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Resumo
Várias grandezas físicas, tais como por exemplo comprimento, área, volume, tempo, massa e temperatura
são inteiramente descritas uma vez que a intensidade (magnitude) é dada. Tais grandezas são chamadas
escalares e são representadas por números reais. Outras grandezas físicas não são completamente
caracterizadas até que uma magnitude, uma direção e um sentido sejam dado. Exemplos são
deslocamento, velocidade e força. Tais grandezas são chamadas vetoriais e são descritas por vetores.
Neste trabalho primeiramente, introduziremos o conceito de vetor do ponto de vista geométrico, o que
permite uma visão intuitiva dos vetores e de suas relações. Vamos nos restringir ao plano (espaço
bidimensional) e ao espaço (espaço tridimensional). Por fim, considerarmos os vetores do ponto de vista
algébrico, o que nos admitirá estudar vetores em mais de três dimensões.
Palavras chave: Vetor, grandezas físicas, propriedades, coordenada.
1 INTRODUÇÃO
O conceito de vetores nasceu na Mecânica com o engenheiro flamengo Simon
Stevin. Em 1589 apresentou, em sua Estática e Hidrostática, o problema da composição
de forças e propôs uma regra empírica para se determinar a soma de duas forças
aplicadas num mesmo ponto. Tal regra, a conhecemos hoje como regra do
paralelogramo.
2 VETORES
1
Dois pontos distintos A e B no espaço determinam uma reta. Esta reta é uma
direção no espaço. Este segmento de reta pode ser orientado, Dando um sentido para o
segmento, se considerarmos um dos pontos como ponto inicial e o outro como ponto
final. Por exemplo, o segmento orientado com ponto inicial A e ponto final B será
denotado por AB. Podemos considerados que dois pontos formam um segmentos
orientados, desta forma: um ponto é um segmento orientado nulo; pois podemos
considerar o ponto A com o segmento orientado AA com ponto inicial A e ponto final
A. Também podemos considerar o comprimento de um segmento. O comprimento de
um segmento determinado por A e B é denotado por ̅̅̅̅AB.
Vetores são representados por segmentos orientados e são caracterizados por:
1. direção,
2. sentido,
3. módulo.
São definidas duas operações básicas entre vetores que podem ser definidas para
quaisquer vetores, mesmo vetores em espaços de dimensões maiores do que podemos
visualizar (acima de 3 dimensões), são a soma de vetores e a multiplicação de vetores
por escalares.
2.2 Soma de Vetores
Sejam v e w dois vetores. Sua soma v + w é o vetor definido da seguinte
maneira:
2
Nesta interpretação, a soma de vetores corresponde à resultante das forças.
2.2.1 Propriedades da Soma de Vetores
(1) Comutatividade:
Para quaisquer vetores v, w
𝑣+𝑤 =𝑤+𝑣
Isso pode ser facilmente visto através do diagrama abaixo.
(2) Associatividade:
Para quaisquer vetores u, v, w
𝑢 + (𝑣 + 𝑤) = (𝑢 + 𝑣) + 𝑤
Isso pode ser facilmente visto através do diagrama a seguir.
3
Seja -v o vetor que tem a mesma direção, mesmo comprimento e sentido inverso
ao do vetor v. Então
𝑣 + (−𝑣) = ⃗0
Isso é óbvio da definição. Portanto, definimos a diferença entre dois vetores como:
𝑣 − 𝑤 ≔ 𝑣 + (−𝑤)
Podemos usar o seguinte diagrama para calcular a diferença entre dois vetores:
Isso permite inferir uma regra do triângulo para a diferença dos vetores v e w:
para encontrar um representante para v - w, escolha representantes para v e w que têm a
mesma origem; então v-w será representando pelo segmento cujo ponto inicial é o ponto
final de w e cujo ponto final é o ponto final de v.
2.3 Multiplicação de um Vetor por um Escalar
Definição. Se v é um vetor não-nulo e 𝛼 é um número real não-nulo, então a
multiplicação do vetor v pelo escalar 𝛼 é o vetor denotado 𝛼v definido por
I. 𝛼v tem a direção de v;
II. 𝛼v tem o mesmo sentido de v se 𝛼> 0 e𝛼v tem o sentido oposto ao de v
se 𝛼< 0;
III. 𝛼v tem comprimento ‖𝛼‖ vezes o comprimento de v:
Definimos ainda ⃗0 v = ⃗0 e 𝛼 ⃗0 = ⃗0.
Se
𝑤 = 𝛼𝑣
dizemos que w é um múltiplo escalar do vetor v. É fácil ver que dois vetores não-nulos
são paralelos se e somente se um é múltiplo escalar do outro.
Observe que segue imediatamente da definição que
(−1)𝑣 = −𝑣
2.3.1 Propriedades da Multiplicação por Escalar:
(1) Associatividade:
Para quaisquer escalares 𝛼, 𝛽 e para qualquer vetor v
𝛼(𝛽𝑣) = (𝛼𝛽)𝑣
(2) Distributividade:
Para quaisquer escalares 𝛼, 𝛽 e para quaisquer vetores v, w:
𝛼(𝑣 + 𝑤) = 𝛼𝑣 + 𝛼𝑤
(𝛼 + 𝛽)𝑣 = 𝛼𝑣 + 𝛽𝑣
Estas propriedades serão facilmente provadas uma vez que introduzirmos um
sistema de coordenadas retangulares para vetores.
Como um exemplo da utilidade de se trabalhar com vetores, veremos que
vetores podem ser utilizados para provar fatos da geometria euclidiana.
2.4 Vetores Unitários
4
Se ‖𝑣‖ = 1, então v é chamado de vetor unitário. Dado um vetor não-nulo v, um
vetor unitário direção de v é o vetor
1
𝑢= 𝑣.
‖𝑣‖
De fato,
1 1
‖ 𝑣‖ = ‖𝑣‖ = 1
‖𝑣‖ ‖𝑣‖
Observe que u também tem o mesmo sentido de v.
No plano:
𝑣 = (𝑣1 , 𝑣2 )
No espaço:
𝑣 = (𝑣1 , 𝑣2 , 𝑣3 )
Então as operações acima podem ser definidas equivalentemente da seguinte
maneira. No plano, se
𝑣 = (𝑣1 , 𝑣2 ) e 𝑤 = (𝑤1 , 𝑤2 ),
𝑣 + 𝑤 = (𝑣1 + 𝑤1 , 𝑣2 + 𝑤2 )
𝛼𝑣 = (𝛼𝑣1 , 𝛼𝑣2 )
No espaço, se 𝑣 = (𝑣1 , 𝑣2 , 𝑣3 ) e 𝑤 = (𝑤1 , 𝑤2 , 𝑤3 ),
𝑣 + 𝑤 = (𝑣1 + 𝑤1 , 𝑣2 + 𝑤2 , 𝑣3 + 𝑤3 )
𝛼𝑣 = (𝛼𝑣1 , 𝛼𝑣2 , 𝛼𝑣3 )
A norma de um vetor pode então ser dada em coordenadas, aplicando-se o
Teorema de Pitágoras. No plano, se 𝑣 = (𝑣1 , 𝑣2 ), pelo Teorema de Pitágoras temos que
‖𝑣‖ = √𝑣12 + 𝑣22 .
No espaço é necessário aplicar o Teorema de Pitágoras duas vezes para se obter
a norma de um vetor em termos de suas coordenadas. Seja 𝑣 = (𝑣1 , 𝑣2 , 𝑣3 ) e considere
a figura abaixo:
5
Aplicando-se o Teorema de Pitágoras ao triângulo retângulo vertical indicado na
figura, obtemos
‖𝑣‖ = √𝑙12 + 𝑣32 .
Aplicando-se novamente o Teorema de Pitágoras ao triângulo retângulo que se
situa no plano xy, obtemos
𝑙² = 𝑣12 + 𝑣22 .
Portanto,
‖𝑣‖ = √𝑣12 + 𝑣22 + 𝑣32 .
2.5.1 Base Canônica
Dentre as infinitas bases ortonormais, uma delas é particularmente importante.
Trata-se da base que determina o conhecido sistema cartesiano ortogonal. Os vetores
ortogonais e unitários, neste caso, são simbolizados por 𝑖̂, 𝑗̂ 𝑒 𝑘̂.
Dado um vetor v qualquer no espaço, existe uma só forma de representar um
vetor na base canônia, tal que:
𝑣 = 𝑣1 𝑖̂ + 𝑣2 𝑗̂ + 𝑣3 𝑘̂
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‖𝑣 − 𝑤‖² = ‖𝑣‖² + ‖𝑤‖² − 2‖𝑣‖‖𝑤‖ cos 𝜃
Logo:
(𝑣1 − 𝑤1 )2 + (𝑣2 − 𝑤2 )2 + (𝑣3 − 𝑤3 )2
= 𝑣12 + 𝑣22 + 𝑣32 + 𝑤12 + 𝑤22 + 𝑤32 − 2‖𝑣‖‖𝑤‖ cos 𝜃
donde, cancelando os termos comuns entre os lados desta equação,
−2𝑣1 𝑤1 − 2𝑣2 𝑤2 − 2𝑣3 𝑤3 = −2‖𝑣‖‖𝑤‖ cos 𝜃
O ângulo entre dois vetores é definido como o menor ângulo entre eles. Portanto,
0 ≤ 𝜃 ≤ 180°
Podemos usar o produto interno para calcular o ângulo entre vetores, pois
𝑣∙𝑤
cos 𝜃 =
‖𝑣‖‖𝑤‖
𝑣∙𝑤
𝜃 = 𝑎𝑟𝑐 cos( )
‖𝑣‖‖𝑤‖
2.6.1 Propriedades do produto escalar:
Sejam 𝑣 = (𝑣1 , 𝑣2 , 𝑣3 ) e 𝑤 = (𝑤1 , 𝑤2 , 𝑤3 ) vetores;
(1) Comutatividade: Se v e w são dois vetores quaisquer, então
𝑣∙𝑤 =𝑤∙𝑣
De fato
𝑣 ∙ 𝑤 = (𝑣1 𝑤1 + 𝑣2 𝑤2 + 𝑣3 𝑤3 ) = (𝑤1 𝑣1 + 𝑤2 𝑣2 + 𝑤3 𝑣3 ) = 𝑤 ∙ 𝑣
(2) Distributividade: Se u, v e w são vetores quaisquer, então
𝑢 ∙ (𝑣 + 𝑤) = 𝑢 ∙ 𝑣 + 𝑢 ∙ 𝑤
De fato
𝑢 ∙ (𝑣 + 𝑤) = 𝑢1 (𝑣1 + 𝑤1 ) + 𝑢2 (𝑣2 + 𝑤2 ) + 𝑢3 (𝑣3 + 𝑤3 )
𝑢 ∙ (𝑣 + 𝑤) = (𝑢1 𝑣1 + 𝑢2 𝑣2 + 𝑢3 𝑣3 ) + (𝑢1 𝑤1 + 𝑢2 𝑤2 + 𝑢3 𝑤3 )
𝑢 ∙ (𝑣 + 𝑤) = 𝑢 ∙ 𝑣 + 𝑢 ∙ 𝑤
(3) Se v e w são dois vetores quaisquer e α é um escalar qualquer, então
𝛼(𝑣 ∙ 𝑤) = (𝛼𝑣) ∙ 𝑤 = 𝑣 ∙ (𝛼𝑤)
De fato
𝛼(𝑣 ∙ 𝑤) = 𝛼(𝑣1 𝑤1 + 𝑣2 𝑤2 + 𝑣3 𝑤3 )
𝛼(𝑣 ∙ 𝑤) = (𝛼𝑣1 )𝑤1 + (𝛼𝑣2 )𝑤2 + (𝛼𝑣3 )𝑤3 )
𝛼(𝑣 ∙ 𝑤) = (𝛼𝑣) ∙ 𝑤
Para todo vetor v
𝑣 ∙ 𝑣 = ‖𝑣‖² ≥ 0
𝑣 ∙ 𝑣 = 0 𝑠𝑒 𝑒 𝑠𝑜𝑚𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑠𝑒 𝑣 = 0
Observe que a associatividade, não faz sentido para o produto escalar, já que não
faz sentido fazer o produto escalar entre um vetor e um número.
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2.7 Produto Vetorial
Para vetores no espaço tridimensional, é possível definir um produto entre
vetores cujo resultado é um vetor.
Definição: o produto vetorial de dois vetores não nulos v e w que não são paralelos é o
vetor denotado 𝑣 × 𝑤 definido por
i. 𝑣 × 𝑤 tem direção perpendicular ao plano determinado por v e w;
ii. 𝑣 × 𝑤 tem sentido determinado pela regra da mão direita: direcionando o
polegar direito no sentido de v e o restante dos dedos da mão direita no sentido
de w, então 𝑣 × 𝑤 tem o sentido projetando da palma da mão.
iii. Se 𝜃 é o ângulo entre v e w, a norma de 𝑣 × 𝑤 é dada por
‖𝑣 × 𝑤‖ = ‖𝑣‖‖𝑤‖ sin 𝜃
Se v e w são paralelos, define-se 𝑣 × 𝑤 = 0. Também definimos 𝑣 × 0 = 0 e
0 × 𝑤 = 0.
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(3) Distributividade: Se u, v e w são vetores quaisquer, então
𝑢 × (𝑣 + 𝑤) = 𝑢 × 𝑣 + 𝑢 × 𝑤.
(4) As operações de produto escalar e produto vetorial comutam:
(𝑢 × 𝑣) ∙ 𝑤 = 𝑢 ∙ (𝑣 × 𝑤)
3 CONCLUSÃO
Vimos que os vetores podem ser representados de uma forma gráfica, que nos dá
uma noção intuitiva dos vetores e suas propriedades, e de uma forma algébrica, que nos
permite estudá-los de forma mais geral, admitindo estudá-los no espaço com mais de
três dimensões e derivar importantes propriedades, desta forma os vetores constituem
uma importante ferramenta para o estudo das grandezas físicas que dependem de um
sentido, direção e magnitude.
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4 REFÊRENCIAS
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