DOURADOS – MS
2021
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Dinâmicas territoriais na fronteira de Mato Grosso do Sul/ Brasil e
Paraguai: a produção da commodity soja para exportação e suas
consequências socioambientais
BANCA EXAMINADORA
Presidente
Prof. Dr. Charlei Aparecido da Silva
_____________________________________________________________________
1º Examinador
Prof. Dr. François Laurent
_____________________________________________________________________
2º Examinador
Prof. Dr. Adriano Severo Figueiró
_____________________________________________________________________
3º Examinador
Profª. Drª. Lisandra Pereira Lamoso
_____________________________________________________________________
4º Examinador
Profª. Drª. Ana Carolina Torelli Marquezini Faccin
_____________________________________________________________________
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Dedico esta tese aos meus pais, pelo amor e pelo
esforço imensurável despendido para que eu pudesse
chegar aqui.
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AGRADECIMENTOS
É uma tarefa árdua nomear todos aqueles que contribuíram nessa minha jornada, no
entanto, é necessário ressaltar a importância dessas pessoas em minha vida e
consequentemente na construção dessa tese, que quase sempre foi um caminho solitário,
porém, sem o apoio imprescindível dessas pessoas não seria possível.
Agradeço aos meus pais, Carmen e Gilmar, que me deram todo o apoio e suporte durante
toda minha caminhada, não poupando esforços para que eu alcançasse todos meus
objetivos. Obrigada pelo amor incondicional. Me faltam palavras para expressar meu
amor e gratidão a vocês.
Agradeço meu esposo Fábio, por seu persistente e incansável apoio em todas as
circunstâncias. Obrigada por seu amor, paciência e compreensão. Meu parceiro na vida
pessoal e acadêmica. Aos nossos três filhotes caninos também, Thor, Luna e Puppy que
compartilham momentos felizes em nossas vidas.
Aos meus irmãos, Cristiane (minha Tata) e Marcelo por serem meus exemplos de vida e
me ensinarem que a educação é capaz de mudar nossas vidas. Aos meus cunhados
Raphael e Paula por todo apoio. Aos meus sobrinhos, Rafinha e Ana Júlia, vocês me
fazem uma pessoa melhor.
Ao meu orientador, Prof. Charlei, que aceitou me orientar lá no Mestrado sem mesmo me
conhecer e me acompanha desde então. Obrigada por me aconselhar e despertar em mim
o gosto ávido pela pesquisa, por me instigar a buscar voos mais altos. Obrigada por sua
orientação, oferecendo-me liberdade para escolher os caminhos, ao mesmo tempo que
não se eximia de seu papel de cobrar-me coerência. Obrigada por sua amizade.
Igualmente agradeço a Giu, sua esposa, por me receber em sua casa incontáveis vezes
para orientações e reuniões de trabalho.
Aos meus amigos e colegas do Laboratório de Geografia Física, o LGF: Patricia Martins,
Natalia, Bruno, Carlos, Maisa, Vladimir, Lorrane, Andressa, Bruna, Rafael, Prof. Boin e
Prof. André. Obrigada pela convivência, pelos momentos de reflexão sobre a minha
pesquisa e pelos momentos de descontração. À Patricia Martins agradeço pelo incentivo
e pelo apoio tão gentilmente prestado todas as vezes em que precisei, pelo cuidado no
envio constante de materiais para minha pesquisa e pelo carinho. A Karoline Batista pelas
trocas de informações e contatos sobre o Paraguai.
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Quero agradecer também aos meus queridos avós, Avelino, Nair e Ruth (in memoriam),
as recordações de minha infância feliz no sítio ao lado de uma família grande me fizeram
uma pessoa melhor, não tenho dúvidas.
A toda minha grande família, que me enche de carinho nos momentos em que estamos
juntos. Em especial agradeço a tia Fátima, que sempre me acompanhou, que torceu e se
alegrou com cada uma das minhas conquistas, sempre me incentivou a persistir na vida,
assim como sua família Léo, Júlia e Caio, meus agradecimentos.
Agradeço a família que eu escolhi, dona Edna, minha sogra e seu Orlando, meu sogro que
sempre me receberam com muito carinho. A Fernanda, Débora, Fernando e Priscila,
obrigada pelo apoio e cuidado. Aos meus enteados Miguel e Vicente pelos momentos de
felicidade em família. Aos sobrinhos Luiz, Julinho e Lucas, obrigada.
Aos meus incríveis amigos, que me proporcionam momentos de muita alegria: Kelly,
Aline, Amanda, Hilário, Jéssica, Dhione, Josiane, Josimar, Marileth. Vocês tornam minha
alma mais leve. Agradeço, em especial minha amiga de infância Kelly e minha amiga de
vários anos Jéssica, por me resgatarem nos momentos de angústia e seguirem de perto
meu caminho de doutoramento, mesmo fisicamente distante.
Aos integrantes de minha banca de defesa de qualificação: Profª. Carol Torelli, Prof.
François Laurent pelos importantes apontamentos e Profª. Lisandra Lamoso, que mesmo
não podendo estar presente não deixou de fazer importantes contribuições para os debates
dessa tese.
Aos integrantes da banca de defesa pela participação acerca dessa proposta e por
contribuírem ao longo do processo de construção dessa tese.
A Capes por me conceder uma bolsa de estudo durante 24 meses, auxílio fundamental
para a pesquisa.
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A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou
- eu não aceito.
Trecho do poema Retrato Do Artista Quando Coisa de Manoel de Barros
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Dinâmicas territoriais na fronteira de Mato Grosso do Sul/ Brasil e
Paraguai: a produção da commodity soja para exportação e suas
consequências socioambientais
RESUMO
A dinâmica na fronteira Brasil/Mato Grosso do Sul e Paraguai é marcada, por um lado,
pela fluidez e porosidade das relações comerciais e interações entre as localidades, e de
outro, pela rigidez e dureza, demonstrada, por exemplo, na apropriação da terra e
produção de commodities. A ocupação desta fronteira não é exclusivamente territorial, é
sucessivamente temporal, depende dos atores, públicos e privados, que a constroem,
elaboram e dão condições para existência das dinâmicas que nela se estabelecem. Nesse
contexto o modelo agroexportador, incorporado no território, cumpre papel-chave na
formação de regiões marcadas por atividades econômicas específicas e dinamizadas pelos
setores ligados a elas. Nessa abordagem, o território constituiu-se em uma lente analítica
capaz de transpor para o primeiro plano a dinâmica estabelecida entre esses diversos
atores sociais e suas relações de poder por meio de diferentes escalas espaciais. Para
demonstrar essa dinâmica foi realizada uma revisão bibliográfica meticulosa, trabalhos
de campo e adotados procedimentos técnicos e operacionais a fim de espacializar e
compreender a articulação do modelo agroexportador da soja e as consequências
socioambientais para áreas protegidas da área de estudo. Observou-se que a expansão
espacial do cultivo de soja atrai capital para a mudança de uso da terra, intensificando a
pressão sobre as áreas protegidas e fragmentos naturais, sobretudo em áreas fronteiriças
onde a prática de se desviar das leis ambientais brasileiras para produzir do outro lado da
linha internacional acaba acontecendo, inclusive com a conivência e incentivo da classe
dominante paraguaia. Na região sudoeste de Mato Grosso do Sul e Região Oriental do
Paraguai, as unidades de conservação (UC), terras indígenas (TI), áreas silvestres
protegidas (ASP) e as comunidades indígenas mantiveram-se como ilhas cercadas por
cultivos mecanizados. À margem da dinâmica do modelo agroexportador, a coexistência
de comunidades tradicionais e produtores familiares ficam restritos a pequenas
superfícies de terra – que geralmente vêm acompanhadas de problemas de degradação
ambiental – e esbarram nas limitações para diversificação e incorporação tecnológica,
condição que permitiria subsidiar uma estrutura agrícola mais diversificada de maior
escala. Ao final, os produtos gerados e as análises espaciais empreendidas nesse estudo
podem apoiar o desenvolvimento de estratégias para conservação das áreas protegidas,
aliadas a produção de renda a partir do conhecimento que as populações indígenas ainda
detêm, por exemplo. A associação desses objetivos tende a garantir múltiplos benefícios
às populações tradicionais, minimizar os riscos de degradação das áreas protegidas e
ainda assegurar a função dos serviços ecossistêmicos (fornecimento de água, regulação
do clima) que as atividades agrícolas também são dependentes.
Palavras-chave: Fronteira; Modelo Agroexportador; Soja; Unidades de Conservação;
Terras Indígenas
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Territorial dynamics on the border of Mato Grosso do Sul/Brazil and
Paraguay: the production of the soy commodity for exportation and its
socio-environmental consequences
ABSTRACT
The dynamics in the Brazil/Mato Grosso do Sul to Paraguay border are marked by the
fluidity and porosity of trade relations and interactions between the locations, rigidity and
hardness demonstrated. Inland appropriation and commodity production, for example,
have an impact on territorial dynamics. The occupation of this boundary is not exclusively
territorial but successively temporal as it depends on the actors, public and private who
build, elaborate, and provide conditions for the existence of the dynamics that are
established in it. In this context, the agro-export model incorporated in the territory plays
a role in the formation of regions marked by specific economic activities and dynamized
by the sectors linked to them. In this approach, the territory constituted an analytical lens
capable of transposing to the foreground the dynamics settled between these different
social actors and their power relations through different spatial scales. To demonstrate
this dynamic, a meticulous bibliographical review was carried out, fieldwork and
technical and operational procedures were adopted to spatialize and understand the
articulation of the soybean agro-export model and the socio-environmental consequences
for protected areas in the study zone. It was observed that the spatial expansion of soy
cultivation attracts capital for land-use change aggravates pressure on protected areas and
natural fragments, especially in border areas which include the connivance and
encouragement of the Paraguayan ruling class. In the southwestern region of Mato Grosso
do Sul and the Eastern Region of Paraguay, conservation units (UC), indigenous lands
(TI), wild protected areas (ASP), and indigenous communities remained as islands
surrounded by mechanized cultivation. Outside the dynamics of the agro-export model,
the coexistence of traditional communities and family producers is restricted to small
areas of land. They are usually followed by problems of environmental degradation and
bumps into limitations for diversification and technological incorporation. This condition
would allow subsidizing a structure with more diverse agriculture on a larger scale. In the
end, the products generated, and the spatial analysis undertaken in this study can support
the development of strategies for the conservation of protected areas and the production
of income based on the knowledge that indigenous populations still have. The association
of these objectives tends to guarantee multiple benefits to traditional populations,
minimize the risks of degradation of protected areas, and ensure the function of ecosystem
services (water supply, climate regulation) on which agricultural activities are also
dependent.
Key words: Boundary; Agro-export Model; Soy; Conservation units; Indigenous Lands
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Dinámica territorial en la frontera de Mato Grosso do Sul / Brasil y
Paraguay: la producción de la soja para exportación y sus
consecuencias socioambientales
RESUMEN
La dinámica en la frontera Brasil / Mato Grosso do Sul y Paraguay está marcada, por un
lado, por la fluidez y porosidad de las relaciones comerciales e interacciones entre las
localidades, y por el otro, por la rigidez y dureza, demostrada, por ejemplo, en apropiación
de tierras y producción de mercancías. La ocupación de esta frontera no es
exclusivamente territorial, es sucesivamente temporal, depende de los actores, públicos y
privados, que construyen, elaboran y condicionan la existencia de las dinámicas que en
ella se establecen. En este contexto, el modelo agroexportador, incorporado en el
territorio, juega un papel clave en la formación de regiones marcadas por actividades
económicas específicas y dinamizadas por los sectores vinculados a ellas. En este
enfoque, el territorio constituyó una lente analítica capaz de trasladar al primer plano las
dinámicas que se establecen entre estos diferentes actores sociales y sus relaciones de
poder a través de diferentes escalas espaciales. Para demostrar esta dinámica se realizó
una minuciosa revisión bibliográfica, se adoptaron trabajos de campo y procedimientos
técnicos y operativos con el fin de espacializar y comprender la articulación del modelo
agroexportador de soja y las consecuencias socioambientales para las áreas protegidas del
área de estudio. Se observó que la expansión espacial del cultivo de soja atrae capital para
el cambio de uso de la tierra, intensificando la presión sobre áreas protegidas y fragmentos
naturales, especialmente en áreas fronterizas donde termina la práctica de desviarse de las
leyes ambientales brasileñas para producir del otro lado de la línea internacional. que está
sucediendo, incluso con la connivencia y el estímulo de la clase dominante paraguaya. En
la región suroeste de Mato Grosso do Sul y Región Oriental de Paraguay, las unidades de
conservación (UC), tierras indígenas (TI), áreas silvestres protegidas (ASP) y
comunidades indígenas permanecieron como islas rodeadas de cultivos mecanizados.
Fuera de la dinámica del modelo agroexportador, la convivencia de comunidades
tradicionales y productores familiares se restringe a pequeñas áreas de tierra - que suelen
ir acompañadas de problemas de degradación ambiental - y se topa con limitaciones para
la diversificación e incorporación tecnológica, condición que Permitir subsidiar una
estructura agrícola más diversificada a mayor escala. Al final, los productos generados y
los análisis espaciales realizados en este estudio pueden apoyar el desarrollo de estrategias
para la conservación de áreas protegidas, combinado con la producción de ingresos
basados en el conocimiento que aún poseen las poblaciones indígenas, por ejemplo. La
asociación de estos objetivos tiende a garantizar múltiples beneficios a las poblaciones
tradicionales, minimizar los riesgos de degradación de las áreas protegidas y también
asegurar la función de los servicios ecosistémicos (abastecimiento de agua, regulación
climática) de los que también dependen las actividades agrícolas.
Palabras clave: Frontera; Modelo Agroexportador; Soja; Áreas Silvestres Protegidas;
Tierras Indígenas
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1. Localização da área da pesquisa – fronteira Mato Grosso do Sul e Paraguai. 25
Figura 2. Fluxograma teórico-conceitual e metodológico para construção da tese........ 31
Figura 3. Articulação das discussões do capítulo I frente aos objetivos propostos na tese.
........................................................................................................................................ 34
Figura 4. Sub-regiões e respectivos municípios que compõe a faixa de fronteira no
estado de Mato Grosso do Sul. ....................................................................................... 48
Figura 5. Proposta para dinâmica territorial baseada no modelo agroexportador da soja.
........................................................................................................................................ 51
Figura 6. Principais agentes e atores sociais identificados nos eixos articuladores da tese
........................................................................................................................................ 52
Figura 7. Cadeia produtiva do complexo soja. ............................................................... 54
Figura 8. Regiões de planejamento dos programas desenvolvidos no Mato Grosso do
Sul entre 1970-1990. ...................................................................................................... 58
Figura 9. Síntese do desenvolvimento das políticas públicas que imperaram na
consolidação da formação do território sul-mato-grossense. ......................................... 61
Figura 10. Número de estabelecimentos agropecuários por grupos de área total no Mato
Grosso do Sul – 1980 a 2017. ......................................................................................... 66
Figura 11. Área total dos estabelecimentos agropecuários por grupos de área total no
Mato Grosso do Sul – 1980 a 2017. ............................................................................... 67
Figura 12. Variação nos grupos de área em relação ao número de estabelecimentos e a
área ocupada ................................................................................................................... 69
Figura 13. Proporção do número e da área dos estabelecimentos explorados por
categorias relacionadas a condição do responsável (proprietário, arrendatários,
ocupantes e administrador) no Mato Grosso do Sul 1960-2017. ................................... 70
Figura 14. Distribuição da área plantada e do número de propriedades no Paraguai no
censo de 1991 e 2008. .................................................................................................... 74
Figura 15. Área plantada com soja por nacionalidade do produtor e tamanho da
propriedade registrado no Censo Agropecuário de 2008. .............................................. 75
Figura 16. Participação dos produtores brasileiros em relação ao número total de títulos
de terras........................................................................................................................... 76
Figura 17. Distribuição das diferentes formas de utilização das terras nos
estabelecimentos rurais de Mato Grosso do Sul - 1980 a 2017. ..................................... 78
Figura 18. Área plantada com as principais culturas no Mato Grosso do Sul de 1980 a
2017. ............................................................................................................................... 79
Figura 19. Rendimento médio das principais culturas do Mato Grosso do Sul de 1980 a
2017. ............................................................................................................................... 81
Figura 20. Quantidade produzida das principais culturas do Mato Grosso do Sul de 1980
a 2017. ............................................................................................................................ 82
Figura 21. Percentual do total geral da área plantada por cultura no Mato Grosso do Sul
– 1980 a 2017. ................................................................................................................ 83
Figura 22. Distribuição das classes de uso e ocupação das terras no Paraguai .............. 85
Figura 23. Principais países produtores de soja na safra 2016/17 .................................. 86
Figura 24. Principais países exportadores de soja na safra 2017/18 .............................. 87
Figura 25. Evolução temporal da área plantada e quantidade produzida de soja no
Brasil............................................................................................................................... 88
Figura 26. Área plantada e quantidade produzida de soja nas regiões do Brasil na safra
2016/2017. ...................................................................................................................... 89
Figura 27. Evolução temporal da área plantada e quantidade produzida de soja no
Paraguai .......................................................................................................................... 90
12
Figura 28. Área plantada da soja na Região Oriental do Paraguai na safra 2014/2015. 92
Figura 29. Evolução da área plantada com soja no Paraguai - 2000 a 2014. ................. 93
Figura 30. Número de máquinas, tratores ou equipamentos agrícolas em propriedades
no Mato Grosso do Sul – 1975 a 2017. .......................................................................... 94
Figura 31. Perfil de comercialização de soja do Mato Grosso do Sul. ........................... 98
Figura 32. Os dez principais destinos de exportação de soja do Mato Grosso do Sul. .. 99
Figura 33. Perfil da produção de soja no Mato Grosso do Sul. .................................... 100
Figura 34. Perfil de comercialização de soja do Paraguai. ........................................... 102
Figura 35. Os dez principais destinos de exportação de soja do Paraguai na safra 2017.
...................................................................................................................................... 104
Figura 36. Perfil da produção de soja no Paraguai. ...................................................... 105
Figura 37. Slogan da Syngenta sobre a expansão vertiginosa da soja .......................... 106
Figura 38. Evolução temporal da área plantada de soja no Mato Grosso do Sul e
Paraguai. ....................................................................................................................... 111
Figura 39. Evolução temporal da quantidade produzida de soja no Mato Grosso do Sul e
Paraguai. ....................................................................................................................... 112
Figura 40. Evolução temporal do rendimento médio da soja no Mato Grosso do Sul e
Paraguai. ....................................................................................................................... 113
Figura 41. Diagrama de espalhamento do Índice de Moran global para o atributo de área
plantada no Mato Grosso do Sul para os anos de 1990 (a) e para o ano de 2018 (b). .. 116
Figura 42. Diagrama de espalhamento do Índice de Moran global para o atributo de área
plantada no Paraguai para os anos de 1990 (a) e para o ano de 2018 (b). .................... 116
Figura 43. Índice LISA e identificação dos clusters espaciais locais para o estado de
Mato Grosso do Sul. ..................................................................................................... 119
Figura 44. Índice LISA e identificação dos clusters espaciais locais para o Paraguai. 120
Figura 45. Dinâmica da produção de soja, territórios consolidados, de expansão e de
retração ......................................................................................................................... 123
Figura 46. Evolução da área plantada e produção de soja da safra 2013/14 a 2018/19.
...................................................................................................................................... 124
Figura 47. Valores de área, produção e rendimento médio para os municípios produtores
de soja na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul. ................................................... 125
Figura 48. Comparativo de área, produção e rendimento médio para os departamentos
produtores de soja localizados na região Oriental do Paraguai. ................................... 126
Figura 49. Zonas de cultivo da soja no Paraguai .......................................................... 126
Figura 50. Superfície cultivada por produtores do agronegócio e da agricultura familiar
no período de 1991 a 2018. .......................................................................................... 127
Figura 51. Ocupação territorial dos principais cultivos e tamanho da área cultivada em
cada departamento do Paraguai. ................................................................................... 129
Figura 52. Biomas (ecorregiões) que compõem o território de Mato Grosso do Sul e
Paraguai. ....................................................................................................................... 135
Figura 53. Classificação dos tipos de solo encontrados no Mato Grosso do Sul. ........ 139
Figura 54. Classificação da cobertura vegetal do Mato Grosso do Sul. ....................... 142
Figura 55. Principais domínios de solos do Paraguai. .................................................. 146
Figura 56. Formações florestais naturais encontradas no território paraguaio ............. 149
Figura 57. Zoneamento das principais atividades produtivas no Mato Grosso do Sul e
Paraguai. ....................................................................................................................... 151
Figura 58. Áreas desmatadas por ano no Cerrado brasileiro ....................................... 156
Figura 59. Percentuais de desmatamento nas categorias fundiárias por estado em 2018.
...................................................................................................................................... 158
Figura 60. Área desmatada do bioma Cerrado no Mato Grosso do Sul de 2002 a 2018
13
...................................................................................................................................... 162
Figura 61. Uso e cobertura das terras no bioma Cerrado em Mato Grosso do Sul para o
ano de 2013................................................................................................................... 164
Figura 62. Cobertura vegetal no Paraguai para o ano de 2015 ..................................... 166
Figura 63. Perda da cobertura vegetal arbórea do Paraguai na série de 2001 a 2017. . 166
Figura 64. Principais motivos de conversão da cobertura vegetal arbórea do Paraguai na
série de 2001 a 2015 ..................................................................................................... 168
Figura 65. Panorama da distribuição das áreas protegidas (UC's + TI's) por bioma. ... 184
Figura 66. Uso e ocupação das terras no Brasil. ........................................................... 185
Figura 67. Recortes de notícias..................................................................................... 188
Figura 68. Número de ecossistemas identificados para cada ecorregião do Paraguai. 191
Figura 69. Percentual da superfície ocupada por grupos de UC's e por esfera
governamental de gestão no Mato Grosso do Sul ........................................................ 199
Figura 70. Situação das terras indígenas no âmbito da FUNAI ................................... 203
Figura 71. Áreas protegidas na faixa de fronteira Brasil/ Mato Grosso do Sul e Paraguai
...................................................................................................................................... 205
Figura 72. Conflitos por terra no Mato Grosso do Sul entre 1985 e 2018 ................... 206
Figura 73. Índices de casos e áreas de conflito no Mato Grosso do Sul para os cenários
de 1997 e 2017 para a área de fronteira ........................................................................ 207
Figura 74. Recorte de matéria de jornais sobre os conflitos na fronteira ..................... 209
Figura 75. Compatibilização da legenda da fonte de dados ......................................... 214
Figura 76. Distribuição dos quadrantes abrangendo as UCs e ASPs na faixa de fronteira
...................................................................................................................................... 216
Figura 77. Aspectos marcantes da fronteira sudoeste do Mato Grosso do Sul ............ 218
Figura 78. Paisagens e áreas preservadas na faixa de fronteira de Antônio João e Bela
Vista (MS) com o Paraguai. ......................................................................................... 219
Figura 79. Áreas protegidas (UCs e TIs) do Quadrante 1 ............................................ 220
Figura 80. Produção agrícola e pecuária na faixa de fronteira sudoeste do Mato Grosso
do Sul, nos municípios de Antônio João e Bela Vista (MS). ....................................... 222
Figura 81. Distribuição da área ocupada por tipos de uso e ocupação nas UCs e Tis.. 224
Figura 82. Distribuição da área ocupada por tipos de uso e ocupação nas ASPs......... 225
Figura 83. Uso e ocupação no Quadrante I - fronteira sudoeste................................... 226
Figura 84. O “Pantanal do rio Paraná” e os remanescentes conservados. .................... 227
Figura 85. Mosaico das principais atividades econômicas desenvolvidas na área de
estudo. ........................................................................................................................... 228
Figura 86. Áreas protegidas do Mato Grosso do Sul (UCs e TIs) e Paraguai (ASPs) do
Quadrante II - fronteira sudeste .................................................................................... 230
Figura 87. Uso e ocupação nas áreas protegidas do Quadrante 2................................. 232
Figura 88. Uso e ocupação no Quadrante II - fronteira sudeste ................................... 234
Figura 89. Agroindústrias de armazenando e processamento de grãos ........................ 235
Figura 90. Na paisagem mono o marco inexiste, se apequena, a condição
transfronteiriça prevalece ............................................................................................. 236
Figura 91. Áreas protegidas do Mato Grosso do Sul (UCs e TIs) do Quadrante III –
fronteira cone-sul .......................................................................................................... 238
Figura 92. Uso e ocupação nas áreas protegidas do Quadrante III............................... 239
Figura 93. Uso e ocupação no Quadrante III - fronteira cone-sul ................................ 240
Figura 94. Consequências do desmatamento na bacia do rio Iguatemi ........................ 242
Figura 95. Processos de degradação ambiental identificados na bacia do rio Iguatemi 243
Figura 96. "Fronteira" da resistência ambiental e do monopólio do modelo
agroexportador .............................................................................................................. 244
14
Figura 97. Distribuição das UCS, TIs e ASPs no Quadrante IV - fronteira extremo sul
...................................................................................................................................... 245
Figura 98. Resistência e resiliência das comunidades indígenas no extremo sul do Mato
Grosso do Sul ............................................................................................................... 247
Figura 99. Áreas protegidas o Quadrante IV ................................................................ 248
Figura 100. Terra indígena Pirajuí localizada na área de fronteira seca Brasil e Paraguai
...................................................................................................................................... 249
Figura 101. Uso e ocupação no Quadrante IV - fronteira extremo sul ......................... 251
Figura 102. Distribuição do ICMS aos municípios de Mato Grosso do Sul ................ 253
15
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Número e área de estabelecimentos agropecuários por grupos de área total,
Mato Grosso do Sul - 1970 a 2017. ................................................................................ 69
Tabela 2. Distribuição da superfície agrícola cultivada por grupo de área no Paraguai -
1991 e 2008 .................................................................................................................... 73
Tabela 3. Área plantada com as principais lavouras, segundo os Censos Agropecuários -
Mato Grosso do Sul 1980-2017. ..................................................................................... 79
Tabela 4. Rendimento médio em kg/ha das principais lavouras, segundo os Censos
Agropecuários - Mato Grosso do Sul 1980-2017. .......................................................... 81
Tabela 5. Quantidade produzida em toneladas das principais lavouras, segundo os
Censos Agropecuários - Mato Grosso do Sul 1980-2017. ............................................. 82
Tabela 6. Superfície dos tipos de uso e ocupação das terras no Paraguai para 2015 ..... 84
Tabela 7. Consumo mundial de soja na safra 2017/18. .................................................. 87
Tabela 8. Os dez maiores estados produtores de soja no Brasil - safra 16/17. ............... 90
Tabela 9. Principais empresas comercializadoras do complexo soja no Mato Grosso do
Sul. .................................................................................................................................. 95
Tabela 10. Principais empresas comercializadoras do complexo soja no Paraguai. ...... 95
Tabela 11. Principais destinos de comercialização da produção de soja no estado de
Mato Grosso do Sul. ....................................................................................................... 96
Tabela 12. Principais destinos de comercialização da produção de soja no Paraguai. ... 97
Tabela 13. Superfície cultivada por departamento por MGP e AF em 2017. .............. 128
Tabela 14. Classes de solos encontrados no Mato Grosso do Sul ................................ 138
Tabela 15. Tipos de vegetação do Mato Grosso do Sul ............................................... 141
Tabela 16. Classificação por grande ordem dos tipos de solos do Paraguai. ............... 147
Tabela 17. Distribuição da formação vegetal no Paraguai ........................................... 148
Tabela 18. Superfície de unidades de conservação localizadas no bioma Cerrado - Brasil
...................................................................................................................................... 159
Tabela 19. Superfície de terras indígenas localizadas no Cerrado brasileiro. .............. 160
Tabela 20. Número de áreas silvestres protegidas pelo SINASIP agrupadas segundo
categorias ...................................................................................................................... 160
Tabela 21. Superfície de tipos de uso e ocupação das terras no estado de Mato Grosso
do Sul – 1985 a 2017. ................................................................................................... 161
Tabela 22. Superfície dos tipos de uso e cobertura das terras no Mato Grosso do Sul. 165
Tabela 23. Índices de perda de cobertura vegetal nos principais departamentos do
Paraguai. ....................................................................................................................... 167
Tabela 24. Superfície de cobertura vegetal natural suprimidas para outros tipos de usos
...................................................................................................................................... 168
Tabela 25. Áreas protegidas por tipologia no Brasil .................................................... 183
Tabela 26. Superfície de áreas protegidas no território paraguaio ............................... 189
Tabela 27. Áreas Silvestres Protegidas do SINASIP agrupadas por subsistemas ........ 189
Tabela 28. Áreas Silvestres Protegidas pertencentes a cada ecorregião. ...................... 192
Tabela 29. Important Bird Areas (IBAs) no Paraguai e as ASPs coincidentes. ........... 194
Tabela 30. Superfície ocupada e número de áreas protegidas na faixa de fronteira do
Paraguai ........................................................................................................................ 195
Tabela 31. Superfície ocupada e número de unidades de conservação no Mato Grosso
do Sul ............................................................................................................................ 199
Tabela 32. Superfície ocupada e número de unidades de conservação na faixa de
fronteira do Mato Grosso do Sul .................................................................................. 200
Tabela 33. Percentual da área ocupada por categorias de terras indígenas .................. 203
Tabela 34. Distribuição das UCs e ASPs na faixa de fronteira .................................... 215
16
Tabela 35. Áreas protegidas no Mato Grosso do Sul - Quadrante 1, fronteira sudoeste.
...................................................................................................................................... 221
Tabela 36. Áreas protegidas no Paraguai - Quadrante 1, fronteira sudoeste ................ 225
Tabela 37. Áreas protegidas da região sudeste da faixa de fronteira de Mato Grosso do
Sul. ................................................................................................................................ 229
Tabela 38. Áreas protegidas da região cone-sul da faixa de fronteira de Mato Grosso do
Sul. ................................................................................................................................ 237
Tabela 39. Áreas protegidas da região extremo sul da faixa de fronteira de Mato Grosso
do Sul. ........................................................................................................................... 244
17
LISTA DE QUADROS
Quadro 1. Biomas identificados no Mato Grosso do Sul e Paraguai. .......................... 134
Quadro 2. Categorias de Unidades de Conservação estabelecidas pelo SNUC ........... 180
Quadro 3. Áreas Silvestres Protegidas agrupadas segundo categorias ......................... 190
Quadro 4. Áreas protegidas no Paraguai segundo a classificação do SINASIP........... 197
Quadro 5. Áreas protegidas no Mato Grosso do Sul segundo o Sistema Nacional de
Unidades de Conservação (SNUC). ............................................................................. 201
Quadro 6. Superfície das terras indígenas no Mato Grosso do Sul classificadas segundo
situação na FUNAI ....................................................................................................... 204
18
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
19
Parque Natural Municipal
PPA Plano Plurianual
PDFF Programa de Desenvolvimento da Faixa de Fronteira
Plano de Desenvolvimento e Integração da Faixa de Fronteira do Estado
PDIF/MS
de Mato Grosso do Sul
PDR-MS Plano de Desenvolvimento Regional de Mato Grosso do Sul
PNT Plano Nacional do Trigo
PNDR Política Nacional de Desenvolvimento Regional
PNGATI Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas
PPG7 Programa Piloto de Proteção das Florestas Tropicais do Brasil
Projeto Integrado de Proteção às Populações e Terras Indígenas da
PPTAL
Amazônia Legal
Programa Nipo-brasileiro de Cooperação do Desenvolvimento do
Prodecer
Cerrado
Prodegran Programa Especial de Desenvolvimento da Região da Grande Dourados
Prodepan Programa de Desenvolvimento do Pantanal
Prodoeste Programa de Desenvolvimento do Centro-Oeste
Polamazônia Programa de Pólos Agropecuários e Agrominerais da Amazônia
Polocentro Programa de Desenvolvimento dos Cerrados
Programa Integrado de Desenvolvimento do Brasil na Fronteira
Polonoroeste
Noroeste
Programa Especial de Desenvolvimento do Mato Grosso e do Mato
Promat
Grosso
Prosul Programa Especial de Desenvolvimento do Mato Grosso do Sul
RDS Reserva de Desenvolvimento Sustentável
REBIO Reserva Biológica
Redução das Emissões provenientes do Desmatamento e da Degradação
REDD+ Florestal incluindo o papel da conservação, do manejo sustentável e do
aumento de estoques de carbono nas florestas
RESEX Reserva Extrativista
REVIS Refúgio de Vida Silvestre
RL Reserva Legal
RPPN Reserva Particular do Patrimônio Natural
SEAM Secretaría del Ambiente
SEMA Secretaria Especial do Meio Ambiente
SiCAR Sistema de Cadastro Ambiental Rural
SINASIP Sistema Nacional de Áreas Silvestres Protegidas
SISNAM Sistema Nacional Ambiental
SNUC Sistema Nacional de Unidades de Conservação
SPI Serviço de Proteção aos Índios
SUDECO Superintendência do Desenvolvimento Regional do Centro-Oeste
TI Terra indígena
UC Unidade de Conservação
WWF World Wildlife Fund
ZICOSUL Zona de Integração do Centro-Oeste da América do Sul
20
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 23
CAPÍTULO 1. A fronteira e o território: dimensões de análise .............................. 32
1.1. A fronteira Mato Grosso do Sul e Paraguai ..................................................... 35
1.2. Fronteira: multiescalaridades do território ....................................................... 38
1.3. Faixa de fronteira: simetrias e assimetrias entre Mato Grosso do Sul/Brasil e
Paraguai ...................................................................................................................... 41
1.4. Sub-regionalização da faixa de fronteira ......................................................... 46
CAPÍTULO 2. As dinâmicas territoriais, as conexões multiescalares entre o lugar,
a fronteira e o mundo da commodity soja ................................................................... 50
2.1. A cadeia produtiva da commodity soja ............................................................ 53
2.2. Programas e políticas públicas de integração e desenvolvimento ................... 55
2.3. Organização do território frente ao modelo agroexportador de soja ............... 65
2.4. Distribuição espacial do uso e ocupação das terras ......................................... 77
2.4. A expansão do cultivo da soja: do global ao local ........................................... 85
2.5. As redes de comercialização da soja ................................................................ 94
CAPÍTULO 3. Análise espacial da concentração da produção de soja na fronteira
Mato Grosso do Sul e Paraguai ................................................................................. 108
3.1. Análise espacial da produção de soja no Mato Grosso do Sul e Paraguai ..... 109
3.2. Análise das regiões homogêneas (clusters) na fronteira ................................ 114
3.3. A expansão do cultivo na soja nos municípios sul-mato-grossenses e nos
departamentos paraguaios ......................................................................................... 124
CAPÍTULO 4. A interface ambiental da dinâmica territorial na fronteira de Mato
Grosso do Sul e Paraguai ........................................................................................... 130
4.1. Dimensões e fatores ambientais convergentes na fronteira ........................... 131
4.2. Características ambientais do território sul-mato-grossense e paraguaio ...... 137
4.3. Ocupação territorial do Cerrado: commodities e desmatamento ................... 153
4.4. Avalição das taxas de desmatamento na faixa de fronteira ........................... 161
CAPÍTULO 5. Áreas Protegidas: a relação entre conservação da biodiversidade e
formas de gestão ......................................................................................................... 170
5.1. Histórico e formas de gestão das áreas protegidas no Brasil e no Paraguai .. 171
5.2. Gestão de Áreas Protegidas ........................................................................... 178
5.2.1. As Áreas Protegidas como principais instrumentos para preservação
ambiental no Brasil................................................................................................ 178
5.2.3. As Áreas Protegidas frente aos aspectos econômicos, sociais e ambientais
no Brasil 183
21
5.3. As Áreas Protegidas como principais instrumentos para preservação ambiental
no Paraguai ............................................................................................................... 189
5.4. Análise do panorama das áreas protegidas na faixa de fronteira ................... 195
5.4.1. Os conflitos decorrentes dos interesses diversos dos atores sociais ....... 206
CAPÍTULO 6. Análise do uso e ocupação das terras nas áreas protegidas da
fronteira sul-mato-grossense e paraguaia ................................................................ 211
6.1. Áreas Protegidas: segunda aproximação a escala de análise ......................... 212
6.1.1. Fronteira sudoeste – Quadrante I ............................................................... 217
6.1.2. Fronteira sudeste – Quadrante II ................................................................ 227
6.1.3. Fronteira cone-sul - Quadrante III .............................................................. 235
6.2. Faixa da fronteira extremo sul - Quadrante IV .............................................. 241
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 254
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 261
APENDICÊS ............................................................................................................... 278
22
INTRODUÇÃO
23
governamentais de fomento e subsídio. Embora nos últimos anos esse modelo tenha
sofrido algumas alterações, principalmente no que tange as barreiras impostas para o
consumo dos recursos naturais, sua essência se mantém.
O modelo agroexportador incorporado no território, cumpre assim, um papel-
chave nas discussões desta pesquisa, na formação de regiões marcadas por atividades
econômicas específicas e dinamizadas pelos setores ligados a elas. Nesse sentido, o papel
das flex crops (culturas flexíveis) na incorporação desse modelo é evidente, pela
versatilidade para inúmeros usos comerciais (alimentos, ração animal, biocombustíveis)
(BORRAS et al., 2016). A soja, possivelmente pode ser apontada como a matéria-prima
que melhor representa essa categoria de produto agrícola (FACCIN, 2019), capaz de
resistir aos solavancos de curto prazo em função da conjuntura do mercado mundial e
adaptar-se às necessidades impostas (OLIVEIRA, 2003), além de agregar diversos
segmentos importantes em sua cadeia produtiva (SILVEIRA, 2004) que assumem
funções específicas cada vez mais especializadas.
Dessa forma, como apontado por Oliveira (2003), o cultivo da soja, no Mato
Grosso do Sul, se configura como um elemento capaz de transformar e reconfigurar
regiões anteriores a sua chegada a este processo nesta nova dinâmica. As alterações
ocorridas no perfil econômico e na apropriação do território do Mato Grosso do Sul, que
tinha a pecuária como sua atividade mais tradicional (OLIVEIRA, 2003), ao longo das
últimas quatro décadas, em decorrência do avanço do cultivo da soja, foram mais radicais
nas áreas periféricas do estado – evidentemente, referimo-nos àquelas áreas propícias ao
cultivo – avançando, ainda para o território paraguaio, tornando os dois lados da linha
internacional uma região homogênea, como poderá ser observado no Capítulo 6.
Salienta-se que apesar de serem regidos por políticas públicas diferentes, os
territórios sul-mato-grossense e paraguaio, experimentam um intenso processo integração
orientado pelo modelo agroexportador, ligados, sobretudo às assimetrias de políticas
regulatórias que favorecem o efeito de “transbordamento” (VÁZQUEZ, 2011, p. 6).
Diante desse cenário brevemente sintetizado, por ora, na verdade um convite à
reflexão dos principais desdobramentos que culminaram na constituição e consolidação
do modelo agroexportador, buscamos analisar quais as principais determinantes para o
avanço e consolidação desse modelo na faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul (150km)
e Paraguai (50km) (Figura 1) e quais as consequências socioambientais decorrentes de
sua inserção e manutenção.
24
.
25
Com base nas evidências (teórico-conceituais, analíticas, empíricas) sobre a área
de estudo, em dados secundários e em trabalhos de campo realizados, discutidos no corpo
da tese, verificamos alguns aspectos importantes que conduzem a sequência analítica
desta pesquisa e merecem ser antecipadas para compreensão: a) a demanda internacional
por commodities, principalmente por soja, refletiu diretamente na alavancada das
exportações do grão no cenário nacional, condição que favoreceu a expansão da fronteira
agrícola; b) o perfil do estado de Mato Grosso do Sul, pautado na economia tipicamente
tradicional (agricultura/pecuária) e a predominância de áreas pertencentes ao Cerrado,
favoreceu sua inserção gradativa no cenário do comércio internacional através das
exportações de produtos do complexo soja e carne bovina (LAMOSO, 2011); c) o modelo
agroexportador está, concretamente, amparado no processo de ocupação extensiva e
predatória do território, na dilapidação dos recursos naturais e em subsídios
governamentais (MESQUITA, 2016), capitaneado por empresas transnacionais, que
atuam em regiões específicas de produção em diferentes níveis de integração vertical
relacionadas ao complexo soja.
26
Ao pressupor, a partir dessa reflexão, a articulação do modelo produtivo
agroexportador posto e da temática da fronteira, são incorporados em suas entrelinhas
uma oportuna abordagem da interrelação entre apropriação do território e dilapidação dos
recursos naturais. Considerando, ainda, em se tratando de um recorte espacial incluindo
regiões diversificadas e específicas como a faixa de fronteira do Mato Grosso do Sul/
Paraguai, faz-se necessário traçar um perfil descritivo desse território fronteiriço, para
maior esclarecimento de seu processo histórico de ocupação e desdobramentos. Dessa
forma, compreendemos na construção dessa tese, a importância dessa abordagem,
presente nos capítulos 1, 2 e 3 – que compõe o que chamamos de Parte A da tese. Da
mesma forma que a temática ambiental alinhavada nessa pesquisa é pertinente e
irrecusável, compreendida nos capítulos 4, 5 e 6 (Parte B), em que a análise das mudanças
da cobertura vegetal e do uso da terra permitem avaliar as transformações ocorridas no
ambiente natural, a partir de uma perspectiva do modo como o território é apropriado e,
consequentemente, da utilização dos recursos naturais por diferentes agentes sociais.
Esses dois grandes conjuntos de análises deram forma a essa tese.
Nesse campo de forças, como chamado por Raffestin (1993), que é o território, as
fronteiras possuem um papel expressivo na dinâmica dos Estados-Nação, mas,
representam verdadeiros desafios na consolidação da soberania dos Estados. No caso da
fronteira sul-mato-grossense, sua extensão e baixa densidade demográfica contribuem
para falta de controle e fiscalização, sobretudo atualmente, sob o impacto de atores
econômicos e sociais com interesses diversos, como ressalta Becker (2004), que em
grande parte acabam encontrando terreno fértil para atuação ilegal.
27
Na condição de um dos conceitos fundamentais da Geografia, o território
constitui, nessa tese, uma lente analítica capaz de transpor para o primeiro plano a
dinâmica estabelecida entre esses diversos atores sociais e suas relações de poder por
meio de diferentes escalas espaciais. Com base nessas relações ora verticais e hierárquicas
ora horizontas e cumulativas, emerge, a posteriori, o conceito de região.
28
suficientes para garantir a expansão do cultivo da soja na região sem as características
naturais favoráveis em termos de relevo, temperatura, precipitação e exposição solar.
Algumas das limitações naturais foram superadas a partir do desenvolvimento de
cultivares adaptados às condições tropicais e a correção dos solos ácidos do Cerrado pela
Embrapa (SANCHES et al., 2005).
30
31
32
“A zona de fronteira se faz através do processo de interações afetivas,
econômicas, culturais e políticas, tanto espontâneas como promovidas.
Apresenta silêncios que só quem a vive consegue escutar”
(CASTROGIOVANNI, 2010, p. 36).
33
Figura 3. Articulação das discussões do capítulo I frente aos objetivos propostos na tese.
Elaborado pela autora
34
1.1. A fronteira Mato Grosso do Sul e Paraguai
35
formam os territórios, onde há, destarte, controle e gestão e relações de poder (SAQUET,
2015).
36
Do ponto de vista econômico, o desaparecimento das barreiras fronteiriças
favoreceu uma pequena parcela de agricultores, colonos, companhias colonizadoras e
corporações que detinham os meios de produção e comercialização. Para o governo de
Stroesner (1954-1989) a ocupação brasileira na fronteira paraguaia tratava-se de uma
estratégia para o desenvolvimento econômico do Paraguai (BATISTA, 2013a). A
abertura das fronteiras facilitou a colonização das terras, quando o governo modificou o
Estatuto Agrário, em 1963, e permitiu a compra de terras de propriedades no interior do
Paraguai, sem limite de área, por estrangeiros (ALBUQUERQUE, 2010).
Nesse âmbito ainda, não se deve descartar a existência concreta de uma fronteira
indígena, tornada de fato uma barreira para agricultores, grandes corporações e empresas
colonizadoras brasileiras na ocupação do território, que no período subsequente ao
conflito com o Paraguai (1864-1870) solicitavam permissão e apoio ao governo
provincial para “civilizar os índios para o trabalho” alegando o aproveitamento dessa mão
de obra num território extenso quase despovoado (CORRÊA, 2012). Nessa época, as
comunidades indígenas desempenharam papel fundamental na mão-de-obra na pecuária,
na lavoura, na coleta (de erva-mate, borracha etc.) nos transportes fluviais e nos portos, e
cabe frisar que sua exploração pode ser apontada em condições análogas à escravidão.
Durante a segunda metade do século XIX até o século XX esse conjunto de fatores
combinados promoveu as transformações espaciais e econômicas em toda a extensão
dessa fronteira. Não é difícil perceber que a questão da terra está subjacente em todos os
graves problemas socioambientais da fronteira entre Brasil/ Mato Grosso do Sul e
Paraguai, que, saliente-se, ocorreu pela expropriação de terras indígenas e pela luta pela
posse de terra entre novos agricultores e antigos colonos.
37
1.2. Fronteira: multiescalaridades do território
1
Ver (HAESBAERT, 2016); (SAQUET, 2015);
38
Isso posto, para atender a proposta analítica dessa tese, partilhamos das propostas
que associam o conceito de território a um compartimento político-administrativo de
áreas geograficamente demarcadas por fronteiras sobre o qual incide um sistema
normativo (jurídico) sob controle do Estado (RAFFESTIN, 1993); (GOTTMANN, 1975);
(MORAES, 2008); (CASTILLO, 2007), todavia, sublinhando sua perspectiva dinâmica.
39
numa representação do território”, nesse caso o limite pode ser mais flexível ou mais
rígido tendo em vista sua área de extensão ou de ação (RAFFESTIN, 1993, p. 165). Dessa
forma, “o limite cristalizado se torna então ideológico, pois justifica territorialmente as
relações de poder” (ibid., p. 165), frente a isso, os limites ou fronteiras estariam
diretamente vinculadas as relações de poder como um fator que consolida o território.
Condição que está diretamente ligada à construção da dinâmica das fronteiras como um
território de integração, tensão e poder.
2
Os termos “agente” e “ator” são tratados nessa tese como complementares, como apresentado por Freitas
et al., 2013. “O termo agente refere-se a quem exerce a atividade e tem o domínio da ação, ou seja, aquele
que ocupa e usa o território. O termo ator refere-se a quem representa a sua corporeidade ao agente. Daí a
complementaridade.” (FREITAS; STEINBERGER; FERNANDES, 2013, p. 90).
40
Ressalva-se que com base nessas interrelações, emerge outro conceito atrelado a
essa perspectiva do território que é o de região. Aproxima-se aqui a ideia de constelação
de conceitos, trazida por Haesbaert (2014) em que os conceitos-chave da Geografia
mantém conexão e alimentam interdependências entre si e, nesse viés o conceito de região
tangencia o conceito de território, pois trata da “homogeneidade dos elementos humanos
e/ou naturais em um subespaço” (HAESBAERT, 2014, p. 47). Nessa tese, esses
conceitos ganham posição de centralidade à medida que as discussões avançam.
Isso posto, a dinâmica territorial é entendida como fruto das articulações verticais
(especialização produtiva) e horizontais (atuação do mercado internacional), das ações
dominação (escala global) e apropriação (escala local – agentes e atores) mediados pelas
ações de controle do Estado3. Com base nessa discussão, propomo-nos discutir o território
sob o viés de uma dimensão analítica, designada organização do território, onde a região
se faz presente. No amplo sentido, referem-se às condições políticas, econômicas, sociais
e ambientais atuando em um recorte espacial (político) geográfico, o território. Podendo
ser traduzidas como o expressivo papel do Estado no delineamento do território, as
condições da escala global que aquecem o mercado internacional e condicionam os usos
dos recursos ambientais e das formas de ocupação do território. Essas questões serão
tratadas mais detalhadamente no Capítulo 2.
3
Pode-se aqui resgatar o trabalho de MACHADO et al., (2005, p. 91) que entendem que o território é
produto de processos concomitantes de “controle (jurídico/político/administrativo), dominação
(econômico-social) e apropriação (cultural-simbólica)”.
41
Unidades de Federação e 588 municípios, que contemplam 27% do território nacional
(BRASIL, 2009).
O Paraguai possui uma extensão de 406.752 km2 e faz fronteira com o Brasil, a
Argentina e a Bolívia. O rio Paraguai divide o país em duas regiões naturais, a região
Oriental e a região Ocidental ou Chaco. O território político-administrativo está divido
em 17 departamentos4 dos quais 14 se encontram na região Oriental (Concepción, San
Pedro, Cordillera, Guairá, Caaguazú, Caazapá, Itapúa, Misiones, Paraguarí, Alto
Paraná, Central, Ñeembucú, Amambay, Canindeyú) e os demais na região Ocidental
(Presidente Hayes, Boquerón y Alto Paraguay) (PARAGUAY, 2014).
4
O Paraguai não é um país federalizado, portanto a divisão política são os departamentos que são
subdivididos em distritos e localidades (PARAGUAY, 2014)
42
região Ocidental ou Chaco, que compõe parte do Gran Chaco Sul-americano é uma área
marginalizada pelo Estado (VÁZQUEZ, 2005). Desde 1992 são reconhecidas duas
línguas oficiais no país, o espanhol e o guarani, devido as regiões de onde imigraram
grande parte da sua população. Os estrangeiros somam 3,4% da população, sendo que do
total 47,1% são brasileiros e 36,5% são argentinos. O português é o idioma estrangeiro
mais falado, compreendendo 326.496 pessoas (PARAGUAY, 2014).
O Paraguai, que tinha uma estrutura social baseada no acesso de todos à terra,
com as “estâncias da pátria” criadas por Francia, estimuladas por Carlos
Antonio e em pleno desenvolvimento no período de Francisco Solano López,
terá toda essa organização destruída criminosamente nos cinco anos de
ocupação dos aliados. [...] Na destruição do Paraguai, matou-se no nascedouro
a grande esperança de liberação econômica da América do Sul. Consolidou-se
o domínio estrangeiro do capital espoliador (CHIAVENATTO, 1979, p. 164).
43
Ao final do conflito, logo após a derrota dos paraguaios na guerra, o tratado de
paz e de limites Loizaga-Cotegipe estabelecido em 1872, definiu os limites e as fronteiras
naturais entre os países envolvidos. De acordo com Chiavenatto (1979) o Paraguai perdeu
14 milhões de hectares de seu território, dos quais 6,3 milhões de hectares entre os rios
Apa e Blanco foram incorporados ao estado do Mato Grosso do Sul e a Argentina ficou
com a porção do Chaco Austral.
44
Ocorreram, então, dois movimentos colonizadores, supostamente
complementares, na fronteira Mato Grosso do Sul e Paraguai: um no Brasil, em direção
ao oeste e outro no território paraguaio em direção ao leste. No Brasil, a Marcha para o
Oeste, iniciada a partir da década de 1940, ficou conhecida por impulsionar a expansão
da fronteira agrícola. Quase paralelamente, a Marcha al Este, promovida no final da
década de 1950, tinha como objetivo deslocar os camponeses que estavam assentados na
área mais central e populosa do Paraguai para a região Oriental do país, para esse
propósito o governo criou o Instituto de Bienestar Rural (IBR) – atualmente Instituto
Nacional de Desarrollo Rural y de la Tierra (Indert).
Para Vázquez (2005) a Marcha al Este, mais tarde, se mostrou como uma
política brasileira da “Marcha para o Oeste” desse país para a região Oriental, sendo que
as culturas comerciais de algodão seguidamente da soja, foram os elementos chave neste
processo de expansão. Riquelme (2005) corrobora ao apontar que o fenômeno da Marcha
para o Oeste continuou em movimento – além da linha internacional –, desmatando
florestas ou convertendo campos de pastagens de gado em plantações de soja, obtendo
divisas, mas a um alto custo social para a população e comunidades paraguaias. Os efeitos
no Paraguai chegaram a uma situação alarmante de desmatamento, segundo a
Organización Guyra Paraguay, a devastação da Região Oriental, na década de 1990 foi
de 1,3 milhões de hectares.
Dessa forma, constata-se como essa região é caracterizada por grande flutuação,
influenciada por intervenções dos Estados nacionais e marcada pelos conflitos da posse
de terra, que ao longo do tempo foram adquirindo diferentes contornos.
45
1.4. Sub-regionalização da faixa de fronteira
46
A nova premissa do PDFF colocada pelo governo federal ressaltava a
reformulação do plano e a profunda mudança de valores, de estratégias e de formas de
atuação, a partir de uma nova diretriz de integração e desenvolvimento sustentável. Nesse
contexto, a reestruturação teria como prioridade o desenvolvimento regional e a
integração com os países da América do Sul. Nessa nova base política, o PDFF teve por
objetivo promover o desenvolvimento da faixa de fronteira através de sua estruturação
física, social, cultural e econômica, em que o “regional funciona como estratégia de
desenvolvimento local” estimulando a formação de redes de atores locais, incentivando
novos eixos dinâmicos da economia (BRASIL, 2005, p. 8).
A partir da proposta do PDFF a base territorial das ações do governo federal para
a faixa de fronteira foi estabelecida como áreas de planejamento três grandes arcos: Norte,
Central e Sul, subdivididos em 17 sub-regiões. O Arco Norte, que compreende a faixa de
fronteira dos estados do Amapá, Pará, Amazonas, Roraima e Acre possui como principal
característica a presença da grande extensão da floresta Amazônica. O segundo é o Arco
Central, que compreende a faixa de fronteira de Rondônia, Mato Grosso e Mato Grosso
do Sul, este está vinculado a expansão da fronteira agrícola. E por fim, o Arco Sul, que
abrange a fronteira do Paraná, de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul, possui forte
especialização produtiva ligada às culturas de milho, trigo e soja na agroindústria, além
de contar com uma malha rodoviária ramificada que permite a interligação da densa rede
de cidades (BRASIL, 2009). Dessa forma, observa-se grande contraste existente entre
esses arcos, consequentemente, em toda extensão da faixa de fronteira.
47
Figura 4. Sub-regiões e respectivos municípios que compõe a faixa de fronteira no estado de Mato Grosso do Sul.
Organizado pela autora.
48
Em síntese, essas sub-regiões podem ser descritas como: a Sub-Região XI
“Pantanal” é considerada como uma paisagem-símbolo (BRASIL, 2009) que encontra no
turismo ecológico um meio de atrair visitantes e resguardar sua riqueza ambiental. O
rebanho bovino dessa sub-região é o segundo maior da faixa de fronteira brasileira, dessa
forma sua base produtiva é a pecuária. A Sub-Região XII “Bodoquena” pode ser
caracterizada como a zona de transição entre a criação extensiva de gado do Pantanal e a
expansão do cultivo mecanizado de soja. Possui baixo grau de especialização agrícola e
a atividade turística é insipiente, principalmente por falta de infraestrutura. Por fim, as
Sub-regiões XIII “Dourados” e XIV “Cone Sul-Mato-Grossense” são duas das mais
complexas e desafiadoras da faixa de fronteira. Apesar de apresentar inúmeros problemas
associados às relações transfronteiriças de contrabando e narcotráfico, são uma das
regiões mais ricas do Brasil, em termos de atividades agropecuárias (criação de gado,
cultivo de soja, milho, mandioca), ligando sua base produtiva ao agronegócio (BRASIL,
2009).
49
C APÍTULO 2
50
“Pode-se dizer que a história torna-se a cada geração, mais
geográfica ou mais territorial” (Friedrich Ratzel, 1897).
51
guarde certa homogeneidade quanto ao alcance de um novo patamar técnico, apresenta
aspectos específicos quanto a distribuição espacial da produção. A Figura 6 demonstra os
fluxos dessa dinâmica derivados dos interesses dos agentes e atores sociais que participam
do modelo agroexportador da soja.
De certa forma, essa interpretação caracteriza uma zona limítrofe que divide um
espaço-tempo já transformado daquele que ainda não sofreu a ação do agente
transformador.
Figura 6. Principais agentes e atores sociais identificados nos eixos articuladores da tese
Elaborado pela autora.
52
2.1. A cadeia produtiva da commodity soja
53
produtivo e o organizacional, articulando uma grande diversidade de atores e setores num
sistema complexo produtivo, que pode ser exemplificado na Figura 7. Esses fatores se
apresentam como os principais condicionantes de incorporação ou segregação de regiões
no território.
A fim de subsidiar as análises mais detalhadas das dinâmicas que ocorrem nas
escalas estaduais, nacionais e mundiais no agronegócio da soja, utilizou-se, em
abundância, dados estatísticos para explorar o cenário atual e como foi sendo delineado
54
ao longo do tempo. Para Medeiros e Sampaio (2012) os dados em séries históricas
permitem avaliar o ‘movimento’ nas dinâmicas de processos no decorrer do tempo.
55
desenvolvimento regional ficaram a cargo de projetos chamados de polos de
desenvolvimento (ABREU, 2001). Dessa forma, os planos e programas efetivados nesse
período tinham como objetivo concentrar investimentos nos polos de desenvolvimento,
que se eram regiões passíveis de crescimento planejado e capazes de impulsionar regiões
vizinhas sob sua influência.
56
Esses programas, em certa medida, ambiciosos, compreenderam diversas áreas do
Brasil Central, especialmente o oeste e o sul de Minas Gerais, o sul de Goiás, Mato Grosso
(e atual Mato Grosso do Sul) e Rondônia. Um primeiro conjunto de ações visava a
implementação ou adaptação de infraestruturas como forma de garantir as condições de
produção viabilizando o território com vistas a atender mercados distantes (PEREIRA e
KAHIL, 2010).
No que tange aos programas especiais do governo federal de ação mais específica,
cabe aqui tecer algumas considerações sobre estes em relação aos impactos que tiveram
na apropriação do território sul-mato-grossense e em especial da faixa de fronteira, foco
dessa tese (Figura 8). Para informações mais detalhadas sobre aspectos econômicos e
57
sociais referente a cada um desses programas, vide IBGE (1988); Abreu (2001); Silva
(2011a); Barcellos (2015).
Figura 8. Regiões de planejamento dos programas desenvolvidos no Mato Grosso do Sul entre 1970-
1990.
Fonte: IBGE (1988); Abreu (2001); Silva (2011); Barcellos (2015).
Organizado e elaborado pela autora.
Uma das principais marcas dos três programas, em especial, para o Estado5 de
Mato Grosso do Sul, era a melhor utilização de seu potencial em recursos naturais. A área
de abrangência regional atuava tanto a leste (Polocentro e Prodegran) como a oeste da
serra de Maracaju (BARCELLOS, 2015), embora, nem sempre alcançado bons
resultados, como no caso das ações vinculadas ao Prodepan.
5
No âmbito dessa tese a semântica da palavra “Estado” é apresentada como sujeito que desempenha a
ação, enquanto, “estado” se coloca como um agente na produção do território.
58
responsável pela incorporação direta de cerca de 2,5 milhões de hectares à agricultura dos
cerrados.
59
beneficiando uma área total de 35,4% no Mato Grosso do Sul, a maior dentre os quatro
estados. Nesse viés, o estado passou a a produzir de produtos destinados a exportação
(soja e carne bovina) e contribuir para a substituição na pauta de importações, através da
produção de etanol (incentivado pelo Proálcool). O advento da agroindústria era uma
realidade na economia estadual (BARCELLOS, 2015).
60
convidativos e despertavam interesse de empresários, investidores do centro-sul do Brasil
e multinacionais, que compraram terras nas regiões Centro-Oeste e Norte a preços
irrisórios, negociadas pelo próprio governo, o que lhes garantia segurança sobre a
rentabilidade do investimento (HIGA, 2005).
Figura 9. Síntese do desenvolvimento das políticas públicas que imperaram na consolidação da formação
do território sul-mato-grossense.
Fonte: IBGE (1988); Jesus (1988); Abreu (2001); Araújo Neto e Leite (2005); Silva (2011); Barcellos
(2015).
Organizado pela autora.
61
incentivou os processos de ocupação e ordenamento territorial no território sul-mato-
grossense, oportunizando sua factual inserção na economia nacional e mundial.
Para Mueller et al., (1992) a combinação dos efeitos das políticas globais, a
especulação associada a alta e instável inflação no Brasil, entre os anos 1970 e 1980,
juntamente com a política do crédito rural subsidiado somado aos programas de incentivo
para induzir a lavoura de certas commodities que encontravam-se em expansão no
mercado mundial (a exemplo da soja e o suco de laranja) e para abastecer o mercado
interno, como a cana-de-açúcar (para álcool automotivo) a fim de substituir produtos na
pauta de importação, foram os fatores responsáveis por aumentos expressivos no preço
das terras com potencial agrícola.
62
permitiram a integração de determinados produtos e regiões à economia nacional foram
os mesmos encarregados pela desintegração da economia regional tradicional existente,
que sucumbiu ao dinamismo das modernas atividades agrícolas (SILVA, 2011b).
63
marginalizando territórios não especializados e pressionando áreas protegidas; d) o
aumento da produção agrícola de commodities para exportação.
64
em 1963, para facilitar a entrada de imigrantes brasileiros permitindo a compra de terras
por estrangeiros nas zonas de fronteira incentivados a colonizar os “espaços vazios”.
Destaque-se que até o período esse território possuía uma floresta tropical e era ocupada
por grupos indígenas e empresas de extração da erva-mate, como a Matte Laranjeira
(ALBUQUERQUE, 2009).
“Aquilo antes era tudo mato”, dice un brasileño, “cuando llegué sólo había
monte por aquí”, contesta otro paraguayo. Es difícil creer que en los años 60
el oriente fronterizo era un sector casi exclusivamente forestal. La ola de
pioneros que a partir de esa época irrumpió brutalmente en la región no
interrumpió su avance, desde entonces, incesantemente alimentado y renovado
por cientos de miles de colonos: brasileños y paraguayos que ensanchan los
límites del espacio común y expanden las fronteras agro-pastoriles
(SOUCHAUD, 2007, p. 35).
65
Sem dúvida, o latifúndio constituiu uma das principais marcas das condições sócio
espaciais na formação do território brasileiro (BECKER, 2002) e tendência marcante no
Mato Grosso do Sul (BITTAR, 2009) apresentando diferenças significativas em relação
aos demais estados do Centro-Oeste, por exemplo. As políticas governamentais de
subsídios e de acesso à terra, incluindo a colonização, a venda de terras devolutas e a
regularização de ocupações aliadas ao processo histórico de ocupação do território,
contribuíram para consolidar no estado de Mato Grosso do Sul uma estrutura altamente
concentrada, marcada pelo domínio de grandes propriedades.
Figura 10. Número de estabelecimentos agropecuários por grupos de área total no Mato Grosso do Sul –
1980 a 2017.
Fonte: IBGE Censo Agropecuário (1970; 1995-1996; 2006; 2017).
Organizado pela autora.
66
Figura 11. Área total dos estabelecimentos agropecuários por grupos de área total no Mato Grosso do Sul
– 1980 a 2017.
Fonte: IBGE Censo Agropecuário (1970; 1995-1996; 2006; 2017).
Organizado pela autora.
67
somavam 11.337 unidades, significando apenas 16% das propriedades, as quais, porém
controlavam 88% da área dos estabelecimentos existentes no estado, no mesmo período,
o que corresponde a mais de 25 milhões de hectares (IBGE, 2017).
68
Tabela 1. Número e área de estabelecimentos agropecuários por grupos de área total, Mato Grosso do Sul - 1970 a 2017.
1980 1985 1995 2006 2017
Grupos de área
Estabelec Estabele Estabele Estabelec Estabele
(ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha) Área (ha)
imento cimento cimento imento cimento
Menos de 1 427 199 906 350 481 222 729 287 1.146 429
De 1 a 10 12.755 63.802 14.010 64.140 8.689 39.459 12.669 64.532 17.469 94.835
De 10 a 100 16.796 578.623 18.750 670.574 17.753 637.163 29.277 873.700 30.545 865.954
De 100 a 500 8.688 2.128.981 10.682 2.600.216 10.842 2.747.526 100.539 2.675.999 10.060 2.563.391
De 500 a 10.000 8.662 17.186.508 9.750 18.350.706 11.074 19.922.537 11.000 19.216.745 10.996 18.683.956
De 10.000 acima 506 10.785.618 457 9.522.834 409 7.595.866 350 7.443.714 341 6.951.417
Total 47.943 30.743.738 54.631 31.108.813 49.423 30.942.772 64.864 30.274.975 70.710 29.159.983
Fonte: IBGE Censo Agropecuário (1970; 1995-1996; 2006; 2017).
Organizado pela autora.
Figura 12. Variação nos grupos de área em relação ao número de estabelecimentos e a área ocupada
Organizado pela autora.
69
Cabe ressaltar que, a área total dos estabelecimentos do Mato Grosso do Sul
registrada em 2017 ocupa uma área de 29,159 milhões de hectares, compreendendo
81,6% da área territorial do estado uma proporção bastante elevada, a quarta maior
extensão do país, sendo superada apenas por Mato Grosso (54,830 milhões de ha), Minas
Gerais (37,900 milhões de ha) e Pará (29,677 milhões de ha) (IBGE, 2017).
Figura 13. Proporção do número e da área dos estabelecimentos explorados por categorias relacionadas a
condição do responsável (proprietário, arrendatários, ocupantes e administrador) no Mato Grosso do Sul
1960-2017.
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (1970; 1995-1996; 2006; 2017).
Organizado pela autora.
70
arrendatários acabaram adquirindo terras, sobretudo aquelas que trabalhavam, tornando-
se proprietários.
71
A dependência do Paraguai, especialmente da fronteira, pode ser comprovada ao
revisar os setores econômicos essenciais do Estado, como por exemplo no fomento para
a presença e interesses de colonos e agroindústrias brasileiras dentro do seu território.
Em seu estudo, Batista (2013) registra essa condição na fronteira Brasil/ Paraguai,
apontando que a colonização de terras no Paraguai, na década de 1970, é realizada, em
um primeiro momento, massivamente na fronteira com o Paraná. A modernização da
agricultura causou a expropriação dos pequenos proprietários, obrigando-os a vender ou
arrendar suas propriedades às agroindústrias que se instalaram no Paraná. Esse processo
expansionista exigia a ocupação de novas áreas e nesse momento uma dessas políticas
era a frente pioneira do Mato Grosso do Sul, incorporada rapidamente ao processo de
modernização da economia de exportação e, nesse contexto, o território Paraguaio na
fronteira com o estado ainda estava livre da atuação do agronegócio.
72
direção a Santa Catarina, Oeste do Paraná e Mato Grosso do Sul; um outro
fluxo vindo do Nordeste e Minas Gerais em direção ao Estado de São Paulo,
Norte e Oeste do Paraná. Essas migrações eram fundamentalmente compostas
por famílias de camponeses. As famílias dos dois fluxos migratórios ocuparam
geralmente posições sociais diferentes tanto no Oeste do Paraná, Mato Grosso
do Sul como no Leste do Paraguai nos ciclos do café, da menta e da soja. Os
nordestinos e mineiros se tornaram principalmente peões, arrendatários e
posseiros nessas frentes de expansão nacionais, enquanto que os sulistas se
constituíram majoritariamente como colonos, pequenos e médios
proprietários, especialmente em território paraguaio (ALBUQUERQUE,
2009, p. 139).
A expansão dos plantios de soja a partir do final da década de 1970 e início dos
anos 1980, ampliaram os processos de mecanização e concentração da posse de terra no
território brasileiro, expulsando pequenos proprietários, arrendatários e colonos que não
foram capazes de concorrer com o dinamismo das modernas atividades agrícolas. “O
colono, no Brasil, cedeu seu lugar à agricultura empresarial. E, de certa forma, vem sendo
expulsa para cá em busca de terras férteis e baratas, trocando às vezes 5 hectares de terras,
no Brasil, por 50 no Paraguai” (BATISTA, 2013b, p. 73).
Tabela 2. Distribuição da superfície agrícola cultivada por grupo de área no Paraguai - 1991 e 2008
Variação entre 1991 e
1991 2008
Grupos de área 2008 (%)
(ha) Número Área (ha) Número Área (ha) Número Área (ha)
Menos de 1 21.977 8.499 15.586 6.894 -29,1 -18,9
De 1 a 10 159.416 653.463 167.861 647.820 5,2 -0,8
De 10 a 100 105.319 2.167.359 87.479 1.764.922 -16,9 -18,5
De 100 a 500 7.782 1.109.203 10.485 2.299.794 34,7 107,3
De 500 a 1.000 1.525 1.010.952 2.737 1.810.119 79,5 79,1
De 1.000 a 5.000 2.356 4.982.438 3.443 7.200.531 46,1 44,5
De 5.000 a 10.000 533 3.664.873 684 4.702.034 28,3 29
De 10.000 acima 351 9.730.949 600 12.654779 70,9 30
Total 307.221 23.817.737 289.649 31.086.894 -5,7 30,5
Fonte: Censo Agropecuário (2008) - MAG, 2008
Organizado pela autora.
Uma condição que cabe aqui destacar é que de acordo com os censos de 1991 e
2008 a grande maioria de propriedades, cerca de 93% se encontram na faixa até 100
hectares.
73
Figura 14. Distribuição da área plantada e do número de propriedades no Paraguai no censo de 1991 e
2008.
Fonte: Censo Agropecuário (MAG, 2008).
Organizado pela autora.
Dos mais de 2 milhões de hectares cultivados com soja em 2008, 64% de toda
essa área corresponde a produtores estrangeiros (GALEANO, 2012). As informações da
Figura 15 evidenciam o grande peso dos agricultores brasileiros, sobretudo os grandes
latifundiários. Esses dados demonstram que os brasileiros são a maioria, não só entre
estrangeiros, mas no conjunto dos produtores de soja, incluindo os nacionais, em uma
proporção que supera 50% dentro dos dados mencionados acima.
74
Figura 15. Área plantada com soja por nacionalidade do produtor e tamanho da propriedade registrado no
Censo Agropecuário de 2008.
Fonte: MAG, Censo Agropecuário 2008
Organização: Galeano (2012)
75
Figura 16. Participação dos produtores brasileiros em relação ao número total de títulos de terras.
Fonte: MAG, Censo Agropecuário 2008.
Organizado pela autora.
76
dispositivos financeiros, logísticos, comerciais e fomentada pela presença das
agroindústrias e empresas privadas que se associam às famílias campesinas.
Vale lembrar que o sentimento paraguaio de estar sofrendo uma invasão do Brasil
tem uma longa história e, nesse caso, trata-se de uma noção muito mais difusa desse
cenário, pois não se trata de uma invasão tradicional, como ocorrido na Guerra do
Paraguai. É algo muito mais sutil, mediante a presença crescente de brasileiros que
ultrapassam a fronteira, compram terras, cultivam soja ou criam gado.
Ainda assim, a pecuária é uma das atividades que ocupa maior extensão de área
dentre as atividades econômicas, grande parte deve-se as boas condições das pastagens
naturais e a grande demanda por parte dos estados vizinhos. A Figura 17 apresenta os
dados referente a participação das formas de distribuição das terras em relação à área total
dos estabelecimentos.
77
18
16
14
12
Milhões de hectares
10
8
6
4
2
0
1985 1995 2006 2017
Lavouras permanentes Lavouras temporárias
Pastagens naturais Pastagens plantadas
Matas naturais Floresta plantada (eucalipto e outros)
Figura 17. Distribuição das diferentes formas de utilização das terras nos estabelecimentos rurais de Mato
Grosso do Sul - 1980 a 2017.
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (1985; 1995-1996; 2006; 2017).
Organizado pela autora.
78
Tabela 3. Área plantada com as principais lavouras, segundo os Censos Agropecuários - Mato Grosso do Sul 1980-2017.
1980 1985 1990 1995 2000 2006 2017 Variação
percentual entre
Lavouras Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) % Área (ha) %
1980 e 2017
Algodão (em caroço) 44.615 2,5 242.341 3,1 44.570 2,1 92.574 3,2 48.450 2,6 29.499 0,9 28.841 0,5 -35,3%
Arroz (em casca) 501.333 28,8 50.650 11,3 116.991 5,7 74.815 5 66.068 3,5 42.160 1,4 15.342 0,2 -96,9%
Cana-de-açúcar 11.671 0,6 45.887 2,3 67.358 3,3 32.487 4 98.938 5,3 152.747 5,1 661.906 12,5 5.571,3%
Feijão 60.504 3,4 25.540 2,1 62.229 3 29.347 1,7 11.632 0,6 32.470 1,1 22.908 0,4 -62,1
Mandioca 21.030 1,2 143.236 1,2 24.569 1,2 472.160 1,5 32.519 1,7 29.337 0,9 31.805 0,6 51,2
Milho 108.584 6,2 1.307.640 6,7 255.747 12,5 1.043.689 25,6 394.538 21,1 644.485 21,5 1.831.970 34,6 1.587,1
Soja 806.559 46,3 201.017 61,3 1.256.469 61,5 23.625 56,6 1.099.359 58,9 1.903.852 63,5 2.620.622 49,6 224,9
Trigo 122.087 7,0 66.619 9,4 184.427 9 60.011 1,2 34.949 1,8 49.492 1,6 22.893 0,4 -81,2
TOTAL 1.740.011 2.130.234 2.041.128 1.841.197 1.863.740 2.998.133 5.282.706
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (1980; 1995-1996; 2006; 2017).
Organizado Elaborado pela autora.
Figura 18. Área plantada com as principais culturas no Mato Grosso do Sul de 1980 a 2017.
Organizado Elaborado pela autora.
79
Ao examinar as lavouras que compõe a Tabela 3, destaca-se o aumento de áreas
em quase todos os casos entre 1980 e 1990, e entre 1990 e 1995 houve queda da área,
principalmente da soja, do arroz e do trigo. No caso da soja, o declínio nesse período está
relacionado a acentuada mudança na política agrícola nas zonas de fronteira agrícola,
introduzida no início da década de 1990, com eliminação de vantagens e subsídios
especiais.
Entre 1995 e 2000 observa-se flutuações nas lavouras de soja, milho e cana-de-
açúcar e, nos últimos anos (entre 2006 e 2017) há um aumento substancial desse grupo
de lavouras, guiadas pelas condições do mercado. Nesse cenário, a área de lavouras
temporárias aumentou 4,5% registrando um aumento de 2,178 milhões de ha, em 2006,
para 3,389 milhões de ha em 2017, tornando Mato Grosso do Sul um importante produtor
nacional, principalmente de soja e milho.
80
Tabela 4. Rendimento médio em kg/ha das principais lavouras, segundo os Censos Agropecuários - Mato Grosso do Sul 1980-2017.
Variação percentual
Cultivos 1980 1985 1990 1995 2000 2006 2017
entre 1980 e 2017
Algodão (em caroço) 1554 1596 1650 1762 2638 3190 4549 192,7%
Arroz (em casca) 1006 1337 1559 2584 3430 4453 6452 541,3%
Cana-de-açúcar 51987 62602 62253 65794 59001 78636 70902 36,3%
Feijão 389 651 545 726 861 1207 1368 251,6%
Mandioca 16172 17693 17772 18939 18181 16884 21718 34,2%
Milho 1735 2285 2329 3039 2710 3634 5361 208,9%
Soja 1639 1957 1622 2187 2261 2181 3473 111,9%
Trigo 901 1580 1106 837 993 1248 1881 108,7%
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (1980; 1995-1996; 2006; 2017).
Organizado pela autora.
Figura 19. Rendimento médio das principais culturas do Mato Grosso do Sul de 1980 a 2017.
Organizado pela autora.
81
Tabela 5. Quantidade produzida em toneladas das principais lavouras, segundo os Censos Agropecuários - Mato Grosso do Sul 1980-2017.
Variação percentual
Cultivos 1980 1985 1990 1995 2000 2006 2017
entre 1980 e 2017
Algodão (em caroço) 69.346 106.317 73.559 105.791 127.839 94.116 131.210 89,21
Arroz (em casca) 504.212 323.993 182.458 239.269 226.649 187.768 98.992 -80,37
Cana-de-açúcar 606.743 3.170.806 4.193.288 4.922.386 5.837.456 12.011.538 46.930.191 7634,77
Feijão 23.507 29.882 33.966 23.590 10.019 39.202 31.338 33,31
Mandioca 340.090 451.869 436.653 555.808 591.231 495.348 690.752 103,11
Milho 188.396 327.334 595.718 1.435.151 1.069.571 2.342.619 9.821.727 5113,34
Soja 1.322.082 2.558.720 2.038.614 2.283.546 2.486.120 4.153.542 9.101.890 588,45
Trigo 110.000 317.644 204.035 19.786 34.712 61.783 43.065 -60,85
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (1980; 1995-1996; 2006; 2017).
Organizado pela autora.
Figura 20. Quantidade produzida das principais culturas do Mato Grosso do Sul de 1980 a 2017.
Organizado pela autora.
82
Os cultivos de soja, milho e cana-de-açúcar predominam nas lavouras sul-mato-
grossenses (Figura 21). No caso da cana-de-açúcar, o seu incremento esteve, desde o
começo, ligado ao projeto do Proálcool, que subsidiava as agroindústrias para produção
do álcool combustível. No período de 1979 a 1990 haviam apenas 9 usinas no estado e
atualmente já somam 25 unidades, a produção e área de cultivo da cana-de-açúcar
quadruplicaram desde 2003 (FERREIRA e SILVA, 2017). Atualmente as usinas
sucroenergéticas, denominadas assim por produzirem além do açúcar e álcool, utilizam a
biomassa para geração de energia elétrica, priorizam qual a natureza da produção (açúcar
ou álcool) a partir de interesses comerciais conectados ao mercado externo.
Mas, ainda assim, o caso de maior destaque é o da soja, que se sobressai enquanto
extensão de área cultivada, valor da produção e demais aspectos econômicos. No início
dos anos 1980 a expansão de soja no Mato Grosso do Sul ainda possuía pouca expressão,
alcançando em um período de vinte anos (1980/1990) um aumento de 88% na produção,
mas nos últimos anos (2000 a 2017) o cenário foi mais expressivo e a produção sul-mato-
grossense teve um incremento de 194%, que o colocou entre os cinco maiores estados
produtores de soja no país, com um total de 9,101 milhões de toneladas na safra 2016-
2017.
(%)
70
60
50
40
30
20
10
0
1980 1985 1990 1995 2000 2006 2017
Algodão (em caroço) Arroz (em casca) Cana-de-açúcar
Feijão Mandioca Milho
Soja Trigo
Figura 21. Percentual do total geral da área plantada por cultura no Mato Grosso do Sul – 1980 a 2017.
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (1970; 1995-1996; 2006; 2017).
Organizado pela autora.
83
adaptados às condições do Cerrado, da dependência de insumos fornecidos pelas
multinacionais, especialmente no que se refere a fertilizantes e agrotóxicos, além do uso
de maquinários modernos (CASTRO et al., 2014). Dessa forma, enquanto o uso sementes
modificadas e insumos adequados levou à superação das barreiras naturais, as inovações
tecnológicas contribuíram para a ampliação da escala de produção, área plantada e
rendimento médio.
No cenário paraguaio, observa que ainda há uma extensa área que compreende a
classe florestal, cerca de 16,3 milhões de hectares (Tabela 6 e Figura 22), pertencentes
principalmente ao Chaco Seco.
Tabela 6. Superfície dos tipos de uso e ocupação das terras no Paraguai para 2015
Uso e cobertura das terras
Área (hectares) Percentual
Nível I Nível II
Floresta 16.300.000 37,31%
Arbustiva 11.800.000 27,01%
Natural Vegetação esparsa 3.010 0,01%
Área úmida 3.420.000 7,83%
Corpos d'água 446.000 1,02%
Agricultura 10.100.000 23,12%
Pastagem 1.540.000 3,52%
Explorada
Assentamento 80.100 0,18%
Solo exposto 801 0,00%
Fonte: GLOBAL FOREST WATCH, 2016.
Organizado Elaborado pela autora.
84
Figura 22. Distribuição das classes de uso e ocupação das terras no Paraguai
Fonte: GLOBAL FOREST WATCH, 2016.
Organizado Elaborado pela autora.
Sob o viés puramente econômico, a produção para exportação é uma opção das
mais atrativas. Na Malásia, por exemplo, a produção de óleo de palma em 2016, alcançou
um valor bruto de US$ 12,5 bilhões (FAO, 2016) e no Brasil, a cana-de-açúcar, soja e
milho – as três maiores commodities agrícolas por volume de produção – tiveram um
valor bruto de produção de US$ 60,6 bilhões, contribuindo com 3,4% do PIB (WITS,
2017) sendo a soja a commodity de exportação mais valiosa do Brasil, com valor acima
de US$ 20 bilhões (TRASE, 2018).
85
Desse total, 94% da produção está concentrada em sete países: Estados Unidos, Brasil,
Argentina, China, Índia, Paraguai e Canadá (Figura 23).
86
Tabela 7. Consumo mundial de soja na safra 2017/18.
Safra 2017/18
Países
em milhões de toneladas %
China 110,8 32,3
Estados Unidos 56,8 16,6
Argentina 48,4 14,1
Brasil 45,7 13,3
Demais países 81,5 23,7
Total 343,2 100
Fonte: FIESP (2018).
Os dados apontam que a China, quarto maior produtor mundial, não figura entre
os principais exportadores (FIESP, 2018) (Figura 24), basicamente a China está
terceirizando sua produção de soja já que vem diminuindo a área dedicada ao plantio de
soja, só entre 2000 e 2016 houve uma diminuição de 30% da área plantada de soja
(TRASE, 2018).
A Food and Agriculture Organization of the United Nations (FAO) estima que o
Brasil aumente sua produção para 130 milhões de toneladas até 2027. Projeta-se que o
87
país ultrapasse a América do Norte como maior exportador de soja até o referido ano,
aumentando sua participação nas exportações mundiais para 41,8%, enquanto Estados
Unidos – historicamente maior exportador global de soja – e Canadá terão declínio para
40,6% (FAO, 2018b).
Figura 25. Evolução temporal da área plantada e quantidade produzida de soja no Brasil.
Fonte: CONAB (2019).
Organizado pela autora.
88
já mencionadas, passou a ser considerada uma área de expansão da fronteira agrícola, em
decorrência, os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul transformaram-se
em verdadeiros celeiros, produtores essencialmente de grãos, com destaque para a soja
voltada para a exportação.
Para efeitos de comparação, no final dos anos de 1970, mais de 80% da produção
brasileira de soja se concentrava nos três estados da região Sul e menos de 2% da
produção nacional estava na região Centro-Oeste. Em 1990 a região central do Brasil
compreendia 33% da produção nacional e 34% da área plantada, nos anos 2000 essa
porcentagem já era superior a 40% em termos de área e produção, e, atualmente a região
Centro-Oeste é a principal produtora da oleaginosa no país (Figura 26).
Figura 26. Área plantada e quantidade produzida de soja nas regiões do Brasil na safra 2016/2017.
Fonte: Levantamento da Produção Agrícola - IBGE (2018).
Organizado pela autora.
89
Tabela 8. Os dez maiores estados produtores de soja no Brasil - safra 16/17.
Bioma de origem
Unidade de
TOTAL Mata Desconheci
federação Amazônia Cerrado Pantanal Pampa Caatinga
Atlântica do
Mato Grosso 30.408.897 12.090.181 14.667.833 - 104.323 - - 3.546.560
Paraná 19.731.281 - 249.357 15.433.869 - - - 4.048.055
Rio Grande do
18.201.646 - - 10.498.521 - 7.524.729 - 178.393
Sul
Goiás 11.410.457 - 9.931.430 146.986 - - - 1.332.041
Mato Grosso do
8.647.723 - 4.835.819 2.869.174 37.682 - - 905.048
Sul
Minas Gerais 5.572.127 - 3.964.774 508.112 - - 4.051 1.095.190
Bahia 5.044.505 - 4.773.203 - - - 44 271.258
São Paulo 3.980.178 - 1.242.560 1.061.129 - - - 1.676.489
Maranhão 2.421.044 171.623 1.863.212 - - - 1.408 384.801
Demais 9.181.311
Total país 114.599.166 14.937.193 45.999.478 32.442.978 142.005 7.524.729 38.134 13.514.652
Fonte: Trase (2017)
Organizado Elaborado pela autora.
Figura 27. Evolução temporal da área plantada e quantidade produzida de soja no Paraguai
Fonte: Trase (2017).
Organizado pela autora. 90
Apesar de o Paraguai não aparecer entre os principais produtores vem
desempenhado um papel de destaque entre os principais exportadores no mercado global
da soja, ocupando o sexto lugar como produtor mundial de soja, em 2017 (FAO, 2018a)
e ainda o país foi o quarto exportador mundial no referido ano. Na América Latina, o
Paraguai ocupa o terceiro lugar em níveis de produção de soja, atrás apenas do Brasil e
Argentina.
91
Figura 28. Área plantada da soja na Região Oriental do Paraguai na safra 2014/2015.
Fonte: CAPECO (2017).
92
1.000.000
900.000
800.000
Área (hectares) 700.000
600.000
2000
500.000
2005
400.000
2010
300.000
2014
200.000
100.000
0
Figura 29. Evolução da área plantada com soja no Paraguai - 2000 a 2014.
Fonte: CAPECO (2017).
Organizado pela autora.
Não obstante, como mencionado, outra situação que pode ilustrar como as culturas
comerciais ganharam impulso corresponde ao número de maquinário empregado, a
existência expressiva da modernização para essas lavouras resulta na produção em larga
escala e no incremento de rendimento das lavouras entre 1980 e 2017, acima registrado.
Em 1995, 30.541 propriedades tinham um total de 54.561 de máquinas, tratores ou outros
equipamentos agrícolas, em 2017 43.845 estabelecimentos possuíam 83.147 unidades, o
equivalente a um aumento de 52,3% no período (Figura 30).
93
90
80
83.147
70
71.160
mil unidades 60
50
54.561
40
30
31.076
20
23.162
12.291
10
0
1975 1980 1985 1995 2006 2017
Figura 30. Número de máquinas, tratores ou equipamentos agrícolas em propriedades no Mato Grosso do
Sul – 1975 a 2017.
Fonte: IBGE, Censo Agropecuário (1995-1996; 2006; 2017).
Organizado pela autora.
94
Tabela 9. Principais empresas comercializadoras do complexo soja no Mato Grosso do Sul.
Comercialização
Empresa
toneladas %
ADM 1.415.864 16,4
Bunge 1.311.244 15,2
Cargil 995.510 11,5
Exportação
Lois Dreyfus 534.349 6,2
COFCO 264.215 3,1
COAMO 225.394 2,6
Lar Cooperativa Agroindustrial 179.630 2,1
Amaggi 176.493 2
Outras* 1.042.917 12,1
Consumo doméstico 2.509.886 29
TOTAL 8.647.723 100
Fonte: Trase (2018).
Organizado pela autora.
95
As relações comerciais operando conjuntamente com os centros logísticos ajudam
a explicar o padrão de distribuição das regiões de produção, sustentada por estas
conexões, demonstrando, de fato como a atuação e estabelecimento dessas empresas
possuem papel primordial na definição do desenvolvimento local.
Tabela 11. Principais destinos de comercialização da produção de soja no estado de Mato Grosso do Sul.
2003 2017
Países Volume (toneladas) Países Volume (toneladas)
China 434.719 China 4.323.668
França 362.102 Tailândia 311.290
Alemanha 319.689 Argentina 183.796
Exportações
96
Tabela 12. Principais destinos de comercialização da produção de soja no Paraguai.
2014 2017
Volume Volume
País (destino) País (destino)
toneladas % toneladas %
Brasil 938.555 11,9 Rússia 879.538 10,7
Rússia 804.656 10,2 Turquia 854.193 10,4
Países Baixos 614.682 7,8 Argentina 808.642 9,9
Chile 611.180 7,7 Espanha* 506.704 6,2
Turquia 611.179 7,7 Itália* 437.267 5,3
Itália 394.155 5 Alemanha* 405.446 4,9
México 290.306 3,7 Polônia* 388.300 4,7
Polônia 278.160 3,5 Chile 361.891 4,4
Alemanha 249.952 3,2 Peru 348.779 4,3
Outros 3.111.669 39,4 Outros 3.201.400 39,1
TOTAL 7.904.493 100 8.192.161 100
Fonte: Trase (2018).
Organizado pela autora.
97
Figura 31. Perfil de comercialização de soja do Mato Grosso do Sul.
Fonte: Trase (2017).
Organizado e elaborado pela autora.
98
Figura 32. Os dez principais destinos de exportação de soja do Mato Grosso do Sul.
Fonte: Trase (2017).
Organizado e elaborado pela autora.
99
Figura 33. Perfil da produção de soja no Mato Grosso do Sul.
Fonte: Trase (2017)
Organizado e elaborado pela autora.
100
O fato de a demanda crescente estar sendo atendida por um número
significativamente pequeno de países – por exemplo, mais de 80% da soja foi produzida
em três países Estados Unidos (35%), Brasil (29%) e Argentina (18%) – pode impor uma
pressão intensa em paisagens frágeis e com grande biodiversidade. Sob o ponto de vista
da segurança alimentar e dos recursos internacionais, depender de um pequeno número
de países produtores ou de um cultivo específico também é um grande risco.
101
Figura 34. Perfil de comercialização de soja do Paraguai.
Fonte: Trase (2017)
Organizado e elaborado pela autora.
102
estão envolvidas, como a venda de sementes associada aos implementos agrícolas, a
exportação ou a industrialização (VILLAGRA, 2009).
103
Figura 35. Os dez principais destinos de exportação de soja do Paraguai na safra 2017.
Fonte: Trase (2017)
Organizado e elaborado pela autora.
104
Figura 36. Perfil da produção de soja no Paraguai.
Fonte: Trase (2017)
Organizado e elaborado pela autora.
105
Observa-se que há muitos elos na fronteira Mato Grosso do Sul/ Paraguai, trata-
se, dessa forma, de um espaço de encontro, mas um encontro desigual. Apesar de
compartilhar de um modelo de desenvolvimento similar, as diferentes e singulares
trajetórias econômicas, políticas, culturais, organizacionais, científico-tecnológicas e
jurídico-institucionais de cada país exterioriza um espaço de interação devido ao avanço
sobre o outro, não da articulação com o outro (ÁGUAS, 2013).
106
partir das agroindústrias e do perfil dos produtores) e; o capital financeiro para
financiamento (implementos, maquinário, terras, etc.) e subsídio da produção
(HEFFERMAN e CONSTANCE, 1994; WESZ JUNIOR, 2014).
107
C APÍTULO 3
108
“Deste lado, os campos cultivados; do outro, o grande
desconhecido” (Hannerz, 1997, p.21).
109
(MAG), da Cámara Paraguaya de Exportadores y Comercializadores de Cereales y
Oleaginosas (CAPECO).
110
Figura 38. Evolução temporal da área plantada de soja no Mato Grosso do Sul e Paraguai.
Fonte: PAM-IBGE (1990; 2000; 2010; 2018)
Organizado e elaborado pela autora.
111
Figura 39. Evolução temporal da quantidade produzida de soja no Mato Grosso do Sul e Paraguai.
Fonte: PAM-IBGE (1990; 2000; 2010; 2018)
Organizado e elaborado pela autora.
112
Figura 40. Evolução temporal do rendimento médio da soja no Mato Grosso do Sul e Paraguai.
Fonte: PAM-IBGE (1990; 2000; 2010; 2018)
Organizado e elaborado pela autora.
113
3.2. Análise das regiões homogêneas (clusters) na fronteira
Segundo Cliff e Ord (1973) a autocorrelação espacial pode ser verificada quando
“a ocorrência de um determinado fenômeno, em alguma região, influenciar, para mais ou
para menos, na ocorrência desse mesmo fenômeno em regiões vizinhas”. Portanto, a
detecção de similaridade entre áreas indica a existência de padrões espaciais na
distribuição de um determinado fenômeno (CARVALHO, 1997).
Há duas expressões distintas para esse índice: a primeira e mais antiga, de 1950,
se refere ao Índice de Moran Global (Eq. 1), que estima a relação de interdependência
espacial entre todos os polígonos da área de estuo e a expressa por meio de um valor único
para toda a região (MORAN, 1950 apud O’SULLIVAN; UNWIN, 2010); a segunda e
mais recente, proposta por Ancelin (1995), o Índice de Moran Local (Eq. 2), identifica a
relação existente entre um determinado polígono e cada ordem de vizinhança, a partir de
uma distância predefinida, por intermédio da covariância existente entre eles, permitindo
averiguar a homogeneidade/diversidade dos dados.
1.
Onde:
• [n] é o número de áreas;
• [Zi] é valor do atributo considerado na área [i];
• [µ2] é o valor médio do atributo na região de estudo;
• [Wij] é elemento [ij] da matriz de vizinhança normalizada.
114
Para explicação detalhada de cada elemento da Equação vide Câmara et al.,(
2004); Luzardo et al., (2017). Se houver correlação positiva dos dados, então a maioria
dos polígonos vizinhos terá valores do mesmo lado da média e o índice será positivo
[I>0], indicando para correlação espacial direta. Se a correlação for inversa, então a
maioria dos polígonos vizinhos terá valores de atributos em lados opostos da média e o
índice será negativo [I<0] e, caso a hipótese seja nula [I=0] indica a ausência de correlação
espacial (CARVALHO, 1997); (LUZARDO et al., 2017).
No caso do índice da área plantada em Mato Grosso do Sul (Figura 41) e Paraguai
(Figura 42), o índice global de Moran medido indica para autocorrelação espacial em
ambos os períodos. Para visualização da evolução temporal foram realizados os mesmos
cortes da variável nos diferentes períodos.
115
em 2018 e 1990, respectivamente. Descartando, dessa forma a hipótese de que este
fenômeno acontece aleatoriamente.
Cabe aqui salientar que o Índice de Moran foi aplicado para todos os anos do
período de 1990 a 2018 (Apêndice II) porém os resultados ora apresentados foram
selecionados para os dois anos mais distantes, a fim de demonstrar a variação temporal
do fenômeno analisado.
1990 2018
Figura 41. Diagrama de espalhamento do Índice de Moran global para o atributo de área plantada no
Mato Grosso do Sul para os anos de 1990 (a) e para o ano de 2018 (b).
Elaborado pela autora.
1990 2018
Figura 42. Diagrama de espalhamento do Índice de Moran global para o atributo de área plantada no
Paraguai para os anos de 1990 (a) e para o ano de 2018 (b).
Elaborado pela autora.
116
A maior concentração de pontos nos quadrantes Q1 e Q2 indicam a autocorrelação
espacial positiva [I>0], já os pontos distribuídos nos quadrantes Q3 e Q4 indicam para
uma correlação negativa, ou seja, os valores de uma determinada região são muito
diferentes do valor médio das regiões contíguas (Figuras 43 e 44).
2.
Onde:
117
A distribuição da autocorrelação espacial da variável área plantada no território
demonstra o eixo dinâmico da área de produção da soja no estado de Mato Grosso do Sul
e no Paraguai, claramente apresentado na distribuição dos clusters, com maior
expressividade de área produzida no quadrante Q1 e mais baixa no quadrante Q2. Por
outro lado, é bastante nítido a existência de pouco dinamismo econômico para esta
variável em áreas como a região leste e extremo oeste no estado de Mato Grosso do Sul
e a região central do Paraguai.
118
Figura 43. Índice LISA e identificação dos clusters espaciais locais para o estado de Mato Grosso do Sul.
Elaborado pela autora.
119
Figura 44. Índice LISA e identificação dos clusters espaciais locais para o Paraguai.
Elaborado pela autora.
120
Para as análises anteriores foram considerados o recorte espacial restrito aos
limites do Mato Grosso do Sul e Paraguai. O cálculo do índice considera a distância dos
polígonos e dos centróides de seus vizinhos, dessa forma, deve-se levar em conta que as
escalas espaciais são diferentes. Enquanto no Mato Grosso do Sul a variável área plantada
com soja é definida por município no Paraguai isso ocorre para os departamentos.
Ainda assim,vale notar que, no estado de Mato Grosso do Sul, para o cenário de
2018 os municípios classificados como Alto-Alto (AA) formam uma região homogênea
com o corredor que perpassa os departamentos de Itapuá, Caazapá, Alto Paraná,
Caaguazu, Canindeyú, San Pedro e Amambay e se extende aos municípios de Aral
Moreira, Amambai, Laguna Carapã, Caarapó, Ponta Porã, Dourados, Maracaju, Itaporã,
Rio Brilhante e Sidrolândia.
121
que as regiões em expansão também são áreas de transição entre as regiões já
consolidadas, onde um estudo mais detalhado e incluindo demais variáveis pode auxiliar
na modelagem do comportamento da expansão agrícola da soja.
122
Figura 45. Dinâmica da produção de soja, territórios consolidados, de expansão e de retração
Elaborado pela autora.
123
3.3. A expansão do cultivo na soja nos municípios sul-mato-grossenses e nos
departamentos paraguaios
Figura 46. Evolução da área plantada e produção de soja da safra 2013/14 a 2018/19.
Fonte: AproSoja-MS (2019)
124
transformação territorial não só no estado de Mato Grosso do Sul, mas, em suas
adjacências, incorporando novos territórios como o Paraguai.
Figura 47. Valores de área, produção e rendimento médio para os municípios produtores de soja na faixa
de fronteira de Mato Grosso do Sul.
Fonte: AproSoja-MS (2017)
Organizado pela autora.
125
Figura 48. Comparativo de área, produção e rendimento médio para os departamentos produtores de soja
localizados na região Oriental do Paraguai.
Fonte: CAPECO (2017)
Organizado pela autora.
126
A economia do Paraguai é altamente dependente do setor primário (CEPAL,
2014), o setor agropecuário representa 30,4% do PIB, sendo composto por 22,2% da
agricultura, 6,6% da pecuária, 1,5% de atividade florestal e 0,1% da pesca, representando
40% das exportações do país. A produção agrícola está concentrada no cultivo de soja,
milho e trigo, que juntos, representam 76% da produção total da agricultura no Paraguai
(BIRF-AIF, 2014).
Figura 50. Superfície cultivada por produtores do agronegócio e da agricultura familiar no período de
1991 a 2018.
Organizado pela autora.
6
O Registro Nacional de la Agricultura Familiar (RENAF) considera agricultores familiares como
produtores cuja principal fonte de renda familiar é a agricultura, com lotes de até 20 hectares na Região
Oriental e até 50 hectares na região Ocidental. Nesta pesquisa, consideramos agricultura familiar (AF) todas
as propriedades de até 50 ha.
127
deterioração dos recursos naturais e a perda da competitividade das propriedades
familiares, tais condições reforçam o processo de êxodo rural e conflitos sociais (FAO,
2016). Esse tipo de agricultura possui uma distribuição espacial muito mais heterogênea,
de acordo com o Censo Agropecuário de 2008 (MAG, 2008) e concentra-se na região
leste, principalmente nos departamentos de San Pedro, Caaguazú, Caazapá, Paraguarí,
Guaira e Cordillera, como pode ser observado na Tabela 13 e Figura 51.
128
Figura 51. Ocupação territorial dos principais cultivos e tamanho da área cultivada em cada departamento do Paraguai.
Fonte: MAG (2017).
Organizado e elaborado pela autora.
129
C APÍTULO 4
130
“Depois de engolir quarenta e dois morros, oitenta lombadas, nove lagoas,
dezenove cursos d’água, a Cerca leste rastejou ao encontro da Cerca oeste. O
altiplano não era infinito; a Cerca sim”.
Manuel Scorza
131
“Global 200” (OSLON e DINERSTEIN, 2002) analisou padrões globais de
biodiversidade para identificar um conjunto de biomas terrestres que abrigam grande
biodiversidade e são representativas de seus ecossistemas (DI BITETTI et al., 2003). Os
biomas constituem-se em áreas extensas relativamente homogêneas sob a perspectiva que
compartilham grande parte de suas espécies, dinâmicas ecológicas e condições
ambientais (DINERSTEIN et al., 1995) podendo ser estabelecidas em diferentes escalas
(BAILEY, 1983).
Em escala nacional uma pesquisa realizada pelo Instituto LIFE (Lasting Initiative
for Earth) em parceria com o WWF (World Wife Fund for Nature) e o MMA (Ministério
do Meio Ambiente) foram identificados 45 ecossistemas nos sete biomas brasileiros,
distribuídos da seguinte forma: Amazônia (22); Cerrado (02); Mata Atlântica (09);
Costeiro (09); Pantanal (02); Campos Sulinos (01) e; Caatinga (01) e, ainda, nas áreas de
transição: Transição Amazônia-Cerrado (01); Transição Cerrado-Caatinga (01);
Transição Amazônia-Caatinga (01).
Dessa forma, como um dos objetivos propostos na tese é empreender uma análise
sobre as condições das áreas protegidas, frente ao modelo econômico posto, ao longo da
7
No estudo de Oslon e Dinerstein (2002) a Mata Atlântica compõem o grupo “Tropical and Subtropical
Moist Broadleaf Forest” junto com outras 50 ecorregiões no planeta; o Cerrado está inserido no grupo
“Tropical and Subtropical Grasslands, Savannas and Shrublands” com mais 7 ecorregiões e; o Pantanal
constitui o grupo “Flooded Grasslands and Savannas” juntamente com outras 5 ecorregiões (OSLON;
DINERSTEIN, 2002).
132
faixa de fronteira entre Mato Grosso do Sul e Paraguai, faz-se importante demonstrar as
similaridades ecológicas e a homogeneidade territorial de ambos os lados da linha
internacional no que tange ao aspecto físico. No Quadro 1 são descritas os biomas/
ecorregiões encontradas para a área da pesquisa e demonstradas espacialmente na Figura
52.
133
Quadro 1. Biomas identificados no Mato Grosso do Sul e Paraguai.
Biomas Brasil Paraguai
Área total Remanescente Área total Remanescente Características
Nível I Nível II
(ha) Área (ha) (%) (ha) Área (ha) (%)
Florestas
pode ser descrita como uma floresta subtropical, que se estende a porção
Mata úmidas do
44.471.100 3.655.100 8,2 8.566.003 1.624.034 19 este da região Oriental do Paraguai, noroeste da Argentina e sudoeste do
Atlântica interior do
Brasil – corresponde ao Bioma Mata Atlântica.
Paraná
Estendendo-se em toda a porção do Brasil Central, também abrange o
Cerrado 205.679.200 104.853.700 51 leste da Bolívia e a porção nordeste/ centro região Oriental do Paraguai.
Essa ecorregião é caracterizada por uma grande biodiversidade, possui
Cerrado Florestas 814.462 276.424 33,9
algumas espécies flora endêmica devido a fatores como baixo teor de
Secas de 7.068.400 1.672.700 23,7 nutrientes, alta concentração de metais pesados, presença do fogo anual,
Chiquitano entre outros.
Considerada a maior área úmida do mundo é compartilhada por Brasil,
Bolívia e Paraguai onde existe uma importante amostra da
biodiversidade natural com paisagens ainda pouco alteradas. A
Pantanal 15.163.800 12.297.400 81,1 198.110 52.258 26,4 ecorregião do Pantanal localiza-se no extremo nordeste da região
Oriental do Paraguai se estendendo ao sul, ao longo do rio Paraguai,
Pantanal acompanhando toda porção noroeste de Mato Grosso do Sul, formando a
extensão sul do Pantanal.
Estende-se ao longo das duas margens do rio Paraguai e possui faixas de
transição (ecótonos) com o Chaco Seco, o Cerrado e o Pantanal, esse
Chaco Úmido 152.300 30.900 20,3 12.795.464 2.704.295 21,1
mosaico atribui a essa ecorregião uma grande biodiversidade,
principalmente nos ecótonos.
Compreende a porção oeste da região Ocidental, abrangendo quase todo
o território do departamento de Boquerón e a maior parte do dep. de Alto
Paraguay, em que nesse último pode-se encontrar áreas de transição com
Gran
Chaco Seco 17.451.547 11.853.130 67,9 o Chaco Úmido e o Cerrado. Uma das características mais marcantes
Chaco
desse bioma é o déficit hídrico, apresentando vegetação típica de savana.
O Chaco Seco é considerado um ecossistema frágil e muito propenso a
erosão eólica e fluvial, assim como sofrer processos de salinização
Fonte: Instituto LIFE (2016); FFPRI/ DRNM (2011); SEAM et al. (2007).
Organizado pela autora
134
Figura 52. Biomas (ecorregiões) que compõem o território de Mato Grosso do Sul e Paraguai.
Fonte: Instituto LIFE (2016); FFPRI/ DRNM (2011); SEAM et al. (2007).
Organizado e elaborado pela autora.
135
Os biomas no Paraguai são bem demarcados a partir do rio Paraguai, que divide o
país em duas regiões naturais morfologicamente distintas: a Região Oriental, situada a
margem esquerda do rio, abrangendo 39% do território nacional do país e a margem
direita a Região Ocidental ou Chaco, que abrange 61% do Paraguai. Sob o ponto de vista
das características físicas a Região Oriental (leste) é marcada pela grande variedade de
relevo em que as planícies se alternam com extensos campos e áreas arborizadas
entremeadas por uma densa rede hidrográfica. Por outro lado, a região Ocidental (oeste),
constitui uma planície caracterizada pela escassez de água superficial e de elevação no
terreno (SOUCHAUD, 2007).
A área recoberta pelo Gran Chaco (que inclui além do Paraguai, a Argentina e
Bolívia) desempenha o papel de reserva ambiental que no Brasil é atribuído a Amazônia,
mas seu grau de proteção se assemelha ao que se imprime ao Cerrado brasileiro, por
exemplo. Esse bioma possui similaridades fitofisionômicas com o Cerrado, bem como de
trajetória de ocupação, do desmatamento intensivo a conflitos com os povos indígenas
(FAO, 2016).
136
4.2. Características ambientais do território sul-mato-grossense e paraguaio
O estado de Mato Grosso do Sul possui praticamente todo seu território dividido
entre o Planalto da Bacia Sedimentar do Paraná e a Planície do Pantanal Mato-Grossense
(CREPANI et al., 2001). A Serra de Maracaju praticamente delimita o divisor de águas
no estado, que se estende de nordeste a sudoeste, configurando paisagens bem distintas,
em termos geomorfológicos e de recursos naturais, entre duas grandes bacias
hidrográficas do rio Paraná e do rio Paraguai (MATO GROSSO DO SUL, 2015).
137
Tabela 14. Classes de solos encontrados no Mato Grosso do Sul
Área
Classes Pedológicas
ha %
Afloramento 67.278 0,19
Argissolo Vermelho 630.451 1,77
Argissolo Vermelho-Amarelo 1.473.976 4,13
Cambissolo Háplico 75.564 0,21
Chernossolo Argilúvico 49.228 0,14
Chernossolo Rêndzico 344.445 0,96
Gleissolo Háplico 1.141.653 3,2
Gleissolo Melânico 53.967 0,15
Latossolo Amarelo 1.421 0,001
Latossolo Vermelho 14.046.230 39,35
Latossolo Vermelho-Amarelo 85.603 0,24
Neossolo Flúvico 14.010 0,04
Neossolo Litólico 1.096.414 3,07
Neossolo Quartzarênico 8.271.032 23,1
Neossolo Rigolítico 886.480 2,48
Nitossolo Vermelho 348.192 0,98
Organossolo Háplico 26.824 0,08
Planossolo Nátrico 5.573.016 15,61
Plintossolo Argilúvico 565.491 1,58
Plintossolo Pétrico 18.189 0,05
Vertissolo Háplico 139.774 0,39
Vertissolo Hidromórfico 407.761 1,14
Fonte: IBGE (2007).
Organizado pela autora
138
Figura 53. Classificação dos tipos de solo encontrados no Mato Grosso do Sul.
Organizado pela autora
139
As formações florestais nativas e ecossistemas associados a Floresta Estacional
Semidecidual e Decidual os quais representam 18% do território do estado são
representativas do bioma Mata Atlântica. A diversidade ambiental e estrutural da Floresta
Estacional Semidecidual permite subdividi-la em quatro formações ou fisionomias
principais: Aluvial, Terras Baixas, Submontana e Montana de acordo com sua localização
no terreno ou altimetria local, no estado é possível encontrar a ocorrências destas quatro
formações. A Floresta Estacional Decidual é conceituada semelhantemente a Floresta
Estacional Semidecidual, todavia apresenta percentagem de árvores caducifólias, no
período crítico, significativamente maior do que 50% (IBGE, 2012).
No que tange ao Cerrado restam apenas 32% de cobertura vegetal natural no estado
do Mato Grosso do Sul, predominando as fitofisionomias campestre (17%) e florestal
(13%) (MATO GROSSO DO SUL, 2009). O Sistema de Classificação da Vegetação
Brasileira do IBGE (IBGE, 2012) refere-se ao Cerrado como Savana, dividindo-o em
quatro fisionomias ou subgrupos de formação principais: Savana Florestada, Savana
Arborizada, Savana Parque e Savana Gramíneo-Lenhosa.
141
Figura 54. Classificação da cobertura vegetal do Mato Grosso do Sul.
Organizado pela autora.
142
A disponibilidade de dados e informações dos recursos naturais, sobretudo em escala
mais detalhada, do território paraguaio se constitui em um grande gargalo. As informações
publicadas em documentos oficiais estão voltadas muito mais para fins de consulta do que de
análise. Grande parte dos mapas que serviram de fonte da base de dados (Anexo 1) necessitaram
ser vetorizados e georreferenciados.
143
O interflúvio com o rio Paraguai constitui-se em uma planície com altitudes que variam
de 300 a 400 metros. Essa estrutura é interrompida no centro, próximo a Asunción, por um
maciço vulcânico, a cordilheira dos Altos, com uma altitude que não ultrapassa os 400 metros.
Esse maciço é cortado por uma vala tectônica emoldurada entre falhas e que forma um corredor
entre Asunción e Villarica. (DGEEC, 2018). As encostas das serras abrigam uma vegetação
abundante, delineando numerosos vales à medida que se deslocam para o sul.
É passível afirmar que praticamente todo o terreno do Chaco é plano, por esse motivo,
muitos rios não formem leitos profundos e assim quando se encerra a estação chuvosa esses
cursos d’água secam (DOMECQ et al., 2005). A condição do relevo plano e desprovido de
declives do Chaco associado o grande déficit hídrico, caracteriza, principalmente a face
noroeste da Região Ocidental com um tipo de clima semiárido e baixos índices de umidade.
A região Oriental é extensamente drenada pelo rio Paraná, a leste, e pelo rio Paraguai,
a oeste. A elevação do sistema hidrográfico para o norte se deve a uma convexidade granítica,
onde predomina a savana e isola o leste do Paraguai da bacia do Pantanal. Os numerosos
meandros que formam o curso do rio Paraguai determinam transbordamentos frequentes e sua
principal zona de inundação está na confluência de dois cursos no setor sudoeste da região leste,
denominada ‘região dos banhados' (CARTES, 2008). A região central constitui-se numa faixa
de planícies na direção norte-sul e é o setor de transição entre os planaltos orientais e o Chaco,
estreitando-se em torno de Asunción. Essa região distingue-se do Chaco porque a origem do
material formador dessa área não provém da Cordilheira dos Andes, mas, do planalto brasileiro
(NAUMANN e CORONEL, 2008). Em direção ao sul, por detrás do maciço que circunda
Asunción, as planícies se ampliam novamente, até a confluência dos rios Paraná e Paraguai,
onde formam uma área pantanosa (SOUCHAUD, 2007)
144
O rio Paraguai é o principal e mais importante rio país, navegável por navios de grande
porte desde a confluência com o rio Paraná até a capital Asunción e por navios de médio porte
de Asunción a Corumbá (Brasil/ MS) no sentido norte. O rio Paraná delimita a fronteira sudeste
do Paraguai, em uma extensão de 679 km, sendo navegável por barcos de qualquer porte desde
a confluência com o rio Paraguai até a represa de Itaipu (Brasil/ PR) na divisa com o distrito de
Hernandarias (PY) e Foz do Iguaçu (Brasil/ PR). O rio Pilcomayo, é um dos principais
afluentes do rio Paraguai que serve de limite sudoeste com a República da Argentina,
percorrendo 835 km (DGEEC, 2018). Essa rede fluvial, navegável em grande parte da região
Oriental é um fator positivo e foi decisivo no desenvolvimento da agricultura comercial e da
integração econômica regional.
Em relação aos tipos de solos, de forma geral, solos de florestas tropicais são
considerados pobres, porque os nutrientes são mantidos em recirculação na biomassa
permanecendo pouco tempo no sistema de liteira do solo, tornando-se rapidamente disponível
para as plantas (HERRERA et al., 1977; CUEVAS e MEDINA, 1986; LUIZÃO et al., 2009).
Na região Central, as margens do rio Paraguai há maior variedade nos tipos de solos, porém são
mais pobres do que na zona extremo leste, e na Região Oriental muitos locais possuem solos
de média fertilidade. Os solos mais férteis e profundos são encontrados nos departamentos de
Alto Paraná e Itapúa (Figura 55). Na região do Chaco, os solos também são, geralmente, mais
férteis, mas há escassez de água (NAUMANN e CORONEL, 2008). Devido ao maior índice de
precipitação na Região Oriental, a aptidão é predominantemente agrícola, enquanto no Chaco,
a atividade pecuária predomina.
145
Figura 55. Principais domínios de solos do Paraguai.
Organizado e elaborado pela autora.
146
Na Tabela 17 são descritas as principais ordens de solos, sendo que estas são
subdivididas em níveis de maior detalhe de acordo com as diferentes texturas das camadas
superficiais. O principal levantamento para classificação dos solos dos Paraguai foi realizado
pelo Ministerio de Agricultura y Ganadería (MAG) em parceria com o Banco Mundial (BM).
Nesse documento o sistema de classificação adotado é o Soil Taxonomy - United States
Department of Agriculture (USDA, 1999) e de acordo com as informações obtidas nesse estudo,
a partir das características físicas, químicas e biológicas naturais, os solos com melhor aptidão
agrícola encontram-se na Região Oriental, abrangidos pelas ordens dos Ultisols e Alfisols
(MAG/ BM, 1995). Ressalva-se que a nível de subordem, classe, subclasse e fase os solos
apresentam diferentes limitações naturais para utilização agrícola, todavia contornáveis com o
uso de corretivos e fertilizantes.
Tabela 16. Classificação por grande ordem dos tipos de solos do Paraguai.
Área
Tipos de solo
ha %
Alfisol 19.931.013 45,7
Aridsol 1.176.455 2,7
Entisol 2.402.041 5,5
Inceptisol 902.329 2,1
Molisol 10.385.495 23,8
Oxisol 887.954 2
Ultisol 5.647.499 13
Vertisol 1.487.008 3,4
Tierras Miscelaneas 419.939 1
Outros (área urbana, corpos d’água) 350.626 0,8
Fonte: MAG/ BM (1995).
Organizado pela autora.
De igual forma, a formação vegetal contribui para essa conjuntura, áreas em que a
vegetação natural apresenta condições naturais para a utilização como pastagem, é esse o uso
que se efetiva. Isso ocorre tanto nas savanas como nas áreas de pradaria natural, nas savanas
arborizadas é possível realizar pequenas intervenções na cobertura vegetal, melhorar espécies
147
de gramíneas e, em muitos casos, utilizar os recursos forrageiros disponíveis nesses locais
(REDIEX, 2009).
148
Figura 56. Formações florestais naturais encontradas no território paraguaio
Organizado pela autora.
149
Os vínculos entre os fatores geográficos e o modelo de desenvolvimento adotado
seguem sendo muito estreitos, sobretudo em territórios cuja matriz produtiva se encontra
sustentada pelo setor primário (agrícola e/ou pecuário) e suas respectivas cadeias
produtivas.
8
Para o estabelecimento das zonas dinâmicas consideramos os polos de desenvolvimento do Mato Grosso
do Sul apontados no capítulo 2 e agregando a noção de polo de crescimento introduzida por Perroux (1967)
como um conjunto de forças de atração de atividades (agricultura, indústria e serviços) e de agentes
econômicos (empresas públicas, privadas, consumidores e agentes de governo), considerando apenas para
o agronegócio da soja.
150
Figura 57. Zoneamento das principais atividades produtivas no Mato Grosso do Sul e Paraguai.
Organizado e elaborado pela autora.
151
Dessa forma, essa dinamização do território só pode ser entendida anexando como pano
de fundo a dinâmica global que é multiescalar, e imprime no território estruturas
geograficamente localizadas, concentrando matéria-prima, mão-de-obra, agroindústrias,
fornecedores especializados, tradings, instituições específicas (universidades, instituições de
pesquisa, associações comerciais) tornando regiões mais ou menos competitivas.
152
4.3. Ocupação territorial do Cerrado: commodities e desmatamento
No Brasil, o Cerrado ocupa 23,9% do território (IBGE, 2004), originando dois terços
das regiões hidrográficas (LIMA e SILVA, 2005) e representando de 20% a 50% da
biodiversidade do país, dependendo do grupo taxonômico considerado (MACHADO et al.,
2004) e 5% da biodiversidade do planeta (BRASIL, 2011), além de ter uma grande importância
social, cerca de 12,5 milhões de pessoas dependem de seus recursos naturais para sobreviverem
(LAHSEN et al., 2016), como etnias indígenas, quilombolas, ribeirinhos, babaçueiros,
vazanteiros, entre outros. Aproximadamente 221 mil km2 pertencem a comunidades e povos
tradicionais (RUSSO et al., 2018), áreas que sofrem intensa pressão da expansão de culturas
agrícolas e pastagens, mas são fundamentais na conservação da vegetação nativa do bioma.
153
“cerrado denso” e “cerrado típico”. Em terrenos bem drenados, a Savana Parque equivale aos
subtipos definidos como “cerrado ralo”, “cerrado rupestre” e, às vezes, como “campo sujo” e
“campo rupestre”. Em terrenos mal drenados, a equivalência se dá com o “parque cerrado” e,
eventualmente, com “vereda”, “campo sujo úmido” e “campo sujo com murundus” (BRASIL,
2010).
Embora a dinâmica de ocupação no Cerrado não tenha sido homogênea em toda sua
extensão, sem dúvida, as especificidades ambientais, o fomento das políticas de integração
nacional e o desenvolvimento de tecnologias amplamente difundidas para o aproveitamento
agropecuário do bioma, em pouco tempo, levaram às áreas pertencente ao Cerrado a serem
incorporadas à produção agrícola brasileira (EMBRAPA CERRADOS, 2002) resultando em
rápidas mudanças na cobertura e uso da terra.
154
o Cerrado a ser considerado um dos biomas mais ameaços do planeta e classificado como um
dos hotspots mundiais de biodiversidade (MITTERMEIER et al., 1998); (MYERS et al., 2000).
Cerca de 47,8% do Cerrado já haviam sido desmatados até o ano de 2008 (MMA, 2002).
As taxas de desmatamento no bioma têm variado em torno de 10.000 km2 ao ano nos
últimos sete anos. No último triênio, os resultados vêm apresentando melhoras, em 2016 a perda
foi de 6.777 km2, em comparação com o ano anterior a redução foi de 43%, em 2017 a área
devastada foi de 7.474 km2 e em 2018 de 6.657 km2, a menor taxa de desmatamento registrada
na série histórica. Apesar do recuo, a dimensão do desmatamento do bioma ainda é preocupante,
até 2017 cerca de 946.059 km2 (46%) da área original de Cerrado já estava ocupada por
pastagens e cultivos agrícolas (INPE, 2018) (Figura 58).
155
35.000
30.000
29.495
28.992
25.000
Área (km²)
20.000
17.644
15.000
14.885
14.250
10.000
11.881
10.761
10.055
9.491
7.474
5.000
6.777
6.657
0
Como um dos usos mais rentáveis da terra, a cultura da soja tem sido um dos principais
produtos impulsionadores do desmatamento especulativo (TRASE, 2018). Dados do PRODES
Cerrado (INPE, 2018) estimam que em 2015, 3,5 milhões de hectares de soja estavam sob
vegetação nativa no Cerrado no ano 2000. Atualmente, o bioma é responsável por 52% da
produção brasileira de soja (CARNEIRO FILHO e COSTA, 2016) e 12% da produção global
da oleaginosa (FAO, 2015).
156
A ênfase contínua sobre as exportações de commodities para impulsionar o
desenvolvimento do país utilizam-se de um modelo econômico predatório (KLINK et al.,
1993), que teve como consequências a perda rápida e extensa da vegetação nativa nas regiões
intactas do Cerrado (GASPARRI; GRAU, 2009) alterando e fragmentando significativamente
a paisagem (MARTINS et al., 2002; CUNHA et al., 2020). A fragmentação intensa prejudica
importantes funções ecológicas desempenhada pelos “corredores” ecológicos para manutenção
da migração da fauna e flora (LAHSEN et al., 2016) além de exercer influência decisiva sobre
as paisagens sociais, políticas e econômicas (SAWYER et al., 2017).
Até 2002, os três estados da região norte, Piauí, Maranhão e Tocantins apresentavam os
maiores índices de preservação do Cerrado, 92%, 89% e 79%, respectivamente. Em
contrapartida, os menores índices de cobertura vegetal natural eram apresentados pelos estados
de São Paulo (15%), Mato Grosso do Sul (32%) e Paraná (32%) (SANO et al., 2008).
Em 2018, por sua vez, os estados que mais contribuíram para o desmatamento no
Cerrado foram: Tocantins (1.533 km²), Maranhão (1.472 km²), Mato Grosso (1.001 km²) e
Goiás (713 km²), Bahia (697 km²) e Piauí (1.533 km²) (INPE, 2018), marcando a atual e mais
ativa fronteira agrícola do Brasil, Matopiba – confluência dos estados do Maranhão, Tocantins,
Piauí e Bahia (Tabela 21). Nessa região até os anos 2000 a falta de infraestrutura básica era um
dos fatores impeditivos para expansão agrícola, portanto grandes áreas de Cerrado eram
conservadas, essa condição pode ser verificada em Carneiro Filho e Costa (2016) ao apontar
que a maior parte da expansão agrícola em Matopiba ocorreu sobre a vegetação nativa, 68%
entre 2000 e 2007 e 62% (1,3 milhões de hectares) no período entre 2007 e 2014.
Sem dúvida, atualmente Matopiba é a área de produção de soja que mais cresce no
mundo (CARNEIRO FILHO e COSTA, 2016), mas, o que cabe aqui ressaltar é que até os anos
2000 grande parte dos estados brasileiros, como São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Goiás,
entre outros, já haviam desmatado e convertido suas terras para fins agropecuários, pouco
sobrou da vegetação nativa, que hoje encontra-se restrita a fragmentos de pequenas dimensões
e distribuídos de forma esparsa, sem conectividade.
157
Sobre essa questão, o estudo de Lahsen et al., (2016), baseado em informações via
satélites, evidenciam que a eficiência na proteção da vegetação nativa quando as UC’s são
geridas por comunidades locais e tradicionais do que quando ocorre por agentes do poder
público, uma vez que estes possuem limitações para controlar o corte ilegal de madeira, a caça
e a mineração.
9
Ambiental, mas tendo em conta as sinergias com a dinâmica social.
158
Em um estudo coordenado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE)
pesquisadores abordam a importância do bioma e expõe de forma contundente os riscos da
exploração intensiva do Cerrado:
10
No Brasil, as áreas protegidas implementadas pelos governos federal, estadual ou municipal são divididas em
12 categorias, inseridas em dois grandes grupos com finalidades distintas: Proteção Integral (PI) e Uso Sustentável
(US) (BRASIL, 2000).
159
Tabela 19. Superfície de terras indígenas localizadas no Cerrado brasileiro.
Área total % de
% de Cerrado
Área TI no do Cerrado Cerrado
Estado Área TI (ha) protegido no
Cerrado (ha) no Estado no
Estado
(ha) Estado
Bahia 3.063 2.839 0,02% 15.161.979 7,43%
Goiás 40.463 40.463 0,12% 32.963.654 16,16%
Maranhão 1.228.728 811.311 3,83% 21.207.908 10,40%
Mato Grosso 7.134.689 5.103.835 14,22% 35.884.109 17,59%
Mato Grosso do Sul 672.316 454.771 2,11% 21.600.748 10,59%
Minas Gerais 53.214 52.704 0,16% 33.372.032 16,36%
Pará 1.486 3 0,01% 28.081 0,01%
Rondônia 1.603.245 45.156 100% 45.156 0,02%
São Paulo 1.930 1.639 0,02% 8.113.377 3,97%
Tocantins 2.363.671 2.363.507 9,36% 25.246.306 12,38%
Total de área de
11.499.561 8.876.227 4,35% 203.920.889 100%
TI no Cerrado
Fonte: MMA (2007)
Organizado pela autora.
Tabela 20. Número de áreas silvestres protegidas pelo SINASIP agrupadas segundo categorias
Denominação Jurisdição Categoria IUCN11 Categoria SINASIP Número
Ia Monumento Científico 1
III Monumento Natural 12
II Parque Nacional 15
IV Refúgio de Vida Silvestre 1
Publico
Ia Reserva Científica 1
IV Reserva Ecológica 2
Nacional
- Reserva da Biosfera 2
- Outras categorias 6
V Paisagem Protegida 3
IV Reserva das Entidades Binacionais 9
Privado
VI Reserva de Recursos Gerenciados 5
IV Reserva Natural 36
Ramsar Site, Wetland of International Importance 3
Internacional
UNESCO-MAB Reserva da Biosfera 2
Total 98
Fonte: (UNEP-WCMC, 2019)
Organizado pela autora
11
Categorias IUCN: I- Reserva natural restrita / Reserva Científica; II- Parque Nacional; III- Monumento
Natural; IV- Área de manejo de habitat/espécies; V- Paisagens terrestres ou marinhas protegidas; VI- Áreas
protegidas com recursos gerenciados.
160
Dessa forma entende-se que a importância biológica e socioeconômica do Cerrado e os
vários impactos ambientais positivos e negativos aos quais esse território está sujeito só podem
ser entendidos no contexto mais amplo do que nas restrições dos limites políticos-
administrativos dos países que compartilham esse bioma – Brasil, Paraguai e Bolívia.
A área original de Cerrado no Mato Grosso do Sul abrangia um total de 21,6 milhões de
hectares, correspondente a 61% do território estadual e junto com o bioma Pantanal e a Mata
Atlântica, compreendem 25% e 14% do território, respectivamente (IBGE, 2004).
Ao longo das últimas quatro décadas, principalmente, esses biomas tiveram sua
vegetação original convertida para uso de atividades econômicas tradicionais no estado, como
a pecuária bovina de corte, seguido da agricultura anual (soja, milho, algodão etc.) e, mais
recentemente, a agricultura semi-perene da cana-de-açúcar para produção de etanol e ainda o
plantio de floresta de eucalipto para produção de celulose, que se intensificou a partir de 2007
(SILVA et al., 2011) (Tabela 21).
Tabela 21. Superfície de tipos de uso e ocupação das terras no estado de Mato Grosso do Sul – 1985 a 2017.
Classes 1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2017
Formação florestal 10.146.105 8.764.283 8.101.010 7.661.893 7.182.157 7.196.242 7.322.672 7.291.064
Formação savânica 4.836.051 4.743.827 4.228.876 3.936.183 3.525.378 3.428.261 3.228.434 3.246.327
Formação campestre 3.426.270 3.825.705 3.674.481 3.774.243 3.793.888 3.549.373 3.728.201 3.651.355
Área úmida 627.690 286.027 386.100 369.798 391.007 494.797 393.852 431.971
Floresta plantada 0 88.792 85.112 98.281 86.650 262.999 571.760 633.931
Pastagem 11.143.787 13.613.739 15.334.092 16.053.811 16.143.809 15.920.561 14.322.107 14.088.088
Cultivo anual e perene 968.587 1.245.070 1.198.572 1.250.449 1.671.493 1.828.111 2.254.731 2.454.790
Cultivo semi-perene 0 0 0 0 0 297.687 630.275 618.401
Mosaico de agricultura ou
pastagem 3.540.526 2.240.108 1.788.560 1.775.359 2.072.387 1.988.407 2.501.501 2.607.225
Corpos d'água 946.690 854.815 862.269 729.186 719.255 657.361 683.027 699.814
161
total do Estado, (SILVA et al., 2011). Em 2008, os remanescentes de Cerrado representavam
27,4% da cobertura vegetal natural do estado (BRASIL, 2009) (Figura 60).
3.000
2.500
2.000
Área (km²)
1.500
1.000
500
0
2002 2004 2006 2008 2010 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018
Figura 60. Área desmatada do bioma Cerrado no Mato Grosso do Sul de 2002 a 2018
Fonte: INPE/ PRODES (2018)
Organizado pela autora.
Segundo Carneiro Filho e Costa (2016) 25,4 milhões de hectares de Cerrado que já
foram convertidos para usos antrópicos são adequados à agricultura, sendo que a maior parte
dessas áreas correspondem a pastagens (15,5 milhões com alta aptidão agrícola e 3 milhões de
hectares com média aptidão agrícola). Para os autores (op. cit.), esse fato está associado à
tendência de intensificação da pecuária em áreas específicas, que acabam liberando áreas menos
produtivas, representando uma oportunidade para o agronegócio expandir a produção de soja
em áreas previamente ocupadas por pastagens.
O estado do Mato Grosso do Sul detém 28% de área de pastagens com alta e média
aptidão agrícola no bioma Cerrado, desse total 3,3 milhões de hectares são de áreas de pastagens
162
com alta aptidão agrícola (CARNEIRO FILHO e COSTA, 2016). Entre 2013 e 2014 a área de
plantio de soja no Cerrado no estado correspondia a 8,8% dos 15,7 milhões de hectares
cultivados com a oleaginosa no bioma (op. cit.), desse total 1,4 milhão de hectares da área
cultivada com soja no Cerrado localizava-se no estado de Mato Grosso do Sul, cerca de 65%
da área de cultivo de soja no estado está concentrada no bioma Cerrado.
No Mato Grosso do Sul, o desmatamento para produção de soja ocorre em uma escala
bem maior de forma indireta. A demanda do mercado para culturas específicas, como a soja,
acarreta o aumento do preço das terras, incentivando o desmatamento, a área recém desmatada
é frequentemente utilizada como pastagem de gado antes de ser vendida ou arrendada para a
produção de soja. Essa expansão da soja na área previamente ocupada por pastagem provoca
maiores níveis de desmatamento a medida que a pecuária se desloca para a regiões de fronteira
agrícola, perpetuando o ciclo do conversão da vegetação nativa (TRASE, 2018). Garantir que
a expansão de cultivo da oleaginosa não cause mais desmatamento é um imenso desafio.
163
Figura 61. Uso e cobertura das terras no bioma Cerrado em Mato Grosso do Sul para o ano de 2013
Organizado pela autora.
164
Tabela 22. Superfície dos tipos de uso e cobertura das terras no Mato Grosso do Sul.
Área (ha)
Classe
1985 2018
Formação florestal 7.752.615 5.482.643
Formação savânica 4.954.356 2.907.046
Floresta plantada 75.724 726.146
Campo alagado e área pantanosa 2.803.346 2.714.278
Formação campestre 3.539.611 3.366.991
Pastagem 14.242.183 15.586.893
Cultura anual e perene 1.293.981 3.107.023
Cultura semi-perene 965 724.286
Mosaico de agricultura e pastagem 603.194 475.674
Infraestrutura urbana 21.436 69.848
Mineração 427 735
Outras áreas não vegetadas 24.981 17.025
Corpos d'água 396.620 530.735
Fonte: Projeto MapBiomas (2020).
165
No cenário paraguaio dados da FAO (2015) demonstram que o país ainda detém
15,3 milhões de hectares de floresta e floresta primária, o que corresponde a 37% da
superfície territorial (Figura 62).
Figura 63. Perda da cobertura vegetal arbórea do Paraguai na série de 2001 a 2017.
Fonte: GFW (2019)
Organizado pela autora.
Nesse período, quatro departamentos foram responsáveis por 54% de toda a perda
de cobertura vegetal arbórea (Tabela 23).
166
Tabela 23. Índices de perda de cobertura vegetal nos principais departamentos do Paraguai.
Perda da cobertura vegetal entre
Departamentos 2001 e 2007
Área (ha) (%)
Boquerón 2.190.000 31%
Canindeyú 224.000 31%
San Pedro 296.000 30%
Amambay 143.000 25%
Caaguazú 128.000 22%
Alto Paraguay 1.100.000 21%
Alto Paraná 89.900 19%
Presidente Hayes 663.000 16%
Concepción 149.000 15%
Caazapá 58.500 12%
Fonte: GFW (2019)
Organizado pela autora.
12
As classes de perda de cobertura arbórea definidas pelo GFW diferenciam a classe Commodities como
desmatamento em grande escala vinculado principalmente à expansão da agricultura comercial. Enquanto
a classe Agricultura está vinculada a perda temporária ou desmatamento permanente devido à agricultura
de pequena e média escala.
167
Figura 64. Principais motivos de conversão da cobertura vegetal arbórea do Paraguai na série de 2001 a
2015
Fonte: GFW (2019)
Organização: Ferreira (2019)
Tabela 24. Superfície de cobertura vegetal natural suprimidas para outros tipos de usos
Perda de cobertura vegetal (hectares)
Commodities Urbanização Silvicultura Agricultura Incêndio
2001 125.000 40 1.870 22.400 319
2002 162.000 85 1.810 30.500 415
2003 214.000 130 4.720 47.300 336
2004 188.000 149 2.730 56.000 341
2005 225.000 145 2.110 34.500 538
2006 127.000 110 1.670 18.200 509
2007 385.000 50 2.430 37.600 914
2008 346.000 147 2.020 27.200 697
2009 335.000 87 1.420 15.400 844
2010 420.000 77 2.240 18.800 721
2011 424.000 75 1.800 29.800 758
2012 462.000 92 2.110 43.200 865
2013 292.000 52 1.650 23.300 387
2014 316.000 71 3.220 24.900 451
2015 263.000 44 2.510 13.200 160
Fonte: GFW (2019)
Organizado pela autora.
168
homogeneização do território, transformando determinadas áreas em regiões produtivas
de soja na fronteira.
Para Cunha e Coelho (2012, p. 84) esse modelo de desenvolvimento que prima
pelos interesses privados (econômicos) frente aos bens coletivos (meio ambiente),
consubstancia-se em uma visão antropocêntrica de mundo “e é fonte geradora de fortes
impactos socioambientais”. Essas discrepâncias socioeconômicas e ambientais induzidas
pelo modelo econômico predatório gera conflitos generalizados ligados a disputas de
terras (SVAMPA, 2012). Dessa forma, destaque-se como o papel desempenhado pelas
áreas protegidas é fundamental para conservação da biodiversidade e na manutenção do
habitat natural (SCHMITT et al., 2009).
169
C APÍTULO 5
170
[...] é provável que a ideia de natureza reforçada seja aquela que
ela existe em algum lugar, e precisa ser preservada, mas não está
onde eu moro. Ou de outra forma a natureza é quase sempre um
“resto” de mata que se visita nos dias festivos – dia da árvore –
ou se faz uma pesquisa de campo – quando possível, ou ainda
aquela se observa nas fotos, pinturas, filmes exibidos para
mostrar a natureza original (ARRUDA, 2006, p. 120).
Para atender a uma das hipóteses levantadas nessa tese, referente a resiliência das
áreas protegidas frente ao avanço do modelo agroexportador, optamos por abordar neste
capítulo uma síntese, um convite à reflexão de como ocorreu a consolidação das
estratégias e dos instrumentos legais de conservação e preservação no Brasil e no
Paraguai, consagradas, essencialmente, pelas áreas protegidas. Para tanto, foram
estabelecidos os principais debates e contrapontos em uma narrativa sequencial de uma
série de fatos e circunstâncias que culminaram no estabelecimento das políticas públicas
ambientais ligadas as áreas especialmente protegidas.
171
avanços importantes, mas, ao mesmo tempo, abre uma lacuna para precedentes de
passivos ambientais, de acordo Scarano et al., (2012) se por um lado adota medidas
conservacionistas em algumas áreas do país, por outro, ainda coloca em prática atitudes
contrárias às dos interesses ambientais nacionais.
13
A legislação brasileira não traz um conceito único para área protegida, mas observa-se que o termo mais
atual congrega as diferentes tipologias e suas características intrínsecas, portanto, nesse contexto, adota-se
a definição de área protegida elaborada pela IUCN (1984) como: “uma área terrestre e/ou marinha
especialmente dedicada à proteção e manutenção da diversidade biológica e dos recursos naturais e culturais
associados, manejados através de instrumentos legais ou outros instrumentos efetivos”.
172
ambiental internacional positiva, refletindo na sensibilização para a problemática
ambiental nos países. Embora naquele momento, o governo brasileiro tenha adotado uma
postura mais rígida indo na contramão dos princípios estabelecidos na Conferência, de
forma ambivalente, acabou adotando internamente, uma conduta preventiva mais
alinhada com a tendência internacional de fortalecer e/ou criar instituições específicas
para conduzir os assuntos da pauta ambiental (CAMARGO, 2005).
Durante muito tempo as terras indígenas não foram consideradas como área
protegida no sentido semântico do termo. Apesar de que elas sempre representaram um
importante instrumento de conservação ambiental e manejo da biodiversidade pelas
173
populações tradicionais, como já retratava o Código Florestal de 1965, no Art. 3º, em que
“as florestas que integram o Patrimônio Indígena ficam sujeitas ao regime de preservação
permanente” (BRASIL, 1965) e ratificado pelo Art. 28º do Estatuto do Índio ao
determinar que no caso específico dos Parques Indígenas, fosse garantida a preservação
“das reservas de flora e fauna e as belezas naturais da região” (BRASIL, 1973).
174
Os efeitos desse modelo de desenvolvimento vêm sendo relatados e alertados há
bastante tempo, desde a publicação de Rachel Carson mundialmente conhecida, “Silent
Spring”, em 1962 e estão arraigados na nossa sociedade. O autor José Augusto Pádua em
sua obra “Um sopro de destruição: pensamento político e crítica ambiental no Brasil
escravista (1786 – 1888)” aponta que o descaso com os recursos naturais no Brasil advém
desde o período colonial. Para Drummond et al., (2010) além do aspecto histórico, a
grande extensão territorial e a grande disponibilidade de recursos naturais no Brasil
operam como fatores inibidores de consciência e de políticas conservacionistas.
175
No Paraguai esse cenário não foi muito diferente, a aprovação da Lei Nº 352 “de
Áreas Silvestres Protegidas”, em 1994 que regulamentou o Plano Estratégico do SINASIP
(Sistema Nacional de Áreas Silvestres Protegidas), elaborado em 1993, permitiu que as
áreas silvestres protegidas (ASP) se mantivessem dentro de uma unidade conceitual de
sistema e a incorporação de várias áreas importantes para a conservação. A consolidação
dessa lei fortaleceu o panorama ambiental e repercutiu na aprovação de uma série de
normas legais para a proteção e conservação das áreas silvestres protegidas14.
Sem dúvida, uma das grandes conquistas para direcionar os esforços e insumos na
elaboração das políticas protecionistas foi a criação da SEAM, do SISNAM e do
CONAM, instituídos pela Lei Nº 1.561/00, a partir do qual ainda é criada e reconhecida
a Política Ambiental Nacional e o Plano Ambiental Nacional (PAN). Em resumo, pode-
se destacar que a partir dos anos 2000 foram geradas sinergias relacionadas a importância
da proteção de áreas silvestres, às populações locais e tradicionais indígenas e o
desenvolvimento sustentável.
14
Áreas Silvestres Protegidas são toda porção do território nacional compreendido dentro dos limites bem
definidos, de características naturais ou seminaturais, que é submetida a gestão de seus recursos a fim de
alcançar objetivos que garantam a conservação, defesa e melhoria do ambiente e dos recursos naturais
envolvidos (tradução nossa) (PARAGUAI, 1994, Art. 4).
176
planos de manejo e de recursos humanos são problemas ainda muito presentes,
enfrentados desde o início pelo SINASIP.
Outra linha de ação elaborada pelo SINASIP foi a Estratégia Nacional e Plano de
Ação para Conservação (ENPAB), em 2004, que direcionava a conservação da
biodiversidade em vários setores a fim de estabelecer atividades para participação dos
povos indígenas e mecanismos de distribuição equitativa dos recursos (VILLALBA,
2014). Um grande desafio que articulava a temática ambiental com a temática de povo
originários tradicionais.
177
e que é dividido de acordo com a posse da terra, adaptando a elas as categorias de
gerenciamento mais apropriadas, a saber:
Fica claro que o mecanismo de cogestão tem como objetivo integrar esforços
públicos e privados no fortalecimento do SINASIP, e suprir as lacunas existentes, o que
tem se mostrado eficiente na captação de recursos financeiros e contratação de pessoal.
Todavia o documento da SEAM (2007) chama a atenção para a necessidade de haver uma
coordenação mais alinhada entre a autoridade de execução, as iniciativas ambientais
descentralizadas e as propostas do setor privado, a fim de evitar conflitos que ameacem
os objetivos de conservação e preservação dos recursos naturais e, sobretudo, os direitos
das comunidades locais.
É importante destacar que até a década de 1990 havia uma grande pluralidade de
categorias de áreas protegidas, que eram gerenciadas, em um primeiro momento pelo
IBDF (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal) e depois essa responsabilidade
178
foi compartilhada com a SEMA. A sistematização, padronização e organização das
categorias de áreas protegidas, na tipologia UC, só foi estabelecida com a criação do
SNUC, instaurado pela Lei Nº 9.985 de 18 de julho de 2000 (BRASIL, 2000), que
regulamentava o art. 225, § 1º, incisos I, II, III e VII da Constituição Federal, e define
Unidade de Conservação como:
179
Quadro 2. Categorias de Unidades de Conservação estabelecidas pelo SNUC
Grupo Categoria Objetivo
Reserva Extrativista
tradicionais e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da
(RESEX)
unidade.
Manter populações animais de espécies nativas, terrestres ou
aquáticas, residentes ou migratórias, adequadas para estudos
Reserva de Fauna (REFAU)
técnico-científicos sobre o manejo econômico sustentável de
recursos faunísticos.
Preservar a natureza e, ao mesmo tempo, assegurar as condições e
os meios necessários para a reprodução e a melhoria dos modos e
Reserva de
da qualidade de vida a exploração dos recursos naturais das
Desenvolvimento
populações tradicionais, bem como valorizar, conservar e
Sustentável (RDS)
aperfeiçoar o conhecimento e as técnicas de manejo do ambiente,
desenvolvido por estas populações.
Reserva Particular do
Patrimônio Natural Conservar a diversidade biológica em área privada.
(RPPN)
Categorias presentes na área de estudo.
Fonte: BRASIL (2000).
Organizado pela autora.
180
É importante destacar que as categorias de UC’s definidas pelo SNUC se
enquadram nos critérios propostos pela União Internacional para Conservação da
Natureza (IUCN), isso permite ao sistema brasileiro uma adequação aos padrões das
normas internacionais e facilita a proposição de estratégias para capitanear recursos, a
realização de pesquisas bem como, a comunicação com agências internacionais e ainda a
adoção de padrões diferenciados para gestão de áreas transfronteiriças (DRUMMOND et
al., 2010).
181
Legal (RL) e Terras Indígenas (TI) – os mesmos problemas históricos de gestão, e o que
é mais grave ainda, não dispondo de instrumentos de integração e articulação com as
ações previstas para as UC’s.
Essa condição pode ser atrelada aos conflitos sociais estabelecidos pelos
interesses divergentes dos diversos atores no processo de criação de UC’s, sobretudo,
atualmente. Portanto, o caminho mais fácil é optar pela parcial proteção dos recursos
naturais, permitindo a exploração de recursos e de uso do território para diferentes
finalidades e grupos sociais.
182
Tabela 25. Áreas protegidas por tipologia no Brasil
Percentual
Tipologia Número Área (ha) relativo ao
país
Brasil (total) 854.546.635 100%
Remanescentes de vegetação nativa1 192.999.579 22,6%
Unidade de Proteção integral 777 66.347.405 7,8%
Conservação Uso sustentável 1.669 188.872.267 22,1%
— — 21.687.978 —
Área de Preservação
com Remanescente de
Permanente* — 12.875.323 —
Vegetação Nativa
— — 135.194.100 —
Reserva Legal* com Remanescente de
— 108.240.346 —
Vegetação Nativa
Terra Indígena 4881 117.067.410 13,7%
*Informações declaradas no Sistema de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR) até 31 de janeiro de 2020.
1
Pode haver sobreposição com demais tipologias; 2 Não inclui 117 TI em fase de estudo.
Fonte: CNUC/ MMA (2020); SiCAR (2020); FUNAI (2020).
Organizado pela autora.
183
Figura 65. Panorama da distribuição das áreas protegidas (UC's + TI's) por bioma.
Fonte: GITE/ Embrapa (2017)
Organizado pela autora.
184
Figura 66. Uso e ocupação das terras no Brasil.
Fonte: GITE/ Embrapa (2017).
Com base nessas informações, deveras há grande parte da vegetação nativa nas
propriedades privadas, mas também essas são as mais ameaçadas. Atualmente o país
ocupa o 3º lugar no ranking de maior extensão de agropecuária do mundo, com 251
milhões de hectares de seu território dedicados a atividade (EMBRAPA, 2017), ao mesmo
tempo em que a desigualdade da distribuição da posse da terra aumenta.
De acordo com uma pesquisa recente os 10% maiores imóveis ocupam 73% da
área agrícola do Brasil, enquanto os 90% menores imóveis ocupam somente 27% da área
(GUEDES PINTO et al., 2020). Posto isso, o estudo ainda indica que, apenas 0,3% do
total de imóveis detém 25% de toda a terra agrícola do Brasil, concentrando-se,
principalmente nos estados de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e da região de Matopiba.
15
Para COSTANZA et al. (2017, p. 3) os processos e funções do ecossistema descrevem as relações
biofísica que existem independentemente de os humanos se beneficiarem ou não. Em contraste, os serviços
ecossistêmicos são aqueles processo e funções que beneficiam as pessoas, de forma consciente ou
inconsciente, direta ou indiretamente. Portanto, são complementares não sinônimos.
185
ecossistêmicas prestados pelos recursos naturais (capital natural) na manutenção das
atividades humanas, concluindo que o valor global estimado para esses serviços era de
cerca de US$ 33 trilhões por ano (cotado para 1995) (COSTANZA et al., 1997), um valor
substancialmente maior do que o Produto Mundial Bruto (PMB) da época. Outro estudo
mais recente, para a Amazônia conclui que o valor dos serviços ecossistêmicos podem
chegar a US$ 737 por hectare/ano (STRAND et al., 2018). Se fossem somadas todas as
áreas protegidas do Brasil, esse valor poderia chegar a 1 trilhão de reais/ ano.
Com uma biodiversidade tão elevada quanto a Amazônia, o Cerrado é uma das
principais áreas do planeta para a produção agrícola e pecuária (SANO, 2019). Dessa
forma, como já mencionado, cerca de 50% do bioma foi desmatado (MMA, 2002),
colocando em risco a biodiversidade rica, única e útil assim como todos os seus serviços
ecossistêmicos (SAWYER et al., 2017). A pressão continua intensa por causa da
expansão agropecuária da soja, carne e cana-de-açúcar.
16
O Fundo Amazônia é uma iniciativa pioneira de financiamento de ações de Redução de Emissões
Provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal (REDD+). Foi proposto pelo Brasil em 2007, na
13ª Conferência das Partes da UNFCCC, e teve sua criação autorizada ao BNDES, em 2008, por meio do
Decreto Presidencial 6.527.
186
existentes, na valoração de produtos da sociodiversidade (HOMMA, 2005; ROESLER et
al., 2007; UNB 2010), que cria incentivos econômicos para a conservação da
biodiversidade e no melhor aproveitamento de áreas já antropizadas/ desmatadas.
187
188
Figura 67. Recortes de notícias
5.3. As Áreas Protegidas como principais instrumentos para preservação
ambiental no Paraguai
189
Quadro 3. Áreas Silvestres Protegidas agrupadas segundo categorias
Domínio/
Categoria Nome Descrição
Administração
Áreas naturais com ecossistemas que contêm
características geomorfológicas relevantes ou
I Reserva Científica representativas, bem como espécies da fauna e da flora, e
que sob proteção abrangente e rigorosa, destinam-se à
Proteção restrita
V Paisagem Protegida
terrestres e aquáticos e a recreação
Áreas que permitem a manutenção da diversidade
Reserva de Recursos
VI biológica com o uso sustentável de ecossistemas e seus
Gerenciados
componentes
Áreas que permitam o uso flexível que e a coexistência
Reserva da Biosfera harmoniosa de diferentes tipos de uso e conservação, Público
incluindo outras categorias de manejo.
Áreas naturais que atendem às características de uma
Reserva Científica ou Parque Nacional, mas por várias
Público direto e
Reserva Ecológica razões, como: tamanho, posse da terra, forma e grau de
indireto
alteração não se qualificam para serem incluídas nas
categorias mencionadas
Áreas naturais situadas em propriedades privadas que
contêm amostras de ecossistemas considerados
Reserva Natural importantes para a conservação da biodiversidade e, ao Privado
mesmo tempo, são utilizadas para a realização de
atividades produtivas de maneira sustentável
Porções do território nacional que contenham
ecossistemas naturais, seminaturais ou modificados, com
Uso especial
Especial
190
A inclusão dessas três novas categorias representa um importante avanço das
políticas públicas ambientais no Paraguai. A modificação e ampliação da Resolução Nº
200 de 2001, segundo a SEAM, visa contribuir para o enriquecimento e aumento dos
mecanismos de conservação, bem como do patrimônio ambiental existente e converge no
cumprimento dos compromissos internacionais aprovados e ratificados pelo Estado,
como a Convenção sobre Diversidade Biológica.
Dessa forma, a SEAM abre espaço para incluir os territórios indígenas no manejo
de áreas protegidas do SINASIP, promovendo o interesse das comunidades indígenas na
conservação e preservação da biodiversidade, fortalecendo as ações de desenvolvimento
sustentável e demonstrando a importância das populações locais em potencializar os
serviços ambientais das ASPs.
191
O SINASIP reconhece as lacunas existentes e assinala que a criação e gestão de
áreas protegidas esbarram em barreiras de várias direções, por um lado aqueles que
percebem as áreas protegidas como inimigas do desenvolvimento e do outro lado aqueles
que as veem como ameaça contra os direitos das populações rurais mais pobres, o qual
dependem da extração dos recursos naturais para viver (SINASIP, 2007).
192
Nesse contexto destacam-se o apoio de agências de cooperação internacional que
apostam no fortalecimento das ASP’s privadas. Assim como projetos gerenciados pela
Associação Guyra Paraguay, um deles, em parceria com a BirdLife International consiste
na identificação de sítios importantes para a conservação de aves, conhecidas como IBA
(Important Bird Area).
Outro ponto importante é que das 57 IBAs, 26 coincidem com as Áreas Silvestres
Protegidas (ASP), nesse sentido, 67% (2.255.100 hectares) da área total das IBAs estão
oficialmente protegidas por alguma categoria de ASP (CARTES e CLAY, 2009) (Tabela
29).
193
Tabela 29. Important Bird Areas (IBAs) no Paraguai e as ASPs coincidentes.
194
Deveras, isso não implica em considerar a efetiva proteção dessas áreas, devido a
falta de implementação do SINASIP e as sérias dificuldades enfrentadas por muitas áreas
protegidas. Mas, de fato várias experiências positivas resultaram do trabalho recente de
conservação nas IBAs, como a conscientização, o monitoramento remoto rural, através
da utilização de SIG, conjuntamente com o desenvolvimento das políticas nacionais de
desenvolvimento sustentável (GUYRA PARAGUAY, 2008).
Tabela 30. Superfície ocupada e número de áreas protegidas na faixa de fronteira do Paraguai
Categoria Número Área (ha)
Parque Nacional 5 245.400
Reserva Ecológica 1 3.323
Paisagem Protegida 1 44
Reserva das Entidades Binacionais 4 30.501
Reserva Natural 6 138.288
Reserva da Biosfera* 3 2.104.197
Total 20 2.521.753
*Só a área que corresponde a faixa de fronteira de 150 km
Fonte: SINASIP (2007).
Organizado pela autora.
195
De acordo com o informe do Relatório Especial sobre Povos Indígenas da ONU
(2015) a taxa de pobreza da população indígena no país é de 75% e 60% de pobreza
extrema. Portanto, as comunidades indígenas são altamente dependentes dos recursos
naturais, 81% das atividades econômicas desses povos estão concentradas no setor
primário (agricultura, caça e pesca).
196
Quadro 4. Áreas protegidas no Paraguai segundo a classificação do SINASIP
197
continuação
Faixa de Faixa de
Categoria Nome área protegida Área (ha) Categoria Nome área protegida Área (ha)
fronteira fronteira
Vila Josefina 182 Não Itakyty 189 Não
Canãda del Carmen 3.984 Não Maharishi 77 Não
Arcadia 4.761 Não Guyrati 3.806 Não
Punie Oasoi 3.663 Não Riacho Florida II 1.079 Não
Yaguarete Porã 27.797 Não Arrecife 7.815 Não
Bosque Mbaracayú 65.436 Sim Bosque Arary 52 Não
Reserva Natural
Cuenca del Arroyo
Bosque Yvyraty 265 Não 792 Não
Tacury Chopy Sayju
Arroyo Blanco 5.965 Sim Ñu Guazu 49.831 Não
Morumbi 30.866 Sim Lote I 4.967 Não
Estancia Salazar 12.285 Não La Morena 1.279 Não
Ka’í Rague 1.778 Sim El Ceibo 5.821 Não
Palmar Quemado 9.720 Não
Reserva Natural
Toro Mocho 17.778 Não Estero Milagro 26.644 Não
Laguna Teniente Rojas
Cerrados del Tagatiya 5.309 Sim Ramsar Site 12.684 Não
Silva
Tagatiya mi 28.914 Sim Laguna Chaco Lodge 1.569 Não
Estrella 1.017 Não
Guaycan I II III 1.455 Não
Piroy 13 Não
Laguna Blanca 814 Não
Tabucai 563 Não
Yguasú 1.465 Não
Tapiracuai 3.109 Não
Natural Ypeti 13.552 Não
Tapyta 4.798 Não
Fonte: SINASIP (2007); UNEP-WCMC (2019).
Organizado pela autora.
198
No território sul-mato-grossense apenas cerca de 300 mil hectares estão sob o
resguardo de UC’s de proteção integral, o que corresponde a 0,86% do território,
distribuídos em 25 unidades, no qual 92.886 ha pertencem a esfera federal, 187.876 ha a
esfera estadual e 30.561 ha a esfera municipal. Já as UC’s de uso sustentável abrangem
15,3% do território estadual, sendo que 4,874 milhões de hectares pertencem a categoria
menos restritiva de APA, no qual 85% estão sob a gestão municipal (Tabela 31 e Figura
69).
Tabela 31. Superfície ocupada e número de unidades de conservação no Mato Grosso do Sul
Part.
Part. Relativa/
Categorias de Unidades de Conservação Número Área (ha) Relativa/
Estado (%)
Grupo (%)
Parques Nacionais 3 92.886 30,3 0,26
Proteção
Integral
Parques e Monumentos
7 187.876 59,7 0,51
Naturais Estaduais
Parques e Monumentos
15 30.561 9,9 0,09
Naturais Municipais
Total PI 25 306.324 100 0,86
RPPN Federal 12 81.234 56,8 0,23
Sustentável
Figura 69. Percentual da superfície ocupada por grupos de UC's e por esfera governamental de gestão no
Mato Grosso do Sul
Fonte: IMASUL (2019).
Organizado pela autora.
199
As UC’s da faixa de fronteira no território sul-mato-grossense abrangem 2,3
milhões de hectares, o que corresponde a 44% do total, sendo que aquelas pertencentes
ao grupo de Proteção Integral somam 180 mil hectares e no grupo de Uso Sustentável são
2,1 milhões de hectares, representando 59% e 43%, das UC’s fronteiriças,
respectivamente (Tabela 32).
Tabela 32. Superfície ocupada e número de unidades de conservação na faixa de fronteira do Mato
Grosso do Sul
Part. Relativa das
Categorias de Unidades de Part. Relativa/
Número Área (ha) UC’s do Estado
Conservação Grupo (%)
(%)
Proteção Parques 10 179.912 7,6 60,4
integral Monumentos Naturais 2 291 0,01 1,6
Uso RPPN’s 15 14.464 0,6 23,5
Sustentável APA’s 20 2.181.187 91,8 44,7
Total 47 2.375.854 100 47,4
Fonte: IMASUL (2019).
Organizado pela autora.
200
Quadro 5. Áreas protegidas no Mato Grosso do Sul segundo o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
201
continuação
203
Quadro 6. Superfície das terras indígenas no Mato Grosso do Sul classificadas segundo situação na
FUNAI
Faixa de
Terra indígena Município Área (ha) Situação
Fronteira
Amambaí Amambai 2.429 Regularizada Sim
Aldeia Limão Verde Amambai 689 Regularizada Sim
Arroio-Korá Paranhos 7.175 Homologada Sim
Buriti Dois Irmãos do Buriti/
17.200 Declarada Não
Sidrolândia
Buriti Dois Irmãos do Buriti/
2.090 Regularizada Não
Sidrolândia
Buritizinho Sidrolândia 9,7 Regularizada Não
Caarapó Caarapó 3.594 Regularizada Sim
Cachoeirinha Miranda 2.658 Regularizada Não
Cachoeirinha Miranda 36.288 Declarada Não
Cerrito Eldorado 1.950 Regularizada Sim
Dourados Dourados / Itaporã 3.474 Regularizada Sim
Dourados-Amabaipeguá I Naviraí/ Amambai/
55.600 Delimitada Sim
Dourados
Guaimbé Laguna Caarapã 716 Regularizada Sim
Guasuti Aral Moreira 958 Regularizada Sim
Guató Corumbá 10.984 Regularizada Sim
Guyraroká Caarapó 11.440 Declarada Sim
Iguatemipegua I Iguatemi 41.571 Delimitada Sim
Ivy-Katu
Jaguapiré Tacuru 2.342 Regularizada Sim
Jaguari Amambai 404 Regularizada Sim
Jarará Juti 479 Homologada Sim
Jatayvari Ponta Porã 8.800 Declarada Sim
Kadiwéu Porto Murtinho / Corumbá 538.535 Regularizada Sim
Lalima Miranda 3.000 Regularizada Não
Limão Verde Aquidauana 5.377 Regularizada Não
Ñande Ru Marangatu Antônio João 9.317 Homologada Sim
Nioaque Nioaque 3.029 Regularizada Sim
Nossa Senhora de Fátima Miranda 89 Regularizada Não
Ofayé-Xavante Brasilândia 1.937 Declarada Não
Ofayé-Xavante Brasilândia 484 Regularizada Não
Panambi – Lagoa Rica Itaporã/ Douradina 12.196 Delimitada Sim
Panambizinho Dourados 1.272 Regularizada Sim
Pilad Rebuá Miranda 208 Regularizada Não
Pirajuí Paranhos 2.118 Regularizada Sim
Pirakuá Bela Vista / Ponta Porã 2.384 Regularizada Sim
Porto Lindo Japorã 1.648 Regularizada Sim
Potreto Guaçu Paranhos 4.025 Declarada Sim
Rancho Jacaré Laguna Caarapã 777 Regularizada Sim
Sassoró Tacuru 1.922 Regularizada Sim
Sete Cerros Paranhos 8.584 Homologada Sim
Sombrerito Sete Quedas 12.637 Declarada Sim
Sucuriy Maracajú 537 Regularizada Sim
Takuaraty/Yvykuarusu Paranhos 2.609 Homologada Sim
Taquaperi Coronel Sapucaia 1.804 Regularizada Sim
Taquara Juti 9.772 Declarada Sim
Taunay/Ipegue Aquidauana 33.900 Declarada Não
Taunay/Ipegue Aquidauana 6.461 Regularizada Não
Ypoi/Triunfo Paranhos 19.756 Delimitada Sim
Fonte: FUNAI (2015)
Organizado pela autora.
204
205
Figura 71. Áreas protegidas na faixa de fronteira Brasil/ Mato Grosso do Sul e Paraguai
5.4.1. Os conflitos decorrentes dos interesses diversos dos atores sociais
A faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai é a região que mais
concentra comunidades indígenas no estado, ademais a região sul é um dos centros mais
expressivos de assentamentos rurais do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra
(MST), paralelamente, foram estas as áreas mais atingidas pelas políticas fundiárias e o
avanço do agronegócio. A combinação dos diferentes interesses desses atores sociais foi
e ainda é fator determinante para acirrar os conflitos e intensificar os impactos neste
território.
Os conflitos relacionados as populações indígenas, bem como referente a questão
agrária estão diretamente relacionados aos processos históricos de ocupação do estado.
Nesse processo, o Estado foi o principal ator, as políticas conduzidas pelo governo
nacional com o objetivo de povoar a região, assim como desenvolvê-la, como esclarecido
no Capítulo 2, permitiu a posse e a concentração fundiária, suscitando disputas de toda
ordem nesse território (Figura 72).
Número de conflitos
Figura 72. Conflitos por terra no Mato Grosso do Sul entre 1985 e 2018
Fonte: CPT (2017)
Organizado pela autora.
206
Figura 73. Índices de casos e áreas de conflito no Mato Grosso do Sul para os cenários de 1997 e 2017 para a área de fronteira
Fonte: CPT (2017)
207
Organizado pela autora.
Fabrini (2012) destaca que é nesse cenário dos conflitos entre o agronegócio e o
campesinato que emerge a luta dos camponeses brasiguaios17, componentes singulares da
fronteira Brasil/ Paraguai. Segundo o autor, apesar de serem denominados de brasiguaios
pelos meios de comunicação no Brasil, os fazendeiros brasileiros que se dedicam a
produção de soja diferem muito destes, devido principalmente, a condição social, política
e econômica.
Corroborando com essa análise, Pereira (2020) aponta que a fronteira da Região
Oriental do Paraguai concentra a grande maioria dos conflitos gerados por empresas do
agronegócio, latifundiários de capital estrangeiro e comunidades camponesas. Nessa
região concentra-se o capital brasileiro, principalmente devido a introdução do cultivo da
soja na década de 1970 e que a consolidou produtora de soja do país. Simultaneamente,
o avanço dessa fronteira agrícola desloca a pecuária para a Região Ocidental do país.
17
Brasiguaio é um termo utilizado para designar “sujeitos sociais da fronteira, meio-brasileiro e meio-
paraguaio, e estão presentes tanto no Brasil (Oeste do Paraná e Sul de Mato Grosso do Sul), quanto no
Paraguai (Departamentos de Alto Paraná, Canindeyú, Amambay e Concepción). A existência dos
brasiguaios está relacionada à sua organização nos movimentos de luta pela terra no Brasil e aos
deslocamentos demográficos e de capitais na fronteira (FABRINI, 2012, p. 2–3).
208
Figura 74. Recorte de matéria de jornais sobre os conflitos na fronteira
209
O descompasso entre as dinâmicas territoriais conduzidas pelo modelo de
desenvolvimento e as medidas de conservação e preservação geram polaridades
ambientais, sociais e econômicas que acabam produzindo discursos excludentes em que
o valor de uso da terra e de conservação e preservação dos recursos naturais se opõem.
210
C APÍTULO 6
211
A representação imaginária está carregada de afetividade e de
emoções criadoras e poéticas, de valores, emoções e expectativas
que temos em relação a ela. Com a natureza não é diferente. Desde
que o mundo é mundo, o homem vive com ela um misto de conflito
e admiração (FUNDO VALE, 2012, p. 50)
212
Não foram incluídas outras áreas legalmente protegidas como as Áreas de
Preservação Permanente (APP) e de Reserva Legal (RL), uma vez que estão relacionadas
ao tamanho dos cursos d’água e da propriedade rural, respectivamente, sendo que as RLs
podem, ainda, ser averbadas em outra propriedade, dessa forma, sua identificação é ainda
mais dificultosa e se distancia dos objetivos propostos nessa tese.
As informações de uso e cobertura das terras para o Mato Grosso do Sul foram
extraídas do banco de dados do projeto MapBiomas18 coleção 4.1, obtidos a partir de
imagens do satélite Landsat e disponibilizadas no formato geotiff com 30 metros de
resolução espacial. Posteriormente ao tratamento dos dados, seguiu-se para extração das
informações referente as UCs e TIs inseridas em cada quadrante e, utilizando a ferramenta
“Calculatora de Campo” do QGIS foram quantificadas as áreas correspondentes a cada
classe temática nos cenários de 1985, 1995, 2005 e 2018.
Para o Paraguai, a base de dados utilizada foi produzida pela European Space
Agency (ESA) Climate Change Initiative (CCI), esse programa tem por objetivo o
mapeamento global do uso e cobertura das terras. A metodologia ESA/ CCI envolve um
sistema de classificação denominado LCCS (Land Cover Classification System) em que
as classes são definidas hierarquicamente a partir de critérios como a presença de
vegetação, ambiente (terrestre ou aquático), artificialidade da cobertura etc. combinados
segundo uma fórmula booleana.
18
O projeto MapBiomas representa a primeira iniciativa multi-institucional para gerar mapas anuais de uso
e cobertura da terra para todo o território brasileiro, utilizando processos de classificação automática
aplicada a imagens de satélite Landsat.
213
Figura 75. Compatibilização da legenda da fonte de dados
Organizado e elaborado pela autora
214
Quanto as áreas protegidas destacadas nesses quadrantes, existem 13 unidades de
conservação, ocupando uma área de 1,2 milhão de hectares. Também estão nesse
território 28 terras indígenas, conformando uma área de 224 mil hectares. No total são 1,5
milhão de hectares legalmente atribuídos para unidades de conservação, terras indígenas,
assentamentos agrários e quilombolas, excluídas as sobreposições territoriais. Mas, é
preciso salientar que, nas Unidades de Conservação de Uso Sustentável pode ocorrer a
presença de assentamentos da reforma agrária e, sobreposições territoriais entre essas
unidades e terras indígenas. Das 13 UC’s, 10 pertencem a categoria de APA, que não
envolvem restrições mais rígidas de uso e, por vezes, não apresentam efetividade na
conservação, representando 92% da área de UC’s na região.
215
Figura 76. Distribuição dos quadrantes abrangendo as UCs e ASPs na faixa de fronteira
Elaborado pela autora
216
6.1.1. Fronteira sudoeste – Quadrante I
O PH CMD foi criado pelo governo federal em 1977, com o objetivo de preservar
e divulgar o patrimônio histórico-cultural (Figura 77.1). De acordo com as informações
obtidas na entrevista com a CMO, o parque histórico, apesar de ser reconhecido pelo
IPHAN, carece de ações de divulgação sobre a importância histórica desse local.
Essa região ainda foi alvo do acirramento de disputas entre colonizadores ibéricos
pela posse de suas terras, as quais também envolveram a população indígena, a exemplo
dos Guarani, Guaicuru, Kadiweu, Terena, entre outros (MATO GROSSO DO SUL,
2015).
Apesar de não ser objetivo dessa tese trabalhar com aspectos histórico-culturais
da faixa de fronteira, entende-se que é importante apresentar os elementos que marcam
essa fronteira, pois as “rugosidades” (SANTOS, 2006) são características indissociáveis
do processo de apropriação do território.
217
1.a) Parque Histórico da Colônia Militar 1.b) Monumento em homenagem ao 1.c) A nascente do rio Dourados está
dos Dourados. tenente Antônio João, morto em batalha. localizada dentro das instalações do
PH CMD.
Fotos: Ferreira (2018)
218
planos e dissecação com topos colinosos e tabulares, em forma de colinas (MATO
GROSSO DO SUL, 2015) (Figura 78).
Figura 78. Paisagens e áreas preservadas na faixa de fronteira de Antônio João e Bela Vista (MS) com o
Paraguai.
Fotos: Ferreira (2018)
Essa região abrange quatro áreas protegidas, sendo duas UC’s de uso sustentável
e duas terras indígenas. A primeira, a APA Municipal dos Mananciais Superficiais das
Nascentes do Rio Apa está localizada no município de Bela Vista e foi instituída pelo
Decreto Municipal 3688/2005, possuindo 150.281 hectares (IMASUL, 2015), o que
corresponde a 30% do território do município. Essa UC possui em seu interior a TI
Pirakuá, com 2.384 hectares sobrepostos a área da APA.
219
220
Figura 79. Áreas protegidas (UCs e TIs) do Quadrante 1
Tabela 35. Áreas protegidas no Mato Grosso do Sul - Quadrante 1, fronteira sudoeste.
Unidade de Conservação Ano de
Área (ha) Município(s)
Grupo Nome criação
APA Municipal dos
Sustentável
Uso Mananciais Superficiais das 150.281 Bela Vista 2005
Nascentes do Rio Apa
APA Municipal das
17.304 Antônio João 2005
Nascentes do Rio Apa
Área Fase do
Terra indígena Município(s)
(ha) processo
Bela Vista/
Pirakuá 2.384 Regularizada
Ponta Porã
Ñande Ru Marangatu 9.317 Antônio João Homologada
Fonte: IMASUL (2017); FUNAI (2015).
Organizado e elaborado pela autora.
221
2.a) Área recentemente preparada para cultivo na MS-384 no 2.b) A presença de solos de variados com diferentes aptidões
município de Antônio João. agrícolas nessa área permite também a utilização agrícola.
Fotos: Silva (2019) Fotos: Ferreira (2018)
3.a) Áreas de fragmentos de vegetação preservados, associados, principalmente aos cursos d’água e topo de morros.
Fotos: Ferreira (2018)
Figura 80. Produção agrícola e pecuária na faixa de fronteira sudoeste do Mato Grosso do Sul, nos
municípios de Antônio João e Bela Vista (MS).
Com relação ao uso das terras no interior das áreas protegidas observa-se que
àquelas que compreendem as TI’s tiveram um aumento de 30% na cobertura vegetal
natural, essa condição pode ser reflexo da distância dos centros produtores-consumidores,
grandes propriedades rurais com baixa densidade demográfica aliadas as limitações
físicas do relevo da Serra de Maracaju (Figura 81).
222
Além disso, a complexa rede de drenagens dessa área resguarda um mosaico de
áreas de vegetação natural, fragmentadas, mas ainda assim, conectadas pelos cursos
d’água, o que demonstra que esta região se encontra em processo de degradação restrito
(MATO GROSSO DO SUL, 2015), muito embora tenha se verificado um aumento de
desmatamento a partir dos anos 2000.
Na APA Municipal dos Mananciais Superficiais das Nascentes do Rio Apa
predomina a atividade pecuária, ocupando 69% (105.075 hectares) da área da UC, seguida
da área de vegetação nativa, correspondentes as formações florestais, savânicas e
campestres, com 43.089 hectares, o que equivale a 28% da área total. Contudo, no período
de 1985 a 2018 houve uma perda de 18% da cobertura vegetal nativa, enquanto a
pastagem teve um crescimento de 27% e as áreas de cultivo que ocupavam pouco mais
de 500 hectares passaram a ter quase 4 mil hectares no interior dessa UC.
223
Figura 81. Distribuição da área ocupada por tipos de uso e ocupação nas UCs e Tis.
Elaborado pela autora.
224
No território paraguaio, o Quadrante 1 abrange quatro ASP’s, no qual, três estão
totalmente inseridas e apenas a Reserva da Biosfera Cerrado del Apa possui parte de sua
área incluía no quadrante (Tabela 36).
Figura 82. Distribuição da área ocupada por tipos de uso e ocupação nas ASPs.
Elaborado pela autora.
225
Figura 83. Uso e ocupação no Quadrante I - fronteira sudoeste 226
Elaborado pela autora
6.1.2. Fronteira sudeste – Quadrante II
Sob influência do regime sazonal de inundação do rio Paraná, essa área da faixa
de fronteira forma grandes extensões de habitats aquáticos (campos de inundação, brejos,
banhados, lagoas) entremeados por formações pioneiras de influência fluvial e da Floresta
Estacional Semidecidual (STRAUBE e URBEN-FILHO, 2014). As características
paisagísticas dessa região remetem a paisagem do Pantanal sul-mato-grossense (Figura
84).
Ao observar os usos da terra, a região sul do estado está consolidada como área
tradicional da pecuária extensiva desde a década de 1980 (Figura 85.1), devido às
condições do terreno com áreas inundáveis, essas regiões se mantiveram a margem do
sistema produtivo agrícola até os anos 2000. Mas, na última década vem apresentando
investimentos na agroindústria sucroalcooleira (FERREIRA, 2016; FERREIRA e
SILVA, 2017) e no melhoramento genético para produção agrícola da soja (Figura 85.2).
Nas áreas da Formação Serra Geral, que tem o relevo constituído do Domínio de
Colinas Amplas e Suaves com declividade de 3 a 10 graus, (MATO GROSSO DO SUL,
227
1990) onde os Latossolos predominam é cultivado o binômio soja/ milho, e em áreas de
solos mais arenosos a cana-de-açúcar ocupa o espaço.
1.a) Atividade pecuária na área de várzea do Rio 1.b) Área de pecuária próximo a BR-163, no
Paraná, próximo ao porto Caiuá. municipio de Itaquiraí
Foto: Ferreira (2017) Foto: Ferreira (2020)
2.a) Área de plantio de cana-de-açúcar próximo 2.b) Na parte alta a esquerda plantio de cana-de-
a BR-163 entre os municipios de Itaquiraí e açúcar, a direita soja e no meio um corredor de
Naviraí vegetação ciliar.
Foto: Ferreira (2020) Foto: Ferreira (2020)
Figura 85. Mosaico das principais atividades econômicas desenvolvidas na área de estudo.
Fotos: Ferreira (2017)
A BR-163 que atravessa o estado de norte a sul, é o principal eixo de ligação com
o estado do Paraná, seja chegando ao extremo sul na travessia do rio Paraná em Porto
Camargo ou no até o extremo sul de Mato Grosso do Sul, no município de Mundo Novo,
na travessia do rio Paraná pela ponte Airton Senna.
228
Tabela 37. Áreas protegidas da região sudeste da faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul.
Unidade de Conservação Área Ano de
Município(s)
Grupo Nome (ha) criação
Naviraí, Itaquiraí,
Parque Nacional de Ilha Grande 12.338 Eldorado e Mundo 1997
Proteção
Integral
Novo
Parque Estadual das Várzeas do Taquarussu, Jateí
74.301 1998
Rio Ivinhema e Naviraí
Parque Municipal de Naviraí 16.241 Naviraí 2009
Batayporã, Nova
Andradina,
Ivinhema, Novo
Uso Sustentável
A proteção dessa região está ligada aos esforços da preservação de áreas de várzeas
do rio Paraná, anteriormente afetadas pelo Lago de Itaipu e, estão atreladas ainda a
existência de sítios históricos e arqueológicos de excepcional relevância para a
compreensão da ocupação humana no Continente Sul-Americano, incluindo-se as áreas
de ocupação dos índios Xeta, considerados extintos, reduções e cidades jesuíticas que
remontam do século XVII (ICMBio, 2019).
As UC’s localizadas nessa região abrangem ilhas e ilhotas rio Paraná, águas
interiores, áreas lagunares, várzeas e áreas continentais que margeiam rio Paraná. A maior
UC dessa região é a APA Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, o qual abrange um mosaico de
UC’s em seu interior, compreendendo uma extensa faixa do sudeste do estado de Mato
Grosso do Sul (Figura 86).
229
230
Figura 86. Áreas protegidas do Mato Grosso do Sul (UCs e TIs) e Paraguai (ASPs) do Quadrante II - fronteira sudeste
Elaborado pela autora
Sem dúvida a paisagem formada pelas lagoas, várzeas e ilhas é uma das paisagens
que mais chama atenção na fronteira sudeste do estado. A APA Ilhas e Várzeas do Rio
Paraná foi instituída pelo Decreto Federal s/n de 30 de setembro de 1997 (BRASIL,
1997), e possui uma área total de mais 1 milhão de hectares, incluindo 26 municípios,
pertencentes aos estados de Mato Grosso do Sul (11), Paraná (14) e São Paulo (1). A
maior parte dessa UC está localizada no estado de Mato Grosso do Sul, cerca de 71%,
possuindo sobreposição com o Parque Nacional de Ilha Grande, o Parque Estadual das
Várzeas do Rio Ivinhema, Parque Municipal de Naviraí, RPPN Estadual São Pedro, a
RPPN Estadual Fazenda Santo Antônio e ainda uma pequena parte da APA
Intermunicipal da Bacia do Rio Iguatemi.
O PARNA Ilha Grande está localizado na divisa dos estados do Paraná e Mato
Grosso do Sul, sobre o arquipélago fluvial de Ilha Grande. Abrange no total nove
municípios e possui cerca de 120 km de comprimento tendo em seu trecho mais largo 10
km de largura. A criação deste PARNA data de 1997 e é resultado de um projeto do
Instituto Ambiental do Paraná, desenvolvido pelo IBAMA e pelos municípios que
integravam o Consórcio Intermunicipal para a Conservação do Rio Paraná e Área de
Influência (CORIPA) (ICMBio, 2019).
231
Ao considerar o uso e ocupação das terras no interior das UCS não houve
mudanças significativas (Figura 87), as principais alterações são observadas na área de
amortecimento da APA Ilhas e Várzeas do Rio Paraná, sobretudo nos municípios de Jateí,
Naviraí e Itaquiraí (Figura 88).
232
Na divisa do distrito de Salto del Guairá (Dep. Canindeyú - PY) e o município de
Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul (BR) localiza-se o Refugio Biológico Binacional
Mbaracayú. Essa área protegida, instituída pela Lei 352/94 abrange um importante
fragmento de vegetação florestal de 1.356 hectares. O Refugio Biológico Binacional
Mbaracayú possui administração de regime especial, de acordo com as categorias do
SINASIP, sendo gerenciado pela Itaipu Binacional.
A ASP está inserida em uma região de grandes extensões agrícolas, tanto do lado
paraguaio quanto do lado brasileiro, o que resultou em significativas alterações das
condições ambientais. Até a criação do Refugio Biológico Binacional Mbaracayú, essa
área encontrava-se totalmente desprovida de vegetação nativa, sendo que a partir de 1992
iniciaram ações de recuperação ambiental (ITAIPU, 2016). Atualmente 85% da área está
coberta com vegetação florestal e o restante são áreas de mosaico agricultura/ pastagem
(10%), outras formações naturais não-florestais (4%) e corpos d´água (1%).
233
234
Figura 88. Uso e ocupação no Quadrante II - fronteira sudeste
Elaborado pela autora.
6.1.3. Fronteira cone-sul - Quadrante III
235
conjugada com Pedro Juan Caballero (PY) que abrange uma aglomeração urbana
próximo de 180 mil habitantes promove uma relação de trabalho, renda e serviços tanto
para o lado brasileiro, sobretudo nas cidades de Aral Moreira, Laguna Caarapã, Antônio
João, Amambai – atraídas pelo mercado de reexportação – quanto para o lado paraguaio
cujo raio de influência abrange as cidades de Concepción, Capitan Bado, Coronel Orviedo
alcançando até as imediações da capital Asunción (MATO GROSSO DO SUL, 2015).
No lado paraguaio nas áreas das encostas da Serra de Maracaju a área se mantém
relativamente protegida em função de seu relevo, assim como ao longo dos rios que
drenam para sudoeste no planalto. Esses corredores formados, principalmente pela
vegetação ciliar são o que sobrou de propriedades que converteram a vegetação nativa até
a borda dos chapadões com agricultura mecanizada (Figura 90).
236
No que tange as áreas protegidas são três UC’s da categoria APA e 11 TI’s que
somam 161.917 e 88.137 hectares, respectivamente (Tabela 38 e Figura 91). A Apa do
Rio Amambai criada pelo Decreto Municipal nº 185/2006 é composta por uma faixa
contígua de terras de cerca de 5 km de largura margeando toda a extensão do Rio
Amambai nos limites do município homônimo. Já a APA da Bacia do Rio Amambai,
instituída pelo Decreto Municipal nº 040/2005 abrange uma área menor e compreende a
área onde está localizada a nascente do referido rio. A APA Salto do Pirapó está ligada a
proteção do rio Amambai na porção do município de Juti, abrangendo ainda em seu
interior a terra indígena Taquara.
Tabela 38. Áreas protegidas da região cone-sul da faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul.
Unidade de Conservação Ano de
Área (ha) Município(s)
Grupo Nome criação
APA do Rio Amambai 56.884 Amambai 2006
Sustentá
vel
237
Figura 91. Áreas protegidas do Mato Grosso do Sul (UCs e TIs) do Quadrante III – fronteira cone-sul
Elaborado pela autora.
238
A principal mudança no uso e cobertura das terras observada foi a conversão das
áreas de pastagens para o cultivo da soja nesse arco de expansão advindo centro-sul
(Região da Grande Dourados) e no interior das áreas protegidas, inclusive (Figura 92).
239
Figura 93. Uso e ocupação no Quadrante III - fronteira cone-sul
Elaborado pela autora. 240
6.2. Faixa da fronteira extremo sul - Quadrante IV
Essa região está localizada no extremo sul do estado fronteira com o Paraguai e a
Serra de Maracaju. Nos anos de 1960, a exploração madeireira, em um frenesi sem
precedente, avançou sobre a cobertura vegetal da Mata Atlântica e em menos de duas
décadas, reduziram a densa floresta a menos de 20% do que originalmente existia. No
final dos anos de 1970, esses madeireiros atravessaram a fronteira e replicaram o intenso
desmatamento no departamento de Canindeyú (PY), que amarga os mesmos efeitos do
lado brasileiro (MATO GROSSO DO SUL, 2015).
1.a) Área no entorno do rio Iguatemi (ao fundo) na MS-141. Região de pastagem predominante, ao fundo
observa-se um grane bloco de plantio de eucalipto.
Fotos: Ferreira (2019)
241
2.a) Diferentes áreas de voçoroca na bacia do rio Iguatemi ao longo da MS-295, a esquerda no município
de Tacuru e a direita no município de Igutemi.
Fotos: Ferreira (2017)
3.a) Um importante afluente do rio Iguatemi, o rio Jagui também sofre o processo de assoreamento.
Fotos: Ferreira (2017)
242
1.a) Placa de demarcação da APA da Bacia do Rio Iguatemi (a esquerda) no município de Japorã, seguido
de trecho do rio Iguatemi sem a cobertura de APP em conformidade com o Código Florestal.
2.a) Faixa de APP preservada do rio Amambai na MS-156, limite dos municípios de Amambai e Laguna
Caarapã.
Figura 95. Processos de degradação ambiental identificados na bacia do rio Iguatemi
Fotos: Ferreira (2020)
243
Figura 96. "Fronteira" da resistência ambiental e do monopólio do modelo agroexportador
Fotos: Ferreira (2020).
Uma situação emblemática nessa região está relacionada a regularização das terras
indígenas. Nesse quadrante analisado (Figura 97), quatro encontram-se em situação
regular (Tabela 39) enquanto isso os indígenas nessa região convivem com uma tensa
situação de insegurança jurídico-territorial, com várias ocorrências de conflitos e
desocupação.
Tabela 39. Áreas protegidas da região extremo sul da faixa de fronteira de Mato Grosso do Sul.
Unidade de Conservação Área Ano de
Município(s)
Grupo Nome (ha) criação
Sustentável
20.523 2003
Bacia do Rio Iguatemi Tacuru, Sete Quedas,
Paranhos, Coronel Sapucaia
Área Fase do
Terra indígena Município
(ha) processo
Pirajuí 2.118 Paranhos Regularizada
Jaguapiré 2.342 Tacuru Regularizada
Porto Lindo 1.648 Japorã Regularizada
Sassoró 1.922 Tacuru Regularizada
Arroio-Korá 7.175 Paranhos Homologada
Sete Cerros 8.584 Paranhos Homologada
Takuaruti-Yvykuarusu 2.609 Paranhos Homologada
Ivy-katu 9.494 Japorã Declarada
Potrero Guaçu 4.025 Paranhos Declarada
Sombrerito 12.608 Sete Quedas Declarada
Iguatemipeguá I 41.571 Iguatemi Delimitada
Ypoi/ Triunfo 19.756 Paranhos Delimitada
Organizado pela autora.
244
Figura 97. Distribuição das UCS, TIs e ASPs no Quadrante IV - fronteira extremo sul
Elaborado pela autora. 245
Nos últimos 25 anos, boa parte das áreas indígenas foram recuperadas de fazendas,
outras áreas foram identificadas e, com exceções, demarcadas, mas sem posse definitiva,
impedida por ações legais que demoram anos para serem resolvidas judicialmente. Nesse
contexto, a ocupação real da área já reconhecida como terra indígena é muito precária
(Figura 98). Simultaneamente, continua o processo de desmatamento e destruição
ambiental das áreas, tanto as que foram incorporadas legalmente ao patrimônio dessas
populações como, ainda em maior grau, as áreas demarcadas como posse dos fazendeiros,
transformando o território dessas populações tradicionais em latifúndios de monocultivos
para agroexportação (GRÜNBERG, 2011)
Com a falta de alternativas para exploração da terra pelos indígenas, pois os solos
empobrecidos necessitam de correção com calcário e adubos devido as seguidas
queimadas, as comunidades ficam vulneráveis ao arrendamento de suas terras para
pecuaristas e agricultores (PEREIRA, 2010), ou ainda resistem aos vários processos de
reintegração de posse, pois são territorializados em uma pequena área de seu tekoha19
reivindicado (MOTA, 2017).
19
Definido pelos indígenas como “lugar onde realizamos nosso modo de ser” ou comunidade
(GRÜNBERG, 2011, p. 685).
246
Fonte: KLEIN (2015) / Instituto Socioambiental
Figura 98. Resistência e resiliência das comunidades indígenas no extremo sul do Mato Grosso do Sul
247
Figura 99. Áreas protegidas o Quadrante IV
Elaborado pela autora
248
Área da reserva indígena Pirajuí que preserva fragmentos do Cerrado.
Foto: Ferreira (2017)
A estrada é a linha divisória do limite entre Brasil e Paraguai. Do lado brasileiro, na reserva Pirajuí (a
esquerda) o exemço da formação típica do Cerrado (campo Cerrado), a direita, no lado paraguaio já
encontramos área de cultivo de soja.
Foto: Silva (2017)
Figura 100. Terra indígena Pirajuí localizada na área de fronteira seca Brasil e Paraguai
249
Alto Paraná, além de ser a maior e melhor gerenciada área protegida do Paraguai. A maior
parte de seu território é coberta com vegetação florestal densa (87%), seguida por áreas
de vegetação campestre (6%) e áreas úmidas (6%).
250
Figura 101. Uso e ocupação no Quadrante IV - fronteira extremo sul
Elaborado pela autora. 251
A heterogeneidade ambiental influencia no ritmo e no modo assíncrono de
ocupação do território (OLIVEIRA, 2005) (OLIVEIRA, 2005; MIZIARA, 2006). Nesse
sentido, o conflito vivenciado pelas populações indígenas provocado pelo uso da terra no
extremo sul do estado é mais acentuado do que para as comunidades situadas na região
centro-norte. Nesse sentido, como Chaveiro e Barreira (2010) apontam os níveis de
conflitos variam de acordo com o contexto espacial que estão inseridos.
252
um conjunto de critérios ambientais, estabelecidos para determinar quanto cada
município irá receber dos recursos financeiros arrecadados com o Imposto sobre a
Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) do Estado (IMASUL, 2018).
253
CONSIDERAÇÕES FINAIS
254
A série de dados e informações apresentados e elaborados para esta pesquisa
tiveram como objetivo demonstrar as sincronias e as assincronias da fronteira Mato
Grosso do Sul e Paraguai, marcado pela dinâmica voltada a atender as demandas do
modelo agroexportador da soja e os efeitos sobrepostos à resistência das áreas protegidas.
Essa conjuntura, apresentada como questões norteadoras da tese (pág. 25) são indagações
complexas e que o conjunto de dados e informações obtidos apresentam uma contribuição
para sua elucidação.
255
valorizado, sobre o papel desempenhado na conservação dos ecossistemas, na
manutenção da biodiversidade, garantindo, inclusive, os serviços e funções
ecossistêmicas que esse modelo depende.
256
Esse cenário, pode ser apontado como elemento de aproximação dos dois países
(Questão I pág. 25), em relação a elevada dependência de alguns produtos específicos
como soja, cana-de-açúcar e carne bovina e os setores a eles relacionados, controlado por
um pequeno grupo de atores sociais, majoritariamente estrangeiros – no caso paraguaio –
e dependente das transnacionais – no caso brasileiro.
20
Vide Porto-Gonçalves (2006).
21
Termo cunhado e explicado por Santos (1996)
257
Na região sudoeste de Mato Grosso do Sul e Região Oriental do Paraguai, as
unidades de conservação, terras indígenas, áreas silvestres protegidas e as comunidades
indígenas mantiveram-se como ilhas cercadas por cultivos mecanizados propensos a
situações de vulnerabilidade devido aos impactos socioambientais (como efeito de
borda22), a presença de estrangeiros nas propriedades rurais e as condições precárias de
trabalho – sobretudo em relação aos indígenas. Essa é a condição de existência, ou
resistência, à predominância do modelo agroexportador.
Essas medidas se fazem ainda mais necessárias no cenário atual, momento crítico
de pandemia, em que os parcos recursos financeiros para fiscalização e monitoramento
ambiental tornaram-se ainda mais escassos. Um estudo realizado por Vale et al., (2021)
aponta que desde janeiro de 2019 uma série de medidas foram aprovadas para enfraquecer
o arcabouço de proteção ambiental no país, principalmente relacionadas a redução de
22
Vide RODRIGUES, E. Edge Effects on the regeneration of forest fragments in south Brazil. Tese de
Doutorado. Harvard University, 194p. 1998.
258
multas ambientais, a anistia para áreas ilegalmente desmatadas na Mata Atlântica e a
reclassificação de 47 pesticidas como categoria menos nociva, sem respaldo científico. O
estudo aponta que 49% dos chamados atos “infralegais” aconteceram após março de
2020, justamente no início da pandemia no Brasil.
Proposições
O interessante dessa proposta é que ela explora a conectividade potencial além das
fronteiras administrativas do país, avançando 60km para o interior do território sul-mato-
grossense, ampliando as possibilidades de conservação a nível transfronteiriço, Para
determinação dos corredores biológicos foram consideradas as áreas silvestres protegidas
de todo território paraguaio, bem como rotas de menor custo que, por sua extensão, teriam
maior possibilidade de serem consideradas como elementos de manejo para conservar a
conectividade ecológica (PNC ONU-REDD+/SEAM/INFONA/FAPI, 2016).
259
protegidas, verificando maior potencial na região sudeste do Paraguai e extremo sul de
Mato Grosso do Sul, que compreende maior número de áreas protegidas e uma distância
menor entre elas, além de apresentar maior ligação do trecho viário.
260
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