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Foto:James Tavares

Cursos tradicionais
roubam a cena Impresso
99129-5/2002-DR/SC
No Vestibular 2010 a UFSC oferece 6.021 vagas para UFSC
32.554 candidatos. A oferta é recorde. Os cursos tra-
dicionais, como Medicina, as Engenharias e o Direito, CORREIOS
voltam a acirrar a disputa p. 9

Jornal
Universitário
Universidade Federal de Santa Catarina - Dezembro de 2009 - Nº 407

Universidade às vésperas Alimento

de completar meio século Sustentabilidade


dá prêmio
p. 11
A UFSC comemora no dia 18 de dezembro se prepara para completar meio século. Taça
49 anos. Integrada à sociedade local, através UFSC, Prêmio Amigo da UFSC e lançamento
do programa de expansão e interiorização, a da Marca dos 50 anos são destaques das ati-
Instituição consolida o seu reconhecimento vidades festivas
nacional e internacional no momento em que p. 2 e 8 RU

Foto: Cláudia Reis A ética


na fila
p. 5

Centenário

Burle Marx e os
jardins da UFSC
p. 16

Ciência

Política de
Estado
p. 7

Livro

Grupos de
Pesquisa
Às vésperas de comemorar 50 anos, Instituição consolida o seu reconhecimento nacional e internacional p. 11
Do Editor
49 anos na frente

“Embora pertença a todos, o espaço público


Caiu na cesta
A comunicação cuida da saúde da instituição Moacir Loth
não é a casa da mãe Joana” - Ruy Castro, autor
de O leitor apaixonado Dilvo pro mundo. O reitor Dilvo Ristoff (UFFS) mar- É complicado. A juventude dos órgãos controladores
cou presença na Primeira Cúpula Mundial de Inovação da União praticamente está inviabilizando a atividade
Embora não esteja imune a crises e conflitos, para a Educação, realizada em Doha, no Qatar. científica com recursos públicos. O desabafo é geral! Os
a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) auditores moram nas universidades.
reúne motivos de sobra para comemorar: às véspe- Refresco. No Boletim da Universidade o reitor da
ras de completar 50 anos, a Instituição se destaca UFFS aparece ao lado de Gerhard Schröder (Alemanha) Ponto morto? “A Universidade é lenta para entender o
nas pesquisas de opinião e rankings locais, nacio- e Biz Stone, criador do Twitter. que está acontecendo e lenta para reagir” - Laymert Garcia
nais e internacionais como Universidade líder e de dos Santos, pesquisador da Unicamp, na revista Cult.
referência no ensino, na pesquisa, na extensão e O voo da águia. A parceria hoje está inteiramente in-
na cultura. tegrada à cultura de quem faz inovação. “Sozinho ninguém Outros tempos. Pró-Reitor João Batista Furtuoso
A jovem universidade pública brasileira detém consegue nada”, advertiu Carlos Alberto Schneider, da Fun- se ressente da falta do Servinaldo, colunista que tirava
um dos melhores desempenhos internacionais na dação Certi/UFSC, na 3ª Conferência de CT&I. Como “uma o sono dos reitores.
disponibilização do conhecimento científico e tec- andorinha só não faz verão”, as universidades precisam voar
nológico na web (A UFSC é a 134ª no mundo e a junto com as empresas e as instituições governamentais. Constatação I. “A Ciência está represada na Acade-
terceira do Brasil). Com essa receita, a Certi ganhou o Prêmio Finep de Ino- mia” - Marco Antônio Raupp, presidente da SBPC.
Na pesquisa recém-divulgada pela Editora Abril, vação 2009, na categoria Ciência e Tecnologia.
exibida no Guia do Estudante, 18 dos 39 cursos Constatação II. “A universidade brasileira é uma
avaliados mereceram cinco estrelas. O feito rendeu Vida ou morte! As universidades estão desafiadas indústria de papers” - João Batista Calixto, da UFSC.
à UFSC a sétima colocação no País, à frente, por a pesquisar alternativas agrícolas adaptáveis à fúria do
exemplo, de universidades tradicionais como a Uni- clima. Constatação III. “Os pesquisadores são a razão da
camp e a Federal do Paraná. A UFSC, agora também Ciência” - Alvaro Prata, reitor da UFSC.
no interior, voltou a despontar nas pesquisas de Tarefa nobre. A UFSC, 49 anos nas costas, lidera a
opinião do Estado, o que foi comprovado, in loco, formação e o processo de fixação de doutores nas uni- Júbilo. O Jornal Universitário (JU) foi festejado du-
pelo Ibope e pelo Instituto Mapa. versidades do interior do Estado. Tarefa nobre para uma rante reunião de assessores na Capes, em Brasília. Vários
A expansão da universidade, a criação de mais instituição com campi instalados em Joinville, Curitibanos jornalistas solicitaram “assinatura” do periódico.
vagas e novos cursos, as ações afirmativas, a tu- e Araranguá e tutelando, paralelamente, a implantação
tela da UFFS e a instalação dos campi de Joinville, da Universidade da Fronteira Sul em SC, RS e PR. Canal XV. A TV UFSC, dirigida por Fernando Cro-
Araranguá e Curitibanos ampliaram a legitimidade como, está acontecendo. Os alunos do Jornalismo são
da UFSC no Estado e junto à população. Filme americano. O pai do governador Luiz Henrique talentosos.
A entrega do Troféu Amigo da UFSC, o lançamen- costumava dizer que era mais fácil uma vaca voar do que
to da Taça UFSC do Campeonato Catarinense de Fu- um tornado baixar em SC. E não é que, além de um ciclo-
tebol e a apresentação oficial do selo comemorativo ne, regado a enchentes e secas, o Estado foi vítima de 12 “Tabagismo é maior entre os
dos 50 anos marcam o contexto da transição dos 49 tornados que fizeram uma vaca voar 300 metros!
anos para o meio século da UFSC em 2010. mais pobres”
A Universidade já foi comparada, em dado mo- Royalties. Professor João B. Calixto e UFSC conquis-
mento, a um transatlântico sujeito a perder a bús- tam os primeiros royalties com um produto contra rugas
desenvolvido para a Natura. Vai vender milhões! Estaria O índice de fuman-
sola na mudança de reitor. Felizmente, a exemplo do
caindo um tabu na universidade pública? tes na faixa com renda
País, a UFSC é maior do que governantes, diretores
per capita inferior a
e dirigentes. A UFSC não corre o risco de naufragar
Deutschland alerta. “Por causa dos danos causados pelo 1/4 de salário mínimo
porque uma instituição não é um navio.
clima, cerca de um décimo dos sete bilhões de habitantes da é de 19,9%; entre os
Terra poderiam perder sua moradia, devido à elevação do nível que ganham 2 mínimos
do mar. Teríamos, então, 700 milhões de flagelados...” ou mais, 13,5% (Fo-
lha de S.Paulo,
Expediente Questão de prioridade. Emídio Cantídio, ex-reitor
e diretor de Bolsas da Capes, garante que “as universi-
28/11/09)

dades estão cheias de dinheiro”. Mas as Assessorias de


Comunicação estão rodando bolsinha!
Elaborado pela Agecom -
Agência de Comunicação da UFSC
Prevenido. Nilto Parma, o procurador, prima pela
Campus Universitário - Trindade - Caixa Postal 476
CEP 88040-970, Florianópolis - SC direção defensiva.


www.agecom.ufsc.br, agecom@edugraf.ufsc.br
Fones: (48) 3721-9233 e 3721-9323. Fax: 3721-9684 Poesia de quintal. O ex-diretor da EdUFSC, Alcides
Diretor e Editor Responsável:
Moacir Loth - SC 00397 JP
Coord. de Divulgação e Marketing/ Redação:
Artemio R. de Souza (Jornalista)
Alita Diana (Jornalista)
Arley Reis (Jornalista)
Celita Campos (Jornalista)
Erich Casagrande (Bolsista)
Fernanda Burigo (Bolsista)
Buss, criou a sua própria editora. Com capa de Lúcia
Iaczinski e editoração do filho Hermano, a Caminho de
Dentro lançou Saber não saber, o primeiro de uma trilogia
que promete ainda Poder não poder e Ter não ter.

Mangas arregaçadas. A Comissão dos 50 anos,


coordenada por Cléia e Barbosa, tem suado a camisa
para fazer uma comemoração à altura da UFSC.
Frase
Precisamos transformar o deserto da
inovação de muitos municípios em
terreno fértil para o desenvolvimento
científico e tecnológico”

José A. de Souza (Jornalista) (Luiz Henrique da Silveira, governa-
Mara Paiva (Jornalista) Será? Antonio Callado, em O Homem Cordial, diz dor de SC e ex-ministro do MCT)
Margareth Rossi (Jornalista)
“que dormindo nos livramos de nós mesmos”.
Maria Luiza de Oliveira Gil (Bolsista)

Memória
Natália Izidoro (Bolsista)
Paulo Clóvis Schmitz (Jornalista)
Foto: Arquivo Agecom
Paulo Fernando Liedtke
Tiago de Carvalho Pereira (Bolsista)
Sonho de realidade
Tifany Ródio (Bolsista)
Fotografia: Em 2000 o Gabinete do Reitor da UFSC viveu um mo-
Carolina Dantas (Bolsista) mento único: o relançamento, na presença de todos os ex-
Lucas Sampaio (Bolsista) reitores, do livro UFSC: Sonho e Realidade, de autoria do
Paulo Noronha
fundador da instituição, professor João David Ferreira Lima.
Arquivo Fotográfico
Ledair Petry A obra saiu com o selo da EdUFSC.
Tania Regina de Souza A obra traz trechos memoráveis, como este, da página
Editoração e Projeto Gráfico: 80: “(...)o Projeto foi encaminhado ao presidente Juscelino
Jorge Luiz Wagner Behr Kubitschek, que afinal o sancionou, transformando-o na Lei
Cláudia Schaun Reis (Jornalista)
Divisão de Gestão e Expediente:
n° 3.849, de 18 de dezembro de 1960, sem dúvida, marco
João Pedro Tavares Filho (Coord.) histórico do ensino superior, em nosso Estado, ocorrido, para
Beatriz S. Prado (Expediente) alegria minha, e por uma coincidência muito feliz, justamente (da esq p/dir) Gilberto Vieira Ângelo (em pé), David
Rogéria D´El Rei S. S. Martins em data assinalada do meu lar, pois naquele dia festejava Ferreira Lima, Rodolfo Pinto da Luz, Lucio Botelho e
Romilda de Assis (Apoio) as bodas de prata do meu casamento”. Paulo Ferreira Lima, filho do primeiro reitor
Impressão: Diário Catarinense

UFSC - Jornal Universitário - Nº 407 - Dezembro de 2009 - PÁG 2


Professores de ética Por que contratar um
É tautológico falar em falta de ética no Congresso Na-
2.514,95. José precisaria trabalhar quatro meses, sem empresário junior?
nenhuma despesa, para acumular esta quantia. Procu-
cional. Os escândalos se sucedem, do deputado que está O Movimento Empresa Junior foi iniciado em 1967 na L’École
rou uma agência do banco e devolveu o cheque. Motivo:
“se lixando” para a opinião pública aos funcionários do Supérieure des Sciences Economiques et Commerciales - em Paris.
vergonha na cara.
Senado que, a exemplo de notórios senadores, ostentam O Movimento se expandiu e a primeira Empresa Junior brasileira foi
Gari, Rodrigo Botelho encontrou, em 26 de maio de
um padrão de vida muito superior a seus vencimentos criada em 1989, na Fundação Getúlio Vargas (FVG) em São Paulo.
2008, durante Campeonato Mundial de Tênis de Mesa,
e à renda declarada. O objetivo deste tipo de organização é promover uma experiência
no Rio, mochila com R$ 3 mil em dinheiro. Viu o nome
Felizmente há exceções. Lástima que a indignação de mercado aos alunos graduandos da instituição à qual ela é vinculada.
do dono nos documentos, chamou-o pelo microfone e
e o protesto de parlamentares íntegros tenham pouca Assim, durante a faculdade, os Empresários Juniores têm a real expe-
devolveu. Rodrigo é normal, tem caráter.
ressonância nas ruas. Em geral, noticiam-se farra de riência de trabalhar em uma empresa, assumindo cargos de liderança
Francisco Basílio Cavalcante, faxineiro do aeroporto de
passagens aéreas, castelos mirabolantes, mansões pa- e realizando projetos. No estado, o movimento é representado pela
Brasília, pai de 5 filhos, ganha salário mínimo. No dia 10 de
radisíacas. Poucos tomam conhecimento da coerência Federação das Empresas Juniores de Santa Catarina, a FEJESC.
março de 2004, encontrou uma bolsa de couro no banheiro
de parlamentares incorruptíveis, incapazes, inclusive, de Frederico Mesquita, Engenheiro de Automação graduado pela
do aeroporto. Dentro, US$ 10 mil e um passaporte. Se fos-
aceitar caixa 2 em suas campanhas eleitorais. UFSC, Administrador formado pela ESAG, e Doutor em Administra-
se juntar o salário que ganha, sem gastar um só centavo,
A corrupção decorre da falta de caráter. Esta se ma- ção pela FGV de São Paulo, e que acumula experiências de trabalho
levaria 3 anos e 4 meses para obter igual soma.
nifesta, de modo especial, quando a pessoa se vê inves- em empresas como a Souza Cruz e a AMBEV, ressalta o diferencial
Francisco declarou: “Tem que ser assim. O que não
tida de uma função de poder, do policial que extorque o de seus funcionários que são ou já foram Empresários Juniores.
é nosso precisa ser devolvido. Um dinheiro que não é
comerciante ou do delegado que embolsa pagamento de Para ele, aqueles que passaram por uma Empresa Junior já
da gente não pode ser do bem. Não pode trazer felici-
fianças ao empresário que suborna o funcionário público estão em vantagem sobre os demais só pelo fato de terem buscado
dade”.
para obter licitações fajutas; do prefeito que se apropria viver este tipo de experiência. Afirma que os Empresários Juniores
Clélia Machado, 29, é auxiliar de serviços gerais e faz
dos recursos da merenda escolar a parlamentares que têm talento e responsabilidade, demonstram preocupação com o
bico como manicure. Sozinha, cria duas filhas, uma de 7
se julgam no direito de pagar, com dinheiro público, o futuro, autonomia na realização de tarefas e tendências ao empre-
anos, outra de 9. Sua renda mensal não chega a R$ 550.
salário de sua empregada doméstica. endedorismo. A opinião do empresário é conseqüência do tempo
Todos os dias ela faz a faxina do banheiro do posto da
Como dar um basta em tanta maracutaia? Difícil. O em que trabalhou indiretamente com o Movimento Empresa Junior
Polícia Rodoviária Federal em Seberi (RS), onde trabalha
ser humano padece de duas limitações insuperáveis: e do contato com funcionários ligados ao Movimento.
há três anos. A 11 de março de 2008, encontrou, junto
defeito de fabricação e prazo de validade. É o que a O Engenheiro Administrador comenta também que a experi-
à privada, um pé de meia enrolado em papel higiênico.
Bíblia chama de “pecado original”. Sempre haverá ho- ência de Empresa Junior agrega valores para a vida e a carreira
Dentro, US$ 6.715. Clélia entregou os dólares aos poli-
mens e mulheres desprovidos de caráter, de princípios do Empresário Junior, já que a exposição aos desafios propostos
ciais. Entrevistada, declarou: “Bem que podia ser meu de
éticos, dispostos a não perder a primeira oportunidade é uma oportunidade para desenvolver os talentos e amadurecer
verdade. Mas já que não me pertencia, devolvi na hora.
de enriquecimento ilícito. A solução não reside no emocionalmente, estando mais preparado para o mercado de
Era o certo a fazer.”
cultivo das virtudes, que tem sua importância. Fosse trabalho. Outro ponto forte destacado é o contato com a criação
O gari Sebastião Breta, 43, da prefeitura de Cariacica
assim, os colégios religiosos, onde estudaram Collor e execução de projetos na área de consultoria, pois o Empresário
(ES), devolveu os R$ 12.366 mil que achou num malote no
e Maluf, seriam fábricas de anjos. Junior é cobrado e exigido na Empresa Junior da mesma forma que
lixo. O nome do homem que fora roubado estava gravado
A solução é criar, via profunda reforma política, será no mercado de trabalho.
numa etiqueta. Sebastião ganha salário mínimo. Indagado
instituições que inibam os corruptos e mecanismos Além dos benefícios já citados, Frederico Mesquita fala sobre
se pensou em ficar com o dinheiro, disse: “Nunca. Desde
de controle popular. Em suma, tornar a nossa demo- outras vantagens de contratar Empresários Juniores. Com base
a primeira vez que vi sabia que devia devolver. Quando
cracia, meramente delegativa, mais representativa e, em sua experiência na Ligmark, empresa de Contact Center que
não consigo pagar as minhas contas fico doido, pensava
sobretudo, participativa. tem entre seus clientes a IG, o IBEST e a SKY, afirma que gastou
o tempo todo como estaria o dono do dinheiro, imaginava
Enquanto a solução não aparece, sugiro que con- menos tempo e dinheiro durante o treinamento. Segundo ele, os
que ele também não podia pagar suas contas porque tinha
videm, para ministrar um curso de ética no Congresso Empresários Juniores já têm um conhecimento corporativo, o que
perdido tudo. Eu e minha mulher não conseguiríamos dor-
Nacional, suas excelências José Gomes da Costa, Rodrigo agrega valor imediatamente e evita o retrabalho. O esforço da
mir à noite. Acho esquisito pegar o que não é da gente”.
Botelho, Francisco Basílio Cavalcanti, Clélia Machado, empresa acaba sendo apenas moldar o conhecimento já adquirido
Fagner Tamborim, 17 anos, entregador de jornais
Sebastião Breta e Fagner Tamborim. pelo Empresário Junior, o que traz vantagens em curto prazo, dife-
na cidade de Pirajuí, a 398 km de São Paulo, ganha R$
O que essas pessoas fizeram não deveria ser conside- rentemente daqueles que não tiveram experiências deste tipo.
90 por mês. Enquanto pedalava sua bicicleta, encontrou
rado extraordinário. No entanto, frente aos casuísmos, ao Segundo Frederico Mesquita, grande parte das empresas não
na rua um malote com R$ 6 mil. Devolveu-o ao dono.
nepotismo, à malversação, ao cinismo de parlamentares buscam esta aproximação com as universidades, e, ao invés de
“Vi que tinha muito dinheiro e cheques. Levei pra minha
tentando justificar o injustificável, convém propalar o tentar um contato anterior, ficam esperando que jovens talentos
mãe, que ligou para o banco.”
exemplo desses professores de ética. batam à sua porta logo depois de formados. As pessoas talentosas,
O melhor do Brasil é o brasileiro, não necessariamente
José Gomes da Costa é gari da prefeitura de São segundo ele, se reconhecidas e valorizadas desde cedo, aumentam
nossos parlamentares.
Paulo. Ganha R$ 600 por mês. Vinte e seis vezes menos a competitividade das empresas, colocando-as à frente da concor-
que um deputado federal. Com este salário, sustenta a rência de mercado.
Frei Betto é escritor, autor, em parceria com
si e três filhos. Dia 18 de maio último, ao varrer a rua,
Verissimo, Cristovam Buarque e outros, de O
encontrou um cheque do Banco do Brasil no valor de R$ Lúiza Fregapani é assessora da Fejesc.
desafio ético (Garamond), entre outros livros.

Ciência & Estado


A Ciência, a Tecnologia e a Inovação gozam hoje (os municípios respaldam o conceito). no cerne da dinâmica da vida civilizada”.
de um grau de amadurecimento jamais imaginado em É nessa conjuntura política favorável que foi realizada A conferência de Joaçaba, ao mesmo tempo em que
Santa Catarina. Com a Fundação de Apoio à Pesquisa na Universidade do Oeste de Santa Catarina - Unoesc, em ofereceu contribuições inovadoras à conferência nacional,
Científica e Tecnológica (Fapesc) e a Empresa de Pesquisa Joaçaba, a 3ª Conferência Estadual de CT&I, que, pavi- diagnosticou gargalos e apontou caminhos possíveis para
Agropecuária e Extensão Rural (Epagri) aparentemente mentada pela ideia de sustentabilidade do desenvolvimen- sobreviver num mundo globalizado e fragmentado pelos
consolidadas, o Estado regulamentou, de forma pioneira to, procurou tornar aplicáveis os instrumentos e marcos constantes desastres naturais.
no País, a sua Lei da Inovação, e, em ato contínuo, reuniu regulatórios vigentes. Em síntese, a comunidade científica Ficou também mais ou menos claro na conferência
o Conselho Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação – e a sociedade precisam fazer valer e tornar palpável a que os parques (Sapiens etc), as incubadoras e o empre-
Conciti - para aprovar, por unanimidade, a Política que legislação conquistada. A nova realidade, em tese, caso endedorismo efetivamente estão levando a universidade
dá sentido, vida e sustentação para essa área estratégica a burocracia e os órgãos de controle permitirem, apro- pública para mais perto da sociedade e até mesmo da
daqui por diante. ximará o Poder Público, a academia e o setor produtivo. mídia que aplaude o sucesso e comemora a perspectiva
A tendência, considerando o andar da carruagem, é Organizada pela Fapesc, a conferência foi viabilizada pela de dividir prováveis lucros.
caminhar progressivamente para o cumprimento da Cons- Unoesc, Secretaria de Desenvolvimento Regional (SDR) A conferência, através da narração de experiências
tituição Estadual, que manda investir 2% da arrecadação e prefeituras da região. exitosas, demonstrou igualmente a liderança inovadora
líquida de impostos em CT&I, divididos, meio a meio, para Em sintonia com as demandas regionais e apostando exercida no Estado pela Universidade Federal de Santa
pesquisa científica e pesquisa agropecuária. Nos parâme- na deslitorização e desconcentração científicas, a Confe- Catarina (UFSC), que costuma tirar da cartola as soluções
tros atuais, o setor totalizaria injeções superiores a R$ rência do Oeste enfocou, nos moldes da Política de Estado, para os reclames da população.
180 milhões anuais. O cartão de crédito do pesquisador, o o empreendedorismo, a inovação em áreas estratégicas e A ausência do ministro Rezende em Joaçaba não
lançamento do Prêmio Caspar Erich Stemmer da Inovação o papel vital da CT&I para o desenvolvimento social com foi reclamada nem notada. Seus assessores honraram
e os editais de pesquisa da Fapesc para o interior e contra respeito ao meio ambiente e às necessidades de inclusão o compromisso. Ana Gabas fez um relato competente
as catástrofes emprestam, enfim, coerência à efetivação social da população local. da performance do MCT, e Carlos Aragão, coordenador
da Política de Estado para o setor. Agora, como diria Fritz Os resultados da conferência, a segunda estadual no da Conferência Nacional, chamou todo mundo a dar
Müller, só falta cumprir a Constituição. País, adicionarão real substância à 4ª Conferência Na- palpite.
Embora atuando em campos políticos divergentes, mas cional de CT&I marcada para maio de 2010, em Brasília. O evento discutirá cinco temas escolhidos pela “socie-
considerando a filosofia de parcerias e contrapartidas, aqui Demorou, como reconhece o ministro Sérgio Rezende, dade”: a) inovação; b) sustentabilidade; c) novo papel do
(entre nós) os governos Luiz Henrique e Lula convergem mas, felizmente, acabou prevalecendo no País e em SC país no cenário internacional; d) educação; e) ciência.
na convicção de que Ciência, Tecnologia e Inovação devem a convicção de que “Ciência é uma questão de Estado,
ascender definitivamente à condição de Política de Estado que transcende os governos, precisamente porque está Moacir Loth é jornalista.

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UFSC - Jornal Universitário - Nº 407 - Dezembro de 2009 - PÁG 3
Para alimentar os estudos e o trabalho
Restaurante Universitário, que funciona há 44 anos, já serviu milhões de refeições e continua a alimentar alunos, professores e técnico-administrativos

Foto: Cláudia Reis


Natália Izidoro bandejas também há planos. A Empresa
Bolsista de Jornalismo na Agecom Júnior de Engenharia de Produção (EJEP)
apresentou um projeto e obteve resulta-
O professor da manhã termina a aula e dos satisfatórios nos acompanhamentos já
você e seus amigos correm para o RU para feitos. Nele, ficariam dispostos pelos refei-
entrar na fila. São 11h55 e ela já começa tórios móveis onde os usuários colocariam
a crescer. Enquanto uns vão à Adminis- as bandejas e os restos orgânicos e papéis
tração do Restaurante comprar passes, de modo prático e rápido.
outros aguardam na fila – guardando o Depois de comer, já a poucos minutos da
próprio lugar e o dos amigos, na maioria aula da tarde, você deixa sua bandeja, seu
das vezes. Para frequentar o restaurante, prato com os restos de comida e talheres
é necessário apresentar, no momento da com os funcionários – em um espaço agora
compra, o cartão de identificação do RU ou ampliado. Os restos de frutas, verduras e
o crachá da empresa responsável, caso seja legumes do RU são levados todos os dias,
prestador de serviços da UFSC. Para alunos, pela Prefeitura, para um canteiro no Cen-
o preço é R$ 1,50 e, para docentes, técnico- tro de Ciências Agrárias, onde bolsistas do
administrativos ou funcionários de outros centro, coordenados pelo professor Paul
órgãos oficiais em serviço na UFSC, é R$ Richard, transformam o material em adubo
2,90. Visitantes institucionais devidamente orgânico.
credenciados pela Administração pagam o Hoje, a UFSC também tem disponíveis
valor de R$ 6,10 e alunos com vulnerabi- outros serviços de refeição. No Centro de
lidade social ou mobilidade acadêmica são Convivência são oferecidos jantares - e ago-
isentos. ra almoços - pelo restaurante terceirizado
Agora, 12h11, você percebe que a fila Pivattello, que fica aberto também aos sá-
cresceu muito atrás de você – e na frente bados, domingos e feriados. O restaurante,
também, com os fura-filas de plantão. Você como o RU, oferece pratos variados durante
percebe que vai esperar um pouco mais. E a semana e é outra opção nos horários de
ouve pessoas passando enquanto procuram Todos os dias são servidos arroz, feijão, um acompanhamento, dois tipos de salada e almoço. Para os alunos, no entanto, a re-
os conhecidos que estão na fila. Juliana Sil- uma sobremesa
feição no RU vale mais a pena. “No jantar
va, aluna de Psicologia, come quatro vezes vou ao Pivatello porque é a alternativa que
por semana no Restaurante e acha a fila do RU, proposta pelo Diretório Central dos nutricionais dos alimentos oferecidos, suas tem nesse horário, mas no almoço sempre
sempre demorada. “Eu fico em média meia Estudantes (DCE), pela Comissão do RU e calorias e a diversidades de hábitos alimenta- vou ao RU, acho que a comida é mais sa-
hora, 40 minutos. É barato e a qualidade pela Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis res dos frequentadores, e fica afixado” perto borosa”, compara Jean Cunha. No Centro
da comida melhorou bastante... mas não (PRAE). O dia 30 de outubro ficou marcado das catracas de entrada e também pode de Ciências Agrárias, há o Restaurante do
devia ser assim”, opina a estudante. Jean como a data em que alunos e servidores ser acessado no site do restaurante (www. CCA, que serve em média 400 refeições por
Cunha, aluno de Design, almoça todos dos usaram pela última vez copos descartáveis ru.ufsc.br). As opções vegetarianas, defendi- dia aos estudantes do Centro.
dias no RU. “Eu chego geralmente 11h50 para tomar água ou sucos oferecidos no das pelo grupo Vegetufsc e outros membros Os frequentadores do RU podem conhe-
na fila e espero em torno de meia hora. Às restaurante. Outra das últimas mudanças da comunidade universitária, estão sendo cer mais de perto todos os processos pro-
vezes eu até furo porque tenho aula à tarde, são os pratos, que substituíram as antigas pensadas apenas para a nova ala do RU, uma dutivos realizados dentro do Restaurante. A
então é melhor almoçar logo. Mas o povo bandejas de alumínio. vez que os atuais refeitórios não têm espaço Visita Orientada mostra o funcionamento, as
fura de sacanagem mesmo, às vezes nem O almoço dos frequentadores do RU disponível para esses alimentos. estratégias e os planos de trabalho adotados
tem nada pra fazer depois”. tem, com isso, melhorado significativamen- A nova ala, que terá 1.500 acentos, tem pelo Órgão. O usuário que quiser conhecer
Às 12h30, chegando perto da catraca, te. “A apresentação do cartão de acesso, a previsão de término da cozinha em março o RU mais a fundo deve entrar em contato
dois de seus amigos vão embora porque a troca de copos por canecas, a utilização e a do refeitório em maio. Exigirá mais fun- com a Divisão de Nutrição do Restaurante,
percebem que estão sem o cartão de dos pratos e a melhoria das refeições são cionários e terá novos equipamentos além responsável por organizar e coordenar os
acesso. Esses cartões podem ser feitos de alguns dos fatores que causam as longas dos que hoje estão no Refeitório A, que será trabalhos, além de dirigir e controlar as ati-
segunda à sexta, das 8h às 12h50 e das filas”, aponta a atual diretora do Restaurante desativado. Estão sendo feitas aquisições vidades relacionadas à Ciência da Nutrição
14h às 16h50, na Administração do RU. É Universitário, Deise Rita. de materiais e o aparelho mais recente é desenvolvidas no Órgão. Vinculada a essa
necessário levar o número de matrícula e Todos os dias, das 11h às 13h30, são uma máquina lava-louças com capacidade divisão, a Seção de Cozinha é responsável
Documento de Identidade. E não podem ser servidos arroz, feijão, um acompanhamento, de limpeza de 6.600 pratos por hora, que pela operacionalização dos trabalhos duran-
esquecidos para entrar no Restaurante. dois tipos de salada e uma sobremesa. O aumenta consideravelmente a rapidez da te a produção das refeições. A equipe de
Além do cartão, você deve também le- cardápio do Restaurante é pensado sema- lavagem de pratos, bandejas e talheres. trabalho conta no total com 49 funcionários
var sua caneca plástica - a última mudança nalmente, sempre tendo em vista os valores Para a reduzir da fila de entrega de e outros 31 terceirizados.

Foto: Paulo Noronh


a

De cantina a Restaurante Cozinheiros,


poetas & loucos
Ao longo dos 44 anos de funcionamento de Ciências e Tecnologia de Alimentos (a
do Restaurante Universitário, milhões de partir desta data, o RU passou a produzir Há quase dois anos, o chefe de cozinha
refeições foram preparadas. A sua é uma para consumo próprio uma completa linha do Restaurante é Manoel Emílio Ribeiro
das 4.300 servidas diariamente. Até 1965, o de embutidos), a produção de material de da Silva. Trabalhador do RU há 16 anos,
RU funcionou como Cantina Universitária na limpeza, com o apoio de Departamento de agora ele faz o contato entre a diretora do
Rua Álvaro de Carvalho, administrado pelo Ciências Farmacêuticas e a implantação do restaurante e os outros funcionários e or-
Diretório Central dos Estudantes (DCE). A Serviço de Controle de Qualidade da ma- ganiza a escala de serviço de todos. “Além
partir de então, a UFSC implementou esses téria prima e produtos acabados, também de ser psicólogo, conselheiro...”, comenta
serviços nas instalações da Escola Técnica com o apoio do Departamento de Ciências Manoel. Segundo ele, o Restaurante tem
Federal de Santa Catarina, na Avenida e Tecnologia de Alimentos. recebido mais e-mails com elogios nos
Mauro Ramos, hoje atual Centro Federal de Se o volume de serviços é grande, menor últimos meses. “Houve uma melhora no
Educação Tecnológica (CFET), sob a direção não é o esforço e a dedicação dos que lá cardápio, que agora está mais elaborado.
do servidor Vilmar Bayestorff. trabalham. Visando aprimorar cada vez mais Alguns alimentos, inclusive, já chegam
Em 1970, o RU passou à categoria de a qualificação profissional, a equipe de funcio- semiprontos aqui”, informa o chefe. Sobre
Órgão Suplementar, quando foi inaugu- nários passa periodicamente por treinamentos a relação entre os funcionários, Manoel
rada a cozinha central do Refeitório A, no específicos em suas áreas de atuação, como resume: “Aqui acontece de tudo. Brigas,
campus universitário. De 1981 a 1983, Relações Humanas e Higiene no Trabalho. amores, discussões, marcação de festas.
alguns melhoramentos foram efetuados, Num primeiro momento da gestão foram re- É um lugar que reúne seres humanos.
E todos os homens têm um pouco de Manoel veste a ca
como a implantação da usina de carnes, alizados cursos que, agora, estão tendo seus misa: é chefe de
cozinha, psicólogo
com o apoio e orientação do Departamento resultados avaliados pelos funcionários. poeta, de louco, de tudo...”. e conselheiro

UFSC - Jornal Universitário - Nº 407 - Dezembro de 2009 - PÁG 4


O mundo é dos espertos
Foto: Cláudia Reis

Corrupção tem a ver com furar a fila do RU? Iniciativas individuais tentam chamar
à consciência para as pequenas ações do dia a dia aparentemente inofensivas

Tifany Ródio geralmente vemos - pessoas passivas ou


Bolsista de Jornalismo na Agecom manifestações mudas. Em agosto deste
ano criou o blog www.respeiteafiladoru.
A fila é enorme, e a fome também. É blogspot.br. O título já é autoexplicativo.
nessa hora que o famoso jeitinho brasileiro Entre textos reflexivos e provocadores,
entra em cena. O cidadão dá uma voltinha Leonardo propõe uma enquete: Entre 153
pela fila do Restaurante Universitário à respondentes, 19% acreditam que furar
procura de cumplices, digo, amigos, e torce filas não tem implicações morais, éticas ou
para que eles estejam bem pertinho da concretas. Um aluno da quinta fase, que
porta de entrada. Sem disfarce nem ver- não quis se identificar, tem essa mesma
gonha, o espertinho engata uma conversa posição: “A tradição da fila do RU é furar a
animada e se espreita para dentro da fila. fila do RU. Desde que você é calouro você
Está feito. Ele passou na frente de centenas aprende que ela não anda em linha reta, e
de alunos que estão com a mesma pressa, sim para os lados. Não vejo relação entre
e a mesma fome. fazer isso e ser corrupto ou antiético”.
Essa é uma cena diária e comum. O A iniciativa de Leonardo não para por
fato é que se criou uma cultura onde todos aí. O estudante realizou uma pesquisa em
acham normal furar a fila, poucos recla- que aplicou questionários a 61 pessoas
mam dos furões ou negam um ‘espacinho’ que esperavam na fila do Restaurante
para seus amigos. “O Brasil é extremamen- Universitário. Destas, 49 consideram que
te permissivo, e é por isso que a situação furar a fila é tolerável, e a justificativa mais
continua acontecendo. Torna-se mais visí- aceitável é por estar atrasado, seguido de
vel quem se opõe ao comportamento do ter a companhia dos amigos. Refletindo o
que quem transgride, isso quer dizer que que observamos diariamente, quase 70%
somos complacentes. As pessoas não se costumam ter esse comportamento. Esse
manifestam porque querem que ninguém não é um problema local: na Universidade
reclame quando elas fizerem o mesmo”. de São Carlos a solução foi contratar guar-
Motivado pela indignação de ver a das para fazer o controle, e na Universida-
elite intelectual tendo atitudes igualmen- de de São Paulo estão sendo distribuídas
te corruptas àquelas que questionamos senhas. Aqui, por enquanto, a medida é
dos governantes, o aluno de Psicologia de conscientização através de campanhas, Pesquisa realizada por aluno de Psicologia revela que 70% dos frequentadores
Leonardo Pereira de Lima foi além do que que devem começar semestre que vem. costumam furar as filas do RU; hábito considerado “tradição” não deixa de ser antiético

Foto: Carolina Dantas

“Falta de ética dá poder”

Parece que a educação também está proporcionando desta forma a reflexão e a


passando longe de alguns motoristas, pesquisa. Estamos revendo o que podemos
que insistem em estacionar nas rótulas na campanha, nós não desistimos”.
do Campus, atrapalhando a passagem Essas transgressões não têm implica-
do transporte coletivo. Nem as placas de ções jurídicas, com exceção do estacio-
proibido estacionar os intimidam. namento nas rótulas, mas não quer dizer
A Segurança do Campus, responsável que são éticas. “Todos esses são exemplos
por fazer a vigilância do local durante 24 de regras que colocam limites artificiais e
horas, passa pelos carros deixando uma que permitem a convivência harmônica.
notificação de que eles estão irregulares. Nas filas, há uma regra preestabelecida.
Mas, no dia seguinte, lá estão eles de novo. Quem fura está se dando bem em cima dos
Com a recorrência dos casos, a Universida- outros. Na Biblioteca Universitária, há uma
de solicitou que a Guarda Municipal fizesse regra da Instituição de que não se deve
rondas nas rótulas, o que vem acontecendo falar alto. E para os carros nas rótulas há
quase que diariamente há cerca de cinco uma lei do Estado, é uma conduta jurídica”,
meses. Segundo o chefe de operações Jo- diz Jeanine Nicolazee Philippi, professora de
seney Pereira, no começo eles chegavam a ética do Departamento de Direito.
multar 50 carros por dia. Hoje, é uma mé- Seria pretensão tentar apontar todas as
Foto: Jones Bastos
dia de 20. Mesmo correndo o risco de que atitudes da nossa comunidade universitária
a imprudência pese no bolso, os números que apresentam implicações éticas. Infini-
ainda não chegaram à zero. tos fatores também teriam que ser citados,
É com iniciativa de algumas pessoas como a falta de debate, as conversas nas
que a mudança começa. No segundo se- salas de aula, e os rabiscos nos livros da
mestre deste ano, a Biblioteca Universitária biblioteca. É importante que consigamos
relançou um movimento solitário a favor do identificar essas práticas e conscientizar de
silêncio. Observando o barulho excessivo suas conseqüências. “A nossa maturidade
e crescente, a equipe da BU resolveu res- está diretamente ligada à capacidade que
gatar a idéia de uma campanha feita em nós temos de avaliar as nossas atitudes e
1997, em parceria com o Departamento perceber que elas afetam a vida dos outros.
de Design. Logo na porta de entrada da Nós não aprendemos a fazer isso. É cada
Biblioteca há cartazes divertidos que aler- um por si, não somos cooperativos.”, diz a
tam para o barulho com a representação professora de Psicologia Olga Kubo.
de onomatopéias e da palavra Silêncio em Segundo Jeanine, a malandragem
dez idiomas. Para reforçar, os bibliotecários está presente em todos os segmentos:
passam de mesa em mesa pedindo para alunos, professores e técnicos. “Os que
os alunos baixarem o volume da conver- levam vantagem se destacam por isso. Se
sa, quando necessário. Narcisa Amboni, colocar acima da lei é algo referenciado,
diretora da BU, aponta os resultados da dá prestígio, poder.”
iniciativa: “No começo, a campanha foi Enraizadas em nossa cultura, essas e
muito positiva. O barulho diminuiu consi- outras atitudes são aceitas como normais
deravelmente, mas hoje o resultado já se e inconseqüentes. Enquanto nossos heróis
perdeu. É uma questão cultural, é preciso forem os malandros, continuará imperan-
Não estacionar nas rótulas e manter o silêncio nas dependências da Biblioteca: sensibilizar toda comunidade da impor- do a famosa Lei de Gérson: nós devemos
mudança de atitude passa primeiro pela conscientização tância de termos silêncio na Biblioteca levar vantagem em tudo.

UFSC - Jornal Universitário - Nº 407 - Dezembro de 2009 - PÁG 5


Pesquisas podem prevenir desastres naturais
Fapesc investirá R$ 2 milhões em 17 projetos de pesquisas relacionadas a estratégias de prevenção de desastres naturais em SC; três dos projetos são da UFSC

Natália Izidoro Apoio à Pesquisa Científica e Tecnológica naturais em Santa Catarina. em dois anos, previsão de duração dos
Bolsista de Jornalismo na Agecom do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Foram aprovadas as propostas ca- projetos, com repasse de até 50% do total
A Fundação investirá 2 milhões de reais pazes de preparar o Estado para futuras já em 2009. Os contratos de financiamento
Três projetos da Universidade Federal em 17 projetos de pesquisas científicas, emergências decorrentes de fenômenos foram aprovados no dia 3 de novembro e,
de Santa Catarina foram escolhidos para tecnológicas e de inovação relacionadas meteorológicos extremos. O valor do inves- após as fases de reajuste do orçamento,
receber apoio financeiro da Fundação de a estratégias de prevenção de desastres timento do governo estadual será liberado começarão a ser executados.

Professores, alunos e comunidades unidos contra as cheias


Análise e mapeamento comunidades da região, facilitando o monitoramento Atlas de desastres ampliado
e dando avisos aos habitantes do local quando pre- e revisado
Um dos projetos da UFSC é o do professor Edison ciso”, explicou o professor.
Ramos Tomazolli, do Departamento de Geociências. Este projeto recebeu a maior cota de financiamento Também foi aprovado o projeto em nome da professora
A elaboração contou com participação do professor e da Fapesc, quase R$ 300 mil. A equipe conta em média Maria Lúcia de Paula Herrmann, professora do Departamento
de um grupo do departamento que trabalhava com com 21 pessoas dentre professores, pesquisadores de Geociências da UFSC e coordenadora do Grupo de Desas-
o tema há cerca de um ano. Juntos, eles propõem a e estudantes dos cursos de Geografia e Engenharia tres Naturais de Santa Catarina (GEDN). A equipe, que conta
análise e mapeamento das áreas de risco a movimen- Sanitária e Ambiental da UFSC. A área, estritamente com dois professores e quatro alunos da Universidade, terá
to de massa e inundações no Complexo do Morro do rural, fica situada no triângulo formado pelos muni- ajuda de membros do grupo para a realização do projeto: uma
Baú, uma das regiões mais afetadas pelas chuvas e cípios de Ilhota, Luiz Alves e Gaspar. “Essa análise se atualização revisada e ampliada do Atlas de Desastres Naturais
deslizamentos em novembro de 2008. “Esse projeto mostra importante também em nível municipal, na ocorridos entre 1980 e 2010 em Santa Catarina.
se mostra importante porque fará a delimitação das medida que a delimitação das áreas de risco ajuda no O Atlas já havia sido organizado pela professora e editado
áreas de risco e, com esse conhecimento, ajudará as planejamento desses locais”, finalizou Tomazzolli. em 2004 com o apoio e auxílio da Diretoria Estadual de De-
fesa Civil (DEDC), em parceria com o Centro Universitário de
Estudos e Pesquisas sobre Desastres (CEPED) da UFSC.
O social antes, durante e depois Transcorridos seis anos após a publicação, novos e impac-
tantes episódios climáticos ocorreram no Estado e a presente
Outra proposta aprovada foi a da professora mentos participarão das atividades previstas. “Cabe proposta de reedição do volume pretende adotar a mesma
Rosana Carvalho Martinelli Freitas, do Departamen- à comunidade científica promover articulações intra sistemática de registros dos desastres registrados a partir de
to de Serviço Social, elaborada juntamente com e interinstitucionais no sentido de fortalecer a produ- 2004 e destacar, como feito com o furacão Catarina, os eventos
a assistente social e mestranda de Serviço Social ção de conhecimentos no processo de planejamento, catastróficos que ocorreram no período de 2004 a 2009.
Cristiane Coelho de Campos. O estudo exploratório execução e avaliação de uma política sócioambiental. “Pretende-se abordar o episódio pluvial intenso de Novem-
se insere na linha de pesquisa “Desigualdade e Além disso, deve-se procurar subsidiar a capacitação bro de 2008, que afetou com inundações e escorregamentos o
Pobreza” do Núcleo de Estudos e Pesquisas Estado, de profissionais preparados para gerar mudanças baixo curso do vale do Itajaí e litoral, e os episódios de vendaval,
Sociedade Civil, Políticas Públicas e Serviço Social culturais no que tange a questão ambiental versus tornados simultâneos e inundações que ocorreram em setembro
(NESPP) da UFSC. O projeto tem como objetivo geral desenvolvimento“, afirmou a professora. de 2009, afetando mais de 80 municípios do Estado”, explicou
analisar a intervenção da equipe profissional diante Segundo Rosana, a compreensão da proble- a professora.
de situações de desastres. “Ele tem a intenção de mática do meio ambiente desponta questões na Maria Lúcia acredita que, dando enfoque ao levantamento
aprofundar o conhecimento, ainda incipiente, no esfera política, econômica, social e cultural e se faz sistemático dos desastres naturais, é possível oferecer subsídios
contexto catarinense e brasileiro sobre o trabalho necessário ampliar o conhecimento e contribuir para para a análise dos excepcionalismos climáticos do Estado e para
social desenvolvido nos três momentos que consti- o enfrentamento das questões existentes. “O que as ações de planejamento e prevenção. A professora ainda res-
tuem o ciclo de gerenciamento de um desastre: o se percebe no Brasil é uma grande mobilização e salta que é necessário que o poder público faça a sua parte para
antes, o durante e o depois”, explica Rosana. liberação de investimentos após o desastre como a produção de uma sociedade menos vulnerável e a construção
A equipe é composta pelas idealizadoras do forma de auxilio, e não como política instituída para de um território com menos riscos. “O poder público deve tomar
projeto, estudantes de graduação e profissionais de a prevenção e o enfrentamento em situações de as providências, democratizar as ações e consolidar uma política
Blumenau e de Florianópolis, que em diferentes mo- desastres”, concluiu. de prevenção e de segurança para os seus cidadãos, além de
discutir a utilização racional do espaço”, destacou.
Fotos: Juliana Kroeger

Blumenau (esq) e Ilhota foram duas das cidades mais atingidas em novembro de 2008; projetos selecionados devem preparar o Estado para futuras emergências

Fenômenos naturais extremos vêm atingindo diver- 117 óbitos, 32 desaparecidos, 21.269 desabrigados, Dentre universidades, secretarias e fundações
19 instituições por SC

sos estados do Brasil e têm deixado prejuízos sociais, 47.895 desalojados. nacionais e estaduais, participam do GTC, ao todo, 19
ambientais, econômicos e humanos. Santa Catarina, Nesses casos, em que os eventos são catastróficos, instituições. O grupo tem como objetivos a avaliação
devido sua posição geográfica, é atingida constante- a ação desarticulada do Estado torna-se visível. Entram técnica e científica das diferentes catástrofes naturais
mente por adversidades atmosféricas diversas, carac- em ação a Defesa Civil Estadual e outras entidades, ocorrentes em Santa Catarina, a proposição de projetos
terizadas pelos elevados totais pluviométricos, pelos mas é difícil coordenar suas atuações diante da ur- de natureza preventiva que visem a redução dos efeitos
prolongados meses de estiagens e pelas tempestades gência de alguns casos. Para mudar essa situação, o produzidos pelas catástrofes e a ajuda ao governo para
severas, que geram vendavais, granizos, tornados e Governo do Estado instituiu o Grupo Técnico Científico elaboração de instrumentos legais que contribuam para
marés de tempestades. (GTC). Sob coordenação geral do professor Diomário o efetivo desenvolvimento sustentável do Estado.
Em novembro de 2008, as chuvas causaram Queiroz, presidente da Fapesc, o grupo quer articular Mais informações: Fapesc: www.funcitec.
grandes danos, principalmente para no Vale do Rio esforços e, na medida do possível, prevenir as piores rct-sc.br, fone (48) 3215-1200; GEDN: www.
Itajaí. Além de incontáveis prejuízos econômicos, foi conseqüências dos desastres naturais, além de atender cfh.ufsc.br/~gedn, fone: 3721-8815; CTG: www.
registrado, nos dias seguintes ao evento, um saldo de essas emergências. catastrofesnaturais.sc.gov.br

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Ciência e pesquisa para todos
III Conferência Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação, realizada em Joaçaba, reuniu as comunidades acadêmica, empresarial e o setor governamental em torno de discussões
para fomentar a pesquisa em CT&I

Foto: James Tavares


A regionalização dos investimentos de trabalho foram apresentados pelo
em pesquisa, maior aproximação entre presidente da Fundação de Apoio à
universidades e empresas e o uso da Pesquisa Científica e Tecnológica do
inovação como motor para o desen- Estado (Fapesc), Antônio Diomário de
volvimento, seja na iniciativa privada, Queiroz, e pelo presidente da comis-
seja na prestação de serviços públicos, são organizadora da conferência na-
foram questões essenciais discutidas e cional do próximo ano, Carlos Alberto
com desdobramentos encaminhados Aragão. Eles defenderam a efetiva
durante a III Conferência Estadual autonomia financeira da Fapesc e a
de Ciência, Tecnologia e Inovação, adoção de um programa de perma-
realizada nos dias 26 e 27 de novem- nência dos doutores nas universidades
bro nas dependências da Unoesc, em espalhadas pelo Estado, onde podem
Joaçaba. contribuir para o desenvolvimento
Voltado para as comunidades aca- local.
dêmica, empresarial e o setor gover- Uma proposta que emergiu da
namental, o evento ressaltou a impor- conferência foi a adaptação da Lei
tância dos editais de apoio à pesquisa Catarinense da Inovação ao serviço
– este ano, foram R$ 18 milhões desti- público, criando a figura do pesquisa-
nados a 312 projetos de todo o Estado dor público e facilitando a integração
– no sentido de fortalecer a CT&I em universidade-empresa. Outra suges-
Santa Catarina. Esses e outros temas tão foi o compartilhamento de práticas
serão levados como subsídios à IV e experiências entre institutos de pes-
Conferência Nacional de Ciência, Tec- quisa, buscando qualificar os técnicos
nologia e Inovação, programada para das Secretarias de Desenvolvimento
maio de 2010 em Brasília. Regional para que possam lidar me-
Os resultados finais e as sugestões lhor com a ciência e a tecnologia e a Uma das propostas originárias da Conferência foi a criação da figura do
que saíram das comissões e grupos inovação. pesquisador público, o que facilitaria a integração universidade-empresa

Setor dependente
Os desafios do momento Golpe na burocracia
O professor João Batista Calixto, da
O presidente da Fapesc, Antônio Diomário de Queiroz, falou do desenvolvi- Coordenadoria Especial de Farmacologia
mento local facultado pela pesquisa, da interiorização dos investimentos e do Também presente na conferên-
da UFSC, que está liderando a estrutura-
fortalecimento do sistema de ciência e tecnologia em Santa Catarina. “Estamos cia, o governador Luiz Henrique da
ção do Centro de Referência em Farmaco-
aproximando as universidades, o setor produtivo e o governo e provocando as Silveira informou que 1,3 milhão
logia Pré-Clínica, no Sapiens Parque, em
mudanças necessárias para melhorar a qualidade de vida, sempre apostando de jovens estão conectados à Rede
Florianópolis, questionou a dependência
na inovação e no empreendedorismo”, disse ele. As 36 Secretarias de Desen- Catarinense de Ciência e Tecnologia
brasileira da indústria estrangeira de me-
volvimento Regional enviaram projetos para o edital da Fapesc. (RCT) e que, graças à expansão da
dicamentos, porque não domina a cadeia
Presente na conferência, o presidente da SBPC, Marco Antônio Raupp, elen- cobertura da rede de energia elétri-
produtiva neste segmento. “O Brasil de-
cou cinco desafios que precisam ser superados no País: vencer os desequilíbrios ca, mais 39.500 propriedades rurais
pende 100% da importação nesta área,
regionais (70% da ciência, tecnologia e inovação são desenvolvidas na Região foram incluídas no rol das famílias
porque as patentes são concentradas em
Sudeste), reduzir o fosso entre o conhecimento acadêmico e as necessidades que têm acesso às informações e
praticamente cinco países do mundo”,
do setor produtivo, investir na educação fundamental, revisar as legislações aos recursos do mundo moderno. “A
disse ele. “Investir alto é prioritário nos
(marcos regulatórios) que paralisam o desenvolvimento e priorizar as políticas telemedicina permite a realização de
países desenvolvidos, porque o mercado
públicas de ciência e tecnologia (que devem deixar de ser uma questão de 100 mil exames em todas as regiões
de medicamentos movimenta US$ 800
governo para se transformar em Política de Estado). do Estado, em tempo real, e houve
bilhões por ano”.
um grande avanço das incubadoras
O monopólio das patentes de medi-
e programas tecnológicos em Santa
camentos não é apenas uma estratégia
Catarina”, afirmou.
Gestão e empreendedorismo Segundo Estado a realizar sua
econômica, mas também política, dos
países desenvolvidos. “Dez empresas
reunião preparatória, Santa Catarina
O presidente da Fundação Certi, Carlos Alberto Schneider, fez uma apologia à ino- concentram praticamente todo o mercado
também está desburocratizando os
vação e ao empreendedorismo. Dizendo-se um “entusiasta do desenvolvimento”, ele mundial do setor”, lembra. Por aqui, há
procedimentos de movimentação dos
defendeu a ampliação dos institutos de CT e o desenvolvimento técnico regional. Para 250 empresas trabalhando na área, mas
recursos pelos profissionais da pes-
ele, a injeção de tecnologias novas vai gerar soluções que permitirão “colocar em prática elas vêm sendo incorporadas pelas multi-
quisa, por meio do Cartão Pesquisa-
novas formas para o fazer”, vencendo as burocracias e as lentidões e melhorando todos nacionais de remédios. Outra distorção é
dor, oficializado durante a conferência
os processos de gestão. que 15% da população respondem pela
de Joaçaba. Isso agiliza a prestação
A inovação, segundo Schneider, pode atender às políticas públicas na promoção da metade dos RS$ 12 bilhões que movimenta
de contas junto à Fapesc e transfere
cultura empreendedora em todo o sistema de educação, de forma integrada, em todos os o mercado brasileiro. “Por isso, a tendência
para o pesquisador a responsabilidade
níveis. Ele defendeu o fomento e a capacitação como instrumentos de estímulo ao empre- é o aumento no preço dos medicamentos
pela movimentação da verba recebida
endedorismo inovador e sustentável, e também a articulação das universidades com os consumidos por portadores de doenças
para desenvolver seu trabalho.
núcleos de inovação das empresas, investindo mais na profissionalização tecnológica. crônicas”, alertou o professor Calixto.
Foto: Arquivo Agecom

Inscrições abertas para o Prêmio Professor


Caspar Erich Stemmer da Inovação Catarinense
Estão abertas as inscrições para o produtivo ou social, nos anos de 2007, primeiras, os prêmios irão de R$ 5 mil a
Prêmio Professor Caspar Erich Stemmer 2008 e 2009. As inscrições vão até o dia R$ 15 mil, e na quarta categoria a pre-
da Inovação Catarinense – edição 2009. 8 de fevereiro de 2010. miação será de R$ 25 mil e R$ 20 mil,
O concurso é uma iniciativa da Funda- As inovações a serem apresentadas para o primeiro e segundo colocados,
ção de Apoio à Pesquisa Científica e devem referir-se a produtos, proces- respectivamente.
Tecnológica de Santa Catarina (Fapesc). sos, gestão e mercado. Os candidatos As inscrições devem ser feitas no site
Contempla pessoas físicas, empresas podem se inscrever nas seguintes www.fapesc.sc.gov.br, onde também será
ou instituições de ciência e tecnologia, categorias: pessoa física protagonis- disponibilizado o edital com detalhes sobre
públicas ou privadas, com sede ou filial ta da inovação, empresa inovadora, o prêmio. Os interessados podem obter
no Estado, e que introduziram novida- instituição inovadora e instituição de mais informações pelo fone (48) 3215-
des ou aperfeiçoamentos no ambiente ciência, tecnologia e inovação. Nas três 1200.

UFSC - Jornal Universitário - Nº 407 - Dezembro de 2009 - PÁG 7


Quase meio século de conhecimento
UFSC comemora 49 anos somando 11 centros de ensino, pesquisa e extensão, laboratórios, bibliotecas, editora, fórum, centro esportivo, centro de cultura e
eventos, museu, planetário, observatório astronômico e farmácia-escola e hospital

Foto: Cláudia Reis


Paulo Clóvis Schmitz Sistema Único de Saúde, proporciona aten-
Jornalista na Agecom dimento em diversas áreas a pacientes de
todo o Estado de Santa Catarina.
Criada em 1960, a partir da integração Destacam-se ainda o intercâmbio de
das faculdades de Direito, Filosofia, Ciências pesquisadores e estudantes com institui-
Econômicas, Farmácia e Odontologia, Medi- ções de mais de 20 países, o Programa de
cina e Serviço Social, a Universidade Federal Ações Afirmativas, que amplia o acesso ao
de Santa Catarina é hoje uma das principais ensino superior público e a inclusão social,
instituições públicas de ensino superior do o fato de 90% do corpo docente ser cons-
país. E o momento não poderia ser mais tituído de doutores e o desenvolvimento
promissor, porque o número de cursos subiu de importantes projetos e iniciativas que
de menos de 60 para mais de 80 nos últimos permitem o estímulo à agricultura familiar,
anos, a interiorização se consolidou com a a assistência jurídica a pessoas de menor
criação dos campi de Joinville, Curitibanos poder aquisitivo, a formação de professores
e Araranguá e já passou de 3 mil o número em pequenos municípios, a educação indí-
de projetos em andamento só na área de gena e o apoio a grupos de terceira idade.
extensão na Universidade. Agora, o Guia do Atualmente, a UFSC conta com 1.552
Estudante da editora Abril colocou a UFSC docentes, 56 cursos de mestrado e 42
como a sétima melhor instituição superior de doutorado, 1.882 linhas de pesquisa,
pública do Brasil, à frente da Unicamp, Uni- 823 artigos publicados em revistas in-
versidade Federal do Paraná e Universidade ternacionais e 480 bolsistas de iniciação
do Estado do Rio de Janeiro. científica. Além disso, tem em seus cursos
Atualmente, sua sede em Florianópolis e laboratórios 2.862 pesquisadores e 3.691
está organizada em 11 centros de ensino, alunos matriculados no mestrado e 2.197
pesquisa e extensão, com infraestrutura que no doutorado.
inclui dezenas de laboratórios, bibliotecas, Estas e outras ações colocam a Univer-
editora, fórum, centro esportivo, centro de sidade Federal de Santa Catarina em um
cultura e eventos, museu, planetário, ob- papel estratégico na formação de recursos
servatório astronômico e farmácia-escola. humanos e no desenvolvimento do conhe-
O Hospital Universitário, referência para o cimento científico e tecnológico. Nos últimos anos, o número de cursos disparou de menos 60 para mais de 80

Reconhecimento aos Amigos da UFSC


Foto: Jones Bastos
Os professores Lucia Hisako Takase Gonçalves (do Souza Sakae figura como pioneira no serviço de enfer-
Centro de Ciências da Saúde), José Arno Scheidt (Cen- magem do HU, tendo sido a primeira profissional do
tro de Comunicação e Expressão) e Marize Amorim ramo contratada no hospital, no início dos anos 80. Sua
Lopes (Centro de Desportos) e os servidores técnico- preocupação em humanizar e fortalecer a relação entre
administrativos Luiz Carlos Podestá (Departamento paciente e hospital pesou na escolha da comissão. Luiz
de Administração Escolar), Salete Virgínia de Souza Carlos Podestá tem 30 anos no DAE e destaca-se como
Sakae (Hospital Universitário) e Soni Silva (Departa- um servidor com notório conhecimento sobre adminis-
mento de Cultura e Eventos) foram escolhidos como tração escolar. Por sua vez, Soni Silva é uma servidora
os Amigos da UFSC 2009, em avaliação realizada no admirada pela sua postura profissional, dedicação e
dia 9 de dezembro na Universidade. Eles receberão a comprometimento com as atividades que exerce no De-
medalha de premiação no dia 18, quando a instituição partamento de Eventos, onde, entre outras ações, parti-
vai homenagear, além deles, os aposentados deste cipou do processo de democratização das solenidades de
ano, em solenidade marcada para às 19h30 no Centro colação de grau dos cursos de graduação da UFSC.
de Cultura e Eventos, no campus da Trindade. O Prêmio Amigo da UFSC teve 18 indicações de
Além deles, a comissão deu o Prêmio Amigo da UFSC técnicos e docentes, que foram analisados por uma
para a Receita Federal de Santa Catarina, a Secretaria comissão composta de representantes de todos os
Municipal de Saúde de Florianópolis e o Ministério da centros de ensino, pró-reitorias, secretarias, HU e
Pesca e Aquicultura. A decisão de premiar organizações gabinete do reitor.
externas à UFSC é uma forma de reconhecer o esforço Além da premiação dos Amigos da UFSC, a noite
de parceiros que viabilizaram ações que melhoraram as de 18 de dezembro terá uma homenagem aos servi-
condições de trabalho ou os serviços prestados à comu- dores que se aposentaram em 2009. A programação
nidade. No caso da Receita, ocorre a doação periódica prevê ainda o lançamento do selo comemorativo aos
de produtos apreendidos à Associação de Amigos do HU 50 anos da UFSC, desenvolvido pela Agecom, com a
e à própria instituição, para uso nas áreas de ensino, participação dos Correios, que aproveitarão a opor-
pesquisa e extensão. A Secretaria da Saúde tem um tunidade para realizar uma exposição filatélica no
antigo trabalho de parceria com a UFSC, enquanto o local. Um show do grupo musical paulista Demônios
Ministério da Pesca proporciona acordos e intercâmbios da Garoa, um dos mais antigos e ativos conjuntos de
de cooperação tecnológica importantes para a Univer- música brasileira, que gravou sucessos de Adoniran
sidade, especialmente no Centro de Ciências Agrárias. Barbosa como “Saudosa maloca”, “Trem das onze” e
A professora Lúcia Hisako Takase Gonçalves atua “Samba do Arnesto”, fecha o evento.
desde 1977 na UFSC, onde criou o primeiro grupo Antes disso, no dia 16, às 16h, será assinada na
de pesquisa no Departamento de Enfermagem e reitoria a resolução de diretoria da Federação Catari-
coordenou vários projetos, sobretudo na linha da nense de Futebol (FCF) que denominará Taça UFSC
atenção ao idoso. José Arno Scheidt é professor desde 50 Anos o troféu a ser entregue ao campeão do
a década de 70 e já coordenou estágios do curso de primeiro turno do Campeonato Catarinense de 2010.
Design, mostrando-se um incansável defensor dos Na oportunidade, será apresentado oficialmente o
O Prêmio Amigo da UFSC teve 18 indicações alunos, fazendo valer as garantias institucionais para troféu, na presença do reitor Alvaro Toubes Prata, do
de técnicos e docentes, que foram
o reconhecimento desta prática profissional. E Marize presidente da FCF, Delfim de Pádua Peixoto Filho, de
analisados por uma comissão composta
de representantes de todos os centros
Amorim Lopes, na Universidade há 30 anos, concentra pró-reitores da Universidade e da imprensa esportiva
de ensino, pró-reitorias, secretarias, HU sua atuação no Núcleo de Estudos da Terceira Idade. catarinense. A taça foi desenvolvida por alunos do
e gabinete do reitor; em 2008 (foto) foi Seu trabalho com o idoso extrapola os limites da ins- curso de Design da UFSC, orientados pelo professor
organizada a primeira edição do Prêmio tituição, sendo reconhecida internacionalmente. Milton Vieira e pelo diretor do Departamento de Cul-
Entre os técnico-administrativos, Salete Virginia de tura e Eventos, Luiz Roberto Barbosa.

UFSC - Jornal Universitário - Nº 407 - Dezembro de 2009 - PÁG 8


Oferta recorde: UFSC abre mais de 6 mil vagas
Entre 19 e 21 de dezembro a instituição realiza um de seus maiores concursos, oferecendo 82 opções de cursos e habilitações

Arley Reis Os alunos devem também ficar aten-


Jornalista na Agecom tos aos documentos que precisam ser A UFSC e o Enem:
apresentados: original do documento de
Com a oferta de 6.021 vagas em mais Identidade, cujo número foi informado no A UFSC vai adotar a nota da prova objetiva do Novo Exame Nacional do Ensino
de 80 cursos e habilitações, para os campi Requerimento de Inscrição, e a Confirma- Médio (Novo Enem) como percentual de 20% no Vestibular 2010. Para compor
de Florianópolis, Joinville, Curitibanos e ção de Inscrição, com foto 5x7 datada do sua nota do concurso com o Novo Enem o candidato fez esta opção no momento
Araranguá, a UFSC realiza nos dias 19, ano de 2009. de inscrição. Mas, de acordo com a Coperve, esta nota será considerada somente
20 e 21 de dezembro um de seus maio- O estudante que não apresentar o ser for divulgada até o dia 8 de fevereiro. Depois, por uma questão de calendário,
res vestibulares. Estão inscritos no con- original do Documento de Identidade a avaliação será desconsiderada e valerá apenas a nota do vestibular. O Enem
curso 32.554 estudantes - no Vestibular informado no Requerimento de Inscrição, também será desprezado nos casos em que prejudicar o candidato.
UFSC/2009 foram 30.854 candidatos para por motivo de perda, roubo ou extravio, A Coperve alerta ainda que a pontuação do Novo Enem que será adotada é
4.581 vagas. Não é o maior número de deverá apresentar boletim de ocorrência somente a da prova objetiva. Com relação à redação, o estudante continuará
inscritos (em 2005 foram 41.322), mas emitido por autoridade policial compe- sendo avaliado no vestibular pela própria UFSC. O Novo Enem será usado também
em relação ao último concurso, realizado tente, expedido há no máximo 90 dias. na classificação para vagas remanescentes.
no final de 2008, os dados mostram au- Candidatos sabatistas receberam orien-
mento de 31,4% nas vagas oferecidas e tações especiais.
de 5,5% na quantidade de inscritos. Cuidado com eletrônicos - A Coperve Ações Afirmativas:
O número de cursos também cres- também chama atenção para a proibição do
ceu consideravelmente: no ano passado uso de eletrônicos. Durante as provas não O Programa de Ações Afirmativas da UFSC estabelece 20% das vagas de cada
eram 70. No Vestibular UFSC/2010 há é permitido o uso de relógio, boné, óculos curso para candidatos que tenham cursado integralmente o ensino fundamental
82 opções de graduações e habilitações, escuros, calculadora, telefone celular, MP3, e médio em instituições públicas de ensino. Além disso, 10% serão destinadas
incluindo novas áreas como Geologia, MP4, MP5-player, ipod ou qualquer tipo de para candidatos autodeclarados negros, que tenham também cursado integral-
Arquivologia, Engenharia de Mobilidade aparelho do gênero. No caso de optar por mente o ensino fundamental e médio em instituições públicas de ensino. Caso
e Ciências Rurais, entre outras. levar algum destes itens ao local de prova, não sejam preenchidas dentro desse requisito, as vagas destinadas a candidatos
O Vestibular UFSC/2010 será realizado o estudante deverá entregar o equipamento autodeclarados negros poderão ser preenchidas por estudantes que tiveram outra
em 13 cidades de Santa Catarina: Floria- para ser guardado pelo fiscal de sala. A pro- trajetória acadêmica. No Vestibular UFSC/2010, sete vagas serão destinadas para
nópolis, Araranguá, Blumenau, Camboriú, va deverá ser feita com caneta esferográfica candidatos autodeclarados indígenas.
Canoinhas, Chapecó, Criciúma, Curitiba- de tinta preta ou azul, preferencialmente
nos, Itajaí, Joaçaba, Joinville, Lages e Tu- fabricada em material transparente.
barão. Mais de 20 mil estudantes (61.73%) Gabaritos e abstenções - O índice
farão as provas na Grande Florianópolis.
As provas acontecem entre 14h e
de abstenções será divulgado diariamente
pela Coperve, a partir de 19h30. O ga-
Relação candidato/vaga
18h, mas os portões serão fechados às barito de todas as provas será divulgado Índice geral Dez c
13h45min. A Coperve recomenda que os apenas no dia seguinte à finalização do ursos
mais
c
corrid on-
inscritos cheguem com pelo menos 30 concurso – portanto, na terça-feira, dia Medicina: 59.81
minutos de antecedência, para localizar 22/12, a partir de 9h. As respostas serão Arquitetura e Urbanismo: 14.85 os no
com tranquilidade os setores em que farão disponibilizadas no site www.vestibu- Engenharia Química: 13.66 Vestib
o vestibular. lar2009.ufsc.br . ular
Direito – Diurno: 13.49 UFSC
Direito – Noturno: 12.30 /2010
Foto: James Tavares
Engenharia Civil: 11.31
Engenharia Mecânica: 11.25
Oceanografia: 10.97
Relações Internacionais: 9.93
Jornalismo: 9.58
Candidatos que não optaram pelo
Programa de Ações Afirmativas
Medicina: 71.19
Arquitetura e Urbanismo: 16.89
Engenharia Química: 15.77
Direito – Diurno: 15,87
Direito – Noturno: 12.63
Engenharia Civil: 12.56
Engenharia Mecânica: 13.09
Oceanografia: 12.33
Relações Internacionais 11.70
Jornalismo: 10.64
Candidatos de escolas públicas
Medicina: 43.35
Este ano serão 32.554 candidatos disputando as 4.581 vagas; cursos como os Arquitetura e Urbanismo: 14.13
de Geologia, Arquivologia e Ciências Rurais estreiam no concurso Engenharia Química: 11.60
Direito – Diurno: 9.78

v a s
Direito – Noturno: 14.67

Pro
Engenharia Civil: 11.86
dezembro, dase/ou
Prova 1: 19propdeosiçõ 14h às 18h Engenharia Mecânica: 9.82
es múltiplas abertas Oceanografia: 10.67
questões de
Relações Internacionais: 7.75
a:
ileira: 12 questões;Língua Estrangeir Jornalismo: 9.75
Língua Portuguesa e Literatura Bras Total: 40 questões
cada uma .
8 questões; Matemática e Biologia:
10 ques tões Candidatos negros
Prova 2: 20 de dezembro, das 14h às 18h Medicina: 12.80
proposições múltiplas e/ou abertas
questões de Arquitetura e Urbanismo: 2.00
Engenharia Química: 3.00
10 questões cada uma. Total: 40 questões
História, Geografia, Física e Química: Direito – Diurno: 4.22
Direito – Noturno: 5.22

de dezembro, das 14h às 18h


Engenharia Civil: 1.45
3: e21
Provação 6 questões discursivas.
Engenharia Mecânica: 1.18
Reda Oceanografia: 2.00
Relações Internacionais: 1.88
Jornalismo: 1.83
UFSC - Jornal Universitário - Nº 407 - Dezembro de 2009 - PÁG 9
Guia do Estudante aponta a UFSC como a sétima
melhor universidade pública do País
Dos 39 cursos avaliados, 18 obtiveram cinco estrelas, 20 conseguiram quatro e um obteve três estrelas

Paulo Clóvis Schmitz Ciências Sociais, Direito, Enfermagem, Enge- dade de São Paulo (USP) e da Universidade estrelados encontram-se nas regiões
Jornalista na Agecom nharia de Alimentos, Engenharia de Controle Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). sudeste (41,4%) e sul (26,9%). A rede
e Automação, Engenharia Elétrica, Engenha- Exemplos de excelência – O levan- privada responde por 49,7% dos cursos
A Universidade Federal de Santa Cata- ria Mecânica, Engenharia de Produção, Física, tamento realizado pelo Guia do Estudante que obtiveram de três a cinco estrelas, e
rina ficou em sétimo lugar no ranking das História, Jornalismo, Medicina, Odontologia, leva em conta a necessidade que têm os a rede pública – incluindo as universidades
melhores instituições públicas de ensino Pedagogia, Química e Serviço Social. vestibulandos de escolher entre as melho- federais (31,6%), estaduais (16%) e mu-
superior do país, publicado pelo Guia do Com quatro estrelas, aparecem Admi- res alternativas oferecidas por 1.991 insti- nicipais (2,7%) – ficou com 50,3%.
Estudante da editora Abril. Dos 39 cursos nistração, Agronomia, Biblioteconomia, Ci- tuições públicas, privadas e comunitárias Os mais de 9 mil cursos foram avalia-
da UFSC que foram avaliados, 18 obtive- ência da Computação, Ciências Biológicas, em todo o país, superando a marca de 24 dos por 2.010 pareceristas. No editorial do
ram cinco estrelas, 20 levaram quatro e um Ciências Contábeis, Desenho Industrial, mil cursos. Neste ano, 3.551 cursos su- Guia, a editora Abril explica a motivação da
obteve três estrelas. Com índice 65.82, a Educação Física, Engenharia de Aqui- periores receberam estrelas: 1.999 foram pesquisa e sua preocupação em facilitar as
Universidade ficou à frente de instituições cultura, Engenharia Civil, Engenharia de considerados bons (três estrelas), 1.148 escolhas dos estudantes: “Ao apontar os
respeitadas como a Universidade Estadual Materiais, Engenharia Química, Engenharia ficaram entre os muito bons (quatro) e 404 destaques do ensino superior brasileiro,
de Campinas (Unicamp), Universidade Sanitária, Farmácia, Filosofia, Geografia, fizeram jus ao conceito excelente (cinco tanto na avaliação de cursos quanto na
Federal do Paraná (UFPR), Universidade Letras, Matemática, Nutrição e Psicologia. estrelas). Esse conjunto de opções – ofe- premiação das escolas, além de oferecer
Federal de São Carlos (UFSCar) e Universi- O curso Sistemas de Informação obteve recido por 570 das 1.332 instituições con- um serviço para ajudá-lo no seu percurso
dade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). três estrelas na avaliação. sideradas na pesquisa – representa 37,9% rumo à vida adulta e profissional, nosso
Os cursos em que a UFSC obteve a pon- Na área de Engenharia e Produção, a dos 9.371 cursos presenciais avaliados. objetivo também é mostrar os exemplos
tuação máxima, com cinco estrelas, são Ar- UFSC ficou em terceiro lugar entre as univer- Foram analisados cursos de 116 áreas, de excelência a fim de estimular caminhos
quitetura e Urbanismo, Ciências Econômicas, sidades públicas, atrás apenas da Universi- sendo que mais de 68% dos que foram semelhantes nas demais escolas”.

As melhores escolas
1º Universidade de 4º Universidade Federal 8º Universidade Estadual
São Paulo (USP)
Cursos avaliados: 104
do Rio de Janeiro (UFRJ)
Cursos avaliados: 50
7º Universidade de Campinas (Unicamp)
Cursos avaliados: 33
Cursos estrelados: 102
5 estrelas: 60
Cursos estrelados: 50
5 estrelas: 17
Federal de Santa Cursos estrelados: 33
5 estrelas: 23
4 estrelas: 36
3 estrelas: 6
4 estrelas: 26
3 estrelas: 7
Catarina (UFSC) 4 estrelas: 8
3 estrelas: 2
Resultado: 93.89 Resultado: 68.10 Resultado: 65.32

2º Universidade Estadual 5º Universidade Federal Cursos avaliados: 39 9º Universidade Federal


Paulista (Unesp) de Minas Gerais (UFMG) de Pernambuco (UFPE)
Cursos avaliados: 100 Cursos avaliados: 49 Cursos avaliados: 48
Cursos estrelados: 92 Cursos estrelados: 48 Cursos estrelados: 39 Cursos estrelados: 46
5 estrelas: 24 5 estrelas: 18 5 estrelas: 14
4 estrelas: 43 4 estrelas: 24 4 estrelas: 25
3 estrelas: 25 3 estrelas: 6 3 estrelas: 7
Resultado: 81.93 Resultado: 66.77 5 estrelas: 18 Resultado: 63.92

3º Universidade Federal do 6º Universidade 4 estrelas: 20 10º Universidade Federal


Rio Grande do Sul (UFRGS) de Brasília (UnB) do Paraná (UFPR)
Cursos avaliados: 49 Cursos avaliados: 45 Cursos avaliados: 48
Cursos estrelados: 49 Cursos estrelados: 45 3 estrelas: 1 Cursos estrelados: 46
5 estrelas: 23 5 estrelas: 13 5 estrelas: 7
4 estrelas: 23 4 estrelas: 28 4 estrelas: 26
3 estrelas: 3 3 estrelas: 4 3 estrelas: 13
Resultado: 69.95 Resultado: 65.87 Resultado: 65.82 Resultado: 60.97

Fonte: Guia do Estudante

UFSC é ouro na pesquisa do Ibope


Moacir Loth a UFSC venceu na região e em nível es- A solenidade contou com a presença
Jornalista na Agecom tadual. O reitor Alvaro Prata foi represen- de secretários de Estado, empresários,
tado pela direção da Agência de Comuni- representantes de entidades e prefeitos
A Universidade Federal de Santa Ca- cação (Agecom). Para ele, a premiação de vários municípios catarinenses. A co-
tarina (UFSC) é a marca mais lembrada é um reconhecimento à qualidade e ao ordenação coube ao proprietário da RIC,
no segmento Ensino Universitário. A trabalho desenvolvido ao longo de quase Mário José Gonzaga Petrelli. Na edição do
instituição conquistou o Ouro na Pesquisa 50 anos pela Universidade no Estado e dia 28 de novembro, o jornal Notícias do
Ímpar 2009, realizada pelo IBOPE Inte- no País. “A distinção legitima a atuação Dia divulgou caderno especial contendo
ligência, em parceria com o Grupo RIC de uma instituição presente e cada vez os resultados da Pesquisa Ímpar.
UFSC é (Rede Independência de Comunicação). mais inserida na sociedade”. Ele lembra, No dia 7 de dezembro a direção da
a mais Os certificados, abarcando 43 categorias, neste sentido, a criação de novos cursos, RIC visitou o reitor Alvaro Prata para
lembrada no apresentar os produtos do grupo de co-
foram entregues no dia 18 de novembro, a ampliação de vagas, as ações afirma-
segmento
Ensino em concorrida solenidade no Auditório tivas e a criação dos campi de Joinville, municação em SC. A empresa aproveitou
Universitário da Federação das Indústrias do Estado Curitibanos e Araranguá, além do apoio para detalhar a pesquisa Ímpar 2009 e,
de SC (Fiesc). à implantação da Universidade Federal paralelamente, propôs projetos de par-
Em franca expansão e interiorização, da Fronteira Sul (UFFS). ceria com a UFSC.

UFSC - Jornal Universitário - Nº 407 - Dezembro de 2009 - PÁG 10


Especial Pesquisa

Para mudar a realidade Livro dá visibilidade aos


do sertão brasileiro grupos de pesquisa
Projeto Água fonte de alimento e renda: uma alternativa para o semiárido, A edição, que está também disponível na internet, reúne os mais de 400
resultado de parceria entre a Certi e a UFCG, foi um dos vencedores do grupos de pesquisa da Universidade registrados no Censo 2008 do CNPq
Prêmio von Martius de Sustentabilidade

Arley Reis atuação, bem como o importante


Jornalista da Agecom papel que a pesquisa científica e
tecnológica ocupa no cotidiano aca-
De acordo com o Diretório de dêmico.”, destacam o reitor da UFSC,
Grupos de Pesquisa do CNPq, a UFSC professor Alvaro Toubes Prata, e a
é a oitava instituição do Brasil com o pró-reitora de Pesquisa e Extensão
maior número de equipes envolvidas da Universidade, professora Débora
no desenvolvimento científico e tec- Peres Menezes.
nológico nacional. São 422 grupos, “Um aspecto notável da evolução
1.662 linhas de pesquisa, 2.862 pes- da produção intelectual da UFSC nos
quisadores, mais de 4 mil acadêmicos últimos anos é que, ao mesmo tempo
de graduação e de pós-graduação em que a contagem total da produção
envolvidos em estudos. bibliográfica atingiu um máximo entre
Para dar visibilidade às equipes, 2005 e 2006, tendendo a se estabi-
facilitar o acesso a estes grupos por lizar como reflexo da maturidade da
outros pesquisadores, órgãos de instituição, o número de publicações
fomento e pela mídia, entre outros internacionais indexadas pelo ISI Web
setores, a Pró-Reitoria de Pesquisa e of Knowledge vem crescendo ano a
Extensão da UFSC publicou um livro. ano”, complementa a pró-reitora. Se-
A edição, que está também disponível gundo ela, o índice reflete o aumento
na internet, reúne os mais de 400 gru- na qualidade da produção científica e
pos de pesquisa da UFSC registrados tecnológica da UFSC, acompanhado
no Censo 2008 do Conselho Nacional por um contínuo aumento no nível
de Desenvolvimento Científico e Tec- de impacto desta produção e que
Hidroponia: plantas que crescem em calhas são alternativa para clima seco nológico (CNPq), organizados por área se traduz pela citação dos trabalhos
de conhecimento. dos pesquisadores pela comunidade
São listadas as equipes com seus científica internacional.
Erich Casagrande Spirulina. O Laboratório de Hidroponia dados gerais (incluindo sites e tele- A coordenação geral dos traba-
Bolsista de Jornalismo na Agecom da UFSC orientou o cultivo e produtos fones), os nomes dos pesquisadores, lhos para organização da obra ficou
hidropônicos. E há ainda a proposta de estudantes e técnicos envolvidos, a cargo do professor Ricardo Rüther,
Um dos problemas do semiárido criação de peixes (tilápias), que assim além de linhas de pesquisa. A pu- Diretor do Núcleo de Apoio e Acompa-
brasileiro é conseguir aproveitar a água como os demais produtos podem ser blicação traz ainda um breve relato nhamento da Pró-Reitoria de Pesquisa
salobra escondida nos lençóis freáticos consumidos e comercializados. da repercussão dos trabalhos. São e Extensão, com colaboração do mes-
do solo quase desértico. Uma solução A Spirulina é uma das primeiras apresentadas também tabelas com trando Alexandre de A. Montenegro.
apresentada pela UFSC, desenvolvida formas de vida da terra, adaptada a informações sobre a produção cien- Mais informações: professo-
em parceria com a Fundação Centro de ambientes inorgânicos altamente sali- tífica, técnica e artística da UFSC no ra Débora Peres Menezes, pró-
Referência em Tecnologia de Inovação nos. Essa espécie de alga possui grande período 1998 - 2008. reitora de Pesquisa e Extensão
(Certi) e a Universidade Federal de quantidade de proteínas, sendo até duas “A UFSC está entre as dez insti- - fone: 3721-9716, e-mail: debo-
Campina Grande (UFCG), é a vencedora vezes mais nutritiva que a soja. Desde a tuições nacionais com maior número ra@reitoria.ufsc.br e professor
da categoria Tecnologia no Prêmio von década de 80 o Laboratório de Biotecno- de grupos de pesquisa, o que reflete Ricardo Rüther, diretor do Núcleo
Martius de Sustentabilidade. O projeto logia de Alimentos da UFSC, coordenado a forte política de formação de recur- de Apoio e Acompanhamento -
Água fonte de alimento e renda: uma pelo professor Ernani Sant’Anna, estuda sos humanos implantada na última fone: 3721-9846, e-mail: ruther@
alternativa para o semi-árido foi tam- a espécie, que pela primeira vez poderá década em todas as suas áreas de mbox1.ufsc.br.
bém o único no concurso a receber ser produzida em escala comercial no
menção honrosa. Brasil. A alga possui grande valor co-
A proposta foi implantada há dois mercial, pois é usada na fabricação de
Grupos de Pesquisa da UFSC
anos na comunidade Uruçu, no muni- fármacos e como suplemento alimentar. por área de conhecimento
cípio de São João do Cariri, na Paraíba, “Vamos buscar um produto de alto grau
para desenvolver medidas sustentáveis de pureza, pois será consumido por se-
de reutilização da água salobra extra- res humanos como alimento funcional”, Ciências Agrárias: 25
ída dos lençóis freáticos. A solução explica o professor. Ciências Biológicas: 33
apresentada para o problema do ser- No caso da hidroponia, dentro de
tão é direcionar o rejeito do processo estufas as plantas são dispostas em Ciências da Saúde: 50
de dessalinização, que consiste em calhas onde passa o composto cheio Ciências Exatas e da Terra: 38
transformar a água subterrânea em de sais minerais que nutre os vegetais.
Ciências Humanas: 82
potável, para atividades que possam A unidade produtiva permitirá uma al-
gerar sustento alimentar e renda para ternativa de renda que não depende de Ciências Sociais Aplicadas: 68
os moradores da região. condições climáticas como sol e chuva. Engenharias: 98
Para dar destino ao rejeito, o projeto A água salobra não aproveitada nestas
conduziu a implantação de três unida- atividades vai para o cultivo de tilápias. Linguística, Letras e Artes: 28
des produtivas. O Laboratório de Bio- A população da comunidade de Urucu Total : 422
tecnologia de Alimentos da UFSC desen- já está sendo instruída para gerir por
volveu a possibilidade de cultivo da alga conta própria todas as atividades.

Dez instituições com maior número


Prêmio von Martius de Sustentabilidade de grupos de pesquisa no Brasil:
Promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha, é 1. USP - 1.839 6. UFRGS - 625
organizado em três categorias: Humanidade, Tecnologia e Natureza. Re- 7. UFPE - 464
2. UFRJ - 822
conhece iniciativas que promovam o desenvolvimento econômico, social
e cultural alinhado com o conceito de desenvolvimento sustentável. Tem 3. UNESP - 800 8. UFSC – 422
apoio do Ministério do Meio Ambiente, do Programa das Nações Unidas 4. UNICAMP - 706 9. UFBA - 406
para o Meio Ambiente, da WWF-Brasil, entre outras instituições. Este ano
a Câmara Brasil-Alemanha recebeu a inscrição de 166 trabalhos. 5. UFMG - 630 10. UEL - 384

UFSC - Jornal Universitário - Nº 407 - Dezembro de 2009 - PÁG 11


Palmas do Scopus Da UFSC para o Mundo
Professor Rosendo Augusto Yunes é reconhecido com Prêmio Scopus 2009 Academia de Ciências para o Mundo em Desenvolvimento elege Faruk

Foto: Jones Bastos


Natália Izidoro Arley Reis
Bolsista de Jornalismo na Agecom Jornalista na Agecom

O universo teve origem há aproximadamente 15 bilhões de anos. Apareceu com Integrante da Academia Brasileira
o tamanho de um átomo e foi expandindo. “A questão é que a evolução do universo de Ciências desde 2001, o professor
foi realizada de tal forma para permitir a vida em nosso planeta. Pequenas mudanças do Departamento de Química da UFSC,
da velocidade de expansão, por exemplo, para mais ou para menos, não permitiriam Faruk Jose Nome Aguilera, foi eleito
o surgimento da vida”, explica Rosendo Augusto Yunes, pesquisador sênior da UFSC para compor também a Academia de
junto ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Ciências para o Mundo em Desenvolvi-
mento (TWAS).
A TWAS é uma organização inter-
De onde viemos? Em 1995, o estudioso lançou pela
nacional fundada em 1983 na Itália.
Considerada uma das mais importantes
Editora da UFSC (EdUFSC) o livro A
entidades associadas à Organização das
organização da matéria: acaso ou
Nações Unidas para Educação, Ciência e
informação, onde expõe suas conside-
Cultura (Unesco), sua missão é promover
rações e sua visão sobre um assunto
o desenvolvimento da ciência e da tec-
que sempre motivou a reflexão de
nologia nos países em desenvolvimento.
cientistas, filósofos e teólogos. Com
Reúne em seus quadros os melhores
base em sua experiência, defende que
cientistas de países como Índia, Brasil,
a origem e evolução do Universo e da Faruk é um dos sete brasileiros que
China e África do Sul, entre outros.
vida não podem ser explicadas como integraram neste ano a TWAS
O número total de membros da TWAS
produtos do determinismo e do acaso.
agora chega a 950. O anúncio de 50 no-
Em uma abordagem científico-filosófica,
vos integrantes, entre eles sete brasilei- geral de um país em desenvolvimento
expõe pontos de vista, especulações e
ros, foi realizado no mês de outubro, na para rever a situação e as perspectivas
fatos relacionados à organização da ma-
África do Sul, durante a 11ª Conferência futuras da ciência e da tecnologia em vá-
téria e enfatiza sua posição teísta, que
Geral e 20ª Reunião Geral da Academia rias regiões do sul. Conferências já foram
busca conciliar a ideia de Deus e a teoria
de Ciências para o Mundo em Desenvol- organizadas na China (1987 e 2003),
da evolução.
vimento (TWAS). Venezuela (1990), Kuwait (1992), Nigéria
Em setembro deste ano o professor,
Este ano o evento foi organizado (1995), Brasil (1997 e 2006), Senegal
argentino naturalizado brasileiro, foi agra-
pela Academia de Ciências e Tecnologia (1999) e Índia (2002).
ciado com o Prêmio Scopus 2009, uma
da África do Sul e apoiado pelo Depar- Membros da TWAS, os ministros da
iniciativa da editora Elsevier em parceria
tamento da África do Sul de Ciência e Ciência e Tecnologia, presidentes das
com a Coordenação de Aperfeiçoamento
Tecnologia. A conferência de quatro dias academias de ciências e os conselhos de
de Pessoal de Nível Superior (Capes) – re-
atraiu 400 cientistas de 60 países, sen- investigação, bem como representan-
conhecimento concedido a pesquisadores
do uma das maiores já realizadas pela tes de organizações internacionais são
que apresentam produção científica de
Academia. convidados a assistir às conferências. O
alto destaque e excelência retratada na
De três em três anos, em conjunto presidente da entidade é o matemático
A obra concilia a
ideia de
base mais ampla de resumos e citações
Deus e a teoria da com uma reunião geral dos seus mem- Jacob Palis, também presidente da Aca-
evolução da literatura científica mundial.
bros, a TWAS convoca uma conferência demia Brasileira de Ciências (ABC).

Rosendo Augusto Yunes Faruk Jose Nome Aguilera


Yunes possui graduação e doutorado para professor titular. Bolsista de Produtividade em Pesquisa Seu Currículo Lattes registra um total de
em Química pela Universidade Del Litoral, Neste mesmo ano, foi nominado Secretá- do CNPq, Nível 1A, o professor possui 139 trabalhos científicos e 3.120 citações.
da Argentina, e pós-doutorado pela Indiana rio de Assuntos Acadêmicos e, no ano seguin- graduação em Bioquímica pela Universi- O professor já orientou 45 dissertações
University, dos Estados Unidos. Já recebeu te, foi aos Estados Unidos para trabalhar na dad de Chile, doutorado em Química pela de mestrado e 22 teses de doutorado. Na
diversos outros reconhecimentos. Obteve a Indiana University como professor visitante, Texas A&M University e pós-doutoramen- administração superior exerceu cargos de
Medalha João David Ferreira Lima na Câmara realizando seu pós-doutorado. Mais tarde to pela Clarkson University (EUA). vice-coordenador e coordenador dos cursos
Municipal de Florianópolis, em 2008; prêmio trabalhou na área da química medicinal junto Na UFSC atua junto ao Departamento de pós-graduação em Físico-Química e de
do Curso de Farmácia da Universidade do a Central de Medicamentos (CEME) como de Química e à Pós-Graduação em Química Química.
Vale do Itajaí, em 2003; da Pós-Graduação professor visitante na UFSC. Foi coordenador (programa que conta com o conceito máxi- Foi coordenador de pesquisa do Centro
em Química da UFSC, em 1996; e o prêmio do curso de Pós-Graduação em Química entre mo da Capes e representa a Universidade de Ciências Físicas e Matemáticas (CFM),
do Conselho Regional de Química, por sua 1984 e 1986 e entre 1989 e 1992. Por pro- no Programa de Excelência Acadêmica - chefe do Departamento de Química, mem-
contribuição à Química Fina, em 1998. Tem blemas cardíacos, foi aposentado em 30 de Proex). bro do Conselho Universitário, presidente
também o título de Huésped Oficial, da Uni- dezembro de 1998 e, até 2001, foi professor Recentemente coordenou a proposta da Câmara de Ensino de Graduação e Pró-
versidad Nacional Del Litoral. voluntário na UFSC e, depois, na Universidade de constituição do Instituto Nacional de Reitor de Ensino de Graduação. Conta com o
Depois de trabalhar como bolsista do do Vale do Itajaí (Univali). Ciência e Tecnologia (INCT) de Catálise em título de comendador da Ordem Nacional de
Conicet (CNPq argentino), Rosendo Yunes Tem centenas de artigos publicados, cerca Sistemas Moleculares e Nanoestruturados, Mérito da Ciência, concedido pelo presiden-
ingressou na docência universitária em de 400 resumos em anais de congressos e aprovada pelo Ministério da Ciência e Tec- te da República, e de Mérito Universitário,
1962 com uma função equivalente a mo- diversas produções técnicas. Continua a co- nologia. A partir do instituto, coordena rede concedido pela UFSC.
nitor da Universidade Del Litoral e, por con- laboração com professores da UFSC e como nacional de pesquisa formada por mais Em 2008 foi homenageado com o Prê-
curso, ganhou o cargo de professor adjunto pesquisador sênior do CNPq, desenvolvendo de 350 membros dos estados de Santa mio Amigo da UFSC, direcionado a pessoas
em 1965. Em 1971, foi professor visitante trabalhos na área da química medicinal - espe- Catarina, Rio Grande do Sul, São Paulo, que se destacaram em suas atividades
no Instituo de Química da Universidade de cialmente com doenças negligenciadas como Minas Gerais, Rio de Janeiro, Alagoas e do administrativas e acadêmicas e em sua
São Paulo e, em 1974, ganhou o concurso leishmaniose, tuberculose, chagas e malária. Distrito Federal. postura e comprometimento institucional.
Foto: Wanderley Pessoa

Paraná é presidente da Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Ensino

Mara Paiva realizado em Belo Horizonte (MG), no dia 26/11.


Jornalista na Agecom Além de Carlos Alberto, a nova diretoria é com-
Mandato posta por Francisco Eugênio Alves da Silva, Vice-
do vice-
O professor Carlos Alberto Justo da Silva (Pa- Presidente das Estaduais; José Roberto Ferraro, Vice-
reitor como
presidente da raná), vice-reitor da UFSC, foi eleito presidente da Presidente das Federais; Júlio Francisco Dornelles
Abrahue vai Associação Brasileira de Hospitais Universitários e de Matos, vice-presidente das filantrópicas, e José Garcia
até 2011 Ensino (Abrahue), mandato 2009/2011. Neto, José Ricardo Lagreca de Sales Cabral, Antonio
A eleição ocorreu em Assembléia Geral Ordinária, du- Carlos Forte, Milton Roberto Laprega e Amâncio Pau-
rante o III Congresso Brasileiro de Hospitais e de Ensino, lino de Carvalho, como diretores titulares.

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Café filosófico, extensão da Sepex
Evento instiga o raciocínio a partir da arte e conquista lugar no calendário cultural da cidade

Após imprimir um brilho especial à mente de palestras, debates, exibição “Janela da Alma”, dos cineastas João Florianópolis.
8ª Semana de Ensino, Pesquisa e Ex- de filmes e mesas redondas. Um dos Jardim e Walter Cavalho. Apresentando Não só isso: atingiu o seu objetivo
tensão (Sepex), a cultura não perdeu destaques do evento foi a conferência uma discussão poética sobre a visão, ao instigar o raciocínio a partir da arte.
o ritmo e emendou a sua agenda de inaugural com o professor de Filosofia o filme alimentou a reflexão da mesa- Afinal, como realçam os promotores, o
atividades com o II Café Filosófico, que da Universidade de Brasília (UnB), San- redonda sobre a Teoria da Imagem. cinema faz pensar sobre o fazer artístico
mobilizou a comunidade universitária e dro Calheiros de Moura, que dissecou o O Café Filosófico, apoiado pelo e serve de espaço à reflexão filosófica
a cidade em torno de filósofos, cineas- filme “Medéia”, de Píer Paulo Pasolini. Centro de Comunicação e Expressão sobre a vida.
tas, estudantes, professores, agitadores O leque de opções mostrou-se plural, (CCE) e organizado pela Secretaria de Na Sepex o rosto da cultura e arte
culturais e similares. incluindo, por exemplo, filmes do irania- Cultura e Arte (SecArte) e Departa- foi exibido pelo Departamento Artístico
Novamente bem divulgado e orga- no Abbas Kiarostami, do neo-zelandês mento Artístico-Cultural (DAC), atraiu Cultural, pelo Museu Universitário, pelo
nizado, o Café Filosófico centralizou, no Andrew Niccol e do russo Alexander público expressivo, conquistando, por Núcleo de Estudos Açorianos, pela Edi-
período de 3 a 5 de novembro, a maior Sokurov. isso, segundo a pró-reitora Maria de tora (EdUFSC) e pelo Departamento de
parte da sua programação no Teatro da O II Café Filosófico fechou com a Lourdes Borges, um espaço definitivo Cultura e Eventos. É a cultura animando
Igrejinha da UFSC. Consistiu basica- exibição do premiado documentário no calendário cultural da UFSC e de o ensino, a pesquisa e a extensão.

Fotos: Nilson Só/DAC

Café Filosófico: arte e conhecimento promovem espaço para o pensar filosófico sobre a vida

Mosaicos que fazem história


Foto: Paulo Noronha
Estão passando por um processo de de Santa Catarina. E, na parede a ser
restauração os mosaicos externos do pré- refeita, está a obra “Travessia”, com os
dio da reitoria da UFSC, feitos entre 1995 traços de Rodrigo de Haro e os seres
e 1997 pelo pintor Rodrigo de Haro. O míticos que predominam em sua obra
contrato para a obra foi assinado em maio plástica.
deste ano no gabinete do reitor Alvaro Segundo Rodrigo, a intervenção,
Toubes Prata, com a presença do artista e além de necessária, é plausível por-
de seu assistente, o artista plástico Idésio que “a obra de arte está sempre em
Leal. O painel tem 70 metros quadrados aberto”. Ele ainda pretende concluir o
e se localiza na parte frontal do edifício projeto original, que previa a colocação
e na lateral da Sala dos Conselhos e do de mosaicos nas duas alas superiores e
auditório. Parte dos mosaicos se soltou e ao redor de todo o edifício. “Pensei em
a parede do lado norte, que rachou, vem retratar ali a órbita celeste e elementos
sendo reformada para a recolocação do da ópera ‘O Guarani’”, diz o artista. É im-
material pelos dois artistas. portante ressaltar que no hall do prédio
Os textos da obra, executada du- há um grande painel e no gabinete do
rante as gestões dos reitores Diomário reitor existem duas telas de Martinho
de Queiroz e Rodolfo Pinto da Luz, de Haro, pai de Rodrigo, que foi um dos
resumem a história das Américas por mais expressivos pintores modernistas
meio de relatos de viagens, crônicas brasileiros.
pré-colombianas, lendas amazonenses, Os painéis feitos na década passada
literatura colonial e poemas de autores por Rodrigo de Haro se tornaram uma
contemporâneos. Há excertos de tex- das atrações da universidade e, para
tos do folclorista Câmara Cascudo, dos muitos, uma visita obrigatória para
navegadores/cronistas Francisco Lopes quem vem a Florianópolis. É comum
de Gómara e Adelbert Von Chamisso pessoas que participam de congressos
e de escritores brasileiros como Raul e outros eventos na UFSC posarem para
Bopp, Pedro Port e Alcides Buss. No lado fotos em frente à reitoria por causa da
interno do hall da reitoria, parte de uma obra. O trabalho é citado no livro Mo-
parede é dominada por um mosaico com saicos brasileiros, de Henrique Gougon,
a imagem de Catarina de Alexandria, como uma das referências na arte do
Rodrigo e Idésio: restauração de 70 metros quadrados
padroeira dos estudantes e do Estado mosaico no país.
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Pelos céus da ilha de Santa rica, descendentes de alemães.
Catarina do início do século XX A rivalidade entre franceses
voam os aviões, a música clás- e alemães não desanima Saint-
sica e os amores entre Antoine Exupéry. Romântico inveterado,
de Saint-Exupéry, o autor de utiliza a música para conquistar
o Pequeno Príncipe, e Anna, Anna. Com formação musical ti-
personagem da ficção que se picamente alemã, ela aprecia os
mistura com a história real de compositores germânicos, princi-
Florianópolis na obra de Antonio palmente Beethoven, porém An-

Aviões,
Galvão Novaes. toine a atrai sutilmente para as
A história do aviador e es- impressionistas composições de
critor francês Antoine de Saint- Debussy. Os dois se apaixonam
Exupéry inspirou outro Antonio e a partir daí começa a aventura

música e – o professor de Engenharia da


UFSC, de sobrenome Galvão
Novaes – a escrever seu pri-
e a luta de Anna por sua inde-
pendência e contra as tendências
nazistas de sua família.

amores meiro romance-ficção, intitulado O livro retrata alegrias e an-


Anna e o Aviador, editado pela gústias e mostra a força de uma
Ladscape. mulher que jamais se subjugou
A história de Anna e o Aviador aos preconceitos e imposições
se desenvolve nos anos 20 e 30, da época. Ao conhecer Saint-
quando há registros históricos da Exupéry, Anna se vê em meio a
passagem de Saint-Exupéry pela um conflito, e precisa decidir en-
Ilha de Santa Catarina, trans- tre seguir uma carreira de mu-
portando correspondências para sicista na Europa, longe de suas
França e Argentina. Em Florianó- raízes brasileiras, ou aceitar as
polis ele conhece Anna, moça da limitações culturais e curtir uma
região apaixonada pela música vida tranquila em Florianópolis,
clássica e de família luterana e junto dos seus.

Depoimentos de manezinhos recuperam memória da Ilha Letras de mel e luz

“Eu gostava mais do tempo em que não havia lembra, por exemplo, da fiambreria Dona Clara, Médico e cirurgião,
aterro, os barcos encostavam aqui atrás e o mar que “tinha o melhor queijo e a melhor manteiga da Henrique Prisco Paraíso
lavava tudo nos dias de vento forte”, diz em tom cidade”. Dois oleiros contam como transportavam as também é um contador
nostálgico o açougueiro Rogério do Livramento, peças da Ponta de Baixo até a cidade, em pequenas de histórias. Em seu pri-
um dos poucos remanescentes da época em embarcações que precisavam de vento favorável meiro livro, apresenta 33
que o Mercado Público de Florianópolis tinha 17 para chegar ao destino. E Beto Barreiro, do Box 32, narrativas curtas com a
bancas para venda de diz como ajudou pretensão de “provo-
carnes e uma infini- a transformar o car um sorriso, motivar
dade de peixarias e Mercado a partir uma reflexão ou des-
bancas de verduras. de 1984, quando pertar um sentimento”,
O seu depoimento e o instalou ali um segundo definição do
de outras 21 persona- bar voltado para próprio autor. Abelhas
gens que trabalharam, um público mais e Vaga-lumes (Edito-
ainda trabalham ou seleto e exigente ra Insular com apoio
tiveram envolvimento que o tradicio- da UFSC) traz tex-
com a rotina do esta- nal. tos bem humorados
belecimento estão no “Essas duas com a elegância que
livro Mercado Público dezenas de per- marcou a trajetória
e suas histórias, de sonagens nada profissional de Henrique Prisco
Paulo Clóvis Schmitz representam Paraíso, que atua na medicina desde 1950. “Fazia do
(textos) e Danísio Sil- no universo de ato cirúrgico momento de elevada arte e agora transmite
va (fotos). pessoas que fi- este estilo à literatura”, define o colega e contemporâneo
A publicação re- zeram do Mer- médico Ernesto Damerau.
úne textos baseados, cado Público o Baiano de nascimento, o autor passou a trabalhar em
na maioria dos casos, seu ganha-pão, Florianópolis desde 1954, onde atuou nos hospitais de Cari-
em entrevistas com mas o livro é dade, Celso Ramos e Casa de Saúde São Sebastião. Henrique
pessoas simples, ex- um recorte que Prisco integrou a comissão organizadora da Faculdade de
fornecedores, comer- mostra o quanto Medicina de Santa Catarina, foi professor na UFSC, presidente
ciantes ou funcionários ele representou da Associação Catarinense de Medicina e secretário estadual
que passaram anos de para a cidade e o de Saúde no Governo Colombo Salles.
sua vida ligados às lides do Mercado. “São figuras papel que ainda tem como elemento agregador, Médico por profissão, o autor se diz “desde a adolescên-
que conheceram a casa em outros tempos, antes como ponto de encontro e confraternização, cia, encantado pelo fascínio da literatura” e sempre teve
da construção do aterro da Baía Sul, quando o Mer- como ambiente que preserva muito do modo vontade de escrever um livro. Abelhas e Vaga-lumes é a
cado concentrava parte substancial do comércio da de ser do ilhéu típico”, afirmam os autores. O materialização desta vontade e, segundo ele, traz “coisas
cidade”, diz Paulo Clóvis, jornalista com 30 anos de livro, segundo o autor, não tem a pretensão de ouvidas de antepassados, vivências, acontecimentos do dia
profissão e que já havia publicado o livro Pequena contar a trajetória do Mercado, funcionando a dia e produtos da criatividade”. Algumas das narrativas
história do Teatro Álvaro de Carvalho. mais como uma sequência de reportagens com são verídicas e muitas inspiradas em uma frase, um verso
Entre os entrevistados estão plantadores de hor- figuras anônimas que ajudaram a contar sua ou uma canção. Doutor Prisco afirma que ficará feliz se o
taliças que levavam sua produção para vender no história, que já tem mais de um século. leitor “sorrir, pensar ou sentir, quem sabe, um instante de
Mercado, às vezes de barco, outras vezes em carri- Foram ouvidos pelo jornalista Paulo Clóvis prazer do espírito”.
nhos de mão, donos de peixarias, gente que vendia moradores de locais como Saco dos Limões, O escritor Jair Francisco Hamms, na apresentação da
galinhas vivas nas redondezas, proprietários de Barra da Lagoa, Santo Antônio de Lisboa, Pân- obra, destaca que Henrique Prisco nos brinda com “histórias
vendas que compravam mantimentos para reven- tano do Sul, Ponta de Baixo, Enseada do Brito de contagiante humor”. E vai além: “Vivesse Henri Bérgson,
der nos bairros e pescadores que levavam o produto e Armação de Piedade. O projeto do livro foi filósofo francês autor de O Riso, em que analisa condições
de seu trabalho direto para o Mercado. Também há aprovado pela Comissão Permanente de Cultura objetivas do cômico, do ridículo, do risível, e lesse Abelhas
depoimentos de frequentadores assíduos, como o da Fundação Franklin Cascaes e teve o patrocínio e Vaga-lumes, certamente muito riria.” Leitura agradável
funcionário público Décio Bortoluzzi, que ainda se da Caixa Econômica Federal (CEF). indicada para o período de férias.

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Foto: Cláudia Reis

Ombudsman
Avis rara no jornalismo
universitário
Deixo claro desde já: minha opinião,
em relação ao JU é oposta à do colega
que me precedeu nesta seção (Gilmar
Corrêa, edição nº 406, novembro de
2009). Para que não pairem dúvidas,
devo esclarecer, desde início, que a
mesma (e óbvia) liberdade que deu
a Corrêa, o editor também ofereceu a
mim. “Fique à vontade: pode meter o
pau no JU”, escreveu-me Moacir Loth.
Pois bem, minha opinião é oposta
à de Corrêa (a quem não conheço) em
razão de um ponto que parece ter se
Imagem
O Boitatá já chegou. A obra de 13 metros de altura, que foi concebida pelo artista
tornado a questão fundamental e mais
plástico Laércio Luiz da Silva em comemoração ao centenário de Franklin Cascaes,
importante do jornalismo nos últimos
dorme em frente ao lago onde será instalada, esperando o momento certo para voar
tempos: a suprema necessidade de fim? Trocando em miúdos, por que um
por sobre o campus e atiçar o imaginário popular. Dizia Cascaes: “O ente sobrenatu-
se ter que ouvir as pessoas da comu- auxiliar administrativo da pró-reitoria de
ral de que o homem tem mais medo é dele mesmo, é de si mesmo. Ele tem medo
nidade como forma de legitimar o que pós-graduação tem de ser ouvido pelo JU,
de verdade. Ele tem medo do boitatá, que é fogo-fátuo, que está nele próprio”.
é publicado. “A comunidade não se por exemplo, sobre a política de expansão
vê no Jornal Universitário”, escreveu de cursos de doutorado da UFSC?
Corrêa no artigo que teve como título A Universidade tem um lugar reser-
“Necessário ‘humanizar’ as matérias”.
Para o ombudsman da edição anterior,
vado para que professores, alunos e
funcionários, legitimados por mandatos
Poema Alfabeto em
os textos do JU “são meros despachos oficiais como representantes de seus Professores do Departamento de Biologia Celular, forma de sonetos
oficiais, pois desprezam ‘gente’ em suas segmentos, mostrem suas opiniões: os Embriologia e Genética da UFSC, André Ramos e
frases e períodos”. órgãos colegiados. São vários os con- Nadir Ferrari fizeram uma parceria pela arte. No A cientista da linguagem, autora e
livro O Anjo ao Contrário (Editora Ofício), os poe- tradutora brasileira, professora titular
Respeito a opinião de Corrêa, mas selhos em que a comunidade é formal e
mas do autor foram ilustrados pela pintora. Aqui a aposentada pela UFSC, Leonor Scliar-
não concordo com ela. Em jornais de necessariamente ouvida. Jornal ouve as
poesia cosmopolita enriquece a pintura inspirada Cabral, lançou, na forma de poesias,
associações de moradores ou de cor- fontes que considerar importantes para o
na tradição japonesa do sumi-ê. uma “arqueologia” das origens do
porações profissionais pode até ser assunto em pauta.
uma necessidade imprescindível, por E tanto agora como quando era alfabeto. Com a obra Sagração do
razões várias, revelar opiniões de seus editado por Laudelino Sarda, o JU faz Sedes Alfabeto a linguista presta seu tributo
próprios integrantes-leitores. Mas fazer o que considero o autêntico jornalismo a um dos maiores feitos do homem na
universitário. Trata-se de um jornal que às vezes enlouqueço acumulação do saber: a invenção do
isso como regra, em um jornal editado
reflete a instituição universitária, devendo e esqueço o caminho do poço. alfabeto. E dá novo vigor ao soneto,
por uma universidade, especialmente
se considerar que a universidade é mui- o balde que trago é de gesso, forma que muitos jovens poetas con-
se ela for pública, não me parece ser
to mais do que a soma de professores, a sede que sinto é no osso. siderada superada.
uma postura jornalística coerente com a
natureza da própria instituição universi- alunos e funcionários. Aliás, os veículos A publicação mostra que a traje-
de comunicação apropriados para ouvir os líquidos eu conheço, tória da escrita desenvolve um lento
tária. Universidade séria, como é o caso
a comunidade como regra são os jornais mergulhado até o pescoço, percurso desde a fase em que as ideias
da UFSC, é baseada no mérito, e seu
de suas respectivas associações. do mais fino ao mais espesso são expressas por meio de figuras e
jornal deve refletir essa característica.
Em suma, o que em jornais de outras todos molham só a língua. cenas (tradução da realidade do mun-
Vão para as páginas do JU, como fon-
tes das matérias, quem tem atribuição, instituições pode representar uma postura do, a descrição das coisas), passando
democrática ou coisa que o valha, em um bebendo e morrendo à míngua, pelos ideogramas, até chegar à etapa
qualificação e mandato para isso.
jornal universitário pode cheirar a popu- tenho a sede que mereço. fonográfica, que representa a fala. Na
No meu entendimento, um jornal
de uma universidade pública deve fazer lismo (ou falta de conhecimento do que série de 22 sonetos, traduzidos para o
exatamente o que faz este JU prioritaria- é a instituição universitária). português, inglês, francês, hebraico e
mente: informar a comunidade interna espanhol, a autora recupera o simbo-
da UFSC e a sociedade catarinense em José Roberto Ferreira criou o Jor- lismo histórico das letras e o usa como
geral sobre o que de mais importante, nal da Unesp em 1985 e foi seu editor inspiração. “Sagração do Alfabeto, não
do ponto de vista jornalístico, ocorre na durante 15 anos. Ex-presidente da hesito em dizer, é um dos projetos
Universidade. O que um funcionário que Associação Brasileira de Jornalismo poéticos mais belos e originais de que
está na Universidade para realizar uma Científico, é diretor da Acadêmica, tenho conhecimento.”, destaca na
atividade-meio qualquer tem a ver com agência de comunicação especializada apresentação do livro Moacyr Scliar,
uma iniciativa relativa a uma atividade- em ciência, tecnologia e inovação. um dos mais conhecidos escritores
brasileiros da atualidade.

Site do Programa de Ações Afirmativas já está no ar

José Antônio de Souza em 2007, mas somente no ano seguinte foi iniciado. de muitos estudantes pobres, especialmente os negros”,
Jornalista na Agecom Na Universidade há uma comissão que acompanha o considera Corina Espíndola.
desenvolvimento do programa, fornecendo subsídios para
Já está em funcionamento o site www.acoes-afir- a instituição avaliar a continuidade. Na opinião de Cori-
Podem participar do Programa de
mativas.ufsc.br do Programa de Ações Afirmativas da na, o desafio é grande porque há alunos que se sentem
UFSC, com informações diversas a respeito do assunto ameaçados, são isolados por colegas de curso e discrimi- Ações Afirmativas os candidatos que:
e dicas de como o público em geral pode se beneficiar nados por professores pelo simples fato de fazerem parte
com a legislação que garante cotas de vagas nas uni- dessa iniciativa “Os demais universitários alegam que os a) Tenham cursado integralmente todas as séries do
versidades brasileiras. beneficiados tiram vaga de outros jovens, enquanto que Ensino Fundamental e Médio em Instituições Públicas
Ações afirmativas são medidas especiais de políti- professores reclamam da diferença de nível dos egressos de Ensino, entendidas como tais aquelas mantidas pelo
cas públicas e/ou ações privadas de cunho temporário das escolas públicas”, explica a assistente social. poder público (Federal, Estadual e Municipal);
ou não. Elas pressupõem uma reparação histórica de Segundo Corina, há solução para isso através dos b) Tenham traços fenotípicos que os caracterizam
desigualdades e desvantagens acumuladas e vivencia- programas de monitoramento feitos por alunos de fases na sociedade como pertencentes ao grupo racial negro.
das por um grupo racial ou étnico de forma que essas mais avançadas nos cursos. Atualmente mais de duas Não se enquadram nessa situação os candidatos que não
medidas aumentam e facilitam o acesso desses grupos, centenas de acadêmicos amparados pelas cotas estudam tenham traços fenotípicos que os identificam com o grupo
garantindo a igualdade de oportunidade. em diversos cursos nas áreas de saúde, tecnologia e racial negro, ainda que tenha algum ascendente negro.
Segundo a assistente social Corina Martins Espíndola, ciências humanas. Terão prioridade na classificação os candidatos negros que
o site apresenta informações ao público em geral, traz A maior dificuldade do programa, na realidade, está no tenham cursado integralmente todas as séries do Ensino
orientações a respeito da legislação vigente, mostra links constante aumento da média de aprovação no vestibular Fundamental e Médio em Instituições Públicas de Ensino,
com outros sites relacionados e tem uma página com arti- que a Comissão Permanente do Vestibular (Coperve) vem isto é, as escolas municipais, estaduais ou federais;
gos. Na UFSC, o Programa de Ações Afirmativas foi criado promovendo. “Isso coloca a UFSC mais distante do sonho c) Que pertençam a povos indígenas.

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Os jardins de Os jardins
brasileiros,
antes de Burle

Burle Marx
Marx, obedeciam
ao modelo
europeu, onde
predominavam
azaleias,
camélias,
magnólias e
nogueiras; a
foto marca a
visita do artista
à Universidade,
em 1970,
época em que
também o hoje
Precursor do modernismo brasileiro, Burle Marx conhecido Aterro
criou mais de dois mil jardins pelo mundo. Em da Baía Sul, em
2009, o arquiteto e paisagista completaria cem Florianópolis, se
anos. A UFSC faz parte de seu currículo chamava Parque
Metropolitano
e tinha o seu
desenho

Tifany Ródio brasileiras nativas em suas composições. lão, estacionamentos. Hoje, o Aterro Marx pode ser visto em outros lugares
Bolsista de Jornalismo na Agecom O começo foi difícil: a elite conservadora Baía Sul, no centro da cidade, é lugar de Santa Catarina, como na Indústria
da época estranhou o estilo abstrato e tro- de tudo, menos de uma área verde. Hering, em Blumenau; no Hotel Balne-
Setembro foi embora e deixou para pical de Burle Marx. Os jardins brasileiros Nos anos 70, chamado de Parque Me- ário de Laguna, em Laguna; e no Jardim
nós a estação mais florida do ano: a obedeciam ao modelo europeu: predo- tropolitano Dias Velho, o local tinha o Luxemburgo, em Joinville.
primavera traz de volta o colorido e o minavam azaléias, camélias, magnólias e desenho de Burle Marx. Projetado para Sua arte se espalhou pelo Brasil. São
perfume dos jardins. Nada mais inspi- nogueiras. “Foi Burle Marx quem valorizou ser um lugar de lazer e esporte, recebeu dele os murais e vegetação do Aeroporto
rador para lembrar o ano do centenário as plantas tropicais. Antes dele, os brasi- árvores, pavimentação e quadras de do Galeão, do aeroporto Santos Dumont,
de Roberto Burle Marx, celebrado com leiros preferiam rosas e cravos às bromé- esportes. os jardins suspensos do Outeiro da Gló-
palestras, exposições e homenagens. lias e outras espécies nacionais”, conta o Em 1996, a Prefeitura Municipal de ria, a orla do Leme e a Lagoa Rodrigo de
No dia 4 de agosto deste ano, o maior arquiteto e amigo Haruyoshi Ono. Florianópolis, junto a outros órgãos, lan- Freitas, no Rio de Janeiro.
arquiteto paisagista do século XX com- Entre mais de dois mil jardins espa- çou o Concurso Nacional de Ideias para Em outros estados há o Parque
pletaria cem anos. lhados por todo mundo, o paisagismo da a Revitalização do Parque Metropolitano Anhembi, em São Paulo; o Palácio do
Burle Marx ajudou a desenhar com UFSC também é parte de seu currículo. Dias Velho, convocando arquitetos a da- Itamaraty em Brasília, DF. Do trabalho
plantas, lagos, cores e formas, diversos O gênio dos jardins criou o projeto em rem sugestões para a região. A equipe conjunto com Oscar Niemeyer e Lúcio
cartões postais do País, como o Parque 1969 – sete anos depois da instalação vencedora, coordenada pelo arquiteto Costa, seus parceiros profissionais,
Ibirapuera, em SP, o Complexo da Pam- oficial da Universidade no Campus. André Schmidtt, propôs devolver o mar nascem os famosos jardins de Brasília
pulha, em MG, e o Aterro do Flamengo Essa é apenas mais uma obra do a sua posição original: retirar uma parte e muitos outros projetos.
e o calçadão de Copacabana, no RJ. premiado Burle Marx atingida pelo do aterro para criação de um canal que Há também os jardins da Unesco e
Artista de múltiplas artes, também é descaso. As políticas de preservação desembocaria em um lago no centro do prédio do Centro Georges Pompidou,
reconhecido como grande desenhista, desse tipo de patrimônio histórico ainda da cidade, unindo mercado público e em Paris; o Biscayne Boulevard, em
pintor, tapeceiro, escultor, pesquisador são insuficientes em todo o País. Na praça XV. Passados os anos, o projeto Miami; Jardim Memorial na Praça Rosa
e designer de jóias. Capital de Santa Catarina, outra área não foi implantado e o jardim de Burle de Luxemburgo, em Berlim; Jardim das
Precursor do modernismo brasilei- verde não foi conservada, essa ainda Marx foi completamente substituído por Nações, em Viena; Parque Del Este, em
ro, seus jardins tinham uma proposta nos anos 90. construções e comércio. Caracas, Venezuela, entre tantos outros
inovadora. Foi pioneiro em usar plantas Terminais urbanos, rodoviária, saco- Além da UFSC, o talento de Burle espalhados por mais de vinte países.

As cores do Campus
Os jardins da UFSC ganham rar os canteiros e muita coisa
forma e são mantidos, atual- deve sair”. O professor, que
mente, pelas mãos de nove pro- tem estudos sobre Burle Marx,
fissionais. As principais espécies diz também que nossas áreas
são Petúnias, Lírios amarelos, verdes estão reduzidas, apesar
Turneras e Lantanas, adubadas de haver projeto para as regiões
duas vezes por ano. próximas aos ginásios e acima
Lembrando de 32 anos atrás, do Restaurante Universitário.
tempo em que já era servidora Nos 15 anos em que traba-
da Universidade, Celita Maria lhou como jardineiro na Univer-
Fortkamp diz que os espaços flo- sidade, o servidor Jorge Fernan-
ridos e gramados bem cuidados des viu os jardins da UFSC se-
hoje estão abandonados. Outro rem reproduzidos em capas de
que defende que nossos jardins agendas e visitados por famílias
já foram melhores é César Flo- que faziam verdadeiros books
riano, professor do departamen- fotográficos de suas crianças.
to de Arquitetura. Segundo ele, Hoje observa que na primavera
a vegetação original foi sendo o campus não está florido. Sem
substituída com o tempo e o de- ver a mesma beleza e colorido
senho está desfigurado. “Foram de antes, Jorginho diz que falta
introduzidas esculturas e plantas atenção e cuidado, e alerta que
que não estavam previstas no a comunidade universitária deve
Nove profissionais cuidam hoje dos jardins da UFSC; dentre as espécies projeto inicial. Devemos restau- cobrar dos responsáveis.
encontradas estão petúnias, lírios amarelos, turneras e lantanas

UFSC - Jornal Universitário - Nº 407 - Dezembro de 2009 - PÁG 16

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