1. O Tribunal de Justiça analisou um caso sobre uma candidata aprovada fora do número original de vagas em um concurso público.
2. Foi reconhecido que a criação de novas vagas durante a validade do concurso combinada à convocação da candidata para exames médicos gera o direito à nomeação.
3. O Tribunal uniformizou o entendimento para que a ampliação das vagas e a convocação para exames vincula a administração pública a nomear o candidato.
1. O Tribunal de Justiça analisou um caso sobre uma candidata aprovada fora do número original de vagas em um concurso público.
2. Foi reconhecido que a criação de novas vagas durante a validade do concurso combinada à convocação da candidata para exames médicos gera o direito à nomeação.
3. O Tribunal uniformizou o entendimento para que a ampliação das vagas e a convocação para exames vincula a administração pública a nomear o candidato.
1. O Tribunal de Justiça analisou um caso sobre uma candidata aprovada fora do número original de vagas em um concurso público.
2. Foi reconhecido que a criação de novas vagas durante a validade do concurso combinada à convocação da candidata para exames médicos gera o direito à nomeação.
3. O Tribunal uniformizou o entendimento para que a ampliação das vagas e a convocação para exames vincula a administração pública a nomear o candidato.
Incidente de Assunção de Competência nº 0021691-75.2017.8.19.0000
Arguente: Exmº. Sr. Desembargador Relator do Mandado de Segurança nº 0056269-98.2016.8.19.0000 Interessados: Ramille da Silva Viana e Exmº. Sr. Prefeito do Município de Campos dos Goytacazes Relator: Des. Marilia de Castro Neves Vieira Des. Elton M. C. Leme (Relator designado para acórdão)
INCIDENTE DE ASSUNÇÃO DE COMPETÊNCIA.
DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. APROVAÇÃO FORA DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTO NO EDITAL. CRIAÇÃO DE NOVAS VAGAS POR LEI SUPERVENIENTE DENTRO DO PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO. MANIFESTAÇÃO INEQUÍVOCA DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA DA NECESSIDADE DE PREENCHIMENTO DO CARGO. EXPECTATIVA DE DIREITO QUE SE CONVERTE EM DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO E POSSE. SEGURANÇA CONCEDIDA. 1. Os precedentes jurisprudenciais do Supremo Tribunal Federal e do Superior Tribunal de Justiça bem delimitam, em termos gerais, a questão de direito, da qual se extrai, por isso mesmo, inegável relevância jurídica a justificar o presente incidente. 2. Constitui entendimento jurisprudencial assente que aquele que foi aprovado dentro do número de vagas previsto no edital do concurso possui direito subjetivo à investidura no cargo. Entretanto, a mera expectativa de direito do candidato aprovado no certame
ELTON MARTINEZ CARVALHO LEME:15384 Assinado em 26/03/2018 16:55:00
Local: GAB. DES ELTON MARTINEZ CARVALHO LEME 113
fora do número de vagas, mas dentro do prazo de validade
do concurso, é convolada em direito subjetivo nos casos de comprovação da necessidade de preenchimento de mais vagas, preterimento da ordem classificatória ou contratação precária para a mesma função, como ocorre na hipótese em exame. 3. O Supremo Tribunal Federal, após reconhecer a existência de repercussão geral da matéria no RE 598.099- RG, julgado sob a relatoria do Ministro Gilmar Mendes e, posteriormente, no julgamento do Tema 784 do Plenário Virtual, reconhecido no RE 837311, consolidou a tese de que “o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: 1 - Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; 2 - Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; 3 - Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos 114
entre as Câmaras deste Tribunal sobre a questão em exame. 5. No caso em análise, a impetrante foi classificada na 46ª posição, em concurso público do Município de Campos de Goytacazes, para o cargo de técnico em farmácia, cujo edital previa inicialmente 13 vagas, sendo o resultado homologado em 18/06/2012. Em 08/05/2012, foram criadas por lei 33 vagas para o referido cargo e em 10/10/2013 mais 55 vagas, num total de 101 vagas, sendo o concurso prorrogado por mais dois anos em 26/05/2014. Apesar de convocada em 11/04/2014 para entrevista, apresentação de documentos e realização de exames médicos, não foi a impetrante nomeada até a presente data. 6. Se, de um lado, a convocação de candidatos fora do número de vagas originalmente previstas no edital constitui critério discricionário da Administração, a depender da necessidade, da conveniência e da oportunidade de provimento de mais cargos surgidos ao longo do prazo de validade do concurso, de outro, no exercício do poder discricionário que ostenta, fica a Administração inequivocamente vinculada ao ato praticado quando manifesta a necessidade de provimento dos cargos por meio da convocação de candidatos para realização de exames médicos e apresentação de documentos previstos no edital. Dessa vinculação, combinada à existência de vagas e de candidatos aptos, extrai-se que a mera expectativa de direito transmuda-se em direito subjetivo líquido e certo à nomeação, posse e exercício, a justificar a concessão da ordem. 7. Assim, para efeito de cumprimento do requisito legal e regimental, 115
entendo que a tese vinculante a ser firmada, extraída dos
limites fáticos e jurídicos delineados pelo mandado de segurança em análise, é a seguinte: “A criação de novas vagas durante o prazo de validade do certame combinada à convocação do candidato para exame médico e/ou apresentação de documentos previstos no edital vincula a Administração Pública, evidencia a necessidade do provimento do cargo e gera o direito à nomeação do candidato aprovado fora do número original de vagas, mas dentro do número posteriormente ampliado de vagas”.
ACÓRDÃO
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Incidente
de Assunção de Competência nº 0021691-75.2017.8.19.0000, julgada na sessão de 08/03/2018, em que figura como arguente o Exmº. Sr. Desembargador Relator do Mandado de Segurança nº 0056269- 98.2016.8.19.0000 e interessados Ramille da Silva Viana e Exmº. Sr. Prefeito do Município de Campos dos Goytacazes.
ACORDAM os Desembargadores que compõem a Seção
Cível do Tribunal de Justiça, por maioria de votos, em conceder a segurança e uniformizar o entendimento por meio da tese jurídica a saber: “A criação de novas vagas durante o prazo de validade do certame combinada à convocação do candidato para exame médico e/ou apresentação de documentos previstos no edital vincula a Administração Pública, evidencia a necessidade do provimento do cargo e gera o direito à nomeação do candidato aprovado fora do número original de vagas, mas dentro do número posteriormente 116
ampliado de vagas”, nos termos do voto do relator designado para o
acórdão.
ACÓRDÃO apresentado em 26/03/2018.
VOTO
Trata-se de Incidente de Assunção de Competência
arguido pelo Desembargador José Roberto Portugal Compasso, relator do mandado de segurança nº 0056269-98.2016.8.19.0000, impetrado por Ramille da Silva Viana em face do Prefeito do Município de Campos dos Goytacazes.
Reconhecida a existência de interesse público no
julgamento em questão e a necessidade de composição de divergência entre as câmaras deste tribunal, passa-se ao julgamento, nos termos do art. 947 do CPC c/c 5º-A, do RITJRJ.
I. Da resolução do caso concreto
Sustenta a impetrante que foi classificada no concurso
público, cujo resultado foi homologado em 18/06/2012, para o cargo de técnico em farmácia na 46ª posição. O edital previa inicialmente 13 vagas, sendo que, em 08/05/2012, foram criadas por lei mais 33 vagas para o referido cargo. O concurso foi prorrogado em 26/05/2014 por mais dois anos e em 10/10/2013 foi publicada nova lei criando mais 55 vagas para o mesmo cargo. Entretanto, até o fim do prazo de validade do concurso foram convocados apenas 34 candidatos para tomar posse. 117
Afirma a impetrante que no dia 11/04/2014 foi
convocada a comparecer na Secretaria de Administração para entrevista e marcação de consulta para apresentação de exames médicos pré- admissionais, tendo sido considerada apta para o exercício da atividade. Contudo, inexplicavelmente, até a presente data, vencida a validade legal do concurso, não foi convocada para assinar o termo de posse. Além disso, mesmo vencida a validade do concurso em 02/07/2016, a prefeita resolveu prorrogar, por decreto, a validade do concurso por mais seis meses, ato que se alega ilegal e que frustra o direito líquido e certo da impetrante à nomeação.
O Município em resposta afirmou que procedeu à
convocação de todos os candidatos selecionados dentro do número de vagas oferecidas no edital e que a convocação de candidatos fora do número de vagas oferecidas no edital não depende somente da existência de vagas, mas também da disponibilidade financeira e orçamentária, da análise da conveniência e oportunidade que cabe ao exclusivamente ao administrador legitimamente eleito. Alegou ainda que o município passa por instabilidade administrativa e financeira em razão da perda de receitas provenientes dos royalties de petróleo, o que impõe necessária reavaliação do orçamento e dos gastos públicos, inclusive com pessoal.
Segundo os princípios da moralidade, da eficiência e da
impessoalidade que regem a Administração Pública, bem como das regras insculpidas nos incisos II, III e IV do art. 37 da Constituição Federal relativamente a concurso público, havendo concurso vigente, as vagas existentes devem ser prontamente preenchidas pelos candidatos 118
regularmente aprovados no certame. A criação, por lei municipal, de
mais vagas, além de atestar inequivocamente a necessidade do respectivo serviço, torna imperiosa o preenchimento das vagas para fazer frente ao serviço declarado necessário e a posse dos candidatos aprovados.
No caso em análise, além da criação de mais vagas no
decorrer do prazo de validade do concurso, houve, conforme demonstrado nos autos, a convocação da candidata ora impetrante para a realização de exames médicos (sendo considerada apta – fls. 67 do anexo) e apresentação de documentos e abertura de conta-salário (fls. 68 do anexo), que configuram atos vinculantes da Administração Pública Municipal e que cristalizam o interesse e necessidade de preencher as vagas criadas durante o prazo de validade do concurso, gerando para a candidata aprovada o direito de ser convocada, nomeada e empossada.
Observe-se que as etapas acima indicadas cumpridas
pela impetrante atendem às etapas 13.3 e 13.10 das normas do concurso, nos exatos termos do edital de convocação, que expressamente consigna (conforme fls. 65), “a necessidade de profissionais no âmbito deste município” e vincula a Administração.
O inequívoco interesse e a necessidade de preencher as
vagas também podem ser extraídos do Decreto Municipal nº 198/2016, de 01/07/2016 que prorrogou por mais seis meses a validade do concurso que já havia sido prorrogado anteriormente, em afronta ao princípio da vinculação ao edital, que previa a prorrogação única pelo período de dois anos, violando o disposto no art. 37, III, da 119
Constituição Federal (“o prazo de validade do concurso público será de
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período”).
Como bem asseverou a douta Procuradoria de Justiça,
“o que se observa no certame objeto deste processo é uma tentativa de perpetuar a validade do concurso de modo a impossibilitar a impetração de Mandados de Segurança”. (fls. 74). “Como ressaltado pela impetrante, vê-se que o prazo final dado pela nova prorrogação “coincide” com o final do mandado eletivo da atual prefeita, o que afastaria a sua responsabilidade para contrações oriundas de concursos abertos durante a sua gestão” (fls. 75).
Por certo, a convocação de candidatos fora do número
de vagas previstas no edital original configura critério discricionário da Administração, a depender da necessidade, da conveniência e da oportunidade de provimento de mais cargos surgidos ao longo da validade do concurso. No entanto, quando a Administração, no exercício do poder discricionário que ostenta, manifesta a necessidade de provimento dos cargos, convocando candidatos para realização de exames médicos e apresentação de documentos previstos no edital, fica inequivocamente vinculada ao ato praticado. Dessa vinculação, surge o direito subjetivo do candidato convocado, à luz da teoria dos motivos determinantes do ato administrativo, caracterizando, no caso, o direito líquido e certo à investidura a justificar a impetração.
Ressalte-se que o ente público municipal não
comprovou a alegada impossibilidade de nomeação decorrente da escassez de recursos, sendo insuficiente a mera alegação de instabilidade administrativa, econômica e financeira do município. Tal 120
alegação, destituída de provas, viola o princípio da proteção da
confiança legítima, o que basta para gerar deveres correlatos para a Administração Pública.
Ademais, o fato de deixar o município transcorrer o
prazo do concurso sem proceder ao provimento dos cargos existentes por aqueles aprovados no certame, dentro das vagas existentes, importa em lesão aos princípios da boa-fé administrativa, da razoabilidade, da lealdade, da isonomia e da segurança jurídica.
Portanto, no caso em exame, diante das circunstâncias
fáticas evidenciadas, a mera expectativa de direito transmuda-se em direito subjetivo líquido e certo à nomeação, posse e exercício, a ser amparado por mandado de segurança, diante da inequívoca vinculação da Administração Pública aos atos que emitidos, combinada à existência de vagas e de candidatos devidamente aptos.
II. Da jurisprudência sobre o tema
A solução proposta acima para o caso concreto encontra
lastro na jurisprudência consolidada do Superior Tribunal de Justiça, conforme exemplificam os seguintes acórdãos:
RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA.
CONCURSO PÚBLICO. CONVOCAÇÃO DOS CANDIDATOS PARA APRESENTAR DOCUMENTOS PARA NOMEAÇÃO. COMPROVADA A EXISTÊNCIA DE VAGAS. ATO ADMINISTRATIVO VINCULADO. 121
INVESTIDURA NO CARGO. DIREITO LÍQUIDO E
CERTO CARACTERIZADO. 1. A publicação de edital convocando os recorrentes para: "(...) tratarem de assunto relacionado ao processo de nomeação nos respectivos cargos efetivos", determinando, inclusive, a apresentação de diversos documentos a esse propósito, faz crer que há cargos vagos, o que, aliás, restou comprovado nos autos, e que a Administração necessita supri-los. Em outras palavras, a Administração obriga-se a investir os recorrentes no serviço público a partir da publicação desse instrumento convocatório, pois vinculada ao motivo do ato. 2. Seguindo a mesma linha de raciocínio, decidiu a eg. Quinta Turma deste Superior Tribunal de Justiça que: "A vinculação da Administração Pública aos atos que emite, combinada com a existência de vagas impõe a nomeação, posse e exercício dos recorrentes nos cargos de Inspetor de Polícia Civil de 1.ª Classe do Estado do Ceará" (RMS 30.110/CE, Relator Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, DJe 5.4.10). 3. Direito líquido e certo dos impetrantes à investidura nos cargos de Inspetor de Polícia Civil de 1.ª Classe do Estado do Ceará. 4. Recurso ordinário a que se dá provimento. (RMS 30.881/CE, Rel. Ministro OG FERNANDES, SEXTA TURMA, julgado em 20/04/2010, DJe 10/05/2010)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO.
CONCURSO PÚBLICO. CANDIDATA APROVADA 122
FORA DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO
EDITAL. SURGIMENTO DE VAGA NA VIGÊNCIA DO CERTAME. EXPECTATIVA DE DIREITO QUE SE CONVOLA EM DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. REEXAME DO CONTEXTO FÁTICO-PROBATÓRIO. SÚMULA 7/STJ. 1. O Superior Tribunal de Justiça adota o entendimento de que o candidato deixa de ter mera expectativa de direito para adquirir direito subjetivo à nomeação para o cargo a que concorreu e foi habilitado, caso se comprove: a) quebra da ordem classificatória, b) contratação temporária para preenchimento de vagas existentes ou c) surgimento de novas vagas, seja por criação de lei ou por força de vacância durante o prazo de validade do certame. 2. O Supremo Tribunal Federal, em julgamento submetido ao rito da repercussão geral (RE 837.311/PI), firmou o entendimento de que a criação de vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. (RE 837.311/PI, Relator Min. Luiz Fux, Tribunal Pleno, Repercussão Geral, DJe de 18.4.2016) 3. In casu, a 123
Corte de origem, soberana na análise de fatos e provas,
consignou as seguintes premissas fáticas: "consoante relatado, trata-se recurso de apelação interposto pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN, em face de sentença que julgou parcialmente procedente a presente ação, determinando que a ré promova a nomeação e a posse da autora no cargo de Técnico- Administrativo, em Educação, Área Médica, Proctologista (Campus Central - Natal). O presente caso versa sobre o direito à nomeação de candidata, aprovada fora do número de vagas previsto no Edital do Concurso, na hipótese de surgimento de vagas e de necessidade do preenchimento dessas vagas. Sobre o tema, a jurisprudência recente entende que apesar de, em princípio, os candidatos aprovados em cadastro de reserva não terem direito subjetivo à nomeação, mas tão somente expectativa de direito, adquirem o direito em caso de haver a comprovação do surgimento de novas vagas, dentro do prazo de validade do concurso, com a consequente necessidade do serviço. (...) No caso, entendo que restaram demonstrados os dois requisitos para que a expectativa de direito se transformasse em direito adquirido à nomeação: o surgimento de novas vagas, dentro do prazo de validade do concurso, e a necessidade de preenchimento. Com efeito, conclui-se pela vaga e pela necessidade pelo teor do Memorando nº 001/2012, de 19 de dezembro de 2012, da Coordenadora do Serviço de Coloproctologia do Hospital Universitário Onofre Lopes (...) Destaque-se, 124
ainda, que o concurso no qual a apelada logrou ocupar
a segunda colocação teve prazo de validade até 26 de julho de 2014. Assim, é possível afirmar que, para suprir os claros existentes em seus quadros funcionais, a Autarquia ora apelante promoveu um concurso público para a contratação de servidores efetivos e, durante o prazo de validade deste, instaurou, mediante ajuste de terceirização com a EBSERH, seleção de empregados públicos para desempenhar as mesmas funções que seriam da autora, ora apelada, aprovada em concurso público anterior, de modo que houve preterição ilegal" (fls. 173-175, e-STJ). 4. É inviável analisar a tese defendida no Recurso Especial, pois inarredável a revisão do conjunto probatório dos autos para afastar as premissas fáticas estabelecidas pelo acórdão recorrido. Aplica-se, portanto, o óbice da Súmula 7/STJ. Precedentes: AgInt no AREsp 910.249/PB, Rel. Ministra Assusete Magalhães, Segunda Turma, DJe 29.11.2016; e REsp 1.671.761/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 30.6.2017. 5. Recurso Especial não provido.(REsp 1681643/RN, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 21/09/2017, DJe 09/10/2017)
ADMINISTRATIVO. MANDADO DE SEGURANÇA.
CONCURSO PÚBLICO. ANALISTA DE FINANÇAS E CONTROLE (AFC). CANDIDATO APROVADO EM CADASTRO DE RESERVA. EXISTÊNCIA DE VAGAS. 125
RE 873.311/PI. REPERCUSSÃO GERAL.
DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA, POR ÓRGÃO DA PRÓPRIA ADMINISTRAÇÃO, DA NECESSIDADE DE NOMEAÇÃO. NÃO OCORRÊNCIA DE ÓBICE ORÇAMENTÁRIO. PREVISÃO EDITALÍCIA DE DISTRIBUIÇÃO DE VAGAS POR ÁREA/CAMPO DE ATUAÇÃO. MODIFICAÇÃO DA PROPORÇÃO NA DISTRIBUIÇÃO DAS VAGAS EXCEDENTES. PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE, DA ISONOMIA E DA VINCULAÇÃO AO EDITAL. VIOLAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. ORDEM CONCEDIDA. 1. O Supremo Tribunal Federal, no julgamento, pelo regime da repercussão geral, do RE 837.311/PI, relator Ministro Luiz Fux, fixou a respeito da temática referente a direito subjetivo à nomeação por candidatos aprovados fora das vagas previstas em edital a seguinte tese: "O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo 126
à nomeação do candidato aprovado em concurso
público exsurge nas seguintes hipóteses: 1 - Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; 2 - Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; 3 - Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima". 2. No caso, o comportamento da Administração denota a inequívoca necessidade de nomeação do Impetrante (a qual decorre do próprio pleito do Excelentíssimo Senhor Ministro de Estado Chefe da Controladoria-Geral da União perante o Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão), não havendo sido demonstrado impedimento orçamentário, o que, se ocorrente, redundaria em um dos óbices para a nomeação do candidato aprovado fora do limite inicial de vagas. 3. O segundo ponto da controvérsia gira em torno da obrigatoriedade, ou não, no que se ao referido ato de ampliação da convocação dos aprovados, da obediência à mesma proporção na distribuição das vagas previstas no Edital do certame, entre as áreas de especialidades e locais de lotação. 4. É incontroverso que, para as vagas adicionais, não houve a mesma proporcionalidade que presidiu a distribuição inicial das vagas, nos termos do anexo do Edital de Abertura, no que diz respeito ao total de vagas por Área/Campo 127
de Atuação. 5. A ampliação do número de vagas, após
a homologação do concurso, deve observar a proporção estabelecida no edital de abertura. A não observância da proporcionalidade, no que diz respeito ao total de vagas por Área/Campo de Atuação, atenta contra alguns dos princípios-chave que regem os concursos públicos: legalidade, isonomia e vinculação ao edital. 6. A discricionariedade diz respeito à convocação dos candidatos excedentes, não aos critérios de distribuição previstos no Edital. Pensar diferente seria inverter a legalidade, admitindo-se que tudo que não seja expressamente proibido será permitido à Administração, quando, em verdade, ela somente pode agir "quando e na forma" em que a lei permite. 7. Todos foram candidatos ao mesmo concurso público e fizeram suas opções (pela área de atuação e local de lotação) levando em consideração as normas editalícias. A alteração da proporção no momento da nomeação dos excedentes mudou as "regras do jogo", o que beneficiou determinados candidatos em detrimento de outros. 8. Houve, ainda, ofensa ao princípio da vinculação ao edital, pois o Edital de Abertura foi claro ao estabelecer determinada proporcionalidade quanto à distribuição por Área/Campo de atuação. Precedentes: MS n. 20.778/DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Primeira Seção, DJe 18/6/2015; MS n. 13.583/DF, Rel. Ministro Og Fernandes, Terceira Seção, DJe 22/3/2013; EDcl 128
no AgRg no REsp n. 1.285.589/CE, Rel. Ministro
Benedito Gonçalves, Rel. p/ Acórdão Ministro Napoleão Nunes Maia, Primeira Turma, DJe 1º/7/2013. 9. Segurança concedida. (MS 21.283/DF, Rel. Ministro OG FERNANDES, PRIMEIRA SEÇÃO, julgado em 14/12/2016, DJe 19/12/2016)
PROCESSUAL CIVIL E ADMINISTRATIVO. AGRAVO
REGIMENTAL NO RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. CONTRATAÇÃO PRECÁRIA. PRAZO DE VALIDADE. PRETERIÇÃO DE CANDIDATO APROVADO NO CERTAME. DIREITO À NOMEAÇÃO E POSSE. MATÉRIA DECIDIDA PELA CORTE. 1. Conforme entendimento firmado por esta Corte, a mera expectativa de nomeação dos candidatos aprovados em concurso público (fora do número de vagas) convola-se em direito líquido e certo quando, dentro do prazo de validade do certame, há contratação de pessoal de forma precária para o preenchimento de vagas existentes, com preterição daqueles que, aprovados, estariam aptos a ocupar o mesmo cargo ou função. 2. Agravo regimental não provido. (AgRg no AgRg no RMS 29.145/RS, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA, QUINTA TURMA, julgado em 16/06/2015, DJe 22/06/2015)
ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO 129
PÚBLICO. CANDIDATO APROVADO FORA DO
NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA NO PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME. EXPECTATIVA DE DIREITO QUE SE CONVOLA EM DIREITO LÍQUIDO E CERTO. 1. A mera expectativa de nomeação de candidato aprovado fora do número de vagas previstas no edital do concurso público convola-se em direito líquido e certo na hipótese de contratação de pessoal de forma precária durante o prazo de validade do certame. Precedentes. 2. Recurso ordinário provido para que seja a recorrente convocada para ocupar o cargo de Analista Educacional - Inspeção Escolar, dando-se posse à mesma, caso cumpridos os demais requisitos legais e editalícios. (RMS 24.354/MG, Rel. Ministro NEFI CORDEIRO, SEXTA TURMA, julgado em 09/06/2015, DJe 18/06/2015).
ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO.
CONCURSO PÚBLICO. CANDIDATO APROVADO FORA DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. EXPECTATIVA DE DIREITO QUE SE CONVOLA EM DIREITO LÍQUIDO E CERTO. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. 1. Cuida-se, na origem, de Mandado de Segurança impetrado pela ora agravada contra ato atribuído ao Secretário de Educação e ao Secretário de Administração do Estado de Pernambuco. 2. Alega a impetrante que tem direito à 130
nomeação imediata para ocupar o cargo de Professor
de Português com exercício no Município de Terra Nova-PE, diante da evidente preterição decorrente da contratação temporária de professores para o exercício do referido cargo. 3. A candidata no Concurso Público realizado ficou em 4º lugar, e havia três vagas. Ficou demonstrado que existiram várias contratações temporárias, inclusive da própria impetrante que foi contratada diversas vezes, de forma precária, como Professora de Português, dentro do prazo de validade do certame, pois houve prorrogação (fls. 63, 118 e 119). 4. O STJ adota o entendimento de que a mera expectativa de nomeação dos candidatos aprovados em concurso público (fora do número de vagas) convola-se em direito líquido e certo quando, dentro do prazo de validade do certame, há contratação de pessoal de forma precária para o preenchimento de vagas existentes, com preterição daqueles que, aprovados, estariam aptos a ocupar o mesmo cargo ou função. 5. Nesse mesmo sentido, o parecer do Parquet estadual, quando afirma que deve ser concedida a segurança, ante a comprovação de contratação temporária de Professor de Português, inclusive da própria impetrante, na respectiva localidade, durante o prazo de validade do certame. 6. Nessa circunstância, a toda evidência, não restam dúvidas de que, dentro do prazo de validade do concurso, a manutenção de contratos temporários para suprir a demanda por Professores de Português pela Administração Pública, na respectiva 131
localidade, demonstra a necessidade premente de
contratação de pessoal, de forma precária, para o desempenho da atividade, o que, diante da nova orientação da Suprema Corte, faz surgir o direito subjetivo do candidato aprovado no certame ainda válido à nomeação. 7. Assim, há direito líquido e certo a ser amparado pelo Mandado de Segurança. 8. Agravo Regimental não provido. (AgRg no RMS 42.717/PE, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, SEGUNDA TURMA, julgado em 24/03/2015, DJe 31/03/2015)
O Supremo Tribunal Federal, após reconhecer a
existência de repercussão geral da matéria no RE 598.099, julgado sob a relatoria do Ministro Gilmar Mendes, entendeu que, em regra, apenas o candidato aprovado entre as vagas previstas no edital de concurso público tem direito líquido e certo à nomeação. Por outro lado, o exercício precário, por meio de provimento de cargo em comissão ou celebração de contrato de terceirização, de atribuições próprias do servidor de cargo efetivo para o qual há vagas e concurso público vigente configuraria preterição dos candidatos aprovados, ainda que em número excedente às vagas inicialmente previstas no edital. Caso comprovado que o número de contratações precárias alcançou a posição ocupada pelo candidato quando da aprovação no respectivo certame, ficaria caracterizada a preterição e garantido o direito subjetivo à nomeação.
Posteriormente, no julgamento do Tema 784 do Plenário
Virtual, reconhecido no RE 837311, o Pleno do Supremo Tribunal Federal fixou a seguinte tese sob a sistemática da repercussão geral: 132
“O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo
concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizada por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado em concurso público exsurge nas seguintes hipóteses: 1 - Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital; 2 - Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação; 3 - Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima.
É oportuno transcrever a ementa do referido julgado, a
saber:
EMENTA: RECURSO EXTRAORDINÁRIO.
CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. 133
REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA. TEMA 784
DO PLENÁRIO VIRTUAL. CONTROVÉRSIA SOBRE O DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO DE CANDIDATOS APROVADOS ALÉM DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL DE CONCURSO PÚBLICO NO CASO DE SURGIMENTO DE NOVAS VAGAS DURANTE O PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO À NOMEAÇÃO. ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS. IN CASU, A ABERTURA DE NOVO CONCURSO PÚBLICO FOI ACOMPANHADA DA DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA DA NECESSIDADE PREMENTE E INADIÁVEL DE PROVIMENTO DOS CARGOS. INTERPRETAÇÃO DO ART. 37, IV, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DE 1988. ARBÍTRIO. PRETERIÇÃO. CONVOLAÇÃO EXCEPCIONAL DA MERA EXPECTATIVA EM DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO. PRINCÍPIOS DA EFICIÊNCIA, BOA-FÉ, MORALIDADE, IMPESSOALIDADE E DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA. FORÇA NORMATIVA DO CONCURSO PÚBLICO. INTERESSE DA SOCIEDADE. RESPEITO À ORDEM DE APROVAÇÃO. ACÓRDÃO RECORRIDO EM SINTONIA COM A TESE ORA DELIMITADA. RECURSO EXTRAORDINÁRIO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. 1. O postulado do concurso público traduz-se na necessidade essencial de o Estado conferir efetividade a diversos princípios 134
constitucionais, corolários do merit system, dentre eles
o de que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza (CRFB/88, art. 5º, caput). 2. O edital do concurso com número específico de vagas, uma vez publicado, faz exsurgir um dever de nomeação para a própria Administração e um direito à nomeação titularizado pelo candidato aprovado dentro desse número de vagas. Precedente do Plenário: RE 598.099 - RG, Relator Min. Gilmar Mendes, Tribunal Pleno, DJe 03-10-2011. 3. O Estado Democrático de Direito republicano impõe à Administração Pública que exerça sua discricionariedade entrincheirada não, apenas, pela sua avaliação unilateral a respeito da conveniência e oportunidade de um ato, mas, sobretudo, pelos direitos fundamentais e demais normas constitucionais em um ambiente de perene diálogo com a sociedade. 4. O Poder Judiciário não deve atuar como “Administrador Positivo”, de modo a aniquilar o espaço decisório de titularidade do administrador para decidir sobre o que é melhor para a Administração: se a convocação dos últimos colocados de concurso público na validade ou a dos primeiros aprovados em um novo concurso. Essa escolha é legítima e, ressalvadas as hipóteses de abuso, não encontra obstáculo em qualquer preceito constitucional. 5. Consectariamente, é cediço que a Administração Pública possui discricionariedade para, observadas as normas constitucionais, prover as vagas da maneira que melhor convier para o interesse da coletividade, como verbi gratia, ocorre quando, em 135
função de razões orçamentárias, os cargos vagos só
possam ser providos em um futuro distante, ou, até mesmo, que sejam extintos, na hipótese de restar caracterizado que não mais serão necessários. 6. A publicação de novo edital de concurso público ou o surgimento de novas vagas durante a validade de outro anteriormente realizado não caracteriza, por si só, a necessidade de provimento imediato dos cargos. É que, a despeito da vacância dos cargos e da publicação do novo edital durante a validade do concurso, podem surgir circunstâncias e legítimas razões de interesse público que justifiquem a inocorrência da nomeação no curto prazo, de modo a obstaculizar eventual pretensão de reconhecimento do direito subjetivo à nomeação dos aprovados em colocação além do número de vagas. Nesse contexto, a Administração Pública detém a prerrogativa de realizar a escolha entre a prorrogação de um concurso público que esteja na validade ou a realização de novo certame. 7. A tese objetiva assentada em sede desta repercussão geral é a de que o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação 136
do aprovado durante o período de validade do certame,
a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato. Assim, a discricionariedade da Administração quanto à convocação de aprovados em concurso público fica reduzida ao patamar zero (Ermessensreduzierung auf Null), fazendo exsurgir o direito subjetivo à nomeação, verbi gratia, nas seguintes hipóteses excepcionais: i) Quando a aprovação ocorrer dentro do número de vagas dentro do edital (RE 598.099); ii) Quando houver preterição na nomeação por não observância da ordem de classificação (Súmula 15 do STF); iii) Quando surgirem novas vagas, ou for aberto novo concurso durante a validade do certame anterior, e ocorrer a preterição de candidatos aprovados fora das vagas de forma arbitrária e imotivada por parte da administração nos termos acima. 8. In casu, reconhece- se, excepcionalmente, o direito subjetivo à nomeação aos candidatos devidamente aprovados no concurso público, pois houve, dentro da validade do processo seletivo e, também, logo após expirado o referido prazo, manifestações inequívocas da Administração piauiense acerca da existência de vagas e, sobretudo, da necessidade de chamamento de novos Defensores Públicos para o Estado. 9. Recurso Extraordinário a que se nega provimento. (RE 837311, Relator(a): Min. LUIZ FUX, Tribunal Pleno, julgado em 09/12/2015, PROCESSO ELETRÔNICO REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-072 DIVULG 15-04-2016 PUBLIC 18- 04-2016) 137
III. Divergência entre as Câmaras deste Tribunal:
Apesar da clareza dos julgados do Superior Tribunal de
Justiça e da tese sob a sistemática da repercussão geral positivada pelo Supremo Tribunal Federal, evidenciou-se o vacilar da jurisprudência deste Tribunal, o que conduziu à admissão do presente IAC.
A favor do direito à nomeação em casos idênticos ou
semelhantes ao aqui analisado, podem ser destacados os seguintes arestos:
APELAÇÃO CÍVEL. MANDADO DE SEGURANÇA.
CONCURSO PÚBLICO. CARGO DE TÉCNICO EM FARMÁCIA. MUNICÍPIO DE CAMPOS DE GOYTACAZES. EDITAL QUE PREVIA 13 VAGAS INICIAIS. APLICAÇÃO DA LEI 8.473/13 QUE AUMENTOU NÚMERO DE VAGAS NA VIGÊNCIA DO CONCURSO. LEI POSTERIOR DE Nº 8.568 DE 12/06/2014 QUE NÃO SE APLICA NA HIPÓTESE, POIS PROMULGADA APÓS A CONVOCAÇÃO DO CANDITATO. APROVAÇÃO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS POR LEI NO PERÍODO DE VIGÊNCIA DO CERTAME. APELANTE CONVOCADA PARA APRESENTAR OS DOCUMENTOS, REALIZAR EXAME MÉDICO E ABRIR CONTA CORRENTE. AUSÊNCIA DE NOMEAÇÃO POSTERIOR. ATO DE CONVOCAÇÃO QUE CONVOLA A MERA 138
EXPECTATIVA EM DIREITO SUBJETIVO À
NOMEAÇÃO. PRINCÍPIOS DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. INTELIGÊNCIA DO ART. 37, CAPUT, DA CF. ATO VINCULADO. PRECEDENTES DO STF. JURISPRUDÊNCIA DO TJRJ. REFORMA DA SENTENÇA. CONCESSÃO DA SEGURANÇA. PROVIMENTO DO RECURSO. (0005855- 88.2015.8.19.0014 - APELAÇÃO - Des(a). MARIA ISABEL PAES GONÇALVES - Julgamento: 22/11/2017 - SEGUNDA CÂMARA CÍVEL).
Direito Administrativo. Município de Campos dos
Goytacazes. Concurso Público. Classificação dentro do número de vagas previsto no edital. Direito subjetivo à nomeação. Apelação desprovida, mantida a sentença no reexame necessário. 1. Tem direito subjetivo à nomeação e à posse candidato aprovado e classificado dentro do número de vagas previstas no edital. 2. Com a publicação do edital que estabelece o número de vagas para o cargo, o ato administrativo de nomeação e posse passa a ser vinculado, criando para a Administração um dever jurídico, pelo que não pode o apelante deixar de nomear a apelada calcado em previsão editalícia. 3. A alegação de diminuição de receita, por não vir devidamente acompanhada da prova, não induz à ocorrência de fato superveniente e imprevisível a obstar a nomeação e a posse da apelada. 4. Apelação a que se nega provimento, mantida a sentença no reexame necessário. (0024472-96.2015.8.19.0014 - APELAÇÃO 139
DIREITO ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE PSICÓLOGO. FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE DE NITERÓI. CRIAÇÃO DE VAGAS E CONTRATAÇÃO IRREGULAR DE TERCEIRIZADOS DURANTE O PRAZO DE VALIDADE DO CONCURSO. PRETERIÇÃO E NECESSIDADE DEMONSTRADAS. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. PRECEDENTE DO TJRJ ACERCA DO MESMO CERTAME. 1. Os candidatos aprovados em concurso público fora do número de vagas previsto no edital, em princípio, têm apenas mera expectativa de direito, que, segundo a jurisprudência dos Tribunais Superiores e desta Corte, convola-se em direito líquido e certo quando, dentro do prazo de validade do certame, há contratação de pessoal de forma precária para o preenchimento de vagas existentes, com preterição daqueles que, aprovados, estariam aptos a ocupar o cargo. 2. Com efeito, restou demonstrado que, durante o prazo de validade do concurso, houve não só a ampliação do número de vagas para o total de 34, como também a contratação de terceirizados para desempenharem atividades inerentes ao cargo de psicólogo. 3. Assim, a preterição dos impetrantes mediante a contratação irregular de 140
terceirizados, durante o prazo de validade do concurso,
não apenas revelou a necessidade e interesse da administração no preenchimento das vagas existentes, como fez surgir o direito líquido e certo à nomeação. NEGATIVA DE PROVIMENTO AO RECURSO. (1027169-51.2011.8.19.0002 - APELACAO / REMESSA NECESSÁRIA - Des(a). MÔNICA DE FARIA SARDAS - Julgamento: 22/03/2017 - VIGÉSIMA CÂMARA CÍVEL).
APELAÇÃO CÍVEL EM MANDADO DE
SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE PROFESSOR II DO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES REALIZADO NO ANO DE 2012. 209 VAGAS DISPONIBILIZADAS, SENDO 79 PARA O CARGO PLEITEADO. CONVOCAÇÃO PARA EXAME MÉDICO E APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS. DECLARAÇÃO DE APTIDÃO PARA O TRABALHO. CRIAÇÃO DE NOVAS VAGAS DENTRO DA VALIDADE DO CONCURSO QUE FORAM OCUPADAS, DESDE 2013, POR CONTRATADOS, A TÍTULO TEMPORÁRIO. SENTENÇA DENEGANDO A ORDEM. IRRESIGNAÇÃO DA IMPETRANTE. A impetrante foi aprovada na 256ª colocação geral e no 4º lugar especificamente para o cargo de Professora II em concurso público realizado pelo Município de Campos dos Goytacazes no ano de 2012 e pleiteia sua imediata nomeação, pois, foi convocada para a realização de 141
exames médicos e apresentação de documentos, tendo
sido considerada apta. Poder discricionário da Administração que se restringe à escolha da quantidade de vagas a serem preenchidas no momento de confecção do edital, devendo, posteriormente, vincular-se às suas cláusulas. Princípio da legalidade e de vinculação ao edital. Direito líquido e certo à nomeação se durante o prazo de validade do concurso, demonstrado o interesse da Administração Pública, se operar contratação precária para o exercício do cargo. Com a publicação do instrumento convocatório a Administração Pública fica obrigada a investir os candidatos convocados, uma vez que se vincula ao motivo do ato, demonstrado seu interesse e necessidade no preenchimento da vaga. Registre-se que embora o Município assevere a impossibilidade de contratação decorrente da escassez de recursos, não comprovou sua alegação. Precedentes do Superior Tribunal de Justiça e desta Corte de Justiça. Direito líquido e certo da impetrante. Recurso CONHECIDO e PROVIDO para reformar a sentença e determinar a nomeação e posse da impetrante no cargo de Professora II do Município de Campos dos Goytacazes. (0024420-03.2015.8.19.0014 - APELAÇÃO - Des(a). CEZAR AUGUSTO RODRIGUES COSTA - Julgamento: 31/10/2017 - OITAVA CÂMARA CÍVEL).
MANDADO DE SEGURANÇA. MUNICÍPIO DE
CAMPOS DOS GOYTACAZES. CONCURSO PÚBLICO 142
PARA O CARGO DE TÉCNICO EM FARMÁCIA.
CRIAÇÃO DE NOVAS VAGAS DURANTE A VALIDADE DO CERTAME, TOTALIZANDO 143 PARA O ALUDIDO CARGO. IMPETRANTE APROVADA EM 87º. EXPECTATIVA DE DIREITO TRANSFORMADA EM DIREITO SUBJETIVO. ATO ADMINISTRATIVO VINCULADO. (0026057-60.2017.8.19.0000 - MANDADO DE SEGURANÇA - Des(a). FLÁVIA ROMANO DE REZENDE - Julgamento: 16/08/2017 - DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL).
Entendimentos divergentes, todavia, podem ser
extraídos dos julgados adiante colacionados:
Apelação Cível. Mandado de Segurança. Concurso
Público. Município de Macaé. Candidata aprovada fora do número de vagas previstas em edital. Mera expectativa de direito à posse, conforme decisão no Recurso Extraordinário nº 598099. Ampliação do número de cargos, mesmo durante o prazo do certame, que não gera automaticamente direito subjetivo à nomeação e posse, conforme tese fixada pelo plenário do STF em sede de repercussão geral no Recurso Extraordinário nº 837311/PI. Preterição não caracterizada. Discricionariedade da Administração. Precedentes do TJRJ. Denegação da ordem que se mantém. Negado provimento ao recurso. (0002126- 41.2017.8.19.0028 - APELAÇÃO - Des(a). CLÁUDIA 143
TELLES DE MENEZES - Julgamento: 21/11/2017 -
QUINTA CÂMARA CÍVEL).
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER. CONCURSO PÚBLICO. MUNICÍPIO DE MACAÉ. CANDIDATA APROVADA FORA DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS NO EDITAL. PEDIDO DE NOMEAÇÃO PARA O CARGO DE FISIOTERAPEUTA. SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. É CEDIÇO QUE A APROVAÇÃO EM CONCURSO PÚBLICO DE CANDIDATO EM CADASTRO DE RESERVA SE CONFIGURA EM MERA EXPECTATIVA DE DIREITO. TODAVIA, ESSA EXPECTATIVA SE FRUSTRA INDEVIDAMENTE SE OS CARGOS PERMANECEM VAGOS E SE CONTRATA PRECARIAMENTE. A MERA CRIAÇÃO DE VAGAS NÃO É SUFICIENTE PARA O ACOLHIMENTO DA PRETENSÃO AUTORAL, JÁ QUE O PREENCHIMENTO DAS NOVAS VAGAS ESTÁ SUJEITO A JUÍZO DE CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. PRECEDENTES DO COLENDO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DO EXCELSO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA ANTERIOR AO PERÍODO DE VALIDADE DO CONCURSO, DO QUAL A AUTORA PARTICIPOU. O EDITAL DO CONCURSO PÚBLICO PRESTADO PELA DEMANDANTE FOI O DE N°01/2012, JÁ O DOCUMENTO RELACIONADO À 144
CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA JUNTADO PELA
DEMANDANTE FOI REGULADO PELO EDITAL DE N° 01/2008. SENTENÇA MANTIDA. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS QUE RESTAM MAJORADOS, EM SEDE RECURSAL, NA FORMA DO DISPOSTO NO ARTIGO 85, §11, DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. RECURSO A QUE SE NEGA PROVIMENTO. (0002302-88.2015.8.19.0028 - APELAÇÃO - Des(a). AUGUSTO ALVES MOREIRA JUNIOR - Julgamento: 07/11/2017 - OITAVA CÂMARA CÍVEL).
AGRAVO DE INSTRUMENTO. PEDIDO DE
ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. CONCURSO PÚBLICO. MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES. CANDIDATA CLASSIFICADA FORA DAS VAGAS OFERECIDAS EM EDITAL. AMPLIAÇÃO DO NÚMERO DE CARGOS POR LEI POSTERIOR À DEFLAGRAÇÃO DO CERTAME. CONVOCAÇÃO DA CANDIDATA E APROVAÇÃO EM EXAME MÉDICO ADMISSIONAL. EXPECTATIVA DE DIREITO. 1- Com relação aos candidatos aprovados fora das vagas que almejam a convocação fundada na existência de cargos vagos, embora não constantes do edital, decidiu a Corte Suprema, no RE 837.311, com repercussão geral reconhecida, que ¿o surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas 145
previstas no edital, ressalvadas as hipóteses de
preterição arbitrária e imotivada por parte da administração, caracterizadas por comportamento tácito ou expresso do Poder Público capaz de revelar a inequívoca necessidade de nomeação do aprovado durante o período de validade do certame, a ser demonstrada de forma cabal pelo candidato¿. 2- Nessa toada, a jurisprudência da Corte Superior vem se posicionando no sentido de que ¿a convocação dos candidatos para a realização de exames médicos e de curso de formação não é motivo suficiente para vincular a Administração Pública em realizar a sua nomeação, uma vez que a convolação da expectativa em liquidez e certeza somente poderia ocorrer no caso de existência de vaga disponível e de efetiva preterição, o que não é o caso dos autos¿ (RMS 42.041/PR). 4- Desprovimento do recurso. (0060270-29.2016.8.19.0000 - AGRAVO DE INSTRUMENTO - Des(a). EDUARDO GUSMÃO ALVES DE BRITO NETO - Julgamento: 11/04/2017 - DÉCIMA SEXTA CÂMARA CÍVEL).
MANDADO DE SEGURANÇA. IMPETRANTE
APROVADO EM 900º LUGAR EM CONCURSO PÚBLICO REALIZADO PELO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, EM 2012, PARA PREENCHIMENTO DE 170 VAGAS PARA O CARGO DE TÉCNICO EM ENFERMAGEM E CADASTRO DE RESERVA. PRORROGAÇÃO DA VALIDADE DO CERTAME. CRIAÇÃO DE NOVAS VAGAS DURANTE 146
A VALIDADE DO CERTAME, QUE TOTALIZARAM
632. ANÁLISE DOS LIMITES DA DISCRICIONARIEDADE ADMINISTRATIVA, QUE NÃO VIOLA A SEPARAÇÃO DE PODERES. O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NA APRECIAÇÃO DO RE 837311/PI, EM SEDE DE REPERCUSSÃO GERAL, FIXOU TESE NO SENTIDO DE QUE QUE "O SURGIMENTO DE NOVAS VAGAS OU A ABERTURA DE NOVO CONCURSO PARA O MESMO CARGO, DURANTE O PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME ANTERIOR, NÃO GERA AUTOMATICAMENTE O DIREITO À NOMEAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS FORA DAS VAGAS PREVISTAS NO EDITAL, RESSALVADAS AS HIPÓTESES DE PRETERIÇÃO ARBITRÁRIA E IMOTIVADA POR PARTE DA ADMINISTRAÇÃO, CARACTERIZADAS POR COMPORTAMENTO TÁCITO OU EXPRESSO DO PODER PÚBLICO CAPAZ DE REVELAR A INEQUÍVOCA NECESSIDADE DE NOMEAÇÃO DO APROVADO DURANTE O PERÍODO DE VALIDADE DO CERTAME". CONTRATAÇÕES TEMPORÁRIAS QUE PARA SEREM CONSIDERADAS PRETERITÓRIAS DEPENDE DE DILAÇÃO PROBATÓRIA, INVIÁVEL EM SEDE DE MANDADO DE SEGURANÇA, QUE DEMANDA PROVA PRÉ- CONSTITUÍDA DAS ALEGAÇÕES. ALÉM DISSO, A IMPETRANTE NÃO DEMONSTRA QUE AS VAGAS OFERECIDAS NO EDITAL E ACRESCIDAS PELAS LEIS POSTERIORES SÃO CAPAZES DE ALCANÇAR 147
SUA COLOCAÇÃO. AUSÊNCIA DE DIREITO
LÍQUIDO E CERTO. DENEGAÇÃO DA ORDEM. (0033222-95.2016.8.19.0000 - MANDADO DE SEGURANÇA - Des(a). INÊS DA TRINDADE CHAVES DE MELO - Julgamento: 26/04/2017 - SEXTA CÂMARA CÍVEL).
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE OBRIGAÇÃO DE
FAZER. CONCURSO PÚBLICO. PROFESSOR II-25 HORAS. MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES. CANDIDATA APROVADA FORA DO NÚMERO DE VAGAS. CRIAÇÃO DE VAGAS POSTERIORES POR LEI. CONCURSO AINDA DENTRO DO PRAZO DE VALIDADE, SENDO RECONHECIDO NESSE CASO À ADMINISTRAÇÃO O MOMENTO EM QUE REALIZARÁ A NOMEAÇÃO E POSSE DOS CANDIDATOS. MATÉRIA OBJETO DE REPERCUSSÃO GERAL PELO E. SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DO RE 598099/MS DE RELATORIA DO MINISTRO GILMAR MENDES. DESPROVIMENTO DO RECURSO. (0042400-60.2015.8.19.0014 - APELAÇÃO - Des(a). ANDRÉ GUSTAVO CORRÊA DE ANDRADE - Julgamento: 01/11/2017 - SÉTIMA CÂMARA CÍVEL).
MANDADO DE SEGURANÇA. DIREITO
ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. IMPETRANTE QUE OBJETIVA SUA NOMEAÇÃO EM CARGO PARA O QUAL FOI APROVADA. 148
SEGURANÇA QUE MERECE SER DENEGADA, POR
NÃO TER SIDO DEMONSTRADO, NA ESPÉCIE, DIREITO LÍQUIDO E CERTO A SER AMPARADO. IMPETRANTE APROVADA NA 58ª COLOCAÇÃO PARA CERTAME CUJO EDITAL PREVIA, TÃO SOMENTE, 14 VAGAS. MERA EXPECTATIVA DE DIREITO À NOMEAÇÃO, SENDO DESINFLUENTE A POSTERIOR AMPLIAÇÃO DO QUADRO DE VAGAS, TENDO EM VISTA QUE O CONCURSO EM QUESTÃO AINDA SE ENCONTRA VÁLIDO. COMO É CEDIÇO, CABE À ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA, DE FORMA DISCRICIONÁRIA, OBEDECENDO AOS CRITÉRIOS DE OPORTUNIDADE E CONVENIÊNCIA E À ORDEM DE CLASSIFICAÇÃO, CONVOCAR OS CANDIDATOS APROVADOS, ATÉ O PRAZO FINAL DE VALIDADE DO CERTAME. PRETERIÇÃO NÃO DEMONSTRADA. SEGURANÇA QUE SE DENEGA. (0056570-79.2015.8.19.0000 - MANDADO DE SEGURANÇA - Des(a). FERNANDO FERNANDY FERNANDES - Julgamento: 16/12/2015 - DÉCIMA TERCEIRA CÂMARA CÍVEL).
MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO
PÚBLICO. DIREITO À NOMEAÇÃO. AFIRMATIVA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO À NOMEAÇÃO A PARTIR DA CONSTATAÇÃO DE QUE A AUTORIDADE COATORA NÃO CONVOCOU TODOS OS APROVADOS E NA EXISTÊNCIA DE 149
SERVIDORES CONTRATADOS EM CARÁTER
TEMPORÁRIO. DECRETO N.º 132/2014 QUE PRORROGOU A VALIDADE DO CERTAME. INEXISTÊNCIA DO DIREITO ALEGADO. DISCRICIONARIEDADE DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA PARA DETERMINAR A NOMEAÇÃO DOS CANDIDATOS APROVADOS CONFORME CRITÉRIOS DE CONVENIÊNCIA E OPORTUNIDADE DA CONVOCAÇÃO DOS APROVADOS DENTRO DO PERÍODO DE VALIDADE DO CERTAME. CONVOCAÇÕES COMPLEMENTARES QUE PRECISAM OBSERVAR AS DISPOSIÇÕES DA LEI N.º 8.294, DE 13/04/2012. AFIRMATIVA DO IMPETRANTE NO SENTIDO DE QUE O MUNICÍPIO NECESSITA DE MAIOR NÚMERO DE FISIOTERAPEUTAS CARECE DE COMPROVAÇÃO, POIS SEQUER HÁ COMO SABER SE A AMPLIAÇÃO DA OFERTA DE VAGAS NÃO VISOU EXPURGAR AS CONTRATAÇÕES TEMPORÁRIAS APONTADAS PELO IMPETRANTE. DENEGAÇÃO DA SEGURANÇA. (0016537-81.2014.8.19.0000 - MANDADO DE SEGURANÇA - Des(a). CARLOS AZEREDO DE ARAÚJO - Julgamento: 04/11/2014 - NONA CÂMARA CÍVEL).
IV. Da tese jurídica emergente do caso concreto (art. 947 do
CPC) 150
Ao analisar a questão atinente ao incidente de assunção
de competência, a eminente relatora positivou que:
Com efeito, um dos mais consagrados dogmas do
moderno Direito Administrativo é o da vinculação da Administração Pública à Legalidade, que na sua compreensão pós-positivista ou atual, se expressa, sobretudo, na submissão dos cometimentos estatais, não apenas às normas positivas, mas igualmente aos princípios jurídicos expressos em nossa Magna Carta.
A Constituição Federal, em seu artigo 37, incisos II e IV,
dispõe que o concurso público é a forma de ingresso em cargo ou em emprego público e que o aprovado no certame deve ter prioridade na convocação, durante o prazo de validade do edital.
Segundo José dos Santos Carvalho Filho (CARVALHO
FILHO, José dos Santos. “Manual de Direito Administrativo”, 25ª edição, Editora Atlas, São Paulo, ano 2012. p. 631), “se o candidato é aprovado no concurso e há omissão ou recusa para a nomeação, ainda que comprovado que a Administração, por incompetência ou improbidade, providenciou recrutamento por meio de contratação precária para exercer as mesmas funções do cargo para o qual o candidato foi aprovado, passa este a ter direito subjetivo à nomeação. Tal direito derivaria da constatação de que o Poder Público tem a necessidade 151
da mão de obra, que não pode ser suprida por
contratação precária se existem aprovados em concurso para esse mister”. (grifamos)
Assim, ao iniciar um processo seletivo, a Administração
Pública manifesta intenção e necessidade de preencher determinados cargos públicos. Ainda que o Poder Público não possa estimar, de forma precisa, a demanda de mão de obra, quando comprovada a existência de vagas e a necessidade de pessoal, patente o direito do candidato aprovado em concurso público, mesmo que fora do número de vagas, à nomeação.
Incumbe à Administração, no âmbito de sua
discricionariedade, avaliar de forma racional e eficiente, a conveniência e a oportunidade de novas convocações, durante a validade do certame. Porém, essa discricionariedade deve ser exercida legitimamente.
E isto ocorre, porque o candidato aprovado não pode
ficar refém de condutas da Administração, que, em não raras vezes, deixa escoar deliberadamente o prazo de validade do concurso. Portanto, se o Poder Público decide preencher, de forma imediata, determinadas vagas, por meio de edição de lei, mesmo que o certame anterior ainda não tenha expirado a validade, surge o direito subjetivo à nomeação do candidato aprovado fora do número de vagas. 152
A Súmula nº 15 do E. Supremo Tribunal Federal,
juntamente com o artigo 37, IV, da Constituição Federal, garantem a prioridade dos aprovados, enquanto perdurar a vigência do concurso público. Eventual preterição do candidato aprovado por edição de lei municipal, caracterizaria ofensa aos referidos dispositivos bem como aos princípios da impessoalidade, eficiência, moralidade e da proteção da confiança.
Portanto, demonstrada a existência de vagas e a
necessidade de serviço, não pode a Administração deixar transcorrer o prazo de validade, a seu bel prazer, para nomear outras pessoas que não aquelas já aprovadas em concurso válido.
(...)
Neste diapasão, o direito de nomeação decorre da
exceção decorrente do surgimento de novas vagas.
A promulgação de leis municipais, durante a validade
do certame, criando cargos idênticos aqueles objeto de concurso público, no claro intuito de proceder a preterição de candidatos aprovados fora das vagas, é procedimento arbitrário e imotivado do administrador municipal, que vai de encontro aos princípios constitucionais. 153
Nesse caso, deixa de existir a discricionariedade da
Administração Pública de nomear o candidato aprovado fora do número das vagas do edital, a partir do momento em que o Poder Público demonstra a intenção de preencher vagas abertas e sua consequente necessidade de pessoal.
Impõe a prevalência do princípio da segurança jurídica
na ponderação dos valores em questão, tendo-se por ilegal o ato omissivo da Administração que não assegurou a nomeação de candidatos aprovados e convocados por Edital para dar início ao processo de investidura.
Segundo os princípios da moralidade e da
impessoalidade, que regem a Administração Pública, bem como da regra prevista no art.37, II da Constituição Federal, havendo concurso vigente, as vagas criadas deveriam ser prontamente preenchidas de acordo com candidatos aprovados no certame.
Demais disso, a criação de novas vagas atesta a
necessidade do serviço, o que torna imperiosa a posse dos aprovados, no concurso, pois inexistindo necessidade do serviço nenhuma razão haveria para a criação de novos cargos.
Desse modo, o surgimento de vagas no decorrer do
154
prazo de validade do concurso, gera para ao candidato
aprovada o direito de ser convocado.
Ao editar uma lei ampliando o número de vagas, a
edilidade externou a necessidade dessa quantidade de profissionais para o atendimento das necessidades de sua população.
No entanto, o Município preferiu manter a contratação
de servidores em caráter precário, sem a realização de concurso público, violando, além das regras e princípios já mencionados, o princípio da eficiência, na medida em que a qualidade dos serviços prestados por profissionais não submetidos a concurso não está comprovada por critérios objetivos, resultando em prejuízo aos munícipes.
Diante disso, a mera expectativa de direito se
transforma em direito subjetivo líquido e certo à nomeação.
Nesse diapasão, na forma do artigo 947, § 3º, do
Código de Processo Civil, é de se uniformizar o entendimento acerca da seguinte tese jurídica:
“A PROMULGAÇÃO DE LEI, AMPLIANDO O
NÚMERO DE VAGAS A CARGO OBJETO DE CONCURSO PÚBLICO, AINDA DENTRO DO PRAZO DE VALIDADE, CRIA, AO CANDIDATO 155
APROVADO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS
AMPLIADAS, DIREITO SUBJETIVO À NOMEAÇÃO”. (grifamos)
Todavia, ousei divergir da douta relatora quanto à
delimitação da tese a ser extraída do presente IAC, por entender que o comando vinculante proposto conflita com o entendimento do Supremo Tribunal Federal, fixado em regime de repercussão geral, ou seja, que “O surgimento de novas vagas ou a abertura de novo concurso para o mesmo cargo, durante o prazo de validade do certame anterior, não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital (...)”. Isto porque a expressão “ampliação do número de vagas” proposta pela eminente relatora parece equivaler à expressão “surgimento de novas vagas” utilizada pelo Supremo Tribunal Federal, que, conforme já visto, “não gera automaticamente o direito à nomeação dos candidatos aprovados fora das vagas previstas no edital”. Neste ponto, é possível entender que as “vagas ampliadas”, que são “vagas novas”, não beneficiariam automaticamente os candidatos aprovados que excederem o número de vagas originalmente previsto no edital, mesmo que este número tenha sido alterado no prazo de validade do concurso, prevalecendo, nessas circunstâncias, a discricionariedade da Administração para prover os respectivos cargos.
Assim, para efeito de cumprimento do requisito legal e
regimental, entendo que a tese a ser firmada, extraída dos exatos limites fáticos e jurídicos delineados pelo mandado de segurança em análise, que explicita, em termos concretos, a “preterição arbitrária e imotivada 156
por parte da administração” exigida pelo núcleo da decisão do
Supremo Tribunal Federal já referida, é a seguinte:
“A criação de novas vagas durante o prazo de
validade do certame combinada à convocação do candidato para exame médico e/ou apresentação de documentos previstos no edital vincula a Administração Pública, evidencia a necessidade do provimento do cargo e gera o direito à nomeação do candidato aprovado fora do número original de vagas, mas dentro do número posteriormente ampliado de vagas.”
Por tais fundamentos, voto no sentido de conceder a
ordem, para determinar que, no prazo de dez dias, a contar da entrega de todos os documentos exigidos pelo edital, o impetrado proceda a nomeação e posse da impetrante no cargo de Técnica em Farmácia, sob pena de multa mensal de R$ 10.000,00 (dez mil reais) até o efetivo cumprimento da obrigação. Isenção da municipalidade ao pagamento das custas judiciais, tendo em vista a gratuidade de justiça concedida à impetrante a fls. 23, por não se tratar de reembolso, de acordo com o inciso IX c/c o § 1º, do art. 17, da Lei nº 3.350/99. Condena-se o Impetrado no pagamento taxa judiciária, nos termos da Súmula 145 deste Tribunal, deixando-se de condená-lo nos honorários advocatícios, em observância ao art. 25 da Lei nº 12.016/2009.
Estabelece-se, sob o regime previsto para o Incidente de
Assunção de Competência (art. 947 do CPC e art. 5º-A do Regimento Interno deste Tribunal) a seguinte tese: 157
“A criação de novas vagas durante o prazo de
validade do certame combinada à convocação do candidato para exame médico e/ou apresentação de documentos previstos no edital vincula a Administração Pública, evidencia a necessidade do provimento do cargo e gera o direito à nomeação do candidato aprovado fora do número original de vagas, mas dentro do número posteriormente ampliado de vagas.”