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Cálculo Diferencial e Integral I

Aula 6: Continuidade

Turma Online - Prof. Rogério Mol

Universidade Federal de Minas Gerais

1o semestre /2020
Continuidade

I Seja f : I → R uma função, onde I ⊂ R é um intervalo.


Definição
Dizemos que f é contı́nua em a ∈ I se

lim f (x) = f (a).


x→a
Continuidade

I Seja f : I → R uma função, onde I ⊂ R é um intervalo.


Definição
Dizemos que f é contı́nua em a ∈ I se

lim f (x) = f (a).


x→a

I Isso quer dizer que:


1. f (a) está definida;
2. o limite existe em a;
3. o limite coincide com f (a).
Continuidade
(
1
se x 6= 0
x2
I Exemplo. f (x) = é contı́nua em x = 0?
1 se x = 0
Continuidade
(
1
se x 6= 0
x2
I Exemplo. f (x) = é contı́nua em x = 0?
1 se x = 0
Solução: Temos
1
lim f (x) = lim = ∞.
x→0 x2
x→0

Como o limite não existe em x = 0, f (x) não é contı́nua nesse


ponto.
Continuidade
(
1
se x 6= 0
x2
I Exemplo. f (x) = é contı́nua em x = 0?
1 se x = 0
Solução: Temos
1
lim f (x) = lim = ∞.
x→0 x2
x→0

Como o limite não existe em x = 0, f (x) não é contı́nua nesse


ponto.
( 2
x −x−2
se x 6= 2
I Exemplo. f (x) = x−2 é contı́nua em x = 2?
1 se x = 2
Continuidade
(
1
se x 6= 0
x2
I Exemplo. f (x) = é contı́nua em x = 0?
1 se x = 0
Solução: Temos
1
lim f (x) = lim = ∞.
x→0 x2
x→0

Como o limite não existe em x = 0, f (x) não é contı́nua nesse


ponto.
( 2
x −x−2
se x 6= 2
I Exemplo. f (x) = x−2 é contı́nua em x = 2?
1 se x = 2
Solução: Temos

x2 − x − 2 (x + 1)(x − 2)
lim f (x) = lim = lim = lim (x + 1) = 2.
x→2 x→2 x −2 x→2 x −2 x→2

Como limx→2 f (x) 6= f (2), f não é contı́nua em x = 2.


Continuidade

I Seja f : I → R uma função.


Definição
Dizemos que f é contı́nua à esquerda em a ∈ I se

lim f (x) = f (a).


x→a−

Dizemos que f é contı́nua à direita em a ∈ I se

lim f (x) = f (a).


x→a+
Continuidade

(
1 se x ≥ 0
I Exemplo. f (x) = é contı́nua em x = 0?
−1 se x < 0
Continuidade

(
1 se x ≥ 0
I Exemplo. f (x) = é contı́nua em x = 0?
−1 se x < 0
Solução: Temos

lim f (x) = 1 = f (1) e lim f (x) = −1 6= f (1).


x→0+ x→0−

Portanto, f é contı́nua à direita, mas não à esquerda, em x = 0.


Essa função não é contı́nua em x = 0.
Continuidade

(
1 se x ≥ 0
I Exemplo. f (x) = é contı́nua em x = 0?
−1 se x < 0
Solução: Temos

lim f (x) = 1 = f (1) e lim f (x) = −1 6= f (1).


x→0+ x→0−

Portanto, f é contı́nua à direita, mas não à esquerda, em x = 0.


Essa função não é contı́nua em x = 0.

Proposição
Seja f : I → R. Se a é um ponto interior do intervalo I , então f é
contı́nua se e somente se for simultaneamente contı́nua à esquerda e à
direita.
Continuidade

I Seja f : I → R uma função.


Definição
Dizemos que f é contı́nua se for contı́nua em todos os pontos do
intervalo I
Continuidade

I Seja f : I → R uma função.


Definição
Dizemos que f é contı́nua se for contı́nua em todos os pontos do
intervalo I
I Obs. Na definição acima, se a é uma extremidade de I ,
consideramos a continuidade lateral.
Propriedades da continuidade

I Se f , g : I → R são contı́nuas em a ∈ I e c ∈ R, então as seguintes


funções são contı́nuas em a:
Propriedades da continuidade

I Se f , g : I → R são contı́nuas em a ∈ I e c ∈ R, então as seguintes


funções são contı́nuas em a:
1. f + g ;
Propriedades da continuidade

I Se f , g : I → R são contı́nuas em a ∈ I e c ∈ R, então as seguintes


funções são contı́nuas em a:
1. f + g ;
2. cf ;
Propriedades da continuidade

I Se f , g : I → R são contı́nuas em a ∈ I e c ∈ R, então as seguintes


funções são contı́nuas em a:
1. f + g ;
2. cf ;
3. fg ;
Propriedades da continuidade

I Se f , g : I → R são contı́nuas em a ∈ I e c ∈ R, então as seguintes


funções são contı́nuas em a:
1. f + g ;
2. cf ;
3. fg ;
4. gf se g (a) 6= 0.
Propriedades da continuidade

I Se f , g : I → R são contı́nuas em a ∈ I e c ∈ R, então as seguintes


funções são contı́nuas em a:
1. f + g ;
2. cf ;
3. fg ;
4. gf se g (a) 6= 0.
I Todas essas propriedades são consequência direta das propriedades
correspondentes para limites.
Continuidade

I O seguinte resultado é consequência da aplicação das propriedades


anteriores:
Proposição
(a) Toda função polinomial é contı́nua;
(a) Toda função racional é contı́nua nos pontos onde está definida (ou
seja, onde o denominador não se anula).
Continuidade

I O seguinte resultado é consequência da aplicação das propriedades


anteriores:
Proposição
(a) Toda função polinomial é contı́nua;
(a) Toda função racional é contı́nua nos pontos onde está definida (ou
seja, onde o denominador não se anula).
x 3 + 2x 2 − 1
I Exemplo. Calcule lim .
x→2 5 − 3x
Continuidade

I O seguinte resultado é consequência da aplicação das propriedades


anteriores:
Proposição
(a) Toda função polinomial é contı́nua;
(a) Toda função racional é contı́nua nos pontos onde está definida (ou
seja, onde o denominador não se anula).
x 3 + 2x 2 − 1
I Exemplo. Calcule lim .
x→2 5 − 3x
Solução: Essa função é racional e o denominador não se anula em
x = 2. Portanto, é contı́nua nesse ponto. Seu limite em x = 2 é
igual ao seu valor nesse ponto. Temos:

x 3 + 2x 2 − 1 23 + 2 · 22 − 1 15
lim = = = −15.
x→2 5 − 3x 5−3·2 −1
Continuidade - funções trigonométricas

I Segue da definição das funções seno e cosseno que

lim senθ = 0 = sen0 e lim cos θ = 1 = cos 0.


θ→0 θ→0

Portanto, as funções senx e cos x são contı́nuas em x = 0.


Continuidade - funções trigonométricas

I Segue da definição das funções seno e cosseno que

lim senθ = 0 = sen0 e lim cos θ = 1 = cos 0.


θ→0 θ→0

Portanto, as funções senx e cos x são contı́nuas em x = 0.


I Usando as fórmulas do seno e do cosseno da soma de dois ângulos,
podemos mostrar que senx e cos x são contı́nuas ∀ x ∈ R:
Continuidade - funções trigonométricas

I Segue da definição das funções seno e cosseno que

lim senθ = 0 = sen0 e lim cos θ = 1 = cos 0.


θ→0 θ→0

Portanto, as funções senx e cos x são contı́nuas em x = 0.


I Usando as fórmulas do seno e do cosseno da soma de dois ângulos,
podemos mostrar que senx e cos x são contı́nuas ∀ x ∈ R:
I Usando
sen(α + θ) = senα cos θ + senθ cos α
temos:

lim senx = lim sen(α + θ) (fazendo x = α + θ)


x→α θ→0
= lim (senα cos
|{z}θ + senθ
|{z} cos α) = senα
θ→0
→1 →0

Portanto, senx é contı́nua em x = α.


Continuidade - funções trigonométricas

I Analogamente, usando

cos(α + θ) = cos α cos θ − senαsenθ

temos:

lim cos x = lim cos(α + θ) (fazendo x = α + θ)


x→α θ→0
= |{z}θ −senα senθ
lim (cos α cos
θ→0 |{z}) = cos α
→1 →0

Portanto, cos x é contı́nua em x = α.


Continuidade - funções trigonométricas

I Analogamente, usando

cos(α + θ) = cos α cos θ − senαsenθ

temos:

lim cos x = lim cos(α + θ) (fazendo x = α + θ)


x→α θ→0
= |{z}θ −senα senθ
lim (cos α cos
θ→0 |{z}) = cos α
→1 →0

Portanto, cos x é contı́nua em x = α.


I A função tangente,
senx
tgx =
cos x
é contı́nua onde está definida (ou seja, em {x 6= π/2 + kπ; k ∈ Z}).
Continuidade da função inversa

Teorema
Se f : I ⊂ R → J ⊂ R é uma função contı́nua bijetiva (I e J intervalos),
então sua inversa f −1 : J → I também é contı́nua.
Continuidade da função inversa

Teorema
Se f : I ⊂ R → J ⊂ R é uma função contı́nua bijetiva (I e J intervalos),
então sua inversa f −1 : J → I também é contı́nua.

I Segue do teorema que, se n ∈ N, então a função raiz n-ésima


1 √
x n = n x (definida em R, se n é ı́mpar, e em [0, ∞), se n é par)
também é contı́nua, pois é a inversa da função contı́nua f (x) = x n .
Continuidade da função inversa

Teorema
Se f : I ⊂ R → J ⊂ R é uma função contı́nua bijetiva (I e J intervalos),
então sua inversa f −1 : J → I também é contı́nua.

I Segue do teorema que, se n ∈ N, então a função raiz n-ésima


1 √
x n = n x (definida em R, se n é ı́mpar, e em [0, ∞), se n é par)
também é contı́nua, pois é a inversa da função contı́nua f (x) = x n .
I Também segue do teorema ques as funções trigonométricas inversas
arcsenx, arccosx arcstgx são contı́nuas.
Continuidade da função inversa

Teorema
Se f : I ⊂ R → J ⊂ R é uma função contı́nua bijetiva (I e J intervalos),
então sua inversa f −1 : J → I também é contı́nua.

I Segue do teorema que, se n ∈ N, então a função raiz n-ésima


1 √
x n = n x (definida em R, se n é ı́mpar, e em [0, ∞), se n é par)
também é contı́nua, pois é a inversa da função contı́nua f (x) = x n .
I Também segue do teorema ques as funções trigonométricas inversas
arcsenx, arccosx arcstgx são contı́nuas.
I Admitindo que a função exponencial ax (a > 0 e a 6= 1) é contı́nua,
então a função logaritmo na base a, loga x, também é contı́nua.
Continuidade

Teorema
Os seguintes tipos de funções são contı́nuas em todos os pontos de seus
domı́nios:
I polinômios;
I funções racionais;
I função raiz n-ésima;
I funções trigonométricas;
I funções trigonométricas inversas;
I funções exponenciais;
I funções logarı́tmicas.
Continuidade
I Exemplo. Onde a função

ln x + arctgx
f (x) =
x2 − 1
é contı́nua?
Continuidade
I Exemplo. Onde a função

ln x + arctgx
f (x) =
x2 − 1
é contı́nua?
Solução: Como a expressão dessa função envolve operações com
funções contı́nuas, esta função é contı́nua onde ela está definida.
Para sua definição, temos as seguintes condições:
I x > 0, para que ln x esteja definido;
I x 2 − 1 6= 0 ⇒ x 6= 1 e x 6= −1, para que o denominador não se anule.
Portanto, ela é contı́nua em D = {x > 0; x 6= 1}.
Continuidade
I Exemplo. Onde a função

ln x + arctgx
f (x) =
x2 − 1
é contı́nua?
Solução: Como a expressão dessa função envolve operações com
funções contı́nuas, esta função é contı́nua onde ela está definida.
Para sua definição, temos as seguintes condições:
I x > 0, para que ln x esteja definido;
I x 2 − 1 6= 0 ⇒ x 6= 1 e x 6= −1, para que o denominador não se anule.
Portanto, ela é contı́nua em D = {x > 0; x 6= 1}.
senx
I Exemplo. Calcule lim .
x→π 3 + cos x
Continuidade
I Exemplo. Onde a função

ln x + arctgx
f (x) =
x2 − 1
é contı́nua?
Solução: Como a expressão dessa função envolve operações com
funções contı́nuas, esta função é contı́nua onde ela está definida.
Para sua definição, temos as seguintes condições:
I x > 0, para que ln x esteja definido;
I x 2 − 1 6= 0 ⇒ x 6= 1 e x 6= −1, para que o denominador não se anule.
Portanto, ela é contı́nua em D = {x > 0; x 6= 1}.
senx
I Exemplo. Calcule lim .
x→π 3 + cos x
Solução: Essa função é contı́nua em x = π (é obtida por operações
com as funções contı́nuas sen e cos, sendo que o denominador não
se anula em x = π). Portanto,

senx senπ 0
lim = = = 0.
x→π 3 + cos x 3 + cos π 3−1
Continuidade
Teorema
Sejam f e g funções tais que a composta f ◦ g está definida. Suponha
que f é contı́nua em b e limx→a g (x) = b. Então

lim f (g (x)) = f ( lim g (x)) = f (b).


x→a x→a
Continuidade
Teorema
Sejam f e g funções tais que a composta f ◦ g está definida. Suponha
que f é contı́nua em b e limx→a g (x) = b. Então

lim f (g (x)) = f ( lim g (x)) = f (b).


x→a x→a

 √ 
1− x
I Exemplo. Calcule lim arcsen
x→1 1−x
Continuidade
Teorema
Sejam f e g funções tais que a composta f ◦ g está definida. Suponha
que f é contı́nua em b e limx→a g (x) = b. Então

lim f (g (x)) = f ( lim g (x)) = f (b).


x→a x→a

√ 

1− x
I Exemplo. Calcule lim arcsen
x→1 1−x
Solução: Vamos usar o fato que a função arcsenx é contı́nua.
Temos
√ √
1− x 1− x 1 1 1
lim = lim √ √ = lim √ = √ = .
x→1 1 − x x→1 (1 + x)(1 − x) x→1 1 + x 1+ 1 2

Portanto
 √   √   
1− x 1− x 1 π
lim arcsen = arcsen lim = arcsen = .
x→1 1−x x→1 1 − x 2 6
Continuidade da função composta

I A composta de funções contı́nuas é contı́nua:


Teorema
Sejam f e g funções tais que a composta f ◦ g está definida. Suponha g
contı́nua em a e f é contı́nua em g (a) . Então f ◦ g (x) = f (g (x)) é
contı́nua em a.
Continuidade da função composta

I A composta de funções contı́nuas é contı́nua:


Teorema
Sejam f e g funções tais que a composta f ◦ g está definida. Suponha g
contı́nua em a e f é contı́nua em g (a) . Então f ◦ g (x) = f (g (x)) é
contı́nua em a.
I Exemplo. Onde as seguintes funções são contı́nuas?

(a) h(x) = sen(x 2 ) (b) `(x) = ln(1 + cos x)


Continuidade da função composta

I A composta de funções contı́nuas é contı́nua:


Teorema
Sejam f e g funções tais que a composta f ◦ g está definida. Suponha g
contı́nua em a e f é contı́nua em g (a) . Então f ◦ g (x) = f (g (x)) é
contı́nua em a.
I Exemplo. Onde as seguintes funções são contı́nuas?

(a) h(x) = sen(x 2 ) (b) `(x) = ln(1 + cos x)

Solução: Por se tratarem de compostas de funções contı́nuas, essas


funções são contı́nuas em seus domı́nios.
(a) h(x) = sen(x 2 ) é contı́nua em R.
(b) `(x) = ln(1 + cos x) é contı́nua desde que 1 + cos x > 0, ou seja,
desde que cos x > −1. O conjunto desses pontos é
{x ∈ R; x 6= π + k2π, k ∈ Z}.
Teorema do valor intermediário

I O seguinte resultado é conhecido como Teorema do valor


intermediário:
Teorema
Suponha que f seja contı́nua no intervalo [a, b] e que f (a) 6= f (b).
Suponha que d seja um número entre f (a) e f (b). Então existe
c ∈ (a, b) tal que f (c) = d.
Teorema do valor intermediário

I O seguinte resultado é conhecido como Teorema do valor


intermediário:
Teorema
Suponha que f seja contı́nua no intervalo [a, b] e que f (a) 6= f (b).
Suponha que d seja um número entre f (a) e f (b). Então existe
c ∈ (a, b) tal que f (c) = d.
I Exemplo. Mostre que a seguinte equação possui raiz entre x = 1 e
x = 2:
4x 3 − 6x 2 + 3x − 2 = 0.
Teorema do valor intermediário

I O seguinte resultado é conhecido como Teorema do valor


intermediário:
Teorema
Suponha que f seja contı́nua no intervalo [a, b] e que f (a) 6= f (b).
Suponha que d seja um número entre f (a) e f (b). Então existe
c ∈ (a, b) tal que f (c) = d.
I Exemplo. Mostre que a seguinte equação possui raiz entre x = 1 e
x = 2:
4x 3 − 6x 2 + 3x − 2 = 0.
Solução: Seja f (x) = 4x 3 − 6x 2 + 3x − 2. Temos

f (1) = 4−6+3−2 = −1 < 0 e f (2) = 4·23 −6·22 +3·2−2 = 12 > 0.

Pelo Teorema do valor intermediário, existe c ∈ (1, 2) tal que


f (c) = 0.

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