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AJUSTES E EFEITOS

AJUSTES E EFEITOS

4.1. Filtros

Na etapa de captação de som, há diversos filtros que podem ser utilizados para reduzir ruídos, assim
como para melhorar a captação da voz.

4.1.1. High Pass/Low cut (filtro passa-alta)

O filtro passa-alta elimina frequências abaixo de um determinado valor. É um tipo de equalizador


que elimina as frequências abaixo de um ponto de corte especifico. Por isso seu nome, pois
ele deixa passar as frequências mais altas a partir do ponto de corte. Este filtro também é
conhecido como Low Cut, pois corta as frequências baixas. Ao escolher, por exemplo, o valor
de 40 Hz, todo som com frequência abaixo de 40 Hz será eliminado. Em uma sala de estúdio,
por exemplo, com ar-condicionado ligado e computador, estes produzem ruídos em frequências
baixas que facilmente podem ser eliminados pelo filtro Low Cut.

4.1.2 – Compressor 47
O efeito de compressão, como o nome já diz, comprime a onda sonora quando ela ultrapassa
um certo limite, evitando que o som passe do valor máximo de captação e impedindo que ele
“estoure”, consequentemente, evitando a perda da informação. Este pode ser considerado
como uma medida de segurança, pois mantém a integridade do som quando este atinge
intensidades muito altas. Ou seja, ele ajuda a segurar excessos que ultrapassem um valor
definido.

O compressor também serve para diminuir a faixa dinâmica do som, diminuindo, portanto,
a diferença entre os sons com mais intensidade daqueles com menor intensidade. Pode
ser útil, por exemplo, em situações na qual duas pessoas falam juntas, mas com volume
de voz muito distinto. Uma pessoa fala alto e outra fala baixo, por exemplo. Comprimir
o volume de voz alto faz com que este se aproxime do nível de intensidade daquele
mais baixo. Claro que, em um set, é mais conveniente pedir para os atores falarem em
intensidades mais próximas.

Dois parâmetros importantes em um filtro de compressor são o Threshold e o Ratio.

Threshold é o valor que definimos como o ponto de análise do sinal. É no threshold que
estabelecemos a partir de qual nível de intensidade que o compressor irá atuar.

O Ratio estabelece o nível de compressão em relação ao sinal original.

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Fig. 26. Threshold e ratio.


Disponível em: https://bit.ly/2wM9usq
4.1.3. Limiter

O Limiter é similar ao Compressor, no entanto, enquanto o compressor diminui o volume a partir de um nível definido,
o limiter reduz todo som com intensidade maior do que a estabelecida para aquele patamar.

4.2. Gravação de ambiência e sons de objetos de cena


É importante que o técnico de som produza um material que possa ser utilizado na edição como complemento à
captação do som direto ou, especificamente, dos diálogos. Uma boa prática é gravar de um a dois minutos apenas do
som ambiente do espaço que está sendo realizada a filmagem. Esse som ambiente irá permitir a junção dos áudios de
diálogos, quando estes são cortados na ilha de edição, evitando o silêncio absoluto. Assim tem-se uma “cama” de som
ambiente que permanece constante durante toda a cena.

Outra prática importante que pode minimizar o trabalho de pós-produção é a gravação de sons provenientes das ações
dos atores com objetos de cena. Se houver tempo para gravar sons específicos, tanto melhor, pois o som do objeto sendo
manuseado na cena incorpora o seu entorno acústico que é diferente quando este som é captado, posteriormente, em
estúdio.

4.3 ADR. Automated Dialog Replacement – Redublagem


ADR é a sigla em inglês para Automated Dialog Replacement. É uma técnica de regravar o áudio para substituição ao
áudio original gravado no set. Isso ocorre por diversos motivos. O motivo mais comum é a impossibilidade de utilização
do som original em função de algum ruído que não pode ser retirado, ou em decorrência de mau funcionamento do
equipamento durante a gravação, ou, ainda, em função de algum arquivo de áudio que tenha sido corrompido. Também
pode ocorrer a redublagem para se obter outra interpretação do ator sem que, necessariamente, seja gravada toda
a cena novamente. O ator pode repetir o texto com outras nuances e intenções, melhorando sua performance ou
produzindo sentidos outros que aqueles alcançados na gravação original.
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Por mais que o técnico de som faça um planejamento cuidadoso, há sempre a possibilidade de imprevistos interferirem
na captação de som. E quando esses imprevistos impedem a captação do som de maneira plena, uma opção é recorrer
ao ADR.
4.4. Foley

Muitas vezes quando realizamos uma gravação de som em um set, alguns sons eventualmente ficam muito menos presentes
que o desejado. Passos, objetos manipulados em cena, como espadas, armas, ou objetos menos letais, como xícaras,
isqueiros, um cigarro sendo tragado; eventualmente, estes “objetos/ações” precisam ter seus sons realçados, pois em
algumas situações seus sons são muito sutis, quando não, imperceptíveis. A função do foley é recriar determinados sons que
não foram captados durante a filmagem ou que foram captados, mas não apresentam o destaque necessário. Portanto, o
foley cria sons, dando destaque a eles.

O Foley também pode ser utilizado para encobrir sons indesejados durante uma filmagem como, por exemplo, o som de um
avião. Desse modo, o foley contribui para a experiência sonora do espectador, dando mais nuances à sonoridade do filme.
Isso porque, normalmente, na captação de som direto há uma preocupação excessiva com a gravação das vozes, contudo,
outros sons que não foram gravados no set de filmagem também fazem-se necessários.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste curso, buscamos abarcar, de uma maneira ampla, as diversas possibilidades de se realizar a captação de som direto,
desde composições mais simples com microfone acoplado diretamente à câmera, assim como, sistemas complexos com
diversos canais gravados simultaneamente. Procuramos esclarecer os diversos tipos de microfones, cabeamentos e situações
comuns de gravação. Por fim, ressaltamos a importância de um bom planejamento, evitando a perda de tempo no set e, até
mesmo, o gasto adicional com regravações ou mais horas de trabalho em pós-produção para corrigir falhas não previstas.
O técnico de som precisa entender todo o fluxo de produção cinematográfica, decidir os equipamentos adequados a cada
situação, posicionar e orientar os operadores de som. Além disso deve estar sempre atento a sons indesejáveis que podem
ocorrer durante qualquer gravação. Planeje, se organize e esteja sempre atento.

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REFERÊNCIAS

Dacynger, Ken. Técnicas de edição para cinema e vídeo. Ed. Campus. São Paulo. 2007

Lignelli, Cesar. Sons em Cena. Ed. Dulcina. 2014.

HENRIQUES, Fábio. Guia de microfonação. Rio de Janeiro: Editora Música & Tecnologia, 2015.

Godoy, João. O método de trabalho do som direto. Mnemocine Editorial. Salto. 2014. Disponível em: <http://www.
mnemocine.com.br/index.php/downloads/cat_view/99-som-no-cinema>. Acesso em: 18 de abr.2018.

Sítios da internet

Especificações técnicas do gravador Zoom modelo H6n. Disponível em: <https://www.royalmusic.com.br/zoom/h6-handy-


recorder/ > Acesso em: 18 de abr.2018.

Fig. 26 – Threshold e Ratio. Disponível em: <https://tiagoborges.net/compressor/> Acesso em: 18 de abr.2018..

Gravando em casa. Sobre Taxa de amostragem e bit rate. Disponível em: <http://gravandoemcasa.com/2013/07/bit-rate- 52
e-sample-rate-explicados/ > Acesso em: 18 de abr.2018.

Spada, Adriano Luis. Manual sobre microfones. Disponível em: <http://www.attack.com.br/artigos_tecnicos/mic_2.pdf>


Acesso em: 18 de abr.2018.

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