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Instituto Superior Politécnico de Songo

DIVISÃO DE ENGENHARIA

Curso: Engenharia Hidráulica

Modulo PGRH: H31

Planificação e Gestão de
Recursos Hídricos

Rosaque J. Guale (MSc. UZ; MSc. IHE-Delft)


Especialista em Gestão de Recursos Hídricos e Ambiente

Songo, Novembro 2021

1
4.
Demanda de Água
Demanda (uso) de Água

Existe uma demanda crescente de água em todo o mundo. À medida que as


populações e os padrões de vida crescem e as economias se desenvolvem, as
demandas feitas sobre os recursos hídricos continuam a aumentar, mas
água é um recurso finito.
Demanda (uso) de Água
As demandas futuras de água pelos diferentes usuários podem ser afetadas pela
evolução tecnológica.

Os desenvolvimentos tecnológicos que aumentarão a demanda de água são, por


exemplo:
• a geração de energia nuclear refrigerada a água e
• a produção de gás a partir do carvão.

Os desenvolvimentos tecnológicos que podem diminuir as demandas futuras de água


doce são, por exemplo:

• Geração de energia eólica e solar (através de células fotovoltaicas)


• Saneamento a seco / saneamento ecológico
• Recirculação de água de resfriamento (“dry-cooling”) de usinas termoelétricas
• Tecnologia de lavagem sem enxaguamento
• irrigação por gotejamento
• Dessalinização da água do mar

Embora a tecnologia possa ajudar a reduzir a demanda, isso provavelmente não será
suficiente. Para evitar a mineração de recursos limitados, será necessário reduzir as
demandas dos usuários individuais.
Demanda (uso) de Água
As demandas de água per capita variam entre paises e entre regiões e essas
diferenças são atribuídas a factores naturais e económicos. Mais água é usada
em regiões quentes e secas do que em áreas temperadas e húmidas, devido à
irrigação, banho e ar condicionado.

Das várias influências climáticas, a precipitação parece ter o maior efeito sobre
a demanda per capita, principalmente como resultado das demandas de água
de irrigação.

O padrão de vida da população também afeta a demanda. O consumo de água


aumenta com o aumento do padrão de vida.

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Estimativa da Demanda de Água Urbana
A demanda de água urbana depende, entre outros factores:

i. o número de pessoas dentro da área considerada metropolitana;


ii. as taxas de conexão para diferentes tipos de fornecimento; por exemplo.
stand pipe, fornecimento de tubulação (conexão privada);
iii. o consumo per capita, que depende de fatores como nível de
desenvolvimento, tipo de oferta e preço da água;
iv. as perdas nas infra-estruturas de transporte, tratamento e distribuição.

Além disso, a demanda por água também é influenciada pelo clima (chuvas,
temperatura), padrão de vida de (diferentes categorias de) usuários, medidas
de racionamento, tarifas etc.

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Estimativa da Demanda de Água Urbana
A demanda de água nas principais áreas urbanas em Moçambique:

Direcção Nacional
de Abastecimento de
Água e Saneamento

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Estimativa da Demanda de Água Urbana
A linha inferior do consumo de água pode ser definida como o consumo de
água per capita da 'linha de vida'. Hoje em dia, essa necessidade de água
vital é de 50 l/hab/dia de água doce limpa e segura, esse número exclui a
água necessária para a produção de alimentos e para outras atividades
económicas;

Nos países desenvolvidos, as taxas de consumo total podem chegar a 1000


litros por dia em regiões secas, onde a irrigação do gramado não é limitada.
Valores normais, no entanto, para os países desenvolvidos variam entre 200
e 500 litros por dia;

Nos países em desenvolvimento, o consumo de água potável é geralmente


inferior a 50 litros por dia, o que pode ser considerado como um mínimo
para fins de saúde pública.

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Requisitos Recomendados de Água para
Necessidades Humanas Básicas (Gleick, 1996)
Finalidade Nível Mínimo
(litros/cap/dia)
Água Potável /Consumo 5
Serviços de Saneamento 20
Banho /Higiene Humano 15
Preparação de Alimentos 10
Total Estimado 50
Notas:

(a) Este é um mínimo verdadeiro para sustentar a vida em condições climáticas


moderadas e níveis médios de actividade diária.

(b) Excluindo a água necessária para cultivar alimentos. Uma estimativa


aproximada da água necessária para cultivar as necessidades alimentares
diárias de um indivíduo é de 2700 litros.

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Padrões para Demanda de Água por Categoria
de Consumidor, Harare City
Consumption category Unit Annual average daily water
demand
Residential
High density l/stands/d 900
Medium density l/stands/d 1,800
Low density l/stands/d 2,500
Flats l/unit/d 1,000
Commercial
Hotels l/bed/d 800
Offices, Shops l/employee/d 30
Industrial
Dry industries l/ha/d 20,000
Wet industries To be calculated individually
Institutional
Hospitals l/bed/d 500
Clinics l/100 m2/d 1,000
Day schools l/pupil/d 30
Boarding schools l/pupil/d 90

10
Consumo Médio de água (litros/cap/dia) das
Famílias (Davies e Day, 1998: 325)

Water demand California UK South Africa


(USA)
Washing machine 32 12 23
Toilet 95 37 48
Bath/Shower 73 22 65
Kitchen 27 36 24
Total 227 107 160

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Consumo Médio de Água (litros/cap/dia) das
Famílias (LNEC & DNA, 2000) RSPDA
RSPDA - PROJECTO DE REGULAMENTO DOS SISTEMAS PÚBLICOS DE DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA E DE
DRENAGEM DE ÁGUAS RESIDUAIS DE MOÇAMBIQUE , LNEC VERSÃO ACORDADA P/ DNA (2000)

ARTIGO 14º
Consumos domésticos, comerciais e públicos
1. As capitações totais devem ser determinadas pela análise e extrapolação da sua
evolução nos últimos anos na zona a servir, ou em zonas de características
semelhantes em situações de suficiência de água, não devendo, no entanto, ser
inferiores a:
a) 30 l/hab./dia em áreas abastecidas por fontanários;
b) 50 l/hab./dia em áreas com torneiras de quintal;
c) 80 l/hab./dia em áreas até 2 000 hab. com abastecimento domiciliário e
distribuição predial;
d) 125 l/hab./dia em áreas com mais de 2 000 hab. com abastecimento
domiciliário e distribuição predial.
3. Em caso de impossibilidade prática de obter informação que permita estimar os
consumos a que se refere o n.º 2, podem usar-se a título indicativo os seguintes
valores de referência:
a) Hospitais: 300 a 400 l /cama/dia;
b) Hotéis: 70 l/quarto s/banheira ou 230 l/ quarto c/banheira
c) Escritórios15 l /pessoa/dia
d) Restaurantes: 20 a 45 l / refeição servida / dia
e) Escolas: 10 l/aluno/dia
12
Crescimento da Demanda de Água
Um elemento importante na avaliação da demanda é a projeção da evolução
demográfica (para o período de vida da nova infraestrutura);

Como resultado do caráter exponencial do crescimento populacional, o


resultado das previsões populacionais é altamente sensível ao valor
assumido da taxa de fertilidade;

As projeções da população devem ser feitas para o curto prazo (2-5 anos) e
para o médio prazo (5-10 anos). Projeções para o longo prazo (mais de 10
anos) não são confiáveis, embora possam servir como uma estimativa
indicativa;

As previsões de longo prazo raramente estão próximas da correção. Em todo


o mundo ocorreram mudanças surpreendentes que fizeram com que as
taxas de crescimento se desviassem seriamente das projeções;

Algumas dessas mudanças inesperadas são: a eclosão de guerras, a


migração por refugiados, mudanças políticas, recessão econômica ou
recuperação econômica, migração para áreas urbanas, etc.
13
Modelo de Crescimento Populacional Baseado no
Balanço Populacional (Savenije, 2000)

dP/dt = B – D + I – O
onde dP / dt = alteração na população durante o passo de tempo t, e. ano (capita)
B = número de nascimentos por unidade de tempo, por ex. por ano (capita / ano)
D = número de mortes por unidade de tempo (capita / ano)
I = imigração (capita / ano)
O = emigração (capita / ano)

O número de nascimentos pode ser expresso como o produto da taxa de


natalidade b e a população: B = b(P/L); onde L é a expectativa de vida em
anos
a taxa de fecundidade f, que é a quantidade de filhos nascidos por mulher.
É óbvio que f = 2b.
taxa de mortalidade d: D = d(P/L)
Em uma situação de estado estacionário, d = 1 e D = P / L.
Se d < 1 mais jovens que idosos e se b < 1 (caso da China) chegará
momento de mais idosos.

14
Modelo de Crescimento Populacional Baseado no
Balanço Populacional (Savenije, 2000)
Se negligenciarmos, por causa do argumento, a emigração e a imigração, a
combinação as equações teremos: dP/dt = ((b-d)/L)*P

Se b e d são constantes, então a solução é uma equação exponencial do tipo:


P(t) = P(0)*exp((b-d)/L)t = P(0)*exp(rt)
com P (0) e P (t) = população no tempo = 0, e no tempo = t (capita)
r = (b-d) / L
Se (b-d)> 0, significando que per capita mais crianças nascem do que as pessoas
morrem, então a população aumenta exponencialmente. Se b = d, a população é
constante
Se b = 1, a taxa de natalidade é igual à taxa de substituição, o que
eventualmente levará a uma população constante.
Como resultado da política governamental, a taxa de natalidade é restaurada
para o nível sustentável de b = d = 1

15
Estimativa da População no Horizonte do Projecto

A modelação ou estimativa do crescimento populacional, em termos de


população residente, pode ser efectuada recorrendo a diversos modelos ou
métodos, designadamente os seguintes:

 aritmético;
 geométrico;
 mínimos quadrados;
 comparação;
 extrapolação visual;
 taxa de crescimento decrescente;
 curva logística;
 razão-correlação;
 parcelar;
 previsão de emprego.

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Métodos para Estimativa da População em
Núcleos Urbanos

Consumo doméstico:
Caudal médio diário (l/s) para satisfazer os consumos será dado por: Q = p*c/t,
Onde: p é a população (hab.) residente e flutuante, c é capitação (l/hab./dia).

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Gestão da Demanda de Água (Water Demand Mgt)

A gestão de demanda de água visa alcançar demandas desejáveis e usos


desejáveis. Influencia a demanda para usar um recurso escasso de forma
eficiente e sustentável (Savenije e Van der Zaag, 2002).

Observe que:

WDM não é necessariamente o mesmo que diminuir a demanda de água;


em certas situações, administrar a demanda pode significar estimular a
demanda que foi suprimida;

WDM não é necessariamente o mesmo que o preço da água!

A gestão de demanda de água está sempre preocupada em aumentar o uso


eficiente da água. Minimizar as perdas que é a estratégia mais económica em
relação à melhoria do sistema.

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A diminuição da demanda de água irá atrasar a necessidade de
novas infra-estruturas de água (Macy 1999: xv)

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Análise da Água não Contabilizada

Um componente essencial da demanda de água para abastecimento público de


água pode ser as perdas nos sistemas de transporte, tratamento e distribuição;

Estas perdas são normalmente apelidadas de “água não contabilizada” e podem


atingir níveis de 60% em sistemas antigos e deteriorados. As percentagens
normais são de 15 a 25%, incluindo um "consumo" de 5% nas estações de
tratamento;

Além de considerações quantitativas, os sistemas de vazamento podem


apresentar ameaças substanciais à saúde pública, devido às possibilidades de
infiltração de água subterrânea contaminada sob condições de baixa pressão na
rede de distribuição;

A água não contabilizada pode representar uma perda financeira substancial


para qualquer empresa de água;

É necessário controlar as perdas usando detecção eletrónico, modernização dos


sistemas (consumo humano e irrigação), também a poupança de água, etc.

20
Redução do Consumo de Água

Dispositivos hidráulicos em sistemas urbanos de abastecimento de água


para a redução de consumo:

Instalação de armários de água de baixo volume e chuveiros de baixo


volume, pode reduzir o consumo total de água em 25% do consumo
doméstico de água (Martindale e Gleick, 2001);

Uma medida imediata e barata que pode ser implementada é reduzir a


capacidade da cisterna dos banheiros.

Reutilizar toda a sua água residual para a rega de parques, campos


desportivos e cemitérios através de um sistema de dois tubos e a
recuperação de águas residuais para um padrão potável, aplicação de
tarifas altas para usuários que consomem mais água, como o caso da
irrigação

21
Redução do Consumo de Água
Outras medidas de redução demanda de água incluem:

• Conscientização pública e educação;


• Sem irrigação de jardins entre as 10: 00h e as 16: 00h (obrigatório);
• Uso de coberturas de piscina (obrigatório);
• Uso de banheiros de baixo nível (obrigatório para todos os novos edifícios);
• Medição de todas as conexões;
• Reutilização de efluente purificado para irrigação e recuperação de material
potável;
• Diretrizes de conservação de água para indústrias húmidas.

22
O Dilema da Água Livre (Savenije, 2000)

23
Preços da Água Urbana

Nas conferências de Dublin e do Rio, conforme relatado na Agenda 21, foi


reconhecido que a água deve ser gerenciada como um bem econômico, fornecida
para fins de água para beber e outras necessidades básicas são disponibilizadas a
preços que são amplamente acessíveis localmente;

Fornecer água de graça ou altamente subsidiada, no passado, levou a sérios


desajustamentos de recursos hídricos, uso ineficiente e superexploração;

Uma boa ilustração desse problema é o “dilema da água livre”. Se a água é


gratuita, as indústrias de água não recebem pagamento suficiente por seus
serviços, consequentemente serão imcapazes de manter seus sistemas
adequadamente (má qualidade dos seus serviços), os sistemas entram em colapso,
as pessoas precisam beber água imprópria ou pagar quantias excessivas de
dinheiro para os fornecedores de água, enquanto as pessoas ricas recebem água
encanada diretamente em suas casas, de graça;

Assim, a política de água livre resulta em pessoas ricas recebendo água de graça e
pessoas pobres comprando água a taxas excessivas ou bebendo água imprópria.

24
Preços da Água Urbana

A precificação da água tem várias conseqüências importantes, o que a torna um


instrumento fundamental para a implementação do gerenciamento da demanda:

• aumento do preço reduz a demanda;


• aumento da oferta, aumentos de preços (em primeiro lugar, porque os projetos
marginais podem se tornar acessíveis e, em segundo lugar, porque se torna
atraente reduzir as perdas);
• aumento de preços facilita a realocação entre setores;
• aumento dos preços melhora a eficiência gerencial.
O preço da água é frequentemente promovido para pelo menos dois propósitos:
(a) recuperar custos e (b) aumentar a eficiência do uso da água

25
Preços da Água Urbana
Os custos económicos incluem, para além dos custos financeiros, também os
custos externos (externalidades económicas), tais como danos ambientais,
poluição, efeito nos utilizadores a jusante e custos sociais (riscos para a
saúde, reinstalação, etc.). A consideração desses custos nos custos
financeiros é chamada de externalidades internalizadas.

O dinheiro recebido pela internalização desse custo deve ser pago aos atores
que incorreram nos danos.

Se o preço da água deve representar o custo econômico total, ele também


deve refletir a escassez do recurso, que geralmente é expresso no custo de
oportunidade.

26
Preços da Água Urbana

A disposição para pagar os usuários de água é uma função da quantidade que os


usuários consomem e sua capacidade de pagar.

Somente se o valor econômico atribuído pela sociedade à água for maior ou igual
aos custos econômicos, é viável o desenvolvimento de recursos hídricos.
Nesse caso, há duas possibilidades:

a disposição a pagar é maior do que o custo econômico, em cujo caso o


governo poderia aplicar uma sobretaxa ou imposto para aumentar a
eficiência do uso da água (ou seja, para gerenciamento da demanda);

ou a disposição (ou capacidade) de pagar é menor do que os custos


econômicos, em cujo caso o governo pode subsidiar o consumo de água ao
nível do custo econômico (que também é uma forma de gerenciamento da
demanda).

Custos de oportunidade (aluguel de escassez) custo econômico Externalidades


(custo para terceiros e meio ambiente) Custos de capital (internos) custos
financeiros Custos de manutenção e manutenção.

27
Preços da Água Urbana
O valor econômico e a disposição a pagar não são facilmente determinados.
Alguns usuários estão dispostos a pagar um preço mais alto do que outros.
Uma vez que estas são frequentemente considerações financeiras, e não
económicas (societárias), a disponibilidade para pagar nem sempre é o
argumento correcto para estabelecer o preço económico (de modo a evitar que a
água sempre vá para o maior lance).

Além disso, a disposição para pagar é dinâmica, dependendo de muitos


parâmetros que incluem acessibilidade, escassez do recurso e valorização do
recurso.

Como todos esses parâmetros dependem do tempo e podem ser influenciados


por fatores externos e internos, a disposição a pagar é um parâmetro volátil.

28
Princípio Geral do Custo da Água

29
Relação entre Preço e Demanda

Como bens econômicos comuns, há uma relação entre preço e demanda seguindo
uma curva de demanda. A inclinação adimensional desta curva de demanda é
chamada de elasticidade de preço da demanda. É definido como o percentual de
aumento na demanda resultante de um percentual de aumento no preço.

Essa elasticidade é um número negativo,


uma vez que a demanda deve diminuir à
medida que o preço aumenta, e
normalmente varia entre -1 e 0.

A equação geral da relação demanda-


preço (a curva de demanda): Q = cPE
onde Q é a quantidade de demanda para
o bem de consumo.
P é o preço do bem de consumo
c é uma constante
E é a elasticidade da demanda.

30
Relação entre Preço e Demanda

Os usos primários da água têm uma


característica especial em que a
elasticidade se torna rígida (inelástica;
E próxima de zero) quando nos
aproximamos das necessidades mais
essenciais do usuário exemplo água de
beber (não há fonte alternativa);

Para sectores como a indústria e a


agricultura, a procura de água é
geralmente mais elástica (mais perto
de -1), o que está mais de acordo com
a teoria económica geral (existem
alternativas );

Para abastecimento urbano (usos


primários) devem serem tomadas
medidas adicionais (não financeiras)
para reduzir a demanda de água como
anteriormente foi referido

31
A demanda por água é relativamente
inelástica
Apenas em situações extremas, quando o preço da água aumenta de tal
forma que as pessoas não podem pagar por mais tempo, exigirá resposta
elasticamente, e as pessoas procurarão fontes alternativas de água (para
certos usos), como cavar um poço, usar água não tratada, ou sair da
área. Só então a relação preço-demanda se torna elástica (E <-1);

As relações preço-demanda que são baseadas em uma quantia fixa de


dinheiro que as pessoas podem gastar na água são todas do tipo: Q =
c/P ou Q*P = c;

onde c = quantidade de dinheiro que as pessoas são capazes de gastar


em água [por ex. $ / ano].

32
A demanda por água é relativamente
inelástica
Essas funções têm uma elasticidade constante E = -1. Mais geralmente, a
elasticidade-preço E da demanda pode ser definida como:

E = (dQ/Q)/(dp/P) = (PdQ)/(QdP)

Os economistas classificam a elasticidade como elástica ou inelástica da


seguinte forma:
Se E < -1, a resposta a um aumento de preço é considerada elástica ou
reativa.
Se -1 < E < 0, a resposta a um aumento de preço é considerada inelástica
ou rígida.
Se, por exemplo, o preço é aumentado em 100% (P1 = 2 * P0), e isso resulta
em uma redução de 20% no uso da água (Q1 = 0.8Q0), então:

dP/P = (P1-P0)/P0 = (2P0-P0)/P0 = 1


dQ/Q = (Q1-Q0)/Q0 = (0.8Q0 -Q0)/Q0 = -0.20
portanto E = -0.20/1= -0.20.

33
A demanda por água é relativamente
inelástica
A rigidez é normalmente maior para necessidades para as quais não há
substituto (como água para uso doméstico) do que para bens de luxo, ou bens
que têm uma alternativa mais barata (por exemplo, manteiga e margarina).
Como a água não é um luxo, as demandas de água reduzem relativamente
pouco com um aumento no preço;

A demanda residencial e industrial por água (com exceção da água de


resfriamento) é inelástica, enquanto as demandas agrícolas são mais elásticas.
Isso tem a ver com a disponibilidade de opções alternativas para o uso da
água;

Para uso doméstico não há alternativa para a água, e as pessoas estão


dispostas a pagar muito mais pela mesma quantidade (rígida);

As pessoas devem ter quantidades mínimas de água de alguma forma para


sobreviver, e as famílias muitas vezes pagam preços extraordinariamente altos
para os fornecedores de água por pequenas quantidades de água.

34
A demanda por água é relativamente
inelástica
Apenas em situações extremas, quando o preço da água aumenta de tal forma
que as pessoas não podem pagar por mais tempo, exigirá resposta elasticamente,
e as pessoas procurarão fontes alternativas de água (para certos usos), como
cavar um poço, usar água não tratada, ou sair da área;

Só então a relação preço-demanda se torna elástica (E <-1);

As relações preço-demanda que são baseadas em uma quantia fixa de dinheiro


que as pessoas podem gastar na água são todas do tipo:

Q = c/P ou Q*P = c

35
Escalas de elasticidade de preço para abastecimento
público urbano de água (OCDE, 1987)
Country Price elasticiy Range
Australia -0.04 - -0.75
Canada -0.25 - -1.07
England and Wales -0.3
Finland -0.11
Sweden -0.15
United States -0.06 - -0.61

Aumento da receita devido ao aumento de preço:

Como a elasticidade da demanda de água é geralmente entre -1 e 0 (-1 <E <0),


um aumento de preço da água sempre resulta em um aumento da renda pelo
fornecedor de água. Isso pode ser facilmente demonstrado combinando a
equações anteriores com a equação da mudança relativa na receita (QP):
dQP/QP = QdP/QP + PdQ/QP = (1 + E)(dP/P)
Desde (1 + E)> 0, um aumento do preço resulta em um aumento de receita. Se E
= -1, a receita não aumenta, o que está de acordo com a equação.

36
Taxas de água em bloco e em teoria
económica convencional
O crescente sistema tarifário bloco cobra a água para as necessidades
humanas mais vitais mais baixos, e os usos para necessidades menos vitais
mais elevados. Esse sistema tarifário, portanto, parece estar em desacordo
com a teoria econômica convencional, que classificaria os usos mais
valorizados como os mais altos (os ricos pagam aos pobres);

Na indústria e na agricultura, a elasticidade, embora ainda baixa, é um


pouco maior;

Em áreas áridas, não há substituto para irrigação ou água industrial que


leve a baixa elasticidade, mas os agricultores e industriais podem investir em
tecnologia de economia de água e os agricultores podem mudar os padrões
de cultivo (levando a maior elasticidade).

37
Taxas de água em bloco e em teoria
económica convencional
Concluindo:

- a elasticidade do consumo de água é geralmente baixa.


- a elasticidade do preço é maior quando o preço é maior.
- no setor doméstico, a elasticidade-preço varia entre -0,15 e -0,70.
- no que diz respeito à água potável, a relação preço-demanda nunca será elástica (E
<-1)
- no setor industrial, a maioria das estimativas está na faixa de -0,45 a -1,37

Quando a demanda de água é relativamente inelástica, como água urbana, o


fornecedor de água pode ser tentado a aumentar as tarifas, resultando em receitas
mais altas enquanto o consumo de água cai apenas ligeiramente.

O fornecedor pode não estar interessado em reduzir a demanda de água por outros
meios.
É por isso que as concessionárias de água devem preferencialmente permanecer de
propriedade pública. Se privatizadas, devem operar dentro de um ambiente
regulamentar rigoroso e eficaz.

38
Aumento do sistema de tarifas por bloco

Deve-se notar ainda que qualquer política de preços destinada a influenciar a


demanda deve considerar o direito básico das pessoas ao acesso à água
potável.

Assim, a gestão da demanda por meios econômicos deve considerar os critérios


financeiros (recuperação total dos custos) e patrimonial.

A estrutura crescente de precificação de tarifas de bloco implica um subsídio


cruzado de usuários ricos para pobres.

É um bom exemplo de um compromisso satisfatório entre os dois critérios e


está se tornando cada vez mais adotado, especialmente em regiões com
escassez de água.

39
Sistemas Tarifários por Blocos

Sistemas tarifários para cidades selecionadas na África Austral

40
Sistemas Tarifários por Blocos

A fim de encontrar um compromisso satisfatório entre a recuperação total de


custos e a equidade, cada bloco deve ter um propósito claramente definido, a
partir do qual o tamanho do bloco e a tarifa podem ser derivados.

Primeiro de tudo: verifique se a recuperação de custos é possível; ou seja,


verificar se a renda média é suficiente para comprar a quantidade de água que
uma pessoa consome em média (ou seja, 3% a 5% da renda mensal per capita
de compra média de consumo de água per capita a custo (total)). Se assim for,
a recuperação de custos (completa) é viável;

41
Sistemas Tarifários por Blocos

Um sistema de tarifas em bloco garantirá o acesso dos pobres à água, como


segue:
(1) os agregados familiares mais pobres têm acesso a uma quantidade vital de
água e não gastam mais do que uma certa percentagem do seu rendimento em
água;
(2) o nível de consumo de água "ideal" per capita é definido, o que garantirá o
"bem-estar"; este montante de "bem-estar" é, e. duas vezes o valor da linha de
vida; toda a água consumida para além do montante da linha de vida, mas
inferior ao montante de bem-estar, é cobrada ao custo total do abastecimento de
água (FCWS expresso em, por exemplo, US $ / m3); o que significa que o preço
médio da água ainda é menor do que o do FCWS, portanto, esses domicílios
ainda recebem subsídio;
(3) as famílias que usam água acima e acima do valor de bem-estar, mas menos
que um certo limite superior (por exemplo, 4 vezes o valor da linha de vida)
pagarão o custo total da água durante todo o seu uso; isto significa que a tarifa
do terceiro bloco deve compensar o subsídio implícito que esses usuários
recebem no primeiro bloco;
(4) o uso da água para além do montante especificado no terceiro bloco será
cobrado a uma taxa que irá compensar o subsídio recebido pelas famílias
abrangidas pelos blocos 1 e 2, ou pelo custo marginal de longo prazo.
As funções acima dos blocos tarifários assegurariam a recuperação total dos custos
e a equidade.
42
Sistemas Tarifários por Blocos

Tarifas em bloco de Windhoek (Namíbia),


Gaborone (Botswana) e Hermanus (África
do Sul) (depois de Macy 1999)

Tarifas em bloco de Harare


(Zimbábue) e preço médio da água

43
Sistemas Tarifários (ST) de Água em Moçambique

A Política Nacional de Águas, define a água como um bem económico e, assim


sendo, as tarifas devem reflectir a necessidade de recuperar os custos.

Sistemas Tarifários (ST) : Princípios de política que são aplicáveis nos diferentes
usos e utilização da água, com relevância na vida económica e social do País.

O sistema tarifário aplicável a água bruta abrange águas superficiais,


subterrâneas para o consumo humano, irrigação, produção de energia
hidroeléctrica e outros fins como a rejeição de efluentes nos rios e aquíferos. Tem
como objectivo recuperar os custos de gestão da bacia hidrográfica e incluí a
manutenção da rede

Critérios a observar: A água do uso comum utilizada para satisfazer


necessidades domésticas incluindo o abeberamento do gado e rega em pequena
escala, sem uso de meios mecanizados é gratuita.

44
Sistemas Tarifários (ST) de Água em Moçambique

Será paga a água bruta destinada ao abastecimento de água a aglomerados


urbanos, á irrigação, geração de energia hidroeléctrica, piscicultura, lazer,
rejeição de efluentes nos cursos de água e nos aquíferos em função dos
parâmetros de poluição.

A taxa de captação será fixada em função do tipo de utilização e do volume


pretendido.
Para centrais hidroeléctricas a taxa é fixada mediante o número de
Kilowattes/hora produzidas.

ST aplicável ao abastecimento de água urbano


Abrange a água potável; fontenários; consumo industrial e comercial. Deve-se
desencorajar a pratica da venda informal de água.

ST aplicável ao abastecimento de água rural


Abrange poços e furos equiparados com bombas manuais. Estes deverão por
obrigação contribuir com dinheiro ou outros bens, a gestão destes fundos é da
comunidade local ou respectiva autoridade.

45
Sistemas Tarifários (ST) de Água em Moçambique

Os operadores públicos e privados que comercializam água potável através de


furos e poços em áreas rurais estarão sujeitas a licenciamento obrigatório por
parte da administração local, esses devem limitar os preços a aplicar.

ST aplicável ao saneamento convencional


Abrange a colecta e drenagem das águas residuais e pluviais. O lançamento
destas águas residuais em redes publicas de colecta deverá ser pago de acordo
com os volumes a depositar.

ST aplicável ao saneamento a baixo custo


Abrange as famílias de baixo rendimento vivendo em zonas rurais e peri-
urbanas desprovidas de sistemas convencionas de saneamento. Os custos
neste caso serão definidos localmente.

46
Sistemas Tarifários (ST) de Água em Moçambique

ST aplicável a água para irrigação


Abrange o sistema de irrigação cujas infra-estruturas são propriedades do estado.
As tarifas a aplicar para irrigação são volumétricas e poderão ser aplicados
também tarifas por unidades de superfícies irrigada.

Enquadramento institucional
Água bruta : A gestão é atribuída ao Ministério da obras publicas e habitação,
através da DNA, cabendo as administrações Regiões de Águas a gestão operacional
de água bruta.

É competência das ARAs:


- Propor a modificação das tarifas e formulas de ajustamento destas tarifas e
taxas;
- Propor o faseamento da aplicação das tarifas e taxas;
- Cobrar e gerir as receitas provenientes da aplicação das tarifas e taxas.

Nas bacias onde não exista ARAS a competência é da DNA.


As tarifas e taxas da água bruta serão aprovadas pelo MOPH ouvido o conselho
Nacional de Águas.

47
Sistemas Tarifários (ST) de Água em Moçambique

Abastecimento de água a cidades e centros urbanos


Compete ao MOPH: A fixação das tarifas; fiscalização; definir politicas;
mobilizar fundos; supervisão do processo da legislação dos operadores;
coordenar e regulamentação.
Água Rural
Compete a comunidade beneficiária das fontes de água numa primeira fase gerir
as suas fontes e mais tarde na gestão dos fundos para a construção dos fundos.
Saneamento convencional
Será tutela das autarquias a nível local e receberá assessoria técnica e
económica do MOPH.
Também poderá ser gerido por operadores privados e terão as seguintes
competências: Propor e modificação das tarifas e taxas; propor critérios de
ajustamento das tarifas; gerir receitas cobradas; aprovar as taxas e tarifas
ouvidas as autarquias.
Saneamento de baixo custo
Consistirá fundamentalmente na promoção de iniciativas locais. A comunidade
beneficiária organizar-se-á localmente para gestão e manutenção do
saneamento.
Água para irrigação
A água bruta destinada a irrigação é aplicável o enquadramento institucional
expresso de Água bruta.
48
Exemplo de Fatura de Água
(Aguas Região de Grande Maputo)

49
Requisitos ambientais da água
O ambiente requer água. Em princípio, o ambiente requer o regime de fluxo
natural, não perturbado pela interferência humana;

A captação excessiva de água e a construção de grandes reservatórios em


algumas bacias hidrográficas afectaram significativamente a ecologia, a pesca,
a agricultura (não há inundações das planicies), falta de recarga dos
aquiferos, etc;

O meio ambiente é um usuário legítimo de água, isso não é luxo nem prazer
nós vivemos e fazemos parte de ecossistemas e dependemos deles;

Como exemplo, serve o estuário do Zambeze: a presença da barragem de


Cahora Bassa, e a maneira como a barragem foi operada, causou uma
diminuição na pesca de camarão economicamente importante (Gammelsrod,
1996).

50
Requisitos ambientais da água
Precisamos de critérios que possam ajudar os formuladores de políticas a tomar
decisões equilibradas em que os interesses econômicos imediatos sejam ponderados
em relação ao interesse do meio ambiente.
Esses critérios devem gerar regras operacionais práticas relacionadas, por exemplo:

lançamentos de reservatórios que acomodam o meio ambiente;


direitos ou permissões de água, que contêm condicionalidades que permitem a
captação de água somente se um determinado fluxo especificado for liberado;
objectivos de qualidade da água e licenças de descarga;
projetos de barragens que permitem inundações artificiais e passagens de peixes.

Consciencialização e preocupações globais crescentes

51
Requisitos ambientais da água
O principal objetivo deve ser manter uma certa fração do fluxo de base
natural (zero em rios efêmeros!) E recriar pequenos eventos de inundação.

Um critério simples e primeiro é que o mínimo exigido pelo ambiente, o


período de retorno de certos eventos de descarga não deve ser menor que o
período de retorno do regime natural ao quadrado (Symphorian et al., 2003).

52
Caudal Ecológico

Caudal ecológico é a água no rio necessário para assegurar benefícios


económicos, sociais e ambientais a jusante garantindo o regime de caudais
adequados em termos de quantidade, qualidade e distribuição temporal para
manter a saúde do rio e de outros ecossistemas aquáticos.

Caudais
ecológicos

Caudais de limpeza Caudais de


Caudais de
Necessidades das para a remoção dos manutenção de
manutenção da
espécies e o sedimentos finos e zonas húmidas,
estrutura do leito e
ecossistema contenção da estuários e deltas
planície de inundação
vegetação

Figura: As necessidades a serem atendidas pelo caudal ecológico

53
Caudal Ecológico

Procedimentos para determinar os requisitos de caudais ambientais

Existem vários procedimentos de avaliação para determinar os caudais ambientais.


A decisão sobre qual procedimento usar dependerá da sensibilidade do ambiente
aquático, da complexidade da decisão a ser tomada e do aumento do custo e da
dificuldade de colectar grandes quantidades de informações.

Os procedimentos para determinar os requisitos de caudal ambiental se


enquadram em uma das quatro categorias básicas:

1. Método de quitação histórica: o método de Tennant;


2. Método hidráulico: o método do perímetro molhado;
3. Método holístico: o método do bloco de construção;
4. Método de classificação de habitat: Metodologia de incremento de fluxo

Cada método difere em seus requisitos de dados, procedimentos para selecionar


requisitos de caudal, suposições ecológicas e efeitos sobre a hidráulica fluvial.

54
Caudal Ecológico
Procedimentos para determinar os requisitos de caudais ambientais

Honourable Professor Jackie King


(University of the Western Cape)
and Mr. Rosaque Guale, in
Swakopmund, Namíbia, 2017
55
Caudal Ecológico

In “King, J, et al., 2012 . The concept of Environmental Flows and the present global situation” 56
Caudal Ecológico

In “King, J, et al., 2012 . The concept of Environmental Flows and the present global situation” 57
Caudal Ecológico

Implementando requisitos de caudal ambiental através da alteração da


operação de reservatórios:

Os desenvolvimentos a montante num sistema fluvial podem afetar e alterar o


regime de fluxo a jusante. Basicamente, três situações diferentes podem ser
aplicadas:

1) reservatórios a montante que armazenam e desviam a água para usos


consuntivos (por exemplo, irrigação, grandes cidades), o que leva a uma
diminuição significativa dos fluxos de água a jusante, “baixando” o
hidrograma;
2) reservatórios a montante que são construídos para produção de energia
hidroelétrica e outros desenvolvimentos que são em grande parte não-
consuntivos, incluindo proteção contra inundação e navegação; que
“achatam” o hidrograma;
3) combinações de uso consuntivo e de regulação do rio a montante.

58
Caudal Ecológico
A dinâmica do regime hidrológico na bacia do rio Zambeze influenciado pelos
empreendimentos hidrológicos, representado em caudais médios simulados (Guale, 2015)
under Power2Flow Project

59
Caudal Ecológico
Regras operacionais de reservatórios para mitigar ou minimizar os impactos
negativos.

As regras operacionais que tentam restaurar o regime de caudais ambientais


devem se concentrar no período de caudais elevados (picos/ascensão) e no
período de caudais baixos (recessão).
Durante o período de baixo fluxo, duas condições devem ser definidas:
- Garantir um mínimo baixo fluxo;
- Garantir um certo baixo fluxo máximo.

Durante o período de alto fluxo, uma condição deve ser definida:


- Assegure um certo fluxo alto mínimo.

60
Demanda de água para agricultura
A produção agrícola requer muita água, seja ela diretamente da chuva
(agricultura de sequeiro) ou de rios e aquíferos (irrigados), ou ambos;

A irrigação é, em muitos sistemas fluviais, o principal usuário da água “azul”.


Muitas vezes, o uso de água para irrigação representa pelo menos 80% do uso
total de água em um sistema de recursos hídricos.

61
Demanda de água para agricultura
O crescimento das plantas ocorre através do processo de fotossíntese:
CO2 + H2O + energia solar = CH2 O + O2

A fotossíntese em si usa uma quantidade insignificante de água, no entanto,


através da transpiração da água através dos estômatos das folhas das plantas
muita água é usada nesse processo.

As culturas utilizam muita água. A eficiência de utilização da água para a


produção colhida (Ey), para culturas de grãos como trigo, sorgo, milho e arroz,
entre 0,6 e 1,6 kg de grãos colhidos por m3 de água utilizada. Para tubérculos,
como a batata, a eficiência de utilização da água é de cerca de 4-7 kg / m3. Para
vegetais e frutas frescas, como feijão, tomate, melancia, essa eficiência varia de
1,5 a 12 kg / m3.
O rendimento da cultura: Y = f ( Rs, ETm, 1 / (ea-ed) )

62
Demanda de água para agricultura

Relação entre produção de matéria seca e transpiração (Fonte: Loomis e Connor, 1992)

63
Demanda de água para agricultura
Bons rendimentos (Ym) e eficiência de utilização de água (Ey) de culturas selecionadas (regiões
tropicais e subtropicais) (fonte: FAO, 1977: 6-7)

64
Demanda de água para agricultura

Uso actual e futuro da água pela agricultura de sequeiro e irrigada


(Fonte: SIWI, 2005)

65
Demanda de água para agricultura
Agricultura de sequeiro (Falkenmark e Rockström, 2004)

A agricultura de sequeiro é a fonte da maior parte da comida mundial, como


uma produção de 60%.
A maioria dos 1,1 bilhões de agricultores no mundo são de sequeiros dos quais
95% vivem em países em desenvolvimento.
Em todo o mundo apenas 20% das terras agrícolas estão sob irrigação, um valor
que varia entre 2 - 5% para os países da África Subsaariana
Mais de 95% da terra produtora de alimentos na África Subsaariana é de
sequeiro
Grande desafio na África Subsaariana e Sul da Asia é agricultura de sequeiro
irrigada para suprir o défice de alimentos com crescimento populacional maior.

66
Demanda de água para agricultura
A variabilidade da precipitação e a produtividade das culturas

A variabilidade da precipitação está fortemente relacionada com a produtividade das


culturas tropicais, especialmente em áreas sub-húmidas semi-áridas e secas (precipitação
anual entre 400 - 900 mm), onde a água é um dos principais constrangimentos na
produção de alimentos;

A duração do período de crescimento varia de 75 a 120 dias na zona semi-árida. Os níveis


diários de evapotranspiração potencial são altos, variando de 5-8 mm/dia;

A precipitação é altamente errática e a maioria das chuvas cai como tempestades


intensivas, muitas vezes convectivas, com intensidade muito alta e variabilidade espacial e
temporal extrema;

A produtividade das culturas nas regiões semi-áridas da África é geralmente baixa e da


ordem de 1 tonelada de grãos por hectare. Isso se compara tristemente com o rendimento
ótimo das culturas de grãos, por exemplo, 8-10 toneladas / ha para o milho e 3-5 ton / ha
para o sorgo e o painço.

67
Demanda de água para agricultura
Formas de melhorar a produtividade na agricultura de sequeiro

Há muito espaço para melhorar a produtividade da agricultura de sequeiro e a eficiência da


utilização da água, por exemplo através de:

• técnicas de lavoura alternativas mais adequadas às condições climáticas e de solo locais,


que conservam o solo e a água;
• fertilização adequada; como a água não é o único constrangimento na produção agrícola, a
fertilização melhorada irá resultar em maior produção por mm de água da chuva;
• a melhor escolha possível de culturas e variedades de culturas dadas as condições locais;
isto inclui a opção .
Tais medidas podem se traduzir em maior produção, compensando a necessidade de criar
novos esquemas de irrigação, liberando recursos hídricos e monetários

68
Demanda de água pela energia
hidroeléctrica
A energia hidroeléctrica é uma técnica para converter a energia de
pressão e a energia cinética da água em energia elétrica. Esta conversão é
conseguida pela passagem de um fluxo de água através de uma turbina;

A potência produzida P (N m s-1 ou W (Watt)) é uma função da descarga


Q (m3 s-1) do fluido, sua concentração de densidade ρ (kg m-3), a
aceleração gravitacional g (9,81 m s-2), a carga disponível H (m) e os
factores de eficiência: P = et . eg . P . g. Q . H

onde et e eg, por exemplo, são as eficiências das turbinas e dos geradores,
respectivamente.

69
Exercícios de Aplicação WI#2

4.1 Assumindo que a taxa de crescimento de uma determinada cidade (como


proporção de sua população actual) é de 3.8% ao ano.
4.1a Quantos anos levará para a cidade crescer 25% em relação ao nível atual?

4.2 Nos últimos 5 anos, o nível populacional de uma determinada área passou de
155.000 para 185.000 e parece seguir um padrão exponencial.
4.2a Se o mesmo padrão de crescimento continuar, qual será a população após os
outros 5 anos?
4.2b Quanto tempo levará sob as mesmas condições para atingir um nível
populacional de 255.000?

4.3 Suponha que a população da cidade tenha o dobrado nos últimos 20 anos.
4.3a Qual foi a taxa média de crescimento anual daquela cidade?
Suponhamos ainda que, nos próximos 10 anos, a população da cidade aumente
com a mesma taxa de crescimento, enquanto o consumo médio de água per capita
aumente 2.8% ao ano.
4.3b Qual será o consumo de água bruta da cidade daqui a 10 anos?

4.4 Aplicando a abordagem dos sistemas de tarifas em bloco dos abastecimentos,


vide para Região de Grande Maputo (slide 49).

70
Exercícios de Aplicação WI#2
4.4a Calcule a conta total da água para 2ª Escalão (MZN/mês) e o custo médio da água (em
MZN/m3) para as residências que usam água do 1º Escalão que consomem 1, 5, 10 e 20 m3/
mês.

4.6 Crescimento populacional e gestão da demanda


Uma cidade teve a seguinte população em 2015 e 2020:
Ano População da cidade
2015 22,400

2020 28,800

Foi estabelecido que a população cresceu exponencialmente durante este período.

4.6a Qual é a taxa média de crescimento anual da população desta cidade durante o período
considerado?
4.6b Fazer uma projeção da população da cidade no ano 2025.

A cidade tem uma fonte de abastecimento de água de 800 x 115 m3/ano. O uso líquido total de
água na cidade foi medido em 2015 e em 2020 e, expresso em termos per capita, foi de 120 l /
cap /dia para ambos os anos. Estima-se que a água não contabilizada seja de 15% do uso total
de água nos dois anos. O preço da água permaneceu constante entre 2015 e 2020.
4.6c Qual é o uso de água projetado da cidade no ano 2025?

4.6d Dada a resposta em c), mencione quatro estratégias de recursos hídricos que a cidade
poderia considerar?

71
Rosaque J. Guale (MSc.)
gualerosaque@gmail.com
+258843003089

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