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QUIMICA
DOS
ALIMENTOS
1S 2016
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Palavra dos professores
Prezado aluno!
Neste livro, vamos conhecer melhor as substâncias químicas que compõem os alimentos, suas
funções, mecanismos das reações, porque ocorre a deterioração dos alimentos e como proceder
para que isso não ocorra.
Propusemos algumas atividades e fornecemos sites e textos que irão complementar seu
aprendizado.
Pretendemos transmitir de modo mais conciso informações que julgamos essenciais na área de
Química de Alimentos que servirão de base para continuidade da sua formação.
Bons estudos!
1 – Atividade de Água
Objetivos
1.1 Água
A água é um dos principais componentes da maioria dos alimentos. Os alimentos naturais que
não foram processados tecnologicamente possuem mais de 30% de água, com raras exceções.
Por exemplo: leite 87,5%; carnes 47-79%; ovos 73,7%; frutas e vegetais 75 a 95%. São exceções:
cereais e leguminosas 11-15%.
Diversas funções importantes são exercidas pela água nos alimentos, influenciando suas
características físicas e químicas:
Atividade de água é defi nida como a relação existente entre a pressão de vapor de uma solução ou de um alimento (P)
com relação à pressão de vapor da água pura (Po) à mesma temperatura (GAVA; SILVA; FRIAS, 2009, p. 95):
Aw = P soluto (alimento)
Po solvente (água)
A atividade de água (Aw) de um alimento e a umidade relativa do ambiente no qual se
encontram tendem sempre a equilibrar-se, e, por isso, é comum expressar a umidade como
umidade relativa de equilíbrio (%) (URE). Por exemplo, se a atividade de água de um alimento for
menor que a umidade relativa da atmosfera que o rodeia, o alimento tenderá a absorver água do
ambiente, se maior, cederá água para o ambiente, até que se atinja o equilíbrio.
(http://www.scribd.com/doc/38443438/atividadedagua)
Aw ou aa = URE
100
Em que:
O conteúdo de água ou umidade é obtido pela determinação da água total contida no alimento.
Esse valor, todavia, não fornece indicações de como ela está distribuída, nem permite saber se
toda a água está ligada do mesmo modo ao alimento.
Inicial Final
Umidade 4% 20%
Umidade
Inicial Final
Condições de equilíbrio
Aw biscoito = Aw queijo = Aw ar
Fonte: <http://www.visionline.com.br/roche/forumpet/palestras/download/Control%20of%20Water%20Activity%20pt.
pdf>. Acesso em: 2 mar. 2011.
A atividade de água é dependente da temperatura e o efeito da temperatura sobre a atividade de
água é específico para cada produto.
a) Por que ao armazenar, por exemplo, uma maçã mal acondicionada na geladeira após
alguns dias murcha.
b) Por que um pacote de biscoito cream cracker perde a crocancia após deixá-lo aberto por
algum tempo.
Quando falamos em água livre estamos nos referindo a atividade de água, entretanto quando falamos
em umidade estamos mencionando a água livre mais água combinada, ou seja, estamos falando da
água total contida no alimento.
Um alimento com atividade de água inferior a 0,85 está protegido contra o desenvolvimento de
bactéria patogênica. Existem algumas espécies de micror-ganismos em cada grupo que apresenta
elevada resistência a baixas Aw e esses microrganismos podem causar a deterioração lenta de
alimentos.
2 6
3 4 5
7
0,25 0,8
1 - Oxidação de lipídios (rancificação) 4 - Atividade enzimática 7 - Crescimento de bactérias
Atividade 2 - Isoterma de absorção de umidade 5 - Crescimento de fungos
da água 3 - Escurecimento não-enzimático 6 - Crescimento de leveduras
Analisando o gráfi co podemos observar que as reações de escurecimento não enzimático são
desfavorecidas aproximadamente nas faixas de ativida-de de água menor que 0,25 e maior que
0,80. A oxidação lipídica, por sua vez, começa a aumentar na faixa entre 0,25 e 0,8, também é a
única reação
que ocorre em atividade de água menor que 0,25. Outra reação, de grande importância na
preservação da qualidade dos alimentos, é o escurecimento enzimático, a velocidade dessa
reação aumenta com a atividade de água entre aproximadamente 0,25 e 0,8, diminuindo em
seguida, face a redução da concentração dos “reativos”.
“A atividade de água é um mapa para predizer que tipo de reação ocorrerá baseado na
composição do produto”. (GRISI, 2002, extraído da Internet).
Alguns exemplos de alimentos com teor intermediário de umidade são: doces, geléias, frutas
cristalizadas, banana passa e outras frutas desidratadas, queijo parmesão, doce de leite, cocada,
rapadura, melaço e muitos outros. A determinação de suas atividades de água é de suma
importância para a sua conservação e para estabelecer a sua embalagem.
Quantidade
de água
Dessorção
Adsorção
Bem, elas podem ser úteis para formular misturas de alimentos, cujos ingredientes possuem
diferentes umidades, de modo a evitar a transferência de umidade entre estes ingredientes,
como por exemplo, mistura para bolos, granola, biscoitos recheados, etc; servem também para
determinar as propriedades de barreira de umidade necessárias ao material de embalagem
indispensável à proteção de um sistema em particular, entre outros.
a) Bactérias
b) Fungos
c) Leveduras
2. Relacione as colunas.
A deterioração dos alimentos provocadas pelas reações químicas e enzimáticas são mais
favorecidas em:
Resumo
Você estudou nesta aula as várias funções da água e como ela se encontra nos alimentos, observou
que existe diferença entre atividade de água e umidade, e que a velocidade relativa das reações
químicas e enzimáticas e de crescimento de microrganismo está diretamente relacionada com a
atividade de água.
Atividades de aprendizagem
1. Cite as funções da água nos alimentos que repercute nas suas características físicas e
químicas.
2. É possível ter alimentos com o mesmo teor de umidade e diferentes Aw. Comente.
2 – Carboidratos
Objetivos
Definir carboidratos.
CH O CH2 O
HC OH C O
HO CH HO CH
HC OH HC OH
CH OH CH OH
H2C OH H2C OH
D-glicose D-frutose
A classifi cação mais simples dos carboidratos divide-os em três grupos: mo-nossacarídeos,
oligossacarídeos e polissacarídeos.
2.1.1 Monossacarídeos
São moléculas de carboidratos que não podem ser degradadas por hidrólise, sendo consideradas
como moléculas de carboidratos mais simples. Também são conhecidos como açúcares simples.
Ex: glicose, frutose, xilose, ribose, arabinose, galactose, manose, etc.
Contêm átomos de carbono quiral, pois apresentam quatro substituintes diferentes, por isso,
podem existir em duas confi gurações espaciais diferentes, que no espelho, uma é o reflexo da
outra (Figura 2.2). Devido a essa característica, estas substâncias são denominadas oticamente
ativas, isto é, possuem a propriedade de desviar o plano da luz polarizada, e esta propriedade é
denominada atividade ótica.
Qualquer figura geométrica é oticamente ativa desde que sua imagem num espelho plano não
coincida com ela própria. Com base nesses argumentos, os carboidratos são oticamente ativos,
uma vez que todos esses compostos possuem pelo menos um carbono quiral.
A A
E C B B C E
D D
Espelho
H OH H OH
H O H O
HO HO
HO H HO OH
H OH H OH
H OH H H
α - glicose β - glicose
HO
H
O
H OH
HO
OH
HO H
OH OH OH OH
H O H O
H H
HO H HO OH
H OH H OH
H OH H H
α-galactose β-galactose
1. O que é um monossacarídeo?
2.1.2 Oligossacarídeos
Um oligossacarídeo contém de 2 a 20 unidades (outros autores definem de 2 a 10 unidades) de
açúcares unidos por ligações glicosídicas. Ex: sacarose (glicose + frutose), maltose (glicose +
glicose, ligação glicosídica α (1 → 4)), celobiose (glicose + glicose, ligação glicosídica β (1 → 4)),
lactose (galactose + glicose), rafi nose (galactose + glicose + frutose), estaquiose (galactose +
galactose + glicose + frutose), etc.
α-D-glicopiranose β-D-glicopiranose
Os anéis são nomeados de acordo com o número e átomos que os formam, por exemplo, o
pirano contém seis membros e o furano cinco membros.
Pirano Furano
O O
2.1.2.1 Maltose
Também conhecida como açúcar do malte, é o elemento básico da estrutura do amido, de onde
pode ser facilmente obtida por hidrólise ácida ou enzmática (através da enzima β- amilase).
2.1.2.2 Lactose
É o açúcar comum do leite. Nos produtos lácteos fermentados como os iogurtes e alguns queijos,
contém uma quantidade menor de lactose (quando comparados ao leite e produtos lácteos não
fermentados), pois durante a fermentação parte da lactose é convertida em ácido lático. Pertence
à série de dissacarídeos redutores e a enzima responsável por sua hidrólise é a lactase.
CH2OH CH2OH
HO O O
OH O OH
β(l 4) OH
OH H OH
galactose glicose
Lactose
2.1.2.3 Sacarose
É o dissacarídeo mais consumido e as principais fontes são a cana-de-açúcar e a beterraba. É
composta por uma unidade α-D-glucopiranosil e outra β-D-frutofuranosídio. Sendo um
dissacarídeo não redutor não reage com solução de Fehling ou solução amoniacal de íons de
prata, nem sofre mutarrotação (quando em solução observa-se a transformação de uns
isômeros em outros). É facilmente hidrolisada por soluções diluídas de ácidos minerais ou por
enzimas (invertase) com formação de D-glicose e D-frutose.
Inversão da sacarose – Consiste na hidrólise de sua molécula, seja por via enzimática
(invertase), seja por procedimentos físico-químicos, como a hidrólise com ácido clorídrico. O
termo inversão refere-se à mudança que se observa no poder rotatório da solução quando ocorre
a hidrólise, por exemplo, a rotação específica de uma solução de sacarose é de +66,5º, enquanto
a do açúcar invertido é de -20º. O fenômeno da inversão provoca o aumento do sabor doce e,
sobretudo, da solubilidade do açúcar, visto que a frutose livre é mais solúvel que a sacarose.
A higroscopicidade está relacionada diretamente com a presença de grupos hidroxilas, que são
capazes de ligar água mediante o estabelecimento de pontes de hidrogênio. Os açúcares são
mais higroscópicos, quanto menor for o tamanho dos cristais devido à maior superfície de
contato. O açúcar refinado é mais fácil de hidratar do que o açúcar cristal.
A frutose (levulose) é o mais solúvel e o mais doce dos açúcares. Conforme a fruta amadurece,
ela se torna mais doce porque a sacarose que ela contém é quebrada em glicose + frutose.
Doçura relativa de alguns açúcares: lactose (16), glicose (75), sacarose (100), frutose (175).
Cristalização: Uma das principais características dos açúcares é sua capacidade de formar
cristais. É desejável obter açúcar industrial ou refinado na
forma cristalina. O processo de cristalização da sacarose na indústria é exatamente o de purifi
cação dela. O estado vítreo é o estado amorfo (sem forma), no qual a viscosidade é tão elevada
que impede a cristalização do açúcar.
Em certos alimentos, não é desejável a presença de cristais que possam ser detectados pelo
paladar, é o caso, por exemplo, dos grandes cristais de lactose que podem aparecer no leite
condensado ou no sorvete, esses cristais conferem ao produto textura arenosa, tornando esse
produto praticamente inutilizável.
Os carboidratos capazes de reduzir sais de cobre e prata em soluções alcalinas são conhecidos
como açúcares redutores, pois apresentam um grupo carbonila livre. Assim, todos os
monossacarídeos são redutores. Já os açúcares não redutores não são capazes de reduzir sais de
cobre e prata em soluções alcalinas, neste caso, os grupos carbonilas não estão livres, pois estão
envolvidos na ligação glicosídica.
H O H H2C OH O H H O H H O OH
H H H
OH H H OH OH H OH H
O O
OH CH2OH H H
H OH OH H H OH H OH
α (1 2) α (1 4)
glicose frutose glicose glicose
G G G G G G G G G G
Os polissacarídeos de menor peso molecular são na sua grande maioria solúveis em água, e a
solubilidade diminui não só com o aumento de peso molecular, mas também com a maior ou
menor facilidade com que as moléculas desses compostos se associam umas as outras.
2.1.5 Amido
É um polímero encontrado nos vegetais, desempenhando a função de reserva. Os amidos
comerciais são obtidos das sementes de cereais, particularmente de milho, trigo, vários tipos de
arroz e algumas raízes e tubérculos, como por exemplo, a batata. Tem grande importância na
aplicação em alimentos como, ligantes, estabilizante de espuma, agente de envelhecimento do
pão, gelificante, umectante, estabilizante, texturizante e espessante.
O amido se diferencia dos outros carboidratos pela natureza em que se apresenta, como
complexas partículas (grânulos). Os grânulos de amido são relativamente densos e
insolúveis, sua hidratação é mínima em água fria, formando suspensões de baixa viscosidade.
A capacidade de formar soluções viscosas é alcançada quando a suspensão dos grânulos é
submetida à ação do calor.
Na amilose, as moléculas de D-glicose estão unidas por ligações glicosídicas α-1,4 que conferem
à amilose uma estrutura helicoidal dentro da qual podem se acomodar átomos de iodo,
formando um composto de inclusão de cor azul intensa. Esta reação é usada na determinação
quantitativa de amilose, e como indicador da presença de amido.
O OH O OH O OH O
OH OH OH
Amilose
CH2OH CH2OH
O O
O OH O OH
O
OH OH
CH2OH CH2 CH2OH
O O O
O OH O OH O OH O
OH OH OH
Amilopectina
Com a gelatinização, o amido torna-se mais facilmente acessível à ação das enzimas digestivas.
A gelatinização refere-se à formação de uma pasta viscoelástica túrbida ou, em concentrações
suficientemente altas, de um gel elástico opaco. Conforme passa o tempo e a temperatura
diminui (na refrigeração ou congelamento, principalmente), as cadeias de amido tendem a
interagir mais fortemente entre si, obrigando a água a sair, determinando, assim, a chamada
sinérese.
A recristalização ou retrogradação ocorre se o amido gelatinizado é submetido à leve
aquecimento, a estrutura linear (amilose) pode formar um precipitado de natureza cristalina,
que é conhecido como o fenômeno da retrogradação.
COOH COOCH3
6
5
C O C O H
H 1
O C C O C C O
OH H 4 OH H
H C C H C3 2
C
H OH H OH
ácido α 1,4-metil-poligalacturônico
Figura 13: Formação de geleia em função da combinação pectina, açúcar e acidez Fonte: Desrosier (1974 apud
GAVA, 2008).
Resumo
Nesta aula, você aprendeu que os carboidratos são formados por poliálcoois e dependendo do
número de unidades que os constituam, são classifi cados em monossacarídeos, oligossacarídeos
e polissacarídeos. Dentro dessa classificação, você conheceu os mais importantes, como também
suas características mais relevantes para a indústria de alimentos.
Atividades de aprendizagem
Agora, você vai avaliar o quanto aprendeu. Retome a aula, veja os passos dados e responda às
questões.
Objetivos
3.1 Definição
São substâncias que se caracterizam pela propriedade de serem insolúveis em água e solúveis
em solventes orgânicos, tais como éter, clorofórmio, benzeno, entre outros. Devido a sua
complexidade, os lipídios não são polímeros, isto é, não são repetições de uma unidade básica.
São os componentes principais do tecido adiposo e juntamente com as proteínas e
carboidratos constituem os principais componentes estruturais das células vivas. Os glicerídeos
(mono, di ou tri) são ésteres de glicerol e dos ácidos graxos e corres-pondem a 99% dos
lipídios de origem vegetal ou animal, que são tradicio-nalmente denominados de óleos e
gorduras.
Os lipídios apolares ou neutros são ésteres de ácidos graxos com alcoóis, e incluem-se nesse
grupo os glicerídeos, ceras, carotenoides, terpenoides e esteroides. Os lipídios polares são
substâncias que, além da ligação éster da união do ácido graxo e do álcool, tem outras funções
químicas. Pertencem a esse grupo os fosfolipídios, cerebrosídios e outros lipídios complexos,
como os esfingolipídios.
3.2.4 Saponificação
Quando um óleo ou gordura é aquecido em solução aquosa de álcali, forma-se glicerol e uma
mistura de sais alcalinos de ácidos graxos conhecidos como sabões.
3.2.5 Densidade
Sua aplicação mais importante é para determinar a relação sólido/líquido das gorduras comerciais.
3.2.6 Hidrogenação
Consiste na adição de hidrogênio às duplas ligações dos ácidos graxos insaturados dos óleos e
gorduras naturais, na presença de um catalisador, produzindo saturação total ou parcial da cadeia,
sob condições de T elevadas (140 e 225ºC) (Pressão: 0,5-4 atm). O processo é aplicado para
aumentar o ponto de fusão das gorduras. Essa reação é de grande importância na indústria porque
permi-te a conversão de óleos em gorduras utilizáveis na indústria de elaboração de margarinas e
gorduras emulsificantes (shortenings). A reação de hidrogenação normalmente é controlada
medindo-se o índice de refração, relacionado com o grau de saturação. É durante o processo de
hidrogenação que grande parte da gordura cis se transforma em gordura trans (~90%).
H2
CH3 (CH2 )7 CH CH (CH2 )7 COOH CH3 (CH2 )16 COOH
Pt, Pd, Ni
Ácido oleico (0,05-0,20%) Ácido esteárico
Figura 3.1: Estruturas e pontos de fusão dos ácidos esteárico, oleico e elaídico
H H
H3C CO2H
Ácido oleico - 9 cis C 18:1
CO2H
H3C
H
Ácido elaídico - 9 trans C 18:1
Figura 3.2: Configurações dos ácidos oleico e elaídico nas formas isoméricas Cis e Trans
Fonte: <http://www.mecatronica.eesc.usp.br/wiki/upload/f/fb/Acido_graxo_oleico.png>. Acesso em: 16 mar. 2011.
É bom lembrar que ácidos graxos saturados não apresentam configuração cis nem trans,
3.3.1 Lipólise
É uma reação que ocorre com a hidrólise das ligações éster dos lipídios, em consequência da
ação enzimática (lipases e fosfolipases) ou por aquecimento da gordura na presença de água,
em ambos os casos ocorre liberação de ácidos graxos livres, que são mais suscetíveis à oxidação
do que quando se encontram esterificados ao glicerol. Por sua vez, se os ácidos graxos livres fo-
rem oxidados, serão responsáveis pela aparição de sabores estranhos (ranço).
A lipólise é uma das principais reações produzida durante a fritura dos produtos alimentícios,
devido à água presente nos alimentos e a temperatura relativamente alta a que é submetida
à gordura.
H O H
O
H C O C R1 H C O H + R1 C OH
O O
lipase
H C O C R2 + 2H O H H C O C R2
O
água
H C O C R3 H C O H + R3 C OH
H O H
Triacilglicerol
(óleo ou gordura)
3.3.3 Autoxidação
É uma das principais causas de deterioração dos alimentos. O substrato principal para que a reação
ocorra são as insaturações, o que leva consequentemente, a formação sabores e odores
desagradáveis, o ranço.
O processo é oxidativo e pode acontecer tanto por via não enzimática (autoxidação e
fotoxidação), quanto por via enzimática (pela ação das lipoxigenases).
C C C + H Iniciação
R radical livre
O O (3O2)
H H H
C C C
O O
Propagação
ROO radical peroxil
R H
H H H
C C C + R
O OH PIGMENTOS
DESCOLORAÇÃO
ROOH peróxido (oxidação)
VITAMINAS OXIDAÇÃO DA
DIMINUIÇÃO PROTEÍNA
A- C -D -E-K PROTEÍNA
DO VALOR
NUTRITIVO OXIDAÇÃO
OXID. SECUNDÁRIA
(RANCIFICAÇÃO)
As reações de autoxidação podem ser divididas em três fases: iniciação, propagação e terminação.
3.3.3.1 Iniciação
A iniciação é caracterizada pela formação de radicais livres. Isso ocorre, quando um hidrogênio é
removido do carbono α-metileno (carbono vizinho ao carbono da dupla ligação) por ação da luz,
calor, metais ou de outros radicais livres.
O mecanismo de formação do primeiro radical livre ainda não está devidamente esclarecido, mas
pode ser formado por irradiação, tratamento térmico e pela ação de íons metálicos. Em alimentos
sempre ocorrem traços de peróxidos (formados pela ação do oxigênio singlete ou pela ação da
lipoxigenase ou outras oxigenases), os quais se dissociam com formação de radicais livres.
Radicais livres são substâncias químicas que apresentam número ímpar de elétrons, sendo
portanto, altamente energéticos e instáveis.
Sensor(S ) 1
S S∗
3
3
S ∗ + 3O2 O2∗ + 1S ∗
1
1
O2∗ + TG ROOH (peróxido)
3.3.3 Propagação
A formação de radicais peróxido livre e de novos radicais livres pode ser repetida, em cadeia,
por milhares de vezes, o que caracteriza a etapa de propagação.
No início, acumulam-se os peróxidos, que por serem altamente instáveis, vão se decompondo e,
por isso, seu conteúdo final acaba por diminuir, como consequência, o índice de peróxidos, prova
utilizada para determinar o grau de rancificação de uma gordura, não constitui medida efetiva do
grau de oxidação, exceto no início da reação. Como resultado da decomposição dos peróxidos
obtém-se uma variedade de aldeídos, alcoóis, ácidos, epóxidos, polímeros, hidrocarbonetos,
cetonas, dentre os quais se incluem os agentes de gosto e odor indesejáveis.
3.3.3.4 Terminação
Simultaneamente às reações de iniciação e propagação, podem-se produzir as de terminação, que
consistem na reação entre compostos radicais, dando lugar a produtos não reativos.
3.3.4 Fotoxidação
É um mecanismo alternativo para formação de radicais livres. A presença de sensores nos tecidos
animais e vegetais, como riboflavina, clorofila e mioglobina na presença da luz e oxigênio, dá início
ao processo de transferência de energia para a reação de formação do peróxido. A reação
fotoxidativa apresenta certas características que diferem da reação de autoxidação, entre elas
podemos destacar: não apresenta período de indução e o oxigênio age
direto na dupla ligação sem formar radical livre, havendo a formação imediata de hidroperóxidos.
As lipoxigenases somente atuam sobre os ácidos graxos que possuem um sistema pentadieno
(C=C-C-C=C). Assim, os substratos preferidos são os ácidos linoleico e ácido linolênico. Formam-
se hidroperóxidos que podem se decompor em seus radicais, propagando a reação.
Nesta aula, você estudou o conceito de lipídios, as propriedades físicas das gorduras e dos óleos,
e também que os lipídios são o substrato de uma das alterações mais importantes dos alimentos,
a lipólise e a oxidação. No caso da oxidação, o substrato necessário para que a reação ocorra são
os ácidos graxos insaturados e levam à formação de compostos de baixo peso molecular, como por
exemplo, os aldeídos, cetonas, ácidos graxos de cadeia curta, lactonas, etc., que são responsáveis
pelo aparecimento de odores estranhos, conhecidos como ranço.
Atividades de aprendizagem
3. Quais os tipos de oxidação que podem levar à rancidez dos óleos e gorduras?
Objetivos
Tomar conhecimento dos pigmentos mais encontrados nos diversos alimentos de origem
vegetal e animal.
4.1 Proteínas
As proteínas são formadas por unidades básicas de aminoácidos, ligados entre si por ligações
peptídicas, o que formam polímeros de alto peso molecular. (As ligações são entre o grupo amino
(NH2) de um aminoácido e o grupo carboxílico (COOH) de outro aminoácido). São exemplos de
aminoácidos: Glicina(Gli), Alanina (Ala), Valina (Val), Leucina (Leu), isoleucina (Ile), Prolina (Pro),
Fenilala-nina (Fen), Metionina (Met), Serina (Ser), Treonina (Tre), Cisteína (Cis), Tirosi-na (Tir),
Asparagina (Asn), Glutamina (Glu), Triptofano (Trp), Ácido glutâmico (Glu), ácido aspártico (Asp),
Lisin (Lis), Arginina (Arg), Histidina (His).
H H H O H
OH OH OH
H2N C C + H2N C C H2N C C N C C + OH2
R1 O R2 O R1 H R2 O
Ligação peptídica
Na ciência e tecnologia de alimentos, a estrutura nativa de uma proteína, ou mistura delas, tem
uma importância apenas relativa de acordo com as necessidades do tecnólogo ou do consumidor,
o que faz com que em muitos casos, um certo grau de desnaturação seja desejável. Um exemplo
característico é a desnaturação das proteínas do trigo durante a mistura da massa para se obter a
rede estrutural que dá o corpo e a textura característicos do pão de trigo. As principais proteínas
envolvidas no processo são as proteínas da semente, as gliadinas e as gluteninas.
Os vários fatores que podem provocar a desnaturação proteica são: calor, alteração da
superfície, alteração do pH e concentrações salinas, desidratação, etc. No caso do calor, por
exemplo, o branqueamento e a pasteurização utilizados durante diferentes tratamentos
tecnológicos provocam a desnaturação da proteína, acarretando a inativação enzimática e a
elimina-ção dos efeitos tóxicos de várias proteínas (toxinas microbianas e inibidores enzimáticos
naturais etc). Em geral, quanto maior o peso molecular, mais facilmente a proteína será
desnaturada pelo calor. A subtração do calor até o congelamento pode desnaturar irreversivelmente
algumas proteínas, porém
certas enzimas, no entanto, não desnaturam e até conservam atividade a temperatura de - 40ºC,
como ocorre com a α-galactosidase, que degrada os oligossacarídeos do amendoim e da soja.
1. Defi na proteínas e cite os aminoácidos que podem ser encontrados numa cadeia proteica.
Em geral, as proteínas são consideradas bons agentes emulsificantes porque possuem numa
mesma molécula regiões hidrofílicas e hidrofóbicas, as quais reduzem a tensão superficial e
interagem na interface da emulsão. Contudo, a maioria das proteínas apresenta uma redução ou
perda da atividade emulsificante em regiões de pH próximo ao ponto isoelétrico da proteína, onde
a carga líquida e a solubilidade apresentam-se reduzida. Outros fatores que prejudicam a
capacidade emulsifi cante das proteínas são a presença de sais e exposição ao aquecimento.
A propriedade emulsificante da proteína é importante para vários produtos alimentícios, tais como:
maionese (emulsão óleo em água), manteiga (emulsão água em óleo), margarina (emulsão água
em óleo), creme de leite, carne finamente moída utilizada em salsichas e outros embutidos etc.
As proteínas exibem sua hidratação mínima em seu ponto isoelétrico, já que as interações
proteína-proteína minimizam a interação com água. Tanto acima como abaixo do ponto
isoelétrico, as proteínas incham e fixam mais água devido ao aumento da carga líquida (negativa
ou positiva) e das forças repulsivas. A máxima capacidade da maioria das proteínas se ligarem à
água é em valores de pH entre 9 e 10 devido à ionização dos grupos sulfi drilas.
A capacidade de fixação de água não serve para predizer as características de solubilidade das
proteínas. Em outras palavras, a solubilidade das proteínas não depende apenas da capacidade de
fixação de água, mas também de outros fatores termodinâmicos.
4.1.3.3 Viscosidade
A viscosidade de um fluido é a medida de sua resistência a fluir ou a romper-se. A viscosidade dos
fluidos proteicos está diretamente relacionada com o diâmetro aparente das moléculas dispersas,
que, por sua vez, depende das características de cada proteína (massa, volume, estrutura, cargas
elétricas etc.), das interações proteína-água (determina o inchamento das moléculas) e das
interações proteína-proteína (influem no tamanho dos agregados). Portanto, a perda da
viscosidade dos fluidos proteicos é sempre determinada pela diminuição do diâmetro aparente das
moléculas.
A viscosidade é também afetada pelo pH, pela temperatura, pela concentração proteica e salina,
pois todos esses fatores implicam a ruptura de pontes de hidrogênio ou dissulfeto, modificando o
diâmetro aparente.
4.1.3.4 Geleificação
Um gel é uma fase intermediária entre um sólido e um líquido. A geleificação proteica consiste na
formação de uma rede proteica ordenada a partir de proteínas previamente desnaturadas. As
ligações envolvidas na formação da rede são, basicamente, pontes de hidrogênio, interações
hidrofóbicas e interações eletrostáticas. A maioria dos géis proteicos alimentares são preparados
aquecendo-se uma solução de proteína.
Bolha de ar
Lamela
As espumas alimentícias são bastante instáveis porque apresentam grande superfície na interface.
A desestabilização deve-se fundamentalmente a:
4.1.3.6 Solubilidade
As propriedades funcionais das proteínas são frequentemente afetadas pela solubilidade proteica;
geralmente as proteínas requerem alta solubilidade para promover emulsão, espuma, geleificação
e capacidade espessante. As proteínas insolúveis têm uso muito limitado nos alimentos, por
exemplo, na fabricação de queijo, a precipitação da caseína.
A solubilidade de uma proteína é definida como a porcentagem de proteína que se mantém em
solução ou dispersão coloidal sob condições específicas e que não sedimenta com forças
centrifugas moderadas.
A solubilidade das proteínas depende não apenas das propriedades físico-químicas da molécula,
mas também do pH, da força iônica, da temperatura e do tipo de solvente.
Em pH distinto do ponto isoelétrico, as proteínas possuem cargas líquidas e repelem-se entre si,
podendo interagir com moléculas de água, portanto, são mais solúveis.
1. Qual a importância das propriedades funcionais das proteínas para a tecnologia de alimentos?
2. Cite pelo menos três propriedades funcionais das proteínas e descreva sobre cada uma
delas.
4.2 Pigmentos
Os pigmentos são responsáveis pelas cores dos vegetais e animais. Nos produtos alimentícios eles
podem ser naturais, quando extraído de substancia vegetal ou animal, e artifi ciais ou sintéticos
quando produzido quimicamente.
(proteína)
CH2CH2COOH CH2CH2COOH
C C
C
H3C-C C-CH3
C N N C
H-C Fe + 2 C-H
C N N C
C C-CH3
HC C C
H2C C C C
CH3 CH
CH2
H2O
Betalaínas – São pigmentos encontrados em algumas flores vermelhas e frutos de cactos, são
conhecidas pela sua abundância, entre eles podemos citar os pigmentos da beterraba.
Flavonoides – os flavonoides são pigmentos naturais presentes nos vegetais. As antocianinas são
os flavonoides mais abundantes da natureza e são responsáveis por uma variedade de cores
atrativas e brilhantes de frutas, flores e folhas, que incluem azul, púrpura, violeta, vermelho e
laranja.
Outros flavonoides, como antoxantinas, são encontrados em flores brancas ou amarelas, batata,
repolho branco. Proantocianidinas, incolores, têm semelhanças estruturais com as antocianidinas,
podem converter-se em compostos coloridos durante o processamento de alimentos; também são
conhecidas como leucoantocianidinas ou leucoantocianinas, são encontradas em maçãs, peras e
outras frutas. É responsável pela adstringência de alguns alimentos. Para produzir adstringência, as
proantocianidinas de 2 a 8 unidades interagem com as proteínas. As leucoantocianidinas formam
complexos com íons de ferro produzindo estruturas coloidais de cor entre marrom e preto, solúveis
em meio ácido. Esses flavonoides são também considerados como componentes dos taninos.
Taninos – Compostos fenólicos que recebem esse nome pela sua capacidade de combinar-se com
proteínas e outros polímeros como polissacarídios. Geralmente, são substâncias fortemente
adstringentes. As proantocianidinas também são denominadas taninos condensados.
4.3 Vitaminas
As vitaminas compreendem um grupo diverso de compostos orgânicos que são, desde o ponto de
vista nutritivo, micronutrientes essenciais. In vivo, desempenham várias funções, entre elas: (a)
como coenzimas ou seus precur-sores (niacina, tiamina, ribofl avina, biotina, ácido pantotênico,
vitamina B6, vitamina B12 e folato); (b) como componentes antioxidantes (ácido ascórbico, certos
carotenoides e vitamina E); (c) como fatores que implicam na regulação genética (vitaminas A, D,
entre outras) e (d) em funções especializadas, como a vitamina A na visão, o ascorbato em diversas
reações de hidroxilação e a vitamina K nas reações de carboxilação específi cas.
Muitas vitaminas infl uenciam na natureza química do alimento ao comportar-se como agentes
redutores, sequestradores de radicais, reagentes nas reações de escurecimento e como precursores
do sabor e aroma.
4.4 Minerais
A presença de minerais nos alimentos é muito variável, pois depende de diversos fatores, sendo os mais
importantes a composição do solo, no caso das plantas, e a dieta, no caso dos alimentos de origem
animal. São exemplos de elementos minerais essenciais o cálcio, fósforo, magnésio, ferro, zinco, iodo,
selênio.
Resumo
Nesta aula, você aprendeu que as proteínas influem diretamente nas características sensoriais dos
alimentos, que suas propriedades funcionais dependem da composição aminoacídica e da
disposição das ligações que estabilizam sua estrutura. Também conheceu um pouco as
características dessas propriedades. Aprendeu sobre alguns pigmentos de origem animal e vegetal.
Conheceu algumas funções das vitaminas e os minerais essenciais.
Atividades de aprendizagem
3. Defi na o termo emulsão e explique por que as proteínas são consideradas bons agentes
emulsificantes.
Objetivos
O escurecimento pode ser desejável em alguns produtos, como por exemplo, no café, cacau,
ameixa seca e chá preto. É indesejável quando afeta negativamente a aparência do produto,
podendo haver perdas de nutrientes, diminuição da vida útil e formação de sabor indesejável.
5.2 O substrato
Dentre os compostos derivados do catecol mais comumente encontrados em frutas e hortaliças
estão incluídos: o ácido cafeico na berinjela, a tirosina na alface e cogumelo, o tanino no
pêssego, e o ácido clorogênico na pera, batata, café, maçã, entre outros.
OH OH
OH
O
OH
OH
O
HO
H2
C O
O
CH2 C HO
O
- O OH
NH3+
HO
HO
HO OH
Todas estas e algumas outras substâncias fenólicas de estruturas semelhantes, incluindo os taninos é
que servem de substratos para as respectivas enzimas resultando, da reação, um produto de
coloração parda.
5.3 As enzimas
Ao grupo de enzimas responsável pelo escurecimento enzimático tem-se dado vários nomes,
tais como fenolase, polifenolase e polifenoloxidase. Esta classe de enzimas é caracterizada por
possuir o cobre como grupo prostético e engloba um número de fenolases. Vejamos a seguir.
Tirosinase
• É uma monofenol oxidase capaz de oxidar o aminoácido tirosina a ortoquinona-fenilalanina.
A tirosina sofre inicialmente uma hidroxilação, dando formação a 3,4-dihidroxifenil-alanina
que é então oxidada.
Catecolase
• É uma polifenoloxidase que catalisa a oxidação do catecol e outros compostos fenólicos
semelhantes.
Lacase
• É também uma polifenoloxidase que catalisa a oxidação do lacol, uma substância fenólica
que se torna escura após oxidação.
Além das fenolases, outras enzimas que podem afetar negativamente o sabor das frutas e
hortaliças são as peroxidases, porém, acredita-se que elas não têm qualquer participação nas
reações de escurecimento enzimático.
A inativação de enzimas pelo calor é, quase sempre, devido a uma desnaturação das proteínas.
O branqueamento de frutas e hortaliças para processamento pode ser feito de maneira simples
em uma câmara de vapor ou mergulhando a fruta devidamente preparada em água fervente
por um tempo adequado. Para
o processamento de maçãs, por exemplo, um tratamento com vapor por 2
minutos é suficiente para evitar o escurecimento enzimático.
O modo pelo qual o SO2 age inibindo a reação do escurecimento enzimático parece ser complexo e
desconhecido em sua maior parte. Sabe-se, entretanto, que o SO2 pode agir diretamente sobre a
enzima ou com intermediários formados durante a ação enzimática.
A concentração da solução de SO2 usada é de grande importância, pois deve ter uma concentração
tal que evite dar gosto desagradável ao produto e que ao mesmo tempo permita um controle
eficiente da reação enzimática.
Resumo
Nesta aula, você estudou a natureza e a importância do escurecimento enzi-mático das frutas,
hortaliças e outros vegetais como chá, café e cacau. Conheceu também o mecanismo de ação das
enzimas polifenol oxidases, os fatores que infl uem na atividade enzimática, bem como os meios de
controle do escurecimento enzimático para uma melhor qualidade de produtos alimentícios.
Atividades de aprendizagem
1. Por que, nas saladas de frutas, a banana e a maçã não escurecem tão rapidamente como
acontece quando expostas ao ar?
2. Indique as possíveis razões para o fato do tomate, da vagem e do pepino não escurecerem
quando cortados e expostos ao ar.
Objetivos
b) Caramelização
NH2
HC O C
NH2 + (HC OH)n (HC OH)n−1 O
O C O
CH2OH C
CH2OH H
H2O
CH2OH HMF
MELANOIDINA
Inicialmente, a carbonila do açúcar redutor (por exemplo, a glicose) condensa-se com o grupo
amino (NH2) de um aminoácido, peptídeos, proteínas ou aminas, em seguida, passa por várias
etapas, culminando com a formação do pigmento escuro chamado melanoidina. As presenças
de hidroximetil-furfural (HMF) e outras substâncias (redutonas) levam ao escurecimento e aroma
característicos da reação de Maillard.
A cor produzida, a sua intensidade e as propriedades do produto final da reação são fortemente
dependentes dos reagentes (tipo de aminoácido e açúcar redutor) e das condições de reação,
especialmente do valor de pH e da temperatura, ou seja, a reação é influenciada pelo aumento de
pH e temperatura. Em valores de atividade de água elevada ou muito baixa, a taxa de escurecimento
é baixa ou mesmo zero, entretanto, aumenta de forma rápida em valores intermediários (aw entre
0,5 e 0,8).
Em termos nutricionais, essa reação provoca perda de certos aminoácidos (lisina, arginina,
histidina e triptofano) e de valor nutritivo das fontes de proteínas e sob aspecto toxicológico
está ligada à formação de compostos mutagênicos.
4. Que procedimentos de controles poderiam ser realizados para evitar a reação de Maillard?
6.1.2 Caramelização
Muitas reações de escurecimento podem ocorrer com açúcar sem a presença de aminoácidos ou
proteínas. Provavelmente a mais conhecida delas é o escurecimento do açúcar quando aquecido
para produzir caramelo.
Durante o processo de caramelização, o aquecimento do açúcar, geralmente em temperatura
acima de 120ºC, leva à desidratação e geração de duplas ligações com formação de anéis e
compostos lábeis, que se condensam e formam polímeros que dão a cor e o aroma de caramelo.
2. É possível produzir caramelo com açúcar não redutor, como por exemplo, a sacarose? Explique.
HO C HO C C OH P
O
CH2OH CH2OH CH2OH L+
Resumo
Você estudou, nesta aula, a interação entre a carbonila e os grupos amina livre de natureza não
enzimática designada por reação de Maillard, como também a reação de caramelização e a
oxidação do ácido ascórbico, que provocam modificações complexas nos alimentos e nos sistemas
biológicos. As reações têm implicações na química dos alimentos (qualidades organo-lépticas), na
sua inocuidade (formação de mutagênios), na nutrição (biodis-ponibilidade de aminoácidos),
dentre outras.
Atividades de aprendizagem
1. Caramelização e reação de Maillard são exemplos de reações de escurecimento não
enzimático. Como ocorrem e qual a diferença entre elas?
2. Qual a reação de escurecimento não enzimático que precisa de oxigênio como substrato?
3. Complete os itens a seguir respondendo sim ou não.
Reação de Maillard
Caramelização
Oxidação da vitamina C
1 – Introdução
Objetivos
Entretanto, existem várias faces do estudo dos alimentos como o estudo de sua carga
microbiológica e das características destes microrganismos, estudo dos critérios de qualidade
aplicados à matéria-prima e aos alimentos compos-tos por elas, estudo dos processos de produção
dos alimentos, entre outras.
Na bromatologia, é realizado o estudo dos alimentos sob o ponto de vista de sua composição
química, ou seja, estudam-se componentes químicos estruturalmente definidos que compõem os
alimentos, com especial ênfase àqueles presentes em grande quantidade (chamados de
componentes centesimais – presentes em concentração maior que 1%). Entre esses compostos
químicos estão à água, os carboidratos, os lipídios, as proteínas e os minerais. Em alguns casos mais
específicos, faz-se necessária a determinação de componentes individuais nos alimentos como
alguns metais (principalmente metais pesados como chumbo e mercúrio), açúcares (como a lactose),
aminoácidos específicos (fenilalanina e lisina), aflatoxinas entre outros (Quadro 1.1).
Quadro 1.1: Importância da determinação de alguns componentes individuais em
alimentos
Componente do
Importância
alimento
Açúcares (em geral) As pessoas acometidas pelo diabetes devem restringir a ingestão de açúcares.
Alguns grupos específicos da população (por exemplo, aqueles com elevada colesterolemia)
Lipídios (em geral)
devem restringir a ingestão de gorduras.
Presentes como contaminantes nos alimentos, por serem extremamente tóxicos, devem ser evitados.
Metais pesados
Pessoas que sofrem de “intolerância à lactose” devem evitar a ingestão de alimentos que a contenham.
Lactose
Pessoas que sofrem da doença genética chamada fenilcetonúria devem restringir seu consumo durante os
Fenilalanina
primeiros anos de vida (a critério médico).
É considerado um aminoácido essencial, que pode sofrer alterações químicas, por reações de escurecimento, tornando-
Lisina
se nutricionalmente indisponível.
Fonte: Autor
Os resultados destas análises serão utilizados pelas indústrias e outros órgãos de interesse para
verificação da eficiência dos processos e da qualidade dos alimentos, da segurança alimentar, além
de fornecer informações de impor-tância nutricional sobre os alimentos disponibilizados à
população.
Na análise química qualitativa, é verificada a presença ou ausência do componente que está sendo
determinado, sem importar ao analista a massa ou concentração desse na amostra. Assim, numa
análise química qualitativa haverá resultados como: positivo/negativo ou reagente/não reagente.
A média aritmética é representada pela soma das várias determinações individuais do analito
realizadas na mesma amostra sob as mesmas condições, dividida pelo número de determinações. Ela
fornecerá o valor numérico central dos resultados.
O desvio padrão é calculado também a partir dos valores das várias determinações individuais do
analito realizadas na mesma amostra sob as mesmas condições. Ele fornecerá indicação da
variabilidade (dispersão) dos resultados individuais em torno da média (aritmética).
O “n” representa o número de determinações individuais do analito realizadas na mesma amostra sob
as mesmas condições. Em alguns casos, é necessário grande número de repetições (determinações
individuais) para obtenção de resultados confiáveis.
Exemplo
Na determinação de açúcares redutores em sacarose em uma amostra de uvas cristalizadas,
obteve-se o seguinte resultado:
Açúcares redutores em sacarose = 23,44 ± 2,11 g% (m/m) × n = 5
Assim, o teor de açúcares redutores em sacarose na referida amostra foi de 23,44% (média de 5
repetições) com desvio padrão (das 5 repetições) de 2,11 g%.
Dentro dessa perspectiva, resta ao analista a tarefa de minimizar ao máximo a ocorrência desses
erros, para que eles não afetem significativamente os resultados finais da análise da amostra.
• Erros de método – quando ocorre falta de especificidade dos reagentes, reações químicas que
ocorrem lentamente ou de forma incompleta.
• Erros pessoais – são aqueles erros que ocorrem devido ao julgamento subjetivo do analista.
Esses erros podem ocorrer em várias situações, como na hora de estimar a posição de um
ponteiro ou a altura de uma coluna líquida, diferenças na observação de uma cor, prejulgamento
dos resultados.
Os erros sistemáticos, por se repetirem de forma igual em todas as repetições de medidas irão
afetar a média dos resultados, tanto para mais como para menos, ou seja, a média dos resultados
não irá expressar a real concentração do analito na amostra.
1.4.2 Erros aleatórios
Este tipo de erro não está presente em todas as medidas, resultando das diferenças de
procedimento ocorridas entre as várias repetições da análise para a mesma amostra.
Este tipo de erro faz com que os valores dos resultados das diferentes repetições para a mesma
amostra flutuem em torno da média, desta forma aumen-tando o desvio padrão.
Exemplo
Para determinar o teor de vitamina C em uma amostra de suco de laranja, três analistas (Analista 1,
Analista 2 e Analista 3) realizaram exatamente o mesmo procedimento analítico. Os resultados
obtidos estão descritos na Tabela 1.1:
Ao se analisarem os resultados obtidos, pode-se verificar que o Analista 1, apesar de ter obtido
média muito próxima ao valor real, obteve desvio padrão muito elevado (próximo a 50% da média)
o que leva a concluir que vários erros aleatórios foram cometidos durante as 10 repetições do
procedimento analítico. Nesse caso, o fato de a média dos resultados estar muito próxima do valor
real pode ser considerado um mero acaso.
Já o Analista 2, obteve média dos resultados muito diferente do valor real, apesar de o desvio
padrão ser muito pequeno. Nesse caso, pode-se verificar que foram cometidos erros sistemáticos
durante a realização dos procedi-mentos que afetaram os resultados para menos de forma
equivalente em todas as 10 repetições.
Finalmente, o Analista 3 obteve resultados com média muito próxima ao valor real (menos de 10% de
variação) e desvio padrão baixo (inferior a 10% do valor da média). Dessa forma, pode-se verificar
que os erros sistemáticos e aleatórios não ocorreram em grau que pudesse afetar os resultados.
1.5 Os prefixos do Sistema Internacional (SI) Ao se finalizarem
as análises químicas/bromatológicas quantitativas, o analista deverá expressar o resultado em
unidades de massa (grama), volume (litro) ou de concentração (g%, g/l, g/g, etc.). Entretanto, em
alguns casos, ao expressar números muito grandes ou muito pequenos essas unidades precisão
ser pre-cedidas de um prefixo de forma que o número seja expresso adequadamente.
Os prefixos mais utilizados nas análises bromatológicas são: µ (micro), m (mili) e k (quilo).
Exemplo
O valor de 12,01 mg% pode ser representado como 0,01201 g% (se retirado
o prefixo mili) ou 12010 µg% se utilizado o prefixo micro. Todos os valores
aqui apresentados representam a mesma concentração, o que muda é apenas a unidade. A
forma preferencialmente utilizada é 12,01 mg% por ser mais simples. Deve-se verificar
sempre a unidade de concentração solicitada pelo fabricante da amostra e utilizá-la.
• Usar avental confeccionado em algodão, com abertura frontal, fecho de velcro, mangas
compridas com punho fechado com velcro, sem bolsos e sem detalhes soltos.
• Conhecer a localização e manuseio dos chuveiros de emergência com lava-olhos (Figura 1.6).
laboratório de bromatologia
A grande diversidade de reagentes químicos e de soluções analíticas (diluições dos reagentes)
utilizada no laboratório de bromatologia aliada aos riscos de sua manipulação torna necessária
a adoção de critérios específicos para seu armazenamento e rotulagem.
Figura 1.7: Detalhe da rotulagem de reagentes químicos utilizados no laboratório de bromatologia – (a)
ácido acético glacial PA e (b) hidróxido de sódio PA
Fonte: Autor
• Nome do reagente.
• Fórmula molecular.
• Data de validade.
Já as soluções diluídas dos reagentes são soluções (normalmente aquosas) preparadas a partir dos
reagentes concentrados, de acordo com metodologia específica, no próprio laboratório. Essas
soluções devem ser rotuladas no momento do preparo. O rótulo (Figura 1.8) deve ter as seguintes
informações:
• Concentração.
• Data de preparo.
• Nome do laboratorista.
O laboratorista deve certificar-se de que o rótulo não será diretamente atacado pelo reagente e que
não se desprenderá do frasco/recipiente.
Quanto ao armazenamento, as soluções diluídas e de uso frequente no labo-ratório de
bromatologia podem ficar armazenadas no próprio laboratório, em local específico, de fácil
acesso, sem correr riscos de acidentes.
O objetivo do processo de amostragem é obter uma pequena parte do todo que o represente em
todos os seus constituintes. Cada alimento, segundo sua composição e características, possui um
procedimento de amostragem específico.
Após a obtenção da amostra, esta necessita ser processada segundo proce-dimentos que a
transformem em um material apto a ser utilizado na técnica analítica escolhida. Cada técnica
analítica possui um processo específico de modificação da amostra. Essa modificação pode ser
desde uma simples moagem (mudanças físicas), passando pela extração do analito através do uso
de solventes, até a modificação química, utilizando ácidos concentrados ou outros agentes reativos
(reações químicas). Esses procedimentos podem ser utilizados isoladamente ou em conjunto,
segundo especificação técnica.
Exemplo
Para determinação do teor de proteínas de uma amostra de alimento pelo método de Kjeldhal, a
amostra precisa sofrer 2 tipos de processamento. Pri-meiramente, a amostra é digerida, utilizando
ácido sulfúrico concentrado e aquecimento e, após, sofre extração através da destilação por arraste de
vapor. Somente após esses procedimentos, é que a medida volumétrica é obtida.
Resumo
Nesta aula, você conheceu a importância e aplicações da bromatologia. Foram-lhe,
apresentados a análise bromatológica, os critérios estatísticos e de segurança necessários na
análise dos alimentos, além das etapas do procedimento de análise química dos alimentos.
Atividades de aprendizagem
1. Qual o objetivo do estudo da bromatologia?
4. O que é analito?
5. Quais são os tipos de erros que podem ocorrer em uma análise bromatológica?
Objetivos
Reconhecer a forma como o teor de água pode afetar a qualidade dos alimentos.
Na carne, o conteúdo de água pode chegar a 70% enquanto nas verduras pode representar até
95%.
Nos seres vivos, a água desempenha diversas funções, como transporte de nutrientes e produtos
de descarte do metabolismo (em solução), participação de reações químicas e bioquímicas e
estabilização da estrutura de diversas moléculas complexas, como proteínas e ácidos nucleicos.
Como a água não é fonte energética nem protagonista nos processos bioquímicos (mesmo sendo
indispensável a eles), essa molécula pode ter sua importância nos alimentos subestimada.
Entretanto, sob um olhar mais apurado, verifica-se que a água possui importância determinante
nas propriedades funcionais dos demais componentes dos alimentos e na conservação deles.
2.2 Particularidades da molécula de água A molécula de água
(Figura 2.1) é formada por um átomo de oxigênio que compartilha 2 pares de elétrons com 2
átomos de hidrogênio. A diferença de eletronegatividade entre o átomo de oxigênio e os
átomos de hidrogênio leva à formação de carga parcial negativa ( δ-) sobre o átomo de
oxigênio e de carga parcial positiva (δ+) sobre os átomos de hidrogênio, formando assim um
dipolo elétrico.
Figura 2.1: A estrutura da molécula de água (com as cargas elétricas parciais) Fonte: CTISM
Dessa forma, uma molécula de água é capaz de interagir com outras molécu-las de água,
aproximando seu oxigênio (δ-) do hidrogênio de outra molécula de água (δ+) e aproximando
seus hidrogênios (δ+) dos oxigênios de outras moléculas de água (δ-), em uma forma de
atração intermolecular chamada ponte de hidrogênio. Interações semelhantes da molécula de
água com outras moléculas podem acontecer desde que estas possuam carga elétrica ou
grupos hidrofílicos em sua estrutura.
Esta capacidade da molécula de água de interagir com outras moléculas (de água ou não) é
determinante para a definição de sua ação solvente. Assim, componentes dos alimentos
capazes de interagir através de pontes de hidrogênio como sais, açúcares, alcoóis e alguns
aminoácidos serão francamente solúveis em água, enquanto moléculas incapazes disso (como as
gorduras e os aminoácidos com cadeia lateral apolar) terão sua solubilidade muito baixa em
água.
• Água livre – é aquela que se apresenta fracamente ligada aos demais componentes
dos alimentos. Esta água poderá servir de meio de cultivo para microrganismos
(provocando alterações nos alimentos, na imensa maioria das vezes indesejáveis,
levando à perda de sua qualidade) e como meio para reações químicas e bioquímicas
(também provocando alterações nos alimentos).
• Água ligada – é aquela que se apresenta fortemente ligada aos demais componentes dos
alimentos, normalmente formando as primeiras cama-das de hidratação das mesmas. Por
estar ligada intimamente ao alimen-to, não serve como meio de cultivo para
microrganismos, assim como não é meio propício para ocorrência de reações químicas e
bioquímicas.
Devido à presença de água nessas duas formas, a determinação do teor de água total do
alimento (umidade) em laboratório (apesar de ser uma das análises bromatológicas mais
importantes) perde espaço quando há neces-sidade de inferir sobre a conservação e vida de
prateleira dos alimentos. É então importante conhecer apenas o teor de água livre presente nos
alimentos (através da atividade de água).
Figura 2.2: Estufa com circulação forçada de ar – (a) fechada e (b) aberta Fonte: Autor
Exemplo
Um técnico de laboratório de bromatologia, ao determinar a umidade de uma amostra de
biscoitos através do método de perda por dessecação em estufa a 105ºC, pulverizou a
amostra (Figura 2.3) e realizou a análise utilizando triplicatas (Prova 1, Prova 2 e Prova 3),
obtendo os valores de peso (Figura 2.4) de acordo com a Tabela 2.1.
Tabela 2.1: Peso da “cápsula + amostra” antes da secagem e após sucessivos períodos de
secagem
Peso cápsula + amostra
Antes de iniciar a Após primeira Após segunda Após terceira
secagem secagem secagem secagem
Prova 1 57,86 g 57,79 g 57,72 g 57,71 g
Prova 2 64,08 g 63,84 g 63,62 g 63,62 g
Prova 3 58,25 g 58,12 g 58,02 g 58,01 g
Fonte: Autor
Considere
Peso da cápsula utilizada para secar a Prova 1 = 54,34 g Peso da
cápsula utilizada para secar a Prova 2 = 55,13 g Peso da cápsula
utilizada para secar a Prova 3 = 53,40 g
Pode-se verificar que a perda de peso entre a segunda e terceira secagens foi muito baixa
ou inexistente, o que permite inferir que toda a água foi eva-porada da amostra e que
chegamos ao final do processo de secagem, sendo possível então realizar o cálculo da
umidade da amostra:
Para contornar algumas dessas variáveis, uma variação deste método que utiliza
temperatura mais baixa e vácuo também pode ser usada.
Além da secagem em estufa, o conteúdo de água dos alimentos também pode ser medido
utilizando outras metodologias, como Karl Fischer ou destilação com solventes em elevado
ponto de ebulição.
A partir dessa expressão, pode-se inferir que a maior atividade de água possível é 1,0 que
corresponde ao valor da água pura (que não possui solutos em sua composição). Assim a aw dos
alimentos será sempre inferior a da água pura, pois todos possuem solutos em sua composição
(Tabela 2.2).
De forma geral, quanto maior for a atividade da água, maior será a pere-cibilidade do
alimento, pois, maior quantidade de água livre haverá para o desenvolvimento dos
microrganismos. Os microrganismos que causam os maiores problemas na área de alimentos
preferem atividades de água supe-riores a 0,85 (Tabela 2.3). Já alimentos com atividade de água
inferior a 0,6 são considerados sanitariamente seguros.
Para determinar a atividade de água nos alimentos, é bastante comum o uso de equipamento
chamado “medidor de atividade de água”, produzido por várias indústrias que utilizam
para realizar a medida, sensores eletrolíticos e de umidade (Figura 2.5).
Figura 2.5: Medidor de atividade de água produzido pela empresa Aqualab® Fonte: http://
aqualab.decagon.com.br/assets/Images/Product-Images/Water-Activity-Meters/_resampled/CroppedResize169169- -Series-4-loading-2.jpg
Resumo
Nesta aula, lhe foi dada a oportunidade de compreender a importância da água para a
qualidade dos alimentos, de diferenciar o teor total de água da atividade de água, além de
conhecer a metodologia para determinação da umidade dos alimentos.
Atividades de aprendizagem
1. Como a água interage com outras moléculas do alimento?
Objetivos
3.2 Os monossacarídeos
São os açúcares mais simples, cuja composição é de 3 a 6 carbonos (nos alimentos são
mais comuns os de 6 carbonos, chamados hexoses), um grupo funcional carbonila (aldeído ou
cetona) e grupos hidroxila (vários). Dentre os principais representantes desta classe estão a
glicose, a frutose, a manose e a galactose (Figura 3.1). A glicose é o mais comum dos
monossacarídeos. É composta por uma aldose (contém uma carbonila aldeídica) e 5
hidroxilas. A frutose vem logo após, composta de cetose (contém carbonila cetônica) e 5
hidroxilas. A manose e a galactose têm composição exatamente igual à da glicose,
diferenciando-se desta apenas pela conformação de uma das hidroxilas.
Essa propriedade é desejável em alguns alimentos que precisam manter certo grau de umidade,
como produtos de confeitaria e indesejável em produtos granulados, que aglomeram suas
partículas devido à presença de água.
3.3 Os oligossacarídeos
São chamados oligossacarídeos aqueles açúcares formados de 2 a 20 monos-sacarídeos. Nos
alimentos, os mais comuns são a sacarose, a lactose e a maltose, ambos três dissacarídeos
(formados por 2 unidades de monossaca-rídeos) (Figura 3.2).
A sacarose é o oligossacarídeo mais comum, sendo conhecido como o açúcar de cozinha. Ela é
composta por uma unidade de glicose e uma unidade de frutose unidas através de uma ligação
α-1 → β-2. Já a lactose, conhecida como
o açúcar do leite, é composta por uma unidade de galactose e uma unidade
de glicose unidas através de uma ligação β-1,4. A maltose, composta por duas unidades de
glicose unidas através de uma ligação α-1,4 é conhecida por ser
o produto de degradação do amido, sendo muito difícil de ser encontrada
na natureza de forma isolada.
3.3.1.1 Higroscopicidade
Os oligossacarídeos compartilham essa propriedade com os monossacarídeos, possuindo
também elevada capacidade de adsorver água.
3.4.1 O amido
O amido é um polímero de glicose encontrado nos vegetais, o qual é composto por duas cadeias, a
amilose e a amilopectina.
A amilose (Figura 3.4) é formada por glicoses unidas entre si através de ligações α-1,4, formando
uma cadeia linear. O número total de glicoses pode variar de algumas centenas até milhares de
unidades.
A amilopectina (Figura 3.5) é também formada por unidades de glicoses. Entretanto, nessa
molécula além da ligação α-1,4 entre as unidades de açúcar, algumas glicoses são unidas através
de ligação α-1,6, formando ramificações. Esta é a diferença fundamental entre amilose e
amilopectina: o fato de que a segunda é ramificada, enquanto a primeira é linear. Desse fato
resultam diferenças entre as propriedades da amilose e da amilopectina como a capa-cidade de a
segunda formar géis mais estáveis e mais rapidamente.
O gel de amido constitui uma das mais importantes (senão a mais importante) função
tecnológica do amido nos alimentos, uma vez que o gel de amido é formado durante a
produção de diversos alimentos como massas, pães, produtos à base de milho e na
preparação do arroz e do feijão cozidos.
3.4.2 A celulose
Da mesma forma que o amido, a celulose também é um polímero de glicoses, diferindo deste por
ser linear (sem ramificações) e pelo tipo de ligação entre as glicoses (α-1,4) (Figura 3.6). Devido a
esse tipo de ligação entre as moléculas de glicose, a celulose não é digerível pelos seres
humanos.
Sua estrutura linear faz da celulose um polissacarídeo bastante insolúvel em água, o que limita
drasticamente seu uso como ingrediente na indústria de alimentos. Entretanto, uma forma
de celulose modificada quimicamente em laboratório, a carboximetilcelulose é amplamente
utilizada na indústria de alimentos devido a sua capacidade de formar soluções viscosas.
Entre os principais alimentos em que é utilizada podem-se elencar pudins, flans, sorvetes,
entre outros.
3.4.3 As hemiceluloses
As hemiceluloses são polissacarídeos formados por vários monossacarídeos diferentes (por
exemplo: glicose, galactose, xilose), solúveis em água, mas de difícil digestão. São especialmente
importantes na indústria da panificação, pois retêm água da farinha diminuído, dessa forma, a
energia necessária para
o amassamento.
3.4.4 As pectinas
São polímeros do ácido galacturônico parcialmente esterificados com metanol (Figura 3.7)
encontrados em alimentos de origem vegetal como nas maçãs e em frutas cítricas.
Seu principal uso na área de alimentos deve-se a sua capacidade de formar géis na
presença de açúcar e ácidos. Dentre os alimentos em que esta pro-priedade das pectinas é
explorada, podem-se citar os pepinos em conserva, formulação de bebidas e sorvetes e na
produção de geleias.
3.4.5 As gomas
É um grupo de polissacarídeos solúveis em água que tem a capacidade de elevar a
viscosidade de soluções e de formar géis. São formadas por diversos monossacarídeos
diferentes (manose, galactose, ácido glicurônico, fucose, xilose, etc.). São utilizadas nos
alimentos como espessantes e geleificantes.
São exemplos de gomas utilizadas na indústria alimentícia a goma guar, goma arábica, o ágar,
goma xantana e a goma dextrana. Entre os alimentos que possuem gomas em sua
formulação podem-se relacionar as salsichas, bebidas, molhos, sobremesas e sopas.
3.4.6 As fibras
A fibra dietética é o conjunto de polissacarídeos que não sofre hidrólise durante o
processo de digestão dos alimentos. Assim, fazem parte da fibra dietética a celulose, as
hemiceluloses, gomas, pectinas, amido resistente e polissacarídeos sintéticos.
Figura 3.8: Aspecto do reagente de Fehling (a) azul – antes de reagir com o açúcar
redutor e (b) vermelho – após reação com o açúcar redutor
Fonte: Autor
Exemplo
Um técnico de laboratório, ao determinar o teor de açúcares redutores em glicose em uma
amostra de biscoito doce através do método de Fehling rea-lizou a análise utilizando triplicatas
(Prova 1, Prova 2 e Prova 3). Ele realizou os procedimentos em sequência, conforme se
descreve a seguir: Após homo-geneizar e pulverizar a amostra, ele pesou a amostra em
triplicata utilizando como recipiente de pesagem um béquer de 100 ml. Os pesos estão
descritos na Tabela 3.2.
Tabela 3.2: Peso das amostras de biscoito doce obtidas
Peso (g)
Prova 1 2,56
Prova 2 4,84
Prova 3 3,55
Fonte: Autor
1. Transferiu cada prova para um balão volumétrico (de 100 ml) específico.
Exemplo
Um técnico em laboratório necessita determinar o teor de fibra bruta em uma amostra de
barra de cereal. A determinação será conduzida utilizando triplicatas (Prova 1, Prova 2 e Prova
3). Ele realizou os procedimentos em sequência, conforme o descrito a seguir:
2. A amostra (desengordurada) foi transferida para um balão de fundo cha-to onde se adicionou
solução ácida: ácido acético glacial (500 ml) + água (450 ml) + ácido nítrico (50 ml) + ácido
tricloroacético (20 g).
4. Após, o resíduo foi filtrado em cadinho de Gooch e lavado com água fervente até lavar
todo o ácido.
5. O resíduo ainda foi lavado com álcool e éter.
6. O resíduo foi seco a 105ºC até peso constante. O peso do resíduo seco foi obtido como
mostra a Tabela 3.5.
7. Após incinerou-se o resíduo em mufla a 550ºC e depois resfriou-se. A per-da de peso foi
considerada fibra bruta como se demonstra na Tabela 3.6.
Atividades de aprendizagem
1. O que são carboidratos?
4. O que é higroscopicidade?
Objetivos
Identificar as propriedades e composição dos lipídios.
Para ilustrar a variabilidade química e estrutural dessa classe de compostos, pode-se verificar
que na classe dos lipídios estão inclusos, desde os triacilgli-ceróis (lipídios de armazenamento,
composto por um glicerol esterificando 3 ácidos graxos) até o colesterol (pertencente a um
grupo químico em que está inclusa também a vitamina D e alguns hormônios) (Figura 4.1).
Como grande parte dos lipídios de importância na área de alimentos possuem, na sua estrutura,
ácidos graxos, este capítulo tratará destes primeiro; em um segundo momento, tratará de
aspectos mais complexos de sua participação nesta classe de substâncias.
4.2 Os ácidos graxos
Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos com elevado número de carbonos (de 4 até mais de 20
carbonos) (Figura 4.2). Por estarem presentes em grande parte dos lipídios, esses emprestam suas
propriedades físico-químicas a essas substâncias. Reside aí a importância de estudá-los mais de
perto.
Nos alimentos, os ácidos graxos saturados estão presentes em maior quanti-dade nos lipídios
de origem animal, como, na banha. Por terem ponto de fusão mais elevado, a banha e outros
lipídios de origem animal tendem a ser sólidos em temperatura ambiente e são comumente
chamados “gorduras”. Por outro lado, os ácidos graxos insaturados estão presentes em maior
quantidade em lipídios de origem vegetal, como, no óleo de soja. Por terem ponto de fusão
mais baixo, o óleo de soja e outros lipídios de origem vegetal tendem a ser líquidos em
temperatura ambiente e são comumente chamados de “óleos”.
Devido à presença de insaturações, os ácidos graxos podem ter configurações cis ou trans,
dependendo do arranjo das cadeias carbonadas em torno da insaturação. Quando as
cadeias carbonadas se dispõem em um mesmo lado em torno da insaturação, este adota a
conformação cis. Os ácidos graxos de ocorrência natural são todos pertencentes a esta
conformação. Por outro lado, quando as cadeias carbonadas estão dispostas em lados opostos
em relação à insaturação, este adota a conformação trans. Os ácidos graxos podem adotar esta
conformação somente após processos tecnológicos como o aquecimento. Os ácidos graxos
trans possuem pontos de fusão e de ebulição mais elevados do que seus correspondentes
cis, tendendo a ser sólidos em temperatura ambiente e por isso, serem considerados
prejudiciais a nossa saúde devido à habilidade em acumular, formando placas de gordura
em nossa circulação sanguínea (Figura 4.4).
Figura 4.4: Estrutura dos ácidos graxos cis e trans
Fonte: CTISM
4.3 Os triacilgliceróis
Os triacilgliceróis são ésteres de ácidos graxos e glicerol (as três hidroxilas do glicerol estão
esterificadas com ácidos graxos). São os principais componentes dos óleos e das gorduras (lipídios
de depósito) (Figura 4.5).
4.4 Os glicerofosfolipídios
Os glicerofosfolipídios ou fosfolipídios são ésteres do glicerol com ácidos graxos que contêm ainda
na molécula ácido fosfórico e um composto nitrogenado. Dessa forma, os fosfolipídios possuem
uma parte polar (base nitrogenada) e uma parte apolar (ácidos graxos). A primeira é capaz de
interagir com a água, enquanto a segunda é capaz de interagir com outras substâncias apolares.
Devido a essa característica peculiar, os fosfolipídios são capazes de estabili-zar misturas água
+ óleo (emulsões). Possuem importância na formação da membrana celular, sistema nervoso
central e sangue (Figura 4.6). Os principais fosfolipídios são a lecitina, a cefalina e a
cardiolipina.
4.6.1 Hidrogenação
Nessa reação, o hidrogênio na presença de catalizadores específicos (Ni/Pt/Pd) sob aquecimento é
adicionado à dupla ligação dos ácidos graxos insaturados, eliminando a insaturação, tornando-a uma
ligação simples (saturada) (Figura 4.9).
Assim, essa reação gera lipídios com maior ponto de fusão e de ebulição devido à diminuição
do grau de insaturação dos lipídios, obtendo-se a par-tir de óleos vegetais (líquidos a
temperatura ambiente), produtos sólidos a temperatura ambiente. Essa é a reação responsável
pela transformação da gordura vegetal em margarina.
Figura 4.9: Reação de hidrogenação do ácido oleico
Fonte: CTISM
Para que essa reação se inicie é necessária a presença no meio, além de ácido graxo insaturado,
de um agente catalizador (metais de transição, como Fe++ ou Cu++) e de oxigênio molecular.
Esta reação de deterioração pode ser minimizada se o alimento for refrigerado ou armazenado
em atmosfera modificada ou vácuo (ausência de oxigênio).
Para retardar os efeitos da oxidação das gorduras nos alimentos, podem-se adicionar
substâncias chamadas antioxidantes como o galato de propila, o butil-hidroxianisol (BHA) e
o butil-hidroxitolueno (BHT).
Nesse método, a amostra tem seus lipídios extraídos a frio na presença de éter. O solvente é
depois evaporado, e a massa de lipídios extraída é determinada.
Exemplo
Um técnico em laboratório necessita determinar o teor de lipídios totais em uma amostra de
barra de cereal. A determinação será conduzida utilizando triplicatas (Prova 1, Prova 2 e
Prova 3). Ele realizou os procedimentos em sequência, conforme se ve a seguir:
4. Após, o éter foi destilado, e secou-se o resíduo em estufa a 105ºC por 1 hora.
5. Após ser resfriado, foi determinado o peso do resíduo (conforme a Tabela 4.2).
Resumo
Nesta aula, apresentaram-se as gorduras (lipídios). Verificou-se que os lipídios são insolúveis em
água, que a maioria é composta por ácidos graxos e que estes ácidos graxos podem ter
diferentes números de carbono e de instau-rações, o que modifica as propriedades físicas dos
lipídios que os contêm. Nos alimentos, os lipídios de maior importância são os triacilgliceróis
e os fosfolipídios. Esses compostos podem sofrer várias reações químicas às vezes desejáveis
(hidrogenação) e outras vezes indesejáveis (rancificação). Você tam-bém aprendeu o
procedimento para determinação de lipídios em alimentos.
Atividades de aprendizagem
1. O que são lipídios?
2. O que são ácidos graxos? Como seu grau de insaturação influencia suas propriedades?
Objetivos
As proteínas são moléculas complexas constituídas por aminoácidos unidos entre si através da
chamada ligação peptídica.
Os aminoácidos são ácidos carboxílicos que possuem um grupo amino ligado ao carbono alfa à
carbonila. Ainda, a este mesmo carbono está ligada também uma cadeia R (Figura 5.1), que pode
ser desde um hidrogênio (H) no amino-ácido mais simples (glicina), cadeias alquílicas de vários
tamanhos contendo ou não grupos funcionais específicos (álcoois, ácidos, amino), até estruturas
cíclicas como o anel aromático (fenilalanina). Devido à variedade de cadeias
R disponíveis, existem, no total, 20 aminoácidos. Além dos dois já citados, também
compõem as proteínas os seguintes aminoácidos: alanina, valina, leucina, isoleucina,
prolina, tirosina, triptofano, lisina, arginina, histidina, aspartato, glutamato, serina,
treonina, cisteína, metionina, asparagina e glu-tamina (Figura 5.2).
Além dos aminoácidos, as proteínas podem ser também formadas por outros
componentes, como minerais (ferro, cobre, fósforo e outros) e grupos quími-
cos específicos (como o grupo heme, por exemplo).
Nos organismos vivos as proteínas desempenham várias funções, como fonte de energia (4 kcal/
g), enzimas, hormônios, transportadores, estrutural, con-tração muscular e outras.
Assim, a complexidade estrutural das proteínas pode ser estudada através das chamadas
“estruturas”, que organizam a conformação das proteínas em forma de crescente
complexidade.
Nos alimentos, a desnaturação pode ser um fenômeno desejável (na geleifi-cação-gel só se forma
em proteínas desnaturadas e no amassamento de pães
– desnaturação do glúten) ou indesejável (perda de capacidade emulsificante,
por exemplo).
5.4 Propriedades funcionais
As propriedades funcionais das proteínas podem influenciar drasticamente as
características sensoriais dos alimentos e nas propriedades dos demais componentes do
alimento.
5.4.1 Hidratação
A propriedade funcional de hidratação refere-se à capacidade da proteína de ligar e fixar
água à sua estrutura. A textura e a viscosidade dos alimentos são características diretamente
dependentes da capacidade de hidratação das proteínas.
5.4.2 Solubilidade
Essa propriedade refere-se à proporção de proteína que se mantém em solu-ção, sem
sedimentar. Para tal, o solvente considerado é a água.
Proteínas altamente solúveis são aquelas que uma vez em contato com a água, tendem a
se dispersar rápida e homogeneamente. Essa característica é desejável em alimentos como
molhos, sopas instantâneas, bebidas e outros.
5.4.3 Viscosidade
As proteínas são reconhecidas agentes que conferem viscosidade aos fluidos, em outras
palavras, conferem resistência dos mesmos em fluir ou romper-se.
Essa característica é bastante importante em alimentos como cremes, sopas e molhos, que
precisam ter viscosidade intermediária.
5.4.4 Geleificação
Entende-se que o processo de formação de gel é o evento de ordenação das proteínas
previamente desnaturadas.
Os géis proteicos têm grande importância em alimentos como queijos, embu-tidos cárneos como a
salsicha, gelatinas e outros.
Esta propriedade funcional é muito importante em alimentos como leite, maioneses, salsichas,
sorvetes, molhos e outros.
Figura 5.7: Tubo de digestão contendo amostra, mistura catalítica e ácido sulfúrico
Fonte: Autor
2. Manteve em aquecimento em bloco digestor a 350ºC até a obtenção de solução com cor
azul-esverdeada.
4. O excesso de ácido sulfúrico foi titulado com hidróxido de sódio 0,1 M (Figura 5.9) até que a
solução (amarela) volte à cor vermelha.
Resumo
Nesta aula estudamos sobre a importância das proteínas para a área de ali-mentos.
Verificamos que as proteínas são compostas por aminoácidos e que possuem estrutura
tridimensional complexa. Por essa característica, podem desempenhar propriedades
funcionais muito importantes nos alimentos, além das propriedades nutricionais, como a
estabilização de emulsões. Ainda estu-damos o método de Kjeldahl para determinação de
proteínas em alimentos.
Atividades de aprendizagem
1. O que são aminoácidos?
Objetivos
Classificar as vitaminas.
Dos 90 elementos químicos de ocorrência natural em nosso planeta, apenas 25 são considerados
essenciais à vida e, por esta razão, precisam estar presentes na dieta/ambiente dos seres vivos, pois,
diferentemente dos açúcares, lipídios e proteínas, estes não podem ser sintetizados.
Considera-se mineral essencial àquele que, se for removido da dieta do orga-nismo vivo resulta em
debilitamento consistente e reprodutível de uma função biológica.
Dentre os minerais essenciais podemos ter os chamados macroelementos, que possuem necessidade
de ingesta entre 0,1 e 1,0 g/dia (como cálcio, fósforo, magnésio e outros) e os microelementos,
com necessidade de ingesta inferior a 0,1 g/dia (como iodo, selênio, cobre e outros).
Quanto à origem, os minerais presentes nos alimentos podem ser de ocorrên-cia natural,
provenientes de contaminação durante a colheita, incorporados involuntariamente durante o
processamento/armazenamento ou intencio-nalmente adicionados.
6.1.1 Análise em laboratório, segundo o Instituto
Adolfo Lutz, 2008
A determinação do teor de minerais em alimentos geralmente é realizada atra-vés da obtenção
do “resíduo por incineração” mais conhecido por “cinzas”.
Para obtenção do teor de cinzas é necessário que a amostra de alimento seco seja aquecida a
550ºC, temperatura na qual os componentes orgânicos se decompõem, restando apenas o
conteúdo mineral.
Exemplo
Um técnico em laboratório necessita determinar o teor de cinzas em uma amostra de
biscoito. A determinação será conduzida, utilizando triplicatas (Prova 1, Prova 2 e Prova 3).
Ele realizou os procedimentos em sequência, conforme se descreve a seguir:
2. Levou as amostras ao forno tipo mufla e manteve aquecimento a 550ºC por 4 horas ou
até obter cinzas brancas ou levemente cinza.
6.2 As vitaminas
Vitaminas são substâncias orgânicas, sem uniformidade química ou estrutural, não produzidas por
animais desenvolvidos, mas essenciais ao seu metabo-lismo. Dessa forma, a presença das vitaminas
na dieta dos animais e do homem é essencial para a manutenção da vida, evitando as síndromes
decorrentes da carência delas.
• Tiamina – Vitamina B1
• Riboflavina – Vitamina B2
• Niacina
• Nicotinamida
• Ácido fólico
• Piridoxina – Vitamina B6
• Biotina
• Inositol
• Colina
Atividades de aprendizagem
1. O que são minerais essenciais?