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Departamento de História

A COMPANHIA DE JESUS E OS ÍNDIOS NA CAPITANIA DO RIO DE


JANEIRO: OS ALDEAMENTOS DE SÃO LOURENÇO E SÃO PEDRO
DO CABO FRIO

Aluna: Lívia Uchôa


Orientadora: Eunícia B. Barcelos Fernandes

Introdução
O Projeto de pesquisa de Iniciação Científica A Companhia de Jesus e os índios na
capitania do Rio de Janeiro, séculos XVI, XVII e XVIII foi iniciado em agosto de 2008. Em
sua primeira etapa, as atenções e reflexões se voltaram para o século XVI. Atualmente,
estamos dedicados ao XVII e pretendemos sistematizar documentação existente em arquivos
do Rio de Janeiro, bem como reunir e organizar historiografia sobre o tema, notadamente
aquela não publicada.

Objetivos
Com o objetivo de ampliar as novas reflexões históricas que localizam o índio como
agente, além de pensar a religiosidade em seu aspecto cultural, esse projeto visa dialogar com
outras disciplinas, como literatura e antropologia, de forma a enriquecer sua abordagem.
Procurando, ainda, entender as práticas colonizadoras através do encontro cultural entre
jesuítas e nativos e no intuito de suprir o desequilíbrio dos estudos jesuíticos nas “regiões
coloniais” [1], esse trabalho se propõe também a pensar o papel preponderante e a
especificidade da atuação da Companhia de Jesus na capitania do Rio de Janeiro, de forma a
evitar generalizações historiográficas.
A pesquisa é coletiva, entretanto, cada pesquisadora de Iniciação Científica se dedica a
sub-temas que são espaços específicos, quais sejam, o Colégio dos jesuítas, suas fazendas,
seus aldeamentos e a Câmara. Meu trabalho tem sido pensar o espaço dos aldeamentos
indígenas e, num primeiro momento, foquei o de São Lourenço durante o século XVI. Através
da análise do documento Historia dos Collegios do Brasil, obra anônima escrita pelos jesuítas
no século citado, escrevi um artigo que discutia a representação que os padres faziam dos
indígenas no citado aldeamento, assim como a representação que faziam de si mesmos.
Atualmente estou com minha reflexão voltada para e o aldeamento de São Pedro do Cabo Frio
no século XVII, utilizando a “Carta do Capitão-mór Martim de Sá, dirigida ao Rei Filippe II”.

Metodologia
O trabalho da pesquisa foi iniciado com o desenvolvimento de leituras coletivas
temáticas e teóricas, municiando as pesquisadoras de Iniciação Científica de um panorama da
historiografia sobre a Companhia de Jesus e sobre os índios. Concomitantemente à leitura e
discussão de textos, desenvolvemos (a) verbetes sobre historiadores - como Serafim Leite -;
(b) cronologias acerca da atuação da Companhia de Jesus na América portuguesa no século
XVI; (c) glossário de termos históricos e de termos da Companhia de Jesus; (d) resenhas de
obras temáticas, (e) levantamentos de obras e teses, bem como (f) levantamentos documentais
acerca dos sub-temas: colégio, aldeamentos, fazendas e câmara municipal.
Individualmente, cada aluna pesquisadora se dedicou a um desses sub-temas. O meu
se referia aos índios e aldeamentos do Rio de Janeiro e em relação a isso, realizei
Departamento de História

levantamentos documentais na Biblioteca Nacional e de teses na CAPES, além da escrita dos


referidos artigos que são resultado de interpretação de fonte de época.

Conclusão
O desenvolvimento das leituras e resenhas contribuiu na qualificação de nossos
conhecimentos e, certamente nos ajudou na nossa formação de historiadoras/ pesquisadoras. É
importante ainda indicar a qualificação derivada do contato com os acervos, notadamente o da
Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, onde pude trabalhar na área de cartografia, obras raras
e manuscritos. O aprendizado sobre a forma de sistematização dos mesmos, os esforços para a
localização das fontes que os interessavam à pesquisa, o reconhecimento das potencialidades
e das dificuldades da instituição devem também ser vistos como significativos resultados.
Em relação ao meu artigo baseado em Historia dos Collegios do Brasil, concluo que
esse documento tenta justificar e confirmar a importância da presença da Companhia de Jesus
no Brasil Colonial, assim como atestar o sucesso da ação missionária jesuítica. Representa os
índios dos aldeamentos como sempre dispostos à assimilação da fé, de forma a assegurar seu
poder dentro do aldeamento e ignora as possibilidades da “colonialidade” [2], ou seja, de
troca cultural entre os grupos que, na prática, ocorreu.
A “Carta do Capitão-mór Martim de Sá, dirigida ao Rei Filippe I, na qual se refere à
ordem que recebera de partir para o Brasil, de fazer descer o gentio ao littoral do Cabo Frio,
de fundar aldeias e defender a costa das capitanias do Rio de Janeiro, Santos e S. Paulo dos
navios estrangeiros que alli tentassem aportar” data de 20 de abril de 1617 e apesar de não ter
concluído na totalidade minha reflexão sobre o documento, já iniciei uma discussão sobre a
articulação da Coroa Portuguesa e da Companhia de Jesus no projeto da colonização [3].

Referências
[1] MATTOS, Ilmar Rohloff de. O Tempo Saquarema. SP: Hucitec, 1987.
[2] FERNANDES, Eunícia Barros Barcelos. Futuros Outros: Homens e Espaços (Os
Aldeamentos Jesuíticos e a Colonização na América Portuguesa). Dissertação
(Doutorado). Faculdade de História, Universidade Federal Fluminense, 2001.
227p.
[3] ALMEIDA, Maria Regina Celestino de. Evangelizar e Reinar: Poder e Relações Sociais
na Prática Missionária do Rio de Janeiro Colonial. Revista Caminhos, Goiânia, v.
4, n. 1, p. 115-141 Jan-Jun/2006. Disponível em: http://www.ucg.br/seer/index
.php/caminhos/article/ view/10/9

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