

Nos termos expostos pelo art. 29 da Lei 11.101/2005, os membros do


Comitê não terão sua remuneração custeada pelo devedor ou pela massa
falida, mas as despesas realizadas para a realização de ato previsto nesta Lei,
se devidamente comprovadas e com a autorização do juiz, serão ressarcidas
atendendo às disponibilidades de caixa.

2.7 Substituição e destituição dos membros

Conforme dispõe o art. 31 da Lei 11.101/2005, o juiz poderá, de ofício ou


a requerimento fundamentado de qualquer interessado, determinar a
destituição ou substituição do membro do comitê de credores quando verificar
ilegalidade, descumprimento de seus deveres, omissão, negligência ou prática
de ato lesivo às atividades do devedor ou a terceiros.

Nesse sentido, tem-se que o pedido de destituição do membro do comitê


de credores poderá ser feito pelo Ministério Público ou por qualquer
interessado, inclusive a devedora.

2.8 Responsabilidade civil

Nos termos do que dispõe o art. 32 da Lei 11.101/2005, os membros do


Comitê responderão pelos prejuízos por dolo ou culpa, devendo o dissidente
em deliberação do Comitê consignar sua discordância em ata para eximir-se da
responsabilidade. Portanto, que se o ato praticado pelo membro do comitê de
credores, que motivou a sua destituição, também causou prejuízo à devedora,
à massa falida ou a terceiro, esse membro será responsável civilmente pela
reparação do prejuízo (responsabilidade civil).

No caso de falência, somente a massa falida tem legitimidade para


responsabilizar o membro do Comitê pelo dano, não se admitindo que credores
promovam individualmente as ações de indenização contra membro do comitê.

Tratando-se de recuperação judicial, caso algum credor seja prejudicado


pela atuação do comitê de credores, admite-se que atue em nome próprio e

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busque individualmente responsabilizar o membro do comitê, tendo em vista
que inexiste o conceito de massa ou de universalidade de fato aplicável à
recuperação judicial.

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VERIFICAÇÃO E HABILITAÇÃO DE CRÉDITOS NA LEI FALIMENTAR

1. Verificação dos créditos

A verificação dos créditos será realizada pelo administrador judicial, com


base nos livros contábeis e documentos comerciais e fiscais do devedor e nos
documentos que lhe forem apresentados pelos credores, podendo contar com
o auxílio de profissionais ou empresas especializadas.

Esse procedimento é importante para poder compreender a situação real


da empresa, a viabilidade da recuperação e proteger o interesse dos credores.
É somente após a verificação dos créditos que se torna possível constituir o
quadro geral de credores, ou seja, todos os sujeitos que possuem direitos em
relação à empresa recuperada.

2. Habilitação dos créditos

O primeiro passo para a verificação dos créditos é a convocação dos


credores, feita através da publicação de edital por meio eletrônico. A partir daí,
os credores podem enviar diretamente ao administrador as correspondências
de créditos, apontando sua natureza, seu fundamento, seu valor e sua
classificação. Da mesma forma, é possível informar uma discordância ou
divergência acerca do que foi apresentado pelo administrador no edital ou até
mesmo alegar que um determinado crédito não foi contemplado.

Aqueles que se pretendam credores do empresário ou sociedade


empresária deverão apresentar suas habilidades ao administrador judicial o
prazo de 15 (quinze) dias que será contada da publicação do edital de
convocação para todos. Essa publicação será feita preferencialmente na
imprensa oficial, jornal ou revistas de circulação. No edital deverão constar o
local, o horário e o prazo comum em que qualquer credor, o devedor ou seus
sócios ou o Ministério Público terão acesso aos documentos que
fundamentaram a elaboração dessa relação.

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3. Impugnação das habilidades

O administrador judicial, com base nas informações e documentos


colhidos que foram apresentados pelos credores, fará publicar edital contendo
a relação de credores no prazo de 45 (quarenta e cinco) dias, contado do fim
do prazo de 15 (quinze) dias para apresentação pelos credores de suas
habilitações, ou suas divergências quanto aos créditos relacionados.

A impugnação tem natureza jurídica analógica á dos embargos,


observando-se justamente a sua função e o seu efeito é pedido incidente ao
processo sem se confundir, embora obste o seu fluxo comum para que seja
alegada, examinada e julgada uma questão prejudicial ao seu fluxo curso
normal do processo

A impugnação será dirigida ao juiz por meio de petição, instruída com os


documentos que tiver o impugnante, o qual indicará as provas consideradas
necessárias.

 Caso não haja impugnações, o juiz homologará, como quadro-geral de


credores, a relação dos credores constante do edital do administrador judicial,
dispensada a publicação de que trata o art. 18 da Lei 11.101/2005.

Cada impugnação será autuada em separado, com os documentos a ela


relativos, mas terão uma só autuação as diversas impugnações versando sobre
o mesmo crédito.

4. Processamento

Transcorridos o prazo de 5 (cinco) dias, os autos de impugnação serão


conclusos ao juiz, que:

Determinará a inclusão no quadro-geral de credores das habilitações de


créditos não impugnadas, no valor constante da relação de credores. Julgará
as impugnações que entender suficientemente esclarecidas pelas alegações e
provas apresentadas pelas partes, mencionando, de cada crédito, o valor e a
classificação. Fixará, em cada uma das restantes impugnações, os aspectos

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controvertidos e decidirá as questões processuais pendentes. Determinará as
provas a serem produzidas, designando audiência de instrução e julgamento,
se necessário. O juiz determinará, para fins de rateio, a reserva de valor para
satisfação do crédito impugnado.

5. Recurso

Cabe o agravo da decisão que julga a impugnação. É uma deliberação


infeliz em muitos aspectos. Trata-se de decisão que põe termo ao processo de
impugnação e as decisões terminativas, que são impugnações por apelação, já
que se tem decisão por mérito.

Recebido o agravo, o relator poderá conceder efeito suspensivo à


decisão que reconhece o crédito ou determinar a inscrição ou modificação do
seu valor ou classificação no quadro-geral de credores, para fins de exercício
de direito de voto em assembleia geral

6. Habilitações tardias

O prazo para habilitação de créditos, é de 15 dias contando da


publicação do edital que convoca os credores para tanto, conforme artigo 7º,
§1º, da Lei 11.101/05. Os credores que percam tal prazo e não apresentam
tempestivamente, se pedido, não perdem o direito a habilitação, nem ao
recebimento de seus créditos. O artigo 10 da Lei 11.101/05, cuida dessas
habilitações intempestivas.

7. Quadro geral de credores

O administrador judicial será responsável, pela consolidação do quadro-


geral de credores. A respectiva elaboração partirá da relação de pretensos
credores, que é elaborada, a partir das informações que o administrador tem
colhido nos processos de verificações de créditos, bem como em função das
habilitações que tenham sido feitas em 15 dias assinalados para tanto.

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Homologado o quadro-geral, o juiz assinará bem como determinará que
o administrador judicial, também assine, mandando seja juntado aos autos e
publicado no órgão oficial. Mencionará a importância e a classificação de cada
crédito na data do requerimento da recuperação judicial ou da decretação da
falência, será juntado aos autos e publicado no órgão oficial, no prazo de 5
(cinco) dias, contado da data da sentença que houver julgado as impugnações.

8. Retificação do quadro geral de credores

Para apresentar o pedido de retificação do quadro, é necessário


comprovar que existe um dos seguintes aspectos: falsidade, dolo, simulação,
fraude, erro essencial ou documentos ignorados pelo administrador.

Os legitimados a propor essa ação de cunho rescisório são o


administrador judicial, o comitê de credores, qualquer credor ou o
representante do MP. O rito adotado é o comum do CPC e a finalidade é a
exclusão, alteração de classificação e retificação de créditos.

CONCLUSÃO
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Podemos observar que a manifestação serve como proteção, para poder
assegurar os credores para conseguirem participar no processo da falência ou
recuperação, tendo como um dos pontos uma Assembleia, para ser
passivamente ativa em quaisquer andamentos do processo.
A Assembleia geral dos credores, tem por objetivo atender todos os
interesses comuns, representada por reunião dos credores para deliberar sobre
matérias do seu interesse, nos processos de falência e de recuperação judicial.
A verificação dos créditos nada mais é do que realizar um levantamento
dos créditos contra o devedor (talvez ficasse mais completo dizer dos débitos
do devedor), ou seja, do que ele está efetivamente devendo. Esse
levantamento é tarefa do administrador judicial que para cumpri-la deverá ter
por base os documentos que lhe forem apresentados pelos credores, livros
contábeis, documentos comerciais e fiscais do devedor, podendo contar com
auxílio de profissionais ou empresas especializadas. Com base nessas
informações, o administrador fará publicar edital contendo a relação nominal
dos credores legalmente habilitados.

Já a habilitação de crédito consiste no procedimento para admissão de


credores junto ao processo de recuperação judicial ou de falência, após a
primeira verificação de crédito. A habilitação é uma obrigação processual
realiza após a verificação dos créditos, que nasce com o deferimento do
processamento da recuperação judicial ou com a decretação da falência

REFERÊNCIAS

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BRAGA, Afonso Henrique Alves. Comitê de Credores. Comentários
completos à lei de recuperação de empresas e falências. Daniel Carnio
Costa (coord). Curitiba: Juruá, 2015. Volume 1.

CAMPI, Ana Cristina Baptista; MAGRO, Fabricio Passos. Assembleia geral de


credores – convocação, instalação e funcionamento – condução dos
trabalhos – aspectos práticos. Comentários completos à lei de
recuperação de empresas e falências. Daniel Carnio Costa (coord). Curitiba:
Juruá, 2015.

COELHO, Fábio Ulhoa. Comentários à lei de falências e de recuperação de


empresas: direito de empresa. 11. ed., rev., atual. e ampl. São Paulo: Revista
dos Tribunais, 2016.

MOREIRA, Alberto Camiña. Poderes da assembleia de credores, do juiz e


atividade do Ministério Público. Direito falimentar e a nova lei de falências
e recuperação de empresas. Luiz Fernando Valente Paiva (coord). São
Paulo: Quartier Latin, 2005.

TOMAZETTE, Marlon. Curso de direito empresarial. São Paulo: Atlas, 2012.

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