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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA

DEPARTAMENTO DE MICROBIOLOGIA E PARASITOLOGIA

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

Diogo Alves da Silveira

ERUCISMO E HIMENOPTERISMO
FAMÍLIA SIMULIIDAE

Santa Maria, RS
2021/1
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SUMÁRIO

1. Acidentes por insetos da ordem Hymenoptera....………………...….…...………3


1.1. INTRODUÇÃO..….………………………....………………………........………….....3
1.2. ASPECTOS BIOLÓGICOS, ECOLÓGICOS E COMPRTAMENTAIS DE
RELEVÂNCIA..…………………………………………………...………..………………...4
1.3 PROFILAXIA…………………………………………………...….…………………….5
1.4 PRIMEIROS SOCORROS E TRATAMENTO...…………….….…..………………..5
1.5 CONCLUSÃO……………………………………………………...….………………....6

2. Acidentes por larvas dos insetos da ordem Lepidoptera….……...……………..7


2.1. INTRODUÇÃO….….……………………..…...………………………....………….....7
2.2. ASPECTOS BIOLÓGICOS, ECOLÓGICOS E COMPRTAMENTAIS DE
RELEVÂNCIA...…………………………………………………………………....………...8
2.3. PROFILAXIA…..………………………………………………….…………….……….9
2.4. PRIMEIROS SOCORROS E TRATAMENTO......……………….…...…………….10
2.5. CONCLUSÃO ....…………………...……………………………..….……………....11
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1. Acidentes por insetos da ordem Hymenoptera

1.1. INTRODUÇÃO

Pertencem à ordem Hymenoptera os únicos insetos que possuem ferrões

verdadeiros, existindo três famílias de importância médica: Apidae (abelhas e

mamangavas), Vespidae (vespa amarela, vespão e marimbondo ou caba) e

Formicidae (formigas). Ainda que de relevância, não se conhece a frequência

precisa desses acidentes, sendo estimada apenas a porcentagem da incidência da

presença de alergias na população, em média 0,4% a 10%. São mais comuns

eventos de reação alérgica em pessoas adultas e/ou profissionalmente expostas.

Casos de óbito relacionados a espécies em particular se dão normalmente a sua

agressividade e quantidade de picadas infligidas com relação ao tamanho do

indivíduo afetado, não a uma muito elevada toxicicidade (FUNASA, 2001).

Existem algumas médias, com grande variação, de que entre 56% e 94% dos

adultos foram picados ao longo da vida. Os tipos de reações alérgicas mais comuns

são as locais e as locais extensas. As reações sistêmicas são incomuns, em adultos

essa prevalência é mais elevada e está em torno de 0,3 a 8,9% (PTICHON, REIS,

SILVA, ZOGHEIB, REIS, 2014).


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1.2. ASPECTOS BIOLÓGICOS, ECOLÓGICOS E COMPRTAMENTAIS DE

RELEVÂNCIA

São insetos que podem ou não viver de forma social, sendo mais conhecidos

por seus integrantes formadores de grandes e complexas colônias, também são de

grande importância (como um todo) na polinização de plantas silvestres e de cultivo.

São membros do grupo as abelhas, conhecidas pelo mel, cera e geléia. Eles podem

ou não ser parasitos de outros insetos, e até mesmo outros parasitos (LINDAUER,

2019).

Os membros sociais do grupo são lembrados, também, pela agressividade de

alguns quando sua colônia, ou o próprio inseto, aparenta estar ameaçada por algum

outro organismo, atacando em grande número na primeira situação. Membros do

grupo, cada um com seu local de predileção, geralmente estabelecem suas colônias

em locais como pendurados em galhos de árvores, arbustos, em forros, ocos de

troncos, edificações abandonadas, em beiras de janelas, atrás de persianas, postes

de iluminação pública, em colônias no subsolo, em calçadas, gramados e canteiros

(PTICHON et al., 2014).

Podem infestar fiações, aparelhos elétricos e cabines de eletricidade. É

notável, assim, a presença desse grupo não apenas em zonas campestres/menos

alteradas pelo homem, mas também em locais com grande concentração

populacional, aumentando a chance de acidentes.


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1.3. PROFILAXIA

A profilaxia para acidentes desse grupo pode ser feita através de algumas

atitudes, de iferentes graus de simplicidade. Entre as mais simples delas estão:

evitar comer ou beber ao ar livre, especialmente alimentos e bebidas açucarados, ter

cuidado na realização de atividade ao ar livre, monitoramento por insetos de áreas

abertas com movimento de pessoas, usar sapatos quando estiver ao ar livre, não

fazer movimentos rápidos ou bruscos próximo dos inseto, a maioria das picadas

ocorre quando eles se sentem ameaçados. Pode ser realizado o uso de repelentes,

porém sem abandonar a cautela.

Já quando a presença dos insetos é conhecida, ou se está indo lidar com

eles, devem ter cuidados maiores como: não usar roupas soltas que permitam a

penetração de insetos, verificar se há insetos dentro do veículo, antes de dar a

partida e manter as janelas fechadas, chamar profissionais para realizarem a

remoção de todos os ninhos e colmeias na vizinhança. Essas são algumas medidas

que podem ser tomadas a fim de evitar acidentes com esse grupo (PTICHON et al.,

2014).

1.4. PRIMEIROS SOCORROS E TRATAMENTO

No geral, o ideal é levar a vítima ao hospital rapidamente, juntamente com

alguns dos insetos se possível. No caso de picada por abelhas, os ferrões têm que

ser removidos por raspagem com lâmina, com o objetivo de evitar maiores

inoculação de veneno. Quando necessária, a analgesia poderá ser feita pela

Dipirona, via parenteral - 1 (uma) ampola (500 mg) em adultos e até 10 mg/kg peso -
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dose em crianças. Em casos de reação alérgica deve-se levar a vítima velozmente

ao cuidade médico.

Para as vespas, o tratamento médico pode ser semelhante, porém não existe

a necessidade da remoção de ferrões, pois esses não o deixam no local da picada.

Já no caso de formigas, devem ser utilizadas prontamente compressas frias no local

das picadas, seguido da aplicação de corticóides tópicos. A analgesia pode ser feita

com paracetamol e com a indicação do uso de anti-histamínicos por via oral.

Novamente, é recomendada a busca de atenção médica, particularmente em casos

de alergia mais grave (FUNASA, 2001).

1.5. CONCLUSÃO

Portanto, fica clara a necessidade de cautela quando se está lidando com

estes insetos, tanto por habitarem os mesmo espaços que boa parte da população

quanto pelo perigo de suas picadas, principalmente em maior número. Ainda que

não necessariamente letais na vasta maioria dos casos, apresentam um perigo

elevado para alérgicos e para indivíduos de menor porte como crianças,

pricipalmente em ambientes favoráveis ao seu estabelecimento. A atenção médica

imediata é recomendada, porém pode não ser necessária em casos mais leves.
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2. Acidentes por larvas dos insetos da ordem Lepidoptera

2.1. INTRODUÇÃO

Lagartas são a fase larval do desenvolvimento de mariposas e borboletas

(membros da ordem Lepidoptera), e estão presentes em vários ecossistemas no

planeta, com mais de 150 mil espécies listadas e estimadas 100 mil desconhecidas,

recebem seu nome, Lepidópteras, pela sua asa recoberta de escamas (lepis, idos =

escamas; pteron = asa). Existe grande diferença entre as larvas de borboletas e de

mariposa, sendo essas as principais causadores de incidentes, as taturanas, como

são chamadas as larvadas da Família Saturniidae, possuem cerdas em formato de

pequenos pinheiros, as conhecidas por cachorrinho/gatinho são da Fam.

Megalopygidea as que possuem pelos (em tufos) e, finalmente, aquelas com cerdas

lisas e irregulares são membros da Fam. Arctidae, popularmente conhecidas por

pararama.

No geral, as espécies dessa ordem de insetos são inofensivas ao homem,

com apenas algumas espécies do gênero Hylesia e Premoris que podem provocar

quadros de dermatite papulo-pruriginosa e pararamose, respectivamente.

(MITSUGUI, 2008). Todavia, as larvas do gênero Lonomia (Fam. Saturniidae) são de

maior relevância médica, podendo causar acidentes hemorrágicos. (MARTINS,

2010). No entanto, o grau da intoxicação varia de acordo com o npivel de contato

com o inseto.
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2.2. ASPECTOS BIOLÓGICOS, ECOLÓGICOS E COMPRTAMENTAIS DE

RELEVÂNCIA

O ciclo de vida dos Lepidópteros é formado por 4 fases, ovo, larva, pupa e

adulto, o período de duração de cada uma dessas fases varia entre as diferentes

espécies. Na fase de larva, o inseto se alimenta primeiramente da casca de seu ovo

e, em seguida, de diferentes partes das plantas, comumente das folhas. As largartas

ou taturanas, possuem o corpo vermiforme podendo apresentar diferentes

mecanismos de defesa/camuflagem, variando entre cores e as cerdas urticantes

respensáveis pelos incidentes. Nesse estágio, as larvas sofrem algumas mudas,

novamente variando entre as espécies, enquanto acumulam alimento para sua

transição à pupa, e de pupa a adulto. Na fase de pupa, os insetos formam casulos,

nos quais passam por mudanças radicais na sua estrutura corporal, a chamada

metamorfose completa dos holometábolos. O casulo é fixado em diversos locais

diferentes até no solo, fato mais comum em marposas. Da crisálida emergem os

adultos, borboletas e mariposas, esses se alimentam do néctar ou pólen de flores,

existem casos de adultos que não se alimentam, mas sim funcionam a partir de

energia armazenada na sua forma de lagarta.

As larvas são a fase de maior destaque para os acidentes com esta ordem de

insetos. Devido ao seu comportamento, solitárias ou gregórias, e sua alimentação,

elas estão presentes em plantas, como árvores e arbustos, contudo, devido ao seu

tamanho muitas vezes reduzido ou sua coloração natural passam despercebidas ao

ser humano que está interagindo com a vegetação. São em casos assim que pode

existir o contato físico acidental entre a população geral e as criaturas,

particularmente crianças, pela sua curiosidade e necesidade de explorar, e


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profissionais que trabalham em vegetações. Não existe um número oficial de casos,

especialmente devido à subnotificação dos acidentes, mas já se foi notado que os

casos aumentam no período do verão (e nas regiões Sul e Sudeste do país)

(MARTINS, 2010), tanto pela atividade dos insetos quanto a presença maior de

pessoas em ambientes de ar-livre. Dessa forma, os acidentes ocorrem através do

manuseio descuidado ou acidental da “taturana”, em uma movimentação da

vegetação, queda sobre o lepidópitero ou descanso sobre o animal, o acidente só

ocorerrá em caso de compressão das cerdas urticantes (MITSUGUI, 2008).

2.3. PROFILAXIA

A prevenção dos acidentes pode ser feita mediante a atenta obsrvação dos

locais onde se realiza a coleta de frutas, a realização de jardinagem ou qualquer

outra interação em ambientes silvestres/ao ar-livre a fim de identificar a presença da

lagarta e evitar o manuseio descuidado. O uso de luvas e roupas compridas também

é recomendado nesse cenário. O crescimento no número dos casos deve-se ao

desmatamento, queimadas, extermínio de predadores naturais, loteamentos sem

planejamento, ou seja a perda dos ecossistemas naturais destes insetos, os

forçando a expandir na direção de centros urbanos, onde eles entram em contato

com o homem (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021).


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2.4. PRIMEIROS SOCORROS E TRATAMENTO

O contato inicial com as cerdas causa desde reações pequenas e localizadas

a até efeitos sistemicos, dependendo da espécie e reação do organismo da vítima.

Tipicamente, os sintomas são de dor violenta, queimação, prurido e hiperemia.

Podem ser observados, em casos, mais raros, edema no local e formação de bolhas

acompanhados ou não de mal-estar geral, cefaléia, náusea, vômito, dores

abdominais e mialgia (MITSUGUI, 2008).

Primeiros socorros consistem em lavar o local da picada com água fria ou

gelada e sabão. O indivíduo deve ser imediatamente levado ao atendimento médico

mais próximo para que possa receber o tratamento em tempo oportuno. A

identificação da lagarta causadora do acidente pode ajudar no diagnóstico. Portanto,

se for possível, é recomendado levar a lagarta causadora do acidente, ou uma foto

dela, ao serviço de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2021). A aplicação de

anestésicos tipo lidocaína 2%, a elevação do membro picado, corticosteróides

tópicos e anti-histamínico oral (FUNASA, 2001). Em casos como os da Lonomia

pode existir necessidade da aplicação do soro antilonômico (SALon, produzido

somento no Brasil) (MITSUGUI, 2008).


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2.5 CONCLUSÃO

Ainda que relativamente inofensivas ao homem, existe uma necessidade de

se ter cautela com os insetos, neste caso as larvas, da ordem Lepidoptera. No geral,

elas não apresentam uma grande ameaça ao homem causando casos de irritação

da derme consideravelmente simples. No entanto, existem exceções como as

Lonomia da Fam. Saturniidae que podem causar efeitos hemorrágicos nas pessoas

expostas ao seu veneno. Portanto, ainda que não sejam de absurdo risco, seria

interessante uma melhoria nos dados com relação aos acidentes e na

conscientização da população ao risco em potencial, muitas vezes subestimado pela

sua aparente simplicidade. Semelhantemente aos himenópteros, as vítimas são

recomendadas a visitar um hospital ou local onde terá atenção médica, porém pode

não ser necessária em casos mais leves.

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