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Direito Aplicado à Informática

Brasília-DF.
Elaboração

Anderson Soares Furtado Oliveira

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
PROPRIEDADE INTELECTUAL.................................................................................................................... 9

CAPÍTULO 1
NOÇÕES DE PROPRIEDADE INTELECTUAL................................................................................... 9

CAPÍTULO 2
DIREITOS AUTORAIS.................................................................................................................. 16

CAPÍTULO 3
DIREITOS MORAIS E PATRIMONIAIS DO AUTOR.......................................................................... 19

UNIDADE II
PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE............................................................................................ 25

CAPÍTULO 1
ASPECTOS LEGAIS DO SOFTWARE......................................................................................... 25

CAPÍTULO 2
DO REGIME DE PROTEÇÃO JURÍDICA AO PROGRAMA DE COMPUTADOR NO BRASIL............... 31

CAPÍTULO 3
RELAÇÃO DE TRABALHO E PROTEÇÃO AO SOFTWARE............................................................ 37

CAPÍTULO 4
O SOFTWARE COMO OBJETO DE CONTRATAÇÃO................................................................... 41

CAPÍTULO 5
SOFTWARE LIVRE..................................................................................................................... 47

CAPÍTULO 6
SOFTWARE PROPRIETÁRIO....................................................................................................... 50

UNIDADE III
PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET.............................................................................................. 52
CAPÍTULO 1
DIREITO AUTORAL NA INTERNET............................................................................................. 52

CAPÍTULO 2
CONFLITOS DE NOMES DE DOMÍNIO...................................................................................... 58

UNIDADE IV
PROPRIEDADE INTELECTUAL E BANCO DE DADOS................................................................................. 68

CAPÍTULO 1
PROTEÇÃO À PROPRIEDADE INTELECTUAL DO BANCO DE DADOS........................................... 68

UNIDADE V
PIRATARIA............................................................................................................................................. 72

CAPÍTULO 1
COMBATE À PIRATARIA............................................................................................................ 72

PARA (NÃO) FINALIZAR...................................................................................................................... 75

REFERÊNCIA..................................................................................................................................... 77
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos


conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos
da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional
que busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-
tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de Estudos
e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Praticando

Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer


o processo de aprendizagem do aluno.

6
Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Exercício de fixação

Atividades que buscam reforçar a assimilação e fixação dos períodos que o autor/
conteudista achar mais relevante em relação a aprendizagem de seu módulo (não
há registro de menção).

Avaliação Final

Questionário com 10 questões objetivas, baseadas nos objetivos do curso,


que visam verificar a aprendizagem do curso (há registro de menção). É a única
atividade do curso que vale nota, ou seja, é a atividade que o aluno fará para saber
se pode ou não receber a certificação.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A Propriedade Intelectual vem sendo abordada à vista das perplexidades qua a cercam,
principalmente a partir do advento da era digital e, especialmente, da internet.

O conceito de propriedade intelectual firma-se quando o autor ou o criador do novo bem


determina, dentro de limites socialmente aceitos e legalmente protegidos, as condições
sob as quais o bem pode ser usado por terceiros.

Neste Caderno, procuraremos abordar algumas dessas perplexidades. O assunto é


denso, dinâmico e controvertido, daí a importância de debater e entender o tema de
forma bem ampla, considerando que a guerra entre a tecnologia e copyright atingiu
níveis desconhecidos.

Bons estudos!

Objetivos
»» Apresentar os conceitos, natureza e classificações da propriedade
intelectual;

»» Considerar os aspectos jurídicos da propriedade intelectual frente à


tecnologia;

»» Refletir sobre as principais diferenças entre o software livre e proprietário;

»» Ponderar sobre a importância do combate à pirataria para o desenvolvimento


intelectual da sociedade.

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PROPRIEDADE UNIDADE I
INTELECTUAL

CAPÍTULO 1
Noções de Propriedade Intelectual

Liberdade é o direito de fazer tudo aquilo que as leis permitem.

Barão de Montesquieu

Por definição da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (órgão autônomo


das Nações Unidas, criado em 1967), propriedade intelectual consiste na soma dos
direitos relativos às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas
intérpretes e às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e às emissões de
radiodifusão, às invenções em todos os domínios da atividade humana, às descobertas
científicas, aos desenhos e modelos industriais, às marcas industriais, comerciais e de
serviço, bem como às firmas comerciais e denominações comerciais, à proteção contra
a concorrência desleal e todos os outros direitos inerentes à atividade intelectual nos
domínios industriais, científico, literário e artístico.

Propriedade Intelectual é definida como a proteção legal conferida às criações


da mente: invenções, trabalhos literários e artísticos, símbolos, nomes, imagens
e desenhos usados no comércio.

Esse monopólio temporário concedido pelo Estado, que abrange todas as áreas do
conhecimento humano, objetiva assegurar ao autor uma participação financeira e
moral como compensação a sua dedicação, em face daquele que faz uso da obra de
sua criação. Ele tem o direito de usar, gozar, dispor e reaver a posse de quem a tem
indevidamente. No entanto, o autor pode autorizar sua utilização sem ônus.

A propriedade intelectual consiste em salvaguardar o criador, incentivar as inovações e


a utilização dessas novas descobertas em prol da sociedade como um todo. Em suma, é
um instituto jurídico em desenvolvimento.
9
UNIDADE I │ PROPRIEDADE INTELECTUAL

Como ensina Rosário (2001, p. 51) sobre suas características precípuas:

Fundamentalmente, a PI está baseada em dois aspectos: (i) o aspecto


moral que visa a resguardar e reconhecer a figura do autor; (ii) o aspecto
econômico que dá a garantia aos detentores da propriedade intelectual,
a exclusividade e a concorrência leal, propiciando a exploração
econômica desses bens com vistas a beneficiar a sociedade.

O Direito da Propriedade está inserido no Direito Comercial que, por sua vez, é espécie
do gênero Direito Civil. Cabe acrescentar, com Simon (2006, p. 03) que esse ramo do
Direito vem sofrendo profundas alterações em razão do desenvolvimento da tecnologia,
ou seja:
[...] a questão da proteção à propriedade intelectual transformou-se
numa verdadeira corrida entre a legislação e a tecnologia. À medida
que o progresso da tecnologia amplia as facilidades de fazer cópias, a
legislação é alterada para levar em conta a nova realidade tecnológica.
Quanto à segunda dificuldade, a lei define exceções e restrições à
aplicação do copyright procurando manter um equilíbrio entre os
interesses do autor, ou do seu representante e da sociedade. Caem nesta
categoria as disposições de fair use e limitação temporal dos direitos
exclusivos, restritos apenas à primeira venda, no caso da tradição
americana. Estas limitações tem a finalidade de preservar a função
social da cópia e de garantir a disseminação da produção intelectual em
situações em que o valor econômico imediato em jogo é relativamente
pequeno (caso das ciências, por exemplo).

Vale à pena trazer à luz a observação de Varella e Marinho (2005, p. 136):

Propriedade intelectual tornou-se um dos assuntos mais importantes no


Direito Econômico Internacional e nas negociações multilaterais. O foro
principal é a Organização Mundial de Comércio. Estados Unidos, Japão,
Reino Unido, Alemanha, França e Países Baixos são os mais inovadores
em tecnologia. Eles contribuem para que a lei de propriedade intelectual
mundial seja um sistema rígido. Assim, eles criam dificuldades para que
outros países se tornem capazes de adaptar as tecnologias de outros e as
reproduzam para competir em mercados livres.

Cumpre mencionar os artigos da Constituição Federal relacionados à propriedade


intelectual:
Art. 1o A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel
dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
Democrático de Direito e tem como fundamentos:

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PROPRIEDADE INTELECTUAL│ UNIDADE I

(...)

IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;

Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer


natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes
no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à
segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

(...)

IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;

(...)

IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de


comunicação, independentemente de censura ou licença;

(...)

XXIX – a lei assegurará aos autores de inventos industriais privilégio


temporário para sua utilização, bem como proteção às criações
industriais, à propriedade das marcas, aos nomes de empresas e a
outros signos distintivos, tendo em vista o interesse social e o
desenvolvimento tecnológico e econômico do País;

(...)

XXVII – aos autores pertence o direito exclusivo de utilização,


publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos
herdeiros pelo tempo que a lei fixar;

XXVIII – são assegurados, nos termos da lei:

a) a proteção às participações individuais em obras coletivas


e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive nas atividades
desportivas;

b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das


obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos
intérpretes e às respectivas representações sindicais e associativas;

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho


humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:

IV – livre concorrência; (destacamos)

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UNIDADE I │ PROPRIEDADE INTELECTUAL

Observados os preceitos constitucionais podemos concluir o seguinte:

»» Há liberdade de expressão intelectual.

»» É vedado o anonimato.

»» É direito do autor utilização, publicação ou reprodução de sua obra.

»» Há participações individuais em obras coletivas.

»» Há proteção à criações inovadoras.

»» Há repressão à concorrência desleal.

»» Há proteção à propriedade intelectual visa:

›› ao interesse social do país;

›› a favorecer o desenvolvimento tecnológico do país;

›› a favorecer o desenvolvimento econômico do país.

Já o Código Civil em seu art. 524, garante direitos aos proprietários nos seguintes
termos: “a lei assegura ao proprietário o direito de usar, gozar e dispor de seus bens, e
de reavê-los do poder de quem quer que, injustamente, os possua.”

Legislação Brasileira que trata sobre a Propriedade Intelectual:

»» Lei sobre Propriedade Intelectual (Lei no 9.279/9196)

»» Propriedade Industrial (Lei no 9.279/1996 e Lei no 10.196/2001)

»» Direito de Autor (Lei no 9.610/1998)

»» Software (Lei no 9.609/1998)

»» Regulamenta a Lei de Software (Decreto no 2.556/1998)

»» Lei de Cultivares ou Variedades de Plantas (Lei no 9.456/1997)

»» Topografia de Circuitos Integrados (MP no 352 de 22/1/2007)

Para melhor compreensão, a Lei sobre Propriedade Intelectual (LPI) é dividida em duas
classes: direito autoral (que são as nomenclaturas normalmente atribuídas à lista
de direitos concedidas aos autores de obras intelectuais, ou seja, literárias, artísticas
ou científicas) e propriedade industrial (é a área da propriedade intelectual que
regula a proteção dos direitos dos autores de criações inovadoras, modelos de utilidade,
marcas de fábrica ou serviço, indicações geográficas, desenhos ou modelos industriais,

12
PROPRIEDADE INTELECTUAL│ UNIDADE I

nome comercial e indicações de proveniência ou denominações de origem, bem como a


repressão da concorrência desleal).

Contudo, atualmente não está pacificada a classificação dos tipos de propriedade


industrial. No Brasil, por exemplo, a proteção ao software é regulado pela legislação
que trata sobre os direitos autorais. Parece-nos mais sensata a distinção em três tipos
de propriedade intelectual:

»» Propriedade Industrial – patentes de invenções e modelos de utilidade,


marcas, desenho industrial, indicações geográficas e concorrência desleal.

»» Direito de Autor e Direitos Conexos – obras literárias, obras


musicais, obras artísticas, obras arquitetônicas, softwares e nomes de
domínios da Internet.

»» Proteção Sui Generis – proteção de cultivares, conhecimentos


tradicionais e topografia de circuitos integrados.

Considerando legislação pátria, a classificação da propriedade intelectual quanto à


natureza do objeto, para Rosário (2007, p. 53) são:

I. Propriedade Industrial compreende criações de caráter industrial


ou comercial, referentes a invenções e desenvolvimentos técnicos e
tecnológicos, que admitem maior eficiência e produtividade nas atividades
industriais. A propriedade industrial surge a partir de um registro ou
depósito perante o órgão governamental encarregado, no caso do Brasil,
o Instituto de Propriedade Industrial – INPI. A propriedade industrial
abrange patente, desenho industrial, marca, indicação geográfica, segredo
de negócio, entre outros, abordados ao longo desse capítulo.

II. Patente é a proteção legal, temporária, concedida pelo Estado ao


inventor ou ao seu titular. Tal proteção impede o uso, a produção ou a
realização de qualquer atividade comercial, realizada por terceiros, sem
o consentimento do detentor da patente, em relação ao bem intelectual
protegido. Por outro lado, o inventor ou o titular da patente deve
descrever o conhecimento abrangido pelo bem patenteado para acesso
ao público. Quanto ao escopo, a proteção pode ser uma (i) Patente de
invenção que é uma proteção concedida a um bem tecnológico – podendo
ser um produto ou serviço – que atenda às características de novidade,
atividade inventiva (representa uma transformação qualitativa do estado
de técnica) e aplicação industrial. Ou, ainda, uma (ii) Patente de modelo
de utilidade, na qual a proteção temporária é concedida ao objeto de uso

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UNIDADE I │ PROPRIEDADE INTELECTUAL

prático, ou parte deste, apto para aplicação industrial que apresente nova
disposição ou forma, que envolva ato inventivo, cujo resultado seja uma
melhoria funcional em seu uso ou em sua fabricação.

III. Desenho Industrial é a proteção legal, por um prazo determinado,


como registro, concedido à forma plástica ornamental de um objeto ou
conjunto ornamental de linhas e cores que possa ter sua aplicação em um
produto, que propicie resultado novo e original na configuração externa
e que possa ter sua fabricação industrializada.

IV. Marca é o registro legal de proteção de sinais distintivos e visualmente


perceptíveis que confere a seu titular o uso exclusivo, em seu ramo de
atividade, para que possa se distinguir o produto ou serviço idêntico ou
afim, diante dos consumidores do bem comercializado.

V. Indicação Geográfica é o direito de usar, despachar em embalagens


e rótulos de bens e serviços de uma determinada região conhecida, por
parte de determinados habitantes. Tal direito faz com que seja proibida
a utilização da renomada procedência, por parte de habitantes de locais
diversos.

VI. Segredo de Negócio é o conjunto de conhecimentos técnicos e


informações estratégicas, relativas a um produto, processo e método de
produção ou de negócio que leve à aquisição de algum benefício para seu
usuário, que seja mantido em segredo e, também não seja divulgado.
Esse tipo de proteção é também denominado como segredo de fábrica.

VII. Direito Autoral consiste em direito exclusivo do criador de obras


literárias ou artísticas originais, como livros, desenhos, fotografias,
composições musicais, gravações, filmes e abrange os direitos conexos
– direito de intérpretes, executantes, produtores fonográficos e
radiodifusão. Esse direito é concedido pelo Estado.

VIII. Programa de Computador é o registro legal baseado no direito do


autor, para a expressão de um conjunto de instruções que pode ser
em linguagem natural ou codificada. Essa proteção pode ser isolada
ou mesmo quando estiver incorporado a um hardware como software
integrado, pois o meio físico em que se encontra o programa não afeta a
sua proteção.

IX. Nome de Domínio significa o registro de nomes e palavras que as


empresas designam para seus endereços registrados de sites na Web.

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PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE │ UNIDADE II

X. Cultivar protege a propriedade intelectual por concessão de certificado


melhorista – pesquisador, pessoa física ou jurídica – que é definido como
a variedade de qualquer gênero ou espécie vegetal superior claramente
distinguível de outros cultivares conhecidos por margem mínima de
descritores, por denominação própria, que seja homogênea e estável
quanto aos descritores, por meio de gerações sucessivas e seja de espécie
passível de uso pelo complexo agroflorestal, descrita em publicação
especializada disponível e acessível ao público, bem como a linhagem
componente de híbridos.

15
CAPÍTULO 2
Direitos Autorais

Se a natureza produziu uma coisa menos suscetível de propriedade exclusiva


que todas as outras, essa coisa é a ação do poder de pensar que chamamos de
ideia, que um indivíduo pode possuir com exclusividade apenas se mantém para
si mesmo.
Thomas Jefferson

Direito autoral, também denominado direitos de autor, são os títulos comumente


atribuídos à relação de direitos deferidos aos autores de obras intelectuais (literárias,
artísticas ou científicas). Existem os denominados Direitos Conexos aos Direitos
Autorais que abrangem produtores de fonogramas, artistas intérpretes, produtos de
rádio e televisão. No Brasil, e em boa parte do mundo, o programa de computador
(software) é regulado pela proteção legal dos Direitos do Autor.

Conforme Blum e Abrusio (2003, p. 291): “O sujeito do direito autoral é o autor ou o titular
da autoria de obra intelectual – o escritor, o compositor, o artista plástico, o desenhista,
o fotógrafo, o web designer etc.”

A proteção legal independe do registro da obra, surgindo o direito apenas com a


exteriorização da criação da obra intelectual, ou seja, tomando um corpo físico num
livro, cd, dvd, desenho etc., conforme dispõem de maneira exemplificativa os artigos 7o,
8o, 9o e 10o da Lei no 9.610/1998.

Todavia, as melhores práticas orientam, no sentido de registrar as obras, com o objetivo


de resguardar os seus direitos frente a um litígio; o registro poderá ser feito no Brasil,
junto a instituições como: Biblioteca Pública, Escola de Belas-Artes e Escola de Música.
Cumpre ressaltar que os Direitos Autorais resguardam os direitos relacionados às obras
artísticas sem considerar a valia que tenha obtido no meio artístico ou literário.

Castro1 distingue os efeitos do registro da Propriedade Industrial e dos Direitos Autorais,


a saber:
Diferentemente do que ocorre com as marcas e patentes cujo registro
é constitutivo de direito, e o certificado equivalente a uma escritura,
matriculada de propriedade (se válida), o registro de obra intelectual
é meramente facultativo, voluntário, mas pode servir como prova
de anterioridade em relação à obra idêntica publicada por terceiros
sem autorização.
1 Disponível em: <www.inpi.gov.br> Acesso em: 16 out. 2008.

16
PROPRIEDADE INTELECTUAL│ UNIDADE I

Conforme o art. 11 da Lei no 9.610/1998, in verbs: “autor é a pessoa física criadora de obra
literária, artística ou científica”. Já o art. 49 da mesma lei assevera o seguinte: “Os direitos
de autor poderão ser total ou parcialmente transferidos a terceiros, por ele ou por seus
sucessores, a título universal ou singular, pessoalmente ou por meio de representantes
com poderes especiais por meio de licenciamento, concessão, cessão ou por outros meios
admitidos em direito[...]” Destarte, somente a pessoa física pode ser autor de uma obra.
Pessoas jurídicas só podem ser consideradas cessionários desses direitos.

Características do Objeto do Direito Autoral


Sob a observância das características dos objetos tutelados por esse direito, o ilustre
Afonso (2009, p. 13) indica os seguintes pontos.

a. o objeto da tutela deve ser o resultado do talento criativo do homem no


domínio literário, artísticos ou científicos;

b. essa proteção é conhecida com independência do gênero da obra, sua


forma de expressão, mérito ou destino;

c. o produto da criação do espírito humano, por sua forma de expressão,


exige características de originalidade.

Tipos de obras protegidas


»» Obras Originárias – são aquelas produzidas primeiramente.

»» Obras Derivadas – denominam-se as obras desenvolvidas com base em


outra.

»» Obras Anônimas – atribui-se obras anônimas àquelas que são publicadas


sem fazer menção ao nome do autor, seja porque a obra é muito antiga, à
qual já não é possível atribuir a um autor, seja em outros casos, em que o
autor da obra pretende deliberadamente esconder a sua identidade.

»» Obra Pseudônima – são as obras publicadas cuja autoria utiliza um nome


fictício e, muitas vezes, é usado por um indivíduo como alternativa ao seu
nome legal.

»» Obras Coletivas – nomenclatura utilizada para obras criadas por


iniciativa, organização, direção e responsabilidade de uma pessoa física
ou jurídica, que a publica sob seu nome ou marca e que é constituída pela

17
UNIDADE I │ PROPRIEDADE INTELECTUAL

participação de diferentes autores, cujas contribuições se fundem numa


criação autônoma.

»» Obras Compostas – denominam-se obras compostas aquelas feitas por


intermédio do agrupamento de diversas obras com autores diversos,
porém, da mesma natureza.

»» Obras Comuns – aquelas criadas por diversos autores, ou seja, por meio
de mútua contribuição.

Prazo de Proteção Legal dos Direitos Autorais


Os direitos patrimoniais do autor obedecem ao prazo legal (art. 41 da Lei de Direito
Autoral) de setenta anos a serem contados de 1o de janeiro do ano subsequente ao de
seu falecimento.

Contudo, o art. 44 da Lei de Direito Autoral estabelece que o prazo para as obras
fotográficas e audiovisuais são contados de 1o de janeiro do ano subsequente ao de
sua divulgação.

Concluído o prazo de duração dos direitos do autor sobre a obra, todos terão a
liberdade de explorar essas obras de espírito sem a carência da autorização do
autor, a esse fenômeno denomina-se Domínio Público.

18
CAPÍTULO 3
Direitos Morais e Patrimoniais do Autor

Direitos do Autor
Os direitos do autor de utilizar, fruir, dispor e reaver sua obra têm características
de natureza patrimonial (devido a sua obra ser arrolada como bem móvel) e moral
(considerada direito de personalidade).

Direitos Morais do Autor


Os direitos morais do autor, que são perpétuos, inalienáveis e irrenunciáveis, estão
relacionados no art. 24 da Lei dos Direitos Autorais e podem ser citados: o de reivindicar
a qualquer tempo a paternidade (autoria) da obra; de ter seu nome, pseudônimo ou
sinal convencional indicado ou anunciado como sendo o autor, na utilização da obra; de
conservá-la inédita; de assegurar a sua integridade, opondo-se a qualquer modificações,
ou à prática de atos que venham alterá-la e prejudicá-la ou atingi-lo, como autor, em
sua reputação ou honra; o de modificá-la antes ou depois de ser utilizada; o de retirá-la
de circulação ou de lhe suspender qualquer forma de utilização já autorizada.

Manso (1985) define direitos morais do autor como sendo:

[...] prerrogativas de ordem não patrimonial e de pertinência


estritamente pessoal, que visam a dar ao autor o poder de zelar pela sua
qualidade de criador da obra intelectual e de promover o respeito a ela,
tanto quanto à sua divulgação, quanto à sua inteireza e sua existência,
segundo seu único e íntimo arbítrio.

Segundo Afonso (2009, p. 36), os direitos morais do autor apresentam as as seguintes


características.

»» Absolutos, por serem oponíveis erga omnes, isto é, são atos que sobre
todos têm efeito.

»» Inalienáveis, pois não se transferem. Quando da morte do autor o que


se transfere não é o direito propriamente dito, e sim o seu exercício,
conforme disciplina a Lei no 9.610/1998.

»» Impenhoráveis, pois não podem ser objeto de garantia em razão de


execução por parte de credores do autor.
19
UNIDADE I │ PROPRIEDADE INTELECTUAL

»» Irrenunciáveis, por serem insuscetíveis de abandono voluntário por parte


dos autores.

Apesar das divergências doutrinárias que existam sobre a temática, a impenhorabilidade


e inalienabilidade são tidas como unânimes pelos doutrinadores como característica do
direito moral do autor.

Direitos Patrimoniais do Autor


Os direitos patrimoniais, que são temporais, estão relacionados ao proveito econômico da
obra, podendo ser das mais diversas modalidades, mesmo as que não estão exemplificadas
na lei que disciplina a matéria. O intuito da normatização desses direitos é permitir
que o autor possa verdadeiramente fazer uso econômico da obra. Podem ser objeto de
transferência, cessão, venda, distribuição etc. Depende, portanto, de autorização do autor
da obra intelectual qualquer forma de uso como a edição, a tradução para qualquer idioma,
a adaptação ou a inclusão em fonograma ou película cinematográfica, a comunicação ao
público, direta ou indireta, por qualquer forma ou processo.

De acordo com Manso (1985):

[...] compra e venda apenas do corpus mechanicum, com exclusão do


corpus mysticum (que confere a verdadeira possibilidade de exploração
econômica da obra), ou seja, do seu simples suporte material, sem
transmissão de qualquer das prerrogativas próprias do direito autoral
(como a reprodução, representação, a modificação etc.).

Sanches (2003, p. 37) menciona as seguintes características básicas dos direitos


patrimoniais.

a. Alienabilidade, traduzida na faculdade do autor em negociar com


terceiros os seus direitos, autorizando, licenciando, concedendo ou
cedendo a utilização de suas criações.

b. Temporalidade, baseia-se no interesse da criação intelectual pela


coletividade em sua integração nas características culturais de um país,
delimitando, portanto, ao autor e aos seus sucessores o exercício temporal
dos direitos patrimoniais.

c. Prescritibilidade, ou seja, a perda do direito de ação em razão de lapso


temporal.

d. Limitação espacial, já que as modalidades de utilização das obras


intelectuais são independentes entre si, não havendo a hipótese de
20
PROPRIEDADE INTELECTUAL│ UNIDADE I

uma autorização abranger modalidade de direitos não envolvidas na


negociação ou usos novos não previstos.

e. Limitações ao seu exercício a fim de atender à função social


e públicas das obras intelectuais, cujas exceções ocorrem em
casos especiais e devidamente catalogados em lei, sendo obrigatória a
interpretação restrita dessa limitações.

Ainda na obra de Sanches (2003, p. 38) podemos encontrar o rol das grandes espécies de
modalidades de exploração da obra que podem ser observadas na Lei no 9.610/1998, são
elas: a) os direitos de comunicação ao público (art. 5o, VI); b) os direitos de reprodução
(art. 5o, VI); e c) os direitos de sequência (art. 38).

Consoante a esse entendimento, Afonso (2009, p. 40) atribui entre os benefícios do


autor três formas de exploração: Direito de Reprodução; Direitos de Comunicação e
Direitos de Transformação.

Sanções Civis e Penais


De Gutenberg, que introduziu a imprensa na Europa, até os dias atuais com o advento
da Internet, foram grandes as quantidades de obras que foram comercializadas, sendo
necessária a imposição de restrições, para fomentar o desenvolvimento de obras. Como
o direito autoral protege os criadores de obras de espírito, estabeleceu-se na legislação
regente, sanções para inibir a prática de ilícitos aos direitos do autor.

Dentre as violações aos direitos autorais mais frequentemente praticadas, podemos


citar: a contrafação e o plágio e a pirataria.

Plágio – refere-se à conduta de apresentar uma obra de espírito, em parte ou


na sua totalidade, sem fazer menção ao autor original, levando a entender que
aquele que plagiou é o criador da obra intelectual.

Contrafação – Definida pela legislação pátria como sendo reprodução não


autorizada, ou seja, é a produção comercial de um objeto protegido pelo direito
autoral sem autorização.

Pirataria – diz respeito à cópia, venda ou distribuição de material protegido


pelos direitos referentes à propriedade intelectual, sem a expressa autorização
do autor para fins de comercialização ilegal ou para uso pessoal. Nesse sentido,
desrespeitando os direitos autorais e/ou copyrigth.

21
UNIDADE I │ PROPRIEDADE INTELECTUAL

A Lei no 9.610/1998 atribui penalidades àquele que violar os direitos do criador na


esfera cível e administrativa, sem prejuízo das sanções penais. No âmbito cível, a
lei regente prevê as sanções cíveis dos artigos 101 a 110. Podem ser mencionadas da
seguinte forma.

»» Apreensão dos exemplares ou suspensão da divulgação da obra


reproduzidos ilegalmente.

»» Indenização ao autor pelos prejuízos advindos da edição da obra sem a


devida autorização.

»» Responde como contrafator aquele que vender, expuser, ocultar, adquirir,


distribuir, armazenar ou utilizar obra ilegal. Além do importador e o
distribuidor da obra no exterior.

»» Multa diária, indenizações e demais sanções penais aos infratores que


transmitirem e retransmitirem ilicitamente as obras, independentemente
dos meios de comunicação.

»» Destruição de todos os exemplares, matrizes, moldes, negativos e


apreensão de máquinas e equipamentos utilizados para a prática de
violação aos direitos autorais.

»» Responsabilidade por perdas e danos àquele que alterar, suprimir,


modificar ou inutilizar dispositivos que visam a impossibilitar a utilização
ilegalmente.

»» Perdas e danos, além da obrigatoriedade de divulgação da identificação


do autor pelos mesmos instrumentos pelo qual se omitiu em divulgar.

Nos casos de violação de direito autoral no âmbito penal, podemos encontrar nos artigos
184 a 186 do Código Penal as sanções que podem ser aplicadas.

Nesse sentido, aquele que reproduzir, divulgar sem a autorização do autor,


independentemente da forma utilizada, está sujeito à sanção penal de reclusão (1 a 4
anos, e de detenção de 3 meses a 1 ano) consoante ao art. 184 do Código Penal Brasileiro.

Limitações do Direito Autoral


O art. 46 da Lei de Direito Autoral dispõe as hipóteses que não configuram ofensa aos
direitos autorais, a saber:

22
PROPRIEDADE INTELECTUAL│ UNIDADE I

I – a reprodução:

a) na imprensa diária ou periódica, de notícia ou de artigo informativo,


publicado em diários ou periódicos, com a menção do nome do autor,
se assinados, e da publicação de onde foram transcritos;

b) em diários ou periódicos, de discursos pronunciados em reuniões


públicas de qualquer natureza;

c) de retratos, ou de outra forma de representação da imagem, feitos


sob encomenda, quando realizados pelo proprietário do objeto
encomendado, não havendo a oposição da pessoa neles representada
ou de seus herdeiros;

d) de obras literárias ou científicas, para uso exclusivo de deficientes


visuais, sempre que a reprodução, sem fins comerciais, seja feita
mediante o sistema Braille ou outro procedimento em qualquer suporte
para esses destinatários;

II – a reprodução, em um só exemplar, de pequenos trechos, para uso


provado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro;

III – a citação em livros, jornais, revistas ou qualquer outro meio de


comunicação, de passagens de qualquer obra, para fins de estudo, crítica
ou polêmica, na medida justificada para o fim a atingir, indicando-se o
nome do autor e a origem da obra;

IV – o apanhado de lições em estabelecimentos de ensino por aqueles


a quem elas se dirigem, vedada sua publicação, integral ou parcial, sem
autorização prévia e expressa de quem as ministrou;

V – a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas, fonogramas


e transmissão de rádio e televisão em estabelecimentos comerciais,
exclusivamente para demonstração à clientela, desde que esses
estabelecimentos comercializem os suportes ou os equipamentos que
permitam a sua utilização;

VI – a representação teatral e a execução musical, quando realizadas


no recesso familiar ou, para fins exclusivamente didáticos, nos
estabelecimentos de ensino, não havendo em qualquer caso intuito
de lucro;

VII – a utilização de obras literárias, artísticas ou científicas para


produzir prova judiciária ou administrativa;

23
UNIDADE I │ PROPRIEDADE INTELECTUAL

VIII – a reprodução, em quaisquer obras, de pequenos trechos de


obras preexistentes, de qualquer natureza, ou de obra integral, quando
de artes plásticas, sempre que a reprodução em si não seja o objetivo
principal da obra nova e que não prejudique a exploração normal da
obra reproduzida nem cause um prejuízo injustificado aos legítimos
interesses dos autores.

Essas limitações aos direitos autorais, conforme salienta Afonso (2009, p. 53),
prescrevem a utilização limitada pela lei de obras protegidas por parte dos usuários,
sem autorização de seu criador.

24
PROPRIEDADE
INTELECTUAL E UNIDADE II
SOFTWARE

CAPÍTULO 1
Aspectos Legais do Software

Computadores são inúteis.

Eles podem dar a você apenas respostas.


Pablo Ruiz Picasso

A legislação nacional, conhecida como a Lei do Software, define programa de computador


como a expressão de um conjunto organizado de instruções em linguagem natural ou
codificado, contido em suporte físico de qualquer natureza, de emprego necessário
em máquinas automáticas de tratamento da informação, dispositivos, instrumentos
ou equipamentos periféricos, baseados em técnica digital ou análoga, para fazê-los
funcionar de modo e para fins determinados.

Na definição de Paesani (2007, p. 38): “O software é uma obra intelectual de diretiva


técnica, não endereçada especialmente ao espírito humano. Resulta da atividade de
programador (individual ou coletiva), não apresenta características estéticas e não
pode ser catalogado como invenção”.

Nas palavras de Varella (1996, p. 171): “os frutos da revolução tecnológica podem ser
percebidos em todos os lugares desde nas mais simples atividades do cotidiano até
nas mais complexas”. Assim, o objeto que melhor materializa essa transformação
é o computador, que comandou o crescimento econômico mundial, criando novos
mercados invejáveis como o do software.

Consoante a esse pensamento, expõe Bittar (1992, p. 13):

A mais sensível contribuição da computação, dentre as melhorias


materiais, é a colocação da informação ao alcance do público infinito e
mediante aparatos de fácil funcionamento e, muitas vezes, independente
de qualquer conhecimento ou técnica especial.

25
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

Outrossim, vale ressaltar as palavras de Turban (2003, p. 112). Vejamos:

Os fornecedores investem muito tempo e recurso financeiro desenvolvendo


seus produtos de software. Para proteger esse investimento, eles
precisam impedir que seu software seja copiado e distribuído por pessoas
e por outras empresas de software. Uma empresa pode patentear um
software, ou seja, nos Estados Unidos, o Órgão de Direitos Autorais
concede à empresa direitos exclusivos para reproduzir, publicar e vender
esse software nas corporações, por meio de um conjunto de diretrizes.
[...] Uma licença é uma permissão concedida legalmente para iniciar uma
atividade que, de outra forma, seria ilegal.

Esse bem intangível denominado software é um dos objetos centrais para o novo valor
dado à informação no competitivo mercado global. A informação é sinônimo de poder,
competitividade, outrossim, carente de proteção física e principalmente jurídica.

Regime de Proteção Jurídica ao Software


A insegurança jurídica causada pela falta de uma legislação eficaz para a proteção
jurídica do programa de computador causa desconforto para os usuários (pessoas
físicas, jurídicas e governos), bem como às grandes empresas de software do mundo.

Muito se discute sobre o regime jurídico de proteção do programa de computador.


Dessa forma, existem três correntes sobre essa temática: a Teoria da Aplicação dos
Direitos Autorais, a Teoria da Aplicação dos Direitos de Proteção Industrial e a Teoria
do Regime Autônomo de Propriedade Intelectual do software.

A Teoria da Aplicação dos Direitos Autorais defende a ideia de que a legislação que
melhor se adapta à proteção jurídica do software, seria aquela que regulamenta os
direitos autorais.

Paesani (2007, p. 38) explica que:

Afastada, em parte, a possibilidade de sua patenteabilidade, como


invenção ou como modelo de utilidade, a solução aventada como mais
duradoura e vencedora em diversos países foi a aplicação das regras do
direito autoral. Adotando-se essa proteção, duas são as possibilidades
técnico-jurídicas à disposição: o recurso à interpretação extensiva ou
à analogia.

Comprovado que a simples extensão das normas do direito autoral


ao programa de computador não atende às necessidades que as

26
PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE │ UNIDADE II

peculiaridades de tal obra criam para que a proteção deferida não


resulte em insegurança das relações jurídicas, o recurso à analogia
impõe-se como medida de salvação momentânea dos interesses dos
programas e dos usuários.

Para Varella (1996, p. 184):

A legislação de direitos autorais ou copyright foi a que mais se mostrou


eficaz para a proteção do software. Em quase a totalidade dos países
onde se admite a proteção, esta foi a forma admitida. Contudo, desde o
início, com os primeiros pedidos, surgiram vários opositores com fortes
argumentos que merecem ser analisados.

Sobre essa teoria, questiona-se principalmente a necessidade estética de a obra não


poder ser considerada obra de espírito ou falta de criatividade do programador, para
que possa ser tutelado pelos direitos autorais.

Consoante ao entendimento dessa corrente, conclui Varella (1996, p. 191), a saber:

Posteriormente, o legislador brasileiro optou por criar uma


modalidade de legislação sui generis que tem como ponto de apoio
a própria lei de direitos autorais. Ao contrário dos outros países, que
preferiram fazer emendas aos seus ordenamentos de propriedade
intelectual, adaptando os direitos autorais, criou-se uma lei específica
para a matéria que, ao nosso ver, satisfaz de melhor forma os anseios
do setor, favorecendo o desenvolvimento nacional, que estudaremos
detalhadamente a posteriori.

Segundo Lemos (2005, p. 73):

[...] o direito autoral tradicional gera um incentivo à centralização


do desenvolvimento do software do ponto de vista intelectual, na
medida em que o produto final é controlado, desenvolvido e explorado
exclusivamente pelo detentor de direitos sobre ele. Esses programadores,
agentes do movimento do software livre, perceberam que as
possibilidades de inovação seriam muito maiores se o desenvolvimento
do software fosse descentralizado.

Continuando, Lemos (2005, p. 76) aborda os quatro modelos básicos de negócios


relacionados ao software livre, são eles.

»» Distribuição do software livre, acompanhado da posterior venda de


suporte a ele (como usualmente mencionado nos Estados Unidos,

27
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

“distribua a receita e depois abra um restaurante”), ou ainda adaptação


do software livre conforme a necessidade do cliente.

»» Conquista de mercado, pela qual determinado software é distribuído na


forma “livre”, para posterior venda de outros produtos vinculados a ele.

»» Incorporação do software livre junto com a venda do hardware, barateando


os custos de licenças e o preço final do equipamento como um todo.

»» Oferecimento de produtos acessórios ao software livre, como cursos,


livros, treinamentos, desenvolvimento etc.

Ademais, ele cita que outros modelos emergem todo o tempo, destacando o amplo
potencial econômico dessa nova espécie de software.

A Teoria da Aplicação do Direito de Propriedade Industrial, também


conhecida como Proteção pelo sistema de patentes, aborda o impasse que se depara
com os desígnios do direito de patentes em que o software em si não é um produto
palpável, o disco magnético que contém o programa não apresenta natureza de
novidade e a criatividade presente no software refere-se à característica intelectual
e abstrata e, por conseguinte, não satisfazendo os requisitos de patente. (PAESANI,
2007, p. 39).

Contrário a essa teoria, Varella (1996, p. 207) cita que proteção ao programa de
computador por meio de patentes foi bastante requisitado, contudo, logo foi repudiado
pela maioria dos doutrinadores, devido o software fugir do processo de industriabilidade,
não podendo ser patenteado.

Expõe Paesani (2007, p. 41) que:

A proteção do direito autoral opera dentro do próprio território de cada


país para os trabalhos que são publicados dentro de seus limites.

Tratados e acordos internacionais garantem proteção nos países


estrangeiros desde que respeitadas as condições de reciprocidade.

[...] O conteúdo de proteção esbarra também com a extensão temporal e


forma. Considerando-se que a Comunidade Europeia concede a proteção
até 50 anos após a morte do autor, um programa de computador perde
sua utilidade num espaço de tempo muito menor.

[...] A Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) declarou


que a América Latina é uma das regiões que têm as leis mais obsoletas
e a fiscalização mais deficiente do mundo para o setor.

28
PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE │ UNIDADE II

[...] a proteção com base no direito autoral também não é plenamente


satisfatória, posto que alguns tipos de programas não podem ser
incluídos no conceito de obra literária, artística ou científica.

Sobre a Teoria da Propriedade Intelectual Sui Generis, cumpre ressaltar o


comentário de Varella (1996, p. 210):

Em diversas oportunidades, órgãos de assessoramento internacionais


ou mesmo a OMPI sugeriram a adoção de uma forma sui generis
de proteção para atender às necessidades específicas do setor de
informática. Conforme a OMPI, nenhuma das formas de proteção até
então existentes seria adequada para a proteção dos programas de
computador, devendo haver uma legislação específica.

Arnoldo Wald indicava que poderíamos estar diante de uma lacuna no


direito, pois não se previa a proteção por direitos autorais, logo, deveria
haver uma regulamentação específica para a matéria, ou então uma
pluralidade de leis aplicáveis, sem saber, de imediato, qual utilizar.

[...] Brasil e França adotaram formas sui generis de proteção, que


trouxeram bons resultados. No Brasil, o que se fez foi criar uma
legislação ad hoc, regulamentando a proteção do software, mas tendo
como subsídio a legislação de direitos autorais.

Vale mencionar Lemos (2005, p. 68):

Aparentemente, todas as vezes que os tribunais tentaram impor algum


remédio jurídico mais complexo, a Microsoft simplesmente o ignorou.
Exemplos disso aconteceram entre 1995 e 2002, quando a empresa
foi acusada de haver ignorado as decisões liminares que lhe vedavam
incorporar o software de navegação Internet Explorer ao sistema
operacional Windows.

[...] Esses fatos levam ao questionamento a respeito das origens dessa


limitação do direito quanto a lidar com casos como este.

Como proposto pelo professor Zittrain, para ser eficaz, um remédio


jurídico efetivo para o caso Microsoft teria de considerar a transformação
da estrutura do direito autoral aplicável ao software em geral. Qualquer
outro remédio aventado, desde propostas simples, tais como a imposição
de multas compensatórias, até opções complexas, como a divisão
compulsória da empresa em empresas menores, apenas perpetuaria
o problema central. Se as estruturas do direito autoral continuam as

29
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

mesmas para software, o poder de abuso continuaria intacto. Não é por


acaso que o próprio Zittrain defende a proteção jurídica concedida aos
direitos autorais em geral.

Desta forma, notamos uma desarmonia entre os institutos jurídicos e as inovações


tecnológicas. O tradicional regime dos direitos autorais não atende aos dilemas
apresentados por essa nova realidade.

A proteção jurídica do programa de computador sob o tradicional regime dos direitos


autorais restringe o acesso ao código-fonte quando estipulados nos termos da licença
do software. Destarte, essa tutela acaba expondo o usuário a uma insegurança quanto
aos dados que podem ser tratados por esse software devido o desconhecimento dos
dados que podem ser enviados facilmente quando conectados à Internet.

30
CAPÍTULO 2
Do Regime de Proteção Jurídica ao
Programa de Computador no Brasil

Em nosso país, há um grande número de políticas de desenvolvimento econômico


nesse setor. Tal afirmativa é comprovada pelos crescentes índices que acompanham
os investimentos em pesquisas, produções científicas, formação de profissionais e
destaques nos diversos segmentos.

Contudo, há muito que realizar para que o Brasil tenha condições de concorrer com as
grandes empresas do ramo no mercado internacional.

O desenvolvimento brasileiro é proporcional aos investimentos nessa área e na proteção


jurídica do programa de computador. Nesse sentido, observamos a necessidade de
avanço na legislação atual quanto a essa tutela para se evitar injustiças àqueles que
verdadeiramente despendem recursos para o progresso de suas empresas.

No Brasil, o regime de proteção à propriedade intelectual de programa de computador


é o atribuído às obras literárias pela legislação de direitos autorais, observado o texto
do art. 2o, § 2o da Lei do software, in verbs:

Fica assegurada a tutela dos direitos relativos a programa de computador


pelo prazo de cinquenta anos, contados a partir de 1o de janeiro do ano
subsequente ao da sua publicação ou, na ausência desta, da sua criação.

Aquele que é titular do direito autoral faz jus à exploração econômica do programa de
computador, podendo usar, fruir e dispor do mesmo, consoante ao que determina o
direito civil brasileiro durante o prazo de 25 anos.

Em nosso ordenamento jurídico, as legislações pátrias que disciplinam a proteção


jurídica do programa de computador no Brasil são:

»» Lei no 9.609/1998 – Dispõe sobre proteção da propriedade intelectual de


programa de computador;

»» Lei no 5.988/1973 – Lei de Direito Autoral.

Para Paesani (2007, p. 54) a Lei no 9.609/1998 tem alguns pontos controvertidos, a saber:

Confidencialidade – “É importante que o contrato estabeleça cláusulas


que assegurem a confidencialidade e proteção dessas informações, de

31
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

ambas as partes.” Isso se dá devido ao fato de o prestador de serviços


ter acesso a informações e dados de caráter confidencial e estratégico
do cliente. Por outro lado, o contratante terá acesso a informações
referentes ao funcionamento do software.

Responsabilidade e indenização – O art. 8o da Lei do software,


consoante a legislação consumerista, estabelece a responsabilidade
daquele que comercializa e detém os direitos de software.

Carmes (1999, p. 25) esclarece sobre o processo de elaboração de um software e sua


necessidade de proteção jurídica, a saber:
Os autores chamam a atenção para o aspecto de que para a elaboração
de um programa de computador são necessários alguns procedimentos
preparatórios, análise da problemática a ser resolvida, elaboração de
projetos, encontrando-se protegidos em algumas legislações não apenas
o programa em si, mas também a documentação da fase prévia.

A proteção do programa estende a seus elementos, quais sejam a


estrutura, a sequência e a organização, desde que atendam a critérios
de originalidades.

Vale ressaltar um aspecto importante sobre a distinção feita por Varella (1996, p. 176)
entre software e programa de computador: “nem tudo que é software é objeto de
proteção pelo direito, mas tão somente os programas de computador e não o software”.

Para que haja a proteção jurídica do programa de computador no ordenamento jurídico


brasileiro, é necessário originalidade: em todo o trabalho humano, deve estar presente
uma criatividade mínima, para que preencha o requisito mínimo independente de qual
seja a invenção (VARELLA, 1996, p. 193)

A nomenclatura software é atribuída ao conjunto de produtos desenvolvidos durante


o processo de software, o que abrange não apenas o programa de computador, mas
também especificações, planos de teste, manuais, dentre outros.

A concorrência desleal é um dos pontos relacionados à proteção jurídica do programa


de computador. Nesse sentido, temos a seguinte afirmação de Varella (1996, p. 182):
O que se visa a proteger, seja qual for a forma de proteção, é
principalmente, a cópia do programa. Logo, deve-se considerar que,
ao copiar o programa, o concorrente estará praticando um ato desleal,
o que não será admissível, visto que o autor do programa despendeu
grandes recursos para o desenvolvimento do mesmo e o concorrente
apenas estaria apossando-se do fruto de trabalho de outro, sem qualquer
investimento ou operação criativa, um enriquecimento ilícito.

32
PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE │ UNIDADE II

Contudo, a concorrência desleal é insuficiente para suprir as necessidades


do setor de informática. Não são somente os atos dos concorrentes
que devem ser coibidos, mas os de qualquer usuário, desde que não
autorizada a realização da cópia ou mesmo o uso do programa.

Ademais, nas doutrinas sobre concorrência virtual, Barbosa inova ao tratar sobre uma
concorrência indireta ou parasitismo, cita-se:

Concorrência onde concorrência não existe: onde o agente econômico


não atua, talvez jamais pretenda atuar. Várias são as teorias que
justificam a proteção jurídica desta tutela do inexistente. Para começar,
a do enriquecimento sem causa. Por exemplo: ao usar uma imagem de
uma marca conhecida num campo em que o titular jamais o fez (Rolls
Royce, para rádios…), o novo usuário estaria tomando de outro agente
econômico (que não é seu concorrente) um valor atrativo de clientela
para cuja formação não contribuiu. A doutrina deu a este fenômeno o
nome de parasitismo2.

Noutro sentido, encontra-se o princípio constitucional da livre concorrência,


consoante ao texto de Lemos (2005, p. 65), saber:

[...] a proteção excessiva à propriedade intelectual traz problemas com


respeito à livre concorrência. O direito da propriedade intelectual tem
como um de seus objetivos assegurar o retorno de capital do autor/
inventor, bem como incentivar o desenvolvimento tecnológico futuro.
No entanto, muitas vezes, acaba criando monopólios privados e
ineficiências que a análise jurídica tradicional não consegue considerar.

No que se refere ao segredo de negócio, Varella (1996, p. 182) aborda da seguinte forma:

O segredo do negócio é a maneira mais utilizada para impedir que o


concorrente adquira determinada tecnologia. O raciocínio é simples,
consiste em fazer com que o mesmo não a descubra. Esta forma de
proteção envolve inúmeros fatores de difícil controle. Em primeiro
lugar, todo os empregados que tiverem acesso com o que está sendo
protegido devem ter em seus contratos uma cláusula que lhes proíba
repassar o segredo. Todas as fases de produção devem ser sigilosas,
evitando-se de todos os modos a espionagem industrial. Esta forma
de proteção é amplamente aceita e utilizada em diversos estados
norte-americanos.

2 BARBOSA, Denis Borges. Introdução Direito Constitucional da PI: Teoria da Concorrência. IBMEC. Disponível em:
<http://denisbarbosa.addr.com/apostilas.htm#Ibmec> Acesso em: 16 out. 2008.

33
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

Fundamentos do Direito Autoral


A melhor doutrina com Gandelman (2001, p. 39) apresenta os alicerces do Direito
Autoral adotados pela legislação específica internacional e pátria, a saber:

1. Ideias: as ideias em si não são protegidas, mas sim suas formas de


expressão, de qualquer modo ou maneira exteriorizadas num suporte
material.

2. Valor intrínseco: a qualidade intelectual de uma obra não constitui


critério atributivo de titularidade, isto é, a proteção é dada a uma obra
ou criação, independentemente de seus méritos literários, artísticos,
científicos ou culturais.

3. Originalidade: o que se protege não é a novidade contida na obra, mas


tão somente a originalidade de sua forma de expressão. Dois autores de
química, por exemplo, podem chegar, em seus respectivos livros, aos
mesmos resultados e conclusões. O texto de cada um deles, porém, é
que está protegido contra eventuais cópias, reproduções ou quaisquer
utilizações não autorizadas.

4. Territorialidade: a proteção dos direitos autorais é territorial,


independentemente da nacionalidade original dos titulares, estendendo-
se por meio de tratados e convenções de reciprocidade internacional.
Daí ser recomendável, nos contratos de cessão ou licença de uso, que se
explicitem os territórios negociados.

5. Prazos: os prazos de proteção diferem de acordo com a categoria da


obra, por exemplo, livros, artes plásticas, obras cinematográficas ou
audiovisuais etc.

6. Autorizações: sem a prévia e expressa autorização do titular, qualquer


utilização de sua obra é ilegal.

7. Titularidade: a simples menção de autoria, independentemente de


registro, identifica sua titularidade.

8. Independência: as diversas formas de utilização da obra intelectual


são independentes entre si (livro, adaptação audiovisual ou outra),
recomendando-se, pois, a expressa menção dos usos autorizados ou
licenciados, nos respectivos contratos.

9. Suporte físico: a simples aquisição do suporte físico ou exemplar


contendo uma obra protegida não transmite ao adquirente nenhum dos
direitos autorais da mesma.

34
PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE │ UNIDADE II

Violação da Propriedade Intelectual


do Software
A utilização não autorizada ou indevida dos softwares é denominada de contrafação.
Na ocorrência desse ilícito, bem como nos demais casos de violação de direitos de
propriedade intelectual, poderão ser aplicadas as sanções civis e penais.

A contrafação de um programa pode ser identificada pela cópia não autorizada do


código-fonte, em que os peritos comparam o número de linhas iguais entre os softwares.
Contudo, esbarra-se na dificuldade de identificar qual deles foi criado primeiro.

Dessa forma, embora a proteção aos direitos autorais mencionados na lei regente
independe de registro, tornando-se facultativo. A efetivação da proteção dos direitos
autorais contra a utilização não autorizada do software acaba dependendo do registro
do programa de computador no INPI, haja vista a dificuldade de se comprovar a
sua autoria.

Apesar de o registro do software ser meramente declaratório, no caso de contrato de


transferência de tecnologia o contrato deverá ser registrado no Instituto Nacional de
Propriedade Intelectual.

INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial – é uma autarquia federal


vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
responsável por registros de marcas, concessão de patentes, averbação de
contratos de transferência de tecnologia e de franquia empresarial, e por registros
de programas de computador, desenho industrial e indicações geográficas, de
acordo com a Lei da Propriedade Industrial (Lei no 9.279/1996) e a Lei de software
(Lei no 9.609/1998).

INPI – Instituto Nacional de Propriedade Industrial.


Disponível em: <http://www.inpi.gov.br/menu-esquerdo/instituto>.
Acesso em: 17 out. 2008.

Limitações dos Direitos sobre o Software


A nobre autora Paesini (2007, p. 75) salienta as dificuldades encontradas na proteção
de software no mundo atual, dentre elas: a carência de um corpo de delito no âmbito
penal e a falta de legislação criminal específica.

A Lei de Software, no art. 6o, dispõe sobre algumas limitações quanto à proteção jurídica
desse objeto, não constituindo crime a ofensa aos direitos do titular de programa de
computador. Vejamos:

35
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

I – a reprodução, em um só exemplar, de cópia legitimamente adquirida,


desde que se destine à cópia de salvaguarda ou armazenamento eletrônico,
hipótese em que o exemplar original servirá de salvaguarda;

II – a citação parcial, para fins didáticos, desde que identificados o


programa e o titular dos direitos respectivos;

III – a ocorrência de semelhança de programa a outro, preexistente,


quando se der por força das características funcionais de sua aplicação,
da observância de preceitos normativos e técnicos, ou de limitação de
forma alternativa para a sua expressão;

IV – a integração de um programa, mantendo-se suas características


essenciais, a um sistema aplicativo ou operacional, tecnicamente
indispensável às necessidades do usuário, desde que para o uso
exclusivo de quem a promoveu.

Destarte, o legislador objetivou assegurar ao consumidor a possibilidade de realizar


uma cópia de segurança, o que é consagrado como direito inerente a ele. Ademais,
a citação parcial dos programas para fins acadêmicos é permitida para fomentar o
desenvolvimento científico e acadêmico.

36
CAPÍTULO 3
Relação de Trabalho e Proteção
ao Software

Hodiernamente, grande parte dos programas de computadores é desenvolvida por uma


equipe de profissionais de TI empregada para trabalhar num dado projeto ou serviço
de uma empresa. Assim, para a nominada Lei do software em seu art. 4o, a empresa é
quem detém os direitos autorais sobre o software criado, pelo que se segue:

Art. 4o – Salvo estipulação em contrário, pertencerão exclusivamente


ao empregador, contratante de serviços ou órgão público, os direitos
relativos ao programa de computador, desenvolvido e elaborado durante
a vigência de contrato ou de vínculo estatutário, expressamente destinado
à pesquisa e ao desenvolvimento, ou em que a atividade do empregado,
contratado de serviço ou servidor seja prevista, ou ainda, que decorra da
própria natureza dos encargos concernentes a esses vínculos.

Consoante a esse dispositivo, Galdelman (2001, p. 113) enfatiza a presença da pessoa


jurídica no sistema autoral e destaca a proteção jurídica dada ao software pelo regime
do Direito Autoral mencionando ser de propriedade exclusiva do empregador ou
contratante de serviços relacionados a programas de computador, com exceção de
estipulação em contrário.

Observamos que a atividade laboral deve preencher alguns requisitos para configurar
o caso disciplinado na lei regente, “a relação de trabalho é caracterizada pelo vínculo
contratual do trabalhador/empregado com o empregador ou contratante em que há
acordo tácito ou expresso correspondente à relação laboral.” (PIMENTA, 2005, p. 77)

Este autor esclarece que, na relação laboral em tela, deve haver necessariamente uma
relação entre a criação intelectual, o produto da atividade e o trabalhador.

Para Pimenta (2005, p. 81):

Na prática fica evidente que os interesses opostos dos empregados


e empregadores podem ser sintetizados na seguinte argumentação:
o empregador alega que põe à disposição do criador as condições de
trabalho e os elementos humanos e técnicos adequados para a criação,
além do salário e outros encargos próprios da relação trabalhista, e que
fica sujeito à rescisão da relação unilateralmente pelo empregado. O
autor – empregado argumenta que o salário é a função social do trabalho,

37
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

em remuneração ao esforço intelectual, criativo, e que não considera os


royalties, frutos de exploração da obra. Por isso, o legislador fixou o liame
destes contrapontos, com a outorga da autorização legal ao empregador
para o uso da obra intelectual realizada em cumprimento do contrato de
trabalho, desde que o uso esteja de acordo com o fim a que foi produzida,
ou na omissão deste, ao da atividade comercial do empregador.

Sobre essa temática, o Tribunal Superior do Trabalho no conhecido Processo no RR


749341-2001-5 traz o seguinte entendimento:

Em caso de invenção de empresa de autoria do empregado, no curso da


relação de emprego, embora seja comum a propriedade e exclusiva a
exploração do invento pelo empregador, a lei assegura ao empregado o
direito a uma justa remuneração, resultante de sua contribuição pessoal
e engenhosidade.3

A Dra. Paesani (2007, p. 54) trata da necessidade de conter, no contrato com os


empregados e eventuais terceiros subcontratados, cláusulas que assegurem a
confidencialidade e proteção às informações.

Em sua obra, De Gutenberg à Informática, Galdeman (2001, p. 120) faz menção sobre
o trabalho de Jerry Cohen, “Copyrights are important assets of your business. Don´t
waste them” que aborda os questionamentos que devem estar presentes na elaboração
do inventário sobre a propriedade intelectual, cita-se:

a. A empresa é titular exclusiva? Algum funcionário específico participa


dessa titularidade? Se outros titulares também participam, nesse caso já
temos um contrato de cessão ou autorização de uso?

b. Estaremos violando o direito autoral de alguém se o usarmos? Copiarmos


algum material alheio? Com ou sem autorização? Após exame, chegamos
à conclusão de que não é necessária nenhuma autorização expressa?

c. A simples menção de copyright no material é suficiente? É tarde para


fazê-la? Ou cedo demais? Qual a forma certa de mencionar? Existem
consequências adversas no que se refere à manutenção do segredo
industrial ou comercial? Algum problema com relação à tributação fiscal?

d. Devemos registrar o copyright? Agora? Mais tarde? Devemos tomar as


medidas necessárias para protegê-lo tanto no país quanto no exterior?

e. Devemos eliminar este item do nosso inventário?

3 TRIBUNAL SUPERIOR DO TRABALHO - Proc. No TST-RR-749.341/01.5; Publicação: DJ – 6/10/2006; Ministro Relator: João
Oreste Dalazen

38
PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE │ UNIDADE II

f. Outras formas de proteção (e vulnerabilidade) são aplicáveis a este item?


Marca? Patente? Segredo industrial ou comercial?

g. São necessários contratos especiais? Algum arranjo implícito?

h. Podemos licenciar ou contratar franchising deste item com outras


empresas? Como um negócio independente? ou adjunto de qualquer
outra atividade?

O mestre Machado (2003, p. 156) aborda sobre o empregador em tecnologia da


informação:
[...] cumpre-nos tratar daqueles pontos de grande destaque, [...]: a
titularidade do software, os direitos morais do criador e a questão da
segurança versus privacidade, no âmbito do trabalho.

[...] julgamos as duas primeiras como potenciais geradoras de


problemas reais cuja solução é passível de efetiva prevenção, inclusive
pelo estabelecimento de uma cuidadosa política corporativa de
propriedade intelectual.

Se essa política deixar clara as circunstâncias em que o software deve ser


desenvolvido (para fins exclusivamente de serviço, pelos profissionais
habilitados, em conformidade com seu contrato de trabalho, mediante
utilização de recursos da empresa, com um adequado programa de
desenvolvimento, mediante disciplinada documentação dos programas),
temos a certeza de que mesmo uma reivindicação de natureza moral
ficaria prevenida, na medida em que tamanha organização produz
inclusive um distanciamento e elimina uma identificação de natureza
pessoal entre o desenvolvedor e o produto.

[...] as reivindicações de natureza moral (que na prática já não existem)


ficarão relegadas ao grau de improbabilidade, se o empregador tiver o
cuidado de manter “equipes de desenvolvimento” ao invés de designar
determinados analistas para tarefas específicas.

[...] um problema de ordem grave e incomparável com os demais, em


matéria de consequência é aquele que diz respeito à privacidade no uso
de meios eletrônicos, em face da segurança na gestão desses meios.

Vimos de antecipar nossas posições no tocante à abrangência da regra


constitucional sobre as comunicações (inclusive de dados) mantidos
em meios eletrônicos, por observância do disposto no art. 5o, XII, da
Constituição Federal.

39
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

Nesse particular, podemos concluir consoante as palavras de Pimenta (2005, 171) que:
“trata-se de um conflito entre valores: o livre arbítrio humano, desde criar até contratar;
em confronto com o capital econômico que determina a riqueza, presume um sucesso
setorial, que gera a possibilidade de consumo”.

40
CAPÍTULO 4
O Software como Objeto
de Contratação

As contratações tendo o software como objeto, destacam aspectos peculiares e, muitas


vezes, complexos devido à rápida pulverização deste objeto que ora possui a natureza
de produto, ora a natureza de serviço. Essa dualidade apresentada pelo software, seja
direta ou indiretamente, foi trazida à baila por Laureano (2006), respectivamente:

Curiosamente, não é nas aplicações de software tradicionais que


encontramos um modelo de negócio mais adequado à comercialização
de software como sendo um conjunto de “serviços”, por oposição a
um “produto manufaturado”. É sim nas empresas que comercializam
software livre e antivírus, sendo o Linux e os serviços de antivírus (vírus
scan on-line da McAfee) os dois exemplos mais populares. No caso do
Linux a RedHat (que lidera o mercado das distribuições do sistema
operativo) criou programas de atualização dos sistemas entre versões,
que podem ser “puxadas” gratuitamente do site) profundamente
convenientes e automatizáveis. No caso da McAfee criou um antivírus
totalmente on-line pago com base no serviço em constante atualização
(sempre que é detectado um novo vírus). Em ambos os casos são feitas
assinaturas de serviços, ao longo de um determinado período de tempo,
sendo o software incluído no valor de assinatura e “puxado” da Internet
(ou vendido por um preço baixo).

O software deve, na minha opinião, ser encarado como um serviço,


mantido e atualizado com uma lógica de custos associados, intimamente
relacionada com as nossas necessidades como utilizadores.

Por definição, produtos são consequência da produção, manufatura, fabricação ou


industrialização física, ou intelectual, que tenha como resultado desse processo a
alteração da natureza ou substância de elementos. Há aquele produto ancorado na
comercialização do tempo de uso de meio, produto intelectual, produto virtual (produtos
ou serviços que podem ser divulgados, vendidos, pagos e entregues ou utilizados pela
Internet (CHOI; STAHL; WHINSTON, 1997).

O software, é conduzido por meios virtuais como se fosse objeto físico e também
armazenado em discos rígido, CD, DVD, pendrive, fita-dat etc., materializando-
-se fisicamente. Assim, desencadeando diversas espécies de produtos e serviços

41
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

que convergiram as venda de produtos e a prestação de serviços, havendo assim a


comercialização casada dos mesmos.

Hodiernamente, conhecemos o software como um produto virtual e, em regra, assim o


trataremos diante da problemática do software como objeto de contratos.

Existem diversas modalidades de contratos relacionados ao software, podemos citar:


contratos de licença de uso, contrato de cessão, contrato de sublicença de uso, contrato
de uso do código-fonte, contrato de serviços de manutenção e suporte, contrato de
consultoria, contrato de desenvolvimento, dentre outros.

Nas palavras de Viegas (2007, p. 57) o Instituto Nacional de Propriedade Industrial


dentro do gênero do contrato de transferência de tecnologia arrola as seguintes espécies:
“cessão e licenciamento de marcas e patentes, contratos de efetivo fornecimento de
tecnologia não patenteada, contratos de assistência técnica e alguns outros tipos de
contratos que chegaram a ser regulamentados e posteriormente foram abolidos da
regulamentação do INPI.”

Dentre os contratos possíveis no âmbito do software, o que é utilizado em grande


parte das comercializações no mundo é o de licença de uso, exigindo muito cuidado
na sua elaboração.

Os ilustres Furtado e Furtado (2004, p. 21) definem o contrato de licença de uso como
sendo o ato em que: “o proprietário e detentor dos direitos autorais do software concede
a outrem uma licença permanente, não exclusiva e não transferível de cópia do programa
de computador em pauta, para uso próprio em seu equipamento de computação”.

No que se refere aos contratos de serviços de manutenção e suporte de software,


Furtado e Furtado (2004, p. 48) dão os seguintes esclarecimentos: “o contrato de
manutenção e suporte de software é um acessório obrigatório do contrato de licença
de uso do mesmo programa, pois um não subsiste sem o outro, especialmente os
softwares de gestão empresarial.” Essa afirmação se dá devido à falta de acesso do
contratante ao código-fonte.

Para Furtado e Furtado (2004, p. 69): “os contratos de sublicença de uso deve ter as
mesmas características de um contrato de licença de uso”.

Pois este contrato, diz respeito ao “contrato segundo o qual a parte detentora dos
direitos de comercialização do mesmo transfere a outrem a licença recebida do titular
dos direitos do programa, para que este utilize uma cópia do software em benefício
próprio, na forma estabelecida no contrato em questão e nas condições definidas no
contrato de licença de comercialização de software, cumulado com autorização de

42
PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE │ UNIDADE II

sublicenciamento de uso, ou outro modelo jurídico previsto em lei e nos termos da


documentação que acompanham o programa.” (FURTADO; FURTADO, 2004, P. 70).

A licença de uso do código-fonte no entendimento de Furtado e Furtado (2004, p. 81)


deve ser concedida por intermédio da concessão do direito de uso, com atribuições
específicas e exclusivas à condição objeto do contrato, a saber, para que o contratante
de implantação do sistema possa realizar adaptações, implementações e customizações
conforme as suas necessidades. Além da possibilidade de o próprio usuário final ter
a sua disposição a liberdade de realizar a manutenção e suporte. Para os autores, o
licenciamento do código-fonte deve ser tratado como exceção, todavia, com a crescente
demanda do mercado de software livre, essa salvaguarda pode se tornar regra.

Na atividade de diagnóstico e formulação de soluções acerca da implementação e


funcionamento do software, denominado de Consultoria em software, deve o contrato
estabelecer as condições gerais que dizem respeito à amplitude e forma de execução. Não
menos importante é a descrição da titularidade do direito de propriedade relacionadas
às alterações introduzidas no software que é objeto da consultoria.

Segundo a definição dos ínclitos Furtado e Furtado (2004, p. 124):

Quando se fala em desenvolvimento específico de software tem-se,


a princípio, a impressão de que se trata de um contrato que visa a
construção de solução integral e nova. Entretanto, não é exatamente
isso que ocorre no mundo tecnológico da informática, haja vista que o
desenvolvimento específico tem por finalidade justamente a construção
determinada, ou específica, como queiram, de uma funcionalidade
inexistente, ou mesmo a modificação de uma funcionalidade existente,
em um dos módulos do software, ou ainda, a construção de uma
interface que sirva como ponte de ligação entre determinados módulos
do software ou entre softwares distintos.

[...] o contrato de desenvolvimento específico se caracteriza pela


responsabilidade conjunta das partes no projeto de construção da
funcionalidade ou interface ajustada.

Destarte, a Resolução CNDA no 047/1988 atribuiu ao INPI a competência pelos registros


facultativos para simples proteção jurídica dos softwares e a Lei do software reforçou
essa necessidade de se registrar o contrato de transferência de tecnologia do software.
Consoante a esse posicionamento explica Viegas (2007, p. 78):

Quanto à atual Lei de software, as simples licenças de uso de software,


que se constituem na maioria absoluta dos contratos nessa área de

43
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

atividade, prescindem de averbação ou registro por parte do INPI. Ficam


sujeitos a registro somente os contratos que incluam “transferência de
tecnologia de programa de computador”, de acordo com o art. 11 da Lei
no 9.609, de 19-2-1998. Aqui, a expressão “transferência de tecnologia”
deve ser entendia em seu sentido estrito, isto é, o de efetivo fornecimento
de conhecimentos, razão pela qual o parágrafo único do art. 11 exige que
o fornecedor disponibilize ao adquirente a documentação completa, o
código-fonte comentado, memorial descrito, especificações funcionais
internas, diagramas, fluxogramas e outros dados técnicos necessários à
absorção da tecnologia. Ao INPI cabe, neste caso, somente constatar se
o contrato trata de efetivo fornecimento de tecnologia de software e, só
caso positivo, isto é, se os termos do contrato preveem o fornecimento
da documentação necessária à aquisição da tecnologia do software,
proceder ao registro do contrato.

Viegas (2007, p. 59) destaca os cuidados básicos com os quais se deve estar atento na
elaboração desse tipo de contrato, a saber:

a. Clareza. Os contratos devem ser claros e objetivos, sem cláusulas


ambíguas que possam levar a mal-entendidos futuros. Os contratos
devem ser sempre redigidos no sentido de evitar controvérsias sobre sua
interpretação. [...]

b. O contrato deve ser completo. Todas as condições e termos devem estar


expressos. Jamais partir do pressuposto de que algum entendimento
verbalmente acordado entre as partes não requeira inclusão por ser óbvio.
Ao usar minutas padronizadas, nunca tentar encaixar as negociações do
cliente em modelo predeterminado. Cada caso é diferente dos demais, e
meramente atenção exclusiva, redação criativa e construtiva. O uso de
modelos anteriormente elaborados, entretanto, pode ser muito útil para
evitar esquecimento de dispositivos essenciais, e para uso de cláusulas
preelaboradas.

c. Evitar aglomeração desnecessária. Um único contrato não deve conter,


na medida do possível, objetos diferentes, que tenham tratamentos
cambiais, tributários e de exigências burocráticas diferentes. Por exemplo,
contratos de licenciamento de marcas e patentes, que têm tratamento
cambial e tributário específico e que dependem de averbação perante o
INPI, não devem estar contidos no mesmo instrumento contratual com
acordos de serviços de consultoria administrativa, que têm tratamento
fiscal e cambial diferente e que não ficam sujeitos à averbação deste órgão.
44
PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE │ UNIDADE II

A questão do compromisso de sigilo é um tópico que não pode ser esquecido pelo
profissional responsável pela negociação dos pactos entre as partes. Portanto, os
contratos devem conter, no mínimo, os aspectos abordados pela exímia Viegas (2007,
p. 61) nos seguintes termos:

a. Descrição das partes que se comprometem com o sigilo.


Quando as partes forem pessoas jurídicas, deverão elas comprometer-
se inclusive pelos seus prepostos, empregados, subcontratados e demais
funcionários que venham a ter acesso às informações confidenciais; estes
indivíduos deverão, por sua vez, assinar compromissos de sigilo com suas
empregadoras, em termos compatíveis com os do acordo de confidência.

b. Escopo do sigilo. O contrato deve ser claro sobre quais categorias


de informações ficam sujeitas a tratamento confidencial e quais
não. As informações consideradas confidenciais não precisam ser,
necessariamente, de caráter técnico, podendo incluir dados comerciais,
de produção, de logística, de fornecimento, ou de qualquer outra natureza,
bastando que sejam secretas e tenham relevância e valor [...].

c. Compromissos assumidos. As partes contratuais devem obrigar-


se claramente a não revelar a quaisquer terceiros, sem autorização, as
informações recebidas da outra parte e incluídas no escopo do acordo
de sigilo. Quanto aos seus próprios empregados, funcionários, prepostos,
subcontratados, e demais pessoas eventualmente envolvidas no negócio,
o contrato deve ser claro no sentido de que os mesmos sejam expostos
às informações confidenciais somente na medida do absolutamente
necessário [...].

d. Prazo. Normalmente, quando se trata de acordo preliminar, o prazo


deve estender-se até a data da assinatura do contrato definitivo
(que, por sua vez, também deve conter compromisso de sigilo ou
confidência). Na hipótese de as tratativas iniciais não resultarem em
contrato, entretanto, o acordo deve prever que o sigilo perdure por
um prazo que seja considerado pelas partes como razoável em vista do
estado da técnica no ramo de atividade em questão. Na maioria dos
casos, um prazo de cinco anos é considerado razoável. Igualmente, ao
final das tratativas, caso infrutíferas, ou ao final do contrato definitivo,
pode-se prever a devolução ou a destruição, conforme o caso, dos dados
escritos e documentos confidenciais que tenham sido recebidos da
outra parte. Quando o contrato definitivo tratar de efetivo fornecimento
de tecnologia não patenteada, a validade desta obrigação de restituição

45
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

ou destruição de dados técnicos ao final do contrato sofre objeções por


parte do INPI [...].

e. Cláusula penal. Considerando o potencial valor das informações a


serem trocadas pelas partes e o prejuízo que sua divulgação pode causar,
convém incluir uma cláusula penal, como forma de desestimular a
revelação não autorizada das mesmas. A cláusula penal deverá ser não
compensatória, de forma a possibilitar a cobrança de perdas e danos
comprováveis, caso estes ultrapassem o valor da penalidade. Ao decidir
sobre o valor da penalidade, as partes deverão acordar um valor que, por
um lado, coíba inadimplência, mas por outro lado, não seja tão elevado
que o juiz possa considerá-lo abusivo. O contrato poderá mencionar,
também, que a revelação não autorizada de informações confidenciais
poderá configurar crime de concorrência desleal nos termos do art. 195
da Lei de Propriedade Industrial (LPI).

f. Foro e lei aplicável. Além das cláusulas acima, convém que as partes
indiquem o foro no qual as eventuais disputas serão resolvidas, ou adotem
cláusulas compromissórias de arbitragem. Adicionalmente, quando se
tratar de acordo entre partes de países diferentes, poderão indicar a lei
aplicável, mediante, se for o caso, reconhecimento de qual das partes foi
a proponente dos negócios.

Sobre os contratos internacionais e a autonomia da vontade na eleição da lei aplicável,


trata-se de um ponto controvertido em nosso ordenamento jurídico. Assim, Viegas
(2007, p, 30) concluiu que:
Independente de qual doutrina lhe pareça mais adequada ou justificável,
o advogado ou negociador de uma transação internacional deverá, por
cautela, partir do pressuposto de que, na atual legislação brasileira
sobre a matéria, não há autonomia de vontade quanto à lei aplicável aos
contratos internacionais. Na prática das salas de negociação, o advogado
deve informar ao seu cliente o simples teor do art. 9o da LICC, que
determina claramente que “para qualificar e reger as obrigações, aplicar-
se-á a lei do país em que constituírem”, e que “a obrigação resultante do
contrato reputa-se constituída no lugar em que residir o proponente”.

São conclusivas as palavras da autora ao afirmar que, embora silente da Convenção de


Montevidéu e do Panamá, o Brasil declara não ter eficácia a escolha do foro arbitral.
Todavia, confirma ter eficácia extraterritorial conforme a lei do Estado, os laudos
arbitrais proferidos por juiz ou tribunal com competência no âmbito internacional.
(VIEGAS, 2007, P. 50).
46
CAPÍTULO 5
Software Livre

A propriedade é um roubo.

P. J. Proudhon

Há uma distinção entre as espécies de software existentes: os softwares livres e os


softwares proprietários.

Como salienta Lemos (2005, p. 65): “Dentro do tema direito e realidade em face da
evolução tecnológica, a questão do software livre e do software proprietário é uma das
mais paradigmáticas.”

Dessa forma, software livre segundo a definição desenvolvida pela Free Software
Foundation é qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado,
modificado e redistribuído sem nenhuma restrição. A maneira comum de distribuição de
software livre é anexar a este uma licença de software livre, e tornar o código-fonte do
programa acessível.

O vocábulo código aberto, (open source em inglês) foi criado pela Open Source Initiative
também nominado de software livre. Qualquer licença de software livre é também uma
licença de código aberto, o que difere um do outro é que a Free Software Fundation utiliza
o termo “Software Livre” para se referir a questões éticas, direitos e liberdade. Noutro
sentido, a Open Systems Interconnection usa a verbete “Código Aberto” para tratar sob
um ponto de vista puramente técnico, sem colidir com aspectos éticos.

Não se confunde software livre com freeware, este é considerado aquele


software que autoriza a redistribuição, entretanto, veda a sua modificação e não
disponibiliza o código fonte.

Já Shareware é um programa de computador disponibilizado gratuitamente,


porém com algum tipo de limitação, acessíveis apenas os recursos básicos.
Sharewares usualmente têm funcionalidades limitadas e/ou tempo de uso
gratuito do software limitado, para o usuário fazer uso das funcionalidades
avançadas, ele é requisitado a pagar para acessar as demais funções ou poder
continuar utilizando o programa.

O Professor Lemos (2005, p. 72) empraza sobre os atributos dessa espécie de softwares:

47
UNIDADE II │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE

Software em regime “livre”, entretanto, requer exatamente o oposto: o


autor exige, valendo-se de suas prerrogativas como tal, que o software
deve conferir a qualquer usuário o direito de acesso ao seu código-fonte,
incluindo liberdade para usar, modificar e criar trabalhos derivados
a partir daquele código-fonte específico, bem como aplicá-lo para
quaisquer propósitos. E não é só: o autor confere também liberdade
para redistribuir e copiar livremente o software em questão. Esse rol
de direitos é chamado, nos Estados Unidos, de copyleft, em oposição
à definição de copyrigth (direito autoral) tradicionalmente existente.

E o autor continuou afirmando que:

O movimento do software livre é um perfeito exemplo de uma


subversão das instituições jurídicas que, embora pequena, representa
uma significativa resposta aos arranjos institucionais tradicionais
que envolvem a propriedade intelectual. Ele foi criado valendo-se de
canais diferentes daqueles traçados pelos sistemas jurídico e político
tradicionais, mas, ao mesmo tempo, produziu um impacto sobre
ambos. Essa subversão institucional ocorrida de baixo para cima traz
consigo consequências valorativas, econômicas e cognitivas. Em todo
caso, o movimento do software livre representa um significativo passo
no sentido da possibilidade de inovação das instituições jurídicas, bem
como de fomentar a participação coletiva nessa atividade: por meio de
um exercício de imaginação institucional, o movimento do software
livre foi bem-sucedido em conclamar a participação/integração de
quaisquer indivíduos interessados no âmbito da coletividade como um
todo, quebrando a distinção entre membros e não membros, agentes e
pacientes, aperfeiçoadores e usuários, de um modo que, sob os auspícios
do modelo tradicional de propriedade intelectual, não teria sido possível.
(LEMOS, 2005, p. 72)

O modelo do software livre se expandiu para outras áreas desenvolvendo um novo


modelo de concepção de informação, alterando as estruturas da propriedade intelectual.
Segundo Lemos (2005, p. 81): “Isso denota a emergência dessa nova forma de organização
produtiva, sem precedentes na história. [...] As formas colaborativas de produção, por
outro lado, fundam o novo modelo que rompe com as ideias de firma e de mercado.”

Ademais, o autor ensina que: “tudo indica que o modelo do software livre não mudou
apenas a história do software, mas também criou uma nova forma de organização
econômica com impacto profundo nas formas de produção e organização globais como
um todo.” (LEMOS, 2005, p. 81)

48
PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE │ UNIDADE II

Ronaldo Lemos ainda debate a respeito dos aspectos jurídicos dos modelos corporativos
que são a manifestação do desejo da sociedade por mudanças no âmbito do Direito
Autoral, citando o Creative Commons como sendo:

Iniciativa concebida pelo Professor Lawrence Lessig e atualmente


sediada na Universidade de Stanford, o Creative Commons tem por
objetivo desenvolver licenças públicas, isto é, licenças jurídicas que
podem ser utilizadas por qualquer indivíduo ou entidade, para que seus
trabalhos sejam disponibilizados na forma de modelos abertos.

Em outras palavras, o Creative Commons cria instrumentos jurídicos


para que um autor, um criador ou uma entidade diga de modo claro e
preciso, para as pessoas em geral, que uma determinada obra intelectual
sua é livre para distribuição, cópia e utilização. Essas licenças criam uma
alternativa ao direito da propriedade intelectual tradicional, fundada de
baixo para cima, isto é, em vez de criadas por lei, elas se fundamentam
no exercício de prerrogativas que cada indivíduo tem, como autor, de
permitir o acesso às suas obras e a seus trabalhos, autorizando que
outros possam utilizá-los e criar sobre eles.

Creative Commons denota um agrupamento de licenças uniformizadas


para direção basilar do copyleft, de aplicação aberta, livre e compartilhada
de conteúdos e informação sem fins lucrativos para sustentar a atualização e
discussão sobre essas.

Branco Júnior (2007, p. 160) esclarece a importância do dispositivo para a sociedade,


a saber: “a partir do uso do sistema Creative Commons, é possível a autores de obras
intelectuais (quer sejam textos, fotos, músicas, filmes etc.) licenciarem tais obras por
meio de licenças públicas, autorizando, assim, a coletividade a usar suas obras dentro
dos limites das licenças.”

Mais adiante, define que: “O Creative Commons busca efetivar a vontade de disseminação
dos trabalhos dos mais diversos tipos de artistas, criadores e detentores de direitos.”
(BRANCO JÚNIOR, 2004, p. 161).

Esse modelo colaborativo diz respeito à transformação de “todos os direitos reservados”


de copyright para “alguns direitos reservados” do copyleft. Sendo utilizadas para a mais
ampla gama de materiais como: livros, programas de computador, filmes, fotos etc.

49
CAPÍTULO 6
Software Proprietário

O software proprietário diz respeito àquele cuja cópia, redistribuição ou modificação


são em alguma dimensão vedados pelo proprietário, em que normalmente deve-se
solicitar permissão ao proprietário, ou pagar para poder fazê-lo, desse modo, adquirir
uma licença, comumente onerosa.

A principal diferença entre o software proprietário e o software livre é que este


não possui restrições quanto à cópia, modificação e redistribuição do código-fonte.
Cumpre ressaltar que software comercial não é sinônimo de software proprietário.
Este, trata-se do software desenvolvido por uma empresa com o objetivo de lucrar
com sua utilização. Contudo, é cediço que a maioria dos softwares comerciais
são proprietários.

Aldemário Araújo Castro aponta a situação do software no mercado mundial:


“Atualmente, o modelo do software proprietário é dominante. Sistemas operacionais
para microcomputadores como o Windows da Microsoft e o pacote de aplicativos
Office, também da Microsoft, são desenvolvidos e comercializados como softwares
proprietários.” 4

Ademais, em seu artigo publicado com o tema: software proprietário e os custos, a


Universidade de Campinas deu conta de que:

Empresas produtoras de software proprietário com uma base grande


de usuários costumam planejar a obsolescência de seus produtos para
aumentarem as suas vendas. Tal obsolescência é induzida, em geral,
por formatos proprietários que variam entre versões e não mantém
uma compatibilidade com formatos anteriormente adotados.

Além da obsolescência planejada ocorre um outro fenômeno negativo


que demanda “escavações arqueológicas digitais”. Documentos e
arquivos produzidos há alguns anos em versões bem mais antigas não
podem ser lidos nas versões mais novas. Apesar de se ter informação
digitalizada, ela fica inacessível para todos que não dispõem das cópias
das versões mais antigas (peças de museu)5.

4 CASTRO, Aldemario Araujo. O tratamento jurídico do software no Brasil. Disponível em: <http://www.Internetlegal.
com.br/artigos>. Acesso em: 23 dez. 2007.
5 UNIVERSIDADE DE CAMPINAS. Software proprietário e os custos. Disponível em: <http://www.openoffice.unicamp.
br/artigos_proprietario.html>. Acesso em: 28 out. 2007.

50
PROPRIEDADE INTELECTUAL E SOFTWARE │ UNIDADE II

E mais adiante conclui:

A Microsoft está tentando aos poucos mudar o seu esquema de vendas


de licenças. Ao invés de vendas de licenças de software e “proteções
contra atualizações”, ela tenta introduzir o “aluguel” de software. O
usuário não é nem mais detentor de uma licença. Ele pode instalar
livremente o software, mas ele usa cada cópia apenas se o aluguel é
pago em dia. Para a Unicamp isto é complicado. Se, por alguma razão,
um pagamento devido não pudesse ser efetuado todas as cópias nesta
modalidade travam.6

Observamos que, necessariamente, as soluções para os conflitos relacionados ao Direito


da Tecnologia da Informação devem ser técnico-jurídicas, uma vez que as empresas de
software dispõem de mecanismos técnicos que, muitas vezes, burlam a legislação e
impõem de forma arbitrária seus produtos aos consumidores desse amplo mercado.

6 Id. , UNIVERSIDADE DE CAMPINAS.

51
PROPRIEDADE
INTELECTUAL E UNIDADE III
INTERNET

CAPÍTULO 1
Direito Autoral na Internet

Tudo que é realmente grande e inspirador é criado pelo indivíduo que pode
trabalhar em liberdade.

Albert Einstein

Com o surgimento da Internet, instituiu-se um questionamento quanto à aplicação


dos Direitos Autorais na Grande Rede, alterando entendimentos já solidificados nesse
braço do Direito.

Toda a dinâmica da Internet favorece o Plágio e a Contrafação. Ademais, os comuns


dispositivos de proteção dos direitos autorais, muitas vezes, são inaplicáveis ao ciberespaço.

Desta feita, Chander (2003, p. 36) no intuito de delinear um sistema de Direito de


Propriedade Internacional junto ao ciberespaço, baseado em estudos da Filosofia,
História e Economia salienta que: “a doutrina do direito cibernético deve ser vista não
como um mero esforço de aplicação de leis já existentes a um novo domínio, mutatis
mutandis. Deveríamos estar dispostos a rever os próprios princípios tradicionais.”

Paesini (2007, p. 71) em sua obra alerta quanto à dificuldade de as leis conseguirem
resolver o problema de pirataria na Internet, sobretudo a apropriação ilegal de
programas de computador, projetos científicos, informações sigilosas etc.

Segundo Lemos (2005, p. 93):

A regulamentação da Internet brasileira é feita primordialmente por


“regras gerais” que têm como consequência transferir a decisão do
equilíbrio de interesses para o Poder Judiciário, mas sem dotá-lo de
regras claras para tanto, o que aumenta ainda mais a incerteza.

52
PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET │ UNIDADE III

A segunda consequência é que a ausência de regulamentação formal da


Internet abre espaço para que outras formas de regulamentação tenham
lugar, formas estas que acontecem fora dos canais democráticos. Desse
modo, a inexistência de regulamentação legal para os conflitos derivados
da rede não significa que a mesma não se regule de alguma forma. Ao
contrário, essa normatização surge e produz efeitos, mas proveniente
de fontes diferentes das democraticamente estabelecidas.

Consoante a esse posicionamento, concluímos que esses institutos não democráticos


de regulamentação da Internet acarretam uma insegurança jurídica e obstáculos no
desenvolvimento de nossas instituições.

Sobre uma sugestão eficaz de regulamentação da Internet, Lemos (2005, p. 95) cita o
livro Code and other laws of cyberspace, de Lawrence Lessing. Vejamos:

Em síntese, Lessig aponta, em seu livro, que a conjunção de estruturas


normativas tradicionais (novas leis) e estruturas normativas radicadas
nas próprias características tecnológicas que compõem a Internet
(camada do código) leva a um tipo de regulamentação não só eficaz,
mas que assume formas cada vez mais perversas de controle sobre a
rede. Assim, essa regulamentação fundada no código sob a conivência
da lei não só afeta a privacidade dos usuários, como também eleva a
proteção dos bens intelectuais a patamares jamais imaginados. Com
isso, não só põe em risco o acesso a informações que devem ser res
commune (commons), que não devem pertencer a ninguém, mas a
todos ao mesmo tempo (como as obras em domínio público), como
também restringe o acesso às obras protegidas pelo direito autoral
de modo intolerável, eliminando até mesmo direitos de uso legítimo
autorizado pela lei.

[...] há outra ideia igualmente importante na doutrina brasileira. Trata-


se do entendimento de que a Internet não precisa ser regulada, pois
o conjunto normativo existente é suficiente para resolver todos os
problemas jurídicos que eventualmente surjam.

Alguns doutrinadores questionam se os dados e informações disponibilizados por


intermédio da rede mundial de computadores pertencem ao domínio público.

Para Ventura (2006, p. 545):

A Internet é um meio através do qual as pessoas copiam coisas. Não


só imagens, mas também, textos, músicas e ideias. Trata-se de um

53
UNIDADE III │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET

“ambiente” público no qual tudo que ali se encontra desavisadamente


exposto é facilmente copiável. [...] Portanto, entre o autor desavisado
e o usuário que copia a obra daquele que pode surgir um litígio, cujo
objeto se fundamenta no Direito Autoral. [...] Não restam dúvidas de
que o Direito Autoral protege os direitos do autor. Mas, o advento
da Internet apresentou ao mundo uma nova realidade que, mesmo
sendo virtual, acarretou uma mudança no modo de se interpretar a
legislação e, consequentemente, uma maior necessidade de atenção
e cuidados.

Esse autor aborda de forma interessante a temática, afirmando que os autores que
expõem suas obras na Internet não podem alegar violação aos seus direitos autorais
sem os devidos cuidados.

Nesse sentido, Ventura (2006, p. 549) comenta que para haver uma proteção jurídica
dos dados disponibilizados na Internet contra cópias não indevidas, os criadores das
obras devem utilizar o recurso do disclaimer e o script de segurança.

Disclaimer – trata-se de um aviso ou termo expresso de responsabilidade ou


direitos. Hodiernamente, utilizadas em páginas da Internet e em mensagens
eletrônicas, comunicando os direitos e responsabilidades do leitor ou do autor
de um referido documento.

Script de segurança – é um script (linguagens de programação executadas do


interior de programa de computador e/ou de outras linguagens de programação)
utilizado pelo desenvolvedor, que visa a proteção dos recursos, permitindo que
apenas alguns usuários tenham acesso à página ou indisponibilizando algumas
propriedades de software e/ou hardware, por exemplo: selecionar e copiar,
clicar com o botão direito, não utilizar o teclado, não utilizar o mouse, a opção
de copiar.

No entendimento de Olivo (1999) o ambiente virtual tem alterado alguns conceitos já


firmados no clássico, principalmente do direito de propriedade intelectual, influenciando
as primícias éticas e culturais, gerando uma nova cultura amparada pela liberdade da
informação. Assim, se a sociedade muda, o direito deve acompanhar essas inovações
sociais e não ser o senhor sobre o homem.

Noutro sentido, expõe Valle (2006, p. 557) que o ambiente cibernético é regulado pelo
mesmo ordenamento jurídico editado para regular os atos praticados no mundo físico.
Dessa forma, os atos ilícitos e crimes praticados no espaço virtual estão sujeitos à
punição e à reparação dos danos do mesmo modo que no mundo material.

54
PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET │ UNIDADE III

Consoante a esse pensamento, Corrêa (2007, p. 27) diz que: “o ato de construir e
colocar uma página na Internet não significa abrir mão de direitos autorais; somente
sua manifestação inequívoca nesse sentido teria o condão de torná-la pública.”

Conclui Ventura (2006, p. 555) dizendo:

Se a cópia de obras na Internet realizada por terceiros acarreta algum


dano ao desavisado e, por que não dizer, ousado autor da obra, ou dono
do site, que não a protege contra cópias e, o que é mais grave, que o
expõe publicamente com uma autorização para cópia, este suposto dano
é causado por ele mesmo que na pior das hipóteses, age de maneira
leviana e culposa.

Entretano, aquele que copia obras, dados ou informações de um site que preveja e
demonstre a proibição de cópia, deve ser considerado um hacker e, como tal, deve ser
severamente punido.

Paesini (2007, p. 71) nos ensina que:

Considerando que muitas situações recebem amparo legal, mas


algumas condutas encontram brechas na lei, salienta o avanço obtido na
tipificação de crimes de “pedofilia”, direitos autorais, certificação digital
etc. e a importância das recentes alterações no Código de Processo Civil,
que inclui disposições sobre a Internet. Ressalta que a prova é elemento
essencial para o sucesso da demanda, quando a questão envolve suporte
eletrônico, especialmente em função do Sistema Processual Nacional,
que dispõe especificamente sobre a questão.

Uma prática muito comum no ciberespaço tem sido o plágio de design de sites que nada
mais são do que a identidade visual das empresas no mundo do e-commerce. Nesse
sentido, notamos uma defasagem da legislação em vigor, por não ser hábil ao tratar de
problemáticas como exemplificado.

Alguns doutrinadores entendem ser aplicável a denominada Lei do Software aos sites que
se assemelham a programas de computador em suas características técnicas e natureza.

O Dr. Gandelman (2001, p. 178) assevera sobre o exclusivo direito do titular da


obra de reproduzi-la eletronicamente. Caso alguém armazene em seu computador
um obra abrigada pela legislação dos direitos autorias sem a devida autorização
expressa, mesmo que em caráter temporário incorre em contrafação. Para ele,
no conteúdo da Internet estão presente matérias de domínio público e aquelas
protegidas pelo direito autoral.

55
UNIDADE III │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET

Conforme Lemos (2005, p. 101):

Quando a lei não define os equilíbrios de interesses emergentes do


surgimento da Internet e da tecnologia digital, esse mesmo equilíbrio é
determinado por fatores fora dos canais democráticos.

Assim, essa regulamentação de fato ocorreu, mas fundada em


peculiaridades técnicas e suas demandas de urgência, alimentadas
pela necessidade de eficácia imediata, bem como sutilmente por meio
de outros canais econômicos e sociais de modo amplo. Entretanto,
nenhuma dessas regulamentações passou pela reflexão e pelo escrutínio
democrático, como seria esperado com respeito a uma questão
estratégica e importante para o desenvolvimento do país.

Observa-se o que dizem Blum e Abrusio (2003, p. 302) a respeito da tutela aos direitos
autorais da página eletrônica: “entendemos que existe uma dupla proteção: pode ser
considerado como uma criação artística, pela organização de seu conteúdo e também
pode ser considerado como um programa de computador.

Questiona-se sobre a necessidade do webmaster obter uma autorização para inserir


em seu site o link de uma página eletrônica de terceiro. São conclusivas as palavras de
Corrêa (2007, p. 30):

Existem duas correntes. A primeira afirma que o criador de um site


necessita, sob pena de violação de direitos autorias, de permissão para
incluir um link objetivando o endereçamento a site de outro autor. Tal
argumento se baseia em casos, como o ocorrido nos Estados Unidos
envolvendo as empresas MAI Systems Corporation e Peak Computer,
nos quais se decidiu que a cópia de um trabalho em memória RAM
é uma cópia para fins de direito autorais. A segunda corrente, de
cuja ideia compartilhamos, afirma que a WWW é, em essência, um
protocolo existente apenas para restringir a menção ou acesso de um
site a outro, sendo difícil visualizar o motivo de alguém restringir a
menção ou acesso a um site, não devendo haver permissão específica
para tanto.

Lemos (2005, p. 101) mencionou três exemplos de direitos surgidos na Internet.


Vejamos:

»» a estrutura de regulamentação dos nomes de domínio na Internet no Brasil;

»» a regulamentação privada da atividade de spam no Brasil;

56
PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET │ UNIDADE III

»» a regulamentação surgida da prática dos advogados e grupos específicos


no envio de notificações para intermediários, como os provedores de
acesso e serviços.

Destarte, há a necessidade de regulamentação da Internet, para que o Poder Judiciário


possa se manifestar a respeito dos litígios advindos das relações jurídicas realizadas na
esfera do ciberespaço. Contudo, a atuação do poder estatal deve ser de forma ponderada
e apenas quando essencial à segurança jurídica, posto que sua presença demasiada
provoca o engessamento do desenvolvimento tecnológico.

57
CAPÍTULO 2
Conflitos de Nomes de Domínio

Domínio é o nome utilizado para localizar e identificar conjuntos de computadores na


Internet. O nome de domínio foi concebido com o objetivo de facilitara memorização
dos endereços de computadores na Internet, uma vez que antes da sua criação, era
necessário memorizar uma sequência de números.

Para que possa trocar informações, os computadores possuem o mesmo protocolo de


comunicação, ou seja, o conjunto de padronizações que rege o tratamento e formatação
dos dados num sistema de comunicação.

Na Internet, o protocolo de comunicação comumente utilizado é o protocolo TCP/


IP. Nesse passo, os computadores são identificados na rede pelo endereço IP que
são convertidos em nomes quando solicitados ao DNS, facilitando assim o acesso a
identidades e serviços disponíveis na Internet ou no âmbito de uma intranet.

No Brasil, o registro de nomes de domínio é realizado por intermédio do site “registro.


br” do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI), sendo necessários ao menos dois
servidores DNS ligados à Internet e configurados para o domínio solicitado. Podendo
ser feito por pessoa física ou jurídica estabelecida em território nacional.

Em nosso país, o registro é caracterizado por ser um Registro Fechado ou Restrito, ou seja,
apenas pessoas residentes no Brasil, ou pessoa jurídica que possua contato em território
nacional podem requerer o registro de nome de domínio. Em regra as operações são
todas realizadas por meio eletrônico, salvo estipulado o contrário. Ademais, os dados
individuais daquele que registou um domínio poderão ser consultados por qualquer
pessoa, não sendo consideradas sigilosas as informações disponíveis no Registro.

DNS (Domain Name Server) – também denominado de Sistema de Nomes


de Domínio é o sistema de gerenciamento de nomes hierárquico. Na Internet,
este serviço de pesquisa de nomes tem como principal utilidade a obtenção dos
endereços IP a partir dos nomes dos domínios, completados com os nomes dos
computadores que integram os domínios.

DNSSEC (Domain Name System Security Extensions) é um padrão


internacional que estende à tecnologia DNS. O que DNSSEC adiciona é um
sistema de resolução de nomes mais seguro, reduzindo o risco de manipulação
de dados e domínios forjados. O mecanismo utilizado pelo DNSSEC é baseado na
tecnologia de criptografia que emprega assinaturas. DNSSEC utiliza um sistema

58
PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET │ UNIDADE III

de chaves assimétricas. Isso significa que alguém com um domínio compatível


com DNSSEC possui um par de chaves eletrônicas que consistem em uma chave
privada e uma chave pública. Em razão do mantenedor das chaves utilizar a
chave privada para assinar digitalmente sua própria zona no DNS, é possível
que todo mundo com acesso a chave pública desta zona verifique que os dados
transferidos desta zona estão intactos.

Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/DNSSEC>. Acesso em: 21 out. 2008.

Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI)


O CGI.br foi criado pelo Decreto Presidencial no 4.829/2003. Dentre as suas atribuições
destacam-se:

»» propor normas e procedimentos relativos à regulamentação das atividades


na Internet;

»» recomendar padrões e procedimentos técnicos operacionais para a


Internet no Brasil;

»» estabelecer diretrizes estratégicas relacionadas ao uso e desenvolvimento


da Internet no Brasil;

»» produzir estudos e padrões técnicos para a segurança das redes e serviços


no país;

»» coordenar a atribuição de endereços na Internet (IPs) e do registro de


nomes de domínios usando o Domínio de Primeiro Nível “.br”;

»» coletar, organizar e disseminar informações sobre os serviços na Internet,


incluindo indicadores e estatísticas.

No intuito de cumprir o seu papel, o CGI criou o Núcleo de Informação e Coordenação do


Ponto BR (NIC.br) entidade civil, sem fins lucrativos, criada em dezembro de 2005, que
implementa suas decisões e projetos. Assim, podemos arrolar as seguintes atribuições7.

»» O registro e a manutenção dos nomes de domínios que usam o <.br>, e a


distribuição de endereços IPs, por meio do Registro.br.

»» O tratamento e a resposta a incidentes de segurança em computadores


envolvendo redes conectadas à Internet brasileira, mediante o CERT.br;

»» A promoção da infraestrutura para a interconexão direta entre as redes


que compõem a Internet brasileira, pelo PTT.br;
7 Disponível em: <http://nic.br/sobre-nic/index.htm> Acesso em: 21 de out. 2008.

59
UNIDADE III │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET

»» Divulgação de indicadores e estatísticas e informações estratégicas sobre


o desenvolvimento da Internet brasileira, por meio do CETIC.br;

»» O suporte técnico e operacional ao LACNIC, Registro de Endereços da


Internet para a América Latina e o Caribe.

Corrêa (2007, p. 18) enfatiza que a criação do CGI.br é uma confirmação da tendência
mundial de desvincular a Internet da atuação estatal.

A respeito do CGI.br, órgão de grande importância estratégica para a tecnologia no


Brasil, Lemos (2005, p. 109) discorre sobre a sua criação e seu poder de regulamentação
na Internet, a saber:

O Comitê Gestor já nasceu assim com características híbridas: sem


personalidade jurídica própria, de direito público, nem de direito
privado, sem respaldo em qualquer legislação, sem qualquer competência
normativa formal (o que inclusive consta expressamente da portaria que
o instituiu) e criado por portarias interministeriais sem competência para
tanto. Apesar disso, o paradoxo: na prática, o Comitê Gestor cria direitos
e obrigações, gere e supervisiona todo o sistema de registro de domínios,
dialoga e representa o Brasil perante a Icann, quanto à incorporação de
normas técnicas e outras diretrizes por ela estabelecidas, com impacto
sobre o Brasil.

E continua ensinando:

A segunda parte do dilema do Comitê Gestor é que ele deve integrar-


se também ao sistema jurídico nacional, com seus pressupostos
institucionais definidos constitucionalmente. Como o Poder Executivo
atribuiu ao Comitê Gestor as funções de estabelecer os critérios
e a organização do registro de nomes de domínio no Brasil, e tal
registro possui sérias repercussões patrimoniais e estratégicas para
o desenvolvimento do país e sua inserção em um contexto global,
essas diretrizes deveriam ter sido, no mínimo, estabelecidas por lei.
É o caso, por exemplo, de todos os outros registros com repercussões
patrimoniais no país. (LEMOS, 2005, p. 111).

Hoje em dia, a polêmica que gira em torno dos nomes de domínio são os registros
por terceiros de marcas de produtos, empresas etc. Lemos (2005, p. 103) explica que
as regulamentações dos nomes de domínio se deram por normas sociais e não por
intermédio de leis.

60
PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET │ UNIDADE III

Os regimes adotados pela CGI não protegem os direitos de marcas do nosso país.
Inicialmente adotou-se o Princípio da Anterioridade (quem primeiro chega primeiro é
servido) o registro era conferido à pessoa que o solicitasse primeiro.

Ademais, a Lei Geral de Telecomunicações, consoante a Constituição Federal em seu


art. 22, atribui privativamente à União a competência para legislar sobre informática
e registro civil. Dessa forma, ocorre uma invasão de competência do Poder Executivo
quanto à competência do Congresso Nacional.

Conforme nos ensina Lemos (2005, p. 117):

Nas palavras de Joaquim Falcão, a Fapesp exerce um “monopólio


executivo uniestadual de uma competência legislativa federal. Trata-
se de uma entidade vinculada ao Estado de São Paulo, operando no
exercício da esfera de atuação que deve ser definida pela lei federal.
Esse monopólio levanta questões constitucionais de relevo. O art. 22
da Constituição Federal, por si só, dispõe que compete privativamente
à União legislar sobre direito civil, informática e registro público. Por
esses três critérios, o Poder Executivo em si já fica impedido de atuar na
regulamentação dos nomes de domínio isoladamente, haja vista o fato de
que isso diz respeito direto a questões de informática, de direito civil (o
nome de domínio possui valor patrimonial) e de registros públicos. Sobre
esse aspecto, tal como ocorre com o registro de automóveis, aeronaves,
embarcações, bens imóveis, títulos e documentos, entre outros, qualquer
registro com caráter patrimonial empreendido pelo poder público deve
ser regulado e definido por lei específica, como de fato é para cada um
desses casos. Não é o caso dos registros sobre nomes de domínio, sobre
os quais não há qualquer lei, específica ou geral, a esse respeito.

Isso não bastasse, ainda que o registro de nomes de domínio fosse


considerado pertinente à esfera das telecomunicações, o que se alega
apenas a título de exemplo, já que as atividades relativas à Internet
são consideradas serviços de valor adicionado que não se confundem
com a prestação de serviço de telecomunicações, a competência para
regulamentação e exploração dos mesmos também competem à União,
e não ao Poder Executivo isoladamente.

Destarte, conclui-se que: “se a lei é aplicada (e a Constituição), o Sistema de Registro de


Nomes de Domínio no Brasil é inconstitucional.” (LEMOS, 2005, P. 118).

Torna-se evidente o entendimento de Lemos (2005, p. 120) onde: “o regime atual


de registro de nomes de domínio na Internet viola vários princípios basilares da
61
UNIDADE III │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET

administração pública, entre eles, o princípio da reserva legal, da transparência, da


responsabilidade administrativa e do regime publicano federativo.”

Por fim, este autor encerra afirmando que há a carência de autorização do Poder
Legislativo para que entidades públicas exerçam essas atividades de regulamentação
da Internet e dos nomes de domínio, caso contrário, o princípio da estrita legalidade é
ignorado. (LEMOS 2005, P. 122).

ICANN (Internet Corporation for Assigned


Names and Numbers)
Conforme salienta Corrêa (2007, p. 21) sobre a importância do endereço eletrônico,
a saber, nomes de domínio na Internet, como bens incorpóreos para as instituições,
compondo o patrimônio da empresa, há a necessidade de os operadores do direito
refletirem sobre a resolução desse tipo de conflito.

A respeito dessa polêmica, Chander (2003, p. 40) ressalta: “A nova narrativa desloca
da arena central a competição entre os titulares de marca e os posseiros cibernéticos,
conflito que serve para nos desviar da história real.” O que ocorre é que o predadorismo
da propriedade vai enxotar do espaço cibernético os atributos da ajuda mútua e
interesses comuns dos criados da Internet.

Destarte, esses registros eram conduzidos pelo regime de mercado e da livre


concorrência, sem a utilização de dispositivos sofisticados para sanar a celeuma como
na hipótese de alguém registrar o nome de domínio, similar ou idêntico à marca de
outra titularidade.

Nesse sentido, foi criado a ICANN (Internet Corporation for Assigned Names and
Numbers) órgão mundial responsável por estabelecer regras do uso da Internet),
entidade sem fins lucrativos e de âmbito internacional, responsável pela distribuição
de números de “Protocolo de Internet” (IP), pela designação de identificações de
protocolo, pelo controle do sistema de nomes de domínios de primeiro nível com
códigos genéricos (gTLD) e de países (ccTLD) e com funções de administração central
da rede de servidores8.

Sua função precípua é coordenar o controle dos elementos técnicos do DNS que
garantem a “resolução universal”, que ajuda os usuários da Internet a encontrar
qualquer endereço válido.

8 Disponível em: <http://www.icann.org/tr/portuguese.html> Acesso em: 21 out. 2008.

62
PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET │ UNIDADE III

Lemos (2005, p. 111) faz alusão à origem da ICANN e seus atributos como se verá a
seguir:
Trata-se de órgão formalmente vinculado ao governo norte-americano,
ainda que sua estrutura de governança interna preveja uma representação
relativamente aberta, inclusive quanto a uma certa participação
internacional. Naturalmente, suas diretrizes e políticas atendem à
realidade da sociedade e aos interesses norte-americanos (cumpre sempre
lembrar que a Icann é uma corporação com sede na Califórnia). Tanto
é assim que a Icann é a responsável pela manutenção das terminações
de domínios regionais, como o “.br” sob a administração brasileira.
Entretanto, quanto à administração de domínios globais, aqueles que
não possuem nenhuma terminação regional específica (como <www.
amazon.com>, ou ainda <www.un.org>, ou seja, aqueles que não se filiam
a nenhum país específico, mas dizem respeito a todos eles, a Icann nada
delega. Mantém para si a administração integral desses domínios. Tanto
é assim que websites norte-americanos sequer se utilizam da terminação
“.us”, que indicaria filiação norte-americana, mas se utilizam sobretudo
dos domínios genéricos globais, como se fossem exclusivamente norte-
americanos. Sobre isso, há inclusive discussões crescentes a respeito da
remoção da autoridade da Icann para a Organização das Nações Unidas,
que teria representatividade mais ampla para lidar com essa questão de
impacto global.

Sobre a Política Uniforme de Resolução de


Conflitos de Nomes de Domínio (UDRP)
Conforme extraído do próprio site da ICANN, as políticas são aplicadas às mais variadas
disputas inerentes ao registro e utilização de nomes de domínio entre registrantes e
terceiros.

Define-se a Política Uniforme para Resolução de Disputas por Nomes de Domínio


como sendo uma política entre um registrador e seu cliente e faz parte dos contratos de
registro para todos os registradores credenciados pela ICANN. Os conflitos relacionados
a essas políticas são submetidos a um procedimento administrativo forçoso a todos os
Domínios de Topos Genéricos (gTLDs).

Nas palavras de Chander (2003, p. 42) após a criação da ICANN:

Em 1999, a Icann adotou a Política Unificada para Resolução de Disputa


(conhecida como “UDRP” – Uniform Dispute Resolution Policy)

63
UNIDADE III │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET

proposta pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (World


Intellectual Property Organization), órgão das Nações Unidas sediado
em Genebra. Ao mesmo tempo, o congresso incitado pelos interesses
das marcas registradas resolveu agir, aprovando a Lei de Proteção
ao Consumidor contra os “posseiros cibernéticos” (a “ACPA” – Anti-
Cyberquatting Consumer Protection Act). Ambas as leis permitiram ao
dono da marca registrada contestar o registro de sua marca como nome
de domínio, mediante comprovação do uso de má-fé pelos usuários
impróprios que fizeram o registro.

Os prestadores de serviços de resolução de litígios, que são câmaras arbitrais previamente


aprovadas pela ICANN, poderão decidir pelo cancelamento, transferência ou não fazer
alterações em um nome de domínio registo9.

Aquele que desejar solucionar algum conflito sobre nomes de domínio junto ao ICANN,
deverá provar que:

1. o nome do seu domínio é idêntico ou há semelhança que provoque


equívocos a uma marca registrada ou marca de serviço em que o autor
tem direitos;

2. aquele que detém o registro não tem direitos ou interesses legítimos em


relação ao nome de domínio;

3. o seu nome de domínio foi registrado e está sendo utilizado de má-fé.

A Política Uniforme para Resolução de Disputas por Nomes de Domínio apresenta alguns
aspectos que configuram as provas de registro e uso de má-fé dos nomes de domínio.

1. As circunstâncias que indiquem que aquele que detém o registro,


franqueou o domínio ou que tenha adquirido o nome de domínio
fundamentalmente com o fim de venda, arrendamento, ou de outra forma
transferir o registro de nomes de domínio para o autor que é o proprietário
da marca registrada ou marca de serviço, ou para um concorrente que o
reclamante, a título oneroso além dos custos decorrentes do registo com
o nome de domínio.

2. Aquele que detém o registro do nome de domínio o fez a fim de evitar que
o proprietário da marca registrada ou marca de serviço a utilize em um
nome de domínio correspondente, desde que se esta conduta consista em
um padrão.

9 UDRP. Disponível em: <http://www.icann.org/en/dndr/udrp/policy.htm#4aiii> Acesso em: 24 out. 2008.

64
PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET │ UNIDADE III

3. O registro do nome de domínio foi realizado com o fim de perturbar as


atividades de um concorrente.

4. O registro do nome de domínio, intencionalmente com o intuito de atrair,


para fins comerciais, induzindo os internautas a equivocar-se sobre a
marca do autor da denúncia.

Geist (2003, p. 149) descreve detalhadamente como se dá o início do processo


administrativo de disputa do nome de domínio. Preliminarmente, conta que:

Um procedimento tem início quando o autor apresenta sua reclamação


a uma câmara arbitral de solução de disputas aprovadas pela Icann,
decidindo sua escolha. O autor deverá especificar se a disputa será
decidida por uma câmara formada por um único membro ou por três
membros. Os honorários do árbitro uno serão pagos integralmente
pelo autor. Se for solicitada uma câmara arbitral formada por três
membros, o autor deverá apresentar nomes e contatos de três
candidatos de uma lista de qualquer “provider” aprovado pela Icann
para atuar como árbitro.

Aós o exame da exigência, o “provider” encaminha a reclamação ao réu.

O réu deverá apresentar uma resposta ao “provider” dentro de 20


dias do início do procedimento. Caso não seja apresentada nenhuma
reposta, a câmara arbitral decidirá o caso baseando-se somente na
prova fornecida pelo autor.

Mesmo se o autor tiver solicitado uma câmara arbitral formada por


um único, o réu tem direito de ter a disputa dirimida por uma câmara
formada por três árbitros. Caso o autor, ou o réu, solicite uma câmara
formada por três árbitros, o réu deverá fornecer os nomes e os detalhes
de contato de três candidatos para atuar como um dos árbitros, cujo
nome poderá também ser extraído de qualquer lista do “provider”
aprovada pela Icann. Nos casos em que o autor tiver optado pela solução
da disputa por um único árbitro e o réu solicitar uma câmara formada
por três árbitros, o réu deverá pagar metade dos honorários aplicáveis a
uma câmara formada por três árbitros.

Se o autor solicitar um único árbitro e o réu não se opuser, somente o


“provider” designará o único árbitro para o caso, a partir de sua lista.
Se for encontrada uma câmara arbitral formada por três árbitros, um
árbitro será escolhido da lista de candidatos fornecida pelo autor, e um

65
UNIDADE III │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET

outro da lista fornecida pelo réu. O terceiro árbitro será indicado pelo
“provider” a partir de uma lista de cinco candidatos apresentada por
ele às parte, sendo que a seleção entre os cinco será feita “de maneira
razoável e equilibrada entre as preferências de ambas as partes”. A
abordagem típica é permitir que cada uma das partes elimine até dois
nomes da lista de cinco.

A política da Icann dispõe que os árbitros deverão ser “imparciais e


independentes”, devendo revelar quaisquer circunstâncias que possam
levantar dúvida justificável quanto à imparcialidade ou independência
do árbitro. As partes devem ser tratadas como iguais pela câmara
arbitral, sendo que cada uma delas terá a justa oportunidade de
apresentar seu caso.

Chancer (2003, p. 100) assevera que:

O sistema atual de nomes de domínio oculta as decisões políticas. O


sistema com base na ordem de chegada (first come, first serverd) se
reveste de aparente justiça, mas na verdade somente beneficia aqueles
que dispõem de acesso à tecnologia e ao dinheiro, permitindo que
ajam rapidamente para reivindicar direitos sobre nomes de domínio.
Ademais, o sistema atual coloca o órgão que formula as políticas nas
mãos da Icann, uma organização totalmente antidemocrática, e dos
órgãos de registro, além do mercado (por meio do qual as decisões são
feitas sobre a alocação de nomes de domínio, após as concessões da
titularidade dos nomes iniciais).

Ele destaca que no intuito de preservar os recursos da humanidade de uso comum, foi
sugerido pela comunidade internacional que:

[...] propuseram tentativas para estabelecer regimes jurídicos


internacionais que impediriam o domínio unilateral desses espaços
comuns globais. No lugar de uma regra de res nullius, onde o recurso
permanece sem ser reclamado porque está indisponível, defenderam
uma regra de res communis, que exija qualquer uso que beneficie a
humanidade. Como res nullius, o recurso não pertence a ninguém;
como res communis, pertence a todos. Os sistemas de bens de uso
comuns globais avançaram na medida em que reconheceram que a
adoção da res nullius, uma abordagem baseada em primeira posse,
traria vantagens para alguns países em detrimento de outros.
(CHANDER, 2003, p. 74).

66
PROPRIEDADE INTELECTUAL E INTERNET │ UNIDADE III

Parece-nos razoável a narrativa desse doutrinador, assim, a sociedade digital seria


a grande beneficiada no espaço cibernético e evitaríamos uma desvirtualização da
Internet e, sobretudo, dos nomes de domínio.10

O entendimento correto seria o de considerar o Ciberespaço como Áreas


Públicas Globais (CHANDER, 2003, p. 81), principalmente o Domínios de
Topo Genéricos como: “.com”; “.net”; “.tv”; “.org”; “.gov”(generic top-level domain
-gTLD)1. Noutro sentido, os Domínios de Topo de países: “.br”; “.pt”; “.us” seriam o
que denominamos de Zonas Insulares Virtuais, em que os respectivos países
seriam soberanos no ciberespaço, respeitados os tratados internacionais.

10 O domínio de topo (sigla: TLD, do inglês top-level domain) é um dos componentes dos endereços de Internet. Cada nome de
domínio na Internet consiste de alguns nomes separados por pontos, e o último desses nomes é o domínio de topo, ou TLD. Por
exemplo, no nome de domínio exemplo.com, o TLD é com (ou COM, visto que nos TLDs a capitalização é ignorada). Os TLDs
são usados em primeiro lugar com o protocolo DNS, que transforma os nomes de domínio em endereço IP. Podem dividir-se em
duas classes: TLDs de código de país (ccTLDs, de country code TLDs) e TLDs genéricos (gTLDs, de generic TLDs). Os ccTLDs
têm sempre duas letras e derivam do código isso 3166 -1 alpha-2, e os gTLDs têm sempre mais do que duas letras. (Disponível
em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Domominio_de_Topo> Acesso em: 24 out. 2008).

67
PROPRIEDADE
INTELECTUAL E UNIDADE IV
BANCO DE DADOS

CAPÍTULO 1
Proteção à Propriedade Intelectual do
Banco de Dados

Não são raras as discussões sobre a Propriedade Intelectual do Banco de Dados. A


respeito dessa temática, Lemos (2005, p. 138) descreve os pontos a seguir quanto ao
ordenamento jurídico brasileiro e o Banco de Dados. Vejamos:

»» Origem e características da doutrina de proteção de dados contidos em


um banco de dados no contexto global.

»» Contorno da proteção jurídica aos dados contidos em um banco de dados


no ordenamento jurídico brasileiro – tema que se subdivide em: distinção
no direito brasileiro entre “dados” e “banco de dados”; regime específico
da proteção a “banco de dados” e a “dados” em face dessas distinções.

»» Vicissitudes dos “termos de uso” e contratos por clique.

»» Corolário: modelos legislativos e normativos que não devemos seguir ou


aceitar.

Paiva (2005, p. 3) informa que:

Os bancos de dados cujas informações são de domínio público, que


apenas exigem esforços, na reunião e catalogação dos dados, não são
considerados obras intelectuais. Denominados banco de dados não
originais, este tipo de trabalho não possui caráter criativo, muito menos
esforço intelectual ou originalidade.

Segundo Lemos (2005, p. 139): “A proteção aos dados contidos em um banco de dados
é diferente da proteção conferida pelo direito autoral.”

Mais adiante Lemos (2005, p. 139) destaca o precursor desse novel dispositivo jurídico:
68
PROPRIEDADE INTELECTUAL E BANCO DE DADOS │ UNIDADE IV

A União Europeia foi a pioneira na implementação desse novo direito


sui generis. Em 1996, foi adotada a Diretiva no 96/9/EC, criando um
novo instituto jurídico para proteção de dados constantes em um banco
de dados. Esse novo direito sui generis aplica-se incondicionalmente,
ainda que o conteúdo dos respectivos bancos de dados seja composto
por informações não sujeitas ao regime de direito autoral. Conforme
a diretiva, a proteção vigora enquanto novos investimentos forem
continuamente realizados no banco de dados, visando à sua atualização
e manutenção.

Como não poderia ser diferente: “A decisão legislativa europeia foi extremamente
controversa. A comunidade civil mundial reagiu negativamente à criação desse novo
direito.” (LEMOS, 2005, p. 141).

Em continuação, o autor comenta que o “mero esforço e investimento” não estendem


a proteção ao direito autoral, aos dados constantes em um banco de dados, inexistindo
uma modificação na lei que preveja tal extensão. (LEMOS, 2005, p. 142).

Sabiamente, conclui:

O Brasil encontra-se na mesma categoria da posição global majoritária:


[...] não são objeto de proteção por parte do direito autoral, só devido
a estarem incluídos em um banco de dados. É universalmente aceito,
inclusive no ordenamento pátrio, que a criatividade é o requisito para a
proteção do direito autoral. (LEMOS, 2005, p. 143)

Existem grandes distinções entre dados e banco de dados, à luz da Constituição Federal,
como explora Lemos (2005, p. 145), cita-se:

Dados correspondem ao conteúdo substantivo de um “banco de dados”,


enquanto o “banco de dados” propriamente dito consiste na estrutura
lógica, sistematizada, para o armazenamento, o gerenciamento e a
organização dos dados.

A mera análise do uso das palavras em seu sentido pragmático denota


essa diferença. A Constituição fala em “sigilo de dados” e não em
“sigilo de banco de dados”. Ou ainda, fala em “retificação de dados” e
não em “retificação de banco de dados”. Do mesmo modo, fala sobre o
“conhecimento de informações constantes de banco de dados” e não
sobre “conhecimento de informações constantes de dados”. Donde
conclui que dados são elementos de banco de dados, e não se confundem
com este.

69
UNIDADE IV │ PROPRIEDADE INTELECTUAL E BANCO DE DADOS

Quanto a esse tópico, comenta o autor Lemos (2005, p. 148), a saber:

A legislação pátria não acolhe o conceito de direito de propriedade


intelectual sui generis com relação aos dados contidos em um banco de
dados. Em vez disso, nosso direito cuidou de proteger especificamente
os “bancos de dados” por meio do mesmo instituto jurídico utilizado
para a proteção de software, o direito autoral. Isso se dá porque o
sistema lógico o denominado “banco de dados” consiste em “criação do
espírito”, atendendo ao requisito de sua proteção.

Podemos observar à luz da legislação brasileira sobre a relação dos direitos autorais
com a base de dados ao afirmar que:

Os “dados” de um “banco de dados” gozam de proteção autônoma


pelo direito autoral, desde que se constituam como obras intelectuais
e objeto de criação do espírito. Se meros fatos não gozam de nenhuma
proteção, não importa se foram incluídos ou não em uma base de
dados, por sua vez, protegida pelo direito autoral. (LEMOS, 2005,
p. 133).

A respeito das inovações da propriedade intelectual em relação aos meios eletrônicos,


transcrevemos as palavras de Blum e Abrusio (2003, p. 293):

A Lei no 9.610/1998 trouxe uma inovação, qual seja, a proteção


aos titulares dos direitos patrimoniais sobre as bases de dados, o
armazenamento em computador, a microfilmagem e as demais formas
de arquivamento do gênero.

Ressalta-se que, se o autor autoriza a inclusão de sua obra num banco


de dados, deverá estipular sua forma de uso e os limites de transmissão,
comunicação e utilização com clareza, no interesse das partes.

O Professor Lemos (2005, p. 150) comenta:

É de se notar que hoje grande parte das expressões intelectuais humanas


encontra-se sob domínio público e mesmo aquelas que não estão, uma
vez transcorrido o seu prazo de proteção, tornar-se-ão res commune,
isto é, bem de todos, como o ar. Outras informações já nascem livres:
são os textos legais, os nomes próprios, os resultados esportivos, os
fatos, os números de telefone, os endereços etc. Falta-lhes o requisito
da “criatividade” e, por isso, são também res commune.

Outrossim, Paiva (2005, p. 7) arremata dizendo que:

70
PROPRIEDADE INTELECTUAL E BANCO DE DADOS │ UNIDADE IV

As bases de dados, hoje, recebem diferentes formas de tratamento


pelos sistemas jurídicos alienígenas. No Brasil, encontram proteção
por sua forma de expressão pelo direito autoral, quando se trata das
bases de dados não originiais por meio da concorrência desleal e da
proteção contratual.

Na Europa e o no México, os bancos de dados são protegidos pelo direito


do autor, mas também é reconhecido o direito sui generis, para aqueles
que não constituem obras com originalidade e criatividade suficiente
para gozar da proteção autoral. Os Estados Unidos da América já
possuem projeto para proteção do investimento, no acúmulo de
informação de domínio público em um banco de dados.

Nota-se a que há uma preocupação global em proteger as bases de dados,


mas por outro lado, que isso não represente atraso e concentração
de informações e, consequentemente, dinheiro na mão de poucos.
Os países mais desenvolvidos, aqueles que detêm a grande fatia da
produção de riqueza, hoje, representada pelo monopólio de tecnologia
e conhecimento, trataram dessa questão, naturalmente, mais cedo que
países os países mais pobres.

Podemos concluir que aquele que detém a informação que os outros necessitam
é que garante uma posição de poder frente à sociedade, contudo, após uma análise,
observamos que“o que está em jogo é o patrimônio de informações comuns e livres no
país, sua própria cultura, em oposição a um futuro em que toda informação tem dono.”
(LEMOS, 2005, p. 150).

Destarte, o Banco de Dados goza de proteção apenas quando se tratar de obra criativa
de espírito, quanto a sua estrutura lógica, gerenciamento e organização dos dados.
Havendo distinção, como já tratado por Ronaldo Lemos em relação aos dados contidos
na base.

Quanto à privatização da informação, deve-se observar o princípio do Direito da


Tecnologia da Informação por nós proposto: o Princípio da disponibilidade
universal da informação. Este relaciona-se com a Democratização da Informação
e da inclusão digital. Em regra, deve-se prezar pela disponibilidade de informações
como res commune no que se refere a qualquer que não viole o direito à intimidade
e não comprometa a segurança pública interna e externa, assim, contribuindo para o
progressão cultural, social e científica.

71
PIRATARIA UNIDADE V

CAPÍTULO 1
Combate à Pirataria

Liberdade é obediência às leis que a pessoa estabeleceu para si própria.

Jean-Jacques Rousseau

Muito se tem discutido sobre a violação do direito do autor no que se refere à violação
de direitos autorais na Internet, plágio de sites, pirataria de software, troca de arquivos
Peer-to-Peer de mp3, mp4, vídeos, e-books, imagens e outros ilícitos realizados por
intermédio dos novos instrumentos tecnológicos, principalmente na Grande Rede.

A respeito da pirataria, Gandelman (2001, p. 86) menciona o que segue:

Chama-se vulgarmente de pirataria à atividade de copiar ou reproduzir,


bem como utilizar indevidamente – isto é, sem a expressa autorização dos
respectivos titulares – livros ou outros impressos em geral, gravações de
sons e/ou imagens, software de computadores, ou ainda, qualquer outro
suporte físico que contenha obras intelectuais legalmente protegidas.

Os números da pirataria de softwares, no Brasil e outros países da América Latina,


correspondem a prejuízos de mais de 1,1 bilhão de dólares, o que equivale a 80% dos
softwares vendido na região. (CORREA, 2007, p. 48).

Gandelman (2001, 86) afirma que os principais prejudicados pela pirataria, sofrendo
com seu impacto são: a União, os Estados e Municípios; as empresas produtoras de
filmes cinematográficos; o público consumidor; os distribuidores legítimos.

A Campanha Nacional Educativa de Combate à Pirataria e ao Contrabando11 desenvolvida


pelo Sindireceita e o Ministério da Justiça objetiva conscientizar a população brasileira

11 Disponível em: <http://www.piratatofora.com.br/> Acesso em: 23 out. 2008.

72
PIRATARIA │ UNIDADE V

das consequências da pirataria no país. Ela apresenta os sete pecados capitais da pirataria,
ou seja, os sete principais males causados pela pirataria como sendo estes.

1. O desemprego.

2. A sonegação de impostos.

3. Prejuízo à economia nacional.

4. Engano ao consumidor e prejuízos à saúde.

5. Roubo de ideias e invenções.

6. A prática de concorrência desleal.

7. Fomento ao crime organizado.

Após o resultado de uma pesquisa que traça o perfil do consumidor de produtos piratas,
o Conselho Nacional de Combate à Pirataria, órgão ligado ao Ministério da Justiça, diz
que vai tratar o problema de pirataria como um problema ético. Três em cada quatro
brasileiros consomem algum tipo de produto pirata.

Um dos aspectos apontados como motivo de o consumidor comprar produtos piratas


é a falta de confiança no destino dos impostos arrecadados. Isso quer dizer que se o
governo quiser diminuir a pirataria terá, primeiramente, que combater a corrupção e
consequentemente melhorar a sua imagem diante da população.

A insigne Paesani (2007, p. 69) salienta:

O índice de pirataria de software no Brasil é um dos mais altos do


mundo (83%) e gera perdas anuais da ordem de US$ 527 milhões. O uso
ilegal de programas não prejudica apenas a empresa que o desenvolve,
mas é prejudicial a todo o mercado. Conforme declaração da Associação
Brasileira das Empresas de Software (ABES) perdem os produtores,
os distribuidores e revendedores, os usuários e a sociedade em geral,
pois os impostos arrecadados com a venda de software legal seriam
revestidos em benefício da população

[...] A lei impõe penalidades por meio da aplicação de ação cível, que
recai sobre as empresas, prevendo o pagamento de indenização que
equivalem à compra de dois mil originais, caso seja comprovada a
fraude. A ação penal pode ser cumulada com a ação criminal, que atinge
diretamente os diretores e pessoas físicas através de indenizações,
multas, demissões e até prisão.

73
UNIDADE V │ PIRATARIA

Contudo, realizar uma única cópia em casa, para uso exclusivamente pessoal, não é
considerado pirataria. Do contrário, se “esta cópia, porém, sair dessa esfera para ser
reproduzida, alugada, trocada, exibida publicamente, ou de qualquer forma, utilizada
sem a expressa autorização dos respectivos titulares, aí sim, ela se torna pirata”. (BLUM;
ABROSIO, 2001, p. 296).

Sobre o futuro da proteção jurídica às propriedades intelectuais cumpre destacarmos


as palavras de Levy (1999, p. 7):

Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no


mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os
homens, o trabalho, a própria inteligência, dependem na verdade,
da metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos
os tipos. Escritura, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são
capturadas por uma informática cada vez mais avançada. Não se pode
mais conceber a pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa
que redistribui as antigas divisões entre experiência e teoria.

O Professor Rezende (2002) apresenta a pirataria sob o enfoque do software livre.


Cita-se:

Pirataria com software livre é quando algum programador ou empresa


se apropria do código-fonte do programa para incorporá-lo em algum
outro programa que não seja livre. Quanto a este tipo de pirataria, são
os associados da ABES que se veem tentados, como a raposa com as
uvas, e não o consumidor. Pirataria de software é, pois, um conceito
relativo, derivado do modelo de negócio em torno dele.

Dito isto, o usuário precisa entender sua força e seu papel a desempenhar frente
ao mercado de software, transferindo a responsabilidade da pirataria para as
corporações. Pois, a escolha de quem será o agente ativo da pirataria está nas mãos
do mercado consumidor.

74
Para (não) Finalizar

O poder-dever do especialista em Direito da TI


Evidentemente, todos estamos de certa forma conectados aos computadores e à
tecnologia nesse ambiente de plena evolução em que estamos inseridos.

Encontramo-nos inseridos em banco de dados, fotos de websites de relacionamentos,


extratos bancários, correios eletrônicos, 3G, TV digital etc. Até mesmo aqueles que
estão nas terras mais longínquas, em meio a tribos, ou na Antártida têm suas imagens
e sons capturados via satélite.

Desta feita, não temos como vilipendiar essa nova imagem do universo que se forma
diante de nós. Indubitavelmente, temos sorte de não existir, até onde sabemos,
tecnologias que permitam ler pensamentos, embora existam ditos equipamentos
“detectores de mentiras”.

Hodiernamente, nossa privacidade está comprometida, nossas imagens são duplicadas,


nossas informações são publicadas, nossos documentos reproduzidos, nossas palavras
ecoadas, nossas manifestações intelectuais plagiadas.

Destarte, vêm os direitos da propriedade intelectual socorrer-nos e permitir que a


sociedade continue percorrendo as veredas do desenvolvimento intelectivo.

O fenômeno da Internet contribui para a liberdade de expressão, o acesso à informação,


a democratização do conhecimento. Todavia, instaurou-se uma crise ética e moral
generalizada no espaço cibernético. As inovações tecnológicas levaram-nos a questionar
o que é certo e errado na propriedade intelectual e, sobretudo, nos direitos autorais.

A coletividade muda seus hábitos, crenças e valores e, consequentemente, o direito deve


seguir os seus passos. Até certo ponto, o direito à propriedade deixa de ser um dispositivo
jurídico fomentador da segurança jurídica e passa a se tornar agente incitador do caos.

Isso não quer dizer que deve ser extinto do ordenamento jurídico, mas, certamente não
podemos observá-lo com a ótica do direito clássico que, muitas das vezes, legitimam
situações injustas.

Outrossim, somos desafiados a deixar de ser meros repetidores de insignes pensadores


do passado para nos tornar os arquitetos do desconhecido universo do ciberdireito.

75
PARA (NÃO) FINALIZAR

Caso os revolucionários, filósofos, juristas e demais sapientes de outrora, que veneramos,


estivessem em nossos passos, obviamente, não se conformariam com a adoção dos
institutos existentes para soluções não satisfatórias.

Por esta razão, devem ser repensados os preceitos dissociados da carência contemporânea
diante das alterações que crescem vestiginosamente. Transcrevendo as palavras do
filósofo e político anglo-irlandês Edmund Burke: “Leis más são o pior tipo de tirania”.

Nesse sentido, prossigamos com a consciência de que somos o autor na história da


sociedade da informação, invocados pela celeuma da comunidade virtual.

Bom trabalho!

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