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Apostila Flexc3a3o em Vigas
Apostila Flexc3a3o em Vigas
Introdução:
As vigas certamente podem ser consideradas entre os mais importantes de todos os elementos
estruturais. Citamos como exemplo elementos utilizados para suportar o piso de um edifício, a plataforma
de uma ponte ou a asa de um avião. Além disso, o eixo de um automóvel, a lança de um guindaste e até
mesmo muitos dos ossos do corpo humano agem como vigas. As cargas que atuam numa viga a fazem
fletir (ou curvar), e assim deformar o seu eixo em uma curva. Vigas e eixos são importantes elementos
estruturais e mecânicos usados em projetas de engenharia.
Nesta seção, determinaremos a tensão provocada nesses elementos por conta da flexão.
Começaremos com uma discussão sobre como construir os diagramas de força cortante e momento fletor
para uma viga ou eixo. Assim como os diagramas de força normal e de torque, os diagramas de força
cortante e momento fletor proporcionam um meio útil para determinar a maior força de cisalhamento e o
maior momento em um elemento e especificam onde esses máximos ocorrem. Uma vez determinado o
momento interno em uma seção, a tensão de flexão pode ser calculada. Em primeiro lugar,
consideraremos elementos retos, com seção transversal simétrica e feita de materiais homogêneos
lineares elásticos. Em seguida, discutiremos casos especiais que envolvem flexão assimétrica e elementos
feitos de materiais compósitos. Também consideraremos elementos curvos, concentrações de tensão,
flexão inelástica e tensões residuais.
Por conta dos carregamentos aplicados, as disso, uma vez que fornecem informações
vigas desenvolvem uma força de cisalhamento detalhadas sobre a variação do cisalhamento e do
interna (força cortante) e momento fletor que, momento ao longo do eixo da viga, os diagramas
em geral, variam de ponto para ponto ao longo de força cortante e momento fletor são
do eixo da viga. Para projetar uma viga frequentemente usados pelos engenheiros para
corretamente, em primeiro lugar, é necessário decidir onde colocar materiais de reforço no
determinar a força de cisalhamento e o momento interior da viga ou como calcular as dimensões
máximos que agem na viga. Um modo de fazer da viga em vários pontos ao longo de seu
isso é expressar V e M em função de uma comprimento.
posição arbitrária x ao longo do eixo da viga.
Então, essas funções de cisalhamento e momento O esforço cortante e o momento fletor em um
podem ser representadas em gráficos determinado ponto de uma viga é encontrado,
passando-se uma seção através do ponto
denominados diagramas de força cortante e desejado e aplicando-se as equações de
momento fletor. equilíbrio da estática para o trecho cortado.
Componentes de FR:
M→ = Momento Fletor;
T→ = Momento Torçor.
Sinais:
N→ = Esforço Normal;
V→ = Esforça Cortante.
Componentes de MR0:
Os diagramas de força cortante e momento fletor para uma viga podem ser construídos por meio dos
procedimentos descritos a seguir.
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Exemplo:
Solução:
• Aplique as equações de equilíbrio da estática e determine as reações de apoio para a viga:
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A teoria de tensões de flexão nas vigas se aplica para vigas admitidas com suficiente estabilidade
lateral em virtude de suas proporções ou suficientemente reforçadas na direção transversal.
Nesta seção, discutiremos as deformações ocorrerá mudança nos comprimentos das fibras
que ocorrem quando uma viga prismática reta, longitudinais do material (Figura 2.1).
feita de um material homogêneo, é submetida à
flexão. A discussão ficará limitada a vigas com
área de seção transversal simétrica em relação a
um eixo e a um momento fletor aplicado em
torno de uma linha central perpendicular a esse
eixo de simetria, como mostrado na Figura 2.1.
O comportamento de elementos com seções
transversais assimétricas ou feitos de vários
materiais diferentes é baseado em observações
semelhantes e será discutido separadamente em
seções posteriores deste capítulo. Se usarmos um
material de alta capacidade de deformação, como Figura 2.1
a borracha, poderemos ilustrar fisicamente o que
acontece quando um elemento prismático reto é
submetido a um momento fietor. Considere, por
exemplo, a barra reta (não deformada) na Figura
2.2a, que tem seção transversal quadrada e
marcada por uma grade de linhas longitudinais e
transversais. Quando um momento fietor é
aplicado, as linhas da grade tendem a se distorcer
segundo o padrão mostrado na Figura 2.2b.
Aqui, podemos ver que as linhas longitudinais se
tornam curvas e as linhas transversais verticais
continuam retas, porém sofrem rotação. O
comportamento de qualquer barra deformável
sujeita a um momento fietor provoca o
alongamento do material na parte inferior da
barra e a compressão do material na porção
superior da barra. Por consequência, entre essas
duas regiões devem existir uma superfície,
denominada supe1jície neutra, na qual não
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Figura 2.3
2.2. Flexão
Essa conclusão é válida para vigas de qualquer material, seja ele elástico ou inelástico,
linear ou não-linear. As propriedades dos materiais, assim como as dimensões, devem ser
simétricas em relação ao plano de flexão.
Linha neutra: é a interseção da superfície neutra com qualquer plano de seção transversal.
O eixo z é a linha neutra da seção transversal ilustrada na Figura 2.11b.
Figura 2.4 - Representação de uma viga biapoiada submetida á flexão. A ação da carga
externa (a) sobre a viga produz o momento fletor (b) curvatura observada em (c). As fibras
superiores tendem a se aproximar (compressão) e as fibras inferiores tendem a se afastar
(tração).
Figura 2.7
Figura 2.8 - Viga com região central em flexão pura e extremidades em flexão não uniforme.
Uma viga engastada numa extremidade, com uma carga concentrada P, aplicada na
extremidade livre, está submetida à flexão simples ou flexão simples plana, quando a carga
aplicada atua perpendicularmente ao eixo da viga.
Figura 2.9
Quando o carregamento atua num plano não perpendicular ao eixo da viga. Neste caso
a carga poderá ser decomposta em duas componentes, como apresentado na figura abaixo:
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Figura 2.10
No dimensionamento de peças
submetidas à flexão, admitem-se
somente deformações elásticas. A
tensão de trabalho é fixada pelo fator
de segurança, através da tensão
admissível.
Nos anexos desta apostila estão algumas tabelas que permitem determinar o momento
fletor máximo e outras grandezas relativas ao estudo de vigas.
Hipóteses
Os modelos de flexão utilizados em nosso estudo de resistência dos materiais baseiam-
se nas seguintes hipóteses:
III - O corpo é formado por um conjunto de fibras unidas entre si e paralelas ao plano
longitudinal.
Sobre as forças
IV - As forças atuam no plano de simetria;
Figura 2.11
Sobre Deformações
VI. Hipótese de Bernoulli: Os sólidos sob flexão são elásticos longitudinalmente e
rígidos transversalmente.
Figura 2.12
Sob ação de cargas de flexão, algumas fibras longitudinais que compõem o corpo
sólido são submetidas à tração e outras “a compressão, existindo uma Superfície intermediária
onde a deformação (εx) e a tensão (σx) para as fibras nela cintidas tornam-se nulas, isto é, não
se encurtam e nem se alongam. Esta superfície é chamada de superfície neutra. A superfície
neutra intercepta uma dada secção transversal da barra segundo uma reta chamada linha
neutra.
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Figura 2.13
- Os esforços de
tração e compressão
aumentam à medida que
se afastam da superfície
neutra, atingindo sua
intensidade máxima nas
fibras mais distantes a ela.
- O material
obedece a Lei de Hooke,
ou seja, as tensões e
deformações produzidas
no sólido estão abaixo do
limite de proporcionalidade do material (regime elástico).
Conclusões:
1. Supondo uma viga submetida a esforços de flexão, constituída por uma série de
fibras planas longitudinais, as fibras próximas à superfície convexa estão sob tração e portanto
sofrem um aumento em seu comprimento. Da mesma forma, as fibras próximas à superfície
côncava estão sob compressão e sofrem uma diminuição no seu comprimento. Como na
superfície neutra o esforço é nulo, a deformação resultante também será nula, sendo assim um
plano de transição entre as deformações de tração e compressão.
Figura 2.14
σ = 0 e ε = 0.
distintas dx:
O comprimento do arco ef
distante “y” acima da LN pode ser
dado por: L’ = (ρ-y).dƟ.
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O comprimento original do arco ef era igual ao do arco cd, antes da deformação.
Logo:
δ = L’ – L;
δ = (ρ – y).dƟ – ρ.dƟ
δ =-y.dƟ.
Quando cargas são aplicadas a uma viga, seu eixo longitudinal é deformado em uma
curva, como ilustrado anteriormente. As tensões e deformações resultantes estão diretamente
relacionadas à curvatura da curva de deflexão. Ilustração do conceito de curvatura. Veja
Figura 2.9.
Figura 2.15 - Curvatura da viga fletida: (a) Viga com carregamento e (b) Curva de
deflexão.
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O’- Centro de curvatura interseção das normais às tangentes às curvas de deflexão (normal à
própria curva).
(1)
Carga pequena na viga → Viga praticamente reta → Raio de curvatura grande → Curvatura
pequena e vice-versa.
(2)
(3)
(4)
M = momento interno
I = momento de inércia
As tensões máximas de flexão ocorrem nos pontos mais distantes da seção (LN). Denota-se c1
e c2 a distância da linha neutra para os elementos extremos como mostra a Figura 10.
Tensões Máximas:
,
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Característica Geométrica – Módulo de Resistência
Vantagens:
As vantagens de se expressar as tensões máximas em termos de módulo de seção vêm do
fato de que cada módulo de seção combina as propriedades relevantes da seção
transversal da viga em um valor singular. Esse valor pode ser listado em tabelas e
manuais como uma propriedade da viga, o que é mais conveniente para projetistas.
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3. Tensões em Vigas Isostáticas – Flexão Normal
Uma estrutura sofrendo flexão se deformará e nas suas seções transversais e em cada
ponto das seções sofrerá:
Vejamos a viga.
Partindo de um caso simples de uma viga de seção retangular, vamos generalizar para
outras seções:
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Exercício 1:
Seja uma prancha de aço de seção transversal medindo 10 x 30 cm apoiada sobre duas
colunas e sujeita a uma carga concentrada de 9,2 tf situada no meio do vão. Por ser pequeno,
o peso próprio da viga será desprezado.
Como sempre, onde o diagrama de forças cortantes passe por zero (ponto C) o
diagrama de momentos fletores alcança um máximo ou mínimo.
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Pelo princípio da superposição, a flexão oblíqua pode se decompor em duas flexões normais
mais uma carga centrada. Veja:
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5. Flexão assimétrica
Figura 5.1
Figura 5.2.
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Essa força é dF = udA e, portanto, temos:
Figura 5.3
Então, a fórmula da flexão pode ser usada para determinar a tensão normal provocada
por cada componente do momento. Por fim, usando o princípio da superposição, a tensão
normal resultante no ponto pode ser determinada. Para tal, considere que a viga tenha seção
transversal retangular e está sujeita ao momento M (Figura 5.3a). Aqui, M forma um ângulo θ
com o eixo principal z. Consideraremos que θ é positivo quando estiver direcionado do eixo +
z para o eixo + y, como mostra a figura. Decompondo M em componentes ao longo dos eixos
z e y, temos Mz = Mcosθ e My = Msenθ, respectivamente. Cada uma dessas componentes é
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mostrada separadamente na seção transversal nas figuras 5.3b e 5.3c. As distribuições de
tensão normal que produzem M e suas componentes Mz e My são mostradas nas figuras 5.3d,
5.3e e 5.3f, respectivamente. Aqui, consideramos que (σx)máx > (σx ')máx. Por inspeção, as
tensões de tração e compressão máximas [(σx)máx + (σx')máx) ocorrem em dois cantos
opostos da seção transversal (Figura 5.3d). Aplicando a fórmula da flexão a cada componente
do momento nas figuras 5.3b e 5.3c, podemos expressar a tensão normal resultante em
qualquer ponto na seção transversal (Figura 5.3d), em termos gerais, como
Onde:
O ângulo α do eixo neutro na Figura 5.3d pode ser determinado pela abaixo com α =
0, visto que, por definição, nenhuma tensão normal age no eixo neutro.
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Exemplo 1
A seção transversal retangular mostrada na figura abaixo está sujeita a um momento
fletor M = 12 kN.m. Determine a tensão normal desenvolvida em cada canto da seção.
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Solução:
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Exemplo 2
Uma viga em T está sujeita a um momento fletor de 15 kN.m. Determine a tensão
normal máxima na viga.
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6. Vigas compostas
O fator de transformação é uma razão entre os módulos dos diferentes materiais que
compõem a viga.
“Uma vez determinada a tensão da seção transformada, ela deve ser multiplicada pelo
fator de transformação para obter a tensão na viga verdadeira”
Exemplo 1
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Uma viga composta é feita de madeira e reforçada com uma tira de aço localizada em sua
parte inferior. Ela tem a área de seção transversal mostrada na figura abaixo. Se for submetida
a um momento fletor M = 2 kN.m, determine a tensão normal nos pontos B e C. Considere
Emad = 12 GPa e Eaço = 200 GPa.
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Todas as vigas sujeitas a flexão pura devem resistir a tensões de tração e compressão.
Porém, o concreto é muito suscetível a fratura quando está sob tração, portanto, por si só, não
seria adequado para resistir a um momento fletor. A inspeção de seu diagrama tensão-
deformação particular revela que o concreto pode ser 12,5 vezes mais resistente sob
compressão do que sob tração. Para contornar essa deficiência, os engenheiros colocam hastes
de reforço de aço no interior das vigas de concreto no local onde o concreto está sob tração
(Figura 7.1a).
Figura 7.1
Para maior efetividade, essas hastes são localizadas o mais longe possível do eixo
neutro da viga, de modo que o momento criado pelas forças desenvolvidas nas hastes sej a
maior em torno do eixo neutro. Por outro lado, também é necessário cobrir as hastes com
concreto para protegê-las da corrosão ou da perda de resistência se ocorrer um incêndio. Em
situações reais de projeto com concreto armado, a capacidade do concreto de suportar
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qualquer carga de tração é desprezada, visto que a possível fratura do concreto é imprevisível.
O resultado é que se considera que a distribuição da tensão normal que age na área da seção
transversal de uma viga de concreto armado é semelhante à mostrada na Figura 7.1b. A
análise da tensão requer localizar o eixo neutro e determinar a tensão máxima no aço e no
concreto. Para tal em primeiro lugar, a área de aço Aaço é transformada, aço em uma área
equivalente de concreto usando o fator de transformação n = Eaço /Econc. Essa razão, que dá n
> 1, de concreto para substituir o aço. A área transformada é nAaço, e a seção transformada é
semelhante à mostrada na Figura 7.1c. Aqui, d representa a distância entre a parte superior da
viga até o aço (transformado), b é a largura da viga e h' é a distância ainda desconhecida entre
a parte superior da viga e o eixo neutro. Podemos obter h' usando o fato de que o centroide C
da área da seção transversal da seção transformada se encontra no eixo neutro (7.1c).
Portanto, com referência ao eixo neutro, o momento das duas áreas, ƩyA, deve ser
nulo, visto que y = ƩyA/ƩA = O. Assim,
Uma vez obtida h' por essa equação quadrática, a solução prossegue da maneira usual
para obter a tensão na viga.
Exemplo 1
A viga de concreto armado tem a área de seção transversal como mostra a figura abaixo.
Se for submetida a um momento fletor M = 60 kN·m, determine a tensão normal em cada
uma das hastes de reforço de aço e a tensão normal máxima no concreto. Considere Eaço =
200 GPa e Econc = 25 Gpa.
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Referências Bibliográficas:
1. BEER, F.P. e JOHNSTON, JR., E.R. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Makron Books,
1995.
2. HIBBELER, R.C. Resistência dos Materiais, 3.º Ed., Editora Livros Técnicos e
Científicos, 2000.
3. BOTELHO, M.H.C. Resistência dos Materiais: Para entender e gostar. 2º Ed. Blucher,
2013.