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XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO
Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil
João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.
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1. Introdução
Com a Revolução Industrial no século XIX, os recursos naturais passaram a ser intensamente
explorados, e ao mesmo tempo houve uma produção significativa de resíduos cujo impacto
ambiental era desconhecido. A partir desse momento a ideia do termo “lixo” sofreu
modificações. A princípio, este era composto principalmente por restos de alimentos, porém
houve diversificação dos tipos de resíduos produzidos, passando a ter características
industriais, químicas, eletrônicas, radioativas, entre outras. Neste contexto, o lixo deixou de
ser somente orgânico para se transformar em materiais de difícil degradação gerando maiores
danos ao meio ambiente e à sociedade (SOUZA et al., 2012).
Apesar das mudanças em suas características, até o início dos anos 1980, o resíduo não se
constituía em uma preocupação real para as organizações que direcionavam seus esforços
para atingir a eficácia de seus processos, em detrimento de suas consequências
socioambientais. Com a publicação do relatório “Limites para o crescimento” do Instituto de
Tecnologia de Massachusetts, no Clube de Roma, em 1972 e a posterior alcunha do termo
Desenvolvimento Sustentável, um novo paradigma é criado, exigindo uma nova postura dos
sistemas produtivos. Consequentemente, desde então, cresce também a pressão da sociedade
em relação aos cuidados das empresas com o meio ambiente.
Uma das soluções para as novas exigências ambientais de adequado gerenciamento de resíduo
foi a criação de cooperativas de reciclagem, com o objetivo de complementarem o serviço
público de coleta de resíduos sólidos. Estes, conjuntamente, são responsáveis por diminuírem
a utilização de recursos naturais, promovendo a sustentabilidade urbana, além de minimizar o
descarte inadequado de resíduos no solo (BESEN et al., 2014).
No entanto, as cooperativas possuem alguns desafios, pois muitas sofrem com a baixa
eficiência dos processos de separação dos materiais, baixo valor agregado destes e
dificuldades devido a falta de procedimentos formais de organização de suas atividades
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2. Revisão de literatura
2.1. Cooperativas
O cooperativismo teve seu início como resultado da exploração e maus tratos sofridos pelos
operários no contexto fabril das indústrias na Europa entre os séculos XVII e XIX. As más
condições de trabalho, com extensas horas de trabalho, e baixa remuneração, fizeram com que
os operários, inicialmente, da Inglaterra se reunissem em associações e sindicatos que
posteriormente se transformaram em cooperativas (COSTA, 2007). As cooperativas permitem
que os trabalhadores se unam e negociem em conjunto, por exemplo, melhores condições de
trabalho já que por estarem unidos os trabalhadores passam a ter mais força (WILSON et. al.,
2006).
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Este método inicia-se com a identificação do problema, sendo necessária a clara definição do
mesmo e do objetivo da ação de melhoria, visto que se uma empresa tem o objetivo de
melhorar seu rendimento financeiro numa dada linha de produção, uma solução que utilize
insumos mais caros não seria a melhor alternativa. Além disso, a correta definição do
problema analisado possibilita a coleta de informações mais relevantes o que facilita a análise
e a definição da causa real de uma não conformidade identificada.
Com o problema bem definido, a fase seguinte que o MASP indica é a análise do problema
em questão e de suas possíveis causas. Nessa fase procura-se conhecer profundamente a não
conformidade e, ao mesmo tempo, desdobrá-la em problemas menores por meio de análise
sob a luz de diversos critérios e focos. Nesse momento, o entendimento dos processos
existentes no departamento ou área onde se está trabalhando é imprescindível. Se o
estabelecimento do processo a ser analisado foi feito de maneira correta, algumas causas do
problema inicialmente definido já podem ser observadas e identificadas, sendo necessária a
priorização das mesmas por meio de critérios como grau de influência no problema analisado,
gravidade, urgência, tendência, facilidade de solução e investimento necessário (GUTFI).
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Com a proposta de melhoria selecionada, priorizada, testada e corrigida, o próximo passo que
o MASP indica é a padronização e estruturação da solução a ser implementada. Isso pode ser
feito por meio de um plano de ação estruturado segundo o método do 5W2H1S:
Plano de Ação
Why (por que) Esclarecer o motivo pelo qual a solução deve ser implementada
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Assim, obteve-se uma nova matriz N normalizada que representa o desempenho relativo das
alternativas.
O terceiro passo é o cálculo das soluções ideais positivas b (benefícios) e das soluções
ideais negativas c (custos). Para isso são identificados os melhores benefícios e piores
custos de cada coluna.
O sexto passo é ordenar de acordo com o método TOPSIS, quanto mais próximo da
solução ideal e mais distante da não ideal, melhor. Logo, quanto maior for a
proximidade relativa, melhor será a interação entre as distâncias. Assim, as
proximidades relativas são colocadas em ordem decrescente, para analisar a ordem das
alternativas.
2.3.2. Distância
Existem diversas maneiras de calcular distâncias entre dois pontos para ser usada no método
TOPSIS, como a distância euclidiana, sendo cada uma caracterizada por uma forma diferente
de medição. Nesse artigo foi utilizada a distância de Manhattan. Dadas duas coordenadas, a
distância de Manhattan entre A e B é:
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3. Metodologia
Este artigo trata-se de uma pesquisa com abordagens exploratória, descritiva e qualitativa,
realizado por meio de um trabalho em campo e revisão de metodologia. Foi realizado um
estudo em uma cooperativa de reciclagem em São Gonçalo, um Município do estado do Rio
de Janeiro, em que foram analisados os processos produtivos da organização e também a sua
estrutura física.
A abordagem exploratória tem relação com estudo de fontes bibliográficas, como livros,
artigos publicados e revistas, de forma a conseguir embasamento para o estudo realizado.
Além disso, foram realizadas três entrevistas com os cooperados no local de trabalho em dias
diferentes, conforme o seguinte roteiro:
Identificar as áreas que comportam as atividades que demandam maior tempo para
realizar o trabalho;
Após ser executada a coleta de dados, a área crítica foi escolhida por meio da avaliação dos
seguintes critérios: gravidade, tendência de piorar e impacto no core business da cooperativa.
Esta avaliação foi feita com o principal tomador de decisão na cooperativa, o atual presidente.
A entrevista consistiu na avaliação das alternativas levantadas com uma escala de 1 a 5, sendo
1 a menor e 5 a maior pontuação dos critérios. Feita a valiação com o tomador de decisão, foi
adotado o método TOPSIS para tratamento dos dados levantados. Em relação a escolha da
principal dificuldade de gestão da cooperativa, foi utilizada a metodologia do MASP para
determinar e validar a causa raiz do problema identificado, além de elaborar o planejamento
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de aplicação da solução proposta por meio de um plano de ação. A solução a ser aplicada
também foi priorizada por meio da aplicação do método TOPSIS.
4. Estudo de caso
A cooperativa a ser estudada situada em São Gonçalo foi criada em 15 de fevereiro de 2007,
após ter sido feita uma pesquisa com mais de 600 catadores dos municípios de São Gonçalo,
Itaboraí e Niterói, visando saber a situação socioeconômica dos mesmos. A partir da pesquisa
a cooperativa foi criada com o intuito de reunir catadores e, dessa forma, provê-los de
melhores condições de trabalho, por meio da melhor organização da coleta de materiais
recicláveis e a comercialização destes.
Através de entrevista feita junto aos cooperados que eram responsáveis pela gestão, e
observação in loco realizada pelos autores, identificou-se um total de sete situações críticas
apresentadas na tabela 2.
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Por meio da avaliação dos critérios urgência, tendência e impacto no core business, obteve-se
a seguinte matriz de avaliação do representante da cooperativa.
Matriz de Avaliação
Critérios
Situações críticas Impacto no core
Gravidade Tendência
business
Galpão desorganizado 5 5 3
Alto leadtime 5 5 5
Dificuldade de lidar com muitos produtos 2 2 1
Dependência financeira 3 5 1
Logística de distribuição ineficiente 3 3 5
Afastamento de cooperados por doença
3 4 3
proveniente do trabalho
Dificuldade de analisar dados passados 1 2 1
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Leadtime alto
Máquina velha
Muito material
Meio
Máquina Material
ambiente
Para auxiliar na identificação e priorização das causas levantadas, buscou-se uma análise
complementar com a visualização do fluxo de produto sob o layout do galpão (Figura 3).
Máquina
1
Armazenamento
Sala de Reunião
Banheiro
Refeitório
Com a análise do layout acima, pode-se perceber que a configuração do arranjo físico do
galpão está ineficiente, visto que desrespeita princípios de um layout efetivo, como não
cruzamento de fluxo de produtos, os quais, conforme Peinado e Graeml (2007), são essenciais
para um layout eficiente. A figura acima, mostra que há cruzamento de fluxo, deslocamento
excessivo e confusão entre o espaço destinado à armazenagem de produtos processados e a
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serem processados. Com a Figura 4, percebe-se que esse fluxo de produtos, além de ser
ineficiente, é agravado pelo acúmulo de material em espera para ser processado.
Mediante a causa raiz definida e aos dados coletados, foram propostas algumas possíveis
soluções a partir de reuniões com o responsável geral da cooperativa. Estas ações estão
expostas na tabela 5.
Possíveis soluções
Reestruturação do arranjo físico adaptado ao FIFO
Comprar mais máquina para o processamento do material
Comprar máquina para a movimentação do material
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Expandir o galpão
Reduzir a variedade de material recolhido
Utilizar esteiras
Avaliando estas soluções pelos critérios de menor custo, execução mais rápida, potencial de
solução, foi obtida a seguinte matriz de avaliação.
Matriz de avaliação
Critérios
Ordenação Score
A proposta de solução com maior pontuação foi a reestruturação do arranjo físico adaptado
para um fluxo FIFO e consequentemente a opção selecionada.
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Para estruturação da solução escolhida, foi elaborado um croqui de um novo layout, que se
adequasse melhor às características de demanda e restrições já levantadas do local, além da
criação de um novo método de armazenagem e processamento, como apresentado na figura 5,
onde o produto entrará na sua respectiva área no fim da fila. Assim que o material da ponta da
linha for processado pelas máquinas, o subsequente será deslocado para a ponta e o mesmo é
efetuado com cada material sequencialmente, seguindo a lógica do first in first out (FIFO). Já
o material finalizado será encaminhado para uma área específica de armazenagem, buscando
organizar melhor e facilitar a saída dos produtos. Dessa forma, evita-se a desorganização
percebida na Figura 4 e a perda de material, criando-se uma linearidade no processamento dos
produtos recebidos pela cooperativa.
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Plano de Ação
Why Esclarecer o motivo pelo qual a solução deve ser implementada
What Melhoria do layout da cooperativa
Who Grupo de cooperados selecionados
Where Armazém da cooperativa
When Início imediato
5. Conclusão
Conforme exposto no início do artigo, pode-se perceber que as cooperativas possuem uma
demanda considerável por melhorias de gestão e engenharia. Com este estudo pode-se
perceber a efetividade da aplicação de conceitos de engenharia de produção na melhoria de
organizações e consequente impacto social. Com a utilização do MASP e de método de
auxílio multicritério, identificou-se a principal dificuldade da cooperativa: um leadtime alto
que dificulta o recebimento de material a ser reciclado, gera acúmulo de material e
desorganização.
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