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UNIVERSIDADE PAULISTA

ATIVIDADES PRÁTICAS SUPERVISIONADAS | APS 21A6

ALUNO
ZACARIAS FRANÇA AZEVEDO JUNIOR

A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR


MEIO DO PROCESSO ELETRÔNICO

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS / SP


2021
Atividades Práticas Supervisionadas – APS 21A6 ou 925 – V

ALUNO: Zacarias França Azevedo Junior | RA: T98978-7.


TURMA: DR9A48.

TEMA: A efetividade do acesso à justiça


por meio do processo eletrônico.

O trabalho buscou traçar um paralelo entre


as mudanças de sistema processual de
físico para digital. Pautando conceitos e
princípios, apresentando a recepção dos
impactos tecnológicos na efetivação do
acesso à justiça. A inclusão digital com
seus benefícios e desafios.

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS


2021
SUMÁRIO

1. Introdução ............................................................................................................. 2

2. Breve Histórico do Processo Eletrônico ............................................................... 2

2.1 Do Processo Judicial Eletrônico nos Estados e Distrito Federal .......................... 2

2.2. Processo Judicial Eletrônico ................................................................................ 3

3. Conceito De Acesso À Justiça .............................................................................. 5

a. Princípio Da Inafastabilidade Da Jurisdição ..................................................... 5

b. Princípio Da Razoável Duração Do Processo ................................................... 5

c. Princípio Da Eficiência ................................................................................... 11

d. Princípio Da Legalidade ................................................................................. 11

e. Princípio da Publicidade ................................................................................. 13

f. Princípio da Economia Processual ..................................................................... 14

4. Internet como instrumento de fomento do acesso à justiça ................................ 15

4.1 Internet No Contexto Jurídico ............................................................................ 16

4.2 Inclusão Digital ................................................................................................... 16

5. Principais desfios ................................................................................................ 19

6. Conclusão ........................................................................................................... 20

Bibliografia ................................................................................................................... 23
A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

1. INTRODUÇÃO

A acessibilidade à justiça é direito intrínseco e fundamental ao cidadão, garantias


constitucionais abarcadas em seus conceitos princípio lógico, quais devem ser resguardados e
assegurados a seu titular – o cidadão (SCHIEFELBEIN DA SILVA & SPENGLER, 2013).

Para tanto, faz-se necessário que tais direito e garantias sejam efetivadas através do
acesso efetivo a justa justiça, emanadas de respostas céleres e eficaz. Desta forma, o celebre
jurista Rui Barbosa, afirma que: “Justiça tardia nada mais é do que injustiça
institucionalizada.”

No intuito de alinhar os procedimentos judiciais aos avanços tecnológicos, ocorreram


implementações de informatização do sistema Jurisdicional. Isso foi possível graças a
promulgação da Lei N° 11.419, de 19 de dezembro de 2006, que admitiu o processo judicial
eletrônico. Temos como pioneiro na adoção do processo eletrônico, por exemplo, o Tribunal
Regional Federal da 4º Região (TRF4), que teve como objetivos primordiais alcançar
celeridade, dinamismo e menor custo dos procedimentos jurisdicional e facilitar o acesso à
justiça.

Embora a legislação a Brasileira esteja acompanhando os avanços tecnológicos,


permitindo a informatização do Sistema Jurisdicional, ainda é necessário maiores esforços do
Poder Público e Sociedade Privada em promover inclusão digital da população brasileira menos
favorecida, e modernização de todo Poder Judiciário, adequando-o a realidade da digitalização
e da informatização, o que contribuirá com o princípio da razoável duração do processo.

2. BREVE HISTÓRICO DO PROCESSO ELETRÔNICO

2.1 Do Processo Judicial Eletrônico nos Estados e Distrito Federal

Desenvolvido pelo Conselho Nacional de Justiça, o sistema de Processo Judicial


Eletrônico emanou da prática forense, da experiência e com a contribuição de vários tribunais
Brasileiros. Seu início ocorre com a participação dos Tribunais Regionais Federais e do
Conselho Federal da Justiça Federal, em setembro de 2009. Motivado por questões técnicas, o
sistema sofreu uma paralização momentânea no âmbito do CNJ, posteriormente retomado pelo
TRF da 5ª Região, por motivação própria (SOUSA, 2021).

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No Distrito Federal, porém, por intermédio da Portaria 662, da Presidência do Tribunal,


criou-se a Secretária do Processo Judicial Eletrônico, juntamente com o Comitê Gestor, na
incumbência de gerenciar, orientar e controlar o desenvolvimento, implementação, a
modernização e o uso do Processo Judicial Eletrônico, além de garantir o atendimento, o
desempenho e a disponibilidade do sistema, bem como responder por manter, corrigir e evoluir
o sistema e realizar o troca de informações com outros órgãos, em temas pertinentes (SOUSA,
2021).

A expansão do Processo Judicial Eletrônico do Tribunal de Justiça Distrito Federal e


dos Territórios - TJDFT se deu em compasso acelerado. Os dados estatísticos disponibilizados
no site do TJDFT, um mês após o início da implantação do sistema, em julho de 2014, o
Tribunal contabilizava 1.000 processos eletrônicos. Passado aproximadamente um ano, em
abril de 2015, já eram 15 mil e, em outubro do mesmo ano, 50 mil. Ano a ano, os números de
processos eletrônicos atingiam patamares mais elevados, e em fevereiro do ano de 2017, o
Tribunal registrou o número de 500.000 Processo Judicial Eletrônico. Certo de que, hoje,
instalado em todas as Varas de competência cível, de Família, Órfãos e Sucessões, Juizados
Cíveis e da Fazenda Pública e também incorporadas ao sistema mais de 50 unidades de apoio,
entre Postos de Distribuição e de Redução a Termo, Contadoria e Centros Judiciários de
Soluções de Conflitos e Cidadania das diversas circunscrições do Distrito Federal. Encontra-
se, ainda, em expansão para até o final deste ano de 2018, estará operando em todas as serventias
do Tribunal (SOUSA, 2021).

2.2. Processo Judicial Eletrônico

O processo Judicial no passado era realizado através de anotações escritas a mão e


registradas em “livro tombo”. Com o decorrer do tempo e com os avanços tecnológicos, os
manuscritos foram substituídos pelos carimbos, máquina de escrever manual e depois a
máquina elétrica, chegando enfim aos potentes computadores de mesa, e hoje também pelos
notebooks, pelos tablets, e até mesmo pelos smartphones.

Mas foi com a democratização da Internet, que surgiu o Processo Judicial Eletrônico,
com o objetivo de não mais trabalhar e tramitar o processo judicial em papel, mas sim em meio
digital/eletrônico. Vivenciamos mais uma grande mudança na história das atividades
judiciárias, ou seja, uma mudança do manuseio de processos físicos para o manuseio de
processos eletrônicos.

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O Processo Judicial eletrônico está permitindo a tecnicização de tarefas realizadas


manualmente e diminuindo desde modo o tempo de tramitação dos processos. A partir da
efetiva implantação do Processo Eletrônico, todo o Poder Judiciário brasileiro, por intermédio
de um único sistema, trabalhará com atos e tarefas processuais padronizados, o que viabilizará
a razoável duração do processo (SOUSA, 2021).

Em 2006 foi aprovada a Lei 11.419/2006, que estabelece sobre a informatização do


processo judicial e regulamenta o uso de meio eletrônico na tramitação de processos judiciais,
comunicação de atos e transmissão de peças processuais. Essa lei é aplicável seja aos processos
das esferas civil, penal e trabalhista, bem como aos juizados especiais - em qualquer grau de
jurisdição. Foi aprimorado pelas Resoluções do Conselho Nacional de Justiça 185, de 18 de
dezembro de 2013 e 245, de 12 de setembro de 2016 e por diversas outras Portarias.

O processo judicial eletrônico permite a prática de atos processuais pelos magistrados,


servidores e demais participantes da relação processual diretamente no sistema e cada qual com
um perfil específico para a realização dos atos, tais como, excluir documentos; cancelar atos
praticados; tornar um determinado documento público ou sigiloso; retificar partes e advogados,
etc. Quem tem o perfil mais completo, com quase todas as permissões é o Diretor de Secretaria,
cabendo a ele o cumprimento direto das ordens judiciais e/ou a distribuição das atividades
cartorárias para os servidores lotados na serventia por meio das tarefas disponibilizadas no
sistema eletrônico e do perfil a ele pré-definido.

Assim descreve o Roberto Rodrigues de Sousa, os procedimentos processuais


eletrônicos:

“Na abertura dos autos digitais, surge a cronologia dos documentos e movimentos do
processo em ordem decrescente. Ou seja, lá está exposta toda a movimentação do
processo e o teor do ato praticado. Constará a data da distribuição do processo; todas
as peças processuais trazidas e anexadas pelo Cartório e por todos que fazem parte da
relação processual (Magistrado, Promotores, Defensores Públicos, Advogados, etc) e
respectivos documentos; todos os despachos e decisões proferidos com a respectiva
data, com registro da hora, minutos e segundos e o nome do signatário. E cada peça
processual, cada documento anexado e cada ato praticado e validado recebe um
número identificador – chamado de ID.

Os autos do processo judicial eletrônico não são numerados. A menção de qualquer


peça dos autos, de qualquer despacho, ou decisão é feita por intermédio do número
identificado (ID), criado eletronicamente, quando o documento é anexado, quando as
certidões, os despachos, ou as decisões são assinadas digitalmente. Os documentos
criados no editor de texto do PJ e são apresentados com o ícone e os arquivos em PDF
com o ícone. Os documentos sigilosos são apresentados com a fonte em vermelho. Os
movimentos são apresentados com a letra MAIÚSCULA.

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E para uma melhor realização da tarefa, necessária a utilização de dois monitores. Isso
porque, como os autos são digitais, os mesmos ficam abertos em um monitor, e a
tarefa, por sua vez, realizada e desenvolvida no segundo, trazendo facilidade e maior
visibilidade de todo o ambiente virtual” (SOUSA, 2021).

3. CONCEITO DE ACESSO À JUSTIÇA

Ao considerar, a doutrina tradicional, verificamos que o acesso à justiça se dá com o


direito de ingresso ao sistema jurisdicional e ao processo. Portanto, o acesso à justiça, se põe
como pressuposto ao exercício da cidadania, sendo, contudo, inexequível a concretude dos
demais direitos fundamentais.

Além do mais, compreende-se como princípio do acesso à justiça, da inafastabilidade


da jurisdição, da razoável duração do processo, da efetividade, da legalidade, da publicidade e
da economia processual, conforme o art. 8º do CPC:

Art. 8º. “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência.” (CPC, 2015) (g. n).

a. Princípio Da Inafastabilidade Da Jurisdição

O princípio da inafastabilidade da jurisdição ou princípio da inafastabilidade do


controle jurisdicional, dispõe sobre a garantia do direito fundamental ao acesso à justiça no
Direito Processual Civil (CPC). Assim sendo, o direito de demandar judicialmente deve ser
conservado. E, em virtude disso, nem um juiz pode se negar a resolver uma lide, salvo em razão
de impedimento e suspeição.

Isto posto, o art. 3º do CPC, consubstancia que “não se excluirá da apreciação


jurisdicional ameaça ou lesão a direito.” No mesmo sentido, o art. 5º, incisos XXXV, da
Constituição Federal Brasileira de 1988 (CRFB, 1988), assegura que: “a lei não excluirá da
apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito.” Numa clara demonstração
constitucional do princípio da inafastabilidade da jurisdição, ou seja, ao ser provocado, o Estado
jamais poderá omitir-se de solucionar conflitos dos quais demande lesões ou ameaça a direitos.

b. Princípio Da Razoável Duração Do Processo

O Código Processo Civil Brasileiro de 2015, em seu art. 4º, assegura a razoável duração
do processo como um princípio.

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Art. 6º. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do
mérito, incluída a atividade satisfativa. (CPC, 2015)

Neste sentido, o sistema jurídico hodierno e solidário, não satisfaz as demandas a todos
que buscam por seus direitos, de modo a garanti-los sem sua efetividade. Sendo, portanto, de
vital relevância a imposição legal do princípio da razoável duração do processo, afim de dar
solução eficaz em tempo admissível, assegurando o bem comum e realizar a justiça social, como
aponta Horácio W. Rodrigues, “não há justiça social quando o Estado, por meio do poder
Judiciário, não consegue dar uma pronta resposta às demandas que lhe são apresentadas”
(RODRIGUES, Reforma do Judiciário. Primeiras Reflexões sobre a emenda constitucional
n.45/2004., 2015).

No tocante a morosidade da justiça, o sistema Judiciário passou por uma reforma,


imposta pela Emenda Constitucional nº 45, na tentativa de oportunizar respostas jurisdicionadas
mais céleres, atribuindo assim, uma transformação concreta, quantitativa e qualificativa junto
ao Sistema Jurídico Nacional, incluindo-se, de forma expressa, o princípio da celeridade
processual, junto ao art. 5º, LXXVIII, da CF/88 (CRFB, 1988), como um direito fundamental
garantido “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração
do processo e os meios que o garantam a celeridade da sua tramitação”. Oportunamente o
Pacto de San José da Costa Rica, recepcionado pelo ordenamento jurídico brasileiro em 25/ 09/
1992, que traz no bojo do item 1 do seu art. 8º, que:

“Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada
contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza” - grifei (SPENGLER, 2010).

Para Marcus Vinicius Rios Gonçalves tardiamente foi efetivado tal princípio, pois:

“[...] mesmo antes já se poderia encontrar fundamento, em nosso ordenamento


jurídico, para esse princípio, seja porque ele explicita um dos aspectos do devido
processo legal (para que o processo alcance o seu desiderato é preciso que chegue a
termo dentro de prazo razoável), seja porque o Pacto de San José da Costa Rica, de
1969, já o consagrava, tendo a nossa legislação o ratificado” (GONÇALVES, 2020).

Na busca por concretizar o princípio da razoável duração do processo, o EC/45 vem dar
concretude ao tratado outrora recepcionado. Portanto, não há de se falar em inovação em relação
a tal garantia, e sim, compreende-se que foi inserido com o dever de implantar aplicação
imediata.

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Assim posto, o princípio da celeridade deve ser observado e aplicado em todas as


esferas judiciais e administrativa, perceptível nos seguintes julgados:

Processo administrativo – demora injustificada na análise – inobservância da


duração razoável do processo e do princípio da eficiência “1. A Administração
Pública possui o dever de observância das prescrições legais, isto é, um verdadeiro
dever de juridicidade no cometimento de suas mais diversas funções. Dessa forma,
quando há inobservância dos deveres a ela impostos pela ordem jurídica, por certo,
tem-se a inatividade do Estado. 2. A demora injustificada da Administração em
decidir sobre o requerimento do impetrante contraria o direito à duração razoável do
processo administrativo, art. 5°, inc. LXXVIII, da CF e o princípio da eficiência, art.
37 da CF.” Acórdão 1225898, 07023339120198070018, Relator: ROMEU
GONZAGA NEIVA, 7ª Turma Cível, data de julgamento: 22/1/2020, publicado no
DJE: 3/2/2020.

Neste sentido, o descumprimento do princípio da razoável duração do processo enseja


a extinção da demanda, como tem entendido os Tribunais:

Extinção do processo sem julgamento do mérito – inércia da parte autora em


promover diligências em ação executiva – vedação ao prolongamento indefinido
da demanda “2. O credor não possui a opção de determinar a tramitação de uma
demanda indefinidamente sem qualquer resultado aparente. Além de contrária aos
princípios regentes do processo civil, dentre eles a cooperação e a razoável duração
do processo, tal conduta, fosse ela permitida, atentaria contra a boa-fé e o escopo
democrático do processo, por permitir que a jurisdição fosse condicionada e
determinada pelo singelo arbítrio do jurisdicionado. 3. Diante da realidade dos autos,
consultado os sistemas informatizados à disposição do Juízo, a inércia da parte autora
em promover diligências efetivas para a apreensão do bem e citação do réu ou em
converter o feito em ação executiva, ocasionou a correta extinção da ação por ausência
de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo.”
Acórdão 1238112, 00018925520178070008, Relatora: GISLENE PINHEIRO, 7ª
Turma Cível, data de julgamento: 18/3/2020, publicado no PJe: 26/3/2020.

Para tanto, a morosidade processual na esfera administrativa é passível sofre ação


anulatória, conforme se demonstra:

Ação anulatória de débito fiscal – inexistência de norma específica de prazo


prescricional – aplicação da isonomia – garantia do princípio da razoável
duração do processo "1. Em virtude da limitação do âmbito espacial da lei ao plano
federal, a prescrição intercorrente de processo administrativo prevista na Lei nº
9.873/1999 não se aplica às ações punitivas promovidas por Estados e Municípios.
Precedentes STJ. 2. À falta de prazo específico regulamentado, é razoável adotar por
isonomia o prazo de 5 anos previsto no Decreto Federal nº 20.910/1932. 3. Deve ser
reconhecida a ocorrência de prescrição intercorrente no caso em que o recurso
administrativo interposto contra a multa aplicada aguardou decisão por cerca de 7
anos, sem que qualquer outra providência fosse tomada." Acórdão 1240815,
07036797720198070018, Relator: DIAULAS COSTA RIBEIRO, 8ª Turma Cível,
data de julgamento: 25/3/2020, publicado no PJe: 14/4/2020.

De modo que, na esfera penal os prazos também devem ser respeitados. Assim sendo, o
Supremo Tribunal Federal afirma que:

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Habeas corpus – liberdade provisória por excesso de prazo – inocorrência de


violação à razoável duração do processo “O Supremo Tribunal Federal firmou
orientação no sentido de que o "prazo razoável" do processo e o "excesso de prazo"
da prisão preventiva não podem ser analisados abstratamente, com base em simples
exercício aritmético ou de modo descontextualizado da lide penal em questão.”
Acórdão 988620, 20160020490458HBC, Relatora: ANA MARIA AMARANTE, 1ª
Turma Criminal, data de julgamento: 15/12/2016, publicado no DJE: 27/1/2017.

Neste sentido, o prazo de prisão preventivas devem ser observados e resguardados pelas
partes e pelo julgador:

Habeas corpus – alegação de excesso de prazo da prisão preventiva –


inocorrência “1. A jurisprudência do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL é no
sentido de que a razoável duração do processo deve ser aferida à luz da complexidade
da causa, da atuação das partes e do Estado-Juiz. Inexistência de ilegalidade.” AGR
NO HC 180.649/PI

Além do mais, o princípio da razoável da duração do processo enseja uma economia


processual de recursos humanos e matérias.

Emenda à inicial – descumprimento da ordem – violação aos princípios


constitucionais da economia e da celeridade – observância da razoável duração
do processo “1. O descumprimento da ordem para emendar a peça de ingresso,
deixando o autor de justificar eventual impossibilidade de fazê-lo ou discordância do
entendimento judicial, enseja o indeferimento da vestibular, nos termos do art. 321,
parágrafo único, do Código de Processo Civil. 2. A observância dos princípios da
economia processual e da instrumentalidade das formas não se traduz na concessão
de nova oportunidade de emenda quando desatendida a ordem anterior, culminando
na extinção do processo sem resolução do mérito, o que não configura violação ao
princípio da razoável duração do processo, insculpido no art. 5º, LXXVIII, da
Constituição Federal.” Acórdão 1223263, 07010802220198070001, Relator:
MARIO-ZAM BELMIRO, 8ª Turma Cível, data de julgamento: 11/12/2019,
publicado no PJe: 13/1/2020.

A morosidade injustificada é entendida como flagrante violação do princípio


constitucional, vejamos:

Ação anulatória de débito fiscal – morosidade injustificada para a conclusão do


processo administrativo – violação ao princípio constitucional da razoável
duração do processo “5. A inércia injustificada e abusiva da Administração Pública
na condução do processo administrativo deflagrador da penalidade, porquanto deixou
transcorrer o prazo de 10 (dez) anos sem qualquer movimentação entre a apresentação
do recurso e o seu julgamento, conduz à extinção do direito à pretensão sancionada
da Fazenda pela ocorrência do fenômeno prescricional. 6. Outrossim, a demora
injustificada da Administração Pública na resolução do recurso apresentado no âmbito
do contencioso administrativo viola os princípios constitucionais da eficiência,
segurança jurídica e duração razoável do processo, o que, igualmente, justifica o
encerramento da pretensão sancionatória da Fazenda.” Acórdão 1233034,
07038122220198070018, Relator: ARQUIBALDO CARNEIRO PORTELA, 6ª
Turma Cível, data de julgamento: 19/2/2020, publicado no PJe: 27/3/2020.

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O Superior Tribunal de Justiça, aponta como dever do magistrado a preservação deste


princípio. Sendo, por sua vez, uma falha do julgador da qual poderá gerar uma indenização por
Estado, todavia, não há que se responsabilizar o julgador por seus atos praticados.

Responsabilidade civil do Estado – demora excessiva na prestação jurisdicional


– violação ao princípio da razoável duração do processo “1. Trata-se de ação de
execução de alimentos, que por sua natureza já exige maior celeridade, esta inclusive
assegurada no art. 1º, c/c o art. 13 da Lei n. 5.478/1965. Logo, mostra-se excessiva e
desarrazoada a demora de dois anos e seis meses para se proferir um mero despacho
citatório. O ato, que é dever do magistrado pela obediência ao princípio do impulso
oficial, não se reveste de grande complexidade, muito pelo contrário, é ato quase que
mecânico, o que enfraquece os argumentos utilizados para amenizar a sua
postergação. 2.(...). A demora na entrega da prestação jurisdicional, assim,
caracteriza uma falha que pode gerar responsabilização do Estado, mas não
diretamente do magistrado atuante na causa. 3. A administração pública está
obrigada a garantir a tutela jurisdicional em tempo razoável, ainda quando a
dilação se deva a carências estruturais do Poder Judiciário, pois não é possível
restringir o alcance e o conteúdo deste direito, dado o lugar que a reta e eficaz
prestação da tutela jurisdicional ocupa em uma sociedade democrática. A
insuficiência dos meios disponíveis ou o imenso volume de trabalho que pesa
sobre determinados órgãos judiciais isenta os juízes de responsabilização pessoal
pelos atrasos, mas não priva os cidadãos de reagir diante de tal demora, nem
permite considerá-la inexistente. 4. A responsabilidade do Estado pela lesão à
razoável duração do processo não é matéria unicamente constitucional, decorrendo,
no caso concreto, não apenas dos arts. 5º, LXXVIII, e 37, § 6º, da Constituição
Federal, mas também do art. 186 do Código Civil, bem como dos arts. 125, II, 133, II
e parágrafo único, 189, II, 262 do Código de Processo Civil de 1973 (vigente e
aplicável à época dos fatos), dos arts. 35, II e III, 49, II, e parágrafo único, da Lei
Orgânica da Magistratura Nacional, e, por fim, dos arts. 1º e 13 da Lei n. 5.478/1965.
5. Não é mais aceitável hodiernamente pela comunidade internacional, portanto, que
se negue ao jurisdicionado a tramitação do processo em tempo razoável, e também se
omita o Poder Judiciário em conceder indenizações pela lesão a esse direito previsto
na Constituição e nas leis brasileiras. As seguidas condenações do Brasil perante a
Corte Interamericana de Direitos Humanos por esse motivo impõem que se tome uma
atitude também no âmbito interno, daí a importância de este Superior Tribunal de
Justiça posicionar-se sobre o tema.” (grifamos) REsp 1383776/AM

Além do mais, o art. 4º do Código Processo Civil determina ao Poder Judiciário dever
de satisfazer as demandas em tempo razoável.

Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do


mérito, incluída a atividade satisfativa. (CPC, 2015) (g. n).

Para Humberto Theodoro Júnior, “essa garantia de duração razoável do processo aplica-
se ao tempo de obtenção da solução integral do mérito, que compreende não apenas o prazo
para pronunciamento da sentença, mas também para a ultimação da atividade satisfativa”
(JÚNIOR, 2015).

Portanto, Humberto complementa que “função jurisdicional compreende, pois, tanto a


certificação do direito da parte, como sua efetiva realização. Tudo isso deve ocorrer dentro de
um prazo que seja razoável, segundo as necessidades do caso concreto” (JÚNIOR, 2015).

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Desta forma o autor entende que:

“razoabilidade do prazo de duração e celeridade da marcha processual são duas


garantias distintas contempladas pelo art. 5º, LXXVIII, da Constituição. Ambas
traduzem cláusulas gerais, cujo conteúdo se liga a fato dependente de termo
indeterminado. A consequência é não ser possível, de antemão, predeterminar qual
seja a duração razoável de todos os processos. Também a celeridade processual não é
algo que se possa predeterminar por meio de um ritmo único e preciso” (JÚNIOR,
2015).

Rodrigues entende, o princípio da duração razoável do processo como:

i. Tempo expressamente previsto na legislação processual.

ii. Tempo médio de efetivamente despendido no país para cada espécie


concreta de processo (RODRIGUES, Acesso à justiça e prazo razoável na
prestação jurisdicional., 2005).

Para Renato Montans de Sá, em sua obra O Manual de Direito Processual Civil, aponta
que o tempo razoável foi pacificado, deste modo:

“A União Europeia, por meio de várias decisões do Tribunal Europeu de Direitos


Humanos, estabeleceu três critérios objetivos para aferição do tempo razoável: a)
natureza do processo e complexidade da causa; b) comportamento da parte e de seus
advogados; c) comportamento do Poder Judiciário” (SÁ, 2020).

Deste modo, Sá compreende que tais critérios:

“devem servir de guia para a constatação, ao menos sumária, da noção do tempo no


processo. Evidentemente que não se pode descurar dos temas que ultrapassam a
questão do tempo normal do processo (prazos processuais + ampla defesa + tempo
normal para apreciação do feito). O tempo anormal do feito decorrente do excesso de
trabalho, mau aparelhamento do Judiciário, falta de juízes e servidores são
justificáveis quando se trata de questão transitória. Para fins permanentes, há de se
tomar medidas firmes sob pena de esvaziar a finalidade do princípio” (SÁ, 2020).

Notoriamente, os tramites processuais devem guardar pela celeridade, todavia deve ser
abalizado pelos parâmetros da complexidade do tema, a conduta dos litigantes e de seus
procuradores e a atuação do poder judicial (BELO, 2010).

“Não há, nem poderia haver, na lei, uma predeterminação do tempo qualificado como
razoável para a conclusão de um processo. O que não se pode tolerar é a
procrastinação injustificável decorrente da pouca ou total ineficiência dos serviços
judiciários, de modo que a garantia de duração razoável se traduz na marcha do
processo sem delongas inexplicáveis e intoleráveis (BELO, 2010).

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A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

Isto posto, reta-nos esclarecer que a duração razoável do processo não se confunde com
rapidez processual, cabendo ao magistrado o dever de equalizar a celeridade anelada pelas
garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório.

c. Princípio Da Eficiência

O Código Processo Civil 2015, em seu art. 8º, estabelece princípios importantes em seu
caput.

Art. 8º. “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência.” (CPC, 2015) (g. n.).

Assim esclarece o doutrinador Theodoro Júnior:

“[...] ao prever que o juiz, no exercício da jurisdição, tem de observar, entre outros, o
princípio da eficiência – mantém-se fiel ao comando constitucional, e valoriza os
compromissos específicos do processo justo com a efetividade da tutela jurisdicional.
Indica, portanto, que essa tutela somente será legítima se prestada tempestivamente
(em tempo razoável, portanto) e de maneira a proporcionar à parte que faz jus a ela,
sempre que possível, aquilo, e exatamente aquilo, que lhe assegura a o a ordem
jurídica material (efetividade da prestação pacificadora da Justiça).” (THEODORO
JÚNIOR, 2015).

Desta forma conclui Theodoro:

“O princípio da eficiência deve ser analisado, principalmente, sob o enfoque


qualitativo, i.e, levando-se em conta a qualidade e a adequação da prestação
jurisdicional entregue às partes. O litígio deve ser decidido pelo juiz de forma
completa, abrangente, ainda que esta atividade demande maior dispêndio de tempo.
Entre a rapidez da decisão e a qualidade da solução apresentada, o juiz deve primar
pela segunda, de modo que nunca seja ela sacrificada em prol apenas da dinamicidade
do processo.” (THEODORO JÚNIOR, 2015).

d. Princípio Da Legalidade

Marcus Vinicius em breve releitura do princípio da legalidade, relembra que:

“[...] o chamado de princípio da legalidade, resulta do art. 5º, LIV, da Constituição


Federal: “Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal”. Trata-se de conquista que remonta ao século XIII, com a edição da Magna
Carta, por João Sem Terra.

Desse princípio derivam todos os demais. A Constituição preserva a liberdade e os


bens, garantindo que o seu titular não os perca por atos não jurisdicionais do Estado.
Além disso, o Judiciário deve observar as garantias inerentes ao Estado de direito,
bem como deve respeitar a lei, assegurando a cada um o que é seu.” (GONÇALVES,
2020).

ATIVIDADE PRÁRICAS SUPERVISIONADAS 11


A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

Humberto Theodoro Júnior aponta que “a jurisdição desempenha sua função


constitucional – a de pacificar os conflitos jurídicos – sob dupla submissão ao princípio da
legalidade: o procedimento tem de ser aquele definido pela lei, para cumprir a garantia
constitucional do “devido processo legal” (CF, art. 5º LIV); e” [...] (THEODORO JÚNIOR,
2015).

Art. 5º, LIV. “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;” (CRFB, 1988) (g. n.)

Assim posto, conclui o autor que “o provimento de mérito, com que se põe fim ao litígio,
será pronunciado com base na lei material pertinente (Lei de Introdução, art. 4º)” (THEODORO
JÚNIOR, 2015).

Art. 4º. “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito.” (LINDB, 2021)

No entender de Nelson Nery Júnior[4]:

“temos que bastaria a Constituição Federal de 1988 ter enunciado o princípio do


devido processo legal, e o caput e a maioria dos incisos do art. 5º seria absolutamente
despiciendo. De todo modo, a explicitação das garantias fundamentais derivadas do
devido processo legal, como preceitos desdobrados nos incisos do art. 5º, CF, é uma
forma de enfatizar a importância dessas garantias, norteando a administração pública,
o legislativo e o judiciário para que possam aplicar a cláusula sem maiores
indagações” (NERY Júnior, 1995).

O entendimento do professor André Ramos Tavares é que:

“O princípio do devido processo legal vale para qualquer processo judicial (seja
criminal ou civil), e mesmo para os processos administrativos, inclusive os
disciplinares e os militares, bem como nos processos administrativos previstos no
ECA” (TAVARES, 2006, p. 639).

Para Rui Portanova o Princípio do Devido Processo Legal atribui:

“O desenvolvimento de um processo vinculado a uma visão integral e, pelo menos,


tridimensional do Direito, para enfim, alcançar, não só seu escopo jurídico, mas
também seu escopo social, político, ético e econômico” (PORTANOVA, 2003, p. 53).

Para tanto, o sistema processual está atrelado ao princípio do devido processo legal de
maneira que possamos compreender o cerne do processo, que a despeito do formalismo, não
permanece por si só, mas sim para alcançar a finalidade a que se propôs que é muito mais do
que apenas deliberar a lide, mas sim, atingir o escopo social, político, ético e econômico a que
a sociedade exige.

ATIVIDADE PRÁRICAS SUPERVISIONADAS 12


A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

e. Princípio da Publicidade

A concepção do termo publicar, de forma simplificada significa de tornar público, ou


seja, dar publicidade. Todavia, para o direito, tem uma definição mais ampla, não é apenas
tornar público, isto é, tornar do conhecimento público, além do mais, tornar claro e inteligível
ao público. É fazer com que a publicidade desempenhe sua função legitima de informar o
público.

Um dos princípios fundamentais do processo moderno é o da publicidade de seus atos,


apontado por Theodoro Júnior, dos quais “se acha consagrado, em nosso novo Código, pelos
arts. 11 e 189 28 (Constituição Federal, art. 93, IX). São públicos os atos processuais no sentido
de que as audiências se realizam a portas abertas, com acesso franqueado ao público, e a todos
é dado conhecer os atos e termos que no processo se contêm, obtendo traslados e certidões a
respeito deles” (THEODORO JÚNIOR, 2015).

Cassio Scarpinella Bueno, a limitação legal do princípio da publicidade.

“O princípio da publicidade vem expresso no inciso LX do art. 5º da Constituição


Federal: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa
da intimidade ou o interesse social o exigirem”. Ele também consta dos incisos IX e
X do art. 93 da Constituição Federal, ambos com a redação que lhes deu a Emenda
Constitucional n. 45/2004: “IX – todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário
serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a
lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados,
ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do
interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação”; “X – as
decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as
disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros” (Bueno, 2020).

Na mesma linha aponta Renato Montan de Sá, à saber, “o princípio da publicidade


decorre da análise do art. 5º, LX, da Constituição Federal: “a lei só poderá restringir a
publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o
exigirem” (SÁ, 2020).

Em certos casos, por interesse de ordem pública e pelo respeito a algumas questões de
foro íntimo, “o Código reduz a publicidade dos atos processuais apenas às próprias partes.
Verifica-se, então, o procedimento chamado “em segredo de justiça”, no qual apenas as partes
e respectivos procuradores têm pleno acesso aos atos e termos do processo” (THEODORO
JÚNIOR, 2015).

Complementa o Theodoro Júnior que:

ATIVIDADE PRÁRICAS SUPERVISIONADAS 13


A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

“Nesses procedimentos sigilosos, como dispõe o parágrafo único do art. 189, “o


direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e 33 5. de
pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores”. Porém, ainda,
conforme o mesmo preceito, os terceiros podem, excepcionalmente, mediante
demonstração de interesse no conteúdo do processo sob segredo de justiça, requerer
certidão a respeito do dispositivo da sentença (nunca de sua fundamentação ou dos
outros dados do processo), bem como de inventário e partilha resultante de divórcio
ou separação dos cônjuges. O pedido será endereçado ao juiz, que o indeferirá, se o
terceiro não demonstrar interesse jurídico na obtenção do documento. Os feitos que
se sujeitam às restrições do procedimento em segredo de Justiça, de acordo com o art.
189, caput, são: (a) aqueles em que o exija o interesse público ou social (inciso I); (b)
os que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união
estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes (inciso II); (c) aqueles
em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade (inciso III);
e (d) os que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral,
desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o
juiz (inciso IV). Em todos esses processos, as audiências realizam-se sem acesso
público (art. 368), com a presença apenas do juiz e seus auxiliares, bem como das
partes e seus advogados, e, ainda, do representante do Ministério Público, quando
funcionar como custos legis” (THEODORO JÚNIOR, 2015).

Com a informatização do sistema processual:

“A publicidade adquiriu novos contornos, na medida em que há no ordenamento


brasileiro precedentes vinculantes que devem ser respeitados por todos (art. 927,
CPC)63. É, pois, importante a ampla publicidade para que os juízes possam aplicar as
decisões que adquiriram status de precedente. Assim, para que haja a possibilidade de
improcedência liminar do pedido (art. 332, CPC), julgamento monocrático do relator
(art. 932, IV e V, CPC), concessão de tutela de evidência (art. 311, II, CPC), não
aplicação da remessa necessária (art. 496, § 4º, CPC), presunção de repercussão geral
(art. 1.035, § 3º, CPC) dentre outras situações, é importante saber que “os tribunais
darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e
divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computadores” (art. 927, § 5º,
CPC). Ademais, para os casos repetitivos, estabelecem os §§ 1º a 3º do art. 979:

§ 1º Os tribunais manterão banco eletrônico de dados atualizados com informações


específicas sobre questões de direito submetidas ao incidente, comunicando-o
imediatamente ao Conselho Nacional de Justiça para inclusão no cadastro.

§ 2º Para possibilitar a identificação dos processos abrangidos pela decisão do


incidente, o registro eletrônico das teses jurídicas constantes do cadastro conterá, no
mínimo, os fundamentos determinantes da decisão e os dispositivos normativos a ela
relacionados.

§ 3º Aplica-se o disposto neste artigo ao julgamento de recursos repetitivos e da


repercussão geral em recurso extraordinário” (SÁ, 2020).

f. Princípio da Economia Processual

As partes devem ser estimuladas a obter o a economicidade processual, assim sendo, os


atos praticados devem ser realizados no intento de produzir maiores resultados como o menor
esforço possível, vislumbrando a perda de recursos no extravio de tempo e dinheiro
desnecessário.

ATIVIDADE PRÁRICAS SUPERVISIONADAS 14


A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

Humberto Theodoro Júnior entende que o processo gratuito, com deveria ter seu acesso
facilitado a todos os cidadãos, em plena condição de igualdade, ainda não é uma realidade nem
nos países mais desenvolvidos, onde as despesas judiciais correm por conta dos litigantes,
exceto apenas nos casos de assistência processual, qual exonera os comprovadamente pobres
(Lei nº 1.060/1950; NCPC, arts. 98 a 102).

Para Theodoro Júnior, as aplicações práticas do princípio de economia processual,


podem ser aludidos nos seguintes exemplos:

“[...] indeferimento, desde logo, da inicial, quando a demanda não reúne os requisitos
legais; denegação de provas inúteis; coibição de incidentes irrelevantes para a causa;
permissão de acumulação de pretensões. conexas num só processo; fixação de tabela
de custas pelo Estado, para evitar abusos dos serventuários da Justiça; possibilidade
de antecipar julgamento de mérito, quando não houver necessidade de provas orais
em audiência; saneamento do processo antes da instrução etc. (JÚNIOR, 2015)
(THEODORO JÚNIOR, 2015).

Assim sendo,

O princípio da economia processual vincula-se diretamente com a garantia do devido


processo legal, porquanto o desvio da atividade processual para os atos onerosos,
inúteis e desnecessários gera embaraço à rápida solução do litígio, tornando demorada
a prestação jurisdicional. Justiça tardia é, segundo a consciência geral, justiça
denegada. Não é justa, portanto, uma causa que se arrasta penosamente pelo foro,
desanimando a parte e desacreditando o aparelho judiciário perante a sociedade.”
(THEODORO JÚNIOR, 2015)

Conforme aponta Marcus Vinicius Rios Gonçalves, “esse não é um princípio apenas dos
juizados especiais, mas do processo civil em geral, já que se há de tentar obter, sempre com o
menor esforço possível, os resultados almejados. Mas nos juizados isso se acentua. Esse
princípio está relacionado com os anteriores” (GONÇALVES, 2020).

Vale reforçar, que o advento do sistema processual digital auxilia na economicidade de


papeis, maximiza o tempo gasto de deslocamentos aos tribunais para audiências, despachos ou
quaisquer outras incursões que o processo demandar. Podemos exemplificar o alto valor
aquisitivo gasto na logística demandada no transporte de detentos aos tribunais, sem falar na
economia dos recursos humanos que cercam tais demandas que são deslocados de suas funções
para prestar assistência.

4. INTERNET COMO INSTRUMENTO DE FOMENTO DO ACESSO À JUSTIÇA

A internet é um evento recente na história do mundo. Ela surgiu em 1969, nos Estados
Unidos, com o objetivo de interligar os laboratórios de pesquisa, sendo chamada de ARPANET.

ATIVIDADE PRÁRICAS SUPERVISIONADAS 15


A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

Nessa época o mundo vivia no auge da guerra fria, a ARPANET, que pertencia ao departamento
de defesa norte-americano, era uma garantia de que a comunicação entre militares e cientistas
persistiria, mesmo em caso de bombardeio. Só a partir de 1982, com a expansão dessa
tecnologia para outros países, começou a ser utilizado o termo internet. Em 1992, começaram
a surgir diversas empresas provedoras de acesso à internet nos Estados Unidos. Nesse mesmo
ano, o laboratório europeu de física de partículas (CERN) criou a World Wide Web, com
objetivo de colocar informações ao alcance de qualquer usuário da internet (SILVA, 2001). A
partir daí, a expansão da rede foi enorme. Uma pesquisa realizada pela CUPONATION,
plataforma de descontos online, mostrou que nesse ano de 2021 a internet tem cerca de 4,66
bilhões de usuários ativos em todo mundo, ou seja, cerca 59,5% da população mundial. Esse
estudo também identificou que 92,6% desse público acessa a internet usando aparelhos móveis.
(CUPONATION Brasil, 2021)

4.1 Internet No Contexto Jurídico

A internet causou uma revolução na vida das pessoas, mudando o modo de ser relacionar
com o mundo, seus costumes e hábitos. Acompanhando a tendencia mundial, o mundo jurídico
vem se ajustando a essa nova realidade, uma vez que o profissional de Direito precisa estar
acompanhando as necessidades da sociedade, com o objetivo de melhor servi-la.

A criação do Código de Defesa do Consumidor, em 1990, e a edição da Norma 004, do


Ministério das Comunicações, em 1995, que regula o “Uso de Meios da Rede Pública de
Telecomunicações para Acesso à Internet”, que teve por objetivo garantir que esse novo
serviço, o acesso à Internet, fosse explorado em regime de livre competição, marcou o
nascimento comercial dessa tecnologia no país. Ambos ordenamentos jurídicos contribuíram
para o desenvolvimento de uma nova visão da sociedade, uma vez que as pessoas obtiveram o
conhecimento dos seus direitos e deveres como consumidor e a entrada da internet em seus
lares permitiu acesso facilitado à informação, antes considerado de difícil acesso (MILBRADT,
2010).

4.2 Inclusão Digital

De acordo com Pesquisa promovida pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil, durante
a pandemia, em 2020, houve um amento de 7% de acesso à internet em relação a 2019, por
parte dos Brasileiros. Assim sendo, 81% da população com mais de 10 anos têm acesso a

ATIVIDADE PRÁRICAS SUPERVISIONADAS 16


A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

internet. Apesar do crescimento expressivo do acesso à internet durante a pandemia, podemos


notar que 19% da nossa população ainda são excluídas digitalmente, o que é uma forma de
exclusão social. Além disso, segundo o responsável pela pesquisa, Fabio Storino, o acesso à
internet é desigual, porque cerca de 90% das casas das classes D e E se conectam à rede
exclusivamente pelo celular (LEÓN, 2021).

A inclusão digital não se resume ao acesso a computadores e celulares conectados à


internet, mas à capacitação das pessoas para uso efetivo dos recursos tecnológicos, não somente
capacitação em informática, mas uma preparação educacional que permita usufruir de seus
recursos de maneira plena. De forma que as tecnologias da informação e comunicação se
tornem ferramentas que promovam o desenvolvimento social, intelectual, econômico e político
do cidadão. Mas temos muito que melhorar nesse aspecto, pois o censo escolar de 2020 revelou
que apenas 32% das escolas públicas do ensino fundamental têm acesso à internet para os
alunos, porcentagem que chega a 65% no caso das escolas públicas do ensino médio (LEÓN,
2021).

Os dados mostram que durante o período da pandemia COVID-19 tivemos um amento


do acesso à internet por parte da nossa população, mas muito há de se investir em inclusão
digital com o objetivo mais profundo, de acesso pleno para maior desenvolvimento social e
econômico. O futuro é o da tecnologia e da modernização dos velhos sistemas e o Poder
Judiciário caminha nesse sentido.

Compreende-se que o Poder Judiciário em sintonia com a sociedade sofreu adequações


afim de cumprir o seu papel jurisdicional. Das inúmeras possibilidades, outrora tidas como
distantes, tornou-se em um curto espaço de tempo, necessidade real e plausível. Um exemplo
notório destas adequações são as inúmeras audiências realizadas remotamente, bem como as
deliberações executadas por profissionais em locais equidistantes dos tribunais, conhecidos
como trabalho em home office.

Sobre tudo, a automação processual contribuiu para a redução da impressão e circulação


de documentos por meios físicos; os sistemas inteligentes transformaram as rotinas cartorárias,
impulsionando a celeridade processual, contribuindo com as certificações de decurso de prazos,
otimizou recursos materiais e humanos, com a redução de custos e a alocação de pessoal para
outra funções, racionalizou os procedimento processuais, possibilitando inclusive o
reconhecimento e a aceitação em processo de assinatura eletrônica, reduzindo assim, o tempo

ATIVIDADE PRÁRICAS SUPERVISIONADAS 17


A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

despendido na realização de atividades burocráticas e na tramitação do processo. Indo além,


ampliou os mecanismos de consultas jurisprudenciais e facilitou o acesso à informação. Entre
as inúmeras contribuições, cumpre apontar a adoção de registros fonográficos ou em vídeo
audiências e sessão de julgamento, com a manutenção de gravação em arquivos eletrônicos
audiovisual (MILBRADT, 2010).

Oriundo destas contribuições podemos citar as adaptações necessárias em respeito a


inclusão aos portadores de deficiências físicas ao acesso do Poder Judiciário, seja na forma
física ou na forma online. Inclusive, com a aquisição de teclados e monitores adaptados a cada
realidade e deficiência, facilitando o ingresso a justa justiça (MILBRADT, 2010).

Outro fato positivo, oriundo da informatização do sistema operacional público é a


contribuição das inúmeras ferramentas no combate à criminalidade, a corrupção promovendo
uma interação entre a coisa pública e o cidadão. O direito fundamental de obtê-las, sem dúvida
nenhuma, constitui um grande avanço oportunizado pelo LEI N. 13.608, que “dispõe sobre o
serviço telefônico de recebimento de denúncias e sobre recompensa por informações que
auxiliem nas investigações policiais; e altera o art. 4º da Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de
2001, para prover recursos do Fundo Nacional de Segurança Pública para esses fins.

Vale reforçar, que a inserção do sistema processual digital auxilia na economicidade de


papeis, maximiza o tempo gasto de deslocamentos aos tribunais para audiências, despachos ou
quaisquer outras incursões que o processo demandar. Podemos exemplificar o alto valor
aquisitivo gasto na logística demandada no transporte de detentos aos tribunais, sem falar na
economia dos recursos humanos que cercam tais demandas que são deslocados de suas funções
para prestar assistência.

Notadamente, se sabe que, em alguns tribunais da Federação os operadores do direito,


já usufruíam da possibilidade de peticionar, interpor recursos, despachar remotamente.
Contudo, porém, com o advento da pandemia excepcionalmente as audiências online ganharam
folego.

A inclusão digital, porém, carece de aprimoramento dos mecanismos de acesso,


segurança, confiabilidade das ferramentas e capacitação humana. Evitando, deste modo,
transtornos hodiernos, bem como, ataques de hackers ao sistema judiciários, os apagões
inexplicáveis durante o horário de expediente.

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5. PRINCIPAIS DESFIOS

Segundo Roberto Rodrigues, a capacitação de equipe especializada em no cenário


virtual e a ansiedade eivada da expectativa de um sistema processual com entrega de alto nível
de desempenho, atrelado a mão de obra rotativa de servidores e estagiários, são apontados como
desafio diário.

“O fator tempo na tramitação dos processos judiciais trouxe enormes dificuldades no


treinamento de equipes para o mundo digital. Ajudar o usuário a entender como
funciona o sistema foi um grande desafio. Isso acentuou-se com a forte pressão do
Conselho Nacional de Justiça, na medida em que, hoje, todo o Poder Judiciário é
movido por expectativas, todos encorajados a atingir metas e níveis de desempenho e
os desafios são incontáveis. E o maior desafio é tentar aplicar os fundamentos para a
mesma equipe (formação de uma equipe de alto desempenho), o que se torna difícil
alcançar pela grande rotatividade de servidores e estagiários, talvez, pela insatisfação,
hoje, com a carreira” (SOUSA, 2021).

Todos os órgãos e setores do Poder Judiciários são impactados com esta rotatividade de
recursos humanos, além do mais, fica mais complexo

“[...] o espaço ocupacional dos cartórios, os gestores lidam com três diferentes grupos
de servidores: o primeiro grupo refere-se àqueles que recebem gratificação; o segundo
grupo, são aqueles servidores antigos (ditos estáveis) que não recebem gratificação e
o terceiro grupo, por sua vez, são aqueles servidores novos (em estágio probatório)
que, também, não recebem gratificação (quando não são chamados de logo a
exercerem função), mas, por outro lado, chegam com toda a vontade de fazer a
diferença. Desenvolver e aplicar a novidade tecnológica para este cenário não foi e
não está sendo tarefa fácil. Afinal, os processos não param de chegar e eles não podem
ficar paralisados” (SOUSA, 2021).

E, este quadro é agravado com o aumento sistemático e diário de demandas judiciais.

“Com o aumento do número de processos eletrônicos, houve uma pressão muito


grande, dentro da administração judiciária e, consequentemente, em todos os
ambientes de trabalho, no desenvolvimento de políticas de comprometimento dos
servidores na capacitação individual para manuseio do sistema PJE” (SOUSA, 2021).

Por fim, a transferência do processo físico para o processo digital compreende uma
logística no tocante ao remanejamento de espaços destinados aos processos físico. Mudanças
que certamente impactaram de maneira sensível as tarefas internas no Cartórios.

“A novidade implementada causou um impacto muito grande na rotina dos servidores.


Mudou-se do papel para o digital e o treinamento necessário para o uso correto do
sistema veio de forma muito rápida, trazendo muito apreensão no ambiente de
trabalho. E trabalhar simultaneamente com processo físico e com os novos processos
digitais necessitou mudar toda a organização interna dos Cartórios e,
estrategicamente, toda a divisão das tarefas. E o gestor é parte importante nessa
missão” (SOUSA, 2021).

ATIVIDADE PRÁRICAS SUPERVISIONADAS 19


A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

Contudo, vale salientar que, mesmo com a constante rotatividade de material humano,
Rodrigues destaca que:

“Essa aquisição inicia-se com a estruturação do lado humano da mudança, entre outras
coisas, permite à organização poupar tempo ao adotar um processo previamente
definido e utilizar ferramentas adequadas para selecionar, planejar e executar ações
para engajar os envolvidos e quem precisa mudar sua forma de trabalhar. Mesmo
quando sabemos conscientemente, o que deverá ser feito, a Gestão da Mudança nos
ajuda a não esquecer (afinal, somos seres humanos imperfeitos) e rapidamente definir
o que precisa ser feito, quando, por quem e como em condições adversas de pouco
tempo para realização do projeto ou estabelecimento de metas ousadas de
implantação.

Contudo, a implantação de boas práticas viabiliza a simplificação de processos de


trabalho, dinamiza o gerenciamento de servidores com o rodízio de tarefas, uniformiza
procedimentos, diminui o tempo médio de tramitação dos feitos e, por conseguinte,
traz a participação do magistrado com a máxima dedicação e motivação possíveis,
cujo exemplo parte de cima para baixo que, alinhados, proporcionam uma justiça
efetiva. Ainda, gera um ambiente satisfatório e uma equipe unida e comprometida
com a prestação jurisdicional de qualidade e acessível” (SOUSA, 2021).

Por fim, a unificação do sistema integrado nacional entre tribunais interligando outros
órgãos da justiça, facilitaria demasiadamente a vida do operador do direito.

Sobre tudo, porém, é necessário que o comportamento humano seja condizente com o
ritmo do tramite processual, alinhado simetricamente, Secretaria do Juízo com o dever de estar
comprometidos com a prestação jurisdicional excelente, de qualidade e acessível, tornando que
as determinações judiciais sejam remetidas e efetivadas em tempo hábil com a utilização das
funcionalidades existentes.

6. CONCLUSÃO

Embora este estudo trouxe um pequeno vislumbre a efetivação do acesso à justiça por
meio do processo eletrônico, os impactos ocorridos na mudança de processo físico para o
eletrônico jamais poderão ser desprezados.

Mormente, o Poder Judiciário tem buscado ajustar suas carências funcionais, não se
omitindo e muito menos de furtando de seu papel legal, preferencialmente no contexto da
produtividade e da mudança de paradigma – no cenário digital.

Cumpre ainda ao Judiciário atuar diuturnamente no aprimoramento, na capacitação e na


qualificação, atualizações tecnológicas seguros, não mitigando recursos para entregar soluções
céleres, efetivas, justas e satisfatórias aos anseios daquele que demandam judicialmente,

ATIVIDADE PRÁRICAS SUPERVISIONADAS 20


A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

facilitadores aos operadores do direito, sejam eles, advogados, magistrados, ou demais


servidores.

Fato é que o Processo Judicial Eletrônico deu contribuições importantes, bem como:

“permitiu a supressão de algumas atividades para o trâmite processual, quais sejam: a


concessão de vistas dos autos fora da secretaria; a eliminação de diversos trabalhos
manuais; a extinção dos escaninhos; a diminuição do atendimento ao público no
balcão da Secretaria; a extinção de prazos sucessivos, substituindo-os por prazos
comuns, visto que a visibilidade dos autos está disponível a ambas as partes; a
autuação de autos, com a sua numeração e constante juntada das petições
intermediárias protocoladas; restauração de autos processuais. Conforme já exposto,
com a integralidade dos autos processuais disponíveis digitalmente, os sujeitos
processuais poderão ter acesso simultâneo aos documentos e peças.

Assim, o tempo que seria necessário para desenvolver tarefas manuais pôde, com a
utilização do PJe, ser utilizado para outras atividades, inclusive trabalho intelectual
dentro do Gabinete do Juiz, o que permitiu uma maior racionalização das tarefas no
âmbito da função jurisdicional e contribuiu com a minoração do período necessário
para o deslinde da causa. O PJe, com seus fluxos configuráveis, fica entre esses dois
extremos. Embora se possa definir caminhos mais rígidos se isso for conveniente ou
necessário, a alteração dos fluxos não depende da reescrita do sistema ou do pessoal
da Tecnologia da Informação, mas da atuação de alguém que conhece processo
judicial, muito provavelmente um servidor especialista do tribunal.

Nesse modelo de sistema virtual, a rotina desenvolvida assemelha-se ao tradicional


andamento processual evidenciado nos órgãos jurisdicionais que utilizam os autos
tradicionais (de papel). Todos os passos virtuais dados no andamento do processo
eletrônico são os mesmos passos no processo de papel e, em ambos dependem de uma
atuação humana efetiva, que pode contribuir ou prejudicar a tão buscada celeridade
processual, diante da manutenção de elementos burocráticos e da necessidade
constante de direcionamento do processo pelos servidores. Inobstante os autos estejam
disponibilizados digitalmente, tal sistema virtual queda-se inerte em promover a
automação das rotinas internas dos órgãos jurisdicionais, o que influenciou
negativamente nos resultados obtidos com a utilização do software e na
informatização do processo judicial.

Os fatores identificados no PJe colaboraram com a redução do tempo necessário para


o deslinde da causa, sem macular qualquer direito ou garantia processual, exceto com
relação às partes patrocinadas pela Defensoria Pública que, pela notória deficiência
estrutural, não consegue prestar o serviço digital de forma completa e eficaz, trazendo
graves prejuízos á garantia do pleno acesso à justiça. O PJe influenciou, por outro
lado, o modo como os atos processuais são praticados, armazenados e direcionados
internamente no âmbito do órgão jurisdicional, em consonância com o princípio da
simplificação do processo e da democratização do acesso à justiça.

O novo sistema facilitou o cumprimento de prazos, possibilitando aos advogados o


envio de documentos via internet e facultando o acesso permanente a todo o conteúdo
dos autos. Na medida em que o processo passou a ser eletrônico, diminuiu o uso do
papel e cresceu o benefício ao meio ambiente. Escritórios e cartórios de varas ficaram
livres da sobrecarga de papéis, propiciando ambientes mais salutares a todos. O PJe
trouxe mais transparência, celeridade e praticidade ao processo e reduziu gastos com
folhas, pastas, escaninhos, arquivos e malotes.

Por ocasião do início da operação do sistema, o estudo demonstrou que o tempo de


tramitação processual foi 50% mais rápido, no qual o advogado ou defensor público
pôde iniciar uma ação e já ter a primeira audiência agendada em apenas cinco minutos.

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A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

Desde que começou a ser implantado o PJe já proporcionou uma economia de quase
R$ 4 milhões em material de expediente e correio, evitou o uso de mais de 30
toneladas de papel e reduziu gastos com transporte e armazenamento de autos, tudo
conforme dados estatísticos retirados do site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal
e dos Territórios.

Tais constatações foram percebidas ao longo dos anos no trato direto com processos
judiciais, seja dentro do Gabinete de dezenas de Juízes, seja na direção das Secretarias
de diversas Varas. Por isso, o presente estudo não se referenciou exclusivamente em
pesquisas bibliográficas, nem em bancos de artigos publicados. E dentro das
limitações estabelecidas para esta pesquisa, alguns temas foram tratados unicamente
de forma empírica, outros com dados estatísticos divulgados pelo Conselho Nacional
de Justiça e pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.

Por fim, apesar de não possuírem um status doutrinário, todos os assuntos foram
apresentados, simplesmente a título de contribuição prática para o dia a dia forense e,
quem sabe, como possibilidade de uso em pesquisas futuras, inclusive sobre o impacto
do advento do Processo Judicial Eletrônico para a saúde do servidor e na diminuição
do tempo da convivência dele com a família, uma vez que o sistema estará disponível,
24 horas por dia, durante os sete dias da semana” (SOUSA, 2021)

O que se tem por certo, é que a inclusão digital é uma realidade permanente, qual trouxe
incontáveis benefícios e diversos desafios, mas indispensável à efetivação do acesso à justiça
na era digital.

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A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO

BIBLIOGRAFIA

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