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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E EDUCAÇÃO


PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO

KEYDSON EMANUEL GARCIA COSTA

OS MITOS AFRICANOS NA EXPERIÊNCIA DE UM GRIOT:

a Utilização da Mitologia Iorubana na Prática Educacional.

Linha de pesquisa – Linguagens da religião


Orientadora: Profa. Dra. TaissaTavernard
de Luca

Belém-PA
2021
OS MITOS AFRICANOS NA EXPERIÊNCIA DE UM GRIOT:
a Utilização da Mitologia Iorubana na Prática Educacional.

Keydson Emanuel Garcia Costa.


Univerisdade do Estado do Pará (UEPA)
Centro de Ciências Sociais e Educação (CCSE)
Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião (PPGCR)

Resumo.
O presente trabalho tem por objetivo realisar a autobiografia do autor, Keydson
Costa, com enfoque na sua história de construção familiar, social e religiosa que irá ser
orientada durante sua formação acadêmica no curso de Ciências da Religião, bem como sua
formação como Contador de histórias ambas pela Universidade Estadual do Pará (UEPA).
Trabalha a relação de prática, como contador de histórias sagradas da cultura Iorubana
(candomblé Ketu) correlaciona ao processo de superação e combate ao racismo religioso.
Além das memórias pessoais do autor, realizarei levantamentos de dados com alunos negros
evangélicos das escolas de educação básica do município de Ananindeua, onde trabalho e
com os participantes da oficina: Universo da Histórias Africanas, desenvolvidas pelo sistema
SESC, dentro do projeto “Arte da Palavra”. Tais oficinas são realizadas em módulos de 15
dias ministrados em vários estados brasileiros através da modalidade “on line”. Pretendo
observar como os conteúdos desse mitos podem transformar o olhar de quem conhece essa
literatura, através de suas estruturas simbólicas, para uma leitura de mundo onde a
identidade negra é vista de forma mais qualificada, humanizada e menos racista.

Palavras chave: Mito, Identidade, autobiografia, matriz africana, racismo.


Abstract.
The present work aims to realize the autobiography of the author, Keydson Costa, focusing
on his history of family, social and religious construction that will be oriented during her
academic training in the Science of Religion course, as well as her training as Storyteller
both from the State University of Pará (UEPA). Works the relationship of practice, as a teller
of sacred stories of Yoruban culture (Candomblé Ketu) correlates to the process of
overcoming and combating religious racism. In addition to the author's personal memories, I
will carry out data surveys with black students evangelicals from basic education schools in
the municipality of Ananindeua, where I work and with workshop participants: Universe of
African Stories, developed by the system SESC, within the “Arte da Palavra” project. Such
workshops are held in modules of 15 days taught in several Brazilian states through the “on
line” modality. I aim observe how the contents of these myths can transform the eyes of
those who know this literature, through its symbolic structures, for a reading of the world
where the black identity is seen in a more qualified, humanized and less racist way.

Apresentação do objeto de pesquisa.


Este projeto de pesquisa tem por finalidade analisar como a prática da
contação de histórias (mitos) africanos pode servir de agente no combate ao racismo
religioso que vigora na sociedade brasileira. Parto de uma proposta de autoetnografia
a medida em que repenso minha história de vida construída em cima de bases
teológicas cristãs e reflito sobre a mudança de perspectiva provocada pelo acesso a
mitologia dos orixás.
O acesso ao curso de graduação em Licenciatura em Ciências da Religião
provocou em mim uma nova forma de ver e interpretar a realidade. Caracterizava-me
por ser um jovem de 17 anos, com uma formação cristã profunda, instruída por uma
instituição protestante pentecostal. Criado dentro de uma realidade socioeconômica
de vulnerabilidade e poucos recursos. por uma família de imigrantes nordestinos
oriundos dos estados da Bahia e do Maranhão, cenário muito comum na periferia não
só da região metropolitana da capital paraense como é realidade de muitos jovens
residentes nas periferias pelo país a fora.
Ingressar na universidade dentro dessa realidade é um desafio muito grande,
pela maneira de ver e interpretar o mundo social, econômico e político das pessoas
que estavam no meu entorno. A maioria esmagadora era composta por pessoas que
não possuíam o terceiro grau, poucos haviam terminado o ensino médio, todos
possuíam poder aquisitivo reduzido, o que é comum entre pessoas de baixa
escolaridade, e portanto viviam uma visão de mundo orientada pela subserviência
econômica e espiritual. Nasci em comunidade cristã pentecostal, na qual uma das
principais pregações orientava o servir as autoridades sem questioná-las e aceitar a
realidade vivida, pois o Próprio Deus havia estabelecido para cada um.
Escolhi entrar na universidade em um curso que para mim reforçaria minha
fé cristã. Uma fé regida por uma vida de trabalho na igreja como garantia de uma
vida digna na terra e salvação no céu.
Como toda realidade é dinâmica e os diversos eventos vivenciados geram
aprendizados novos no decorrer do tempo, tive a oportunidade de, dentro do curso de
Ciências da Religião, fundamentar meu olhar para uma perspectiva mais plural da
realidade, principalmente no que se refere ao campo religioso e as diversas
cosmovisões orientadoras das múltiplas manifestações religiosas presentes no
mundo.
Diante do exposto, minha proposta de trabalho é entender como a
construção de um jovem de periferia, com uma formação cristã pentecostal, começa
a ver o mundo a partir de um olhar acadêmico que vai refletir-se em sua prática de
contador de histórias, também aprendida durante a graduação, através de minha
participação num projeto de extensão orientado pela Professora Dra Renilda Bastos
que tinha por objetivo recorrer aos mitos africanos dos povos Iorubás como recurso
didático para aplicabilidade da Lei 10 639/03 dentro da sala de aula.
O presente trabalho tem como intenção buscar o entendimento da
caminhada que se inicia em modelo social comum ao jovem brasileiro de periferia,
membro de igreja cristã e segue durante minha formação acadêmica imersa nos mitos
vivenciados dentro da tradição oral dos praticantes do candomblé Ketu no Brasil.
Esses mitos modificam meu ethos e minha visão de mundo e passam orientar sua
prática profissional como contador de histórias desconstruindo o racismo social e
religioso presente nas estruturas sociais brasileiras.
A partir de minha formação passo a atuar como educador da rede estadual
de ensino dentro da disciplina de ensino religioso, enfrento muitos desafios na
aplicabilidade de conteúdos ligados às religiões de matriz africana, passo a aplicar
minha metodologia da utilização dos mitos Iorubanos para tentar enfrentar as
dificuldades encontradas diante de um público que promove a segregação religiosa e
consecutivamente racial, pois suas resistências aconteciam predominantemente frente
as mitologias e saberes oriundos dos negros brasileiros. Minhas contações de
histórias, o acesso a cosmogonia e orientações sobre mundo presente nos mitos,
foram tornando mais lúdica e interessante minhas aulas, o que facilitava a
desconstrução do olhar racista sobre a ideia de sagrado presente nos cultos afro.
No ano de 2018 comecei a sair do meu espaço de sala de aula e levar minha
metodologia a espaços de formação, até outros profissionais e pessoas que vêem
muita dificuldade em trabalhar conteúdos que valorizam a ancestralidade africana do
povo brasileiro. É sobre minha história pessoal e profissional que pretendo discorrer
na construção desse projeto, dentro do programa de mestrado, mostrando as
dificuldades e conquistas que minha trajetória enfrentou, para trabalhar dentro da
área educacional o universo simbólico das religiões de matriz africana, versando a
transversalidade que lhe cabe, bem como levando em consideração os múltiplos
saberes que compreendem o entendimento a respeito do tema.

Problematização.
A pergunta que norteia esse trabalho autoetnográfico é: de que forma a
contação de histórias africanas pode servir de base a descolonização do olhar e ao
combate ao racismo religioso? Quais os conflitos que se apresentam nessa mudança
de ethos e visão de mundo? Como esse trânsito entre o ethos cristão e a mitologia
africana facilita o diálogo nas escolas públicas, onde o público discente é, em sua
grande maioria, oriundo das religiões cristãs?

Fundamentação Teórica.
A base teórica deste trabalho se orienta pelos estudos do martinicano Frantz
Fanon (2008) e sua ideia do desvio existencial implementado sobre a identidade da
pessoa negra, dentro da construção do imaginário embranquecido da sociedade pós
colonialista e escravagistas, na qual o indivíduo negro tem todas estruturas sociais,
psicológicas e econômicas readequadas a nova perspectiva apresentada, que nem de
longe trás a dignidade devida as origens simbólicas desses homens e mulheres
arrancados de seu local de origem, e que buscam sobreviver nessa nova realidade. A
Leitura dada por Fanon nos dará um horizonte a respeito dos dilemas enfrentados
pelo povo negro na construção de sua identidade a partir dos desafios e
conseqüências do pós colonialismo que se estende até os dias atuais.
Utilizo também Stuart Hall(2006)e seu conceito de identidade. Trata-se do
conjunto de entendimento que uma pessoa ou um grupo constrói sobre si e apresenta
a sua comunidade. Trata-se de uma narrativa construída a partir do presente e dos
dilemas apresentados pelo mesmo. Este autor concebe as identidades como não
unificadas e “constantemente em processo de mudança e transformação” (2008:
108). Ela será útil à medida em que permite compreender como os descendentes de
africano negam a sua ancestralidade étnica, e reconstroem o auto-reconhecimento
dentro da nova realidade na qual estão inseridos.
A idéia de Autobiografia (Alberti, Verena. 1991) vem favorecer a escrita do
trabalho, validando a perspectiva do projeto em dar voz à história pessoal,
fundamentando a leitura sobre o tema a partir da vivência de quem escreve. Essa
proposta busca abrir diálogo com o público, facilitando assim a assimilação de seus
discursos e conceitos. Todo trabalho estará enraizado na realidade vivida por quem
acredita estar agindo para levar conteúdos de qualidade, pautado na Ciência das
Religiões, que auxiliam a construção de formas de perceber a realidade e educar,
dando voz aos saberes construídos pela ancestralidade negra, os quais foram
inferiorizados e descriminados pelo racismo presente em nossa sociedade. A voz de
quem fala é a voz de quem vive a busca de uma atuação profissional que precisa ser
propagada para ajudar outros profissionais em suas experiências.
Textos da base religiosa do Candomblé Ketu (Verger, 1997) serão usados
para referenciar os saberes mitológicos vivenciados até os dias atuais e que podem
orientar a uma maneira própria de ver e interpretar o mundo (Sodré, 2017), revelando
saberes construídos por práticas vivas na religiosidade brasileira (Prandi, 2005) e que
podem e devem ser aplicadas na prática educacional com a intenção de superar o
racismo Brasileiro (Costa, 2009). Iremos falar da prática educacional como algo
extremamente importante na construção do olhar do individuo sobre si (Freyre,
1987; Lima, 2015).
Os mitos analisados estão na obra “Lendas Africanas dos Orixás”(Verger,
1997), são 24 mitos que servirão de recurso para o debate entre os entrevistados que
refletirão temas relacionados a identidade negra no Brasil; saberes pertinentes a
cultura africana e afro brasileira; racismo religioso. O mito como referencia cultural
que dialoga com outros arquétipos culturais religiosos (Prandi, 2017) como resultado
da diáspora negra no período dos ataques colonialistas europeus.
Por último farei uso do conceito de racismo religioso. Segundo Flor do
Nascimento (2017):
O que incomoda nas religiões de matrizes africanas são exatamente o
caráter de que elas mantenham elementos africanos em sua
constituição; e não apenas em rituais, mas no modo de organizar a
vida, a política, a família, a economia etc. E como o histórico racista
em nosso país continua, mesmo com o fim da escravidão, tudo o que
seja marcado racialmente continua sendo perseguido. Por isso, penso
que a expressão “intolerância religiosa” não é suficiente para entender
o que acontece com as comunidades que vivem as religiões de
matrizes africanas, pois não é apenas o caráter religioso que é
recusado efetivamente nos ataques aos nossos templos e irmãs/os que
vivem essas religiões. É exatamente esse modo de vida negro, que
mesmo que seja vivenciado por pessoas não negras (...). Não se trata
de uma intolerância no sentido de uma recusa a tolerar a diferença
marcada pela inferioridade ou discordância, como podem pensar
algumas pessoas. O que está em jogo é exatamente um desrespeito em
relação a uma maneira africana de viver, (FLOR DO NASCIMENTO,
2016, p. 15)

Objetivos da pesquisa.
Objetivo Geral.
Analisar como a experiência do conhecer os mitos de origem
africana podem influenciar na prática educacional de profissionais de diversas
áreas auxiliando no combate ao racismo religioso.
Objetivo Específico.
Apresentar através da autobiografia a história de vida do
proponente do trabalho e seu processo de descolonização do olhar.
Refletir como os mitos sagrados na religião de matriz africana,
no caso o candomblé Ketu, têm servido como estratégia de combate ao
racismo religioso em escolas da educação básica .
Apresentar os resultados do impacto gerado pelas reflexões
feitas durante a execução de oficinas no projeto: Arte da palavra, por meio da
oficina “Universo das histórias africanas”, ofertada pelo Sistema Sesc de
incentivo a cultura dentro das suas diversas unidades espalhadas pelo
território nacional.

Metodologia.
Como metodologia pretendida inicio o trabalho fazendo um exercício da
memória trazendo a tona os eventos considerados importantes para construção de um
discurso que oriente a reflexão sobre os conflitos existentes na construção da
identidade do autor, diante de uma leitura sobre si mesmo feita na atualidade, co-
relacionando os eventos de sua formação pessoal com as práticas desenvolvidas
profissionalmente como contador de histórias e professor de ensino religioso.
Os dois primeiros capítulos serão estruturados por uma perspectiva
autobiográfica e discutirão a formação pessoal do autor até a sua graduação para em
seguida discorrer sobre as impressões profissionais em sua prática docente e como
contador de histórias.
A partir da identificação pessoal os conceitos deverão refletir no
entendimento do que se observa dos agentes educacionais que se relacionaram com
as diversas práticas profissionais do autor, revelando maneiras importantes para
equalizar os limites e possibilidades possíveis da utilização dos mitos africanos nos
diversos ambientes educacionais entre seus principais agentes constitutivos, como:
professores, diretores, pessoal do apoio, secretaria e alunos.
O ultimo exercício de reflexão dará conta dos resultados obtidos pela
execução de 14 oficinas dadas pelo circuito Arte da Palavra, projeto desenvolvido
pelo Sistema SESC de incentivo a cultura, no qual o autor ofereceu a oficina:
Universo das histórias africanas. A oficina serviu como ambiente discussão e
reflexão sobre os mitos africanos recolhidos pelo etnólogo Pierre Verger (1997).
Os textos referenciados na oralidade africana trarão luz para o entendimento
do universo simbólico religioso e cultural, como parte da identidade do homem negro
trazido da África, e servirão como base para construção da idéia aqui refletida de
identidade, ancestralidade e racismo religioso. Esses textos analisados durantes as
oficinas nos trarão um projeção do conhecimento sobre essa literatura, revelando
através de questionários aplicados uma amostra do entendimento dos participantes
sobre a cultura negra. As reflexões serão um estudo breve, porém dialogaram com o
reflexo social dos que produzem a realidade profissional, educacional e cultural do
país, tendo em vista a diversidade possível de participação neste espaço.
Serão analisados os discursos referentes às potencialidades presentes nas
reflexões realizadas sobre os mitos, para perceber e orientar suas capacidades de
qualificar a idéia do homem e da mulher negra na construção de uma identidade que
qualifique o olhar sobre si. Os mitos então, serão tratados como capazes de produzir
uma auto imagem pra população negra onde ela se veja sem a limitação colonialista,
numa perspectiva germinadora da idéia de anti-racismo e desconstrutivista do
racismo religioso impetrado sobre os símbolos religiosos presentes no candomblé
brasileiro e que compõem o imaginário simbólico descrito nos mitos.

Hipóteses preliminares a serem comprovadas.


Entre as hipóteses possíveis buscamos apresentar a vivência do autor da
proposta como referência na construção da identificação entre ele e o leitor na
percepção de que sua experiência de vida reflete a realidade de centenas de pessoas
espalhadas pelo território brasileiro. Os dilemas de uma criação cristã
neopentecostal, sendo Membro de uma família negra de classe social baixa formam o
cenário inicial de sua formação social, ao passar pela formação acadêmica suas
perspectivas sociais tomam outras leituras sobre a liberdade religiosa, a intenção é
esclarecer como esse movimento acontece.
O autor ainda passa pela experiência de formação de contador de histórias,
construída no espaço acadêmico, o que irá orientar sua prática educacional através de
uma linguagem mais lúdica que desconstrói o senso comum basilar da visão racista
contra as religiões de matriz africana. A contação de histórias deverá ser apresentada
como linguagem passível de ser usada didaticamente em distintas perspectivas, desde
a educação doméstica até sua utilização em espetáculos ou sala de aula.
Mostrar que através da sua pratica profissional, tanto como educador da
disciplina de ensino religioso no sistema educacional do estado do Pará ou como
contador de histórias em suas práticas dentro território nacional, a mitologia africana
ao ser acessada pode favorecer a uma leitura de mundo capaz de orientar uma visão
menos racista do homem negro sobre suas referências ancestrais bem como uma
imagem que qualifique de maneira valorativa a imagem de identificação e
referenciamento do homem e da mulher negra e ainda combater o racismo estrutural
presente em nossa sociedade.
Por fim acredita-se que a observação desses textos devem levar a abertura
de um dialogo sobre auto reconhecimento, anti-racismo e decolonidade percebido
pelos participantes durante as reflexões feitas no decorrer da oficina onde os mitos
serão lidos dentro dos seus valores culturais e simbólicos.

Relevância da Pesquisa.
Uma pesquisa que se oriente dentro da realidade sócio-educacional
brasileira deve servir para qualificar o olhar sobre dinâmicas sociais presente no
cenário nacional, revela um substrato social de milhões de indivíduos em nossa
sociedade, bem como os caminhos e conseqüências da colonização, que persiste em
privar o individuo brasileiro, principalmente os de origem negra, da construção de
uma identidade valorativa de suas memórias e ancestralidade pautada nas referências
africanas em suas práticas religiosas e demais símbolos.
A experiência profissional apresentada pode servir como exemplo
metodológico e intelectual para outros profissionais que acessem esse conteúdo e
busquem uma referência para aplicabilidade dos saberes mitológicos abordadas pelas
práticas desenvolvidas pelo autor em suas múltiplas vivências profissionais.
Trazer ao debate, a luz das Ciências da religião, os símbolos presentes nos
mitos africanos para um diálogo anti-racista, onde o racismo religioso é pautado por
uma análise histórica decolonialista, no qual os saberes existentes nas estruturas
mitológicas analisadas recebem uma leitura não eurocêntrica, proporcionando uma
leitura que valoriza a visão de mundo em suas dimensões literárias, culturais, de
identificação com a memória do povo negro bem como a construção de um olhar
sobre a identidade negra a partir de saberes ancestrais do homem negro sobre si
mesmo.
Facilitar o acesso e o entendimento da mitologia de origem Iorubana,
desqualificando os medos frutos do racismo religioso, presente em uma leitura
judaico-cristã-americanizada predominante e refletida a partir da experiência de vida
do autor.
No século XXI ainda somos tomados por notícias que revelam e denunciam
praticas racistas em nosso país, o Brasil precisa entender como funciona e como
combater o racismo, antes considerado velado, denunciado pelo entendimento e
reconhecimento de suas existências nas estruturas sociais do nosso país e que se
reflete por todo continente e demais localidades, orientado pela leitura ocidental
espalhada pelo mundo. Nossa análise do micro, do local, servirá de referência para o
entendimento do global, haja visto que somos fruto de um processo histórico e
formação cultural muito similares.

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