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UNIVERSIDADE

FEDERAL DO ACRE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DISCIPLINA DE CLÍNICA MÉDICA
CURSO DE ELETROCARDIOGRAMA

O ECG normal

•  Professor: Giovanni Casseb

RIO BRANCO
2016
Obje5vos
•  Interpretar o ECG para oferecer tratamento
eficaz ao paciente
•  Aprender como funcionam as derivações e os
planos
•  Conhecer os componentes de um complexo
do ECG ,seus significados e variações
•  Descrever a conduta etapa por etapa na
interpretação do ECG
Indicações
•  Diagnós5co exato das arritmias detectadas na auscultação cardíaca;

•  Início agudo de dispnéia;

•  Hipotensão e Choque;

•  Síncopes;

•  Monitoração durante e após cirurgias;

•  Todos os sopros cardíacos;

•  Cardiomegalia observada nas radiografias torácicas;

•  Cianose;
Indicações
•  Pré-operatório;

•  Avaliação do efeito de fármacos cardíacos;

•  Distúrbios eletrolí5cos;

•  Monitoração da pericardiocentese;

•  Doenças sistêmicas que afetam o coração;

•  Base para registros e consultas;

•  ECG seriados para diagnós5co e prognós5co de doenças cardíacas.


Caso clínico
•  J.W.P, 37 anos,masculino, promotor de jus5ça,
admi5do no PS com queixa de palpitações e
dispnéia súbita intensa
•  Ao exame: BEG,LOTE ,a5vo,dispneico leve,
FR=25ipm ,acianó5co,anictérico,corado,hidratado
, afebril ao toque
•  AR= MV + SRA
•  ACV=RCR 2T BNF SEM SOPROS ,FC=150 BPM
CONDUTA?
Willem Einthoven(1860-1927)
Uma olhada nos traçados do ECG
•  A a5vidade elétrica do coração produz correntes
que se irradiam através do tecido circunjacente
até a pele
•  Quando eletrodos são fixados à pele , eles
captam essas correntes elétricas e as transmitem
para um ECGráfo
•  Despolarização miocárdica ocorre quando uma
onda de es5mulação passa através do coração e
faz com que o músculo cardíaco de contraia
•  Repolarização é a fase de relaxamento
Derivação
•  Oferece uma imagem da a5vidade elétrica do
coração entre um pólo posi5vo e um nega5vo
•  Entre os dois pólos existe uma linha
imaginária que representa o eixo da
derivação , um termo que traduz a direção da
corrente que se movimenta através do
coração
Direção da corrente e deflexão da onda
Plano
•  Indica a perspec5va axial da a5vidade elétrica
do coração
1.  Plano frontal: corte ver5cal na linha média
do coração , mostra uma visão ântero-
posterior da a5vidade elétrica
2.  Plano horizontal: corte transversal no meio
do coração , mostra uma visão superior ou
inferior da a5vidade elétrica
Tipos de ECG
•  Doze perspec5vas : eletrodos sobre os
membros e tórax do paciente
1.  Seis derivações dos membros (plano frontal)
-I,II e III (bipolares)
-vetor direito (right) ampliado (aVR)
-vetor esquerdo (lep) ampliado (aVL)
-vetor do pé (foot) ampliado (aVF)

Tipos de ECG
•  Doze perspec5vas : eletrodos sobre os
membros e tórax do paciente
1.  Seis derivações precordiais (plano horizontal)
-V1,V2,V3
-V4,V5,V6
-Unipolares
Bipolar x Unipolar
•  Derivação bipolar: é aquela em que os eletrodos posi5vo e
nega5vo são colocados a uma mesma distância do coração (do
ponto de vista elétrico), captando a DIFERENÇA DE POTENCIAL
entre esses dois pontos.
•  Derivação unipolar: é aquela que registra as variações de potencial
ob5das pelo eletrodo posi5vo (também chamado de explorador),
enquanto o eletrodo nega5vo (também chamado de indiferente)
está a uma distância muito grande do coração (do ponto de vista
elétrico). Isso é possível colocando-o, numa manobra técnica, no
chamado "terminal central de Wilson".
•  Estando o eletrodo indiferente "zerado" após essa manobra, o
explorador passa a captar POTENCIAIS ABSOLUTOS do local onde é
colocado, ao invés de diferença de potencial.
Tipos de ECG
•  Uma perspec5va : fornece informações
consnuas a cerca da a5vidade elétrica do
coração e é usada para monitorizar as
condições cardíacas
1.  Derivações bipolares
-I , II ,III
-MCL 1 (derivação torácica modificada ) V1
-MCL 6 (derivação torácica modificada ) V6

Derivações I,II e III
•  Produzem deflexão posi5va nos traçados do
ECG
•  Derivação I:ajuda a monitorizar ritmos atriais
e hemibloqueios
•  Derivação II: monitorização ro5neira e
detecção de arritmias do nó sinusal e atriais
•  Derivação III:alterações associadas a IAM
parede inferior
Derivações aVR, aVL, aVF
•  Chamadas de ampliadas porque as pequenas
ondas que normalmente iriam ocorrer nessas
derivações unipolares são ampliadas pelo ECG
1.  aVR: eletrodo posi5vo colocado no braço
direito( deflexão nega5va)
2.  aVL: eletrodo posi5vo colocado no braço
esquerdo ( deflexão posi5va)
3.  aVF:eletrodo posi5vo colocado na perna
esquerda ( deflexão posi5va)
Projeções precordiais
Derivações precordiais
•  Derivação V1
-Bifásica
-monitoriza alterações do segmento ST, BR
•  Derivação V2 e V3
-Bifásica
-detectar elevações do segmento ST
•  Derivação V4
-produz uma onda bifásica
Derivações precordiais
•  Derivação V5
-deflexão posi5va no ECG
-mostra alterações do segmento ST ou na onda T
•  Derivação V6
-produz uma deflexão posi5va no ECG
Sistema de cabos
Cuidado na colocação dos eletrodos
•  Se paciente es5ver acordado explique o
procedimento
•  Evite umidade, mantenha supertcie seca
•  Pêlos podem interferir no contato elétrico
•  A cada 24 horas , remova os eletrodos
Quadriculado do ECG
Traçado do ECG
•  1 quadrado horizontal pequeno =0,04 s
•  5 quadrados horizontais pequenos=0,2 s
•  5 quadrados horizontais grandes=1 s
•  Traçado normal =30 quadrados horizontais
grandes=6 segundos
•  1 quadrado ver5cal pequeno=0,1mV
•  1 quadrado ver5cal grande=0,5mV
•  Amplitude (mV)=número de quadrados pequenos
desde a linha de base até o ponto mais alto ou
mais baixo
IMAGEM 34
Resolvendo problemas do monitor
IMAGEM 38
9 Passos para avaliação de um ECG
IREFOIQSO
1.  Iden5ficação
2.  Ritmo
3.  Eixo
4.  Frequência cardiaca
5.  Onda P
6.  Intervalo PR
7.  QRS
8.  Segmento ST
9.  Onda T e intervalo QT
2.Ritmo
•  Sinusal : onda P antes do QRS todas derivações
melhor derivação para ver onda P :II
•  Juncional : onda P nega5va em DII,DIII e aVF
colada no QRS
ausência de onda P ,RR regular ,
QRS estreito
2.Ritmo
•  Regular : intervalos R-R consistentemente
similares significam ritmo regular
•  Irregular : intervalos R-R insistentemente
diferentes apontam para ritmo irregular
1.  Quão irregular é o ritmo?
2.  Ele é discretamente ou muito irregular?
3.  A irregularidade ocorre num certo padrão?
(regularmente irregular?)
4.  Variações de até 0,04 s são consideradas
normais
3. Eixo
•  Olhar DI ; AVF ; DII

•  DI(+) AVF (+) DII(+): eixo normal


•  DI(+) AVF (-) DII(+): eixo normal
•  DI(+) AVF (-) DII(-): eixo desviado para esquerda
•  DI(-) AVF (+) DII(+): eixo desviado para direita
•  DI(-) AVF (-) DII(-): eixo desviado para direita
Iden5ficação
•  Cer5fique-se que se trata do paciente
correto para evitar iatrogenias
4.Frequência Cardíaca
•  Ritmo regular
1.  1500/número de quadrados pequenos entre
duas Rs
2.  Método da sequência :
300 - 150 - 75 -60- 50- 43- 37
4.Frequência Cardíaca
•  Ritmo irregular
1.  não vale a regra 1500/número de quadrados
pequenos entre duas Rs
2.  Separa intervalo de 3 s ( 15 quadrados
grandes)
3.  Conta quantas R tem nesse intervalo
4.  Mul5plica por 20 pois 20 x 3s = 60s =1min
5.A onda P
•  É o primeiro componente de um ECG normal
•  Despolarização atrial (condução de um
impulso elétrico através dos átrios)
5.A onda P
•  Localização: antecede o complexo QRS
•  Amplitude : 2,5 mm de altura
•  Duração : 0,06 a 0,12 s
•  Configuração : geralmente arredondada e para
cima
•  Deflexão
-posi5va :I,II, aVF e V2 a V6
-geralmente posi5va em III e aVL
-nega5va ou inver5da em aVR
-bifásica ou variável em V1
Ondas p estranhas
•  Apiculadas ,com entalhes ou aumentadas
podem representar hipertrofia ou aumento
atrial em associação a:
1.  DPOC
2.  Êmbolos pulmonares
3.  Doença valvar
4.  Insuficiência cardíaca
SAD
Onda P com aumento da amplitude além de 2,5 mm em
DII, DIII e aVF.
SAE Componente final negativo da
onda P em V1 com duração >
0,04 s e amplitude > 1mm
(índice de Morris)

Duração de onda P > 120 ms


6.Intervalo PR
•  Descreve o impulso atrial através do nó AV,
feixe de His e dos ramos Direito e Esquerdo
•  Observe sua duração
•  Localização : desde o início da onda P até
início do complexo QRS
•  Duração : 0,12 a 0,20 s
•  Amplitude,configuração e deflexão não são
medidas
7.O Complexo QRS
•  Vem após a onda P e representa a
despolarização dos ventrículos, ou condução
do impulso
•  Imediatamente depois que os ventrículos se
despolarizam, eles se contraem
•  A contração ejeta sangue dos ventrículos e o
bombeia através das artérias criando um
pulso
7.Complexo QRS
•  Localização: após o intervalo PR
•  Amplitude : 5 a 30 mm de altura mas difere em
cada derivação u5lizada
•  Duração :0,06 a 0,10 s ,ou metade do PR
•  Configuração: consiste na onda Q, na onda R e na
onda S
•  Deflexão :
-posi5va :I,II,III, aVL, aVF e V4 a V6
-nega5va : aVR e V1 a V3
7.Complexo QRS
•  Estreito <0,10 s

•  Alargado >0,11s
BRD
•  QRS ≥ 120 ms

•  V1 - rSR’ ou rsR’ (M)


ou R puro

•  QRS polifásico e de
pequena magnitude
em DII, DIII, aVF e
V2

•  Onda S alargada e
espessa em DI, V5 e
V6

•  Onda T oposta à
deflexão terminal
BRE

1.  Complexo QRS > 120 ms

2.  R alargadas e monofásicas, geralmente


com entalhes e empastamentos em DI,
V5 e V6 ( “torre”)‫‏‬

3.  Ausência de onda q em DI, V5 e V6

4.  Complexos QRS polifásicos em DII, DIII


e aVF

5.  Deslocamento do segmento ST e onda


T na direção oposta à maior deflexão
do complexo QRS
8.O Segmento ST
•  Representa o final da condução ou
despolarização ventricular e o início da
recuperação ou repolarização ventricular
•  O ponto que marca o final do complexo QRS e
o início do segmento ST é o ponto J
8.O Segmento ST
•  Localização :Desde a onda S até o início da
onda T
•  Deflexão :geralmente isoelétrico ( nem
posi5vo nem nega5vo); pode variar de -0,5 a +
1mm nas derivações precordiais
9.A onda T
•  Representa recuperação ou repolarização
ventricular
1.  Localização: segue a onda S
2.  Amplitude 0,5 mm nas derivações I,II e III e
até 10 mm nas derivações precordiais
3.  Configuração :5picamente arredondada e
suave
4.  Deflexão:geralmente posi5va nas derivações
I,II e V3 a V6; inver5da em aVR, variável nas outras
Ondas T altas , inver5das ou
pon5agudas
•  Ondas T altas , apiculadas ou em forma de
t e n d a i n d i c a m l e s ã o m i o c á r d i c a o u
hipercalemia
•  Ondas T inver5das nas derivações I,II ou V3 a
V6 podem indicar isquemia miocárdica
•  Ondas T intensamente apiculadas ou
entalhadas no adulto podem indicar
pericardite
9.Intervalo QT
•  Mede a despolarização e repolarização
ventriculares
•  Seu comprimento varia com a FC ; quanto
mais rápida a FC, mais curto o intervalo QT
•  QT longo é um defeito congênito do sistema
de condução em certas famílias
•  QT curto pode decocorrer de ntoxicação
digitálica ou hipercalemia
9.Intervalo QT normal
•  Localização:desde o começo do complexo QRS
até o final da onda T
•  Duração : 0,36 a 0,44 s
Onda U
•  Representa o período de recuperação das fibras
de condução de Purkinje ou ventriculares
•  Não está presente em todos os traçados de ritmo
1.  Localização : segue a onda T
2.  Configuração: 5picamente para cima e
arredondada
3.  Deflexão : para cima
Onda U proeminente: hipo/hipercalemia e
intoxicação digitálica

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