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TRIBUNAL DE JUSTIÇA
Números de origem:
Processo nº 0003550-52.2016.8.26.0451
4ª Vara Criminal da Comarca de Piracicaba/SP
Apelação nº 0003550-52.2016.8.26.0451
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
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violação de domicílio pelo delito de extorsão, sem alteração na pena de 07 (sete)
anos, 11 (onze) meses e 06 (seis) dias.
“Na primeira fase, em atenção ao artigo 59 do Código Penal, fixo as penas-bases no mínimo
legal. Na segunda, está presente a agravante da reincidência, pois as penas decorrentes das
condenações definitivas foram extintas em 25/05/2016 (informações complementares de fl.
130), aumentando a pena de 1/6. Não há atenuantes. Na terceira, para os crimes de furto e
violação de domicílio, não há causas de aumento ou diminuição. Para os crimes de extorsão,
não há causa de diminuição, mas está presente a continuidade delitiva. Como foram três as
condutas, aumento de pena anterior de 1/5. Assim fixo as penas definitivamente em 02 (dois)
anos e 04 (quatro) meses de reclusão e pagamento de 11 (onze) dias-multa, para o crime de
furto, 05 (cinco) anos, 07 (sete) meses e 06 (seis) dias de reclusão e pagamento de 13 (treze)
dias-multa para os crimes de extorsão e 07 (sete) meses de detenção, no regime inicial
semiaberto”.
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“Ante o exposto, DOU PROVIMENTO PARCIAL ao recurso para absorvido o delito de violação de
domicílio pelo delito de extorsão, sem alteração na pena de 07 anos, 11 meses e 06 dias de
reclusão e ao pagamento de 24 dias-multa”.
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A jurisprudência pátria é pacífica no sentido de que esse
aumento, acima do mínimo legal, deve ser justificado, não bastando a mera alusão à
quantidade de causas de aumento.
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“HABEAS CORPUS. PENAL. ROUBO CIRCUNSTANCIADO. APREENSÃO DA ARMA DE FOGO.
DESNECESSIDADE. RECONHECIMENTO DE DUAS QUALIFICADORAS. AUMENTO DE PENA
FIXADO EM 3/8. AUSÊNCIA DE CIRCUNSTÂNCIAS CONCRETAS QUE INDICAM A
NECESSIDADE DE EXASPERAÇÃO ACIMA DO MÍNIMO LEGAL. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS
RECONHECIDAS COMO FAVORÁVEIS. FIXAÇÃO DE REGIME PRISIONAL MAIS GRAVOSO.
ILEGALIDADE. DIREITO DE APELAR EM LIBERDADE RECONHECIDO. ORDEM
PARCIALMENTE CONCEDIDA. 1. Não há como afastar a causa de aumento decorrente da
aplicação do inc. I do § 2º do art. 157 do Código Penal, uma vez que a apreensão da arma de
fogo utilizada na prática do referido delito é perfeitamente dispensável quando existem outros
elementos nos autos capazes de comprovar o efetivo emprego do aludido instrumento. 2.
Consoante reiterada jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, a presença de duas
qualificadoras no crime de roubo (concurso de agentes e emprego de arma de fogo) pode
agravar a pena em até metade, quando o magistrado, diante das peculiaridades do caso
concreto, constatar a ocorrência de circunstâncias que indicam a necessidade da elevação da
pena acima do mínimo legal. 3. Assim, não fica o Juízo sentenciante adstrito, simplesmente, à
quantidade de qualificadoras para fixar a fração de aumento, pois, na hipótese de existência
de apenas uma qualificadora, havendo nos autos elementos que conduzem à exasperação da
reprimenda - tais como a quantidade excessiva de agentes no concurso de pessoas CP, art.
157, § 2º, II) ou o grosso calibre da arma de fogo utilizada na empreitada criminosa (CP, art.
157, § 2º, I) -, a fração pode e deve ser elevada, acima de 1/3, contanto que devidamente
justificada na sentença, em observância ao art. 68 do CP. O mesmo raciocínio serve para uma
situação inversa, em que o roubo foi praticado com arma branca (faca ou canivete) e a
participação do co-réu foi de menor importância, hipótese em que pode o magistrado aplicar a
fração mínima, apesar da dupla qualificação. 4. In casu, o Tribunal de origem não
fundamentou o acréscimo da reprimenda em 3/8, motivo por que o percentual de aumento da
pena pelas qualificadoras previstas no art. 157, § 2º, I e II, deve ser fixado em apenas 1/3. 5.
Ordem parcialmente concedida para redimensionar a pena do paciente para 8 anos, 3 meses
e 16 dias em regime inicial fechado, e 60 dias-multa. (STJ, HC 103.867, Quinta Turma, Rel.
Min. Arnaldo Esteves Lima; Julg. 19/06/2008; DJE 04/08/2008)
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daquelas circunstâncias, entendimento que passei a acompanhar, revendo meu
posicionamento. 2 - Tratando-se de réu primário, fixada a pena-base no mínimo legal, é
inadmissível a estipulação de regime prisional mais rigoroso do que aquele previsto para a
sanção corporal aplicada. 3 - Ordem concedida. (STJ; HC 36.006; Proc. 2004/0079776-1;
SP; Sexta Turma; Rel. Min. Paulo Benjamin Fragoso Gallotti; Julg. 17/08/2004; DJE
23/06/2008)
REGIME CARCERÁRIO
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“ qualificado nos autos, com incurso no artigo 155, §4º, inciso IV c.c o artigo 158, “caput” (por
três vezes) c.c. artigo 71, todos do Código Penal, à pena de 7 (sete) anos e 11 (onze) meses e 6 (seis)
dias de reclusão, no regime inicial fechado, e ao pagamento de 24 (vinte e quatro) dias-multa, com a
unidade no mínimo legal, e por infração ao artigo 150, §1º, todos do Código Penal, à pena de
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Com efeito, reza o § 3º do 33 do Código Penal: “A
determinação do regime inicial de cumprimento da pena far-se-á com observância dos
critérios previstos no art. 59 deste Código”.
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2. Quando da fixação da pena, o juiz estabelecerá o regime inicial de cumprimento
de pena, levando em conta, teor do disposto no art. 3, §3º, do Cód. Penal, as
circunstâncias prevista no art. 59.
3. Quando as circunstâncias forem favoráveis ao réu, não é lícito ao juiz estabelecer
regime pior.
4. Tratando-se de paciente primário e possuidor de bons antecedentes, tem o apenado direto a
iniciar o cumprimento da pena no regime legalmente adequado.
5. Ordem concedia em parte, com efeito extensivo, para se ajustar pena e o regime de
cumprimento imposto ao paciente”. (HC 57.380, Sexta Turma, julgado em 05/12/2006, grifo
nosso)
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Conforme bem ressaltaram tanto o Supremo Tribunal
Federal quanto esse Colendo Superior Tribunal de Justiça nos julgados acima,
representa inegável paradoxo a valorização positiva das circunstâncias judiciais no
momento da fixação da pena-base e, em seguida, uma valorização negativa dessas
mesmas circunstâncias, no momento da imposição do regime de cumprimento da
pena.
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mínimo legal e reconhecidas as circunstâncias judiciais favoráveis ao réu, é incabível o regime
prisional mais gravoso (Súmulas nºs 718 e 719 do STF). 2. Ordem concedida, para fixar o
regime inicial semi-aberto para o cumprimento da reprimenda imposta ao paciente, em
conformidade com o parecer ministerial, com ressalva do entendimento pessoal do Relator.”
(STJ, HC 102.458, Quinta Turma; Rel. Min. Napoleão Nunes Maia Filho, Julg. 05/06/2008,
DJE 04/08/2008, REPOSITÓRIO OFICIAL: CD MAGISTER Nº 22 – AGO/SET 2008, nº do
Acórdão no repositório: 11466830)
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DJE 30/06/2008, REPOSITÓRIO OFICIAL: CD MAGISTER Nº 22 – AGO/SET 2008, n º do
Acórdão no repositório: 11464919)
SÚMULA 718 STF: A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui
motivação idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena
aplicada.
SÚMULA 719 STF: A imposição do regime de cumprimento mais severo do que apena aplicada
permitir exige motivação idônea.
SÚMULA 440 STJ: Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o estabelecimento de regime
prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção imposta, com base apenas na
gravidade abstrata do delito”.
PEDIDO DE LIMINAR
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E o perigo na demora é, igualmente, cristalino, uma vez que
o paciente está cumprindo prisão em regime fechado.
“[...] Com efeito, observa-se que o regime fechado foi fixado unicamente com base na gravidade
do delito, pois o acórdão da apelação, embora tenha dito sobre eventual personalidade do
agente, leva em consideração os termos da sentença, além de confirmar as suas conclusões
unicamente em torno do tipo do crime de roubo.
Cumpre asseverar que a ilegalidade na fixação de regime de cumprimento mais grave do que o
previsto em lei, sem a devida fundamentação, acha-se consolidada no egrégio Supremo
Tribunal Federal em seus enunciados sumulares 718 e 719, verbis:
E. 718: "A opinião do julgador sobre a gravidade em abstrato do crime não constitui motivação
idônea para a imposição de regime mais severo do que o permitido segundo a pena aplicada".
E. 719: "A imposição do regime de cumprimento mais severo do que a pena aplicada permitir
exige motivação idônea".
Bem assim nesta Corte, pela Súmula n.º 440: “Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito.”
Em compreensão hoje pacificada no Superior Tribunal de Justiça, tratando-se de réu primário,
fixada a pena-base no mínimo legal, como no caso, é inadmissível a estipulação de regime
prisional mais rigoroso do que aquele previsto para a sanção corporal aplicada. Veja-se o
precedente:
HABEAS CORPUS. ROUBO. HABEAS CORPUS SUBSTITUTIVO DE RECURSO ESPECIAL.
IMPROPRIEDADE DA VIA ELEITA. ROUBO DUPLAMENTE CIRCUNSTANCIADO. REGIME
INICIAL FECHADO. PENA-BASE FIXADA NO MÍNIMO LEGAL. FUNDAMENTAÇÃO. GRAVIDADE
ABSTRATA. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS FAVORÁVEIS. DIREITO AO REGIME MENOS
GRAVOSO. SÚMULAS 718 E 719 DO STF E SÚMULA 440 DO STJ. WRIT NÃO CONHECIDO.
ORDEM CONCEDIDA DE OFÍCIO.
1. Segundo a novel orientação desta Corte Superior, ratificada pela Jurisprudência do Supremo
Tribunal Federal, não se conhece de habeas corpus impetrado em substituição ao cabível
recurso constitucional.
2. A inadequação da via eleita, todavia, não desobriga esta Corte Superior de fazer cessar
manifesta ilegalidade que resulte no cerceamento do direito de ir e vir do paciente3. Há
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constrangimento ilegal a ser reconhecido de ofício, visto que o regime mais severo que aquele
fixado em lei foi aplicado com base apenas na gravidade abstrata do delito. Para exasperação
do regime fixado em lei é necessária motivação idônea. Súmulas n.º 718 e n.º 719 do Supremo
Tribunal Federal e Súmula n.º 440 deste Superior Tribunal de Justiça.
4. Writ não conhecido. Ordem concedida, de ofício, a fim de fixar o regime semiaberto para o
cumprimento de pena. (HC 268.326/SP, Rel. Ministra ALDERITA RAMOS DE OLIVEIRA
(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/PE), SEXTA TURMA, julgado em 04/06/2013, DJe
12/06/2013)
Ante o exposto, defiro a liminar para que o paciente possa aguardar em regime semi-
aberto o julgamento definitivo do writ.” (HC 284.748, decisão de 10/12/2013, grifo nosso)
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Tem incidência, portanto, a Súmula 440/STJ (Fixada a pena-base no mínimo legal, é vedado o
estabelecimento de regime prisional mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
imposta, com base apenas na gravidade abstrata do delito).
Com essas considerações, defiro a liminar para determinar que o paciente seja
colocado em regime semiaberto até o julgamento final desta impetração.” (HC 284.664,
decisão de 10/12/2013, grifo nosso)
“Uma vez atendidos os requisitos constantes do art. 3, §2º, "b, e§ 3º,c/c o art. 59 do CP, quais
sejam, ausência de reincidência, condenação por um período superior a 4 (quatro) anos e não
excedente a 8 (oito), bem com a existência de circunstâncias judiciais totalmente favoráveis,
deve o réu cumprir a pena privativa de liberdade no regime prisional semiaberto.
[…]
Entendo, pois, presentes os requisitos do periculum in mora e do fumus boni iursi, razão pela
qual concedo a liminar apenas par que se observe em relação ao paciente, o regime semiaberto
até o julgamento final deste habeas corpus.” (HC 286.162, Ministro Félix Fischer, decisão de
03/01/2014).
Diante disso, presentes a fumaça do bom direito e o perigo
na demora, requer a concessão de MEDIDA LIMINAR, permitindo-se que o paciente
aguarde em regime semiaberto o julgamento de mérito do writ.
PEDIDO FINAL
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