Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
IDENTIFICAÇÃO DA DISCIPLINA
Curso Mestrado em Direito
Disciplina Tópicos Especiais: Metodologia da Pesquisa e Didática do Ensino Superior
Profa. Dra. Angela Araujo da Silveira
Docente E-mail: ange.espindola@gmail.com
Espindola
Ano/Semestre 2017/2 N° Horas/Aula: 30 N° de Créditos: 02
RELATÓRIO:
Trata-se de consulta formulada pela Profa. Dra. Angela Araujo da Silveira Espindola, que
solicita parecer opinativo sobre a legislação atual vigente que institui as Diretrizes Curriculares do
Curso de Graduação em Direito - Bacharelado, a serem observadas pela organização curricular
das Instituições de Ensino Superior brasileiras, qual seja, a Resolução nº 09 de setembro de 20041
do Conselho Nacional de Educação pela Câmara de Educação Superior, comparada à proposta de
mais recente2 (junho de 2017) de alteração à referida resolução, sinalizando avanços, retrocessos
e omissões entre as normas em análise.
FUNDAMENTAÇÃO:
1
BRASIL. Resolução do Câmara do Ensino Superior do Conselho Nacional de Ensino nº 09, de 29 de setembro de 2004. Diretrizes
Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Direito, Brasília, DF, set. de 2004.
2
BRASIL. Proposta da Comissão Nacional de Educação Jurídica do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (?) de junho
de 2017. Proposta de alteração da Resolução CNE/CES nº 09. Novas Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em
Direito, Brasília, DF, jun. de 2017.
1
No que se refere aos conteúdos obrigatórios e temas transversais dos cursos de Direito –
bacharelado, a Resolução CNE/CES nº 09 de setembro de 2004 dispõe, em seu art. 5º, estabelece
3 (três) eixos interligados de formação que devem ser contemplados tanto na Organização
Curricular quando no Projeto Pedagógico do Curso de Direito. São esses o Eixo de Formação
Fundamental, o Eixo de Formação Profissional e o Eixo de Formação Prática3 (art. 5º, I, II e III,
respectivamente).
Na Proposta de alteração de junho de 2017, tais conteúdos, também tratados no art. 5º, foram
dispostos de maneira muito semelhante. Disciplina a Proposta de alteração que os conteúdos e
atividades contemplados no Projeto Pedagógico de Curso (PPC) e Organização Curricular do
Curso (OCC) devem atender a Perspectivas Formativas4, que envolvem a Formação Geral, a
Formação Técnico-jurídica e a Formação Prático-profissional, correspondendo, respectivamente,
aos Eixo de Formação Fundamental, o Eixo de Formação Profissional e o Eixo de Formação
Prática (art. 5º, I, II e III, respectivamente). Destaque-se a novidade no que se refere à exigência do
Curso de Direito priorizar a interdisciplinaridade e a articulação de saberes, constante na Proposta
de alteração, mas inexistente na Resolução CNE/CES nº 09.
3
BRASIL. Resolução (...). Op. Cit., p.2.
4
BRASIL. Proposta (...). Op. Cit., p.3.
5
Idem. Ibidem. p. 4.
2
tratando da prática jurídica, a Resolução CNE/CES nº 09 exige como elemento estrutural do PPC
mecanismos de integração entre teoria e prática6 (art. 2º, §1º, V). Essa prática seria desenvolvida,
preferencialmente, nas atividades de estágio curricular supervisionado, podendo ser realizado
no Núcleo de Práticas Jurídicas (NPJ) (art. 2º, §1º, IX), instalado e estruturado segundo o
regulamentação própria aprovado pelo conselho competente de cada IES, ou parcialmente em
outras entidades e instituições que desempenhem atividades jurídicas conveniadas (art. 7º, §1º) 7.
6
BRASIL. Resolução (...). Op. Cit., p.1.
7
Idem. Ibidem. p. 1-2.
8
I dem. Ibidem. p. 2.
9
I dem. Ibidem. p. 1.
10
BRASIL. Proposta (...). Op. Cit., p.2.
3
atividades de caráter prático-profissionais devem apresentar ênfase na resolução de problemas (art.
5º §1º)11.
Ainda no tocante à prática jurídica, agora não somente enquanto perspectiva formativa, mas
também sob a forma de atividades de estágio curricular supervisionado, a proposta dispõe
consistir num componente curricular obrigatório, “(...) indispensável à consolidação dos
desempenhos dos profissionais desejados, inerentes ao perfil do formando, (...)” (art. 7º)12. Os meios
de operacionalização da prática jurídica, por sua vez, devem constar num regulamento aprovado
pelos colegiados próprios de cada IES. Em se trantando do NPJ, a proposta praticamente repete a
redação da Resolução CNE/CES nº 09 abordada em linhas anteriores. Entretanto, faz-se imperioso
destacar a importante novidade trazida pelo art. 7º §3º, ao determinar que “o planejamento das
atividades a serem desenvolvidas no NPJ levará em conta práticas de resolução de conflitos e
práticas de tutela coletiva, bem como a prática do processo judicial eletrônico” (grifei), sendo notável
a preocupação do domínio por parte do formando com a tutela de interesses difusos e coletivos,
típica das carreiras do Ministério Público, e do processo judicial eletrônico, conhecimento sem o qual
o profissional não estará apto ao exercício da profissão.
O trabalho de conclusão de curso (TCC) na Resolução CNE/CES nº 09, por sua vez,
aparece muitas vezes como requisito ou elemento estrutural do PPC (art. 2º caput e §1º XI)16,
atividade integrante do Eixo de Formação Prática (art. 5º, III) e obrigatoriedade enquanto
componente curricular (art. 10), não se confundindo com as atividades complementares (art. 8º
11
I dem. Ibidem. p. 3.
12
I dem. Ibidem. p. 4.
13
I dem. Ibidem. p. 2.
14
BRASIL. Resolução (...). Op. Cit., p.1.
15
BRASIL. Proposta (...). Op. Cit., p. 1-3.
16
BRASIL. Resolução (...). Op. Cit., p.1.
4
parágrafo único), devendo ser elaborado individualmente, com conteúdo fixado no PPC de cada
IES (art. 10)17. Sobre o TCC, a proposta de alteração da resolução nº 09 dispôs de maneira quase
idêntica18.
Art. 3º. O curso de graduação em Direito deverá Art. 3º. O curso de graduação em Direito deverá
17
Idem. Ibidem, p. 3.
18
BRASIL. Proposta (...). Op. Cit.
19
BRASIL. Resolução (...). Op. Cit., p.1.
20
Idem. Ibidem, p. 2.
21
Idem. Ibidem, p. 3.
22
BRASIL. Proposta (...). Op. Cit.
23
BRASIL. Resolução (...). Op. Cit., p.3.
24
BRASIL. Proposta (...). Op. Cit. p. 2.
25
Idem. Ibidem, p. 4.
5
assegurar, no perfil do graduando, sólida formação assegurar, no perfil do graduando, sólida formação
geral, humanística e axiológica, capacidade de análise, geral, humanística capacidade de análise, domínio de
domínio de conceitos e da terminologia jurídica, conceitos e da terminologia jurídica, adequada
adequada argumentação, interpretação e valorização argumentação, interpretação e valorização dos
dos fenômenos jurídicos e sociais, aliada a uma fenômenos jurídicos e sociais, além das formas
postura reflexiva e de visão crítica que fomente a consensuais de composição de conflitos, aliada a uma
capacidade e a aptidão para a aprendizagem postura reflexiva e de visão crítica que fomente a
autônoma e dinâmica, indispensável ao exercício da capacidade e a aptidão para a aprendizagem,
Ciência do Direito, da prestação da justiça e do autônoma e dinâmica, indispensável ao exercício da
desenvolvimento da cidadania. Ciência do Direito, à prestação da justiça e ao
desenvolvimento da cidadania.
Art. 4º. O curso de graduação em Direito deverá
possibilitar a formação profissional que revele, pelo
Parágrafo único. Os planos de ensino do curso,
menos, as seguintes habilidades e competências: especialmente em seus objetivos, devem demonstrar
I - leitura, compreensão e elaboração de textos, atos e como contribuirão para a adequada formação do
documentos jurídicos ou normativos, com a devida graduando em face do perfil almejado pelo curso.
utilização das normas técnico-jurídicas;
Art. 4º. O curso de graduação em Direito deverá
II - interpretação e aplicação do Direito; possibilitar a formação profissional que revele, pelo
menos, as seguintes competências cognitivas,
III - pesquisa e utilização da legislação, da
instrumentais e interpessoais, que capacitem o
jurisprudência, da doutrina e de outras fontes do
graduando a:
Direito;
I- interpretar e aplicar princípios e regras do sistema
IV - adequada atuação técnico-jurídica, em diferentes jurídico nacional, observando a experiência
instâncias, administrativas ou judiciais, com a devida estrangeira e comparada, quando couber,
utilização de processos, atos e procedimentos; articulando o conhecimento teórico e o estudo de
caso;
V - correta utilização da terminologia jurídica ou da II – demonstrar competência na leitura, compreensão
Ciência do Direito; e elaboração de textos, atos e documentos jurídicos,
de caráter negocial, processual ou normativo, bem
VI - utilização de raciocínio jurídico, de argumentação,
como a devida utilização das normas técnico-jurídicas;
de persuasão e de reflexão crítica;
III – demonstrar capacidade para comunicar-se com
VII - julgamento e tomada de decisões; e, precisão;
IV- dominar instrumentos da metodologia jurídica,
VIII - domínio de tecnologias e métodos para sendo capaz de compreender e aplicar conceitos,
permanente compreensão e aplicação do Direito. estruturas e racionalidades fundamentais ao
exercício do Direito;
V- adquirir capacidade para desenvolver técnicas de
raciocínio e de argumentação jurídicos com objetivo
6
de propor soluções e decidir questões no âmbito do
Direito;
VI- desenvolver a cultura do diálogo e o uso de meios
consensuais de solução de conflitos;
VII - compreender os métodos interpretativos e da
Hermenêutica, com a necessária capacidade de
pesquisa e de utilização da legislação, da
jurisprudência, da doutrina e de outras fontes do
Direito;
VIII - ter competências para atuar em diferentes
instâncias, administrativas ou judiciais, com a devida
utilização de processos, atos e procedimentos;
IX - utilizar corretamente a terminologia e as
categorias jurídicas, além do desenvolvimento das
habilidades em idiomas estrangeiros, da aceitação
da diversidade e do pluralismo cultural;
X - possuir o domínio de tecnologias e métodos para
permanente compreensão e aplicação do Direito;
XI - desenvolver a capacidade de trabalhar em
grupos formados por profissionais do Direito ou de
caráter interdisciplinar; e
XII - apreender conceitos deontológico-profissionais e
desenvolver perspectivas transversais sobre direitos
humanos.
26
BRASIL. Proposta (...). Op. Cit., p. 2-3.
7
direcionamento à internacionalização constante em seu texto em outros pontos (art. 2º §1º V) e
aceitação da diversidade e do pluralismo cultural, aspecto importante para o respeito à diversidade
e às diferenças enquanto exercício da tolerância e respeito às liberdades27.
CONCLUSÃO:
É o parecer.
27
Idem. Ibidem.
8