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Direitos das Mulheres

A mulher e o Código Civil


No novo Código, as mulheres são vistas como cidadãs, sujeitas de direitos
e deveres. Agora a mulher, ao casar não apenas “assume a condição de
companheira, consorte e colaboradora do marido nos encargos de família,
cumprindo-lhe velar pela direção material e moral desta” (art. 240 do Código de
1916), mas passa a exercer direitos e deveres baseados na comunhão plena de
vida e na igualdade entre os cônjuges.
Na ortografia, deixamos de ser, em todo o texto, uma “sombra” do homem,
ou seja, quando se falava a palavra “homem”, tínhamos que nos sentir incluídas
na masculinidade que esta palavra encerra. O “homem” estava colocado como o
representante da humanidade brasileira e com isto a “mulher” não necessitava
usar sua voz já que possuía um representante legal, pré-estabelecido pela
escrita.8FRF
Vários abusos foram excluídos. Mulher nenhuma tem mais que provar sua
virgindade por ocasião do casamento, para não ser rejeitada e devolvida à sua
família, como nos filmes italianos do início do século passado. Nenhuma mulher
tem mais que provar “honestidade” para ter direito à herança paterna, quando
sabemos que o termo “honestidade” é representado simbolicamente de forma
diferente para homens e mulheres. Para homens, esta palavra desperta o
sentimento de caráter público ilibado e para as mulheres o recato, comportamento
íntimo reservado.
Embora com muitas inovações favoráveis à igualdade de gênero, ainda
temos algumas críticas a fazer. Essas críticas não são apenas nossas, o próprio
relator do projeto já apresentou emendas para a mudança de mais de cem artigos.
Alguns temas atuais e importantes para o ordenamento da vida das pessoas
deixaram de ser incluídos. Alguns ranços ainda permanecem e até mesmo
retrocessos em pontos já consagrados por legislações, jurisprudência e prática
social. Alguns justificam essas falhas, pelo grande lapso de tempo em que
tramitou no Congresso Nacional – 25 anos.
É bom lembrarmos que a mudança de nossa legislação civil não se deu de
forma abrupta, apenas com o novo Código Civil. Temos que fazer jus a muitas
mulheres que, por mais de oitenta anos tentaram ser colocadas no mesmo nível
legal dos homens.
Finalmente, a Constituição de 1988 deu à mulher os mesmos direitos e
deveres na família. Afora as mudanças legislativas, nossos tribunais também
contribuíram para que as mulheres fossem equiparadas aos homens. Através de
decisões emblemáticas alteraram várias práticas discriminatórias e serviram de
inspiração para muitos artigos da nossa nova legislação civil.
A seguir, destacam-se algumas mudanças introduzidas pelo Código Civil
em vigor:
Disposições gerais sobre o casamento
O casamento é um ato solene onde duas pessoas de sexos diferentes se
unem para formar uma família. Com o casamento, se estabelece comunhão plena
de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
Isto significa que mulheres e homens são iguais e ambos podem opinar
sobre todas as questões da família. Com o novo Código Civil, acabou a "chefia da
sociedade conjugal" que era exercida apenas pelo homem.
A questão do nome do cônjuge
Uma inovação deste Código é a possibilidade que se dá para qualquer dos
nubentes, querendo, acrescentar ao seu nome o nome do outro e não apenas à
mulher acrescentar o nome do marido. Agora, o marido também poderá acrescer
ao seu nome, o nome da esposa. Ou ainda, continuarem com os nomes de
solteir@s.
Planejamento familiar
Este Capítulo também traz uma inovação quando inclui entre os direitos
regulamentados pelo Código Civil, a questão do Planejamento Familiar. E
repetindo a Constituição Federal, afirma que o Planejamento Familiar é livre
decisão do casal, além de expressar que é uma competência do Estado, propiciar
recursos educacionais e financeiros para o exercício desse direito. Proíbe,
também, qualquer tipo de coerção por parte de instituições privadas ou públicas.
Ou seja, nenhuma instituição pode dizer às pessoas quant@s filh@s e quando
el@s devem ter. A opção é da mulher, do homem ou do casal.
Direção da sociedade conjugal
Com este novo Código civil, a mulher deixou de ser apenas uma
colaboradora do marido, que tinha a chefia da família. Agora, a direção da
sociedade conjugal passa a ser exercida por ambos, marido e mulher, um
colaborando com o outro, no mesmo pé de igualdade. Deve ser respeitado, em
primeiro lugar, o interesse do casal e d@s filh@s. Se houver alguma divergência,
qualquer um dos cônjuges poderá recorrer ao juiz, que decidirá considerando os
interesses do casal e d@s filh@s.
Sustento da família
Partindo do princípio de que, a todo direito corresponde um dever, este
novo Código, além de estabelecer o direito da igualdade, estabelece, também, as
obrigações para com as despesas de sustento da família e a educação d@s
filh@s, que são obrigações tanto do homem como da mulher. Esta obrigação deve
ser cumprida, qualquer que seja o regime patrimonial.
Domicílio do casal
Outra inovação é referente ao domicílio do casal. Anteriormente, o homem
era quem tinha o privilégio de escolher o local de moradia da família. Entre os
direitos conquistados pela mulher está a sua participação na escolha do domicílio,
em igualdade de condições com o homem.Também está explícito que qualquer um
dos cônjuges pode ausentar-se do domicílio conjugal para atender a encargos
públicos, ao exercício de sua profissão, ou a interesses particulares relevantes,
sem que, com isto, esteja violando um dos deveres no casamento.
Em caso de ausência
Para os casos nos quais um dos cônjuges esteja em lugar remoto ou não
se saiba de seu paradeiro, esteja encarcerado pois mais de cento e oitenta (180)
dias, interditado judicialmente ou privado, mesmo que seja temporariamente de
consciência, em virtude de enfermidade ou de acidente, o outro exercerá com
exclusividade a direção da família, cabendo-lhe a administração dos bens,
responsabilidades com @s filh@s e todos os demais direitos e deveres no
casamento.

A Mulher e a Constituição Federal: Igualdade de Direitos


A Constituição da República Federativa do Brasil é uma das mais
avançadas do mundo no que diz respeito aos direito civis e sociais. O Capítulo I
do Título II trata dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, tendo o seu artigo
5º, 77 incisos detalhando todos eles.
Os direitos individuais também são chamados de direitos humanos, direitos
das pessoas, direitos de mulheres e homens. Seus fundamentos estão no direito
natural e em certas liberdades essenciais à personalidade e a dignidade da
pessoa humana. Com os direitos fundamentais nossa Constituição proclama que a
sociedade e o Estado existem para o bem-estar da pessoa humana.
O artigo 5º diz:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;
Isto significa igualdade de direitos
Se homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, não pode haver
qualquer tipo de discriminação na família, no trabalho nem na sociedade. Com
este inciso, quem é tratad@ desigual por razão do sexo - masculino ou feminino,
deve buscar a igualdade.
Exemplos:
Na família - a mulher tem os mesmos direitos do marido ou companheiro,
com relação às decisões que devem ser tomadas referentes aos filhos e à família.
Os trabalhos domésticos devem ser divididos entre ambos, de comum acordo.
No trabalho - uma mulher não pode, como trabalhadora, receber menos
que um homem, para fazer o mesmo trabalho.
Na sociedade - mulheres e homens devem ser tratad@s com igual respeito em
qualquer situação e ambiente social.
Apesar desta obrigação de igualdade, existem situações em que, por
motivo do sexo, mulheres e homens necessitam ser tratados de forma diferente,
como por exemplo, com relação à função reprodutiva da mulher: só a mulher pode
menstruar, engravidar e parir. Nestas situações, seus direitos têm de ser
diferenciados e protegidos pois, a maternidade é uma função social.
Da mesma forma, a mulher deve ser tratada diferentemente do homem
quando, por exemplo, se trata de sua capacidade de suportar peso, pois esta é,
naturalmente, inferior à do homem.

A Mulher e os Direitos Trabalhistas


Proteção à maternidade
Não é permitido em nenhum regulamento de empresa, convenção coletiva
ou contrato individual de trabalho, qualquer restrição ao direito da mulher ao
emprego por motivo de casamento ou gravidez.
Garantia de emprego à mulher grávida
A empregada não pode ser despedida desde a confirmação da gravidez até
cinco meses após o parto.
É aconselhável que, quando for confirmada a gravidez, por exame de
laboratório, a empregada apresente ao empregador o comprovante do exame e
exija recibo de entrega
A empregada, se desejar, pode pedir demissão do emprego e pode ser
demitida por justa causa, mesmo grávida ou no período de licença-gestante.
Se o contrato for por prazo determinado, o empregador não tem obrigação
de permanecer com a empregada, quando terminar o prazo do contrato.
Licença-gestante ou licença-maternidade
A empregada tem direito a 120 dias de licença-gestante, com pagamento
de seu salário. Durante o período da licença-gestante, a empregada recebe a sua
remuneração em forma de salário maternidade.
As empregadas urbanas e rurais recebem o salário maternidade
diretamente do empregador. Depois o empregador recebe este valor da
Previdência Social. A empregada doméstica, a avulsa e a produtora rural têm o
salário maternidade pagos diretamente pelo INSS.
Licença paternidade
O trabalhador tem direito a 5 dias de licença paternidade, contados a partir
do dia que apresenta ao empregador a declaração de nascimento do seu filho.
Aborto
Em caso de aborto a mulher tem direito a duas semanas de repouso,
recebendo seu salário normalmente durante este período.
Amamentação
A mulher tem direito a dois descansos especiais, de meia hora cada,
durante sua jornada de trabalho, para amamentar seu filho até 6 meses de idade.
Esse período pode ser ampliado se a saúde da criança assim o exigir, mediante
atestado médico.
Espaços para Amamentação - nos estabelecimentos onde trabalham pelo
menos 30 mulheres com mais de 16 anos deve haver, no local do trabalho, um
espaço apropriado para os seus filhos, durante o período de amamentação.
Creche e pré-escola - a Constituição determina que é um direito do
trabalhador urbano e rural a "assistência gratuita aos filhos e dependentes desde
o nascimento até seis anos de idade em creches e pré-escolas".
Para que o empregador seja obrigado a cumprir este direito é preciso
regulamentá-lo em lei ordinária ou assegurá-lo nos contratos coletivos de trabalho.
Os conjuntos residenciais financiados pelo SFH deverão, prioritariamente,
construir creches e pré-escolas.
Licença para a trabalhadora - mãe adotante
Toda empregada que adotar ou obtiver guarda judicial para fins de adoção
de criança terá direito à licença-maternidade durante os seguintes períodos:
 até 1 (um) ano de idade - licença de 120 (cento e vinte) dias;
 a partir de 1 (um) ano até 4 (quatro) anos de idade - licença de 60
(sessenta) dias;
 a partir de 4 (quatro) anos até 8 (oito) anos de idade - licença de 30 (trinta)
dias.
A mulher trabalhadora, portadora do vírus HIV ou com Aids e
alguns benefícios previdenciários
A mulher trabalhadora, portadora do vírus HIV ou doente de Aids, sofre
muita discriminação. Desde o medo d@s colegas de trabalho, que a isolam e não
querem trabalhar perto dela, até despedidas arbitrárias e sem justa causa. É difícil
e quase sempre impossível uma portadora do vírus HIV conseguir um emprego.
Apesar da discriminação a que é sujeita, a mulher portadora do vírus HIV
continua com plena capacidade para o trabalho. Sabendo disto, o Ministério da
Saúde e o do Trabalho, assinaram, em 1992 uma Portaria Ministerial - nº 869, que:
"proíbe, no âmbito do Serviço Público Federal, a exigência de teste para
detecção do vírus de imunodeficiência adquirida, tanto nos exames pré-
admissionais quanto nos exames periódicos de saúde".
Este direito ainda não foi estendido para a trabalhadora celetista (sob o
regime da Consolidação das Leis do Trabalho - CLT - ou, como comumente é
chamada, a “trabalhadora fichada”).
Entretanto, apesar de não existir uma norma legal expressando a mesma
proibição para esta categoria, os exames médicos obrigatórios na CLT, para a
admissão, demissão ou periódicos, devem apurar tão somente a capacidade
laborativa da empregada, ou seja, a capacidade que uma pessoa possui para o
trabalho.
Caso a trabalhadora portadora do vírus HIV, com capacidade laborativa
sofra alguma discriminação no trabalho, ela pode recorrer à Justiça para conseguir
valer seus direitos que, em sua grande maioria, são todos aqueles que possui uma
trabalhadora sadia.
Se for despedida apenas porque é portadora do vírus HIV, também pode
recorrer à Justiça, pois nossa Constituição Federal protege e garante o direito ao
trabalho e proíbe a discriminação.
Alguns direitos previdenciários específicos para a pessoa doente
de Aids:
 licença para tratamento de saúde;
 aposentadoria.
Também o Código Civil institui regras para acesso e permanência no emprego.
O que está proibido
 qualquer prática que discrimina e limita o acesso ao emprego ou sua
permanência, por motivo de sexo, origem, raça, cor, estado civil, situação familiar
ou idade;
 publicar ou fazer publicar anúncio de emprego no qual haja referência ao
sexo, à idade, à cor ou situação familiar, salvo quando a natureza da atividade a
ser exercida, pública e notoriamente, assim o exigir;
 recusar emprego, promoção ou motivar a dispensa do trabalho em razão de
sexo, idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez, salvo quando a natureza
da atividade seja notória e publicamente incompatível;
 considerar o sexo, a idade, a cor ou situação familiar como variável
determinante para fins de remuneração, formação profissional e oportunidades de
ascensão profissional; (usado para diminuir o salário, excluir de cursos
profissionalizantes ou subir na carreira profissional);
 exigir atestado ou exame, de qualquer natureza, para comprovação de
esterilidade ou gravidez, na admissão ou permanência no emprego;
 impedir o acesso ou adotar critérios subjetivos para deferimento de
inscrição ou aprovação em concursos, em empresas privadas, em razão de sexo,
idade, cor, situação familiar ou estado de gravidez;
 proceder o empregador ou preposto a revistas íntimas nas empregadas ou
funcionárias.
Cursos de formação e aperfeiçoamento
 as vagas dos cursos de formação de mão-de-obra, ministrados por
instituições governamentais, pelos próprios empregadores ou por qualquer órgão
de ensino profissionalizante, serão oferecidas aos empregados de ambos os
sexos.
 as empresas com mais de cem empregados, de ambos os sexos, deverão
manter programas especiais de incentivos e aperfeiçoamento profissional da mão-
de-obra.
 a pessoa jurídica poderá associar-se ou firmar convênios com entidade de
formação profissional, sociedades civis, cooperativas, órgãos e entidades públicas
ou entidades sindicais, para o desenvolvimento de ações conjuntas, visando à
execução de projetos relativos ao incentivo ao trabalho da mulher.
Garantias à empregada grávida
 transferência de função, quando as condições de saúde o exigirem,
assegurada a retomada da função anteriormente exercida, logo após o retorno ao
trabalho;
 dispensa do horário de trabalho pelo tempo necessário para a realização
de, no mínimo, seis consultas médicas e demais exames complementares.
O que é considerado crime
 exigência de teste, exame, perícia, laudo, atestado, declaração ou qualquer
outro procedimento relativo à esterilização ou a estado de gravidez;
 adoção de quaisquer medidas, de iniciativa do empregador, que possam
ser consideradas como um aconselhamento ou sugestão à esterilização genética
ou ainda, promover controle de natalidade (não estão incluídos na proibição o
oferecimento de serviços e de aconselhamento ou planejamento familiar,
realizados através de instituições públicas ou privadas, submetidas às normas do
Sistema Único de Saúde (SUS).
Podem ser adotadas medidas temporárias que visem ao estabelecimento
das políticas de igualdade entre homens e mulheres, em particular as que se
destinam a corrigir as distorções que afetam a formação profissional, o acesso ao
emprego e as condições gerais de trabalho da mulher.
Em caso de demissão por ato discriminatório, o/a
empregado/a pode optar entre:
 a readmissão com ressarcimento integral de todo o período de
afastamento, mediante pagamento das remunerações devidas, corrigidas
monetariamente, acrescidas dos juros legais;
 a percepção, em dobro, da remuneração do período de afastamento,
corrigida monetariamente e acrescida dos juros legais.

A mulher e os direitos políticos


O Capítulo IV de nossa Constituição fala dos Direitos Políticos: "A soberania
popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com
valor igual para todos..." (Art. 14).
Através da política temos a maior arma para exercermos nossa cidadania: o
voto. É através dele que escolhemos nossos dirigentes e nossos representantes
em dois grandes poderes do país: o Poder Executivo: Governo Federal =
Presidente da República, Governos Estaduais = Governadores e Municipais =
Prefeitos; o Poder Legislativo: Senadores, Deputados Federais, Estaduais e
Distritais e Vereadores. O terceiro Poder, o Judiciário, ainda não é escolhido pelo
povo e sim pelo Poder Executivo, com a aprovação do Poder Legislativo.
Além desses poderes, temos outros, que também são políticos. Entre eles
citamos o poder político de escolhermos ou sermos escolhidas representantes de
nossa categoria profissional, como sindicatos ou associações, ou ainda
cooperativas ou organizações não governamentais, como associações de
moradores, clubes de mães, grupos de mulheres, associações de trabalhadores
rurais, grupos de negros, de idosos, de homossexuais etc. A escolha de dirigentes
deve ser feita através do voto.
A Constituição ainda autoriza, na área da seguridade social, a "participação
da população, por meio de organizações representativas, na formulação das
políticas e no controle das ações em todos os níveis". (CF, art. 204, II). Assim,
outra forma da participação política da comunidade é feita através de vários
conselhos como Conselho de Saúde; Conselho Municipal de Direitos da Criança e
do Adolescente; Conselho de Educação; Conselho de Meio Ambiente etc.
Como vemos, são muitos nossos direitos políticos, pois fazer política é a
arte do bom conviver, de forma organizada e democrática, em casa, no trabalho e
na sociedade. Assim, a política está em toda nossa volta.
Para que existam hoje os Direitos Políticos, o direito de votar e ser votado,
escolher seus governantes e seus representantes, a sociedade lutou muito e,
muito mais lutou a mulher que só depois de muito tempo é que conseguiu este
direito. Antes, para ser eleitor era necessário ser rico, branco e homem. Pobres,
negros e mulheres, não podiam votar. Nem os analfabetos. A luta das mulheres
pelo voto teve início em 1850, quando surgiram as primeiras organizações
feministas e tomou impulso em 1917, com o movimento sufragista. Entretanto, só
a Constituição de 1937 é que deu à mulher, o direito de votar e ser votada.
Em 1995, o Congresso Nacional, reconhecendo a pouca participação da
mulher na política, aprovou uma lei, exigindo cotas para as candidaturas de
mulheres, para a realização das eleições municipais de 3 de outubro de 1996.
Hoje, temos a Lei nº 9.504 estabelecendo que, "Do número de vagas
resultante das regras previstas neste artigo, cada partido ou coligação deverá
reservar o mínimo de trinta por cento e o máximo de setenta por cento para
candidaturas de cada sexo" (Art. 10 § 3º), sendo que, para estas eleições o
número de reserva para cada sexo é de, no mínimo, vinte e cinco por cento e, no
máximo, setenta e cinco por cento do número de candidaturas que puder registrar
(Art. 80).
Com as cotas esperamos que aumente o número de mulheres candidatas
em todo o Brasil para que, em médio prazo, tenhamos nos poderes a metade de
cada gênero da população brasileira como representantes do nosso povo.

A Mulher e os Direitos Reprodutivos e Sexuais


Planejamento familiar
A Lei nº 9.263, de 12/01/96, que trata do Planejamento Familiar ficou
completa, em 20/08/97, com a derrubada dos vetos aos artigos que regulamentam
a esterilização.
A principal finalidade da Lei de Planejamento Familiar é possibilitar a
mulheres e homens o direito de escolher ter ou não ter filhos, o número e a época
de tê-los.
O planejamento familiar deve ser feito dentro de um atendimento global e
integral à saúde, tendo como princípio básico: a) assistência à concepção (o ter
filhos) e contracepção (o não ter filhos), através de métodos e técnicas
cientificamente aceitos e que não coloquem em risco a vida e a saúde das
pessoas; b) o atendimento pré-natal; c) a assistência durante e depois do parto e
ao recém-nascido; d) o controle das doenças sexualmente transmissíveis
(DST/AIDS); e) o controle e prevenção do câncer de colo de útero, mama e pênis.
Deve também orientar-se por ações preventivas e educativas e garantir o
acesso igualitário a informações, meios, métodos e técnicas disponíveis para
regular a fecundidade de homens e mulheres.
A lei proíbe qualquer tipo de indução, ou instigamento (aconselhar,
estimular) a pessoas ou grupos de pessoas à prática da esterilização cirúrgica.
Exemplo: fazer propaganda da esterilização apenas para pessoas de determinada
raça/etnia. A lei também diz que é proibido exigir atestado de esterilização para
qualquer fim.
Por outro lado, é permitida a esterilização como método contraceptivo e
quando há risco à vida ou à saúde da mulher ou do feto. Entretanto, quando a
pessoa for casada, a esterilização só será feita com o consentimento expresso de
ambos os cônjuges. Se for absolutamente incapaz somente poderá ser
esterilizada com autorização do juiz. Além disso, a lei diz que uma pessoa -
homem ou mulher - só pode ser esterilizada se quiser.
Métodos de esterilização
 para a mulher: a laqueadura tubária (ligadura de trompas);
 para o homem: a vasectomia (cortar o canal deferente);
 outro método cientificamente aceito, que não seja a histerectomia e
ooforectomia.
Aborto na legislação brasileira
O aborto não deve ser considerado como um método contraceptivo. A
mulher que tem uma vida sexual ativa e que não quer ter filhos deve procurar
orientação médica para usar um dos métodos contraceptivos aprovados pelo
Ministério da Saúde e disponíveis, na Rede Pública de Saúde.
Aborto em nosso Código Penal
O Código Penal Brasileiro estabelece que o aborto é crime quando praticado:
 pela própria gestante;
 a pedido da gestante;
 sem o consentimento da gestante.
Penas:
 detenção de 1 a 3 anos, para a mulher que faz o aborto em si mesma ou
consente que outra pessoa o faça;
 reclusão de 3 a 10 anos, para a pessoa que faz o aborto em uma mulher,
sem seu consentimento;
 reclusão de até 10 anos, para a pessoa que faz o aborto com o
consentimento da gestante menor de 14 anos, da alienada ou da débil mental, ou
ainda se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência.
Aborto garantido pelo Código Penal
O Código Penal Brasileiro não pune os médicos que interrompem uma
gravidez, quando a mulher corre risco de vida ou quando a mulher engravidou de
um estupro.
A mulher grávida que corre risco de vida com a gestação, ou que
engravidou de um estupro, não precisa procurar clínicas clandestinas. Ela tem o
direito de ser atendida na rede pública hospitalar.
Abyborto em caso de risco de vida da mulher
Em caso de risco de vida da mulher, o próprio médico pode solicitar uma
junta médica para atestar a necessidade do aborto. A interrupção da gravidez será
feita com toda segurança.
Neste tipo de interrupção de gravidez o médico não precisa do
consentimento da gestante nem do consentimento do representante legal (em
caso de menor ou doente mental).
Aborto em caso de estupro
Em caso de estupro, a mulher deve imediatamente registrar a ocorrência do
crime em uma delegacia, de preferência Delegacia da Mulher, para que, além de
registrar o crime para uma futura punição do estuprador, receber o Boletim de
Ocorrência (BO) e fazer o Exame de Corpo de Delito, que comprova a agressão
sexual sofrida.
Existem hospitais referência para interrupção da gravidez resultante de
estupro. Entretanto, todas as unidades de saúde que tenham serviços de
ginecologia e obstetrícia constituídos, de acordo com a Norma Técnica do
Ministério do Saúde, deverão estar capacitadas para o atendimento a esses
casos.
Aborto na Legislação Trabalhista
A CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) determina que, em caso de
aborto, a mulher tem direito a duas semanas de repouso, recebendo seu salário
normalmente durante este período.
Da mesma forma, a mulher não perde o direito a férias caso tenha faltado
por motivo de aborto, pois essas faltas são justificadas.

A Violência contra a Mulher e a Lei


A violência contra a mulher ocorre de várias formas e em qualquer lugar e,
pela legislação atual, pode ser: sexual, física, psicológica ou patrimonial.
A violência sexual pode ser considerada um dos piores crimes praticados
pelo ser humano. A prática da violência sexual é punida através do Direito Penal,
que é o ramo do direito onde está escrito o que é crime e quais as penas para
cada tipo de crime.
Nosso Código Penal diz que são crimes contra a liberdade sexual: estupro;
atentado violento ao pudor; posse sexual mediante fraude e atentado ao pudor
mediante fraude.
Para quem sofre atentado violento ao pudor ou é estuprada
 vá imediatamente à Delegacia (de preferência a DEAM), para prestar
queixa;
 solicite uma GUIA para ser examinada no Instituto Médico Legal - IML,
mesmo se não existirem marcas visíveis de violência, faça o exame de corpo de
delito;
 se houver testemunhas, leve-as à DEAM;
 não se lave até ser examinada no IML;
 guarde a roupa que estava vestindo, sem lavá-la, e leve-as para serem
examinadas;
 peça cópia do Boletim de Ocorrência (BO);
 preste bastante atenção no criminoso: aspecto físico, cor dos cabelos, dos
olhos, a roupa que está vestindo e qualquer outro detalhe existente, como
tatuagem, cicatrizes, sinal etc., para futuramente poder fazer seu reconhecimento.
Caso engravide e tenha prova documental de que foi violentada, pode
solicitar ao médico que lhe faça o aborto, caso não queira ter o filho gerado da
violência.
O exame médico no IML é de graça e feito a qualquer hora, podendo a
vítima ficar acompanhada de uma pessoa amiga durante todos os exames.
A violência psicológica, emocional ou moral é muitas vezes "sutil" isto é,
leve, mansa, hábil, mesmo assim, não deixa de ser "violência" e abala o
emocional da mulher.
Ser chamada de estúpida, boca aberta, burra ou louca, é violência
psicológica. Da mesma forma, ser chamada de gorda, velha, feia, também é
violência.
Sofrer chantagem emocional tipo ameaças de separação ou que vai tirar de
você seus filhos, não vai lhe dar dinheiro para as despesas da família ou se "gaba"
de sustentar a casa e por isto manda na família, são formas de violência
emocional.
Contar suas "aventuras" sexuais fora de casa e deixar a mulher
constrangida, é violência.
Muitas mulheres passam anos e anos sofrendo de violência psicológica, ou
emocional, a tal ponto que, desesperadas, cometem desatinos, loucuras, até
mesmo o suicídio. Para essa violência existem três tipos de crime em nosso
Código Penal: calúnia, injúria e difamação. Estes tipos penais (crimes), também
são chamados de "crimes contra a honra".
A denúncia para estes três tipos de crime só pode ser feita pela própria
vítima ou, em caso de menores ou incapazes, pelos seus representantes legais.
A Lei Maria da Penha
A competência para processar os crimes resultantes da violência contra a
mulher era dos Juizados Especiais Criminais, porém o resultado dessa sistemática
de processamento judicial era a impunidade e a baixa repressão aos agressores.
Os réus, quando condenados, eram "obrigados apenas a pagarem uma
cesta básica alimentar ou prestar serviços à comunidade. Tal situação tem levado
à banalização da violência doméstica, desestimulando as vítimas a denunciar
esses crimes e dando aos agressores um sentimento de impunidade", conforme
relatório entregue ao CEDAW pela autoridade brasileira.
Em vista disso, cada vez mais se fazia imprescindível uma norma eficaz,
que trouxesse reais mecanismos de combate à violência doméstica contra a
mulher. Assim, foi criado o Grupo de Trabalho Interministerial, integrado pelos
seguintes órgãos: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM) da
Presidência da República (coordenação); Casa Civil da Presidência da República;
Advocacia-Geral da União; Ministério da Saúde; Secretaria Especial dos Direitos
Humanos da Presidência da República; Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República; Ministério da Justiça
e Secretaria Nacional de Segurança Pública.
O fruto desse esforço, capitaneado pela SPM, foi o projeto de lei nº 4.559,
de 2004, encaminhado ao Congresso pelo presidente da República em 3 de
dezembro daquele ano. Em 2006, o Senado, através unicamente de sua
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, promoveu uma verdadeira revisão
no projeto. Essas mudanças foram eminentemente redacionais, objetivando
enxugar e harmonizar o texto, permitindo sua execução social com clareza e
precisão.
Assim, o projeto de lei foi encaminhado para a sanção presidencial, dando
origem à Lei Maria da Penha, uma proposta inovadora resultante do debate de
toda a sociedade e intensa mobilização do movimento feminista

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