Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ALUNO
ZACARIAS FRANÇA AZEVEDO JUNIOR
1. Introdução ............................................................................................................. 2
6. Conclusão ........................................................................................................... 20
Bibliografia ................................................................................................................... 23
A EFETIVIDADE DO ACESSO À JUSTIÇA POR MEIO DO PROCESSO ELETRONICO
1. INTRODUÇÃO
Para tanto, faz-se necessário que tais direito e garantias sejam efetivadas através do
acesso efetivo a justa justiça, emanadas de respostas céleres e eficaz. Desta forma, o celebre
jurista Rui Barbosa, afirma que: “Justiça tardia nada mais é do que injustiça
institucionalizada.”
Mas foi com a democratização da Internet, que surgiu o Processo Judicial Eletrônico,
com o objetivo de não mais trabalhar e tramitar o processo judicial em papel, mas sim em meio
digital/eletrônico. Vivenciamos mais uma grande mudança na história das atividades
judiciárias, ou seja, uma mudança do manuseio de processos físicos para o manuseio de
processos eletrônicos.
“Na abertura dos autos digitais, surge a cronologia dos documentos e movimentos do
processo em ordem decrescente. Ou seja, lá está exposta toda a movimentação do
processo e o teor do ato praticado. Constará a data da distribuição do processo; todas
as peças processuais trazidas e anexadas pelo Cartório e por todos que fazem parte da
relação processual (Magistrado, Promotores, Defensores Públicos, Advogados, etc) e
respectivos documentos; todos os despachos e decisões proferidos com a respectiva
data, com registro da hora, minutos e segundos e o nome do signatário. E cada peça
processual, cada documento anexado e cada ato praticado e validado recebe um
número identificador – chamado de ID.
E para uma melhor realização da tarefa, necessária a utilização de dois monitores. Isso
porque, como os autos são digitais, os mesmos ficam abertos em um monitor, e a
tarefa, por sua vez, realizada e desenvolvida no segundo, trazendo facilidade e maior
visibilidade de todo o ambiente virtual” (SOUSA, 2021).
Art. 8º. “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência.” (CPC, 2015) (g. n).
O Código Processo Civil Brasileiro de 2015, em seu art. 4º, assegura a razoável duração
do processo como um princípio.
Art. 6º. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do
mérito, incluída a atividade satisfativa. (CPC, 2015)
Neste sentido, o sistema jurídico hodierno e solidário, não satisfaz as demandas a todos
que buscam por seus direitos, de modo a garanti-los sem sua efetividade. Sendo, portanto, de
vital relevância a imposição legal do princípio da razoável duração do processo, afim de dar
solução eficaz em tempo admissível, assegurando o bem comum e realizar a justiça social, como
aponta Horácio W. Rodrigues, “não há justiça social quando o Estado, por meio do poder
Judiciário, não consegue dar uma pronta resposta às demandas que lhe são apresentadas”
(RODRIGUES, Reforma do Judiciário. Primeiras Reflexões sobre a emenda constitucional
n.45/2004., 2015).
“Toda pessoa terá o direito de ser ouvida, com as devidas garantias e dentro de um
prazo razoável, por um juiz ou Tribunal competente, independente e imparcial,
estabelecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer acusação penal formulada
contra ela, ou na determinação de seus direitos e obrigações de caráter civil,
trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza” - grifei (SPENGLER, 2010).
Para Marcus Vinicius Rios Gonçalves tardiamente foi efetivado tal princípio, pois:
Na busca por concretizar o princípio da razoável duração do processo, o EC/45 vem dar
concretude ao tratado outrora recepcionado. Portanto, não há de se falar em inovação em relação
a tal garantia, e sim, compreende-se que foi inserido com o dever de implantar aplicação
imediata.
De modo que, na esfera penal os prazos também devem ser respeitados. Assim sendo, o
Supremo Tribunal Federal afirma que:
Neste sentido, o prazo de prisão preventivas devem ser observados e resguardados pelas
partes e pelo julgador:
Além do mais, o art. 4º do Código Processo Civil determina ao Poder Judiciário dever
de satisfazer as demandas em tempo razoável.
Para Humberto Theodoro Júnior, “essa garantia de duração razoável do processo aplica-
se ao tempo de obtenção da solução integral do mérito, que compreende não apenas o prazo
para pronunciamento da sentença, mas também para a ultimação da atividade satisfativa”
(JÚNIOR, 2015).
Para Renato Montans de Sá, em sua obra O Manual de Direito Processual Civil, aponta
que o tempo razoável foi pacificado, deste modo:
Notoriamente, os tramites processuais devem guardar pela celeridade, todavia deve ser
abalizado pelos parâmetros da complexidade do tema, a conduta dos litigantes e de seus
procuradores e a atuação do poder judicial (BELO, 2010).
“Não há, nem poderia haver, na lei, uma predeterminação do tempo qualificado como
razoável para a conclusão de um processo. O que não se pode tolerar é a
procrastinação injustificável decorrente da pouca ou total ineficiência dos serviços
judiciários, de modo que a garantia de duração razoável se traduz na marcha do
processo sem delongas inexplicáveis e intoleráveis (BELO, 2010).
Isto posto, reta-nos esclarecer que a duração razoável do processo não se confunde com
rapidez processual, cabendo ao magistrado o dever de equalizar a celeridade anelada pelas
garantias constitucionais da ampla defesa e do contraditório.
c. Princípio Da Eficiência
O Código Processo Civil 2015, em seu art. 8º, estabelece princípios importantes em seu
caput.
Art. 8º. “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos fins sociais e às
exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa
humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência.” (CPC, 2015) (g. n.).
“[...] ao prever que o juiz, no exercício da jurisdição, tem de observar, entre outros, o
princípio da eficiência – mantém-se fiel ao comando constitucional, e valoriza os
compromissos específicos do processo justo com a efetividade da tutela jurisdicional.
Indica, portanto, que essa tutela somente será legítima se prestada tempestivamente
(em tempo razoável, portanto) e de maneira a proporcionar à parte que faz jus a ela,
sempre que possível, aquilo, e exatamente aquilo, que lhe assegura a o a ordem
jurídica material (efetividade da prestação pacificadora da Justiça).” (THEODORO
JÚNIOR, 2015).
d. Princípio Da Legalidade
Art. 5º, LIV. “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo
legal;” (CRFB, 1988) (g. n.)
Assim posto, conclui o autor que “o provimento de mérito, com que se põe fim ao litígio,
será pronunciado com base na lei material pertinente (Lei de Introdução, art. 4º)” (THEODORO
JÚNIOR, 2015).
Art. 4º. “Quando a lei for omissa, o juiz decidirá o caso de acordo com a analogia,
os costumes e os princípios gerais de direito.” (LINDB, 2021)
“O princípio do devido processo legal vale para qualquer processo judicial (seja
criminal ou civil), e mesmo para os processos administrativos, inclusive os
disciplinares e os militares, bem como nos processos administrativos previstos no
ECA” (TAVARES, 2006, p. 639).
Para tanto, o sistema processual está atrelado ao princípio do devido processo legal de
maneira que possamos compreender o cerne do processo, que a despeito do formalismo, não
permanece por si só, mas sim para alcançar a finalidade a que se propôs que é muito mais do
que apenas deliberar a lide, mas sim, atingir o escopo social, político, ético e econômico a que
a sociedade exige.
e. Princípio da Publicidade
Em certos casos, por interesse de ordem pública e pelo respeito a algumas questões de
foro íntimo, “o Código reduz a publicidade dos atos processuais apenas às próprias partes.
Verifica-se, então, o procedimento chamado “em segredo de justiça”, no qual apenas as partes
e respectivos procuradores têm pleno acesso aos atos e termos do processo” (THEODORO
JÚNIOR, 2015).
Humberto Theodoro Júnior entende que o processo gratuito, com deveria ter seu acesso
facilitado a todos os cidadãos, em plena condição de igualdade, ainda não é uma realidade nem
nos países mais desenvolvidos, onde as despesas judiciais correm por conta dos litigantes,
exceto apenas nos casos de assistência processual, qual exonera os comprovadamente pobres
(Lei nº 1.060/1950; NCPC, arts. 98 a 102).
“[...] indeferimento, desde logo, da inicial, quando a demanda não reúne os requisitos
legais; denegação de provas inúteis; coibição de incidentes irrelevantes para a causa;
permissão de acumulação de pretensões. conexas num só processo; fixação de tabela
de custas pelo Estado, para evitar abusos dos serventuários da Justiça; possibilidade
de antecipar julgamento de mérito, quando não houver necessidade de provas orais
em audiência; saneamento do processo antes da instrução etc. (JÚNIOR, 2015)
(THEODORO JÚNIOR, 2015).
Assim sendo,
Conforme aponta Marcus Vinicius Rios Gonçalves, “esse não é um princípio apenas dos
juizados especiais, mas do processo civil em geral, já que se há de tentar obter, sempre com o
menor esforço possível, os resultados almejados. Mas nos juizados isso se acentua. Esse
princípio está relacionado com os anteriores” (GONÇALVES, 2020).
A internet é um evento recente na história do mundo. Ela surgiu em 1969, nos Estados
Unidos, com o objetivo de interligar os laboratórios de pesquisa, sendo chamada de ARPANET.
Nessa época o mundo vivia no auge da guerra fria, a ARPANET, que pertencia ao departamento
de defesa norte-americano, era uma garantia de que a comunicação entre militares e cientistas
persistiria, mesmo em caso de bombardeio. Só a partir de 1982, com a expansão dessa
tecnologia para outros países, começou a ser utilizado o termo internet. Em 1992, começaram
a surgir diversas empresas provedoras de acesso à internet nos Estados Unidos. Nesse mesmo
ano, o laboratório europeu de física de partículas (CERN) criou a World Wide Web, com
objetivo de colocar informações ao alcance de qualquer usuário da internet (SILVA, 2001). A
partir daí, a expansão da rede foi enorme. Uma pesquisa realizada pela CUPONATION,
plataforma de descontos online, mostrou que nesse ano de 2021 a internet tem cerca de 4,66
bilhões de usuários ativos em todo mundo, ou seja, cerca 59,5% da população mundial. Esse
estudo também identificou que 92,6% desse público acessa a internet usando aparelhos móveis.
(CUPONATION Brasil, 2021)
A internet causou uma revolução na vida das pessoas, mudando o modo de ser relacionar
com o mundo, seus costumes e hábitos. Acompanhando a tendencia mundial, o mundo jurídico
vem se ajustando a essa nova realidade, uma vez que o profissional de Direito precisa estar
acompanhando as necessidades da sociedade, com o objetivo de melhor servi-la.
De acordo com Pesquisa promovida pelo Comitê Gestor da Internet do Brasil, durante
a pandemia, em 2020, houve um amento de 7% de acesso à internet em relação a 2019, por
parte dos Brasileiros. Assim sendo, 81% da população com mais de 10 anos têm acesso a
5. PRINCIPAIS DESFIOS
Todos os órgãos e setores do Poder Judiciários são impactados com esta rotatividade de
recursos humanos, além do mais, fica mais complexo
“[...] o espaço ocupacional dos cartórios, os gestores lidam com três diferentes grupos
de servidores: o primeiro grupo refere-se àqueles que recebem gratificação; o segundo
grupo, são aqueles servidores antigos (ditos estáveis) que não recebem gratificação e
o terceiro grupo, por sua vez, são aqueles servidores novos (em estágio probatório)
que, também, não recebem gratificação (quando não são chamados de logo a
exercerem função), mas, por outro lado, chegam com toda a vontade de fazer a
diferença. Desenvolver e aplicar a novidade tecnológica para este cenário não foi e
não está sendo tarefa fácil. Afinal, os processos não param de chegar e eles não podem
ficar paralisados” (SOUSA, 2021).
Por fim, a transferência do processo físico para o processo digital compreende uma
logística no tocante ao remanejamento de espaços destinados aos processos físico. Mudanças
que certamente impactaram de maneira sensível as tarefas internas no Cartórios.
Contudo, vale salientar que, mesmo com a constante rotatividade de material humano,
Rodrigues destaca que:
“Essa aquisição inicia-se com a estruturação do lado humano da mudança, entre outras
coisas, permite à organização poupar tempo ao adotar um processo previamente
definido e utilizar ferramentas adequadas para selecionar, planejar e executar ações
para engajar os envolvidos e quem precisa mudar sua forma de trabalhar. Mesmo
quando sabemos conscientemente, o que deverá ser feito, a Gestão da Mudança nos
ajuda a não esquecer (afinal, somos seres humanos imperfeitos) e rapidamente definir
o que precisa ser feito, quando, por quem e como em condições adversas de pouco
tempo para realização do projeto ou estabelecimento de metas ousadas de
implantação.
Por fim, a unificação do sistema integrado nacional entre tribunais interligando outros
órgãos da justiça, facilitaria demasiadamente a vida do operador do direito.
Sobre tudo, porém, é necessário que o comportamento humano seja condizente com o
ritmo do tramite processual, alinhado simetricamente, Secretaria do Juízo com o dever de estar
comprometidos com a prestação jurisdicional excelente, de qualidade e acessível, tornando que
as determinações judiciais sejam remetidas e efetivadas em tempo hábil com a utilização das
funcionalidades existentes.
6. CONCLUSÃO
Embora este estudo trouxe um pequeno vislumbre a efetivação do acesso à justiça por
meio do processo eletrônico, os impactos ocorridos na mudança de processo físico para o
eletrônico jamais poderão ser desprezados.
Mormente, o Poder Judiciário tem buscado ajustar suas carências funcionais, não se
omitindo e muito menos de furtando de seu papel legal, preferencialmente no contexto da
produtividade e da mudança de paradigma – no cenário digital.
Fato é que o Processo Judicial Eletrônico deu contribuições importantes, bem como:
Assim, o tempo que seria necessário para desenvolver tarefas manuais pôde, com a
utilização do PJe, ser utilizado para outras atividades, inclusive trabalho intelectual
dentro do Gabinete do Juiz, o que permitiu uma maior racionalização das tarefas no
âmbito da função jurisdicional e contribuiu com a minoração do período necessário
para o deslinde da causa. O PJe, com seus fluxos configuráveis, fica entre esses dois
extremos. Embora se possa definir caminhos mais rígidos se isso for conveniente ou
necessário, a alteração dos fluxos não depende da reescrita do sistema ou do pessoal
da Tecnologia da Informação, mas da atuação de alguém que conhece processo
judicial, muito provavelmente um servidor especialista do tribunal.
Desde que começou a ser implantado o PJe já proporcionou uma economia de quase
R$ 4 milhões em material de expediente e correio, evitou o uso de mais de 30
toneladas de papel e reduziu gastos com transporte e armazenamento de autos, tudo
conforme dados estatísticos retirados do site do Tribunal de Justiça do Distrito Federal
e dos Territórios.
Tais constatações foram percebidas ao longo dos anos no trato direto com processos
judiciais, seja dentro do Gabinete de dezenas de Juízes, seja na direção das Secretarias
de diversas Varas. Por isso, o presente estudo não se referenciou exclusivamente em
pesquisas bibliográficas, nem em bancos de artigos publicados. E dentro das
limitações estabelecidas para esta pesquisa, alguns temas foram tratados unicamente
de forma empírica, outros com dados estatísticos divulgados pelo Conselho Nacional
de Justiça e pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios.
Por fim, apesar de não possuírem um status doutrinário, todos os assuntos foram
apresentados, simplesmente a título de contribuição prática para o dia a dia forense e,
quem sabe, como possibilidade de uso em pesquisas futuras, inclusive sobre o impacto
do advento do Processo Judicial Eletrônico para a saúde do servidor e na diminuição
do tempo da convivência dele com a família, uma vez que o sistema estará disponível,
24 horas por dia, durante os sete dias da semana” (SOUSA, 2021)
O que se tem por certo, é que a inclusão digital é uma realidade permanente, qual trouxe
incontáveis benefícios e diversos desafios, mas indispensável à efetivação do acesso à justiça
na era digital.
BIBLIOGRAFIA
Bueno, C. S. (2020). Curso sistematizado de direito processual civil (Vol. 1). São Paulo:
Saraiva Educação.
CUPONATION Brasil. (11 de 11 de 2021). Pesquisa aponta 4,66 bilhões de usuários ativos
na internet em 2021. Fonte: CUPONATION: https://www.cuponation.com.br/time
GONÇALVES, M. V. (2020). Direito processual civil - Esquematizado (11 ed.). São Paulo:
Saraiva Educação.
JÚNIOR, H. T. (2015). CURSO DE DIREITO PROCESSO CIVIL (56ª ed.). Rio de Janeiro, RJ:
FORENSE LTDA.
LEÓN, L. P. (23 de 08 de 2021). Brasil tem 152 milhões de pessoas com acesso à internet.
Acesso em 11 de 11 de 2021, disponível em Agência Brasil:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2021-08/brasil-tem-152-milhoes-de-
pessoas-com-acesso-internet
NERY Júnior, N. (1995). Princípios de processo civil na Constituição Federal. Revista dos
Tribunais, 39.
SÁ, R. M. (2020). Manual de Direito Processual Civil. São Paulo: Saraiva Educação.
SILVA, L. W. (12 de 08 de 2001). Rede foi criada em 1969, nos EUA. Folha de S. Paulo -
Cotidiano. Acesso em 11 de 11 de 2021, disponível em
https://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1208200103.htm
THEODORO JÚNIOR, H. (2015). Curso de Direito Processual Civil - Teoria geral do direito
processo civil, processo de conhecimento e procedimento comum (56 ed., Vol. I). Rio
de Janeiro: Forense.