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PPHR/UFRRJ
Por conflitos no serviço militar foi mandado à Argélia – antiga colônia francesa –, onde
passou a desenvolver estudos antropológicos sobre os povos argelianos que mais se
revoltavam com a dominação francesa. Partindo de aspectos filosóficos somado à
aproximação ao povo proporcionada pela Antropologia, Bourdieu buscava compreender
sociologicamente como os arranjos sociais desiguais se reproduzem nas sociedades
através da cumplicidade dos dominantes e dos dominados.
Assim, o campo jurídico possui uma linguagem própria demarcado por frases
impessoais e construções passivas que segundo o autor podem incentivar a interpretação
de neutralidade, assim como faz uso do indicativo para enunciar normas gerais o que
estimula a universalização. Estes aspectos de linguagem demonstram que o espírito
jurídico em si é tido como universalizante e a linguagem só demonstra isso, essa
universalização pode ser vista como resultado da concorrência entre as distintas
competências. Assim, o que Bourdieu denominou de luta simbólica seria o embate
entre os agentes jurídicos que buscam uma interpretação teórica da doutrina e aqueles
que trabalham com a mesma na prática individual e concreta.
A instituição do monopólio
Para a eficácia da prática e decisões jurídicas se faz elementar uma outra divisão
existe então uma fronteira entre o agente jurídico e aqueles que serão atendidos por
estes, melhor dizendo, seus clientes. Essa divisão se torna elementar uma vez que
garante à percepção de neutralidade do direito, assim o campo do direito só pode ser
acessado por aqueles que sabem como agir no ambiente jurídico e que conseguem
compreender sua linguagem1 e expressar a neutralidade tão cara à esfera jurídica.
1
Fazendo uma interlocução com Austin Bourdieu problematiza mais sobre a linguagem jurídica que
utiliza de palavras do senso comum com um sentido completamente diferente do que é conhecido
popularmente no intuito de gerar falsas interpretações do público em geral que não irá compreendê-lo sem
o auxílio de um agente jurídico.
para conservarem o monopólio da interpretação legítima e escaparem à desvalorização
associada a uma disciplina que ocupa uma posição inferior no campo jurídico.” P. 235
O poder de Nomeação
O veredito que resulta dessa luta de forças é compreendido como uma palavra
pública, oficial que por ser universal não pode ser ignorada. Assim, pode-se dizer que o
direito atribui poderes socialmente conhecidos à determinados indivíduos e através
dessa forma é reconhecido como portador do poder simbólico de nomear os grupos ao
mesmo tempo que se constitui por eles.
A força da Forma
Esta criação jurídica do que é universal e o que é desviante pode a longo prazo
conformar os comportamentos fazendo com que o direito seja um instrumento de
transformação social através das decisões e os meios de coerção que irão moldar como
os indivíduos deverão agir para não serem considerados desviantes. Os detentores do
poder simbólico estão nas classes dominantes à qual tem mais acesso ao campo jurídico
e automaticamente ao poder simbólico, enquanto aos outros deve-se suportar a violência
simbólica contida nessas ações generalizantes.
Os efeitos da homologia
Com base nessa perspectiva cabe à Sociologia pensar o direito através de uma
reconciliação da ciência com a realidade social, sendo esta encontrada de maneira
externa à teoria do direito puro. O combate à independência do direito se dá através da
confrontação das normas jurídicas com as ações e realidades dos indivíduos nos quais
essas têm por objetivo regulamentar.
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