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Na obra “O Cortiço”, do escritor brasileiro Aluísio Azevedo, é retratada uma

sociedade que vive à margem do descaso, cujos moradores são obrigados a ​conviverem
com a sordidez, exploração e criminalidade do local. De maneira análoga à história
fictícia, tal situação se faz presente no atual cenário brasileiro, uma vez que tanto o tecido
social, quanto o poder público negligenciam casos de miséria, impactando diretamente no
alto índice de desigualdades sociais. Nesse sentido, cabe entender como esses aspectos
coadunam-se para a perpetuação desse quadro deletério.
Em primeiro plano, vale ressaltar o pacto social, do contratualista John Rawls, ao
inferir que o Estado deve garantir os direitos imprescindíveis dos indivíduos, como lazer e o
bem-estar. No entanto, é evidente o rompimento desse contrato quanto ao cenário
brasileiro, visto que existe uma falta de acesso aos serviços essenciais, como saneamento
básico, saúde e educação de qualidade nas zonas periféricas, o que torna um ambiente
desfavorável às necessidades humanas. Assim, é notória a ineficácia estatal na integração
desse tipo de bem para toda a população, pois, com a grande ausência desses recursos, a
parcela vulnerável da sociedade sofre com a proliferação de doenças, alto índice de crimes
e, ainda, com o analfabetismo em decorrência da falta de ensino.
Outrossim, é imperativo ressaltar o comportamento social e como ele influencia na
existência desse entrave. De acordo com o filósofo polonês Zygmunt Bauman, a sociedade
atual é marcada pela falta de alteridade e empatia. Sob esse viés, tais características
podem ser evidenciadas ao perceber a falta de atitudes que poderiam, potencialmente,
auxiliar pessoas que vivem na pobreza absoluta, como doações de roupas, calçados e
alimentos. Dessa forma, a “capa de invisibilidade” aplicada por esses indivíduos é um fator
que corrobora para a resolução das desigualdades sociais.
Diante dos fatos supracitados, urge que atitudes sejam tomadas para a mitigação
dessa problemática. Logo, cabe ao Governo, enquanto instância máxima do executivo,
realizar políticas públicas que incentivem a participação social para auxiliar aos indivíduos
mais carentes, através do recebimento de doações para distribuição nas áreas de baixa
renda, a fim de diminuir o impacto negativo do desequilíbrio social urbano. Ademais, o
Governo deve, através de incentivos fiscais, promover a participação de empresas para a
causa, ao qual deverão contratar pessoas que ganham menos de um salário mínimo
mensal e, ainda, propor uma quantia de dinheiro válida. Assim, o ambiente de desprezo do
“Cortiço”, não será mais observado no país.

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