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FARMACOLOGIA-III
Medicina - 6º Período
S Anestésicos Locais (AL) : compreendem uma série de
U
P substâncias químicas localmente aplicadas, com estruturas
R moleculares semelhantes, capazes de inibir a percepção das
E
S sensações (sobretudo a dor) e também de prevenir o
S
à movimento.
O

D Toda substância capaz de bloquear os


A impulsos aferentes, de maneira reversível

D e localizada, especialmente aqueles que


O conduzem os estímulos dolorosos.
R

2
 DOR:
S
U
P
A dor é a consequência perceptual final do
R
E processamento neural (nociceptores) de
S
determinada informação sensorial. Em geral, o
S
à estímulo inicial surge na periferia e é transferido,
O
através de transmissores sensoriais no sistema
D nervoso central (SNC) até o córtex.
A

D A dor é a causa mais frequente de sofrimento e incapacidade e


O é a razão mais comum pela qual as pessoas procuram
R atendimento médico. É um dos principais sintomas de várias
condições médicas, interferindo na qualidade de vida e
funcionamento geral do organismo de uma pessoa
3
S  HISTÓRICO:
U
P
R A COCAÍNA, o primeiro anestésico local, provém das folhas do arbusto coca (Erythroxylon coca).
E A cocaína foi isolada pela primeira vez em 1860 por Albert Niemann, que observou seus poderes
S de produzir entorpecimento.
S
Ã
Em 1886, Carl Koller introduziu a cocaína na prática clínica como anestésico oftalmológico
O
tópico. Entretanto, suas propriedades aditivas e toxicidade levaram à pesquisa de substitutos.

D
A A PROCAÍNA (Novocain®), o primeiro desses substitutos, foi sintetizada em 1905.

D
O
R

Cocaína Procaína
4
S  TIPOS DE ANESTESIA LOCAL:
U
P 1. Anestesia local propriamente dita: pode ser tópica (mucosa do nariz,
R
E boca, árvore traqueobrônquica, esôfago e trato geniturinário) ou por
S infiltração (injeção de anestésico nos tecidos nos quais deve passar a
S
à incisão).
O

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A

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R
Introdução de anestésico local, logo acima do periósteo do assoalho orbital (Imagem
adaptada de: A utilização da anestesia peribulbar inferior nas blefaroplastias/Rev.
Bras. Cir. Plást. 2009; 24(2): 208-11).
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S  TIPOS DE ANESTESIA LOCAL:
U
P 2. Anestesia regional: o agente anestésico é injetado nos nervos ou ao
R
E redor deles, de modo a anestesiar a área por eles inervada. As áreas mais
S comumente utilizadas são: bloqueio do plexo (plexo branquial); anestesia
S
à paravertebral (parede abdominal e vísceras); bloqueio transacral (períneo e
O baixo abdômen).

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A

D
O
R

Figura adaptada de: https://pt.slideshare.net/GarroteLeal/tipos-de-anestesia-49179196 6


S  TIPOS DE ANESTESIA LOCAL:
U
P 3. Anestesia espinhal:
R
E  Epidural ou peridural - injeção de anestésico no canal medular no
S espaço ao redor da dura-máter.
S
à  Raquianestesia – é obtida pela punção lombar e, no mesmo ato, injeta-
O se a solução de anestésico no líquido cefalorraquidiano, no espaço

D subaracnóideo.
A

D
O
R

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Figuras adaptada de: http://www.ufjf.br/farmacologia/files/2012/11/Anestesicos-locais-2017.pdf
S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P
R Bloqueio reversível da condutância dos íons sódio responsável pelo
E potencial de ação inibindo a ação, inibindo a despolarização e a
S
S condução do impulso nervoso.
Ã
O
A anestesia local ocorre quando a propagação dos potenciais
D
A de ação é bloqueada, de modo que a sensação não pode ser
transmitida desde o local de origem do estímulo até o cérebro.
D
O
R

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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P
R
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S
S
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O

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A

D
O Figura: Interação do anestésico local com o local de ação. (Adaptada de RAFFA, R.B.;
R RAWLS, S.M.; BEYZAROV, E.P. Atlas de farmacologia de Netter. Porto Alegre: Artmed, 2006.)

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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P
R  Estrutura química geral:
E
1. Radical Aromático: porção lipossolúvel –penetração no nervo.
S
S 2. Grupo amina: ionizável (influência do pH do meio), velocidade de ação.
Ã
O

D
A

D
O
R

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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P
R
E
S
S
Ã
O

D
A

D
O
R Protótipo dos anestésicos locais. A procaína (A) e a lidocaína (B) são protótipos dos anestésicos
locais com ligação éster e com ligação amida, respectivamente. Os anestésicos locais possuem um
grupo aromático em uma das extremidades e uma amina na outra extremidade da molécula; esses
dois grupos estão conectados por uma ligação éster (-RCOOR’) ou amida (-RHNCOR’).
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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P
R  Grupo Aromático
E
Todos os anestésicos locais contêm um grupo aromático que confere à
S
S molécula grande parte de seu caráter hidrofóbico.
Ã
O
A hidrofobicidade de um AL afeta a facilidade com que o fármaco
D
atravessa as membranas das células nervosas para alcançar o seu alvo,
A
que é o lado citoplasmático do canal de sódio.
D
O
R

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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U  Grupo Aromático
P
R
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A

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O
R A. Os AL pouco hidrofóbicos são incapazes de atravessar eficientemente a dupla camada
lipídica: (1) O AL neutro não pode sofrer adsorção ou penetrar na membrana celular neuronal,
visto que o AL é muito estável na solução extracelular.

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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U  Grupo Aromático
P
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S
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A

D
O
R B. Os anestésicos locais (AL) moderadamente hidrofóbicos são os agentes mais
efetivos: (1) O AL neutro sofre adsorção sobre o lado extracelular da membrana celular
neuronal; (2) o AL difunde-se através da membrana celular para o lado citoplasmático; (3) o
AL difunde-se e liga-se a seu sítio de ligação sobre o canal de sódio regulado por voltagem;
(4) uma vez ligado, o AL pode passar de sua forma neutra para a protonada através de 14
ligação e liberação de prótons.
S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U  Grupo Aromático
P
R
E
S
S
Ã
O

D
A

D
O
R C. Os AL extremamente hidrofóbicos são retidos na dupla camada lipídica: (1) O AL neutro
sofre adsorção sobre a membrana celular neuronal (2), onde fica tão estabilizado que não
consegue se dissociar da membrana ou atravessá-la.

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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P  pH local
R  Os anestésicos locais são bases fracas.
E
 pH ácido aumentará a proporção do fármaco em sua forma ionizada (BH+).
S
S prejudicando seu transporte pela via hidrofóbica e, consequentemente, a
à concentração de anestésico local que chega ao receptor.
O
 pH ácido diminui o efeito dos anestésicos locais.
D
A

D
O  pH alcalino aumenta a proporção do fármaco não ionizado (B), elevando a
R permeabilidade da molécula à membrana celular.
 pH alcalino aumenta o efeito dos anestésicos locais.

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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P
R
E
S
S
Ã
O

D
A

D
O
R

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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P
R
E
S
S
Ã
O

D
A

D
O
R

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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P Tetrodotoxina (TTX) é produzida por uma
R
bactéria marinha e acumula-se nos tecidos
E
S do baiacu.
S
Ao se consumir o baiacu, seu fígado e
Ã
O ovários devem ser retirados para se evitar
envenenamento acidental pela
D BAIACU, peixe-balão
(Tetrodontidae)
A tetrodotoxina, que se manifesta por
fraqueza intensa, evoluindo para paralisia
D
O total e morte. Essa toxina atua pelo lado
R
externo das membranas, diferentemente
dos anestésicos locais.
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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P  Características Farmacológicas
R
E
S • Potência ⇔ Lipossolubilidade
S
– Quanto ↑ lipossolubilidade; ↑ potência
Ã
O
A lipossolubilidade é importante para atravessar membrana plasmática.
D
A É uma característica essencial para o início dos efeitos anestésicos,
pois permite que os mesmos sejam transportados para o interior do
D
O axônio onde exerceram os seus efeitos, quanto mais lipossolúvel mais
R
rápido a entrada dos mesmos.

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S  MECANISMO DE AÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P  Características Farmacológicas
R
E
S • Duração ⇔ Ligação Protéica
S
 Quanto ↑ Ligação Protéica; ↑ Tempo de Ação
Ã
O  relação com tempo da ação (duração da atividade).
 o receptor é uma proteína, se a ligação do AL fica permanecida,
D
A maior é a duração do efeito.

D
O • Velocidade de Ação ⇔ Ionização
R
 forma molecular da droga entra com maior facilidade.

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S CLASSIFICAÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P Curta Duração
R
E  Procaína:
S
S É usada principalmente para reduzir a dor da injeção intra-muscular da
Ã
O penicilina, e usada também na odontologia.

D
A Devido ao largo uso do nome comercial "Novocain®", a procaína é
conhecida às vezes genericamente como novocaína ou novacaína.
D
O
R

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S CLASSIFICAÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P Duração Intermediária
R
E  Lidocaína:
S
S É o anestésico padrão, com o qual os demais são comparados. Usada
Ã
O em diversas técnicas anestésicas, também pode ser administrada por via
intravenosa para também tratar de arritmias cardíacas em unidades de
D
A cuidados intensivos ou durante cirurgias.
Lidocaína = Xilocaína®
D
O Usos: anestésico local, endoscopia digestiva, arritmias
R cardíacas, taquicardia, técnicas de intubação do pacientes acordado,
mucosas (spray), raquianestesia e peridural.
Ex.: Amigdalol ®, Lidocabbot ®, Lidocalm ®, Lidospray ® 23
S CLASSIFICAÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS:
U
P Longa Duração
R
E
S  Tetracaína:
S
à Indicado para remoção de corpo estranho e sutura da córnea, raspagem
O
conjuntival. Raquianestesia.
D Ex.: Hexomedine®, Oto-betnovate®
A

D Bupivacaína:
O
R Altamente hidrofóbica ( ↑ potente). Epidural. Obstetrícia-trabalho de parto.
Ex.: Neocaína®

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S  Reações Adversas:
U
P Apesar das precauções, alguma pequena quantidade de fármaco chega
R
sempre a outros orgãos, nomeadamente ao cérebro e ao coração.
E
S
S
 Convulsões;
Ã
O  Altas doses algum risco de depressão respiratória;
 Vasodilatação e redução da frequência cardiaca;
D
A  Hipotensão arterial;
 Reações alérgicas (procaína, tetracaína: ésteres  PABA).
D
O
R

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S Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:
U
P
R  Compreender sobre a estrutura geral dos anestésicos locais e
E mecanismo geral de ação dos mesmos.
S
S  Classificação das drogas anestésicas locais: Curta, Intermediária e
à Longa duração.
O
 Reações adversas do uso dos anestésicos locais.
D
A

D
O
R

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