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PROFMAT – Exame de Qualificação 2012-1

Gabarito

1.
(10pts) Um corpo está contido num ambiente de temperatura constante. Decorrido o
tempo (em minutos), seja ( ) a diferença entre a temperatura do corpo e do ambiente.
Segundo a Lei do Resfriamento de Newton, ( ) é uma função decrescente de , com a
propriedade de que um decréscimo relativo

( ) ( )
( )

no intervalo de tempo depende apenas da duração desse intervalo (mas não


do momento em que essa observação se iniciou). Isto posto, responda à seguinte
pergunta:

Num certo dia, a temperatura ambiente era de 30o. A água, que fervia a 100 o numa
panela, cinco minutos depois de apagado o fogo ficou com a temperatura de 60o. Qual era
a temperatura da água 15 minutos após apagado o fogo?

SOLUÇÃO: Pela Lei do Resfriamento de Newton, a função ( ), em que é o


momento em que o fogo foi apagado, cumpre as hipóteses do Teorema de Caracterização
das funções de tipo exponencial. Logo existe uma constante , com , tal que
( ) , onde ( ). Temos Logo ( ) . O
problema nos diz que ( ) Portanto e daí vem .

Segue-se que ( ) ( ) e que ( ) . Portanto, 15


minutos após o fogo ser apagado, a temperatura da água é de aproximadamente
graus.

Alternativamente, pode-se usar a informação sobre o decréscimo relativo constante de


( ) diretamente. Temos ( ) e ( ) . Portanto

( ) ( )
( )

e, assim, ( ) ( ) Pela propriedade mencionada,

( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( )

o que nos conduz a ( ) ( ) ( ) ( ) Em seguida usamos novamente a mesma


informação, obtendo

( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( )
o que nos conduz a ( ) ( ) ( ), e o resultado segue.

2.
(a) (5pts) Dado um número , quanto medem os lados do retângulo de perímetro
mínimo cuja área é ?

(b) (10pts) Justifique matematicamente por que não se pode responder o item (a) se
trocarmos “mínimo” por “máximo”.

SOLUÇÃO:
(a) Sejam e as dimensões de um retângulo de área . Então , ou seja, a média
geométrica de e , dada por √ , é igual a √ . A média geométrica desses dois
números positivos é sempre maior do que ou igual a sua média geométrica, e a igualdade
se dá se, e somente se, (o que, por conseguinte, resulta em √ ). Então o
perímetro , que é 4 vezes a média aritmética, é mínimo e igual a √ quando o
retângulo é um quadrado de lados iguais a √ .
(b) Basta mostrar que não existe retângulo de perímetro máximo com área fixada. Para
isso, é suficiente mostrar que existem retângulos com essa área de perímetro tão grande
quanto se queira. Por exemplo, para cada número natural tomamos o retângulo

de lados √ e . Evidentemente a área desse retângulo é Por outro lado, seu
perímetro é √ √ , que é maior do que √ . Assim, dado qualquer número
sempre se pode achar tal que o perímetro de é maior do que , bastando tomar tal
que √ .
3.
Uma moeda honesta é lançada sucessivas vezes.

(a) (10pts) Se a moeda for lançada 4 vezes, qual é a probabilidade de que o número
observado de caras seja ímpar? E se a moeda for lançada 5 vezes?
(b) (5pts) Observando o resultado do item (a), formule uma conjectura sobre a probabilidade
de se observar um número ímpar de caras em lançamentos da moeda.
(c) (10pts) Demonstre, utilizando indução finita, a conjectura do item (b).

SOLUÇÃO:

(a) Para quatro lançamentos, (1 cara) (3 caras) . Logo, a probabilidade


de um número ímpar de caras é .
Para cinco lançamentos, (1 cara) , (3 caras) ,
(5 caras) .
Logo, para 5 lançamentos a probabilidade de um número ímpar de caras é igual a
.
(b) A conjectura é que para todo natural a probabilidade de se obter um número ímpar de
caras em lançamentos é ⁄ (e, automaticamente, a probabilidade se obter um número
par de caras também é igual a ⁄ ).
(c) Verifiquemos se a conjectura é verdadeira para . A probabilidade de um número
ímpar de caras em 1 lançamento é a probabilidade de ocorrer uma cara em 1 lançamento,
e isso é exatamente igual a ⁄ . Portanto a conjectura vale neste caso. Agora supomos
que a conjectura é verdadeira para e vamos verificá-la para . Um número ímpar de
caras em lançamentos ou tem um número ímpar de caras nos primeiros
lançamentos e uma coroa no último lançamento ou tem um número par de caras nos
primeiros lançamentos e uma cara no último lançamento. Então (no ímpar de caras em
lançamentos) (no ímpar de caras em lançamentos) (coroa) + (no par de
caras em lançamentos) (cara) .

Obs. O que estamos buscando no item (c) é a soma dos coeficientes , com ímpar,
dividida por . Se olharmos para a expansão de ( ) , usando o binômio de
Newton, veremos que ela é a soma dos coeficientes , com par, subtraída dos
coeficientes , com ímpar. Como o resultado é zero, a soma dos coeficientes pares é
igual à dos coeficientes ímpares. Por outro lado, ( ) ( ) ,e( ) é
a soma de todos os coeficientes . Assim, a soma dos coeficientes ímpares, dividida por
, deve ser metade desse valor, isto é, . Essa solução não usa indução finita diretamente.
4.
é um quadrado, é o ponto médio do lado e é o ponto médio do lado .
Os segmentos e cortam-se em .

(a) (5pts) Mostre que .


(b) (5pts) Calcule a razão .
(c) (5pts) Se calcule a área do quadrilátero .

Obs: Para mostrar os itens (b) e (c) você pode usar o resultado do item (a) mesmo que não
o tenha demonstrado.

SOLUÇÃO:

(a) Há várias maneiras de se calcular essa proporção. Vejamos duas:


Primeira: Bastará mostrar que . Como é perpendicular a , então os
triângulos e são semelhantes. Logo,

Isso implica

Como e , todos os termos do lado direito


podem ser colocados em função de e a igualdade segue.
Segunda: De fato não é necessário usar a perpendicularidade, pois a afirmação
vale mesmo que seja um paralelogramo. Seja o ponto médio de .O
segmento corta em que é o ponto médio de . Então
e . Como os triângulos e são semelhantes, segue que

(b) Aproveitando a construção da segunda solução de (a), a mesma semelhança de


triângulos nos dá . E, sendo , segue que ( ) .

(c) Usaremos [polígono ] para denotar a área do polígono Evidentemente


Queremos calcular . Mas por causa da
semelhança entre os triângulos e , compartilhando o ângulo oposto a
e , respectivamente,
Portanto .

5.
Na figura abaixo, é um cubo de aresta 1. e são arestas e a
face está contida em um plano horizontal . Seja o tetraedro . Seja um
ponto da aresta (diferente de e de ) e o plano paralelo a que passa por . A
intersecção de com é o quadrilátero , como mostrado na figura.

(a) (5pts) Mostre que é um retângulo.


(b) (5pts) Mostre que o perímetro de é igual a √ , independentemente do
ponto .

H
G
E
F

P
Q
X N
D M
C
A
B

SOLUÇÃO:

(a) Primeiro mostremos que e são paralelos a e, portanto, são paralelos


entre si. Mostraremos para , sendo análogo o caso de . Mas isso segue de
que ⁄ ⁄ , que implica semelhante a e, portanto,
paralelo a . Da mesma forma, demonstra-se que e são paralelos a
. Isto mostra que os lados opostos de são iguais. Mas, de fato, são
perpendiculares, pois é ortogonal a . Logo, é um retângulo.
(b) Como todas as diagonais das faces têm o mesmo tamanho, as faces do tetraedro
são triângulos equiláteros. Em particular, é equilátero e, portanto, é
equilátero. Sendo assim, é igual a . Por outro lado, também é
equilátero, implicando que também o é. Logo . Então
√ De maneira inteiramente análoga, √ . Logo o
perímetro de é igual a √ .
6.
Um truque de adivinhação de números.
(a) (5pts) Descreva e justifique métodos práticos para obter os restos da divisão por 9, 10
e 11, respectivamente, de um número natural escrito no sistema decimal.
(b) (5pts) Ache as soluções mínimas de cada uma das seguintes congruências:
i.
ii.
iii.
(c) (10pts) Um mágico pede a sua audiência para escolher um número natural de pelo
menos dois algarismos e menor do que 1000, e de lhe revelar apenas os restos ,
e da divisão de por 9, 10 e 11, respectivamente (tarefa fácil, pelo item (a)). Sem
nenhuma outra informação ele consegue descobrir . Explique como ele consegue
fazer isto.
(d) (5pts) Supondo que a plateia tenha dado as seguintes informações ao mágico: ,
e , qual foi o valor de que o mágico achou?

SOLUÇÃO:

(a) Escrevamos um número na sua representação decimal: .


Restos da divisão por 9: Como , temos que

Logo o resto da divisão de por 9 é igual ao resto da divisão de


por 9. Podemos repetir o mesmo procedimento a etc.
Restos da divisão por 10: Como , temos que

logo o resto da divisão de por 10 é .

Restos da divisão por 11: Como


{
temos que

logo o resto da divisão de por 11 é igual ao resto da divisão de


por 11, ao qual podemos aplicar novamente a regra acima etc.
(b) A congruência é equivalente à congruência , cuja
solução mínima é claramente . A congruência é equivalente à
congruência , cuja solução mínima é claramente . A congruência
é equivalente à congruência , cuja solução mínima é
claramente .
(c) O mágico tem que resolver o seguinte sistema de congruências:

{
O Teorema Chinês dos Restos nos diz que o sistema tem uma única solução módulo
, dada pela expressão
( ) ( ) ( )
em que , e são as soluções das equações diofantinas do item (b). Logo

e só existe um valor de satisfazendo essa equação e a restrição de que


.
(d) Temos que achar natural em tal que
.
Então

Observação. O item (d) poderia ser resolvido de maneira menos educada como segue.
Escrevamos o número na sua representação decimal. As informações
sobre os restos dadas, , e , nos conduzem às seguintes
congruências: , ,e , que
resolvidas por tentativas nos dão o resultado , e .
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 1.
(a) Prove que, para quaisquer x, y, z, a, b, c ∈ R, tem-se

(ax + by + cz)2 ≤ (a2 + b2 + c2 )(x2 + y 2 + z 2 ) .

(b) Excetuando o caso trivial em que a = b = c = 0, mostre que vale a igualdade se, e somente se, existe m ∈ R
tal que x = ma, y = mb e z = mc.

UMA SOLUÇÃO

(a) Efetuando as operações indicadas, vemos que

(a2 + b2 + c2 )(x2 + y 2 + z 2 ) − (ax + by + cz)2 = (ay − bx)2 + (az − cx)2 + (bz − cy)2 .

Como todo quadrado em R é ≥ 0, segue-se a desigualdade proposta.


(b) Quanto à igualdade, ela é evidente no caso em que x = ma, y = mb e z = mc, para algum m ∈ R.
x
Reciprocamente, se ela vale então, supondo, por exemplo, a 6= 0, pomos m = a. Sabendo (pelo visto acima) que
ay − bx = az − cx = bz − cy =, de x = ma resultam 0 = ay − bx = ay − mab e daı́ (como a 6= 0) tiramos y = mb.
Analogamente, obtemos z = mc.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 2.
(a) Usando o gráfico com o qual se define geometricamente o logaritmo natural ln, mostre que ln(1 + x) < x para
todo x > 0, e daı́ ln x < x.

(b) Tomando x em vez de x nesta última desigualdade, prove que para todo x suficientemente grande o quociente
ln x
x pode tornar-se tão pequeno quanto desejemos.
(c) Prove ainda que essa conclusão é válida para logaritmos em qualquer base > 1.

UMA SOLUÇÃO

(a) ln(1 + x) é a área de uma faixa de hipérbole, contida no retângulo de altura 1 e base igual ao intervalo [1, 1 + x]
do eixo das abscissas. Daı́ ln(1 + x) < x, pois x é a área desse retângulo. Como ln x é uma função crescente de x,
tem-se ln x < ln(1 + x) < x.

√ √ √ 1 √
(b) Colocando-se x no lugar de x, tem-se ln x < x, ou seja, 2 ln x < x. Dividindo ambos os membros por
x, vem
ln x 2
<√ .
x x
ln x √2 4
Se desejarmos ter x < , basta tomar x
< , isto é, x > 2 .
(c) Finalmente, se log x significar o logaritmo de x na base a, então tomando c = log e teremos log x = c ln x, e daı́

log x ln x
=c ,
x x
ou seja, os dois quocientes diferem apenas por uma constante. Então
log x 2c
≤√ ,
x x
4c2
que é menor do que  se x > 2 .
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 3.
Uma moeda, com probabilidade 0, 6 de dar cara, é lançada 3 vezes.
(a) Qual é a probabilidade de que sejam observadas duas caras e uma coroa, em qualquer ordem?
(b) Dado que foram observadas duas caras e uma coroa, qual é a probabilidade de que tenha dado coroa no primeiro
lançamento?

UMA SOLUÇÃO

(a) Para saı́rem duas caras e uma coroa, só há as 3 possibilidades: coroa-cara-cara, cara-coroa-cara, e cara-cara-
coroa. Cada uma delas tem probabilidade 0, 6 × 0, 6 × (1 − 0, 6) = 0, 36 × 0, 4 = 0, 144. Logo a probabilidade de
saı́rem duas caras e uma coroa é de 3 × 0, 144 = 0, 432.

(b) Dado que foram observadas duas caras e uma coroa, ocorre apenas uma das 3 possibilidades acima, todas
equiprováveis. E só uma delas começa com coroa. Então a probabilidade de ter dado coroa no primeiro lançamento
é de 31 .
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 4.
Considere a sequência an definida como indicado abaixo:

a1 = 1
a2 = 1 + 2
a3 = 2 + 3 + 4
a4 = 4 + 5 + 6 + 7
...

(a) O termo a10 é a soma de 10 inteiros consecutivos. Qual é o menor e qual é o maior desses inteiros? Calcule
a10 .
(b) Forneça uma expressão geral para o termo an .

UMA SOLUÇÃO

(a) Uma maneira de fazer é ir até a décima linha, seguindo a regra sugerida, em que o último termo de uma linha
é o primeiro termo da seguinte.

a1 = 1
a2 = 1 + 2
a3 = 2 + 3 + 4
a4 = 4 + 5 + 6 + 7
a5 = 7 + 8 + 9 + 10 + 11
a6 = 11 + 12 + 13 + 14 + 15 + 16
a7 = 16 + 17 + 18 + 19 + 20 + 21 + 22
a8 = 22 + 23 + 24 + 25 + 26 + 27 + 28 + 29
a9 = 29 + 30 + 31 + 32 + 33 + 34 + 35 + 36 + 37
a10 = 37 + 38 + 39 + 40 + 41 + 42 + 43 + 44 + 45 + 46

Então a10 é a soma de uma P.A. com primeiro termo 37, último termo 46, e razão 1. Portanto
37 + 46
a10 = · 10 = 415 .
2

(b) Primeiro vejamos qual é a lei que rege o primeiro termo de an . Chamemos de bn esse primeiro termo. Temos
b1 = 1, b2 = 1, b3 = 2, b4 = 4, b5 = 7 etc. Daı́ b2 −b1 = 0, b3 −b2 = 1, b4 −b3 = 2, b5 −b4 = 3, isto é, bn −bn−1 = n−2.
Ou seja, bn − bn−1 , n ≥ 2, é uma P.A. de razão 1 e primeiro termo igual a zero. Então bn é igual a 1 mais a soma
dessa P.A. até o termo n − 2:
(n − 2)(n − 1)
bn = 1 + .
2
O último termo de an é igual a bn + n − 1. Então, sendo an a soma de uma P.A. de n termos com o primeiro igual a
bn e o último igual a bn + n − 1, resulta que

bn + (bn + n − 1)
an = n · .
2
Colocando essa expressão explicitamente em função de n, temos
 
n−1
an = n · bn +
2
 
1
= n · 1 + (n − 1)(n − 2 + 1)
2
 
1
= n · 1 + (n − 1)2 ,
2

que é um polinômio cúbico em n.


(Nessas horas, vale a pena conferir se a fórmula bate com o que esperamos, examinando os primeiros casos. Confira!)
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 5.
Seja ABC um triângulo equilátero de lado 6 e AD um segmento perpendicular ao plano desse triângulo de
comprimento 8.
(a) Localize o ponto P do espaço que é equidistante dos quatro pontos A, B, C e D e calcule a distância comum
R = P A = P B = P C = P D.
(b) Calcule o cosseno do ângulo entre as retas reversas AC e BD.

UMA SOLUÇÃO

(a) O ponto P deve estar no plano paralelo a ABC a 4 unidades de distância de A, pois esse é o plano dos pontos
equidistantes de A e D. Ao mesmo tempo, ele deve estar na reta perpendicular ao plano determinado por ABC que
passa pelo centro H de ABC, pois essa reta é o conjunto de pontos que equidistam de A, B e C.

A distância de H a qualquer um dos vértices do triângulo é igual a 2 3 (o que pode ser obtido de vários modos).

Como AHP é triângulo-retângulo, de catetos AH = 2 3 e HP = 4, e hipotenusa AP = R, então R2 = 12 + 16 = 28,

logo R = 2 7.

(b) Chame de Q o ponto do plano de ABC tal que AQBC é paralelogramo. O ângulo procurado é o ângulo
α = QBD.
b Todos os lados do triângulo QBD são conhecidos: (i) BD = 10, porque BAD é retângulo com catetos
iguais a 6 (o lado do triângulo ABC) e 8 (a altura do ponto D); (ii) BQ = AC = 6; (iii) QD = 10 (pela mesma
razão de (i)). Então, pela Lei dos Cossenos,

102 = 102 + 62 − 2 · 10 · 6 · cos α ,

de onde sai cos α = 0, 3.


EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 6.
No triângulo ABC assinale o ponto P do lado AC e o ponto Q do lado BC de forma que AP = 13 AC e BQ = 23 BC.
Seja J o ponto de interseção de AQ e BP .
JA
(a) Mostre que JQ = 34 . Sugestão: Trace QL paralelo a BP e use semelhança de triângulos.
JB
(b) Calcule a razão JP .
(c) Decida se a área do triângulo BP Q é maior do que, menor do que ou igual à metade da área do triângulo ABC.

UMA SOLUÇÃO

(a) Para facilitar, sejam BC = 3a e AC = 3b. Traçamos QL paralela a BP . Temos AP = b e P C = 2b.


Da semelhança dos triângulos BP C e QLC vem
LC QC 1
= = .
PC BC 3
Logo,
2b
LC =
3
e
4b
PL = .
3
Assim,
JA PA b 3
= = = .
JQ PL 4b/3 4

(b) Seja JP = x. Da semelhança entre AJP e AQL vem

JP AJ 3
= = .
QL AQ 7
Daı́,
7x
QL = .
3
Da semelhança dos triângulos BP C e QLC temos
BP BC 3
= = .
QL QC 1
Daı́, BP = 7x e BJ = 6x. Assim,
JB
= 6.
JP

(c) Seja 3h a distância de A à reta BC. A área do triângulo ABC é

3a · 3h 9ah
S= = .
2 2
O triângulo BP Q tem base BQ = 2a e altura igual à distância de P à reta BC, que é igual a 2h. A área do triângulo
BP Q é
2a · 2h 4ah
S1 = = .
2 2
Assim, S1 = 49 S < 12 S. Em palavras, a área do triângulo BP Q é menor do que a metade da área do triângulo ABC.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 7.
(a) Mostre que nenhum número natural da forma 4n + 3 pode ser escrito como o quadrado ou a soma de dois
quadrados de números naturais.
(b) Mostre que nenhum número a da forma 11 . . . 1 (n dı́gitos iguais a 1, n > 1) é o quadrado ou a soma de dois
quadrados de números naturais.

UMA SOLUÇÃO

(a) Suponhamos por absurdo que existam x, y, z ∈ N tais que z 2 = 4n + 3 ou que x2 + y 2 = 4n + 3. Terı́amos então
que z 2 ≡ 3 mod 4 ou que x2 + y 2 ≡ 3 mod 4.
Sendo, para todo a ∈ N, a ≡ 0 mod 4, a ≡ 1 mod 4, a ≡ 2 mod 4, ou a ≡ 3 mod 4, segue que

a2 ≡ 0 mod 4 ou a2 ≡ 1 mod 4.

Portanto, z 2 6≡ 3 mod 4 e x2 + y 2 6≡ 3 mod 4, o que é uma contradição.

(b) Para a = 11, por inspeção, o resultado é óbvio. Agora suponhamos n ≥ 2 e ponhamos a = 100b + 11, onde
b ≥ 0. Portanto, temos
a = 25 × 4b + 4 × 2 + 3 = 4(25b + 2) + 3 ,

o que nos diz que a é da forma 4n + 3, logo não é nem um quadrado nem uma soma de dois quadrados de números
naturais.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 8.
Considere o sistema de congruências: (
x ≡ c1 mod n1
x ≡ c2 mod n2
Denotamos como de costume o mdc e o mmc de n1 e n2 por (n1 , n2 ) e [n1 , n2 ], respectivamente.
(a) Mostre que a e a0 são soluções do sistema se, e somente se, a ≡ a0 mod [n1 , n2 ]. O enunciado, da forma como
está, é incorreto. O certo seria: Mostre que, se a é solução, então a0 é solução se, e somente se, a ≡ a0 mod [n1 , n2 ].
(b) Mostre que o sistema admite solução se, e somente se, c2 ≡ c1 mod (n1 , n2 ).
(c) Dadas as progressões aritméticas (an ) de primeiro termo 5 e razão 14 e (bn ) de primeiro termo 12 e razão 21,
mostre que elas possuem termos comuns (isto é, existem r e s tais que ar = bs ). Mostre que esses termos comuns
formam uma PA e determine seu primeiro termo e sua razão.

UMA SOLUÇÃO

(a) Obs. Se o sistema admite uma solução a, então todo número da forma a + kn1 n2 é também uma solução. Em
outras palavras, se a0 ≡ a mod n1 n2 , então a0 é uma solução. Mas isso não dá todas as soluções, como o próprio
enunciado deixa evidente, a menos que n1 e n2 sejam primos entre si.
Suponha que a seja uma solução. Se a0 é outra solução do sistema, subtraindo uma da outra obtemos que
a0 ≡ a mod n1 e a0 ≡ a mod n2 . Por outro lado, essas duas condições juntas implicam que a0 é solução do sistema.
Ou seja: a0 é solução do sistema se, e somente se, a0 ≡ a mod n1 e a0 ≡ a mod n2 . Mas dizer que a0 ≡ a mod n1 e
a0 ≡ a mod n2 equivale a afirmar que a0 ≡ a mod [n1 , n2 ].

(b) Pelo que acabamos de mostrar, o sistema admite uma solução se, e somente se, ele admite uma solução
a > max{c1 , c2 }. Portanto, o sistema admite solução se, e somente se, existem x, y ∈ N tais que a − c1 = xn1 e
a − c2 = yn2 . Sem perda de generalidade, podemos supor c2 ≥ c1 . Assim, a existência de soluções do sistema é
equivalente à existência de soluções da equação diofantina xn1 − yn2 = c2 − c1 . Por sua vez, essa equação diofantina
possui solução se, e somente se, (n1 , n2 ) divide c2 − c1 , o que equivale a c2 ≡ c1 mod (n1 , n2 ).

(c) Os termos comuns a ambas as PAs são soluções do sistema


(
x ≡ 5 mod 14
x ≡ 12 mod 21,

o qual possui soluções dado que 12 ≡ 5 mod (14, 21), por (b).
Listemos os primeiros termos de ambas as PAs:
an : 5, 19, 33, . . .
bn : 12, 33, 54, . . .
Assim, 33 é o menor termo comum a ambas as PAs e pela parte (a) temos que os termos comuns a ambas PAs são
dados por cn = 33 + n[14, 21] = 33 + 42n, os quais formam uma PA de primeiro termo 33 e razão 42.
GABARITO - QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Questão 1. (pontuação: 1)
No octaedro regular duas faces opostas são paralelas. Em um octaedro regular de aresta a, calcule a distância
entre duas faces opostas.
Obs: no seu cálculo, você pode afirmar as propriedades que está utilizando sem precisar demonstrá-las, mas deve
descrevê-las detalhadamente.

D G
C
O M
A
B

Uma solução:

A figura acima mostra o octaedro regular ABCDEF de aresta a. As diagonais AC e EF determinam o centro O
do octaedro. Seja M o ponto médio da aresta BC. Como a reta BC é perpendicular ao plano (EOM ), os planos
(EBC) e (EOM ) são perpendiculares. No triângulo retângulo EOM a altura OG relativa à hipotenusa é a distância
do ponto O à face (EBC). Temos:

a 2
OE = 2 , metade da diagonal do quadrado BEDF ,
a
OM = 2 , distância do centro do quadrado ABCD ao lado BC, e

EM = a 2 3 , altura do triângulo equilátero EBC.

Assim, a relação OG.EM = OE.OM fornece OG = a 6 6 .
Como a distância de O à face (F DA) é igual ao comprimento de OG temos que a distância entre duas faces opostas

a 6
do octaedro regular é o dobro do comprimento de OG, ou seja, igual a 3 .

Outra solução:

Podemos decompor a pirâmide ABCDE em quatro tetraedros congruentes ao tetraedro BCEO. A pirâmide
√ √ √
a2 .OE a3 2 1 a2 3 a2 3
ABCDE tem volume igual a V = 3 = e o tetraedro BCEO tem volume igual aW = 3 4 OG = 12 OG.
√ 6
a 6
Da igualdade V = 4W segue que OG = 6 , logo a distância entre duas faces opostas do tetraedro regular é igual a

a 6
3 .

Questão 2. (pontuação: 1,5)


A figura abaixo mostra uma folha de papel retangular ABCD com AB = 25 cm e BC = 20 cm. Foi feita uma
dobra no segmento AE de forma que o vértice B coincidiu com o ponto P do lado CD do retângulo.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

D P C

A B

(a) Calcule o comprimento do segmento DP .


(b) Calcule a razão entre as áreas dos triângulos ADP e P CE.
(c) Calcule o comprimento do segmento AE.

Uma solução:
a) Como os triângulos AEB e AEP são congruentes, então AP = AB = 25 cm . Assim, pelo teorema de Pitágoras,
p
DP = 252 − 202 = 15 cm

D 15 P 10 C
 
7,5

25 E
20
12,5

A 25 B

b) Temos P C = 25 − 15 = 10 cm. O ângulo AP E é reto pois é igual ao ângulo ABE. Assim, os ângulos α e β
da figura são complementares e, como consequência, os triângulos ADP e P CE são semelhantes, pois possuem os
AD 20
mesmos ângulos e a razão de semelhança é k = PC = 10 = 2. Assim, a razão entre as áreas desses triângulos é
2
k = 4.
CE DP CE 15
c) Da semelhança dos triângulos ADP e P CE tem-se PC = AD , ou seja, 10 = 20 , o que dá CE = 7, 5 cm e,
consequentemente, BE = 12, 5 cm.
O teorema de Pitágoras pode ser usado no triângulo ABE para calcular o comprimento de AE. Isto dá AE =
p
252 + (12, 5)2 cm.

Observando que, neste problema, AB é o dobro de BE, o cálculo acima é imediato. Se um triângulo retângulo

possui catetos a e 2a, então sua hipotenusa mede a 5. Assim, neste caso, obtemos facilmente que

√ 25 5
AE = 12, 5 5 = cm
2
Questão 3. (pontuação: 1)
Em uma caixa há três dados aparentemente idênticos. Entretanto, apenas dois deles são normais, enquanto o
terceiro tem três faces 1 e três faces 6. Um dado é retirado ao acaso da caixa e lançado duas vezes.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Se a soma dos resultados obtidos for igual a 7, qual é a probabilidade condicional de que o dado sorteado tenha
sido um dos dados normais?

Uma solução:

Queremos obter

P (dado normal e soma 7)


P (dado normal|soma 7) =
P (soma7)
Mas

6 1
P (soma 7|dado normal) = =
36 6

6×3 1
P (soma 7|dado anormal) = =
36 2
(o primeiro resultado pode ser qualquer das faces; o segundo, qualquer das três faces diferentes da obtida no primeiro
lançamento). Logo

P (dado normal e soma 7)


P (dado normal|soma 7) = =
P (soma7)

P (dado normal) × P (soma 7|dado normal)


=
P (dado normal) × P (soma 7|dado normal) + P(dado anormal) × P (soma 7|dado anormal)

2 1
3 × 6 2
2 1 1 1 =
3 × 6 + 3 × 2
5

Outra solução:

Nomeemos os dados da seguinte forma: N1 e N2 (dados normais) e A (dado anormal).


Se o dado retirado for N1 são 36 casos possı́veis para dois lançamentos deste dado e somente 6 casos favoráveis
com soma 7. Se o dado retirado for N2 também são 36 casos possı́veis para dois lançamentos deste dado e somente 6
casos favoráveis com soma 7. Se o dado retirado for A são 36 casos possı́veis para dois lançamentos deste dado, mas
agora 18 casos favoráveis com soma 7.
Logo, no total são 30 os casos possı́veis para que a soma dê 7 e dentre estes, somente em 12 a soma é proveniente
de dados normais. Portanto

P (dado normal e soma 7) 12 2


P (dado normal|soma 7) = = = .
P (soma 7) 30 5

Questão 4. (pontuação: 1,5)


A linha poligonal da figura começa na origem e passa por todos os pontos de coordenadas inteiras do plano
cartesiano.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

-2 -1 1 2 3

-1

-2

(a) Seja n um número inteiro não negativo. Mostre que o comprimento c(n) da linha poligonal da origem até o
ponto (n, n) é igual a 4n2 .
(b) Qual é o comprimento da linha poligonal entre os pontos (7, 10) e (11, −20)?

Uma solução:

a) A passagem do ponto (n, n) para o ponto (n + 1, n + 1) é ilustrada no diagrama abaixo:

(-n-1, n+1) (n+1, n+1)

(n, n)

(-n-1, -n) (n, -n)

Assim, o comprimento adicional ao passar de (n, n) para (n + 1, n + 1) é 2n + (2n + 1) + (2n + 1) + (2n + 2) =


8n + 4 = 4(2n + 1).
A partir daı́, pode-se calcular diretamente a soma 4(2.0+1)+4(2.1+1)+...+4(2(n−1)+1) = 4(1+3+...+(2n−1)) =
4(1 + 2n − 1).n/2 = 4n2 .

Alternativamente, pode-se recorrer à indução finita:


A fórmula dada claramente vale para n = 0. Suponhamos válida para n. Para n+1, o comprimento é 4n2 +4(2n+1)
= 4(n + 1)2 ; logo, a fórmula vale para n + 1. Portanto, pelo PIF, vale a fórmula para todo n inteiro não negativo.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Outra solução:
Até chegar ao ponto (n, n), teremos passado por todos os pontos de coordenadas inteiras do retângulo [−n, n − 1] ×
[−(n − 1), n], que possui 2n.2n pontos; a linha poligonal tem, assim, comprimento igual a (4n2 − 1) + 1 (a primeira
parcela exprime o comprimento da poligonal no retângulo acima; a segunda, corresponde ao segmento final).

b) Como ilustra o diagrama abaixo, o comprimento entre (7, 10) e (11, −20, ) é c(20) − c(10) + 3 + 40 + 9 =
4.202 − 4.102 + 52 = 1252.

(20, 20)

3
(10, 10)
(7, 10)
40

(10, -10)
9

(11, -20) (20, -20)

Questão 5. (pontuação: 1)
Um corpo está impregnado de uma substância radioativa cuja meia-vida é um ano. Quanto tempo levará para que
sua radioatividade se reduza a 10% do que é?

Uma solução:
Se M0 é a massa da substância radioativa no ano t = 0 e M é a massa da mesma substância após t anos, então
M = M0 .at , para um certo a, com 0 < a < 1. A informação sobre a meia-vida nos diz que M0 .a1 = 21 M0 , logo a = 12 .
M0
Queremos achar t de modo que M0 .at = 10 , ou seja ( 12 )t = 1
10 . Então, tomando logaritmos na base 10,

1
t= .
log10 2
[Como log10 2 ≈ 0, 3010 então t ≈ 3, 3 ≈ 3 anos e 4 meses]

Questão 6. (pontuação: 1,5)


p p
Qual é o menor valor da expressão 16x/y + y/(81x) quando x e y são números reais positivos quaisquer?
Justifique sua resposta.

Uma solução:
p p
A expressão dada é o dobro da média aritmética entre 16x/y e y/(81x), logo seu valor é maior do que ou igual
ao dobro da média geométrica desses números. Ou seja:

4
p p qp p
16x/y + y/(81x) ≥ 2. 16x/y. y/(81x) =
3
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Além disso, a igualdade vale se, e somente se, 16x/y = y/(81x), isto é 16.81.x2 = y 2 . Isto acontece, por exemplo,
quando x = 1 e y = 36. Em outras palavras, com x = 1 e y = 36, a expressão dada atinge seu valor mı́nimo, que é
igual a 43 . Há, entretanto, infinitos pontos para os quais este valor mı́nimo é atingido.
Poderı́amos também “completar quadrados” para obter a igualdade
p p 1 1 16 1 1 1 4
16x/y + y/(81x) = ((16x/y) 4 − (y/(81x)) 4 )2 + 2.( ) 4 = ((16x/y) 4 − (y/(81x)) 4 )2 +
81 3
e proceder como acima.

Questão 7. (pontuação: 1)
Mostre que, para todo n ∈ N, é inteiro o número 17 n7 + 15 n5 + 23
35 n.

Uma solução:
Pelo Pequeno Teorema de Fermat temos que n7 ≡ n mod 7 e n5 ≡ n mod 5, logo 7 divide n7 − n e 5 divide n5 − n,
para todo n. Portanto, a igualdade

1 7 1 5 23 n7 − n n5 − n
n + n + n= + +n
7 5 35 7 5
nos permite concluir o desejado.

Outra solução:
Basta usar o Princı́pio de Indução Finita:
1 1 23
Se n = 0 a expressão é também igual a zero. Observe que quando n = 1, a expressão torna-se 7 + 5 +
35 = 1.
1 7
Suponha agora que 7n + 15 n5 + 23
35 n é um número inteiro e mostremos que 1
7 (n + 1)7 + 15 (n + 1) + 23
5
35 (n + 1)
também é inteiro.
Expandindo em seus binômios de Newton

1 1 1 1 1 1 23 23
{ C(7, 0)n7 + C(7, 1)n6 + ... + C(7, 7)n0 } + { C(5, 0)n5 + C(5, 1)n4 + ... + C(5, 5)n0 } + n +
7 7 7 5 5 5 35 35
vemos que todos os termos desta última expressão são números inteiros, exceto talvez 17 n7 , 15 n5 , 23 1 1
35 n, 7 , 5 e 23
35 . Mas,
por hipótese de indução, a soma dos três primeiros elementos desta última lista é um número inteiro e a soma dos
três restantes é igual a 1, logo a expressão toda é um inteiro.

lista verão 2022


Questão 8. (pontuação: 1,5)
Um número natural m é dito um quadrado se existe a ∈ N tal que m = a2 .

(a) Mostre que o algarismo das unidades (na base 10) de um quadrado só pode ser um dos seguintes: 0, 1, 4, 5, 6
ou 9.

(b) Mostre que todo quadrado é da forma 4n ou 4n + 1.

(c) Mostre que nenhum número que escrito na base 10 tem a forma m = dd . . . d (todos os algarismos iguais), com
m > 10 e d ∈ {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, é um quadrado.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Uma solução:
a) Escrevamos a = 10b + c, com c ∈ {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}. Logo,

m = a2 = (10b + c)2 = 10(10b2 + 2bc) + c2 .

Portanto, o algarismo das unidades de m coincide o algarismo das unidades de c2 . Fazendo variar c no conjunto
{0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, temos os seguintes possı́veis valores:

c2 = 0, c2 = 1, c2 = 4, c2 = 9, c2 = 16,

c2 = 25, c2 = 36, c2 = 49, c2 = 64, c2 = 81,


o que prova a asserção.

b) Todo número natural a se escreve na forma 4s + r, com r = 0, 1, 2 ou 3. lista verão 2022


Temos que

r = 0: m = a2 = (4s)2 = 4(4s2 ),

r = 1: m = a2 = (4s + 1)2 = 4(4s2 + 2s) + 1,

r = 2: m = a2 = (4s + 2)2 = 4(4s2 + 4s) + 4 = 4(4s2 + 4s + 1),

r = 3: m = a2 = (4s + 3)2 = 4(4s2 + 6s) + 9 = 4(4s2 + 6s + 2) + 1,

logo m é da forma 4n ou 4n + 1.

[Observe também que se dois números a e b deixam restos r1 e r2 , respectivamente, na divisão por um número c,
então o produto ab deixa o mesmo resto na divisão por c que o produto r1 r2 . Assim, apenas temos que olhar para
02 , 12 , 22 , 32 e observar que estes quatro números deixam resto 1 ou 0 na divisão por 4].

c) Os casos d = 2, 3, 7 e 8 são consequências imediatas do item (a).

Os casos d = 1, 4 e 9 são tratados a seguir. Temos que

m = 11 . . . 1 = 100x + 11 = 4(25x + 2) + 3,
logo m é da forma 4n + 3. Portanto, m não é um quadrado.
Os números m = 44 . . . 4 = 4(11 . . . 1) e m = 99 . . . 9 = 9(11 . . . 1) não podem ser quadrados, pois, caso contrário,
11 . . . 1 seria um quadrado.

O caso d = 5 segue do fato de

m = 55 . . . 5 = 100y + 55 = 4(25y + 13) + 3,

logo da forma 4n + 3.

O caso d = 6 segue do fato de m = 66 . . . 6 = 4(25z + 16) + 2, logo da forma 4n + 2.


GABARITO - QUALIFICAÇÃO - Março de 2013

Questão 1. (pontuação: 1,5)

É dado um retângulo ABCD tal que em seu interior estão duas circunferências tangentes exteriormente no ponto T ,
como mostra a figura abaixo. Uma delas é tangente aos lados AB e AD e a outra é tangente aos lados CB e CD.

D C

A B

a) Mostre que a soma dos raios dessas circunferências é constante (só depende das medidas dos lados do retângulo).
b) Mostre que o ponto T pertence à diagonal AC do retângulo.

Uma solução:

a) No retângulo ABCD consideremos AB = a e BC = b. Sem perda de generalidade consideraremos b ≤ a e


a ≤ 2b, pois sem esta última condição as tangências indicadas não ocorreriam.

Sejam O e O0 os centros das circunferências e r e r0 os respectivos raios. Seja s = r + r0 . Como a reta que contém
os centros das circunferências passa pelo ponto de tangência então OO0 = OT + T O0 = r + r0 = s.

D C

T O´
r E b
O r´
r

A a B

A paralela a AB por O e a paralela a BC por O0 cortam-se em E. Temos:

i) r + OE + r0 = a, ou seja, OE = a − s

ii) r + EO0 + r0 = b, ou seja, EO0 = b − s.


Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo OEO0 temos:

s2 = (a − s)2 + (b − s)2

Desenvolvendo e simplificando encontramos s2 − (2a + 2b)s + a2 + b2 = 0.


Como claramente s < a + b, pois as circunferências estão no interior do retângulo, o valor de s que procuramos é
a menor raiz da equação acima. Assim,


p
2a + 2b −4a2 + 8ab + 4b2 − 4(a2 + b2 ) 2a + 2b − 2 2ab
s= = = a + b − 2ab,
2 2
0
o que comprova que o valor de s = r + r é constante e só depende das medidas dos lados do retângulo.

b) As retas AO e O0 C são paralelas ou cincidentes porque fazem 45o com os lados do retângulo. Se forem
coincidentes, o resultado é óbvio. Senão traçamos os segmentos AT e T C e o segmento OO0 (que passa por T ). Os
ângulos T OA e T O0 C são congruentes porque são alternos internos nessas paralelas em relação à transversal OO0 .

D C

T O´
O

A B

Temos ainda que



OT r r 2 OA
0
= 0 = √ = 0 .
OT r 0
r 2 OC
Como ∠T OA = ∠T O0 C e OT
O0 T = OA
O0 C então os triângulos T OA e T O0 C são semelhantes. Assim, ∠OT A = ∠O0 T C
e, portanto, os pontos A, T e C são colineares.

Questão 2. (pontuação: 1,0)

O poliedro representado na figura abaixo é tal que:


i) há exatamente um plano de simetria;
ii) em cada vértice, os planos das faces que se tocam são perpendiculares dois a dois, sendo possı́vel decompor o
sólido em três paralelepı́pedos;
iii) as dimensões nunca ultrapassam 19;
iv) os comprimentos das arestas são inteiros maiores do que 1;
v) o volume é igual a 1995.
x

2y
z
z y z

y
3x z 4y

a) Descreva o plano de simetria do poliedro.


b) Encontre os valores de x, y e z.

Uma solução:
a) O plano de simetria do poliedro é o plano perpendicular às arestas de comprimento 3x, que passa pelos seus
pontos médios.

b) Para calcular o volume do sólido, observamos que ele pode ser decomposto como união de três paralelepı́pedos,
e
V = 12xyz + 6xyz + xyz = 19xyz

Daı́, 19xyz = 1995, xyz = 105 e as possibilidades para x, y e z são: 3, 5 e 7; como as dimensões não podem
ultrapassar 19, x não poderá ser 7, y não poderá ser 5 ou 7. Deveremos ter, portanto, z = 7, x = 5 e y = 3, de modo
que as dimensões são as indicadas na figura:

5 5
7
5
6

7 3 7

3
15 7 12

Questão 3. (pontuação: 1,5)



O objetivo desta questão é demonstrar que a função f (x) = cos x, x ≥ 0, não é periódica, ou seja, não existe
√ √
nenhum número real positivo T tal que cos x + T = cos x para todo x ≥ 0.
a) Encontre todos os valores de T ≥ 0 para os quais f (T ) = f (0) e, a seguir, encontre todos os valores de T ≥ 0
para os quais f (T ) = f (2T ).
b) Use o ı́tem a) para mostrar que f (x) não é periódica.
Uma solução:

a) Se f (T ) = f (0), T ≥ 0, então cos T = cos0 = 1 e

T = 2kπ, k = 0, 1, 2, . . . ⇒ T = 4k 2 π 2 , k = 0, 1, 2, . . . (1)

Reciprocamente se T = 4k 2 π 2 , k = 0, 1, 2, . . . , então f (T ) = f (0).


√ √
Por outro lado, se f (T ) = f (2T ), T ≥ 0, então cos 2T = cos T e

√ √ √ √ √ √
2T = T + 2mπ, m ∈ Z tais que T + 2mπ ≥ 0 ou 2T = − T + 2mπ, m ∈ Z tais que − T + 2mπ ≥ 0

Logo

√ √ √ 4m2 π 2
T = 2mπ ⇒ 2T − 2 2T + T = 4m2 π 2 ⇒ T =
2T − √ , m = 0, 1, 2, . . . (2)
3−2 2

(para esses valores de T é imediato verificar que T + 2mπ ≥ 0) ou

√ √ √ 4m2 π 2
T = 2mπ ⇒ 2T + 2 2T + T = 4m2 π 2 ⇒ T =
2T + √ , m = 0, 1, 2, . . . (3)
3+2 2

(para esses valores de T é imediato verificar que − T + 2mπ ≥ 0).
4m2√
π2 4m2√
π2
Reciprocamente, se T = 3−2 2
ou T = 3+2 2
, m = 0, 1, 2, . . . , é imediato constatar que f (T ) = f (2T ).

b) Para mostrar que f não é periódica, suponhamos o contrário, isto é, admitamos a existência de um número
positivo T tal que
√ √
cos x + T = cos x,

para todo x ≥ 0.
Então,
√ √
cos 2T = cos T = cos0,

e, de a) (1), obtemos as igualdades 2T = 4k12 π 2 e T = 4k22 π 2 , com k1 e k2 inteiros positivos, logo

√ k1
2= ∈ Q,
k2

o que é impossı́vel dado que 2 é um número irracional.

Questão 4. (pontuação: 1,0)


A derivada de um polinômio p(x) = an xn + an−1 xn−1 + ... + a1 x + a0 é, por definição, o polinômio

p0 (x) = nan xn−1 + (n − 1)an−1 xn−2 + ... + 2a2 x + a1 .

Admita a regra da derivada do produto:

(p.q)0 (x) = p0 (x).q(x) + p(x).q 0 (x)

e prove que a ∈ R cumpre p(a) = p0 (a) = 0 se, e somente se, p(x) = (x − a)2 s(x) para algum polinômio s(x).

Uma solução:
(⇐) Supondo p(x) = (x − a)2 .s(x) = (x2 − 2ax + a2 ).s(x), vem que p0 (x) = 2(x − a).s(x) + (x − a)2 .s0 (x), logo,
p(a) = p0 (a) = 0.
(⇒) Reciprocamente, supondo p(a) = p0 (a) = 0, temos, pelo algoritmo da divisão, que p(x) = (x − a)q(x) para
algum polinômio quociente q(x). Derivando esta última igualdade, vem

p0 (x) = q(x) + (x − a).q 0 (x)

donde q(a) = 0, logo, novamente pelo algoritmo da divisão q(x) = (x − a).s(x) para algum polinômio s(x), e daı́
p(x) = (x − a)2 .s(x)

Questão 5. (pontuação: 1,5)

a) Maria tem 10 anéis idênticos e quer distribuı́-los pelos 10 dedos de suas mãos. De quantas maneiras diferentes
ela pode fazer isto? Suponha que é possı́vel colocar todos os anéis em qualquer um dos dedos.
b) Suponha agora que os 10 anéis sejam todos distintos. De quantas maneiras Maria pode distribuı́-los em seus
dedos? Aqui também, suponha que é possı́vel colocar todos os anéis em qualquer um dos dedos e que a ordem dos
anéis nos dedos é relevante.

Uma solução:
a) Numeramos os dedos de Maria de 1 a 10. Para descrever como Maria colocou seus anéis, basta dizer quantos
deles há em cada dedo; se xi é o número de anéis no i-ésimo dedo, temos então x1 + x2 + · · · + x10 = 10. O número
9 19!
de soluções inteiras não negativas dessa equação é C10+9 = 9!10! , que é a resposta a nosso problema.
Uma outra maneira de resolver o problema é denotar por A os anéis e por um traço, - , a separação dos anéis nos
dedos. Assim, por exemplo A A A A A - - - - A - - - - A A A A -, indicará que 5 anéis foram colocados no dedo
de número 1, um anel no dedo de número 5 e quatro anéis no dedo de número 9. Como existe uma correspondência
biunı́voca entre estes anagramas com 19 sı́mbolos (são 10 A´s e 9 traços -) e as configurações dos anéis nas mãos,
19!
há, neste caso, 9!10! maneiras diferentes da Maria colocar os 10 anéis.

b) Basta multiplicar o resultado encontado no ı́tem a) por 10!, pois quando os anéis são idênticos, a ordem em que
aparecem não é importante e cada configuração com 10 A´s idênticos obtidas em a) gerará 10! configurações com
19! 19!
anéis distintos, já que diferentes permutações dos anéis gerarão configurações distintas. A resposta é 10! 9!10! = 9! .

Uma outra solução é a seguinte: Supomos os anéis numerados de 1 a 10. Para descrever como Maria coloca seus
anéis, basta dizer, em cada dedo do primeiro ao décimo, a ordem em que eles aparecem da base do dedo até a ponta.
Indicando a passagem de um dedo para o seguinte pelo sı́mbolo -, vemos que uma descrição consiste de uma sequência
formada pelos números de 1 a 10 e por nove traços -. Para construir uma dessas sequências, ordenamos primeiro
os números, o que pode ser feito de maneiras 10! diferentes. Com isso, são criados 11 espaços entre os números
(contam-se também os espaços à esquerda e à direita da sequência numérica), nos quais devemos distribuir os nove
traços -. Estamos então buscando o número de soluções inteiras não negativas de y1 + y2 + · · · + y11 = 9 (aqui yi
19!
indica quantos traços serão colocados no i-ésimo espaço vazio), que é 9!10! . A resposta a nosso problema é então
19! 19!
10! 9!10! = 9! .

Questão 6. (pontuação: 1,0)


Uma sequência (an ) é tal que a1 = 1 e

a1 + a2 + · · · + an
an+1 = para todo n ≥ 1.
n+1
Mostre que os valores de an , para n ≥ 2, são todos iguais.

Uma solução:
1
Basta proceder por indução finita para mostrar qu an = 2 para todo n ≥ 2.
a1 1
Para n = 2, temos a2 = a1+1 = 2 = 2.
1
Admitamos agora que aj = 2, para j = 2, . . . n e mostremos que an+1 = 21 .

1
a1 + a2 + · · · + an 1+ 2 + 12 · · · + 1
2 1 + (n − 1) 21 1
an+1 = = = =
n+1 n+1 n+1 2
1
Segue, então, pelo Princı́pio da Indução Finita, que an = 2 para todo n ≥ 2.

Questão 7. (pontuação: 1,5)


Seja n ∈ N = {1, 2, 3, . . . } e considere os conjuntos:
nn o
A = {d ∈ N; d|n} e B= ; c∈A .
c
Denotemos por S(n) a soma dos divisores naturais de n e por S ∗ (n) a soma dos seus inversos.
a) Mostre que A = B e com isto conclua que
S(n)
S ∗ (n) = .
n
b) Mostre que n é um número perfeito se, e somente se,

S ∗ (n) = 2.

Uma solução:

a) Temos que
x ∈ A ⇐⇒ n = xc para algum c ∈ A

n
⇐⇒ x= para algum c ∈ A
c

⇐⇒ x ∈ B.
Seja A = {d1 , . . . , dr }, di 6= dj para i 6= j, logo
 
X X n n 1 1
S(n) = x= x= + ··· + =n + ··· + = nS ∗ (n),
d1 dr d1 dr
x∈A x∈B

daı́ segue-se que


S(n)
S ∗ (n) =
.
n
b) Por definição, sabemos que n é perfeito se, e somente se, S(n) = 2n. O resultado segue imediatamente, pois, em
virtude do item (a),
S(n) = 2n ⇐⇒ S ∗ (n) = 2.

Questão 8. (pontuação: 1,0)


Mostre que se p é primo, p > 3, então p2 deixa resto 1 na divisão por 24.
Uma solução:

Observe que como p > 3 é primo, então p = 3q + r com r = 1 ou 2. Temos assim dois casos a considerar:

• Se r = 1, p = 3q + 1 e como p − 1 é par, q deve ser par; assim q = 2k para algum k. Logo p2 = (3.2k + 1)2 =
12k(3k + 1) + 1; mas ou k é par ou 3k + 1 é par, assim temos que p2 = 24m + 1, para algum m, como querı́amos
mostrar.

• Se r = 2, p = 3q + 2 e, sendo p é ı́mpar, temos que q também será impar, digamos q = 2k + 1, para algum k.
Substituindo, temos que p2 = (3q + 2)2 = (6k + 5)2 = 12k(3k + 5) + 24 + 1, mas ou k é par ou 3k + 5 é par, assim
temos que p2 = 24m + 1, para algum m, como querı́amos mostrar.
EXAME NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO 2013 - 2

GABARITO

Questão 1.
Considere um triângulo equilátero de lado 3 e seja A1 sua área. Ao ligar os pontos médios de cada lado, obtemos
um segundo triângulo equilátero de área A2 inscrito no primeiro. Para este segundo triângulo equilátero, ligamos
os pontos médios de seus lados e obtemos um terceiro triângulo equilátero de área A3 inscrito no segundo e assim
sucessivamente, gerando uma sequência de áreas (An ), n = 1, 2, 3, . . . √
9 3
Usando o Princípio de Indução Finita, mostre que a fórmula An = n é verdadeira para todo n ≥ 1 natural.
4
Uma solução:

Usando do teorema de Pitágoras conseguimos obter a altura, h1 , do primeiro triângulo, a saber:


 2 √
3 27 3 3
h21 2
=3 − = =⇒ h1 = ·
2 4 2
Assim, concluímos que a área do primeiro triângulo é dada por

3.h1 9 3
A1 = =
2 4

9 3
Acabamos de verificar, assim, a validade da fórmula An = n para n = 1.
4
Agora, supondo que a fórmula seja válida para algum k, ou seja, que

9 3
Ak = k
4
devemos mostrar que ela é válida para k + 1. Como o triângulo inscrito tem área igual a 1/4 da do triângulo obtido
no estágio anterior, concluímos que
√ √
1 Hip.Ind. 1 9 3 9 3
Ak+1 = Ak = · k = k+1
4 4 4 4

9 3
Portanto, o Princípio de Indução Finita garante a validade da fórmula An = n para todo natural n ≥ 1.
4

Uma outra maneira, mais detalhada, de provar o passo indutivo é a seguinte:


Denotemos por hk e Lk a altura e a medida do lado do triângulo da etapa k, respectivamente, e notemos que
 2 √
2 2 Lk 3Lk
(hk ) = Lk − =⇒ hk = ·
2 2

3 2
Logo Ak = L .
4 k
Na etapa k + 1 teremos uma triângulo equilátero cuja medida do lado é metade da medida do lado do triângulo
anterior. Além disso, a altura será
 2  2 √
2 Lk Lk 3Lk
(hk+1 ) = − =⇒ hk+1 = ·
2 4 4

Portanto, a área do triângulo da etapa k + 1 é

hk+1 L2k

Ak+1 =
2
√ 2
1 3Lk
= ·
4 4
1
= · Ak
4

Hip.Ind. 1 9 3
= ·
4 4k

9 3
= ,
4k+1

√ k + 1.
o que prova que a fórmula vale para
9 3
Por Indução, a fórmula An = n vale para todo natural n ≥ 1.
4

Questão 2.
A sequência (an ), n ≥ 0, é definida da seguinte maneira:
• a0 = 4
• a1 = 6
an
• an+1 = , n≥1
an−1
a) Encontre a7 .
b) Encontre a soma dos primeiros 2013 termos da sequência.

Uma solução:

a) Basta fazer um cálculo direto: a7 = 6. Na verdade a sequência é dada por 4, 6, 6/4, 1/4, 1/6, 4/6, 4, 6,... e
vemos que ela se repete em ciclos de tamanho 6; os termos de índices n = 6, 12, ..., 6k, ... k ∈ N são todos iguais a 4;
isto será usado no ítem b).
b) Para encontrarmos a soma, primeiramente observamos que a soma do seis primeiros termos a0 + a1 + . . . a5 é
6 1 1 4 151 151
igual a 4 + 6 + + + + = . Assim, até 2009 (incluindo-o) temos 335 blocos iguais a . Portanto, a soma
4 4 6 6 12 12
solicitada é igual a

151 6 50723
335( )+4+6+ = .
12 4 12

Questão 3.
Um cone de revolução tem altura x e está circunscrito a uma esfera de raio 1. Calcule o volume desse cone em função
de x.

Uma solução:

x
T
O 1
1

A M r B

Sejam:
AB um diâmetro da base do cone,
M o centro da base,
C o vértice do cone,
O o centro da esfera inscrita no cone e
T o ponto de tangência da geratriz CB do cone com a esfera.
Temos CM = x e OM = OT = 1.

Seja r o raio da base do cone. O comprimento de uma geratriz do cone é CB = x2 + r 2 .
Como CM é perpendicular a AB e OT é perpendicular a CB, os triângulos CT O e CM B são semelhantes. Daí,

OC OT x−1 1
= ⇒√ =
CB MB 2
x +r 2 r
Elevando ao quadrado e aplicando a propriedade das proporções que permite obter nova fração equivalente às
anteriores subtraindo-se numeradores e denominadores (ou fazendo os cálculos), temos:
x2 − 2x + 1 1 x2 − 2x x−2 x
2 2
= 2 = = ⇒ r2 =
x +r r x2 x x−2
1 2 π x πx2
O volume do cone é V = πr x = · ·x= .
3 3 x−2 3(x − 2)

Questão 4. Na figura, temos um triângulo equilátero ABC e um segundo triângulo P QR cujos lados RP , P Q, QR
são, respectivamente, perpendiculares aos lados AB, BC, AC do triângulo ABC.

C
R

A P B

a) Mostre que o triângulo P QR é equilátero. Conclua que AP = BQ = CR.


b) Se o triângulo ABC tem área 1, encontre a área do triângulo P QR.

Uma solução:

a) Basta observar que cada um dos ângulos do triângulo menor P QR mede 60o para concluir que ele é equilátero.
Para mostrar que AP = BQ notamos que os triângulos P AR e QBP são congruentes, pois são semelhantes e
acabamos de mostrar que P R = BQ. Analogamente AP = CR.
Logo AP = BQ = CR.

b) Primeiramente, notemos que AP R é um triângulo retângulo 30o -60o -90o , ou seja, é a metade
de um triângulo
AP
1
equilátero. Logo, temos que AR = 2AP , e, consequentemente, P B = AR = 2AP , ou ainda, . =
PB
2
1
Se chamarmos L o comprimento do lado do triângulo ABC e l o lado do triângulo P QR, temos que AP = L e
3
2
AR = P B = L. Daí,
3
P itágoras 4 2 1 2 1
l2 = (RP )2 = L − L = L2
9 9 3
1 1
e a razão entre as áreas dos triângulos P QR e ABC é , logo o triângulo P QR tem área igual a .
3 3

Questão 5.
Sejam f : R → R uma função periódica e g : R → R uma função qualquer.
a) A função composta g ◦ f é necessariamente periódica? Em caso afirmativo, demonstre; em caso negativo,
apresente um contra-exemplo.
b) A função composta f ◦ g é necessariamente periódica? Em caso afirmativo, demonstre; em caso negativo,
apresente um contra-exemplo.

Uma solução:

a) Seja T > 0 o período de f , então f (x + T ) = f (x), ∀x ∈ R.


Como
(g ◦ f )(x + T ) = g(f (x + T )) = g(f (x)) = (g ◦ f )(x), ∀x ∈ R,

concluímos que g ◦ f é também periódica.

b) É falso. Considere, por exemplo, as funções f (x) = sen(x) e g(x) definida por

 0, se x < 0


g(x) =
 π , se x ≥ 0


2
Então f ◦ g não é periódica.

 0, se x < 0


(f ◦ g)(x) =

 1, se x ≥ 0

Se existisse T > 0 tal que (f ◦ g)(x + T ) = (f ◦ g)(x), ∀x ∈ R, tomando x = −T , (f ◦ g)(0) = 1 = (f ◦ g)(−T ) = 0,


uma contadição.

Questão 6.
Considere a equação:

1 3
|x||x − 3| = 2|x −|
2 2
a) Quais são as raízes dessa equação? Explique detalhadamente como as encontrou.
1 3
b) Esboce, em um mesmo plano cartesiano, os gráficos das funções f (x) = |x||x − 3| e g(x) = 2|x − | e marque
2 2
as raízes que você encontrou no ítem a).

Uma solução:

a) A equação é equivalente as igualdades:


x2 − 3x = 4x − 6, ou x2 − 7x + 6 = 0, cujas raízes são x = 1 e x = 6; e
x2 − 3x = −4x + 6 ou x2 + x − 6 = 0, cujas raízes são x = −3 e x = 2.
Logo, temos quatro raízes: -3, 1, 2 e 6.

b) Os gráficos das funções estão esboçados na figura abaixo:


f(x)

g(x)

-3 12 6

raízes

Questão 7.
Determine todos os inteiros X que são soluções da congruência

X 49 + X 14 + X 12 − 2X ≡ 0 (mod7)

Uma solução:

Se X ≡ 0(mod7), é claro que X é solução da congruência dada. Podemos então supor que 7 não divide X e
procurar outras possíveis soluções. Neste caso, pelo Teorema de Fermat, sabemos que

X 6 ≡ 1(mod7)

e que X 7 ≡ X(mod7). Concluímos que X 49 ≡ (X 7 )7 ≡ X 7 ≡ X(mod7), X 14 ≡ (X 7 )2 ≡ X 2 (mod7) e X 12 ≡ (X 6 )2 ≡


1(mod7). Substituindo na congruência dada, temos:

X 49 + X 14 + X 12 − 2X ≡ X 2 − X + 1(mod7)

Analisando cada caso (exceto X ≡ 0(mod7) que já sabemos ser solução da congruência original), temos a tabela
abaixo, na qual todas as congruências são módulo 7.

X ≡ 1 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 1

X ≡ 2 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 3
X ≡ 3 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 0

X ≡ 4 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 6

X ≡ 5 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 0

X ≡ 6 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 3

As soluções de X 49 + X 14 + X 12 − 2X ≡ 0 (mod7) são X ≡ 0, X ≡ 3 e X ≡ 5, ou seja, o conjunto solução é:

S = {X : X = 7K, K ∈ Z} ∪ {X : X = 7K + 3, K ∈ Z} ∪ {X : X = 7K + 5, K ∈ Z}

Questão 8.
Encontre o menor natural k, k > 2008, tal que 1 + 2 + · · · + k seja um múltiplo de 13. Justifique sua resposta.

Uma solução:
k(k + 1)
Sabemos que 1 + 2 + · · · + k = . Assim, para que a soma seja um múltiplo de 13, temos que ter que k(k + 1)
2
é um múltiplo de 13 e já que 13 é um número primo, então ou k ou k + 1 é um múltiplo de 13. Como queremos o
menor valor de k para que isto aconteça, devemos ter que k + 1 é um múltiplo de 13; assim k + 1 = 2015 e portanto
k = 2014.
ENQ2014.1 - Gabarito e Pauta de Correção

Questão 1 [ 1,0 pt ]

O máximo divisor comum de dois inteiros positivos é 20. Para se chegar a esse resultado pelo processo das divisões
sucessivas, os quocientes encontrados foram, pela ordem, 1, 5, 3, 3, 1 e 3. Encontre os dois números.

Solução
Utilizando o processo das divisões sucessivas, para os inteiros positivos a, b, obtém-se:

• a = b · 1 + r; 0 < r < b

• b = r · 5 + r1 ; 0 < r 1 < r

• r = r1 · 3 + r2 ; 0 < r 2 < r 1

• r1 = r2 · 3 + r3 ; 0 < r 3 < r 2

• r2 = r3 · 1 + r4 ; 0 < r 4 < r 3

• r3 = r4 · 3

Portanto, r4 = (a, b) = 20 e r3 = 60. Substituindo esses valores nas equações anteriores encontra-se a = 6180 e b = 5200.

Pauta de correção

• Demonstrar saber o que é o processo das divisões sucessivas [0,25]

• Realizar todas as etapas do processo para este caso [0,25]

• Encontrar os valores corretos dos restos [0,25]

• Obter os valores corretos de a e b [0,25]

Questão 2 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Dado um polı́gono regular convexo de n lados inscrito em um cı́rculo de raio R, seja ln o comprimento dos lados e
seja an a distância do centro do cı́rculo aos lados do polı́gono (an é o apótema do polı́gono).

(a) Calcule l12 e a12 em função de R.

(b) Use o item (a) para obter o valor de tg 75◦ .

Solução
(a) Dados um cı́rculo de raio R e um dodecágono regular nele inscrito, considere um triângulo cujos lados sejam dois raios do
cı́rculo e um dos lados do dodecágono. Este triângulo tem dois lados de medida R e um de medida l12 . O ângulo do triângulo
oposto ao lado de medida l12 é central, correspondendo a um arco de medida 360◦ /12 = 30◦ . Assim, pela lei dos cossenos,

(l12 )2 = R2 + R2 − 2 · R · R · cos 30◦ ,


logo,

(l12 )2 = R2 (2 − 3),

e, com isso,

q
l12 = R 2− 3.

A altura do triângulo considerado acima, relativa ao lado de medida l12 , tem medida a12 , e divide o triângulo em dois
triângulos retângulos cujos catetos medem a12 e l12 /2, e cuja hipotenusa é R. Assim,
 2
l12
R2 = + (a12 )2 ,
2

logo,
 2
l12
(a12 )2 = R2 −
2

2 2− 3 2
= R −R ·
4

2 2+ 3
= R · .
4
Portanto,
√ p
2+ 3 R
a12 = .
2
(b) O primeiro triângulo considerado no item (a), é isósceles e tem o ângulo do vértice de medida 30◦ . Logo, seus outros
dois ângulos medem 75◦ . O triângulo retângulo utilizado em (a) para o cálculo de a12 tem então catetos adjacente e oposto
de medidas p √ p √
R 2− 3 R 2+ 3
l12 /2 = e a12 = ,
2 2
respectivamente. Assim, p √  p √
a12
◦ R 2 + 3 /2 2+ 3
tg 75 = = p √  = p √ .
l12 /2 R 2 − 3 /2 2− 3
p √
Multiplicando numerador e denominador da expressão acima por 2 + 3, obtém-se

tg 75◦ = 2 + 3.

Pauta de correção
Item (a)

• Encontrar o valor correto de l12 [0,25]

• Encontrar o valor correto de a12 [0,25]

Item (b)

• Identificar triângulo retângulo com ângulo interno de 75◦ [0,25]

• Obter o valor correto de tg 75◦ [0,25]

Questão 3 [ 1,0 pt ]

Um quadrilátero tem os seus vértices sobre cada um dos lados de um quadrado, cujo lado tem medida 1. Sabendo
que as medidas dos lados desse quadrilátero são a, b, c e d, prove que

2 ≤ a2 + b2 + c2 + d2 ≤ 4.
Solução
Denote por ABCD o quadrado de lado 1 e por M N OP o quadrilátero inscrito no quadrado tal que P M = a, M N = b, N O = c
e OP = d, conforme mostra a figura.
Denote ainda por x = AM , y = BN , z = CO e t = DP . Como o quadrado ABCD tem lado 1, tem-se que M B =
1 − x, CN = 1 − y, OD = 1 − z e P A = 1 − t. Usando o Teorema de Pitágoras nos triângulos retângulos AM P, M BN, N CO
e ODP, conclui-se que

a2 = x2 + (1 − t)2 ,
b2 = (1 − x)2 + y 2 ,
c2 = (1 − y)2 + z 2 ,
d2 = (1 − z)2 + t2 .

Somando, obtém-se

a2 + b2 + c2 + d2 = [x2 + (1 − x)2 ] + [y 2 + (1 − y)2 ]


+ [z 2 + (1 − z)2 ] + [t2 + (1 − t)2 ]
= (2x2 − 2x + 1) + (2y 2 − 2y + 1)
+ (2z 2 − 2z + 1) + (2t2 − 2t + 1)
= f (x) + f (y) + f (z) + f (t),

onde f (x) = 2x2 −2x+1, x ∈ [0, 1]. Agora é necessário calcular os valores de máximo e mı́nimo da função f (x) = 2x2 −2x+1, x ∈
[0, 1]. Visto que f é uma função quadrática de coeficiente lı́der positivo, o valor mı́nimo ocorre no vértice (desde que esse vértice
esteja dentro do intervalo) e o valor máximo ocorre em um dos extremos do intervalo. Como f (0) = f (1) = 1, a simetria da
parábola assegura que o vértice está dentro do intervalo e ocorre em x = 1/2. Como f (1/2) = 1/2, obtém-se que
1
≤ f (x) ≤ 1, ∀ x ∈ [0, 1].
2
Desta forma, como a2 + b2 + c2 + d2 = f (x) + f (y) + f (z) + f (t), conclui-se que
1 1 1 1
2= + + + ≤ a2 + b2 + c2 + d2 ≤ 1 + 1 + 1 + 1 = 4.
2 2 2 2

Pauta de correção

• Perceber que as medidas a, b, c e d são hipotenusas de triângulos retângulos e usar o Teorema de Pitágoras: [0,25].

• Perceber que a soma a2 + b2 + c2 + d2 pode ser escrita da forma f (x) + f (y) + f (z) + f (t), onde f (u) = 2u2 − 2u + 1:
[0,5]

• Usar máximos e mı́nimos de funções quadráticas no intervalo [0, 1] para concluir as desigualdades: [0,25].
Questão 4 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

De uma caixa contendo 50 bolas numeradas de 1 a 50 retiram-se duas bolas, sem reposição. Determine a probabi-
lidade de:

(a) o número da primeira bola ser divisı́vel por 3 e o número da segunda bola ser divisı́vel por 5.

(b) o número da primeira bola ser divisı́vel por 4 ou o número da segunda bola ser divisı́vel por 6.

Solução

(a) Das 50 bolas numeradas que constam na caixa, 16 bolas correspondem a números divisı́veis por 3 e 10 bolas correspon-
dem a números divisı́veis por 5. Entretanto há 3 bolas (15, 30 e 45) que correspondem a números divisı́veis por 15,
sendo, portanto, divisı́veis tanto por 3 quanto por 5.
O evento retirar da caixa duas bolas, sem reposição, de modo que o número da primeira seja divisı́vel por 3 e da segunda
seja divisı́vel por 5, pode ser distribuı́do em dois eventos:
Evento A: O número da primeira bola é divisı́vel por 3, mas não por 5, e o número da segunda bola é divisı́vel por 5:

13 10 130
P (A) =× =
50 49 2450
Evento B: O número da primeira bola é divisı́vel por 3 e também por 5, e o número da segunda bola é divisı́vel por 5:

3 9 27
×
P (B) = =
50 49 2450
157
Assim, a probabilidade de o número da primeira bola ser divisı́vel por 3 e o da segunda ser divisı́vel por 5 é 2450
.

(b) Das 50 bolas numeradas que constam na caixa, 12 bolas correspondem a números divisı́veis por 4 e 8 bolas compreendem
a números divisı́veis por 6. Entretanto há 4 bolas (12, 24, 36 e 48) que compreendem a números divisı́veis por 12, sendo,
portanto, divisı́veis tanto por 4 quanto por 6.
A probabilidade de retirar da caixa duas bolas, sem reposição, de modo que o número da primeira seja divisı́vel por 4
ou o da segunda seja divisı́vel por 6, pode ser calculada retirando-se da probabilidade total a probabilidade do evento
o número da primeira bola não ser divisı́vel por 4 e o da segunda não ser divisı́vel por 6, que não satisfaz a condição
inicial apresentada . Tal evento deve ser analisado sob dois outros eventos que o compõem:
Evento C: O número da primeira bola não é divisı́vel por 4 mas é divisı́vel por 6, e o número da segunda bola não é
divisı́vel por 6:

4 42 168 84
P (C) =× = =
50 49 2450 1225
Evento D: O número da primeira bola não é divisı́vel por 4 e nem é divisı́vel por 6, e o número da segunda bola não é
divisı́vel por 6:

34 41 1394 697
×
P (D) = = =
50 49 2450 1225
Desse modo, a probabilidade de o número da primeira bola não ser divisı́vel por 4 e o da segunda não ser divisı́vel por
781
6 é 1225
. Logo, a probabilidade de retirar da caixa duas bolas, sem reposição, de modo que o número da primeira seja
divisı́vel por 4 ou o da segunda seja divisı́vel por 6 é:
781 444
1− =
1225 1225

Pauta de correção
Item (a)
• Calcular corretamente a probabilidade de um dos dois eventos (A ou B) [0,25]

• Calcular corretamente a probabilidade do outro evento e encontrar a resposta correta [0,25]

Item (b)

• Calcular corretamente a probabilidade de um dos dois eventos (C ou D) [0,25]

• Calcular corretamente a probabilidade do outro evento e encontrar a resposta correta [0,25]

Questão 5 [ 1,0 pt ]

Para todo n inteiro positivo, seja


1 1 1
Hn = 1 + + + ··· + .
2 3 n
Prove, por indução em n, que n + H1 + · · · + Hn−1 = nHn , para todo n ≥ 2.

Solução

Seja P (n) a proposição: n + H1 + · · · + Hn−1 = nHn , para todo n ≥ 2.


 
3 1
Para n = 2 temos que 2 + H1 = 2 + 1 = 3 = 2 · = 2 · 1 + = 2H2 .
2 2
Suponha agora que P (n) é verdadeira para n = k, ou seja,

k + H1 + · · · + Hk−1 = kHk .

Resta provar que P (n) continua válida para n = k + 1.

De fato, (k + 1) + H1 + · · · + Hk−1 + H(k+1)−1 = (k + H1 + · · · + Hk−1 ) + Hk + 1 =


 
1
kHk + Hk + 1 = (k + 1)Hk + 1 = (k + 1) Hk + = (k + 1)Hk+1
k+1
e assim P (k + 1) é verdadeira.

Pauta de correção

• Provar para n = 2 [0,25]

• Provar para n = k + 1 [0,75]

Questão 6 [ 1,0 pt ::: (a)=0,25; (b)=0,75 ]

Considere o prisma ABCDEF de bases triangulares da figura.

(a) Mostre que os tetraedros ABCE e CDEF têm o mesmo volume.

(b) Mostre também que os tetraedros CDEF e ACDE têm o mesmo volume e conclua que o volume de um
tetraedro é a terça parte do produto da área da base pela altura.

Informação: Assuma o fato de que dois tetraedros com bases de mesma área e alturas congruentes têm volumes
iguais.
Solução

(a) Considerando o tetraedro ABCE com base ABC, sua altura é igual à do prisma. Considerando CDEF com base DEF ,
sua altura também é igual à do prisma. Como ABC e DEF são congruentes, pela definição de prisma, as bases dos
tetraedros têm mesma área. Como as alturas são congruentes, ABCE e CDEF têm mesmo volume.

(b) Como ACDF é um paralelogramo, os triângulos ACD e CDF são congruentes, logo têm mesma área. Observe que
estes dois triângulos estão contidos em um mesmo plano π. Considerando ACD como base de ACDE, a altura deste
tetraedro é a distância de E a π. Sendo CDF a base de CDEF , a altura é a distância de B a π. Mas, pela definição de
prisma, BE é paralelo a π, logo, as distâncias de B e E a π são iguais, e, então, os tetraedros têm mesma altura. Como
a área da base é igual, os volumes são iguais.
O volume do prisma é dado por Área(ABC) · h, onde h é sua altura. Os volumes dos três tetraedros ABCE, CDEF e
ACDE, nos quais o prisma pode ser decomposto, são iguais, logo

Área(ABC) · h = Volume(ABCE) + Volume(CDEF ) + Volume(ACDE)


= 3Volume(ABCE),

logo Volume(ABCE) = 31 Área(ABC) · h.

Pauta de correção
Item (a)

• Concluir a igualdade dos volumes, utilizando que as bases ABC e DEF são congruentes e que as alturas relativas a
estas bases são iguais [0,25]

Item (b)

• Perceber um dos seguintes fatos: [0,25]


– que as bases ACD e CDF têm a mesma área;
– que a altura de ACDE relativa ao vértice E é congruente à altura de CDEF relativa a E.

• Perceber o outro desses dois fatos e concluir a igualdade dos volumes [0,25]

• Concluir que o volume do tetraedro é um terço do volume do prisma, utilizando a decomposição do prisma nos tetraedros
ACDE, CDEF e ABCE e o fato de que têm mesmo volume. [0,25]
Questão 7 [ 1,0 pt ]

Mostre que a7 ≡ a mod 21, para todo inteiro a.

Solução
Seja a um inteiro qualquer. Observe que 21 = 3 × 7, com (3,7)=1 e assim [3,7]=21. Como 3 e 7 são primos, pelo Pequeno
Teorema de Fermat, tem-se que a7 ≡ a mod 7 e a3 ≡ a mod 3. Tomando a congruência a3 ≡ a mod 3, elevando ao quadrado,
segue que a6 ≡ a2 mod 3. Em seguida, multiplicando por a, vemos que a7 ≡ a3 mod 3, donde a7 ≡ a mod 3. Agora, como
a7 ≡ a mod 3 e a7 ≡ a mod 7, segue que a7 ≡ a mod [3, 7], isto é, a7 ≡ a mod 21.
Alternativa 1: Pode-se também mostrar que a7 ≡ a mod 3 usando a outra forma do Pequeno Teorema de Fermat: Se 3 | a
tem-se que a ≡ 0 mod 3 , portanto a7 ≡ a mod 3. No caso 3 - a, (a, 3) = 1 e pelo Pequeno Teorema de Fermat a2 ≡ 1 mod 3.
Elevando ao cubo e em seguida multiplicando por a tem-se que a7 ≡ a mod 3.
Alternativa 2: Pode-se usar também classes residuais: Seja a um inteiro qualquer. Segue que a ≡ 0 mod 3, a ≡ 1 mod 3
ou a ≡ 2 mod 3. Se a ≡ 0 mod 3 tem-se que a7 ≡ a mod 3. Se a ≡ 1 mod 3 tem-se que a7 ≡ 1 mod 3, donde a7 ≡ a mod 3.
No caso a ≡ 2 mod 3, elevando ao quadrado, segue que a7 ≡ 27 mod 3, onde 27 ≡ 2 mod 3, portanto a7 ≡ a mod 3.

Pauta de correção
• Provar que a7 ≡ a mod 7 [0, 25]
• Provar que a7 ≡ a mod 3 [0, 5]
• Concluir que a7 ≡ a mod [3, 7] [0, 25]

Questão 8 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Sejam f : X → Y e g : Y → X duas funções. Prove que:


(a) se g ◦ f é injetiva, então f é injetiva.

(b) se f ◦ g é sobrejetiva, então f é sobrejetiva.

Solução

(a) O objetivo é mostrar que, dados x1 , x2 ∈ X satisfazendo f (x1 ) = f (x2 ), então x1 = x2 . Assuma f (x1 ) = f (x2 ). Como
g : Y → X é uma função, tem-se que g(f (x1 )) = g(f (x2 )), isto é, (g ◦ f )(x1 ) = (g ◦ f )(x2 ). Como g ◦ f : X → X é
injetiva por hipótese, conclui-se que x1 = x2 , ou seja, f : X → Y é injetiva.
(b) O objetivo é mostrar que, dado qualquer y ∈ Y, existe x ∈ X tal que f (x) = y. Visto que f ◦ g : Y → Y é sobrejetiva,
dado qualquer y ∈ Y, existe y1 ∈ Y tal que (f ◦ g)(y1 ) = y, isto é f (g(y1 )) = y. Denotando por x = g(y1 ) ∈ X, conclui-se
que, dado y ∈ Y, existe x = g(y1 ) ∈ X tal que f (x) = y, isto é, f é sobrejetiva.

Pauta de correção
Item (a)
• Usar corretamente as definições de injetividade e composição de funções [0,25]
• Concluir corretamente a solução do item [0,25]
Item (b)
• Usar corretamente as definições de sobrejetividade e composição de funções [0,25]
• Concluir corretamente a solução do item [0,25]
GABARITO E PAUTA DE CORREÇÃO DO ENQ-2014.2

Questão 1 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Sejam a, b, p inteiros, com p primo. Demonstre que:

(a) se p não divide a, então (p, a) = 1.

(b) se p | ab, então p | a ou p | b.

Solução

(a) Suponha que p - a e seja d = (p, a). Segue que d | p e d | a. Como p é primo, d = p ou d = 1. Mas d 6= p, pois
p - a e, consequentemente d = 1.

(b) Basta provar que, se p | ab e p - a, então p | b. Suponha então que p | ab e p - a. Segue que (a, p) = 1 e daı́,
existem r e s inteiros tais que ra + sp = 1. Multiplicando esta equação por b tem-se que rab + spb = b. Mas
p | ab e p | p, portanto p | b.

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)

• Usar o fato de que p é primo e concluir que (p, a) = p ou (p, a) = 1 [0, 25]

• Concluir que (p, a) = 1 [0, 25]

Item (b)

• Escrever a estratégia da prova [0, 25]

• Concluir a prova [0, 25]

Questão 2 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Duas sequências de números reais xn e yn estão relacionadas pelas recorrências

xn+1 = 2xn + yn , yn+1 = 5xn − 2yn .

(a) Mostre que a sequência xn satisfaz a recorrência xn+2 = 9xn .

(b) Suponha x0 = y0 = 1. Encontre as fórmulas gerais para as sequências xn e yn em função de n.


Solução

(a) Como xn+1 = 2xn + yn e yn+1 = 5xn − 2yn , segue que xn+2 = 2xn+1 + yn+1 = 2(2xn + yn ) + 5xn − 2yn =
4xn + 2yn + 5xn − 2yn = 9xn .

(b) A recorrência xn+2 − 9xn = 0 tem como equação caracterı́stica r2 − 9 = 0, cujas raı́zes são r1 = −3 e r2 = 3.
Com isso a solução da recorrência é dada por xn = C1 (−3)n + C2 · 3n . Como x0 = y0 = 1 temos que
x1 = 2x0 + y0 = 3. Logo segue que 1 = C1 (−3)0 + C2 · 30 e 3 = C1 (−3)1 + C2 · 31 , ou seja, C1 + C2 = 1 e
−3C1 + 3C2 = 3, cuja solução é C1 = 0 e C2 = 1. Portanto xn = 3n e yn = xn+1 − 2xn = 3n+1 − 2 · 3n = 3n .

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)

• Provar o resultado [0, 5]

Item (b)

• Determinar xn [0, 25]

• Encontrar yn [0, 25]

Questão 3 [ 1,0 pt ]

Considere o triângulo ABC de lados a, b, c e alturas ha , hb e hc relativas respectivamente aos lados a, b e


1 1 1
c. Prove que ABC é semelhante a um triângulo de lados , e .
ha hb hc

Solução
No triângulo ABC, temos que ha é a altura relativa ao lado a, hb é a altura relativa ao lado b e hc é a altura relativa
ao lado c. Sendo assim, podemos escrever três relações que fornecem a mesma área, ou seja, a área do triângulo
ABC:
a · ha b · hb c · hc
= =
2 2 2
a
Dessa forma, temos que a · ha = b · hb = c · hc . Como a · ha = (1/h a)
, podemos reescrever a expressão anterior na
forma:
a b c
1 = 1 = 1 ,
ha hb hc

o que mostra que os triângulos de lados a, b, c e lados (1/ha ), (1/hb ), (1/hc ) são semelhantes.

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Observar que a · ha /2, b · hb /2 e c · hc /2 são, as três, expressões da área do triângulo (ou, obviamente, que
a · ha ,b · hb e c · hc são o dobro da área) [0,5]

• Utilizar a conclusão anterior para concluir que a/(1/ha ) = b/(1/hb ) = c/(1/hc ) [0,25]

• Concluir a semelhança [0,25]


Questão 4 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Sejam x e y dois números racionais com x < y.


x+y y−x
(a) Prove que x < < y e que x < x + √ < y.
2 2
(b) Mostre que entre dois números racionais quaisquer existe pelo menos um número racional e um
irracional.

Solução
x+y
(a) Como x < y por hipótese, somando x em ambos os lados desta desigualdade tem-se 2x < x+y, logo x < .
2
De modo análogo, somando y em ambos os lados de x < y tem-se x + y < 2y, ou seja, x+y 2 < y. Portanto
x+y y−x
segue-se que x < < y. Por outro lado, x < y ⇒ y − x > 0 ⇒ √ > 0 e somando x em ambos os
2 2
y−x
lados desta última desigualdade obtém-se x < x + √ . Para demonstrar a segunda parte da desigualdade,
2
y−x
observe que x + √ < y
√ 2 √ √ √
equivale a 2x + y − x < 2y, ou ainda, ( 2 − 1)x < ( 2 − 1)y que nos dá x < y. Portanto, usando argumento
y−x
de volta, pode-se concluir que x + √ < y e, juntando as duas partes chega-se a desigualdade desejada,
2
y−x
x < x + √ < y.
2
x+y
(b) A primeira parte do item (a) nos diz que o número z1 = está situado entre os números racionais x e y e
2
como soma e produto de números racionais é um número racional, segue que z1 satisfaz a condição requerida.
y−x
A segunda parte de (a) nos diz que o número z2 = x + √ também está situado entre os números racionais
2
1
x e y e para concluir, basta ver que z2 é irracional. Sabemos que √ é irracional e que produto de irracional
2
1 y−x
por racional não nulo é irracional. Como y − x > 0 é racional, segue que √ · (y − x) = √ é irracional.
2 2
y−x
A soma de um racional com um irracional também é irracional e portanto z2 = x + √ é irracional e está
2
situado entre os números racionais x e y.

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)
x+y
• Provar que x < <y [0,25]
2

y−x
• Provar que x < x + √ < y [0,25]
2
Item (b)

• Provar que entre dois números racionais existe pelo menos um racional [0,25]

• Provar que entre dois números racionais existe pelo menos um irracional [0,25]
Questão 5 [ 1,0 pt ]

Em uma cesta contendo ovos, na contagem de dois em dois, de três em três, de quatro em quatro e de
cinco em cinco, sobram 1, 2, 3 e 4 ovos, respectivamente. Qual é a menor quantidade de ovos que a cesta
pode ter?

Solução
Representamos por N o número procurado. Sabemos que N é uma solução do seguinte sistema de congruências:


 x ≡ 1 mod 2


 x ≡ 2 mod 3


 x≡ 3 mod 4

x≡ 4 mod 5

Como (3, 4) = (3, 5) = (4, 5) = 1 consideramos primeiramente o sistema formado pelas três últimas congruências e
usamos o Teorema Chinês dos Restos para resolvê-lo. Neste caso, M = 3 · 4 · 5 = 60, M1 = 20, M2 = 15 e M3 = 12.
Por outro lado, y1 = 2, y2 = 3 e y3 = 3 são soluções, respectivamente, das congruências 20y1 ≡ 1 mod 3, 15y2 ≡ 1
mod 4 e 12y3 ≡ 1 mod 5. Portanto, uma solução é dada por

M1 y1 c1 + M2 y2 c2 + M3 y3 c3 = 20 · 2 · 2 + 15 · 3 · 3 + 12 · 3 · 4 = 359.

As soluções do sistema são x = 359 + 60t, onde t ∈ Z. A menor solução é 59, quando t = −5. Como 59 também
satisfaz a primeira congruência concluimos que N = 59.

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Montar o sistema [0, 25]

• Determinar a solução geral [0, 5]

• Obter a menor solução positiva [0,25]

Outra solução :
Representamos por N o número procurado. Sabemos que N é uma solução do seguinte sistema de congruências:


 x≡ 1 mod 2


 x≡ 2 mod 3


 x≡ 3 mod 4

x≡ 4 mod 5

Somando 1, nos dois lados, de cada congruência:




 x+1≡ 0 mod 2


 x+1≡ 0 mod 3


 x+1≡ 0 mod 4

x+1≡ 0 mod 5

o qual é equivalente à congruência x + 1 ≡ 0 mod [2, 3, 4, 5], onde [2, 3, 4, 5] = 60, obtemos as soluções x + 1 = 60t,
onde t ∈ Z. A menor solução positiva ocorre quando t = 1, portanto N = 59.
PAUTA DE CORREÇÃO:

• Montar o sistema [0, 25]

• Determinar a solução geral [0, 5]

• Obter a menor solução positiva [0,25]

Questão 6 [ 1,0 pt ]

Um professor do Ensino Médio propôs a seguinte questão:

“Dada a sequência 1, 4, 9, 16, . . ., determine o quinto termo”.

Um aluno achou um resultado diferente de 25, que era a resposta esperada pelo professor. Ele obteve
um polinômio P (x) satisfazendo cinco condições: P (1) = 1, P (2) = 4, P (3) = 9, P (4) = 16 e P (5) 6= 25.
Encontre um polinômio P (x) satisfazendo as condições acima e tal que P (5) = 36.

Sugestão: Analise o polinômio Q(x) = P (x) − x2 .

Solução
Seja Q(x) = P (x) − x2 . Observe que x = 1, x = 2, x = 3, x = 4 são raı́zes de Q(x) e podemos escrevê-lo da seguinte
forma:
Q(x) = h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4),

onde h(x) é uma função de x. Temos então que

P (x) = x2 + h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4).

Como o enunciado pede para encontrarmos um polinômio, façamos h(x) = k, sendo k uma constante a ser determinada
11
com P (5) = 36. Substituindo x = 5 em P (x), P (5) = 36 = 52 + k.4.3.2.1 e encontramos k = 24 .
11
Logo P (x) = x2 + 24 (x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4) é um polinômio que satisfaz as condições do enunciado.

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Observar que x = 1, x = 2, x = 3, x = 4 são raı́zes de Q(x) [0,25]

• Descrever que Q(x) é da forma Q(x) = h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4) [0,25]

• Descrever que P (x) = x2 + h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4) [0,25]

• Mostrar algum h(x) e escrever P (x) [0,25]

Questão 7 [ 1,0 pt ]

Considere um cubo de aresta a. A partir de um vértice, e sobre as três arestas que nele concorrem, são
a
assinalados os pontos que distam 3 deste vértice. Os três pontos assim obtidos, junto com o vértice do
cubo, são vértices de um tetraedro. Repetindo o processo para cada vértice, e retirando-se do cubo os oito
tetraedros assim formados, obtém-se o poliedro P restante. Calcule a área total de P .

Solução
A área do total poliedro P pode ser calculada subtraindo-se, da área total do cubo, as áreas de 24 triângulos retângulos
a
de catetos 3, correspondentes às 3 faces laterais de cada um dos 8 tetraedros retirados, e somando-se a área de 8

a 2
triângulos equiláteros de lado 3 , correspondentes às bases de cada um dos 8 tetraedros.

As áreas acima são dadas por:

• Área total do cubo:


AC = 6a2 .

a
• Área de cada triângulos retângulos de catetos 3:

1  a 2 a2
A1 = · = .
2 3 18

a 2
• Área de cada triângulos equiláteros de lados 3 :

√ !2 √ √ √
a 2 3 2a2 3 a2 3
A2 = · = · = .
3 4 9 4 18

Assim, a área do poliedro P é dada por

AP = 6 AC − 24 A1 + 8 A2

2 a2 a2 3
= 6a − 24 · +8·
18 √ 18
2 2
4a 4a 3
= 6a2 − +
√3 9
a2 · (4 3 + 42)
= .
9

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Apresentar a estratégia para cálculo da área e calcular corretamente a área do cubo [0,25]

• Calcular corretamente a área de cada face triangular a ser retirada (A1 ) [0,25]

• Calcular corretamente a área de cada face triangular a ser somada (A2 ) [0,25]

• Calcular corretamente a área total, a partir das áreas acima obtidas, observando o número correto de faces a
serem somadas ou retiradas [0,25]

Outra solução:
O poliedro P obtido é formado por 8 faces triangulares e 6 faces octogonais. Considerando A1 a área de uma face
triangular e A2 a área de uma face octogonal, teremos que a área A do Poliedro P será dada por A = 8 · A1 + 6 · A2 .
As faces octogonais são obtidas, cada uma, retirando-se de um quadrado de lado a quatro triângulos retângulos
2 2
cujos catetos medem a3 . A área de cada um desses triângulos será 12 a3 = a18 . Assim, a área de cada face octogonal
a2 7a2
será A1 = a2 − 4 · 18 = 9 .

a 2
As faces triangulares são equiláteras, de lados l = 3 , que podem ser obtidos √
observando que os lados do tetraedro
a a2 3
retirado são triângulos retângulos de catetos medindo 3 . Sendo assim, A2 = 18 .
Assim podemos calcular a área A do poliedro P :

AP = 6 · (A1 ) + 8 · (A2 )

7a2 a2 3
= 6· +8·
9√ 18
a2 · (4 3 + 42)
= .
9

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Calcular corretamente a área de cada face triangular [0,25]

• Apresentar uma forma correta de cálculo da área de cada face octogonal (retirando as áreas dos quatro
triângulos ou outro caminho equivalente) [0,25]

• Obter corretamente a área de cada face octogonal [0,25]

• Calcular corretamente a área total, a partir das áreas obtidas para cada tipo de face, observando o número
correto de faces de cada tipo [0,25]

Questão 8. [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Considere que foram efetuadas todas as permutações possı́veis dos algarismos que compõem o número
78523, listando os números obtidos em ordem crescente.

(a) Determine a posição ocupada pelo número 78523.

(b) Calcule a soma de todos os números listados.

Solução

(a) Para obter a posição do número 78523 nesta lista, calcularemos quantos números estão antes dele na lista.
Os primeiros números, nesta lista, são aqueles que iniciam com 2. Permutando os outros 4 algarismos, temos
4! = 24 números que iniciam com 2. Os próximos números são os iniciados com 3. Como no caso anterior,
trata-se de 24 números. Seguem-se os números iniciados com 5, que também são 24 números. Os próximos
números são os iniciados com 72, 73 e 75. Para cada um destes casos, permutandos os outros 3 algarismos,
temos mais 3! = 6 números. Finalmente, temos os números iniciados com 782 e 783, com 2 números em cada
caso. Sendo assim, a posição do número 78523 é

3 × 24 + 3 × 6 + 2 × 2 + 1 = 95.

Outra Solução:

Para obter a posição do número 78523 nesta lista, calcularemos quantos números estão depois dele na lista.
Permutando os 5 algarismos, calculamos que a lista tem um total de 5! = 120 números. Os últimos números,
nesta lista, são aqueles que iniciam com 8. Permutando os outros 4 algarismos, temos 4! = 24 números que
iniciam com 8. Antes destes temos o número 78532, que está imediatamente após o número 78523. Sendo
assim, a posição do número 78523 é
120 − 24 − 1 = 95.

(b) Permutando os 5 algarismos, vemos a lista tem um total de 5! = 120 números. Para calcular a soma destes
números, devemos perceber que cada algarismo do número 78523 aparece na posição das unidades em 4! = 24
números. Assim temos (7 + 8 + 5 + 2 + 3) × 24 = 600 unidades. O mesmo ocorre na posição das dezenas,
centenas, milhares e dezenas de milhares. Portanto, a soma é igual a

600 × 10000 + 600 × 1000 + 600 × 100 + 600 × 10 + 600 = 6.666.600.

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)
• Perceber que existem 24 números iniciando com 2, 3 e 5 [0,25]
• Calcular corretamente a posição ocupada pelo número 78523 [0,25]
Solução alternativa para o item (a)

• Perceber que existem 24 números iniciando com 7 e 8 [0,25]


• Calcular corretamente a posição ocupada pelo número 78523 [0,25]

Item (b)
• Perceber que cada algarismo aparece 24 vezes em cada posição [0,25]
• Calcular corretamente a soma [0,25]
Gabarito e Pauta de Correção – ENQ 2015.1

Questão 01 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Mostre que se x e y são números irracionais tais que x2 − y 2 seja racional
não nulo, então x + y e x − y são ambos irracionais.
(b) Sabendo que a raiz quadrada de um número primo é irracional, prove que
√ √ √ √
se p e q são primos distintos, então p + q e p − q são números
irracionais.

Solução

(a) Sejam x e y irracionais tais que x2 − y 2 é racional não nulo (em particular
x 6= ±y). Agora suponha, por absurdo, que x + y e x − y não são ambos
irracionais, isto é, que pelo menos um deles é racional. Note que, como x 6= −y
e x 6= y, temos que

x2 − y 2 x2 − y 2
x−y = e x+y = .
x+y x−y

donde se conclui que, no caso de x2 − y 2 ser racional,

x + y ∈ Q ⇐⇒ x − y ∈ Q.

(x + y) + (x − y)
Mas isto implica que x = é racional, o que dá um absurdo.
2
Logo x + y e x − y são números irracionais.

√ √
(b) Sejam p e q primos distintos. Logo p e q são números irracionais.
√ √  √ √  √ 2 √
Note que p+ q p − q = ( p) − ( q)2 = p − q é um número racional
√ √
não nulo. Portanto, pelo item (a), podemos concluir que tanto p + q quanto
√ √
p − q são irracionais.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Deduzir que x + y é racional se, e somente se, x − y é racional. [0,25]
• Provar que x + y e x − y são irracionais. [0,25]
Item (b)
• Usar o item (a) e deduzir o resultado do item (b). [0,5]
Questão 02 [ 1,00 ::: (a)=0,75; (b)=0,25 ]

   
a+b a−b
(a) Sabendo que sen a + sen b = 2 sen cos , prove que
2 2
 
x+y
se x, y ∈ (0, π) e x 6= y, então sen x + sen y < 2 sen .
2
(b) Use o resultado do item (a) para resolver a equação
√ 


2x + x π
q
sen(2x)sen x = sen , 0<x< .
2 2

Solução

(a) Sejam 0 < x < π e 0 < y < π. Combinando essas duas desigualdades obtemos
x+y
0< <π (1)
2
π x−y π
− < < (2)
2 2 2
x−y
Como x 6= y, temos que 6= 0, e portanto, por (2),
2
x − y
0 < cos < 1.
2
x + y
Multiplicando esta última desigualdade por 2 sen , que é um número
2
positivo, por causa de (1), obtemos
x + y x − y x + y
2 sen cos < 2 sen .
2 2 2
Juntando essa desigualdade com a identidade dada no enunciado, concluı́mos
que
x + y
sen x + sen y < 2 sen .
2
π √
(b) Como 0 < x < , temos que 0 < 2x < π e 0 < x < π.
√ 2
Se 2x 6= x e usando o item (a) obtemos a seguinte desigualdade
√  √


2x + x sen(2x) + sen x
q
sen(2x)sen x = sen > ,
2 2
que contradiz a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica dos números

positivos sen(2x) e sen x.
√ 1
Portanto 2x = x e assim concluı́mos que x = .
4

2
Pauta de Correção:

Item (a)
x − y
• Deduzir que 0 < cos < 1. [0,25]
2
x + y
• Provar que sen x + sen y < 2 sen . [0,5]
2
Item (b)
• Encontrar a solução da equação. [0,25]

Questão 03 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Considere o conjunto de todos os números naturais com quatro algarismos


tais que os algarismos lidos da esquerda para a direita estão em ordem estrita-
mente decrescente.
(a) Quantos elementos possui tal conjunto?
(b) Se escrevermos tais números em ordem crescente, que número ocupa a
109a posição?

Solução

(a) A cada escolha de quatro dı́gitos (sem repetição), entre os dez dı́gitos, temos
uma única ordem decrescente; portanto o número de elementos pedido é igual a
!
10
= 210.
4

(b) A quantidade dos que iniciam com o dı́gito 3 é 1 (apenas o número 3210);

4 iniciam com o dı́gito 4, a saber 4210, 4310, 4320 e 4321; os que iniciam com o
! !
5 6
dı́gito 5 são no total de = 10; com o dı́gito 6 são = 20; com o dı́gito 7
3 3

são 35.
Até este momento temos um total de 70 números em ordem crescente.
A quantidade daqueles que iniciam com o dı́gito 8 e são seguidos do dı́gito:

• 2 é apenas 1 número, a saber 8210;


!
3
• 3 é = 3;
2

3
!
4
• 4 é = 6;
2
!
5
• 5 é = 10;
2
!
6
• 6 é = 15.
2

Agora temos um total de 105 números.


Os números seguintes serão 8710, 8720, 8721, 8730.
Assim concluı́mos que o número que ocupa a 109a posição é 8730.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Calcular corretamente a quantidade de elementos do conjunto. [0,5]
Item (b)
• Encontrar o número que está na 109a posição. [0,5]

Questão 04 [ 1,00 ]

As diagonais AD e CE do pentágono regular ABCDE de lados de medida


a, intersectam-se no ponto P . Determine AP e P D em função de a.

Solução
Cada ângulo interno do pentágono regular tem medida
360◦
âi = 180◦ − = 180◦ − 72◦ = 108◦ .
5
Como DC ≡ DE, o triângulo CDE é isósceles de vértice D, e, como C D̂E = 108◦ ,
180◦ − 108◦
temos DĈE = DÊC = = 36◦ .
2

4
Como os triângulos CDE e DEA são congruentes (LAL), temos também DÂE =
AD̂E = 36◦ .

Como E ÂP = 36◦ e P ÊA = 108◦ − 36◦ = 72◦ , temos que E P̂ A = 180◦ − 36◦ −
72◦ = 72◦ , logo o triângulo EAP é isósceles de vértice A. Com isso, AP = EA = a.

Os triângulos DP E e DEA possuem, cada um, dois ângulos de medida 36◦ ,


fazendo com que seus terceiros ângulos tenham também a mesma medida. Assim,
esses triângulos são semelhantes, com

PD DE
= .
EA AD
Como EA = DE = a e AD = AP + P D = a + P D, temos

PD a
= ,
a a + PD
logo,
P D(a + P D) = a2 ,
e então
2
P D + a P D − a2 = 0.
Resolvendo a equação, temos

−a ± 5a2
PD = .
2
Tomando a solução positiva, temos
√ 
a 5−1
PD = .
2

Pauta de Correção:
• Observar ou utilizar a congruência entre os triângulos CDE e DEA. [0,25]

5
• Concluir que o triângulo EAP é isósceles de vértice A e obter AP = a. [0,25]
• Mostrar que os triângulos DP E e DEA são semelhantes. [0,25]
• Calcular P D. [0,25]

Questão 05 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Um cubo de 20cm de aresta, apoiado em um piso horizontal e com a parte


superior aberta, contém água até a altura de 15cm. Colocando uma pirâmide
regular de base quadrada sólida de altura 30cm com a base apoiada no fundo
do cubo, o nı́vel da água atinge a altura máxima do cubo, sem derramar.

(a) Qual o volume do tronco de pirâmide submerso?


(b) Qual o volume da pirâmide?

Solução

(a) Como, ao submergir o tronco de pirâmide, a água ocupa integralmente o volume


do cubo, a soma do volume Vt do tronco de pirâmide com o volume inicial da
água, dado por 20 · 20 · 15, será o volume do cubo. Assim,

Vt + 15 · 202 = 203
e, portanto,

Vt = 203 − 202 · 15 = 202 · (20 − 15) = 202 · 5 = 2000cm3 .

Solução alternativa do item (a):

Sendo H = 30cm a altura da pirâmide e a = 20cm a aresta do cubo, o volume (Vt )


do tronco de pirâmide submerso é igual ao volume da coluna de água que subiu, de
5cm, ou seja,
Vt = a · a · 5 = 20 · 20 · 5 = 2000cm3 .
(b) Sejam V o volume da pirâmide de altura H = 30cm e h = H − a = 10cm a
altura da pirâmide emersa e v seu volume. Da relação entre V e v, tem-se que
 3  3
V H 30
= =
v h 10
e, portanto,
V
v= .
27
Mas, sabe-se que
V − v = Vt = 2000
e, com isso
v = V − 2000.

6
Logo,
V
= V − 2000,
27
e, portanto,
27000 3
V = cm .
13

Pauta de Correção:

Item (a), primeira solução:


• Indicar que o volume do tronco da pirâmide somado ao da água é igual ao volume
do cubo. [0,25]
• Calcular corretamente o volume do tronco da pirâmide. [0,25]
Item (a), solução alternativa:
• Indicar que o volume do tronco da pirâmide é igual ao volume da coluna de água
que subiu. [0,25]
• Calcular corretamente o volume do tronco da pirâmide. [0,25]
Item (b)
• Obter uma relação entre o volume total V da pirâmide e o volume v da parte
emersa. [0,25]
• Calcular corretamente o volume total da pirâmide. [0,25]

Questão 06 [ 1,00 ]

Sejam a, b e c inteiros tais que a3 + b3 + c3 é divisı́vel por 9. Mostre que pelo


menos um dos inteiros a, b ou c é divisı́vel por 3.

Solução

Observamos primeiramente que, se um número n não é divisı́vel por 3 então ele é


da forma 3k + 1 ou 3k + 2, logo n3 é da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
Suponha que nenhum dos inteiros a, b, c seja divisı́vel por 3. Segue que os cubos
desses números são da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
Considerando todas as possibilidades para a soma de três cubos, a soma a3 +b3 +c3
será da forma 9k + 1, 9k + 3, 9k + 6 ou 9k + 8:
a3 + b3 + c3
9k1 + 1 9k2 + 1 9k3 + 1 9k + 3
9k1 + 1 9k2 + 1 9k3 + 8 9k + 1
9k1 + 1 9k2 + 8 9k3 + 8 9k + 8
9k1 + 8 9k2 + 8 9k3 + 8 9k + 6

Portanto, obtemos a3 + b3 + c3 não divisı́vel por 9.

Solução alternativa:

7
Observamos primeiramente que, se um número n não é divisı́vel por 3 então ele é
da forma 3k + 1 ou 3k + 2, logo n3 é da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
Portanto, se n não é divisı́vel por 3 então n3 ≡ 1 mod 9 ou n3 ≡ 8 mod 9.
Suponha que nenhum dos inteiros a, b, c seja divisı́vel por 3. Segue que os cubos
desses números são congruentes a 1 ou a 8 módulo 9.
Considerando todas as possibilidades para a soma de três cubos teremos:
a3 + b3 + c3 ≡ 1 + 1 + 1 ≡ 3 mod 9
a3 + b3 + c3 ≡ 1 + 1 + 8 ≡ 1 mod 9
a3 + b3 + c3 ≡ 1 + 8 + 8 ≡ 8 mod 9
a3 + b3 + c3 ≡ 8 + 8 + 8 ≡ 6 mod 9
Portanto, obtemos a3 + b3 + c3 não divisı́vel por 9.

Pauta de Correção:

• Observar que, se n não é divisı́vel por 3 então n é da forma 3k + 1 ou 3k + 2.


[0,25]
• Observar que, se n não é divisı́vel por 3 então n3 é da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
[0,25]
• Supor que nenhum dos inteiros a, b, c seja divisı́vel por 3 e considerar todas as
possibilidades para a3 + b3 + c3 . [0,25]
• Concluir o resultado. [0,25]

Questão 07 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Considere um conjunto formado por 11 números inteiros positivos di-


ferentes, menores do que 21. Prove que podemos escolher dois desses
números tais que um divide o outro.
(b) Exiba um conjunto com 10 números inteiros positivos, menores do que 21,
tais que nenhum deles é múltiplo de outro.

Solução

(a) Vamos distribuir os números de 1 a 20 em 10 conjuntos disjuntos como, por


exemplo: {1, 2, 4, 8, 16}, {3, 6, 12}, {5, 10, 20}, {7, 14}, {9, 18}, {11}, {13}, {15},
{17}, {19}.
Tomando 11 números de 1 a 20, pelo Princı́pio das Gavetas, como há 10 conjun-
tos, necessariamente teremos 2 números no mesmo conjunto, e portanto, temos
a propriedade desejada.
(b) Algumas respostas possı́veis:
{11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20}, {10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19},
{9, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20}, {9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19}
{8, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 20}, {8, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19},

8
{8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 19}, {7, 8, 11, 12, 13, 15, 17, 18, 19, 20},
{7, 8, 10, 11, 12, 13, 15, 17, 18, 19}, {6, 7, 9, 10, 11, 13, 15, 16, 17, 19},
{6, 7, 8, 9, 11, 13, 15, 17, 19, 20}, {6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 15, 17, 19},
{6, 7, 9, 11, 13, 15, 16, 17, 19, 20}, {6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 15, 17, 19},
{6, 9, 10, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 19}, {6, 8, 9, 11, 13, 14, 15, 17, 19, 20},
{6, 9, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20}, {4, 6, 9, 10, 11, 13, 14, 15, 17, 19}
e {4, 6, 7, 9, 10, 11, 13, 15, 17, 19} .

Pauta de Correção:

Item (a)
• Exibir a partição do conjunto dos números de 1 a 20 em 10 conjuntos dois a
dois disjuntos com a propriedade indicada na solução. [0,25]
• Concluir a prova do item (a). [0,25]
Item (b)
• Exibir um conjunto com a propriedade solicitada. [0,5]

Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Considere o seguinte sistema de congruências



X ≡ 1 mod 9

X ≡ 5 mod 7

X ≡ 3 mod 5

(a) Encontre o menor número natural que satisfaz o sistema.


(b) Alguma solução do sistema é solução da congruência X ≡ 926 mod 3?

Solução
(a) Como (9, 7) = 1, (9, 5) = 1 e (7, 5) = 1, o sistema tem solução. Pelo Teorema
Chinês dos Restos as soluções do sistema são

x = 35 · y1 · 1 + 45 · y2 · 5 + 63 · y3 · 3 + t · 315
sendo t ∈ Z, y1 solução de 35Y ≡ 1 mod 9, y2 solução de 45Y ≡ 1 mod 7 e y3 solução
de 63Y ≡ 1 mod 5. Os inteiros y1 = 8, y2 = 5 e y3 = 2 satisfazem as condições
impostas. Portanto

x = 35 · 8 + 45 · 25 + 63 · 6 + 315 · t = 1783 + t · 315

Para encontrar e menor solução positiva devemos impor 1783 + t · 315 > 0 para t ∈ Z.
−1783
1783 + t · 315 > 0 ⇐⇒ t > ⇐⇒ t > −5
315

9
A menor solução é x0 = 1783 − 5 · 315 = 208.

(a) Solução alternativa


Observe
 que
 X ≡ 1 mod 9 (
 X ≡ 1 mod 9
X ≡ 5 mod 7 ⇐⇒
 X ≡ −2 mod 35
X ≡ 3 mod 5

Assim, x = 1 + 9k = −2 + 35t, com k, t ∈ Z.
Segue-se que 35t − 9k = 3 com solução particular t0 = −3, k0 = −12 e solução
geral
(dada por
t = −3 + 9r, r ∈ Z
k = −12 + 35r, r ∈ Z
Portanto, x = 1 + 9(−12 + 35r) e a menor solução natural ocorre quando r = 1,
obtendo x = 208.

(b) As soluções do sistema são as soluções da congruência X ≡ 208 mod 315. Portanto
queremos saber se o sistema de congruências
(
X ≡ 208 mod 315
X ≡ 926 mod 3

possui solução. Suponhamos que existe a ∈ Z que satisfaz o sistema, isto é, existem
y, z ∈ Z tais que a − 208 = y · 315 e a − 926 = z · 3. Subtraindo as equações, temos
718 = 315y −3z. Como a última equação não tem solução, pois (315, 3) = 3 não divide
718, então o sistema não tem solução. Ou seja, nenhuma solução do item (a) é solução
da equação X ≡ 926 mod 3.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Encontrar as soluções do sistema de congruências. [0,25]
• Encontrar a menor solução. [0,25]
Item (b)
• Descrever o sistema de congruências. [0,25]
• Mostrar que o sistema não tem solução. [0,25]

10
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2015.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Determine TODOS os valores possı́veis para os algarismos x, y, z e t de modo que os números abaixo, representados
na base 10, tenham a propriedade mencionada:

(a) 3x90586y é divisı́vel por 60.

(b) 72z41t é divisı́vel por 99.

Solução
(a) 3x90586y é divisı́vel por 60 = 22 · 3 · 5 se, e somente se, é divisı́vel simultaneamente por 4, 3 e 5.

i) 3x90586y é divisı́vel por 5 se, e somente se, y = 0 ou y = 5.


ii) 3x90586y é divisı́vel por 4 se, e somente se, 6y é divisı́vel por 4. Pelo item anterior, y = 0, pois 65 não é divisı́vel por 4.
iii) 3x905860 é divisı́vel por 3 se, e somente se, 3 + x + 9 + 0 + 5 + 8 + 6 + 0 = 31 + x é divisı́vel por 3. Os possı́veis valores
para x são: 2, 5, 8.

Resposta: 32905860, 35905860 ou 38905860.

b) 72z41t é divisı́vel por 99 = 9 · 11 se, e somente se, é divisı́vel simultaneamente por 9 e 11.

i) 72z41t é divisı́vel por 9 se, e somente se, 7 + 2 + z + 4 + 1 + t = 14 + z + t é divisı́vel por 9. Então z + t = 4 ou z + t = 13.
ii) 72z41t é divisı́vel por 11 se, e somente se, t − 1 + 4 − z + 2 − 7 = t − z − 2 é divisı́vel por 11. Então t − z = −9 ou
t − z = 2.

z + t = 4
Primeiro caso: , sem solução inteira.
t − z = −9

z + t = 4
Segundo caso: ⇔ z = 1 e t = 3.
t − z = 2

z + t = 13
Terceiro caso: ⇔ z = 11 e t = 2.
t − z = −9

z + t = 13
Quarto caso: , sem solução inteira.
t − z = 2

Resposta: 721413

Pauta de Correção:
Item (a)
• Verificar os critérios de divisibilidade por 3, 4 e 5 na conclusão de que um número é divisı́vel por 60 ou mostrar que os
números achados pelos critérios usados são efetivamente divisı́veis por 60. [0, 25]
• Determinar corretamente os valores de x e y. [0, 25]
Item (b)

• Verificar os critérios de divisibilidade por 9 e 11 na conclusão de que um número é divisı́vel por 99. [0, 25]

• Determinar corretamente os valores de z e t. [0, 25]

Questão 02 [ 1,00 ]

A altura CH e a mediana BK são traçadas em um triângulo acutângulo ABC.


Sabendo que BK ≡ CH e K B̂C=H ĈB, prove que o triângulo ABC é equilátero.

Solução
Na figura abaixo, denotamos por P o ponto de interseção entre BK e CH.

Nos triângulos KBC e HCB, temos KB ≡ HC, K B̂C = H ĈB e BC ≡ CB, logo, pelo caso LAL, estes triângulos são
congruentes. Assim, C K̂B = B ĤC = 90◦ , logo a mediana BK é também altura, mostrando que o triângulo ABC é isósceles,
com AB ≡ BC. Da congruência entre os triângulos KBC e HCB, concluı́mos também que BH ≡ CK.

Como BP C é isósceles, temos CP ≡ BP e, consequentemente, P K ≡ P H. Com isso, os triângulos retângulos AHP e AKP
possuem mesma hipotenusa e catetos P H e P K congruentes, logo estes triângulos são congruentes. Com isso, AH ≡ AK. E,
como BH ≡ CK, isto implica que AB ≡ AC.

Como já concluı́mos que AB ≡ BC, temos então AB ≡ BC ≡ AC.

Solução alternativa para mostrar que AB ≡ AC sem usar o segmento AP


Os triângulos AHC e AKB são congruentes, pois são retângulos com ângulos retos nos vértices H e K, o ângulo C ÂH =
B ÂK é comum e os catetos opostos CH ≡ BK são iguais. Logo AB ≡ AC e assim AB ≡ BC ≡ AC.
Pauta de correção:

• Concluir que BK é uma altura, a partir da congruência dos triângulos KBC e HBC, ou argumento equivalente. [0,25]

• Concluir que AB ≡ BC, a partir do fato de a mediana BK ser também altura ou equivalente. [0,25]

• Concluir que AH ≡ AK a partir da congruência dos triângulos AHP e AKP (ou mostrar que os triângulos AHC e
AKB são congruentes). [0,25]

• Concluir que AB ≡ AC. [0,25]

Pauta de correção alternativa:

• Concluir que BK é uma altura, a partir da congruência dos triângulos KBC e HBC, ou argumento equivalente. [0,25]

• Concluir que AB ≡ BC, a partir do fato de a mediana BK ser também altura ou equivalente. [0,25]

• Concluir que AB ≡ AC sem usar o segmento AP . [0,5]


Questão 03 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Calcule o resto da divisão de 28237 por 13.


1000
(b) Determine o algarismo das unidades do número 7(7 )
.

Solução

(a) Como 28 = 2 · 13 + 2, tem-se que 28 ≡ 2 mod 13. Daı́ obtém-se que

282 ≡ 22 ≡ 4 mod 13

283 ≡ 2 · 4 ≡ 8 mod 13

284 ≡ 24 ≡ 3 mod 13

286 ≡ 4 · 3 ≡ −1 mod 13

Escrevendo 237 = 6 · 39 + 3, segue que

28237 ≡ 286·39+3 ≡ (286 )39 · 283 ≡ −8 ≡ 5 mod 13

Portanto, o resto é igual a 5.

Solução Alternativa (a):


Tem-se que 28 = 2 · 13 + 2, logo 28 ≡ 2 mod 13. Como (2, 13) = 1, aplicando o Pequeno Teorema de Fermat, segue-se que
212 ≡ 1 mod 13 e assim
2812 ≡ 212 ≡ 1 mod 13.
Escrevendo 237 = 12 · 19 + 9,

28237 ≡ 2812·19+9 ≡ (2812 )19 · 289 ≡ 289 mod 13

Finalizando

284 ≡ 24 ≡ 3 mod 13

288 ≡ 9 mod 13

289 ≡ 18 ≡ 5 mod 13

Portanto, 28237 ≡ 5 mod 13.

1000
(b)Calcular o algarismo das unidades de 7(7 )
equivale a calcular o resto da divisão deste número por 10. Tem-se que

7 ≡ −3 mod 10

72 ≡ 9 mod 10

74 ≡ 92 ≡ 1 mod 10

74·q ≡ (74 )q ≡ 1 mod 10, para todo q ∈ N.

Por outro lado,


7 ≡ −1 mod 4, logo 71000 ≡ 1 mod 4.
1000
Segue que 71000 = 4 · q + 1, 7(7 )
≡ 74·q+1 ≡ 74·q · 7 ≡ 7 mod 10
1000
Portanto, o algarismo das unidades de 7(7 )
é igual a 7.

Pauta de Correção
Item (a)

• Calcular 286 ou 2812 módulo 13 [0, 25]

• Calcular o resto [0, 25]


Item (b)

• Calcular 74q módulo 10 [0, 25]

• Calcular o algarismo das unidades [0, 25]

Questão 04 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Prove a desigualdade de Bernoulli:


Se x ∈ R, x > −1, então (1 + x)n > 1 + nx, para todo n > 1.
 n
1
(b) Prove que a sequência an = 1 + é crescente, ou seja, que an < an+1 , para todo n > 1.
n
n
(n + 2) (n + 1)2 − 1

an+1
Sugestão: Mostre que = · e use o item (a).
an (n + 1) (n + 1)2

Solução
(a) Seja P (n) a proposição (1 + x)n > 1 + nx.
Temos que P (1) é verdadeira, uma vez que 1 + x > 1 + x.
Suponha agora que P (n) seja verdadeira para n = k. Mostraremos que P (k) implica P (k + 1). De fato, considere (1 + x)k >
1 + kx. Note que (1 + x) é um número real não negativo, visto que x > −1. Assim, multiplicando ambos os lados da
desigualdade anterior por (1 + x), temos

(1 + x)k+1 = (1 + x)k · (1 + x) > (1 + kx) · (1 + x)


= 1 + kx + x + kx2
= 1 + (k + 1)x + kx2
> 1 + (k + 1)x,
onde a última desigualdade é verdadeira pelo fato do termo kx2 ser não negativo.
n n  n
(n + 1)n
 
1 1 n+1
(b) Seja an = 1+ . Note que an = 1+ = = .
n n n nn

Temos então que

an+1 1 (n + 2)n+1 nn nn · (n + 2)n+1


= an+1 · = n+1
· n
= =
an an (n + 1) (n + 1) (n + 1)2n+1
n n n
(n + 1)2 − 1
  
(n + 2) n · (n + 2) (n + 2) (n + 2) −1
· = · = · 1 + .
(n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2
−1
Como > −1 segue, pela desigualdade de Bernoulli, que
(n + 1)2

 n  
(n + 2) −1 (n + 2) −n
· 1+ > · 1 + .
(n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2
Assim segue que

(n + 2) (n + 1)2 − n
 
an+1 (n + 2) −n
> · 1+ = · =
an (n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2

(n + 2)(n2 + n + 1) n3 + 3n2 + 3n + 2
3
= 3 > 1.
(n + 1) n + 3n2 + 3n + 1
Portanto an+1 > an .
Pauta de correção:

Item (a)

• Fazer o P(1) e indicar a estratégia de prova por indução. [0,25]

• Fazer o passo de indução. [0,25]

Item (b)
an+1
• Mostrou a identidade para da sugestão, e usou o item (a). [0,25]
an
• Finalizou corretamente a questão. [0,25]

Questão 05 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Seja f (x) = ax2 + bx + c uma função quadrática com a > 0 e ∆ = b2 − 4ac > 0.
Considere o triângulo ABV , onde A e B são os pontos de interseção da parábola correspondente ao gráfico de f com
o eixo das abcissas e V é o vértice da parábola.
p
∆(∆ + 4)
(a) Mostre que BV = .
4a
(b) Mostre que o triângulo ABV é equilátero se, e somente se, ∆ = 12.

Solução

(a) Seja C o ponto médio do segmento AB.

As coordenadas dos pontos são


 √   √     
−b − ∆ −b + ∆ b b ∆
A= ,0 ,B = ,0 ,C = − ,0 e V = − ,− .
2a 2a 2a 2a 4a

Aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo BCV , temos que


2 2 2
BV = BC + CV .

Calculando os comprimentos dos segmentos:


√  √  √
AB 1 −b + ∆ −b − ∆ ∆ ∆
BC = = · − = e CV = .
2 2 2a 2a 2a 4a

Portanto, p
2 ∆ ∆2 ∆2 + 4∆ ∆(∆ + 4)
BV = 2
+ 2
= , logo BV = .
4a 16a 16a2 4a
(b) Como o triângulo é isósceles (pela simetria da parábola), BV = AV . Portanto, o triângulo será equilátero se, e somente
se, BV = AB. Temos √

p
∆(∆ + 4) ∆
BV = AB ⇐⇒ = ⇐⇒ ∆ + 4 = 4 ⇐⇒ ∆ = 12.
4a a

Pauta de Correção

Item (a)

• Escrever corretamente as coordenadas dos pontos A, B e V . [0,25]

• Calcular o comprimento do segmento BV . [0,25]

Item (b)

• Estabelecer alguma condição necessária e suficiente para o triângulo ser equilátero. [0,25]

• Igualar as expressões e calcular ∆ corretamente. [0,25]

Questão 06 [ 1,00 ]

No paralelepı́pedo reto retângulo da figura seguinte, calcule a distância do vértice C ao segmento AM , sendo M o
ponto médio de CE.

Solução

Inicialmente, aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo ABC, calculamos o comprimento do segmento AC:
2 2 2
AC = AB + BC = `2 + (2`2 ).

Daı́ segue que AC = ` 5.

Analisando agora o triângulo ACM , concluı́mos que ele é retângulo em C pois o segmento M C é perpendicular à face
ABCD do paralelepı́pedo e, portanto, perpendicular ao segmento AC contido nesta face.

Ainda observando o triângulo retângulo ACM , o segmento CN é perpendicular à hipotenusa AM pois CN representa a
distância de C à reta AM e, por definição, distância de ponto à reta é sempre perpendicular à reta.

Então, usando o Teorema de Pitágoras temos:

2
 √ 2
AM = (2`)2 + ` 5 ,
e assim

AM = 3`.
Usando que o produto da hipotenusa pela altura correspondente é igual ao produto dos catetos temos que:

AM · CN = AC · CM ,
substituindo os valores correspondentes temos que:


3` · CN = ` 5 · 2`,
logo, √
2` 5
CN = .
3

Pauta de correção:
• Calcular AC corretamente. [0,25]
• Calcular AM corretamente. [0,25]
• Observar que a distância de C ao segmento AM é o comprimento de um segmento CN perpendicular a AM . [0,25]
• Calcular CN . [0,25]

Questão 07 [ 1,00 ]

cos(3x− π4 )
Determine todos os valores de x ∈ R tais que 1 − cos2 x = 1.

Solução
Reescrevendo a equação da forma
π
(sen2 x)cos(3x− 4 ) = 1,
notamos inicialmente que a equação está bem definida para todo x ∈ R visto que a base é um número real não negativo.
Usando propriedades das exponenciais, observamos a ocorrência de apenas duas situações:

(i) A base é igual a 1 e o expoente é um número real qualquer, ou seja, sen2 x = 1 e cos 3x − π4 ∈ R.

π
Nesse caso temos sen x = ±1, isto é, x = + nπ, n ∈ Z.
2
(ii) A base é um número real positivo e o expoente é nulo, isto é, sen2 x > 0 e cos 3x − π4 = 0.

π π π π
Nesse caso, temos 3x − = + kπ, k ∈ Z, isto é, x = + k , k ∈ Z.
4 2 4 3
Observação: Visto que sen2 x e cos 3x − π
não se anulam para o mesmo valor de x, a situação 00 nunca ocorre na equação.

4

Pauta de Correção:

• Analisar, no caso (i), a ocorrência sen x = 1. [0,25]

• Analisar, no caso (i), a ocorrência sen x = −1. [0,25]

• Fazer corretamente o caso (ii). [0,5]

Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Será formada uma fila com h homens e m mulheres, onde h > 2 e m > 1.

(a) Quantas filas distintas poderão ser formadas, tendo um homem no final da fila?

(b) Qual a probabilidade de uma das filas do item (a) ter um homem na primeira posição da fila?

Solução

(a) Há h possibilidades de escolha do homem para o final da fila. Em seguida devemos formar uma fila com h + m − 1
pessoas (h − 1 homens e m mulheres) que pode ser feito de (h + m − 1)! maneiras. Com isso, o número de filas possı́veis
tendo um homem no final é igual a h · (h + m − 1)! .

(b) Para formar uma fila com um homem no final e outro no inı́cio, temos h possibilidades para o homem no final, h − 1
maneiras para escolha do primeiro da fila e (m+h−2)! modos de formar o restante da fila. Assim temos h(h−1)(h+m−2)!
filas com um homem em primeiro lugar e um homem no final da fila.
Portanto a probabilidade de uma das filas do item (a) ter um homem em primeiro lugar é igual a

h(h − 1)(h + m − 2)! (h − 1)(h + m − 2)! h−1


= = .
h · (h + m − 1)! (h + m − 1)(h + m − 2)! h+m−1

Pauta de correção:

Item (a)

• Calcular corretamente a quantidade de filas. [0,5]

Item (b)

• Encontrar o total de casos favoráveis. [0,25]

• Calcular corretamente a probabilidade. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2016.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Seja x0 , y0 uma solução da equação diofantina aX + bY = c, onde a, b são inteiros não nulos e (a, b) = 1. Prove
que as soluções x, y em Z da equação são x = x0 + tb e y = y0 − ta, com t ∈ Z.

(b) Encontre TODAS as soluções em N ∪ {0} da equação 7X + 19Y = 781.

Solução

(a) Seja x, y uma solução de aX + bY = c, logo ax0 + by0 = ax + by = c. Consequentemente,

a(x − x0 ) = b(y0 − y).

Como (a, b) = 1, segue-se que b|(x − x0 ), logo x − x0 = tb, com t ∈ Z. Substituindo x − x0 na equação acima, segue-se
que y0 − y = ta, isto é, as soluções são do tipo exibido.
Por outro lado, x, y como no enunciado são soluções, pois

ax + by = a(x0 + tb) + b(y0 − ta) = ax0 + by0 = c.

(b) Uma solução da equação 7X + 19Y = 781 é x0 = 3 e y0 = 40. De fato, 7 · 3 + 19 · 40 = 21 + 760 = 781. Pelo item (a)
as soluções da equação são: x = 3 + 19t e y = 40 − 7t com t ∈ Z. Para encontrar as soluções em N ∪ {0} devemos ter
x > 0 e y > 0. Assim segue que

3
3 + 19t > 0 ⇔ 19t > −3 ⇔ t > −
19
40
40 − 7t > 0 ⇔ −7t > −40 ⇔ t 6
7
Logo t = 0, 1, 2, 3, 4, 5 e as soluções procuradas são: (3, 40), (22, 33), (41, 26), (60, 19), (79, 12), (98, 5).

Pauta de Correção:

Item (a)

• Verificar que x = x0 + tb e y = y0 − ta são soluções da equação. [0,25]

• Verificar que as soluções são necessariamente x = x0 + tb e y = y0 − ta. [0,25]

Item (b)

• Encontrar a solução geral da equação. [0,25]

• Encontrar as soluções naturais. [0,25]


Questão 02 [ 1,00 ]

Dados dois segmentos de medidas distintas a e b, descreva como construir, com régua e compasso, segmentos de
a+b √
medidas e ab .
2

Observação: Considere conhecida a construção de perpendiculares.

Solução
Consideramos três pontos colineares A, B e C, de maneira que B pertença ao segmento AC, AB = a e BC = b.

a+b
Construção de :
2

• Traçamos duas circunferências de raio a + b, uma com centro em A e outra com centro em B. Chamamos de D e E os
pontos de interseção entre elas.
• Traçamos a reta por D e E. Chamamos de M a interseção dessa reta com o segmento AC.
a+b
• O segmento AM mede , uma vez que DM é altura do triângulo equilátero ACD e portanto é mediana.
2


Construção de ab :

a+b
• Traçamos uma circunferência de centro no ponto médio M e raio
.
2
• Traçamos uma perpendicular a AC passando por B. Chamamos de X e Y as interseções dessa perpendicular com a
circunferência.
√ 2
• O segmento BX mede ab, pois é a altura do triângulo retângulo ACX e portanto BX = AB · BC.

Pauta de Correção:

a+b
• Construir um segmento de tamanho . [0,5]
2

• Construir um segmento de tamanho ab . [0,5]
Questão 03 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Seja p(X) = an X n + an−1 X n−1 + · · · + a2 X 2 + a1 X + a0 um polinômio com coeficientes inteiros. Se a fração
a
irredutı́vel , com a e b inteiros, é raiz de p(X), mostre que a é divisor de a0 e b é divisor de an .
b
(b) Encontre todas as raı́zes reais do polinômio

p(X) = 2X 4 + X 3 − 7X 2 − 3X + 3.

Solução

a  a n  a n−1  a 2 a


(a) Como p = an + an−1 + · · · + a2 + a1 + a0 = 0, multiplicando a igualdade por bn
b b b b b

temos que an an + an−1 an−1 b + · · · + a2 a2 bn−2 + a1 abn−1 + a0 bn = 0.

Logo an an = −(an−1 an−1 + · · · + a2 a2 bn−3 + a1 abn−2 + a0 bn−1 )b e

a0 bn = −(an an−1 + an−1 an−2 b + · · · + a2 abn−2 + a1 bn−1 )a.

Mas a e b são primos entre si, portanto segue das duas últimas igualdades

acima que b é divisor de an e a é divisor de a0 .

(b) Nesse caso, os divisores de a0 = 3 são 1, −1, 3 e −3 e os divisores de a4 = 2 são 1, −1, 2 e −2.

1 1 3 3
Logo as possı́veis raı́zes racionais de p(X) são 1, −1, 3, −3, , − , e − .
2 2 2 2
 
1
Agora p(1) = −4, p(−1) = 0, p(3) = 120, p(−3) = 84, p = 0 e, com isso, temos duas raı́zes
2
 
1 1
racionais de p(X), a saber −1 e . Assim o polinômio p(X) é divisı́vel por X − (−1) = X + 1 e por 2 X − .
2 2

Dividindo p(X) por (X + 1)(2X − 1) = 2X 2 + X − 1 segue que p(X) = (2X 2 + X − 1)(X 2 − 3).

Portanto p(X) = 0 se, e somente se, 2X 2 + X − 1 = 0 ou X 2 − 3 = 0 e as raı́zes de p(X) são as soluções

1 √ √
dessas equações do segundo grau, ou seja, −1, , 3 e − 3.
2

Pauta de Correção:

Item (a)
a
• Substituir em p(X) = 0 e obter uma igualdade sem denominadores.[0,25]
b
• Concluir que a é divisor de a0 e b é divisor de an . [0,25]

item (b)

• Encontrar as raı́zes racionais de p(X). [0,25]

• Encontrar as raı́zes irracionais de p(X). [0,25]


Questão 04 [ 1,00 ::: (a)=0,25; (b)=0,25; (c)=0,50 ]

A sequência (an ) satisfaz as seguintes condições:


1
• a1 = ;
2
n
X
• ai = n2 an , para n > 2.
i=1

(a) Determine a2 , a3 e a4 .

(b) Conjecture uma expressão para o termo geral an , em função de n.

(c) Prove, por indução em n, a fórmula obtida no item (b).

Solução

(a) Pela definição da sequência an segue que a1 + a2 = 22 a2 , a1 + a2 + a3 = 32 a3 e a1 + a2 + a3 + a4 = 42 a4 .

1 1 1 1 1 1 1
Como a1 = , obtemos a2 = = , a3 = = e a4 = = .
2 2·3 6 3·4 12 4·5 20

1
(b) Pelos resultados obtido no item (a), é possı́vel conjecturar que an = , para todo n > 1.
n(n + 1)
1
(c) Seja P (n) a proposição: an = , para todo n > 1.
n(n + 1)

1 1
Para n = 1 temos que a1 = = .
2 1·2

1
Suponha agora que P (n) é verdadeira para n = k, ou seja, ak = .
k(k + 1)

Resta provar que P (k) implica P (k + 1). De fato, a1 + a2 + · · · + ak + ak+1 = (k + 1)2 ak+1 .

kak
Usando a definição para k temos que k2 ak + ak+1 = (k + 1)2 ak+1 , logo ak+1 = .
k+2

k k 1 1
Agora usando a hipótese de indução segue que ak+1 = ak = · = .
k+2 k + 2 k(k + 1) (k + 1)(k + 2)

Portanto, P (k + 1) é verdadeira.

Pauta de Correção:
Item (a)

• Encontrar a2 , a3 e a4 . [0,25]

Item (b)

• Conjecturar an de forma correta. [0,25]

Item (c)

• Provar o item (c). [0,5]

Alternativa Item (c)


kak
• Usar a definição da sequência para mostrar que ak+1 = . [0,25]
k+2
• Usar a hipótese de indução e concluir a demonstração. [0,25]
Questão 05 [ 1,00 ]

3
Se p é um número natural primo, mostre que 2(p+1) ≡ 256 mod p.

Solução

Como p é primo, pelo Pequeno Teorema de Fermat, temos que

2p ≡ 2 mod p.

Usando propriedades das congruências, segue que

2
2p = (2p )p ≡ 2p ≡ 2 mod p

3 2 2
2p = (2p )p ≡ 2p ≡ 2 mod p

2 2
23p = (2p )3 ≡ 23 mod p

23p = (2p )3 ≡ 23 mod p.

Portanto,
3 3 2
2(p+1) = 2p · 23p · 23p · 21 ≡ 2 · 8 · 8 · 2 ≡ 256 mod p.

Solução alternativa:

2p+1 ≡ 4 mod p

2
2(p+1) ≡ 4p+1 ≡ (2p+1 )2 ≡ 16 mod p

3
2(p+1) ≡ 16p+1 ≡ (4p+1 )2 ≡ 162 ≡ 256 mod p.

Pauta de Correção:

• Usar o Pequeno de Fermat. [0,25]

• Calcular duas congruências. [0,25]

• Completar o cálculo das outras duas congruências. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]


Questão 06 [ 1,00 ]

Seja f : [a, b] → [f (a), f (b)] uma função bijetiva, onde [a, b] e [f (a), f (b)] são intervalos de números reais. Considere
ainda x1 , x2 ∈ [a, b] e y1 , y2 números reais positivos. Mostre que existe um único c ∈ [a, b] tal que

f (x1 )y1 + f (x2 )y2 = f (c) (y1 + y2 ) .

Solução

Sejam x1 , x2 ∈ [a, b] e y1 , y2 números reais positivos. Temos que

f (a)(y1 + y2 ) = f (a)y1 + f (a)y2 6 f (x1 )y1 + f (x2 )y2 e

f (x1 )y1 + f (x2 )y2 6 f (b)y1 + f (b)y2 = f (b)(y1 + y2 ).

f (x1 )y1 + f (x2 )y2


Assim segue que f (a) 6 6 f (b).
y1 + y2

Como f é uma bijeção entre [a, b] e [f (a), f (b)], existe um único c ∈ [a, b]

f (x1 )y1 + f (x2 )y2


tal que f (c) = , ou seja, f (x1 )y1 + f (x2 )y2 = f (c)(y1 + y2 ).
y1 + y2

Pauta de Correção:

• Usar ou observar que f (a) 6 f (x1 ) 6 f (b) e f (a) 6 f (x2 ) 6 f (b). [0,25]
f (x1 )y1 + f (x2 )y2
• Mostrar que pertence ao intervalo [f (a), f (b)]. [0,5]
y1 + y2
• Concluir a existência e a unicidade de c. [0,25]
Questão 07 [ 1,00 ]

Um cubo está pendurado por um de seus vértices, de forma que a corda que o sustenta é colinear a uma das diagonais
do cubo, como mostra a figura.

Determine o cosseno do ângulo entre a corda e uma das arestas do cubo que lhe são adjacentes, representado na
figura.

Solução

Denotando o vértice por onde o cubo está pendurado por A, o vértice oposto por C e um dos vértices das arestas adjacentes
à corda por B, como na figura, temos que o ângulo β procurado é suplementar ao ângulo α := B ÂC.


Denotando por a a aresta do cubo, temos AB = a e AC = a 3. Como BC é perpendicular a AB, o triângulo ABC

AB a 1 1
é reto em B, logo cos α = = √ = √ . Como α e β são suplementares, temos que cos β = − cos α = − √ .
AC a 3 3 3

Solução alternativa:
AB a 1
Considere o ângulo γ := AĈB. Como sen γ = = √ = √ e β = γ + 90◦ (a medida de um ângulo externo
AC a 3 3

do triângulo é a soma das medidas dos ângulos internos não adjacentes a ele), temos:
1 1 1
β − 90◦ = γ ⇒ sen (β − 90◦ ) = sen γ = √ ⇒ sen (90◦ − β) = − √ ⇒ cos β = − √ .
3 3 3
Pauta de Correção:
• Construir um triângulo retângulo que tenha como lados uma aresta, a diagonal do cubo e a diagonal de uma face. [0,25]
• Calcular a medida da diagonal do cubo em função da aresta. [0,25]
• Calcular o cosseno do ângulo suplementar ao pedido (cos α) ou o seno do ângulo da solução alternativa (sen γ). [0,25]
• Obter o cosseno do ângulo pedido (cos β). [0,25]
Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Considere os pontos A, B, C, D, E e F de um cubo distribuı́dos como na figura abaixo.

Determine a probabilidade de,

(a) escolhidos ao acaso 3 pontos distintos dentre os 6 dados, eles determinarem um único plano.

(b) escolhidos ao acaso 4 pontos distintos dentre os 6 dados, eles serem coplanares.

Solução

(a) O número de escolhas de 3 pontos distintos do conjunto {A, B, C, D, E, F } é


6! 6·5·4
C63 = = = 20.
3!3! 3·2·1
Três pontos no espaço determinam um único plano se, e somente se, não são colineares. Dentre as 20 escolhas diferentes
de três pontos, apenas 2 contêm todos os pontos colineares, a saber, {A, B, C} e {D, E, F }. Portanto, há 18 escolhas
em que os 3 pontos determinam um único plano. Logo, a probabilidade pedida é
18 9
P = = = 0, 9.
20 10
(b) O número de escolhas de 4 pontos distintos do conjunto {A, B, C, D, E, F } é
6! 6·5
C64 = = = 15.
4!2! 2·1
Como os pontos dados estão distribuı́dos em duas arestas reversas, temos que quatro deles são coplanares se, e somente
se, houver três deles colineares.
Há 3 possibilidades contendo {A, B, C} e 3 possibilidades contendo {D, E, F }, fazendo um total de 6 casos favoráveis.
Portanto a probabilidade é

6 2
P = = = 0, 4.
15 5

Pauta de Correção:

Item (a)

• Fazer a contagem dos 3 pontos que determinam um plano. [0,25]

• Calcular a probabilidade. [0,25]

Item (b)

• Fazer a contagem dos 4 pontos coplanares. [0,25]

• Calcular a probabilidade. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2016.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,00 ]

A secretaria de educação de um municı́pio recebeu uma certa quantidade de livros para distribuir entre as escolas do
municı́pio. Sabe-se que a quantidade é superior a 1000, inferior a 2000, que se dividi-los entre 7 escolas sobram 4,
entre 9 sobram 2 e entre 13 sobram 6. Encontre a quantidade de livros.

Solução

Indicando por N a quantidade de livros, temos que





 N ≡ 4 mod 7

N ≡ 2 mod 9



N ≡ 6 mod 13

Como (7, 9) = 1, (9, 13) = 1 e (7, 13) = 1, o sistema tem solução.

Pelo Teorema Chinês dos Restos as soluções do sistema são dadas por

N ≡ 117 · y1 · 4 + 91 · y2 · 2 + 63 · y3 · 6 mod 819

onde
 


117y1 ≡ 1 mod 7 

5y1 ≡ 1 mod 7
 
91y2 ≡ 1 mod 9 ⇐⇒ y ≡ 1 mod 9

  2


63y ≡ 1 mod 13 
11y ≡ 1 mod 13
3 3

Os inteiros y1 = 3, y2 = 1 e y3 = 6 satisfazem as condições acima, portanto

N ≡ 117 · 3 · 4 + 91 · 2 + 63 · 6 · 6 mod 819

N ≡ 3854 ≡ 578 mod 819.

Como 1000 < N < 2000, obtemos N = 1397.

Pauta de Correção:

• Montar o sistema. [0,25]

• Escrever a solução geral do sistema. [0,25]

• Encontrar os valores de y1 , y2 e y3 . [0,25]

• Encontrar a solução pedida. [0,25]


Solução Alternativa:

Seja X a quantidade de livros comprada pela secretaria.

Temos que X ≡ 4 mod 7, X ≡ 2 mod 9 e X ≡ 6 mod 13.

Pela primeira equação modular segue que X = 7k + 4, com k ∈ Z.

Substituindo na segunda equação vemos que 7k + 4 ≡ 2 mod 9, somando 5 em ambos os lados temos que 7k ≡ 7 mod 9,

ou seja, k ≡ 1 mod 9.

Logo k = 9n + 1 e assim X = 7k + 4 = 7(9n + 1) + 4 = 63n + 11.

Colocando essa informação na terceira equação segue que 63n + 11 ≡ 6 mod 13.

Isso implica que 11n ≡ 8 mod 13. Multiplicando essa equação por 6 temos que 66n ≡ 48 mod 13, ou seja, n ≡ 9 mod 13.

Assim segue que n = 13t + 9 e X = 63n + 11 = 63(13t + 9) + 11 = 819t + 578. Como 1000 < X < 2000, concluı́mos que a
resposta é X = 1397.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Montar o sistema. [0,25]

• Substituir a primeira congruência na segunda e a segunda na terceira. [0,25]

• Escrever a solução geral do sistema. [0,25]

• Encontrar a solução pedida. [0,25]

Questão 02 [ 1,00 ]

O cone da figura seguinte tem 3 cm de raio e 4 cm de altura, sendo d a distância do vértice a um plano α, paralelo
à base.

Determine d de modo que as duas partes do cone separadas pelo plano α tenham volumes iguais.
Solução

Sejam v o volume do cone pequeno, V o volume do cone grande e Vt o volume do tronco do cone.

Observe que o cone pequeno unido ao tronco de cone completam o cone grande, logo

v + Vt = V.

Queremos v = Vt . logo

2v = V,

ou ainda,
v 1
= .
V 2
Como a razão dos volumes dos cones é igual ao cubo da razão das alturas correspondentes, temos
1  d 3
= ,
2 4
logo

3
d = 2 4cm.

Pauta de Correção:

• Observar que o volume do cone pequeno é a metade do volume total [0,25]

• Utilizar que a razão entre os volumes é igual ao cubo da razão entre as alturas. [0,5]

• Determinar corretamente o valor de d. [0,25]

Solução Alternativa:

Pela semelhança entre os triângulos da figura,


r d
= ,
3 4
3d
logo r = .
4

Com isso, o volume do cone menor será dado por


 2
1 1 3d 3
v= π r2 d = d= π d3 .
3 3 4 16

O volume total do cone é


1
V = π · 32 · 4 = 12π,
3
1
e como v = V , segue que
2
3 1
π d3 = · 12π,
16 2
que, simplificando, nos dá
d3 = 32,

e assim

3
d = 2 4cm.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Escrever corretamente r em função de d. [0,25]

• Obter o volume do cone menor em função apenas de d. [0,25]

• Calcular corretamente o volume V do cone total e observar que v = 21 V . [0,25]

• Determinar corretamente o valor de d. [0,25]

Questão 03 [ 1,00 ]

Sejam x e y números reais positivos tais que x + y = 1.


  
1 1
Prove que 1 + 1+ > 9.
x y

Solução
Como x e y são positivos, a inequação é equivalente à

(x + 1)(y + 1) > 9xy.

Pela hipótese x + y = 1, podemos isolar y = 1 − x e, substituindo na equação, obter a desigualdade equivalente

(x + 1)(2 − x) > 9x(1 − x),

que pode ser reescrita como


8x2 − 8x + 2 > 0,

ou ainda  2
1
8 x− > 0.
2
A última desigualdade, que é satisfeita para todo valor de x, é equivalente à original. Portanto,
  
1 1
1+ 1+ > 9.
x y

Pauta de Correção:

• Chegar corretamente a uma desigualdade envolvendo apenas uma das variáveis e equivalente à original. [0,5]

• Concluir que a desigualdade sempre é satisfeita. [0,5]

Solução Alternativa 1
Como na primeira solução, a equação é equivalente a

(x + 1)(y + 1) > 9xy.


Esta última desigualdade pode ser simplificada para x + y + 1 > 8xy.
1
Agora, usando a hipótese de que x + y = 1, podemos simplificar ainda mais para 2 > 8xy, ou seja, xy 6 , mas isto é
4
√ x+y 1 1
verdadeiro por causa da desigualdade das médias. De fato, xy 6 = , e portanto xy 6 .
2 2 4

Pauta de Correção da Solução Alternativa 1:


1
• Chegar à desigualdade xy 6 . [0,25]
4
• Usar a hipótese. [0,25]

• Resolver a inequação. [0,5]

Solução Alternativa 2
1 x+y x y 1 1
Como x + y = 1 segue que = = + = + .
xy xy xy xy y x
  
1 1 1 1 1 2
Logo 1+ 1+ =1+ + + =1+ .
x y y x xy xy

Pela desigualdade das médias aritmética e geométrica temos que

x+y √ 1 4
> xy que é equivalente a > .
2 xy (x + y)2

Assim segue que


  
1 1 2 2·4
1+ 1+ =1+ >1+ = 1 + 8 = 9.
x y xy (x + y)2

Pauta de Correção da Solução Alternativa 2:


  
1 1 2
• Chegar à igualdade 1 + 1+ =1+ . [0,25]
x y xy
• Usar a desigualdade das médias. [0,25]

• Concluir o que se pede. [0,5]

Questão 04 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Seja f : R → R, f (x) = ax + b. Se f (k) ∈ Z para todo k ∈ Z, mostre que a e b são inteiros.

(b) Seja f : R → R, f (x) = ax2 + bx + c. Se f (k) ∈ Z para todo k ∈ Z, podemos afirmar que a, b e c são todos
inteiros? Justifique a sua resposta.

Solução

(a) Como f (0) = b segue que b é inteiro. Além disso, f (1) = a + b ∈ Z temos que

a + b = c, com c inteiro, então a = c − b ∈ Z.

(b) A resposta é não.


1 2 1
Considere a função f : R → R, f (x) = x + x.
2 2

Para todo inteiro k, k(k + 1) é par, logo


1 2 1
f (k) = (k + k) = · k(k + 1) ∈ Z.
2 2

Pauta de Correção:

Item (a)
• Calcular f (0) e concluir que b é inteiro. [0,25]
• Calcular f (1) e concluir que a é inteiro. [0,25]
Item (b)
• Dar um contraexemplo. [0,25]
• Justificar que a função do contraexemplo satisfaz f (k) ∈ Z, para todo k ∈ Z. [0,25]

Questão 05 [ 1,00 ]

Sejam ABCD um quadrado de lado 1 (uma unidade), M o ponto médio de AB, N o ponto médio de BC e I a
interseção de DN e CM . Calcule a área do triângulo N IC.

Solução

Observe que os triângulos retângulos N CD e M BC são congruentes pelo caso LAL. Consequentemente, temos ∠N CI ≡
∠CDN . Como ∠CDN e ∠CN D são complementares, temos então que ∠N CI e ∠IN C também o são, logo o triângulo N IC
é retângulo de hipotenusa CN .
Os triângulos N IC e M BC têm um ângulo em comum e cada um destes triângulos possui um ângulo reto. Assim, eles têm
dois ângulos congruentes e, por isso, são semelhantes. A razão de semelhança entre os triângulos N IC e M BC é dada por
1 1
CN 1
k= = s 2  = √2 = √ .
CM 1
2 5 5
1+ 2
2

Com isso,

Área(N IC) 1
= k2 = ,
Área(M BC) 5
logo
1
Área(N IC) = Área(M BC),
5
e, como
1 1 1 1
Área(M BC) = · BC · BM = · 1 · = ,
2 2 2 4
temos
1 1 1
Área(N IC) = · = .
5 4 20

Pauta de Correção:

• Concluir que o triângulo N IC é retângulo. [0,25]

• Concluir que os triângulos N IC e M BC são semelhantes. [0,25]


Área(N IC) 1
• Concluir que = ou igualdade equivalente. [0,25]
Área(M BC) 5
• Calcular a área do triângulo N IC. [0,25]

Questão 06 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

De quantas maneiras distintas podemos escolher três números distintos do conjunto I40 = {x ∈ N : 1 6 x 6 40} de
modo que sua soma seja:

(a) um número ı́mpar?

(b) um múltiplo de 3?

Solução

(a) Temos que I40 = {1, 2, ..., 39, 40} = {1, 3, ..., 39} ∪ {2, 4, ..., 40}.
| {z } | {z }
20 ı́mpares 20 pares

Para obtermos um número ı́mpar, somando três números, temos duas possibilidades: três ı́mpares ou apenas um deles
ı́mpar.

O número de possibilidades para a escolha de 3 ı́mpares distintos é igual

3 20! 18 · 19 · 20
a C20 = = = 1140.
3!17! 6
Já, o número de possibilidades para escolhermos dois pares e um ı́mpar distintos é
2 20! 19 · 20
20 · C20 = 20 · = 20 · = 3800.
2!18! 2

Portanto, a resposta é 1140 + 3800 = 4940.

(b) Temos que


I40 = {1, 2, ..., 39, 40} = {3, 6, ..., 39} ∪ {1, 4, 7, ..., 40} ∪ {2, 5, 8, ..., 38}
| {z } | {z } | {z }
13 múltiplos de 3 14 da forma 3k+1 13 da forma 3k+2

Para obtermos um múltiplo de 3, somando três números, temos 4 possibilidades: três múltiplos de 3, três da forma
3k + 1, três da forma 3k + 2 ou
tomando os três de formas distintas 3k, 3k + 1 e 3k + 2.
Portanto, a resposta é

3 3 3
C13 + C14 + C13 + 13 · 14 · 13 = 286 + 364 + 286 + 2366 = 3302.

Pauta de Correção:

Item (a)

• Analisar corretamente as possibilidades de escolhas dos três números. [0,25]

• Fazer corretamente a contagem. [0,25]

item (b)

• Analisar corretamente as possibilidades de escolhas dos três números. [0,25]

• Fazer corretamente a contagem. [0,25]

Questão 07 [ 1,00 ]

Mostre que, para todo número natural n > 1, o resto da divisão do polinômio x2n + x + 1 por x2 − 1 é igual a x + 2.

Solução

Provaremos o resultado usando indução em n.

Para n = 1 temos que x2 + x + 1 = 1 · (x2 − 1) + (x + 2).

Supõe que o resultado vale para um certo k > 1, isto é,

x2k + x + 1 = q(x)(x2 − 1) + (x + 2) ou ainda x2k = q(x)(x2 − 1) + 1.

Agora vamos mostrar a validade do resultado para k + 1. De fato,

x2(k+1) + x + 1 = x2k+2 + x + 1 = x2 · x2k + x + 1 = x2 q(x)(x2 − 1) + 1 + x + 1 =


 

x2 · q(x)(x2 − 1) + x2 + x + 1 = x2 · q(x) + 1 (x2 − 1) + (x + 2).


 

Portanto vale o resultado para todo n > 1.


Pauta de Correção:

• Verificar que a afirmação é válida para n = 1. [0,25]

• Explicitar a hipótese de indução. [0,25]

• Concluir a prova. [0,5]

Solução Alternativa 1:

x2n + x + 1 = (x2 )n + x + 1
= (x2 − 1 + 1)n + x + 1
= (x2 − 1)n + n(x2 − 1)n−1 + · · · + n(x2 − 1) + 1n + x + 1
= (x2 − 1) · q(x) + 1 + x + 1
= (x2 − 1) · q(x) + (x + 2)

Como x + 2 tem grau 1, é o resto da divisão.

Pauta de Correção da Solução Alternativa 1:

• Escrever que x2 = x2 − 1 + 1. [0,25]

• Desenvolver o polinômio na forma q(x)(x2 − 1) + x + 2. [0,5]

• Concluir que x + 2 é o resto. [0,25]

Solução Alternativa 2:
Sabemos que y n − 1 = (y − 1)(y n−1 + · · · + y + 1). Assim,

x2n + x + 1 = (x2 )n + x + 1
= (x2 )n − 1 + 1 + x + 1
= (x2 − 1)((x2 )n−1 + · · · + x2 + 1) + x + 2

Como x + 2 tem grau 1, é o resto da divisão.

Pauta de Correção da Solução Alternativa 2:

• Escrever a fatoração de y n − 1. [0,25]

• Desenvolver o polinômio na forma q(x)(x2 − 1) + x + 2. [0,5]

• Concluir que x + 2 é o resto. [0,25]

Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Dados a, n ∈ N, com a > 2 ı́mpar, mostre que:


an − 1
(a) se é par então a é da forma 4k + 1 ou n é par.
2
an − 1
(b) se a é da forma 4k + 1 ou n é par, então é par.
2
Solução

Solução (a)

an − 1
Suponha que é par e que a não é da forma 4k + 1.
2
an − 1
Temos que = 2k, com k inteiro, logo an = 4k + 1.
2

Como a é ı́mpar temos que a é da forma 4k + 3.

Considerando que

(4k1 + 3)(4k2 + 3) = 4k + 1

(4k1 + 1)(4k2 + 1) = 4k + 1

(4k1 + 1)(4k2 + 3) = 4k + 3

concluı́mos que n é par.

Solução Alternativa (a):

an − 1
Suponha que é par e que a não é da forma 4k + 1.
2
an − 1
Segue que = 2k, daı́ an = 4k + 1 ou equivalentemente an ≡ 1 mod 4.
2

Como a é ı́mpar, então a ≡ 3 ≡ −1 mod 4.

Portanto n é par pois, caso contrário, terı́amos an ≡ −1 mod 4.

Solução (b)

an − 1
Suponhamos que a é da forma 4k + 1. Como (4k1 + 1)(4k2 + 1) = 4k + 1, concluimos que an = 4k + 1, e daı́ = 2k,
2
portanto par.

Suponhamos n é par. Como a é ı́mpar temos que a é da forma 4k + 3.

Considerando que

(4k1 + 3)(4k2 + 3) = 4k + 1

(4k1 + 1)(4k2 + 1) = 4k + 1
an − 1
concluimos que an é da forma 4k + 1. Portanto = 2k é par.
2

Solução Alternativa (b):

an − 1
Suponhamos que a é da forma 4k + 1. Segue que a ≡ 1 mod 4, daı́ an ≡ 1 mod 4. Portanto, = 2k é par.
2

Suponhamos n par. Como a é ı́mpar temos que a ≡ 1 mod 4 ou a ≡ 3 ≡ −1 mod 4. Nos dois casos, an ≡ 1 mod 4, portanto
an − 1
= 2k é par.
2
Pauta de Correção item (a):

• Supor a da forma 4k + 3 (ou n ı́mpar). [0,25]

• Concluir n par (ou a é da forma 4k + 1). [0,25]

Pauta de Correção item (b):

• Concluir o resultado quando a da forma 4k + 1. [0,25]

• Concluir o resultado quando n par. [0,25]

Outra Solução:

an − 1
 
a−1
Começamos escrevendo = (an−1 + · · · + a + 1).
2 2
a−1
Vamos, primeiramente, analisar a paridade de .
2
Como a é impar, ele é da forma 4k + 1 ou 4k + 3.

a−1 a−1
Se a = 4k + 1, então = 2k é par, enquanto que, se a = 4k + 3, então = 2k + 1 é ı́mpar.
2 2

Agora, analisaremos a paridade de an−1 + · · · + a + 1.

Sendo a > 2 ı́mpar, temos que an−1 , . . . , a são ı́mpares.

Assim, se n é par então an−1 + · · · + a + 1 é par.

Agora, se n é ı́mpar, então an−1 + · · · + a + 1 é ı́mpar.

an − 1
Finalmente, observando que é par se, e somente se,
2
a−1
é par ou an−1 + · · · + a + 1 é par concluı́mos que
2
an − 1
é par se, e somente se a é da forma 4k + 1 ou n é par.
2

Pauta de Correção:

an − 1
 
a−1
• Escrever = (an−1 + · · · + a + 1). [0,25]
2 2
a−1
• Analisar corretamente a paridade de . [0,25]
2
• Analisar corretamente a paridade de an−1 + · · · + a + 1. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2017.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ]

Determine as equações das duas retas tangentes à parábola de equação y = x2 − 2x + 4 que passam pelo ponto
(2, −5).

Solução
A equação de uma reta tangente à parábola que passa pelo ponto (2, −5) é caracterizada por y = m(x − 2) − 5 , onde m é a
inclinação e o sistema seguinte possui solução única, isto é, a interseção da reta com a parábola possui um único ponto.
(
y = x2 − 2x + 4
y = m(x − 2) − 5

Assim, x2 − 2x + 4 = m(x − 2) − 5, donde x2 − (2 + m)x + 2m + 9 = 0. O sistema terá uma única solução se, e somente se,
∆ = b2 − 4ac = 0.

Calculando ∆ = (2 + m)2 − 4(2m + 9) = m2 − 4m − 32, obtemos ∆ = 0 se, e somente se, m = 8 ou m = −4.

Portanto, y = 8x − 21 e y = −4x + 3 são as equações pedidas.

Pauta de Correção:

• Escrever a equação de uma reta passando por (2, −5). [0,25]


• Caracterizar a reta tangente. [0,25]
• Concluir que o sistema tem solução única se, e somente se, ∆ = 0. [0,25]
• Determinar as duas equações. [0,5]

Questão 02 [ 1,25 ]

Descreva a construção, com régua e compasso, do cı́rculo tangente à reta r e contendo os pontos A e B da figura
abaixo.

Observação: Considere conhecidas as construções, com régua e compasso, da mediatriz de um segmento, da média
geométrica de dois segmentos e da perpendicular a um segmento passando por um ponto dado. Estas construções
podem ser utilizadas sem maiores detalhamentos.
Solução
Vamos supor o problema resolvido:

Para construir o cı́rculo, precisamos construir, primeiramente, seu centro C. Este centro estará na interseção da mediatriz do
segmento AB com a reta perpendicular a r e passando pelo ponto T de tangência entre r e o cı́rculo. Com isso, se soubermos
determinar o ponto T , o problema poderá ser facilmente resolvido.

Sendo P o ponto de interseção entre r e a reta que passa por A e B, sabemos que
2
PA · PB = PT ,

logo, P T é a média geométrica dos segmentos P A e P B. Com isso, podemos fazer a seguinte construção:

1. Marcamos o ponto P de interseção entre as retas da figura e construı́mos o cı́rculo de centro P e raio a, onde a é a
média geométrica dos segmentos P A e P B (esta construção pode, segundo o enunciado, ser feita sem maiores detalhes).
2. Tomamos o ponto T na interseção entre r e o cı́rculo do passo anterior, de forma que T P A seja agudo.
3. Traçamos a reta s, perpendicular a r e passando por T (segundo o enunciado, esta construção pode ser feita sem maiores
detalhes).
4. Traçamos a reta m, mediatriz de AB (esta construção pode ser feita sem maiores detalhes).
5. Marcamos o centro C do cı́rculo na interseção entre m e s.
6. Construı́mos o cı́rculo de centro C e raio CA.

Pauta de Correção:

• Indicar (mesmo que apenas em uma figura) que o centro do cı́rculo está na mediatriz de AB e na reta perpendicular a
r passando por T , ou seguir claramente uma estratégia que utiliza este fato. [0,25]
• Considerar a média geométrica entre os segmentos P A e P B. [0,25]
• Tomar o ponto T de forma que P T seja a média geométrica entre os segmentos P A e P B. [0,5]
• Finalizar a construção do cı́rculo, tomando o centro na mediatriz de AB e na perpendicular a r passando por T . [0,25]

Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove que um número inteiro positivo n possui uma quantidade ı́mpar de divisores positivos se, e somente se,
é um quadrado perfeito.

(b) Sejam a e b números inteiros positivos com (a, b) = 1. Prove que, se ab é um quadrado perfeito, então a e b são
quadrados perfeitos.
Solução

α
(a) Pelo teorema fundamental da aritmética, n = pα
1
1
· pα
2 · · · pk
2 k
sendo
p1 < p2 < · · · < pk números primos e α1 , α2 , . . . , αk números inteiros positivos. A quantidade de divisores de n é dado
por
d(n) = (α1 + 1) · (α2 + 1) · · · (αk + 1).

(i) Se n tem um número ı́mpar de divisores, então todos os fatores de d(n) são números ı́mpares, ou seja, α1 , α2 , · · · , αk
são números pares. Portanto
 α α2 αk
2
1
n= p1 2 · p2 2 · · · pk 2 .

(ii) Por outro lado, se n é um quadrado perfeito, então n = c2 para algum c ∈ Z. Isto implica que todos os αi são números
pares e então d(n) é ı́mpar, por ser o produto de ı́mpares.

(b) Sejam a = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s e b = bγ11 · bγ22 · · · bγt t a decomposição destes números em fatores primos distintos. O fato de
(a, b) = 1 implica que a e b não tem fator primo comum. Portanto a decomposição de ab em fatores primos é

ab = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s · bγ11 · bγ22 · · · bγt t

Como ab é um quadrado perfeito, pelo item (a) a quantidade de divisores de ab é um número ı́mpar, isto é,

d(ab) = (β1 + 1) · (β2 + 1) · · · (βs + 1) · (γ1 + 1) · (γ2 + 1) · · · (γt + 1)

é ı́mpar. Logo d(a) é ı́mpar, d(b) é ı́mpar e novamente pelo item (a) os números a e b são quadrados perfeitos.

Pauta de Correção:

Item (a)

• Supor que n tem uma quantidade ı́mpar de divisores e concluir que n é quadrado perfeito. [0,25]

• Supor que n é quadrado perfeito e concluir que n tem uma quantidade ı́mpar de divisores. [0,25]

Item (b)

• Escrever corretamente a decomposição em primos de ab, usando o fato (a, b) = 1. [0,25]

• Concluir que a e b são quadrados perfeitos. [0,5]

Solução alternativa para o item (b):

(b) Sejam a = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s e b = bγ11 · bγ22 · · · bγt t a decomposição destes números em fatores primos distintos. O fato de
(a, b) = 1 implica que a e b não tem fator primo comum. Portanto a decomposição de ab em fatores primos é

ab = a1β1 · aβ2 2 · · · aβs s · bγ11 · bγ22 · · · bγt t .

Como ab é um quadrado perfeito, os expoentes βi e γj são todos pares. Logo as decomposições de a = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s e
b = bγ11 · bγ22 · · · bγt t em fatores primos distintos têm expoentes pares. Portanto os números a e b são quadrados perfeitos.

Pauta de Correção:

Item (b)

• Escrever corretamente a decomposição de ab em primos distintos usando o fato de que (a, b) = 1. [0,25]

• Concluiur que a e b são quadrados perfeitos. [0,50]


Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Uma permutação de n elementos é dita caótica quando nenhum elemento está na posição original. Por exemplo,
(2, 1, 4, 5, 3) e (3, 4, 5, 2, 1) são permutações caóticas de (1, 2, 3, 4, 5), mas (3, 2, 4, 5, 1) não é, pois 2 está no lugar
original. O número de permutações caóticas de n elementos é denotado por Dn .

(a) Determine D4 listando todas as permutações caóticas de (1, 2, 3, 4).

(b) Quantas são as permutações de (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7) que têm exatamente três números em suas posições original?

Solução

(a) As permutações caóticas de (1, 2, 3, 4) são 2143, 2341, 2413, 3142, 3412, 3421, 4123, 4312 e 4321.

(b) Primeiro escolhemos 3 números entre 1 e 7 que ficam na posição original, o que pode ser feito de C73 = 35 maneiras.
Devemos fazer uma permutação caótica com as demais 4 posições, e isso pode ser feito de D4 = 9 maneiras.

Portanto temos um total de C73 · D4 = 315 permutações de (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7) que têm exatamente três números em suas posições
originais.

Pauta de Correção:

(a) • Listar as 9 permutações caóticas de (1, 2, 3, 4). [0,5]


• Não listar todas as permutações caóticas de (1, 2, 3, 4) mas listar pelo menos 6, sendo todas as listadas caóticas.
[0,25]

(b) • Concluir que existem 35 modos de escolher os 3 números que ficarão na posição original. [0,25]
• Concluir que cada escolha dos 3 números fixados na posição original gera D4 permutações caóticas. [0,25]
• Concluir a contagem 35 · D4 . [0, 25]

Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um tetraedro ABCD possui como base o triângulo equilátero BCD, cujos lados têm medida 1. Suas faces laterais
são tais que AB = AC = AD = `, com B ÂC = C ÂD = B ÂD = α.

(a) Expresse ` em função de α.

(b) Determine, em função de α, a medida da altura deste tetraedro traçada a partir de A.


Solução

(a) Considerando a face ABC, como ` = AB = AC e BC = 1, temos, pela Lei do Cossenos,

12 = `2 + `2 − 2 · ` · ` · cos α,

que implica
2`2 (1 − cos α) = 1,

logo
1
`2 = .
2(1 − cos α)
Com isso, s
1
`= .
2(1 − cos α)

(b) Como as faces ABC, ACD e ABD são triângulos isósceles de vértice A, as alturas relativas a A de cada uma dessas
faces têm seus pés nos pontos médios de BC, CD e BD, respectivamente. Da mesma forma, as alturas da face BCD,
que é um triângulo equilátero, têm pés nos mesmos pontos médios, como mostra a figura abaixo.

Assim, as projeções das arestas AB, AC e AD sobre a base estão sobre as alturas da base, de forma que H, pé da
altura AH do tetraedro, esteja então no incentro/ortocentro/baricentro do triângulo equilátero BCD. Como a altura

3
do triângulo BCD tem medida 2
, temos
√ √
2 3 3
BH = CH = DH = · = .
3 2 3

Assim, como AHB é retângulo em H, temos


2 2 2
AH + BH = AB ,

logo
 √ 2
2 3
AH + = `2 ,
3
que nos dá
2 1 1
AH + = .
3 2(1 − cos α)
Com isso, s
1 1
AH = − ,
2(1 − cos α) 3
que é a altura pedida

Pauta de Correção:

Item (a):

• Aplicar a lei dos cossenos. [0,25]


• Obter ` em função de α. [0,25]
Item (b):

• Obter a distância 3/3 entre um dos vértices da base (B, C ou D) e o pé H da altura pedida. [0,25]
• Considerar um dos triângulos retângulos ABH, ACH ou ADH. [0,25]
• Encontrar a altura correta. [0,25]

Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove a relação de Stifel: para todos n e p inteiros positivos com n > p,
p+1
Cn+1 = Cnp+1 + Cnp .

(b) Considere a sequência de números inteiros



a1 = C 2 ,
2
a = C 2 + · · · + C 2
n 2 n+1 , n > 2.
3
Mostre que an = Cn+2 .

Solução

(a) Se n = p obtemos 1 = 0 + 1. Suponhamos então n > p.


Temos que
n! n! n!(n − p) + n!(p + 1)
Cnp+1 + Cnp = + =
(p + 1)!(n − p − 1)! p!(n − p)! (p + 1)!(n − p)!)

n!(n + 1) (n + 1)!
Cnp+1 + Cnp = = p+1
= Cn+1
(p + 1)!(n − p)! (p + 1)!(n − p)!
(b) Para n = 2 temos a2 = C22 + C32 = 1 + 3 = C43 , portanto a afirmação é verdadeira.
3 3
Suponhamos an = Cn+2 , para n fixo, n > 2. Vamos provar que o resultado vale para n + 1, isto é, an+1 = Cn+3 .
2 3 2
Temos que an+1 = an + Cn+2 = Cn+2 + Cn+2 (hipótese de indução).
Agora, usando a relação de Stifel, obtemos

3 2 3
an+1 = Cn+2 + Cn+2 = Cn+3

Portanto, pelo princı́pio de indução, o resultado é válido para todo n > 2.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Provar a relação de Stifel. [0,5]
Item (b)
• Verificar o resultado para n = 2 (base da indução). [0,25]
• Supor o resultado válido para n e provar para n + 1. [0,5]

Solução alternativa para o item (a) com argumento combinatório:


(a) Suponha que de um grupo de n + 1 pessoas tenham que ser formada uma comissão com p + 1 pessoas. Por definição
de número binomial segue que o lado esquerdo da igualdade é uma solução possı́vel para o problema. Por outro lado,
fixemos uma pessoa, digamos P. Vamos considerar as comissões que contém P e as comissões que não contém P. O
número de elementos do primeiro conjunto é igual a y = Cnp , pois como P já faz parte, resta escolher p entre as demais
n. Já, o número de comissões sem P é igual a x = Cnp+1 . Portanto segue o resultado.
p+1
Temos então que x + y = Cn+1 .

Pauta de Correção:

Item (a)

• Encontrar x e y. [0,25]
p+1
• Concluir que Cn+1 = x + y. [0,25]

Solução alternativa para o item (b):

(b) Pela relação de Stifel temos

C43 = C33 + C32


C53 = C43 + C42
C63 = C53 + C52
..
.
3
Cn+1 = Cn3 + Cn2
3 3 2
Cn+2 = Cn+1 + Cn+1 .

Somando-se as igualdades acima, membro a membro, obtemos que

3
Cn+2 = C33 + C32 + · · · + Cn2 + Cn+1
2
.

Como C33 = C22 = 1 segue que

3
Cn+2 = C22 + C32 + · · · + Cn2 + Cn+1
2
.

Pauta de Correção:

Item (b)

• Listar todas as igualdade de Stifel de 4 e n + 2. [0,25]

• Somar termo a termo e concluir a igualdade. [0,50]


Questão 07 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Uma função f é dita crescente em X ⊂ R se, para todos x1 , x2 ∈ X com x1 < x2 , tem-se f (x1 ) < f (x2 ). Sabendo
que as funções g(x) = xa e h(x) = bx são crescentes em [0, +∞) para a e b reais com a > 0 e b > 1,
x2 +1
(a) prove que a função F (x) = (1 + ex ) é crescente em [0, +∞);
x2 +1
(b) encontre as soluções não negativas da equação (1 + ex ) = 2.

Solução

(a) Suponha x1 < x2 , onde x1 , x2 ∈ [0, ∞).


Como as funções g(x) = xa e h(x) = bx são crescentes em [0, +∞) para a e b reais com a > 0 e b > 1, tem-se que

x1 < x2 =⇒ xa1 < xa2 e bx1 < bx2

Assim, x21 < x22 (tomamos a = 2) e daı́


x21 + 1 < x22 + 1

Concluimos, tomando b = 1 + ex1 > 1, que


2 2
(1 + ex1 )x1 +1 < (1 + ex1 )x2 +1 (1)

Por outro lado, tomando b = e > 1, tem-se que ex1 < ex2 , logo ex1 + 1 < ex2 + 1. Agora, tomando a = x22 + 1, concluimos
que
2 2
(1 + ex1 )x2 +1 < (1 + ex2 )x2 +1 (2)

Usando as desigualdades (1) e (2) concluimos, pela transitividade, que


2 2
F (x1 ) = (1 + ex1 )x1 +1 < F (x2 ) = (1 + ex2 )x2 +1

Portanto, a função F é crescente.


2 2
(b) Temos que a função F (x) = (1 + ex )x +1
é crescente , consequentemente é injetora. A equação (1 + ex )x +1
= 2 é
equivalente à F (x) = 2 = F (0).
Portanto, x = 0 é a única solução não negativa.

Pauta de Correção:

(a) • Concluir a desigualdade (1). [0,25]


• Concluir a desigualdade (2). [0,25]
• Concluir que a função é crescente. [0,25]

(b) • Concluir que a função é injetiva. [0,25]


• Achar a solução única. [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Sejam a, b, m números inteiros, com m > 1 e tais que (a, m) = 1. Prove que a congruência ax ≡ 1 mod m
possui solução. Além disso, mostre que se x1 , x2 ∈ Z são soluções da congruência, então x1 ≡ x2 mod m.

(b) Resolva a congruência 13x ≡ 1 mod 2436.

Solução

(a) Suponha (a, m) = 1. Segue que existem inteiros r, s tais que a · r + m · s = 1. Daı́ temos que ar ≡ 1 mod m, portanto r é
solução. Suponha agora que x1 , x2 são soluções, isto é, ax1 ≡ 1 mod m e ax2 ≡ 1 mod m. Segue que, ax1 ≡ ax2 mod m,
Como (a, m) = 1, concluimos que x1 ≡ x2 mod m.

(b) Considere a congruência 13 · x ≡ 1 mod 2436.


Calculando o mdc(2436, 13) obtemos
187 2 1 1 2
2436 13 5 3 2 1
5 3 2 1 0
Portanto, mdc(2436, 13) = 1. Agora, usando o algoritmo euclidiano estendido, obtemos

13 · 937 + 2436 · (−5) = 1

Portanto, x ≡ 937 mod 2436.

Pauta de Correção:

Item (a)

• Mostrar que a congruência tem solução. [0,25]

• Mostrar que duas soluções são congruentes módulo m. [0,25]

Item (b)

• Mostrar 13 e 2436 são primos entre si. [0,25]

• Achar a solução geral. [0,5]

• Achar apenas uma solução particular. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2017.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ]


Encontre as medidas dos lados e ângulos de dois triângulos ABC diferentes tais que AC = 1, BC = b = 30◦ .
3 e ABC

Solução


Considere AC = 1, BC = b = 30◦ e BA = c.
3 , ABC


Aplicando a lei dos cossenos, obtemos 1 = c2 + 3 − 2 3c · cos 30◦ = c2 + 3 − 3c, ou seja, c2 − 3c + 2 = 0. Logo c = 1 ou c = 2.

b = 30◦ e B AC
Para c = 1 obtemos um triângulo isósceles, logo B CA b = 120◦ .


b = 90◦ e C AB
Para c = 2 temos 22 = ( 3)2 + 12 , logo obtemos um triângulo retângulo com B CA b = 60◦ . Para fins de
ilustração, estes triângulos estão esboçados abaixo:

Pauta de Correção:

• Aplicar corretamente a lei dos cossenos. [0,25]

• Determinar os dois valores para a medida do lado AB. [0,50]

• Determinar as medidas dos ângulos no caso AB = 1. [0,25]

• Determinar as medidas dos ângulos no caso AB = 2. [0,25]


SOLUÇÃO ALTERNATIVA


Sejam BC = 3 e a reta r formando um ângulo de 30◦ com BC. A perpendicular ao segmento BC, traçada de C, intersecta
r em um ponto, denotado por A.
√ √
3 BC 3
No triângulo retângulo ABC, tem-se que cos 30◦ = = = , donde BA = 2.
√ 2 2 BA BA
2 2
Usando o teorema de Pitágoras, ( 3) + (AC) = 2 , e daı́ AC = 1. Assim obtemos um triângulo retângulo ABC, com
BA = 2, AC = 1 e B AC b = 60◦ .

Seja A0 o ponto médio de BA, logo BA0 = A0 A = 1. Traçando a mediana CA0 obtém-se o triângulo A0 AC isósceles com
A0 AC
b = 60◦ , logo um triângulo equilátero. Concluimos daı́ que A0 C = 1.
Consequentemente, o triângulo A0 BC é o outro triângulo pedido, com B Ac0 C = 120◦ .

Pauta de Correção :

• Traçar a perpendicular CA e concluir que AB = 2. [0,25]

• Determinar as medidas dos lados e ângulos do triângulo ABC. [0,25]

• Traçar a mediana relativa à hipotenusa AB e mostrar que o triângulo A0 AC é equilátero. [0,50]

• Encontrar as medidas dos lados e ângulos do triângulo A0 BC. [0,25]


Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Sejam a, b e c números reais com a 6= 0. Considere a função f : R → R definida pela expressão f (x) = ax2 + bx + c.

(a) Escreva a expressão de f na forma f (x) = a(x − m)2 + k.

(b) Utilizando o item anterior, prove que, se b2 − 4ac > 0, as raı́zes da equação ax2 + bx + c = 0, são dadas por
√ √
−b + b2 − 4ac −b − b2 − 4ac
r1 = e r2 = .
2a 2a

Solução

(a) Podemos fatorar a expressão de f como abaixo:

 
b c
f (x) = ax2 + bx + c = a x2 + x +
a a
b2 b2
 
b c
= a x2 + 2 · ·x+ 2 − 2 +
2a 4a 4a a
" 2 #
b 4ac − b2
= a x+ +
2a 4a2
2
4ac − b2

b
= a x+ + .
2a 4a

(b) Utilizando o item anterior,

ax2 + bx + c = 0 ⇐⇒ f (x) = 0
2
4ac − b2

b
⇐⇒ a x+ =−
2a 4a
 2 2
b b − 4ac
⇐⇒ a x+ =
2a 4a
 2 2
b b − 4ac
⇐⇒ x+ =
2a 4a2
r
b b2 − 4ac
⇐⇒ x+ =±
b2 −4ac>0 2a 4a2

b b − 4ac
2
⇐⇒ x+ =±
2a 2|a|

b − 4ac
2 b
⇐⇒ x=± −
2a 2a

−b ± b2 − 4ac
⇐⇒ x=
2a
Com isso, as raı́zes da equação ax2 + bx + c = 0 são dadas por
√ √
−b + b2 − 4ac −b − b2 − 4ac
r1 = e r2 = .
2a 2a

Pauta de Correção:
(a) • Fazer corretamente o completamento de quadrados. [0,5]
• Concluir corretamente as expressões para m e k. [0,25]
(b) • Observar que a expressão dentro da raiz é positiva. [0,25]
• Chegar corretamente à expressão final. [0,25]
Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Considere as sequências pn e qn definidas recursivamente por p1 = q1 = 1,

pn+1 = p2n + 2qn2 , qn+1 = 2pn qn , para n > 1.

(a) Prove que p2n − 2qn2 = 1, para n > 2.


pn
(b) Use o item (a) para concluir que as frações são irredutı́veis para todo n > 2.
qn

Solução

(a) A afirmação é verdadeira para n = 2. De fato, p2 = p21 +2q12 = 1+2 = 3 e q2 = 2p1 q1 = 2, portanto p22 −2q22 = 32 −23 = 1.
Suponha a afirmação verdadeira até um certo k > 2, isto é, p2k − 2qk2 = 1 (hipótese de indução). Vamos provar que a
afirmação é válida para k + 1.
Considerando a recorrência, temos que

p2k+1 − 2qk+1
2
= (p2k + 2qk2 )2 − 2(2pk qk )2 =

= p4k + 4p2k qk2 + 4qk4 − 8p2k qk2 = p4k − 4p2k qk2 + 4qk4 = (p2k − 2qk2 )2

Usando a hipótese de indução, concluı́mos que

p2k+1 − 2qk+1
2
= (p2k − 2qk2 )2 = 1.

Portanto, pelo Princı́pio de Indução Matemática, temos que p2n − 2qn2 = 1, para n > 2.

(b) Seja d o máximo divisor comum entre pn e qn . Como d | pn e d | qn , então d | p2n − 2qn2 . Usando o item (a) obtemos que
d | 1, o que nos mostra que d = 1.

Pauta de Correção:

(a) • Provar a afirmação para n = 2. [0,25]


• Supor a afirmação válida para n = k e provar para n = k + 1. [0,5]

(b) • Provar que (pn , qn ) = 1. [0,5]


Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)= 0,75 ]

Uma técnica simples para calcular o quadrado de um número natural N , representado no sistema decimal, cujo
algarismo das unidades é igual a 5 é a seguinte:

(i) O algarismo das dezenas de N 2 será 2 e o das unidades será 5, ou seja, N 2 “termina”em 25.

(ii) Para determinar os algarismos antecedentes a 25 em N 2 , considere o número a obtido pela retirada do algarismo
5 (algarismo das unidades) do número N que se quer elevar ao quadrado e multiplique pelo seu sucessor a + 1.
Assim, os algarismos do número a × (a + 1) serão os algarismos que antecedem o 25.

Por exemplo: 352 = 1225, pois 3 × 4 = 12; 1952 = 38025, pois 19 × 20 = 380.

(a) Use a técnica acima para calcular 7052 e 99952 .

(b) Prove a validade desse resultado.

Solução

(a) Tem-se que 7052 = 497025, pois 70 × 71 = 4970 e 99952 = 99900025, pois 999 × 1000 = 999000.

(b) Considere um número N , representado no sistema decimal, cujo algarismo das unidades é 5:

N = an · 10n + an−1 · 10n−1 + · · · + a1 · 10 + 5

Tem-se que
N = (an · 10n−1 + an−1 · 10n−2 + · · · + a1 ) ·10 + 5 = 10a + 5
| {z }
a

onde a é o número formado por todos os algarismos, exceto o algarismo 5. Segue daı́ que

N 2 = (10a + 5)2 = (10a)2 + 2 × 10a × 5 + 52 = 100a2 + 100a + 25 = a × (a + 1) × 100 + 25

Portanto, N 2 é o número terminado em 25 e os demais algarismos são obtidos pela multiplicação a × (a + 1).

Pauta de Correção:

(a) • Calcular 7052 , usando a técnica. [0,25]


• Calcular 99952 , usando a técnica. [0,25]

(b) • Escrever N = a · 10 + 5. [0,25]


• Calcular N 2 e concluir o resultado. [0,5]
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Um cubo de aresta de medida 3 é intersectado por um plano, determinando o triângulo DP Q, como mostra a figura
a seguir:

Sabe-se que AP = AQ = 2.

(a) Calcule a área do triângulo DP Q.

(b) Determine a distância do vértice A do cubo ao plano que contém o triângulo DP Q.

Solução

(a) Como AP = AQ = 2 e como P AQ é um triângulo retângulo, temos


2 2 2
P Q = AP + AQ = 22 + 22 = 8,
√ √
logo P Q = 8 = 2 2.

Como os triângulos DAQ e DAP são congruentes (caso LAL), tem-se DP = DQ, logo o triângulo DP Q é isósceles de
vértice D. Tomando o ponto médio M do lado P Q deste triângulo, tem-se então que DM é a altura de DP Q relativa
a P Q.

Como o triângulo AP Q é isósceles de vértice A, temos também que AM é altura de AP Q, logo AM̂ P = 90◦ . Com isso,

AM · P Q = AP · AQ,

logo

AM · 2 2 = 2 · 2,
e, com isso,

AM = 2.

O triângulo DAM é retângulo, logo


2 2 2 √
DM = DA + AM = 32 + ( 2)2 = 11.

Com isso, DM = 11 e
1 1 √ √ √
Área(DP Q) = · P Q · DM = · 2 2 · 11 = 22.
2 2
(b) Sendo d a distância do vértice A ao plano que contém o triângulo DP Q, o volume V do tetraedro DP QA pode ser
calculado de duas formas:
1
· Área(DP Q) · d,
V =
3
1
V = · Área(AP Q) · DA
3
(na primeira, tomamos DP Q como base e, na segunda, AP Q).

Com isso,
Área(DP Q) · d = Área(AP Q) · DA.

Como Área(DP Q) = 22 e
1 1
Área(AP Q) = · AP · AQ = · 2 · 2 = 2,
2 2
temos

22 · d = 2 · 3,

logo
6
d= √ .
22

Pauta de Correção:

Item (a):

• Considerar o ponto M . [0,25]



• Calcular DM = 11. [0,25]

• Obter o valor correto para a área de P DQ. [0,25]

Item (b):

• Calcular o volume do tetraedro DP QA. [0,25]

• Utilizar o volume calculado para obter a distância procurada. [0,25]

Solução Alternativa do Item (b):


O segmento d é a altura do triângulo retângulo DAM . Os catetos medem DA = 3, AM = 2, e a hipotenusa mede

DM = 11. Calculando a área de duas formas diferentes, obtemos a relação:

DM · d = DA · AM ,

√ √ 3 22 6
chegamos a 11d = 3 2, o que nos leva a d = = √ .
11 22

Pauta de Correção da Solução Alternativa do Item (b):

• Identificar d como a altura do triângulo retângulo ADM . [0,25]

• Utilizar qualquer relação métrica para calcular d. [0,25]


Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Sejam a, b números inteiros e p um número primo. Prove que:

(a) se p | ap − bp , então p | a − b.

(b) se p | ap − bp , então p2 | ap − bp .

Solução

(a) Suponha que p | ap − bp . Como p é primo, pelo Pequeno Teorema de Fermat, temos que p | ap − a e p | bp − b, logo
p | ap − bp − (a − b). Agora, como p | ap − bp , concluı́mos que p | a − b.

(b) Suponha que p | ap − bp . Segue que, usando o item (a), p | a − b, ou equivalentemente, a ≡ b mod p. Então temos que
an ≡ bn mod p, para todo n natural.
Daı́,
ap−1 + ap−2 b + · · · + abp−2 + bp−1 ≡ bp−1 + bp−2 b + · · · + bbp−2 + bp−1 ≡ pbp−1 ≡ 0 mod p

Como ap −bp = (a−b)(ap−1 +ap−2 b+· · ·+abp−2 +bp−1 ) e os dois fatores são divisı́veis por p, concluı́mos que p2 | ap −bp .

Pauta de Correção:

Item (a)

• Usar o Pequeno Teorema de Fermat. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]

Item (b)

• Decompor ap − bp e usar o item (a) para concluir que p divide um dos fatores. [0,25]

• Provar que p divide o outro fator. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]


Questão 07 [ 1,25 ]

Resolva a equação de recorrência Fn+2 − Fn+1 − Fn = 0 (n > 0), F0 = 0, F1 = 1.

Solução

A equação caracterı́stica associada a Fn é r2 − r − 1 = 0 cujas raı́zes são dadas por


√ √
1+ 5 1− 5
r1 = e r2 = .
2 2
Então,  √ n  √ n
1+ 5 1− 5
Fn = C1 + C2 .
2 2
Para determinar C1 e C2 usamos F0 = 0 e F1 = 1.

Para n = 0 e n = 1 obtemos o sistema 


 F 0 = C1 + C2 = 0
 √   √ 
 F1 = C1 1+2 5 + C2 1−2 5 = 1

1 1
Resolvendo o sistema, encontramos C1 = √ , C2 = − √ e assim:
5 5

 √ n  √ n
1 1+ 5 1 1− 5
Fn = √ −√ .
5 2 5 2

Pauta de Correção:

• Escrever a equação caracterı́stica. [0,25]

• Achar as raı́zes da equação caracterı́stica. [0,25]

• Escrever a fórmula explı́cita Fn = C1 r1n + C2 r2n . [0,25]

• Atribuir dois valores para n e montar um sistema. [0,25]

• Resolver o sistema. [0,25]


Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]


Considere a função real definida por f (x) = 3 sen(x) + cos(x).

(a) Determine α ∈ [0, 2π] para que f possa ser escrita na forma f (x) = 2 sen(x + α).

(b) Resolva, em R, a equação 3 sen(x) + cos(x) = 2.

Solução

(a) Desenvolvendo a expressão 2 sen(x + α), temos

2 sen(x + α) = 2 [sen(x) cos(α) + sen(α) cos(x)]


= 2 cos(α) sen(x) + 2 sen(α) cos(x).

Assim, para que 2 sen(x + α) seja igual a f (x) = 3 sen(x) + cos(x), é necessário e suficiente que

2 cos(α) = 3 e 2 sen(α) = 1,

ou, equivalentemente, √
3 1
cos(α) = e sen(α) = .
2 2
π
Esta igualdade é satisfeita, para α ∈ [0, 2π], tomando-se α = .
6
(b) Pelo item (a),
√  π
3 sen(x) + cos(x) = 2 ⇐⇒ 2 sen x + =2
6
 π
⇐⇒ sen x + =1
6
π π
⇐⇒ x + = + 2kπ, k ∈ Z
6 2
π π
⇐⇒ x = − + + 2kπ, k ∈ Z
6 2
π
⇐⇒ x = + 2kπ, k ∈ Z
3

Pauta de Correção:

(a) • Usar a fórmula do seno da soma de arcos. [0, 25]


• Concluir que α = π/6. [0, 25]

(b) • Usar o item (a) e reescrever a equação. [0, 25]


• Chegar à solução da equação. [0, 5]

Solução Alternativa para o Item (b):


Podemos reescrever a equação na forma 3 sen(x) = 2 − cos(x).

Elevando os dois lados ao quadrado temos que 3 sen2 (x) = (2 − cos(x))2 , ou seja, 3 sen2 (x) = 4 − 4 cos(x) + cos2 (x). Pela
relação fundamental cos2 (x) + sen2 (x) = 1, segue que 3(1 − cos2 (x)) = 4 − 4 cos(x) + cos2 (x).

Assim temos a equação 4 cos2 (x) − 4 cos(x) + 1 = 0. Fazendo cos(x) = t obtemos a equação do segundo grau 4t2 − 4t + 1 = 0,
1
cuja solução é t = .
2
1 π π
Logo temos que resolver a equação cos(x) = que tem como soluções x = + 2kπ e x = − + 2kπ, com k ∈ Z.
2 3 3
π π
Como as funções seno e cosseno são 2π-periódicas, podemos testar apenas x = e x = − na equação original.
3 3
π  π √ √
1 π 3  π 3
Sabemos que cos = cos − = , sen = e sen − =− .
3 3 2 3 2 3 2
√ π π
Substituindo na equação 3 sen(x) = 2 − cos(x) vemos que x = é solução e que x = − não é solução.
3 3
π
Portanto as soluções em R são dadas por x = + 2kπ, com k ∈ Z.
3

Pauta de Correção da Solução Alternativa para o Item (b):

• Encontrar a equação em cos(x) e fazer a substituição t = cos(x). [0,25]

• Resolver a equação em t e encontrar os possı́veis valores de x. [0,25]

• Concluir quais são as soluções corretas da equação. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2018.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Isótopos radioativos de um elemento quı́mico estão sujeitos a um processo de decaimento radioativo. Com o passar
do tempo, uma amostra de tais isótopos vai se desintegrando, isto é, emitindo radiação e se transformando em uma
amostra de átomos mais estáveis.
Sabe-se que este decaimento é de tipo exponencial, isto é, denotando por m(t) a massa de um determinado isótopo
radioativo no instante t, tem-se
m(t) = m0 · bt ,

para algum 0 < b < 1, sendo m0 > 0 a massa inicial. A meia vida deste isótopo, denotada T , é o tempo necessário
para que a massa m se reduza à metade de seu valor inicial.

(a) Determine b em função de T .

(b) Determine, em função de T , o tempo necessário para que m se reduza a um terço de seu valor inicial.

Solução

(a) Considere t0 o tempo inicial, isto é, m(t0 ) = m0 . Segue que m0 · bt0 = m0 , logo t0 = 0.
Se T é o tempo necessário para que caia à metade a massa m de uma amostra de isótopos radioativos, a partir do
instante t0 = 0, temos
m0
m(T ) = ,
2
logo,
m0
m0 · bT = ;
2
com isso,
1
bT = .
2
Assim,
 1
1 T
b= .
2

1
Uma outra forma de escrever a última relação acima é b = 2− T .

(b) Seja t o tempo necessário para que a massa de uma amostra decaia a um terço. Temos que
m0
m(t) = ,
3
logo,
m0
m0 · bt = ;
3
portanto,
1
bt =
3
e, com isso,  1
t 1
2− T = .
3
Assim,
t
2− T = 3−1

ou, ainda,
t
2 T = 3.

Finalmente,
t
= log2 3,
T
de sorte que
t = T · log2 3.

Assim, o tempo necessário para que a massa de uma amostra decaia a um terço é T · log2 3.

Pauta de Correção:

(a) • Escrever a equação m(T ) = m20 . [0,25]


1 1
• Obter b = 12 T ou b = 2− T . [0,25]

(b) • Escrever a equação m(t) = m30 . [0,25]


 t
t 1 T 1
• Obter 2 T = 3 ou = . [0,25]
2 3
• Obter t = T · log2 3, ou algum valor equivalente. [0,25]

Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,75; (c)=0,25 ]

O objetivo deste problema é encontrar o número natural x, menor do que 1700 e que deixe restos 2, 2, 1 e 0 quando
dividido por 5, 6, 7 e 11, respectivamente. Para tanto, faça os itens a seguir:

(a) Escreva um sistema de congruências que tenha x como uma solução.

(b) Determine a solução geral do sistema do item (a).

(c) A partir da solução geral do sistema, calcule o valor de x.

Solução

(a) Temos que 0 < x < 1700 é uma solução do seguinte sistema de congruências:

 X ≡ 2 (mod 5)



 X ≡ 2 (mod 6)


 X ≡ 1 (mod 7)

X ≡ 0 (mod 11)

(b) Como 5, 6, 7, 11 são coprimos dois a dois, usaremos o Teorema Chinês dos Restos para determinar a solução geral do
sistema.
Tomamos M = 5 · 6 · 7 · 11 = 2310, M1 = 6 · 7 · 11 = 462, M2 = 5 · 7 · 11 = 385, M3 = 5 · 6 · 11 = 330 e M4 = 5 · 6 · 7 = 210.
Continuando, pondo m1 = 5, m2 = 6, m3 = 7, m4 = 11, c1 = 2, c2 = 2, c3 = 1 e c4 = 0, temos que a solução geral do
sistema é dada por
X ≡ M1 y1 c1 + M2 y2 c2 + M3 y3 c3 + M4 y4 c4 (mod M ),

onde cada yi é solução de Mi · y ≡ 1 (mod mi ), i = 1, 2, 3, 4.


Como c4 = 0 precisaremos determinar apenas y1 , y2 e y3 onde
 
 6 · 7 · 11y1 ≡ 1 (mod 5)  2y1 ≡ 1 (mod 5)

 

5 · 7 · 11y2 ≡ 1 (mod 6) ⇐⇒ y2 ≡ 1 (mod 6)
 
 5 · 6 · 11y ≡

1 (mod 7)  y ≡

1 (mod 7)
3 3

Portanto, y1 = 3, y2 = y3 = 1 e, assim,

X ≡ 462 · 3 · 2 + 385 · 1 · 2 + 330 · 1 · 1 ≡ 3872 (mod 2310).

(c) Temos que X= 3872 +2310 t, com t ∈ Z. Como 0 < x < 1700, obtemos x = 3872 − 2310 = 1562 como única solução.

Pauta de Correção:

(a) Escrever o sistema. [0,25]

(b) Determinar a solução geral. [0,75]

(c) A partir da solução geral, obter o valor de x. [0,25]


Questão 03 [ 1,25 ]

Dadas duas retas reversas r e s no espaço, definimos o ângulo entre r e s como o sendo o menor ângulo entre r e
s0 , onde s0 é qualquer reta paralela a s e concorrente com r. Pode-se provar que este ângulo não depende da reta s0
escolhida. Na figura abaixo, as retas reversas r e s são suporte, respectivamente, de uma diagonal do cubo e de uma
diagonal de uma de suas faces.

Calcule, de acordo com a definição acima, o cosseno do ângulo entre r e s.

Solução
De acordo com a definição relembrada no enunciado, precisamos determinar o ângulo entre r e s0 , com s0 paralela a s e
concorrente com r. Ainda de acordo com o enunciado, pode-se escolher qualquer reta s0 com tais propriedades. Vamos, então,
tomar s0 como sendo a paralela a s que concorre com r em um dos vértices do cubo, que chamaremos de A, conforme a figura
abaixo.

Note que s0 é perpendicular a AP , pois está contida no plano da face da base do cubo, que é perpendicular à aresta vertical
AP . Além disso, como s é paralela à diagonal BD da face ABCD do cubo, s0 também é paralela a BD; por fim, como BD é
perpendicular a AC, s0 é também perpendicular a AC.

Assim, como s0 é perpendicular a (ACP ), que é o mesmo plano (ACR), que por sua vez contém r. Logo, s0 é perpendicular a
r e, com isso, o cosseno do ângulo do ângulo entre as retas é 0.

Pauta de Correção:

• Considerar a reta s0 , ou alguma outra paralela a s concorrente com r, ou ainda alguma reta paralela a r e concorrente
com s. [0,25]

• Concluir corretamente que s0 é perpendicular a AC. [0,25]

• Concluir corretamente que s0 é perpendicular ao plano (ACR). [0,25]

• Concluir que s0 é perpendicular a r. [0,25]

• Calcular o cosseno. [0,25]


Solução Alternativa
Temos que s é perpendicular a P R, pois as diagonais de uma face do cubo são perpendiculares. Além disso, s está contida no
plano da face P QRS e AP é perpendicular a esta face, logo s é perpendicular a AP . Com isso, s é perpendicular ao plano
que contém o quadrilátero ACRP . Então, s é ortogonal a toda reta em ACRP , logo, ortogonal a r. Assim, sendo E o ponto
em que s intersecta ACRP e r0 a paralela a r passando por E, temos que s e r0 formam um ângulo de 90◦ uma com a outra.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Mostrou que s é ortogonal é AP . [0,25]


• Mostrou que s é ortogonal é ACRP . [0,25]
• Mostrou que s é ortogonal a r. [0,25]
• Considerou a reta r0 e mostrou que o ângulo entre s e r0 é de 90◦ . [0,25]
• Calcular o cosseno. [0,25]

Solução Alternativa (por Lei dos Cossenos)


Denotamos por a a aresta do cubo. Prolongando a aresta CB do cubo, obtemos o ponto E na interseção deste prolongamento
com s0 . Vamos calcular cos θ, onde θ é a medida do ângulo RÂE.
Pelo caso LLL, os triângulos SP Q e DAB da figura abaixo são congruentes. Além disso, como s0 é paralela a BD, e AD é

paralelo a EB, o quadrilátero AEBD será um paralelogramo. Com isso, BE = AD = a e AE = BD = a 2.

Temos ainda, pelo Teorema de Pitágoras, que


2 2 2
RE = RC + CE = a2 + (2a)2 ,

logo RE = a 5.

√ √ √
O triângulo RAE tem, então, lados de medidas AR = a 3, AE = a 2 e RE = a 5.

Pela Lei dos Cossenos,


2 2 2
RE = AE + AR − 2 · AE · AR · cos θ,
logo
√ √
5a2 = 2a2 + 3a2 − 2 · a 2 · a 3 · cos θ,
e, então
√ √
0 = −2 · a 2 · a 3 · cos θ.
Com isso, cos θ = 0 (e, portanto, o ângulo entre r e s0 mede 90◦ ).

Pauta de Correção da Solução Alternativa (Lei dos Cossenos):

• Considerar a reta s0 . [0,25]


• Obter o ponto E, interseção de s0 com o prolongamento de BC. [0,25]

• Obter RE = a 5. [0,25]
• Aplicar corretamente a Lei dos Cossenos. [0,25]
• Calcular o cosseno. [0,25]
Solução Alternativa (pelo Teorema das Três Perpendiculares)
Na figura que aparece na solução anterior, considerando α o plano que contém a face ABCD, temos RC⊥α. Temos BD k s, e
s k s0 , logo BD k s0 . Por fim, como AC⊥BD (pois ambos os segmentos são diagonais da face quadrada ABCD), temos então
AC⊥s0 .

Como RC⊥α, AC ⊂ α, s0 ⊂ α e AC⊥s0 , pelo Teorema das Três Perpendiculares, temos AR⊥s0 , logo r⊥s0 . Com isso, o ângulo
entre r e s é reto e, portanto, o cosseno do ângulo entre r e r é 0.

Pauta de Correção da Solução Alternativa (Teorema das Três Perpendiculares):

• Considerar a reta s0 , ou alguma outra paralela a s concorrente com r, ou ainda alguma reta paralela a r e concorrente
com s. [0, 25]

• Concluir corretamente que s0 é perpendicular a AC. [0, 25]

• Concluir corretamente que RC é perpendicular ao plano α, da face ABCD. [0, 25]

• Utilizar o Teorema das Três Perpendiculares e concluir que s0 é perpendicular a r. [0, 25]

• Calcular o cosseno. [0, 25]

Questão 04 [ 1,25 ]

Sejam (an ) uma progressão aritmética e (bn ) a sequência definida por bn = a2n+1 − a2n , para todo n > 1. Mostre que
(bn ) é uma progressão aritmética e calcule o primeiro termo e a razão de (bn ) em função do primeiro termo e da
razão de (an ).

Solução
Sejam a o primeiro termo e r a razão da progressão aritmética (an ).

Então ak = a + (k − 1)r, para todo k > 1.

Além disso, para n > 1, temos que

bn = a2n+1 − a2n = [a + nr]2 − [a + (n − 1)r]2 = a2 + 2anr + (nr)2 − a2 + 2a(n − 1)r + (n − 1)2 r2 =


 

a2 + 2anr + n2 r2 − a2 − 2anr + 2ar − n2 r2 + 2nr2 − r2 = 2ar + 2nr2 − r2 =

2ar + r2 + (n − 1)(2r2 ).

Logo (bn ) é uma progressão aritmética com primeiro termo 2ar + r2 e razão 2r2 .

De fato, b1 = 2ar + r2 + (1 − 1)(2r2 ) = 2ar + r2 e, para k > 1, temos que

bk+1 − bk = 2ar + r2 + (k + 1 − 1)(2r2 ) − 2ar + r2 + (k − 1)(2r2 ) = 2r2 e


 

assim está provado o resultado.

Pauta de Correção:

• Determinar a expressão de (bn ). [0,25]

• Verificar que (bn ) é uma progressão aritmética. [0,5]

• Determinar o primeiro termo de (bn ). [0,25]

• Determinar a razão da progressão aritmética (bn ). [0,25]


Solução Alternativa
Sejam a o primeiro termo e r a razão da progressão aritmética (an ).
Calculando a diferença de dois termos consecutivos da sequência (bn ) temos

bn+1 − bn = a2n+2 − a2n+1 − (a2n+1 − a2n ),

onde an+2 = an+1 + r e an+1 = an + r. Logo,

bn+1 − bn = (an+1 + r)2 − a2n+1 − [(an + r)2 − a2n ]

Fazendo as simplificações, obtemos

bn+1 − bn = 2an+1 r − 2an r = 2r(an+1 − an ) = 2r2 .

Portanto, (bn ) é uma progressão aritmética de razão 2r2 .


Temos que b1 = a22 − a21 = (a1 + r)2 − a21 = 2a1 r + r2 = 2ar + r2 .
Portanto, o primeiro termo de (bn ) é igual a 2ar + r2 .

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Considerar a diferença bn+1 − bn . [0,25]

• Verificar que (bn ) é uma progressão aritmética. [0,5]

• Determinar o primeiro termo de (bn ). [0,25]

• Determinar a razão de (bn ). [0,25]

Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Qual a probabilidade de duas pessoas escolhidas ao acaso terem nascido no mesmo dia da semana?

(b) Em um grupo de r pessoas (2 6 r 6 7), qual a probabilidade de haver pelo menos duas delas que tenham
nascido no mesmo dia da semana?

Observação: Suponha que a probabilidade de uma pessoa nascer em determinado dia da semana seja igual a 1/7.

Solução

(a) Escolhidas duas pessoas, o número de pares possı́veis dos dias da semana é igual 7 × 7 = 49. O número de casos
favoráveis, são os pares em que os dias de nascimento da semana são os mesmos, ou seja, igual a 7. Logo a probabilidade
7 1
pedida é igual a = .
49 7

Solução alternativa I
O número de pares possı́veis em que duas pessoas nasceram em dias distintos da semana é igual a 7 × 6 = 42. Temos
42 1
então que a probabilidade pedida é p = 1 − = .
49 7

Solução alternativa II
1
Escolhida uma pessoa, a probabilidade da outra ter nascido no mesmo dia da semana da primeira é p = .
7

(b) O número de casos possı́veis para r pessoas é igual a 7r . O número de casos em que nenhuma das r pessoas nasceu no
mesmo dia da semana, isto é, o número de casos desfavoráveis, é igual a 7 × 6 × · · · × [7 − (r − 1)]. Logo a probabilidade
pedida é

7 × 6 × · · · × (7 − (r − 1))
p=1− .
7r
Pauta de Correção:

(a) • Determinar o cardinal do Espaço Amostral. [0,25]


• Determinar a probabilidade. [0,25]

(b) • Determinar o cardinal do Espaço Amostral. [0,25]


• Determinar a probabilidade. [0,5]

Questão 06 [ 1,25 ]

Para cada n > 0 inteiro considere o número C(n) obtido pela concatenação das potências de 2, com expoentes de 0
até n, conforme exemplificado na tabela abaixo:

n 0 1 2 3 4 5 ···
C(n) 1 12 124 1248 124816 12481632 ···

Mostre, por indução, que C(n) é divisı́vel por 2n para todo n > 0.

Solução
Observemos primeiramente que
C(1) = 12 = 10 + 2, C(2) = 124 = 12 · 10 + 4, C(3) = 1248 = 124 · 10 + 8, C(4) = 124816 = 1248 · 102 + 16, C(5) =
124816 · 102 + 32, C(6) = 12481632 · 102 + 64, C(7) = 1248163264 · 103 + 128, . . ..
De um modo geral,
C(n + 1) = C(n) · 10s + 2n+1 ,

onde s > 1 é o número de algarismos da expansão decimal de 2n+1 .


Agora, por indução sobre n, para n = 0 temos que 20 | C(0).
Suponha que 2n divide C(n), para um certo n > 0.
Temos que C(n + 1) = C(n) · 10s + 2n+1 , onde s > 1.
Como 2n divide C(n) e 2 divide 10s , concluimos que 2n+1 divide C(n) · 10s , logo 2n+1 divide C(n + 1).
Portanto, C(n) é divisı́vel por 2n para todo n > 0.

Pauta de Correção:

• Verificar que C(n) é divisı́vel por 2n para n = 0. [0,25]

• Escrever C(n + 1) = C(n) · 10s + 2n+1 . [0,25]

• Concluir que 2n+1 divide C(n) · 10s . [0,5]

• Concluir a prova. [0,25]

Questão 07 [ 1,25 ]

Seja ABC um triângulo. Se P é o pé da bissetriz interna relativa ao lado BC, prove o Teorema da Bissetriz
Interna, isto é, que

BP BA
= .
PC AC
Solução

←→ ←→
Trace, pelo ponto B, a paralela à reta AP e marque seu ponto de interseção B 0 com a reta AC.
←→ ←−→
Como AP é paralela à reta B 0 B e AP é bissetriz do ∠BAC obtemos
∠ABB 0 = ∠BAP e∠BB 0 A = ∠P AC; como ∠BAP = ∠P AC, segue que ∠BB 0 A = ∠ABB 0 .
Portanto, o triângulo B 0 AB é isósceles de base B 0 B, e assim AB = AB 0 .
←→ ←−→
Aplicando o teorema de Tales às paralelas AP e B 0 B obtemos

BP AB 0 AB
= =
PC AC AC

Pauta de Correção:
←→
• Traçar a paralela a AP e mostrar a igualdade ∠BB 0 A = ∠ABB 0 . [0,5]
• Concluir que AB = AB 0 . [0,25]
• Aplicar o teorema de Tales. [0,25]
• Concluir o resultado. [0,25]

Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

(a) Escreva cos(3x) em termos de cos(x).


r
(b) Mostre que, se um número racional irredutı́vel (r e s inteiros não nulos primos entre si) é raiz de um polinômio
s
P (X) = an X n + an−1 X n−1 + · · · + a1 X + a0 de coeficientes inteiros, então s divide an e r divide a0 .

(c) Use os itens acima para mostrar que cos (20◦ ) é um número irracional.

Solução
(a)

cos(3x) = cos(2x + x)
= cos(2x) · cos x − sen(2x) · senx
= (cos2 x − sen2 x) · cos x − 2 · senx · cos x · senx
= cos3 x − sen2 x · cos x − 2 · sen2 x · cos x
= cos3 x − 3 · sen2 x · cos x
= cos3 x − 3 · (1 − cos2 x) · cos x
= 4 cos3 x − 3 cos x.
r
(b) Suponha r e s como no enunciado, tais que é uma raiz racional irredutı́vel do polinômio P (x) = an xn + an−1 xn−1 +
s
· · · + a1 x + a0 , isto é,

r  r n  r n−1  r 2 r


P = an + an−1 + · · · + a2 + a1 + a0 = 0
s s s s s
Multiplicando a igualdade por sn , temos que

an rn + an−1 rn−1 s + · · · + a2 r2 sn−2 + a1 rsn−1 + a0 sn = 0,

an rn = −(an−1 rn−1 + · · · + a2 r2 sn−3 + a1 rsn−2 + a0 sn−1 )s

a0 sn = −(an rn−1 + an−1 rn−2 s + · · · + a2 rsn−2 + a1 sn−1 )r.

Segue que s|an rn e r|a0 sn e, como, (r, s) = 1 concluı́mos que s|an e r|a0 .

(c) Note que 60o = 3 · 20o .


Por um lado, cos 60o = 1/2; por outro, o item (a) fornece cos 60o = 4 cos3 20o − 3 cos 20o .
Portanto, podemos afirmar que cos 20o satisfaz à equação 4x3 − 3x − 1
2
= 0, e então que é raiz do polinômio com
coeficientes inteiros
P (x) = 8x3 − 6x − 1.

Pelo item (b), as (possı́veis) raı́zes racionais de P devem pertencer ao conjunto {±1, ± 21 , ± 14 , ± 18 }. Calculando as
imagens de cada um desses números, temos

x 1 -1 1/2 -1/2 1/4 -1/4 1/8 -1/8


P (x) 1 -3 -3 1 -19/8 3/8 -111/64 -17/64

Portanto, cos 20o não pode ser um número racional.

Pauta de Correção:

(a) Escrever cos(3x) em função de cos x. [0,25]

(b) • Concluir que s|an rn e r|a0 sn . [0,25]


• Usar o fato (r, s) = 1 e concluir que s|an e r|a0 . [0,25]

(c) • Usar o item (a) para obter cos 20◦ como raiz da polinômio
P (x) = 8x3 − 6x − 1. [0,25]
• Usar o item (b) para concluir que cos 20◦ é um número irracional. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2018.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Sejam a, b, n ∈ Z com n > 0. Mostre que a + b | a2n − b2n .

(b) Para quais valores de a ∈ N ∪ {0} tem-se que a + 2 | a4 + 2 ?

Solução

(a) Temos que a − b | an − bn , para todo n natural, pois


an − bn = (a − b) · (an−1 + an−2 b + · · · + abn−2 + bn−1 ).
Assim a + b = a − (−b) | a2n − (−b)2n = a2n − b2n .

(b) Usando o item (a), temos que a + 2 | a4 − 24 = a4 − 16.


Como a4 + 2 = (a4 − 16) + 18, segue que a + 2 | a4 + 2, se se somente se, a + 2 | 18.
Assim a + 2 = ±1, ±2, ±3, ±6, ±9 ou ±18 , com a ∈ N ∪ {0}, portanto
a = 0, 1, 4, 7 ou 16.

Pauta de Correção:

(a) • Escrever que a − b divide an − bn . [0,25]


• Escrever que a + b = a − (−b) divide a2n − b2n . [0,25]

(b) • Escrever que a4 + 2 = (a4 − 16) + 18. [0,25]


• Concluir que a + 2 deve dividir 18. [0,25]
• Determinar todos os valores de a. [0,25]

Solução Alternativa para o Item (a)


Vamos provar por indução em n.
Para n = 1, temos a2 − b2 = (a + b)(a − b), logo (a + b) | a2 − b2 .
Suponha que o resultado é válido para n = k, isto é, a2k − b2k = (a + b) · q. E considere

a2(k+1) − b2(k+1) = a2k · a2 − b2k · b2

Somando e subtraindo a2k · b2 e, em seguida, usando a hipótese de indução, temos

a2(k+1) − b2(k+1) = a2k · a2 − a2k · b2 + a2k · b2 − b2k · b2


= a2k · (a2 − b2 ) + (a2k − b2k )b2
= a2k · (a + b) · (a − b) + (a + b) · q · b2
= (a + b) · [a2k · (a − b) + q · b2 ]

Portanto está provado o resultado.

Pauta de Correção da Solução Alternativa do Item (a)


(a) • Provar o caso n = 1. [0,25]
• Provar o caso geral. [0,25]
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Dados três pontos A, B e C não colineares, faça o que se pede tendo em vista que este é um problema de Geometria
Plana.

(a) Descreva os passos de construção necessários para obter, utilizando régua e compasso, as duas retas r e s que
contêm C, tais que r equidista de A e B, e s equidista de A e B.

(b) Justifique a construção anterior, isto é, explique porque os passos de construção descritos no item (a) fornecem
realmente as retas procuradas.

Observação: Considere conhecidas as construções, com régua e compasso, da mediatriz de um segmento e da paralela
a um segmento passando por um ponto dado. Estas construções podem ser utilizadas sem maiores detalhamentos.

Solução

(a) Para obter a reta r que equidista de A e B e contém C:


1. Trace o segmento AB;
2. Trace a mediatriz m do segmento AB;
3. Marque o ponto M de interseção entre AB e m, que é o ponto médio de AB;
←−→
4. Trace a reta CM , que é a reta r procurada.
Quanto à reta s, para obtê-la, basta traçar a reta paralela ao segmento AB e que contém C.

(b) Por construção, C pertence tanto a r quanto a s. Sendo s paralela ao segmento AB, equidista de todos os pontos da
←→
reta AB, em particular dos pontos A e B. Resta então mostrar que r também equidista dos pontos A e B.

Para tanto, consideremos os pontos D e E, pés das perpendiculares baixadas a partir dos pontos A e B, respectivamente,
até a reta r, conforme a figura. Agora podemos construir os triângulos AM D e BM E, que são congruentes, pelo caso
LAAo , já que ADMb e B EM
b são, por construção, ambos retos, AM
cD e B McE são opostos pelo vértice e os lados AM
e BM são congruentes, uma vez que M é ponto médio de AB. Portanto, AD = BE, de modo que r equidista de A e
B, como querı́amos provar.

Pauta de Correção:

(a) • Indicar que uma das retas é a reta s, paralela a AB passando por C. [0,25]
• Descrever corretamente os passos de construção da reta r. [0,25]
←→
(b) • Argumentar que s equidista de A e B porque equidista de todos os pontos da reta AB. [0,25]
• Apresentar um argumento coerente provando que r equidista de A e B. [0,5]

Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Se r, s e t são as raı́zes da equação x3 + ax2 + bx + c = 0, mostre que r + s + t = −a, rs + rt + st = b e rst = −c.

(b) Se r, s e t são as raı́zes da equação x3 − 4x2 + 5x + 6 = 0, calcule o valor de r2 + s2 + t2 .


Solução

(a) Tem-se que x3 +ax2 +bx+c = (x−r)(x−s)(x−t) = x3 −(r+s+t)x2 +(rs+rt+st)x−rst, donde r+s+t = −a, rs+rt+st = b
e rst = −c.

(b) Usando o resultado do item (a), tem-se que r + s + t = 4 e rs + rt + st = 5. Segue que


(r + s + t)2 = 16, r2 + s2 + t2 + 2(rs + rt + st) = 16, portanto r2 + s2 + t2 = 16 − 2 · 5 = 6

Pauta de Correção:

(a) • Escrever o polinômio dado como (x − r)(x − s)(x − t). [0,25]


• Comparar os coeficientes e concluir o resultado. [0,25]

(b) • Aplicar o resultado do item (a) e obter as relações entre as raı́zes. [0,25]
• Calcular o valor de r2 + s2 + t2 . [0,5]

Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere as funções f : [−1, 1] → R e g : R → R definidas pelas expressões abaixo:

√ 1 √ 1
f (t) = −t2 + 3t + e g(x) = 3 sen x + cos(2x).
2 2
(a) Encontre os valores máximo e mı́nimo de f e os valores reais t em que f assume tais valores.

(b) Encontre os valores máximo e mı́nimo de g e todos os valores reais x em que g assume tais valores.

Solução

(a) Como f é uma função quadrática, seu gráfico no intervalo [−1, 1] é um arco de parábola como ilustrado na figura abaixo.

−b
A abscissa do vértice de uma parábola de equação y = a t2 + b t + c, denotada por tv , é dada pela fórmula tv = e é
2a
o valor em que a função atinge seu valor máximo ou mı́nimo. No caso da função f , como a parábola tem a concavidade
voltada para baixo (já que o coeficiente
√ do termo
√ quadrático é negativo), tv representa o valor no qual essa função atinge
3 3
seu valor máximo. Como tv = e −1 < < 1, então esse é o valor no qual a função assume seu valor máximo no
2 2 √ 
3 5
intervalo. Para encontrar o valor máximo basta então calcular f (tv ) = f = . Quanto ao valor mı́nimo, este será
2 4
um dos extremos do intervalo fechado [−1, 1], uma vez que f é monótona crescente para t < tv e monótona decrescente
1 √ 1 √
para t > tv . Como f (−1) = − − 3 < − + 3 = f (1), então a função atinge seu valor mı́nimo quando t = −1.
2 2
5 1 √
Resumindo, os valores máximo e mı́nimo da função f são e − − 3, nessa ordem, e os valores de t em que a função
√ 4 2
3
assume esses valores são, respectivamente, e −1.
2
(b) Utilizando a identidade trigonométrica cos(2x) = 1 − 2 sen2 x podemos reescrever a função g como g(x) = −sen2 x +
√ 1 √ 1
3 sen x + . Fazendo sen x = t ficamos com g(t) = −t2 + 3 t + , sendo que −1 < t < 1. Desse modo, temos que
2 2
os valores máximo e mı́nimo de g são os mesmos encontrados no item (a) para a função f . Por outro lado, os valores
de x tais√que g assume seu valor máximo ou mı́nimo são, respectivamente, as soluções das equações trigonométricas
3
sen x = e sen x = −1.
2
5 1 √
Assim, os valores máximo e mı́nimo de g são também e − − 3, nessa ordem, e os valores de x em que a função
4 2
assume esses valores são, respectivamente, os elementos dos conjuntos A e B dados por:
 
π 2π
A = x ∈ R; x = + 2kπ ou x = + 2kπ, com k ∈ Z
3 3
 

B = x ∈ R; x = + 2kπ, com k ∈ Z
2
Pauta de Correção:

(a) • Encontrar o máximo e o mı́nimo de f . [0,25]


• Encontrar os valores t do domı́nio nos quais f assume seus valores máximo e mı́nimo. [0,25]

(b) • Encontrar o máximo e o mı́nimo de g. [0,25]


• Encontrar os valores x do domı́nio nos quais g assume seus valores máximo e mı́nimo. [0,5]

Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere a equação diofantina linear 5x + 3y = 2018.

(a) Escreva a solução geral em Z.

(b) Quantas soluções existem em N ∪ {0}?

Solução

(a) Temos que 5 · (−1) + 3 · (2) = 1, logo 5 · (−2018) + 3 · (4036) = 2018. Fazendo a divisão euclidiana de −2018 por 3,
−2018 = 3 · (−673) + 1. Substituindo na equação acima, obtemos

5 · (−3 · 673 + 1) + 3 · (4036) = 2018

5 · (1) + 3 · (4036 − 5 · 673) = 2018

5 · (1) + 3 · (671) = 2018

Portanto, x0 = 1 e y0 = 671 é a solução minimal e a solução geral em Z é dada por


(
x = 1 + 3t
y = 671 − 5t

onde t ∈ Z.

(b) A solução geral em N ∪ {0} é dada por (


x = 1 + 3t
y = 671 − 5t
onde t ∈ N ∪ {0} e 671 − 5t > 0, logo 0 6 t 6 134.
Portanto, existem 135 soluções em N ∪ {0}.

Pauta de Correção:

(a) • Encontrar uma solução particular. [0, 25]


• Encontrar a solução geral em Z. [0, 25]

(b) • Escrever a solução geral em N ∪ {0}. [0, 5]


• Encontrar o número de soluções em N ∪ {0}. [0, 25]
Solução Alternativa

(a) Temos que


3y = 2018 − 5x = 2016 − 3x + 2 − 2x = 3(672 − x) + 2(1 − x)
2(1 − x)
y = 672 − x +
3
Sendo x, y são inteiros, concluimos que 1 − x = 3t, com t ∈ Z. Daı́, obtemos a solução geral em Z
(
x = 1 − 3t
y = 671 + 5t

onde t ∈ Z.

(b) Queremos soluções inteiras não negativas, logo 1 − 3t > 0 e 671 + 5t > 0.
Portanto, −134 6 t 6 0 e assim temos 135 soluções não negativas.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

(a) • Encontrar a solução geral em Z. [0, 5]

(b) • Escrever a solução geral em N ∪ {0}. [0, 5]


• Encontrar o número de soluções em N ∪ {0}. [0, 25]

Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

O método abaixo pode ser utilizado para para encontrar o número de soluções inteiras não negativas da equação
x1 + x2 + · · · + xr = m, onde r e m são inteiros positivos dados.
Vamos aplicar o método para encontrar o número de soluções inteiras não negativas da equação x1 + x2 + x3 + x4 = 6.
Representamos as soluções como quadras de números inteiros não negativos (x1 , x2 , x3 , x4 ), xi ∈ Z, xi > 0. Uma
estratégia que podemos usar para contar o número de soluções é representar cada uma delas num diagrama de quadras
e ruas, contando todos os caminhos que vão do ponto O até o ponto A, sendo permitido apenas dois movimentos:
subir ou deslocar para a direita. Veja na figura abaixo a representação das soluções (1, 3, 2, 0) e (2, 1, 1, 2).
Note que em qualquer solução temos que subir 6 quadras e fazer 3 deslocamentos para a direita. Isso corresponde
9!
ao número de anagramas da “palavra” SSSSSSDDD. Portanto o número de soluções é igual a = 84.
6!3!

(a) Utilize o método indicado acima para calcular o número de soluções inteiras não negativas da equação x1 +
x2 + · · · + xr = m, onde m e r são inteiros positivos dados.

(b) Um mercado vende 5 tipos de frutas em caixas com 12 frutas, de um só tipo ou sortidas. Quantos tipos de
caixas podem ser montadas?

(c) Se o mercado do item (b) resolver colocar pelo menos uma fruta de cada tipo em uma caixa, quantos tipos de
caixas podem ser montadas?
Solução

(a) O número de soluções corresponde à quantidade de percursos num diagrama de quadras e ruas de O até A, em que
subimos m quadras e nos deslocamos r − 1 vezes para a direita, que é equivalente a contar a quantidade de anagramas
(m + r − 1)!
da palavra S
| .{z
. . S} D
| .{z
. . D} e isso é igual a .
m!(r − 1)!
m r−1

(b) Neste problema precisamos encontrar a quantidade de soluções inteiras não negativas da equação x1 +x2 +x3 +x4 +x5 =
12, onde cada xi indica a quantidade de frutas de cada tipo. Pelo item (a) segue que esta quantidade é igual a
(12 + 5 − 1)! 16!
= = 1820.
12!(5 − 1)! 12!4!
(c) Agora resta escolher 7 frutas para completar a caixa e assim precisamos encontrar a quantidade de soluções inteiras não
(7 + 5 − 1)! 11!
negativas da equação x1 + x2 + x3 + x4 + x5 = 7 que é igual a = = 330.
7!(5 − 1)! 7!4!
Pauta de Correção:

(a) Obter a solução da equação. [0,25]

(b) • Escrever a equação que modela o problema. [0,25]


• Encontrar a solução da equação. [0,25]

(c) • Escrever a equação que modela o problema. [0,25]


• Obter a solução da equação. [0,25]

Questão 07 QstId=1349 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Duas esferas de raios r e R, com r < R, são tangentes interiores, isto é, possuem apenas um ponto em comum e o
centro da esfera de raio r está no interior da esfera de raio R.

(a) Prove que o ponto de interseção das duas esferas é colinear aos centros destas esferas.

(b) Sabe-se que o centro da esfera menor é o ponto médio de uma das arestas de um tetraedro regular inscrito na
esfera maior. Calcule r em função de R.

a 6
Dica: Sendo a a aresta do tetraedro, sabe-se que R = .
4
Solução

(a) Sejam O o centro da esfera de raio R, M o centro da esfera de raio r e P o ponto de interseção entre as esferas.

Supondo, por absurdo, que P , M e O não sejam colineares, temos um triângulo OP M . Tome o ponto Q, projeção de P
sobre a reta OM , e P 0 tal que Q seja o ponto médio de P P 0 . Os triângulos OQP e OQP 0 serão congruentes pelo caso LAL,
e, portanto, OP 0 = OP = R. Os triângulos M QP e M QP 0 também serão congruentes por LAL, logo M P 0 = M P = r.
Com isso, ambos P e P 0 pertencem à interseção entre as duas esferas, contradizendo o fato de serem tangentes interiores.

Solução Alternativa para o item(a):

Sejam O o centro da esfera de raio R, M o centro da esfera de raio r e P o ponto de interseção entre as esferas. O plano
α, tangente em P à esfera de raio R, é perpendicular ao raio OP .

O plano α também é tangente à esfera de raio r em P . De fato, todos os pontos da esfera menor, exceto P , são interiores
à esfera maior, e todos os pontos de α, exceto P , são exteriores à esfera maior. Assim, o único ponto de interseção entre
α e a esfera menor é P .

Com isso, o raio M P da esfera de raio r é perpendicular a α no ponto P , logo é colinear ao raio OP da esfera de raio
R. Com isso, O, M e P são colineares.

(b) Para que as esferas sejam tangentes interiores, o ponto P de interseção entre elas é colinear aos centros O e M destas
esferas, como na figura abaixo.
Logo, r = R − M O.
Sejam A e B as extremidades da aresta que contém o ponto M , centro da esfera menor. Como M é ponto médio de
a
AB, AM = . Considerando o triângulo o AOB, que é isósceles, pois AO = AB = R, o ângulo AM̂ O será reto. Assim,
2
aplicando o Teorema de Pitágoras a AM O, temos
2 2 2
M O + AM = AO ,

logo  a 2
2
MO + = R2 ,
2
e, com isso,
2 a2
M O = R2 − .
4

a 6 4R 16R2 8R2
Como R = , temos a = √ , e, portanto, a2 = = . Com isso,
4 6 6 3
8R2
2 8R2 2R2 R2
M O = R2 − 3
= R2 − = R2 − = ,
4 12 3 3

R R 3
logo M O = √ = .
3 3
Com isso, √ √
R 3 3− 3
r = R − MO = R − = · R.
3 3
Pauta de Correção:
(a) Provar corretamente, por qualquer pauta. [0,5]
(b) • Indicar que há a estratégia de obter r fazendo r = R − M O. [0,25]
• Concluir que o triângulo AM̂ O é reto. [0,25]
• Encontrar r. [0,25]

Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere a recorrência definida por a1 = 1, a2 = 5 e para n > 0,

an+2 = 5an+1 − 6an .

(a) Determine o termo geral da recorrência.

(b) Quantos múltiplos de 7 há no conjunto {an | 1 6 n 6 2018, n ∈ Z}?

Solução
(a) A equação caracterı́stica dessa recorrência é r2 − 5r + 6 = 0, que tem soluções r1 = 2 e r2 = 3. Logo a solução da
recorrência é da forma
an = A · 2n + B · 3n .
De a1 = 1, temos que 2A + 3B = 1 e de a2 = 5 temos que 4A + 9B = 5. Assim, A = −1 e B = 1, o que nos dá

an = 3n − 2n .
(b) Precisamos calcular, para qualquer inteiro n, o resto da divisão de 3n − 2n por 7, isto é, 3n − 2n mod 7 e verificar
quantos valores n geram expressões congruentes a 0.
Pelo Pequeno Teorema de Fermat, 36 ≡ 26 ≡ 1 mod 7, logo, 36 − 26 ≡ 0 mod 7 e além disso, se escrevemos n = 6q + r,
temos que 3n − 2n ≡ 3r − 2r mod 7. Assim, para r = 1, ..., 5 temos

a1 = 31 − 21 ≡ 1 mod 7
2 2
a2 = 3 − 2 ≡ 5 mod 7
3 3
a3 = 3 − 2 ≡ 5 mod 7
4 4
a4 = 3 − 2 ≡ 2 mod 7
a5 = 35 − 25 ≡ 1 mod 7

Com isso podemos afirmar que an é múltiplo de 7 ⇐⇒ n é múltiplo de 6. Como 2018 = 6 · 336 + 2 , concluı́mos que
entre 1 e 2018, há 336 múltiplos de 6, logo no conjunto {a1 , a2 , ..., a2018 } há 336 múltiplos de 7.

Pauta de Correção:

(a) • Exibir a equação caracterı́stica e a forma geral da solução. [0,25]


• Utilizar os termos iniciais para encontrar os coeficientes A e B. [0,25]

(b) • Provar que se n é múltiplo de 6, então an é múltiplo de 7. [0,25]


• Listar os casos a1 , a2 , ..., a5 . [0,25]
• Contar corretamente os múltiplos de 6 entre 1 e 2018. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2019.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Resolva as seguintes recorrências:

(a) an+2 − 5an+1 + 4an = 0, a0 = 1, a1 = 3.

(b) an+2 − 4an+1 + 4an = 2n , a0 = −1, a1 = 6.

Solução

(a) A equação caracterı́stica da recorrência an+2 − 5an+1 + 4an = 0 é dada por r2 − 5r + 4 = 0, cujas raı́zes são r1 = 1 e
r2 = 4. A solução geral é dada por
an = c1 + c2 · 4n

Considerando que a0 = 1 e a1 = 3, obtemos

(
c1 + c2 = 1
c1 + 4c2 = 3
1 2
e resolvendo o sistema, c1 = e c2 = . Portanto,
3 3

1 2
an = + · 4n
3 3
(b) A equação caracterı́stica da recorrência an+2 − 4an+1 + 4an = 2n é dada por r2 − 4r + 4 = 0, cujas raı́zes são r1 = r2 = 2.
A solução geral é dada por an = c1 · 2n + c2 · n · 2n + tn , onde tn é uma solução particular.
Tentaremos uma solução do tipo tn = A · n2 · 2n . Substituindo na recorrência temos que

A · (n + 2)2 · 2n+2 − 4A · (n + 1)2 · 2n+1 + 4A · n2 · 2n = 2n


1 1
Fazendo as contas, obtemos 8A2n = 2n , portanto A = e a solução geral é dada por an = c1 · 2n + c2 · n · 2n + · n2 · 2n .
8 8
Considerando que a0 = −1 e a1 = 6, obtemos

 c1 = −1
 2c1 + 2c2 + 1 = 6
4
31
e daı́, c1 = −1, c2 = . Portanto a solução é dada por
8

31 1
an = −2n + · n · 2n + · n2 · 2n
8 8
Pauta de Correção:

(a) • Escrever a forma da solução geral . [0,25]


• Obter a solução, usando as condições iniciais. [0,25]

(b) • Escrever a forma da solução. [0,25]


• Determinar uma solução particular. [0,25]
• Obter a solução, usando as condições iniciais. [0,25]
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Prove, usando indução, que 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer número natural n.

(b) Prove, usando congruências, que 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer número natural n.

Solução

(a) Para n = 1, temos 113 + 123 = 1331 + 1728 = 3059 = 23 · 133, logo divisı́vel por 133.
Suponha que, para um certo k > 1, tenhamos 11k+2 + 122k+1 divisı́vel por 133.
Vamos provar que 11k+3 + 122k+3 também é divisı́vel por 133.
Temos que
11k+3 + 122k+3 = 11k+2 · 11 + 122k+1 · 122 = 11k+2 · 11 + 122k+1 · (133 + 11).

Logo,
11k+3 + 122k+3 = 11 · (11k+2 + 122k+1 ) + 133 · 122k+1 .

Como, por hipótese de indução, 133 divide 11k+2 + 122k+1 , concluı́mos que 11k+3 + 122k+3 é divisı́vel por 133.
Portanto, 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer n natural.

(b) Basta provar que 11n+2 + 122n+1 ≡ 0 mod 133.


Temos, usando propriedades das congruências, que

11n+2 + 122n+1 = 112 · 11n + 12 · (122 )n ≡ 121 · 11n + 12 · 11n ≡ 133 · 11n ≡ 0 mod 133

Uma alternativa para as contas:

11n+2 = 121 · 11n ≡ −12 · 11n mod 133

122n+1 = 12 · 144n ≡ 12 · 11n mod 133

Somando as duas congruências obtemos

11n+2 + 122n+1 ≡ 0 mod 133

Portanto, 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer n natural.

Pauta de Correção:

(a) • Verificar que a afirmação é válida para n = 1. [0,25]


• Concluir a prova por indução. [0,50]

(b) • Indicar que basta provar que 11n+2 + 122n+1 ≡ 0 mod 133. [0,25]
• Concluir a prova. [0,25]

Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Dado um número real x, o piso de x, denotado por bxc, é o único inteiro k tal que k 6 x < k + 1.

(a) Considere a e b, respectivamente, o menor e o maior número natural com n algarismos expressados no sistema
decimal. Forneça expressões algébricas para a e b em função de n.

(b) Mostre que a quantidade de algarismos, no sistema decimal, do número inteiro positivo N é igual a blog N c + 1,
onde log é a função logaritmo decimal.

(c) Mostre que se p é um inteiro positivo, então 2p − 1 tem bp · log 2c + 1 algarismos no sistema decimal.
Solução

(a) O menor número, no sistema decimal, com n algarismos é a = 10n−1 e o maior é b = 10n − 1.

(b) Suponha que N possui n algarismos no sistema decimal. Pelo item (a) segue que 10n−1 6 N 6 10n − 1 < 10n . Como
a função logaritmo decimal é crescente, segue que log 10n−1 6 log N < log 10n , ou seja, n − 1 6 log N < n e assim
blog N c = n − 1. Logo n = blog N c + 1.

(c) Observamos que os únicos números consecutivos que têm quantidades diferentes de algarismos no sistema decimal são
aqueles da forma 10n − 1 e 10n . Como 2p não é uma potência de 10 segue que os números 2p − 1 e 2p têm a mesma
quantidade de algarismos. Logo a quantidade de algarismos de Mp é igual a blog(2p −1)c+1 = blog(2p )c+1 = bp·log 2c+1.

Pauta de Correção:

(a) • Expressar a. [0,25]


• Expressar b. [0,25]

(b) • Utilizar o item (a) e argumentar que a função logaritmo decimal é crescente. [0,25]
• Concluir a demonstração. [0,25]

(c) • Provar o item, utilizando o item (b). [0,25]

Questão 04 [ 1,25 ]

Dados dois segmentos de comprimentos s e q, com s > 2q, indique a construção com régua e compasso, de segmentos
cujos comprimentos sejam iguais às raı́zes da equação do segundo grau x2 − sx + q 2 = 0.

Solução

• Trace uma reta r e marque, sobre a mesma, pontos B e C tais que BC = s.

• Construa um cı́rculo de diâmetro BC.


s
• Trace a reta r0 paralela a reta r distando q dela, a qual intersecta o semicı́rculo superior nos pontos A e D, pois q < .
2
• Temos que o triângulo ABC é retângulo em A.

• Considere H o pé da altura do triângulo ABC relativa ao vértice A, logo AH = q.

• Temos que q 2 = (AH)2 = (BH) · (HC) e BH + HC = s.

Portanto, BH e HC são as raı́zes da equação x2 − sx + q 2 = 0.

Pauta de Correção:
s
• Construir um cı́rculo de raio . [0,25]
2
• Observar que o triângulo ABC é retângulo. [0,25]

• Usar a relação métrica (AH)2 = (BH) · (HC). [0,5]

• Concluir que BH e HC são as raı́zes da equação. [0,25]


Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Sejam A e B conjuntos finitos e não vazios com, respectivamente, a e b elementos.

(a) Qual a relação entre a e b para que exista alguma função bijetiva de A em B ? Nesta condição, quantas funções
bijetivas existem?

(b) Qual a relação entre a e b para que exista alguma função injetiva de A em B ? Nesta condição, quantas funções
injetivas existem?

Solução

(a) Uma função de A em B será bijetiva se for injetiva e sobrejetiva. Pela injetividade, cada elemento de A estará associado
a um elemento diferente de B, e, pela sobrejetividade, todo elemento de B estará associado a algum elemento de A. Isto
resulta em dizer que A e B possuem o mesmo número de elementos, logo a = n(A) = n(B) = b.
Sejam x1 , . . . , xa os elementos de A e y1 , . . . , ya os elementos de B e f : A → B bijetiva. Temos que
• f (x1 ) pode ser qualquer um dos a elementos de B;
• f (x2 ) pode ser qualquer elemento de B, exceto o f (x1 ), resultando em a − 1 possibilidades para f (x2 ).

..
.

• f (xi ) pode ser qualquer elemento de B, exceto f (x1 ), . . . , f (xi−1 ), resultando em a − i − 1 = a − i + 1 possibilidades
para f (xi ).
..
.

• f (xa ) poderá ser apenas o elemento que restar após a escolha de f (x1 ), . . . , f (xa−1 ).
Pelo Princı́pio Multiplicativo, teremos então

a × (a − 1) × (a − 2) × · · · × 1 = a!

funções bijetivas f : A → B possı́veis.

(b) Se uma função de A em B for injetiva, cada elemento de A estará associado a um elemento diferente de B, logo é
necessário que B tenha pelo menos o mesmo número de elementos que A, logo b = n(B) > n(A) = a.
Sejam x1 , . . . , xa os elementos de A e y1 , . . . , yb os elementos de B e f : A → B injetiva. Temos que
• f (x1 ) pode ser qualquer um dos b elementos de B;
• f (x2 ) pode ser qualquer elemento de B, exceto o f (x1 ), resultando em b − 1 possibilidades para f (x2 ).

..
.

• f (xi ) pode ser qualquer elemento de B, exceto f (x1 ), . . . , f (xi−1 ), resultando em b − i − 1 = b − i + 1 possibilidades
para f (xi ).
Fazendo i = a, o número de escolhas para f (xa ) será b − a + 1.
Pelo Princı́pio Multiplicativo, teremos então

b × (b − 1) × (b − 2) × · · · × (b − a + 1) × (b − a) × · · · × 1 b!
b × (b − 1) × (b − 2) × · · · × (b − a + 1) = =
(b − a) × · · · × 1 (b − a)!

funções injetivas f : A → B possı́veis.

Pauta de Correção:

(a) • Afirmar, com justificativa, que a = b. [0,25]


• Mostrar que existem a! funções bijetivas. [0,25]

(b) • Afirmar, com justificativa, que b > a. [0,25]


b!
• Mostrar que existem b × (b − 1) × · · · × (b − a + 1) ou funções injetivas. [0,5]
(b − a)!
Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Considere a função polinomial f : R → R, dada por

f (x) = (x2 + 2019x − 1)2 + (2x + 2019)2

(a) Determine constantes k e h tais que a função possa ser reescrita da maneira f (x) = (x2 + kx + 1)2 + h.

(b) Usando a expressão encontrada no item anterior, encontre o menor valor real α, assumido pela função f .

(c) Encontre a média aritmética de todas as raı́zes reais da equação f (x) = α, com α encontrado no item anterior.

Solução

(a) Desenvolvendo a segunda parcela

(2x + 2019)2 = 4x2 + 4 · 2019x + 20192


= 4(x2 + 2019x) + 20192 .

Se denotarmos µ = x2 + 2019x a expressão de f (x) fica

f (x) = (µ − 1)2 + 4µ + 20192


= µ2 − 2µ + 1 + 4µ + 20192
= µ2 + 2µ + 1 + 20192
= (µ + 1)2 + 20192
= (x2 + 2019x + 1)2 + 20192 .

Logo k = 2019 e h = 20192 .


(b) Como o discriminante de g(x) = x2 + 2019x + 1 é ∆ = 20192 − 4 > 0 e o termo quadrático tem coeficiente positivo,
podemos concluir que o menor valor atingido por g é negativo. Logo o valor mı́nimo de g(x)2 é igual a zero. Assim o
menor valor assumido por f (x) = g(x)2 + 20192 é α = 20192 .
(c) As seguintes equações têm as mesmas raı́zes

(x2 + 2019x + 1)2 + 20192 = 20192


(x2 + 2019x + 1)2 = 0
2
x + 2019x + 1 = 0
2019
Logo a média das raı́zes de f (x) = α é igual a − .
2
Pauta de Correção:
(a) • Encontrar o valor de k. [0,25]
• Encontrar o valor de h. [0,25]
(b) • Concluir que o valor mı́nimo de g é negativo e que, portanto, o valor mı́nimo de seu quadrado é zero. [0,25]
• Encontrar o valor mı́nimo de f . [0,25]
(c) • Encontrar a média das raı́zes. [0,25]

Questão 07 [ 1,25 ]

Um recipiente cilı́ndrico de base circular está parcialmente cheio de água. Quando “deitado”, isto é, apoiado sobre
uma de suas geratrizes, o nı́vel da água atinge um quarto do diâmetro d da base do cilindro, conforme figura. Quando
o cilindro é “levantado”, isto é, apoiado sobre uma de suas bases, o nı́vel da água atinge que fração da altura h do
cilindro?

Observação: Considere desprezı́vel a espessura das paredes e das bases do recipiente.


Solução
A figura abaixo representa a base do cilindro, quando este está deitado. O lı́quido corresponde ao segmento circular hachurado,
de área Ss .

r
Chamando de r o raio da base, como o nı́vel do lı́quido é d/4, na figura acima teremos CD = OC = 2
. Com isso, como
r/2
cos(B ÔC) = r
= 12 , temos B ÔC = 60◦ .
Com isso, o arco AB mede 120◦ , logo a área Ss do segmento circular é obtida subtraindo-se, do setor circular de 120◦ , a
área do triângulo AOB. Com isso,
√ 
π r2 π r2 r √

1 π 3
Ss = − · AB · OC = − ·12 · · r 3 = r2 − .
3 2 3 2 3 4
Assim, o volume do lı́quido é dado por √ 
π 2 3
V = h · Ss = h r − .
3 4
Ao levantar o cilindro, o volume do lı́quido é dado por ` · Sb , onde ` é o nı́vel do lı́quido e Sb a área da base. Assim,

V = ` · π r2 .

Com isso, temos  √ 


π 3
h r2 − = ` · π r2 ,
3 4
logo √ 


` r2 π
3
− 4
3
1 3
= = − .
h π r2 3 4π

1 3
Logo, o nı́vel da água, quando o cilindro é levantado, corresponde a 3
− 4π
da altura h do cilindro.

Pauta de Correção:

• Identificar que AÔB = 120◦ . [0,25]


• Calcular a área do segmento circular. [0,25]
• Calculou o volume do lı́quido em função de r e h, quando o cilindro está deitado. [0,25]
• Obter o volume do lı́quido quando o cilindro está em pé, em função do nı́vel ` e de r. [0,25]
• Obter a razão entre o nı́vel ` e h (considerar também se, em vez da razão, o aluno apresentar ` em função de h). [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=1,00; (b)=0,25 ]

(a) Determine o menor número natural c para o qual a equação

5X + 7Y = c

tenha exatamente 4 soluções em N ∪ {0}.

(b) Determine, explicitamente, as 4 soluções obtidas no item (a).

Solução

(a) Considere c, um número natural. Temos que 5 · (3) + 7 · (−2) = 1, logo 5 · (3c) + 7 · (−2c) = c.
Usando a solução particular x0 = 3c e y0 = −2c, escrevemos a solução geral da equação 5X + 7Y = c :

(
x = 3c + 7t
, t ∈ Z.
y = −2c − 5t
−3c −2c
Como procuramos soluções em N ∪ {0} temos que, 3c + 7t > 0 e −2c − 5t > 0. Logo, 6t6 .
7 5
−2c −3c
Como queremos 4 soluções, − > 3, logo c > 105.
5 7
Considerando c = 105, obtemos −45 6 t 6 −42.
Portanto, exatamente 4 soluções correspondentes à t = −45, −44, −43, −42.

(b) Temos a equação 5X + 7Y = 105. Para encontrar as 4 soluções, basta substituir os valores de t na equação geral:
(
x = 315 + 7t
y = −210 − 5t

obtendo (0, 15), (7, 10), (14, 5) e (21, 0).

Pauta de Correção:

(a) • Escrever a solução geral da equação em Z. [0,5]


• Determinar o intervalo para a obtenção de soluções em N ∪ {0}. [0,25]
• Determinar o valor de c. [0,25]

(b) Determinar as 4 soluções. [0,25].

Solução Alternativa

(a) Seja c um número natural tal que a equação 5X + 7Y = c tenha 4 soluções em N ∪ {0} e seja (x0 , y0 ) a solução em
N ∪ {0}, com x0 a menor possı́vel (solução minimal). Então a solução geral dessa equação é dada por
(
x = x0 + 7t
, t ∈ Z.
y = y0 − 5t

Indicando por (x1 , y1 ), (x2 , y2 ), (x3 , y3 ) as outras soluções, com x0 < x1 < x2 < x3 , tem-se que x3 > 21 e daı́

c = 5x3 + 7y3 > 5 · 21 + 7y3 > 105

Tomando c = 105, vamos mostrar que a equação 5X + 7Y = 105 tem exatamente 4 soluções em N ∪ {0}. Nesse caso, a
solução minimal é (0, 15) e a solução geral é dada por
(
x = 7t
y = 15 − 5t,

onde t > 0 e 15 − 5t > 0, isto é, 0 6 t 6 3. Portanto, exatamente 4 soluções.


(b) Temos a equação 5X + 7Y = 105. Para encontrar as 4 soluções não negativas, basta substituir os valores de t = 0, 1, 2, 3
na equação geral obtendo as soluções (0, 15), (7, 10), (14, 5) e (21, 0).

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

(a) • Escrever a solução geral da equação em N ∪ {0}.[0, 5]


• Concluir que c > 105. [0, 25]
• Mostrar que, para c = 105 a equação tem exatamente 4 soluções. [0, 25]

(b) Determinar as 4 soluções. [0,25].


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2019.2 – Gabarito

[01] QstId=227 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove que, se p é primo e p 6= 3, então p2 deixa resto 1 na divisão por 3.

(b) Sejam p, q, r e n primos positivos tais que n = p2 + q 2 + r2 . Mostre que um dos primos p, q, r é igual a 3.

Solução

(a) Considere p primo, p 6= 3. Pela divisão euclidiana, tem-se que

p = 3s + t, com 0 6 t 6 2.

Como p é primo e p 6= 3, segue que t = 1 ou t = 2 e assim p = 3s + 1 ou p = 3s + 2. Analisando os dois casos,


p2 = (3s + 1)2 = 9s2 + 6s + 1 = 3(3s2 + 2s) + 1
p2 = (3s + 2)2 = 9s2 + 12s + 4 = 3(3s2 + 4s + 1) + 1
Portanto, p2 deixa resto igual a 1 na divisão por 3.

(b) Sejam p, q, r e n primos tais que n = p2 + q 2 + r2 . Suponha, por absurdo, que p, q, r 6= 3. Daı́, usando o item (a),

n = (3s1 + 1) + (3s2 + 1) + (3s3 + 1) = 3(s1 + s2 + s3 + 1)

Temos uma contradição, pois n > 3 e n é primo.

Pauta de Correção:

(a) • Escrever que p = 3s + 1 ou p = 3s + 2. [0,25]


• Concluir que, nos dois casos, p2 deixa resto 1 na divisão por 3. [0,25]

(b) • Supor, por absurdo, que p, q, r 6= 3. [0,25]


• Usar o item (a) para escrever n. [0,25]
• Concluir a contradição. [0,25]

[02] QstId=1437 [ 1,25 ]

O Teorema do Ângulo Inscrito afirma que se AB e AC são cordas de um cı́rculo de centro O, então a medida do
ângulo inscrito ∠BAC é igual à metade do ângulo central ∠BOC correspondente. Prove esse teorema no caso em
que o ângulo ∠BAC contém o centro O em seu interior.
Solução

Prolongando o raio AO obtemos o diâmetro AD. Os triângulos AOC e AOB são isósceles de bases AC e AB, respectivamente,
logo
OAC
b = OCA
b = α e OAB
b = OBA
b = β.

Como o centro O está no interior do ângulo B AC,


b o diâmetro AD divide em dois cada um dos ângulos B AC
b e B OC,
b ou seja,

B OC
b = C OD
b + B OD
b e B AC
b = B AO
b + C AO.
b

Usando o teorema do ângulo externo aplicado aos triângulos AOC e OBA obtemos C OD
b = 2α e B OD
b = 2β. Concluı́mos
que,
B OC
b = C OD
b + B OD
b = 2α + 2β = 2(α + β) = 2B AC.
b

B OC
b
Portanto, B AC
b = .
2

Pauta de Correção:

• Concluir que os triângulos AOC e AOB são isósceles. [0,25]

• Concluir que os ângulos das bases dos triângulos isósceles são congruentes. [0,25]

• Observar que o diâmetro AD divide em dois cada um dos ângulos B AC


b e B OC.
b [0,25]

• Aplicar o teorema do ângulo externo duas vezes. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]

[03] QstId=1348 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Sabendo que u e v são as raı́zes reais da equação x2 + bx + c = 0, onde b, c ∈ R, encontre:

(a) Uma equação do segundo grau, com coeficientes dados em função de b e c, que tenha como raı́zes u2 e v 2 .

(b) Uma equação do segundo grau, com coeficientes dados em função de b e c, que tenha como raı́zes u3 e v 3 .

Solução
Note que se u e v são raı́zes da equação x2 + bx + c = 0, então u + v = −b e uv = c.

(a) Pelas relações acima segue que

u2 + v 2 = (u + v)2 − 2uv = b2 − 2c e u2 v 2 = (uv)2 = c2 .

Logo u2 e v 2 são raı́zes da equação do segundo grau x2 + (2c − b2 )x + c2 = 0.

(b) Agora temos que u3 + v 3 = (u + v)3 − 3uv(u + v) = −b3 − 3c(−b) = −b3 + 3bc e u3 v 3 = (uv)3 = c3 .

Logo u3 e v 3 são raı́zes da equação do segundo grau x2 + (b3 − 3bc)x + c3 = 0.


Pauta de Correção:

(a) • Observar que u + v = −b e u · v = c. [0,25]


• Expressar u2 + v 2 em função de b e de c. [0,25]
• Achar a equação pedida. [0,25]

(b) • Expressar u3 + v 3 em função de b e de c. [0,25]


• Achar a equação pedida. [0,25]

Solução Alternativa

Seja u uma raiz da equação x2 + bx + c = 0.

(a) Como u2 + bu + c = 0 então −bu = u2 + c, logo (−bu)2 = u4 + 2cu2 + c2 . Portanto u4 + (2c − b2 )u2 + c2 = 0. Segue-se
que u2 é raiz da equação x2 + (2c − b)x + c2 = 0.

(b) Tem-se que (−bu)3 = (u2 + c)3 = u6 + 3u2 c(u2 + c) + c3 = u6 − 3bcu3 + c3 Portanto u6 + (b3 − 3bc)u3 + c3 = 0. Segue-se
que u3 é raiz da equação x2 + (b3 − 3bc)x + c3 = 0.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

(a) • Escrever −bu = u2 + c. [0,25]


• Desenvolver e obter b2 u2 = u4 + 2cu2 + c2 . [0,25]
• Achar a equação pedida. [0,25]

(b) • Desenvolver (−bu)3 = u6 + 3cu2 (u2 + c) + c3 = u6 − 3bcu3 + c3 . [0,25]


• Achar a equação pedida. [0,25]

[04] QstId=1420 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Determine o número de soluções inteiras não negativas da equação x + y + z + t = 98.

(b) Determine o número de soluções inteiras não negativas da inequação x + y + z 6 98.

Solução
(a) Cada solução da equação x + y + z + t = 98 pode ser representada por uma fila de 98 sinais + e 3 sinais | que separam as
incógnitas. Além disso, cada fila desta forma corresponde a uma solução da equação. Por exemplo, + + ...+ | + + ...+ || + + ...+
| {z } | {z } | {z }
29 37 32
corresponde à solução (29, 37, 0, 32).

Para contar a quantidade de tais filas, basta escolher 98 dentre os 98+3=101 lugares para colocar os sinais de +. Isso pode
98 101!
ser feito de C101 maneiras, ou seja, = 166.650 são as soluções da equação x + y + z + t = 98.
98!3!

(b) Em cada solução inteira não negativa de x + y + z 6 98 definimos a folga da solução por t = 98 − (x + y + z). Assim, existe
uma correspondência biunı́voca entre as soluções inteiras não negativas de x + y + z 6 98 e as soluções inteiras não negativas
de x + y + z + t = 98.

Portanto o número de soluções inteiras não negativas de x + y + z 6 98 é igual a 166.650.

Pauta de Correção:

(a) • Representar as soluções através de dois sı́mbolos colocados em fila. [0,25]


• Identificar uma técnica de contagem adequada (combinação simples ou permutação com repetição) para encontrar
o número de soluções. [0,25]
• Obter a resposta correta. [0,25]
(b) • Observar que o número de soluções da inequação coincide com o número de soluções da equação. [0,25]
• Obter a resposta correta. [0,25]

Pauta Alternativa de Correção para o item (a):

• Identificar a combinação com repetição como técnica de contagem. [0,5]

• Realizar as contas corretamente. [0,25]

[05] QstId=1453 [ 1,25 ]

Você tem dinheiro aplicado à taxa de 10% ao mês. Suponha que, com esse dinheiro, deseja comprar um bem e você
tem duas opções de pagamento:

(I) À vista no valor de R$ 3.500,00.

(II) Em 2 prestações mensais fixas de R$ 2.000,00, vencendo a primeira um mês após a compra.

Qual das opções é a mais vantajosa financeiramente?

Solução
Considere a data da compra à vista como sendo a data zero. Tomando o valor de cada prestação para a data zero com a taxa
de 10%, teremos um total de

2000 2000 2000 · (1, 1) + 2000 4200


+ = = ≈ 3471, 07 que é menor que 3500.
1, 1 (1, 1)2 (1, 1)2 1, 21

Logo a opção (II) é a mais vantajosa .

Pauta de Correção:

• Determinar o valor da prestação ou o valor à vista em alguma data. [0,25]

• Calcular o somatório das prestações em alguma data. [0,25]

• Comparar o somatório com o valor à vista na mesma data. [0,25]

• Concluir corretamente a melhor opção. [0,5]

Solução Alternativa

Digamos que você tem os R$ 3500,00, mas opta pela opção (II).

Assim, após um mês você terá 3500 + 10% · 3500 = 3850 reais. Você paga a primeira parcela de R$ 2000 e ainda sobram 1850
reais.

Após mais um mês, haverá 1850 + 10% · 1850 = 2035 reais na conta. Logo você paga a segunda parcela e sobrarão 35 reais.

Portanto a opção (II) é a mais vantajosa.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Concluir que o valor à vista, após um mês, valerá 3850 reais.[0,25]

• Deduzir a primeira prestação e obter 1850 reais. [0,25]

• Calcular o valor da aplicação de 1850 reais, após um mês. [0,25]

• Concluir que, após pagar a segunda prestação ainda sobrarão 35 reais reais e escolher a segunda opção. [0,5]
[06] QstId=1457 [ 1,25 ]

O copo em forma de tronco de cone circular reto representado na figura está apoiado em uma superfı́cie perfeitamente
horizontal e tem as seguintes medidas: raio da base superior igual a 5 cm, raio da base inferior igual a 3 cm e altura
igual a 12 cm. Se esse copo está preenchido com água até a altura de 9 cm, pergunta-se: é possı́vel transferir toda
a água contida em um outro copo de 200 mL, completamente cheio, para o copo que aparece na figura sem que este
transborde?

Informação: O volume V de um tronco de cone cujos raios das bases são R e r e cuja altura é h é dado por
πh 2
V = (R + Rr + r2 ).
3

Solução
Efetuando um corte transversal passando pelos centros A e D das circunferências da borda e da base do copo obtemos uma figura
como a representada abaixo, na qual estão representados o trapézio ABCD, cujas bases AB e CD medem, respectivamente, 5
cm e 3 cm e cuja altura mede 12 cm e o trapézio PQCD, cuja base PQ mede a e a altura mede 9 cm.

Traçando uma paralela a AD passando por C obtemos os pontos E e T de interseção desta paralela com os segmentos AB e
PQ. Chamaremos de x a medida do segmento TQ. Note que a = 3 + x.
Para saber se o copo irá ou não transbordar ao acrescentarmos 200 mL de água precisamos calcular a capacidade da parte
vazia do copo, isto é, o volume do tronco de cone de altura AP = 3 cm e raios das bases a cm e 5 cm. Resta-nos então a
tarefa de encontrar o valor de a. Para tanto, basta descobrirmos o valor de x, considerando a semelhança entre os triângulos
BCE e QCT. Assim temos:

x 9
=
2 12
x = 1, 5.

Assim, concluı́mos que a = 4, 5 cm e, utilizando a fórmula fornecida para o cálculo do volume V do tronco de cone concluı́mos
que:
3π 2
V = (5 + 5 × 4, 5 + (4, 5)2 )
3
V = π(25 + 22, 5 + 20, 25)

V ≈ 3, 14 × 67, 75

V ≈ 212, 735 cm3 .

Desta forma, como o volume da parte vazia do copo é de aproximadamente 212, 735 cm3 = 212, 735 mL > 200 mL, chegamos
a conclusão de que é possı́vel acrescentar mais 200 mL de água no copo sem que este transborde.

Pauta de Correção:

• Representar o corte transversal do copo por meio de uma figura. [0,25]

• Encontrar o raio da circunferência que representa a superfı́cie da água contida no copo inicialmente. [0,5]

• Calcular o volume da parte vazia do copo. [0,25]

• Concluir que é possı́vel acrescentar mais 200 mL de água no copo sem que este transborde. [0,25]

[07] QstId=1465 [ 1,25 ]

Considere duas progressões aritméticas, de razões não nulas:

(a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , bn , . . .)

Mostre que existe uma, e somente uma, função afim f : R → R, tal que
f (a1 ) = b1 , f (a2 ) = b2 , . . . , f (an ) = bn , . . ..

Solução
Sejam r e s, respectivamente, as razões das progressões aritméticas

(a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , bn , . . .).

Unicidade: Considere uma função afim f (x) = mx + n tal que f (a1 ) = b1 e f (a2 ) = b2 . Então,
(
m · a1 + n = b1
m(a1 + r) + n = b1 + s.
s s
Resolvendo o sistema, obtemos m = e n = b1 − a1 . Portanto, existe uma única função afim f (x) = mx + n tal que
r r
f (a1 ) = b1 e f (a2 ) = b2 .

s  s 
Existência: Agora basta verificar que a função afim f (x) = x + b1 − a1 é tal que f (an ) = bn , para todo n > 1.
r r

Temos que an = a1 + (n − 1)r e bn = b1 + (n − 1)s e assim

s  s  s s
f (an ) = (a1 + (n − 1)r) + b1 − a1 = a1 + (n − 1)s + b1 − a1 = bn
r r r r

Pauta de Correção:

• Considerar uma função f (x) = mx + n tal que f (a1 ) = b1 e f (a2 ) = b2 . [0,25]

• Calcular m e n. [0,25]

• Escrever os termos gerais das duas sequências. [0,25]

• Mostrar que f (an ) = bn , para todo n > 1. [0,5]


Solução Alternativa

Sejam r e s, respectivamente, as razões das progressões aritméticas

(a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , an , . . .)

Existência: O gráfico de uma função afim é uma reta. A equação da reta que passa pelos pontos (a1 , b1 ) e (a2 , b2 ) é dada por

b2 − b1 b1 + s − b1 s
f (x) = b1 + (x − a1 ) = b1 + (x − a1 ) = b1 + (x − a1 )
a2 − a1 a1 + r − a1 r
Vamos mostrar que f (an ) = bn , para todo n > 1.
Temos que an = a1 + (n − 1)r e bn = b1 + (n − 1)s e assim

s
f (an ) = b1 + (a1 + (n − 1)r − a1 ) = b1 + (n − 1)s = bn
r
Unicidade: Considere g(x) = mx + x uma função afim tal que g(an ) = bn , para todo n > 1. Como g(a1 ) = b1 e g(a2 ) = b2
temos que (
m · a1 + n = b1
m · a2 + n = b2
b2 − b1 s s
Obtemos assim, m = = e n = b1 − a1 .
a2 − a1 r r
s s s
Logo temos que g(x) = x + b1 − a1 = b1 + (x − a1 ) = f (x), para todo x real. Portanto g = f .
r r r

Pauta de Correção da Solução Alternativa:


s
• Encontrar a função f (x) = b1 + (x − a1 ). [0,25]
r
• Escrever os termos gerais das duas sequências. [0,25]
• Mostrar que f (an ) = bn , para todo n > 1. [0,25]
• Considerar uma função afim g tal que g(an ) = bn , para todo n > 1. [0,25]
• Mostrar que g = f . [0,25]

[08] QstId=1468 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Mostre que se a, b e c são inteiros tais que a | (b + c) e a | b, então a | c.

(b) Determine os números primos tais que p divide 3p + 382.

Solução

(a) Temos que existem k e ` ∈ Z tais que b + c = ak e b = a`. Logo

a` + c = ak ⇐⇒ c = ak − a` ⇐⇒ c = a(k − `).

Portanto, a | c .
(b) Como p é primo, pelo Teorema de Fermat, temos que p|(3p − 3).
Escrevendo 3p + 382 = 3p − 3 + 385, concluı́mos que p|(3p + 382) se, e somente se, p|385 = 5 · 7 · 11. Portanto p = 5, 7
ou 11.

Pauta de Correção:
(a) • Escrever as hipóteses sob a forma de igualdades. [0,25]
• Provar o resultado. [0,25]
(b) • Observar, usando Fermat, que p divide 3p − 3. [0,25]
• Calcular os valores de p. [0,5]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2020.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ]

Determine um número inteiro entre 1200 e 1400 que deixa restos 2 e 6 quando dividido, respectivamente, por 11 e 13.

Solução
Queremos determinar uma solução inteira x, 1200 < x < 1400, do seguinte sistema de congruências:

X ≡ 2 mod 11
X ≡ 6 mod 13
Como (11, 13) = 1, podemos aplicar o Teorema Chinês dos Restos para obter a solução geral.
Considere M = 11 · 13 = 143, M1 = 13 e M2 = 11.

A solução geral é dada por X = M1 y1 c1 + M2 y2 c2 + 143t, com t ∈ Z, onde


c1 = 2, c2 = 6 e y1 , y2 são soluções das congruências M1 y1 ≡ 1 mod 11, M2 y2 ≡ 1 mod 13.

Temos que
13y1 ≡ 1 mod 11 ⇔ 2y1 ≡ 1 mod 11
11y2 ≡ 1 mod 13 ⇔ −2y2 ≡ 1 mod 13
com soluções y1 = 6 e y2 = 6.

Assim, X = 13 · 6 · 2 + 11 · 6 · 6 + 143t = 552 + 143t.

Como procuramos uma solução x, 1200 < x < 1400, obtemos t = 5 e x = 1267.

Pauta de Correção:
• Escrever o sistema de congruências. [0,25]
• Escrever a forma da solução geral. [0,25]
• Achar a solução geral. [0,5]
• Achar a solução particular. [0,25]

Solução Alternativa
Queremos determinar uma solução inteira x, 1200 < x < 1400, do seguinte sistema de congruências:

X ≡ 2 mod 11
X ≡ 6 mod 13
Temos que a solução da primeira congruência é dada por X = 2 + 11t. Substituindo na segunda congruência obtemos
2 + 11t ≡ 6 mod 13.
Como,
2 + 11t ≡ 6 mod 13 ⇔ 11t ≡ 4 mod 13 ⇔ −2t ≡ 4 mod 13
−2t ≡ 4 mod 13 ⇔ −12t ≡ 24 ≡ 11 mod 13 ⇔ t ≡ 11 mod 13
Assim segue que, t = 11 + 13k e X = 2 + 11(11 + 13k) = 123 + 143k, com k ∈ Z.
Como procuramos uma solução x, 1200 < x < 1400, obtemos k = 8 e x = 1267.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:


• Escrever o sistema de congruências. [0,25]
• Resolver uma das congruências e substituir a solução na outra. [0,25]
• Achar a solução geral. [0,5]
• Achar a solução particular. [0,25]
Outra Solução Alternativa
Queremos determinar uma solução inteira X, com 1200 < X < 1400 tal que X = 11x + 2 e X = 13y + 6.

Então temos a equação diofantina linear 11x − 13y = 4 que tem como solução particular x = −2 e y = −2.

Como (11, 13) = 1, a solução geral é x = 13t − 2, y = 11t − 2, com t ∈ Z.

Assim segue que X = 11(13t − 2) + 2 = 143t − 20.

Logo temos que 1200 < 143t − 20 < 1400 ↔ 1220 < 143t < 1420 e então t = 9.

Portanto X = 143 · 9 − 20 = 1267.

Pauta de Correção da Outra Solução Alternativa:


• Escrever a equação diofantina linear. [0,25]
• Encontrar a solução geral da equação diofantina linear. [0,5]
• Achar a solução geral para X. [0,25]
• Achar o valor de X. [0,25]

Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Para cada sentença abaixo, diga se ela é verdadeira ou falsa, justificando sua resposta.
(a) Existe um número real x tal que 5x + 7 < 2 − x < 7x + 8.
x2 + 4x + 3
(b) Se x é um número real tal que x > 3, então > 0.
x2 − 4x + 3
(c) Para todo número real x, tem-se que x < 1 =⇒ x2 < 1.

Solução

(a) Temos que


5x + 7 < 2 − x < 7x + 8 ⇐⇒ 5x + 7 < 2 − x e 2 − x < 7x + 8
5 3
⇐⇒ x<− e x>− .
6 4
5 3
Portanto, a sentença é falsa, pois −
<− .
6 4
(b) Como x > 3, temos que x2 + 4x + 3 > 0 e assim

x2 + 4x + 3
> 0 ⇐⇒ x2 − 4x + 3 > 0.
x2 − 4x + 3

Considerando que x2 − 4x + 3 > 0 ⇐⇒ (x − 1)(x − 3) > 0, concluı́mos que, se x > 3 então (x − 1)(x − 3) > 0.
Portanto, a sentença é verdadeira.
(c) A sentença é falsa pois para x = −2 temos que

−2 < 1 e (−2)2 > 1.

Pauta de Correção:
(a) • Escrever que 5x + 7 < 2 − x < 7x + 8 é equivalente a 5x + 7 < 2 − x e 2 − x < 7x + 8. [0,25]
• Resolver as duas inequações e concluir que a sentença é falsa. [0,25]
(b) • Observar que, como x > 3, a inequação é equivalente a x2 − 4x + 3 > 0. [0,25]
• Concluir que, como x > 3, a sentença é verdadeira. [0,25]
(c) Justificar que a sentença é falsa exibindo um valor de x que não verifica a implicação. [0,25]
Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,25; (d)=0,25 ]

Seja D um ponto no interior de um triângulo equilátero ABC de lado ` tal que AD = 7, BD = 8 e CD = 5. Considere
um ponto E no exterior do triângulo ABC, conforme a figura, tal que o ângulo DCEb = 60◦ e CD = CE.

(a) Mostre que os triângulos ACE e BCD são congruentes.


(b) Determine os comprimentos dos segmentos AE e DE.

(c) Encontre a medida do ângulo AED.


b

(d) Encontre o valor de `.

Solução

(a) Como DCE b = B CAb = 60◦ , então B CDb = B CA b − DCAb = 60◦ − DCA
b = DCEb − DCAb = ACE b e, já que AC = BC,
pois ABC é equilátero, e CE = CD, por hipótese, concluı́mos pelo caso LAL, que os triângulos ACE e BCD são
congruentes.
(b) Pela congruência provada no item (a) temos que AE = BD = 8. Além disso, como CD = CE = 5 e DCE b = 60◦ , segue
que o triângulo DCE é equilátero e, portanto, DE = 5.
2 2 2
b = α. Aplicando a lei dos cossenos no triângulo AED temos que AD = AE + DE − 2 · AE · DE · cos α.
(c) Seja AED
b = α = 60◦ .
Segue daı́ que 49 = 64 + 25 − 2 · 8 · 5 · cos α e então cos α = 0, 5. Portanto AED
(d) Usando o fato, já concluı́do no item (b), de que CDE é equilátero e o resultado provado no item (c), temos que
b = 120◦ . Aplicando a lei dos cossenos no triângulo AEC segue que
AEC
2 2 2
AC = AE + CE − 2 · AE · CE · cos 120◦ .

Logo temos que `2 = 64 + 25 − 2 · 8 · 5 · (−0, 5) = 129.



Portanto ` = 129.

Pauta de Correção:
(a) Provar a congruência dos triângulos ACE e BCD. [0,25]
(b) • Determinar o comprimento do segmento AE. [0,25]
• Determinar o comprimento do segmento DE. [0,25]
(c) Encontrar o valor de AED
b usando a lei dos cossenos. [0,25]
(d) Encontrar o valor de ` usando a lei dos cossenos. [0,25]
Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Dizemos que dois polinômios p(X) e q(X) são tangentes para X = r quando a diferença p(X) − q(X) é divisı́vel por
(X − r)2 .

(a) Mostre que p(X) = aX 2 + bX + c e q(X) = (2ar + b)X + (c − ar2 ) são tangentes para X = r.
(b) Seja p(X) = an X n + · · · + a2 X 2 + a1 X + a0 , em que n > 2 e a1 6= 0. Encontre o polinômio de grau 1 que é
tangente a p(X) para X = 0.

Solução

(a)

p(X) − q(X) = aX 2 + bX + c − ((2ar + b)X + (c − ar2 ))


= aX 2 + bX + c − (2ar + b)X − (c − ar2 )
= aX 2 + (b − (2ar + b))X + c − (c − ar2 )
= aX 2 − 2arX + ar2
= a(X − r)2 .

Logo (X − r)2 divide p(X) − q(X).


(b) Seja q(X) = mX + n. Queremos encontrar m, n ∈ R de forma que X 2 divida p(X) − q(X).

p(X) − q(X) = an X n + · · · + a2 X 2 + a1 X + a0 − (mX + n)


= an X n + · · · + a2 X 2 + (a1 − m)X + a0 − n
= X 2 (an X n−2 + · · · + a3 X + a2 ) + (a1 − m)X + a0 − n.

Como o resto r(X) = (a1 − m)X + a0 − n nesta expressão deve ser identicamente nulo, concluı́mos que a1 = m e que
a0 = n, ou seja, q(X) = a1 X + a0 .

Pauta de Correção:
(a) • Escrever o polinômio p(X) − q(X). [0,25]
• Fatorar o polinômio p(X) − q(X). [0,25]
(b) • Escrever o polinômio p(X) − q(X). [0,25]
• Mostrar que o resto é r(X) = (a1 − m)X + a0 − n. [0,25]
• Concluir que o resto é identicamente nulo e mostrar q(X). [0,25]
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Quais são os possı́veis restos da divisão do quadrado de um número inteiro por 5?

(b) Uma tripla pitagórica é uma tripla de inteiros positivos a, b e c tais que a2 + b2 = c2 . Use o item (a) para
mostrar que em toda tripla pitagórica sempre há um múltiplo de 5.

Solução

(a) Todo número inteiro deixa resto 0, 1, 2, 3 ou 4 quando dividido por 5. Desta forma, se n é um inteiro qualquer, temos
uma, e apenas uma, das seguintes situações:

n ≡ 0 mod 5 =⇒ n2 ≡ 0 mod 5
n ≡ 1 mod 5 =⇒ n2 ≡ 1 mod 5
n ≡ 2 mod 5 =⇒ n2 ≡ 4 mod 5
n ≡ 3 mod 5 =⇒ n2 ≡ 4 mod 5
n ≡ 4 mod 5 =⇒ n2 ≡ 1 mod 5
Isto é, um quadrado perfeito deixa resto 0, 1 ou 4 quando dividido por 5.
(b) No caso em que um dos inteiros a ou b é múltiplo de cinco, não há o que provar. Suponhamos então que nem a nem b
sejam múltiplos de 5. Então, deve ocorrer uma das possibilidades abaixo:

(1) a2 ≡ 1 mod 5 e b2 ≡ 1 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 2 mod 5 =⇒ c2 ≡ 2 mod 5


(2) a2 ≡ 4 mod 5 e b2 ≡ 4 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 8 mod 5 =⇒ c2 ≡ 3 mod 5
(3) a2 ≡ 1 mod 5 e b2 ≡ 4 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 5 mod 5 =⇒ c2 ≡ 0 mod 5
(4) a2 ≡ 4 mod 5 e b2 ≡ 1 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 5 mod 5 =⇒ c2 ≡ 0 mod 5

Pelo item (a) sabemos que os dois primeiros casos são impossı́veis, já que os restos da divisão por 5 não podem ser 2
nem 3 e os dois últimos casos significam que c2 , e portanto c, é múltiplo de 5. Isso mostra que deve haver sempre um
múltiplo de 5 entre os inteiros a, b e c.

Pauta de Correção:
(a) • Observar que os inteiros podem ser divididos em classes conforme o resto da divisão por 5. [0,25]
• Encontrar os possı́veis restos da divisão por 5 elevando ao quadrado os representantes de cada classe. [0,25]
(b) • Listar todos os casos possı́veis. [0,25]
• Argumentar, com base no item (a), que os casos (1) e (2) são impossı́veis. [0,25]
• Argumentar que os casos (3) e (4) implicam que c é múltiplo de 5. [0,25]
Questão 06 [ 1,25 ]

Um poliedro é dito inscritı́vel se existir uma esfera que passa por todos os seus vértices. Mostre que um prisma reto
cuja base é um polı́gono regular é um poliedro inscritı́vel.

Solução
Seja A1 A2 ...An o polı́gono regular de uma das bases do prisma. Como este prisma é reto, a outra base será o polı́gono A01 A02 ...A0n
congruente a A1 A2 ...An e tal que os lados correspondentes Ai Ai+1 e A0i A0i+1 são paralelos.

A base A1 A2 ...An é regular, logo, podemos considerar o centro O do cı́rculo C, de raio r, que circunscreve este polı́gono. Como
a outra base, A01 A02 ...A0n , é congruente a A1 A2 ...An , ela será inscritı́vel em um cı́rculo C 0 , de mesmo raio r e centro O0 . Como o
sólido em questão é um prisma, os planos que contém as bases são paralelos, e, como este prisma é reto, o segmento OO0 será
perpendicular a estes planos, e paralelo às arestas Ai A0i .

Seja M o ponto médio de OO0 . Cada triângulo M OAi é retângulo com catetos de medidas M O e r. Como isso, todos estes
triângulos são congruentes, e, consequentemente, M A1 ≡ M A2 ≡ ... ≡ M An . Da mesma forma, cada triângulo M OA0i é
retângulo com catetos de medidas M O0 = M O e r, logo, M A01 ≡ M A02 ≡ ... ≡ M A0n ≡ M A1 ≡ ... ≡ M An .

Assim, M é o centro de uma esfera que passa por todos os vértices


A1 , ..., An , A01 , ..., A0n , tendo os segmentos M Ai e M A0i como raios.

Pauta de Correção:
• Apresentar, mesmo que só em um desenho, o segmento que une os centros dos cı́rculos que circunscrevem as bases. [0,25]
• Afirmar que a esfera que circunscreve o prisma tem centro em M , ponto médio do segmento do item de pauta anterior.
[0,5]
• Mostrar que todos os segmentos que unem M aos vértices do prisma são congruentes. [0,5]

Questão 07 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

2b
Seja f : (0, +∞) → R, f (x) = ax4 + , onde a e b são números reais positivos.
x2
r !
6 b
(a) Calcule f .
a

(b) Use a desigualdade das médias para provar que o valor encontrado no item anterior é o valor mı́nimo de f .

Solução

(a)
r ! r !4
6 b 6 b 2b b2/3 2b 1/3 2/3

3
f =a + r !2 = a a2/3 + 1/3 = a b + 2a1/3 b2/3 = 3 ab2 .
a a b
6 b

a a1/3

(b) Como a, b e x são positivos segue, pela desigualdade entre as médias aritmética e geométrica (MA > MG), que
r !

r
2b
4 4 b b 3 b b 3 6 b
f (x) = ax + 2 = ax + 2 + 2 > 3 ax4 · 2 · 2 = 3 ab2 = f .
x x x x x a

Pauta de Correção:

3
(a) • Encontrar o valor 3 ab2 . [0,5]
(b) • Usar a desigualdade das médias com três termos de modo a obter o resultado. [0,5]
√3
• Concluir que 3 ab2 é o valor mı́nimo. [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um ônibus possui 32 poltronas distribuı́das em 8 fileiras, ou seja, quatro em cada fileira, duas em cada lado do
corredor. Pergunta-se:
(a) Se forem os primeiros a entrar no ônibus, de quantas formas uma criança e seus dois responsáveis podem ocupar
três poltronas do ônibus de modo que todos fiquem na mesma fileira e um dos adultos fique ao lado da criança,
sem que esteja separado pelo corredor?

(b) Se outras 29 pessoas já entraram no ônibus, ocupando as poltronas de forma completamente aleatória, deixando
apenas 3 poltronas livres, qual a probabilidade de que seja possı́vel os três se sentarem da forma estabelecida
no item anterior?

Solução

(a) Ao entrar no ônibus vazio a criança tem 32 duas possibilidades de escolha. Depois que a criança estiver sentada deve-se
decidir qual dos responsáveis sentará ao seu lado, para o que há 2 possibilidades. Estando um dos responsáveis sentado
ao lado da criança, o outro deverá então escolher uma dentre as 2 poltronas restantes na mesma fileira. Considerando
estas três etapas (escolha da criança, escolha do responsável ao seu lado e escolha da poltrona do outro responsável) e
aplicando a elas o princı́pio fundamental da contagem (PFC) podemos concluir que há 32 × 2 × 2 = 128 configurações
de ocupação das três poltronas pela criança e seus responsáveis que atendem as condições do enunciado.
(b) Para encontrar a probabilidade de haver uma configuração que atenda ao item (a) devemos calcular o número de
configurações do espaço amostral que atendem a essas condições e dividir esse número pelo total de configurações do
espaço amostral. Para encontrar o total de configurações basta notar que precisamos escolher quais serão as três poltronas
3 32!
vazias dentre as 32, o que corresponde a C32 = = 32 × 31 × 5 = 4960 configurações. Já as configurações desejadas
3! 29!
são aquelas nas quais as três poltronas livres estão todas na mesma fileira. Assim, para encontrar o total de configurações
desejadas, basta escolhermos uma dentre as 8 fileiras existentes e, a seguir, qual dentre as 4 poltronas da fileira escolhida
estará ocupada, totalizando, pelo PFC novamente, 8 × 4 = 32 possibilidades. Portanto, a probabilidade procurada é
32 8×4 1
= = .
4960 32 × 31 × 5 155

Pauta de Correção:
(a) • Concluir que há 32 possibilidades de escolha para a criança ou concluir que após a criança se sentar há 2 × 2 = 4
possibilidades de escolha para os responsáveis ou concluir alguma contagem parcial correta. [0,25]
• Concluir que há, no total, 128 possibilidades. [0,25]
29 3
(b) • Concluir que há C32 = C32 = 32 × 31 × 5 = 4960 casos possı́veis, que correspondem a todas as maneiras possı́veis
dos 29 passageiros se sentarem aleatoriamente no ônibus. [0,25]
• Concluir que há 8 × 4 = 32 casos favoráveis, que correspondem aos casos possı́veis em que uma fileira terá três
lugares vagos. [0,25]
• Calcular a probabilidade como a razão entre casos favoráveis e casos possı́veis. [0, 25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2020.2 – Gabarito

[01] [ 1,25 ]

Determine a equação da reta tangente à parábola y = x2 + x + 1 no ponto P = (1, 3) usando o seguinte procedimento:

• Escreva a equação de uma reta r passando pelo ponto P = (1, 3) com inclinação m.
• Determine m de modo que a interseção entre a parábola y = x2 + x + 1 e a reta r tenha um único ponto, no
caso o ponto P .

Solução
A equação de uma reta r passando pelo ponto P = (1, 3) é dada por y = 3 + m(x − 1), onde m é a inclinação de r.

Para calcularmos a interseção da parábola com a reta, resolveremos o sistema

x2 + x + 1

y =
y = 3 + m(x − 1)

Assim, x2 + x + 1 = 3 + m(x − 1), donde x2 + (1 − m)x + m − 2 = 0. O sistema terá uma única solução se, e somente se,
∆ = b2 − 4ac = 0.

Calculando ∆ = (1 − m)2 − 4(m − 2) = m2 − 6m + 9 = (m − 3)2 , obtemos ∆ = 0 se, e somente se m = 3.

Portanto a equação da reta tangente é y = 3 + m(x − 1) = 3 + 3(x − 1) = 3x.

Pauta de Correção:

• Escrever a equação da reta r. [0,25]


• Montar o sistema e impor a condição para se obter a interseção. [0,25]
• Concluir que o sistema tem solução única se, e somente se, ∆ = 0. [0,5]
• Calcular o valor de m. [0,25]

[02] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

A expansão de Cantor de um número inteiro positivo a é a soma

a = an n! + an−1 (n − 1)! + · · · + a2 2! + a1 1!
onde ai é um inteiro com 0 6 ai 6 i, para i = 1, 2, . . . , n, e an 6= 0.

Por exemplo 110 = 4 · 4! + 2 · 3! + 1 · 2! + 0 · 1!.

(a) Encontre a expansão de Cantor de 719.

(b) Prove, por indução em m, que


m−1
X
j · j! = m! − 1, para todo m > 2.
j=1
Solução

(a) Observando que 6! = 720 > 719, portanto, o maior valor de n para o qual n! < 719 é n = 5. Assim, dividindo 719 por
120 = 5!, encontramos:

719 = 5 · 5! + 119.
Tomando o resto da divisão acima e dividindo por 24 = 4!, que é o maior valor na forma de fatorial que divide 119,
obtemos:

119 = 4 · 4! + 23.
Tomando o resto da divisão acima e dividindo por 6 = 3!, que é o maior valor na forma de fatorial que divide 23, obtemos:

23 = 3 · 3! + 5.
Tomando o resto da divisão acima e dividindo por 2 = 2!, que é o maior valor na forma de fatorial que divide 5, obtemos:

5 = 2 · 2! + 1.
Das equações acima, concluı́mos que:

719 = 5 · 5! + 4 · 4! + 3 · 3! + 2 · 2! + 1 · 1!.

(b) Para m = 2 temos


2−1
X 1
X
j · j! = j · j! = 1 · 1! = 1 = 2! − 1.
j=1 j=1

Supondo a proposição verdadeira para algum número natural m > 2, provemos que a mesma é também verdadeira para
m + 1, ou seja, que
Xm
j · j! = (m + 1)! − 1.
j=1

Vejamos,
m
X m−1
X
j · j! = m · m! + j · j! = m · m! + m! − 1 = (m + 1) · m! − 1 = (m + 1)! − 1.
j=1 j=1

Logo, a proposição é verdadeira para m + 1 e, consequentemente, para todo m > 2 pertencente aos naturais.

Pauta de Correção:
(a) Determinar a expansão de Cantor do número 719. [0,5]
(b) • Verificar a validade da proposição para m = 2. [0,25]
• Finalizar a prova da indução. [0,5]

Pauta de Correção:
(a) • Encontrar o primeiro termo 5 · 5! da expansão de Cantor do número 719. [0,25]
• Encontrar a expansão de Cantor 5 · 5! + 4 · 4! + 3 · 3! + 2 · 2! + 1 · 1! do número 719. [0,25]
(b) • Verificar a validade da proposição para m = 2. [0,25]
• Finalizar a prova da indução. [0,5]
[03] [ 1,25 ]

Uma expressão exponencial ab com a > 0 e b ∈ R é menor que 1 nos seguintes casos: (i) a < 1 e b > 0 ou (ii) a > 1 e
b < 0.
Usando essa informação, determine o conjunto solução da inequação
3 −6x2 +11x−6
|2x + 1|x < 1,
em que x ∈ R, x 6= − 21 .

Solução
Como x 6= − 12 , a base |2x + 1| é estritamente maior que zero.

Primeiro caso: |2x + 1| < 1 e x3 − 6x2 + 11x − 6 > 0.

|2x + 1| < 1 ⇐⇒ −1 < 2x + 1 < 1 ⇐⇒ −2 < 2x < 0 ⇐⇒ −1 < x < 0

x3 − 6x2 + 11x − 6 = (x − 1)(x − 2)(x − 3) > 0 ⇐⇒ 1 < x < 2 ou x > 3.


Nesse caso não há solução, pois (−1, 0) ∩ ((1, 2) ∪ (3, +∞)) = ∅.

Segundo caso: |2x + 1| > 1 e x3 − 6x2 + 11x − 6 < 0.

|2x + 1| > 1 ⇐⇒ 2x + 1 < −1 ou 2x + 1 > 1 ⇐⇒ x < −1 ou x > 0.

x3 − 6x2 + 11x − 6 = (x − 1)(x − 2)(x − 3) < 0 ⇐⇒ x < 1 ou 2 < x < 3.


((−∞, −1) ∪ (0, +∞)) ∩ ((−∞, 1) ∪ (2, 3)) = (−∞, −1) ∪ (0, 1) ∪ (2, 3).

Logo o conjunto solução é (−∞, −1) ∪ (0, 1) ∪ (2, 3).

Pauta de Correção:
• Estabelecer o primeiro caso. [0,25]
• Resolver o primeiro caso. [0,25]
• Estabelecer o segundo caso. [0,25]
• Resolver o segundo caso. [0,25]
• Escrever a solução final. [0,25]
[04] [ 1,25 ]

Considere um triângulo ABC. Sejam M o ponto médio do segmento BC e Γ a circunferência tal que o segmento AB
é um diâmetro.
Prove que AB = AC se, e somente se, M pertence à circunferência Γ.

Solução

Supondo AB = AC, o triângulo BAC é isósceles de vértice A, portanto a mediana AM é também altura. Desta forma, o
triângulo AM B será retângulo, portanto estará inscrito na circunferência Γ, de diamêtro AB.

Se, por outro lado, assumimos que M ∈ Γ, então, como AB é diâmetro, AM̂ B = 90◦ . Com isso, a mediana AM do triângulo
BAC é também uma altura, provando que BAC é isósceles.

Pauta de Correção:
• Indicar que precisa provar os dois “sentidos” da equivalência, mesmo que um deles apresente erro ou não seja feito. [0, 25]
Provar que, se AB = AC, então M ∈ Γ:
• Dizer que AM é altura do triângulo BAC e concluir que o triângulo AM B é retângulo. [0,25]
• Concluir que M ∈ Γ. [0,25]
Provar que, se M ∈ Γ, então AB = AC:
• Usar o fato de que M ∈ Γ para concluir que o triângulo AM B é retângulo, logo AM é altura do triângulo ABC. [0,25]
• Concluir que o triângulo BAC é isósceles, logo AB = AC. [0,25]

[05] [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

No cilindro circular reto da figura, o raio da base mede 3cm e a altura mede 9cm. Sabe-se ainda que o segmento AB
é perpendicular às bases e que o comprimento do menor arco AC é, em centı́metros, 2π.

(a) Determine a medida do segmento BC.

(b) Determine o ângulo ABC.


b
Solução

(a) Como o comprimento do menor arco AC é 2π e o comprimento da circunferência da base superior é 2π · 3 = 6π, o ângulo
b da figura abaixo será dado por 2π · 360◦ .
central AOC

Pela Lei dos Cossenos,


 
2 2 1
AC = 32 + 32 − 2 · 3 · 3 · cos(120◦ ) ∴ AC = 18 − 18 · − = 27.
2

∴ AC = 3 3.
Como AC está contido em uma base, AB e AC são perpendiculares, logo o triângulo BAC é retângulo em A. Pelo
Teorema de Pitágoras,

2 2 2 2 2 √
BC = AB + AC ∴ BC = 81 + 27 ∴ BC = 108 ∴ BC = 6 3.
(b) Temos que √ √
b = AC = 3 3 = 3 .
tg ABC
AB 9 3
b = 30◦ .
Com isso, ABC

De forma alternativa, poderı́amos ter feito



b = AC = 3√3 = 1 ,
sen ABC
BC 6 3 2

ou ainda √
AB 9 3
cos ABC =
b = √ = ,
BC 6 3 2
b = 30◦ .
que também conduziriam a ABC

Pauta de Correção:
(a) b mede 120◦ . [0,25]
• Observar que o ângulo central AOB
• Determinar AC. [0,25]
• Calcular BC. [0,25]

(b) b = AC , ou que sen ABC


• Observar que tg ABC b = AC , ou ainda cos ABC
b = AB . [0,25]
AB BC BC
• Determinar AB̂C. [0,25]
[06] [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Mostre que a solução da recorrência


(
xn+2 − 10xn+1 + 25xn = 0;
x0 = 3; x1 = 45

é da forma an · bn em que an é uma progressão aritmética e bn é uma progressão geométrica.


(b) Encontre uma recorrência linear de segunda ordem com coeficientes constantes, indicando as condições iniciais,
cuja solução é a sequência
xn = (a + nr) · q n
em que a, r e q são números reais.

Solução

(a) A equação caraterı́stica dessa recorrência é λ2 − 10λ + 25 = 0 cuja raiz única é λ = 5. Logo a solução geral é da forma
xn = C1 · 5n + C2 · n · 5n . Fazendo n = 0 e n = 1 chegamos ao sistema
( (
3 = x0 = C1 C1 = 3
⇐⇒
45 = x1 = 5C1 + 5C2 C2 = 6

Logo a solução é xn = 3 · 5n + 6n · 5n = (3 + 6n) · 5n , onde an = 3 + 6n é uma progressão aritmética e bn = 5n é uma


progressão geométrica.
(b) A equação caracterı́stica da recorrência procurada deve ter q como única raiz. Assim, deve ser λ2 − 2qλ + q 2 = 0. O que
gera a recorrência xn+2 − 2qxn+1 + q 2 xn = 0. Os dois primeiros termos da sequência são x0 = a e x1 = (a + r)q.

Pauta de Correção:
(a) • Encontrar a solução geral da recorrência. [0,25]
• Encontrar C1 e C2 . [0,25]
• Escrever a solução na forma de produto. [0,25]
(b) • Escrever a recorrência. [0,25]
• Determinar os dois primeiros termos. [0,25]

[07] [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Mostre que se 7 | a2 + b2 , onde a e b são números inteiros, então 7 | a e 7 | b.


(b) Resolva a equação diofantina X 2 + Y 2 = 637.

Solução

(a) Considere um número inteiro n e sua divisão por 7,


n = 7q + r onde 0 6 r 6 6. Analisando as possibilidades para os restos da divisão de n2 por 7 temos

n = 7q =⇒ n2 = 7t

n = 7q + 1 =⇒ n2 = 7t + 1
n = 7q + 2 =⇒ n2 = 7t + 4
n = 7q + 3 =⇒ n2 = 7t + 9 = 7(t + 1) + 2
n = 7q + 4 =⇒ n2 = 7t + 16 = 7(t + 2) + 2
n = 7q + 5 =⇒ n2 = 7t + 25 = 7(t + 3) + 4
n = 7q + 6 =⇒ n2 = 7t + 36 = 7(t + 5) + 1
Assim, os possı́veis restos da divisão de um quadrado por 7 são 0, 1, 2 ou 4.
Seja s o resto da divisão de a2 + b2 por 7. Temos que,

7 | a e 7 - b =⇒ s = 1, 2 ou 4

7 - a e 7 | b =⇒ s = 1, 2 ou 4

7 - a e 7 - b =⇒ s = 1, 2, 3, 4, 5 ou 6
Portanto, se 7 | a2 + b2 , então 7 | a e 7 | b.
(b) Suponha x e y inteiros tais que x2 + y 2 = 637.
Temos que 637 = 72 · 13, logo 7 | x2 + y 2 .
Usando o item (a), concluimos que x = 7t e y = 7k, com t, k inteiros. Segue que x2 + y 2 = 72 · t2 + 72 · k2 = 72 · 13,
donde t2 + k2 = 13.
Concluimos que t2 = 4 e k2 = 9 ( ou t2 = 9 e k2 = 4) , portanto

x = ±14 e y = ±21
ou
x = ±21 e y = ±14
Portanto, os pares (x, y) soluções da equação são:
(14, 21), (14, −21), (−14, 21), (−14, −21), (21, 14), (21, −14), (−21, 14) e (−21, −14).

Solução Alternativa item (a)


Dado um número inteiro n, n ≡ r mod 7 onde 0 6 r 6 6. Segue que,

n ≡ 0 mod 7 =⇒ n2 ≡ 0 mod 7

n ≡ 1 mod 7 =⇒ n2 ≡ 1 mod 7
n ≡ 2 mod 7 =⇒ n2 ≡ 4 mod 7
n ≡ 3 mod 7 =⇒ n2 ≡ 2 mod 7
n ≡ 4 mod 7 =⇒ n2 ≡ 2 mod 7
n ≡ 5 mod 7 =⇒ n2 ≡ 4 mod 7
n ≡ 6 mod 7 =⇒ n2 ≡ 1 mod 7
Suponha que 7 - a ou 7 - b, isto é, a 6≡ 0 mod 7 ou b 6≡ 0 mod 7.
Analisando todas as possibilidades obtemos a2 + b2 ≡ 1, 2, 3, 4, 5, 6 mod 7, logo a2 + b2 6≡ 0 mod 7. Portanto, se 7 | a2 + b2 ,
então 7 | a e 7 | b.

Pauta de Correção:
(a) • Determinar os restos da divisão de um quadrado por 7. [0,25]
• Determinar os restos da divisão de a2 + b2 por 7. [0,25]
• Concluir o resultado. [0, 25]
(b) • Usar o item (a) e concluir que 7 | x e 7 | y. [0,25]
• Determinar as soluções. [0,25]

[08] [ 1,25 ]

Seja m um número natural. Dois números inteiros a e b são ditos congruentes módulo m se os restos da divisão
euclidiana de a e b por m são iguais. Quando os inteiros a e b são congruentes módulo m, escreve-se

a ≡ b mod m

Suponha que a, b, m ∈ Z, com m > 1. Prove que a ≡ b mod m se, e somente se, m | b − a.
Solução
Sejam a = mq1 + r1 e b = mq2 + r2 , com 0 6 r1 , r2 < m, as divisões euclidianas de a e b por m, respectivamente.
Suponha que a ≡ b mod m. Segue, da definição, que r1 = r2 e daı́ b − a = m(q2 − q1 ) + r2 − r1 = m(q2 − q1 ), portanto
m|b − a.
Reciprocamente, suponha que m|b − a. Como r2 − r1 = b − a − m(q2 − q1 ) e m|b − a, concluimos que m|r2 − r1 . Sendo
0 6 r1 , r2 < m, temos que |r2 − r1 | < m, logo r2 = r1 . Portanto, a ≡ b mod m.

Pauta de Correção:
• Escreveu as divisões de a e b por m. [0,25]
• Supondo que a ≡ b mod m, considerou a diferença b − a. [0,25]
• Concluiu que m|b − a. [0,25]
• Supondo que m|b − a, concluiu que m|r2 − r1 . [0,25]
• Concluiu que a ≡ b mod m. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2021.1 – Gabarito

[01] [ 1,25 ]
n n n
Determine um número natural n tal que é um quadrado, é um cubo e é uma quinta potência.
2 3 5

Solução
Considere n da forma n = 2α · 3β · 5θ , com α, β e θ maiores do que 1. Assim,
n n n
= 2α−1 · 3β · 5θ , = 2α · 3β−1 · 5θ e = 2α · 3β · 5θ−1
2 3 5
Temos que
n
é um quadrado se, e somente se, α − 1, β e θ são pares;
2
n
é um cubo se, e somente se, α, β − 1 e θ são múltiplos de 3 e
3
n
é uma potência quinta se, e somente se, α, β e θ − 1 são múltiplos de 5.
5
Portanto, devemos ter

α ı́mpar, múltiplo de 3 e 5

β par, β − 1 múltiplo de 3, β múltiplo de 5

θ par, múltiplo de 3 e θ − 1 múltiplo de 5

Escolhendo α = 15, β = 10 e θ = 6 obtemos n = 215 · 310 · 56 .

[02] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

O cubo ABCDEF GH da figura tem aresta igual a a. Os pontos M , N e P são os centros das faces AF ED, DEHC
e CBGH, respectivamente.

(a) Determine o ângulo entre as faces M P A e M P N do tetraedro AM P N .


(b) Determine o volume do tetraedro AM P N .
Solução

(a) Como M , N e P são os centros das faces do quadrado em que estão, o plano contendo a face M N P do tetraedro é
paralelo às faces ABCD e F GHE do cubo, cortando as arestas AF , BG, DE e CH em seus pontos médios.

Pelo mesmo motivo, o segmento P B é paralelo a AM e então o plano contendo a face AM P contém também o ponto
B. Mais do que isto, ele é o plano contendo as arestas AB e EH do cubo.

Estes dois planos estão representados na figura abaixo, na qual I é o ponto médio de ED.

Como AM e M I são perpendiculares a M P , que é segmento comum aos planos contendo as faces AM P e M N P , o
ângulo entre estas faces é o ângulo AM̂ I. Como AM está na diagonal da face ADEF , e como M I é paralelo a AD,
temos AM̂ I = 135◦ .

Assim, o ângulo entre as faces AM P e M N P é 135◦ . Cabe observar, como informação complementar, que este não é o
menor ângulo entre os planos contendo as faces, que seria 45◦ .
(b) Como visto no item anterior, o plano contendo a face M N P do tetraedro é paralelo à face ABCD do cubo. Assim, se
pensarmos em M N P como base do tetraedro, a altura correspondente será o segmento M J, onde J é o ponto médio de
AD. De fato, M J é perpendicular ao plano contendo M N P , pois é perpendicular ao plano ABCD, paralelo a M N P .

Observando a figura do item (a), a área S da base M N P é dada por

1 1 a a2
S= · MI · MP = · · a =
2 2 2 4
a
e, como temos M J = , o volume do tetraedro será dado por
2
1 1 a2 a a3
V = · S · MJ = · · = .
3 3 4 2 24
[03] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere os polinômios p(X) = X 4 − 4X − 1 e q(X) = (X 2 + a)2 − 2(X + b)2 .


(a) Encontre os valores de a e b tais que os polinômios p(X) e q(X) sejam idênticos.
(b) Determine as raı́zes reais de p(X).

Solução

(a) Temos que q(X) = (X 2 + a)2 − 2(X + b)2 = X 4 + 2aX 2 + a2 − 2(X 2 + 2bX + b2 ).

Logo q(X) = X 4 + (2a − 2)X 2 − 4bX + a2 − 2b2 .

Então p(X) = q(X) ⇔ X 4 − 4X − 1 = X 4 + (2a − 2)X 2 − 4bX + a2 − 2b2 ⇔ 2a − 2 = 0, −4b = −4 e a2 − 2b2 = −1.

Portanto a = b = 1 e q(X) = (X 2 + 1)2 − 2(X + 1)2 .

(b) As raı́zes de p são obtidas resolvendo a equação p(x) = 0, ou seja, x4 − 4x − 1 = 0.

Como p(X) = q(X) basta resolvermos a equação q(x) = 0, isto é, (x2 + 1)2 − 2(x + 1)2 = 0.

Logo (x2 + 1)2 − 2(x + 1)2 = 0 ⇔ (x2 + 1)2 = 2(x + 1)2 ⇔ x2 + 1 = ± 2(x + 1).
√ √
Então temos que resolver x2 + 1 = 2(x + 1) e x2 + 1 = − 2(x + 1), ou seja,
√ √ √ √
x2 − 2x + (1 − 2) = 0 e x2 + 2x + (1 + 2) = 0.

Agora resolveremos as duas equações do segundo grau:


√ q √ √ p √
2
√ √ 2 ± 2 − 4(1 − 2) 2 ± −2 + 4 2
• x − 2x + (1 − 2) = 0 ⇔ x = = ,
2 2
√ q √ √ p √
2
√ √ − 2 ± 2 − 4(1 + 2) − 2 ± −2 − 4 2
• x + 2x + (1 + 2) = 0 ⇔ x = = e essas duas raı́zes não são reais.
2 2
√ p √ √ p √
2 + −2 + 4 2 2 − −2 + 4 2
Portanto as raı́zes reais de p são x1 = e x2 = .
2 2
[04] [ 1,25 ]

Sejam r e s raı́zes da equação ax2 + bx + c = 0 em que a, b e c são números reais dois a dois distintos, com a e c não
1 1
nulos. Suponha que, nesta ordem, a, c e b estão em progressão aritmética e também que, + , r + s, r2 + s2 estão
r s
c 1
em progressão geométrica, nesta ordem. Mostre que = .
a 6

Solução
c
Primeiro observamos que = rs. Vamos denotar essa quantidade como k.
a
b
Como a, c, b estão em P.A. temos que 2c = a + b. Dividindo tudo por a, temos que 2k = 1 + .
a
1 1
Agora, + , r + s, r2 + s2 estão em P.G.
r s
r+s r2 + s2
r+s = ⇐⇒ r2 + s2 = rs(r + s)
r+s
rs
Por outro lado, r2 + s2 = (r + s)2 − 2rs, o que nos dá (r + s)2 − 2rs = rs(r + s).
b
Como r + s = − = 1 − 2k, podemos substituir na identidade acima e obter
a
(1 − 2k)2 − 2k = k (1 − 2k) .

O que nos leva à seguinte equação quadrática


6k2 − 7k + 1 = 0,
1
.
cujas soluções são k = 1 ou k =
6
c c 1
Considerando que a 6= c, temos que k = não pode ser igual a 1, logo, deve-se ter = .
a a 6

[05] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,25; (c)=0,25; (d)=0,25 ]

Dizemos que uma função F : R → R é par quando F (−x) = F (x), para todo x ∈ R, e que é ı́mpar quando
F (−x) = −F (x), para todo x ∈ R.

(a) Dê exemplo de uma função par, uma função ı́mpar e uma que não seja nem par nem ı́mpar.

Para os itens a seguir, dada uma função qualquer f : R → R, considere as funções g, h : R → R definidas por
f (x) + f (−x) f (x) − f (−x)
g(x) = e h(x) = .
2 2
(b) A função g é par, ı́mpar ou nem par nem ı́mpar?
(c) A função h é par, ı́mpar ou nem par nem ı́mpar?
(d) Mostre que toda função f : R → R pode ser escrita como a soma de uma função par com uma função ı́mpar.

Solução

(a) F (x) = x2 é uma função par, G(x) = x é ı́mpar e H(x) = x2 + x não é par nem ı́mpar, pois H(1) = 2 e H(−1) = 0.
(b) A função g é par. De fato,
f (−x) + f (−(−x)) f (−x) + f (x)
g(−x) = = = g(x).
2 2
(c) A função h é ı́mpar. De fato,
f (−x) − f (−(−x)) f (−x) − f (x) f (x) − f (−x)
h(−x) = = =− = −h(x).
2 2 2
f (x) + f (−x) f (x) − f (−x)
(d) Note que f (x) = + = g(x) + h(x).
2 2
Vimos nos itens (b) e (c) que g é par e h é ı́mpar.
[06] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

No sistema de numeração posicional duodecimal (base 12) os doze sı́mbolos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A e B são


utilizados como algarismos, sendo A = 10 e B = 11. Assim, por exemplo, o número 47, é representado no sistema
duodecimal como 3B12 , já que 47 = 3 × 12 + 11.
(a) Prove que um número expresso no sistema duodecimal é um múltiplo de 3 se, e somente se, o algarismo das
unidades é também múltiplo de 3.

(b) Quantos são os múltiplos de 3 que possuem quatro algarismos distintos quando representados no sistema duodec-
imal?
(c) Represente o resultado obtido no item (b) no sistema de numeração posicional duodecimal.

Solução

(a) Seja n um número inteiro de k algarismos representado em um sistema de numeração de base 12. Logo
k−1
X
n= ai · 12i
i=0

em que os ai representam os algarismos de n no sistema duodecimal. Em particular, a0 representa o algarismo das


unidades. Queremos provar que 3|n ⇐⇒ 3|a0 são equivalentes. Para a ida, suponhamos 3|n. Isto equivale a n ≡ 0
mod 3. Assim,
k−1
X
ai · 12i ≡ 0 mod 3.
i=0

Notando que o único termo do somatório que não é múltiplo de 12 é aquele para o qual i = 0, vamos reescrevê-lo isolando
este termo
k−1
X
a0 + ai · 12i ≡ 0 mod 3.
i=1

Agora podemos colocar 12 em evidência, obtendo


k−1
X
a0 + 12 ai · 12i−1 ≡ 0 mod 3.
i=1

Como 12 = 3 × 4, então
a0 ≡ 0 mod 3 ⇐⇒ 3|a0 .
Isso conclui a ida. A volta consiste em notar que todos os passos feitos aqui são reversı́veis.

(b) Queremos escrever um número com quatro algarismos distintos no sistema duodecimal de modo que este seja um múltiplo
de 3. Pelo que vimos no item (a), o algarismos das unidades deve ser um dos algarismos 0, 3, 6 ou 9. E para que possua,
de fato, 4 algarismos, o algarismo de maior valor relativo deve ser diferente de 0. Assim, precisamos dividir nosso prob-
lema em dois casos. O caso I é aquele em que o algarismo das unidades é zero e o caso II aquele em que este vale 3, 6 ou 9.

Em ambos os casos nosso problema será dividido nas seguintes etapas:

(i) escrever o algarismo das unidades (1 possibilidade no caso I e 3 possibilidades no caso II);
(ii) escrever o algarismo de maior valor relativo, que deve ser distinto daquele escolhido na etapa anterior (11 possibil-
idades no caso I e 10 possibilidades no caso II);
(iii) escrever cada um dos outros algarismos, os quais precisam ser diferentes dos dois escolhidos nas etapas anteriores
e também distintos entre si.

No caso 1, o número de possibilidades será 1 × 11 × (10 × 9) = 990.


No caso 2, o número de possibilidades será 3 × 10 × (10 × 9) = 2.700.
Somando o número de possibilidades de cada caso, os quais não possuem interseção, concluı́mos que existem 3.690
múltiplos de 3 representados por quatro algarismos distintos no sistema duodecimal.
(c) Para convertermos a representação de um número do sistema decimal para o sistema duodecimal devemos realizar a
divisão inteira por 12 sucessivas vezes (isto é, dividir por 12 o quociente da divisão anterior) até obtermos um quociente
menor que 12. A representação duodecimal terá como algarismos o quociente da última divisão seguido dos restos de
cada divisão, na ordem inversa daquela segundo a qual foram obtidos no processo.
Como
3.690 = 307 × 12 + 6
307 = 25 × 12 + 7
25 = 2 × 12 + 1
temos que 3.690 = 2.17612 .

[07] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um segmento que tem um vértice de um triângulo como uma de suas extremidades e a outra extremidade sobre o lado
oposto a esse vértice é chamado de ceviana interna do triângulo. O Teorema de Ceva afirma que, em um triângulo
BA0 CB 0 AC 0
ABC, as cevianas internas AA0 , BB 0 e CC 0 se intersectam em um mesmo ponto se, e somente se, 0 · 0 · 0 =
AC BA CB
1.

Prove, utilizando o Teorema de Ceva, que em um triângulo ABC:


(a) as três medianas de um triângulo concorrem em um mesmo ponto.
(b) as três bissetrizes internas de um triângulo concorrem em um mesmo ponto.

Solução

(a) Neste caso os pontos A0 , B 0 e C 0 são os pontos médios dos lados BC, AC e AB, respectivamente. Assim, BA0 = A0 C,
BA0 CB 0 AC 0 BA0 CB 0 AC 0
CB 0 = B 0 A e AC 0 = C 0 B, de modo que = = = 1. Portanto, · · = 1 e, pelo teorema de
AC0 BA0 CB0 A0 C B 0 A C 0 B
Ceva, as três medianas concorrem no mesmo ponto.
BA0 AB
(b) Considerando a bissetriz interna AA0 , o teorema da bissetriz interna nos garante que = . De modo análogo,
A0 C AC
CB 0 BC
usando esse mesmo teorema, mas considerando as bissetrizes internas BB 0 e CC 0 , obtemos, respectivamente, =
B0A AB
AC 0 AC BA0 CB 0 AC 0 AB BC AC
e = . Portanto, · · = · · = 1. Assim, pelo teorema de Ceva, concluı́mos que as
C0B BC A0 C B 0 A C 0 B AC AB BC
três bissetrizes internas concorrem no mesmo ponto.
[08] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Dados x, y ∈ Z, denotamos o maior divisor comum de x e y por (x, y).

(a) Seja a ∈ Z, com a 6= 1, e m ∈ N, mostre que


 m 
a −1
, a − 1 = (m, a − 1)
a−1

(b) Seja m um número natural. Mostre que

16 | (5m − 1) ⇐⇒ 4 | m

Solução

(a) Temos que am − 1 = (a − 1)(am−1 + · · · + a + 1), logo

am − 1
= (am−1 − 1) + (am−2 − 1) + · · · + (a − 1) + m − 1 + 1
a−1
Como a − 1|ak − 1, para todo k natural, temos que

am − 1
= `(a − 1) + m, onde ` ∈ Z.
a−1

am − 1
 
Portanto, , a − 1 = (`(a − 1) + m, a − 1) = (m, a − 1).
a−1
(b) Suponha que 16|5m − 1. Temos que 5m − 1 = 16k, com k ∈ Z e pelo item (a)

5m − 1
 
, 5 − 1 = (m, 5 − 1)
5−1
 
16k
Obtemos , 4 = (m, 4), logo 4 = (4k, 4) = (m, 4). Portanto, 4|m.
4
Suponha que 4|m. Temos que m = 4k, com k ∈ Z e
5m − 1 = 54k − 1 = (54 )k − 1.
Como 624 = 54 − 1|54k − 1 = 5m − 1 e 16|624, concluimos que 16|5m − 1.
(b) Solução Alternativa
 m 
5 −1
Pelo item (a) temos , 5 − 1 = (m, 5 − 1), logo
5−1
 m 
5 −1
, 4 = (m, 4)
4

Portanto,
5m − 1
  m
5 − 1
4|m ⇐⇒ 4 = (m, 4) = , 4 ⇐⇒ 4 ⇐⇒ 16|5m − 1
4 4
L1 – LISTA COM DEZ QUESTÕES
QUESTÃO 1 (MA11 2014.2)
QUESTÃO 2 (AV1 – MA 11 – 2013)

QUESTÃO 3 (MA11 – 2015.2 – AV2)


QUESTÃO 4 (AVF – MA11 – 2014.2)
QUESTÃO 5
ENUNCIADO: (ENQ – 2016.2 – Q7)

Itens (ENQ – 2016.1 – Q3)


QUESTÃO 6 (MA11 – AV1 – Q5)
QUESTÃO 7 (P1 – MA11 – 2011)

QUESTÃO 8
QUESTÃO 6.8 LIVRO, PÁG 131
QUESTÃO 9 (ENQ – 2018-1 – Q8, ITEM B)
QUESTÃO 10 (ENQ – 2019.1 – Q6)
L2 – LISTA COM QUINZE QUESTÕES
QUESTÃO 1 (MA11 2015 AV1)

QUESTÃO 2 (AVF – MA 11 – 2015)


QUESTÃO 3 (MA11 – 2015.1 – AV3)
QUESTÃO 4 (AVRECUPERATIVA – MA11 – 2013)
QUESTÃO 5
ENUNCIADO: (AV2 – 2013.1 – Q4)
QUESTÃO 6 (MA11 – AV1 – Q5)

QUESTÃO 7 (AVF – MA11 – 2012 – Q5)


QUESTÃO 8 (AVF – 2014 – Q3)
QUESTÃO 9 (AV 3 – 2014 – Q3)

QUESTÃO 10 (AV 3 – 2014 – Q5)


QUESTÃO 11 (AV 2 – MA11 – 2012 – Q4)

QUESTÃO 12 (AV 2 – MA11 – 2012 – Q5)


QUESTÃO 13 (ENQ – 2012.1 – Q1)
QUESTÃO 14 (AV 3 – MA 11 2011 – Q3)
QUESTÃO 15 (AV 2 – MA 11 2015.1 – Q5)
MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 1 – 2011

Questão 1.
Um pequeno barco a vela, com 7 tripulantes, deve atravessar o oceano em 42 dias. Seu suprimento de água potável
permite a cada pessoa dispor de 3,5 litros de água por dia (e é o que os tripulantes fazem). Após 12 dias de viagem,
o barco encontra 3 náufragos numa jangada e os acolhe. Pergunta-se:

(1.0) (a) Quantos litros de água por dia caberão agora a cada pessoa se a viagem prosseguir como antes?

(1.0) (b) Se os 10 ocupantes de agora continuarem consumindo 3,5 litros de água cada um, em quantos dias, no máximo,
será necessário encontrar uma ilha onde haja água?

Questão 2.

(1.0) (a) Quais são os valores de y para os quais existe uma função quadrática f : R → R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e
f (3) = y?

(1.0) (b) Tome y = 9 e determine a função quadrática correspondente. Justifique seus argumentos.

Questão 3.

(1.0) (a) Seja f : A → B uma função. Dê as definições de f (X) e f −1 (Y ), para X ⊂ A e Y ⊂ B. Se f : R → R é dada
por f (x) = 2x2 + 3x + 4, determine os conjuntos f (R) e f −1 (3).

(1.0) (b) Seja f : A → B uma função. Prove que f (X ∪ Y ) = f (X) ∪ f (Y ), quaisquer que sejam X, Y ⊂ A. Dê um
exemplo em que f (X ∩ Y ) 6= f (X) ∩ f (Y ).

Questão 4.

(0.5) (a) Se r 6= 0 é um número racional, prove que r 2 é irracional.

(0.5) (b) Dado qualquer número real ǫ > 0, prove que existe um número irracional α tal que 0 < α < ǫ.

(1.0) (c) Mostre que todo intervalo [a, b], com a < b, contém algum número irracional.

Questão 5.
Sejam m e n números naturais primos entre si.

(1.0) (a) Mostre que m


n é equivalente a uma fração decimal (isto é, com denominador potência de 10) se, e somente se,
n não tem fatores primos diferentes de 2 ou 5.

(1.0) (b) Mostre que se n tem outros fatores primos além de 2 ou 5 então a expansão decimal é infinita e, a partir de
um certo ponto, periódica.
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011

Questão 1.
Um pequeno barco a vela, com 7 tripulantes, deve atravessar o oceano em 42 dias. Seu suprimento de água potável
permite a cada pessoa dispor de 3,5 litros de água por dia (e é o que os tripulantes fazem). Após 12 dias de viagem,
o barco encontra 3 náufragos numa jangada e os acolhe. Pergunta-se:

(1.0) (a) Quantos litros de água por dia caberão agora a cada pessoa se a viagem prosseguir como antes?

(1.0) (b) Se os 10 ocupantes de agora continuarem consumindo 3,5 litros de água cada um, em quantos dias, no máximo,
será necessário encontrar uma ilha onde haja água?

UMA RESPOSTA

Uma solução concisa é a seguinte:

10 7
(a) O número de pessoas aumentou em 7 . Portanto a água disponı́vel para cada um deve ser 10 do que era antes
49
(3,5 litros), isto é, 20 = 2, 45 litros.

10
(b) As 7 pessoas teriam água pelos 30 dias restantes, mas agora há 7 vezes o número anterior de pessoas. Isso reduz
7
os dias a 10 · 30 = 21.

Outra forma de pensar é a seguinte. Primeiro calcula-se a quantidade Q de água que resta após 12 dias. Como
restam 30 dias de viagem, com 7 pessoas consumindo 3,5 litros por dia, são Q = 30×7×3, 5 litros (como a quantidade
de água é justa para os 42 dias e os primeiros 12 dias transcorreram como previsto, conclui-se que o que resta para
os outros 30 dias também é justo).

(a) Esse total deve ser consumido nos mesmos 30 dias, mas agora por 10 pessoas. Então o consumo diário de cada
7
um é Q dividido por 30 × 10, que dá 10 × 3, 5 = 2, 45 litros.

(b) Se todos consumirem 3,5 litros por dia, a cada dia transcorrido após o décimo segundo dia serão consumidos 35
litros. Portanto, após n dias restarão Q − 35n litros. Queremos saber o maior n tal que Q − 35n ≥ 0, isto é, o maior
Q Q 7
n que seja menor ou igual a 35 . Mas 35 = 30 × 10 = 21, então em 21 dias (exatamente) se esgotará o reservatório
de água.

1
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011

Questão 2.

(1.0) (a) Quais são os valores de y para os quais existe uma função quadrática f : R → R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e
f (3) = y?

(1.0) (b) Tome y = 9 e determine a função quadrática correspondente. Justifique seus argumentos.

UMA RESPOSTA

(a) Para que exista uma função quadrática f : R → R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e f (3) = y é necessário e suficiente
5−3 y−5
que os pontos (1, 3), (2, 5) e (3, y) não sejam colineares, isto é, que 2−1 6= 3−2 , ou seja, que y − 5 6= 2, ou ainda,
y 6= 7.

(b) Para obter os coeficientes a, b, c da função f (x) = ax2 + bx + c, deve-se resolver o sistema (nas incógnitas a, b, c)



 a+b+c = 3
4a + 2b + c = 5

 9a + 3b + c

= 9

Isto é feito de modo simples: basta subtrair a primeira equação das duas seguintes. Tem-se
(
3a + b = 2
8a + 2b = 6

Por subtração (segunda menos duas vezes a primeira), ficamos com 2a = 2, de onde sai imediatamente a = 1.
Substituindo esse valor em 3a + b = 2, obtemos b = −1, e voltando à equação a + b + c = 3 obtemos c = 3. Portanto
x2 − x + 3 é a função quadrática procurada.

Comentário: Há diversas outras formas de se resolver o problema. Por exemplo: tome primeiro a função g(x) = 1+2x,
que é a função afim tal que g(1) = 3 e g(2) = 5. Observe que f (x) = g(x) + a(x − 1)(x − 2) é uma função quadrática
que assume os mesmos valores que g nos pontos x = 1 e x = 2. Então basta achar a que faça f (3) = y. Ora,

f (3) = 1 + 2 · 3 + a(3 − 1)(3 − 2) = 7 + 2a .

y−7
Então 7 + 2a = y e, portanto, a = 2 . Por conseguinte,

y−7
f (x) = 1 + 2x + (x − 1)(x − 2)
2
responde o problema para qualquer y. Em particular, para y = 9,

f (x) = 1 + 2x + (x − 1)(x − 2) = x2 − x + 3 .

2
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011

Questão 3.

(1.0) (a) Seja f : A → B uma função. Dê as definições de f (X) e f −1 (Y ), para X ⊂ A e Y ⊂ B. Se f : R → R é dada
por f (x) = 2x2 + 3x + 4, determine os conjuntos f (R) e f −1 (3).

(1.0) (b) Seja f : A → B uma função. Prove que f (X ∪ Y ) = f (X) ∪ f (Y ), quaisquer que sejam X, Y ⊂ A. Dê um
exemplo em que f (X ∩ Y ) 6= f (X) ∩ f (Y ).

UMA RESPOSTA

(a) Definição da imagem de um subconjunto X de A:

f (X) = {y ∈ B; f (x) = y para algum x ∈ X} .

Definição da pré-imagem de um subconjunto Y de B:

f −1 (Y ) = {x ∈ A; f (x) ∈ Y } .

Agora consideremos a função f : R → R tal que f (x) = 2x2 + 3x + 4. Como o coeficiente de x2 é positivo, a função
b
quadrática assume seu valor mı́nimo f (− 43 ) = 23 3 23
8 para x = − 2a = − 4 . Assim, f (x) ≥ 8 para todo x ∈ R, ou seja,
f (R) ⊂ [ 23
8 , +∞). Além disso, para todo y ≥ 23 2
8 , a equação f (x) = y, ou seja, 2x + 3x + 4 = y, que equivale a
2
2x + 3x + 4 − y = 0, tem discriminante ∆ = 9 − 32 + 8y ≥ −23 + 23 = 0, logo existe(m) valor(es) de x com f (x) = y.
Assim f (R) = [ 23
8 , +∞).

f −1 (3) é o conjunto dos pontos x tais que f (x) = 3, isto é, tais que 2x2 + 3x + 4 = 3. Então é o conjunto das soluções
de 2x2 + 3x + 1 = 0, que é igual a {−1, − 12 }.

Comentário: f −1 (3) é um abuso de linguagem amplamente aceito para designar f −1 ({3}).

(b) z ∈ f (X ∪ Y ) se, e somente se, existe w ∈ X ∪ Y tal que f (w) = z, que por sua vez ocorre se, e somente se, existe
x ∈ X tal que f (x) = z ou existe y ∈ Y tal que f (y) = z, que ocorre se, e somente se, z ∈ f (X) ou z ∈ f (Y ), que
ocorre se, e somente se, z ∈ f (X) ∪ f (Y ).

Tome f : R → R com f (x) = x2 , X = [−1, 0] e Y = [0, 1]. Neste caso, X ∩ Y = {0} e f (X) = f (Y ) = [0, 1]. Logo
f (X ∩ Y ) = {f (0)} = {0} e f (X) ∩ f (Y ) = [0, 1].

3
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011

Questão 4.

(0.5) (a) Se r 6= 0 é um número racional, prove que r 2 é irracional.

(0.5) (b) Dado qualquer número real ǫ > 0, prove que existe um número irracional α tal que 0 < α < ǫ.

(1.0) (c) Mostre que todo intervalo [a, b], com a < b, contém algum número irracional.

UMA RESPOSTA
√ √ √
(a) Se r 2 é racional, então r 2 = pq , para p, q ∈ Z, q 6= 0. Como r 6= 0, podemos dividir por r para obter 2 = p
rq ,

de que resulta 2 racional, contradição.

√ √
2 2
(b) Escolha n um número natural maior do que ǫ . Então α = n é positivo, irracional (pelo item (a)) e
√ √
2 2
α= <√ = ǫ.
n 2/ǫ

(c) Se a ou b for irracional, não há o que provar. Se a for racional, subtraindo a de todos os números do intervalo
[a, b], ficamos com o intervalo [0, b − a]. Tomando ǫ igual a b − a no item (b), obtemos o irracional α menor do que
b − a e maior do que zero. Então a + α é irracional (se não fosse, então α seria a soma de dois racionais e, portanto,
um racional, contradizendo (b)) e pertence ao intervalo [a, b].

4
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011

Questão 5.
Sejam m e n números naturais primos entre si.
m
(1.0) (a) Mostre que n é equivalente a uma fração decimal (isto é, com denominador potência de 10) se, e somente se,
n não tem fatores primos diferentes de 2 ou 5.

(1.0) (b) Mostre que se n tem outros fatores primos além de 2 ou 5 então a expansão decimal é infinita e, a partir de
um certo ponto, periódica.

UMA RESPOSTA

m mp
(a) Sendo m e n primos entre si, uma fração equivalente a n deve ter a forma np (obtida multiplicando-se m e n
pelo mesmo número natural p).
mp
Os fatores primos de uma potência de 10 são 2 e 5. Se np é fração decimal para algum p então np = 10r . Logo,
np só admite fatores primos iguais a 2 ou 5, e, portanto, n também.
Reciprocamente, se n possui apenas fatores primos iguais a 2 ou 5, então podemos multiplicar n por p de forma
mp
que o resultado seja uma potência de 10 (p pode ser ou uma potência de 2 ou uma potência de 5). Com esse p, np
é uma fração decimal.

m
(b) Usando o processo tradicional da divisão continuada para transformar n em fração decimal, como há fatores
de n diferentes de 2 ou 5, em nenhuma etapa o resto da divisão é zero, logo a expansão nunca termina, ou seja, é
infinita. Além disso, os diferentes restos (diferentes de zero) que ocorrem são todos menores do que n, portanto o
número deles é no máximo n − 1. Assim, algum resto deve repetir-se e, a partir daı́, o processo se repete: os restos
se sucedem na mesma ordem anterior e, portanto, os quocientes também, o que fornece a periodicidade (observe que
o perı́odo tem, no máximo, n − 1 números).

5
MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 2 – 2011

Questão 1.
Calcule as seguintes expressões:
 qp 

(1,0) (a) logn logn n n n n

(1,0) (b) xlog a/ log x , onde a > 0, x > 0 e a base dos logaritmos é fixada arbitrariamente.

Questão 2.
(Como caracterizar a função exponencial a partir da função logaritmo.) Seja f : R → R uma função crescente, tal
que f (x + y) = f (x) · f (y) para quaisquer x, y ∈ R. Prove as seguintes afirmações:

(1,0) (a) f (x) > 0 para todo x ∈ R e f (1) > 1.

(1,0) (b) Pondo a = f (1), a função g : R → R definida por g(x) = loga f (x) é linear. (Use o Teorema Fundamental da
Proporcionalidade.)

(0,5) (c) Para todo x ∈ R, g(x) = x, onde g é a função definida no item (b).

(0,5) (d) f (x) = ax para todo x ∈ R.

Questão 3.

(1,0) (a) 24h após sua administração, a quantidade de uma droga no sangue reduz-se a 10% da inicial. Que percentagem
resta 12h após a administração? Justifique sua resposta, admitindo que o decaimento da quantidade de droga
no sangue é exponencial.

(1,0) (b) Em quanto tempo a quantidade de droga no organismo se reduz a 50% da dose inicial?

(0,5) (c) Se a mesma droga for administrada em duas doses de 10 mg com um intervalo de 12h, qual é a quantidade
presente no organismo após 24h da primeira dose?

(Questão 4 na próxima página)


MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 2 – 2011

Questão 4.

(1,0) (a) Usando as fórmulas para cos(x + y) e sen(x + y), prove que

tg(x) − tg(y)
tg(x − y) =
1 + tg(x) · tg(y)

(desde que tg(x − y), tg(x) e tg(y) estejam definidas).

(1,5) (b) Levando em conta que um ângulo é máximo num certo intervalo quando sua tangente é máxima, use a fórmula
acima para resolver o seguinte problema:
Dentro de um campo de futebol, um jogador corre para a linha de fundo do time adversário ao longo de uma
reta paralela à lateral do campo que cruza a linha de fundo fora do gol (ver figura). Os postes da meta distam
a e b (com a < b) da reta percorrida por ele. Mostre que o jogador vê a meta sob ângulo máximo quando sua

distância x ao fundo do campo é igual a ab.

b
a

x
PROFMAT – AV2 – MA 11 – 2011

Questão 1.
Calcule as seguintes expressões:
 
n n √
qp
(1,0) (a) logn logn n
n

(1,0) (b) xlog a/ log x , onde a > 0, x > 0 e a base dos logaritmos é fixada arbitrariamente.

UMA SOLUÇÃO


qp
3
(a) Como n n n
n = n1/n , temos
rq
n n √ 1
logn n
n= = n−3 ,
n3
logo o valor da expressão dada é −3.

(b) Tomando logaritmo na base b que foi fixada, temos

  log a
log xlog a/ log x = · log x = log a .
log x
Como a função log é injetiva, segue-se que
xlog a/ log x = a .

1
PROFMAT – AV2 – MA 11 – 2011

Questão 2.
(Como caracterizar a função exponencial a partir da função logaritmo.) Seja f : R → R uma função crescente, tal
que f (x + y) = f (x) · f (y) para quaisquer x, y ∈ R. Prove as seguintes afirmações:

(1,0) (a) f (x) > 0 para todo x ∈ R e f (1) > 1.

(1,0) (b) Pondo a = f (1) a função g : R → R definida por g(x) = loga f (x) é linear. (Use o Teorema Fundamental da
Proporcionalidade.)

(0,5) (c) Para todo x ∈ R, g(x) = x, onde g é a função definida no item (b).

(0,5) (d) f (x) = ax para todo x ∈ R.

UMA SOLUÇÃO

O objetivo desta questão é mostrar que é possı́vel caracterizar a função exponencial a partir da função logaritmo,
sem usar argumentos geométricos, como está no livro no caso de logaritmos naturais.
(a) Sendo crescente, f não é identicamente nula. Daı́ resulta que f (x) 6= 0 para todo x ∈ R, pois se existisse x0 ∈ R
com f (x0 ) = 0 terı́amos, para qualquer x ∈ R,

f (x) = f (x0 + (x − x0 )) = f (x0 ) · f (x − x0 ) = 0

e f seria identicamente nula.


Em seguida, notamos que
x x x x x
f (x) = f ( + ) = f ( ) · f ( ) = [f ( )]2 > 0
2 2 2 2 2
para todo x ∈ R.
Vamos mostrar que f (0) = 1. Como f (0) = f (0 + 0) = f (0) · f (0), então f (0) é solução positiva da equação x = x2 .
Como essa equação só tem 1 como solução positiva, a igualdade está demonstrada.
Finalmente, como f é crescente, f (1) > f (0) = 1.

(b) O Teorema Fundamental da Proporcionalidade diz que se g : R → R é crescente e satisfaz g(x + y) = g(x) + g(y)
para quaisquer x, y ∈ R, então g é linear, isto é, g(x) = cx, com c > 0. No nosso caso, temos

g(x + y) = loga f (x + y) = loga [f (x) · f (y)] = loga f (x) + loga f (y) = g(x) + g(y) ,

para quaisquer x, y ∈ R.

(c) Temos g(1) = loga f (1) = loga a = 1, portanto g(x) = x para todo x ∈ R.

(d) Como acabamos de ver, loga f (x) = x, para todo x ∈ R. Como loga ax = x e a função loga é injetiva, segue-se
que f (x) = ax .

2
PROFMAT – AV2 – MA 11 – 2011

Questão 3.

(1,0) (a) Usando as fórmulas para cos(x + y) e sen(x + y), prove que

tg(x) − tg(y)
tg(x − y) =
1 + tg(x) · tg(y)

(desde que tg(x − y), tg(x) e tg(y) estejam definidas).

(1,5) (b) Levando em conta que um ângulo é máximo num certo intervalo quando sua tangente é máxima, use a fórmula
acima para resolver o seguinte problema:
Dentro de um campo de futebol, um jogador corre para a linha de fundo do time adversário ao longo de uma
reta paralela à lateral do campo que cruza a linha de fundo fora do gol (ver figura). Os postes da meta distam
a e b (com a < b) da reta percorrida por ele. Mostre que o jogador vê a meta sob ângulo máximo quando sua

distância x ao fundo do campo é igual a ab.

b
a

UMA SOLUÇÃO

(a) A manipulação é direta:

sen(x − y) sen(x) · cos(y) − sen(y) · cos(x)


tg(x − y) = = .
cos(x − y) cos(x) · cos(y) + sen(x) · sen(y)

Dividindo o numerador e o denominador por cos(x) · cos(y) (se tg(x) e tg(y) estão definidas, cos(x) e cos(y) são não
nulos), vem
sen(x) sen(y)
cos(x) − cos(y) tg(x) − tg(y)
tg(x − y) = sen(x) sen(y) = 1 + tg(x) · tg(y) .
1 + cos(x) · cos(y)
(b) Em cada instante, o jogador vê a meta sob o ângulo α = α2 − α1 , onde α1 e α2 são os ângulos entre sua trajetória
e as retas que o ligam aos postes da meta. Temos

tg(α2 ) − tg(α1 )
tg(α) = .
1 + tg(α1) · tg(α2 )

3
a
Se x é a distância do jogador ao fundo do campo, temos tg(α1 ) = x e tg(α2 ) = xb , logo
b a
x − x b−a
tg(α) = ab
= .
1+ x2 x + ab
x

Como o numerador b − a é constante, tg(α) é máxima quando o denominador for mı́nimo. Ou seja, é preciso achar
ab
x que minimiza a expressão x + x . q √
Como a média aritmética é sempre maior do que ou igual à média geométrica, então 12 (x + ab
x )≥ x · ab
x = ab,

ou seja, o denominador é sempre maior do que ou igual a a 2 ab. A igualdade vale se e somente se os dois termos
√ √
da média são iguais, isto é, quando x = ab. Portanto x + ab
x atinge seu menor valor quando x = ab.

Obs. É possı́vel resolver a questão (b) com outros argumentos. Sejam A e B os extremos da meta, que distam a
e b da linha do jogador, respectivamente (veja figura abaixo, à esquerda). Para cada posição P do jogador, existe
um único cı́rculo que passa por A, B e P . O centro desse cı́rculo, O, está na mediatriz dos pontos A e B (pois
b+a
AOB é triângulo isósceles), estando, portanto, a 2 de distância da linha do jogador. Os segmentos OA e OB têm
comprimento igual ao raio do cı́rculo, digamos r, cujo valor depende de P .
Pelo Teorema do Ângulo Inscrito, AÔB = 2AP̂ B. Assim, AP̂ B é máximo quando AÔB é máximo. E AÔB é
máximo quando a distância OA = OB = r é mı́nima. Mas o menor r possı́vel é aquele tal que o cı́rculo de centro
sobre a mediatriz de A e B e raio r tangencia a linha do jogador. Nessa situação, OP é perpendicular à linha do
b+a
jogador e r = 2 (ver figura abaixo, à direita).
O valor de x, neste caso, é a altura do triângulo AOB com relação à base AB (ou seja, o comprimento da apótema
da corda AB). Esse valor sai do Teorema de Pitágoras aplicado ao triângulo AOQ, em que Q é o ponto médio de
AB. Ou seja,
 2  2
2 b−a 2 a+b
x + =r = .
2 2

Dessa equação resulta a solução x = ab.

B B
O 2α O 2α
A A

α α

P x P x

4
PROFMAT – AV2 – MA 11 – 2011

Questão 4.

(1,0) (a) 24h após sua administração, a quantidade de uma droga no sangue reduz-se a 10% da inicial. Que percentagem
resta 12h após a administração? Justifique sua resposta, admitindo que o decaimento da quantidade de droga
no sangue é exponencial.

(1,0) (b) Em quanto tempo a quantidade de droga no organismo se reduz a 50% da dose inicial?

(0,5) (c) Se a mesma droga for administrada em duas doses de 10 mg com um intervalo de 12h, qual é a quantidade
presente no organismo após 24h da primeira dose?

UMA SOLUÇÃO

(a) Sendo exponencial, a quantidade de droga no organismo obedece à lei c0 at , onde a é um número entre 0 e 1, c0 é
a dose inicial (obtida da expressão para t = 0) e t é medido, por exemplo, em horas. Após 24h a quantidade se reduz
1
a 10 da inicial, isto é,
c0
c0 a24 = .
10
1 √1 ,
Portanto a24 = 10 . Daı́ segue que a12 = 10
e que

c0
c0 a12 = √ .
10

Então a quantidade de droga após 12h é a quantidade inicial dividida por 10.

(b) Para saber o tempo necessário para a redução da quantidade de droga à metade (isto é, a meia-vida da droga no
organismo), basta achar t que cumpra at = 21 . Como a24 = 1
10 implica
 s
24s 1
a =
10

a resposta é t = 24s, onde s é tal que 10−s = 2−1 . Daı́ segue que s = log10 2 e que t = 24 log10 2.

(c) A quantidade logo após a primeira dose é c0 . Após 12h ela decai para √c10
0
. Uma nova administração a eleva para
c0 1

c0 + 10 = c0 (1 + √10 ). Após mais 12h essa quantidade é dividida por 10, passando a ser
 
1 1
c0 √ + ,
10 10
logo, com c0 = 10 mg, restarão, após 24h da primeira dose,

(1 + 10) mg.

5
MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 3 – 2011

Questão 1.

(1,0) (a) Prove isto: Se um número natural não é o quadrado de um outro número natural, sua raiz quadrada é irracional.
√ √
(1,0) (b) Mostre que 2 + 5 é irracional.

Questão 2.

(2,0) No instante em que uma pedra caiu (sem sofrer impulso inicial) ao momento em que se ouviu o som de seu
choque com a água no fundo do poço decorreram S segundos. Calcular a profundidade do poço. Dar a resposta
em função da aceleração g da gravidade e da velocidade v do som. Usar a fórmula s = g2 t2 do espaço percorrido
no tempo t por um corpo em queda livre que partiu do repouso.

Questão 3.

(2,0) Percorrendo, ao longo de uma reta horizontal, a distância d = AB em direção à base inacessı́vel de um poste
CD, nota-se (com o auxı́lio de um teodolito) que os ângulos C ÂD e C B̂D medem, respectivamente, α e β
radianos. Qual é a altura do poste CD?

α d β
A B C
MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 3 – 2011

Questão 4.

(2,0) Um reservatório contém uma mistura de água com sal (uma salmoura), que se mantém homogênea graças a
um misturador. Num certo momento, são abertas duas torneiras, com igual capacidade. Uma despeja água no
reservatório e a outra escoa. Após 8 horas de funcionamento, verifica-se que a quantidade de sal na salmoura
reduziu-se a 80% do que era antes que as torneiras fossem abertas. Que percentagem do sal inicial permanecerá
na salmoura após 24h de abertura das torneiras?

Questão 5.
Considere a função f : [1, +∞) → R, definida por f (x) = x3 − x2 .

(1,0) (a) Defina função crescente e prove que f é crescente.

(1,0) (b) Defina função ilimitada e prove que f é ilimitada.


PROFMAT – AV3 – MA 11 – 2011

Questão 1.

(1,0) (a) Prove isto: Se um número natural não é o quadrado de um outro número natural, sua raiz quadrada é irracional.
√ √
(1,0) (b) Mostre que 2+ 5 é irracional.

UMA SOLUÇÃO

 2
p p
(a) Seja n ∈ N. Se q ∈ Q é tal que q = n, então p2 = nq 2 . Como os fatores primos de p2 e q 2 aparecem todos com
expoente par, o mesmo deve ocorrer com os fatores primos de n. Então n é o quadrado de algum número natural.

√ √
(b) Se 2+ 5 fosse racional então seu quadrado
√ √ √ √
q = ( 2 + 5)2 = 2 + 2 10 + 5 = 7 + 2 10

q−7

também seria. Mas aı́ 2 = 10 também seria racional, o que não é possı́vel, pois 10 não é o quadrado de um
número natural.

1
PROFMAT – AV3 – MA 11 – 2011

Questão 2.

(2,0) No instante em que uma pedra caiu (sem sofrer impulso inicial) ao momento em que se ouviu o som de seu
choque com a água no fundo do poço decorreram S segundos. Calcular a profundidade do poço. Dar a resposta
em função da aceleração g da gravidade e da velocidade v do som. Usar a fórmula s = g2 t2 do espaço percorrido
no tempo t por um corpo em queda livre que partiu do repouso.

DUAS SOLUÇÕES

Uma solução. O tempo S = t1 + t2 é a soma do tempo t1 que a pedra levou para chegar ao fundo mais o tempo t2
que o som levou para vir até o nı́vel da borda. Chamando de x a profundidade do poço, temos x = g2 t21 e, por outro
lado, x = vt2 = v(S − t1 ). Logo
g 2
t = v(S − t1 )
2 1
ou
gt21 + 2vt1 − 2vS = 0 ,
que é uma equação quadrática na incógnita t1 . As soluções desta equação são
p p
−2v + 4v 2 + 8gvS −2v − 4v 2 + 8gvS
, .
2g 2g
p √
A segunda é negativa e neste problema não faz sentido. A primeira é positiva, porque 4v 2 + 8gvS > 4v 2 = 2v.
Então, dividindo por 2 o numerador e o denominador da fração,
p
−v + v 2 + 2gvS
t1 = ,
g
logo
v2 vp 2
x = vt2 = v(S − t1 ) = Sv + − v + 2gvS .
g g

Outra solução. A solução é essencialmente determinada por aquilo que escolhemos como
q incógnita (t1 , t2 ou x).
2x x
Se equacionarmos diretamente em x iremos pelo seguinte caminho. Observe que t1 = g e t2 = v . Então, de
t1 + t2 = S resulta uma equação em x:
x p −1 √
+ 2g x − S = 0.
√ v
Definamos y = x. Então precisamos achar soluções positivas de
p
v −1 y 2 + 2g −1 y − S = 0 .

A única solução positiva dessa equação quadrática é


p p
− 2g −1 + 2g −1 + 4Sv −1
y= .
2v −1
Então " s #
v2 2
 
2 2 4S 4 8S
x=y = + + −2 + ,
4 g g v g2 vg
que equivale à expressão obtida na primeira solução.

2
PROFMAT – AV3 – MA 11 – 2011

Questão 3.

(2,0) Percorrendo, ao longo de uma reta horizontal, a distância d = AB em direção à base inacessı́vel de um poste
CD, nota-se (com o auxı́lio de um teodolito) que os ângulos C ÂD e C B̂D medem, respectivamente, α e β
radianos. Qual é a altura do poste CD?

α d β
A B C

UMA SOLUÇÃO

Temos CD = AC tg α = BC tg β. Como AC = BC + d, vem (BC + d)tg α = BC tg β, e daı́


tg α
BC = d ·
tg α − tg β
e
tg α tg β
CD = BC tg β = d · ,
tg α − tg β
que é a resposta para a pergunta.

3
PROFMAT – AV3 – MA 11 – 2011

Questão 4.

(2,0) Um reservatório contém uma mistura de água com sal (uma salmoura), que se mantém homogênea graças a
um misturador. Num certo momento, são abertas duas torneiras, com igual capacidade. Uma despeja água no
reservatório e a outra escoa. Após 8 horas de funcionamento, verifica-se que a quantidade de sal na salmoura
reduziu-se a 80% do que era antes que as torneiras fossem abertas. Que percentagem do sal inicial permanecerá
na salmoura após 24h de abertura das torneiras?

UMA SOLUÇÃO

Seja M0 a massa de sal existente no inı́cio da operação. Decorrido o tempo t, essa massa será M (t) = M0 at , onde
a é uma constante (0 < a < 1). Isto se justifica porque, sendo a salmoura da torneira de saı́da uma amostra da
salmoura do tanque, supostamente homogênea, a quantidade de sal que sai por unidade de tempo é proporcional à
quantidade de sal no tanque, e isto é o princı́pio que rege o decaimento exponencial.
No entanto, a constante a não precisa ser calculada para se resolver o problema. O enunciado nos diz (supondo o
tempo t medido em horas) que M (8) = M0 a8 = 0, 8M0 , logo a8 = 0, 8. Após 24 horas, a quantidade de sal é M0 a24 .
Ora, a24 = (a8 )3 = 0, 83 = 0, 512. Portanto a resposta é 51, 2%, isto é, pouco mais que a metade.

4
PROFMAT – AV3 – MA 11 – 2011

Questão 5.
Considere a função f : [1, +∞) → R, definida por f (x) = x3 − x2 .
(1,0) (a) Defina função crescente e prove que f é crescente.

(1,0) (b) Defina função ilimitada e prove que f é ilimitada.

UMA SOLUÇÃO

(a) Uma função f : X → R, definida no conjunto X ⊂ R, chama-se crescente quando, para x, y ∈ X, x < y implica
f (x) < f (y).
Em nosso caso, sejam x, y ∈ [1, +∞), com x < y. Vamos mostrar que f (y) − f (x) > 0. Temos
f (y) − f (x) = (y 3 − y 2 ) − (x3 − x2 )
= (y 3 − x3 ) − (y 2 − x2 )
= (y − x)(y 2 + xy + x2 ) − (y − x)(y + x)
> (y − x)(y 2 + x2 ) − (y − x)(y + x)
= (y − x)(y 2 − y + x2 − x)
= (y − x)(y(y − 1) + x(x − 1)) .
Como x ≥ 1, então x(x − 1) ≥ 0; e como y > x ≥ 1, então y(y − 1) > 0 e y − x > 0. Portanto f (y) − f (x) > 0.

Outra solução. Podemos definir o número positivo h = y − x, ou seja, escrever y como x + h, e provar que
f (x + h) − f (x) > 0. Temos
f (x + h) − f (x) = (x + h)3 − (x + h)2 − x3 − x2
   

= (x3 + 3x2 h + 3xh2 + h3 ) − (x2 + 2hx + h2 ) − x3 + x2


= 3x2 h + 3xh2 + h3 − 2hx − h2 .
Para mostrar que essa expressão é positiva, precisamos achar termos positivos que, somados aos negativos, resultem
em um número positivo. Então a reescrevemos:
f (x + h) − f (x) = 3x2 h + 3xh2 + h3 − 2hx − h2
= x2 h + 2xh2 + h3 + (2x2 h − 2hx) + (xh2 − h2 )
= x2 h + 2xh2 + h3 + 2hx(x − 1) + h2 (x − 1) .
Como x ≥ 1 então os dois últimos termos são maiores do que ou iguais a zero. Acrescido do fato que os três primeiros
são positivos, tem-se que f (x + h) − f (x) > 0, para qualquer x ≥ 1 e h > 0.

(b) Uma função f : X → R, definida no conjunto X ⊂ R, chama-se ilimitada quando, dado qualquer A > 0, pode-se
achar x ∈ X tal que f (x) > A. No nosso caso, f (x) > A significa x3 − x2 > A, ou seja, x3 (1 − x1 ) > A. Ora, quando
1
x > 2 já se tem 1 − > 21 . Então, para se ter x3 (1 − x1 ) > A, basta tomar um x ∈ [1, +∞) que seja maior do que
x

2 e tal que x3 · 21> A, isto é, x3 > 2A, o que se obtém simplesmente tomando x > 3 2A. Portanto, basta tomar

x > max{2, 3 2A}.

5
MA11
-
2012
MA11 – Números, conjuntos e funções elementares – AV1 – 2012

√ √ √ √
Questão 1. (2,0) Prove que se a, b, c e d são números racionais tais que a 2 + b 3 = c 2 + d 3 então a = c e
b = d.

Questão 2. (2,0) Seja f : R → R uma função crescente tal que, para todo x racional, vale f (x) = ax + b (com
a, b ∈ R constantes). Prove que se tem f (x) = ax + b também se x for irracional.

Questão 3.

(a) (1,0) Determine uma função afim f : R → R tal que g : R → R, definida por g(x) = | |f (x)| − 1|, tenha o gráfico
abaixo.

(b) (1,0) Expresse g na forma g(x) = A + α1 |x − a1 | + α2 |x − a2 | + . . . + αn |x − an |, para algum n, explicitando os valores


de A, α1 , . . . , αn .

-3 -2 -1 0
X

Questão 4. (2,0) Ache uma fração ordinária igual ao número real α = 3, 757575 . . .

Questão 5. Considere as seguintes possibilidades a respeito das funções afins f, g : R → R, em que f (x) = ax + b e
g(x) = cx + d.

A) f (x) = g(x) para todo x ∈ R.

B) f (x) 6= g(x) seja qual for x ∈ R.

C) Existe um único x ∈ R tal que f (x) = g(x).

Com essas informações,

(i) (1,0) Exprima cada uma das possibilidades acima por meio de relações entre os coeficientes a, b, c e d.

(ii) (1,0) Interprete geometricamente cada uma dessas 3 possibilidades usando os gráficos de f e g.
AV1 - MA 11 - 2012

Questão 1.
√ √ √ √
Prove que se a, b, c e d são números racionais tais que a 2 + b 3 = c 2 + d 3 então a = c e b = d.

UMA SOLUÇÃO

√ √ √ √ √ √
A igualdade a 2 + b 3 = c 2 + d 3 implica que ( a − c) 2 = (d − b) 3. Suponha que tenhamos ( a, b) 6= (c, d).
Então teremos a 6= c ou b 6= d. Digamos que b 6= d (o caso a 6= c é análogo). Neste caso podemos dividir ambos os
lados por d − b, e teremos √
a−c 3
= √ .
d−b 2
p
Como a, b, c, d são todos racionais, o lado esquerdo é racional e igual a alguma fração irredutível q . Mas aí teríamos

3q2 = 2p2 ,

o que é impossível, pois o lado esquerdo tem um número par de fatores 2 e o lado direito tem um número ímpar
(ou: o lado esquerdo tem um número ímpar de fatores 3 e o lado direito tem um número par).

1
AV1 - MA 11 - 2012

Questão 2.

Seja f : R → R uma função crescente tal que, para todo x racional, vale f ( x ) = ax + b (com a, b ∈ R
constantes). Prove que se tem f ( x ) = ax + b também se x for irracional.

UMA SOLUÇÃO

Dado x irracional, podemos achar r e s racionais com r < x < s, sendo s − r tão pequeno quanto desejemos.
Como f é crescente, daí vem f (r ) < f ( x ) < f (s), ou seja, ar + b < f ( x ) < as + b. Como f é crescente, então a > 0,
logo podemos subtrair b de cada termo e dividir por a, sem alterar a direção das desigualdades:

f (x) − b
r< < s.
a
f ( x )−b
Como r e s podem ser escolhidos tão próximos de x quanto desejemos, isto nos obriga a ter a = x e, portanto,
f ( x ) = ax + b.

2
AV1 - MA 11 - 2012

Questão 3.

(a) Determine uma função afim f : R → R tal que g : R → R, definida por g( x ) = | | f ( x )| − 1|, tenha o gráfico
abaixo.

(b) Expresse g na forma g( x ) = A + α1 | x − a1 | + α2 | x − a2 | + . . . + αn | x − an |, para algum n, explicitando os


valores de A, α1 , . . . , αn .
Y

-3 -2 -1 0
X

UMA SOLUÇÃO

(a)
Observação: Em princípio não é necessário “deduzir” quem é f , basta apresentar uma função candidata e verificar.
No entanto, dois argumentos para obtê-la seguem abaixo.

Primeiro argumento: No trecho afim mais à direita, vale g( x ) = 2x + 2. Portanto para x ≥ −1, vale, || f ( x )| − 1| =
2x + 2. Então, no intervalo (−1, ∞), a expressão | f ( x )| − 1 não se anula, logo ou é sempre negativa, e neste caso
ter-se-á || f ( x )| − 1| = −| f ( x )| + 1, ou é sempre positiva, e neste caso ter-se-á || f ( x )| − 1| = | f ( x )| − 1. No primeiro
caso, teríamos −| f ( x )| + 1 = 2x + 2, ou | f ( x )| = −1 − 2x, em particular | f (0)| = −1, o que é impossível. Então só
resta segunda opção, e | f ( x )| − 1 = 2x + 2, de onde | f ( x )| = 2x + 3, para x ≥ −1. Concluímos que f ( x ) = 2x + 3
ou f ( x ) = −2x − 3. Ambas as possibilidades são válidas, e escolhemos a primeira f ( x ) = 2x + 3. Aí observamos
que essa escolha de f ( x ) também funciona nos demais trechos afins.

Segundo argumento: Suponha que a taxa de variação de f seja positiva. Então, para x suficientemente afastado para
a direita da raiz de f , f é positiva e maior do que 1, de modo que || f ( x )| − 1| = f ( x ) − 1. No trecho mais à direita,
isso dá 2x + 2, e daí se conclui que f ( x ) = 2x + 3. Nos outros intervalos, basta verificar.

Verificação: Para verificar que g( x ) = || f ( x )| − 1| olha-se a coincidência das funções em cada trecho afim. Os dois
lados são afins nos mesmos intervalos: (−∞, −2], [−2, − 23 ], [− 23 , −1] e [1, ∞). Logo basta verificar a coincidência
entre as funções em dois pontos de cada intervalo. Basta, portanto, verificar que coincidem em −3, −2, − 32 , −1, 0, o
que pode ser feito facilmente.

3
(b) É natural tomar a1 = −2, a2 = − 32 e a3 = −1. Então buscamos escrever

3
g ( x ) = A + α | x + 2| + β | x + | + γ | x + 1| .
2

Impondo g(0) = 2, g(−1) = 0, g(− 23 ) = 1 e g(−2) = 0, obtemos quatro equações lineares nas incógnitas A, α, β e
γ. Resolvendo o sistema, chegamos em A = −1, α = γ = 2 e β = −2, logo na função dada por

3
x 7 → −1 + 2| x + 2| − 2| x + | + 2| x + 1| .
2
Resta ver que essa função é realmente a função g. Essa verificação é feita da mesma maneira que na questão (a).

4
AV1 - MA 11 - 2012

Questão 4.

Ache uma fração ordinária igual ao número real α = 3, 757575 . . .

UMA SOLUÇÃO

Se α é o número acima então 100α = 375, 757575 . . .. Subtraindo as duas igualdades, vem 99α = 372, 0000 . . ..
372
Logo α = 99 .

5
AV1 - MA 11 - 2012

Questão 5.

Considere as seguintes possibilidades a respeito das funções afins f , g : R → R, em que f ( x ) = ax + b e


g( x ) = cx + d.
A) f ( x ) = g( x ) para todo x ∈ R.
B) f ( x ) 6= g( x ) seja qual for x ∈ R.
C) Existe um único x ∈ R tal que f ( x ) = g( x ).
Com essas informações,

i) Exprima cada uma das possibilidades acima por meio de relações entre os coeficientes a, b, c e d.

ii) Interprete geometricamente cada uma dessas 3 possibilidades usando os gráficos de f e g.

UMA SOLUÇÃO

(i) A possibilidade A) ocorre se, e somente se, a = c e b = d. Prova: Se a = c e b = d então, para qualquer x ∈ R,
tem-se f ( x ) = ax + b = cx + d = g( x ). Por outro lado, se f ( x ) = g( x ) para qualquer x ∈ R, então, em particular,
f (0) = g(0), ou seja, a · 0 + b = c · 0 + d, isto é, b = d; além disso, f (1) = g(1), implicando a · 1 + b = c · 1 + d, ou
seja, a = c (usando que b = d).
A possibilidade B) ocorre se, e somente se, a = c e b 6= d. Prova: Se a = c e b 6= d, então f ( x ) − g( x ) =
( a − c) x + (b − d) = b − d 6= 0, para qualquer x ∈ R. Por outro lado, se f ( x ) 6= g( x ) para qualquer x ∈ R então
f ( x ) − g( x ) = ( a − c) x + (b − d) 6= 0 para qualquer x ∈ R, ou seja, ( a − c) x + (b − d) não tem raiz. Mas isto só
ocorre se a = c e b 6= d.
A possibilidade C) ocorre se, e somente se, a 6= c. Prova: Se a 6= c então f ( x ) − g( x ) = ( a − c) x + (b − d) tem
única raiz igual a da− b
−c , logo este é o único ponto x tal que f ( x ) = g ( x ). Por outro lado, se existe um único ponto x
tal que f ( x ) = g( x ) é porque a diferença f ( x ) − g( x ) = ( a − c) x + (b − d) tem uma única raiz, ou seja, a − c 6= 0.

(ii) No caso A), os gráficos de f e g são retas coincidentes. No caso B), os gráficos de f e g são retas paralelas. No
caso C), os gráficos de f e g são retas concorrentes.

6
MA11 – Números, conjuntos e funções elementares – AV2 – 2012

Questão 1. (2,0) Seja f : R → R uma função tal que f (0) = 0 e |f (x) − f (y)| = |x − y| para quaisquer x, y ∈ R.
Prove que ou f (x) = x para todo x ou então f (x) = −x seja qual for x.

Questão 2. (2,0) Dada a função quadrática f (x) = ax2 + bx + c, consideremos as funções afins g(x) = mx + t,
onde m é fixo e t será escolhido convenientemente. Prove que existe uma (única) escolha de t para a qual a equação
f (x) = g(x) tem uma, e somente uma, raiz x. Interprete este fato geometricamente em termos dos gráficos de f e g.

Questão 3. (2,0) Dados os pontos A = (3, 7), B = (4, 5), C = (5, 5) e D = (5, 3) em R2 , determine a função afim
f (x) = ax + b cujo gráfico contém três desses pontos.

Questão 4. (2,0) A população de uma cultura de bactérias, num ambiente estável e controlado, é estimada pela
área que ocupa sobre uma superfı́cie plana. Se, decorridos 20 dias, a população duplicou, então ela ficou 50% maior

(a) antes de 10 dias.

(b) ao completar 10 dias.

(c) após 10 dias.

Escolha a resposta certa e justifique sua opção.

1 1
Questão 5. (2,0) Dados números reais positivos x e y, ache α e β tais que cos x · cos y = 2 cos α + 2 cos β. Em
seguida mostre como (mediante o uso de uma tabela de funções trigonométricas) esta igualdade pode ser empregada
para reduzir o produto de dois números reais positivos quaisquer às operações de soma e divisão por 2.
AV2 - MA 11 - 2012

Questão 1. Seja f : R → R uma função tal que f (0) = 0 e | f ( x ) − f (y)| = | x − y| para quaisquer x, y ∈ R. Prove
que ou f ( x ) = x para todo x ou então f ( x ) = − x seja qual for x.

UMA SOLUÇÃO

Tomando y = 0, vemos que | f ( x )| = | x |, logo f ( x ) = ± x para todo x. Resta mostrar que não se pode ter
f ( x1 ) = x1 e f ( x2 ) = − x2 com x1 e x2 não nulos. De fato, se isto ocorresse, então

| x1 + x2 | = | x1 − (− x2 )| = | f ( x1 ) − f ( x2 )| = | x1 − x2 | .

Elevando ao quadrado ambos os lados da igualdade | x1 + x2 | = | x1 − x2 | concluiríamos que x1 x2 = − x1 x2 , isto é,


que x1 x2 = 0, o que é uma contradição com o fato de x1 e x2 serem ambos nulos.

1
AV2 - MA 11 - 2012

Questão 2. Dada a função quadrática f ( x ) = ax2 + bx + c, consideremos as funções afins g( x ) = mx + t, onde


m é fixo e t será escolhido convenientemente. Prove que existe uma (única) escolha de t para a qual a equação
f ( x ) = g( x ) tem uma, e somente uma, raiz x. Interprete este fato geometricamente em termos dos gráficos de f e g.

UMA SOLUÇÃO

A equação f ( x ) = g( x ) significa ax2 + (b − m) x + c − t = 0. Esta equação do segundo grau tem uma raiz única
( b − m )2
se, e somente se, seu discriminante (b − m)2 − 4a(c − t) é igual a zero, ou seja, se t = c − 4a (observando que
a 6= 0, já que f é quadrática).
Ao variar t, a reta gráfico de g se desloca paralelamente a si mesma e toca a parábola gráfico de f num só ponto
quando é sua tangente. Este é o valor de t que foi calculado.

2
AV2 - MA 11 - 2012

Questão 3. Dados os pontos A = (3, 7), B = (4, 5), C = (5, 5) e D = (5, 3) em R2 , determine a função afim
f ( x ) = ax + b cujo gráfico contém três desses pontos.

UMA SOLUÇÃO

As inclinações dos segmentos AB, AC e AD são, respectivamente, −2, −1 e −2. Portanto A, B e D são colineares.
O segmento CD é vertical, logo C e D não podem pertencer ao gráfico de uma função afim. Logo, além de A, B,
D só resta a possibilidade de que A, B e C sejam colineares. No entanto, AB tem inclinação −2 e BC tem inclinação
0, então A, B e C não podem ser colineares.
Assim, A, B e D são os únicos três pontos colineares dentre os quatro pontos dados. A função afim cujo gráfico
os contém é f ( x ) = ax + b tal que f (3) = 7 e f (4) = 5. Portanto 3a + b = 7 e 4a + b = 5. Daí resulta que a = −2 e
b = 13. A função procurada é f ( x ) = −2x + 13.

3
AV2 - MA 11 - 2012

Questão 4. A população de uma cultura de bactérias, num ambiente controlado, é estimada pela área que ocupa
sobre uma superfície plana e tem taxa de crescimento diária proporcional a seu tamanho. Se, decorridos 20 dias, a
população duplicou, então ela ficou 50% maior

(a) antes de 10 dias.

(b) ao completar 10 dias.

(c) após 10 dias.

Escolha a resposta certa e justifique sua opção.

UMA SOLUÇÃO

Se p0 é a população original, após decorridos t dias a população p = p(t) será dada por p = p0 at , onde a é uma
√ √
constante maior do que 1. Temos p0 a20 = 2p0 , logo a20 = 2. Então p(10) = p0 a10 = p0 a20 = p0 2 ≃ 1, 414p0 .
Então p(10) < 1, 5p0 , o que nos faz concluir que o crescimento de 50% será atingido após os primeiros 10 dias. A
opção correta é (c).

4
AV2 - MA 11 - 2012

1 1
Questão 5. Dados números reais positivos x e y, ache α e β tais que cos x · cos y = 2 cos α + 2 cos β. Em seguida
mostre como (mediante o uso de uma tabela de funções trigonométricas) esta igualdade pode ser empregada para
reduzir o produto de dois números reais positivos quaisquer às operações de soma e divisão por 2.

UMA SOLUÇÃO

A fórmula do cosseno de uma soma, junto com a observação de que sen(−y) = −sen y, nos dá

cos( x + y) = cos x · cos y − sen x · sen y

e
cos( x − y) = cos x · cos y + sen x · sen y ,

logo cos( x + y) + cos( x − y) = 2 cos x · cos y. Daí resulta a igualdade proposta, com α = x + y e β = x − y.
Em seguida, se a e b são números reais positivos quaisquer, dados por suas expressões decimais, deslocando as
vírgulas que separam suas partes inteiras (alteração que pode facilmente ser refeita no final), podemos supor que
esses números são ambos compreendidos entre 0 e 1. A tabela nos dá x e y tais que cos x = a e cos y = b. E a
igualdade inicial fornece ab = cos x · cos y = 21 (cos( x + y) + cos( x − y)). Na prática, é preciso (i) tomar x e y pela
tabela; (ii) calcular x + y e x − y; (iii) obter seus cossenos, também pela tabela; (iv) somar os cossenos; e (v) dividir
por 2.
Este artifício era usado pelos astrônomos antes da descoberta dos logaritmos.

5
MA11 – Números e funções reais – AV3 – 2012

√ √
Questão 1. (2,0) Sejam a, x números reais positivos, com a < x. Pondo y = 12 (x + xa ), prove que a < y < x.

Questão 2. (2,0) A imagem (ou conjunto de valores) de uma função f : R → R é o conjunto f (R) cujos elementos
são os números f (x), onde x é qualquer número real.
Determine as imagens da função afim f : R → R, f (x) = rx + s, e da função quadrática g : R → R, g(x) =
ax2 + bx + c. Discuta as possibilidades e justifique suas afirmações.

Questão 3. (2,0) Uma torneira leva x horas para encher um tanque, outra leva y horas e uma terceira enche esse
mesmo tanque em z horas. Em quanto tempo as três juntas encherão o tanque?

Questão 4. (2,0) Uma cultura de bactérias, cuja população é medida pela área que ocupa sobre uma superfı́cie
plana, ficou 64 vezes maior após 1 ano. Quantas vezes maior ela estava após 1 trimestre?

Questão 5. (2,0) Seja r o raio da circunferência sobre a qual estão os vértices do triângulo ABC. Se a é a medida
b prove que sen A
do lado oposto ao ângulo A, b = a (dica: baixe, do centro da circunferência, a perpendicular a BC).
2r
Conclua daı́ a Leis dos Senos.
AV3 - MA 11 - 2012

√ √
Questão 1. Sejam a, x números reais positivos, com a < x. Pondo y = 12 ( x + xa ), prove que a < y < x.

UMA SOLUÇÃO


Primeiro notamos que x é maior do que xa : a < x significa a < x2 , logo a
x < x, usando que x é positivo. Como y
a
é a média aritmética dos números x e x, dos quais x é o maior, então y < x.
Outra maneira:
1 a 1 x2
y= (x + ) < (x + ) = x ,
2 x 2 x
usando a < x2 .
Além disso, como a média aritmética de dois números diferentes é maior do que a média geométrica e como a
√ √
média geométrica de x e xa é igual a a, resulta que y > a.
Essa última desigualdade também poderia ser feita diretamente:

1 2 a2 1 a2 1 a
y2 = ( x + 2a + 2 ) = ( x2 − 2a + 2 + 4a) = a + ( x − )2 > a .
4 x 4 x 4 x

1
AV3 - MA 11 - 2012

Questão 2. A imagem (ou conjunto de valores) de uma função f : R → R é o conjunto f (R ) cujos elementos são os
números f ( x ), onde x é qualquer número real.
Determine as imagens da função afim f : R → R, f ( x ) = rx + s, e da função quadrática g : R → R, g( x ) =
ax2 + bx + c. Discuta as possibilidades e justifique suas afirmações.

UMA SOLUÇÃO

Para a função afim f , há duas possibilidades: se r = 0 então f é constante e sua imagem é o conjunto {s}, com um
só elemento. A segunda possibilidade ocorre se r 6= 0. Então f (R ) = R pois, dado qualquer y ∈ R, existe x ∈ R tal
y−s
que f ( x ) = y, ou seja, rx + s = y. Basta tomar x = r .
No caso da função quadrática g( x ) = ax2 + bx + c, há duas possibilidades para a imagem g(R ). Se a > 0 então
a imagem é a semirreta (intervalo infinito) [k, +∞) e se a < 0 então f (R ) = (−∞, k ], onde k (em ambos os casos) é
igual a
b 4ac − b2
g(− ) = .
a 4a
Justificando: se a > 0 então, tomando qualquer y ∈ [k, +∞), ou seja, y ≥ k, para achar x ∈ R tal que f ( x ) = y,
devemos mostrar que a equação ax2 + bx + c = y, isto é, ax2 + bx + c − y = 0, possui raízes reais. Isto ocorre se, e
4ac−b2
somente se, seu discriminante b2 − 4a(c − y) é maior do que ou igual a 0. Como y ≥ 4a , isto sempre ocorre.
O que acabamos de mostrar foi que [k, +∞) ⊂ g(R ). Para ver que g(R ) ⊂ [k, +∞), basta observar que, em
virtude da forma canônica g( x ) = a( x − m)2 + k, quando a > 0 todos os valores g( x ) são maiores do que ou iguais
a k.
A discussão do caso a < 0 é inteiramente análoga.

2
AV3 - MA 11 - 2012

Questão 3. Uma torneira leva x horas para encher um tanque, outra leva y horas e uma terceira enche esse mesmo
tanque em z horas. Em quanto tempo as três juntas encherão o tanque?

UMA SOLUÇÃO

1 1 1
As três torneiras separadamente, abertas durante uma hora, encherão respectivamente as frações x, y e z do
1 1 1
tanque e, abertas juntas, encherão x + y + z do tanque. Logo, juntas, encherão o tanque em

1 xyz
1 1 1
=
x + y + z
yz + xz + xy

horas.

3
AV3 - MA 11 - 2012

Questão 4. Uma cultura de bactérias, cuja população é medida pela área que ocupa sobre uma superfície plana,
ficou 64 vezes maior após 1 ano. Quantas vezes maior ela estava após 1 trimestre?

UMA SOLUÇÃO

Seja p0 a população inicial. Após decorrido o tempo t, a população será p0 at = p, onde a é uma constante maior
do que 1, determinada experimentalmente. Medindo o tempo em meses, temos p = p0 a12 = 64p0 , após 1 ano.
√ √
Quer-se saber o valor de p = p0 a3 . De a12 p0 = 64p0 temos a12 = 64 e daí a3 = 4 64 = 2 2 ≃ 2, 83. Portanto, após
um trimestre, a população de bactérias estava 2, 83 vezes maior do que a população original.

4
AV3 - MA 11 - 2012

Questão 5. Seja r o raio da circunferência sobre a qual estão os vértices do triângulo ABC. Se a é a medida do lado
oposto ao ângulo A,b prove que sen Ab = a (dica: baixe, do centro da circunferência, a perpendicular a BC). Conclua
2r
daí a Leis dos Senos.

UMA SOLUÇÃO

Seja O o centro da circunferência e seja P no segmento BC tal que OP é perpendicular a BC. É sabido que o
ângulo BOC (ângulo central da corda BC) é o dobro do ângulo inscrito A b (fato conhecido como o Teorema do
Ângulo Inscrito). Como o triângulo BOC é isósceles, então OP é bissetriz e, portanto, o ângulo POC é exatamente
b Também pelo fato de BOC ser isósceles, OP é mediatriz, de forma que PC = a . Sendo OC = r e OPC
igual a A. 2
b) =
triângulo-retângulo, segue que sen ( A = a/2
PC a
OC r = 2r .
O que acabamos de provar é que o seno do ângulo em A dividido pelo comprimento do lado oposto ao vértice A
1
é igual a 2r . O mesmo argumento se aplica a B ou a C, de modo que essa razão (seno de um ângulo dividido pelo
lado oposto) é constante. Essa é a Lei dos Senos.

5
MA11
-
2013
Sociedade Brasileira de Matemática
Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 1
13 de abril de 2013

1. Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justificando adequadamente


e em detalhes as suas respostas.

(a) A soma de dois números irracionais é um número irracional. (pontuação 1,0)


(b) O produto de dois números reais com representação decimal infinita e periódica é um
número real que não possui representação decimal finita. (pontuação 1,0)

2. Da mesma forma que se expressa um número real no sistema de numeração decimal, é


possível expressá-lo em um sistema de numeração posicional qualquer, de base β ∈ N,
β > 2. Dizemos que um número a ∈ R está expresso no sistema de base β se ele é escrito
na forma:
+∞
X
a = a0 + an β −n
n=1

em que a0 ∈ Z e os an são dígitos entre 0 e β − 1.

(a) Sejam x e y os números reais cujas representações no sistema de numeração de base


4 são dadas por 0, 321 e 0, 111 . . ., respectivamente. Determine as representações de
x e de y no sistema decimal. (pontuação 1,0)
(b) Mostre que um número racional a = m n
∈ R, com m, n ∈ Z, n 6= 0 e mdc(m, n) = 1,
possui representação finita no sistema de numeração posicional de base β se, e somente
se, o denominador n não possui fatores primos que não sejam fatores de β. (pontuação
1,0)
√ √
3. (a) Considere a função h : [0, +∞[ → R definida por h(x) = x + 2x . Usando o fato

de que a função g : [0, +∞[ → R, definida por g(x) = x é monótona crescente,
mostre que h é monótona crescente. (pontuação 0,5)
√ √
(b) Conclua, com base no item anterior, que, ∀ a ∈ R, a > 0 a equação x = a − 2x
admite uma única solução real. (pontuação 0,5)
√ √
(c) Considere a seguinte resolução para a equação x = 1 − 2x :
√ √ √ √
x = 1 − 2x ⇒ x = 1 − 2 2x + 2x ⇒ 1 + x = 2 2x ⇒

1 + 2x + x2 = 8x ⇒ x2 − 6x + 1 = 0 ⇒ x = 3 ± 2 2

Este método de resolução está correto? Justifique sua resposta. (pontuação 1,0)

4. Considere a função p : [−1, 5] → R definida por:


(
3 x − x2 se −1 6 x < 1
||x − 2| − 1| se 1 6 x 6 5

(a) Faça um esboço do gráfico de p. (pontuação 0,5)


(b) Determine todas as soluções reais da equação p(x) = 2. (pontuação 0,5)
(c) Determine todos os pontos de máximo e de mínimo locais e absolutos de p. (pontu-
ação 0,5)
(d) Faça um esboço do gráfico da função q : [−1, 2]] → R definida por:

q(x) = p(2x + 1) − 2 .

(pontuação 0,5)

5. Considere a função quadrática f : R → R, f (x) = a x2 + b x + c, com a > 0. Use a forma


canônica do trinômio de segundo grau

y = a (x − x0 )2 + y0

para mostrar que:

(a) (x0 , y0 ) é um ponto de mínimo absoluto de f ; (pontuação 1,0)


(b) a reta x = x0 é um eixo de simetria vertical do gráfico de f . (pontuação 1,0)
Sociedade Brasileira de Matemática
Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 1 - GABARITO
13 de abril de 2013

1. Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justificando adequadamente


e em detalhes as suas respostas.

(a) A soma de dois números irracionais é um número irracional. (pontuação 1,0)


(b) O produto de dois números reais com representação decimal infinita e periódica é um
número real que não possui representação decimal finita. (pontuação 1,0)

Uma solução:
a) Falso.
Contra-exemplo: x = π e y = 1 − π são irracionais, mas x + y = 1 não é irracional.
b)Falso.
7 6 1
Contra-exemplo: x = 12 ey= 7
têm representação decimal infinita, mas x.y = 2
possui
representação decimal finita.

2. Da mesma forma que se expressa um número real no sistema de numeração decimal, é


possível expressá-lo em um sistema de numeração posicional qualquer, de base β ∈ N,
β > 2. Dizemos que um número a ∈ R está expresso no sistema de base β se ele é escrito
na forma:
+∞
X
a = a0 + an β −n
n=1

em que a0 ∈ Z e os an são dígitos entre 0 e β − 1.

(a) Sejam x e y os números reais cujas representações no sistema de numeração de base


4 são dadas por 0, 321 e 0, 111 . . ., respectivamente. Determine as representações de
x e de y no sistema decimal. (pontuação 1,0)
(b) Mostre que um número racional a = m n
∈ R, com m, n ∈ Z, n 6= 0 e mdc(m, n) = 1,
possui representação finita no sistema de numeração posicional de base β se, e somente
se, o denominador n não possui fatores primos que não sejam fatores de β. (pontuação
1,0)
Uma solução:
a) Pela definição da expressão de um número real no sistema de numeração posicional de
base β, temos que:

1 1 1 3 1 1 57
x = (0, 321)β = 3 × +2× 2 +1× 3 = + + = = 0, 890625
4 4 4 4 8 64 64

+∞
X 1
y = (0, 111 . . .)β =
k=1
4k

Portanto, a expressão acima é a soma da progressão geométrica infinita cujo termo inicial
é 14 e a razão é 14 . Essa soma converge para:

1
4 1
1 = = 0, 333 . . .
1− 4
3

b) Observamos que um número a possui representação finita no sistema de numeração


posicional de base β se, e somente se, existe um expoente k ∈ N tal que β k a ∈ N.
m
Assim, se possui representação finita no sistema de numeração posicional de base β,
n
βkm
então ∈ N para algum k ∈ N. Logo, n | β k m. Como mdc(m, n) = 1, então n | β k .
n
Portanto, n não possui fatores primos que não sejam fatores de β k . Mas estes são os
mesmos fatores primos de β.
Reciprocamente, se n não possui fatores primos que não sejam fatores de β, então n | β k ,
βkm
para um expoente k suficientemente grande. Logo, n | β k m, portanto ∈ N. Então,
n
m
possui representação finita no sistema de numeração posicional de base β.
n
√ √
3. (a) Considere a função h : [0, +∞[ → R definida por h(x) = x + 2x . Usando o fato

de que a função g : [0, +∞[ → R, definida por g(x) = x é monótona crescente,
mostre que h é monótona crescente. (pontuação 0,5)
√ √
(b) Conclua, com base no item anterior, que, ∀ a ∈ R, a > 0 a equação x = a − 2x
admite uma única solução real. (pontuação 0,5)
√ √
(c) Considere a seguinte resolução para a equação x = 1 − 2x :

√ √ √ √
x = 1 − 2x ⇒ x = 1 − 2 2x + 2x ⇒ 1 + x = 2 2x ⇒

1 + 2x + x2 = 8x ⇒ x2 − 6x + 1 = 0 ⇒ x = 3 ± 2 2

Este método de resolução está correto? Justifique sua resposta. (pontuação 1,0)
Uma solução:
√ √ √ √ √
a) Temos que h(x) = x + 2 x = (1 + 2) x = (1 + 2) g(x). Como g é crescente,
então, x1 , x2 ∈ [0, +∞[ , x1 < x2 ⇒ g(x1 ) < g(x2 ) ⇒ h(x1 ) < h(x2 ). Portanto, h é
crescente.
√ √ 2
b) A existência da solução da equação x = a− 2x é explícita: dado a ≥ 0, x = (1+a√2)2
é uma solução. Mesmo que não conseguíssemos uma solução explícita, a garantia teórica
da existência de uma solução desta equação é uma consequência da continuidade de h
e de que limx→+∞ h(x) = +∞. Assim, para todo a ∈ R, a ≥ 0, existe pelo menos
um x ∈ [0, +∞[ tal que h(x) = a. Vejamos a unicidade: suponhamos que existam
x1 x2 ∈ [0, +∞[ , x1 6= x2 tais que h(x1 ) = h(x2 ) = a. Digamos x1 < x2 . Como h
é crescente, deveríamos ter h(x1 ) < h(x2 ). Logo, existe um único x ∈ [0, +∞[ tal que
√ √
h(x) = a, isto é, x = a − 2x .
√ √
c) Pelo item anterior, a equação x = 1 − 2x admite uma única solução. Portanto, a
resolução não está correta.
√ √ √
Na primeira passagem da resolução, é verdade que x = 1 − 2x ⇒ x = 1 − 2 2x + 2x.
√ √ √
Entretanto, x = 1 − 2 2x + 2x 6⇒ x = 1 − 2x. De fato, nesta implicação, estamos
implicitamente fazendo:
√ √ 2 √
q √ √
x = 1 − 2 2x + 2x = (1 − 2x) ⇒ x = (1 − 2x)2 = 1 − 2x .

Em primeiro lugar, para que a implicação acima seja verdadeira, devemos supor que x > 0,
o que já é uma hipótese inicial para a resolução q da equação. Além disso, temos que
√ √ 2 √ √
1 − 2 2x + 2x = (1 − 2x) , mas a igualdade (1 − 2x)2 = 1 − 2x só vale se

1 − 2x > 0. Logo, a implicação acima só é verdadeira se 0 6 x 6 12 .
Portanto, nessa passagem ocorre uma inclusão de raízes estranhas à equação.

4. Considere a função p : [−1, 5] → R definida por:


(
3 x − x2 se −1 6 x < 1
||x − 2| − 1| se 1 6 x 6 5

(a) Faça um esboço do gráfico de p. (pontuação 0,5)


(b) Determine todas as soluções reais da equação p(x) = 2. (pontuação 0,5)
(c) Determine todos os pontos de máximo e de mínimo locais e absolutos de p. (pontu-
ação 0,5)
(d) Faça um esboço do gráfico da função q : [−1, 2]] → R definida por:

q(x) = p(2x + 1) − 2 .
(pontuação 0,5)

Uma solução:
a) O gráfico da função p é dado por:

-1 1 2 3 4 5 6

-1

-2

-3

-4

b) Resolvendo 3 x − x2 = 2, obtemos x = 1 ou x = 2, mas estes valores estão fora do


intervalo em que p é definida pela expressão y = 3 x − x2 . Resolvendo ||x − 2| − 1| = 2,
obtemos |x − 2| = 1 ± 2. Como não há valores de x tais que |x − 2| = −1, resta apenas
a alternativa |x − 2| = 3. Esta implica em x = 2 ± 3, portanto x = −1 ou x = 5, mas
x = −1 está fora do intervalo em que p é definida pela expressão y = ||x − 2| − 1| = 2,
portanto, a única solução da equação p(x) = 2 é x = 5. De fato, percebemos pelo gráfico
esboçado no item anterior que a reta y = 2 intercepta o gráfico de p apenas quando x = 5.

c) Analisando o gráfico, concluímos que a função p possui:


• mínimo absoluto em x = −1;
• mínimo local em x = 1;
• máximo local em x = 2;
• mínimo local em x = 3;
• máximo absoluto em x = 5.

d) Na definição da função q, a variável de p é multiplicada por 2 e somada a 1 e, em


seguida, a função p é somada à constante −2. Estas operações podem ser descritas
geometricamente por meio das seguintes funções:
• p(x), cujo gráfico foi obtido em a),
• p1 (x) = p(2x), cujo gráfico é obtido do de p(x) por uma contração horizontal de
razão 12 ,
• p2 (x) = p1 (x + 12 ) = p(2(x + 12 )) = p(2x + 1), cujo gráfico é obtido do de p1 (x)
por uma translação horizontal de 12 unidade no sentido negativo do eixo (isto é, para a
esquerda),
e, finalmente,
• q(x) = p2 (x) − 2, cujo gráfico é obtido do de p2 (x) por meio de uma translação
vertical de 2 unidades no sentido negativo do eixo (isto é, para baixo).
Portanto, o gráfico de q tem o seguinte aspecto:

-1 1 2 3 4 5 6

-1

-2

-3

-4

-5

-6
5. Considere a função quadrática f : R → R, f (x) = a x2 + b x + c, com a > 0. Use a forma
canônica do trinômio de segundo grau

y = a (x − x0 )2 + y0

para mostrar que:


a) (x0 , y0 ) é um ponto de mínimo absoluto de f ; (pontuação 1,0)
b) a reta x = x0 é um eixo de simetria vertical do gráfico de f . (pontuação 1,0)

Uma solução:
a) Temos que f (x0 ) = y0 . Além disso, para qualquer x ∈ R, x 6= x0 , temos a (x − x0 )2 > 0,
portanto:
f (x) = a (x − x0 )2 + y0 > y0 = f (x0 )
Segue que (x0 , y0 ) é ponto de mínimo absoluto de f .
b) Dado r > 0 qualquer temos:

f (x0 − r) = a r2 + y0
f (x0 + r) = a r2 + y0
Portanto, f (x0 − r) = f (x0 + r), ∀r > 0. Logo, a reta x = x0 é um eixo de simetria vertical
do gráfico de f .
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MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 2
22 de junho de 2013

1. [ 2 pontos ] Em cada um dos itens abaixo, dê, se possível, um exemplo de um polinômio


p(x) satisfazendo todas as condições dadas.
Caso o exemplo não seja possível, justifique a sua resposta.
Lembre-se que se p(x) = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an−1 xn−1 + an xn então

p′ (x) = a1 + 2a2 x + · · · + (n − 1)an−1 xn−2 + nan xn−1

(a) p(1) = p(−1) = 0, p′ (0) = 1 e p(x) é de grau 2.


(b) p(1) = p(−1) = 0 e p′ (0) = 1.
(c) p(1) = p(−1) = 0, p′ (0) = 0 e p(x) é de grau 2.
(d) p(1) = p(−1) = 0, p(0) = p(2) = 1 e p(x) é de grau 2.
(e) p(1) = p(−1) = 0, p(0) = p(2) = 1 e p(x) é de grau 3.

[pontuação de cada ítem: 0,4 ponto]

2. [ 2 pontos ] Um número real x0 é raiz de multiplicidade k do polinômio p(x) se p(x) =


(x − x0 )k q(x), para algum polinômio q(x), com q(x0 ) 6= 0.
Sugestão para resolver os ítens abaixo: Use o fato de que toda função polinomial é uma
função contínua e que "Se f é uma função real contínua e f (x0 ) 6= 0, então existe uma
vizinhança de x0 em que f não se anula".

(a) Mostre que x0 é raiz de multiplicidade par de p(x) se, e somente se, existe r > 0 tal
que p(x) não muda de sinal para x pertencente ao conjunto ]x0 − r, x0 + r[ \{x0 } =
{x ∈ R : x0 − r < x < x0 + r, x 6= x0 }.[ 0,8 ponto ]
(b) Mostre que x0 é raiz de multiplicidade ímpar de p(x) se, e somente se, existe r > 0 tal
que o sinal de p(x) para x ∈ ]x0 −r, x0 [ é oposto ao sinal de p(x) para x ∈ ]x0 , x0 +r[ .
[ 0,8 ponto ]
(c) Interprete geometricamente os resultados dos dois ítens anteriores.[ 0,4 ponto ]
3. [ 2 pontos ] A massa de certas substâncias radioativas decresce a uma taxa proporcional
à própria massa. A meia-vida T de uma substância como essa é definida como o tempo
transcorrido para que sua massa se reduza à metade da inicial. Considere uma substância
radioativa S que cuja meia-vida é de 5.000 anos.

(a) Considere uma massa de m0 = 7 g da substância S. Qual é o tempo transcorrido


para a massa se reduza a 18 da inicial? Este tempo depende da massa inicial m0 ?
Justifique sua resposta. [ 0,2 ponto ]
(b) Determine a função m : [ 0, +∞[ → R que dá a massa da substância S, com massa
inicial m0 , em função do tempo medido em anos. [ 0,8 ponto ]
(c) Use as aproximações log10 (2) ∼
= 0, 3 e log10 (5) ∼
= 0, 7 para determinar uma aproxi-
mação para o tempo gasto para a massa da substância S se reduzir a 10% da inicial.
[ 1 ponto ]

4. [ 2 pontos ] Considere uma reta r, um ponto A 6∈ r e três pontos B, C, D ∈ r, tais que C


está entre B e D. Em cada um dos itens a seguir, decida se os dados são suficientes para
determinar com certeza as medidas de:
(i) cada um dos lados do triângulo ABC;
(ii) cada um dos ângulos do triângulo ABC.
Justifique rigorosamente as suas respostas.

[ = 60◦ ;[ 0,5 ponto ]


(a) BC = 1 e BAC
\ = 135◦ ;[ 0,5 ponto ]
(b) BC = 1 e ACD
[ = 60◦ e ACD
(c) BC = 1, BAC \ = 135◦ ;[ 0,5 ponto ]
[ = 60◦ e ACD
(d) BAC \ = 135◦ .[ 0,5 ponto ]

5. [ 2 pontos ] A figura a seguir representa um esboço do gráfico da função g : ]0, +∞[ → R


definida por g(x) = sen (log10 (x)), feito por um aplicativo computacional. Observe que o
aplicativo não conseguiu desenhar em detalhes o que ocorre perto da origem do sistema de
coordenadas.

2
(a) Determine todas as raízes da equação g(x) = 0. É possível determinar a menor raiz?
[ 0,6 ponto ]
(b) Faça um esboço do gráfico de g na janela gráfica 0 < x < 0, 1 e −2 < y < 2.
[ 0,7 ponto ]
(c) Considere um sistema de coordenadas x′ y em que o eixo horizontal x′ está em escala
logarítmica decimal (isto é, se x representa um eixo em coordenadas cartesianas
convencionais, então x′ = log10 x) e o eixo vertical y está em coordenadas cartesianas
convencionais. Faça um esboço do gráfico de g neste sistema, para 10−4 < x < 104
e −2 < y < 2.[ 0,7 ponto ]
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MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 2 GABARITO
22 de junho de 2013

1. Em cada um dos itens abaixo, dê, se possível, um exemplo de um polinômio p(x) satisfa-
zendo todas as condições dadas.
Caso o exemplo não seja possível, justifique a sua resposta.
Lembre-se que se p(x) = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an−1 xn−1 + an xn então

p′ (x) = a1 + 2a2 x + · · · + (n − 1)an−1 xn−2 + nan xn−1

(a) p(1) = p(−1) = 0, p′ (0) = 1 e p(x) é de grau 2.


(b) p(1) = p(−1) = 0 e p′ (0) = 1.
(c) p(1) = p(−1) = 0, p′ (0) = 0 e p(x) é de grau 2.
(d) p(1) = p(−1) = 0, p(0) = p(2) = 1 e p(x) é de grau 2.
(e) p(1) = p(−1) = 0, p(0) = p(2) = 1 e p(x) é de grau 3.

Uma solução:

[pontuação total: 2,0]

(a) (0,4 ponto) Como x1 = 1 e x2 = −1 são raízes de p e p é um polinômio de grau 2,


então, pela simetria do gráfico das funções quadráticas, em seu ponto médio, x0 = 0,
deve ocorre um extremo de p. Logo, deve-se ter p′ (0) = 0.
Uma outra solução é a seguinte: como p(x) = a(x − 1)(x + 1) = ax2 − a, para algum
a 6= 0, já que x1 = 1 e x2 = −1 são raízes, então p′ (x) = 2ax e p′ (0) = 0.
Portanto, o exemplo não é possível.
(b) (0,4 ponto) Consideremos, por exemplo, o polinômio de grau 3, p(x) = a x3 + b x2 +
c x + d. Então, p′ (x) = 3 a x2 + 2 b x + c. Logo, para satisfazer as condições dadas,
deve-se ter:

 a+b+c+d=0

−a + b − c + d = 0

c=1

Isto é: a = −1, b = −d e c = 1. Portanto, pode-se tomar como exemplo: p(x) =
−x3 + x.
(c) (0,4 ponto) Pelo mesmo argumento do item (a), a condição p′ (0) = 0 é corolário da
condição p(1) = p(−1) = 0. Logo, basta garantir que p(1) = p(−1) = 0.
Portanto, pode-se tomar como exemplo: p(x) = x2 − 1.
(d) (0,4 ponto) Consideremos o polinômio de grau 2, p(x) = a x2 +b x+c. Para satisfazer
as condições dadas, deve-se ter:


 a+b+c=0

 a−b+c=0


 c=1
4a + 2b + c = 1

Entretanto, substituindo c = 1 nas duas primeiras equações conclui-se que a = −1 e


b = 0, o que contradiz a última equação. Logo, o sistema não tem soluções.
Portanto, o exemplo não é possível.
(e) (0,4 ponto) Consideremos, por exemplo, o polinômio de grau 3, p(x) = a x3 + b x2 +
c x + d. Para satisfazer as condições dadas, deve-se ter:


 a+b+c+d=0

 −a + b − c + d = 0


 d=1
8a + 4b + 2c + d = 1

Substituindo d = 1 nas duas primeiras equações conclui-se que b = −1 e a + c = 0.


Da última equação, segue que a = 32 e c = − 23 .
Portanto, o (único) exemplo possível é: p(x) = 23 x3 − x2 − 23 x + 1.

2. Um número real x0 é raiz de multiplicidade k do polinômio p(x) se p(x) = (x − x0 )k q(x),


para algum polinômio q(x), com q(x0 ) 6= 0.
Sugestão para resolver os ítens abaixo: Use o fato de que toda função polinomial é uma
função contínua e que "Se f é uma função real contínua e f (x0 ) 6= 0, então existe uma
vizinhança de x0 em que f não se anula".

(a) Mostre que x0 é raiz de multiplicidade par de p(x) se, e somente se, existe r > 0 tal
que p(x) não muda de sinal para x pertencente ao conjunto ]x0 − r, x0 + r[ \{x0 } =
{x ∈ R : x0 − r < x < x0 + r, x 6= x0 }.

2
(b) Mostre que x0 é raiz de multiplicidade ímpar de p(x) se, e somente se, existe r > 0 tal
que o sinal de p(x) para x ∈ ]x0 −r, x0 [ é oposto ao sinal de p(x) para x ∈ ]x0 , x0 +r[ .
(c) Interprete geometricamente os resultados dos dois ítens anteriores.

Uma solução:

[pontuação total: 2,0]


Nesta questão, embora não explicitamente afirmado, deve-se supor, como uma hipótese
global, que x0 é uma raiz de p(x), embora a parte b) possa ser provada sem que isto seja
assumido.
Tem-se que q(x0 ) 6= 0, digamos q(x0 ) > 0. Então, existe r > 0 tal que q(x) > 0 ∀ x ∈ I,
em que I é o intervalo ]x0 −r, x0 +r[ . Como p(x) = (x−x0 )k q(x), então p(x) e (x−x0 )k
possuem o mesmo sinal em I \ {x0 } (se q(x0 ) < 0, p(x) e (x − x0 )k terão sinais opostos
em I \ {x0 }, e as conclusões dos itens a seguir valerão com os sinais contrários).

(a) (0,8 ponto) Tem-se que k é par se, e somente se, (x − x0 )k > 0, ∀ x ∈ I \ {x0 }.
Logo, k é par se, e somente se, p(x) > 0, ∀ x ∈ I \ {x0 }.
(b) (0,8 ponto) Tem-se que k é ímpar se, e somente se, (x − x0 )k < 0, ∀ x ∈ ]x0 − r, x0 [
e (x − x0 )k > 0, ∀ x ∈ ]x0 , x0 + r[ . Logo, k é ímpar se, e somente se, p(x) < 0,
∀ x ∈ ]x0 − r, x0 [ e p(x) > 0, ∀ x ∈ ]x0 , x0 + r[ .
(c) (0,4 ponto) Geometricamente, tem-se que:
i. se a multiplicidade de x0 é par, então o gráfico de p “toca” o eixo em x0 , no sentido
em que, próximo ao ponto (x0 , 0), fica no mesmo semi-plano determinado pelo
eixo horizontal;
ii. se a multiplicidade de x0 é ímpar, então o gráfico de p “cruza” o eixo em x0 , no
sentido em que, próximo ao ponto (x0 , 0), fica em semi-planos opostos determi-
nados pelo eixo horizontal.

3. A massa de certas substâncias radioativas decresce a uma taxa proporcional à própria


massa. A meia-vida T de uma substância como essa é definida como o tempo transcorrido
para que sua massa se reduza à metade da inicial. Considere uma substância radioativa S
que cuja meia-vida é de 5.000 anos.

(a) Considere uma massa de m0 = 7 g da substância S. Qual é o tempo transcorrido


para a massa se reduza a 18 da inicial? Este tempo depende da massa inicial m0 ?
Justifique sua resposta.

3
(b) Determine a função m : [ 0, +∞[ → R que dá a massa da substância S, com massa
inicial m0 , em função do tempo medido em anos.
(c) Use as aproximações log (2) ∼ = 0, 3 e log (5) ∼
10 = 0, 7 para determinar uma apro-
10
ximação para o tempo gasto para a massa da substância S se reduzir a 10% da
inicial.

Uma solução:

[pontuação total: 2,0]

(a) (0,2 ponto) Após os primeiros 5.000 anos, a massa será igual m1 = 12 m0 . Após mais
5.000 a massa será m2 = 12 m1 = 14 m0 ; e após outros 5.000, esta será m3 = 12 m2 =
1
8
m0 . Portanto, são decorridos 15.000 para que a massa se reduza a 18 da inicial.
Independentemente de m0 = 7g ou outro valor, o tempo para que a massa seja
reduzida a 18 da inicial será sempre de 15.000 anos.
Como este argumento mostra, devido à definição de meia-vida, a resposta não depende
do valor da massa inicial.
(b) (0,8 ponto) Consideremos uma variável s representando o tempo medido em unidades
de 5.000 anos. Como a cada 5.000 anos, a massa cai a metade, então a massa em
função de s é dada por:
1
m(s) = s m0 .
2
Se t é uma variável representando o tempo medido em anos, então t = 5.000 s.
Portanto:
1
m(t) = t/5.000 m0 .
2
(c) (1,0 ponto) Devemos resolver a equação m(t) = 1
10
m0 , que corresponde a 2t/5.000 =
10. Portanto, temos:

t log10 5
= log2 10 = 1 + log2 5 = 1 +
5.000 log10 2
Logo:
   
log10 5 7 50.000
t = 5.000 1 + ≃ 5.000 1 + = ≃ 16.667 anos.
log10 2 3 3

4
4. Considere uma reta r, um ponto A 6∈ r e três pontos B, C, D ∈ r, tais que C está entre
B e D. Em cada um dos itens a seguir, decida se os dados são suficientes para determinar
com certeza as medidas de:
(i) cada um dos lados do triângulo ABC;
(ii) cada um dos ângulos do triângulo ABC.
Justifique rigorosamente as suas respostas.

[ = 60◦ ;
(a) BC = 1 e BAC
\ = 135◦ ;
(b) BC = 1 e ACD
[ = 60◦ e ACD
(c) BC = 1, BAC \ = 135◦ ;
[ = 60◦ e ACD
(d) BAC \ = 135◦ .

Uma solução:

[pontuação total: 2,0]


Sejam a = BC, b = AC e c = AB.

[ Isto é:
(a) (0,5 ponto) Pela Lei dos Cossenos, temos: a2 = b2 + c2 − 2 b c cos(BAC).

b2 + c 2 − b c = 1 .

Quaisquer soluções da equação acima satisfazem às condições dadas. Podemos tomar,


por exemplo, os triângulos T1 e T2 , como lados dados respectivamente por:
√ √
3 2 3
a1 = b 1 = c 1 = 1 a2 = 1, b2 = , c2 =
3 3
Além de terem lados diferentes, estes triângulos possuem, claramente, ângulos dife-
rentes (isto é, não são semelhantes), uma vez que o primeiro é equilátero e o segundo
não.
Portanto, não é possível determinar com certeza as medidas dos lados ou dos ângulos
do triângulo. De fato, o lugar geométrico dos pontos A que satisfazem as condições
dadas formam um arco de círculo (chamado arco capaz). Portanto, há infinitos
triângulos satisfazendo essas condições.
[ Isto é:
(b) (0,5 ponto) Pela Lei dos Cossenos, temos: c2 = a2 + b2 − 2 a b cos(BCA).

c 2 = 1 + b2 − 2b.

5
Como no item anterior, quaisquer soluções da equação acima satisfazem às condi-
ções dadas. Podemos tomar, por exemplo, os triângulos T1 e T2 , como lados dados
respectivamente por:

√ √ √
a1 = c1 = 1 , b1 = 2 a2 = 1, b2 = 2 2, c2 = 5

De forma análoga ao item anterior, estes triângulos possuem, claramente, ângulos


diferentes (isto é, não são semelhantes), uma vez que o primeiro é isósceles e o
segundo não.
Portanto, não é possível determinar com certeza as medidas dos lados ou dos ângulos
do triângulo. De fato, o lugar geométrico dos pontos A que satisfazem as condições
~ Portanto, há infinitos triângulos satisfazendo essas condições.
dadas é a semi-reta CA.
(c) (0,5 ponto) Neste caso, os ângulos do triângulo estão determinados, pois temos:

[ = 60◦
BAC [ = 45◦
BCA [ = 75◦
ABC
[
sen (BAC) [
sen (ABC) [
sen (BCA)
Pela Lei dos Senos, temos: = = .
a b c
Temos
√ √ que √ sen (75◦ )√= sen (45◦ + 30◦ ) = sen (45◦ ) cos(30◦ ) + cos(45◦ ) sen (30◦ ) =
2 3 21 2 √
+ = ( 3 + 1).
2 2 2 2 4
Isto permite determinar também as medidas dos lados dos triângulo:
√ √ √ √
3 2( 3 + 1) 2
= =
2 4b 2c
Portanto:
√ √ √ √
2( 3 + 1) 2( 3 + 3)
b= √ =
√ 2 √ 3 6
2 6
c= √ =
3 3
Como as condições dadas nesse item são a união das condições dos itens (a) e (b),
o ponto A que satisfaz essas condições está na interseção dos lugares geométricos
mencionados nos itens (a) e (b) (arco de círculo e semi-reta). Portanto, há um único
triângulo satisfazendo às condições dadas.
(d) (0,5 ponto) Neste caso, os ângulos do triângulo estão determinados, pois temos:

[ = 60◦
BAC [ = 45◦
BCA [ = 75◦
ABC

6
Porém como não há nenhuma informação sobre as medidas dos lados, não é possível
determiná-las. De fato, há uma família de triângulos semelhantes que satisfazem as
condições dadas.

5. A figura a seguir representa um esboço do gráfico da função g : ]0, +∞[ → R definida por
g(x) = sen (log10 (x)), feito por um aplicativo computacional. Observe que o aplicativo não
conseguiu desenhar em detalhes o que ocorre perto da origem do sistema de coordenadas.

(a) Determine todas as raízes da equação g(x) = 0. É possível determinar a menor raiz?
(b) Faça um esboço do gráfico de g na janela gráfica 0 < x < 0, 1 e −2 < y < 2.
(c) Considere um sistema de coordenadas x′ y em que o eixo horizontal x′ está em escala
logarítmica decimal (isto é, se x representa um eixo em coordenadas cartesianas
convencionais, então x′ = log10 x) e o eixo vertical y está em coordenadas cartesianas
convencionais. Faça um esboço do gráfico de g neste sistema, para 10−4 < x < 104
e −2 < y < 2.

Uma solução:

[pontuação total: 2,0]

(a) (0,6 ponto) Temos que:

sen (log10 x) = 0 ⇔ log10 x = k π , k ∈ Z ⇔ x = 10k π , k ∈ Z

7
Então, tomando valores negativos de k, obtemos raízes tão próximas de 0 quanto se
queira. Portanto, não existe uma raiz mínima para a equação.
(b) (0,7 ponto) Nesta janela, o gráfico terá o seguinte aspecto:

(c) (0,7 ponto) No sistema de variáveis x′ y, a equação de g adquire a forma g(x′ ) =


sen (x). Portanto, neste sistema de eixos o gráfico terá o aspecto de uma curva
senóide. Neste intervalo da variável x, encontram-se as raízes: x1 = 10−π ≃ 0, 001,
x2 = 1 e x3 = 10π ≃ 1000.
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MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 3
06 de julho de 2013

1. (1,5 pontos) Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justificando


adequadamente e em detalhes as suas respostas.

(a) (0,5 ponto) Se f : R → R e g : R → R são funções monótonas crescentes, então


a função soma f + g : R → R, definida por (f + g)(x) = f (x) + g(x) é monótona
crescente.
(b) (0,5 ponto) Se f : R → R é uma função limitada superiormente, então f admite um
ponto de máximo absoluto.
(c) (0,5 ponto) Se f : R → R admite um ponto de máximo local, então f admite um
ponto de máximo absoluto.

2. (2,0 pontos) Da mesma forma que se expressa um número real no sistema de numeração
decimal, é possível expressá-lo em um sistema de numeração posicional qualquer, de base
β ∈ N, β > 2. Dizemos que um número a ∈ R está expresso no sistema de base β se ele
é escrito na forma:
X
+∞
a = a0 + ak β −k
k=1

em que a0 ∈ Z e os ak são dígitos entre 0 e β − 1 (incluindo-os).

(a) (1,0 ponto) Mostre que, se um número x ∈ R é irracional, então x possui represen-
tação infinita em toda base β.
(b) (1,0 ponto) Reciprocamente, mostre que, se um número x ∈ R possui representação
infinita em toda base β, então x é irracional.

3. (2,0 pontos) Considere a função p1 : R → R, p1 (x) = (x2 − 1)2 . A figura abaixo mostra
o gráfico de uma função p2 : R → R na forma p2 (x) = c p1 (a x − b) + d, sendo a, b, c e d
constantes reais. Determine a, b, c e d. Justifique sua resposta.
4. (2,0 pontos) Considere as funções u, v : R → R, definidas por u(x) = 2 sen (x) e v(x) =
sen (2x ).

(a) (1,0 ponto) Determine o maior e menor valores atingidos por u e v.


(b) (1,0 ponto) Esboce os gráficos de u e de v.

1
5. (2,5 pontos) Considere a função g : R∗ → R, g(x) = 21− x .

(a) (1,0 ponto) Faça um esboço o gráfico de g.


(b) (0,75 ponto) Determine todas as soluções reais das equações g(x) = 2 e g(x) = 4.
(c) (0,75 ponto) Resolva a inequação g(x) < 4, para x ∈ R.

2
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Avaliação 3 - GABARITO
06 de julho de 2013

1. (1,5 pontos) Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justificando


adequadamente e em detalhes as suas respostas.

(a) (0,5 ponto) Se f : R → R e g : R → R são funções monótonas crescentes, então


a função soma f + g : R → R, definida por (f + g)(x) = f (x) + g(x) é monótona
crescente.
(b) (0,5 ponto) Se f : R → R é uma função limitada superiormente, então f admite um
ponto de máximo absoluto.
(c) (0,5 ponto) Se f : R → R admite um ponto de máximo local, então f admite um
ponto de máximo absoluto.

2. (2,0 pontos) Da mesma forma que se expressa um número real no sistema de numeração
decimal, é possível expressá-lo em um sistema de numeração posicional qualquer, de base
β ∈ N, β > 2. Dizemos que um número a ∈ R está expresso no sistema de base β se ele
é escrito na forma:
+∞
X
a = a0 + ak β −k
k=1

em que a0 ∈ Z e os ak são dígitos entre 0 e β − 1 (incluindo-os).

(a) (1,0 ponto) Mostre que, se um número x ∈ R é irracional, então x possui represen-
tação infinita em toda base β.
(b) (1,0 ponto) Reciprocamente, mostre que, se um número x ∈ R possui representação
infinita em toda base β, então x é irracional.

3. (2,0 pontos) Considere a função p1 : R → R, p1 (x) = (x2 − 1)2 . A figura abaixo mostra
o gráfico de uma função p2 : R → R na forma p2 (x) = c p1 (a x − b) + d, sendo a, b, c e d
constantes reais. Determine a, b, c e d. Justifique sua resposta.
4. (2,0 pontos) Considere as funções u, v : R → R, definidas por u(x) = 2 sen (x) e v(x) =
sen (2x ).

(a) (1,0 ponto) Determine o maior e menor valores atingidos por u e v.


(b) (1,0 ponto) Esboce os gráficos de u e de v.

1
5. (2,5 pontos) Considere a função g : R∗ → R, g(x) = 21− x .

(a) (1,0 ponto) Faça um esboço o gráfico de g.


(b) (0,75 ponto) Determine todas as soluções reais das equações g(x) = 2 e g(x) = 4.
(c) (0,75 ponto) Resolva a inequação g(x) < 4, para x ∈ R.

2
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MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 1 – Gabarito

1. (a) Verdadeiro.
Sejam x1 , x2 ∈ R, com x1 < x2 . Como f e g são monótonas crescentes, então
f (x1 ) < f (x2 ) e g(x1 ) < g(x2 ). Logo, f (x1 ) + g(x1 ) < f (x2 ) + g(x2 ). Portanto,
f + g é monótona crescente.
(b) Falso.
Contra-exemplo: A função f : R → R, f (x) = −2x é limitada superiormente, mas
não admite um ponto de máximo absoluto.
(c) Falso.
Contra-exemplo: A função f : R → R, f (x) = (x2 −1)2 admite um ponto de máximo
local em (0, 1), mas não um ponto de máximo absoluto.

2. (a) Suponhamos que x tenha representação finita em alguma base β. Então, pela defini-
ção (dada no enunciado da questão), x é soma finita de números racionais, portanto
é racional.
(b) Suponhamos que x seja racional; pelo algoritmo da divisão, podemos supor, sem
a
perda de generalidade, que 0 ≤ x < 1. Então x se escreve na forma x = , com
b
a, b ∈ N, 0 ≤ a < b. Consideremos o sistema de numeração posicional β = b.
Como x = a b−1 , então, por definição, esta é a representação de x na base b (isto é,
xb = 0, a). Assim, existe uma base em que x possui representação finita.

3. O gráfico da função p1 tem o aspecto mostrado na figura abaixo. O gráfico de p2 é dado


pela aplicação de translações e de dilatações no gráfico de p1 .

1
Observemos primeiro os efeitos da translação e da dilatação horizontais, determinadas pelas
constantes a e b. Os pontos (−1, 0) e (1, 0) são transformados nos pontos − 12 , 0 e 12 , 0 ,
 

respectivamente. Assim, a distância entre as abscissas desses pontos é multiplicada pelo


fator 12 . Podemos concluir que a = 2. Como o eixo de simetria vertical não se altera, não
há deslocamento horizontal, isto é, b = 0.
Passemos agora a analisar a translação e a dilatação verticais, determinadas pelas constan-
tes c e d. Observamos que não há dilatação vertical do gráfico, pois as distâncias entre as
ordenadas de pontos do gráfico de p1 e as distâncias entre as ordenadas dos correspondentes
pontos do gráfico de p2 permanecem as mesmas. Isto pode ser facilmente visto olhando-se
os pontos de máximo e de mínimo locais das funções. Segue que c = 1. Finalmente, como
a ordenada de (0, 1) é subtraída de duas unidades, concluímos que d = −2 (translação
vertical).
Desta forma, temos que:

a=2 b=0 c=1 d = −2

Portanto: p2 (x) = p1 (2 x) − 2 = ((2 x)2 − 1)2 − 2 = (4 x2 − 1)2 − 2.

4. (a) Como u é dada por uma função exponencial x 7→ 2x aplicada sobre a função seno e
esta função exponencial é estritamente crescente, segue que o valor de u será máximo
quando o valor de sen x for máximo e será mínimo quando o valor de sen x for
mínimo.

π
x= + 2 k π, k ∈ Z ⇔ sen (x) = 1 ⇔ u(x) = 2
2
3π 1
x= + 2 k π, k ∈ Z ⇔ sen (x) = −1 ⇔ u(x) =
2 2
1
Portanto, o maior e o menor valores atingidos por u são 2 e 2
.

2
Como v é dada pela função seno aplicada sobre outra função real, temos necessaria-
mente que −1 6 v(x) 6 1 ∀ x ∈ R. Mais precisamente, temos que:

xπ π 
v(x) = 1 ⇔ 2 = + 2 k π, k ∈ N ⇔ x = log2 + 2kπ , k ∈ N
2 2 
x 3π 3π
v(x) = −1 ⇔ 2 = + 2 k π, k ∈ N ⇔ x = log2 + 2kπ , k ∈ N
2 2

Portanto, o maior e o menor valores atingidos por v são 1 e −1.


(b) Com base no item anterior, concluímos que os gráficos de u e de v têm os seguintes
aspectos:

3
5. (a) Quando x cresce muito em valor absoluto (isto é, quando x tende a ±∞), o expoente
1 − x1 se aproxima de 1, portanto g(x) se aproxima de 2. Quando x se aproxima de 0
com valores positivos, o expoente 1 − x1 tende de −∞, logo g(x) se aproxima de 0.
Quando x se aproxima de 0 com valores negativos, o expoente 1 − x1 tende de +∞,
logo g(x) também tende de +∞. Logo, o gráfico de g tem o seguinte aspecto:

1
(b) Para que tivéssemos g(x) = 2, deveríamos ter 1 − x
= 1. Portanto, a equação
g(x) = 2 não possui soluções reais.
Resolvendo a equação g(x) = 4, temos

1 1
g(x) = 4 ⇔ 1 − = 2 ⇔ = −1 ⇔ x = −1
x x
Portanto, a única solução real da equação g(x) = 2 é x = −1.
(c) Em primeiro lugar, observamos que, como a função exponencial é estritamente cres-
cente, então:

1
g(x) < 4 ⇔ 1 − <2
x
Então:

1
g(x) < 4 ⇔ > −1
x
Para continuar a resolução da inequação, devemos considerar separadamente os casos
em x > 0 e x < 0:
1
• Se x > 0, então x
> −1 ⇔ x > −1.

4
1
• Se x < 0, então x
> −1 ⇔ x < −1.
Portanto a solução da inequação é dada pelo conjunto ] − ∞, −1[ ∪ ] 0, +∞[ .
Observe que esta solução pode ser visualizada no gráfico de g, pelos pontos do domínio
cujas imagens ficam abaixo da reta y = 4.

5
MA12
AVALIAÇÕES

MA12

2011-2013
MA12
-
2011
MA12 – Matemática Discreta – Prova 1 – 2011

Questão 1.
Considere a sequência (an )n≥1 definida como indicado abaixo:

a1 = 1
a2 = 2+3
a3 = 4+5+6
a4 = 7 + 8 + 9 + 10
...

(0.5) (a) O termo a10 é a soma de 10 inteiros consecutivos. Qual é o menor e o qual é o maior desses inteiros?

(0.5) (b) Calcule a10 .

(1.0) (c) Forneça uma expressão geral para o termo an .

Questão 2.
Um comerciante, para quem o dinheiro vale 5% ao mês, oferece determinado produto por 3 prestações mensais
iguais a R$ 100,00, a primeira paga no ato da compra.

(1.0) (a) Que valor o comerciante deve cobrar por esse produto, no caso de pagamento à vista?

(1.0) (b) Se um consumidor desejar pagar o produto em três prestações mensais iguais, mas sendo a primeira paga um
mês após a compra, qual deve ser o valor das parcelas?

Utilize, se desejar, os seguintes valores para as potências de 1, 05: 1, 052 = 1, 1025; 1, 05−1 = 0, 9524; 1, 05−2 = 0, 9070.

Questão 3.
Considere o conjunto dos números escritos apenas com os algarismos 1, 2 e 3, em que o algarismo 1 aparece uma
quantidade par de vezes (por exemplo, 2322 e 12123). Seja an a quantidade desses números contendo exatamente n
algarismos.

(0.4) (a) Liste todos esses números para n = 1 e n = 2, indicando os valores de a1 e a2 .

(0.8) (b) Explique por que an satisfaz a equação de recorrência an+1 = (3n − an ) + 2an , para n ≥ 1 (note que 3n é o
número total de números com n algarismos iguais a 1, 2 ou 3).

(0.8) (c) Resolva a equação de recorrência em (b).


MA12 – Matemática Discreta – Prova 1 – 2011

Questão 4.

(1.0) (a) Mostre, por indução finita, que

(2n − 1)3n + 1
1 · 30 + 2 · 31 + 3 · 32 + . . . + n · 3n−1 = .
4

(1.0) (b) Seja (an )n≥1 progressão geométrica com termo inicial a1 positivo e razão r > 1, e Sn a soma dos n primeiros
termos da progressão. Prove, por indução finita, que Sn ≤ r−1 an ,
r
para qualquer n ≥ 1.

Questão 5.
Seja (xn )n≥0 sequência definida pela relação de recorrência xn+1 = 2xn + 1, com termo inicial x0 ∈ R.

(0.5) (a) Encontre x0 tal que a sequência seja constante e igual a um número real a.

(1.0) (b) Resolva a recorrência com a substituição xn = yn + a, em que a é valor encontrado em (a).

(0.5) (c) Para que valores de x0 a sequência é crescente? Justifique.


P1 - MA 12 - 2011

Questão 1.
Considere a sequência ( an )n≥1 definida como indicado abaixo:

a1 = 1
a2 = 2+3
a3 = 4+5+6
a4 = 7 + 8 + 9 + 10
...

(0.5) (a) O termo a10 é a soma de 10 inteiros consecutivos. Qual é o menor e o qual é o maior desses inteiros?

(0.5) (b) Calcule a10 .

(1.0) (c) Forneça uma expressão geral para o termo an .

UMA RESPOSTA

(a) O primeiro inteiro da soma que define an é igual ao número de inteiros utilizados nos termos a1 , . . . , an−1 , isto
é, 1 + 2 + . . . + n − 1 mais um, isto é, é igual a 21 (n − 1)n + 1. O último inteiro é esse número mais n − 1. Portanto,
para n = 10, o primeiro inteiro é 46 e o último é 55.

(b) a10 é a soma de uma progressão aritmética de 10 termos, sendo o primeiro igual a 46 e o último igual a 55. Então

(46 + 55) · 10
a10 = = 101 · 5 = 505 .
2

(c) No caso de an , trata-se da soma de uma progressão aritmética de n termos, sendo o primeiro igual a 21 n(n − 1) + 1
e o último igual a 21 n(n − 1) + 1 + (n − 1), ou seja, 21 n(n − 1) + n, como visto em (a). Então
h i h i
1 1
2 n ( n − 1 ) + 1 + 2 n ( n − 1 ) + n ( n − 1) n2 + ( n + 1) n n3 + n
an = ·n = = .
2 2 2

1
P1 - MA 12 - 2011

Questão 2.
Um comerciante, para quem o dinheiro vale 5% ao mês, oferece determinado produto por 3 prestações mensais
iguais a R$ 100,00, a primeira paga no ato da compra.

(1.0) (a) Que valor o comerciante deve cobrar por esse produto, no caso de pagamento à vista?

(1.0) (b) Se um consumidor desejar pagar o produto em três prestações mensais iguais, mas sendo a primeira paga um
mês após a compra, qual deve ser o valor das parcelas?

Utilize, se desejar, os seguintes valores para as potências de 1, 05: 1, 052 = 1, 1025; 1, 05−1 = 0, 9524; 1, 05−2 =
0, 9070.

UMA RESPOSTA

(a) Trazendo os valores da segunda e da terceira prestações para o ato da compra, e somando, obtém-se

100 100
100 + + = 100 + 95, 24 + 90, 70 = 285, 94 .
1, 05 1, 052
Então o comerciante poderá cobrar 285,94 reais, de forma que, se deixar seu dinheiro valorizar 5% ao mês, poderá
dispor de 100 reais no ato da compra (tirando 100 reais dos 285,94), 100 reais ao final do primeiro mês (deixando
95,24 reais valorizarem 5% durante um mês) e 100 reais ao final do segundo mês (deixando 90,70 reais valorizarem
5% ao mês durante dois meses).

(b) Para o parcelamento desejado pelo consumidor, as parcelas se deslocam um mês adiante. Então em cada uma
das três parcelas de 100 reais devem incidir juros de 5%. Portanto, são 3 parcelas de 105 reais.

2
P1 - MA 12 - 2011

Questão 3.
Considere o conjunto dos números escritos apenas com os algarismos 1, 2 e 3, em que o algarismo 1 aparece uma
quantidade par de vezes (por exemplo, 2322 e 12123). Seja an a quantidade desses números contendo exatamente n
algarismos.

(0.4) (a) Liste todos esses números para n = 1 e n = 2, indicando os valores de a1 e a2 .

(0.8) (b) Explique por que an satisfaz a equação de recorrência an+1 = (3n − an ) + 2an , para n ≥ 1 (note que 3n é o
número total de números com n algarismos iguais a 1, 2 ou 3).

(0.8) (c) Resolva a equação de recorrência em (b).

UMA RESPOSTA

(a) Para n = 1 só há três números possíveis: 1, 2 e 3. Somente os dois últimos têm um número par de algarismos
iguais a 1 (neste caso, nenhum algarismo igual a 1). Então a1 = 2. Os números de 2 algarismos são: 11, 12, 13, 21,
22, 23, 31, 32, 33, num total de 9 = 32 . Cinco deles têm uma quantidade par de algarismos iguais a 1, então a2 = 5.

(b) (Antes de fazer o exercício, pode-se verificar se a fórmula está correta para n = 1: 5 = a2 = (31 − a1 ) + 2a1 =
3 + a1 = 3 + 2 = 5.) Observa-se primeiro que a quantidade de números com n algarismos tendo uma quantidade
ímpar de algarismos iguais a 1 é 3n − an , pois o número total de sequências é 3n .
Para obter a relação de recorrência, observe que todo número de n + 1 algarismos é uma concatenação de um
número de n algarismos com um número de 1 algarismo. Para que a quantidade de algarismos iguais a 1 do
número de n + 1 algarismos seja par é preciso que: ou o número de algarismos iguais a 1 de cada um dos números
concatenados seja ímpar ou o número de algarismos iguais a 1 de cada um dos números concatenados seja par.
Então, para calcular an+1 , soma-se o número de concatenações do primeiro caso (ímpar-ímpar) com o número de
concatenações do segundo caso (par-par). Isto dá

an+1 = (3n − an ) · (31 − a1 ) + an · a1 ,

isto é, a fórmula do enunciado, já que a1 = 2.

(c) Observa-se que an+1 = an + 3n , apenas simplificando-se a expressão. Isto implica

an = a1 + 31 + 32 + . . . + 3n−1 = 1 + (1 + 3 + 32 + . . . + 3n−1 ) ,

em que a expressão entre parênteses é a soma dos n primeiros termos da progressão geométrica de termo inicial 1 e
razão 3, que vale
3n − 1
.
3−1
Portanto
3n + 1
an = .
2

3
P1 - MA 12 - 2011

Questão 4.

(1.0) (a) Mostre, por indução finita, que

(2n − 1)3n + 1
1 · 30 + 2 · 31 + 3 · 32 + . . . + n · 3n−1 = .
4

(1.0) (b) Seja ( an )n≥1 progressão geométrica com termo inicial a1 positivo e razão r > 1, e Sn a soma dos n primeiros
r
termos da progressão. Prove, por indução finita, que Sn ≤ r −1 a n , para qualquer n ≥ 1.

UMA RESPOSTA

(a) A equação é verdadeira para n = 1, pois 1 · 30 = 1 e

(2 · 1 − 1)31 + 1
= 1.
4
Supondo válida para n, vamos mostrar que vale para n + 1, isto é, vamos mostrar que, acrescentando o termo
(n + 1) · 3n , a soma resultará em
(2 ( n + 1 ) − 1 )3n +1 + 1
.
4
Usando a hipótese de indução,

(2n − 1)3n + 1
1 · 30 + 2 · 31 + 3 · 32 + . . . + n · 3n−1 + (n + 1)3n = + ( n + 1 )3n .
4
Manipulando a expressão à direita,

(2n − 1)3n + 1 [2n − 1 + 4(n + 1)]3n + 1 (2n + 1)3n+1 + 1 (2 ( n + 1 ) − 1 )3n +1 + 1


+ ( n + 1 )3n = = = ,
4 4 4 4
como queríamos demonstrar.

r
(b) Para n = 1 a desigualdade é verdadeira: como r > 1, então > 1; e como S1 = a1 > 0, então S1 = a1 < r−r 1 a1 .
r −1
Suponha agora que a desigualdade vale para n, isto é, suponha que Sn ≤ r−r 1 an é verdadeira. Vamos provar que
ela vale para n + 1, isto é, vamos provar que Sn+1 ≤ r−r 1 an+1 . Primeiro, escrevemos Sn+1 = Sn + an+1 , pois Sn+1
é a soma dos primeiros n termos adicionada do termo n + 1. Usando a hipótese de indução, Sn+1 ≤ r−r 1 an + an+1 .
a
Como se trata de uma progressão geométrica an+1 = ran , ou seja, podemos trocar an por nr+1 . Então Sn+1 ≤
r a n +1 1 r
r −1 · r + an+1 , isto é, Sn+1 ≤ ( r −1 + 1) an+1 = r −1 an+1 , que é o que queríamos demonstrar.

4
P1 - MA 12 - 2011

Questão 5.
Seja ( xn )n≥0 sequência definida pela relação de recorrência xn+1 = 2xn + 1, com termo inicial x0 ∈ R.

(0.5) (a) Encontre x0 tal que a sequência seja constante e igual a um número real a.

(1.0) (b) Resolva a recorrência com a substituição xn = yn + a, em que a é valor encontrado em (a).

(0.5) (c) Para que valores de x0 a sequência é crescente? Justifique.

UMA RESPOSTA

(a) Basta achar a tal que 2a + 1 = a. Isto dá a = −1. Se x0 = a então x1 = 2x0 + 1 = 2a + 1 = a = x0 , e, da mesma
forma, x2 = x1 , x3 = x2 , . . ., xn+1 = xn para qualquer n ≥ 0, ou seja, a sequência é constante.

(b) Com a substituição sugerida, xn = yn − 1. Então yn+1 − 1 = 2(yn − 1) + 1, isto é, yn+1 = 2yn , com y0 = x0 + 1.
Então yn = 2n y0 = 2n ( x0 + 1) e xn = yn − 1 = −1 + 2n ( x0 + 1).

(c) Se x0 + 1 > 0, isto é, x0 > −1, então 2n ( x0 + 1) é crescente e xn = −1 + 2n ( x0 + 1) é crescente. Se x0 + 1 < 0, isto
é x0 < −1, então xn = −1 + 2n ( x0 + 1) = −1 − 2n | x0 + 1| é descrescente. E se x0 = −1 então xn é constante. De
onde se conclui que xn é crescente se, e somente se, x0 ∈ (−1, +∞).

5
MA12 – Matemática Discreta – Prova 2 – 2011

Questão 1.
Considere os caminhos no plano iniciados no ponto (0, 0) com deslocamentos paralelos aos eixos coordenados,
sempre de uma unidade e no sentido positivo dos eixos x e y (não se descarta a possibilidade de dois movimentos
unitários seguidos na mesma direção, ver ilustração mostrando um caminho que termina em (5, 4)).
y
4

x
5

(1,0) (a) Explique por que o número de caminhos que terminam no ponto (m, n) é Cm+n
m
.

(1,0) (b) Quantos são os caminhos que terminam no ponto (8, 7), passam por (2, 3) mas não passam por (5, 4)?

Questão 2.
Os professores de seis disciplinas (entre as quais Português e Matemática) devem escolher um dia, de segunda a
sexta, de uma única semana para a realização da prova de sua disciplina. Suponha que cada professor escolha o seu
dia de prova ao acaso, sem combinar com os demais professores.

(1,0) (a) Qual é a probabilidade de que as provas de Português e Matemática sejam realizada no mesmo dia?

(1,0) (b) Qual é a probabilidade de que os alunos façam provas em todos os dias da semana?

Questão 3.
Em um jogo, uma moeda honesta é jogada seguidamente. Cada vez que sai cara, o jogador ganha 1 real; cada vez
que sai coroa, o jogador ganha 2 reais. O jogo termina quando o jogador tiver acumulado 4 ou mais reais.

(0,5) (a) Qual é a probabilidade de que o jogador ganhe exatamente 4 reais?

(0,5) (b) Qual é a probabilidade de que no último lançamento saia cara?

(1,0) (c) Dado que o jogador ganhou exatamente 4 reais, qual é a probabilidade de que tenha saı́do cara no último
lançamento?
MA12 – Matemática Discreta – Prova 2 – 2011

Questão 4.
Uma prova de concurso é formada por questões de múltipla escolha, com 4 alternativas por questão. Admita que
nenhum candidato deixe questões sem responder.

(1,0) (a) Qual é o número mı́nimo de candidatos para que seja possı́vel garantir que pelo menos 3 deles darão exatamente
as mesmas respostas nas 5 primeiras questões?

(1,0) (b) Qual é o valor máximo de n para o qual é possı́vel garantir que, em um concurso com 1000 candidatos, pelo
menos 2 darão as mesmas respostas nas primeiras n questões?

Questão 5.
Uma caixa retangular sem tampa tem arestas medindo x, y e z (veja figura, onde as linhas tracejadas indicam
segmentos de arestas obstruı́dos por alguma face).

(0,5) (a) Exprima a área e o volume da caixa em função de x, y e z.

(1,0) (b) Use a desigualdade das médias para mostrar que, se o volume da caixa é igual a 32, então sua área é maior ou
igual a 48.

(0,5) (c) Determine as medidas das arestas da caixa de área mı́nima com volume igual a 32.

z
y
x
AV2 - MA 12 - 2011

Questão 1.
Considere os caminhos no plano iniciados no ponto (0, 0) com deslocamentos paralelos aos eixos coordenados,
sempre de uma unidade e no sentido positivo dos eixos x e y (não se descarta a possibilidade de dois movimentos
unitários seguidos na mesma direção, ver ilustração mostrando um caminho que termina em (5, 4)).
y
4

x
5

(1,0) (a) Explique por que o número de caminhos que terminam no ponto (m, n) é Cm
m .
+n

(1,0) (b) Quantos são os caminhos que terminam no ponto (8, 7), passam por (2, 3) mas não passam por (5, 4)?

UMA SOLUÇÃO

(a) Chamaremos de horizontais os movimentos paralelos ao eixo x e de verticais os paralelos ao eixo y. Como todos
os movimentos são positivos e unitários, são necessários m movimentos horizontais e n movimentos verticais para
se chegar em (m, n), totalizando m + n movimentos. Um caminho fica totalmente determinado se dissermos quais
desses m + n movimentos são, digamos, movimentos horizontais. Portanto, precisamos saber de quantas maneiras
podemos escolher m movimentos horizontais entre os m + n movimentos do caminho. Isso dá Cm
m .
+n
Evidentemente poderíamos ter determinado os caminhos dizendo quais são os n movimentos horizontais dentre
os m + n movimentos. Esse raciocínio nos levaria a Cm
n
+n . Mas Cm+n = Cm+n .
n m

(b) Se um caminho até (8, 7) é obrigado a passar por (2, 3) então ele é a junção de um caminho que vai de (0, 0) a
(2, 3) com um caminho que vai de (2, 3) a (8, 7). No entanto, queremos que o caminho que vai de (2, 3) a (8, 7) não
passe por (5, 4), ou seja, queremos que ele vá de (2, 3) a (8, 7) sem ser a junção de um caminho de (2, 3) a (5, 4) com
um caminho de (5, 4) a (8, 7). Isso nos indica que precisamos calcular quantos caminhos temos de (0, 0) a (2, 3),
quantos de (2, 3) a (5, 4) e quantos de (5, 4) a (8, 7).
Segundo o item anterior, há C22+3 = C52 maneiras de ir de (0, 0) a (2, 3). Há C33+1 = C43 maneiras de se ir de (2, 3) a
(5, 4), pois são necessários 3 movimentos horizontais e 1 vertical. Há C33+3 = C63 maneiras de se ir de (5, 4) a (8, 7),
pois são necessários 3 movimentos horizontais e 3 verticais. E há C10 6 maneiras de se ir de (2, 3) a (8, 7), pois são

necessários 6 movimentos horizontais e 4 verticais.


Há, portanto, C43 · C63 maneiras de se ir de (2, 3) a (8, 7) passando por (5, 4). Então há C10
6 − C3 · C3 maneiras de se
4 6
ir de (2, 3) a (8, 7) sem passar por (5, 4). E, por conseguinte, há

N = C52 · (C10
6
− C43 · C63 )

1
maneiras de se ir de (0, 0) a (8, 7) passando por (2, 3) mas não passando por (5, 4).
5! 10! 10·9·8·7
Para termos um número, calculamos essas combinações: C52 = 3! 2!
6 =
= 10, C10 4!6! = 4·3·2 = 210, C43 = 4 e
6! 6·5·4
C63 = 3!3! = 3·2 = 20. Então
N = 10 · (210 − 4 · 20) = 1300 .

2
AV2 - MA 12 - 2011

Questão 2.
Os professores de seis disciplinas (entre as quais Português e Matemática) devem escolher um dia, de segunda
a sexta, de uma única semana para a realização da prova de sua disciplina. Suponha que cada professor escolha o
seu dia de prova ao acaso, sem combinar com os demais professores.

(1,0) (a) Qual é a probabilidade de que as provas de Português e Matemática sejam realizadas no mesmo dia?

(1,0) (b) Qual é a probabilidade de que os alunos façam provas em todos os dias da semana?

UMA SOLUÇÃO

(a) Nesta questão, não é preciso olhar para as outras disciplinas. Há 5 possibilidades para o dia de prova de Por-
tuguês e 5 possibilidades para o dia de prova de Matemática. Portanto, há 25 possibilidades para o par de provas
Português e Matemática. Dessas 25, apenas 5 são ocorrências de Português e Matemática no mesmo dia (uma
ocorrência para cada dia da semana). Então a probabilidade de que essas duas provas ocorram no mesmo dia é
5/25 = 0, 2 (ou 20%).
Outra maneira de pensar: fixado o dia da prova de Matemática, há 5 possibilidades para o dia de Português, e
apenas uma delas é no mesmo dia que Matemática. Isso dá os mesmos 20% de chances.

(b) Vamos contar de quantas maneiras se distribuem 6 provas nos 5 dias da semana sem deixar um dia livre. Com
essa imposição, certamente um dia terá duas provas e os demais dias terão apenas uma. Então começamos esco-
lhendo entre as 5 possibilidades para o dia da semana que terá duas provas. Escolhido esse dia, temos que escolher
duas das seis disciplinas para preenchê-lo. Temos C62 escolhas. Escolhidas essas duas disciplinas, ainda restam 4
para distribuir nos 4 dias: são 4! escolhas. Portanto há 5 · C62 · 4! maneiras de se distribuir 6 provas em 5 dias sem
deixar um dia livre.
Agora precisamos do total de maneiras de se distribuir as 6 provas durante a semana. Cada disciplina tem 5
escolhas, então são 56 possibilidades.
Então a probabilidade de não ficar um dia livre é o quociente

5 · C62 · 4! 5! · 15 72 · 16 1152
6
= 6
= 4! · 354 = = = 0, 1152 ,
5 5 10000 10000
ou 11,52%.

3
AV2 - MA 12 - 2011

Questão 3.
Em um jogo, uma moeda honesta é jogada seguidamente. Cada vez que sai cara, o jogador ganha 1 real; cada vez
que sai coroa, o jogador ganha 2 reais. O jogo termina quando o jogador tiver acumulado 4 ou mais reais.

(0,5) (a) Qual é a probabilidade de que o jogador ganhe exatamente 4 reais?

(0,5) (b) Qual é a probabilidade de que no último lançamento saia cara?

(1,0) (c) Dado que o jogador ganhou exatamente 4 reais, qual é a probabilidade de que tenha saído cara no último
lançamento?

UMA SOLUÇÃO

Nesta questão, convém fazer primeiro a árvore das possibilidades. Indicaremos “cara” por A e “coroa” por B. Em
cada nó da árvore, indicamos a sequência obtida (linha superior), o valor acumulado pelo jogador (linha do meio)
e a probabilidade daquela sequência (linha inferior). Os nós em cinza são aqueles em que o jogo termina. Veja que
a soma das probabilidades em cada nó pintado em cinza é igual a 1, e que a probabilidade indicada em cada um é
a probabilidade de o jogo terminar com aquela sequência.
A B
1 2
1/2 1/2
AA AB BA BB
2 3 3 4
1/4 1/4 1/4 1/4
AAA AAB ABA ABB BAA BAB
3 4 4 5 4 5
1/8 1/8 1/8 1/8 1/8 1/8
AAAA AAAB
4 5
1/16 1/16
(a) Para ver a probabilidade de que o jogador termine com exatamente 4 reais, basta somar as probabilidades dos
nós em cinza que têm ganho de 4 reais. São eles: AAAA (1/16), AAB (1/8), ABA (1/8), BAA (1/8) e BB (1/4). A
11
soma é 16 .

(b) O jogo termina com cara em todos os nós em cinza que terminam com a letra A. Então basta somar as probabili-
5
dades de cada caso. São eles AAAA (1/16), ABA (1/8) e BAA (1/8), o que dá 16 .

(c) Das situações em que o jogador terminou com 4 reais, listadas em (a), que têm probabilidade de 11/16 de
ocorrer, apenas AAAA, ABA e BAA terminam com A (cara), com probabilidade de 5/16. Então a probabilidade de
5/16 5
se terminar com cara dado que o jogador terminou com 4 reais é 11/16 = 11 .

4
AV2 - MA 12 - 2011

Questão 4.
Uma prova de concurso é formada por questões de múltipla escolha, com 4 alternativas por questão. Admita que
nenhum candidato deixe questões sem responder.

(1,0) (a) Qual é o número mínimo de candidatos para que seja possível garantir que pelo menos 3 deles darão exata-
mente as mesmas respostas nas 5 primeiras questões?

(1,0) (b) Qual é o valor máximo de n para o qual é possível garantir que, em um concurso com 1000 candidatos, pelo
menos 2 darão as mesmas respostas nas primeiras n questões?

UMA SOLUÇÃO

(a) O conjunto de possibilidades de respostas para as 5 primeiras questões, cada uma com 4 alternativas, é 45 .
É possível distribuir as respostas de 2 · 45 = 2048 candidatos de forma que cada conjunto de respostas se repita
exatamente duas vezes, mas se houver 2 · 45 + 1 = 2049 candidatos isso não é mais possível, sempre haverá ao
menos 3 provas iguais nas cinco primeiras questões.

(b) Considerando agora as n primeiras questões, há 4n possibilidades de resposta. Para garantir que em 1000 can-
didatos pelo menos 2 respondam de forma igual a essas primeiras n questões, é necessário que 1000 ≥ 4n + 1, isto
é, 4n ≤ 999. O valor máximo de n tal que 4n ≤ 999 é 4 (pois 44 = 28 = 256 e 45 = 210 = 1024). Resposta: n = 4.

5
AV2 - MA 12 - 2011

Questão 5.
Uma caixa retangular sem tampa tem arestas medindo x, y e z (veja figura, onde as linhas tracejadas indicam
segmentos de arestas obstruídos por alguma face).

(0,5) (a) Exprima a área e o volume da caixa em função de x, y e z.

(1,0) (b) Use a desigualdade das médias para mostrar que, se o volume da caixa é igual a 32, então sua área é maior ou
igual a 48.

(0,5) (c) Determine as medidas das arestas da caixa de área mínima com volume igual a 32.

z
y
x

UMA SOLUÇÃO

(a) A área da caixa é igual a xy + 2xz + 2yz e seu volume é igual a xyz.
(b) A soma xy + 2xz + 2yz é igual a 3 vezes a média aritmética simples de seus termos. Essa média é sempre maior
do que ou igual à média geométrica dos mesmos termos, isto é

1
q
( xy + 2xz + 2yz) ≥ 3 xy · 2xz · 2yz = 3 4x2 y2 z2 .
p
3

3
Supondo xyz = 32 (que é dado no problema), resulta que 3 4x2 y2 z2 = 3 22 · (25 )2 = 212 = 16. Então, multipli-
p p

cando por 3 dos dois lados, xy + 2xz + 2yz ≥ 48.

(c) A igualdade entre as médias aritmética e geométrica ocorre se, e somente se, os termos são iguais. Neste caso,
quando xy = 2xz = 2yz. Como o volume é positivo, x, y, z têm que ser positivos, em particular não nulos. Então,
da equação 2xz = 2yz tiramos y = x, e da equação xy = 2yz tiramos z = 2x . Como xyz = 32 então x · x · x
2 = 32, isto
é, x3 = 64 = 26 , ou ainda x = 4. Então x = y = 4 e z = 2.

6
MA12 – Matemática Discreta – Prova 3 – 2011

Questão 1.
A sequência 0, 3, 7, 10, 14, 17, 21, . . . é formada a partir do número 0 somando-se alternadamente 3 ou 4 ao termo
anterior, isto é: o primeiro termo é 0, o segundo é 3 a mais que o primeiro, o terceiro é 4 a mais que o segundo, o
quarto é 3 a mais que o terceiro, o quinto é 4 a mais que o quarto e assim sucessivamente.

(0,5) (a) Qual é o centésimo termo dessa sequência?

(0,5) (b) Qual é a soma dos 100 primeiros termos dessa sequência?

(1,0) (c) Algum termo desta sequência é igual a 2000? Por quê?

Questão 2.
Seja Rn o número máximo de regiões determinadas no plano por n cı́rculos.

(0,5) (a) Quais são os valores de R1 e R2 ?

(0,5) (b) Explique por que Rn+1 = Rn + 2n, para todo n ≥ 1.

(1,0) (c) Mostre por indução que Rn = n2 − n + 2.

Questão 3.
Suponha que o dinheiro valha 10% ao mês para um comerciante que vende determinado produto por R$ 4200,00
à vista.

(1,0) (a) Se o comerciante deseja oferecer o produto para compra em duas prestações iguais, a primeira no ato da compra,
qual deve ser o valor dessas prestações?

(1,0) (b) Suponha que ele deseja oferecer o produto em 10 prestações iguais, a primeira no ato da compra. Escreva uma
expressão que permita calcular o valor da prestação.

Questão 4.
Uma senha de banco é formada por 4 digı́tos de 0 a 9.

(1,0) (a) Quantas são as senhas em que aparecem exatamente três dı́gitos diferentes?

(1,0) (b) Quantas são as senhas em que não há dı́gitos consecutivos iguais?

Questão 5.
João, ao partir para uma viagem, ficou de enviar um cartão postal para sua mãe. A probabilidade de que ele envie
o cartão é igual a 0,7. Por outro lado, a probabilidade de um cartão postal se extraviar é 0,1.

(1,0) (a) Qual é a probabilidade de que a mãe de João receba um cartão postal dele?

(1,0) (b) Se ela não receber um cartão de João, qual é a probabilidade de que ele o tenha enviado?
AV3 - MA 12 - 2011

Questão 1.
A sequência 0, 3, 7, 10, 14, 17, 21, . . . é formada a partir do número 0 somando-se alternadamente 3 ou 4 ao termo
anterior, isto é: o primeiro termo é 0, o segundo é 3 a mais que o primeiro, o terceiro é 4 a mais que o segundo, o
quarto é 3 a mais que o terceiro, o quinto é 4 a mais que o quarto e assim sucessivamente.

(0,5) (a) Qual é o centésimo termo dessa sequência?

(0,5) (b) Qual é a soma dos 100 primeiros termos dessa sequência?

(1,0) (c) Algum termo desta sequência é igual a 2000? Por quê?

UMA SOLUÇÃO

(a) Chamemos de a1 , a2 , a3 , . . . os termos dessa sequência. A sequência dos termos com índices ímpares a1 , a3 , a5 , . . .
é uma progressão aritmética com termo inicial 0 e passo (ou razão) 7. A sequência dos termos com índices pares
a2 , a4 , a6 , . . . é uma progressão aritmética com termo inicial 3 e passo 7. O centésimo termo é o 50o da sequência dos
pares. Então a100 = 3 + (50 − 1) · 7 = 3 + 343 = 346.

(b) Há maneiras diferentes de se fazer isso. Podemos agrupar a soma assim:

( a1 + a100 ) + ( a2 + a99 ) + ( a3 + a98 ) + . . . + ( a50 + a51 ) .

Veja que de a1 para a2 há um acréscimo de 3 e de a99 para a100 também. Então os dois primeiros termos são iguais.
Do segundo para o terceiro há um aumento e um decréscimo de 4, logo o terceiro termo é igual ao segundo. E assim
por diante. Então todos os termos entre parênteses são iguais ao primeiro, que vale 0 + 346 = 346. Como são 50
termos, a soma dá 50 · 346 = 17300.
Outro jeito de fazer é somar separadamente as sequências com índices ímpares e pares. No segundo caso (pares),
são 50 termos da progressão aritmética de razão 7 começando em 3 e terminando em 346. A soma dessa progressão

3 + 346
50 · = 25 · 349 = 8725 .
2
No primeiro caso (ímpares), são 50 termos, mas todos 3 unidades menores do que os termos da série par. Então a
soma desses é 8725 subtraído de 50 · 3 = 150, isto é, dá 8575. Juntando as duas, ficamos com 17300.
Obs. Essa segunda soma também sairia da mesma forma como a outra, pois a PA tem primeiro termo igual a 0,
último termo igual a 343, totalizando 50 termos, logo soma
0 + 343
50 · = 25 · 343 = 8575 .
2

(c) Observe primeiro que se n é ímpar então an é múltiplo de 7, e se n é par então an − 3 é múltiplo de 7 (de fato,
valem as recíprocas, mas não precisaremos disso).
Como nem 2000 = 7 · 285 + 5 nem 1997 = 7 · 285 + 2 são múltiplos de 7, então 2000 não pode ser um an nem para
n par nem para n ímpar.

1
AV3 - MA 12 - 2011

Questão 2.
Seja Rn o número máximo de regiões determinadas no plano por n círculos.

(0,5) (a) Quais são os valores de R1 e R2 ?

(0,5) (b) Explique por que Rn+1 = Rn + 2n, para todo n ≥ 1.

(1,0) (c) Mostre por indução que Rn = n2 − n + 2.

UMA SOLUÇÃO

(a) Um único círculo no plano determina exatamente duas regiões (dentro e fora). Então R1 = 2. Agora colocamos
um segundo círculo no plano e olhamos para várias possibilidades: (i) se ele for idêntico ao primeiro, continuamos
com duas regiões; (ii) se um dos círculos está inteiramente contido numa das regiões delimitadas pelo outro, então
ficam delimitadas 3 regiões (mesma coisa se apenas se tangenciam); (iii) se eles se intersectam sem se tangenciarem,
ficam delimitadas 4 regiões. Esse é o máximo possível, então R2 = 4.

(b) Primeiro verifiquemos se a fórmula está compatível com a resposta anterior. Pela fórmula, deveríamos ter
R2 = R1 + 2 · 1. De fato, R1 + 2 · 1 = 2 + 2 = 4.
Agora imaginemos que n círculos já estão desenhados, definindo um certo número de regiões. Então desenha-
mos um novo círculo (diferente dos anteriores, pois neste caso a divisão de regiões permaneceria a mesma), que
intersectará os círculos anteriores em um certo número de pontos. Como o novo círculo só pode intersectar cada
um dos outros círculos em no máximo 2 pontos, ele terá no máximo 2n intersecções. Essas intersecções dividirão o
círculo em arcos de círculo, que serão no máximo 2n (e no mínimo 1, que é quando o círculo não intersecta nenhum
dos círculos já desenhados). Chamemos de k o número de arcos de círculo obtidos.
Agora suponha que numeremos esses k arcos de círculo, e vamos desenhar o n + 1-ésimo círculo arco por arco,
contando qual é o máximo acréscimo de regiões em cada etapa. O primeiro arco está inteiramente contido em uma
das regiões previamente delimitadas, e a divide em duas regiões. Isso acrescenta uma unidade na contagem de
regiões. Como o segundo arco só pode intersectar os círculos anteriores e o primeiro arco em seus extremos, ele
também está inteiramente contido em uma das regiões, incluindo as novas regiões formadas pela introdução do
primeiro arco. Ele dividirá essa região em duas, acrescentando mais uma unidade na contagem. Esse raciocínio
pode ser repetido de forma indutiva até chegarmos no k-ésimo arco. No total, serão acrescentadas k regiões à
contagem.
Como k ≤ 2n, então são acrescentadas no máximo 2n regiões à contagem, quando se passa de n círculos para
n + 1 círculos. Portanto, se n círculos não podem dividir o plano em mais do que Rn regiões, então n + 1 círculos
não poderão dividir o plano em mais do que Rn + 2n regiões. Isso define o valor de Rn+1 .
Observação. A rigor, dever-se-ia mostrar que, para cada n, alguma configuração de círculos divide o plano em
Rn regiões, para se dizer que Rn é o máximo (e não apenas uma cota superior). Para tanto, em vista do que foi
feito acima, basta achar uma lista de círculos C1 , C2 , C3 , . . . tal que, para qualquer n ≥ 1, o círculo Cn+1 intersecta

2
cada círculo C1 , . . . , Cn em 2 pontos, produzindo ao todo 2n pontos de intersecção distintos entre si. Isso pode ser
realizado por
1
Ci = {( x, y); ( x − )2 + y2 = 1} , i = 1, 2, 3, . . . ,
i
isto é, Ci é o círculo de raio 1 e centro em ( 1i , 0). Uma conta simples mostra que Cn+1 intersecta Ci nos dois pontos
 s 
2
1 1 1 1 1 1
  
 + , ± 1− − .
2 n+1 i 2 i n+1

1
Como os valores de i são distintos para i = 1, 2, . . . , n, os 2n pontos de intersecção são todos distintos entre si.

(c) A fórmula vale para n = 1, pois 12 − 1 + 2 = 2 = R1 . Agora, supondo que ela vale para n, isto é, supondo
Rn = n2 − n + 2 verdadeira, queremos mostrar que também vale para n + 1, isto é, queremos mostrar que Rn+1 =
(n + 1)2 − (n + 1) + 2. Ora, a relação de recorrência nos dá Rn+1 = Rn + 2n; valendo a hipótese de que Rn =
n2 − n + 1, então

Rn+1 = Rn + 2n
= (n2 − n + 2) + 2n
= n2 + n + 2
= [(n + 1)2 − 2n − 1] + n + 2
= ( n + 1)2 − n − 1 + 2
= ( n + 1)2 − ( n + 1) + 2 .

3
AV3 - MA 12 - 2011

Questão 3. Suponha que o dinheiro valha 10% ao mês para um comerciante que vende determinado produto por
R$ 4200,00 à vista.

(1,0) (a) Se o comerciante deseja oferecer o produto para compra em duas prestações iguais, a primeira no ato da
compra, qual deve ser o valor dessas prestações?

(1,0) (b) Suponha que ele deseja oferecer o produto em 10 prestações iguais, a primeira no ato da compra. Escreva uma
expressão que permita calcular o valor da prestação.

UMA SOLUÇÃO

x 1 11×4200
(a) Se x for o valor da prestação, ele quer x + 1,1 = 4200. Isso dá x (1 + 1,1 ) = 4200. Então x = 21 = 2200.

(b) Pelo mesmo raciocínio, ele quer x tal que


x x x
x+ + +...+ = 4200 .
1, 1 1, 12 1, 19
Ou seja,  
x 1 + 1, 1−1 + 1, 1−2 + . . . + 1, 1−9 = 4200

e
1 − 1, 1−10
 
x = 4200 .
1 − 1, 1−1
Logo
1
1− 1,1 4200 1
x = 4200 · 1
= · .
1− 11 1 − 110
1,110 1,1

4
AV3 - MA 12 - 2011

Questão 4.
Uma senha de banco é formada por 4 digítos de 0 a 9.

(1,0) (a) Quantas são as senhas em que aparecem exatamente três dígitos diferentes?

(1,0) (b) Quantas são as senhas em que não há dígitos consecutivos iguais?

UMA SOLUÇÃO

(a) Se há exatamente 3 dígitos diferentes, então há dois dígitos iguais e mais dois outros, diferentes dele e diferentes
entre si. Há 10 possibilidades para o dígito que aparece repetido. Escolhido esse dígito, precisamos de 2 dígitos
entre os 9 restantes. Temos C92 = 36 escolhas para os dígitos restantes. Portanto, na escolha dos dígitos em que o
dígito repetido está determinado, temos 360 possibilidades.
Falta agora ver de quantas maneiras diferentes eles podem ser dispostos. Primeiro escolhemos a disposição dos
dois dígitos que não se repetem. Como há C42 possibilidades de escolha de duas entre quatro posições, temos um
total de 6 disposições possíveis.
Fixada as posições dos dígitos repetidos, temos 2 maneiras de colocar os outros dois dígitos.
Então cada uma das 360 escolhas dos 3 dígitos (com o dígito que se repete determinado) pode ser arranjada de 12
maneiras distintas, o que dá um total de 360 × 12 = 4320 senhas com exatamente 3 dígitos diferentes.

(b) Há 10 possibilidades para o primeiro dígito. Como o segundo só não pode ser igual ao primeiro, há 9 possibi-
lidades para o segundo (para cada escolha do primeiro). Mais uma vez, há 9 possibilidades para o terceiro (para
cada escolha dos dois primeiros) e 9 para o quarto (para cada escolha dos três primeiros). Então são 10 × 93 = 7290
possibilidades.

5
AV3 - MA 12 - 2011

Questão 5.
João, ao partir para uma viagem, ficou de enviar um cartão postal para sua mãe. A probabilidade de que ele envie
o cartão é igual a 0,7. Por outro lado, a probabilidade de um cartão postal se extraviar é 0,1.

(1,0) (a) Qual é a probabilidade de que a mãe de João receba um cartão postal dele?

(1,0) (b) Se ela não receber um cartão de João, qual é a probabilidade de que ele o tenha enviado?

UMA SOLUÇÃO

(a) A probabilidade de que um cartão não extravie, dado que foi enviado, é de 1 − 0, 1 = 0, 9. Portanto a probabi-
lidade de que a mãe de João receba um cartão de seu filho é igual à probabilidade de que seja enviado e não seja
extraviado (dado que foi enviado), isto é 0, 9 × 0, 7 = 0, 63.

(b) A probabilidade de a mãe não receber o cartão é igual a 1 − 0, 63 = 0, 37. A probabilidade de a mãe não receber
o cartão por não ter sido enviado é igual a 1 − 0, 7 = 0, 3 e a probabilidade de a mãe não receber o cartão por ter
se extraviado é 0, 1 × 0, 7 = 0, 07. Portanto, se for dado que ela não recebeu o cartão, a probabilidade de que ele o
tenha enviado é de 0, 07/0, 37 = 0, 7/3, 7 = 7/37.

6
MA12
-
2012
MA12 – Matemática Discreta – AV1 – 2012

Atenção: esta prova deve ser feita sem o uso de calculadoras!

Questão 1.

Uma venda imobiliária envolve o pagamento de 12 prestações mensais iguais a R$ 10.000,00, a primeira no ato
da venda, acrescidas de uma parcela final de R$ 100.000,00, 12 meses após a venda. Suponha que o valor do
dinheiro seja de 2% ao mês.
(a) (1,0) Se o comprador preferir efetuar o pagamento da parcela final junto com a última prestação, de quanto
deverá ser o pagamento dessa parcela?
(b) (1,0) Se o comprador preferir efetuar o pagamento à vista, qual deverá ser o valor desse pagamento único?

São dados alguns valores aproximados de 1, 02n :

n 1, 02n
-12 0,788
-1 0,980
12 1,268

Questão 2.

A figura abaixo mostra uma linha poligonal que parte da origem e passa uma vez por cada ponto do plano
cujas coordenadas são números inteiros e não negativos.
(a) (1,0) O conjunto dos pares de números inteiros e não negativos tem a mesma cardinalidade que os números
naturais? Por quê?
(b) (1,0) Mostre que o comprimento da linha poligonal da origem até o ponto (n, n) é n2 + n, para qualquer inteiro
não negativo n.
(c) (0,5) Qual é o comprimento da linha poligonal da origem até o ponto (10, 13)?

1
MA12 – Matemática Discreta – AV1 – 2012

Questão 3.

(1,5) Mostre, por indução finita, que se n é um inteiro positivo então 7n − 1 é divisı́vel por 6.

Questão 4.

Considere a recorrência xn+2 − 4xn = 9n, com as condições iniciais x0 = x1 = 0.


(a) (0,5) Encontre a solução geral da recorrência homogênea xn+2 − 4xn = 0.
(b) (0,5) Determine os valores de A e B para os quais xn = A + nB é uma solução da recorrência xn+2 − 4xn = 9n.
(c) (1,0) Encontre a solução da recorrência original.

Questão 5.

Para todo número natural n ≥ 2, considere o número N formado por n − 1 algarismos iguais a 1, n algarismos
iguais a 2 e um algarismo igual a 5, nesta ordem.
(a) (1,0) Mostre que o número N pode ser escrito na forma

A · 102n + B · 10n + C
,
9
onde A, B e C são constantes independentes de n. Indique os valores de A, B e C.
(b) (0,5) Mostre que N é um quadrado perfeito.

(c) (0,5) Quantos algarismos tem N ? Diga quais são esses algarismos.

2
AV1 - MA 12 - 2012

Questão 1.

Uma venda imobiliária envolve o pagamento de 12 prestações mensais iguais a R$ 10.000,00, a primeira no
ato da venda, acrescidas de uma parcela final de R$ 100.000,00, 12 meses após a venda. Suponha que o valor
do dinheiro seja de 2% ao mês.
(a) Se o comprador preferir efetuar o pagamento da parcela final junto com a última prestação, de quanto
deverá ser o pagamento dessa parcela?
(b) Se o comprador preferir efetuar o pagamento à vista, qual deverá ser o valor desse pagamento único?

São dados alguns valores aproximados de 1, 02n :

n 1, 02n
-12 0,788
-1 0,980
12 1,268

UMA SOLUÇÃO

(a) O valor de R$100.000,00 trazido um mês para trás é igual a

1
100.000, 00 × ≃ 0, 980 × 100.000, 00 = 98.000, 00 .
1, 02

(b) Trazendo os valores para a data de compra, o comprador pagará

10.000, 00 10.000, 00 10.000, 00 100.000, 00


10.000, 00 + + +···+ + .
1, 02 1, 022 1, 0211 1, 0212
Isso é igual a

10.000, 00 × (1 + 1, 02−1 + 1, 02−2 + . . . + 1, 02−11 ) + 100.000, 00 × 1, 02−12


1 − 1, 02−12
= 10.000, 00 × + 100.000, 00 × 1, 02−12
1 − 1, 02−1
1 − 0, 788
≃ 10.000, 00 × + 100.000, 00 × 0, 788
1 − 0, 980
= 106.000, 00 + 78.800, 00 = 184.800, 00 .

Portanto, se o dinheiro vale 2% ao mês, pagar o esquema de prestações do enunciado equivale a pagar (aproxima-
damente) R$ 184.800,00 à vista.

1
AV1 - MA 12 - 2012

Questão 2.

A figura abaixo mostra uma linha poligonal que parte da origem e passa uma vez por cada ponto do plano
cujas coordenadas são números inteiros e não negativos.
(a) O conjunto dos pares de números inteiros e não negativos tem a mesma cardinalidade que os números
naturais? Por quê?
(b) Mostre que o comprimento da linha poligonal da origem até o ponto (n, n) é n2 + n, para qualquer inteiro
não negativo n.
(c) Qual é o comprimento da linha poligonal da origem até o ponto (10, 13)?

UMA SOLUÇÃO

(a) Chamemos de Z ≥0 o conjunto dos inteiros não negativos. Então o conjunto dos pontos de R2 com coordenadas
inteiras e não negativas é o produto cartesiano Z2≥0 = Z ≥0 × Z ≥0 .
Imaginemos que a linha é percorrida com velocidade 1 a partir do instante 1 em (0, 0). A figura mostra que se
no instante k a curva está num ponto de Z2≥0 então no instante k + 1 ela estará em um outro ponto de Z2≥0 . Por
indução, estabelece-se uma função f : N → Z2≥0 em que f (k) é o ponto de Z2≥0 alcançado no instante k.
Como todos os pontos são atingidos, f é sobrejetiva. Como a linha não passa mais do que uma vez em cada
ponto, f é injetiva. Assim, existe uma bijeção entre N e Z2≥0 , mostrando que N e Z2≥0 têm a mesma cardinalidade.

(b) Por inspeção a afirmação é verdadeira para n = 0, pois n2 + n = 0 e realmente são 0 passos para chegar no
ponto de partida (n, n) = (0, 0). Agora suponhamos que a afirmação é válida para (n, n), isto é, que realmente são
n2 + n passos até se chegar em (n, n) (hipótese de indução). Queremos mostrar que a afirmação é válida quando
aplicada para n + 1, isto é, que são (n + 1)2 + (n + 1) passos até se chegar em (n + 1, n + 1).
De (n, n) até (n + 1, n + 1) são necessários: n passos (para encontrar um dos eixos; mais especificamente, para
encontrar a abscissa, se n é par, e para encontrar a ordenada, se n é ímpar) mais 1 passo (para avançar nesse eixo)
mais n + 1 passos (para voltar à diagonal, que é o conjunto dos pontos da forma ( x, x )). Assim, são necessários
n + 1 + (n + 1) = 2n + 2 passos para ir-se de (n, n) a (n + 1, n + 1). Pela hipótese de indução, já foram n2 + n passos
para se chegar em (n, n). Portanto são (n2 + n) + (2n + 2) passos até (n + 1, n + 1). Mas

(n2 + n) + (2n + 2) = (n2 + 2n + 1) + (n + 1) = (n + 1)2 + (n + 1) ,

2
como queríamos demonstrar.

Solução alternativa 1. Para se chegar ao ponto (n, n), é preciso percorrer todos os pontos de coordenadas inteiras
do quadrado [0, n] × [0, n], exceto os situados em um dos lados. Existem (n + 1)2 pontos de coordenadas inteiras
no quadrado, dos quais n não são visitados. Logo, o comprimento da poligonal é (n + 1)2 − 1 − n = n2 + n.

Solução alternativa 2. A linha poligonal da origem até o ponto (n, n) é formada por n segmentos de comprimento
1, por segmentos de comprimento 2k, para k variando de 1 a n − 1 e um segmento de comprimento n. Logo, seu
comprimento é
( n − 1) n
n + 2(1 + 2 + ... + n − 1) + n = n + 2 · + n = n2 + n .
2

(c) Primeiro, investiga-se se (10, 13) ocorre a 3 passos de distância (para mais ou para menos) de (10, 10) ou de
(13, 13), no trajeto definido pela curva. Vemos que (10, 13) está 3 unidades verticalmente acima de (10, 10) e 3
unidades horizontalmente à esquerda de (13, 13). Quando (n, n) é par, como é o caso de n = 10, a linha poligonal
prossegue na vertical para baixo, portanto no sentido contrário ao que esperaríamos se fosse encontrar (10, 13) em
3 passos. Quando (n, n) é ímpar, como é o caso de n = 13, a linha poligonal prossegue horizontalmente para a
esquerda. Neste caso, encontrará (10, 13) após 3 passos.
Portanto, como são 132 + 13 = 169 + 13 = 182 passos até (13, 13) e mais 3 passos até (10, 13), então são 185 passos
até (10, 13).

3
AV1 - MA 12 - 2012

Questão 3.

Mostre, por indução finita, que se n é um inteiro positivo então 7n − 1 é divisível por 6.

UMA SOLUÇÃO

Para n = 1, 7n − 1 = 7 − 1 = 6, que é divisível por 6. Então a afirmação vale para n = 1. Suponhamos que a
afirmação seja válida para n, isto é, suponha que 7n − 1 seja múltiplo de 6. Vamos mostrar, com essa hipótese, que
7n+1 − 1 também é múltiplo de 6.
Ora, 7n+1 − 1 = 7n+1 − 7n + 7n − 1 = 7n (7 − 1) + (7n − 1) = 6 · 7n + (7n − 1). O primeiro termo é múltiplo de
6, porque tem um fator 6, e o segundo também é, pela hipótese de indução. Então a soma é múltiplo de 6 e temos
demonstrado o que queríamos.

4
AV1 - MA 12 - 2012

Questão 4.

Considere a recorrência xn+2 − 4xn = 9n, com as condições iniciais x0 = x1 = 0.


(a) Encontre a solução geral da recorrência homogênea xn+2 − 4xn = 0.
(b) Determine os valores de A e B para os quais xn = A + nB é uma solução da recorrência xn+2 − 4xn = 9n.
(c) Encontre a solução da recorrência original.

UMA SOLUÇÃO

(a) Se xn+2 − 4xn = 0 então xn+2 = 4xn . Então x2m = 4m x0 , para todo m ≥ 0, e x2m+1 = 4m x1 , para todo n ≥ 0.
Escrevendo de outra maneira, a solução é

x0 , x1 , 4x0 , 4x1 , 42 x0 , 42 x1 , 43 x0 , 43 x1 , . . .

1
Também pode-se dizer que xn = 2n x0 , para n ≥ 0 par, e xn = 2 · 2n x1 , para n ≥ 0 ímpar.

(b) Se xn = A + nB então xn+2 = A + (n + 2) B. Se, além do mais, ( xn ) é solução de xn+2 − 4xn = 9n, então

9n = xn+2 − 4xn = A + (n + 2) B − 4A − 4Bn = −3A + 2B − 3nB .

Para que −3A + 2B − 3nB seja igual a 9n basta que −3A + 2B = 0 (primeira equação) e que −3B = 9 (segunda
equação). Da segunda equação sai imediatamente que B = −3, e, colocando esse valor na primeira, que A = −2.
Então xn = −2 − 3n é uma solução da equação não homogênea.

(c) Agora vamos combinar a solução geral da homogênea com a solução particular da não homogênea para obter
a solução de xn+2 − 4xn = 9n com x0 = x1 = 0. Seja xen = −2 − 3n a solução calculada em (b), que satisfaz
xen+2 − 4e
xn = 9n. Essa solução não satisfaz as condições iniciais pedidas, pois xe0 = −2 e xe1 = −5. Então seja
( xbn ) solução da homogênea satisfazendo xb0 = +2 e xb1 = +5. Vamos verificar que ( xn ) definida por xn = xen + xbn
satisfaz ao mesmo tempo as condições iniciais e a relação de recorrência não homogênea.
Ora, x0 = xe0 + xb0 = −2 + 2 = 0 e x1 = xe1 + xb1 = −5 + 5 = 0. Além disso,

xn+2 − 4xn = ( xen+2 − 4e


xn ) + ( xbn+2 − 4b
xn ) = 9n + 0 = 9n .

Assim, a solução do problema proposto é a sequência dada por xn = 2 · 2n − 3n − 2 = 2n+1 − 3n − 2, para n par,
5
xn = 2 · 2n − 3n − 2, para n ímpar.

5
OUTRA SOLUÇÃO

Esta é a solução que muitos esperavam, que usa equação característica.


(a) A equação característica é r2 − 4 = 0, cujas raízes são −2 e +2. Logo a solução geral da recorrência é xn =
C · 2n + D · (−2)n .

Obs. Note que, embora esta resposta seja diferente da resposta (a) da solução anterior, ambas estão corretas, mas
estão expressas em termo de outras constantes.

(b) Idêntica à resposta (b) da solução anterior.

(c) Somando as duas, obtemos a solução geral

xn = C · 2n + D · (−2)n − 2 − 3n .

Usando as condições iniciais x0 = 0 e x1 = 0, temos

C+D−2 = 0
2C − 2D − 2 − 3 = 0

9
Resolvendo o sistema, obtemos C = 4 e D = − 41 . Logo, a solução é

9 n 1
xn = · 2 − · (−2)n − 2 − 3n .
4 4
Não é difícil verificar que as duas soluções apresentadas são a mesma, mas escritas de formas diferentes.

6
AV1 - MA 12 - 2012

Questão 5.

Para todo número natural n ≥ 2, considere o número N formado por n − 1 algarismos iguais a 1, n algarismos
iguais a 2 e um algarismo igual a 5, nesta ordem.
(a) Mostre que o número N pode ser escrito na forma

A · 102n + B · 10n + C
,
9
onde A, B e C são constantes independentes de n. Indique os valores de A, B e C.
(b) Mostre que N é um quadrado perfeito.

(c) Quantos algarismos tem N? Diga quais são esses algarismos.

UMA SOLUÇÃO

(a) Usando a expansão na base decimal, podemos escrever N como

N = 102n−1 + 102n−2 + . . . + 10n+1 + 2 · 10n + 2 · 10n−1 + . . . + 2 · 101 + 5 .

Então
N = 10n+1 (1 + 10 + . . . + 10n−2 ) + 2 · 10 · (1 + 10 + . . . + 10n−1 ) + 5 .

Somando as duas PGs entre parênteses,

10n−1 − 1 10n − 1
N = 10n+1 · + 20 · +5
10 − 1 10 − 1
102n − 10n+1 + 20 · 10n − 20 + 45
=
9
102n + 10 · 10n + 25
= .
9
Portanto A = 1, B = 10 e C = 25.

Obs: Outra forma de fazer é multiplicar N por 9 usando o algoritmo de multiplicação e ver que fica o número
10 . . . 010 . . . 025, onde o bloco de zeros mais à esquerda tem n − 2 elementos e o bloco de zero mais à direita tem
n − 1 elementos.

(b) Queremos saber se N = p2 , com p ∈ N. Como 102n + 10 · 10n + 25 = (10n + 5)2 , então
 2
10n + 5
N= .
3

Resta saber se 10n + 5 é divisível por 3. Mas isso é verdade, porque como 10n + 5 = 10 . . . 05, com um bloco de n − 1
zeros, a soma dos algarismos desse número é igual a 6.

7
10n +5
(c) A raiz de N é o número p = 3 . Como 10n + 5 = 10 . . . 05, com um bloco de n − 1 zeros, então tem n + 1
algarismos. Ao dividir por 3, passa a ter n algarismos. Então p tem n algarismos.
Para saber qual é o número, podemos escrever

10n − 1 6
p= + .
3 3
O termo da esquerda é 33 . . . 3 (n vezes) e o da direita é igual a 2. Então p = 3 . . . 35, onde 3 aparece repetido n − 1
vezes.

8
MA12 – Matemática Discreta – AV2 – 2012

Nesta prova, todos os itens têm mesmo peso.

Questão 1.

Num porta-CDs, cabem 10 CDs colocados um sobre o outro, formando uma pilha vertical. Tenho 3 CDs de
MPB, 5 de rock e 2 de música clássica.
(a) De quantos modos diferentes posso empilhá-los de modo que todos os CDs de rock fiquem juntos?
(b) De quantos modos posso escolher 4 CDs para levar em uma viagem, de modo que eu leve pelo menos um
CD de cada tipo de música?

Questão 2.

Em uma caixa há 10 bolas idênticas, numeradas de 1 a 10. O número de cada bola corresponde a um dos
pontos da figura, os quais dividem a circunferência em 10 partes iguais. Nos itens a seguir, considere que as
bolas são retiradas ao acaso, uma a uma e sem reposição.
(a) Se forem retiradas duas bolas, qual é a probabilidade de que os pontos correspondentes sejam extremidades
de um diâmetro?
(b) Se forem retiradas três bolas, qual é a probabilidade de que os pontos correspondentes sejam vértices de
um triângulo isósceles?

1
MA12 – Matemática Discreta – AV2 – 2012

Questão 3.

Em uma caixa foram colocados um cartão no qual está escrito o número 1, dois cartões nos quais está escrito
o número 2, três cartões com o número 3 e assim por diante, até dez cartões com o número 10.
(a) Qual é o número mı́nimo de cartões que devem ser retirados da caixa, sem olhar, de modo que se tenha
certeza de que haja, entre os cartões retirados, 5 deles com o mesmo número?
(b) Qual é o número mı́nimo de cartões que devem ser retirados da caixa, sem olhar, de modo que se tenha
certeza de que haja, entre os cartões retirados, pelo menos um par de cartões com diferença maior do que
5?

Questão 4.

A média aritmética de 10 números positivos é igual a 1. Os números são agrupados aos pares e os números de
cada par somados, resultando daı́ um conjunto de 5 números positivos.
(a) O que se pode dizer sobre a média aritmética desses 5 números?
(b) Mostre que o produto desses 5 números é menor ou igual a 32.

Questão 5.

Uma moeda, com probabilidade 0,6 de dar cara, é lançada duas vezes.
(a) Qual é a probabilidade de que se observem resultados iguais no primeiro e segundo lançamentos?
(b) Dado que os resultados observados no primeiro e segundo lançamentos são iguais, qual é a probabilidade
condicional de que o resultado observado neles seja cara?

2
AV2 - MA 12 - 2012

Questão 1.

Num porta-CDs, cabem 10 CDs colocados um sobre o outro, formando uma pilha vertical. Tenho 3 CDs de
MPB, 5 de rock e 2 de música clássica.
(a) De quantos modos diferentes posso empilhá-los de modo que todos os CDs de rock fiquem juntos?
(b) De quantos modos posso escolher 4 CDs para levar em uma viagem, de modo que eu leve pelo menos
um CD de cada tipo de música?

UMA SOLUÇÃO

(a) Vamos fixar as posições dos CDs atribuindo números de 1 a 10 a suas posições, contando de baixo para cima.
Se todos os 5 CDs de rock ficam juntos, o primeiro pode ficar nas posições de 1 a 6, portanto são 6 escolhas para a
posição do bloco de CDs de rock. Os 5 CDs de rock podem ser arrumados de 5! = 120 maneiras dentro do bloco. As
posições restantes são 5 e os demais CDs também podem ser ordenados de 120 maneiras nessas posições restantes
(não importa que o bloco de CDs de rock interrompa a sequência). Portanto são 6 · 120 · 120, isto é, 86400 maneiras.

(b) Para escolher 4 CDs com pelo menos um para cada tipo de música, podemos escolher, primeiro, um de cada
tipo. Temos 3 possibilidades para MPB, 5 para rock e 2 para música clássica, perfazendo 3 · 5 · 2 = 30 possibilidades.
Depois dessa escolha, podemos pegar qualquer um dos 7 CDs restantes. São, portanto, 30 · 7 = 210 escolhas. No
entanto, temos que dividir por 2 esse valor, já que os dois CDs de mesmo gênero, digamos A e B, podem aparecer
com A na primeira escolha e B na segunda, ou vice-versa.
Outra maneira de resolver (mais complicada, mas que evita a divisão por dois no final): dos 4 CDs, dois são do
mesmo gênero (e os outros dois dos dois outros gêneros restantes). Se os dois de gênero repetido forem de música
clássica, são todos os disponíveis para esse gênero, de forma que restam 3 · 5 escolhas para os outros dois; são,
portanto, 15 possibilidades para se ter 2 CDs repetidos de música clássica. Se os dois de gênero repetido forem
de MPB, há C3,2 = 3 escolhas para eles; para cada uma delas, restam 2 · 5 escolhas dos outros dois; portanto, são
30 maneiras para se ter dois CDs de MPB. Finalmente, se os dois de gênero repetido forem de rock, há C5,2 = 10
escolhas para os dois repetidos, e 2 · 3 escolhas para os outros dois, perfazendo 6 · 10 = 60 possibilidades com dois
CDs de rock. No total, são 60 + 30 + 15 = 105 possibilidades.

1
AV2 - MA 12 - 2012

Questão 2.

Em uma caixa há 10 bolas idênticas, numeradas de 1 a 10. O número de cada bola corresponde a um dos
pontos da figura, os quais dividem a circunferência em 10 partes iguais. Nos itens a seguir, considere que as
bolas são retiradas ao acaso, uma a uma e sem reposição.
(a) Se forem retiradas duas bolas, qual é a probabilidade de que os pontos correspondentes sejam extremi-
dades de um diâmetro?
(b) Se forem retiradas três bolas, qual é a probabilidade de que os pontos correspondentes sejam vértices de
um triângulo isósceles?

UMA SOLUÇÃO

(a) A primeira bola pode ser qualquer uma. Das 9 restantes, apenas uma será diametralmente oposta a essa
primeira. Portanto a probabilidade de isso ocorrer é de 1/9.

(b) Escolhidos 3 pontos da figura, ficam definidos também 3 intervalos entre eles. Lados iguais de um triângulo
ocorrem se, e somente se, os correspondentes intervalos entre os pontos são iguais. Em particular, (i) os pontos
formam um triângulo isósceles se, e somente se, pelo menos dois desses intervalos são iguais; (ii) nenhum triângulo
equilátero pode ser formado, já que 10 não é divisível por 3.
Nunca havendo 3 intervalos iguais, definimos de forma unívoca o “ponto do meio´´ de um triângulo isósceles
àquele ladeado pelos dois intervalos iguais. Há 10 possibilidades para esse ponto do meio. Os intervalos iguais que
ladeiam esse ponto do meio podem ter os tamanhos: 1/10, 2/10, 3/10 e 4/10. Portanto são 10 · 4 = 40 maneiras de
tomar 3 desses 10 pontos como vértices de um triângulo isósceles.
Por outro lado, há C10,3 = 10 · 9 · 8/6 = 120 maneiras de se escolher 3 entre as 10 bolas. Portanto, dessas 120
escolhas, 40 levarão a um triângulo isósceles, e a probabilidade de isso ocorrer será de 40/120 = 1/3.

2
AV2 - MA 12 - 2012

Questão 3.

Em uma caixa foram colocados um cartão no qual está escrito o número 1, dois cartões nos quais está escrito
o número 2, três cartões com o número 3 e assim por diante, até dez cartões com o número 10.
(a) Qual é o número mínimo de cartões que devem ser retirados da caixa, sem olhar, de modo que se tenha
certeza de que haja, entre os cartões retirados, 5 deles com o mesmo número?
(b) Qual é o número mínimo de cartões que devem ser retirados da caixa, sem olhar, de modo que se tenha
certeza de que haja, entre os cartões retirados, pelo menos um par de cartões com diferença maior do que
5?

UMA SOLUÇÃO

(a) Os 5 cartões de mesmo número não podem ser os cartões numerados de 1 a 4. Esses cartões são 10. Há 6
números que são candidatos a terem 5 cartões repetidos: 5, 6, 7, 8, 9 e 10. Então, pelo Princípio das Gavetas, é
suficiente retirar 10 + 4 · 6 + 1 = 35 cartões.

(b) Não aparecem dois números com diferença maior do que 5 enquanto todos os cartões retirados tiverem todos
os números dentro de uma mesma sequência de 6 números consecutivos (um “bloco de 6”). Os blocos de 6 possíveis
são: 1-2-3-4-5-6, 2-3-4-5-6-7, 3-4-5-6-7-8, 4-5-6-7-8-9 e 5-6-7-8-9-10. O bloco com mais cartões é o último: ele tem
5 + 6 + 7 + 8 + 9 + 10 = 45 cartões. Então, pelo Princípio das Gavetas, com 46 cartões retirados não é possível que
todos eles estejam num mesmo bloco de 6, ou seja, certamente existirá um par com diferença maior do que 5.

3
AV2 - MA 12 - 2012

Questão 4.

A média aritmética de 10 números positivos é igual a 1. Os números são agrupados aos pares e os números
de cada par somados, resultando daí um conjunto de 5 números positivos.
(a) O que se pode dizer sobre a média aritmética desses 5 números?
(b) Mostre que o produto desses 5 números é menor ou igual a 32.

UMA SOLUÇÃO

(a) Sejam x1 , x2 , x3 , x4 , x5 , x6 , x7 , x8 , x9 , x10 os 10 números positivos. A primeira informação é de que


x1 + x2 + x3 + x4 + x5 + x6 + x7 + x8 + x9 + x10
= 1.
10
Ao agruparmos aos pares esses números e somarmos, obteremos a mesma soma do numerador. Mas, ao tirar a
média dos 5, dividiremos por 5, e não por 10. Portanto o resultado será igual a 2.

(b) Sejam y1 , y2 , y3 , y4 , y5 os 5 números positivos aos quais se refere o enunciado. A média geométrica dos 5
números é menor ou igual a sua média aritmética, isto é,
√ y1 + y2 + y3 + y4 + y5
5 y1 · y2 · y3 · y4 · y5 ≤ .
5
Acabamos de concluir, no item (a), que o lado direito é igual a 2. Daí resulta

y1 · y2 · y3 · y4 · y5 ≤ 25 = 32 .

4
AV2 - MA 12 - 2012

Questão 5.

Uma moeda, com probabilidade 0,6 de dar cara, é lançada duas vezes.
(a) Qual é a probabilidade de que se observem resultados iguais no primeiro e segundo lançamentos?
(b) Dado que os resultados observados no primeiro e segundo lançamentos são iguais, qual é a probabilidade
condicional de que o resultado observado neles seja cara?

UMA SOLUÇÃO

(a) Evidentemente está-se supondo que os lançamentos são independentes. Para aparecerem resultados iguais
nos dois primeiros lançamentos, ou ocorrem duas caras, com probabilidade 0, 6 × 0, 6 = 0, 36, ou duas coroas,
com probabilidade 0, 4 × 0, 4 = 0, 16. Sendo cara-cara e coroa-coroa dois eventos disjuntos (se um deles ocorre o
outro não ocorre), a probabilidade total de ocorrerem dois resultados iguais nos dois primeiros lançamentos é de
0, 36 + 0, 16 = 0, 52.

(b) Se já se sabe que vão sair dois resultados iguais, a probabilidade de que seja cara-cara é de

0, 36 36 9
= = .
0, 52 52 13

5
MA12 – Matemática Discreta – AV3 – 2012

Questão 1.
1
Uma moeda, com probabilidade 3 de dar cara, é lançada 40 vezes.
(a) Explique por que a probabilidade pk de se obter k caras nos 40 lançamentos é dada por
 k  40−k
1 2
pk = C40,k ,
3 3

para k = 0, 1, 2, . . . , 40.
(b) Calcule para que valores de k tem-se pk+1 > pk .
(c) Utilize (b) para obter o valor de k para o qual a probabilidade de se obter k caras é máxima.

Questão 2.

A soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética é dada por Sn = 2n2 − 15n.
(a) Determine o décimo termo da progressão.
(b) Encontre o primeiro termo positivo da progressão.

Questão 3.

Um comerciante, para quem o dinheiro vale 3% ao mês, oferece determinado produto por 3 prestações mensais
iguais a R$ 100,00, a primeira paga um mês após a compra.
(a) Que valor o comerciante deve cobrar por este produto, no caso de pagamento à vista?
(b) Se um consumidor desejar pagar o produto em três prestações mensais iguais, sendo a primeira paga no
ato da compra, qual deve ser o valor das parcelas?

Utilize, se desejar, os seguintes valores para as potências de 1,03: 1, 032 = 1, 0609, 1, 033 = 1, 0927, 1, 03−1 = 0, 9709,
1, 03−2 = 0, 9426, 1, 03−3 = 0, 9151.

1
MA12 – Matemática Discreta – AV3 – 2012

Questão 4.

(a) Mostre, por indução finita, que


1 1 1 7
+ + ... + ≥
n+1 n+2 2n 12
para todo número natural n ≥ 2.
1 1 1
(b) Use este fato para explicar por que a soma 1 + 2 + 3 + 4 + . . . cresce sem limite.

Questão 5.

Cada bolinha nas figuras abaixo deve ser colorida com uma das cores azul, branca, vermelha ou preta, de modo
que as bolinhas ligadas por um segmento tenham cores diferentes.

(a) De quantos modos se pode colorir a figura da esquerda?


(b) De quantos modos se pode colorir a figura da direita?

2
AV3 - MA 12 - 2012

Questão 1.
1
Uma moeda, com probabilidade 3 de dar cara, é lançada 40 vezes.
(a) Explique por que a probabilidade pk de se obter k caras nos 40 lançamentos é dada por
 k  40−k
1 2
pk = C40,k ,
3 3
para k = 0, 1, 2, . . . , 40.
(b) Calcule para que valores de k tem-se pk+1 > pk .
(c) Utilize (b) para obter o valor de k para o qual a probabilidade de se obter k caras é máxima.

UMA SOLUÇÃO

(a) A probabilidade de saírem k caras e 40 − k coroas em 40 lançamentos, numa ordem específica, é a probabilidade
de sair cara elevada à potência k vezes a probabilidade de sair coroa elevada à potência 40 − k. Neste caso,
 k  40−k
1 2
.
3 3
Mas o número de maneiras (ou ordens) que podem sair as k caras é o número de maneiras de se escolher k elementos
entre 40, ou seja, C40,k . Por isso a fórmula do enunciado.

(b) Lembramos que


40!
C40,k = .
k!(40 − k )!
Então pk+1 > pk se, e somente se,
 k+1  40−k−1  k  40−k
40! 1 2 40! 1 2
> .
(k + 1)!(40 − k − 1)! 3 3 k!(40 − k)! 3 3
Ou seja, se, e somente se,
1 1 1 2
· > · ,
k+1 3 40 − k 3
38
cancelando os fatores comuns nos dois lados. Portanto pk+1 > pk se, e somente se, 40 − k > 2k + 2, isto é, k < 3 .
Como k é inteiro, isto é equivalente a k ≤ 12.

(c) De (b) vale


p0 < p1 < p2 < . . . < p12 < p13 .

Vale, também,
p13 ≥ p14 ≥ . . . ≥ p40 ,

embora valham, de fato, as desigualdades estritas, se for aplicado raciocínio análogo àquele feito em (b). O valor
máximo, ocorre, portanto, em k = 13.

1
AV3 - MA 12 - 2012

Questão 2.

A soma dos n primeiros termos de uma progressão aritmética é dada por Sn = 2n2 − 15n.
(a) Determine o décimo termo da progressão.
(b) Encontre o primeiro termo positivo da progressão.

UMA SOLUÇÃO

(a) O décimo termo é S10 − S9 , isto é,

(2 · 102 − 15 · 10) − (2 · 92 − 15 · 9) = 23 .

(b) Queremos saber para quais valores de n o n-ésimo termo, isto é, a expressão Sn − Sn−1 , é maior do que zero.
Temos
(2n2 − 15n) − (2(n − 1)2 − 15(n − 1)) = 4n − 17 ,

logo o primeiro termo positivo ocorre para o primeiro n tal que 4n − 17 > 0, isto é, para n = 5.

2
AV3 - MA 12 - 2012

Questão 3.

Um comerciante, para quem o dinheiro vale 3% ao mês, oferece determinado produto por 3 prestações mensais
iguais a R$ 100,00, a primeira paga um mês após a compra.
(a) Que valor o comerciante deve cobrar por este produto, no caso de pagamento à vista?
(b) Se um consumidor desejar pagar o produto em três prestações mensais iguais, sendo a primeira paga no
ato da compra, qual deve ser o valor das parcelas?

Utilize, se desejar, os seguintes valores para as potências de 1,03: 1, 032 = 1, 0609, 1, 033 = 1, 0927, 1, 03−1 = 0, 9709,
1, 03−2 = 0, 9426, 1, 03−3 = 0, 9151.

UMA SOLUÇÃO

(a) Trazendo os valores das prestações a valor presente e somando, obtemos o valor para o pagamento à vista:

100 100 100 100


+ 2
+ = (1 + 1, 03−1 + 1, 03−2 )
1, 03 1, 03 1, 033 1, 03
100 1 − 1, 03−3
= ·
1, 03 1 − 1, 03−1
1 − 0, 9151 8, 49
≃ 100 · = 100 · = 283 .
0, 03 3
O resultado pode ser um pouco diferente dependendo de como são usados os arredondamentos.

(b) Não é preciso saber o valor à vista. Basta trazer em 1 mês cada uma das prestações de 100 reais. Ou seja, cada
uma deve ser de 100 · 1, 03−1 , que é aproximadamente igual a 97,09 reais.

3
AV3 - MA 12 - 2012

Questão 4.

(a) Mostre, por indução finita, que


1 1 1 7
+ +...+ ≥
n+1 n+2 2n 12
para todo número natural n ≥ 2.
1
(b) Use este fato para explicar por que a soma 1 + 2 + 31 + 14 + . . . cresce sem limite.

UMA SOLUÇÃO

1
+ 41 , que é igual a 12
(a) Primeiro vejamos que a desigualdade vale para n = 2. O lado esquerdo, neste caso, é 7
.3
Agora suponhamos que a desigualdade valha para um certo n ≥ 2. Iremos mostrar que a correspondente desi-
gualdade também vale para n + 1. Isto é, supondo que vale

1 1 1 7
+ +...+ ≥
n+1 n+2 2n 12
(hipótese de indução), mostraremos que vale

1 1 1 7
+ +...+ ≥ .
( n + 1) + 1 ( n + 1) + 2 2( n + 1) 12

Ora, mas o lado esquerdo pode ser escrito como

1 1 1 1 1 1
 
+ +...+ + + − .
n+1 n+2 2n 2n + 1 2n + 2 n + 1
7
Pela hipótese de indução, a soma entre parênteses é maior do que ou igual a 12 . Então basta mostrar que

1 1 1
+ − ≥ 0.
2n + 1 2n + 2 n + 1
Mas isso é verdade porque
1 1 2 1
+ > = .
2n + 1 2n + 2 2n + 2 n+1

(b) A soma mencionada pode ser agrupada assim:

1 1 1 1 1 1 1
     
1+ + + + +...+ + +...+ +...
2 3 4 5 8 9 16
1 1
Cada agrupamento entre parênteses é da forma + . . . + 2n
n +1 , com n = 2, 4, 8, . . ., isto é, n = 2k para k = 1, 2, 3, . . ..
7
E cada um deles é maior do que ou igual a 12 , conforme demonstrado em (a). Assim, a soma parcial até o termo
k 1 7
2 · 2 é maior do que ou igual a 1 + 2 + k · 12 .
7k
Como a sequência das somas parciais é crescente e para os valores de n = 2k+1 a soma parcial é maior do que 12 ,
então para qualquer valor real M > 0 existirá um n tal que a soma parcial até o n-ésimo termo supera o valor M.
Isso mostra que a série cresce sem limite.

4
AV3 - MA 12 - 2012

Questão 5.

Cada bolinha nas figuras abaixo deve ser colorida com uma das cores azul, branca, vermelha ou preta, de
modo que as bolinhas ligadas por um segmento tenham cores diferentes.

(a) De quantos modos se pode colorir a figura da esquerda?


(b) De quantos modos se pode colorir a figura da direita?

UMA SOLUÇÃO

(a) Na figura da esquerda, há 4 cores possíveis para a bolinha na posição mais alta. Uma vez fixada essa cor, a
bolinha na altura intermediária à esquerda tem 3 possibilidades, e, fixada esta, a da direita tem duas possibilida-
des. Para a bolinha inferior sobram duas possibilidades, ou a cor da bolinha superior ou a cor que não entrou em
nenhuma das 3 bolinhas mais acima. Então são 4 · 3 · 2 · 2 = 48 maneiras.

(b) A figura da direita poderia ser desenhada como a da esquerda, mas sem a ligação entre as duas bolinhas que
estão na posição intermediária. Se essas duas bolinhas têm a mesma cor, então são 4 cores para a bolinha superior,
3 para as intermediárias iguais, e 3 para a inferior (a inferior só não pode ser igual às intermediárias iguais). Isso
dá 4 · 3 · 3 = 36. Se as bolinhas intermediárias têm cores diferentes aí caímos no caso anterior, onde encontramos 48
maneiras. Então o número total de maneiras é 36 + 48 = 84.

5
MA12
-
2013
Sociedade Brasileira de Matemática
Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA12 – Matemática Discreta


Avaliação 1 - MA 12
27 de abril de 2013

1. (valor 3,0)
Paulo economizou durante muitos anos e tem, hoje, R$ 500.000,00 aplicados em um investi-
mento que rende juros de 1% ao mês. A partir do próximo mês, ele pretende fazer uma retirada
mensal de R$ 1.000,00.
a) Seja sn o saldo que resta da aplicação, após fazer a n-ésima retirada. Exprima sn+1 em
termos de sn . Dê também a condição inicial da recorrência obtida. (pontuação parcial 0,5)
b) Obtenha uma expressão para sn em função de n. (pontuação parcial 1,5)
c) Qual é a retirada mensal máxima que Paulo pode fazer de modo que o saldo da aplicação
nunca se torne negativo? (pontuação parcial 1,0)

2. (valor 2,5)
a) Para que valores de b existe uma progressão geométrica para a qual a soma dos n primeiros
termos é igual a 3n+1 + b, para todo n natural? (pontuação parcial 1,0)
b) Quais são o primeiro termo e a razão dessa progressão? (pontuação parcial 1,5)

3. (valor 2,0)
Prove, por indução finita, que

1 1 1 1 1 n
1+ + + + + . . . n−1 > ,
2 3 4 5 2 2

para todo n natural.


4. (valor 1,5)
Na figura abaixo temos uma espiral formada por infinitos semicírculos cujos centros pertencem
ao eixo das abscissas. Se o raio do primeiro semicírculo (o maior) é igual a 1 e o raio de cada
semicírculo é igual à metade do semicírculo anterior, determine:
a) o comprimento total da espiral. (pontuação parcial 0,75)
b) a abscissa do ponto P assintótico da espiral. (pontuação parcial 0,75)

1 2 x

5. (valor 1,0)
a) Se (an ) é uma progressão geométrica de termos positivos, prove que (bn ) definida por
bn = log an é uma progressão aritmética. (pontuação parcial 0,5)
b) Se (an ) é uma progressão aritmética, prove que (bn ) definida por bn = ean é uma progressão
geométrica. (pontuação parcial 0,5)
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Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA12 – Matemática Discreta


Avaliação - GABARITO AV 1 - MA 12
27 de abril de 2013

1. (valor 3,0)
Paulo economizou durante muitos anos e tem, hoje, R$ 500.000,00 aplicados em um investi-
mento que rende juros de 1% ao mês. A partir do próximo mês, ele pretende fazer uma retirada
mensal de R$ 1.000,00.
a) Seja sn o saldo que resta da aplicação, após fazer a n-ésima retirada. Exprima sn+1 em
termos de sn . Dê também a condição inicial da recorrência obtida. (pontuação parcial 0,5)
b) Obtenha uma expressão para sn em função de n. (pontuação parcial 1,5)
c) Qual é a retirada mensal máxima que Paulo pode fazer de modo que o saldo da aplicação
nunca se torne negativo? (pontuação parcial 1,0)

Uma solução:
a) sn+1 = 1, 01.sn − 1 000, com s0 = 500 000 (ou s1 = 504 000).
b) Uma primeira solução pode ser feita resolvendo-se a recorrência acima. Uma solução da
equação homogênea associada an+1 = 1, 01.an é an = 1, 01n−1 .
1 000
Fazendo a substituição sn = an yn , obtemos yn+1 = yn − 1,01 n . Usando a recorrência recem

encontrada e somando os termos, encontramos

1 1
yn = y0 − 1 000(1 + 1
+ ... + )=
1, 01 1, 01n−1
1
1− 1,01n 1
= y0 − 1 000. 1 = y0 − 100 000.1, 01.(1 − )
1 − 1,01 1, 01n
.
1
Daí, sn = an yn = 1, 01n−1 y0 − 100 000.1, 01n .(1 − 1,01 n ) = 1, 01
n−1
y0 − 100 000(1, 01n − 1).

1
Finalmente, de s0 = a0 y0 , obtemos 500 000 = y,
1,01 0
ou seja y0 = 500 000.1, 01. Logo, a
expressão de sn é

sn = 500 000.1, 01n − 100 000(1, 01n − 1) = 400 000.1, 01n + 100 000.
Uma segunda solução desta questão pode ser feita utilizando-se o teorema sobre o valor de
1
1− n
uma série uniforme. O valor das n retiradas, no mês anterior à primeira retirada é 1 000. 0,01
1,01
=
1
100 000(1 − 1,01n ).
Para obter o valor dessas retiradas no mês da n-ésima retirada, devemos multiplicar o valor
no instante inicial por 1, 01n , obtendo 100 000(1, 01n − 1). O valor inicial do investimento, nesta
mesma época, é igual a 500 000 × 1, 01n . Portanto, o saldo restante após a n-ésima retirada é

500 000 × 1, 01n − 100 000(1, 01n − 1) = 400 000 × 1, 01n + 100 000.

c) A maior retirada possível é o rendimento mensal, igual a 0, 01 × 500 000 = 5 000. Podemos
chegar a este resultado resolvendo o item b) para uma retirada genérica p, para a qual obteremos,
após a n-ésima retirada, o valor (50 0000 − 100p) × 1, 01n + 100 000.
Para que este valor nunca se torne negativo, devemos ter 500 000 − 100p ≥ 0, ou seja,
p ≤ 5 000.

2. (valor 2,5)
a) Para que valores de b existe uma progressão geométrica para a qual a soma dos n primeiros
termos é igual a 3n+1 + b, para todo n natural? (pontuação parcial 1,0)
b) Quais são o primeiro termo e a razão dessa progressão? (pontuação parcial 1,5)

Uma solução:
A soma dos n primeiros termos da progessão geométrica de primeiro termo a1 e razão q é

qn − 1 a1 q n a1
S n = a1 = −
q−1 q−1 q−1
a1
Esta expressão deve ser idêntica a 3.3n + b. Devemos ter, portanto, q = 3 e q−1
= 3. Daí,
a1 = 6 e o valor de b é −a
q−1
1
= −3.

3. (valor 2,0)
Prove, por indução finita, que

1 1 1 1 1 n
1+ + + + + . . . n−1 > ,
2 3 4 5 2 2

para todo n natural.

Uma solução:
Seja P (n) a sentença 1 + 12 + 13 + 14 + . . . 2n−1
1
> n2 .
1
P (1) é verdadeira, já que 21−1
= 1 > 12 .
Suponhamos P (n) verdadeira para algum n > 1, ou seja, 1 + 12 + 13 + 14 + . . . 2n−1
1
> n2 , n > 1.
Daí, 1+ 12 + 13 + 14 +· · ·+ 2n−1
1
+ 2n−11 +1 +· · ·+ 21n > n2 + 2n−11 +1 +. . . 21n > n2 + 2 2n = n2 + 12 = n+1
n−1
2
.
Logo, P (n + 1) também é verdadeira. Portanto, pelo Princípio da Indução Finita, P (n) é
verdadeira para todo n natural.

4. (valor 1,5)
Na figura abaixo temos uma espiral formada por infinitos semicírculos cujos centros pertencem
ao eixo das abscissas. Se o raio do primeiro semicírculo (o maior) é igual a 1 e o raio de cada
semicírculo é igual à metade do semicírculo anterior, determine:
a) o comprimento total da espiral. (pontuação parcial 0,75)
b) a abscissa do ponto P assintótico da espiral. (pontuação parcial 0,75)

1 2 x
Uma solução:

a) O comprimento total da espiral é π.1 + π. 12 + π. 14 + · · · = π 1−1 1 = 2π


2

1 1 1
b) A abscissa do ponto P é 2 − 1 + − + ... = 2 −
2 4 1−(−( 12 ))
= 43 .

5. (valor 1,0)
a) Se (an ) é uma progressão geométrica de termos positivos, prove que (bn ) definida por
bn = log an é uma progressão aritmética. (pontuação parcial 0,5)
b) Se (an ) é uma progressão aritmética, prove que (bn ) definida por bn = ean é uma progressão
geométrica. (pontuação parcial 0,5)

Uma solução:
a) Como bn+1 − bn = log an+1 − log an = log an+1an
= log q = constante, sendo q a razão da
progressão geométrica (an ), então (bn ) é uma progressão aritmética.
b) Como bn+1
an+1

bn
= e ean = ean+1 −an = er = constante, sendo r a razão da progressão aritmética
(an ), então (bn ) é uma progressão geométrica.
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Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA12 – Matemática Discreta


Avaliação - AV 2 - MA 12
29 de junho de 2013

1. (2,0) Penélope quer distribuir 6 presentes entre seus sobrinhos Alfredo, Bruno, Carlos e
Daniel, de modo que cada um receba pelo menos um presente. Todos os presentes devem ser
distribuídos.

a) (0,5) Supondo que todos os presentes sejam iguais, de quantos modos ela pode distribuir
os presentes?

b) (1,5) Resolva novamente o item a), supondo agora que todos os presentes sejam diferentes.

2. (2,0) Sejam R o raio da base e h a altura de um cilindro circular reto.

a) (0,5) Calcule a média aritmética e a média geométrica dos valores Rh, Rh e 2R2 .

b) (1,5) Use a desigualdade das médias para calcular qual é a menor área total possível para
um cilindro circular reto com um volume V dado. Que relação deve existir entre o raio da base
e a altura desse cilindro para que ele tenha essa menor área possível?

3. (2,0) João tem dois dados. O dado A tem três faces vermelhas e três azuis. O dado B
tem duas faces vermelhas e quatro azuis. Ele escolhe um dos dados ao acaso e o lança. Se a
face que sai é azul, ele lança a seguir o dado A; se é vermelha, ele lança o dado B.

a) (0,5) Qual é a probabilidade de que o segundo dado lançado seja o dado B?

b) (0,5) Qual é a probabilidade de que saia uma face vermelha no segundo lançamento?

c) (1,0) Se a face que sai no segundo lançamento é vermelha, qual é a probabilidade de que
o primeiro dado lançado tenha sido o A?
4. (2,0) Em uma reunião há 26 pessoas, com idades variando entre 16 e 65 anos.

a) (1,0) Mostre que há na reunião pelo menos um par de pessoas cujas datas de nascimento
estejam espaçadas por menos de 2 anos.

b) (0,5) Existe um mês do ano em que pelo menos k pessoas dentre as presentes na reunião
fazem aniversário. Qual é o maior valor de k para o qual esta sentença é necessariamente
verdadeira?

c) (0,5) Considere a afirmação: Existe um mês em que pelo menos quatro pessoas do mesmo
sexo dentre as presentes na reunião fazem aniversário. Quantas pessoas a mais, no mínimo,
devem chegar à reunião para que se tenha certeza de que esta afirmativa seja verdadeira?

5. (2,0) No sorteio da Mega-Sena, são sorteados, consecutivamente e sem reposição, 6 nú-


meros de 1 a 60.

a) (1,0) Qual é a probabilidade de que o número 23 seja um dos sorteados?

b) (1,0) Qual é a probabilidade de que o último número sorteado seja o maior dos 6 números
que foram sorteados?
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MA12 – Matemática Discreta


Avaliação - GABARITO AV 2 - MA 12
29 de junho de 2013

1. (2,0) Penélope quer distribuir 6 presentes entre seus sobrinhos Alfredo, Bruno, Carlos e
Daniel, de modo que cada um receba pelo menos um presente. Todos os presentes devem ser
distribuídos.
a) (0,5) Supondo que todos os presentes sejam iguais, de quantos modos ela pode distribuir
os presentes?
b) (1,5) Resolva novamente o item a), supondo agora que todos os presentes sejam diferentes.

Uma solução:
a) Uma vez tendo distribuído um presente para cada um dos sobrinhos, sobram 2 presentes,
para distribuir para 4 crianças. O número de modos de fazê-lo é igual ao número de soluções
não negativas de x1 + x2 + x3 + x4 = 2, que é igual a CR4,2 = C5,2 = 10.
É também fácil enumerar todas as possibilidades: há 4 modos de uma das crianças receber
dois presentes adicionais e C4,2 = 6 modos de duas delas receberem um presente adicional cada.
Aqui estão as possibilidades:

ABCD ABCD ABCD ABCD


3111 1311 1131 1113

ABCD ABCD ABCD ABCD ABCD ABCD


2211 2121 2112 1221 1212 1122
b) Primeiro, devemos decidir qual é a quantidade de presentes que cada sobrinho vai receber.
As possibilidades são as seguintes:
• um dos sobrinhos recebe 3 presentes e os demais 1.
O sobrinho a receber os 3 presentes pode ser escolhido de 4 modos. Os presentes dos demais
podem ser escolhidos de 6 × 5 × 4 = 120 modos (os que restarem ficam com o sobrinho que
recebe 3 presentes). O número total de possibilidades é 4 × 120 = 480.
• exatamente dois sobrinhos recebem dois presentes.
Esses sobrinhos podem ser escolhidos de C4,2 = 6 modos. Os presentes dos outros sobrinhos
podem ser escolhidos de 6×5 = 30 modos. Os presentes de um dos sobrinhos a receber 2 presentes
podem ser escolhidos de C4,2 = 6 modos. O número total de possibilidades é 6 × 30 × 6 = 1080.
O número total de modos de distribuir os presentes é 480 + 1080 = 1560.
2. (2,0) Sejam R o raio da base e h a altura de um cilindro circular reto.
a) (0,5) Calcule a média aritmética e a média geométrica dos valores Rh, Rh e 2R2 .
b) (1,5) Use a desigualdade das médias para calcular qual é a menor área total possível para
um cilindro circular reto com um volume V dado. Que relação deve existir entre o raio da base
e a altura desse cilindro para que ele tenha essa menor área possível?

Uma solução:
1
a) A média aritmética é A = (2Rh + 2R2 )/3 e a geométrica é G = (2R4 h2 ) 3 .
b) A área total do cilindro é S = 2πRh + 2πR2 , enquanto que seu volume é V = πR2 h.
Logo

S 2V 2
A= e G3 = 2
3π π
Daí, pela desigualdade das médias, A ≥ G, e portanto

S 2V 2 1 1
≥ ( 2 )3 =⇒ S ≥ 3(2πV 2 ) 3
3π π
1
Assim, a menor área total possível para um volume V fixo é S = 3(2πV 2 ) 3 .
Para que valha a igualdade (e portanto para que o cilindro tenha área total mínima), os
elementos que compõem as médias devem ser todos iguais, logo deve-se ter Rh = 2R2 , ou seja,
h = 2R.

3. (2,0) João tem dois dados. O dado A tem três faces vermelhas e três azuis. O dado B
tem duas faces vermelhas e quatro azuis. Ele escolhe um dos dados ao acaso e o lança. Se a
face que sai é azul, ele lança a seguir o dado A; se é vermelha, ele lança o dado B.
a) (0,5) Qual é a probabilidade de que o segundo dado lançado seja o dado B?
b) (0,5) Qual é a probabilidade de que saia uma face vermelha no segundo lançamento?
c) (1,0) Se a face que sai no segundo lançamento é vermelha, qual é a probabilidade de que
o primeiro dado lançado tenha sido o A?

Uma solução:
a) P (2o dado é B) = P (1o dado é A).P (2o dado é B|1o dado é A)+
+P (1o dado é B).P (2o dado é B|1o dado é B) = 1
2
× 12 + 12 × 1
3
= 5
12
.
É claro que P (1o dado é A) = 7
12
; isto será usado no próximo ítem.

b) P (2a é Vermelha) = P (2o dado é A).P (Vermelha|A) + P (2o dado é B).P (Vermelha|B)
= 12
7
× 12 + 12
5
× 13 = 31
72
.
c) P (1o dado é A|2a é Vermelha) = P(1o dado é A e 2a é Vermelha)/P (2a é Vermelha).
Mas
P (1o dado é A e 2a é Vermelha) = P(1o dado é A e 2o dado é A e 2a é Vermelha)+
+P (1o dado é A e 2◦ dado é B e 2a é Vermelha) = 12 × 12 × 12 + 12 × 12 × 13 = 5
24
.
Logo, P (1o dado é A|2a é Vermelha) =
= P (1o dado é A e 2a é Vermelha)/P (2a é Vermelha) = ( 24
5
)/( 31
72
)= 15
31
.
Estes resultados podem ser obtidos também usando-se diretamente o diagrama:

Segundo
lançamento
Primeiro
lançamento

1/2 Azul

Face azul → A é o dado


selecionado para o segundo Vermelho
1/2 1/2
lançamento

2/3 Azul
Escolha do
Face vermelha → B é o
dado A
dado selecionado para o
1/2 Vermelho
1/2 segundo lançamento 1/3

1/2 Azul
2/3 Face azul → A é o dado
1/2 selecionado para o segundo
Escolha do Vermelho
lançamento 1/2
dado B

2/3 Azul
1/3 Face vermelha → B é o
dado selecionado para o
segundo lançamento Vermelho
1/3

4. (2,0) Em uma reunião há 26 pessoas, com idades variando entre 16 e 65 anos.


a) (1,0) Mostre que há na reunião pelo menos um par de pessoas cujas datas de nascimento
estejam espaçadas por menos de 2 anos.
b) (0,5) Existe um mês do ano em que pelo menos k pessoas dentre as presentes na reunião
fazem aniversário. Qual é o maior valor de k para o qual esta sentença é necessariamente
verdadeira?
c) (0,5) Considere a afirmação: Existe um mês em que pelo menos quatro pessoas do mesmo
sexo dentre as presentes na reunião fazem aniversário. Quantas pessoas a mais, no mínimo,
devem chegar à reunião para que se tenha certeza de que esta afirmativa seja verdadeira?

Uma solução:

a) Sejam x1 ≤ x2 ... ≤ x26 as idades em ordem não decrescente. Por hipótese temos que
x1 ≥ 16 e x26 ≤ 65. Como

(x2 − x1 ) + (x3 − x2 ) + · · · + (x26 − x25 ) = x26 − x1 ≤ 65 − 16 = 49,


então a média aritmética

(x2 − x1 ) + (x3 − x2 ) + · · · + (x26 − x25 )


25
é menor do que 49/25 e pelo menos uma das diferenças (xi+1 − xi ) é menor ou igual do que
49/25 e, portanto, menor do que 2.
Obs.: A rigor, x26 − x1 não é, necessariamente, igual a 49; isto ocorre quando discretizamos o
tempo em anos, mas, de fato, a pessoa com idade x1 pode ter acabado de completar 16 anos e
a pessoa com idade x26 pode estar prestes a fazer 66. Em qualquer caso certamente x26 − x1 é
estritamente menor que 50, o que faz com que a conclusão seja válida.
b) A resposta é k = 3. Como há 26 pessoas e 12 possibilidades para o mês de aniversário,
há um mês em que nasceram no mínimo 26/12 = 2, 1... pessoas. Portanto, há um mês em que
nasceram pelo menos três pessoas. Não se pode garantir que haja 4 pessoas em um mesmo mês
(basta distribuir as pessoas colocando duas em cada um de 10 meses e três em cada um dos
outros 2 meses).
c) Há 24 combinações (gavetas) possíveis de sexo e mês de aniversário. Logo, para que
se possa garantir que haja 4 pessoas em uma mesma gaveta, é preciso que haja pelo menos
24 × 3 + 1 = 73 objetos (pessoas). Portanto, é preciso que cheguem mais 73 − 26 = 47 pessoas.

5. (2,0) No sorteio da Mega-Sena, são sorteados, consecutivamente e sem reposição, 6 nú-


meros de 1 a 60.
a) (1,0) Qual é a probabilidade de que o número 23 seja um dos sorteados?
b) (1,0) Qual é a probabilidade de que o último número sorteado seja o maior dos 6 números
que foram sorteados?

Uma solução:
a) Primeira solução: A probabilidade que 23 saia em cada um dos números sorteados é 1/60.
Logo, a probabilidade de que saia em um deles é 6 × 1/60 = 1/10.
Segunda solução: O número de casos possíveis para o sorteio é 60 × 59 × 58 × 57 × 56 × 55.
O número de casos favoráveis é

6 × 59 × 58 × 57 × 56 × 55
(6 é o número de modos de se escolher a posição do 23 e o produto dos demais fatores dá o
número de modos de se escolher os outros 5 números)
A probabilidade de aparecer o 23 é, portanto,

(6 × 59 × 58 × 57 × 56 × 55)/(60 × 59 × 58 × 57 × 56 × 55) = 1/10

b) Como os números são sorteados ao acaso, todas as ordenações dos números sorteados são
igualmente prováveis. Logo, é igualmente provável que o maior número apareça em cada posição.
Assim, a probabilidade de que ele apareça na última posição é 1/6.
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Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA12 – Matemática Discreta


Avaliação - AV 3 - MA 12
13 de julho de 2013

1. (2,0) Seja (an ) uma progressão aritmética e seja (bn ) a sequência definida por

bn = an + an+1 , ∀n ≥ 1

a) (0,5) Mostre que (bn ) também é uma progressão aritmética.


b) (1,5) Suponha que a soma dos n primeiros termos da sequência (an ) seja igual a 2n2 + 5n,
para todo natural n ≥ 1. Obtenha uma expressão para a soma dos n primeiros termos de (bn ).

2. (2,0) Seja (an ) uma sequência tal que a1 = 2, a2 = 5 e an+2 = an + an+1 , para todo
natural n ≥ 1. Mostre, por indução finita, que

a2 + a4 + a6 + ... + a2n = a2n+1 − 2,


para todo n ≥ 1.

3. (2,0) Considere a bandeira da figura abaixo, formada por seis regiões. Para colori-la, há
lápis de cor de quatro cores diferentes.
a) (0,5) De quantos modos ela pode ser colorida de modo que regiões adjacentes tenham
cores diferentes?
b) (1,5) Resolva o item a), supondo agora que todas as quatro cores sejam utilizadas para
pintar cada bandeira.

4. (2,0) João precisa comprar uma peça para seu carro, com o qual ele espera ficar por mais 3
anos. Ele pode comprar, por R$ 1400, 00, uma peça original, que vai durar todo este período, ou,
por R$ 500, 00, uma peça alternativa, que dura apenas 1 ano. Suponha que o valor do dinheiro
seja de 10% ao ano.
a) (1,0) Mostre que, apesar do desembolso total com a peça alternativa ser maior, ela é a
mais vantajosa para João.
b) (1,0) João acha que pode conseguir um desconto na peça original. A partir de que valor
vale a pena ele optar por ela?

5. (2,0) As faces de um dado honesto são numeradas de 1 a 3 (cada número aparece duas
vezes). Seja pn a probabilidade de que a soma das faces obtidas em n lançamentos seja par.
2 1
a) (1,0) Explique porque a sequência pn satisfaz a recorrência pn+1 = 3
− 3
· pn . Qual é o
valor de p1 ?
b) (1,0) Resolva a equação de recorrência em a) para obter uma expressão para pn .
[Sugestão: determine uma constante k tal que pn = k seja uma solução da recorrência e faça a
substituição pn = yn + k, para obter uma recorrência homogênea ou você também pode usar o método
geral visto no curso para resolver recorrências lineares não homogêneas.]
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Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA12 – Matemática Discreta


Avaliação - GABARITO AV 3 - MA 12
13 de julho de 2013

1. (2,0) Seja (an ) uma progressão aritmética e seja (bn ) a sequência definida por

bn = an + an+1 , ∀n ≥ 1

a) (0,5) Mostre que (bn ) também é uma progressão aritmética.


b) (1,5) Suponha que a soma dos n primeiros termos da sequência (an ) seja igual a 2n2 + 5n,
para todo natural n ≥ 1. Obtenha uma expressão para a soma dos n primeiros termos de (bn ).

Uma solução:
a) bn+1 − bn = (an+1 + an+2 ) − (an + an+1 ) = an+2 − an = 2r, sendo que r é a razão de
(an ). Logo, (bn ) é uma P.A. de razão 2r.
b) Primeira solução:
b1 + b2 + ... + bn = (a1 + a2 ) + (a2 + a3 ) + ... + (an + an+1 ) =
= (a1 + a2 + ... + an ) + (a2 + a3 + ... + an+1 ) = Sn + Sn+1 − S1 =
= 2n2 + 5n + 2(n + 1)2 + 5(n + 1) − 7 = 4n2 + 14n
Segunda solução:
Podemos determinar primeiramente o primeiro termo e a razão de (an ).
A soma dos n primeiros termos de an é

n n n2 r
Sn = (a1 + an ). = (a1 + a1 + (n − 1)r). = r. + (a1 − ).n = 2n2 + 5n
2 2 2 2
r r
Logo, 2 = 2 e (a1 − 2 ) = 5. Daí, r = 4 e a1 = 7. Portanto, (bn ) é uma P.A. cujo primeiro
termo é b1 = a1 + a2 = 7 + 11 = 18 e cuja razão é 2 × 4 = 8.
(alternativamente, podemos observar que S1 = 7 e S2 = 18; daí, a1 = 7 e a2 = 11 e, portanto,
r = 4).
Portanto, a soma dos seus n primeiros termos de (bn ) é

n n
(b1 + bn ). = (18 + 18 + (n − 1).8). = 4n2 + 14n
2 2
.

2. (2,0) Seja (an ) uma sequência tal que a1 = 2, a2 = 5 e an+2 = an + an+1 , para todo
natural n ≥ 1. Mostre, por indução finita, que

a2 + a4 + a6 + ... + a2n = a2n+1 − 2,


para todo n ≥ 1.

Uma solução:
Seja p(n) a afirmação: a2 + a4 + a6 + ... + a2n = a2n+1 − 2.
i) Para n = 1, temos a2 = 5 e a3 = 2 + 5 = 7. Logo, de fato temos a2 = a3 − 2, o que
verifica a validade de p(1 ).
ii) Suponhamos que p(n) seja válida, ou seja, que a2 + a4 + a6 + ... + a2n = a2n+1 − 2. Daí:
a2 + a4 + a6 + ... + a2n + a2n+2 = a2n+1 + a2n+2 − 2 = a2n+3 − 2, o que mostra que p(n + 1 )
é válida.
Logo, pelo princípio da indução finita, p(n) é válida para todo n natural.

3. (2,0) Considere a bandeira da figura abaixo, formada por seis regiões. Para colori-la, há
lápis de cor de quatro cores diferentes.

a) ((0,5) De quantos modos ela pode ser colorida de modo que regiões adjacentes tenham
cores diferentes?
b) (1,5) Resolva o item a), supondo agora que todas as quatro cores sejam utilizadas para
pintar cada bandeira.

Uma solução:
B
A
C
D
F
E

a) Colorindo as regiões na ordem indicada, o número de possibilidades é 4×3×2×3×3×2 =


432
b) Nas condições exigidas, não é possível pintar a bandeira com apenas uma cor ou com
duas cores apenas, mas é possível pintá-la com três cores (sem que regiões adjacentes tenham a
mesma cor).
Colorindo as regiões na ordem indicada com apenas 3 cores, o número de possibilidades é
3×2×1×2×2×1 = 24. Mas as 3 cores a serem usadas podem ser escolhidas de 4 modos. Logo,
o número de modos de colorir a bandeira usando todas as quatro cores é 432 − 4 × 24 = 336.

4. (2,0) João precisa comprar uma peça para seu carro, com o qual ele espera ficar por mais 3
anos. Ele pode comprar, por R$ 1400, 00, uma peça original, que vai durar todo este período, ou,
por R$ 500, 00, uma peça alternativa, que dura apenas 1 ano. Suponha que o valor do dinheiro
seja de 10% ao ano.
a) (1,0) Mostre que, apesar do desembolso total com a peça alternativa ser maior, ela é a
mais vantajosa para João.
b) (1,0) João acha que pode conseguir um desconto na peça original. A partir de que valor
vale a pena ele optar por ela?

Uma solução:

a) Devemos comparar os seguintes esquemas de pagamento:


R$ 1400

0 1 2 3 anos

R$ 500 R$ 500 R$ 500

1 2 3 anos
0

Levando ambos para a data 2:


Peça original: 1400 × (1, 1)2 = 1400 × 1, 21 = 1694
Peça alternativa: 500 × (1, 1)2 + 500 × 1, 1 + 500 = 605 + 550 + 500 = 1655.
Logo, o custo com a peça alternativa é inferior.
b) Para que os esquemas sejam equivalentes, o preço p da peça original deve ser tal que
p × 1, 21 = 1655, ou seja, p = 1655
1,21
≈ 1367, 77 reais.

5. (2,0) As faces de um dado honesto são numeradas de 1 a 3 (cada número aparece duas
vezes). Seja pn a probabilidade de que a soma das faces obtidas em n lançamentos seja par.
2 1
a) (1,0) Explique porque a sequência pn satisfaz a recorrência pn+1 = 3
− 3
· pn . Qual é o
valor de p1 ?
b) (1,0) Resolva a equação de recorrência em a) para obter uma expressão para pn .
[Sugestão: determine uma constante k tal que pn = k seja uma solução da recorrência e faça a
substituição pn = yn + k, para obter uma recorrência homogênea ou você também pode usar o método
geral visto no curso para resolver recorrências lineares não homogêneas.]

Uma solução:

a) pn+1 = P (soma par em n + 1 lançamentos) =


= P (soma par em n lançamentos).P (sai par no lançamento n + 1) +
P ( soma ímpar em n lançamentos).P ( sai ímpar no lançamento n + 1)
Logo
1 2 2 1
pn+1 = pn · + (1 − pn ) · = − · pn
3 3 3 3
O valor de p1 é 1/3.

2
b) Seguindo a sugestão: k = 3 − 13 · k, o que resulta em k = 12 . Fazendo a substituição pn = yn + 21 ,
obtemos

1 2 1 1
yn+1 + = − (yn + ),
2 3 3 2
ou seja yn+1 = (− 31 )yn .
A solução geral desta recorrência homogênea é yn = C(− 13 )n. Logo, pn = 12 + C(− 31 )n . Vamos
determinar C. Substituindo n = 1, obtemos p1 = 13 = 12 + C(− 13 ), que fornece C = 21 . Portanto, a
solução da recorrência é

1 1 1
pn = + · (− )n
2 2 3
.
Vejamos agora como solucionar a mesma questão usando o método geral para resolver recorrências
não homogêneas de primeira ordem.
Uma solução da equação homogênea pn+1 = (− 31 )pn é an = (− 13 )n . Fazendo a substituição
pn = an yn , temos

1 2 1 1
(− )n+1 yn+1 = − (− )n yn ,
3 3 3 3
ou seja, yn+1 − yn = 32 · (−3)n+1 .
Escrevendo esta igualdade para n variando de 1 a n − 1 e somando:

2   (P G) 3 
yn − y1 = ( ) (−3)2 + ... + (−3)n ) = · 1 − (−3)n−1

3 2
.
3
Daí yn = y1 + 2 · [1 − (−3)n−1 ]. Mas p1 = 13 . Logo − 31 · y1 = 13 , ou seja y1 = −1. Logo,

3 3 1 1
yn = −1 + − (−3)n−1 = + (−3)n
2 2 2 2
Daí, finalmente:
1 1 1 1
pn = (− )n yn = · (− )n +
3 2 3 2
RELATÓRIO
DE
DESEMPENHO

MA11
E
MA12
RELATORIO MA11
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5
1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 1,0 0,5 0,5 1,0 1,0 1,0 NOTA
9,43 9,40 7,77 9,28 5,20 3,63 6,08 3,02 2,05 4,59 2,45 5,83
9,42 8,52 4,41 3,30 3,52

25
%
0 2 2 0,45
1 2 0 0 20
2 6 4 0,9
3 21 15 3,36
15
4 75 54 12,11
5 177 102 22,87
6 260 83 18,61 Coluna E
10
7 335 75 16,82
8 386 51 11,43
5
9 424 38 8,52
10 446 22 4,93
17 POLOS 0
Linha 31 Linha 35 Linha 39
Linha 29 Linha 33 Linha 37

Página 1
MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 1 – 2011

Questão 1.
Um pequeno barco a vela, com 7 tripulantes, deve atravessar o oceano em 42 dias. Seu suprimento de água potável
permite a cada pessoa dispor de 3,5 litros de água por dia (e é o que os tripulantes fazem). Após 12 dias de viagem,
o barco encontra 3 náufragos numa jangada e os acolhe. Pergunta-se:

(1.0) (a) Quantos litros de água por dia caberão agora a cada pessoa se a viagem prosseguir como antes?

(1.0) (b) Se os 10 ocupantes de agora continuarem consumindo 3,5 litros de água cada um, em quantos dias, no máximo,
será necessário encontrar uma ilha onde haja água?

Questão 2.

(1.0) (a) Quais são os valores de y para os quais existe uma função quadrática f : R → R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e
f (3) = y?

(1.0) (b) Tome y = 9 e determine a função quadrática correspondente. Justifique seus argumentos.

Questão 3.

(1.0) (a) Seja f : A → B uma função. Dê as definições de f (X) e f −1 (Y ), para X ⊂ A e Y ⊂ B. Se f : R → R é dada
por f (x) = 2x2 + 3x + 4, determine os conjuntos f (R) e f −1 (3).

(1.0) (b) Seja f : A → B uma função. Prove que f (X ∪ Y ) = f (X) ∪ f (Y ), quaisquer que sejam X, Y ⊂ A. Dê um
exemplo em que f (X ∩ Y ) 6= f (X) ∩ f (Y ).

Questão 4.

(0.5) (a) Se r 6= 0 é um número racional, prove que r 2 é irracional.

(0.5) (b) Dado qualquer número real ǫ > 0, prove que existe um número irracional α tal que 0 < α < ǫ.

(1.0) (c) Mostre que todo intervalo [a, b], com a < b, contém algum número irracional.

Questão 5.
Sejam m e n números naturais primos entre si.

(1.0) (a) Mostre que m


n é equivalente a uma fração decimal (isto é, com denominador potência de 10) se, e somente se,
n não tem fatores primos diferentes de 2 ou 5.

(1.0) (b) Mostre que se n tem outros fatores primos além de 2 ou 5 então a expansão decimal é infinita e, a partir de
um certo ponto, periódica.
RELATORIO MA12
Questão 1 Questão 2 Questão 3 Questão 4 Questão 5 NOTA
0,5 0,5 1 1 1 0,4 0,8 0,8 1 1 0,5 1 0,5
9,78 9,71 6,80 9,61 8,15 8,80 5,59 6,88 9,61 6,90 7,29 4,38 5,17 7,49
8,27 8,88 6,75 8,26 5,31

20
%
18
0 0 0 0
16
1 0 0 0
2 3 3 1,1 14
3 10 7 2,57 12
4 29 19 6,99 10
5 56 27 9,93 Coluna E
8
6 94 38 13,97
7 141 47 17,28 6
8 184 43 15,81 4
9 223 39 14,34 2
10 272 49 18,01
0
11 POLOS
Linha 26 Linha 30 Linha 34
Linha 24 Linha 28 Linha 32

Página 1
MA12 – Matemática Discreta – Prova 1 – 2011

Questão 1.
Considere a sequência (an )n≥1 definida como indicado abaixo:

a1 = 1
a2 = 2+3
a3 = 4+5+6
a4 = 7 + 8 + 9 + 10
...

(0.5) (a) O termo a10 é a soma de 10 inteiros consecutivos. Qual é o menor e o qual é o maior desses inteiros?

(0.5) (b) Calcule a10 .

(1.0) (c) Forneça uma expressão geral para o termo an .

Questão 2.
Um comerciante, para quem o dinheiro vale 5% ao mês, oferece determinado produto por 3 prestações mensais
iguais a R$ 100,00, a primeira paga no ato da compra.

(1.0) (a) Que valor o comerciante deve cobrar por esse produto, no caso de pagamento à vista?

(1.0) (b) Se um consumidor desejar pagar o produto em três prestações mensais iguais, mas sendo a primeira paga um
mês após a compra, qual deve ser o valor das parcelas?

Utilize, se desejar, os seguintes valores para as potências de 1, 05: 1, 052 = 1, 1025; 1, 05−1 = 0, 9524; 1, 05−2 = 0, 9070.

Questão 3.
Considere o conjunto dos números escritos apenas com os algarismos 1, 2 e 3, em que o algarismo 1 aparece uma
quantidade par de vezes (por exemplo, 2322 e 12123). Seja an a quantidade desses números contendo exatamente n
algarismos.

(0.4) (a) Liste todos esses números para n = 1 e n = 2, indicando os valores de a1 e a2 .

(0.8) (b) Explique por que an satisfaz a equação de recorrência an+1 = (3n − an ) + 2an , para n ≥ 1 (note que 3n é o
número total de números com n algarismos iguais a 1, 2 ou 3).

(0.8) (c) Resolva a equação de recorrência em (b).


MA12 – Matemática Discreta – Prova 1 – 2011

Questão 4.

(1.0) (a) Mostre, por indução finita, que

(2n − 1)3n + 1
1 · 30 + 2 · 31 + 3 · 32 + . . . + n · 3n−1 = .
4

(1.0) (b) Seja (an )n≥1 progressão geométrica com termo inicial a1 positivo e razão r > 1, e Sn a soma dos n primeiros
termos da progressão. Prove, por indução finita, que Sn ≤ r−1 an ,
r
para qualquer n ≥ 1.

Questão 5.
Seja (xn )n≥0 sequência definida pela relação de recorrência xn+1 = 2xn + 1, com termo inicial x0 ∈ R.

(0.5) (a) Encontre x0 tal que a sequência seja constante e igual a um número real a.

(1.0) (b) Resolva a recorrência com a substituição xn = yn + a, em que a é valor encontrado em (a).

(0.5) (c) Para que valores de x0 a sequência é crescente? Justifique.


OUTROS
MATERIAIS
MA12
MATEMÁTICA
DISCRETA
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA – PROFMAT

MATEMÁTICA DISCRETA

CUIABÁ – 04/2012

1) Prove que a função N  N  N definida por f(m,n) = 2 .3  1 é injetiva.


m n

Solução:

Devemos mostrar que dados (m1 , n1 ) e (m2 , n2 ) , tais que: f (m1 , n1 )  f (m2 , n2 ) , então
(m1 , n1 )  (m2 , n2 )

De fato!

Sejam (m1 , n1 ) e (m2 , n2 ) pertencente a N x N, tais que f (m1 , n1 )  f (m2 , n2 ) . Então


temos que:

2m1 .3n1  1  2m2 .3n2  1 , que nos leva a 2m1 .3n1  2m2 .3n2 .

Como temos potências com expoentes naturais, então podemos aplicar a divisão de
um mesmo termo em ambos os lados. Logo:

2m1 m2  3n2 n1

Esta igualdade vem das propriedades da potenciação. Como 2 e 3 são primos entre
si, temos que esta igualdade só será satisfeita quando o expoente for igual a zero,
isto é:

m1  m2  0  n2  n1 , mas isto só acontece se (m1 , n1 )  (m2 , n2 ) . c.q.d

2) Quando dividimos a soma 1! + 2! + 3! + 4! + ... + 50! Por 15, qual é o resto?

Solução:

O resto é 3.
Com efeito!

Observe que a partir de 5! temos a seguinte situação: 5! = 5x4x3x2x1 = 15q, para


algum q natural.

Logo podemos de maneira análoga arrumar 6!, ..., 50! Como múltiplos de 15. Logo
temos que:

1! + 2! + 3! + 4! + ... + 50! = 1 + 2 + 6 + 24 + 15j, para algum j natural.

1! + 2! + 3! + 4! + ... + 50! = 3 + 30 + 15j = 3 + 15w, para algum w natural.

Portanto a divisão desta soma por 15 é igual a 3.

3) Os números 210, 301 e 352 escrito na base b, estão em PA. Determine b.

De maneira geral, um número natural N pode ser representado em uma base b


através do polinômio:

N  a0b0  a1b1  ...  anbn , com n natural e 0  ai  b  1 .

Sabendo disso temos que a representação destes números na base b é dada por:

210  2b2  b , 301  3b2  1 e 352  3b2  5b  2 . Como estes números estão em PA

temos que: 301 – 210 = 352 – 301, logo: 3b  1  (2b  b)  3b  5b  2  (3b  1) .


2 2 2 2

Resultando em: b²- b + 1 = 5b + 1, implicando em: b² - 6b = 0 = b(b - 6). Desta


forma b = 0 ou b = 6, logo temos que b = 6.

Transformando os números para a base decimal temos que: 210 = 78 na base dez;
301 = 109 na base 10 e 352 = 140 na base 10. Logo de fato a base é 6, pois 109 – 78
= 140 – 109 = 31. Logo r = 31 e a PA = {...,78,109,140,...}.

4) Uma quantidade de 500 reais foi investida em uma conta remunerada a


uma taxa de juros compostos anual de 10%:
Dados: i = 0,1 ao ano, Capital = R$ 500,00.
Pelo Teorema 2 da página 3 da unidade 9 temos que o montante daqui a n anos é

dado por: Cn  500(1.1) .


n

a) Escreva a definição recursiva da quantia P(n) na conta no início do (n)-


ésimo ano.

Chamando de Cn  P(n) , temos que a definição recursiva da quantia na conta no

início do (n)-ésimo ano é: P(n)  500(1.1) .


n

b) Depois de quantos anos a quantia investida excederá 700 reais.


Fazendo a iteração na definição da letra a, geramos a seguinte seqüência:
P(n)  {550,605,665.5,732.05,805.255,...} , logo observamos que depois de

quatro anos a quantia chegará a R$ 732,05 excedendo o valor de R$ 700,00.

5) Escreva a função recursiva de cada uma das seqüências:


a) a, b, a + b, a + 2b, 2a + 3b, .........
Observe que:
x1  a
x2  b
x3  a  b  x2  x1
x4  a  2b  x3  x2
x5  2a  3b  x4  x3

Logo concluímos que a função recursiva é:


xn2  xn1  xn , com x1  a e x2  b .

b) p, q, p – q, p + q, p – 2q, p + 2q, p – 3q, ...........


Observe que a partir do terceiro termo temos expressões parecidas, alterando
apenas o sinal. Desta forma podemos dividir em duas subseqüências: para n
par e para n ímpar. Do terceiro termo em diante observamos a seguinte
relação entre os termos e o q da expressão: (Termo * coeficiente de q): 3 * 1,
5 * 2, 7 * 3,..., n * ((n – 1): 2) e 4 * 1, 6 * 2, 8 * 3, ...., n * (n – 2): 2). Logo
temos a seguinte situação:
x1  p x2  q
 3 1   4 2 
x3  p  q  p   q x4  p  q  p   q
 2   2 
 5 1   6 2 
x5  p  2q  p   q x6  p  2q  p   q
 2   2 
 5 1   8 2 
x7  p  3q  p   q x8  p  3q  p   q
 2   2 

 n 1   n 2 
xn  ímpar  p   q xn  par  p   q
 2   2 
Logo concluímos que a função recursiva é dada por:
  n 1 
n  ímpar : xn  p   2  q
  
xn  
n  par : x  p   n  2  q
  
, com x1  p e x2  q .
n
 2 

6) Calcular:
n

k
k 1
4

a)
Solução:
A idéia para solucionar este exercício é dada na Unidade 5 – página 9 – Somas
polinomiais.
Devemos partir de:
(k  1)5  k 5  5k 4  10k3  10k2  5k  1
Aplicando o somatório em ambos os lados e juntamente as propriedades, temos que:
n n n n n n

[(k  1)5  k 5 ]  5 k 4  10 k3  10 k2  5 k  1


k 1 k 1 k 1 k 1 k 1 k 1

Da teoria e dos exercícios temos que:


n
n(n  1)(2n  1) n
n(n  1) n n

k
k 1
2

6
k 
k 1 2 ,
1  n
k 1
k
k 1
3

, . Não temos a expressão , todavia

usando a mesma idéia inicial, isto é: (k  1)  k , chegamos à seguinte expressão:


4 4

2
n
n4  2n3  n2  n(n  1) 

k 1
k 
3

4

 2 

Logo temos que:


n n n n n n

[(k  1)
k 1
5
 k 5 ]  5 k 4  10 k 3  10 k 2  5 k  1
k 1 k 1 k 1 k 1 k 1
  n(n  1) 2 
n
 n(n  1)(2n  1)   n(n  1) 
(n  1)  1  5 k  10  
5 4
   10    5 n

k 1  2    6   2 

Desenvolvendo e simplificando esta igualdade chegamos em:


n
n 4
k
k 1
4

30
(6n  15n3  10n2  1)

n
1
k
k 2
2
1
b)

Solução:
n
1 n
 1 
k
k 2
2
 
 1 k 2  (k  1).(k  1)  . Vamos tentar encontrar A e B tais que:

Observe que:
n
 1  n
 A B 
  (k  1).(k  1)     k  1  k  1 
k 2 k 2

Resolvendo um sistema de equações encontramos A = -1/2 e B = 1/2. Logo temos que:


n
1 n
 1  n  A B  n  1/2 1/2  n  1 1 
k
k 2
 
2              
 1 k 2  (k  1).(k  1)  k 2  k  1 k  1  k 2  k  1 k  1  k 2  2(k  1) 2(k  1) 
Desenvolvendo este somatório temos que:
n
 1 1  1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1
   2(k  1)  2(k  1)    6  2  8  4  10  6  ...  2(n  1)  2(n  3)  2n  2(n  2)  2(n  1)  2(n  1)
k 2

Desta forma observamos que sobrarão os dois primeiros termos positivos e os dois últimos
termos negativos, isto é:

n
1 1 1 1 1 3  2(n  1)  2n  3n2  n  2

k 2 k  1
2
       
2 4 2n 2(n  1) 4  4n(n  1)  4n(n  1)
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA – PROFMAT

MATEMÁTICA DISCRETA

1) Prove que:
1 1 1
(a)1    ...  2 n
2 3 n , para todo n maior ou igual a um.

Solução:

Para n = 1 temos verdadeiro, pois 1 < 2. OK.

Logo, suponha válido para n = k, isto é:

1 1 1
1   ...  2 k
2 3 k , para todo K maior ou igual a um.

Devemos mostrar verdadeiro para K + 1, isto é:

1 1 1 1
1   ...    2 k 1
2 3 k k 1 , para todo K maior ou igual a um.

De fato!

Veja que:

1 1 1  1   1 
1   ...   2 k  
2 3 k  k 1   k 1 

1
4 k  4K 
Agora como k é maior ou igual a 1, temos que k  1 . Logo temos que:

1 1
4 k  4K   4k  4k  4  4  
k 1 k 1
 k 1 
2
1
   1 
2
 4k  4(k  1)  2.2     2 k  2 k 1   
 k 1  k 1  k 1 
1 1
 2 k 2 k 1  2 k   2 k  1.
k 1 k 1
1 1 1 1 1
1   ...   2 k   2 k  1.
Portanto 2 3 k k 1 k 1 , como queríamos
demonstrar.

OBS: estas passagens são garantidas, pois k é maior ou igual a 1.

n3 2 2
(b)12  22  ...  (n  1)2   1  2  ...  n2
3 , para todo n maior ou igual a dois.

Solução:

n.  n  1 .  2n  1
12  22  ...  n2 
Afirmação 1: 6

De fato!

Para n = 1 OK, pois 1 = ((1.2.3)/6)

k.  k  1 . 2k  1
12  22  ...  k 2 
Suponha válido para n = k, isto é: 6 , devemos mostrar

12  22  ...  k 2   k  1 
2  k  1.  k  2. 2k  3
válido para k + 1, isto é: 6 .

Veja que:
k.  k  1 . 2k  1
12  22  ...  k 2   k  1    k  1
2 2

6
k.  k  1 . 2k  1  k  1  k  1  2k  3 . k  2 
  k  1  k. 2k  1  6  k  1     
2

6 6 6

12  22  ...  n2   n  1 
 n  1  2n  3 . n  2    n  1 .  n  2 . 2n  3
   
2

E, portanto: 6 6 .

Agora veja que (pela afirmação 1):

12  22  ...   n  1 
2  n  1 n . 2n  1  n.n.2n  2n3  n3
6 6 6 3 , pois n – 1 < n e 2n – 1 <

2n, para todo n maior ou igual a 2.

De mesmo modo, temos que:


n.  n  1 . 2n  1 n.n.2n 2n3 n3
12  22  ...   n  
2
  
6 6 6 3 , pois n + 1 > n e 2n + 1 > 2n,

para todo n maior ou igual a 1. Logo concluímos que:

n3 2 2
12  22  ...   n  1   1  2  ...   n 
2 2

3 , para todo n maior ou igual a 2.

1 1 1
(c)1    ...  n  2
2 4 2 , para todo n maior ou igual a um.

Solução:

Para n = 1 temos verdadeiro, pois 1 < 2. OK.

Logo, suponha válido para n = k, isto é:

1 1 1
1    ...  k  2
2 4 2 , para todo k maior ou igual a um.

Devemos mostrar verdadeiro para k + 1, isto é:

1 1 1
1    ...  k1  2
2 4 2 , para todo k maior ou igual a um.

De fato!

Veja que:

1 1 1
1    ...  k
2 4 2 , consiste na soma dos k primeiros termos de uma PG de razão ½.

n 1
1
an   
Seja 2 , então temos a seguinte sequencia = {1,1/2,1/4,...,1/k}.

  1 k 
 1    
2    2k  1 2 k
Sk  a1  a2  ...  ak  a1 
1
 1  k  2   2
1
1  2  2k  1 2k  1
2

Agora precisamos mostrar verdadeiro para Sk 1 . Veja que:


k
1 1 2k 1  1 2k 1
Sk 1  Sk  ak 1  2     2  k   k 2
2 2 2k 2

1 1 1 1
Sk 1  a1  a2  ...  ak  ak 1  1    ...  k  k 1  2
Portanto: 2 4 2 2 .

2) Suponha que 51 números são escolhidos dos números de 1 até 100. Mostre
que existem dois pares destes números que não tem divisor primo comum.

Solução:

Inicialmente observe que dois números consecutivos são primos entre si, pois,
necessariamente um será par e o outro ímpar. De 1 até 100 temos 100 números,
pois, 50 são pares: {2,4,6,...,100} e 50 são ímpares: {1,3,5,...,99}. Na pior das
hipóteses teremos 50 números pares e um ímpar ou 50 números ímpares e um par.

Caso 1) 50 números pares e um ímpar.

Se este impar for 1, temos (1,2) e (1,3), dois pares de números que não tem divisor
primo comum.

Se este impar for 99, temos que (98,99) e (99,100), dois pares de números que não
tem divisor primo comum.

De maneira análoga para qualquer outro impar mostramos o par de números que não
tem divisor primo comum.

OBS: Para todos os outros casos a análise é a mesma.

Caso 2) 50 números ímpares e um par

Se este par for 2, temos que (2,1) e (2,3) dois pares de números que não tem divisor
primo comum.

Se este par for 100, temos que (100,99) e (100,97) dois pares de números que não
tem divisor primo comum.

OBS: Para todos os outros casos a análise é a mesma.


3) Use a Boa-ordenação para provar que se X é um conjunto tal que n(X) = n
n
tem 2 subconjuntos.

Solução:

Uma análise inicial consiste na demonstração empírica, isto é, vejamos alguns


casos:

Se X = {1}. Logo n(X) = 1 e P(X )  {,1} , ou seja, P(X) tem 2 subconjuntos.

Se X = {1,2}. Logo n(X) = 2 e P(X)  {,1,2,(1,2)} , ou seja, P(X) tem 4


subconjuntos.

Se X = {1,2,3}. Logo n(X) = 3 e P(X)  {,1,2,3,(1,2),(1,3),(2,3),(1,2,3)} , ou seja, P(X)


tem 8 subconjuntos.

Intuitivamente observamos que se X possui n elementos, P(X) possui


2n subconjuntos. Daí, se acrescentamos um novo elemento k em X, este elemento é

unido a cada subconjunto de P(X), logo ele gera a mesma quantidade de elementos
que já existem em P(X), isto é, 2  2  2.2  2 .
n n n n1

Uma demonstração matemática é dada pela indução matemática. Veja:

Para n = 1 , OK, pois fazendo X={a}, temos como subconjuntos de X o  e o {a}.

Agora, supondo que a afirmação seja verdadeira para um conjunto X com n


elementos, daí para um conjunto Y com (n + 1) elementos. Fixando {a} pertencente
a Y e seja X = Y – {a}. Assim, há dois tipos de Subconjuntos de Y, aqueles que não
n
contêm a, ou seja, os conjuntos das partes de X, que somam 2 subconjuntos e
n
aqueles que contêm a, que também somam 2 subconjuntos, daí o total de
subconjuntos de Y é dado por 2  2  2.2  2 . Portanto, a afirmação é válida para
n n n n1

todo n natural.

4) Mostre que entre quaisquer quatro números podemos encontrar 2 números


de modo que a diferença entre eles é divisível por 3.
Solução:
A resolução deste exercício é feita mediante o Princípio das casas de Pombos, pois dado
um número inteiro qualquer, a divisão dele por 3 pode ser representada de três
maneiras: múltiplo de 3, resto 1 ou resto 2. Desta forma tendo 4 números (pombos) e
tendo apenas 3 casas (múltiplo de 3, resto 1 ou resto 2), necessariamente dois deles
ficarão na mesma casa, ou seja, a diferença entre eles seja um múltiplo de 3 e
automaticamente será divisível por 3.

Uma demonstração algébrica pode ser dada da seguinte maneira:


Sejam A, B, C e D números inteiros, tais que: A = 3k, B = 3w + 1, C = 3f + 2 e D
deixaremos variável.
Assim as possibilidades de D são: D = 3c, D = 3c + 1 ou D = 3c + 2.
Logo se:
D = 3c , então D – A = 3(c – k) e portanto será divisível por 3.
D = 3c + 1 , então D – B = 3(c – w) e portanto será divisível por 3.
D = 3c + 2 , então D – C = 3(c – f) e portanto será divisível por 3.

5) Mostre que entre quaisquer n + 1 números podemos encontrar 2 números
de modo que a diferença entre eles é divisível por n.
Este exercício é a generalização do exercício anterior e é solucionado pelo Principio das
casas de pombos, pois dado um numero inteiro qualquer, a divisão dele por n pode ser
representada de n maneiras: múltiplo de n, resto 1, resto 2, ... , resto n - 1. Desta forma
tendo n + 1 números (pombos) e tendo apenas n casas (múltiplo de n, resto 1, resto 2, ...
, resto n - 1), necessariamente dois deles ficarão na mesma casa, ou seja, a diferença
entre eles seja um múltiplo de n e automaticamente será divisível por n.

Uma demonstração algébrica pode ser dada da seguinte maneira:


Sejam A1, A2, A3, ... , An e D números inteiros, tais que: A1 = nk, A2 = nw + 1, A3 =
nf + 2, ... , An = nt + (n-1) e D deixaremos variável.
Assim as possibilidades de D são: D = nc, D = nc + 1, D = nc + 2, ... , D = nc + (n-1)
Logo se:
D = nc , então D – A1 = n(c – k) e portanto será divisível por n.
D = nc + 1 , então D – A2 = n(c – w) e portanto será divisível por n.
D = nc + 2 , então D – A3 = 3(c – f) e portanto será divisível por n.
.
.
.
D = nc + (n-1) , então D – An = n(c – t) e portanto será divisível por n.

6) Sejam A e B conjuntos com m e n elementos, respectivamente. Quantas
funções injetivas existem de A em B?
Solução:
Inicialmente vamos estudar o caso de m = n.
Sejam A e B conjuntos com m elementos.
1) Quantas funções existem de A em B?
Para cada elemento de A, temos m opções em B, logo o número de funções é: m x

m x ... x m (m vezes), isto é: m.m. m  m .


m

2) Quantas funções são injetivas?


Para o primeiro elemento de A, temos m opções. Para o segundo elemento de A,
temos (m – 1) opções. ... . Para o m – ésimo elemento temos uma opção. Logo
temos m . (m – 1).(m – 2). ... .1 = m!

Agora vamos analisar o caso de m diferente de n.


Sejam A e B conjuntos com m e n elementos, respectivamente.
* Caso 1) m < n
- Quantas funções existem de A e B?
Para cada elemento de A, temos n opções. Logo temos n x n x ... x n (m vezes), isto
m
é, n funções.
- Quantas funções são injetivas?
Para o primeiro elemento de A, temos n opções. Para o segundo elemento de A,
temos ( n – 1) opções. Para o terceiro elemento de A, temos (n – 2) opções. ... . Para
o m – ésimo elemento de A, temos (n – (m – 1)) opções. Logo temos n x (n – 1) x (n
– 2) x ... x (n – (m – 1), isto é, um arranjo.
n.  n  1 .  n  2  .....  n   m  1  .  n  m !
n.  n  1 .  n  2  .....  n   m  1  
n!
 A
 n  m !  n  m ! n,m
* Caso 2) m > n
- Quantas funções existem de A e B?
Para cada elemento de A, temos n opções. Logo temos n x n x ... x n (m vezes), isto
m
é, n funções.
- Quantas funções são injetivas?
Neste caso não há nenhuma função injetiva, pois como m > n, teremos elementos
distintos em A com imagens iguais!
MA13
AVALIAÇÕES

MA13

2011-2013
MA13
-
2011
MA13 – Geometria I – Avaliação 1 – 2011

Questão 1.
A figura abaixo mostra uma sequência de circunferências de centros C1 , C2 , . . ., Cn com raios r1 , r2 , . . ., rn ,
respectivamente, todas tangentes às retas s e t, e cada circunferência, a partir da segunda, tangente à anterior.

C1
C2
C3

Considere r1 = a e r2 = b.

(1,0) (a) Calcule r3 em função de a e b.

(1,0) (b) Calcule rn em função de a e b.

Questão 2.
Na figura abaixo, a circunferência de centro I é tangente em D ao lado BC do triângulo ABC e é tangente em E
e F aos prolongamentos dos lados AB e AC, respectivamente.

F
C

I
D

A
B E

(1,0) (a) Mostre que AE é igual ao semiperı́metro do triângulo ABC.

b é a metade do ângulo ACB.


(1,0) (b) Mostre que o ângulo AIB b
MA13 – Geometria I – Avalilação 1 – 2011

Questão 3.

(2,0) Dado um paralelogramo ABCD construa no seu exterior os triângulos equiláteros BCE e CDF . Mostre que
o triângulo AEF é equilátero.

Questão 4.

(2,0) No triângulo ABC, Bb = 68o e C


b = 40o , AD e BE são alturas, M é médio de BC e N é médio de AC. Calcule
os ângulos DNb M e E DN
b .

Questão 5.

(2,0) O triângulo equilátero ABC está inscrito em uma circunferência e P é um ponto qualquer do menor arco BC.
Prove que P A = P B + P C (isto é, que a distância de P ao ponto A é igual à soma das distâncias de P aos
pontos B e C).
Sugestão: Considere um ponto D sobre P A tal que P D = P B.
AV1 - MA 13 - 2011

Questão 1.
A figura abaixo mostra uma sequência de circunferências de centros C1 , C2 , . . ., Cn com raios r1 , r2 , . . ., rn , respec-
tivamente, todas tangentes às retas s e t, e cada circunferência, a partir da segunda, tangente à anterior.

C1
C2
C3

Considere r1 = a e r2 = b.

(1,0) (a) Calcule r3 em função de a e b.

(1,0) (b) Calcule rn em função de a e b.

UMA SOLUÇÃO

C1
a
b C2
A b x C3
B

(a) Todos os centros estão a igual distância das duas retas, portanto estão na bissetriz das retas s e t. Seja A o ponto
de intersecção entre a paralela à reta t passando por C2 e a perpendicular à reta t passando por C1 , e seja B o ponto
de intersecção entre a paralela à reta t passando por C3 e a perpendicular à reta t passando por C2 . Seja x = r3 .

1
Como os triângulos-retângulos AC1 C2 e BC2 C3 são semelhantes, temos

C1 A C B
= 2 ,
C1 C2 C2 C3
isto é,
a−b b−x
= ,
a+b b+x
b2
o que implica x = a .

(b) A relação obtida


r22
r3 =
r1
pode ser reformulada como
r3 r b
= 2 = ,
r2 r1 a
o que mostra que os três raios formam uma progressão geométrica de razão ba . Como a mesma situação ocorre para
b
quaisquer três circunferências consecutivas, a sequência r1 , r2 , . . ., rn , . . . é uma progressão geométrica de razão a e
termo inicial a. Assim   n −1
b b n −1
rn = a · = n −2 ,
a a
para n = 1, 2, 3, . . ..

2
AV1 - MA 13 - 2011

Questão 2.
Na figura abaixo, a circunferência de centro I é tangente em D ao lado BC do triângulo ABC e é tangente em E e
F aos prolongamentos dos lados AB e AC, respectivamente.

F
C

I
D

A
B E

(1,0) (a) Mostre que AE é igual ao semiperímetro do triângulo ABC.

(1,0) (b) Mostre que o ângulo A b b


IB é a metade do ângulo ACB.

UMA SOLUÇÃO

(a) Seja 2p o perímetro do triângulo ABC. Tem-se

2p = AB + BC + CA = AB + BD + DC + CA = AB + BE + CF + CA = AE + AF = 2AE .

Logo AE = p.

b =A
(b) No triângulo ABC, sejam B AC b e ACB
b = C.
b O ângulo externo de vértice B é D BE
b =A b + C.
b Seja A b
IB = θ.
b e D BE
Como AI e BI são bissetrizes dos ângulos C AB b então, no triângulo ABI, o ângulo externo I BE
b é tal que

b+C
A b b
D BE b
A
= = I BE b + Ab
b = I AB IB = +θ.
2 2 2
Logo
b
C
θ= .
2

3
AV1 - MA 13 - 2011

Questão 3.

(2,0) Dado um paralelogramo ABCD construa no seu exterior os triângulos equiláteros BCE e CDF. Mostre que o
triângulo AEF é equilátero.

UMA SOLUÇÃO

A D

α
B
C
F

Primeiro, vemos que BA = DF = CF. A segunda igualdade é consequência de CDF ser equilátero, enquanto a
primeira segue de que AB = CD (pois ABCD é paralelogramo) e CD = DF (pois CDF é equilátero).
Depois, vemos que AD = BE = EC. A segunda desigualdade segue de BCE ser equilátero. A primeira segue de
que AD = BC (pois ABDC é paralelogramo) e BC = BE (pois BCE é equilátero).
Finalmente, vamos mostrar que os ângulos A BE, b e A DF
b ECF b são iguais. Para isso vamos mostrar que todos
são iguais a α + 60o , em que α é o ângulo A BC.
b De fato, isso é evidente para A BE,
b pois BCE equilátero implica
b = 60o . O mesmo para A DF,
C BE b pois A DC b = 60o
b = α (ângulos opostos do paralelogramos são iguais) e C DF
(CDF é equilátero). Finalmente, em torno do ponto C tem-se

b + D CF
BCD b + F CE b = 360o ,
b + ECE

logo
(180o − α) + 60o + ECF
b + 60o = 360o

b = α + 60o , como queríamos demonstrar.


e, portanto, ECF
Portanto os triângulos ABE, FCE e FDA são congruentes, de onde concluímos que AE = EF = AF, isto é, AEF é
equilátero.

4
AV1 - MA 13 - 2011

Questão 4.

(2,0) No triângulo ABC, Bb = 68o e C


b = 40o , AD e BE são alturas, M é médio de BC e N é médio de AC. Calcule os
b M e E DN.
ângulos D N b

UMA SOLUÇÃO

A
E

B D M C

(A figura não foi desenhada com os ângulos prescritos no enunciado)

b = 180o − 68o − 40o = 72o . Segundo, como N é o ponto médio de AC, então é equidistante de
(a) Primeiro, B AC
A e D. Logo AND é isósceles e ND = N A. Pela mesma razão N A = NC, de onde resulta que NDC é isósceles.
b = 40o e que D NC
b = ACB
Disso resulta que N DC b = 180o − 40o − 40o = 100o . Terceiro, MN é paralelo a BA, logo
MNC é semelhante a BAC e, por conseguinte, M NC b isto é, 72o . Portanto, D N
b é igual a B AC, b M = D NC
b − M NC
b =
100o − 72o = 28o .

b = 180o − D NC
(b) ADN é isósceles e A ND b = 80o , logo A DN
b = 50o .
b = 90o = B EA,
Como B DA b então E e D pertencem à circunferência cujo diâmetro é AB. Logo, os ângulos A BE
b e
b inscritos nessa circunferência são iguais. Então A DE
A DE b = 90o − 72o = 18o .
b = A BE
b = A DN
Portanto E DN b = 50o − 18o = 32o .
b − A DE

5
AV1 - MA 13 - 2011

Questão 5.

(2,0) O triângulo equilátero ABC está inscrito em uma circunferência e P é um ponto qualquer do menor arco BC.
Prove que PA = PB + PC (isto é, que a distância de P ao ponto A é igual à soma das distâncias de P aos pontos
B e C).
Sugestão: Considere um ponto D sobre PA tal que PD = PB.

UMA SOLUÇÃO

B C

Seja D o ponto do segmento PA tal que PD = PB. Precisamos mostrar que AD = PC.
Como o arco AB mede 120o , então B PA
b = 60o . Então B PD
b = 60o (é o mesmo ângulo) e, como PB = PD, então
b = 60o e, por conseguinte,
PBD é equilátero, resultando que BD = PB. Também por PBD ser equilátero tem-se B DP
b = 120o .
B DA
b = 240o = 120o , logo B PC
Como o arco BAC mede 240o , então B PC b = B DA.
b Juntando essa informação com a
2
b b b = P BC.
igualdade B AP = BCP, que é evidente da simetria da construção, concluímos que A BD b
Por LAL os triângulos ABD e CBP são congruentes, resultando que AD = PC, como queríamos demonstrar.

6
MA13 – Geometria I – Avaliação 2 – 2011

Questão 1
(2,0) A figura abaixo mostra um triângulo equilátero e suas circunferências inscrita e
circunscrita. A circunferência menor tem raio 1.
Calcule a área da região sombreada.

Questão 2
O poliedro P que inspirou a bola da Copa de 70 é formado por faces
pentagonais e hexagonais, e é construído da seguinte forma:
• Considere um icosaedro regular de aresta a (Fig. 1 abaixo).
• A partir de um vértice e sobre cada uma das 5 arestas que concorrem nesse
a
vértice, assinale os pontos que estão a uma distância de desse vértice. Esses
3
5 pontos formam um pentágono regular (Fig. 2).
• Retirando a pirâmide de base pentagonal que ficou formada obtemos a Fig. 3.
• Repetindo a mesma operação para todos os vértices do icosaedro obtém-se o poliedro P.

Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3

(0,5) (a) Determine quantas são as faces pentagonais e quantas são as faces hexagonais de P.

(0,7) (b) Determine os números de arestas, faces e vértices de P.

(0,8) (c) Sabendo que uma diagonal de um poliedro é todo segmento que une dois vértices que
não estão na mesma face, determine o número de diagonais de P.
MA13 – Geometria I – Avaliação 2 – 2011

Questão 3

Definição: Dado um segmento AB, o plano mediador desse segmento é o plano perpendicular a
AB que contém o seu ponto médio.

1ª Parte
(2,0) Prove que um ponto P equidista de dois pontos A e B se, e somente se, pertence ao plano
mediador de AB.

2ª Parte H
A figura abaixo mostra o cubo ABCD-EFGH de aresta G
a. E
Sejam M, N, P, Q, R e S os pontos médios das arestas F
AB, BF, FG, GH, HD e DA.

(0,5) (a) Mostre que esses seis pontos são coplanares. D


Sugestão: Mostre que qualquer um deles pertence ao plano
mediador da diagonal EC do cubo (a propriedade enunciada na C
primeira parte da questão pode ser utilizada mesmo que você não
A
a tenha demonstrado). B

(0,5) (b) Mostre que o hexágono MNPQRS é regular.

(1,0) (c) Calcule o volume da pirâmide de vértice E e base MNPQRS.

H
3ª Parte G
A figura abaixo mostra o cubo ABCD-EFGH de aresta a.
E
(1,0) (a) Mostre que as retas DB e EC são ortogonais. F

(1,0) (b) Calcule o comprimento da perpendicular


comum entre DB e EC. D
C

A
B
MA13 – Geometria I – Avaliação 2 – 2011
Gabarito

Questão 1
(2,0) A figura abaixo mostra um triângulo equilátero e suas circunferências inscrita e
circunscrita. A circunferência menor tem raio 1.
Calcule a área da região sombreada.

Uma solução:

X
O
Y
B M C

Seja O, o centro do triângulo equilátero ABC e seja M o ponto médio do lado BC como na
figura acima. Pela propriedade do baricentro do triângulo, OA 2 OM e como OM 1 temos
OA 2 .
A região cuja área se pede é formada por duas partes justapostas X e Y como mostra a figura.
Observando que 3 X 3Y é a área da coroa circular formada pelas duas circunferências temos
3( X Y ) 22 12 3 .
Logo, X Y .
Questão 2
O poliedro P que inspirou a bola da Copa de 70 é formado por faces
pentagonais e hexagonais, e é construído da seguinte forma:
•Considere um icosaedro regular de aresta a (Fig. 1 abaixo).
•A partir de um vértice e sobre cada uma das 5 arestas que concorrem nesse
a
vértice, assinale os pontos que estão a uma distância de desse vértice. Esses
3
5 pontos formam um pentágono regular (Fig. 2).
•Retirando a pirâmide de base pentagonal que ficou formada obtemos a Fig. 3.
•Repetindo a mesma operação para todos os vértices do icosaedro obtém-se o poliedro P.

Fig. 1 Fig. 2 Fig. 3

(0,5) (a) Determine quantas são as faces pentagonais e quantas são as faces hexagonais de P.

(0,7) (b) Determine os números de arestas, faces e vértices de P.

(0,8) (c) Sabendo que uma diagonal de um poliedro é todo segmento que une dois vértices que
não estão na mesma face, determine o número de diagonais de P.

Uma solução:

(a) Cada face pentagonal de P apareceu onde havia um vértice do icosaedro. Como o icosaedro
tem 12 vértices então P tem 12 faces pentagonais. Cada face (triangular) do icosaedro deu
origem a uma face hexagonal de P. Como o icosaedro tem 20 faces triangulares então P tem 20
faces hexagonais.

(b) Do item anterior temos F5 12 e F6 20


O número total de faces de P é F F5 F6 1
12 2
20 32 .
3
Contando as arestas temos: 2 A 5 F5 6 F6 5 12 6 20 1
180 , ou seja, A 9 .
90
Como P é convexo então vale a relação de Euler V A F 2 . Portanto, V 6 .
60

(c) Seja d n o número de diagonais de um polígono de n lados.


O número de diagonais de um pentágono é d 5 5 e o de um hexágono é d 6 9.
A soma dos números de diagonais de todas as faces é S F5 d 5 F6 d 6 12
1 5 20
2 240 .
2
Vamos agora construir todos os segmentos cujas extremidades são os V vértices do poliedro P.
A quantidade de diagonais de P é D CV2 A S .
6
60 59
Assim, D C602 9
90 2
240 9
90 240
2 1170
1 330
3 1440.
1
2
Questão 3

Definição: Dado um segmento AB, o plano mediador desse segmento é o plano perpendicular a
AB que contém o seu ponto médio.

1ª Parte
(2,0) Prove que um ponto P equidista de dois pontos A e B se, e somente se, pertence ao plano
mediador de AB.

Uma solução:

Seja M o ponto médio de AB e seja Π o plano mediador de AB.

A
(a) Suponha que P pertença a Π. Se P coincide com M então
Π equidista de A e B. Se não, como AB é perpendicular a Π então AB
P M é perpendicular a MP. Como M é médio de AB então os triângulos
retângulos MPA e MPB são congruentes.
Logo, PA P PB , ou seja, P equidista de A e B.
B

A (b) Suponha que P não pertença a Π. Imaginemos, por exemplo e


sem perda de generalidade, os pontos P e A no mesmo semiespaço
P Π determinado por Π. Como B está no semiespaço oposto a reta PQ
corta Π em um ponto Q. Como Q então, pela parte a),
Q
QA Q QB .
No triângulo PAQ tem-se: PA PQ P Q
QA P
PQ QB
Q PB .
P
B
Assim, P não equidista de A e B.
2ª Parte
A figura abaixo mostra o cubo ABCD-EFGH de aresta a. H
Sejam M, N, P, Q, R e S os pontos médios das arestas G
AB, BF, FG, GH, HD e DA. E
F
(0,5) (a) Mostre que esses seis pontos são coplanares.
Sugestão: Mostre que qualquer um deles pertence ao plano
mediador da diagonal EC do cubo (a propriedade enunciada na
primeira parte da questão pode ser utilizada mesmo que você não a D
tenha demonstrado). C

A
(0,5) (b) Mostre que o hexágono MNPQRS é regular. B

(1,0) (c) Calcule o volume da pirâmide de vértice E e base MNPQRS.

Uma solução:
(a) Tomemos o ponto M, médio da aresta AB. Os
triângulos AME e BMC são congruentes, pois AM B BM ,
0
E AE B BC e MAE MBC 90 9
Logo, ME M MC e, portanto, M pertence ao plano
mediador da diagonal EC.
Analogamente, cada um dos outros pontos: N, P, Q, R e S
C também estão nesse mesmo plano.
A
M B
(b) Cada lado do hexágono é a metade da diagonal de
H Q B
BG a 2
G uma face. Por exemplo, NP .
2 2
E P Seja O, o centro do cubo. Todos os vértices do
R F hexágono possuem mesma distância ao ponto O. A
O distância do centro do cubo a qualquer aresta é a
a 2
metade da diagonal de uma face, ou seja, .
N 2
S Portanto, cada um dos triângulos MON, NOP, ...,
C
SOM é equilátero e o hexágono é regular.
A
M
B
a2 3 3 3a 2
(c) A área do hexágono é 6 .
4 2
a 3
Como a altura da pirâmide é a metade da diagonal do cubo temos OE .
2
1 3 3a 2 a 3 3a 3
O volume da pirâmide é: V .
3 2 2 8
H
3ª Parte G
A figura abaixo mostra o cubo ABCD-EFGH de aresta a.
E
(1,0) (a) Mostre que as retas DB e EC são ortogonais. F

(1,0) (b) Calcule o comprimento da perpendicular


comum entre DB e EC. D
C

A
B

Uma solução:
H
G

Y
D
C
X
A
B

(a) Seja Π o plano diagonal AEGC.


Como AE é perpendicular ao plano ABCD então AE é ortogonal a BD. Mas AC é perpendicular
a BD (pois as diagonais de um quadrado são perpendiculares. Como BD é ortogonal a AE e AC
então BD é perpendicular a Π.
Como EC está contida em Π então BD é ortogonal a EC.

(b) Seja X o ponto onde BD fura o plano Π. O ponto X é o centro da face ABCD.
Sobre o plano Π tracemos XY perpendicular a EC.
Lembrando que BD é perpendicular a Π então BD é perpendicular a XY. Assim, XY é a
perpendicular comum entre BD e EC.

Os triângulos retângulos CYX e CAE são semelhantes. Logo,

XY C
CX XY a 2 2 a 6
→ → XY
AE CE
C a a 3 6
MA13 – Geometria I – Avaliação 3 – 2011

Questão 1
Considere um quadrado ABCD de lado a e seja E o ponto do lado CD tal que
AE BC CE .
(1,0) (a) Calcule o comprimento de CE.
(1,0) (b) Calcule o seno do ângulo CAˆ E .

Questão 2
Um trapézio ABCD tem altura h e bases AB a e CD b . Seja F o ponto de
interseção das diagonais.
(1,0) (a) Calcule as distâncias de F às duas bases.
(1,0) (b) Calcule as áreas dos triângulos ADF e BCF.

Questão 3
Seja ABC um triângulo qualquer. Desenhe exteriormente a ABC os triângulos
equiláteros ABD e ACE.
(1,0) (a) Mostre que DC = BE. Sugestão: use congruência de triângulos.
(0,5) (b) Sendo F o ponto de interseção de DC e BE, mostre que o quadrilátero ADBF
é inscritível.
(0,5) (c) Mostre que AFˆ B BFˆC CFˆA 1200 .

Questão 4
Seja um plano horizontal. A reta r é perpendicular a e seja A o ponto de
interseção de r e . A reta s está contida em e não passa por A. O ponto B da reta s
é tal que AB é perpendicular à reta s. Seja M um ponto de r e N um ponto de s.
Dados: AM a , BN b, AB c .
(0,5) (a) Faça um desenho da situação descrita no enunciado.
(0,5) (b) Calcule a distância entre os pontos M e N.
(0,5) (c) Calcule a tangente do ângulo que a reta MN faz com o plano .
(0,5) (d) Calcule a tangente do ângulo entre as retas AB e MN.

Questão 5
As bases de um tronco de pirâmide regular são quadrados de lados 12 e 4. Sabe-se
que a área lateral é igual à soma das áreas das bases.
(1,0) (a) Calcule a altura do tronco.
(1,0) (b) Calcule o volume do tronco.
MA13 – Geometria I – Avaliação 3 – 2011

Questão 1
Considere um quadrado ABCD de lado a e seja E o ponto do lado CD tal que
AE BC CE .
(1,0) (a) Calcule o comprimento de CE.
(1,0) (b) Calcule o seno do ângulo CAˆ E .

Questão 2
Um trapézio ABCD tem altura h e bases AB a e CD b . Seja F o ponto de
interseção das diagonais.
(1,0) (a) Calcule as distâncias de F às duas bases.
(1,0) (b) Calcule as áreas dos triângulos ADF e BCF.

Questão 3
Seja ABC um triângulo qualquer. Desenhe exteriormente a ABC os triângulos
equiláteros ABD e ACE.
(1,0) (a) Mostre que DC = BE. Sugestão: use congruência de triângulos.
(0,5) (b) Sendo F o ponto de interseção de DC e BE, mostre que o quadrilátero ADBF
é inscritível.
(0,5) (c) Mostre que AFˆ B BFˆC CFˆA 1200 .

Questão 4
Seja um plano horizontal. A reta r é perpendicular a e seja A o ponto de
interseção de r e . A reta s está contida em e não passa por A. O ponto B da reta s
é tal que AB é perpendicular à reta s. Seja M um ponto de r e N um ponto de s.
Dados: AM a , BN b, AB c .
(0,5) (a) Faça um desenho da situação descrita no enunciado.
(0,5) (b) Calcule a distância entre os pontos M e N.
(0,5) (c) Calcule a tangente do ângulo que a reta MN faz com o plano .
(0,5) (d) Calcule a tangente do ângulo entre as retas AB e MN.

Questão 5
As bases de um tronco de pirâmide regular são quadrados de lados 12 e 4. Sabe-se
que a área lateral é igual à soma das áreas das bases.
(1,0) (a) Calcule a altura do tronco.
(1,0) (b) Calcule o volume do tronco.
MA13 – Geometria I – Avaliação 3 – 2011
Gabarito

Questão 1 – Solução
D E C
(a) Seja CE x . Assim AE a x .
Traçando EF perpendicular a AB temos no triângulo AEF:
a
(a x) 2 (a x) 2 a2 o que dá x . a
4

(b) Seja AEˆ C .


a a 5a
Como CE e AE a temos, pela lei dos senos, A F B
4 4 4
a4 5a 4 2
o que dá sin
n .
sin 2 2 10

Questão 2 – Solução
D b C
(a) Sejam x e y as distâncias de F às bases AB e y
CD, respectivamente. Como os triângulos FAB e F
FCD são semelhantes, temos: h
a b a b x
x y h
ah bh A a B
Assim, x e y .
a b a b

(b) Os triângulos ADB e ACB têm mesma área porque possuem mesma base e mesma
altura. Os triângulos ADF e BCF têm mesma área porque
[ADF] = [ADB] – [AFB] = [ACB] – [AFB] = [BCF]

ah
a ax
a a ah abh
[ ADF ] [ BCF ] h
2 2 2 a b 2(a b)
Questão 3 – Solução

(a) Temos AD AB , AC AE e DAˆ C BAˆ E Aˆ 600 . Portanto, os triângulos


ADC e ABE são congruentes e DC = BE.

ˆF
(b) Pela congruência anterior, AD ABˆ F . Portanto D está na circunferência que
passa por A, B e F.

(c) Como ADBF é inscritível, seus ângulos são suplementares. Então


AFˆB 1800 AD ˆ B 1800 600 1200 . Analogamente, AECF é inscritível e
CFˆA 1200 . Consequentemente, BFˆC 1 1200 .

Questão 4 – Solução

(a) r

A
c P

B
b N s

b) No triângulo ABN, retângulo em B, AN 2 b 2 c 2 .


No triângulo MAN, retângulo em A, MN 2 a 2 AN 2 a2 b2 c 2 .
Então MN a2 b2 c2 .

AM a
c) O ângulo que MN faz com é MNˆ A . Assim, tan .
AN b 2
c2

d) Construa o retângulo ABNP.


AM é ortogonal a NP e AP é perpendicular a NP. Portanto, NP é perpendicular ao
plano AMP e, consequentemente, o ângulo NPA é reto.
O ângulo entre MN e BA é o ângulo entre MN e NP, MNˆ P .
P
PM a2 b2
Assim, tan .
NP
N c
Questão 5 – Solução

(a)
V
Sejam O e O os centros
das duas bases (maior e
menor) como mostra a O' N
figura acima. 4
Na reta OO está o h x
vértice V da pirâmide que
dou origem ao tronco.
A altura do tronco é
O P M
OO h .
Cada face lateral do 12
tronco é um trapézio
isósceles, e a altura de
um dos trapézios é o segmento MN que une os pontos médios das duas bases. Seja
MN x .
A área lateral do tronco é a soma das áreas dos quatro trapézios. Então,

(12 4) x
4 1 2
12 42
2

Isto dá x 5 . Trace agora NP perpendicular à OM como na figura acima. Temos


O O NP N h , ON OP 2 , OM 6 e, consequentemente, PN 4 . No triângulo
PMN retângulo em P temos h 3 .

(b) Seja VO y.
y 4 3
Utilizando a semelhança entre as duas pirâmides temos o que dá y .
y 3 12
1 2
3
9
A altura da pirâmide grande é OV 3 e o seu volume é
2
2
1 9
V1 122 216 .
2
3 2
1 2 3
O volume da pirâmide pequena é V2 4 8.
3 2
O volume do tronco é a diferença: V 216
2 8 2 208 unidades de volume.

Obs:
Pode-se também aplicar a fórmula do volume do tronco de pirâmide:
h
V ( S1 S 2 S1 S 2 ) onde S1 e S 2 são as áreas das duas bases e h é a altura do
3
tronco. Assim,
3 2
V (12 4 2 122 4 2 ) 1 144 1 16 48
4 208 .
2
3
MA13
-
2012
MA13 Geometria I

Avaliação 1 2012/2

NOME: −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

Questão 1. (pontuação: 2)

O ponto D pertence ao lado AC do triângulo ABC. Sabe-se que AB = BC = CD e que o ângulo ABD mede 21o .
Determine a medida do ângulo ABC.

Questão 2. (pontuação: 2)

Quadrados foram construı́dos sobre os lados de um paralelogramo como mostra a figura abaixo. Mostre que os
centros desses quatro quadrados são vértices de outro quadrado.

Questão 3. (pontuação: 2)

No triângulo ABC de lados AB = 8, BC = 7 e AC = 9, os pontos M e N dos lados AB e AC, respectivamente,


são tais que o segmento M N é tangente à circunferência inscrita no triângulo ABC. Mostre que o perı́metro do
triângulo AM N é constante e calcule seu valor.
MA13 Geometria I Avaliação 1 2012

Questão 4. (pontuação: 2)

No trapézio ABCD os ângulos A e D são retos, AB = 12, CD = 4 e AD = 10. O ponto E pertence ao lado AD e o
ponto F pertence ao lado BC. Sabe-se que as retas EF e AB são paralelas e que o segmento EF fica dividido em
três partes iguais pelas diagonais do trapézio. Calcule a distância entre as retas AB e EF .

Questão 5. (pontuação: 2)

A figura abaixo mostra o triângulo acutângulo ABC inscrito na circunferência de centro O. A reta BD é perpendicular
em D a AC e encontra a circunferência em M . A reta CE é perpendicular em E a AB e encontra a circunferência
em N . As alturas BD e CE intersectam-se em H, ortocentro do triângulo.

a) Mostre que HD = DM .

b) Mostre que M N é perpendicular a OA.

M
A

N E
H O

B C
MA13 Geometria I Avaliação 1 2012

SOLUÇÕES

Questão 1. (pontuação: 2)
O ponto D pertence ao lado AC do triângulo ABC. Sabe-se que AB = BC = CD e que o ângulo ABD mede 21o .
Determine a medida do ângulo ABC.

21o

α α
A D C

Uma solução:
Como AB = BC, seja α = ∠BAC = ∠BCA. O ângulo BDC é externo do triângulo ABD. Então, ∠BDC =
21o + α = ∠DBC, pois BC = CD. No triângulo BDC temos 21o + α + 21o + α + α = 180o , ou seja, α = 46o . O
ângulo ABC mede 21o + 21o + α = 42o + 46o = 88o .

Questão 2. (pontuação: 2)
Quadrados foram construı́dos sobre os lados de um paralelogramo como mostra a figura abaixo. Mostre que os
centros desses quatro quadrados são vértices de outro quadrado.

H x D
y C
x β
α
A B F

E
Uma solução:

No paralelogramo ABCD os quadrados construı́dos sobre os lados AB, BC, CD e DA têm centros E, F , G e H,
respectivamente.
Os triângulos AEB, BF C, CGD e DHA são retângulos e isósceles. O primeiro e o terceiro são congruentes e o
segundo e o quarto são também congruentes.
Sejam ∠BAD = α e ∠ADC = β dois ângulos internos vizinhos do paralelogramo. Sabemos que α + β = 180o .
Observemos que ∠HAE = 45o + α + 45o = 90o + α e que ∠HDG = 360o − 45o − 45o − β = 270o − (180o − α) =
90o + α = ∠HAE.
Reunindo as informações anteriores concluı́mos que os triângulos HAE, HDG, F CG e F BE são todos congruentes
e, portanto, EH = HG = GF = F E e o quadrilátero EF GH possui os quatro lados iguais.
Da congruência dos triângulos HAE e HDG temos ∠AHE = ∠DHG = x e seja ∠EHD = y. Por um lado,
∠AHE + ∠EHD = x + y = 90o , pois o ângulo AHD é reto.
Por outro lado, ∠EHG = ∠DHG + ∠EHD = x + y = 90o .
Assim, o quadrilátero EF GH possui os quatro lados iguais e um ângulo reto. Logo, é um quadrado.

Questão 3. (pontuação: 2)
No triângulo ABC de lados AB = 8, BC = 7 e AC = 9, os pontos M e N dos lados AB e AC, respectivamente,
são tais que o segmento M N é tangente à circunferência inscrita no triângulo ABC. Mostre que o perı́metro do
triângulo AM N é constante e calcule seu valor.

Uma solução:

z
x
y N
M R
P

B Q C

Sejam AM = x, M N = y e N A = z os lados do triângulo AM N . Temos M B = 8 − x e CN = 9 − z . Como o


quadrilátero BCN M é circunscritı́vel temos, pelo teorema de Pitot (Unidade 7, Teorema 4), BC + M N = M B + N C
ou seja, 7+y = 8−x+9−z. Logo x+y +z = 10. Portanto o perı́metro do triângulo AM N é igual a 10, independente
da posição do segmento M N .

Outra solução:
A circunferência inscrita em ABC é uma circunferência exiscrita ao triângulo AM N . Sabemos que o semiperı́metro
do triângulo AM N é o segmento AP que é constante, ou seja, não depende da posição do segmento M N (Unidade
7, Proposição 22). Fazendo AP = AR = a, BP = BQ = b e CQ = CR = c, temos as equações:

 a+b=8


b+c=7

 c+a=9

Resolvendo, encontramos a = 5 que é o semiperı́metro do triângulo AM N . Logo, o perı́metro de AM N é 10.

Questão 4. (pontuação: 2)
No trapézio ABCD os ângulos A e D são retos, AB = 12, CD = 4 e AD = 10. O ponto E pertence ao lado AD e o
ponto F pertence ao lado BC. Sabe-se que as retas EF e AB são paralelas e que o segmento EF fica dividido em
três partes iguais pelas diagonais do trapézio. Calcule a distância entre as retas AB e EF .

Uma solução:
O problema tem duas soluções pois há duas possibilidades: quando EF está abaixo do encontro das diagonais do
trapézio e quando EF está acima do encontro das diagonais do trapézio. Qualquer uma das soluções está igualmente
correta.

Primeira situação:

D 4 C

10 – x

P Q
E F
m m m
10

12 B
A
Na figura acima, seja AE = x. Então, ED = 10 − x. Como as diagonais dividem EF em três partes iguais sejam
2x
EP = P Q = QF = m. Da semelhança dos triângulos AEP e ADC temos: m
4 = x
10 ⇒ m= 5 . Da semelhança
2m 10−x 3(10−x)
dos triângulos DEQ e DAB temos: 12 = 10 ⇒ m= 5 .
Igualando temos 2x = 3(10 − x), o que dá x = 6.

Segunda situação:

D 4 C
P Q
E m m m F

x
10

A 12 B

Na figura acima, seja AE = x. Então, ED = 10 − x. Como as diagonais dividem EF em três partes iguais sejam
2m 4
EP = P Q = QF = m. Da semelhança dos triângulos QEA e CDA temos: x = 10 ⇒ m= 5.
x
Da semelhança
10−x 10 12(10−x)
dos triângulos DEP e DAB temos: m = 12 ⇒ m= 10 .
60
Igualando obtemos x = 7 .

Questão 5. (pontuação: 2)
A figura abaixo mostra o triângulo acutângulo ABC inscrito na circunferência de centro O. A reta BD é perpendicular
em D a AC e encontra a circunferência em M . A reta CE é perpendicular em E a AB e encontra a circunferência
em N . As alturas BD e CE intersectam-se em H, ortocentro do triângulo.
a) Mostre que HD = DM .
b) Mostre que M N é perpendicular a OA.
Uma solução:

M
A

N E
β
β O
H α
α
α
B C

a) Considerando a figura acima, sejam ∠DCH = α e ∠DHC = β. Como o ângulo HDC é reto então α e β
são complementares. Temos ∠EHB = β (oposto pelo vértice de DHC) e ∠HBE = α pois o ângulo BEH é reto.
Escrevemos ∠ABM = ∠HBE = α. Como os ângulos inscritos ABM e ACM subtendem o mesmo arco AM , então
são iguais, ou seja, ∠ACM = α.
Os triângulos retângulos CDH e CDM são congruentes. Assim HD = DM , como querı́amos demonstrar.

b)

A M

N
O
α
α
C

Os arcos AM e AN são iguais porque ∠ACM = ∠ACN = α. Como arcos iguais subtendem cordas iguais o ponto
A equidista dos pontos M e N . Entretanto o ponto O, centro da circunferência também equidista de M e N . Assim,
A e O são pontos da mediatriz do segmento M N o que significa dizer que a reta AO é a mediatriz do segmento M N .
Logo, OA é perpendicular a M N .
MA13 Geometria I - Avaliação 2 - 2012/2

NOME: −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

Questão 1. (pontuação: 2)

No setor AOB de centro O, raio OA = 3 e ângulo AOB = 60o está inscrita uma circunferência como mostra a figura.

a) Calcule o raio dessa circunferência.

b) Calcule a área da região sombreada.

O A

Questão 2. (pontuação: 2)

O Teorema das Três Perpendiculares tem o seguinte enunciado:


“A reta r é perpendicular ao plano α no ponto A. A reta s está contida em α e não passa por A. O ponto B da
reta s é tal que AB é perpendicular a s. Então, se P é qualquer ponto de r, P B é perpendicular a s.”

a) Faça uma figura que descreva o enunciado do Teorema.

b) Demonstre o Teorema.

Questão 3. (pontuação: 2)

Em um cubo, ABCD e EF GH são faces opostas e AE, BF , CG e DH são arestas paralelas. Sejam M e N os
pontos médios das arestas BC e DH, respectivamente.

a) Se a aresta do cubo mede 2, calcule a distância entre os pontos M e N .

b) Calcule o cosseno do ângulo entre as retas AB e N M .

Questão 4. (pontuação: 2)

O trapézio ABCD tem bases AB e CD. A altura do trapézio mede 8. As bases medem AB = 10 e CD = 6. As
diagonais AC e BD do trapézio dividiram o trapézio em quatro triângulos. Calcule as áreas dos quatro triângulos
em que o trapézio ficou dividido.
Questão 5. (pontuação: 2)

No cubo ABCDA′ B ′ C ′ D′ de aresta a, os pontos M , N , P e Q são médios das arestas A′ B ′ , B ′ C ′ , C ′ D′ e A′ D′ ,


respectivamente. Foram feitas as seções pelos planos AM Q, BN M , CP N e DQP . Retirando-se os quatro tetraedros
formados, resultou o poliedro P com vértices em A, B, C, D, M, N, P e Q, como ilustrado na Figura 1. O poliedro P
possui duas bases paralelas e faces laterais triangulares. Ele é um prismatóide.
a) Calcule o volume do poliedro P em função de a.

D' P
C'
Q
N
A' M
B'

D
C

A
B
Figura 1

Observe agora a Figura 2; pelo ponto médio X da aresta AA′ foi traçado um plano paralelo à face ABCD que
determinou em P uma seção octogonal. A forma dessa seção equidistante das bases do poliedro P, que é chamada
se seção média, está ilustrada na Figura 3.
No poliedro P, representaremos a área da base ABCD por S, a área da base M N P Q por s, a área da seção média
por Sm e a distância entre as bases por h.

b) Calcule a área da seção média e calcule o volume de P usando a fórmula do volume dos prismatóides:
V = h6 (S + s + 4Sm ).

D' P
C'
Q N
A' M
B'

X
D
C

A B X
Figura 2 Figura 3
MA13 Geometria I - GABARITO DA AVALIAÇÃO 2 - 2012/2

Questão 1. (pontuação: 2)

No setor AOB de centro O, raio OA = 3 e ângulo AOB = 60o está inscrita uma circunferência como mostra a figura.

a) Calcule o raio dessa circunferência.

b) Calcule a área da região sombreada.

Uma solução

r M
C
r
O D A

a) Seja M o ponto médio do arco AB. O raio OM passa pelo centro C da circunferência inscrita no setor. Seja CD
perpendicular a OA como mostra a figura acima e seja r = CD = DM o raio da circunferência. Como AOM = 30o
então, no triângulo ODC tem-se OC = 2r e, portanto, OM = 3r = 3, ou seja, r = 1 .

b) A área sombreada (S) é igual à área do setor AOM subtraı́da da área do triângulo ODC e da área do setor
DCM do cı́rculo de centro C.
π32 3π
A área do setor AOM é 12 = 4 .
√ √
OD.OC 3
Como CD = 1 e OC = 2, então OD = 3 e a área do triângulo ODC é 2 = 2 . Por outro lado, o ângulo
o
DCM mede 120 e, portanto, o setor DCM do cı́rculo de centro C tem área igual à terça parte da área do cı́rculo
√ √
π 3π 3 π 5π−6 3
de centro C, ou seja, 3. Assim, a área sombreada é S = 4 − 2 − 3 , ou seja, S = 12 .

Questão 2. (pontuação: 2)

O Teorema das Três Perpendiculares tem o seguinte enunciado:


“A reta r é perpendicular ao plano α no ponto A. A reta s está contida em α e não passa por A. O ponto B da
reta s é tal que AB é perpendicular a s. Então, se P é qualquer ponto de r, P B é perpendicular a s.”

a) Faça uma figura que descreva o enunciado do Teorema.

b) Demonstre o Teorema.
Uma solução
a)

r
β
P

α A
B

b) Como r é perpendicular a α então r é ortogonal a qualquer reta de α , portanto r é ortogonal a s. Porém,


AB é perpendicular a s. Assim, s é ortogonal a duas retas concorrentes: AB e r. Logo s é perpendicular ao plano
determinado por AB e r, que chamaremos de plano β. Como P e B são pontos de β então s é perpendicular a P B,
como querı́amos demonstrar.

Questão 3. (pontuação: 2)

Em um cubo, ABCD e EF GH são faces opostas e AE, BF , CG e DH são arestas paralelas. Sejam M e N os
pontos médios das arestas BC e DH, respectivamente.

a) Se a aresta do cubo mede 2, calcule a distância entre os pontos M e N .

b) Calcule o cosseno do ângulo entre as retas AB e N M .

Uma solução

H
G

E
N F
O

D
C

θ M
A B


a) Observe a figura acima. No triângulo CDN , retângulo em D, CD = 2 e DN = 1. Consequentemente, N C = 5.
2 2 2
Como a aresta BC é perpendicular à face DCGH, o triângulo M CN é retângulo em C. Daı́, M N = N C + M C =

5 + 1 = 6, ou seja M N = 6.
b) Façamos uma translação do segmento M N de forma que o ponto M concida com o ponto B. Nessa translação,
o ponto N coincidirá com o ponto O, centro da face ADHE. O ângulo entre as retas reversas AB e N M é o ângulo
entre as concorrentes AB e OB, ou seja, o ângulo ABO = θ.

No triângulo ABO, temos AB = 2, OB = N M = 6 e AO é a metade da diagonal do quadrado ADHE, ou seja,

AO = 2.
A lei dos cossenos no triângulo ABO fornece:

√ √ √
( 2)2 = 22 + ( 6)2 − 2.2. 6.cos θ

6
Daı́, encontramos cos θ = 3 . Isto também pode ser obtido notando-se que o triângulo ABO é retângulo em A e
usando-se diretamente a definição de cosseno.

Questão 4. (pontuação: 2)

O trapézio ABCD tem bases AB e CD. A altura do trapézio mede 8. As bases medem AB = 10 e CD = 6. As
diagonais AC e BD do trapézio dividiram o trapézio em quatro triângulos. Calcule as áreas dos quatro triângulos
em que o trapézio ficou dividido.

Uma solução

D 6 C
x

P
8

8–x

A B
10

Notação: (XY Z) representa a área do triângulo de vértices X, Y e Z.


Seja P o ponto de interseção das diagonais e seja x a distância de P à base menor do trapézio. Como os triângulos
6 x 6.3 10.5
P AB e P CD são semelhantes temos 10 = 8−x , o que dá x = 3 . Assim, (P CD) = 2 = 9 e (ABC) = 2 = 25.

10.8
(DAP ) = (DAB) − (P AB) = − 25 = 40 − 25 = 15
2

(CP B) = (CAB) − (P AB) = 40 − 25 = 15


As áreas dos quatro triângulos estão na figura abaixo:

15 15

25
Questão 5. (pontuação: 2)

No cubo ABCDA′ B ′ C ′ D′ de aresta a, os pontos M , N , P e Q são médios das arestas A′ B ′ , B ′ C ′ , C ′ D′ e A′ D′ ,


respectivamente. Foram feitas as seções pelos planos AM Q, BN M , CP N e DP Q. Retirando-se os quatro tetraedros
formados, resultou o poliedro P ilustrado na Figura 1. O poliedro P possui duas bases paralelas e faces laterais
triangulares. Ele é um prismatóide.
a) Calcule o volume do poliedro P .

D' P
C'
Q
N
A' M
B'

D
C

A
B
Figura 1

Observe agora a Figura 2; pelo ponto médio X da aresta AA′ foi traçado um plano paralelo à face ABCD que
determinou em P uma seção octogonal. A forma dessa seção equidistante das bases do poliedro P , que é chamada
se seção média, está ilustrada na Figura 3.
No poliedro P , representaremos a área da base ABCD por S, a área da base M N P Q por s, a área da seção média
por Sm e a distância entre as bases por h.

b) Calcule a área da seção média e calcule o volume de P usando a fórmula do volume dos prismatóides: V =
h
6 (S + s + 4Sm ) .

D' P
C'
Q N
A' M
B'

X
D
C

A B X
Figura 2 Figura 3
Uma solução

a
a) Um dos tetraedros retirados é AA´M Q. Sua base é o triângulo retângulo A´M Q de catetos A´M = A´Q = 2 e
3
altura AA´= a . O volume desse tetraedro é 31 . (a/2)(a/2)
2 .a = a
24 . Como quatro desses tetraedros foram retirados, o
3 a3 3 a3 5a3
volume do poliedro P é V = a − 4. 24 = a − 6 = 6 .

b) A seção média é obtida de um quadrado XY ZW , congruente com ABCD retirando-se quatro triângulos
retângulos isósceles congruentes. O plano da seção média corta a aresta BB´do cubo em Y e corta as arestas M A e
M B do poliedro P em E e F , respectivamente.

X E a/2 F Y

AB a
Temos EF = 2 = 2 (já que a reta XY une pontos médios de lados do triângulo AM B) e, consequentemente,
a2
XE = F Y = a4 . Assim, cada um dos pequenos triângulos retângulos tem área 12 . a4 . a4 = 32 e a área da seção média é
2 2
2
Sm = a − 4. a32 = 7a8 .
Aplicando a fórmula do volume do prismatóide temos:

a 2 a2 7a2 a a2 7a2 a 10a2 5a3


V =
(a + + 4. ) = (a2 + + )= . =
6 2 8 6 2 2 6 2 6
o que coincide com o resultado do item a).
MA13 Geometria I - Avaliação 3 - 2012/2

NOME: −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

Questão 1. (pontuação: 2)

A figura abaixo mostra as semirretas perpendiculares r e s, três circunferências pequenas cada uma com raio igual
a 1 e uma circunferência grande de centro O. Uma das circunferências pequenas é tangente a r e a s, cada uma das
outras duas é tangente a ela e a uma das semirretas, e a circunferência grande é tangente às semirretas e a duas das
circunferências pequenas.

Calcule o raio da circunferência grande.

Questão 2. (pontuação: 2)

No triângulo ABC a bissetriz do ângulo BAC encontra o lado BC em D.


DB AB
a) Prove que DC = AC (teorema da bissetriz interna).
b) Use o teorema acima e a figura abaixo para calcular a tangente de 15o .

15o x
15o
MA13 Geometria I - Avaliação 3 - 2012/2

Questão 3. (pontuação: 3)

O losango ABCD tem lado 3 e ângulo  = 60o . Os pontos M , N , P e Q pertencem aos lados AB, BC, CD e DA,
respectivamente e são tais que AM = BN = CP = DQ = 1 .

a) Justifique, de forma breve, porque o quadrilátero M N P Q é um paralelogramo.

b) Calcule a área do quadrilátero M N P Q.

c) Calcule a distância entre os pontos M e P .

Questão 4. (pontuação: 1)

O icosaedro regular é o poliedro formado por 20 faces triangulares equiláteras. Determine quantas diagonais do
icosaedro não passam pelo seu centro.

Questão 5. (pontuação: 2)

Considere o paralelepı́pedo retângulo de bases ABCD e EF GH e com arestas laterais AE, BF , CG e DH. As
medidas são AB = 6, AD = AE = 4 e M é o ponto médio da aresta EF . São feitas as seções pelos planos M HA e
M BG. Retirando-se os tetraedros EM HA e F M BG resulta o poliedro P.

a) Faça um desenho do poliedro P e calcule seu volume.

b) Determine o cosseno do ângulo entre as retas AH e M G.


GABARITO MA13 Geometria I - Avaliação 3 - 2012/2

A área de um triângulo ABC será denotada por (ABC).

Questão 1. (pontuação: 2)

A figura abaixo mostra as semirretas perpendiculares r e s, três circunferências pequenas cada uma com raio igual
a 1 e uma circunferência grande de centro O. Uma das circunferências pequenas é tangente a r e a s, cada uma das
outras duas é tangente a ela e a uma das semirretas, e a circunferência grande é tangente às semirretas e a duas das
circunferências pequenas.

Calcule o raio da circunferência grande.

Uma solução:
Na figura a seguir, A é o centro da circunferência pequena que tangencia r e a circunferência grande, OT é
perpendicular a r e a reta BC passa por A e é paralela a r.

s R

C B
A
r T
Seja R o raio da circunferência grande. No triângulo retângulo ABO temos OA = R+1, OB = R−1 e AB = R−3.
O teorema de Pitágoras conduz à equação R2 − 10R + 9 = 0 cujas raı́zes são 1 e 9.
Devido às caracterı́sticas do problema, a menor raiz é o raio da circunferência pequena tangente às duas semirretas
e a maior raiz é o raio da circunferência grande.
O raio da circunferência grande é igual a 9.

Questão 2. (pontuação: 2)

No triângulo ABC a bissetriz do ângulo BAC encontra o lado BC em D.


DB AB
a) Prove que DC = AC (teorema da bissetriz interna).

b) Use o teorema acima e a figura abaixo para calcular a tangente de 15o .

15o x
15o

Uma solução:
a) Se dois triângulos têm mesma altura, então a razão entre suas áreas é igual à razão entre suas bases. Assim,

(ADB) DB
=
(ADC) DC

E d
d
B D C
Sejam DE e DF perpendiculares a AB e AC como na figura anterior. Como todo ponto da bissetriz de um ângulo
equidista dos lados desse ângulo, então DE = DF = d. Assim,

(ADB) (1/2).AB.d AB DB AB
= = , portanto = , c.q.d.
(ADC) (1/2).AC.d AC DC AC

b) Como o triângulo ABC da figura é retângulo em B e tem ângulo B ÂC = 30o e hipotenusa AC = 2, então

BC = 1 e AB = 3.

1–x
2
D
15o x
15o
A 3 B


DB AB x 3
O teorema da bissetriz interna aplicado a esse triângulo fornece: DC = AC , ou seja, 1−x = 2 .
Aplicando propriedades das proporções podemos escrever:

x 1−x x + (1 − x) 1
√ = = √ = √ .
3 2 3+2 2+ 3
Porém, observando o triângulo ABD, vemos que √x3 é a tangente do ângulo de 15o . Assim,

1 √
tan15o = √ = 2 − 3.
2+ 3

Questão 3. (pontuação: 3)

O losango ABCD tem lado 3 e ângulo  = 60o . Os pontos M , N , P e Q pertencem aos lados AB, BC, CD e DA,
respectivamente e são tais que AM = BN = CP = DQ = 1 .

a) Justifique, de forma breve, porque o quadrilátero M N P Q é um paralelogramo.

b) Calcule a área do quadrilátero M N P Q.

c) Calcule a distância entre os pontos M e P .


Uma solução:

D
Q
P
A C
M
N
B

a) Os triângulos AM Q e CP N são congruentes (caso LAL). Daı́, M Q = N P . Os triângulos BN M e DQP são con-
gruentes (caso LAL); daı́, M N = QP . Assim, o quadrilátero M N P Q possui dois pares de lados opostos congruentes.
Logo, é um paralelogramo.
√ √
3 3
b) (AM Q) = 12 .AM.AQ.sen 60o = 12 .1.2. 2 = 2 .
Como os ângulos de 60o e 120o possuem mesmo seno, concluı́mos que os triângulos AM Q, BN M , CP N e DQP

3
possuem todos a mesma área, igual a 2 . √ √
3 9 3
A área do losango é igual a AB.AD.sen 60o = 3.3. 2 = 2 .
A área do paralelogramo é √ √ √
9 3 3 5 3
S= −4 = .
2 2 2

c) Seja R o ponto médio de P D. Como AM é paralelo a DR e ambos têm comprimento 1 então AM RD é um


paralelogramo e M R = AD = 3. Além disso, RP = 1 e M R̂P = 120o .

D
R
P
A C
M

No triângulo M RP a lei dos cossenos fornece:

1 √
M P 2 = M R2 + RP 2 − 2.M R.RP.cos 120o = 32 + 12 − 2.3.1.(− ) = 13 =⇒ M P = 13.
2
Questão 4. (pontuação: 1)

O icosaedro regular é o poliedro formado por 20 faces triangulares equiláteras. Determine quantas diagonais do
icosaedro não passam pelo seu centro.

Uma solução:

O icosaedro possui 20 faces triangulares. Como cada aresta é lado de exatamente duas faces, o número de arestas
20.3
do icosaedro é A = 2 = 30.

O número de vértices pode ser calculado pela relação de Euler V − A + F = 2, de onde V = 12.
Cada segmento que une dois vértices do icosaedro ou é aresta ou é diagonal. Assim, denotando por CV2 o número
de escolhas de subconjuntos com dois elementos do conjunto de todos os vértices do icosaedro, o número de diagonais
do icosaedro é

12!
2
D = CV2 − A = C12 −A= − 30 = 66 − 30 = 36
10!2!

O icosaedro possui 6 pares de vértices diametralmente opostos e cada diagonal que une dois vértices diametralmente
opostos passa pelo centro do icosaedro. Essas são as únicas diagonais que passam pelo centro. Então, o número de
diagonais que não passam pelo centro é 36 − 6 = 30.

Questão 5. (pontuação: 2)

Considere o paralelepı́pedo retângulo de bases ABCD e EF GH e com arestas laterais AE, BF , CG e DH. As
medidas são AB = 6, AD = AE = 4 e M é o ponto médio da aresta EF . São feitas as seções pelos planos M HA e
M BG. Retirando-se os tetraedros EM HA e F M BG resulta o poliedro P.

a) Faça um desenho do poliedro P e calcule seu volume.

b) Determine o cosseno do ângulo entre as retas AH e M G.


Uma solução:

H
G
E M
F
D
C
A
B

O desenho de P está acima.


Se pensarmos o tetraedro EM HA com base EM H e altura EA, podemos calcular seu volume do seguinte modo:

1 EM.EH 1 3.4
v=. .EA = . .4 = 8
3 2 3 2
O tetraedro F M BG tem também volume v = 8 porque é congruente com EM HA.
O volume de P é o volume do paralelepı́pedo subtraı́do dos volumes dos tetraedros, ou seja,

V = 6.4.4 − 2.8 = 96 − 16 = 80

b) O ângulo entre as retas AH e M G é o ângulo entre BG e M G, ou seja, o ângulo θ = B ĜM . Como F M = 3 e



F B = F G = 4 temos, pelo teorema de Pitágoras, BG = 4 2 e M B = M G = 5.

H
G
5
M θ
E
F 22 

5 N
D
C
A
B

O triângulo M BG é isósceles. Então, assinalando o ponto N médio do lado BG, temos que M N é perpendicular
a BG. Assim, no triângulo M N G,

NG 2 2
cos θ = = .
MG 5
MA13
-
2013
MA13 - AV3 - Avaliação Final 1o semestre - 2013

Questão 1. (pontuação: 2)

No triângulo isósceles ABC tem-se AB = AC. Os pontos M , N e P dos lados AB, BC e CA são tais que P M = P N .
Sendo P M̂ A = α, N P̂ C = β e M N̂ B = θ mostre que

α+β
θ=
2

Questão 2. (pontuação: 2)

Considere o triângulo ABC, retângulo em A, sendo BC = a e AC = b. Seja K1 a circunferência de centro C que


passa por A. A circunferência K2 tem centro P sobre o lado BC, é tangente externamente à K1 e é tangente ao lado
AB.

a) (1,0) Descreva como se pode determinar com régua e compasso o ponto P .

b) (1,0) Determine o raio da circunferência K2 em função de a e b.

Obs.: os itens acima podem ser resolvidos de maneira independente.

Questão 3. (pontuação: 2)

A figura a seguir mostra duas semicircunferências com mesmo centro O e com raios OD = r e OA = 2r. Na semi-
circunferência maior foi assinalado um ponto B e ângulo AÔB mede α radianos. O raio OB cortou a circunferência
menor em C e a região R é a que está sombreada (delimitada pelo arco AB, segmento BC, arco CD e segmento
DA) na figura.

a) (1,0) Calcule o perı́metro de R em função de r e α.

b) (1,0) Calcule a área de R em função de r e α.


Questão 4. (pontuação: 2)

A aresta da base de uma pirâmide reta de base quadrada mede 2 unidades e a esfera inscrita nessa pirâmide tem
raio r (0 < r < 1).

D
C
A
B

a) (1,0) Calcule o volume da pirâmide em função de r.

b) (1,0) Se, para cada valor de r (0 < r < 1 ), o volume da pirâmide é V (r), faça um esboço do gráfico dessa
função.

Questão 5. (pontuação: 2)

Um copo de plástico rı́gido e espessura muito fina tem a forma de um tronco e cone com 8 cm de diâmetro na
boca, 6 cm de diâmetro no fundo e 12 cm de altura.

a) (1,0) Determine um valor aproximado para o volume do copo (ou seja, o número inteiro de cm3 que melhor
aproxima o volume).

b) (1,0) Determine um valor aproximado para a área externa total do copo (ou seja, o número inteiro de cm2 que
melhor aproxima a área).
GABARITO MA13 - Avaliação Final 1o semestre - 2013

Questão 1. (pontuação: 2)

No triângulo isósceles ABC tem-se AB = AC. Os pontos M , N e P dos lados AB, BC e CA são tais que P M = P N .
Sendo P M̂ A = α, N P̂ C = β e M N̂ B = θ mostre que

α+β
θ=
2

Uma solução:

Sejam AB̂C = AĈB = x e P M̂ N = P N̂ M = y.


O ângulo AM̂ N é externo do triângulo M BN . Logo, α + y = x + θ.
O ângulo B N̂ P é externo do triângulo P N C. Logo, β + x = y + θ.
α+β
Somando, temos α + β = 2θ, ou seja, θ = 2 , cqd.

Questão 2. (pontuação: 2)

Considere o triângulo ABC, retângulo em A, sendo BC = a e AC = b. Seja K1 a circunferência de centro C que


passa por A. A circunferência K2 tem centro P sobre o lado BC, é tangente externamente à K1 e é tangente ao lado
AB.

a) (1,0) Descreva como se pode determinar com régua e compasso o ponto P .

b) (1,0) Determine o raio da circunferência K2 em função de a e b.

Obs.: os itens acima podem ser resolvidos de maneira independente.


Uma solução:
a)

Seja D o ponto onde K1 corta BC. A perpendicular a BC por D é tangente a K1 e corta AB em E. A bissetriz
do ângulo DÊB corta BC em P . De fato, pela construção acima, P é equidistante das retas ED e EB. Logo, a
circunferência de centro P que passa por D é tangente a K1 e ao lado AB.

b)

Tracemos P G, perpendicular a AB e P F perpendicular a AC como na figura acima. Sejam P D = P G = x. Da


semelhança dos triângulos CF P e CAB temos:

b−x b
=
b+x a
Assim,

b(a − b)
x=
a+b
.
Questão 3. (pontuação: 2)

A figura a seguir mostra duas semicircunferências com mesmo centro O e com raios OD = r e OA = 2r. Na semi-
circunferência maior foi assinalado um ponto B e ângulo AÔB mede α radianos. O raio OB cortou a circunferência
menor em C e a região R é a que está sombreada (delimitada pelo arco AB, segmento BC, arco CD e segmento
DA) na figura.

a) (1,0) Calcule o perı́metro de R em função de r e α.

b) (1,0) Calcule a área de R em função de r e α.

Uma solução:
a) O comprimento de um arco de circunferência é igual a medida do ângulo central em radianos multiplicada pelo
raio. Assim o perı́metro de R é:

P = 3r + α.2r + r + (π − α)r = (α + π + 4)r

αr 2
b) A área de um setor de ângulo central α em radianos em um cı́rculo de raio r é 2 . Assim a área da região R é:

α(2r)2 (π − α)r2 (3α + π)r2


A= + =
2 2 2

Questão 4. (pontuação: 2)

A aresta da base de uma pirâmide reta de base quadrada mede 2 unidades e a esfera inscrita nessa pirâmide tem
raio r (0 < r < 1).
E

D
C
A
B

a) (1,0) Calcule o volume da pirâmide em função de r.

b) (1,0) Se, para cada valor de r (0 < r < 1 ), o volume da pirâmide é V (r), faça um esboço do gráfico dessa
função.

Uma solução:

a)

Seja O o centro da base ABCD da pirâmide de vértice E como mostra a figura ao lado. Seja M o ponto médio
da aresta BC. Seja K o ponto sobre a altura OE o centro da esfera inscrita na pirâmide. Assim, traçando KT
perpendicular à face EBC temos KO = KT = r. Seja h = OE a altura da pirâmide. Da semelhança dos triângulos
ET K e EOM temos

KT KE
=
OM EM
ou seja,

r h−r
=√
1 h2 + 1
2r
Dessa relação determinamos a altura da pirâmide h = 1−r 2 .
O volume da pirâmide é
1 2 2r 8r
V = .2 . =
3 1 − r2 3(1 − r2 )
.
b) A função que associa r e V é crescente. Quando r se aproxima de 0, temos que V se aproxima de 0. Porém,
quando r se aproxima 1 temos que V tende a +∞. Logo, o gráfico de V (r) tem o seguinte aspecto:

Questão 5. (pontuação: 2)

Um copo de plástico rı́gido e espessura muito fina tem a forma de um tronco e cone com 8 cm de diâmetro na
boca, 6 cm de diâmetro no fundo e 12 cm de altura.

a) (1,0) Determine um valor aproximado para o volume do copo (ou seja, o número inteiro de cm3 que melhor
aproxima o volume).

b) (1,0) Determine um valor aproximado para a área externa total do copo (ou seja, o número inteiro de cm2 que
melhor aproxima a área externa).

Uma solução:
a) Os raios das bases são 4 cm, e 3 cm e a fórmula do volume do tronco de cone fornece o resultado:

πh π.12
V = .(R2 + r2 + Rr) = (16 + 9 + 12) ≈ 3, 14.4.37 ≈ 465 cm3
3 3

b) A geratriz do tronco de cone é igual a 122 + 1 que é aproximadamente igual a 12. Nesse copo, a altura é quase
igual à geratriz.
A área do copo é a soma da área lateral com a área da base, isto é:

A = π(R + r)g + πr2 ≈ 3, 14.[(4 + 3).12 + 32 ] ≈ 292 cm2


MA14
AVALIAÇÕES

MA14

2011-2013
MA14
-
2011
MA14 – Aritmética I – Avaliação 1 – 2011

Questão 1.

(1,0) (a) Determine o maior número natural que divide todos os produtos de três números naturais consecutivos.

(1,0) (b) Responda à mesma questão no caso do produto de quatro números naturais consecutivos.

Em ambos os itens, justifique a sua resposta.

Questão 2.

(1,0) (a) Determine os possı́veis restos da divisão de a3 por 7, onde a é um número natural.

(1,0) (b) Prove que se a e b são naturais e a3 + 2b3 é divisı́vel por 7, então a e b são divisı́veis por 7.

Questão 3.

(1,0) (a) Determine todos os valores possı́veis para (n + 1, n2 + 4).

(1,0) (b) Sabendo que o resto da divisão de n por 5 não é 4, determine [n + 1, n2 + 4].

Questão 4.

(1,5) Determine todos os números naturais que, quando divididos por 18, deixam resto 6 e, quando divididos por 14,
deixam resto 4.

Questão 5.
Sejam p e q dois números naturais, com 1 < p < q e (p, q) = 1. Sabemos que existem números naturais não nulos
u e v tais que up − vq = 1.

(1,0) (a) Mostre que existem dois números naturais p1 e q1 , não nulos, com p1 < p tais que q1 p − p1 q = 1. Conclua
que (p1 , q1 ) = 1 e que q1 < q. Sugestão: Divida v por p, usando o algoritmo da divisão, para encontrar p1 .

(0,5) (b) Mostre que n1 = qq1 é tal que


p 1 p1
= + .
q n1 q1
Conclua que p1 < q1 .

(1,0) (c) Prove que para quaisquer números naturais p e q com 1 < p < q e com (p, q) = 1, existe um número natural
r > 0 e números naturais n1 > n2 > · · · > nr > 1 tais que
p 1 1 1
= + + ··· + .
q n1 n2 nr
AV1 - MA 14 - 2011

Questão 1.

(1,0) (a) Determine o maior número natural que divide todos os produtos de três números naturais consecutivos.

(1,0) (b) Responda à mesma questão no caso do produto de quatro números naturais consecutivos.

Em ambos os itens, justifique a sua resposta.

DUAS SOLUÇÕES

Uma solução

(a) Sendo 1 · 2 · 3 = 6, segue-se que o maior número natural que divide todo produto de três naturais consecutivos
é um divisor de 6. Vamos mostrar que é exatamente 6. De fato, dados três inteiros consecutivos, exatamente um é
múltiplo de 3 e pelo menos um é múltiplo de 2, logo o seu produto é múltiplo de 6. Isto mostra que o maior natural
que divide o produto de quaisquer três naturais consecutivos é 6.

(b) Sendo 1 · 2 · 3 · 4 = 24, segue-se que o maior número natural que divide todo produto de quatro naturais
consecutivos é um divisor de 24. Vamos mostrar que este número é exatamente 24. De fato, dado o produto de
4 números consecutivos a( a + 1)( a + 2)( a + 3), pelo menos um desses é múltiplo de 3. Por outro lado, um deles é
múltiplo de 4. Digamos que seja a o múltiplo de 4, logo a + 2 é par. Se a + 1 é o múltiplo de 4, então a + 3 é par. Se
a + 2 é o múltiplo de 4, então a é par. Se a + 3 é o múltiplo de 4, então a + 1 é par. Isto mostra que n é múltiplo de
3 · 4 · 2 = 24, o que prova o resultado.

Outra solução

Mais geralmente, sabemos da Combinatória que é natural o número

a+r−1 ( a + r − 1) ! ( a + r − 1)( a + r − 2) · · · ( a + 1) a
 
= = ,
r ( a − 1)!r! r!

para quaisquer a, r ∈ N \ {0}. Logo o produto dos r números consecutivos ( a + r − 1)( a + r − 2) · · · ( a + 1) a é


divisível por r!. E, quando a = 1, esse é o máximo divisor possível.

1
AV1 - MA 14 - 2011

Questão 2.

(1,0) (a) Determine os possíveis restos da divisão de a3 por 7, onde a é um número natural.

(1,0) (b) Prove que se a e b são naturais e a3 + 2b3 é divisível por 7, então a e b são divisíveis por 7.

UMA SOLUÇÃO

(a) Podemos escrever a = 7k + r, onde r = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6. Temos que

a3 = (7k + r )3 = 7(72 k3 + 3 · 7k2 r + 3kr2 ) + r3 .

Portanto, o resto da divisão de a3 por 7 é igual ao resto da divisão de r3 por 7. Como 03 = 0 · 7 + 0, 13 = 0 · 7 + 1,


23 = 8 = 1 · 7 + 1, 33 = 27 = 3 · 7 + 6, 43 = 64 = 9 · 7 + 1, 53 = 125 = 17 · 7 + 6, 63 = 216 = 30 · 7 + 6, segue-se que
os possíveis restos de r3 por 7 são 0, 1 ou 6. Além disso, o único caso em que o resto de r3 por 7 dá zero é quando
r = 0, isto é, quando a é múltiplo de 7. Então a3 múltiplo de 7 implica a múltiplo de 7.

(b) Os possíveis restos da divisão de 2b3 por 7 são os possíveis restos de 2r3 por 7, em que r é o resto da divisão
de b por 7. Como os possíveis restos de r3 são 0, 1 e 6, pelo item anterior, multiplicamos por 2 cada um deles
(2 · 0 = 0 · 7 + 0, 2 · 1 = 0 · 7 + 2 e 2 · 6 = 12 = 1 · 7 + 5) e concluímos que os possíveis restos de 2r3 por 7 são 0, 2 ou
5.
Observamos também que se 2b3 é múltiplo de 7, então o resto de 2r3 por 7 é zero, e isso só ocorre se o resto de r3
por 7 é zero, que só ocorre quando o resto de b3 por 7 é zero, que é o mesmo que ter b3 múltiplo de 7, que, pelo item
anterior, é o mesmo que ter b múltiplo de 7. Ou seja, 2b3 múltiplo de 7 implica b múltiplo de 7.
Somando as três possibilidades de restos de a3 com as três possibilidades de restos de 2b3 , num total de nove
possibilidades (0 + 0 = 0, 0 + 1 = 1, 0 + 5 = 5, 1 + 0 = 1, 1 + 2 = 3, 1 + 5 = 6, 6 + 0 = 6, 6 + 2 = 1 · 7 + 1,
6 + 5 = 11 = 1 · 7 + 4), a única que dá resto zero é quando a3 e 2b3 têm ambos resto zero, ou seja, quando a3 e 2b3
são múltiplos de 7, ou seja, quando a e b são múltiplos de 7. Concluímos que a3 + 2b3 é múltiplo de 7 se e somente
se a e b são ambos múltiplos de 7.

2
AV1 - MA 14 - 2011

Questão 3.

(1,0) (a) Determine todos os valores possíveis para (n + 1, n2 + 4).

(1,0) (b) Sabendo que o resto da divisão de n por 5 não é 4, determine [n + 1, n2 + 4].

UMA SOLUÇÃO

(a) Temos
(n + 1, n2 + 4) = (n + 1, n2 + 4 − (n − 1)(n + 1)) = (n + 1, 5) .

Daí segue-se que (n + 1, n2 + 4) só pode ser igual a 1 ou a 5.

(b) Se n não deixa resto 4 quando dividido por 5, temos que n + 1 não é múltiplo de 5. Neste caso, (n + 1, n2 + 4) = 1.
Logo,
[n + 1, n2 + 4] = (n + 1)(n2 + 4) .

3
AV1 - MA 14 - 2011

Questão 4.

(1,5) Determine todos os números naturais que, quando divididos por 18, deixam resto 6 e, quando divididos por
14, deixam resto 4.

UMA SOLUÇÃO

Temos que x = 18v + 6 e x = 14u + 4. Igualando, temos 14u − 18v = 2. Esta equação é equivalente a 7u − 9v = 1.
A menor solução particular é u0 = 4 e v0 = 3. Portanto, a solução geral é dada por u = 4 + 9t e v = 3 + 7t, com
t ∈ N. Daí segue-se que x = 60 + 126t, t ∈ N.

4
AV1 - MA 14 - 2011

Questão 5.
Sejam p e q dois números naturais, com 1 < p < q e ( p, q) = 1. Sabemos que existem números naturais não nulos
u e v tais que up − vq = 1.

(1,0) (a) Mostre que existem dois números naturais p1 e q1 , não nulos, com p1 < p tais que q1 p − p1 q = 1. Conclua
que ( p1 , q1 ) = 1 e que q1 < q. Sugestão: Divida v por p, usando o algoritmo da divisão, para encontrar p1 .

(0,5) (b) Mostre que n1 = qq1 é tal que


p 1 p
= + 1.
q n1 q1
Conclua que p1 < q1 .

(1,0) (c) Prove que para quaisquer números naturais p e q com 1 < p < q e com ( p, q) = 1, existe um número
natural r > 0 e números naturais n1 > n2 > · · · > nr > 1 tais que

p 1 1 1
= + +···+ .
q n1 n2 nr

UMA SOLUÇÃO

(a) Sejam dados u e v tais que up − vq = 1. Pela divisão euclidiana, temos que v = pb + p1 , com 0 < p1 < p, logo
(u − bq) p − p1 q = 1. Ponhamos u − bq = q1 , logo q1 p − p1 q = 1. Daí conclui-se que p1 e q1 são primos entre si. Por
outro lado, temos necessariamente que q1 < q, pois q1 p = p1 q + 1 < pq.

(b) Temos que


p 1 p
= + 1.
q qq1 q1
p p1
Como q < 1, segue-se que q1 < 1, o que mostra que p1 < q1 .

p1
(c) Aplique o resultado do ítem b) à fração q1 , etc. Como p > p1 > p2 > · · · > 0, para um certo r ter-se-á pr = 1
e daí o procedimento para. As desigualdades n1 > n2 > · · · > nr seguem de n1 = qq1 , n2 = q1 q2 , etc. e de
qq1 > q1 q2 > · · · .

5
MA14 – Aritmética I – Avaliação 2 – 2011

Questão 1.

(1,5) Sejam a e b dois números naturais tais que (a, b) = pq, em que p e q são dois números primos distintos. Quais
são os possı́veis valores de
(a) (a2 , b)?
(b) (a3 , b)?
(c) (a2 , b3 )?

Questão 2.

(2,0) Ache o resto da divisão por 17 do número

S = 116 + 216 + 316 + · · · + 8516 .

Questão 3.
 
2357
(1,5) É possı́vel repartir exatamente objetos entre 49 pessoas?
528
MA14 – Aritmética I – Avaliação 2 – 2011

Questão 4.

(2,0) Dispomos de uma quantia de x reais menor do que 3.000. Se distribuirmos essa quantia entre 11 pessoas, sobra
um real; se a distribuirmos entre 12 pessoas, sobram dois reais, e se a distribuirmos entre 13 pessoas, sobram
3 reais. De quantos reais dispomos?
Sugestão: Pode ser útil utilizar o seguinte fato: c é solução da congruência ay ≡ b mod m se, e somente se, c é
solução da congruência ry ≡ b mod m, onde r é o resto da divisão de a por m.

Questão 5.

(1,0) Sabendo que 74 = 2401, ache os algarismos da dezena e da unidade do número 799999 .

Questão 6.
Considere Zm para m > 2.

(0,5) (a) Mostre que Zm tem sempre um número par de elementos invertı́veis. Sugestão: Analise a paridade de ϕ(m),
quando m > 2.

(0,5) (b) Mostre que se [a] é invertı́vel em Zm , então −[a] = [m − a] é invertı́vel e [a] 6= −[a].

(0,5) (c) Mostre que a soma de todos os elementos invertı́veis de Zm é igual a 0.

(0,5) (d) Mostre que a soma de todos os elementos de um sistema reduzido qualquer de resı́duos módulo m é sempre
múltiplo de m.

Observação: em cada item, pode-se usar a afirmação cuja demonstração é pedida em um item anterior sem necessa-
riamente tê-la demonstrado.
AV2 - MA 14 - 2011

Questão 1.

(1,5) Sejam a e b dois números naturais tais que ( a, b) = pq, em que p e q são dois números primos distintos. Quais
são os possíveis valores de
(a) ( a2 , b)?
(b) ( a3 , b)?
(c) ( a2 , b3 )?

UMA SOLUÇÃO

Suponhamos que a = pr qs c e b = pu qv d, onde c e d são primos entre si e também com p e q. A hipótese ( a, b) = pq


implica que min{r, u} = 1 e min{s, v} = 1.

(a) a2 = p2r q2s c2 , onde c2 é primo com p, q e d. Logo, ( a2 , b) = pmin{2r,u} qmin{2s,v} . Tanto min{2r, u} como min{2s, v}
podem e só podem assumir os valores 1 e 2. Portanto, são possíveis ( a2 , b) = pq, ( a2 , b) = p2 q, ( a2 , b) = pq2 , ou
( a2 , b ) = p2 q2 .

(b) ( a3 , b) = pl qt , com l = min{3r, u} e t = min{3s, v}. Logo, l ∈ {1, 2, 3} e t ∈ {1, 2, 3}.

(c) ( a2 , b3 ) = pl qt , com l ∈ {2, 3} e t ∈ {2, 3}.

1
AV2 - MA 14 - 2011

Questão 2.

(2,0) Ache o resto da divisão por 17 do número

S = 116 + 216 + 316 + · · · + 8516 .

UMA SOLUÇÃO

Pelo Pequeno Teorema de Fermat temos que


(
16 1, se 17 não divide a
a ≡ mod 17
0, se 17 divide a

Como 85 = 17 × 5, temos que de 1 a 85 há 5 múltiplos de 17 e 85 − 5 = 80 não múltiplos de 17 (i.e., primos com 17),
logo
S ≡ 80 × 1 mod 17 ≡ 12 mod 17.

Portanto, o resto da divisão de S por 17 é 12.

2
AV2 - MA 14 - 2011

Questão 3.

2357
 
(1,5) É possível repartir exatamente objetos entre 49 pessoas?
528

UMA SOLUÇÃO

Temos
2357 2357!
 
a= = .
528 1829!528!
Portanto, o expoente da maior potência de 7 que divide a é dado por

E7 (2357!) − E7 (1829!) − E7 (528!).

Agora

2357 = 7 × 336 + 5, 336 = 7 × 48 + 0, 48 = 7 × 6 + 6.

1829 = 7 × 261 + 2, 261 = 7 × 37 + 2, 37 = 7 × 5 + 2.

528 = 7 × 75 + 3, 75 = 7 × 10 + 5, 10 = 7 × 1 + 3.

Assim,

E7 (2357!) = 336 + 48 + 6 = 390,

E7 (1829!) = 261 + 37 + 5 = 303 e

E7 (528!) = 75 + 10 + 1 = 86.

Logo,

E7 (2357!) − E7 (1829!) − E7 (528!) = 390 − 303 − 86 = 1.

Portanto, 49 = 72 não divide a e a resposta do problema é não.

3
AV2 - MA 14 - 2011

Questão 4.

(2,0) Dispomos de uma quantia de x reais menor do que 3000. Se distribuirmos essa quantia entre 11 pessoas, sobra
um real; se a distribuirmos entre 12 pessoas, sobram dois reais, e se a distribuirmos entre 13 pessoas, sobram
3 reais. De quantos reais dispomos?
Sugestão: Pode ser útil utilizar o seguinte fato: c é solução da congruência ay ≡ b mod m se, e somente se, c é
solução da congruência ry ≡ b mod m, onde r é o resto da divisão de a por m.

UMA SOLUÇÃO

O número x de Reais é uma solução do seguinte sistema de congruências:



 X ≡ 1 mod 11


X ≡ 2 mod 12

 X ≡ 3 mod 13

Com as notações do Teorema Chinês dos Restos, temos N = 11 × 12 × 13 = 1716, N1 = 12 × 13 = 156, N2 =


11 × 13 = 143 e N3 = 11 × 12 = 132. Precisamos determinar uma solução do sistema:

 N1 Y1 ≡ 1 mod 11


N2 Y2 ≡ 1 mod 12

 N Y ≡ 1 mod 13

3 3

Utilizando a sugestão, podemos resolver o sistema:



 2Y1 ≡ 1 mod 11


11Y2 ≡ 1 mod 12

 2Y ≡ 1 mod 13

3

que possui a solução (y1 , y2 , y3 ) = (6, 11, 7) (achada por inspeção). Assim, as soluções do sistema de congruências
são da forma

x ≡ N1 × y1 × 1 + N2 × y2 × 2 + N3 × y3 × 3 = 156 × 6 × 1 + 143 × 11 × 2 + 132 × 7 × 3 = 6854 mod 1716.

A menor solução é dada pelo resto da divisão de 6854 por 1716 que é 1706. A próxima solução é 1706 + 1716 = 3422,
que ultrapassa 3000. Portanto, a solução procurada é 1706.

Outra solução. Usando-se números negativos pode-se perceber, por inspeção, que −10 é solução do sistema de
congruências. Então basta somar N = 1716 para se obter a primeira solução positiva (igual a 1706) e a seguinte, que
ultrapassa 3000.

Recomendação aos professores. No material da disciplina optou-se pelo estudo de congruências sem a utilização
dos negativos. Pretende-se rever essa decisão para o ano que vem, visto que os negativos são úteis e perfeitamente
naturais na abordagem deste assunto. De qualquer forma, a banca entende que esta solução também deve ser
considerada correta.

4
AV2 - MA 14 - 2011

Questão 5.

(1,0) Sabendo que 74 = 2401, ache os algarismos da dezena e da unidade do número 799999 .

UMA SOLUÇÃO

Efetivamente, precisamos encontrar o resto da divisão de 799999 por 100.


24999
Como 99999 = 4 × 24444 + 3 e 74 ≡ 1 mod 100, temos que
24999
(74 )24444 ≡ 1 mod 100.

Assim, 24999
799999 = (74 )24444 × 73 ≡ 1 × 73 mod 100 ≡ 43 mod 100.

Portanto, os algarismos são 4, da dezena, e 3, da unidade.

5
AV2 - MA 14 - 2011

Questão 6.
Considere Z m para m > 2.

(0,5) (a) Mostre que Z m tem sempre um número par de elementos invertíveis. Sugestão: Analise a paridade de
ϕ(m), quando m > 2.

(0,5) (b) Mostre que se [ a] é invertível em Z m , então −[ a] = [m − a] é invertível e [ a] 6= −[ a].

(0,5) (c) Mostre que a soma de todos os elementos invertíveis de Z m é igual a 0.

(0,5) (d) Mostre que a soma de todos os elementos de um sistema reduzido qualquer de resíduos módulo m é
sempre múltiplo de m.

Observação: em cada item, pode-se usar a afirmação cuja demonstração é pedida em um item anterior sem necessa-
riamente tê-la demonstrado.

UMA SOLUÇÃO

α −1
(a) Se m = p1 1 . . . prαr , então ϕ(m) = p1 1 . . . prαr −1 ( p1 − 1) . . . ( pr − 1), que é obviamente par se m > 2. Como o
α

número de elementos invertíveis de Z m é ϕ(m), o resultado segue.

(b) Se [b] é um inverso de [ a], é imediato ver que (−[ a])(−[b]) = [ a][b] = 1, logo −[ a] é invertível.
Se [ a] é invertível, então ( a, m) = 1. Suponhamos por absurdo que [ a] = −[ a], logo [2a] = 2[ a] = [0], o que implica
que 2a = tm, para algum t ∈ N. Como m divide 2a e (m, a) = 1, segue-se que m divide 2, o que implica que m = 2,
absurdo.

(c) Os elementos invertíveis se apresentam aos pares, um simétrico do outro, a soma é portanto zero.

(d) Se a1 , . . . , a ϕ(m) é um sistema reduzido de resíduos módulo m, temos que [ a1 ], . . . , [ a ϕ(m) ] são os elementos in-
vertíveis de Z m , logo
[ a1 + · · · + a ϕ ( m ) ] = [ a1 ] + · · · + [ a ϕ ( m ) ] = [0],

o que implica que a1 + · · · + a ϕ(m) é um múltiplo de m.

6
MA14 – Aritmética I – Avaliação 3 – 2011

Questão 1.

(1,0) (a) Descreva os números naturais que possuem 15 divisores naturais.

(1,0) (b) Determine o menor número natural com 15 divisores.

Questão 2.

(2,0) Determine a maior potência de 15 que divide 150!

Questão 3.

(2,0) Quando um macaco sobe uma escada de dois em dois degraus, sobra um degrau, quando sobe de três em três
degraus, sobram dois degraus e quando sobe de cinco em cinco degraus, sobram três degraus. Quantos degraus
possui a escada, sabendo que o número de degraus está entre 150 e 200 ?

Questão 4.

(1,0) (a) Determine os elementos invertı́veis de Z24 e mostre que cada um é o seu próprio inverso.

(0,5) (b) Calcule a soma de todos os elementos invertı́veis de Z24 .

(0,5) (c) Calcule o produto de todos os elementos invertı́veis de Z24 .

Questão 5.

(1,0) (a) Seja dado um número natural m = pα αr


1 . . . pr decomposto em fatores irredutı́veis. Seja n um número
1

natural tal que φ(pα n


i ) divide n, para todo i = 1, . . . , r. Mostre que m divide a − 1 para todo número natural
i

a primo com m.

(1,0) (b) Mostre que a12 − 1 é divisı́vel por 4095 sempre que (a, 1365) = 1.
AV3 - MA 14 - 2011

Questão 1.

(1,0) (a) Descreva os números naturais que possuem 15 divisores naturais.

(1,0) (b) Determine o menor número natural com 15 divisores.

UMA SOLUÇÃO

α
Dado o número n cuja decomposição em fatores primos é p1 1 . . . prαr , o número de divisores naturais de n é dado
pela fórmula d(n) = (α1 + 1) · · · (αr + 1).

(a) Se d(n) = 15, temos duas opções:

(i) r = 1 e α1 + 1 = 15, ou

(ii) r = 2, α1 + 1 = 3 e α2 + 1 = 5.

Portanto, temos duas possibilidades: n = p14 , ou n = p2 q4 , com p e q primos distintos.

(b) Os candidatos a menor número natural com 15 divisores naturais são: 214 e 32 24 , sendo o menor deles o número
32 24 .

1
AV3 - MA 14 - 2011

Questão 2.

(2,0) Determine a maior potência de 15 que divide 150!

UMA SOLUÇÃO

Se E3 (150!) = n e E5 (150!) = m, então o expoente da maior potência de 15 que divide 150! é E15 (150!) =
min{n, m}. Vamos determinar E3 (150!) e E5 (150!):

150 = 50 × 3 + 0, 50 = 16 × 3 + 2, 16 = 5 × 3 + 1 e 5 = 1 × 3 + 2,

150 = 30 × 5 + 0, 30 = 6 × 5 + 0, e 6 = 1 × 5 + 1.

Portanto, E3 (150!) = 50 + 16 + 5 + 1 = 72 e E5 (150!) = 30 + 6 + 1 = 37. Consequentemente, E15 (150!) = 37.

2
AV3 - MA 14 - 2011

Questão 3.

(2,0) Quando um macaco sobe uma escada de dois em dois degraus, sobra um degrau, quando sobe de três em
três degraus, sobram dois degraus e quando sobe de cinco em cinco degraus, sobram três degraus. Quantos
degraus possui a escada, sabendo que o número de degraus está entre 150 e 200 ?

UMA SOLUÇÃO

O número x de degraus é solução do seguinte sistema de congruências:



 X ≡ 1 mod 2


X ≡ 2 mod 3

 X ≡ 3 mod 5

Com as notações do Teorema Chinês dos Restos, temos N = 2 × 3 × 5 = 30, N1 = 15, N2 = 10 e N3 = 6. Seja
(y1 , y2 , y3 ) = (1, 1, 1) solução do sistema 
 15Y1 ≡ 1 mod 2


10Y2 ≡ 1 mod 3

 6Y ≡ 1 mod 5.

3

Portanto, toda solução do sistema original é da forma

x ≡ N1 y1 1 + N2 y2 2 + N3 y3 3 mod 30,

ou seja, x ≡ 53 mod 30. Assim, a solução entre 150 e 200 é 53 + 120 = 173.

Outra solução: Como n ≡ 3 mod 5 e n tem que ser ímpar, pois n ≡ 1 mod 2, ficamos apenas com as seguintes
possibilidades: 153, 163, 173, 183, 193. Então excluímos os múltiplos de 3 (153 e 183) e os "múltiplos de 3 +1"(163 e
193). Sobra 173.

3
AV3 - MA 14 - 2011

Questão 4.

(1,0) (a) Determine os elementos invertíveis de Z24 e mostre que cada um é o seu próprio inverso.

(0,5) (b) Calcule a soma de todos os elementos invertíveis de Z24 .

(0,5) (c) Calcule o produto de todos os elementos invertíveis de Z24 .

UMA SOLUÇÃO

(a) Os elementos invertíveis de Z24 são da forma [ a], onde a < 24 e tal que ( a, 24) = 1. Portanto, esses são [1], [5],
[7], [11], [13], [17], [19] e [23]. Agora,

12 ≡ 1 mod 24, 52 = 25 ≡ 1 mod 24, 72 = 2 × 24 + 1 ≡ 1 mod 24,

112 = 5 × 24 + 1 ≡ 1 mod 24, 132 = 7 × 24 + 1 ≡ 1 mod 24,

172 = 12 × 24 + 1 ≡ 1 mod 24, 192 = 15 × 24 + 1 ≡ 1 mod 24,

232 = 22 × 24 + 1 ≡ 1 mod 24.

Logo, [ a]2 = 1, para a = 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23.

(b) Temos que


[1] + [5] + [7] + [11] + [13] + [17] + [19] + [23] = [96] = [4 × 24] = [0].

(c) Por outro lado,


[1] × [5] × [7] × [11] × [13] × [17] × [19] × [23] = 1,
pois [5] × [7] = [11], [13] × [17] = [5] e [19] × [23] = [5].

Outra Solução:

(a) Como 13 ≡ −11 mod 24, 17 ≡ −7 mod 24, 19 ≡ −5 mod 24 e 23 ≡ −1 mod 24, então basta verificar a afirmação
em apenas metade dos números.

(b) Segue imediatamente da argumentação acima que soma é zero mod 24.

(c) Como o produto de dois inversos aditivos é −[1], e são quatro pares de elementos mutuamente inversos aditi-
vamente, o produto é (−[1])(−[1])(−[1])(−[1]) = [1].

4
AV3 - MA 14 - 2011

Questão 5.

α
(1,0) (a) Seja dado um número natural m = p1 1 . . . prαr decomposto em fatores irredutíveis. Seja n um número
α
natural tal que ϕ( pi i ) divide n, para todo i = 1, . . . , r. Mostre que m divide an − 1 para todo número natural a
primo com m.

(1,0) (b) Mostre que a12 − 1 é divisível por 4095 sempre que ( a, 1365) = 1.

UMA SOLUÇÃO

αi
α
(a) Como ( a, m) = 1 implica ( a, pi i ) = 1, então o Teorema de Euler garante que a ϕ( pi ≡ 1 mod piαi . Como ϕ( piαi )
)
α α
divide n, então an ≡ 1 mod pi i , para todo i = 1, . . . , r. Mas isso é o mesmo que dizer que an − 1 é múltiplo de pi i ,
∀i = 1, . . . , r. Como os piαi são todos primos entre si, an − 1 é múltiplo de m = p1α1 . . . prαr .

(b) Note que 4095 = 32 · 5 · 7 · 13 e que 1365 = 3 · 5 · 7 · 13. Então ( a, 1365) = 1 implica (de fato, equivale a)
( a, 4095) = 1. Portanto queremos saber se a12 − 1 é múltiplo de 4095, sob a hipótese ( a, 4095) = 1. Pelo item
anterior (com n = 12 e m = 4095), é suficiente verificar se ϕ(32 ), ϕ(5), ϕ(7) e ϕ(13) são divisores de 12. De fato, eles
são: ϕ(32 ) = 6, ϕ(5) = 4, ϕ(7) = 6 e ϕ(13) = 12.

Evidentemente é possível responder a parte (b) sem estar muito ciente de um resultado geral como a parte (a),
essencialmente fazendo as mesmas coisas. Queremos que a12 − 1 seja múltiplo de 4095 e, para tanto, basta que
seja simultaneamente múltiplo de 32 , 5, 7 e 13, pois são primos entre si. Então queremos mostrar as congruências
a12 ≡ 1 mod 9, a12 ≡ 1 mod 5, a12 ≡ 1 mod 7 e a12 ≡ 1 mod 13. A hipótese ( a, 1365) = 1 garante que ( a, 9) =
1, ( a, 5) = 1, ( a, 7) = 1 e ( a, 13) = 1. Com isso o Teorema de Euler garante que aφ(9) = a6 ≡ 1 mod 9, logo
a12 = ( a6 )2 ≡ 1 mod 9. Para os demais casos o Teorema de Euler coincide com o Pequeno Teorema de Fermat:
a4 ≡ 1 mod 5 implica a12 = ( a4 )3 ≡ 1 mod 5; a6 ≡ 1 mod 7 implica a12 = ( a6 )2 ≡ 1 mod 7; e a12 ≡ 1 mod 13 já é o
que queríamos demonstrar.

5
MA14
-
2012
Primeira Prova de Aritmética - MA14
2012/2 semestre

NOME: −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

Questão 1 (valor: 2 pontos)


Mostre que na representação na base 10 de um número da forma a5 − a, em que a ∈ N, o algarismo das unidades
é sempre igual a 0.

Questão 2 (valor: 2 pontos)


Mostre que, para todo n ∈ N, é irredutı́vel a fração
21n + 4
.
14n + 3

Questão 3 (valor: 2 pontos)


Denotando por (x, y) e por [x, y], respectivamente, o máximo divisor comum e o mı́nimo múltiplo comum de dois
números naturais x e y, resolva o sistema de equações

 (x, y) = 6


 [x, y] = 60

Questão 4 (valor: 2 pontos)


Uma terna de números primos da forma (a, a + 2, a + 4) é chamada de terna de primos trigêmeos.

a) Mostre que dados três números inteiros a, a + 2 e a + 4, um e apenas um deles é múltiplo de 3.

b) Mostre que a única terna de primos trigêmeos é (3, 5, 7).

Questão 5 (valor: 2 pontos)


Um grupo de 30 pessoas entre homens, mulheres e crianças foram a um banquete e juntos gastaram 30 patacas.
Cada homem pagou 2 patacas, cada mulher meia pataca e cada criança um décimo de pataca. Quantos homens,
quantas mulheres e quantas crianças havia no grupo?
Primeira Prova de Aritmética - MA14
2012/2 semestre

SOLUÇÕES

Questão 1 (valor: 2 pontos)


Mostre que na representação na base 10 de um número da forma a5 − a, em que a ∈ N, o algarismo das unidades
é sempre igual a 0.

Uma solução:

Escrevamos
m = a5 − a = a(a4 − 1) = a(a − 1)(a + 1)(a2 + 1).

Como m possui dois fatores formados por inteiros consecutivos, o número m é par. Agora só falta mostrar que m
é múltiplo de 5.
Escrevamos a = 5k + r, com r = 0, 1, 2, 3 ou 4 e façamos uma análise de casos.

• Caso a = 5k. Como a é um divisor de m, temos que 5 divide m.

• Caso a = 5k + 1. Como a − 1 = 5k é divisor de m, temos que 5 divide m.

• Caso a = 5k + 2. Como a2 + 1 = 25k 2 + 20k + 5, temos que 5 divide m.

• Caso a = 5k + 3. Como a2 + 1 = 25k 2 + 30k + 10, temos que 5 divide m.

• Caso a = 5k + 4. Como a + 1 = 5k + 5, temos que 5 divide m.

Observação: O fato que 5 divide a5 − a decorre imediatamente do Pequeno Teorema de Fermat, que não faz parte
da matéria dada.

Questão 2 (valor: 2 pontos)


Mostre que, para todo n ∈ N, é irredutı́vel a fração
21n + 4
.
14n + 3

Uma solução:

Temos que
(21n + 4, 14n + 3) = (21n + 4 − 14n − 3, 14n + 3) = (7n + 1, 14n + 3)

= (7n + 1, 14n + 3 − 14n − 2) = (7n + 1, 1) = 1.


Questão 3 (valor: 2 pontos)
Denotando por (x, y) e por [x, y], respectivamente, o máximo divisor comum e o mı́nimo múltiplo comum de dois
números naturais x e y, resolva o sistema de equações

 (x, y) = 6


 [x, y] = 60

Uma solução:

Sabemos que x e y são múltiplos de 6 e divisores de 60 e são tais que

xy = (x, y)[x, y] = 6 · 60 = 360.

As possı́veis soluções são: x, y ∈ {6, 12, 30, 60}.


A condição xy = 360 implica que as únicas soluções do sistema são x = 6, y = 60; x = 12, y = 30; x = 30, y = 12
e x = 60, y = 6.

Questão 4 (valor: 2 pontos)


Uma terna de números primos da forma (a, a + 2, a + 4) é chamada de terna de primos trigêmeos.

a) Mostre que dados três números inteiros a, a + 2 e a + 4, um e apenas um deles é múltiplo de 3.

b) Mostre que a única terna de primos trigêmeos é (3, 5, 7).

Uma solução:

a) Podemos escrever a = 3k + r, com r = 0, 1 ou 2.

• Se r = 0, temos a = 3k, a + 2 = 3k + 2 e a + 4 = 3(k + 1) + 1, logo somente a é múltiplo de 3.

• Se r = 1, temos a = 3k + 1, a + 2 = 3(k + 1) e a + 4 = 3(k + 1) + 2, logo somente a + 2 é múltiplo de 3.

• Se r = 2, temos a = 3k + 2, a + 2 = 3(k + 1) + 1 e a + 4 = 3(k + 2), logo somente a + 4 é múltiplo de 3.

b) Dados três primos a, a + 2 e a + 4, um deles é múltiplo de 3, sendo este número primo, ele deve ser 3. Portanto,
a única possibilidade é a = 3, a + 2 = 5 e a + 4 = 7.

Questão 5 (valor: 2 pontos)


Um grupo de 30 pessoas entre homens, mulheres e crianças foram a um banquete e juntos gastaram 30 patacas.
Cada homem pagou 2 patacas, cada mulher meia pataca e cada criança um décimo de pataca. Quantos homens,
quantas mulheres e quantas crianças havia no grupo?

Uma solução:

Seja x o número de homens, y o número de mulheres e z o número de crianças. Logo, x + y + z = 30.


Distribuindo os gastos por grupos, devemos ter 2x + 21 y + 1
10 z = 30.
Assim, temos que resolver o sistema:
  
 x + y + z = 30

  x + y + z = 30

  x + y + z = 30


⇐⇒ ⇐⇒
  
 2x + 1 y + 1
= 30  20x + 5y + z = 300  19x + 4y = 270.
10 z
  
2

Sendo (19, 4) = 1, a equação 19x + 4y = 270 possui solução. A solução mı́nima dessa equação é x0 = 2, y0 = 58.
Portanto, a solução geral é dada por 
 x = 2 + 4t


, t∈N

 y = 58 − 19t

Levando em consideração os intervalos de variação de x, y e z:

0 < x, y, z < 30,

a única solução possı́vel é x = 14, y = 1 e z = 15.


Segunda Prova de Aritmética - MA14

2012/2o semestre

NOME: −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

Problema 1 (valor: 2 pontos) Sejam n ∈ Z e p um número primo. Denota-se com Ep (n) o expoente da maior
potência de p que divide n.
a) Justifique a seguinte afirmação sobre dois números naturais m e n:

m = n ⇐⇒ Ep (m) = Ep (n) para todo número primo p.

b) Sejam a, b, c ∈ N. Mostre que

[a, b, c]2 (a, b)(a, c)(b, c) = (a, b, c)2 [a, b][a, c][b, c]

Sugestão: Note que dada a simetria dessa expressão em a, b e c, pode-se supor sem perda de generalidade que
Ep (a) 6 Ep (b) 6 Ep (c).

Problema 2 (valor: 2 pontos) Mostre que

a) 7|32n+1 + 2n+2 b) 37|3 |00 {z


. . . 0} 7
3n

Problema 3 (valor: 2 pontos) Considere os números da forma


10n − 1
αn = .
9
a) Mostre que 9|αn ⇐⇒ 9|n.
b) Mostre que 11|αn ⇐⇒ n é par.

Problema 4 (valor: 2 pontos) Ache todos os números que deixam resto 2, quando divididos por 7, deixam resto 3,
quando divididos por 11 e deixam resto 5, quando divididos por 13. Aponte a menor solução positiva.

Problema 5 (valor: 2 pontos) Seja ϕ a função de Euler que associa a cada número natural m > 1 o número de
inteiros entre 0 e m que são primos com m. Mostre que
a) Se m > 2, então ϕ(m) é par. Conclua, nessas condições, que Zm tem sempre um número par de elementos
invertı́veis.
b) O número de elementos invertı́veis de Z2m é igual ao número de elementos invertı́veis de Zm , se m é ı́mpar, e igual
ao dobro desse número, se m é par.
c) Mostre que o número de elementos invertı́veis de Zm2 é m vezes o número de elementos invertı́veis de Zm .
d) Relacione o número de elementos invertı́veis de Zmr com o número de elementos invertı́veis de Zm , sendo r um
inteiro positivo.
Segunda Prova de Aritmética - MA14
GABARITO
2012/2o semestre

Questão 1
Sejam n ∈ Z e p um número primo. Denota-se com Ep (n) o expoente da maior potência de p que divide n.
a) Justifique a seguinte afirmação sobre dois números naturais m e n:

m = n ⇐⇒ Ep (m) = Ep (n) para todo número primo p.

b) Sejam a, b, c ∈ N. Mostre que

[a, b, c]2 (a, b)(a, c)(b, c) = (a, b, c)2 [a, b][a, c][b, c]

Sugestão: Note que dada a simetria dessa expressão em a, b e c, pode-se supor sem perda de generalidade que
Ep (a) 6 Ep (b) 6 Ep (c).

Uma solução:

a) A menção ao Teorema Fundamental da Aritmética já deveria garantir metade da pontuação do ı́tem.
Se n = m é óbvio que Ep (m) = Ep (n) para todo número primo p. A seguir, provaremos a implicação contrária.
β1
Pelo Teorema Fundamental da Aritmética, podemos escrever m = pα αr βs
1 · · · pr e n = q1 · · · qs , com {p1 , . . . , pr } e
1

{q1 , . . . , qs } dois conjuntos formados por números primos, dois a dois distintos em cada um dos conjuntos anteriores.
Como
{p ; p é primo e Ep (m) > 0} = {p1 , . . . , pr }

e
{p ; p é primo e Ep (n) > 0} = {q1 , . . . , qs },

segue-se que
{p1 , . . . , pr } = {q1 , . . . , qs }.

Assim, r = s e, após reordenar os elementos q1 , . . . , qr , podemos supor qi = pi , para i = 1, . . . , r. Como

αi = Epi (m) = Epi (n) = βi , i = 1, . . . , r,

conclui-se que n = m.

b) Pelo fato desta expressão ser simétrica em a, b e c, podemos supor que Ep (a) 6 Ep (b) 6 Ep (c). Portanto,

Ep [a, b, c]2 (a, b)(a, c)(b, c) = 2Ep (c) + 2Ep (a) + Ep (b). (1)

Por outro lado,



Ep (a, b, c)2 [a, b][a, c][b, c] = 2Ep (a) + Ep (b) + 2Ep (c). (2)

O resultado segue de a), usando-se (1) e (2), já que, para todo p primo,
 
Ep [a, b, c]2 (a, b)(a, c)(b, c) = Ep (a, b, c)2 [a, b][a, c][b, c] .
Questão 2
Mostre que

a) 7|32n+1 + 2n+2 . . . 0} 7
b) 37|3 |00 {z
3n

Uma solução:

a) Como 9 ≡ 2 mod 7, temos que

32n+1 = 3 · (32 )n ≡ 3 · 9n ≡ 3 · 2n mod 7.

Por outro lado, como 2n+2 = 4 · 2n , segue-se que

32n+1 + 2n+2 ≡ 3 · 2n + 4 · 2n = 7 · 2n ≡ 0 mod 7.

b) Temos que
. . . 0} 7 = 3 · 103n+1 + 7 = 3 · 10 · 103n + 7 = 30 · 103n + 7.
3 |00 {z
3n
3
Mas, como 10 ≡ 1 mod 37, temos que
103n = (103 )n ≡ 1 mod 37,

logo
. . . 0} 7 = 30 · 103n + 7 ≡ 37 ≡ 0 mod 37.
3 |00 {z
3n

Questão 3
Considere os números da forma
10n − 1
αn = .
9
a) Mostre que 9|αn ⇐⇒ 9|n.
b) Mostre que 11|αn ⇐⇒ n é par.

Uma solução:

Podemos escrever
10n − 1 10n − 1
αn = = = 10n−1 + · · · + 10 + 1.
9 10 − 1
a) Como 10 ≡ 1 mod 9 temos que

αn = 10n−1 + · · · + 10 + 1 ≡ n mod 9,

logo αn ≡ 0 mod 9 se, e somente se, n ≡ 0 mod 9.

b) Note que 10 ≡ −1 mod 11, logo 10n ≡ (−1)n . Portanto,

αn = 1 + 10 + · · · + 10n−1 ≡ 1 − 1 + 1 · · · + (−1)n−1 mod 11.

Consequentemente, αn ≡ 0 mod 11 se, e somente se, n é par.


Questão 4
Ache todos os números que deixam resto 2, quando divididos por 7, deixam resto 3, quando divididos por 11 e
deixam resto 5, quando divididos por 13. Aponte a menor solução positiva.

Uma solução:

Definindo N = 7 × 11 × 13 = 1001, N1 = 11 × 13 = 143, N2 = 7 × 13 = 91 e N3 = 7 × 11 = 77, temos que resolver


cada uma das congruências: 143Y ≡ 1 mod 7, 91Y ≡ 1 mod 11 e 77Y ≡ 1 mod 13
Como 143 ≡ 3 mod 7, 91 ≡ 3 mod 11 e 77 ≡ 12 ≡ −1 mod 13, essas congruências são equivalentes às seguintes:
3Y ≡ 1 mod 7, 3Y ≡ 1 mod 11 e Y ≡ −1 mod 13, que possuem as seguintes soluções: y1 = 5, y2 = 4 e y3 = 12.
Assim, pelo Teorema Chinês dos Restos, uma solução é dada por

x = N1 y1 × 2 + N2 y2 × 3 + N3 y3 × 5 = 1430 + 1092 + 4620 = 7142.

Essa solução é única módulo N = 1001. Assim, todas as soluções são

7142 + t1001, t ∈ Z.

A solução positiva mı́nima é o resto da divisão de 7142 por 1001, que é igual a 135.

Questão 5
Seja ϕ a função de Euler que associa a cada número natural m > 1 o número de inteiros entre 0 e m que são
primos com m. Mostre que
a) Se m > 2, então ϕ(m) é par. Conclua, nessas condições, que Zm tem sempre um número par de elementos
invertı́veis.
b) O número de elementos invertı́veis de Z2m é igual ao número de elementos invertı́veis de Zm , se m é ı́mpar, e igual
ao dobro desse número, se m é par.
c) Mostre que o número de elementos invertı́veis de Zm2 é m vezes o número de elementos invertı́veis de Zm .
d) Relacione o número de elementos invertı́veis de Zmr com o número de elementos invertı́veis de Zm , sendo r um
inteiro positivo.

Uma solução:

Observe inicialmente que o número de elementos invertı́veis de Zm é igual a ϕ(m). Sabemos que se m = 2r pr11 · · · prss ,
então
ϕ(m) = 2r−1 (2 − 1)pr11 −1 · · · prss −1 (p1 − 1) · · · (ps − 1).
a) Se m > 2, então r > 2 ou s > 1. Em qualquer das duas situações ϕ(m) é par, pois uma das parcelas é par.

b) Segue da seguinte afirmação: (


ϕ(m), se m é ı́mpar
ϕ(2m) =
2ϕ(m), se m é par.
(basta escrever a expressão de ϕ(2m)).
c) é um caso particular de d).
d) Escrevendo a expressão de ϕ(mr ), r > 0, segue imediatamente que

ϕ(mr ) = mr−1 ϕ(m).

Logo, o número de elementos invertı́veis de Zmr é igual a mr−1 vezes o número de elementos invertı́veis de Zm .
Terceira Prova de Aritmética - MA14
2012/2 semestre

NOME: −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

Questão 1 (valor total: 2 pontos)

(valor: 0,5) a) Mostre que a soma dos quadrados de dois números ı́mpares nunca é um quadrado.

(valor: 0,5) b) Mostre que todo quadrado perfeito é da forma 5k, 5k + 1 ou 5k + 4.

(valor: 1,0) c) Mostre que se três inteiros verificam a2 = b2 + c2 , então b ou c é par e um dos três números a, b ou c
é múltiplo de 5.

Questão 2 (valor: 2 pontos)

Um grupo de 30 pessoas formado por homens, mulheres e crianças, ganhou numa loteria um prêmio de R$ 30.000, 00
que foi dividido entre elas da seguinte forma: Cada homem recebeu R$ 2.000, 00, cada mulher recebeu R$ 500, 00 e
cada criança recebeu R$ 100, 00. Qual é a quantidade de homens, mulheres e crianças que havia no grupo?

Questão 3 (valor: 2 pontos)

Mostre que
21000 |1001 × 1002 × · · · × 2000,

mas que
21001 6 |1001 × 1002 × · · · × 2000.

Questão 4 (valor: 2 pontos)

Ache o resto da divisão de 15 + 25 + · · · + 1835 por 5.

Questão 5 (valor: 2 pontos)

a) Ache o menor número natural M que é termo comum às seguintes progressões aritméticas:

an = 5n + 1, bn = 7n + 3, cn = 9n + 5,

ou seja, determine o menor número natural M para o qual existem r, s e t tais que ar = bs = ct = M .

b) Encontre os valores dos ı́ndices r, s e t tais que ar = bs = ct = M .


Gabarito da 3a. Prova de Aritmética - MA14
2012/2 semestre

Questão 1 (valor total: 2 pontos)

(valor: 0,5) a) Mostre que a soma dos quadrados de dois números ı́mpares nunca é um quadrado.

(valor: 0,5) b) Mostre que todo quadrado perfeito é da forma 5k, 5k + 1 ou 5k + 4.

(valor: 1,0) c) Mostre que se três inteiros verificam a2 = b2 + c2 , então b ou c é par e um dos três números a, b ou c
é múltiplo de 5.

Uma solução:

a) Se b = 2n + 1 e c = 2m + 1, então b2 + c2 = 4(n2 + n + m2 + m) + 2, que é par mas não múltiplo de 4, logo não


pode ser um quadrado, pois se a2 = b2 + c2 , então 2|a2 , logo 2|a e portanto 4|a2 .

b) Todo número inteiro se escreve de uma das seguintes formas: 5m, 5m + 1, 5m + 2, 5m + 3 ou 5m + 4. Elevando
ao quadrado cada uma dessas formas obtemos

(5m)2 = 25m2 = 5k,


(5m + 1)2 = 25m2 + 10m + 1 = 5k + 1,
(5m + 2)2 = 25m2 + 20m + 4 = 5k + 4,
2
(5m + 3) = 25m2 + 30m + 9 = 5k + 4,
(5m + 4)2 = 25m2 + 40m + 16 = 5k + 1.

c) Pelo ı́tem a), um dos números b ou c tem que ser par.


Por outro lado, se nenhum dos números for múltiplo de 5, então a2 , b2 e c2 não são múltiplos de 5, logo, pelo ı́tem
b), são da forma 5k + 1 ou 5k + 4. Logo a soma b2 + c2 resulta em um número da forma 5k + 2 ou 5k + 3, então
a2 = b2 + c2 é também da forma 5k + 2 ou 5k + 3, o que é uma contradição com o ı́tem b).

Questão 2 (valor: 2 pontos)

Um grupo de 30 pessoas formado por homens, mulheres e crianças, ganhou numa loteria um prêmio de R$ 30.000, 00
que foi dividido entre elas da seguinte forma: Cada homem recebeu R$ 2.000, 00, cada mulher recebeu R$ 500, 00 e
cada criança recebeu R$ 100, 00. Qual é a quantidade de homens, mulheres e crianças que havia no grupo?
Uma solução:

Seja X o número de homens, Y o de mulheres e Z o de crianças. Assim, temos

X + Y + Z = 30.

Por outro lado,


2000X + 500Y + 100Z = 30000,

logo, devemos resolver o sistema


( (
X + Y + Z = 30 X + Y + Z = 30
ou, equivalentemente,
20X + 5Y + Z = 300 19X + 4Y = 270

Uma solução minimal (x, y) da equação 19X + 4Y = 270 é tal que 0 < x 6 3. Testando valores, vemos que (2, 58)
é uma solução particular dessa equação, logo a solução geral é x = 2 + 4t e y = 58 − 19t, com t ∈ N. Portanto, a
solução geral do último sistema é dada por

x = 2 + 4t
y = 58 − 19t
z = 30 − x − y = −30 + 15t.

Assim, a única posibilidade do enunciado do problema estar satisfeito ocorre quando t = 3, logo x = 14, y = 1 e
z = 15.

Questão 3 (valor: 2 pontos)

Mostre que
21000 |1001 × 1002 × · · · × 2000,

mas que
21001 6 |1001 × 1002 × · · · × 2000.

Uma solução:

Como
(2n)!
(n + 1)(n + 2) · · · (2n) = ,
n!
temos que
E2 ((n + 1)(n + 2) · · · (2n)) = E2 ((2n)!) − E2 (n!).

Pelo Teorema de Legendre, temos que


   
2n 2n
E2 ((2n)!) = + + · · · = n + E2 (n!).
2 4

Portanto,
E2 ((n + 1)(n + 2) · · · (2n)) = E2 ((2n)!) − E2 (n!) = n + E2 (n!) − E2 (n!) = n.

O resultado segue tomando n = 1000.


Questão 4 (valor: 2 pontos)

Ache o resto da divisão de 15 + 25 + · · · + 1835 por 5.

Uma solução:

Pelo Pequeno Teorema de Fermat temos que n5 ≡ n mod 5, logo


184 × 183
15 + 25 + · · · + 1835 ≡ 1 + 2 + · · · + 183 = mod 5.
2
Mas,
184 × 183
= 92 × 183 ≡ 2 × 3 ≡ 1 mod 5.
2
Portanto, a resposta é 1.

Questão 5 (valor: 2 pontos)

a) Ache o menor número natural M que é termo comum às seguintes progressões aritméticas:

an = 5n + 1, bn = 7n + 3, cn = 9n + 5,

ou seja, determine o menor número natural M para o qual existem r, s e t tais que ar = bs = ct = M .
b) Encontre os valores dos ı́ndices r, s e t tais que ar = bs = ct = M .

Uma solução:

a) Um termo comum às progressões é solução do sistema



 X≡1 mod 5,


X≡3 mod 7,

 X≡5

mod 9,

Com as notações do Teorema Chinês dos Restos, temos N = 5 × 7 × 9 = 315, logo N1 = 7 × 9 = 63, N2 = 5 × 9 = 45
e N3 = 5 × 7 = 35. Devemos resolver as congruências N1 Y = 63Y ≡ 1 mod 5, N2 Y = 45Y ≡ 1 mod 7 e
N3 Y = 45Y ≡ 1 mod 9. Por inspeção, encontramos as seguintes respectivas soluções: y1 = 2, y2 = 5 e y3 = 8.
Assim, o sistema de congruências possui a única solução

x = N1 y1 × 1 + N2 y2 × 3 + N3 y3 × 5 = 126 + 675 + 1 400 = 2 201

módulo N = 315. A menor solução é dada pelo resto da divisão de x por N que é M = 311.

b) Segue de a) que 
 5r + 1 = 311


7s + 3 = 311

 9t + 5 = 311.

Portanto, temos a62 = b44 = c34 = 311.


MA14
-
2013
Terceira Prova de Aritmética - MA14

2013/1 semestre

NOME: −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

Questão 1 (valor: 2 pontos)

a)(1,0) Mostre que se 7|a2 + b2 , sendo a e b são números inteiros, então 7|a e 7|b.

b)(1,0) Resolva a equação diofantina x2 + y 2 = 637, x, y ∈ N.

Sugestão: para a), escreva os números a e b na forma 7m + i, com i = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6.

Questão 2 (valor: 2 pontos) Uma pessoa comprou cavalos e bois. Foram pagos 31 escudos por cavalo e 20 por boi
e sabe-se que todos os bois custaram 7 escudos a mais do que todos os cavalos. Determine quantos cavalos e quantos
bois foram comprados, sabendo que o número de bois está entre 40 e 95.

Questão 3 (valor: 1 ponto) Determine todos os números primos p ∈ N tais que p|3p + 7.

Questão 4 (valor: 2 pontos) Um terno de números primos (p1 , p2 , p3 ) é chamado de terno de primos trigêmeos, se
p3 − p2 = p2 − p1 = 2.

a) (0,5) Mostre que (3, 5, 7) é o único terno de primos trigêmeos.

b) (1,5) Determine todos os números primos p ∈ N que se escrevem ao mesmo tempo como soma de dois primos e
como diferença de dois primos.

Questão 5 (valor: 1 ponto) Ache as raı́zes de X 10 − [1] = 0 em Z11 .

Questão 6 (valor: 2 pontos) Ache a menor quantia em Reais (R$) que quando distribuı́da entre 5 pessoas sobra 1
Real, quando distribuı́da entre 7 pessoas sobram 3 Reais e quando distribuı́da entre 9 pessoas sobram 5 Reais.
Terceira Prova de Aritmética - MA14
GABARITO
2013/1 semestre

NOME: −−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−−

Questão 1 (valor: 2 pontos)

a)(1,0) Mostre que se 7|a2 + b2 , sendo a e b são números inteiros, então 7|a e 7|b.

b)(1,0) Resolva a equação diofantina x2 + y 2 = 637, x, y ∈ N.

Sugestão: para a), escreva os números a e b na forma 7m + i, com i = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6.

Questão 2 (valor: 2 pontos) Uma pessoa comprou cavalos e bois. Foram pagos 31 escudos por cavalo e 20 por boi
e sabe-se que todos os bois custaram 7 escudos a mais do que todos os cavalos. Determine quantos cavalos e quantos
bois foram comprados, sabendo que o número de bois está entre 40 e 95.

Questão 3 (valor: 1 ponto) Determine todos os números primos p ∈ N tais que p|3p + 7.

Questão 4 (valor: 2 pontos) Um terno de números primos (p1 , p2 , p3 ) é chamado de terno de primos trigêmeos, se
p3 − p2 = p2 − p1 = 2.

a) (0,5) Mostre que (3, 5, 7) é o único terno de primos trigêmeos.

b) (1,5) Determine todos os números primos p ∈ N que se escrevem ao mesmo tempo como soma de dois primos e
como diferença de dois primos.

Questão 5 (valor: 1 ponto) Ache as raı́zes de X 10 − [1] = 0 em Z11 .

Questão 6 (valor: 2 pontos) Ache a menor quantia em Reais (R$) que quando distribuı́da entre 5 pessoas sobra 1
Real, quando distribuı́da entre 7 pessoas sobram 3 Reais e quando distribuı́da entre 9 pessoas sobram 5 Reais.
Soluções

1. a) Escrevendo um número c na forma 7m+i, i = 0, 1, . . . , 6, temos que c2 = 7(7m2 +2mi)+i2 , logo c2 ≡ i2 mod 7.
Portanto, os possı́veis valores de a2 e b2 módulo 7 são

02 ≡ 0 mod 7
12 ≡ 1 mod 7
22 ≡ 4 mod 7
32 ≡ 2 mod 7
42 ≡ 2 mod 7
52 ≡ 4 mod 7
62 ≡ 1 mod 7

Assim, a única possibilidade para que a2 + b2 ≡ 0 mod 7 é que a2 ≡ b2 ≡ 0 mod 7. Logo, 7|a2 e 7|b2 . Sendo 7
primo, temos que 7|a e 7|b.

b) Se (a, b) é uma solução da equação diofantina, pelo item a) temos que 7|a e 7|b, logo a = 7k e b = 7l. Assim,

637 = a2 + b2 = 49(k 2 + l2 ),

logo k 2 + l2 = 13. Portanto, k = 2 e l = 3 ou k = 3 e l = 2, o que nos dá as soluções

a = 28, b = 21 ou a = 21, b = 28.

2. Chamando b o número de bois e c o número de cavalos, temos que 20b = 31c + 7, logo a equação diofantina a ser
resolvida é 20b − 31c = 7. Por inspeção vemos que b0 = 5 e c0 = 3 (alternativamente, pode-se calcular uma solução
particular usando o algoritmo de Euclides estendido). Assim a solução geral é dada por

b = b0 + t31 = 5 + t31, c0 = c0 + t20 = 3 + t20, t ∈ Z.

Como 40 < b < 100, segue-se que 40 < 5 + t31 < 95, ou seja, t = 2. Portanto, foram comprados 67 bois e 43 cavalos.

3. Pelo Pequeno Teorema de Fermat temos que 3p ≡ 3 mod p, logo 3p + 7 ≡ 10 mod p. Portanto p|3p + 7 se, e
somente se p|10. Como p ∈ N é primo, então p = 2 ou p = 5.

4. a) O terno (3, 5, 7) é um terno de primos trigêmeo. Dados três inteiros a, a + 2, a + 4, um deles é divisı́vel por 3,
isto se vê escrevendo a na forma 3m + i, i = 0, 1, 2.
Portanto, se a, a + 2 e a + 4 são primos, um dos três números é igual a 3, por ser divisı́vel por 3. Portanto, a única
possibilidade é a = 3, a + 2 = 5 e a + 4 = 7.
b) Suponhamos que p = p1 + p2 e p = p4 − p3 , sendo p1 , p2 , p3 , p4 números primos. O primo p = 2 não se escreve
como soma de dois primos. Logo p é ı́mpar, o que implica que p1 ou p2 é par e o outro é ı́mpar, o mesmo ocorrendo
para p3 e p4 .
Trocando-se p1 e p2 de posição se necessário, vemos que a única possibilidade é p1 = 2 e p3 = 2, pois são primos
pares.
Portanto, os primos p2 = p − 2, p e p4 = p + 2 são trigêmeos, logo p2 = 3, o que implica p = 5.

5. Pelo Pequeno Teorema de Fermat, temos que a10 ≡ 1 mod 11, para todo a ∈ A = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}.
Portanto, [a]10 = [a10 ] = [1] para todo a ∈ A. Logo X 10 − [1] tem como raı́zes [1], [2], [3], [4], [5], [6], [7], [8], [9], [10] em
Z11 .

6. Devemos resolver o sistema:

X ≡ 1 mod 5, X ≡ 3 mod 7, X ≡ 5 mod 9.

Nas notações do Teorema Chinês dos Restos, Temos N = 5 · 7 · 9 = 315 e N1 = 63, N2 = 45 e N3 = 35.
As congruências

N1 Y ≡ 1 mod 5

N2 Y ≡ 1 mod 7

N3 Y ≡ 1 mod 9,

possuem as soluções y1 = 2, y2 = 5 e y3 = 8, respectivamente. Assim, pelo teorema, a única solução módulo N = 315
é dada por
x = N1 y1 + N2 y2 3 + N3 y3 5 = 2201.

Portanto, o menor número natural com a propriedade do problema é o resto da divisão de 2201 por 315, ou seja, 311.
OUTROS
MATERIAIS
MA14
ARITMÉTICA
MA 14 - Aritmética

Resumos das Unidades 1 e 2

Abramo Hefez

PROFMAT SBM
Unidade 1

Divisibilidade
O nosso objeto de estudo neste curso é o conjunto dos
números inteiros:

Z = {. . . , −2, −1, 0, 1, 2, . . .}.

Em Z há um subconjunto que se destaca, o conjunto dos


números naturais:

N = {1, 2, 3, . . .}.
Dados dois números inteiros quaisquer, é possı́vel somá-los,
subtraı́-los e multiplicá-los, mas nem sempre é possı́vel
dividir um pelo outro.
Só existe a Aritmética nos inteiros porque a divisão nem
sempre é possı́vel.
Diremos que um número inteiro a divide um número inteiro
b, escrevendo
a|b,
quando existir c ∈ Z tal que b = c · a.
Neste caso, diremos também que a é um divisor ou um fator
de b ou, ainda, que b é um múltiplo de a
Exemplos
• 1|0, pois 0 é múltiplo de 1: 0 = 0 · 1;
• −2|0, pois 0 é múltiplo de −2: 0 = 0 · (−2);
• 1|6, pois 6 é múltiplo de 1: 6 = 6 · 1;
• −1| − 6, pois −6 é múltiplo de −1: −6 = 6 · (−1);
• 2|6, pois 6 é múltiplo de 2: 6 = 3 · 2;
• −3|6, pois 6 é múltiplo de −3: 6 = (−2) · (−3).
Note que se a|b, com um jogo de sinais, é fácil mostrar que
±a| ± b.
A negação da sentença a | b é representada pelo sı́mbolo:
a 6 | b,
significando que não existe nenhum número inteiro c tal que
b = c · a.
Por exemplo, 3 6 | 4 e 2 6 | 5.
Suponha que a|b e seja c ∈ Z tal que b = c · a.
O número inteiro c é chamado de quociente de b por a e
b
denotado por c = .
a
Por exemplo,

0 0 6 −6
= 0, = 0, = 6, = 6,
1 −2 1 −1
6 6
= 3, = −2.
2 −3
Estabeleceremos a seguir algumas propriedades da
divisibilidade.
Proposição
Sejam a, b, c ∈ Z. Tem-se que
i) 1|a, a|a e a|0.
ii) se a|b e b|c, então a|c (Propriedade transitiva).
Demonstração: (i) Isto decorre das igualdades a = a · 1,
a = 1 · a e 0 = 0 · a.
(ii) a|b e b|c implica que existem f, g ∈ Z, tais que
b = f · a e c = g · b.
Substituindo o valor de b da primeira equação na outra,
obtemos
c = g · b = g · (f · a) = (g · f ) · a,
o que nos mostra que a|c.


O item (i) da proposição acima nos diz que todo número


inteiro é divisı́vel por 1 e por si mesmo.
Listaremos a seguir algumas propriedades da divisibilidade,
cujas provas são semelhantes às feitas acima.
Sejam a, b, c, d ∈ Z. Tem-se que
i) a|b e c|d =⇒ a · c|b · d;
ii) a|b =⇒ a · c|b · c;
iii) a|(b ± c) e a|b =⇒ a|c;
iv) a|b e a|c =⇒ a|(xb + yc), para todos x, y ∈ Z.
v) Se a, b ∈ N, tem-se que a|b =⇒ a 6 b.

É importante interiorizar as propriedades acima, pois elas


serão utilizadas a todo momento.
As proposições a seguir serão de grande utilidade.
Proposição
Sejam a, b ∈ Z e n ∈ N. Temos que a − b divide an − bn .
Demonstração: Vamos provar isto por indução sobre n.
A afirmação é obviamente verdadeira para n = 1, pois a − b
divide a1 − b1 = a − b.
Suponhamos, agora, que a − b|an − bn . Escrevamos

an+1 − bn+1 = aan − ban + ban − bbn = (a − b)an + b(an − bn ).

Como a − b|a − b e, por hipótese, a − b|an − bn , decorre da


igualdade acima e da Propriedade (iv) que
a − b|an+1 − bn+1 .
Estabelecendo assim o resultado para todo n ∈ N.


Proposição
Sejam a, b ∈ Z e n ∈ N. Temos que a + b divide
a2n+1 + b2n+1 .
Demonstração: Também por indução sobre n.
A afirmação é, obviamente, verdadeira para n = 0, pois a + b
divide a1 + b1 = a + b.
Suponhamos, agora, que a + b|a2n+1 + b2n+1 . Escrevamos

a2(n+1)+1 +b2(n+1)+1 = a2 a2n+1 −b2 a2n+1 +b2 a2n+1 +b2 b2n+1 =

(a2 − b2 )a2n+1 + b2 (a2n+1 + b2n+1 ).


Como a + b divide a2 − b2 = (a + b)(a − b) e, por hipótese,
a + b|a2n+1 + b2n+1 , decorre das igualdades acima e da
Propriedade (iv) que a + b|a2(n+1)+1 + b2(n+1)+1 .
Estabelecendo, assim, o resultado para todo n ∈ N.

Proposição
Sejam a, b ∈ Z e n ∈ N. Temos que a + b divide a2n − b2n .
Demonstração: Novamente, a prova se faz por indução
sobre n, nos mesmos moldes das provas das duas proposições
anteriores. Deixamos os detalhes por sua conta.


Exercı́cio

Vamos mostrar que o produto de i inteiros consecutivos é


divisı́vel por i!.
De fato, podemos escrever os i inteiros consecutivos como

n, n − 1, n − 2, . . . , n − (i − 1),

cujo produto P = n(n − 1)(n − 2) · · · (n − i + 1) é divisı́vel


por i!, já que
 
P n(n − 1)(n − 2) · · · (n − i + 1) n
= = ∈ N.
i! i! i
Como aplicação vamos mostrar que 6 divide todo número da
forma n(n + 1)(2n + 1), onde n ∈ N.

De fato,

n(n + 1)(2n + 1) = n(n + 1)(n + 2 + n − 1)


= n(n + 1)(n + 2) + n(n + 1)(n − 1).

Como cada uma das parcelas n(n + 1)(n + 2) e


n(n + 1)(n − 1) é o produto de três inteiros consecutivos,
elas são múltiplos de 3! = 6.
Portanto, sendo o número n(n + 1)(2n + 1) soma de dois
múltiplos de 6, ele é também múltiplo de 6.
Este fato não é surpreendente, pois sabemos que

n(n + 1)(2n + 1)
= 12 + 22 + 32 + · · · + n2 .
6
Exercı́cio

Vamos mostrar que 13 | 270 + 370 .

Note que 270 + 370 = 435 + 935 .

Como 35 é ı́mpar, temos que 4 + 9 divide 435 + 935 ,

o que mostra que 13 divide 270 + 370 .


UNIDADE 2

Divisão Euclidiana
Mesmo quando um número inteiro a não divide um número
inteiro b, Euclides (Século 3 a.C), nos seus Elementos,
utiliza, sem enunciá-lo explicitamente, o fato de que é
sempre possı́vel efetuar a divisão de b por a, com resto
pequeno.
Este resultado, de cuja justificativa geométrica damos uma
ideia quando a é natural, não só é um importante
instrumento na obra de Euclides, como também é um
resultado central da teoria elementar dos números.
Suponhamos que a ∈ N e consideremos a decomposição de N
em união de intervalos disjuntos:

N = . . . ∪ [−2a, −a) ∪ [−a, 0) ∪ [0, a) ∪ [a, 2a) ∪ . . .

Fica claro que qualquer número inteiro b pertence a um e


somente um desses intervalos.
Portanto, existe um único q ∈ Z tal que b ∈ [qa, qa + a),
ou seja, existem números inteiros únicos q e r tais que

b = qa + r, com 0 6 r < a.
Agora enunciamos o resultado geral:
Teorema (Divisão Euclidiana)
Sejam a e b dois números inteiros com a 6= 0. Existem dois
únicos números inteiros q e r tais que

b = a · q + r, com 0 6 r < |a|.

Nas condições do teorema, os números a e b são o divisor e o


dividendo, enquanto q e r são chamados, respectivamente,
de quociente e de resto da divisão de b por a.
Note que o resto da divisão de b por a é zero se, e somente
se, a divide b.
Exemplos

• Como 19 = 5 · 3 + 4, o quociente e o resto da divisão de 19


por 5 são q = 3 e r = 4.
• Como −19 = 5 · (−4) + 1 o quociente e o resto da divisão
de −19 por 5 são q = −4 e r = 1.
• O resto da divisão de 10n por 9 é sempre 1, qualquer que
seja o número natural n.
De fato, 9 = 10 − 1 divide 10n − 1n = 10n − 1. Assim,
10n − 1 = 9q, logo 10n = 9q + 1. Como 0 ≤ 1 < 9, pela
unicidade na divisão euclidiana, tem-se que o resto da
divisão de 10n por 9 é sempre 1.
Par ou ı́mpar?

Dado um número inteiro n ∈ Z qualquer, temos duas


possibilidades:
i) o resto da divisão de n por 2 é 0, isto é, existe q ∈ N tal
que n = 2q; ou
ii) o resto da divisão de n por 2 é 1, ou seja, existe q ∈ N tal
que n = 2q + 1.
No caso (i), dizemos que n é par e no caso (ii), dizemos que
n é ı́mpar.
Mais geralmente, fixado um número natural m > 2, pode-se
sempre escrever um número qualquer n, de modo único, na
forma n = mk + r, onde k, r ∈ Z e 0 6 r < m.
Por exemplo, todo número inteiro n pode ser escrito em
uma, e somente uma, das seguintes formas: 3k, 3k + 1, ou
3k + 2.
Ou ainda, todo número inteiro n pode ser escrito em uma, e
somente uma, das seguintes formas: 4k, 4k + 1, 4k + 2, ou
4k + 3.

Este último fato, permite mostrar que nenhum quadrado de


um número inteiro é da forma 4k + 3.
De fato, seja a ∈ Z.
• Se a = 4k, então a2 = 16k 2 = 4k 0 , onde k 0 = 4k 2 .
• Se a = 4k + 1, então a2 = 16k 2 + 8k + 1 = 4k 0 + 1, onde
k 0 = 4k 2 + 2k.
• Se a = 4k + 2, então a2 = 16k 2 + 16k + 4 = 4k 0 , onde
k 0 = 4k 2 + 4k + 1.
• Se a = 4k + 3, então a2 = 16k 2 + 48k + 9 = 4k 0 + 1, onde
k 0 = 4k 2 + 12k + 2.
Vamos aplicar este resultado para mostrar algo interessante:
Nenhum número da forma a = 11 . . . 1 (n algarismos iguais a
1, com n > 1) é um quadrado.
De fato, podemos escrever a = b · 100 + 11 = 4(25 · b + 2) + 3,
onde b = 11 . . . 1 (n − 2 algarismos iguais a 1). Logo, a é da
forma 4k + 3 e, portanto, não pode ser um quadrado.
Com esta técnica pode-se mostrar que nenhum número da
forma 11 . . . 1 é soma de dois quadrados. Deixamos isto
como exercı́cio
Aritmética – MA14 | Daniel Miranda Página 1 de 3

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http://hostel.ufabc.edu.br/~daniel.miranda/?page_id=789 17/01/2014
Aritmética – MA14 | Daniel Miranda Página 2 de 3

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Lista de exercı́cios de aritmética. 19/08/2011.

1. Demonstrar que, para todo número natural n, Mn = n(n2 − 1)(3n + 2) é múltiplo


de 24.

2. Demonstrar
! que, para quaisquer naturais n ≥ m, o coeficiente binomial
n n!
= é inteiro.
m m!(n − m)!

3. Encontre todos os inteiros positivos tais que:


(a) (n + 1)|(n3 − 1); (b) (2n − 1)|(n3 + 1); (c) (2n3 + 5)|(n4 + n + 1).

4. Demonstrar que (n − 1)2 |nk − 1 se, e somente se, (n − 1)|k.

5. Mostre que, para todo número natural n, o número n! + 1 admite um fator primo
p > n.

6. Prove que se um número natural p > 1 é um divisor de (p − 1)! + 1, então p é


primo.

7. Determinar no sistema decimal os seguintes números: (111111000000)2 , (325610)7


e (2ab39)12 onde a = 10 e b = 11.

8. Construir as tábuas de adição e de multiplicação par ao sistema de base 7 e


calcular:
(a) (1212)7 + (2356)7 + (42631)7 + (6235)7 ;
(b) (1654)7 · (2306)7 .

1
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

DEPARTAMENTO DE MATEMÁTICA

GRUPO DE ESTUDO – ALUNOS DO MESTRADO

MA 14 – ARITMÉTICA I – UNIDADES 10 E 11

UNIDADE 10 – EXPRESSÕES BINÔMIAIS - ATIVIDADES

1. Sejam a, m, n naturais. Mostre que an – 1 |am – 1 se, e somente se, n|m.

Resolução:

Se an – 1 |am – 1 temos que existe k natural tal que am – 1 = k(an – 1). Desta forma o temos
que (an – 1, am – 1) = (an – 1, k(an – 1)) = an – 1(1, k) = an – 1.

Da teoria temos também que (an – 1, am – 1) = a(n,m) – 1. Logo temos que:

(an – 1, am – 1) = a(n,m) – 1 = an – 1. Daí a(n,m) = an. Como a é natural temos que a igualdade é
satisfeita somente quando (m,n) = n e, portanto n|m.

Se n|m então existe k natural tal que m=kn. Logo (m,n) = (kn,n) = n. Da teoria sabemos
que:

(an – 1, am – 1) = a(n,m) – 1 = an – 1 e, portanto an – 1 |am – 1.

2. Sejam n, m naturais com n|m e . Se a é natural mostre que


(am + 1, an + 1) = an + 1

Resolução:
Se n|m, então existe k natural tal que m=kn. Desta forma temos que [m,n] = [kn,n] =
kn = m. De modo análogo observamos que (m,n) = n. Logo temos que que é

e ímpar. Logo pelo Corolário 9 temos que (am + 1, an + 1) = a(n,m) + 1 = an + 1.

3. Sejam a, m, n naturais, com m > n. Mostre que:

Resolução:

Seja w = 2m e r = 2n. Se m > n temos que existe k natural tal que m = n + k. Assim temos:

(w,r) = (2m, 2n) = (2n+k, 2n) = (2n.2k, 2n) = 2n(2k, 1) = 2n.

Agora observe que:

Logo pelo Corolário 10 temos que

, ,

4. Calcule:
a) (5202 + 1, 574 + 1)

Resolução:

Veja que (202,74) = 2

Logo [202,74] = 7474. Desta forma, temos que:

Logo pelo Corolário 9 temos que:

(5202 + 1, 574 + 1) = 5(202,74) + 1 = 52 + 1 = 26

b) (36497 + 1, 36210 + 1)

Resolução:

Veja que (497,210) = 7

Logo [497,210] = 14910. Desta forma, temos que:


Logo pelo Corolário 9 temos que:

(36497 + 1, 36210 + 1) = 1
c) (3144 – 1, 378 + 1)

Resolução:

Veja que (144,78) = 6

Agora observe que:

Logo pelo Corolário 10 temos que:

(3144 – 1, 378 + 1) = 36 + 1 = 730.


5. Seja (Mn)n a seqüência definida por Mn = 2n – 1. Mostre que 3|Mn se, e somente se, n
é par.

Resolução:

Como 3|Mn, segue que (3, Mn) = 3.

Agora observe que 3 = 22 – 1. Assim temos que:

(3, Mn) = (22 – 1, 2n – 1)

Desta forma necessariamente n é par.

Se n é par, então n = 2k e Mn= 22k – 1 = 4k – 1.

Afirmação 1: 3|4k – 1.

Mostraremos esta afirmação por indução.

Para k = 1 verdadeiro, pois 4 – 1 = 3.

Suponha válido para k = w, isto é, 3|4w – 1. Devemos provar verdadeiro para w + 1, isto é,
3|4w+1 – 1.

Observe que 4w+1 – 1 = 4w.4 – 1 = 4w.(3+1) – 1 = 3.4w + 4w – 1 = 3(4w + t) para algum t natural,
pois por hipótese 3|4w – 1. Logo 3|4w+1 – 1 e, portanto 3|Mn.
UNIDADE 11 – NÚMEROS DE FIBONACCI – ATIVIDADES

1. Mostre que, se na sequência de Fibonacci existir um termo divisível por um natural


m, então existem infinitos tais termos.

Resolução:

Seja k um natural tal que m|k (m natural). Desta forma temos que m|wk (w natural), ou seja,
se m divide k, segue que m divide todos os múltiplos de k. Como m|wk segue pelo Lema 2 que
um|uwk. Como os múltiplos de k são infinitos (pois os números naturais não são limitados
superiormente) segue que existem infinitos termos de Fibonacci que são divisíveis por m.

Para auxilio nos exercícios seguintes, construiremos os primeiros termos da sequencia de


Fibonacci.

Fn = {1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, 34, 55, 89, 144, 233, 377, ...}

2. Na sequência de Fibonacci, mostre que u m é par se, e somente se, m é divisível por 3.

Se um é par então, 2|um. Mas 2 = u3. Logo u3|um. Assim pelo Corolário 4 temos que 3|m.

Se m é divisível por 3, então 3|m. Pelo Corolário 4 temos que u3|um e, portanto um é par,
pois u3 = 2.

3. Na sequência de Fibonacci, mostre que um é divisível por 5 se, e somente se, m é


divisível por 5.

Resolução:

Se um é divisível por 5 então, 5|um. Mas 5 = u5. Logo u5|um. Assim pelo Corolário 4 temos
que 5|m.

Se m é divisível por 5, então 5|m. Pelo Corolário 4 temos que u5|um e, portanto um é
divisível por 5, pois u5 = 5.

4. Na sequência de Fibonacci, mostre que u m é divisível por 7 se, e somente se, m é


divisível por 8.

Resolução:

Se um é divisível por 7
Se m é divisível por 8, então 8|m. Pelo Corolário 4 temos que u8|um. Logo 21|um e,
portanto um é divisível por 7, pois todo múltiplo de 21 é em particular múltiplo de 7.

5. Na sequência de Fibonacci, mostre que u m é divisível por 4 se, e somente se, m é


divisível por 6.

Resolução:

Se um é divisível por 4

Se m é divisível por 6, então 6|m. Pelo Corolário 4 temos que u6|um. Logo 8|um e,
portanto um é divisível por 4, pois todo múltiplo de 8 é em particular múltiplo de 4.
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011

Questão 1.
Um pequeno barco a vela, com 7 tripulantes, deve atravessar o oceano em 42 dias. Seu suprimento de água potável
permite a cada pessoa dispor de 3,5 litros de água por dia (e é o que os tripulantes fazem). Após 12 dias de viagem,
o barco encontra 3 náufragos numa jangada e os acolhe. Pergunta-se:

(1.0) (a) Quantos litros de água por dia caberão agora a cada pessoa se a viagem prosseguir como antes?

(1.0) (b) Se os 10 ocupantes de agora continuarem consumindo 3,5 litros de água cada um, em quantos dias, no máximo,
será necessário encontrar uma ilha onde haja água?

UMA RESPOSTA

Uma solução concisa é a seguinte:

10 7
(a) O número de pessoas aumentou em 7 . Portanto a água disponı́vel para cada um deve ser 10 do que era antes
49
(3,5 litros), isto é, 20 = 2, 45 litros.

10
(b) As 7 pessoas teriam água pelos 30 dias restantes, mas agora há 7 vezes o número anterior de pessoas. Isso reduz
7
os dias a 10 · 30 = 21.

Outra forma de pensar é a seguinte. Primeiro calcula-se a quantidade Q de água que resta após 12 dias. Como
restam 30 dias de viagem, com 7 pessoas consumindo 3,5 litros por dia, são Q = 30×7×3, 5 litros (como a quantidade
de água é justa para os 42 dias e os primeiros 12 dias transcorreram como previsto, conclui-se que o que resta para
os outros 30 dias também é justo).

(a) Esse total deve ser consumido nos mesmos 30 dias, mas agora por 10 pessoas. Então o consumo diário de cada
7
um é Q dividido por 30 × 10, que dá 10 × 3, 5 = 2, 45 litros.

(b) Se todos consumirem 3,5 litros por dia, a cada dia transcorrido após o décimo segundo dia serão consumidos 35
litros. Portanto, após n dias restarão Q − 35n litros. Queremos saber o maior n tal que Q − 35n ≥ 0, isto é, o maior
Q Q 7
n que seja menor ou igual a 35 . Mas 35 = 30 × 10 = 21, então em 21 dias (exatamente) se esgotará o reservatório
de água.

1
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011

Questão 2.

(1.0) (a) Quais são os valores de y para os quais existe uma função quadrática f : R → R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e
f (3) = y?

(1.0) (b) Tome y = 9 e determine a função quadrática correspondente. Justifique seus argumentos.

UMA RESPOSTA

(a) Para que exista uma função quadrática f : R → R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e f (3) = y é necessário e suficiente
5−3 y−5
que os pontos (1, 3), (2, 5) e (3, y) não sejam colineares, isto é, que 2−1 6= 3−2 , ou seja, que y − 5 6= 2, ou ainda,
y 6= 7.

(b) Para obter os coeficientes a, b, c da função f (x) = ax2 + bx + c, deve-se resolver o sistema (nas incógnitas a, b, c)



 a+b+c = 3
4a + 2b + c = 5


 9a + 3b + c = 9

Isto é feito de modo simples: basta subtrair a primeira equação das duas seguintes. Tem-se
(
3a + b = 2
8a + 2b = 6

Por subtração (segunda menos duas vezes a primeira), ficamos com 2a = 2, de onde sai imediatamente a = 1.
Substituindo esse valor em 3a + b = 2, obtemos b = −1, e voltando à equação a + b + c = 3 obtemos c = 3. Portanto
x2 − x + 3 é a função quadrática procurada.

Comentário: Há diversas outras formas de se resolver o problema. Por exemplo: tome primeiro a função g(x) = 1+2x,
que é a função afim tal que g(1) = 3 e g(2) = 5. Observe que f (x) = g(x) + a(x − 1)(x − 2) é uma função quadrática
que assume os mesmos valores que g nos pontos x = 1 e x = 2. Então basta achar a que faça f (3) = y. Ora,

f (3) = 1 + 2 · 3 + a(3 − 1)(3 − 2) = 7 + 2a .

y−7
Então 7 + 2a = y e, portanto, a = 2 . Por conseguinte,

y−7
f (x) = 1 + 2x + (x − 1)(x − 2)
2
responde o problema para qualquer y. Em particular, para y = 9,

f (x) = 1 + 2x + (x − 1)(x − 2) = x2 − x + 3 .

2
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011

Questão 3.

(1.0) (a) Seja f : A → B uma função. Dê as definições de f (X) e f −1 (Y ), para X ⊂ A e Y ⊂ B. Se f : R → R é dada
por f (x) = 2x2 + 3x + 4, determine os conjuntos f (R) e f −1 (3).

(1.0) (b) Seja f : A → B uma função. Prove que f (X ∪ Y ) = f (X) ∪ f (Y ), quaisquer que sejam X, Y ⊂ A. Dê um
exemplo em que f (X ∩ Y ) 6= f (X) ∩ f (Y ).

UMA RESPOSTA

(a) Definição da imagem de um subconjunto X de A:

f (X) = {y ∈ B; f (x) = y para algum x ∈ X} .

Definição da pré-imagem de um subconjunto Y de B:

f −1 (Y ) = {x ∈ A; f (x) ∈ Y } .

Agora consideremos a função f : R → R tal que f (x) = 2x2 + 3x + 4. Como o coeficiente de x2 é positivo, a função
quadrática assume seu valor mı́nimo f (− 34 ) = 23 b 3 23
8 para x = − 2a = − 4 . Assim, f (x) ≥ 8 para todo x ∈ R, ou seja,
f (R) ⊂ [ 23
8 , +∞). Além disso, para todo y ≥ 23 2
8 , a equação f (x) = y, ou seja, 2x + 3x + 4 = y, que equivale a
2
2x + 3x + 4 − y = 0, tem discriminante ∆ = 9 − 32 + 8y ≥ −23 + 23 = 0, logo existe(m) valor(es) de x com f (x) = y.
Assim f (R) = [ 23
8 , +∞).

f −1 (3) é o conjunto dos pontos x tais que f (x) = 3, isto é, tais que 2x2 + 3x + 4 = 3. Então é o conjunto das soluções
de 2x2 + 3x + 1 = 0, que é igual a {−1, − 12 }.

Comentário: f −1 (3) é um abuso de linguagem amplamente aceito para designar f −1 ({3}).

(b) z ∈ f (X ∪ Y ) se, e somente se, existe w ∈ X ∪ Y tal que f (w) = z, que por sua vez ocorre se, e somente se, existe
x ∈ X tal que f (x) = z ou existe y ∈ Y tal que f (y) = z, que ocorre se, e somente se, z ∈ f (X) ou z ∈ f (Y ), que
ocorre se, e somente se, z ∈ f (X) ∪ f (Y ).

Tome f : R → R com f (x) = x2 , X = [−1, 0] e Y = [0, 1]. Neste caso, X ∩ Y = {0} e f (X) = f (Y ) = [0, 1]. Logo
f (X ∩ Y ) = {f (0)} = {0} e f (X) ∩ f (Y ) = [0, 1].

3
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011

Questão 4.

(0.5) (a) Se r 6= 0 é um número racional, prove que r 2 é irracional.

(0.5) (b) Dado qualquer número real  > 0, prove que existe um número irracional α tal que 0 < α < .

(1.0) (c) Mostre que todo intervalo [a, b], com a < b, contém algum número irracional.

UMA RESPOSTA
√ √ √
(a) Se r 2 é racional, então r 2 = pq , para p, q ∈ Z, q 6= 0. Como r 6= 0, podemos dividir por r para obter 2 = p
rq ,

de que resulta 2 racional, contradição.

√ √
2 2
(b) Escolha n um número natural maior do que  . Então α = n é positivo, irracional (pelo item (a)) e
√ √
2 2
α= <√ = .
n 2/

(c) Se a ou b for irracional, não há o que provar. Se a for racional, subtraindo a de todos os números do intervalo
[a, b], ficamos com o intervalo [0, b − a]. Tomando  igual a b − a no item (b), obtemos o irracional α menor do que
b − a e maior do que zero. Então a + α é irracional (se não fosse, então α seria a soma de dois racionais e, portanto,
um racional, contradizendo (b)) e pertence ao intervalo [a, b].

4
PROFMAT – P1 – MA 11 – 2011

Questão 5.
Sejam m e n números naturais primos entre si.
m
(1.0) (a) Mostre que n é equivalente a uma fração decimal (isto é, com denominador potência de 10) se, e somente se,
n não tem fatores primos diferentes de 2 ou 5.

(1.0) (b) Mostre que se n tem outros fatores primos além de 2 ou 5 então a expansão decimal é infinita e, a partir de
um certo ponto, periódica.

UMA RESPOSTA

m mp
(a) Sendo m e n primos entre si, uma fração equivalente a n deve ter a forma np (obtida multiplicando-se m e n
pelo mesmo número natural p).
mp
Os fatores primos de uma potência de 10 são 2 e 5. Se np é fração decimal para algum p então np = 10r . Logo,
np só admite fatores primos iguais a 2 ou 5, e, portanto, n também.
Reciprocamente, se n possui apenas fatores primos iguais a 2 ou 5, então podemos multiplicar n por p de forma
mp
que o resultado seja uma potência de 10 (p pode ser ou uma potência de 2 ou uma potência de 5). Com esse p, np
é uma fração decimal.

m
(b) Usando o processo tradicional da divisão continuada para transformar n em fração decimal, como há fatores
de n diferentes de 2 ou 5, em nenhuma etapa o resto da divisão é zero, logo a expansão nunca termina, ou seja, é
infinita. Além disso, os diferentes restos (diferentes de zero) que ocorrem são todos menores do que n, portanto o
número deles é no máximo n − 1. Assim, algum resto deve repetir-se e, a partir daı́, o processo se repete: os restos
se sucedem na mesma ordem anterior e, portanto, os quocientes também, o que fornece a periodicidade (observe que
o perı́odo tem, no máximo, n − 1 números).

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Questão 1.
Calcule as seguintes expressões:

n n √
 qp 
(1,0) (a) logn logn n
n

(1,0) (b) xlog a/ log x , onde a > 0, x > 0 e a base dos logaritmos é fixada arbitrariamente.

UMA SOLUÇÃO


qp
3
(a) Como n n n
n = n1/n , temos
rq
n √ 1
= n−3 ,
n n
logn n=
n3
logo o valor da expressão dada é −3.

(b) Tomando logaritmo na base b que foi fixada, temos

  log a
log xlog a/ log x = · log x = log a .
log x
Como a função log é injetiva, segue-se que
xlog a/ log x = a .

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Questão 2.
(Como caracterizar a função exponencial a partir da função logaritmo.) Seja f : R → R uma função crescente, tal
que f (x + y) = f (x) · f (y) para quaisquer x, y ∈ R. Prove as seguintes afirmações:

(1,0) (a) f (x) > 0 para todo x ∈ R e f (1) > 1.

(1,0) (b) Pondo a = f (1) a função g : R → R definida por g(x) = loga f (x) é linear. (Use o Teorema Fundamental da
Proporcionalidade.)

(0,5) (c) Para todo x ∈ R, g(x) = x, onde g é a função definida no item (b).

(0,5) (d) f (x) = ax para todo x ∈ R.

UMA SOLUÇÃO

O objetivo desta questão é mostrar que é possı́vel caracterizar a função exponencial a partir da função logaritmo,
sem usar argumentos geométricos, como está no livro no caso de logaritmos naturais.
(a) Sendo crescente, f não é identicamente nula. Daı́ resulta que f (x) 6= 0 para todo x ∈ R, pois se existisse x0 ∈ R
com f (x0 ) = 0 terı́amos, para qualquer x ∈ R,

f (x) = f (x0 + (x − x0 )) = f (x0 ) · f (x − x0 ) = 0

e f seria identicamente nula.


Em seguida, notamos que
x x x x x
f (x) = f ( + ) = f ( ) · f ( ) = [f ( )]2 > 0
2 2 2 2 2
para todo x ∈ R.
Vamos mostrar que f (0) = 1. Como f (0) = f (0 + 0) = f (0) · f (0), então f (0) é solução positiva da equação x = x2 .
Como essa equação só tem 1 como solução positiva, a igualdade está demonstrada.
Finalmente, como f é crescente, f (1) > f (0) = 1.

(b) O Teorema Fundamental da Proporcionalidade diz que se g : R → R é crescente e satisfaz g(x + y) = g(x) + g(y)
para quaisquer x, y ∈ R, então g é linear, isto é, g(x) = cx, com c > 0. No nosso caso, temos

g(x + y) = loga f (x + y) = loga [f (x) · f (y)] = loga f (x) + loga f (y) = g(x) + g(y) ,

para quaisquer x, y ∈ R.

(c) Temos g(1) = loga f (1) = loga a = 1, portanto g(x) = x para todo x ∈ R.

(d) Como acabamos de ver, loga f (x) = x, para todo x ∈ R. Como loga ax = x e a função loga é injetiva, segue-se
que f (x) = ax .

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Questão 3.

(1,0) (a) Usando as fórmulas para cos(x + y) e sen(x + y), prove que

tg(x) − tg(y)
tg(x − y) =
1 + tg(x) · tg(y)

(desde que tg(x − y), tg(x) e tg(y) estejam definidas).

(1,5) (b) Levando em conta que um ângulo é máximo num certo intervalo quando sua tangente é máxima, use a fórmula
acima para resolver o seguinte problema:
Dentro de um campo de futebol, um jogador corre para a linha de fundo do time adversário ao longo de uma
reta paralela à lateral do campo que cruza a linha de fundo fora do gol (ver figura). Os postes da meta distam
a e b (com a < b) da reta percorrida por ele. Mostre que o jogador vê a meta sob ângulo máximo quando sua

distância x ao fundo do campo é igual a ab.

b
a

UMA SOLUÇÃO

(a) A manipulação é direta:

sen(x − y) sen(x) · cos(y) − sen(y) · cos(x)


tg(x − y) = = .
cos(x − y) cos(x) · cos(y) + sen(x) · sen(y)

Dividindo o numerador e o denominador por cos(x) · cos(y) (se tg(x) e tg(y) estão definidas, cos(x) e cos(y) são não
nulos), vem
sen(x) sen(y)
cos(x) − cos(y) tg(x) − tg(y)
tg(x − y) = sen(x) sen(y) = 1 + tg(x) · tg(y) .
1 + cos(x) · cos(y)
(b) Em cada instante, o jogador vê a meta sob o ângulo α = α2 − α1 , onde α1 e α2 são os ângulos entre sua trajetória
e as retas que o ligam aos postes da meta. Temos

tg(α2 ) − tg(α1 )
tg(α) = .
1 + tg(α1) · tg(α2 )

3
a
Se x é a distância do jogador ao fundo do campo, temos tg(α1 ) = x e tg(α2 ) = xb , logo
b a
x − x b−a
tg(α) = ab
= .
1+ x2 x + ab
x

Como o numerador b − a é constante, tg(α) é máxima quando o denominador for mı́nimo. Ou seja, é preciso achar
ab
x que minimiza a expressão x + x . q √
Como a média aritmética é sempre maior do que ou igual à média geométrica, então 12 (x + ab
x ) ≥ x · ab
x = ab,

ou seja, o denominador é sempre maior do que ou igual a a 2 ab. A igualdade vale se e somente se os dois termos
√ √
da média são iguais, isto é, quando x = ab. Portanto x + ab
x atinge seu menor valor quando x = ab.

Obs. É possı́vel resolver a questão (b) com outros argumentos. Sejam A e B os extremos da meta, que distam a
e b da linha do jogador, respectivamente (veja figura abaixo, à esquerda). Para cada posição P do jogador, existe
um único cı́rculo que passa por A, B e P . O centro desse cı́rculo, O, está na mediatriz dos pontos A e B (pois
b+a
AOB é triângulo isósceles), estando, portanto, a 2 de distância da linha do jogador. Os segmentos OA e OB têm
comprimento igual ao raio do cı́rculo, digamos r, cujo valor depende de P .
Pelo Teorema do Ângulo Inscrito, AÔB = 2AP̂ B. Assim, AP̂ B é máximo quando AÔB é máximo. E AÔB é
máximo quando a distância OA = OB = r é mı́nima. Mas o menor r possı́vel é aquele tal que o cı́rculo de centro
sobre a mediatriz de A e B e raio r tangencia a linha do jogador. Nessa situação, OP é perpendicular à linha do
b+a
jogador e r = 2 (ver figura abaixo, à direita).
O valor de x, neste caso, é a altura do triângulo AOB com relação à base AB (ou seja, o comprimento da apótema
da corda AB). Esse valor sai do Teorema de Pitágoras aplicado ao triângulo AOQ, em que Q é o ponto médio de
AB. Ou seja,
 2  2
2 b−a 2 a+b
x + =r = .
2 2

Dessa equação resulta a solução x = ab.

B B
O 2α O 2α
A A

α α

P x P x

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PROFMAT – AV2 – MA 11 – 2011

Questão 4.

(1,0) (a) 24h após sua administração, a quantidade de uma droga no sangue reduz-se a 10% da inicial. Que percentagem
resta 12h após a administração? Justifique sua resposta, admitindo que o decaimento da quantidade de droga
no sangue é exponencial.

(1,0) (b) Em quanto tempo a quantidade de droga no organismo se reduz a 50% da dose inicial?

(0,5) (c) Se a mesma droga for administrada em duas doses de 10 mg com um intervalo de 12h, qual é a quantidade
presente no organismo após 24h da primeira dose?

UMA SOLUÇÃO

(a) Sendo exponencial, a quantidade de droga no organismo obedece à lei c0 at , onde a é um número entre 0 e 1, c0 é
a dose inicial (obtida da expressão para t = 0) e t é medido, por exemplo, em horas. Após 24h a quantidade se reduz
1
a 10 da inicial, isto é,
c0
c0 a24 = .
10
1 √1 ,
Portanto a24 = 10 . Daı́ segue que a12 = 10
e que

c0
c0 a12 = √ .
10

Então a quantidade de droga após 12h é a quantidade inicial dividida por 10.

(b) Para saber o tempo necessário para a redução da quantidade de droga à metade (isto é, a meia-vida da droga no
organismo), basta achar t que cumpra at = 12 . Como a24 = 1
10 implica
 s
24s 1
a =
10

a resposta é t = 24s, onde s é tal que 10−s = 2−1 . Daı́ segue que s = log10 2 e que t = 24 log10 2.

(c) A quantidade logo após a primeira dose é c0 . Após 12h ela decai para √c10
0
. Uma nova administração a eleva para
c0

c0 + 10 = c0 (1 + √110 ). Após mais 12h essa quantidade é dividida por 10, passando a ser
 
1 1
c0 √ + ,
10 10
logo, com c0 = 10 mg, restarão, após 24h da primeira dose,

(1 + 10) mg.

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PROFMAT – AV3 – MA 11 – 2011

Questão 1.

(1,0) (a) Prove isto: Se um número natural não é o quadrado de um outro número natural, sua raiz quadrada é irracional.
√ √
(1,0) (b) Mostre que 2+ 5 é irracional.

UMA SOLUÇÃO

 2
p p
(a) Seja n ∈ N. Se q ∈ Q é tal que q = n, então p2 = nq 2 . Como os fatores primos de p2 e q 2 aparecem todos com
expoente par, o mesmo deve ocorrer com os fatores primos de n. Então n é o quadrado de algum número natural.

√ √
(b) Se 2+ 5 fosse racional então seu quadrado
√ √ √ √
q = ( 2 + 5)2 = 2 + 2 10 + 5 = 7 + 2 10

q−7

também seria. Mas aı́ 2 = 10 também seria racional, o que não é possı́vel, pois 10 não é o quadrado de um
número natural.

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PROFMAT – AV3 – MA 11 – 2011

Questão 2.

(2,0) No instante em que uma pedra caiu (sem sofrer impulso inicial) ao momento em que se ouviu o som de seu
choque com a água no fundo do poço decorreram S segundos. Calcular a profundidade do poço. Dar a resposta
em função da aceleração g da gravidade e da velocidade v do som. Usar a fórmula s = g2 t2 do espaço percorrido
no tempo t por um corpo em queda livre que partiu do repouso.

DUAS SOLUÇÕES

Uma solução. O tempo S = t1 + t2 é a soma do tempo t1 que a pedra levou para chegar ao fundo mais o tempo t2
que o som levou para vir até o nı́vel da borda. Chamando de x a profundidade do poço, temos x = g2 t21 e, por outro
lado, x = vt2 = v(S − t1 ). Logo
g 2
t = v(S − t1 )
2 1
ou
gt21 + 2vt1 − 2vS = 0 ,
que é uma equação quadrática na incógnita t1 . As soluções desta equação são
p p
−2v + 4v 2 + 8gvS −2v − 4v 2 + 8gvS
, .
2g 2g
p √
A segunda é negativa e neste problema não faz sentido. A primeira é positiva, porque 4v 2 + 8gvS > 4v 2 = 2v.
Então, dividindo por 2 o numerador e o denominador da fração,
p
−v + v 2 + 2gvS
t1 = ,
g
logo
v2 vp 2
x = vt2 = v(S − t1 ) = Sv + − v + 2gvS .
g g

Outra solução. A solução é essencialmente determinada por aquilo que escolhemos como
q incógnita (t1 , t2 ou x).
2x x
Se equacionarmos diretamente em x iremos pelo seguinte caminho. Observe que t1 = g e t2 = v . Então, de
t1 + t2 = S resulta uma equação em x:
x p −1 √
+ 2g x − S = 0.
√ v
Definamos y = x. Então precisamos achar soluções positivas de
p
v −1 y 2 + 2g −1 y − S = 0 .

A única solução positiva dessa equação quadrática é


p p
− 2g −1 + 2g −1 + 4Sv −1
y= .
2v −1
Então " s #
v2 2
 
2 2 4S 4 8S
x=y = + + −2 + ,
4 g g v g2 vg
que equivale à expressão obtida na primeira solução.

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PROFMAT – AV3 – MA 11 – 2011

Questão 3.

(2,0) Percorrendo, ao longo de uma reta horizontal, a distância d = AB em direção à base inacessı́vel de um poste
CD, nota-se (com o auxı́lio de um teodolito) que os ângulos C ÂD e C B̂D medem, respectivamente, α e β
radianos. Qual é a altura do poste CD?

α d β
A B C

UMA SOLUÇÃO

Temos CD = AC tg α = BC tg β. Como AC = BC + d, vem (BC + d)tg α = BC tg β, e daı́


tg α
BC = d ·
tg α − tg β
e
tg α tg β
CD = BC tg β = d · ,
tg α − tg β
que é a resposta para a pergunta.

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PROFMAT – AV3 – MA 11 – 2011

Questão 4.

(2,0) Um reservatório contém uma mistura de água com sal (uma salmoura), que se mantém homogênea graças a
um misturador. Num certo momento, são abertas duas torneiras, com igual capacidade. Uma despeja água no
reservatório e a outra escoa. Após 8 horas de funcionamento, verifica-se que a quantidade de sal na salmoura
reduziu-se a 80% do que era antes que as torneiras fossem abertas. Que percentagem do sal inicial permanecerá
na salmoura após 24h de abertura das torneiras?

UMA SOLUÇÃO

Seja M0 a massa de sal existente no inı́cio da operação. Decorrido o tempo t, essa massa será M (t) = M0 at , onde
a é uma constante (0 < a < 1). Isto se justifica porque, sendo a salmoura da torneira de saı́da uma amostra da
salmoura do tanque, supostamente homogênea, a quantidade de sal que sai por unidade de tempo é proporcional à
quantidade de sal no tanque, e isto é o princı́pio que rege o decaimento exponencial.
No entanto, a constante a não precisa ser calculada para se resolver o problema. O enunciado nos diz (supondo o
tempo t medido em horas) que M (8) = M0 a8 = 0, 8M0 , logo a8 = 0, 8. Após 24 horas, a quantidade de sal é M0 a24 .
Ora, a24 = (a8 )3 = 0, 83 = 0, 512. Portanto a resposta é 51, 2%, isto é, pouco mais que a metade.

4
PROFMAT – AV3 – MA 11 – 2011

Questão 5.
Considere a função f : [1, +∞) → R, definida por f (x) = x3 − x2 .
(1,0) (a) Defina função crescente e prove que f é crescente.

(1,0) (b) Defina função ilimitada e prove que f é ilimitada.

UMA SOLUÇÃO

(a) Uma função f : X → R, definida no conjunto X ⊂ R, chama-se crescente quando, para x, y ∈ X, x < y implica
f (x) < f (y).
Em nosso caso, sejam x, y ∈ [1, +∞), com x < y. Vamos mostrar que f (y) − f (x) > 0. Temos
f (y) − f (x) = (y 3 − y 2 ) − (x3 − x2 )
= (y 3 − x3 ) − (y 2 − x2 )
= (y − x)(y 2 + xy + x2 ) − (y − x)(y + x)
> (y − x)(y 2 + x2 ) − (y − x)(y + x)
= (y − x)(y 2 − y + x2 − x)
= (y − x)(y(y − 1) + x(x − 1)) .
Como x ≥ 1, então x(x − 1) ≥ 0; e como y > x ≥ 1, então y(y − 1) > 0 e y − x > 0. Portanto f (y) − f (x) > 0.

Outra solução. Podemos definir o número positivo h = y − x, ou seja, escrever y como x + h, e provar que
f (x + h) − f (x) > 0. Temos
f (x + h) − f (x) = (x + h)3 − (x + h)2 − x3 − x2
   

= (x3 + 3x2 h + 3xh2 + h3 ) − (x2 + 2hx + h2 ) − x3 + x2


= 3x2 h + 3xh2 + h3 − 2hx − h2 .
Para mostrar que essa expressão é positiva, precisamos achar termos positivos que, somados aos negativos, resultem
em um número positivo. Então a reescrevemos:
f (x + h) − f (x) = 3x2 h + 3xh2 + h3 − 2hx − h2
= x2 h + 2xh2 + h3 + (2x2 h − 2hx) + (xh2 − h2 )
= x2 h + 2xh2 + h3 + 2hx(x − 1) + h2 (x − 1) .
Como x ≥ 1 então os dois últimos termos são maiores do que ou iguais a zero. Acrescido do fato que os três primeiros
são positivos, tem-se que f (x + h) − f (x) > 0, para qualquer x ≥ 1 e h > 0.

(b) Uma função f : X → R, definida no conjunto X ⊂ R, chama-se ilimitada quando, dado qualquer A > 0, pode-se
achar x ∈ X tal que f (x) > A. No nosso caso, f (x) > A significa x3 − x2 > A, ou seja, x3 (1 − x1 ) > A. Ora, quando
1
x > 2 já se tem 1 − > 12 . Então, para se ter x3 (1 − x1 ) > A, basta tomar um x ∈ [1, +∞) que seja maior do que
x

2 e tal que x3 · 12> A, isto é, x3 > 2A, o que se obtém simplesmente tomando x > 3 2A. Portanto, basta tomar

x > max{2, 3 2A}.

5
AV1 - MA 11 - 2012

Questão 1.
√ √ √ √
Prove que se a, b, c e d são números racionais tais que a 2 + b 3 = c 2 + d 3 então a = c e b = d.

UMA SOLUÇÃO

√ √ √ √ √ √
A igualdade a 2 + b 3 = c 2 + d 3 implica que ( a − c) 2 = (d − b) 3. Suponha que tenhamos ( a, b) 6= (c, d).
Então teremos a 6= c ou b 6= d. Digamos que b 6= d (o caso a 6= c é análogo). Neste caso podemos dividir ambos os
lados por d − b, e teremos √
a−c 3
= √ .
d−b 2
p
Como a, b, c, d são todos racionais, o lado esquerdo é racional e igual a alguma fração irredutível q . Mas aí teríamos

3q2 = 2p2 ,

o que é impossível, pois o lado esquerdo tem um número par de fatores 2 e o lado direito tem um número ímpar
(ou: o lado esquerdo tem um número ímpar de fatores 3 e o lado direito tem um número par).

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AV1 - MA 11 - 2012

Questão 2.

Seja f : R → R uma função crescente tal que, para todo x racional, vale f ( x ) = ax + b (com a, b ∈ R
constantes). Prove que se tem f ( x ) = ax + b também se x for irracional.

UMA SOLUÇÃO

Dado x irracional, podemos achar r e s racionais com r < x < s, sendo s − r tão pequeno quanto desejemos.
Como f é crescente, daí vem f (r ) < f ( x ) < f (s), ou seja, ar + b < f ( x ) < as + b. Como f é crescente, então a > 0,
logo podemos subtrair b de cada termo e dividir por a, sem alterar a direção das desigualdades:

f (x) − b
r< < s.
a
f ( x )−b
Como r e s podem ser escolhidos tão próximos de x quanto desejemos, isto nos obriga a ter a = x e, portanto,
f ( x ) = ax + b.

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AV1 - MA 11 - 2012

Questão 3.

(a) Determine uma função afim f : R → R tal que g : R → R, definida por g( x ) = | | f ( x )| − 1|, tenha o gráfico
abaixo.

(b) Expresse g na forma g( x ) = A + α1 | x − a1 | + α2 | x − a2 | + . . . + αn | x − an |, para algum n, explicitando os


valores de A, α1 , . . . , αn .
Y

-3 -2 -1 0
X

UMA SOLUÇÃO

(a)
Observação: Em princípio não é necessário “deduzir” quem é f , basta apresentar uma função candidata e verificar.
No entanto, dois argumentos para obtê-la seguem abaixo.

Primeiro argumento: No trecho afim mais à direita, vale g( x ) = 2x + 2. Portanto para x ≥ −1, vale, || f ( x )| − 1| =
2x + 2. Então, no intervalo (−1, ∞), a expressão | f ( x )| − 1 não se anula, logo ou é sempre negativa, e neste caso
ter-se-á || f ( x )| − 1| = −| f ( x )| + 1, ou é sempre positiva, e neste caso ter-se-á || f ( x )| − 1| = | f ( x )| − 1. No primeiro
caso, teríamos −| f ( x )| + 1 = 2x + 2, ou | f ( x )| = −1 − 2x, em particular | f (0)| = −1, o que é impossível. Então só
resta segunda opção, e | f ( x )| − 1 = 2x + 2, de onde | f ( x )| = 2x + 3, para x ≥ −1. Concluímos que f ( x ) = 2x + 3
ou f ( x ) = −2x − 3. Ambas as possibilidades são válidas, e escolhemos a primeira f ( x ) = 2x + 3. Aí observamos
que essa escolha de f ( x ) também funciona nos demais trechos afins.

Segundo argumento: Suponha que a taxa de variação de f seja positiva. Então, para x suficientemente afastado para
a direita da raiz de f , f é positiva e maior do que 1, de modo que || f ( x )| − 1| = f ( x ) − 1. No trecho mais à direita,
isso dá 2x + 2, e daí se conclui que f ( x ) = 2x + 3. Nos outros intervalos, basta verificar.

Verificação: Para verificar que g( x ) = || f ( x )| − 1| olha-se a coincidência das funções em cada trecho afim. Os dois
lados são afins nos mesmos intervalos: (−∞, −2], [−2, − 32 ], [− 23 , −1] e [1, ∞). Logo basta verificar a coincidência
entre as funções em dois pontos de cada intervalo. Basta, portanto, verificar que coincidem em −3, −2, − 32 , −1, 0, o
que pode ser feito facilmente.

3
(b) É natural tomar a1 = −2, a2 = − 32 e a3 = −1. Então buscamos escrever

3
g ( x ) = A + α | x + 2| + β | x + | + γ | x + 1| .
2

Impondo g(0) = 2, g(−1) = 0, g(− 23 ) = 1 e g(−2) = 0, obtemos quatro equações lineares nas incógnitas A, α, β e
γ. Resolvendo o sistema, chegamos em A = −1, α = γ = 2 e β = −2, logo na função dada por

3
x 7 → −1 + 2| x + 2| − 2| x + | + 2| x + 1| .
2
Resta ver que essa função é realmente a função g. Essa verificação é feita da mesma maneira que na questão (a).

4
AV1 - MA 11 - 2012

Questão 4.

Ache uma fração ordinária igual ao número real α = 3, 757575 . . .

UMA SOLUÇÃO

Se α é o número acima então 100α = 375, 757575 . . .. Subtraindo as duas igualdades, vem 99α = 372, 0000 . . ..
372
Logo α = 99 .

5
AV1 - MA 11 - 2012

Questão 5.

Considere as seguintes possibilidades a respeito das funções afins f , g : R → R, em que f ( x ) = ax + b e


g( x ) = cx + d.
A) f ( x ) = g( x ) para todo x ∈ R.
B) f ( x ) 6= g( x ) seja qual for x ∈ R.
C) Existe um único x ∈ R tal que f ( x ) = g( x ).
Com essas informações,

i) Exprima cada uma das possibilidades acima por meio de relações entre os coeficientes a, b, c e d.

ii) Interprete geometricamente cada uma dessas 3 possibilidades usando os gráficos de f e g.

UMA SOLUÇÃO

(i) A possibilidade A) ocorre se, e somente se, a = c e b = d. Prova: Se a = c e b = d então, para qualquer x ∈ R,
tem-se f ( x ) = ax + b = cx + d = g( x ). Por outro lado, se f ( x ) = g( x ) para qualquer x ∈ R, então, em particular,
f (0) = g(0), ou seja, a · 0 + b = c · 0 + d, isto é, b = d; além disso, f (1) = g(1), implicando a · 1 + b = c · 1 + d, ou
seja, a = c (usando que b = d).
A possibilidade B) ocorre se, e somente se, a = c e b 6= d. Prova: Se a = c e b 6= d, então f ( x ) − g( x ) =
( a − c) x + (b − d) = b − d 6= 0, para qualquer x ∈ R. Por outro lado, se f ( x ) 6= g( x ) para qualquer x ∈ R então
f ( x ) − g( x ) = ( a − c) x + (b − d) 6= 0 para qualquer x ∈ R, ou seja, ( a − c) x + (b − d) não tem raiz. Mas isto só
ocorre se a = c e b 6= d.
A possibilidade C) ocorre se, e somente se, a 6= c. Prova: Se a 6= c então f ( x ) − g( x ) = ( a − c) x + (b − d) tem
única raiz igual a da− b
−c , logo este é o único ponto x tal que f ( x ) = g ( x ). Por outro lado, se existe um único ponto x
tal que f ( x ) = g( x ) é porque a diferença f ( x ) − g( x ) = ( a − c) x + (b − d) tem uma única raiz, ou seja, a − c 6= 0.

(ii) No caso A), os gráficos de f e g são retas coincidentes. No caso B), os gráficos de f e g são retas paralelas. No
caso C), os gráficos de f e g são retas concorrentes.

6
AV2 - MA 11 - 2012

Questão 1. Seja f : R → R uma função tal que f (0) = 0 e | f ( x ) − f (y)| = | x − y| para quaisquer x, y ∈ R. Prove
que ou f ( x ) = x para todo x ou então f ( x ) = − x seja qual for x.

UMA SOLUÇÃO

Tomando y = 0, vemos que | f ( x )| = | x |, logo f ( x ) = ± x para todo x. Resta mostrar que não se pode ter
f ( x1 ) = x1 e f ( x2 ) = − x2 com x1 e x2 não nulos. De fato, se isto ocorresse, então

| x1 + x2 | = | x1 − (− x2 )| = | f ( x1 ) − f ( x2 )| = | x1 − x2 | .

Elevando ao quadrado ambos os lados da igualdade | x1 + x2 | = | x1 − x2 | concluiríamos que x1 x2 = − x1 x2 , isto é,


que x1 x2 = 0, o que é uma contradição com o fato de x1 e x2 serem ambos nulos.

1
AV2 - MA 11 - 2012

Questão 2. Dada a função quadrática f ( x ) = ax2 + bx + c, consideremos as funções afins g( x ) = mx + t, onde


m é fixo e t será escolhido convenientemente. Prove que existe uma (única) escolha de t para a qual a equação
f ( x ) = g( x ) tem uma, e somente uma, raiz x. Interprete este fato geometricamente em termos dos gráficos de f e g.

UMA SOLUÇÃO

A equação f ( x ) = g( x ) significa ax2 + (b − m) x + c − t = 0. Esta equação do segundo grau tem uma raiz única
( b − m )2
se, e somente se, seu discriminante (b − m)2 − 4a(c − t) é igual a zero, ou seja, se t = c − 4a (observando que
a 6= 0, já que f é quadrática).
Ao variar t, a reta gráfico de g se desloca paralelamente a si mesma e toca a parábola gráfico de f num só ponto
quando é sua tangente. Este é o valor de t que foi calculado.

2
AV2 - MA 11 - 2012

Questão 3. Dados os pontos A = (3, 7), B = (4, 5), C = (5, 5) e D = (5, 3) em R2 , determine a função afim
f ( x ) = ax + b cujo gráfico contém três desses pontos.

UMA SOLUÇÃO

As inclinações dos segmentos AB, AC e AD são, respectivamente, −2, −1 e −2. Portanto A, B e D são colineares.
O segmento CD é vertical, logo C e D não podem pertencer ao gráfico de uma função afim. Logo, além de A, B,
D só resta a possibilidade de que A, B e C sejam colineares. No entanto, AB tem inclinação −2 e BC tem inclinação
0, então A, B e C não podem ser colineares.
Assim, A, B e D são os únicos três pontos colineares dentre os quatro pontos dados. A função afim cujo gráfico
os contém é f ( x ) = ax + b tal que f (3) = 7 e f (4) = 5. Portanto 3a + b = 7 e 4a + b = 5. Daí resulta que a = −2 e
b = 13. A função procurada é f ( x ) = −2x + 13.

3
AV2 - MA 11 - 2012

Questão 4. A população de uma cultura de bactérias, num ambiente controlado, é estimada pela área que ocupa
sobre uma superfície plana e tem taxa de crescimento diária proporcional a seu tamanho. Se, decorridos 20 dias, a
população duplicou, então ela ficou 50% maior

(a) antes de 10 dias.

(b) ao completar 10 dias.

(c) após 10 dias.

Escolha a resposta certa e justifique sua opção.

UMA SOLUÇÃO

Se p0 é a população original, após decorridos t dias a população p = p(t) será dada por p = p0 at , onde a é uma
√ √
constante maior do que 1. Temos p0 a20 = 2p0 , logo a20 = 2. Então p(10) = p0 a10 = p0 a20 = p0 2 ' 1, 414p0 .
Então p(10) < 1, 5p0 , o que nos faz concluir que o crescimento de 50% será atingido após os primeiros 10 dias. A
opção correta é (c).

4
AV2 - MA 11 - 2012

1 1
Questão 5. Dados números reais positivos x e y, ache α e β tais que cos x · cos y = 2 cos α + 2 cos β. Em seguida
mostre como (mediante o uso de uma tabela de funções trigonométricas) esta igualdade pode ser empregada para
reduzir o produto de dois números reais positivos quaisquer às operações de soma e divisão por 2.

UMA SOLUÇÃO

A fórmula do cosseno de uma soma, junto com a observação de que sen(−y) = −sen y, nos dá

cos( x + y) = cos x · cos y − sen x · sen y

e
cos( x − y) = cos x · cos y + sen x · sen y ,

logo cos( x + y) + cos( x − y) = 2 cos x · cos y. Daí resulta a igualdade proposta, com α = x + y e β = x − y.
Em seguida, se a e b são números reais positivos quaisquer, dados por suas expressões decimais, deslocando as
vírgulas que separam suas partes inteiras (alteração que pode facilmente ser refeita no final), podemos supor que
esses números são ambos compreendidos entre 0 e 1. A tabela nos dá x e y tais que cos x = a e cos y = b. E a
igualdade inicial fornece ab = cos x · cos y = 12 (cos( x + y) + cos( x − y)). Na prática, é preciso (i) tomar x e y pela
tabela; (ii) calcular x + y e x − y; (iii) obter seus cossenos, também pela tabela; (iv) somar os cossenos; e (v) dividir
por 2.
Este artifício era usado pelos astrônomos antes da descoberta dos logaritmos.

5
AV3 - MA 11 - 2012

√ √
Questão 1. Sejam a, x números reais positivos, com a < x. Pondo y = 12 ( x + xa ), prove que a < y < x.

UMA SOLUÇÃO


Primeiro notamos que x é maior do que xa : a < x significa a < x2 , logo a
x < x, usando que x é positivo. Como y
a
é a média aritmética dos números x e x, dos quais x é o maior, então y < x.
Outra maneira:
1 a 1 x2
y= (x + ) < (x + ) = x ,
2 x 2 x
usando a < x2 .
Além disso, como a média aritmética de dois números diferentes é maior do que a média geométrica e como a
a √ √
média geométrica de x e
x é igual a a, resulta que y > a.
Essa última desigualdade também poderia ser feita diretamente:

1 2 a2 1 a2 1 a
y2 = ( x + 2a + 2 ) = ( x2 − 2a + 2 + 4a) = a + ( x − )2 > a .
4 x 4 x 4 x

1
AV3 - MA 11 - 2012

Questão 2. A imagem (ou conjunto de valores) de uma função f : R → R é o conjunto f (R) cujos elementos são os
números f ( x ), onde x é qualquer número real.
Determine as imagens da função afim f : R → R, f ( x ) = rx + s, e da função quadrática g : R → R, g( x ) =
ax2 + bx + c. Discuta as possibilidades e justifique suas afirmações.

UMA SOLUÇÃO

Para a função afim f , há duas possibilidades: se r = 0 então f é constante e sua imagem é o conjunto {s}, com um
só elemento. A segunda possibilidade ocorre se r 6= 0. Então f (R) = R pois, dado qualquer y ∈ R, existe x ∈ R tal
y−s
que f ( x ) = y, ou seja, rx + s = y. Basta tomar x = r .
No caso da função quadrática g( x ) = ax2 + bx + c, há duas possibilidades para a imagem g(R). Se a > 0 então
a imagem é a semirreta (intervalo infinito) [k, +∞) e se a < 0 então f (R) = (−∞, k], onde k (em ambos os casos) é
igual a
b 4ac − b2
g(− ) = .
a 4a
Justificando: se a > 0 então, tomando qualquer y ∈ [k, +∞), ou seja, y ≥ k, para achar x ∈ R tal que f ( x ) = y,
devemos mostrar que a equação ax2 + bx + c = y, isto é, ax2 + bx + c − y = 0, possui raízes reais. Isto ocorre se, e
4ac−b2
somente se, seu discriminante b2 − 4a(c − y) é maior do que ou igual a 0. Como y ≥ 4a , isto sempre ocorre.
O que acabamos de mostrar foi que [k, +∞) ⊂ g(R). Para ver que g(R) ⊂ [k, +∞), basta observar que, em
virtude da forma canônica g( x ) = a( x − m)2 + k, quando a > 0 todos os valores g( x ) são maiores do que ou iguais
a k.
A discussão do caso a < 0 é inteiramente análoga.

2
AV3 - MA 11 - 2012

Questão 3. Uma torneira leva x horas para encher um tanque, outra leva y horas e uma terceira enche esse mesmo
tanque em z horas. Em quanto tempo as três juntas encherão o tanque?

UMA SOLUÇÃO

1 1 1
As três torneiras separadamente, abertas durante uma hora, encherão respectivamente as frações x, y e z do
1 1 1
tanque e, abertas juntas, encherão x + y + z do tanque. Logo, juntas, encherão o tanque em

1 xyz
1 1 1
=
x + y + z
yz + xz + xy

horas.

3
AV3 - MA 11 - 2012

Questão 4. Uma cultura de bactérias, cuja população é medida pela área que ocupa sobre uma superfície plana,
ficou 64 vezes maior após 1 ano. Quantas vezes maior ela estava após 1 trimestre?

UMA SOLUÇÃO

Seja p0 a população inicial. Após decorrido o tempo t, a população será p0 at = p, onde a é uma constante maior
do que 1, determinada experimentalmente. Medindo o tempo em meses, temos p = p0 a12 = 64p0 , após 1 ano.
√ √
Quer-se saber o valor de p = p0 a3 . De a12 p0 = 64p0 temos a12 = 64 e daí a3 = 4 64 = 2 2 ' 2, 83. Portanto, após
um trimestre, a população de bactérias estava 2, 83 vezes maior do que a população original.

4
AV3 - MA 11 - 2012

Questão 5. Seja r o raio da circunferência sobre a qual estão os vértices do triângulo ABC. Se a é a medida do lado
oposto ao ângulo A,b prove que sen Ab = a (dica: baixe, do centro da circunferência, a perpendicular a BC). Conclua
2r
daí a Leis dos Senos.

UMA SOLUÇÃO

Seja O o centro da circunferência e seja P no segmento BC tal que OP é perpendicular a BC. É sabido que o
ângulo BOC (ângulo central da corda BC) é o dobro do ângulo inscrito A b (fato conhecido como o Teorema do
Ângulo Inscrito). Como o triângulo BOC é isósceles, então OP é bissetriz e, portanto, o ângulo POC é exatamente
b Também pelo fato de BOC ser isósceles, OP é mediatriz, de forma que PC = a . Sendo OC = r e OPC
igual a A. 2
triângulo-retângulo, segue que sen ( A
b) = = a/2
PC
OC
a
r = 2r .
O que acabamos de provar é que o seno do ângulo em A dividido pelo comprimento do lado oposto ao vértice A
1
é igual a 2r . O mesmo argumento se aplica a B ou a C, de modo que essa razão (seno de um ângulo dividido pelo
lado oposto) é constante. Essa é a Lei dos Senos.

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MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 1 - GABARITO
13 de abril de 2013

1. Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justificando adequadamente


e em detalhes as suas respostas.

(a) A soma de dois números irracionais é um número irracional. (pontuação 1,0)


(b) O produto de dois números reais com representação decimal infinita e periódica é um
número real que não possui representação decimal finita. (pontuação 1,0)

Uma solução:
a) Falso.
Contra-exemplo: x = π e y = 1 − π são irracionais, mas x + y = 1 não é irracional.
b)Falso.
7 6 1
Contra-exemplo: x = 12 ey= 7
têm representação decimal infinita, mas x.y = 2
possui
representação decimal finita.

2. Da mesma forma que se expressa um número real no sistema de numeração decimal, é


possível expressá-lo em um sistema de numeração posicional qualquer, de base β ∈ N,
β > 2. Dizemos que um número a ∈ R está expresso no sistema de base β se ele é escrito
na forma:
+∞
X
a = a0 + an β −n
n=1

em que a0 ∈ Z e os an são dígitos entre 0 e β − 1.

(a) Sejam x e y os números reais cujas representações no sistema de numeração de base


4 são dadas por 0, 321 e 0, 111 . . ., respectivamente. Determine as representações de
x e de y no sistema decimal. (pontuação 1,0)
(b) Mostre que um número racional a = m n
∈ R, com m, n ∈ Z, n 6= 0 e mdc(m, n) = 1,
possui representação finita no sistema de numeração posicional de base β se, e somente
se, o denominador n não possui fatores primos que não sejam fatores de β. (pontuação
1,0)
Uma solução:
a) Pela definição da expressão de um número real no sistema de numeração posicional de
base β, temos que:

1 1 1 3 1 1 57
x = (0, 321)β = 3 × +2× 2 +1× 3 = + + = = 0, 890625
4 4 4 4 8 64 64

+∞
X 1
y = (0, 111 . . .)β =
k=1
4k

Portanto, a expressão acima é a soma da progressão geométrica infinita cujo termo inicial
é 14 e a razão é 14 . Essa soma converge para:

1
4 1
1 = = 0, 333 . . .
1− 4
3

b) Observamos que um número a possui representação finita no sistema de numeração


posicional de base β se, e somente se, existe um expoente k ∈ N tal que β k a ∈ N.
m
Assim, se possui representação finita no sistema de numeração posicional de base β,
n
k
β m
então ∈ N para algum k ∈ N. Logo, n | β k m. Como mdc(m, n) = 1, então n | β k .
n
Portanto, n não possui fatores primos que não sejam fatores de β k . Mas estes são os
mesmos fatores primos de β.
Reciprocamente, se n não possui fatores primos que não sejam fatores de β, então n | β k ,
βkm
para um expoente k suficientemente grande. Logo, n | β k m, portanto ∈ N. Então,
n
m
possui representação finita no sistema de numeração posicional de base β.
n
√ √
3. (a) Considere a função h : [0, +∞[ → R definida por h(x) = x + 2x . Usando o fato

de que a função g : [0, +∞[ → R, definida por g(x) = x é monótona crescente,
mostre que h é monótona crescente. (pontuação 0,5)
√ √
(b) Conclua, com base no item anterior, que, ∀ a ∈ R, a > 0 a equação x = a − 2x
admite uma única solução real. (pontuação 0,5)
√ √
(c) Considere a seguinte resolução para a equação x = 1 − 2x :

√ √ √ √
x = 1 − 2x ⇒ x = 1 − 2 2x + 2x ⇒ 1 + x = 2 2x ⇒

1 + 2x + x2 = 8x ⇒ x2 − 6x + 1 = 0 ⇒ x = 3 ± 2 2

Este método de resolução está correto? Justifique sua resposta. (pontuação 1,0)
Uma solução:
√ √ √ √ √
a) Temos que h(x) = x + 2 x = (1 + 2) x = (1 + 2) g(x). Como g é crescente,
então, x1 , x2 ∈ [0, +∞[ , x1 < x2 ⇒ g(x1 ) < g(x2 ) ⇒ h(x1 ) < h(x2 ). Portanto, h é
crescente.
√ √ 2
b) A existência da solução da equação x = a− 2x é explícita: dado a ≥ 0, x = (1+a√2)2
é uma solução. Mesmo que não conseguíssemos uma solução explícita, a garantia teórica
da existência de uma solução desta equação é uma consequência da continuidade de h
e de que limx→+∞ h(x) = +∞. Assim, para todo a ∈ R, a ≥ 0, existe pelo menos
um x ∈ [0, +∞[ tal que h(x) = a. Vejamos a unicidade: suponhamos que existam
x1 x2 ∈ [0, +∞[ , x1 6= x2 tais que h(x1 ) = h(x2 ) = a. Digamos x1 < x2 . Como h
é crescente, deveríamos ter h(x1 ) < h(x2 ). Logo, existe um único x ∈ [0, +∞[ tal que
√ √
h(x) = a, isto é, x = a − 2x .
√ √
c) Pelo item anterior, a equação x = 1 − 2x admite uma única solução. Portanto, a
resolução não está correta.
√ √ √
Na primeira passagem da resolução, é verdade que x = 1 − 2x ⇒ x = 1 − 2 2x + 2x.
√ √ √
Entretanto, x = 1 − 2 2x + 2x 6⇒ x = 1 − 2x. De fato, nesta implicação, estamos
implicitamente fazendo:
√ √ 2 √
q √ √
x = 1 − 2 2x + 2x = (1 − 2x) ⇒ x = (1 − 2x)2 = 1 − 2x .

Em primeiro lugar, para que a implicação acima seja verdadeira, devemos supor que x > 0,
o que já é uma hipótese inicial para a resolução q da equação. Além disso, temos que
√ √ 2 √ √
1 − 2 2x + 2x = (1 − 2x) , mas a igualdade (1 − 2x)2 = 1 − 2x só vale se

1 − 2x > 0. Logo, a implicação acima só é verdadeira se 0 6 x 6 12 .
Portanto, nessa passagem ocorre uma inclusão de raízes estranhas à equação.

4. Considere a função p : [−1, 5] → R definida por:


(
3 x − x2 se −1 6 x < 1
||x − 2| − 1| se 1 6 x 6 5

(a) Faça um esboço do gráfico de p. (pontuação 0,5)


(b) Determine todas as soluções reais da equação p(x) = 2. (pontuação 0,5)
(c) Determine todos os pontos de máximo e de mínimo locais e absolutos de p. (pontu-
ação 0,5)
(d) Faça um esboço do gráfico da função q : [−1, 2]] → R definida por:

q(x) = p(2x + 1) − 2 .
(pontuação 0,5)

Uma solução:
a) O gráfico da função p é dado por:

-1 1 2 3 4 5 6

-1

-2

-3

-4

b) Resolvendo 3 x − x2 = 2, obtemos x = 1 ou x = 2, mas estes valores estão fora do


intervalo em que p é definida pela expressão y = 3 x − x2 . Resolvendo ||x − 2| − 1| = 2,
obtemos |x − 2| = 1 ± 2. Como não há valores de x tais que |x − 2| = −1, resta apenas
a alternativa |x − 2| = 3. Esta implica em x = 2 ± 3, portanto x = −1 ou x = 5, mas
x = −1 está fora do intervalo em que p é definida pela expressão y = ||x − 2| − 1| = 2,
portanto, a única solução da equação p(x) = 2 é x = 5. De fato, percebemos pelo gráfico
esboçado no item anterior que a reta y = 2 intercepta o gráfico de p apenas quando x = 5.

c) Analisando o gráfico, concluímos que a função p possui:


• mínimo absoluto em x = −1;
• mínimo local em x = 1;
• máximo local em x = 2;
• mínimo local em x = 3;
• máximo absoluto em x = 5.

d) Na definição da função q, a variável de p é multiplicada por 2 e somada a 1 e, em


seguida, a função p é somada à constante −2. Estas operações podem ser descritas
geometricamente por meio das seguintes funções:
• p(x), cujo gráfico foi obtido em a),
• p1 (x) = p(2x), cujo gráfico é obtido do de p(x) por uma contração horizontal de
razão 12 ,
• p2 (x) = p1 (x + 12 ) = p(2(x + 21 )) = p(2x + 1), cujo gráfico é obtido do de p1 (x)
por uma translação horizontal de 21 unidade no sentido negativo do eixo (isto é, para a
esquerda),
e, finalmente,
• q(x) = p2 (x) − 2, cujo gráfico é obtido do de p2 (x) por meio de uma translação
vertical de 2 unidades no sentido negativo do eixo (isto é, para baixo).
Portanto, o gráfico de q tem o seguinte aspecto:

-1 1 2 3 4 5 6

-1

-2

-3

-4

-5

-6
5. Considere a função quadrática f : R → R, f (x) = a x2 + b x + c, com a > 0. Use a forma
canônica do trinômio de segundo grau

y = a (x − x0 )2 + y0

para mostrar que:


a) (x0 , y0 ) é um ponto de mínimo absoluto de f ; (pontuação 1,0)
b) a reta x = x0 é um eixo de simetria vertical do gráfico de f . (pontuação 1,0)

Uma solução:
a) Temos que f (x0 ) = y0 . Além disso, para qualquer x ∈ R, x 6= x0 , temos a (x − x0 )2 > 0,
portanto:
f (x) = a (x − x0 )2 + y0 > y0 = f (x0 )
Segue que (x0 , y0 ) é ponto de mínimo absoluto de f .
b) Dado r > 0 qualquer temos:

f (x0 − r) = a r2 + y0
f (x0 + r) = a r2 + y0
Portanto, f (x0 − r) = f (x0 + r), ∀r > 0. Logo, a reta x = x0 é um eixo de simetria vertical
do gráfico de f .
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MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 2 GABARITO
22 de junho de 2013

1. Em cada um dos itens abaixo, dê, se possível, um exemplo de um polinômio p(x) satisfa-
zendo todas as condições dadas.
Caso o exemplo não seja possível, justifique a sua resposta.
Lembre-se que se p(x) = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an−1 xn−1 + an xn então

p0 (x) = a1 + 2a2 x + · · · + (n − 1)an−1 xn−2 + nan xn−1

(a) p(1) = p(−1) = 0, p0 (0) = 1 e p(x) é de grau 2.


(b) p(1) = p(−1) = 0 e p0 (0) = 1.
(c) p(1) = p(−1) = 0, p0 (0) = 0 e p(x) é de grau 2.
(d) p(1) = p(−1) = 0, p(0) = p(2) = 1 e p(x) é de grau 2.
(e) p(1) = p(−1) = 0, p(0) = p(2) = 1 e p(x) é de grau 3.

Uma solução:

[pontuação total: 2,0]

(a) (0,4 ponto) Como x1 = 1 e x2 = −1 são raízes de p e p é um polinômio de grau 2,


então, pela simetria do gráfico das funções quadráticas, em seu ponto médio, x0 = 0,
deve ocorre um extremo de p. Logo, deve-se ter p0 (0) = 0.
Uma outra solução é a seguinte: como p(x) = a(x − 1)(x + 1) = ax2 − a, para algum
a 6= 0, já que x1 = 1 e x2 = −1 são raízes, então p0 (x) = 2ax e p0 (0) = 0.
Portanto, o exemplo não é possível.
(b) (0,4 ponto) Consideremos, por exemplo, o polinômio de grau 3, p(x) = a x3 + b x2 +
c x + d. Então, p0 (x) = 3 a x2 + 2 b x + c. Logo, para satisfazer as condições dadas,
deve-se ter:

 a+b+c+d=0

−a + b − c + d = 0

c=1

Isto é: a = −1, b = −d e c = 1. Portanto, pode-se tomar como exemplo: p(x) =
−x3 + x.
(c) (0,4 ponto) Pelo mesmo argumento do item (a), a condição p0 (0) = 0 é corolário da
condição p(1) = p(−1) = 0. Logo, basta garantir que p(1) = p(−1) = 0.
Portanto, pode-se tomar como exemplo: p(x) = x2 − 1.
(d) (0,4 ponto) Consideremos o polinômio de grau 2, p(x) = a x2 +b x+c. Para satisfazer
as condições dadas, deve-se ter:


 a+b+c=0

 a−b+c=0


 c=1

4a + 2b + c = 1
Entretanto, substituindo c = 1 nas duas primeiras equações conclui-se que a = −1 e
b = 0, o que contradiz a última equação. Logo, o sistema não tem soluções.
Portanto, o exemplo não é possível.
(e) (0,4 ponto) Consideremos, por exemplo, o polinômio de grau 3, p(x) = a x3 + b x2 +
c x + d. Para satisfazer as condições dadas, deve-se ter:


 a+b+c+d=0

 −a + b − c + d = 0


 d=1

8a + 4b + 2c + d = 1
Substituindo d = 1 nas duas primeiras equações conclui-se que b = −1 e a + c = 0.
Da última equação, segue que a = 32 e c = − 23 .
Portanto, o (único) exemplo possível é: p(x) = 23 x3 − x2 − 32 x + 1.

2. Um número real x0 é raiz de multiplicidade k do polinômio p(x) se p(x) = (x − x0 )k q(x),


para algum polinômio q(x), com q(x0 ) 6= 0.
Sugestão para resolver os ítens abaixo: Use o fato de que toda função polinomial é uma
função contínua e que "Se f é uma função real contínua e f (x0 ) 6= 0, então existe uma
vizinhança de x0 em que f não se anula".

(a) Mostre que x0 é raiz de multiplicidade par de p(x) se, e somente se, existe r > 0 tal
que p(x) não muda de sinal para x pertencente ao conjunto ]x0 − r, x0 + r[ \{x0 } =
{x ∈ R : x0 − r < x < x0 + r, x 6= x0 }.

2
(b) Mostre que x0 é raiz de multiplicidade ímpar de p(x) se, e somente se, existe r > 0 tal
que o sinal de p(x) para x ∈ ]x0 −r, x0 [ é oposto ao sinal de p(x) para x ∈ ]x0 , x0 +r[ .
(c) Interprete geometricamente os resultados dos dois ítens anteriores.

Uma solução:

[pontuação total: 2,0]


Nesta questão, embora não explicitamente afirmado, deve-se supor, como uma hipótese
global, que x0 é uma raiz de p(x), embora a parte b) possa ser provada sem que isto seja
assumido.
Tem-se que q(x0 ) 6= 0, digamos q(x0 ) > 0. Então, existe r > 0 tal que q(x) > 0 ∀ x ∈ I,
em que I é o intervalo ]x0 −r, x0 +r[ . Como p(x) = (x−x0 )k q(x), então p(x) e (x−x0 )k
possuem o mesmo sinal em I \ {x0 } (se q(x0 ) < 0, p(x) e (x − x0 )k terão sinais opostos
em I \ {x0 }, e as conclusões dos itens a seguir valerão com os sinais contrários).

(a) (0,8 ponto) Tem-se que k é par se, e somente se, (x − x0 )k > 0, ∀ x ∈ I \ {x0 }.
Logo, k é par se, e somente se, p(x) > 0, ∀ x ∈ I \ {x0 }.
(b) (0,8 ponto) Tem-se que k é ímpar se, e somente se, (x − x0 )k < 0, ∀ x ∈ ]x0 − r, x0 [
e (x − x0 )k > 0, ∀ x ∈ ]x0 , x0 + r[ . Logo, k é ímpar se, e somente se, p(x) < 0,
∀ x ∈ ]x0 − r, x0 [ e p(x) > 0, ∀ x ∈ ]x0 , x0 + r[ .
(c) (0,4 ponto) Geometricamente, tem-se que:
i. se a multiplicidade de x0 é par, então o gráfico de p “toca” o eixo em x0 , no sentido
em que, próximo ao ponto (x0 , 0), fica no mesmo semi-plano determinado pelo
eixo horizontal;
ii. se a multiplicidade de x0 é ímpar, então o gráfico de p “cruza” o eixo em x0 , no
sentido em que, próximo ao ponto (x0 , 0), fica em semi-planos opostos determi-
nados pelo eixo horizontal.

3. A massa de certas substâncias radioativas decresce a uma taxa proporcional à própria


massa. A meia-vida T de uma substância como essa é definida como o tempo transcorrido
para que sua massa se reduza à metade da inicial. Considere uma substância radioativa S
que cuja meia-vida é de 5.000 anos.

(a) Considere uma massa de m0 = 7 g da substância S. Qual é o tempo transcorrido


para a massa se reduza a 18 da inicial? Este tempo depende da massa inicial m0 ?
Justifique sua resposta.

3
(b) Determine a função m : [ 0, +∞[ → R que dá a massa da substância S, com massa
inicial m0 , em função do tempo medido em anos.
(c) Use as aproximações log (2) ∼
10 = 0, 3 e log (5) ∼
10 = 0, 7 para determinar uma apro-
ximação para o tempo gasto para a massa da substância S se reduzir a 10% da
inicial.

Uma solução:

[pontuação total: 2,0]

(a) (0,2 ponto) Após os primeiros 5.000 anos, a massa será igual m1 = 12 m0 . Após mais
5.000 a massa será m2 = 21 m1 = 14 m0 ; e após outros 5.000, esta será m3 = 21 m2 =
1
8
m0 . Portanto, são decorridos 15.000 para que a massa se reduza a 18 da inicial.
Independentemente de m0 = 7g ou outro valor, o tempo para que a massa seja
reduzida a 81 da inicial será sempre de 15.000 anos.
Como este argumento mostra, devido à definição de meia-vida, a resposta não depende
do valor da massa inicial.
(b) (0,8 ponto) Consideremos uma variável s representando o tempo medido em unidades
de 5.000 anos. Como a cada 5.000 anos, a massa cai a metade, então a massa em
função de s é dada por:
1
m(s) = s m0 .
2
Se t é uma variável representando o tempo medido em anos, então t = 5.000 s.
Portanto:
1
m(t) = t/5.000 m0 .
2
1
(c) (1,0 ponto) Devemos resolver a equação m(t) = 10
m0 , que corresponde a 2t/5.000 =
10. Portanto, temos:

t log10 5
= log2 10 = 1 + log2 5 = 1 +
5.000 log10 2
Logo:
   
log10 5 7 50.000
t = 5.000 1 + ' 5.000 1 + = ' 16.667 anos.
log10 2 3 3

4
4. Considere uma reta r, um ponto A 6∈ r e três pontos B, C, D ∈ r, tais que C está entre
B e D. Em cada um dos itens a seguir, decida se os dados são suficientes para determinar
com certeza as medidas de:
(i) cada um dos lados do triângulo ABC;
(ii) cada um dos ângulos do triângulo ABC.
Justifique rigorosamente as suas respostas.

[ = 60◦ ;
(a) BC = 1 e BAC
\ = 135◦ ;
(b) BC = 1 e ACD
[ = 60◦ e ACD
(c) BC = 1, BAC \ = 135◦ ;
[ = 60◦ e ACD
(d) BAC \ = 135◦ .

Uma solução:

[pontuação total: 2,0]


Sejam a = BC, b = AC e c = AB.

(a) (0,5 ponto) Pela Lei dos Cossenos, temos: a2 = b2 + c2 − 2 b c cos(BAC).


[ Isto é:

b2 + c 2 − b c = 1 .

Quaisquer soluções da equação acima satisfazem às condições dadas. Podemos tomar,


por exemplo, os triângulos T1 e T2 , como lados dados respectivamente por:
√ √
3 2 3
a1 = b 1 = c 1 = 1 a2 = 1, b2 = , c2 =
3 3
Além de terem lados diferentes, estes triângulos possuem, claramente, ângulos dife-
rentes (isto é, não são semelhantes), uma vez que o primeiro é equilátero e o segundo
não.
Portanto, não é possível determinar com certeza as medidas dos lados ou dos ângulos
do triângulo. De fato, o lugar geométrico dos pontos A que satisfazem as condições
dadas formam um arco de círculo (chamado arco capaz). Portanto, há infinitos
triângulos satisfazendo essas condições.
(b) (0,5 ponto) Pela Lei dos Cossenos, temos: c2 = a2 + b2 − 2 a b cos(BCA).
[ Isto é:

c 2 = 1 + b2 − 2b.

5
Como no item anterior, quaisquer soluções da equação acima satisfazem às condi-
ções dadas. Podemos tomar, por exemplo, os triângulos T1 e T2 , como lados dados
respectivamente por:

√ √ √
a1 = c1 = 1 , b1 = 2 a2 = 1, b2 = 2 2, c2 = 5

De forma análoga ao item anterior, estes triângulos possuem, claramente, ângulos


diferentes (isto é, não são semelhantes), uma vez que o primeiro é isósceles e o
segundo não.
Portanto, não é possível determinar com certeza as medidas dos lados ou dos ângulos
do triângulo. De fato, o lugar geométrico dos pontos A que satisfazem as condições
~ Portanto, há infinitos triângulos satisfazendo essas condições.
dadas é a semi-reta CA.
(c) (0,5 ponto) Neste caso, os ângulos do triângulo estão determinados, pois temos:

[ = 60◦
BAC [ = 45◦
BCA [ = 75◦
ABC
sen (BAC)
[ sen (ABC)
[ sen (BCA)
[
Pela Lei dos Senos, temos: = = .
a b c
Temos
√ √ que √ sen (75◦ )√= sen (45◦ + 30◦ ) = sen (45◦ ) cos(30◦ ) + cos(45◦ ) sen (30◦ ) =
2 3 21 2 √
+ = ( 3 + 1).
2 2 2 2 4
Isto permite determinar também as medidas dos lados dos triângulo:
√ √ √ √
3 2( 3 + 1) 2
= =
2 4b 2c
Portanto:
√ √ √ √
2( 3 + 1) 2( 3 + 3)
b= √ =
√ 2 √3 6
2 6
c= √ =
3 3
Como as condições dadas nesse item são a união das condições dos itens (a) e (b),
o ponto A que satisfaz essas condições está na interseção dos lugares geométricos
mencionados nos itens (a) e (b) (arco de círculo e semi-reta). Portanto, há um único
triângulo satisfazendo às condições dadas.
(d) (0,5 ponto) Neste caso, os ângulos do triângulo estão determinados, pois temos:

[ = 60◦
BAC [ = 45◦
BCA [ = 75◦
ABC

6
Porém como não há nenhuma informação sobre as medidas dos lados, não é possível
determiná-las. De fato, há uma família de triângulos semelhantes que satisfazem as
condições dadas.

5. A figura a seguir representa um esboço do gráfico da função g : ]0, +∞[ → R definida por
g(x) = sen (log10 (x)), feito por um aplicativo computacional. Observe que o aplicativo não
conseguiu desenhar em detalhes o que ocorre perto da origem do sistema de coordenadas.

(a) Determine todas as raízes da equação g(x) = 0. É possível determinar a menor raiz?
(b) Faça um esboço do gráfico de g na janela gráfica 0 < x < 0, 1 e −2 < y < 2.
(c) Considere um sistema de coordenadas x0 y em que o eixo horizontal x0 está em escala
logarítmica decimal (isto é, se x representa um eixo em coordenadas cartesianas
convencionais, então x0 = log10 x) e o eixo vertical y está em coordenadas cartesianas
convencionais. Faça um esboço do gráfico de g neste sistema, para 10−4 < x < 104
e −2 < y < 2.

Uma solução:

[pontuação total: 2,0]

(a) (0,6 ponto) Temos que:

sen (log10 x) = 0 ⇔ log10 x = k π , k ∈ Z ⇔ x = 10k π , k ∈ Z

7
Então, tomando valores negativos de k, obtemos raízes tão próximas de 0 quanto se
queira. Portanto, não existe uma raiz mínima para a equação.
(b) (0,7 ponto) Nesta janela, o gráfico terá o seguinte aspecto:

(c) (0,7 ponto) No sistema de variáveis x0 y, a equação de g adquire a forma g(x0 ) =


sen (x). Portanto, neste sistema de eixos o gráfico terá o aspecto de uma curva
senóide. Neste intervalo da variável x, encontram-se as raízes: x1 = 10−π ' 0, 001,
x2 = 1 e x3 = 10π ' 1000.
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Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 3 - GABARITO
06 de julho de 2013

1. (1,5 pontos) Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justificando


adequadamente e em detalhes as suas respostas.

(a) (0,5 ponto) Se f : R → R e g : R → R são funções monótonas crescentes, então


a função soma f + g : R → R, definida por (f + g)(x) = f (x) + g(x) é monótona
crescente.
(b) (0,5 ponto) Se f : R → R é uma função limitada superiormente, então f admite um
ponto de máximo absoluto.
(c) (0,5 ponto) Se f : R → R admite um ponto de máximo local, então f admite um
ponto de máximo absoluto.

2. (2,0 pontos) Da mesma forma que se expressa um número real no sistema de numeração
decimal, é possível expressá-lo em um sistema de numeração posicional qualquer, de base
β ∈ N, β > 2. Dizemos que um número a ∈ R está expresso no sistema de base β se ele
é escrito na forma:
+∞
X
a = a0 + ak β −k
k=1

em que a0 ∈ Z e os ak são dígitos entre 0 e β − 1 (incluindo-os).

(a) (1,0 ponto) Mostre que, se um número x ∈ R é irracional, então x possui represen-
tação infinita em toda base β.
(b) (1,0 ponto) Reciprocamente, mostre que, se um número x ∈ R possui representação
infinita em toda base β, então x é irracional.

3. (2,0 pontos) Considere a função p1 : R → R, p1 (x) = (x2 − 1)2 . A figura abaixo mostra
o gráfico de uma função p2 : R → R na forma p2 (x) = c p1 (a x − b) + d, sendo a, b, c e d
constantes reais. Determine a, b, c e d. Justifique sua resposta.
4. (2,0 pontos) Considere as funções u, v : R → R, definidas por u(x) = 2 sen (x) e v(x) =
sen (2x ).

(a) (1,0 ponto) Determine o maior e menor valores atingidos por u e v.


(b) (1,0 ponto) Esboce os gráficos de u e de v.

1
5. (2,5 pontos) Considere a função g : R∗ → R, g(x) = 21− x .

(a) (1,0 ponto) Faça um esboço o gráfico de g.


(b) (0,75 ponto) Determine todas as soluções reais das equações g(x) = 2 e g(x) = 4.
(c) (0,75 ponto) Resolva a inequação g(x) < 4, para x ∈ R.

2
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MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 1 – Gabarito

1. (a) Verdadeiro.
Sejam x1 , x2 ∈ R, com x1 < x2 . Como f e g são monótonas crescentes, então
f (x1 ) < f (x2 ) e g(x1 ) < g(x2 ). Logo, f (x1 ) + g(x1 ) < f (x2 ) + g(x2 ). Portanto,
f + g é monótona crescente.
(b) Falso.
Contra-exemplo: A função f : R → R, f (x) = −2x é limitada superiormente, mas
não admite um ponto de máximo absoluto.
(c) Falso.
Contra-exemplo: A função f : R → R, f (x) = (x2 −1)2 admite um ponto de máximo
local em (0, 1), mas não um ponto de máximo absoluto.

2. (a) Suponhamos que x tenha representação finita em alguma base β. Então, pela defini-
ção (dada no enunciado da questão), x é soma finita de números racionais, portanto
é racional.
(b) Suponhamos que x seja racional; pelo algoritmo da divisão, podemos supor, sem
a
perda de generalidade, que 0 ≤ x < 1. Então x se escreve na forma x = , com
b
a, b ∈ N, 0 ≤ a < b. Consideremos o sistema de numeração posicional β = b.
Como x = a b−1 , então, por definição, esta é a representação de x na base b (isto é,
xb = 0, a). Assim, existe uma base em que x possui representação finita.

3. O gráfico da função p1 tem o aspecto mostrado na figura abaixo. O gráfico de p2 é dado


pela aplicação de translações e de dilatações no gráfico de p1 .

1
Observemos primeiro os efeitos da translação e da dilatação horizontais, determinadas pelas
constantes a e b. Os pontos (−1, 0) e (1, 0) são transformados nos pontos − 12 , 0 e 12 , 0 ,
 

respectivamente. Assim, a distância entre as abscissas desses pontos é multiplicada pelo


fator 21 . Podemos concluir que a = 2. Como o eixo de simetria vertical não se altera, não
há deslocamento horizontal, isto é, b = 0.
Passemos agora a analisar a translação e a dilatação verticais, determinadas pelas constan-
tes c e d. Observamos que não há dilatação vertical do gráfico, pois as distâncias entre as
ordenadas de pontos do gráfico de p1 e as distâncias entre as ordenadas dos correspondentes
pontos do gráfico de p2 permanecem as mesmas. Isto pode ser facilmente visto olhando-se
os pontos de máximo e de mínimo locais das funções. Segue que c = 1. Finalmente, como
a ordenada de (0, 1) é subtraída de duas unidades, concluímos que d = −2 (translação
vertical).
Desta forma, temos que:

a=2 b=0 c=1 d = −2

Portanto: p2 (x) = p1 (2 x) − 2 = ((2 x)2 − 1)2 − 2 = (4 x2 − 1)2 − 2.

4. (a) Como u é dada por uma função exponencial x 7→ 2x aplicada sobre a função seno e
esta função exponencial é estritamente crescente, segue que o valor de u será máximo
quando o valor de sen x for máximo e será mínimo quando o valor de sen x for
mínimo.

π
x= + 2 k π, k ∈ Z ⇔ sen (x) = 1 ⇔ u(x) = 2
2
3π 1
x= + 2 k π, k ∈ Z ⇔ sen (x) = −1 ⇔ u(x) =
2 2
1
Portanto, o maior e o menor valores atingidos por u são 2 e 2
.

2
Como v é dada pela função seno aplicada sobre outra função real, temos necessaria-
mente que −1 6 v(x) 6 1 ∀ x ∈ R. Mais precisamente, temos que:

π π 
v(x) = 1 ⇔ 2x = + 2 k π, k ∈ N ⇔ x = log2 + 2kπ , k ∈ N
2 2 
x 3π 3π
v(x) = −1 ⇔ 2 = + 2 k π, k ∈ N ⇔ x = log2 + 2kπ , k ∈ N
2 2

Portanto, o maior e o menor valores atingidos por v são 1 e −1.


(b) Com base no item anterior, concluímos que os gráficos de u e de v têm os seguintes
aspectos:

3
5. (a) Quando x cresce muito em valor absoluto (isto é, quando x tende a ±∞), o expoente
1 − x1 se aproxima de 1, portanto g(x) se aproxima de 2. Quando x se aproxima de 0
com valores positivos, o expoente 1 − x1 tende de −∞, logo g(x) se aproxima de 0.
Quando x se aproxima de 0 com valores negativos, o expoente 1 − x1 tende de +∞,
logo g(x) também tende de +∞. Logo, o gráfico de g tem o seguinte aspecto:

1
(b) Para que tivéssemos g(x) = 2, deveríamos ter 1 − x
= 1. Portanto, a equação
g(x) = 2 não possui soluções reais.
Resolvendo a equação g(x) = 4, temos

1 1
g(x) = 4 ⇔ 1 − = 2 ⇔ = −1 ⇔ x = −1
x x
Portanto, a única solução real da equação g(x) = 2 é x = −1.
(c) Em primeiro lugar, observamos que, como a função exponencial é estritamente cres-
cente, então:

1
g(x) < 4 ⇔ 1 − <2
x
Então:

1
g(x) < 4 ⇔ > −1
x
Para continuar a resolução da inequação, devemos considerar separadamente os casos
em x > 0 e x < 0:
1
• Se x > 0, então x
> −1 ⇔ x > −1.

4
1
• Se x < 0, então x
> −1 ⇔ x < −1.
Portanto a solução da inequação é dada pelo conjunto ] − ∞, −1[ ∪ ] 0, +∞[ .
Observe que esta solução pode ser visualizada no gráfico de g, pelos pontos do domínio
cujas imagens ficam abaixo da reta y = 4.

5
MA11 – Números e Funções Reais – AV1 – 2014

Questão 1 [ 2,0 pt ]

Sejam A, B, C conjuntos. Prove que

(a) A − (B ∪ C) = (A − B) ∩ (A − C).

(b) A − (B ∩ C) = (A − B) ∪ (A − C).

As identidades acima são versões para três conjuntos das “leis de De Morgan”, em homenagem ao matemático
Augustus De Morgan (1806-1871), um dos pais da lógica matemática moderna.

Solução
(a) Inicialmente vamos mostrar que A − (B ∪ C) ⊆ (A − B) ∩ (A − C). De fato, se x ∈ A − (B ∪ C), então x ∈ A e x 6∈ B ∪ C,
isto é, x ∈ A, x 6∈ B e x 6∈ C. Como x ∈ A e x 6∈ B vemos que x ∈ A − B. Analogamente, como x ∈ A e x 6∈ C, vemos
que x ∈ A − C. Logo x ∈ (A − B) ∩ (A − C).

Reciprocamente, vamos mostrar que (A − B) ∩ (A − C) ⊆ A − (B ∪ C). Se x ∈ (A − B) ∩ (A − C), então x ∈ A − B e


x ∈ A − C, isto é, x ∈ A, x 6∈ B e x 6∈ C. Desta forma, x ∈ A e x 6∈ B ∪ C, ou seja, x ∈ A − (B ∪ C).
Como A−(B ∪C) ⊆ (A−B)∩(A−C) e (A−B)∩(A−C) ⊆ A−(B ∪C), concluı́mos que A−(B ∪C) = (A−B)∩(A−C).
(b) Inicialmente, vamos provar que A − (B ∩ C) ⊆ (A − B) ∪ (A − C). Se x ∈ A − (B ∩ C), então x ∈ A e x 6∈ B ∩ C. Temos
então três possibilidades:
(i) x ∈ A, x ∈ B e x 6∈ C;
(ii) x ∈ A, x 6∈ B e x ∈ C;
(iii) x ∈ A, x 6∈ B e x 6∈ C.
No caso (i) temos x ∈ A − C, no caso (ii) temos x ∈ A − B e no caso (iii) temos x ∈ A − B e x ∈ A − C. Assim x ∈
(A−B)∪(A−C). Observe que aqui temos o tı́pico caso de “ou” lógico, que engloba o caso (iii), onde x ∈ (A−C)∩(A−B).
Reciprocamente, se x ∈ (A − B) ∪ (A − C), então x ∈ A − C ou x ∈ A − B (onde, como dito acima, “ou” engloba o caso
x ∈ (A − B) ∩ (A − C)). Temos os seguintes casos a considerar:
(i) x ∈ A − B e x 6∈ A − C;
(ii) x ∈ A − C e x 6∈ A − B;
(iii) x ∈ A − B e x ∈ A − C.
No caso (i) temos x ∈ A, x 6∈ B e x 6∈ A − C, o que implica x ∈ A, x 6∈ B e x ∈ C, de onde segue que x ∈ A e x 6∈ B ∩ C,
isto é, x ∈ A − (B ∩ C). O caso (ii) é inteiramente análogo. No caso (iii), temos x ∈ A − B e x ∈ A − C, de onde
x ∈ A, x 6∈ B e x 6∈ C, o que implica x ∈ A − (B ∩ C). Logo (A − B) ∪ (A − C) ⊆ A − (B ∩ C), e portanto, os dois
conjuntos coincidem.

Questão 2 [ 2,0 pt ]

x
Prove que f : R → (−1, 1), f (x) = √ é uma bijeção.
1 + x2

Solução

(i) A função f é injetiva. Vamos mostrar que, se f (x1 ) = f (x2 ) então x1 = x2 . Temos
x1 x2
f (x1 ) = f (x2 ) ⇒ p = p
1 + x21 1 + x22
x21 x22
⇒ 2
=
1 + x1 1 + x22
⇒ x21 + x21 x22 = x22 + x21 x22
⇒ x21 = x22 .

Substituindo esse resultado no denominador da equação


x1 x2
p = p ,
1 + x21 1 + x22
vemos que x1 = x2 . Logo f é injetiva.
(ii) A função f é sobrejetiva.
x
Dado y ∈ (−1, 1), vamos encontrar x ∈ R tal que f (x) = y. Resolvendo a equação √ = y, temos
1 + x2
x x2
√ =y⇒ = y2
1+x2 1 + x2
y2
⇒ x2 =
1 − y2
y
⇒x= p ,
1 − y2
−y x
pois a opção x = p pode ser descartada substituindo-a na equação √ = y. Logo f é sobrejetiva e,
1 − y2 1 + x2
portanto, é uma bijeção.

Questão 3 [ 2,0 pt ]

Prove que log10 2 não é um número racional.

Solução
Suponhamos por absurdo que log10 2 seja um número racional. Isto implica que existem p, q ∈ Z\{0}, primos entre si, tais que
p
log10 2 = .
q
Temos que
p
⇔ 10p/q = 2 ⇔ 10p = 2q ⇔ 2p .5p = 2q ⇔ 5p = 2q−p ,
log10 2 =
q
o que claramente um absurdo, visto que p, q 6= 0.
Observação: Podia-se notar também, a partir da identidade 10p = 2q , que 5 divide 10p mas não divide 2q , o que nos levaria
igualmente a uma contradição.

Questão 4 [ 2,0 pt ]

Apesar do “grau Celsius” (◦ C) ser a medida mais usada para a temperatura, alguns paı́ses, como os Estados
Unidos, usam outra medida de temperatura, o “grau Fahrenheit” (◦ F). Sabendo que os pontos de fusão e ebulição da
água são 0◦ C e 100◦ C, respectivamente, e 32◦ F e 212◦ F, respectivamente, determine uma função afim que relaciona
as temperaturas medidas em graus Celsius e graus Fahrenheit.

Solução
Denotemos por TF a temperatura em graus Fahrenheit e por TC a temperatura em graus Celsius.

Temos
TF − 32 212 − 32 TF − 32 180
= ⇒ = ,
TC − 0 100 − 0 TC 100
isto é,
5
TF = 1, 8TC + 32, ou TC = (TF − 32).
9

Questão 5 [ 2,0 pt ]

nm o
Considere o conjunto dos números racionais diádicos D = : m, n ∈ Z, n ≥ 0 .
2n
(a) Prove que se a e b são números reais tais que a < b, então existe d ∈ D tal que a < d < b.

(b) A partir do item (a) conclua que em qualquer intervalo (a, b) existem infinitos números racionais diádicos.

Solução

1
(a) Seja n ∈ N tal que 0 < n
< b − a. Logo 2n b − 2n a > 1. Como 2n b e 2n a estão a uma distância maior que 1, segue que
2
existe m ∈ Z tal que 2n a < m < 2n b. Portanto a < 2mn < b.
1 m
(b) Seja n0 um número natural tal que 0 < n < b−a. Usando o item (a), existe um número diádico n ∈ (a, b). Tomando
2 0 2 0
1 1
n > n0 temos 0 < n < n < b − a e desta forma, seguindo a construção do item (a), para cada n > n0 existe um
2 2 0
número diádico pertencente ao intervalo (a, b). Portanto, existem infinitos números diádicos no intervalo (a, b).
MA11 – Números e Funções Reais – AV2 – 2014

Questão 1 [ 2,0 pt ]

Divide-se um arame de comprimento L em duas partes. Uma das partes estará destinada para construir
um quadrado e a outra parte para construir um triângulo equilátero. Qual é o comprimento de cada parte
para que a soma das áreas das figuras obtidas seja a menor possı́vel? É possı́vel encontrar uma divisão tal
que a soma das áreas do quadrado e do triângulo equilátero seja máxima? Justifique.

Solução
Denotemos por x o lado do quadrado e por y o lado do triângulo equilátero. A soma das áreas das duas figuras é

2 2 3
A=x +y . (1)
4
Seja L o comprimento do arame. Temos
L = 4x + 3y,

de onde segue
L − 4x
y= . (2)
3
Substituindo (2) em (1), temos
√ √ ! √ √
2 3 4 3 2 3 3 2
A(x) = x + (L − 4x)2 = 1+ 2
x − Lx + L .
36 9 9 36

Como x e y são grandezas positivas, devemos ter

x ∈ (0, L/4).

Note que a obrigatoriedade da divisão em duas partes impede que o intervalo da definição de x seja fechado em
qualquer um dos extremos. Como A(x) é uma função quadrática com coeficiente lider positivo, A(x) assume um
valor mı́nimo em R no ponto √
2 3

L 3L
x0 =  9 √  = √ .
2 1+ 94 3 9+4 3

Como √ √
3L L 4 3
√ < ⇔ √ < 1,
9+4 3 4 9+4 3
vemos que x0 ∈ (0, L/4). Logo x0 é o ponto de mı́nimo para A(x). Assim, os comprimentos que resultam em área
mı́nima são √
3 L − 4x0 3
x0 = √ L, y0 = = √ L.
9+4 3 3 9+4 3
O valor máximo deveria ser atingido em um dos extremos do intervalo, mas como já observamos, nos extremos do
intervalo não temos divisão do arame em duas partes. Logo não há uma divisão que nos dê uma área máxima.
Questão 2 [ 2,0 pt ]

(a) Usando o fato de que x4 = (x4 + 1) − 1, mostre que

x2014 = ((x4 + 1) − 1)503 · x2 = [(x4 + 1) · q(x) + (−1)503 ] · x2

para algum polinômio q(x). Conclua que o resto da divisão de x2014 por x4 + 1 é −x2 .

(b) Determine o resto da divisão do polinômio p(x) = 2x2014 + 15x5 + 9x − 2014 pelo polinômio d(x) =
x4 + 1.

Sugestão para o item (b): Use o fato que o resto da divisão de p1 (x) + p2 (x) por d(x) é igual à soma
r1 (x) + r2 (x) dos restos r1 (x) e r2 (x) das divisões de p1 (x) e p2 (x) por d(x), respectivamente.

Solução

(a) Usando a expansão pelo Binômio de Newton, temos

x2014 = x4×503 · x2 = ((x4 + 1) − 1)503 · x2


503   !
X 503 4 k 503−k
= (x + 1) (−1) · x2
k
k=0
503   !
503 4
X 503 4 k−1 503−k
= (−1) + (x + 1) (x + 1) (−1) · x2
k
k=1

= (−1) + (x + 1)q(x) · x2 ,
503 4


isto é,
x2014 = (x2 q(x))(x4 + 1) − x2 ,
503  
X 503
onde q(x) = (x4 + 1)k−1 (−1)503−k . Portanto −x2 é o resto da divisão de x2014 por x4 + 1.
k
k=1

(b) Temos

2x2014 + 15x5 + 9x − 2014 = 2(x2 q(x))(x4 + 1) − 2x2 + 15x(x4 + 1) − 15x + 9x − 2014


= (2x2 q(x) + 15x)(x4 + 1) − 2x2 − 6x − 2014.

Assim, o resto da divisão de p(x) por x4 + 1 é r(x) = −2x2 − 6x − 2014.

Questão 3 [ 2,0 pt ]

Seja f : R+ → R uma função crescente tal que f (xy) = f (x) + f (y) para quaisquer x, y ∈ R+ . Mostre que
existe a > 0 tal que f (x) = loga x para todo x ∈ R+ .

Solução
Teorema 8.8 do livro-texto.
Questão 4 [ 2,0 pt ]

Observações por longo tempo mostram que, após perı́odos de mesma duração, a população de uma cidade
fica multiplicada pelo mesmo fator. Sabendo-se que a população de uma cidade era de 750 mil habitantes
em 1990 e 1 milhão de habitantes em 2010, calcule:

(a) A população estimada para 2020;

(b) Em que ano a população da cidade alcançará a marca de 2 milhões de habitantes?

Observação: Caso julgue necessário, use as igualdades aproximadas a seguir: ln 4 = 1, 386, ln 3 = 1, 098,
e0,144 = 1, 154

Solução
Denotemos por a o fator de multiplicação e por P (t) a população no ano t. Fixado um ano t0 , temos

P (1 + t0 ) = aP (t0 ), P (2 + t0 ) = aP (1 + t0 ) = a2 P (t0 ), · · · , P (n + t0 ) = an P (t0 ).

Fazendo t = t0 + n, temos
P (t) = at−t0 P (t0 ).

(a) Temos
1 000 000 4
P (2010) = a2010−1990 P (1990) ⇒ 1 000 000 = a20 × 750 000 ⇒ a20 = = .
750 000 3
Isto implica
1
ln a = (ln 4 − ln 3)
20
1
= (1, 386 − 1, 098)
20
= 0, 0144.

Usando esses dados, temos

P (2020) = a2020−2010 P (2010) = a10 × 1 000 000


= (eln a )10 × 1 000 000 = e10×ln a 1 000 000
0,144
= e × 1 000 000 = 1 154 000,

isto é, a população em 2020 será de 1 154 000 habitantes.

(b) Denote por t o ano em que a população alcançará a marca de 2 milhões de habitantes. Temos

P (t) = 2 000 000 = at−2010 P (2010) = at−2010 × 1 000 000,

isto é,
at−2010 = 2 ⇒ (t − 2010) ln a = ln 2.

Isto implica
ln 2 ln 4 0, 693
t = 2010 + = 2010 + = 2010 + ≈ 2010 + 48, 1.
ln a 2 ln a 0, 0144
Assim a população atingirá 2 milhões de habitantes no inı́cio de 2058.
Questão 5 [ 2,0 pt ]

Resolva a equação    
1+x 1−x π
arctg + arctg = .
2 2 4

Solução    
1+x 1−x π
Denote por α = arctg e β = arctg . Desta forma, temos α + β = . Calculando a tangente desse
2 2 4
ângulo e aplicando a fórmula da tangente da soma de dois ângulos, temos
π
1 = tg = tg(α + β)
4
tg(α) + tg(β)
=
1 − tg(α)tg(β)
   
1+x 1−x
+
2 2
=   
1+x 1−x
1−
2 2
1
= ,
1 − x2
1−
4
isto é,
1 − x2
1− = 1 ⇒ 1 − x2 = 0 ⇒ x = ±1.
4
Note que isso implica (α, β) = ( π4 , 0) ou (α, β) = (0, π4 ).
MA11 – Números e Funções Reais – AV2 – 2014

Questão 1 [ 2,0 pt ]

Divide-se um arame de comprimento L em duas partes. Uma das partes estará destinada para construir
um quadrado e a outra parte para construir um triângulo equilátero. Qual é o comprimento de cada parte
para que a soma das áreas das figuras obtidas seja a menor possı́vel? É possı́vel encontrar uma divisão tal
que a soma das áreas do quadrado e do triângulo equilátero seja máxima? Justifique.

Solução
Denotemos por x o lado do quadrado e por y o lado do triângulo equilátero. A soma das áreas das duas figuras é

2 2 3
A=x +y . (1)
4
Seja L o comprimento do arame. Temos
L = 4x + 3y,

de onde segue
L − 4x
y= . (2)
3
Substituindo (2) em (1), temos
√ √ ! √ √
2 3 4 3 2 3 3 2
A(x) = x + (L − 4x)2 = 1+ 2
x − Lx + L .
36 9 9 36

Como x e y são grandezas positivas, devemos ter

x ∈ (0, L/4).

Note que a obrigatoriedade da divisão em duas partes impede que o intervalo da definição de x seja fechado em
qualquer um dos extremos. Como A(x) é uma função quadrática com coeficiente lider positivo, A(x) assume um
valor mı́nimo em R no ponto √
2 3

L 3L
x0 =  9 √  = √ .
2 1+ 94 3 9+4 3

Como √ √
3L L 4 3
√ < ⇔ √ < 1,
9+4 3 4 9+4 3
vemos que x0 ∈ (0, L/4). Logo x0 é o ponto de mı́nimo para A(x). Assim, os comprimentos que resultam em área
mı́nima são √
3 L − 4x0 3
x0 = √ L, y0 = = √ L.
9+4 3 3 9+4 3
O valor máximo deveria ser atingido em um dos extremos do intervalo, mas como já observamos, nos extremos do
intervalo não temos divisão do arame em duas partes. Logo não há uma divisão que nos dê uma área máxima.
Questão 2 [ 2,0 pt ]

(a) Usando o fato de que x4 = (x4 + 1) − 1, mostre que

x2014 = ((x4 + 1) − 1)503 · x2 = [(x4 + 1) · q(x) + (−1)503 ] · x2

para algum polinômio q(x). Conclua que o resto da divisão de x2014 por x4 + 1 é −x2 .

(b) Determine o resto da divisão do polinômio p(x) = 2x2014 + 15x5 + 9x − 2014 pelo polinômio d(x) =
x4 + 1.

Sugestão para o item (b): Use o fato que o resto da divisão de p1 (x) + p2 (x) por d(x) é igual à soma
r1 (x) + r2 (x) dos restos r1 (x) e r2 (x) das divisões de p1 (x) e p2 (x) por d(x), respectivamente.

Solução

(a) Usando a expansão pelo Binômio de Newton, temos

x2014 = x4×503 · x2 = ((x4 + 1) − 1)503 · x2


503   !
X 503 4 k 503−k
= (x + 1) (−1) · x2
k
k=0
503   !
503 4
X 503 4 k−1 503−k
= (−1) + (x + 1) (x + 1) (−1) · x2
k
k=1

= (−1) + (x + 1)q(x) · x2 ,
503 4


isto é,
x2014 = (x2 q(x))(x4 + 1) − x2 ,
503  
X 503
onde q(x) = (x4 + 1)k−1 (−1)503−k . Portanto −x2 é o resto da divisão de x2014 por x4 + 1.
k
k=1

(b) Temos

2x2014 + 15x5 + 9x − 2014 = 2(x2 q(x))(x4 + 1) − 2x2 + 15x(x4 + 1) − 15x + 9x − 2014


= (2x2 q(x) + 15x)(x4 + 1) − 2x2 − 6x − 2014.

Assim, o resto da divisão de p(x) por x4 + 1 é r(x) = −2x2 − 6x − 2014.

Questão 3 [ 2,0 pt ]

Seja f : R+ → R uma função crescente tal que f (xy) = f (x) + f (y) para quaisquer x, y ∈ R+ . Mostre que
existe a > 0 tal que f (x) = loga x para todo x ∈ R+ .

Solução
Teorema 8.8 do livro-texto.
Questão 4 [ 2,0 pt ]

Observações por longo tempo mostram que, após perı́odos de mesma duração, a população de uma cidade
fica multiplicada pelo mesmo fator. Sabendo-se que a população de uma cidade era de 750 mil habitantes
em 1990 e 1 milhão de habitantes em 2010, calcule:

(a) A população estimada para 2020;

(b) Em que ano a população da cidade alcançará a marca de 2 milhões de habitantes?

Observação: Caso julgue necessário, use as igualdades aproximadas a seguir: ln 4 = 1, 386, ln 3 = 1, 098,
e0,144 = 1, 154

Solução
Denotemos por a o fator de multiplicação e por P (t) a população no ano t. Fixado um ano t0 , temos

P (1 + t0 ) = aP (t0 ), P (2 + t0 ) = aP (1 + t0 ) = a2 P (t0 ), · · · , P (n + t0 ) = an P (t0 ).

Fazendo t = t0 + n, temos
P (t) = at−t0 P (t0 ).

(a) Temos
1 000 000 4
P (2010) = a2010−1990 P (1990) ⇒ 1 000 000 = a20 × 750 000 ⇒ a20 = = .
750 000 3
Isto implica
1
ln a = (ln 4 − ln 3)
20
1
= (1, 386 − 1, 098)
20
= 0, 0144.

Usando esses dados, temos

P (2020) = a2020−2010 P (2010) = a10 × 1 000 000


= (eln a )10 × 1 000 000 = e10×ln a 1 000 000
0,144
= e × 1 000 000 = 1 154 000,

isto é, a população em 2020 será de 1 154 000 habitantes.

(b) Denote por t o ano em que a população alcançará a marca de 2 milhões de habitantes. Temos

P (t) = 2 000 000 = at−2010 P (2010) = at−2010 × 1 000 000,

isto é,
at−2010 = 2 ⇒ (t − 2010) ln a = ln 2.

Isto implica
ln 2 ln 4 0, 693
t = 2010 + = 2010 + = 2010 + ≈ 2010 + 48, 1.
ln a 2 ln a 0, 0144
Assim a população atingirá 2 milhões de habitantes no inı́cio de 2058.
Questão 5 [ 2,0 pt ]

Resolva a equação    
1+x 1−x π
arctg + arctg = .
2 2 4

Solução    
1+x 1−x π
Denote por α = arctg e β = arctg . Desta forma, temos α + β = . Calculando a tangente desse
2 2 4
ângulo e aplicando a fórmula da tangente da soma de dois ângulos, temos
π
1 = tg = tg(α + β)
4
tg(α) + tg(β)
=
1 − tg(α)tg(β)
   
1+x 1−x
+
2 2
=   
1+x 1−x
1−
2 2
1
= ,
1 − x2
1−
4
isto é,
1 − x2
1− = 1 ⇒ 1 − x2 = 0 ⇒ x = ±1.
4
Note que isso implica (α, β) = ( π4 , 0) ou (α, β) = (0, π4 ).
MA11 – Números e Funções Reais – AV3 – 2014

Questão 1 [ 2,0 pt ]

Sejam p e q dois números primos distintos.



(a) Mostre que pq é irracional.
√ √
(b) Use o item (a) para provar que p + q é irracional.

Solução
√ √ a
(a) Suponha que pq seja racional. Então existem a, b ∈ Z\{0}, primos entre si, tais que pq = . Temos
b
a2
pq = ⇒ a2 = b2 pq ⇒ p|a e q|a ⇒
b2
2 2 2 2
p |a e q |a ⇒ a2 = p2 q 2 r, r ∈ Z\{0} ⇒ p2 q 2 r = b2 pq ⇒
pqr = b2 ⇒ p|b e q|b,

mas isto é um absurdo, pois a e b são primos entre si.


√ √ √ √ a
(b) Suponha que p + q seja racional. Então existem a, b ∈ Z\{0}, primos entre si, tais que p + q = . Temos
b
a2 a2 1 a2
 
√ √ √ √
( p + q)2 = 2 ⇒ p + 2 pq + q = 2 ⇒ pq = − p − q ∈ Q,
b b 2 b2

e isto é um absurdo, pois pq é irracional pelo item (a).

Questão 2 [ 2,0 pt ]

Sejam X e Y conjuntos arbitrários e f : X → Y uma função. Prove que, se A, B ⊂ X então


(a) f (A ∪ B) = f (A) ∪ f (B)
(b) f (A ∩ B) ⊆ f (A) ∩ f (B).
(c) Dê um exemplo para o qual a igualdade de conjuntos no item (b) acima não ocorre.

Solução

(a) Inicialmente, mostraremos que f (A ∪ B) ⊆ f (A) ∪ f (B). Seja y ∈ f (A ∪ B). Então existe x ∈ A ∪ B tal
que f (x) = y. Se x ∈ A, então y ∈ f (A). Se x ∈ B, então f (x) ∈ f (B). Logo, f (x) ∈ f (A) ∪ f (B) e
f (A ∪ B) ⊆ f (A) ∪ f (B). Reciprocamente, se y ∈ f (A) ∪ f (B), então y ∈ f (A) ou y ∈ f (B). Se y ∈ f (A), então
existe x ∈ A e, portanto x ∈ A ∪ B, tal que f (x) = y. Se y ∈ f (B) então existe x ∈ B e, portanto, x ∈ A ∪ B,
tal que f (x) = y. Assim y ∈ f (A ∪ B) e f (A) ∪ f (B) ⊆ f (A ∪ B). Concluı́mos então que os dois conjuntos são
iguais.

(b) Dado y ∈ f (A ∩ B), existe x ∈ A ∩ B tal que f (x) = y. Como A ∩ B ⊆ A e A ∩ B ⊆ B, segue que y ∈ f (A) e
y ∈ f (B), isto é, y ∈ f (A) ∩ f (B).
(c) Para obter um contra-exemplo, vamos tentar provar a recı́proca do item (b). Dado y ∈ f (A) ∩ f (B), temos
que y ∈ f (A) e y ∈ f (B). Desta forma existem x1 ∈ A e x2 ∈ B tais que f (x1 ) = y = f (x2 ). Se f é injetiva,
então x1 = x2 = x ∈ A ∩ B, de onde segue que y ∈ f (A ∩ B). Assim, vemos que f (A) ∩ f (B) ⊆ f (A ∩ B) se f
é injetiva.

Vamos construir um exemplo de uma função não injetiva tal que a inclusão f (A) ∩ f (B) ⊆ f (A ∩ B) não
seja verdadeira. Seja f (x) = x2 , A = [−1, 0], B = [0, 1]. Temos que A ∩ B = {0}, f (A ∩ B) = {0} e
f (A) ∩ f (B) = [0, 1], de onde segue que f (A) ∩ f (B) 6= f (A ∩ B).

Questão 3 [ 2,0 pt ]

João tem uma fábrica de sorvetes. Ele vende, em média, 300 caixas de picolés por R$20, 00 cada caixa.
Entretanto, percebeu que, cada vez que diminuia R$1, 00 no preço da caixa, vendia 40 caixas a mais.
Considerando-se apenas valores inteiros de caixas e reais, quanto ele deveria cobrar pela caixa para que
sua receita fosse máxima?

Solução
Como a cada R$1, 00 que ele desconta no preço da caixa ele vende 40 caixas a mais, a receita R(n) da fábrica a cada
n reais descontados no preço da caixa é

R(n) = (300 + 40n)(20 − n) = 6000 + 500n − 40n2 .

Como R(n) é uma função quadrática em n com coeficiente lı́der negativo, vemos que R(n) atinge um ponto de
máximo para
500
n=− = 6, 25.
2 · (−40)
Por ser uma função quadrática de coeficiente lı́der negativo, R é decrescente para n > 6, 25 e crescente para n < 6, 25.
Assim o maior valor de R para n inteiro ocorre no inteiro mais próximo de 6, 25, isto é, para n = 6. Portanto, para
maximizar os lucros ele deve cobrar R$14, 00 por caixa.
Questão 4 [ 2,0 pt ]

Uma pessoa tomou 60 mg de uma certa medicação. A bula do remédio informava que a meia-vida do
medicamento era de seis horas. Como o paciente não sabia o significado da palavra meia-vida, foi a um
site de busca e encontrou a seguinte definição:
Meia-vida: tempo necessário para que uma grandeza (fı́sica, biológica) atinja metade de seu valor inicial.
(a) Após 12 horas da ingestão do remédio, qual é a quantidade do remédio ainda presente no organismo?
(b) E após 3 horas?
(c) Quanto tempo após a ingestão a quantidade de remédio no organismo é igual a 20 mg?

Caso julge necessário, use os dados 2 = 1, 4, ln 3 = 1, 1 e ln 2 = 0, 7.

Solução

(a) Seja C(t) a concentração após t horas. Temos

60 C(6)
C(6) = = 30mg C(12) = = 15mg.
2 2

(b) Temos C(6n) = 60 × 2−n , n ∈ N. Desta forma, fazendo 6n = t, temos C(t) = 60 × 2−t/6 . Logo

−3/6 60 2
C(3) = 60 × 2 = ≈ 60 × 0, 7 = 42 mg.
2

(c) Temos
1 ln 3 11
20 = 2−t/6 × 60 ⇒ = 2−t/6 ⇒ t = 6 × ≈6× ≈ 9, 4 horas.
3 ln 2 7

Questão 5 [ 2,0 pt ]

(a) Encontre uma expressão para sen 3x como um polinômio de coeficientes inteiros em termos de sen x.

(b) Mostre que sen 10◦ é raiz de um polinômio com coeficientes inteiros e use este fato para concluir que
sen 10◦ é irracional.

Solução

(a)

sen 3x = sen(2x + x) = sen 2x cos x + sen x cos 2x


= 2sen x cos2 x + sen x(1 − 2sen2 x)
= 2sen x(1 − sen2 x) + sen x − 2sen3 x
= 3sen x − 4sen3 x
= P (sen x),

onde P (u) = 3u − 4u3 .


p
(b) Suponhamos que sen 10◦ seja racional. Então existem p, q ∈ Z\{0}, primos entre si, tais que sen 10◦ = q.
Usando o item anterior, vemos que
1
= sen 30◦ = 3sen 10◦ − 4sen3 10◦
2
e isto implica que sen 10◦ é raiz da equação polinomial

8u3 − 6u + 1 = 0. (1)

Se p/q é raiz da equação polinomial (1), então


 3  
p p
8 −6 + 1 = 0 ⇔ 8p3 − 6pq 2 + q 3 = 0.
q q

Escrevendo a última equação acima das formas

8p3 = 6pq 2 − q 3 e q 3 = 6pq 2 − 8p3 ,

e observando que p e q são primos entre si, vemos que p|1 e q|8. Assim, as únicas possibilidades para as raizes
p 1 1 1
racionais são = , e , visto que sen 10◦ é positivo e diferente de 1. Como nenhum desses números é raiz
q 2 4 8
de (1), temos que (1) não tem raı́zes racionais e, visto que sen 10◦ é raiz de (1), concluı́mos que sen 10◦ é
irracional.
MA11 – Números e Funções Reais – AVF – 2014

Questão 1 [ 2,0 pt ]


Mostre que, para todo m > 0, a equação x + m = x tem exatamente uma raiz.

Solução
√ √
Inicialmente, observe que a equação só faz sentido para x ≥ 0, e como x ≥ 0, temos x = m + x ≥ m. Temos
√ √
x+m=x⇔ x = x − m ⇔ x = (x − m)2 ⇔ x = x2 − 2mx + m2 ⇔ x2 − (2m + 1)x + m2 = 0,

cujas soluções são √ √


2m + 1 + 4m + 1 2m + 1 − 4m + 1
x1 = e x2 = .
2 2

Como x ≥ m, a solução x2 não é válida. Assim a equação x + m = x possui uma única solução, a saber

2m + 1 + 4m + 1
x1 = .
2

Questão 2 [ 2,0 pt ]

(a) Seja p um número primo. Mostre que log10 p é irracional.

(b) Mais geralmente, dado n um número inteiro positivo, mostre que log10 n é racional se, e somente se,
n é uma potência de 10.

Solução
a
(a) Suponha que log10 p é racional. Então existem a, b ∈ Z\{0}, primos entre si, tais que log10 p = . Temos
b
a
10 b = p ⇒ 10a = pb ⇒ 2|pb e 5|pb ⇒ 2|p e 5|p,

o que é um absurdo, pois p é primo.


a
(b) Suponha que log10 n seja racional. Então existem a, b ∈ Z\{0}, primos entre si, tais que log10 n = . Temos
b
a
10 b = n ⇒ 10a = nb ⇒ 2|nb e 5|nb ⇒ 2|n e 5|n.

Por outro lado, se um número primo p divide n, então p|10a , e portanto p = 2 ou p = 5. Logo n = 2k 5r , mas
isto implica
10a = 2bk 5br ⇒ 2a 5a = 2bk 5br ⇒ bk = a = br ⇒ k = r.

Assim n = 10k . Reciprocamente, se n = 10k , então log10 n = k ∈ N ⊂ Q.


Questão 3 [ 2,0 pt ]

Seja f : R → R a função quadrática f (x) = ax2 + bx. Determine as constantes reais a e b de modo que
f −1 ({3}) = {−1, 32 } e, em seguida, determine o conjunto imagem de f.

Solução
Vamos encontrar a e b tais que f (−1) = f (3/2) = 3. Temos
9 3
3 = f (−1) = a − b, 3 = f (3/2) = a + b.
4 2
Resolvendo o sistema de equações lineares acima, temos a = 2 e b = −1. Assim

f (x) = 2x2 − x.

Denotemos por Im f a imagem de R por f. Como f (x) = x(2x − 1) tem raı́zes em x = 0 e x = 1/2, a simetria da
parábola nos garante que o vértice está localizado no ponto 41 , f ( 14 ) = ( 41 , − 18 ). Como a parábola tem concavidade


voltada para cima, podemos induzir que Im f = [− 18 , ∞). Vamos demonstrar este fato. De fato, dado y ∈ [− 18 , ∞),
a equação 2x2 − x = y tem soluções
√ √
1+ 1 + 8y 1 − 1 + 8y
x1 = e x2 = .
4 4
Note que essas soluções só estão bem definidas para y ≥ − 18 . Isto implica que [− 81 , ∞) ⊆ Im f. Por outro lado,
 2
1 1 1
f (x) = 2x2 − x = 2 x − − ≥ − , ∀ x ∈ R,
4 8 8

de onde segue que Im f ⊆ [− 81 , ∞). Assim Im f = [− 81 , ∞).

Questão 4 [ 2,0 pt ]

Seja p(x) um polinômio do sétimo grau tal que

p(1) = p(2) = p(3) = p(4) = p(5) = p(6) = p(7) = 10.

Sabendo que p(8) = 30, determine p(−3).

Solução
Seja q(x) = p(x) − 10. Então q(1) = q(2) = · · · = q(7) = 0. Isto implica que q(x) = a(x − 1)(x − 2) · · · (x − 7) para
algum a ∈ R. Como p(8) = 30, temos q(8) = 20. Isto implica 20 = a × 7!. Assim,
20
p(x) = (x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4)(x − 5)(x − 6)(x − 7) + 10,
7!
de onde segue que
(−1)7 · 20 · 4 · 5 · 6 · 7 · 8 · 9 · 10
p(−3) = + 10 = −2400 + 10 = −2390.
2·3·4·5·6·7
Questão 5 [ 2,0 pt ]

(a) Mostre que, para qualquer número real x, vale a identidade


2 2
1 − x2
 
2x
+ = 1.
1 + x2 1 + x2

(b) Use o item anterior para mostrar que

1 − tg2 t 2tg t
cos 2t = 2 e sen 2t = .
1 + tg t 1 + tg2 t

Solução

(a)
2 2
1 − x2 1 + x4 + 2x2 (1 + x2 )2
 
2x
+ = = = 1.
1 + x2 1 + x2 2
(1 + x )2 (1 + x2 )2

(b) Usando o item anterior, vemos que existe β ∈ [0, 2π) tal que

1 − x2 2x
cos β = e sen β = .
1 + x2 1 + x2

Como tg : − π2 , π2 → R é uma função sobrejetiva, existe t ∈ − π2 , π2 tal que x = tg t. Substituindo x = tg t


 

nas expressões de cos β e sen β acima, vemos que

sen2 t
1−
cos β = cos2 t = cos 2t
sen2 t
1+
cos2 t
e
sen t
2
sen β = cos t = sen 2t.
sen2 t
1+
cos2 t
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

Avaliação 1 - MA11 - 2015.1 - Gabarito

Questão 01 [ 2,0 pts ]

Faça um esboço do conjunto dos pontos do plano tais que

bxc2 + byc2 = 4; x, y ∈ R,

onde bxc = max{m ∈ Z : m 6 x} representa o maior inteiro menor do que x ou igual a x.

Solução
Note que o número bxc é sempre um número inteiro, e então bxc2 é um inteiro não-negativo quadrado perfeito. Logo, as únicas
possı́veis soluções inteiras para a equação são bxc2 = 0, o que implica necessariamente byc2 = 4, ou bxc2 = 4 o que implica
byc2 = 0.
Temos
bxc2 = 0 ⇐⇒ bxc = 0 ⇐⇒ x ∈ [0, 1)

bxc2 = 4 ⇐⇒ bxc = ±2 ⇐⇒ x ∈ [−2, −1) ∪ [2, 3)

e analogamente para y. Desta forma, os pares ordenados (x, y) que satisfazem à equação são os que pertencem ao conjunto
     
[0, 1) × [−2, −1) ∪ [2, 3) ∪ [−2, −1) ∪ [2, 3) × [0, 1) ,

cujo esboço é

onde, na figura, os segmentos tracejados representam os pontos da fronteira que não pertencem ao conjunto e as linhas
contı́nuas, bem como as regiões internas pintadas, representam os pontos do conjunto.

Questão 02 [ 2,0 pts ]

Seja f : R → R uma função monótona injetiva. Prove que, se o acréscimo f (x + h) − f (x) = ϕ(h) depender apenas
de h, mas não de x, então f é uma função afim.
Solução
Teorema 5.11, página 102 do livro texto.

Questão 03 [ 2,0 pts ]

Os termos a1 , a2 , . . . , an de uma progressão aritmética positiva e crescente são os valores f (1), f (2), . . . , f (n) de
uma função afim.

(a) Mostre que cada ai é igual à área de um trapézio delimitado pelo gráfico de f, pelo eixo OX e pelas retas
verticais de equações
1 1
x=i− e x=i+ .
2 2
(b) Mostre que a soma S = a1 + a2 + · · · + an é igual à área do trapézio delimitado pelo gráfico de f, pelo eixo OX
1 1
e pelas retas verticais x = e x = n + .
2 2
(a1 + an )n
(c) Conclua que S = .
2

Solução

(a) A área do trapézio da figura é


1
+ f i − 12
  
f i+ 2
A= .
2
Visto que ai = f (i), onde f (x) = mx + b é uma função afim, temos

f i + 21 + f i − 12
  
2mi + 2b
A= =
2 2
= mi + b = f (i) = ai .
1 1

(b) Visto que o intervalo 2
,n + 2
pode ser particionado como
  [ n  
1 1 1 1
,n + = i − ,i + ,
2 2 i=1
2 2

o trapézio em questão pode ser particionado em n trapézios como os do item (a). Dessa forma a área do trapézio é
n  n
f i + 12 + f i − 12
 
X X
AT = = ai = S.
i=1
2 i=1
(c) A área do trapézio do item anterior é
 1
f 2 + f n + 12 n + 12 − 21 1 1
     
m· 2
+b+m n+ 2
+b n
AT = =
2 2
((m + b) + (mn + b))n f (1) + f (n)
= =
2 2
(a1 + an )n
= .
2
Como, pelo item (b), temos S = AT , concluı́mos o resultado desejado.

Questão 04 [ 2,0 pts ]

Dados dois conjuntos A e B, definimos o produto cartesiano de A por B, que denotamos por A × B, como sendo
o conjunto de todos os pares ordenados (a, b) tais que a ∈ A e b ∈ B, isto é, A × B = {(a, b)|a ∈ A, b ∈ B}.

(a) Determine, justificando, se o conjunto X = {(1, 3), (2, 3), (2, 4)} é um produto cartesiano de dois conjuntos.

(b) Suponha que A e B tenham exatamente 2 e 3 elementos, respectivamente. Quantos subconjuntos não vazios
de A × B são também produtos cartesianos?

Solução

(a)
O conjunto X não é um produto cartesiano, pois caso pudéssemos escrever X = A × B, deverı́amos ter {1, 2} ⊂ A e
{3, 4} ⊂ B e isto obrigaria termos (1, 4) ∈ A × B = X, o que não ocorre.

(b)
Sejam A = {a, b} e B = {x, y, z}. Os subconjuntos não vazios de A são {a}, {b}, e {a, b} e os subconjuntos não vazios
de B são {x}, {y}, {z}, {x, y}, {x, z}, {y, z}, e {x, y, z}. Os subconjuntos de A × B que são produtos cartesianos são
os produtos cartesianos dos subconjuntos não vazios de A pelos subconjuntos não vazios de B, o que nos dá 3 × 7 = 21
subconjuntos.

Questão 05 [ 2,0 pts ]


Sejam E e F conjuntos com pelo menos 2 elementos e f : E → F uma função.

(a) Prove que, se f é bijetiva então f (E\A) = F \f (A), ∀A ⊂ E.

(b) Reciprocamente, prove que se f (E\A) = F \f (A), ∀A ⊂ E, A 6= ∅ e A 6= E, então f : E → F é bijetiva.

Solução

(a) Inicialmente observe que, se f é bijetiva, a identidade vale trivialmente para A = ∅ e A = E, desta forma, vamos nos
ater à demonstração para subconjuntos não vazios com complementares não vazios.
Vamos provar primeiro que f (E\A) ⊂ F \f (A), ∀A ⊂ E. Dado y ∈ f (E\A), existe x ∈ E\A tal que f (x) = y.
Suponhamos por absurdo que y ∈ f (A). Nesse caso existe x1 ∈ A tal que f (x1 ) = y, isto é, f (x) = y = f (x1 ). Como f
é injetiva, segue que x1 = x, o que é um absurdo, pois x ∈ E\A. Logo y ∈ F \f (A) e, portanto, f (E\A) ⊂ F \f (A).
Reciprocamente, vamos mostrar que F \f (A) ⊂ f (E\A). Seja y ∈ F \f (A). Como f é sobrejetiva, existe x ∈ E tal que
f (x) = y. Suponhamos, por absurdo que x ∈ A. Nesse caso, y = f (x) ∈ f (A), o que é um absurdo. Logo x ∈ E\A e
y = f (x) ∈ f (E\A).

(b) Primeiro vamos mostrar que f é injetiva. Sejam x1 ∈ E e x2 ∈ E tais que f (x1 ) = y = f (x2 ). Vamos mostrar que
x1 = x2 . Considere A = {x1 }. Se x1 6= x2 , então x2 ∈ E\A. Isto implica que y = f (x2 ) ∈ f (E\A) = F \f (A), o que é
um absurdo, pois y = f (x1 ) ∈ f (A). Logo x1 = x2 e f é injetiva.
Agora vamos mostrar que f é sobrejetiva. Seja x ∈ E e A = E\{x}. Como E tem pelo menos 2 elementos, E\{x} é não
vazio. Temos F \f (A) = f (E\A) = f ({x}). Isto implica que

F = (F \f (A)) ∪ f (A) = f ({x}) ∪ f (E\{x}) = f ({x} ∪ (E\{x})) = f (E),

e portanto f é sobrejetiva.
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Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação de Recuperação GABARITO - MA 11
23 de novembro de 2013

1. (valor 2,0)
Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justificando adequadamente e
em detalhes as suas respostas.
a) O produto de dois números irracionais é um número irracional.(0,5)
1
b) Se a ∈ R não possui representação decimal finita, então também não possui represen-
a
tação decimal finita.(0,5)
c) Se f : R → R possui um ponto de máximo em x0 ∈ R, então a função f 2 : R → R
definida por f 2 (x) = f (x).f (x), ∀x ∈ R, também possui um ponto de máximo em x0 .(0,5)
d) Se a função f 2 : R → R possui um ponto de mínimo em x0 ∈ R, então f : R → R
também possui um ponto de mínimo em x0 .(0,5)

Uma solução:
a) Falso.
√ √
Contra-exemplo: a = 2 e b = 8 são irracionais, mas a b = 4 ∈ Q.
b) Falso.
Contra-exemplo: a = 13 não possui representação decimal finita, mas a1 = 3.
c) Falso.
Contra-exemplo: Seja f : R → R, f (x) = −x2 . Então f possui um máximo absoluto em
x0 = 0, mas a função f 2 (x) = x4 não possui um ponto de máximo nesse ponto.
d) Falso.
Contra-exemplo: Seja f : R → R, definida por f (x) = −1, x 6= 0, f (0) = − 21 . Então a
função f 2 (x) = 1, x 6= 0, f (0) = 14 . Assim x0 = 0 é ponto de mínimo de f 2 , mas não é de f .

2. (valor 2,0)
Seja f : X → Y uma função injetiva e sejam A, B ⊂ X.
a) Mostre que f (A ∩ B) = f (A) ∩ f (B). Indique claramente em que ponto da demonstração
você usou a hipótese de injetividade. (1,0)
b) A igualdade de conjuntos demonstrada no item anterior continua valendo sem a hipótese
de que f é injetiva? Justifique sua resposta, com uma demonstração ou um contra-exemplo.
(1,0)
Uma solução:
a) Seja y ∈ f (A ∩ B). Então, ∃ x ∈ A ∩ B tal que f (x) = y. Logo, x ∈ A e x ∈ B, portanto
y = f (x) ∈ f (A) e y = f (x) ∈ f (B). Então, y ∈ f (A) e y ∈ f (B), portanto y ∈ f (A) ∩ f (B).
Segue que f (A ∩ B) ⊂ f (A) ∩ f (B).
Reciprocamente, seja y ∈ f (A) ∩ f (B). Então, y ∈ f (A) e y ∈ f (B), portanto existem
x1 ∈ A tal que f (x1 ) = y e x2 ∈ A tal que f (x2 ) = y. Como f é injetiva e f (x1 ) =
f (x2 ), então x1 = x2 . Logo, x1 ∈ A ∩ B, portanto y = f (x1 ) ∈ f (A) ∩ f (B). Segue que
f (A) ∩ f (B) ⊂ f (A ∩ B).
b) A igualdade não vale sem a hipótese de injetividade, pois neste caso não é possível garantir
a inclusão f (A) ∩ f (B) ⊂ f (A ∩ B). Como, contra-exemplo, considere f : R → R, f (x) = |x|,
A = [−1, 0], B = [0, 1]. Então, f (A) = f (B) = [0, 1], logo f (A) ∩ f (B) = [0, 1]. Porém,
f (A ∩ B) = {0}.

3. (valor 2,0)

a) Mostre que o número p, em que p é um número natural primo, é irracional. (0,5)

b) Mostre que o número a, em que a é um natural qualquer, é inteiro ou irracional. (1,5)
r
(Sugestão: Suponha que a seja racional, escreva-o na forma irredutível a = , r, s ∈ N, s 6= 0,
√ s
e observe que a satisfaz x2 − a = 0)
Uma solução:
√ √ r
a) Se p fosse racional, então poderíamos escrevê-lo na forma p = , com mdc(r, s) = 1.
s
Logo s2 p = r2 ; portanto, sendo p primo, ele seria fator de r2 e também de r, isto é r = λp, para
algum λ ∈ N. Assim s2 p = λ2 p2 . Portanto p também seria fator de s, o que é uma contradição.
Este resultado também é uma consequência de b), que será demonstrado a seguir.
√ √ r
b) Suponhamos que a fosse racional então podemos escrever a = na forma irredutível.
√ s
Se s = 1, a seria inteiro e terminou. Vamos supor então que s 6= 1; neste caso s tem um fator
primo q. Vamos verificar que este q é fator comum de r e de s.
Isto é evidente pois r2 = as2 e portanto todo fator primo de s é também fator de r.

Isto é uma contradição e portanto a, caso não seja inteiro, deve ser irracional.

4. (valor 2,0)
Determine o polinômio p de menor grau possível que tenha uma raiz dupla em x = 1 e tal
que p(−1) = 2. Justifique sua resposta.

Uma solução:
A condição de x = 1 ser raiz dupla nos diz que o polinômio p de ter (x − 1)2 como fator.
Logo o grau de p deve ser maior ou igual do que 2. Como queremos que o grau seja o mínimo
possível, buscamos uma constante a tal que p(x) = a.(x − 1)2 satisfaça p(−1) = 2. É imediato
1 1
verificar que a = é a constante procurada. Logo p(x) = .(x − 1)2 .
2 2
5. (valor 2,0) Certas substâncias radioativas decaem a uma taxa proporcional à própria
massa. A meia-vida T de uma substância radioativa com essa propriedade é definida como o
tempo decorrido até que sua massa reduza-se à metade, isto é, se a massa de uma substância
com meia-vida T é dada pela função f : R+ → R+ , então f (t + T ) = 21 f (t), ∀ t > 0.
a) Se a meia-vida de uma substância radioativa é de 1 hora, qual é número inteiro mínimo
de horas que deve transcorrer para que sua massa fique menor do que 10% da original? (0,5)
b) Nas condições do ítem a), se a massa inicial dessa substância é m0 , deduza uma fórmula
para sua massa em função do tempo t > 0. (0,5)
c) Verificou-se que 2 kg de uma substância radioativa se reduziram a 500 g, depois de
transcorridas 3 horas. Qual é a meia vida dessa substância? (0,5)
d) Nas condições do ítem c), deduza uma fórmula para a massa dessa substância em função
do tempo t > 0 medido em horas. (0,5)

Uma solução:
a) Neste caso, depois de transcorridas k horas, com k ∈ N, a massa da substância terá ser
1 1
reduzido a k da original. Assim, depois de 3h passadas, a massa terá se reduzido a da original;
2 8
1
e depois de 4h, a da original. Portanto, o número mínimo inteiro para que a massa fique
16
1
inferior a da original é de 4 horas.
10
b) Se a cada hora a massa decai a metade, então depois de t horas, a massa será dada pela
1
função f : R+ → R+ , f (t) = t m0 .
2
1
c) Se depois de transcorridas 3h a massa decai a da original, então depois de 1, 5 h a massa
4
1
era da original. Portanto, a meia vida da substância é de T = 1, 5 horas.
2
d) Seja m0 a massa original da substância. Considere s e t as variáveis correspondentes ao
3
tempo medido em unidades de 1,5h e de 1h, respectivamente. Então, t = s. Então, depois de
2
1
transcorrido um tempo s, a massa da substância terá se reduzido a s m0 . Portanto, a função
2 2
que dá a massa em função do tempo medido em horas é f : R+ → R+ , f (t) = 2− 3 t m0 .
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AVF - MA11 - 2015 - Gabarito

Questão 01 [ 2,00 pts ]

√ 1
Mostre que a equação m + x = x tem solução única quando m > 0 ou m = − , tem duas soluções quando
4
1 1
− < m 6 0 e nenhuma solução quando m < − . Interprete graficamente este resultado.
4 4

Solução

Inicialmente, observe que m + x = x implica x > 0 e x > m. Desta forma, temos
√ √ x>0
m+ x = x ⇐⇒ x = x − m ⇐⇒ x = (x − m)2 ⇐⇒ x2 − (2m + 1)x + m2 = 0.

Isto nos dá √ √


2m + 1 − 4m + 1 2m + 1 + 4m + 1
x1 = e x2 = .
2 2
1 1 1 1
Desta forma, se m < − a equação não tem raiz real. Se m = − , a equação tem uma única solução x = . Se m > −
4 4 4 4
devemos verificar se as soluções são não-negativas e se x1 > m e x2 > m. Temos

2m + 1 − 4m + 1 √
x1 = > 0 ⇔ 2m + 1 > 4m + 1 ⇔ (2m + 1)2 > 4m + 1 ⇔ 4m2 ≥ 0
2
e √
2m + 1 + 4m + 1 1
x2 = > > 0.
2 4
Logo ambas as soluções são não-negativas. Além disso,

2m + 1 − 4m + 1 √
x1 = > m ⇔ 1 − 4m + 1 > 0 ⇔ 4m + 1 6 1 ⇔ m 6 0
2
e √
2m + 1 + 4m + 1 √
x2 = > m ⇔ 1 + 4m + 1 > 0.
2
1
Desta forma, a equação tem duas raı́zes reais para − 6 m 6 0 e tem uma única raiz real para m > 0. Geometricamente, as
4 √
soluções são as intesecções das curvas y = x − m e y = x, como mostra a figura.
Questão 02 [ 2,00 pts ]

Seja f : R → R uma função real tal que f (x) > 0 para todo x ∈ R e suponha que f satisfaz

f (x + y) = f (x) · f (y), ∀x, y ∈ R.


1
(a) Mostre que f (0) = 1 e f (−x) = , para todo x ∈ R.
f (x)
(b) Mostre que f (nx) = f (x)n , para quaisquer n ∈ Z e x ∈ R.
p
(c) Estendendo o que foi provado no item (b), prove que, para todo r = ∈ Q, temos f (rx) = f (x)r , para todo
q
x ∈ R.
f(0) = f(0)² →
f(0) – f(0)² = 0 →
Solução f(0)(1 - f(0)) = 0 →
f(0) = 0 ou
(a) Temos 1 – f(0) = 0 → f(0) = 1.
f (0) = f (0 + 0) = f (0) · f (0) = f (0)2 ⇒ f (0)(1 − f (0)) = 0 ⇒ f (0) = 1,

pois f (0) > 0 por hipótese. Além disso,


1
1 = f (0) = f (x + (−x)) = f (x) · f (−x) ⇒ f (−x) = .
f (x)

(b) Vamos mostrar por indução em n. A igualdade é imediata para n = 1. Supondo que f (nx) = f (x)n , vamos mostrar que
f ((n + 1)x) = f (x)n+1 . De fato

f ((n + 1)x) = f (nx + x) = f (nx) · f (x) = f (x)n · f (x) = f (x)n+1 .

(c) Temos    q  
p p p p
f (x)p = f (px) = f q· x =f x ⇒f x = f (x) q .
q q q

Questão 03 [ 2,00 pts ]

Se I ⊆ R é um intervalo, então uma função contı́nua f : I → R é dita:

(i) estritamente convexa se, para quaisquer x, y ∈ I, com x 6= y,


 
x+y f (x) + f (y)
temos que f < .
2 2
(ii) estritamente côncava se, para quaisquer x, y ∈ I, com x 6= y,
 
x+y f (x) + f (y)
temos que f > .
2 2

Assumindo que as funções a seguir contı́nuas,


1
(a) prove que f : (0, +∞) → R, f (x) = é estritamente convexa.
x
(b) prove que f : (0, +∞) → R, f (x) = ln x é estritamente côncava.

Solução
(a) Temos a seguinte cadeia de equivalências:
1 1
x + y 2 x
+ y f (x) + f (y)
f = < = ⇐⇒
2 x+y 2 2
x+y x+y y x y x
4< + = 2 + + ⇐⇒ 2 < + ⇐⇒
x y x y x y
2xy < x2 + y 2 ⇐⇒ (x − y)2 > 0,

onde a última desigualdade é claramente verdadeira para x 6= y, x > 0, y > 0.

(b) Visto que ln é uma função crescente, temos a sequinte cadeia de equivalências:
x + y x + y ln x + ln y f (x) + f (y)
f = ln > = ⇐⇒
2 2 2 2
x + y √ x+y √
ln > ln xy ⇐⇒ > xy ⇐⇒ (x + y)2 > 4xy ⇐⇒ (x − y)2 > 0,
2 2
onde a última desigualdade é claramente verdadeira para x 6= y, x > 0, y > 0.

Questão 04 [ 2,00 pts ]

Sejam x e y números reais quaisquer.

(a) Mostre que |x + y| ≤ |x| + |y|.

(b) Mostre que ||x| − |y|| ≤ |x − y|.

Solução

(a) Visto que, por definição, x ≤ |x|, −x ≤ |x|, y ≤ |y|, −y ≤ |y|, temos

x + y ≤ |x| + |y| e − (x + y) = −x + (−y) ≤ |x| + |y|.

Como |x + y| = x + y ou |x + y| = −(x + y), temos que

|x + y| ≤ |x| + |y|.

(b) Usando o item (a) temos


|x| = |(x − y) + y| ≤ |x − y| + |y| ⇒ |x| − |y| ≤ |x − y|

e
|y| = |(y − x) + x| ≤ |y − x| + |x| = |x − y| + |x| ⇒ |y| − |x| ≤ |x − y|.

Como ||x| − |y|| = |x| − |y| ou ||x| − |y|| = −(|x| − |y|) = |y| − |x|, concluı́mos que

||x| − |y|| ≤ |x − y|.

Questão 05 [ 2,00 pts ]

Se a é irracional, prove que a função f : R → R, f (x) = cos(ax) + cos x não é periódica.

Solução
Vamos mostrar a forma contrapositiva da afirmação, isto é, se f (x) = cos(ax) + cos x é periódica, então a ∈ Q. Seja T ∈ R o
perı́odo de f. Temos f (x + T ) = f (x), ∀ x ∈ R, isto é, cos(a(x + T )) + cos(x + T ) = cos(ax) + cos x, ∀ x ∈ R. Tomando x = 0,
temos
cos(aT ) + cos T = 2.

Visto que o valor máximo do cosseno é 1 temos

cos aT = 1 e cos T = 1.

p
Isto implica que aT = 2πp e T = 2πq, p ∈ Z, q ∈ Z, isto é, a = ∈ Q.
q
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

Avaliação 2 - MA11 - 2015.1 - Gabarito

Questão 01 [ 2,00 ]

Prove que uma função do tipo exponencial fica determinada quando se conhecem dois dos seus valores. Mais
precisamente, se f (x) = a · bx e F (x) = A · B x , com b, B 6∈ {0, 1}, a 6= 0 e A 6= 0, são tais que f (x1 ) = F (x1 )
e f (x2 ) = F (x2 ) com x1 6= x2 então a = A e b = B.

Solução
As equações f (x1 ) = F (x1 ) e f (x2 ) = F (x2 ) são equivalentes a

a · bx1 = A · B x2 e a · bx2 = A · B x2 .

Como A, B, a e b são todos não-nulos, temos


 x1   x2  x1 −x2
b A b b
= = ⇒ = 1.
B a B B

b A
Como x1 6= x2 , temos x1 − x2 6= 0 e isto implica que = 1, isto é, b = B. Segue que = 1, ou seja, a = A.
B a

Questão 02 [ 2,00 ]

Considere a função f (x) = ax2 + bx + c, com a > 0.

(a) Mostre que, se x 6= y, então  


x+y f (x) + f (y)
f < .
2 2

(b) Mais geralmente, mostre que se 0 < λ < 1 e x 6= y, então

f (λx + (1 − λ)y) < λf (x) + (1 − λ)f (y).

Solução

x2 y2
(a) Como a desigualdade (x − y)2 > 0 implica xy < + para x 6= y, temos
2 2
x + y  x + y 2 x + y
f =a +b +c
2 2 2
 2 2

x xy y bx by
=a + + + + +c
4 2 4 2 2
 2
y2

x bx by c c
<a + + + + +
2 2 2 2 2 2
1 1
= (ax2 + bx + c) + (ay 2 + by + c)
2 2
1 1
= f (x) + f (y).
2 2
x2 y2
(b) Usando novamente a desigualdade xy < + para x 6= y, temos
2 2

(λx + (1 − λ)y)2 = λ2 x2 + 2λ(1 − λ)xy + (1 − λ)2 y 2


< λ2 x2 + λ(1 − λ)(x2 + y 2 ) + (1 − λ)2 y 2
= (λ2 + λ(1 − λ))x2 + (λ(1 − λ) + (1 − λ)2 )y 2
= λx2 + (1 − λ)y 2 ,

e, portanto,

f (λx + (1 − λ)y) = a(λx + (1 − λ)y)2 + b(λx + (1 − λ)y) + c


< a(λx2 + (1 − λ)y 2 ) + b(λx + (1 − λ)y) + (λ + (1 − λ))c
= λ(ax2 + bx + c) + (1 − λ)(ay 2 + by + c)
= λf (x) + (1 − λ)f (y).

Questão 03 [ 2,00 ]

1 1
(a) Se x é um número real não nulo, obtenha uma expressão para x2 + em função de t = x + .
x2 x
(b) Use o item (a) para reduzir a equação x4 − x3 − 10x2 − x + 1 = 0 numa equação quadrática na variável t.

(c) Resolva a equação do segundo grau em t e, em seguida, encontre as soluções da equação de quarto grau.

Solução

(a) Temos
 2
1 1 1
t2 = x+ = x2 + 2 + 2 ⇒ x2 + 2 = t2 − 2.
x x x
(b) Dividindo a equação por x2 temos
   
1 1 1 1
x2 − x − 10 − + 2 =0⇔ x2 + − x+ − 10 = 0,
x x x2 x

isto é,
(t2 − 2) − t − 10 = 0 ⇒ t2 − t − 12 = 0.
1
(c) Resolvendo a equação t2 − t − 12 = 0 obtemos t = 4 ou t = −3. Como x + = t implica x2 − tx + 1 = 0, obtemos as
x √ √
√ √ 3 5 3 5
equações x2 − 4x + 1 = 0 de raı́zes 2 − 3 e 2 + 3, e x2 + 3x + 1 = 0, de raı́zes − − e− + .
√ 2 2√ 2 2
√ √ 3 5 3 5
Portanto as raı́zes de x4 − x3 − 10x2 − x + 1 = 0 são 2 − 3, 2 + 3, − − e− + .
2 2 2 2

Questão 04 [ 2,00 ]

Se a e b são números reais não nulos, determine a imagem da função

f (x) = a cos x + b sen x.



Sugestão: Multiplique e divida por a2 + b2 .
Solução
Temos  
p a b
f (x) = a2 + b2 √ cos x + √ sen x .
a2 + b2 a2 + b2
 2  2
a b a b
Visto que √ + √ = 1, existe θ ∈ (0, 2π) tal que √ = sen θ e √ = cos θ. Desta forma
a + b2
2 2
a +b 2 2
a +b 2 a + b2
2

p p
f (x) = a2 + b2 (sen θ cos x + cos θ sen x) = a2 + b2 sen (θ + x),
√ √
cuja imagem é claramente [− a2 + b2 , a2 + b2 ].
a b √
Observação: Poderı́amos ter escolhido √ = cos θ e √ = sen θ e isto nos levaria a f (x) = a2 + b2 cos(x − θ),
2
a +b 2 2
a +b 2
que tem a mesma imagem.

Questão 05 [ 2,00 ]

(a) Defina a função logaritmo natural, utilizando áreas.


1
(b) Dado n inteiro positivo, use argumentos geométricos para provar que < ln(n + 1) − ln n.
n+1
 
1 1
(c) Considere a sequência an = 1 + + · · · + − ln n. Use o item (b) para provar que an+1 < an , para todo
2 n
n ≥ 1.

Solução

1
(a) Definimos a função ln : R+ → R como sendo a área da região limitada pelo gráfico de f (t) =
, pelo eixo das abscissas
t
e pelas retas verticais t = 1 e t = x, para x > 1, e como sendo o negativo dessa área para 0 < x < 1, como mostra a
figura abaixo.

(b) Observando a figura


1
vemos que ln(n + 1) = A1 + A2 = ln n + A2 , isto é A2 = ln(n + 1) − ln n. Por outro lado, A2 > A3 = .
n+1
1
Logo < ln(n + 1) − ln n como querı́amos.
n+1
(c) Temos que
   
1 1 1 1 1
an+1 − an = 1+ + ··· + + − ln(n + 1) − 1 + + · · · + + ln n
2 n n+1 2 n
1
= − [ln(n + 1) − ln n] < 0, ∀n ≥ 1.
n+1
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

Avaliação 3 - MA11 - 2015.1 - Gabarito

Questão 01 [ 2,00 pts ]

Dadas as progressões artiméticas


(a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , bn , . . .),

mostre que existe uma, e somente uma, função afim f : R → R tal que f (a1 ) = b1 , f (a2 ) = b2 , . . . , f (an ) = bn , . . . .

Solução
Como (a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , bn , . . .) são progressões aritméticas, existem números reais não nulos r e R tais que

an = a1 + (n − 1)r e bn = b1 + (n − 1)R.

Seja f (x) = Ax + B tal que f (a1 ) = b1 e f (a2 ) = b2 . Temos


(
b1 = Aa1 + B
b1 + R = A(a1 + r) + B,
 
R R R R
de onde A = e B = b1 − a1 . Assim, dada f (x) = x + b1 − a1 , temos
r r r r
 
R R
f (an ) = f (a1 + (n − 1)r) = (a1 + (n − 1)r) + b1 − a1
r r
= b1 + (n − 1)R = bn , ∀n ≥ 1,

como querı́amos. Vamos mostrar a unicidade de tal função. Se g(x) = Cx + D satisfaz g(an ) = bn , ∀n ≥ 1, temos em
particular que g(a1 ) = b1 e g(a2 ) = b2 . A construção de f implica que g = f.

Questão 02 [ 2,00 pts ]

1 √
Sejam f e g funções reais cujas expressões são f (x) = x e g(x) =
. Determine o maior subconjunto de R
−4 x2
para o qual a função composta g ◦ f está bem definida e determine sua regra de definição.

Solução
A função f (x) está bem definida para x ≥ 0 e g(x) está bem definida para x 6= 2 e x 6= −2. Para que (g ◦ f )(x) = g(f (x))
esteja bem definida, devemos ter x ≥ 0 e f (x) 6= ±2, isto é, x 6= 4. Logo o maior subconjunto para o qual g ◦ f está bem
1
definida é [0, 4) ∪ (4, ∞) = {x ∈ R|; x ≥ 0 e x 6= 4} e sua regra de definição é (g ◦ f )(x) = .
x−4

Questão 03 [ 2,00 pts ]

t ln 2
A expressão M (t) = 200 · e− 30 dá a massa em gramas do césio 137 que restará de uma quantidade inicial após t
anos de decaimento radioativo.

(a) Quantos gramas havia inicialmente?


1
(b) Quantos gramas permanecem depois de 10 anos? Use, caso pense ser necessário, √
3
≈ 0, 794.
2
(c) Quantos anos levará para reduzir pela metade a quantidade inicial de césio 137?

Solução

(a) A massa inicial de Césio 137 é M (0) = 200g.


10·ln 2 −1
(b) A massa de Césio 137 que permanece após 10 anos de decaimento radioativo é M (10) = 200 · e− 30 = 200 · eln 2 3
=
200
√3
≈ 158, 8g.
2
(c) A massa de Césio 137 será reduzida à metade quando M (t) = 100g, isto é

1 t ln 2 1 − t t 1
= e− 30 ⇒ = eln 2 = 2− 30 = t ⇒ t = 30.
30

2 2 2 30
Assim a massa de Césio 137 será reduzida a metade após 30 anos de dacaimento radioativo.

Questão 04 [ 2,00 pts ]

Determine, no conjunto dos reais, os valores máximo e mı́nimo de

f (x) = 9 cos4 x − 12 cos3 x + 10 cos2 x − 4 cos x + 1.


2
Sugestão: Observe que 9a4 − 12a3 + 10a2 − 4a + 1 = 3a2 − 2a + 1 .

Solução
Temos f (x) = (3 cos2 x + 2 cos x + 1)2 . Visto que
 
2 1
3 cos2 x − 2 cos x + 1 = 3 cos2 x − cos x +
3 3
" 2 #
1 1 1
=3 cos x − − +
3 9 3
" 2 #
1 2
=3 cos x − + ,
3 9

temos " #2
2
1 2 4 4
f (x) = 9 cos x − + ≥9· = ,
3 9 81 9
com pontos de mı́nimo para cos x = 31 , e
" 2 #2  2 !2  2
1 2 4 2 18
f (x) = 9 cos x − + ≤9 + =9 = 36,
3 9 3 9 9

com pontos de máximo para x = (2k + 1)π, k ∈ Z.

Questão 05 [ 2,00 pts ]

Sejam m e n números naturais.


√ √
3
(a) Mostre, usando o princı́pio da indução finita, que n
n≤ 3 , para n ≥ 2.
√ √ √
3
(b) Mostre então que um dos números m
ne n
m é sempre menor do que ou igual a 3.
Solução

(a) Temos
√ √
n ≤ 3 ⇔ n3 ≤ 3n .
n 3

Para n = 2, temos 23 = 8 < 9 = 32 e para n = 3 temos 33 = 33 . Para n ≥ 3 vamos provar por indução em n. Assumindo
que n3 < 3n , vamos mostrar que (n + 1)3 < 3n+1 . Temos

(n + 1)3 = n3 + 3n2 + 3n + 1 ≤ n3 + n3 + 3n + 1 ≤ 2 · 3n + 3n + 1.

Para finalizar, vamos mostrar, usando indução em n, que 3n + 1 < 3n . Para n = 3 temos 3 · 3 + 1 = 10 < 27 = 33 .
Assumindo que 3n + 1 < 3n , vamos mostrar que 3(n + 1) + 1 < 3n+1 . De fato,

3(n + 1) + 1 = 3n + 1 + 3 < 3n + 3 < 3n + 3n < 3 · 3n = 3n+1 .

Assim 3n + 1 < 3n para todo n ≥ 3 e, portanto

(n + 1)3 ≤ 2 · 3n + (3n + 1) < 2 · 3n + 3n = 3n+1 .

Solução alternativa para o item (a): Vamos mostrar a afirmação por indução sobre n. Claramente a proposição é válida
para n = 1, 2 e 3. Suponha que 3n ≥ n3 para algum valor de n, n ≥ 3. Vamos mostrar que 3n+1 > (n + 1)3 . Temos
3n+1 = 3.3n ≥ 3n3 = n3 + 3n2 + 3n + (n − 3)n2 + (n2 − 3)n.
Observe agora que (n − 3)n2 + (n2 − 3)n > 1, n ≥ 3 e, consequentemente
3n+1 = 3.3n ≥ 3n3 > n3 + 3n2 + 3n + 1 = (n + 1)3 .
√ √ √ √
(b) Suponhamos, por absurdo, que m n ≥ 3 3 e n m ≥ 3 3. Podemos assumir, sem perda de generalidade, que m > n.
Nesse caso, temos
n3 ≥ 3m > 3n ,

o que é um absurdo pelo item (a).


MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 1 – 2011

Questão 1.
Um pequeno barco a vela, com 7 tripulantes, deve atravessar o oceano em 42 dias. Seu suprimento de água potável
permite a cada pessoa dispor de 3,5 litros de água por dia (e é o que os tripulantes fazem). Após 12 dias de viagem,
o barco encontra 3 náufragos numa jangada e os acolhe. Pergunta-se:

(1.0) (a) Quantos litros de água por dia caberão agora a cada pessoa se a viagem prosseguir como antes?

(1.0) (b) Se os 10 ocupantes de agora continuarem consumindo 3,5 litros de água cada um, em quantos dias, no máximo,
será necessário encontrar uma ilha onde haja água?

Questão 2.

(1.0) (a) Quais são os valores de y para os quais existe uma função quadrática f : R → R tal que f (1) = 3, f (2) = 5 e
f (3) = y?

(1.0) (b) Tome y = 9 e determine a função quadrática correspondente. Justifique seus argumentos.

Questão 3.

(1.0) (a) Seja f : A → B uma função. Dê as definições de f (X) e f −1 (Y ), para X ⊂ A e Y ⊂ B. Se f : R → R é dada
por f (x) = 2x2 + 3x + 4, determine os conjuntos f (R) e f −1 (3).

(1.0) (b) Seja f : A → B uma função. Prove que f (X ∪ Y ) = f (X) ∪ f (Y ), quaisquer que sejam X, Y ⊂ A. Dê um
exemplo em que f (X ∩ Y ) 6= f (X) ∩ f (Y ).

Questão 4.

(0.5) (a) Se r 6= 0 é um número racional, prove que r 2 é irracional.

(0.5) (b) Dado qualquer número real  > 0, prove que existe um número irracional α tal que 0 < α < .

(1.0) (c) Mostre que todo intervalo [a, b], com a < b, contém algum número irracional.

Questão 5.
Sejam m e n números naturais primos entre si.
m
(1.0) (a) Mostre que n é equivalente a uma fração decimal (isto é, com denominador potência de 10) se, e somente se,
n não tem fatores primos diferentes de 2 ou 5.

(1.0) (b) Mostre que se n tem outros fatores primos além de 2 ou 5 então a expansão decimal é infinita e, a partir de
um certo ponto, periódica.
MA11 – Números, conjuntos e funções elementares – AV1 – 2012

√ √ √ √
Questão 1. (2,0) Prove que se a, b, c e d são números racionais tais que a 2 + b 3 = c 2 + d 3 então a = c e
b = d.

Questão 2. (2,0) Seja f : R → R uma função crescente tal que, para todo x racional, vale f (x) = ax + b (com
a, b ∈ R constantes). Prove que se tem f (x) = ax + b também se x for irracional.

Questão 3.

(a) (1,0) Determine uma função afim f : R → R tal que g : R → R, definida por g(x) = | |f (x)| − 1|, tenha o gráfico
abaixo.

(b) (1,0) Expresse g na forma g(x) = A + α1 |x − a1 | + α2 |x − a2 | + . . . + αn |x − an |, para algum n, explicitando os valores


de A, α1 , . . . , αn .

-3 -2 -1 0
X

Questão 4. (2,0) Ache uma fração ordinária igual ao número real α = 3, 757575 . . .

Questão 5. Considere as seguintes possibilidades a respeito das funções afins f, g : R → R, em que f (x) = ax + b e
g(x) = cx + d.

A) f (x) = g(x) para todo x ∈ R.

B) f (x) 6= g(x) seja qual for x ∈ R.

C) Existe um único x ∈ R tal que f (x) = g(x).

Com essas informações,

(i) (1,0) Exprima cada uma das possibilidades acima por meio de relações entre os coeficientes a, b, c e d.

(ii) (1,0) Interprete geometricamente cada uma dessas 3 possibilidades usando os gráficos de f e g.
Sociedade Brasileira de Matemática
Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 1 - GABARITO
13 de abril de 2013

1. Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justificando adequadamente


e em detalhes as suas respostas.

(a) A soma de dois números irracionais é um número irracional. (pontuação 1,0)


(b) O produto de dois números reais com representação decimal infinita e periódica é um
número real que não possui representação decimal finita. (pontuação 1,0)

Uma solução:
a) Falso.
Contra-exemplo: x = π e y = 1 − π são irracionais, mas x + y = 1 não é irracional.
b)Falso.
7 6 1
Contra-exemplo: x = 12 ey= 7
têm representação decimal infinita, mas x.y = 2
possui
representação decimal finita.

2. Da mesma forma que se expressa um número real no sistema de numeração decimal, é


possível expressá-lo em um sistema de numeração posicional qualquer, de base β ∈ N,
β > 2. Dizemos que um número a ∈ R está expresso no sistema de base β se ele é escrito
na forma:
+∞
X
a = a0 + an β −n
n=1

em que a0 ∈ Z e os an são dígitos entre 0 e β − 1.

(a) Sejam x e y os números reais cujas representações no sistema de numeração de base


4 são dadas por 0, 321 e 0, 111 . . ., respectivamente. Determine as representações de
x e de y no sistema decimal. (pontuação 1,0)
(b) Mostre que um número racional a = m n
∈ R, com m, n ∈ Z, n 6= 0 e mdc(m, n) = 1,
possui representação finita no sistema de numeração posicional de base β se, e somente
se, o denominador n não possui fatores primos que não sejam fatores de β. (pontuação
1,0)
Uma solução:
a) Pela definição da expressão de um número real no sistema de numeração posicional de
base β, temos que:

1 1 1 3 1 1 57
x = (0, 321)β = 3 × +2× 2 +1× 3 = + + = = 0, 890625
4 4 4 4 8 64 64

+∞
X 1
y = (0, 111 . . .)β =
k=1
4k

Portanto, a expressão acima é a soma da progressão geométrica infinita cujo termo inicial
é 14 e a razão é 14 . Essa soma converge para:

1
4 1
1 = = 0, 333 . . .
1− 4
3

b) Observamos que um número a possui representação finita no sistema de numeração


posicional de base β se, e somente se, existe um expoente k ∈ N tal que β k a ∈ N.
m
Assim, se possui representação finita no sistema de numeração posicional de base β,
n
k
β m
então ∈ N para algum k ∈ N. Logo, n | β k m. Como mdc(m, n) = 1, então n | β k .
n
Portanto, n não possui fatores primos que não sejam fatores de β k . Mas estes são os
mesmos fatores primos de β.
Reciprocamente, se n não possui fatores primos que não sejam fatores de β, então n | β k ,
βkm
para um expoente k suficientemente grande. Logo, n | β k m, portanto ∈ N. Então,
n
m
possui representação finita no sistema de numeração posicional de base β.
n
√ √
3. (a) Considere a função h : [0, +∞[ → R definida por h(x) = x + 2x . Usando o fato

de que a função g : [0, +∞[ → R, definida por g(x) = x é monótona crescente,
mostre que h é monótona crescente. (pontuação 0,5)
√ √
(b) Conclua, com base no item anterior, que, ∀ a ∈ R, a > 0 a equação x = a − 2x
admite uma única solução real. (pontuação 0,5)
√ √
(c) Considere a seguinte resolução para a equação x = 1 − 2x :

√ √ √ √
x = 1 − 2x ⇒ x = 1 − 2 2x + 2x ⇒ 1 + x = 2 2x ⇒

1 + 2x + x2 = 8x ⇒ x2 − 6x + 1 = 0 ⇒ x = 3 ± 2 2

Este método de resolução está correto? Justifique sua resposta. (pontuação 1,0)
Uma solução:
√ √ √ √ √
a) Temos que h(x) = x + 2 x = (1 + 2) x = (1 + 2) g(x). Como g é crescente,
então, x1 , x2 ∈ [0, +∞[ , x1 < x2 ⇒ g(x1 ) < g(x2 ) ⇒ h(x1 ) < h(x2 ). Portanto, h é
crescente.
√ √ 2
b) A existência da solução da equação x = a− 2x é explícita: dado a ≥ 0, x = (1+a√2)2
é uma solução. Mesmo que não conseguíssemos uma solução explícita, a garantia teórica
da existência de uma solução desta equação é uma consequência da continuidade de h
e de que limx→+∞ h(x) = +∞. Assim, para todo a ∈ R, a ≥ 0, existe pelo menos
um x ∈ [0, +∞[ tal que h(x) = a. Vejamos a unicidade: suponhamos que existam
x1 x2 ∈ [0, +∞[ , x1 6= x2 tais que h(x1 ) = h(x2 ) = a. Digamos x1 < x2 . Como h
é crescente, deveríamos ter h(x1 ) < h(x2 ). Logo, existe um único x ∈ [0, +∞[ tal que
√ √
h(x) = a, isto é, x = a − 2x .
√ √
c) Pelo item anterior, a equação x = 1 − 2x admite uma única solução. Portanto, a
resolução não está correta.
√ √ √
Na primeira passagem da resolução, é verdade que x = 1 − 2x ⇒ x = 1 − 2 2x + 2x.
√ √ √
Entretanto, x = 1 − 2 2x + 2x 6⇒ x = 1 − 2x. De fato, nesta implicação, estamos
implicitamente fazendo:
√ √ 2 √
q √ √
x = 1 − 2 2x + 2x = (1 − 2x) ⇒ x = (1 − 2x)2 = 1 − 2x .

Em primeiro lugar, para que a implicação acima seja verdadeira, devemos supor que x > 0,
o que já é uma hipótese inicial para a resolução q da equação. Além disso, temos que
√ √ 2 √ √
1 − 2 2x + 2x = (1 − 2x) , mas a igualdade (1 − 2x)2 = 1 − 2x só vale se

1 − 2x > 0. Logo, a implicação acima só é verdadeira se 0 6 x 6 12 .
Portanto, nessa passagem ocorre uma inclusão de raízes estranhas à equação.

4. Considere a função p : [−1, 5] → R definida por:


(
3 x − x2 se −1 6 x < 1
||x − 2| − 1| se 1 6 x 6 5

(a) Faça um esboço do gráfico de p. (pontuação 0,5)


(b) Determine todas as soluções reais da equação p(x) = 2. (pontuação 0,5)
(c) Determine todos os pontos de máximo e de mínimo locais e absolutos de p. (pontu-
ação 0,5)
(d) Faça um esboço do gráfico da função q : [−1, 2]] → R definida por:

q(x) = p(2x + 1) − 2 .
(pontuação 0,5)

Uma solução:
a) O gráfico da função p é dado por:

-1 1 2 3 4 5 6

-1

-2

-3

-4

b) Resolvendo 3 x − x2 = 2, obtemos x = 1 ou x = 2, mas estes valores estão fora do


intervalo em que p é definida pela expressão y = 3 x − x2 . Resolvendo ||x − 2| − 1| = 2,
obtemos |x − 2| = 1 ± 2. Como não há valores de x tais que |x − 2| = −1, resta apenas
a alternativa |x − 2| = 3. Esta implica em x = 2 ± 3, portanto x = −1 ou x = 5, mas
x = −1 está fora do intervalo em que p é definida pela expressão y = ||x − 2| − 1| = 2,
portanto, a única solução da equação p(x) = 2 é x = 5. De fato, percebemos pelo gráfico
esboçado no item anterior que a reta y = 2 intercepta o gráfico de p apenas quando x = 5.

c) Analisando o gráfico, concluímos que a função p possui:


• mínimo absoluto em x = −1;
• mínimo local em x = 1;
• máximo local em x = 2;
• mínimo local em x = 3;
• máximo absoluto em x = 5.

d) Na definição da função q, a variável de p é multiplicada por 2 e somada a 1 e, em


seguida, a função p é somada à constante −2. Estas operações podem ser descritas
geometricamente por meio das seguintes funções:
• p(x), cujo gráfico foi obtido em a),
• p1 (x) = p(2x), cujo gráfico é obtido do de p(x) por uma contração horizontal de
razão 12 ,
• p2 (x) = p1 (x + 12 ) = p(2(x + 21 )) = p(2x + 1), cujo gráfico é obtido do de p1 (x)
por uma translação horizontal de 21 unidade no sentido negativo do eixo (isto é, para a
esquerda),
e, finalmente,
• q(x) = p2 (x) − 2, cujo gráfico é obtido do de p2 (x) por meio de uma translação
vertical de 2 unidades no sentido negativo do eixo (isto é, para baixo).
Portanto, o gráfico de q tem o seguinte aspecto:

-1 1 2 3 4 5 6

-1

-2

-3

-4

-5

-6
5. Considere a função quadrática f : R → R, f (x) = a x2 + b x + c, com a > 0. Use a forma
canônica do trinômio de segundo grau

y = a (x − x0 )2 + y0

para mostrar que:


a) (x0 , y0 ) é um ponto de mínimo absoluto de f ; (pontuação 1,0)
b) a reta x = x0 é um eixo de simetria vertical do gráfico de f . (pontuação 1,0)

Uma solução:
a) Temos que f (x0 ) = y0 . Além disso, para qualquer x ∈ R, x 6= x0 , temos a (x − x0 )2 > 0,
portanto:
f (x) = a (x − x0 )2 + y0 > y0 = f (x0 )
Segue que (x0 , y0 ) é ponto de mínimo absoluto de f .
b) Dado r > 0 qualquer temos:

f (x0 − r) = a r2 + y0
f (x0 + r) = a r2 + y0
Portanto, f (x0 − r) = f (x0 + r), ∀r > 0. Logo, a reta x = x0 é um eixo de simetria vertical
do gráfico de f .
MA11 – Números e Funções Reais – AV1 – 2014

Questão 1 [ 2,0 pt ]

Sejam A, B, C conjuntos. Prove que

(a) A − (B ∪ C) = (A − B) ∩ (A − C).

(b) A − (B ∩ C) = (A − B) ∪ (A − C).

As identidades acima são versões para três conjuntos das “leis de De Morgan”, em homenagem ao ma-
temático Augustus De Morgan (1806-1871), um dos pais da lógica matemática moderna.

Questão 2 [ 2,0 pt ]

x
Prove que f : R → (−1, 1), f (x) = √ é uma bijeção.
1 + x2

Questão 3 [ 2,0 pt ]

Prove que log10 2 não é um número racional.

Questão 4 [ 2,0 pt ]

Apesar do “grau Celsius” (◦ C) ser a medida mais usada para a temperatura, alguns paı́ses, como os Estados
Unidos, usam outra medida de temperatura, o “grau Fahrenheit” (◦ F). Sabendo que os pontos de fusão
e ebulição da água são 0◦ C e 100◦ C, respectivamente, e 32◦ F e 212◦ F, respectivamente, determine uma
função afim que relaciona as temperaturas medidas em graus Celsius e graus Fahrenheit.

Questão 5 [ 2,0 pt ]

nm o
Considere o conjunto dos números racionais diádicos D = : m, n ∈ Z, n ≥ 0 .
2n
(a) Prove que se a e b são números reais tais que a < b, então existe d ∈ D tal que a < d < b.

(b) A partir do item (a) conclua que em qualquer intervalo (a, b) existem infinitos números racionais
diádicos.
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Avaliação 1 - MA11 - 2015.1

Questão 1 [ 2,0 pts ]

Faça um esboço do conjunto dos pontos do plano tais que

bxc2 + byc2 = 4; x, y ∈ R,

onde bxc = max{m ∈ Z : m 6 x} representa o maior inteiro menor do que x ou igual a x.

Questão 2 [ 2,0 pts ]

Seja f : R → R uma função monótona injetiva. Prove que, se o acréscimo f (x + h) − f (x) = ϕ(h) depender apenas
de h, mas não de x, então f é uma função afim.

Questão 3 [ 2,0 pts ]

Os termos a1 , a2 , . . . , an de uma progressão aritmética positiva e crescente são os valores f (1), f (2), . . . , f (n) de
uma função afim.

(a) Mostre que cada ai é igual à área de um trapézio delimitado pelo gráfico de f, pelo eixo OX e pelas retas
verticais de equações
1 1
x=i− e x=i+ .
2 2
(b) Mostre que a soma S = a1 + a2 + · · · + an é igual à área do trapézio delimitado pelo gráfico de f, pelo eixo OX
1 1
e pelas retas verticais x = e x = n + .
2 2
(a1 + an )n
(c) Conclua que S = .
2

Questão 4 [ 2,0 pts ]

Dados dois conjuntos A e B, definimos o produto cartesiano de A por B, que denotamos por A × B, como sendo
o conjunto de todos os pares ordenados (a, b) tais que a ∈ A e b ∈ B, isto é, A × B = {(a, b)|a ∈ A, b ∈ B}.

(a) Determine, justificando, se o conjunto X = {(1, 3), (2, 3), (2, 4)} é um produto cartesiano de dois conjuntos.

(b) Suponha que A e B tenham exatamente 2 e 3 elementos, respectivamente. Quantos subconjuntos não vazios
de A × B são também produtos cartesianos?

Questão 5 [ 2,0 pts ]

Sejam E e F conjuntos com pelo menos 2 elementos e f : E → F uma função.

(a) Prove que, se f é bijetiva então f (E\A) = F \f (A), ∀A ⊂ E.

(b) Reciprocamente, prove que se f (E\A) = F \f (A), ∀A ⊂ E, A 6= ∅ e A 6= E, então f : E → F é bijetiva.


MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 2 – 2011

Questão 1.
Calcule as seguintes expressões:

 qp 
(1,0) (a) logn logn n n n n

(1,0) (b) xlog a/ log x , onde a > 0, x > 0 e a base dos logaritmos é fixada arbitrariamente.

Questão 2.
(Como caracterizar a função exponencial a partir da função logaritmo.) Seja f : R → R uma função crescente, tal
que f (x + y) = f (x) · f (y) para quaisquer x, y ∈ R. Prove as seguintes afirmações:

(1,0) (a) f (x) > 0 para todo x ∈ R e f (1) > 1.

(1,0) (b) Pondo a = f (1), a função g : R → R definida por g(x) = loga f (x) é linear. (Use o Teorema Fundamental da
Proporcionalidade.)

(0,5) (c) Para todo x ∈ R, g(x) = x, onde g é a função definida no item (b).

(0,5) (d) f (x) = ax para todo x ∈ R.

Questão 3.

(1,0) (a) 24h após sua administração, a quantidade de uma droga no sangue reduz-se a 10% da inicial. Que percentagem
resta 12h após a administração? Justifique sua resposta, admitindo que o decaimento da quantidade de droga
no sangue é exponencial.

(1,0) (b) Em quanto tempo a quantidade de droga no organismo se reduz a 50% da dose inicial?

(0,5) (c) Se a mesma droga for administrada em duas doses de 10 mg com um intervalo de 12h, qual é a quantidade
presente no organismo após 24h da primeira dose?

(Questão 4 na próxima página)


MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 2 – 2011

Questão 4.

(1,0) (a) Usando as fórmulas para cos(x + y) e sen(x + y), prove que

tg(x) − tg(y)
tg(x − y) =
1 + tg(x) · tg(y)

(desde que tg(x − y), tg(x) e tg(y) estejam definidas).

(1,5) (b) Levando em conta que um ângulo é máximo num certo intervalo quando sua tangente é máxima, use a fórmula
acima para resolver o seguinte problema:
Dentro de um campo de futebol, um jogador corre para a linha de fundo do time adversário ao longo de uma
reta paralela à lateral do campo que cruza a linha de fundo fora do gol (ver figura). Os postes da meta distam
a e b (com a < b) da reta percorrida por ele. Mostre que o jogador vê a meta sob ângulo máximo quando sua

distância x ao fundo do campo é igual a ab.

b
a

x
MA11 – Números, conjuntos e funções elementares – AV2 – 2012

Questão 1. (2,0) Seja f : R → R uma função tal que f (0) = 0 e |f (x) − f (y)| = |x − y| para quaisquer x, y ∈ R.
Prove que ou f (x) = x para todo x ou então f (x) = −x seja qual for x.

Questão 2. (2,0) Dada a função quadrática f (x) = ax2 + bx + c, consideremos as funções afins g(x) = mx + t,
onde m é fixo e t será escolhido convenientemente. Prove que existe uma (única) escolha de t para a qual a equação
f (x) = g(x) tem uma, e somente uma, raiz x. Interprete este fato geometricamente em termos dos gráficos de f e g.

Questão 3. (2,0) Dados os pontos A = (3, 7), B = (4, 5), C = (5, 5) e D = (5, 3) em R2 , determine a função afim
f (x) = ax + b cujo gráfico contém três desses pontos.

Questão 4. (2,0) A população de uma cultura de bactérias, num ambiente estável e controlado, é estimada pela
área que ocupa sobre uma superfı́cie plana. Se, decorridos 20 dias, a população duplicou, então ela ficou 50% maior

(a) antes de 10 dias.

(b) ao completar 10 dias.

(c) após 10 dias.

Escolha a resposta certa e justifique sua opção.

1 1
Questão 5. (2,0) Dados números reais positivos x e y, ache α e β tais que cos x · cos y = 2 cos α + 2 cos β. Em
seguida mostre como (mediante o uso de uma tabela de funções trigonométricas) esta igualdade pode ser empregada
para reduzir o produto de dois números reais positivos quaisquer às operações de soma e divisão por 2.
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Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 2
22 de junho de 2013

1. [ 2 pontos ] Em cada um dos itens abaixo, dê, se possível, um exemplo de um polinômio


p(x) satisfazendo todas as condições dadas.
Caso o exemplo não seja possível, justifique a sua resposta.
Lembre-se que se p(x) = a0 + a1 x + a2 x2 + · · · + an−1 xn−1 + an xn então

p0 (x) = a1 + 2a2 x + · · · + (n − 1)an−1 xn−2 + nan xn−1

(a) p(1) = p(−1) = 0, p0 (0) = 1 e p(x) é de grau 2.


(b) p(1) = p(−1) = 0 e p0 (0) = 1.
(c) p(1) = p(−1) = 0, p0 (0) = 0 e p(x) é de grau 2.
(d) p(1) = p(−1) = 0, p(0) = p(2) = 1 e p(x) é de grau 2.
(e) p(1) = p(−1) = 0, p(0) = p(2) = 1 e p(x) é de grau 3.

[pontuação de cada ítem: 0,4 ponto]

2. [ 2 pontos ] Um número real x0 é raiz de multiplicidade k do polinômio p(x) se p(x) =


(x − x0 )k q(x), para algum polinômio q(x), com q(x0 ) 6= 0.
Sugestão para resolver os ítens abaixo: Use o fato de que toda função polinomial é uma
função contínua e que "Se f é uma função real contínua e f (x0 ) 6= 0, então existe uma
vizinhança de x0 em que f não se anula".

(a) Mostre que x0 é raiz de multiplicidade par de p(x) se, e somente se, existe r > 0 tal
que p(x) não muda de sinal para x pertencente ao conjunto ]x0 − r, x0 + r[ \{x0 } =
{x ∈ R : x0 − r < x < x0 + r, x 6= x0 }.[ 0,8 ponto ]
(b) Mostre que x0 é raiz de multiplicidade ímpar de p(x) se, e somente se, existe r > 0 tal
que o sinal de p(x) para x ∈ ]x0 −r, x0 [ é oposto ao sinal de p(x) para x ∈ ]x0 , x0 +r[ .
[ 0,8 ponto ]
(c) Interprete geometricamente os resultados dos dois ítens anteriores.[ 0,4 ponto ]
3. [ 2 pontos ] A massa de certas substâncias radioativas decresce a uma taxa proporcional
à própria massa. A meia-vida T de uma substância como essa é definida como o tempo
transcorrido para que sua massa se reduza à metade da inicial. Considere uma substância
radioativa S que cuja meia-vida é de 5.000 anos.

(a) Considere uma massa de m0 = 7 g da substância S. Qual é o tempo transcorrido


para a massa se reduza a 18 da inicial? Este tempo depende da massa inicial m0 ?
Justifique sua resposta. [ 0,2 ponto ]
(b) Determine a função m : [ 0, +∞[ → R que dá a massa da substância S, com massa
inicial m0 , em função do tempo medido em anos. [ 0,8 ponto ]
(c) Use as aproximações log10 (2) ∼
= 0, 3 e log10 (5) ∼
= 0, 7 para determinar uma aproxi-
mação para o tempo gasto para a massa da substância S se reduzir a 10% da inicial.
[ 1 ponto ]

4. [ 2 pontos ] Considere uma reta r, um ponto A 6∈ r e três pontos B, C, D ∈ r, tais que C


está entre B e D. Em cada um dos itens a seguir, decida se os dados são suficientes para
determinar com certeza as medidas de:
(i) cada um dos lados do triângulo ABC;
(ii) cada um dos ângulos do triângulo ABC.
Justifique rigorosamente as suas respostas.

[ = 60◦ ;[ 0,5 ponto ]


(a) BC = 1 e BAC
\ = 135◦ ;[ 0,5 ponto ]
(b) BC = 1 e ACD
[ = 60◦ e ACD
(c) BC = 1, BAC \ = 135◦ ;[ 0,5 ponto ]
[ = 60◦ e ACD
(d) BAC \ = 135◦ .[ 0,5 ponto ]

5. [ 2 pontos ] A figura a seguir representa um esboço do gráfico da função g : ]0, +∞[ → R


definida por g(x) = sen (log10 (x)), feito por um aplicativo computacional. Observe que o
aplicativo não conseguiu desenhar em detalhes o que ocorre perto da origem do sistema de
coordenadas.

2
(a) Determine todas as raízes da equação g(x) = 0. É possível determinar a menor raiz?
[ 0,6 ponto ]
(b) Faça um esboço do gráfico de g na janela gráfica 0 < x < 0, 1 e −2 < y < 2.
[ 0,7 ponto ]
(c) Considere um sistema de coordenadas x0 y em que o eixo horizontal x0 está em escala
logarítmica decimal (isto é, se x representa um eixo em coordenadas cartesianas
convencionais, então x0 = log10 x) e o eixo vertical y está em coordenadas cartesianas
convencionais. Faça um esboço do gráfico de g neste sistema, para 10−4 < x < 104
e −2 < y < 2.[ 0,7 ponto ]
MA11 – Números e Funções Reais – AV2 – 2014

Questão 1 [ 2,0 pt ]

Divide-se um arame de comprimento L em duas partes. Uma das partes estará destinada para construir um quadrado
e a outra parte para construir um triângulo equilátero. Qual é o comprimento de cada parte para que a soma das
áreas das figuras obtidas seja a menor possı́vel? É possı́vel encontrar uma divisão tal que a soma das áreas do
quadrado e do triângulo equilátero seja máxima? Justifique.

Questão 2 [ 2,0 pt ]

(a) Usando o fato de que x4 = (x4 + 1) − 1, mostre que

x2014 = ((x4 + 1) − 1)503 · x2 = [(x4 + 1) · q(x) + (−1)503 ] · x2

para algum polinômio q(x). Conclua que o resto da divisão de x2014 por x4 + 1 é −x2 .

(b) Determine o resto da divisão do polinômio p(x) = 2x2014 + 15x5 + 9x − 2014 pelo polinômio d(x) = x4 + 1.

Sugestão para o item (b): Use o fato que o resto da divisão de p1 (x) + p2 (x) por d(x) é igual à soma r1 (x) + r2 (x)
dos restos r1 (x) e r2 (x) das divisões de p1 (x) e p2 (x) por d(x), respectivamente.

Questão 3 [ 2,0 pt ]

Seja f : R+ → R uma função crescente tal que f (xy) = f (x) + f (y) para quaisquer x, y ∈ R+ . Mostre que existe
a > 0 tal que f (x) = loga x para todo x ∈ R+ .

Questão 4 [ 2,0 pt ]

Observações por longo tempo mostram que, após perı́odos de mesma duração, a população de uma cidade fica
multiplicada pelo mesmo fator. Sabendo-se que a população de uma cidade era de 750 mil habitantes em 1990 e 1
milhão de habitantes em 2010, calcule:

(a) A população estimada para 2020;

(b) Em que ano a população da cidade alcançará a marca de 2 milhões de habitantes?

Observação: Caso julgue necessário, use as igualdades aproximadas a seguir: ln 4 = 1, 386, ln 3 = 1, 098, e0,144 =
1, 154

Questão 5 [ 2,0 pt ]

Resolva a equação    
1+x 1−x π
arctg + arctg = .
2 2 4
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Avaliação 2 - MA11 - 2015.1

Questão 01 [ 2,00 pts ]

Prove que uma função do tipo exponencial fica determinada quando se conhecem dois dos seus valores. Mais
precisamente, se f (x) = a · bx e F (x) = A · B x , com b, B 6∈ {0, 1}, a 6= 0 e A 6= 0, são tais que f (x1 ) = F (x1 )
e f (x2 ) = F (x2 ) com x1 6= x2 então a = A e b = B.

Questão 02 [ 2,00 pts ]

Considere a função f (x) = ax2 + bx + c, com a > 0.


 
x+y f (x) + f (y)
(a) Mostre que, se x 6= y, então f < .
2 2
(b) Mais geralmente, mostre que se 0 < λ < 1 e x 6= y, então

f (λx + (1 − λ)y) < λf (x) + (1 − λ)f (y).

Questão 03 [ 2,00 pts ]

1 1
(a) Se x é um número real não nulo, obtenha uma expressão para x2 + 2
em função de t = x + .
x x
(b) Use o item (a) para reduzir a equação x4 − x3 − 10x2 − x + 1 = 0 numa equação quadrática na variável t.

(c) Resolva a equação do segundo grau em t e, em seguida, encontre as soluções da equação de quarto grau.

Questão 04 [ 2,00 pts ]

Se a e b são números reais não nulos, determine a imagem da função f (x) = a cos x + b sen x.

Sugestão: Multiplique e divida por a2 + b2 .

Questão 05 [ 2,00 pts ]

(a) Defina a função logaritmo natural, utilizando áreas.


1
(b) Se n é um inteiro positivo, use argumentos geométricos para provar que < ln(n + 1) − ln n.
n+1
 
1 1
(c) Dada a sequência an = 1 + + ··· + − ln n, use o item (b) para provar que an+1 < an , para todo n > 1.
2 n
MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 3 – 2011

Questão 1.

(1,0) (a) Prove isto: Se um número natural não é o quadrado de um outro número natural, sua raiz quadrada é irracional.
√ √
(1,0) (b) Mostre que 2 + 5 é irracional.

Questão 2.

(2,0) No instante em que uma pedra caiu (sem sofrer impulso inicial) ao momento em que se ouviu o som de seu
choque com a água no fundo do poço decorreram S segundos. Calcular a profundidade do poço. Dar a resposta
em função da aceleração g da gravidade e da velocidade v do som. Usar a fórmula s = g2 t2 do espaço percorrido
no tempo t por um corpo em queda livre que partiu do repouso.

Questão 3.

(2,0) Percorrendo, ao longo de uma reta horizontal, a distância d = AB em direção à base inacessı́vel de um poste
CD, nota-se (com o auxı́lio de um teodolito) que os ângulos C ÂD e C B̂D medem, respectivamente, α e β
radianos. Qual é a altura do poste CD?

α d β
A B C
MA11 — Números, conjuntos e funções elementares – Prova 3 – 2011

Questão 4.

(2,0) Um reservatório contém uma mistura de água com sal (uma salmoura), que se mantém homogênea graças a
um misturador. Num certo momento, são abertas duas torneiras, com igual capacidade. Uma despeja água no
reservatório e a outra escoa. Após 8 horas de funcionamento, verifica-se que a quantidade de sal na salmoura
reduziu-se a 80% do que era antes que as torneiras fossem abertas. Que percentagem do sal inicial permanecerá
na salmoura após 24h de abertura das torneiras?

Questão 5.
Considere a função f : [1, +∞) → R, definida por f (x) = x3 − x2 .

(1,0) (a) Defina função crescente e prove que f é crescente.

(1,0) (b) Defina função ilimitada e prove que f é ilimitada.


MA11 – Números e funções reais – AV3 – 2012

√ √
Questão 1. (2,0) Sejam a, x números reais positivos, com a < x. Pondo y = 21 (x + xa ), prove que a < y < x.

Questão 2. (2,0) A imagem (ou conjunto de valores) de uma função f : R → R é o conjunto f (R) cujos elementos
são os números f (x), onde x é qualquer número real.
Determine as imagens da função afim f : R → R, f (x) = rx + s, e da função quadrática g : R → R, g(x) =
ax2 + bx + c. Discuta as possibilidades e justifique suas afirmações.

Questão 3. (2,0) Uma torneira leva x horas para encher um tanque, outra leva y horas e uma terceira enche esse
mesmo tanque em z horas. Em quanto tempo as três juntas encherão o tanque?

Questão 4. (2,0) Uma cultura de bactérias, cuja população é medida pela área que ocupa sobre uma superfı́cie
plana, ficou 64 vezes maior após 1 ano. Quantas vezes maior ela estava após 1 trimestre?

Questão 5. (2,0) Seja r o raio da circunferência sobre a qual estão os vértices do triângulo ABC. Se a é a medida
do lado oposto ao ângulo A,
b prove que sen Ab = a (dica: baixe, do centro da circunferência, a perpendicular a BC).
2r
Conclua daı́ a Leis dos Senos.
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MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação 3
06 de julho de 2013

1. (1,5 pontos) Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justificando


adequadamente e em detalhes as suas respostas.

(a) (0,5 ponto) Se f : R → R e g : R → R são funções monótonas crescentes, então


a função soma f + g : R → R, definida por (f + g)(x) = f (x) + g(x) é monótona
crescente.
(b) (0,5 ponto) Se f : R → R é uma função limitada superiormente, então f admite um
ponto de máximo absoluto.
(c) (0,5 ponto) Se f : R → R admite um ponto de máximo local, então f admite um
ponto de máximo absoluto.

2. (2,0 pontos) Da mesma forma que se expressa um número real no sistema de numeração
decimal, é possível expressá-lo em um sistema de numeração posicional qualquer, de base
β ∈ N, β > 2. Dizemos que um número a ∈ R está expresso no sistema de base β se ele
é escrito na forma:
+∞
X
a = a0 + ak β −k
k=1

em que a0 ∈ Z e os ak são dígitos entre 0 e β − 1 (incluindo-os).

(a) (1,0 ponto) Mostre que, se um número x ∈ R é irracional, então x possui represen-
tação infinita em toda base β.
(b) (1,0 ponto) Reciprocamente, mostre que, se um número x ∈ R possui representação
infinita em toda base β, então x é irracional.

3. (2,0 pontos) Considere a função p1 : R → R, p1 (x) = (x2 − 1)2 . A figura abaixo mostra
o gráfico de uma função p2 : R → R na forma p2 (x) = c p1 (a x − b) + d, sendo a, b, c e d
constantes reais. Determine a, b, c e d. Justifique sua resposta.
4. (2,0 pontos) Considere as funções u, v : R → R, definidas por u(x) = 2 sen (x) e v(x) =
sen (2x ).

(a) (1,0 ponto) Determine o maior e menor valores atingidos por u e v.


(b) (1,0 ponto) Esboce os gráficos de u e de v.

1
5. (2,5 pontos) Considere a função g : R∗ → R, g(x) = 21− x .

(a) (1,0 ponto) Faça um esboço o gráfico de g.


(b) (0,75 ponto) Determine todas as soluções reais das equações g(x) = 2 e g(x) = 4.
(c) (0,75 ponto) Resolva a inequação g(x) < 4, para x ∈ R.

2
MA11 – Números e Funções Reais – AV3 – 2014

Questão 1 [ 2,0 pt ]

Sejam p e q dois números primos distintos.



(a) Mostre que pq é irracional.
√ √
(b) Use o item (a) para provar que p + q é irracional.

Questão 2 [ 2,0 pt ]

Sejam X e Y conjuntos arbitrários e f : X → Y uma função. Prove que, se A, B ⊂ X então


(a) f (A ∪ B) = f (A) ∪ f (B)
(b) f (A ∩ B) ⊆ f (A) ∩ f (B).
(c) Dê um exemplo para o qual a igualdade de conjuntos no item (b) acima não ocorre.

Questão 3 [ 2,0 pt ]

João tem uma fábrica de sorvetes. Ele vende, em média, 300 caixas de picolés por R$20, 00 cada caixa.
Entretanto, percebeu que, cada vez que diminuia R$1, 00 no preço da caixa, vendia 40 caixas a mais.
Considerando-se apenas valores inteiros de caixas e reais, quanto ele deveria cobrar pela caixa para que
sua receita fosse máxima?

Questão 4 [ 2,0 pt ]

Uma pessoa tomou 60 mg de uma certa medicação. A bula do remédio informava que a meia-vida do
medicamento era de seis horas. Como o paciente não sabia o significado da palavra meia-vida, foi a um
site de busca e encontrou a seguinte definição:
Meia-vida: tempo necessário para que uma grandeza (fı́sica, biológica) atinja metade de seu valor inicial.
(a) Após 12 horas da ingestão do remédio, qual é a quantidade do remédio ainda presente no organismo?
(b) E após 3 horas?
(c) Quanto tempo após a ingestão a quantidade de remédio no organismo é igual a 20 mg?

Caso julge necessário, use os dados 2 = 1, 4, ln 3 = 1, 1 e ln 2 = 0, 7.

Questão 5 [ 2,0 pt ]

(a) Encontre uma expressão para sen 3x como um polinômio de coeficientes inteiros em termos de sen x.

(b) Mostre que sen 10◦ é raiz de um polinômio com coeficientes inteiros e use este fato para concluir que
sen 10◦ é irracional.
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

Avaliação 3 - MA11 - 2015.1

Questão 01 [ 2,00 pts ]

Dadas as progressões artiméticas (a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , bn , . . .), mostre que existe uma, e somente uma,
função afim f : R → R tal que f (a1 ) = b1 , f (a2 ) = b2 , . . . , f (an ) = bn , . . . .

Questão 02 [ 2,00 pts ]

√ 1
Sejam f e g funções reais cujas expressões são f (x) = . Determine o maior subconjunto de R
x e g(x) =
x2 − 4
para o qual a função composta g ◦ f está bem definida e determine sua regra de definição.

Questão 03 [ 2,00 pts ]

t ln 2
A expressão M (t) = 200 · e− 30 dá a massa em gramas do césio 137 que restará de uma quantidade inicial após t
anos de decaimento radioativo.

(a) Quantos gramas havia inicialmente?


1
(b) Quantos gramas permanecem depois de 10 anos? Use, caso pense ser necessário, √
3
≈ 0, 794.
2
(c) Quantos anos levará para reduzir pela metade a quantidade inicial de césio 137?

Questão 04 [ 2,00 pts ]

Determine, no conjunto dos reais, os valores máximo e mı́nimo de

f (x) = 9 cos4 x − 12 cos3 x + 10 cos2 x − 4 cos x + 1.


2
Sugestão: Observe que 9a4 − 12a3 + 10a2 − 4a + 1 = 3a2 − 2a + 1 .

Questão 05 [ 2,00 pts ]

Sejam m e n números naturais.


√ √
3
(a) Mostre, usando o princı́pio da indução finita, que n
n≤ 3 , para n ≥ 2.
√ √ √
3
(b) Mostre então que um dos números m
ne n
m é sempre menor do que ou igual a 3.
Sociedade Brasileira de Matemática
Mestrado Profissional em Matemática em Rede Nacional

MA11 – Números e Funções Reais


Avaliação de Recuperação - MA 11
23 de novembro de 2013

1. (valor 2,0)
Determine se as afirmações a seguir são verdadeiras ou falsas, justificando adequadamente e
em detalhes as suas respostas.
a) O produto de dois números irracionais é um número irracional.(0,5)
1
b) Se a ∈ R não possui representação decimal finita, então também não possui represen-
a
tação decimal finita.(0,5)
c) Se f : R → R possui um ponto de máximo em x0 ∈ R, então a função f 2 : R → R
definida por f 2 (x) = f (x).f (x), ∀x ∈ R, também possui um ponto de máximo em x0 .(0,5)
d) Se a função f 2 : R → R possui um ponto de mínimo em x0 ∈ R, então f : R → R
também possui um ponto de mínimo em x0 .(0,5)

2. (valor 2,0)
Seja f : X → Y uma função injetiva e sejam A, B ⊂ X.
a) Mostre que f (A ∩ B) = f (A) ∩ f (B). Indique claramente em que ponto da demonstração
você usou a hipótese de injetividade. (1,0)
b) A igualdade de conjuntos demonstrada no item anterior continua valendo sem a hipótese
de que f é injetiva? Justifique sua resposta, com uma demonstração ou um contra-exemplo.
(1,0)

3. (valor 2,0)

a) Mostre que o número p, em que p é um número natural primo, é irracional. (0,5)

b) Mostre que o número a, em que a é um natural qualquer, é inteiro ou irracional. (1,5)
r
(Sugestão: Suponha que a seja racional, escreva-o na forma irredutível a = , r, s ∈ N, s 6= 0,
√ s
e observe que a satisfaz x2 − a = 0)
4. (valor 2,0)
Determine o polinômio p de menor grau possível que tenha uma raiz dupla em x = 1 e tal
que p(−1) = 2. Justifique sua resposta.

5. (valor 2,0) Certas substâncias radioativas decaem a uma taxa proporcional à própria
massa. A meia-vida T de uma substância radioativa com essa propriedade é definida como o
tempo decorrido até que sua massa reduza-se à metade, isto é, se a massa de uma substância
com meia-vida T é dada pela função f : R+ → R+ , então f (t + T ) = 21 f (t), ∀ t > 0.
a) Se a meia-vida de uma substância radioativa é de 1 hora, qual é número inteiro mínimo
de horas que deve transcorrer para que sua massa fique menor do que 10% da original? (0,5)
b) Nas condições do ítem a), se a massa inicial dessa substância é m0 , deduza uma fórmula
para sua massa em função do tempo t > 0. (0,5)
c) Verificou-se que 2 kg de uma substância radioativa se reduziram a 500 g, depois de
transcorridas 3 horas. Qual é a meia vida dessa substância? (0,5)
d) Nas condições do ítem c), deduza uma fórmula para a massa dessa substância em função
do tempo t > 0, medido em horas. (0,5)
MA11 – Números e Funções Reais – AVF – 2014

Questão 1 [ 2,0 pt ]


Mostre que, para todo m > 0, a equação x + m = x tem exatamente uma raiz.

Questão 2 [ 2,0 pt ]

(a) Seja p um número primo. Mostre que log10 p é irracional.

(b) Mais geralmente, dado n um número inteiro positivo, mostre que log10 n é racional se, e
somente se, n é uma potência de 10.

Questão 3 [ 2,0 pt ]

Seja f : R → R a função quadrática f (x) = ax2 + bx. Determine as constantes reais a e b de modo
que f −1 ({3}) = {−1, 23 } e, em seguida, determine o conjunto imagem de f.

Questão 4 [ 2,0 pt ]

Seja p(x) um polinômio do sétimo grau tal que

p(1) = p(2) = p(3) = p(4) = p(5) = p(6) = p(7) = 10.

Sabendo que p(8) = 30, determine p(−3).

Questão 5 [ 2,0 pt ]

(a) Mostre que, para qualquer número real x, vale a identidade


2  2
1 − x2

2x
+ = 1.
1 + x2 1 + x2

(b) Use o item anterior para mostrar que


1 − tg2 t 2tg t
cos 2t = 2
e sen 2t = .
1 + tg t 1 + tg2 t
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

AVF - MA11 - 2015 - Gabarito

Questão 01 [ 2,00 pts ]

√ 1
Mostre que a equação m + x = x tem solução única quando m > 0 ou m = − , tem duas soluções quando
4
1 1
− < m 6 0 e nenhuma solução quando m < − . Interprete graficamente este resultado.
4 4

Solução

Inicialmente, observe que m + x = x implica x > 0 e x > m. Desta forma, temos
√ √ x>0
m+ x = x ⇐⇒ x = x − m ⇐⇒ x = (x − m)2 ⇐⇒ x2 − (2m + 1)x + m2 = 0.

Isto nos dá √ √


2m + 1 − 4m + 1 2m + 1 + 4m + 1
x1 = e x2 = .
2 2
1 1 1 1
Desta forma, se m < − a equação não tem raiz real. Se m = − , a equação tem uma única solução x = . Se m > −
4 4 4 4
devemos verificar se as soluções são não-negativas e se x1 > m e x2 > m. Temos

2m + 1 − 4m + 1 √
x1 = > 0 ⇔ 2m + 1 > 4m + 1 ⇔ (2m + 1)2 > 4m + 1 ⇔ 4m2 ≥ 0
2
e √
2m + 1 + 4m + 1 1
x2 = > > 0.
2 4
Logo ambas as soluções são não-negativas. Além disso,

2m + 1 − 4m + 1 √
x1 = > m ⇔ 1 − 4m + 1 > 0 ⇔ 4m + 1 6 1 ⇔ m 6 0
2
e √
2m + 1 + 4m + 1 √
x2 = > m ⇔ 1 + 4m + 1 > 0.
2
1
Desta forma, a equação tem duas raı́zes reais para − 6 m 6 0 e tem uma única raiz real para m > 0. Geometricamente, as
4 √
soluções são as intesecções das curvas y = x − m e y = x, como mostra a figura.
Questão 02 [ 2,00 pts ]

Seja f : R → R uma função real tal que f (x) > 0 para todo x ∈ R e suponha que f satisfaz

f (x + y) = f (x) · f (y), ∀x, y ∈ R.


1
(a) Mostre que f (0) = 1 e f (−x) = , para todo x ∈ R.
f (x)
(b) Mostre que f (nx) = f (x)n , para quaisquer n ∈ Z e x ∈ R.
p
(c) Estendendo o que foi provado no item (b), prove que, para todo r = ∈ Q, temos f (rx) = f (x)r , para todo
q
x ∈ R.

Solução

(a) Temos
f (0) = f (0 + 0) = f (0) · f (0) = f (0)2 ⇒ f (0)(1 − f (0)) = 0 ⇒ f (0) = 1,

pois f (0) > 0 por hipótese. Além disso,


1
1 = f (0) = f (x + (−x)) = f (x) · f (−x) ⇒ f (−x) = .
f (x)

(b) Vamos mostrar por indução em n. A igualdade é imediata para n = 1. Supondo que f (nx) = f (x)n , vamos mostrar que
f ((n + 1)x) = f (x)n+1 . De fato

f ((n + 1)x) = f (nx + x) = f (nx) · f (x) = f (x)n · f (x) = f (x)n+1 .

(c) Temos    q  
p p p p
f (x)p = f (px) = f q· x =f x ⇒f x = f (x) q .
q q q

Questão 03 [ 2,00 pts ]

Se I ⊆ R é um intervalo, então uma função contı́nua f : I → R é dita:

(i) estritamente convexa se, para quaisquer x, y ∈ I, com x 6= y,


 
x+y f (x) + f (y)
temos que f < .
2 2
(ii) estritamente côncava se, para quaisquer x, y ∈ I, com x 6= y,
 
x+y f (x) + f (y)
temos que f > .
2 2

Assumindo que as funções a seguir contı́nuas,


1
(a) prove que f : (0, +∞) → R, f (x) = é estritamente convexa.
x
(b) prove que f : (0, +∞) → R, f (x) = ln x é estritamente côncava.

Solução
(a) Temos a seguinte cadeia de equivalências:
1 1
x + y 2 x
+ y f (x) + f (y)
f = < = ⇐⇒
2 x+y 2 2
x+y x+y y x y x
4< + = 2 + + ⇐⇒ 2 < + ⇐⇒
x y x y x y
2xy < x2 + y 2 ⇐⇒ (x − y)2 > 0,

onde a última desigualdade é claramente verdadeira para x 6= y, x > 0, y > 0.

(b) Visto que ln é uma função crescente, temos a sequinte cadeia de equivalências:
x + y x + y ln x + ln y f (x) + f (y)
f = ln > = ⇐⇒
2 2 2 2
x + y √ x+y √
ln > ln xy ⇐⇒ > xy ⇐⇒ (x + y)2 > 4xy ⇐⇒ (x − y)2 > 0,
2 2
onde a última desigualdade é claramente verdadeira para x 6= y, x > 0, y > 0.

Questão 04 [ 2,00 pts ]

Sejam x e y números reais quaisquer.

(a) Mostre que |x + y| ≤ |x| + |y|.

(b) Mostre que ||x| − |y|| ≤ |x − y|.

Solução

(a) Visto que, por definição, x ≤ |x|, −x ≤ |x|, y ≤ |y|, −y ≤ |y|, temos

x + y ≤ |x| + |y| e − (x + y) = −x + (−y) ≤ |x| + |y|.

Como |x + y| = x + y ou |x + y| = −(x + y), temos que

|x + y| ≤ |x| + |y|.

(b) Usando o item (a) temos


|x| = |(x − y) + y| ≤ |x − y| + |y| ⇒ |x| − |y| ≤ |x − y|

e
|y| = |(y − x) + x| ≤ |y − x| + |x| = |x − y| + |x| ⇒ |y| − |x| ≤ |x − y|.

Como ||x| − |y|| = |x| − |y| ou ||x| − |y|| = −(|x| − |y|) = |y| − |x|, concluı́mos que

||x| − |y|| ≤ |x − y|.

Questão 05 [ 2,00 pts ]

Se a é irracional, prove que a função f : R → R, f (x) = cos(ax) + cos x não é periódica.

Solução
Vamos mostrar a forma contrapositiva da afirmação, isto é, se f (x) = cos(ax) + cos x é periódica, então a ∈ Q. Seja T ∈ R o
perı́odo de f. Temos f (x + T ) = f (x), ∀ x ∈ R, isto é, cos(a(x + T )) + cos(x + T ) = cos(ax) + cos x, ∀ x ∈ R. Tomando x = 0,
temos
cos(aT ) + cos T = 2.

Visto que o valor máximo do cosseno é 1 temos

cos aT = 1 e cos T = 1.

p
Isto implica que aT = 2πp e T = 2πq, p ∈ Z, q ∈ Z, isto é, a = ∈ Q.
q
PROFMAT – Exame de Qualificação 2012-1

Gabarito

1.
(10pts) Um corpo está contido num ambiente de temperatura constante. Decorrido o
tempo (em minutos), seja ( ) a diferença entre a temperatura do corpo e do ambiente.
Segundo a Lei do Resfriamento de Newton, ( ) é uma função decrescente de , com a
propriedade de que um decréscimo relativo

( ) ( )
( )

no intervalo de tempo depende apenas da duração desse intervalo (mas não


do momento em que essa observação se iniciou). Isto posto, responda à seguinte
pergunta:

Num certo dia, a temperatura ambiente era de 30o. A água, que fervia a 100 o numa
panela, cinco minutos depois de apagado o fogo ficou com a temperatura de 60o. Qual era
a temperatura da água 15 minutos após apagado o fogo?

SOLUÇÃO: Pela Lei do Resfriamento de Newton, a função ( ), em que é o


momento em que o fogo foi apagado, cumpre as hipóteses do Teorema de Caracterização
das funções de tipo exponencial. Logo existe uma constante , com , tal que
( ) , onde ( ). Temos Logo ( ) . O
problema nos diz que ( ) Portanto e daí vem .

Segue-se que ( ) ( ) e que ( ) . Portanto, 15


minutos após o fogo ser apagado, a temperatura da água é de aproximadamente
graus.

Alternativamente, pode-se usar a informação sobre o decréscimo relativo constante de


( ) diretamente. Temos ( ) e ( ) . Portanto

( ) ( )
( )

e, assim, ( ) ( ) Pela propriedade mencionada,

( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( )

o que nos conduz a ( ) ( ) ( ) ( ) Em seguida usamos novamente a mesma


informação, obtendo

( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( )
o que nos conduz a ( ) ( ) ( ), e o resultado segue.

2.
(a) (5pts) Dado um número , quanto medem os lados do retângulo de perímetro
mínimo cuja área é ?

(b) (10pts) Justifique matematicamente por que não se pode responder o item (a) se
trocarmos “mínimo” por “máximo”.

SOLUÇÃO:
(a) Sejam e as dimensões de um retângulo de área . Então , ou seja, a média
geométrica de e , dada por √ , é igual a √ . A média geométrica desses dois
números positivos é sempre maior do que ou igual a sua média geométrica, e a igualdade
se dá se, e somente se, (o que, por conseguinte, resulta em √ ). Então o
perímetro , que é 4 vezes a média aritmética, é mínimo e igual a √ quando o
retângulo é um quadrado de lados iguais a √ .
(b) Basta mostrar que não existe retângulo de perímetro máximo com área fixada. Para
isso, é suficiente mostrar que existem retângulos com essa área de perímetro tão grande
quanto se queira. Por exemplo, para cada número natural tomamos o retângulo

de lados √ e . Evidentemente a área desse retângulo é Por outro lado, seu
perímetro é √ √ , que é maior do que √ . Assim, dado qualquer número
sempre se pode achar tal que o perímetro de é maior do que , bastando tomar tal
que √ .
3.
Uma moeda honesta é lançada sucessivas vezes.

(a) (10pts) Se a moeda for lançada 4 vezes, qual é a probabilidade de que o número
observado de caras seja ímpar? E se a moeda for lançada 5 vezes?
(b) (5pts) Observando o resultado do item (a), formule uma conjectura sobre a probabilidade
de se observar um número ímpar de caras em lançamentos da moeda.
(c) (10pts) Demonstre, utilizando indução finita, a conjectura do item (b).

SOLUÇÃO:

(a) Para quatro lançamentos, (1 cara) (3 caras) . Logo, a probabilidade


de um número ímpar de caras é .
Para cinco lançamentos, (1 cara) , (3 caras) ,
(5 caras) .
Logo, para 5 lançamentos a probabilidade de um número ímpar de caras é igual a
.
(b) A conjectura é que para todo natural a probabilidade de se obter um número ímpar de
caras em lançamentos é ⁄ (e, automaticamente, a probabilidade se obter um número
par de caras também é igual a ⁄ ).
(c) Verifiquemos se a conjectura é verdadeira para . A probabilidade de um número
ímpar de caras em 1 lançamento é a probabilidade de ocorrer uma cara em 1 lançamento,
e isso é exatamente igual a ⁄ . Portanto a conjectura vale neste caso. Agora supomos
que a conjectura é verdadeira para e vamos verificá-la para . Um número ímpar de
caras em lançamentos ou tem um número ímpar de caras nos primeiros
lançamentos e uma coroa no último lançamento ou tem um número par de caras nos
primeiros lançamentos e uma cara no último lançamento. Então (no ímpar de caras em
lançamentos) (no ímpar de caras em lançamentos) (coroa) + (no par de
caras em lançamentos) (cara) .

Obs. O que estamos buscando no item (c) é a soma dos coeficientes , com ímpar,
dividida por . Se olharmos para a expansão de ( ) , usando o binômio de
Newton, veremos que ela é a soma dos coeficientes , com par, subtraída dos
coeficientes , com ímpar. Como o resultado é zero, a soma dos coeficientes pares é
igual à dos coeficientes ímpares. Por outro lado, ( ) ( ) ,e( ) é
a soma de todos os coeficientes . Assim, a soma dos coeficientes ímpares, dividida por
, deve ser metade desse valor, isto é, . Essa solução não usa indução finita diretamente.
4.
é um quadrado, é o ponto médio do lado e é o ponto médio do lado .
Os segmentos e cortam-se em .

(a) (5pts) Mostre que .


(b) (5pts) Calcule a razão .
(c) (5pts) Se calcule a área do quadrilátero .

Obs: Para mostrar os itens (b) e (c) você pode usar o resultado do item (a) mesmo que não
o tenha demonstrado.

SOLUÇÃO:

(a) Há várias maneiras de se calcular essa proporção. Vejamos duas:


Primeira: Bastará mostrar que . Como é perpendicular a , então os
triângulos e são semelhantes. Logo,

Isso implica

Como e , todos os termos do lado direito


podem ser colocados em função de e a igualdade segue.
Segunda: De fato não é necessário usar a perpendicularidade, pois a afirmação
vale mesmo que seja um paralelogramo. Seja o ponto médio de .O
segmento corta em que é o ponto médio de . Então
e . Como os triângulos e são semelhantes, segue que

(b) Aproveitando a construção da segunda solução de (a), a mesma semelhança de


triângulos nos dá . E, sendo , segue que ( ) .

(c) Usaremos [polígono ] para denotar a área do polígono Evidentemente


Queremos calcular . Mas por causa da
semelhança entre os triângulos e , compartilhando o ângulo oposto a
e , respectivamente,
Portanto .

5.
Na figura abaixo, é um cubo de aresta 1. e são arestas e a
face está contida em um plano horizontal . Seja o tetraedro . Seja um
ponto da aresta (diferente de e de ) e o plano paralelo a que passa por . A
intersecção de com é o quadrilátero , como mostrado na figura.

(a) (5pts) Mostre que é um retângulo.


(b) (5pts) Mostre que o perímetro de é igual a √ , independentemente do
ponto .

H
G
E
F

P
Q
X N
D M
C
A
B

SOLUÇÃO:

(a) Primeiro mostremos que e são paralelos a e, portanto, são paralelos


entre si. Mostraremos para , sendo análogo o caso de . Mas isso segue de
que ⁄ ⁄ , que implica semelhante a e, portanto,
paralelo a . Da mesma forma, demonstra-se que e são paralelos a
. Isto mostra que os lados opostos de são iguais. Mas, de fato, são
perpendiculares, pois é ortogonal a . Logo, é um retângulo.
(b) Como todas as diagonais das faces têm o mesmo tamanho, as faces do tetraedro
são triângulos equiláteros. Em particular, é equilátero e, portanto, é
equilátero. Sendo assim, é igual a . Por outro lado, também é
equilátero, implicando que também o é. Logo . Então
√ De maneira inteiramente análoga, √ . Logo o
perímetro de é igual a √ .
6.
Um truque de adivinhação de números.
(a) (5pts) Descreva e justifique métodos práticos para obter os restos da divisão por 9, 10
e 11, respectivamente, de um número natural escrito no sistema decimal.
(b) (5pts) Ache as soluções mínimas de cada uma das seguintes congruências:
i.
ii.
iii.
(c) (10pts) Um mágico pede a sua audiência para escolher um número natural de pelo
menos dois algarismos e menor do que 1000, e de lhe revelar apenas os restos ,
e da divisão de por 9, 10 e 11, respectivamente (tarefa fácil, pelo item (a)). Sem
nenhuma outra informação ele consegue descobrir . Explique como ele consegue
fazer isto.
(d) (5pts) Supondo que a plateia tenha dado as seguintes informações ao mágico: ,
e , qual foi o valor de que o mágico achou?

SOLUÇÃO:

(a) Escrevamos um número na sua representação decimal: .


Restos da divisão por 9: Como , temos que

Logo o resto da divisão de por 9 é igual ao resto da divisão de


por 9. Podemos repetir o mesmo procedimento a etc.
Restos da divisão por 10: Como , temos que

logo o resto da divisão de por 10 é .

Restos da divisão por 11: Como


{
temos que

logo o resto da divisão de por 11 é igual ao resto da divisão de


por 11, ao qual podemos aplicar novamente a regra acima etc.
(b) A congruência é equivalente à congruência , cuja
solução mínima é claramente . A congruência é equivalente à
congruência , cuja solução mínima é claramente . A congruência
é equivalente à congruência , cuja solução mínima é
claramente .
(c) O mágico tem que resolver o seguinte sistema de congruências:

{
O Teorema Chinês dos Restos nos diz que o sistema tem uma única solução módulo
, dada pela expressão
( ) ( ) ( )
em que , e são as soluções das equações diofantinas do item (b). Logo

e só existe um valor de satisfazendo essa equação e a restrição de que


.
(d) Temos que achar natural em tal que
.
Então

Observação. O item (d) poderia ser resolvido de maneira menos educada como segue.
Escrevamos o número na sua representação decimal. As informações
sobre os restos dadas, , e , nos conduzem às seguintes
congruências: , ,e , que
resolvidas por tentativas nos dão o resultado , e .
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 1.
(a) Prove que, para quaisquer x, y, z, a, b, c ∈ R, tem-se

(ax + by + cz)2 ≤ (a2 + b2 + c2 )(x2 + y 2 + z 2 ) .

(b) Excetuando o caso trivial em que a = b = c = 0, mostre que vale a igualdade se, e somente se, existe m ∈ R
tal que x = ma, y = mb e z = mc.

UMA SOLUÇÃO

(a) Efetuando as operações indicadas, vemos que

(a2 + b2 + c2 )(x2 + y 2 + z 2 ) − (ax + by + cz)2 = (ay − bx)2 + (az − cx)2 + (bz − cy)2 .

Como todo quadrado em R é ≥ 0, segue-se a desigualdade proposta.


(b) Quanto à igualdade, ela é evidente no caso em que x = ma, y = mb e z = mc, para algum m ∈ R.
x
Reciprocamente, se ela vale então, supondo, por exemplo, a 6= 0, pomos m = a. Sabendo (pelo visto acima) que
ay − bx = az − cx = bz − cy =, de x = ma resultam 0 = ay − bx = ay − mab e daı́ (como a 6= 0) tiramos y = mb.
Analogamente, obtemos z = mc.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 2.
(a) Usando o gráfico com o qual se define geometricamente o logaritmo natural ln, mostre que ln(1 + x) < x para
todo x > 0, e daı́ ln x < x.

(b) Tomando x em vez de x nesta última desigualdade, prove que para todo x suficientemente grande o quociente
ln x
x pode tornar-se tão pequeno quanto desejemos.
(c) Prove ainda que essa conclusão é válida para logaritmos em qualquer base > 1.

UMA SOLUÇÃO

(a) ln(1 + x) é a área de uma faixa de hipérbole, contida no retângulo de altura 1 e base igual ao intervalo [1, 1 + x]
do eixo das abscissas. Daı́ ln(1 + x) < x, pois x é a área desse retângulo. Como ln x é uma função crescente de x,
tem-se ln x < ln(1 + x) < x.

√ √ √ 1 √
(b) Colocando-se x no lugar de x, tem-se ln x < x, ou seja, 2 ln x < x. Dividindo ambos os membros por
x, vem
ln x 2
<√ .
x x
ln x √2 4
Se desejarmos ter x < , basta tomar x
< , isto é, x > 2 .
(c) Finalmente, se log x significar o logaritmo de x na base a, então tomando c = log e teremos log x = c ln x, e daı́

log x ln x
=c ,
x x
ou seja, os dois quocientes diferem apenas por uma constante. Então
log x 2c
≤√ ,
x x
4c2
que é menor do que  se x > 2 .
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 3.
Uma moeda, com probabilidade 0, 6 de dar cara, é lançada 3 vezes.
(a) Qual é a probabilidade de que sejam observadas duas caras e uma coroa, em qualquer ordem?
(b) Dado que foram observadas duas caras e uma coroa, qual é a probabilidade de que tenha dado coroa no primeiro
lançamento?

UMA SOLUÇÃO

(a) Para saı́rem duas caras e uma coroa, só há as 3 possibilidades: coroa-cara-cara, cara-coroa-cara, e cara-cara-
coroa. Cada uma delas tem probabilidade 0, 6 × 0, 6 × (1 − 0, 6) = 0, 36 × 0, 4 = 0, 144. Logo a probabilidade de
saı́rem duas caras e uma coroa é de 3 × 0, 144 = 0, 432.

(b) Dado que foram observadas duas caras e uma coroa, ocorre apenas uma das 3 possibilidades acima, todas
equiprováveis. E só uma delas começa com coroa. Então a probabilidade de ter dado coroa no primeiro lançamento
é de 31 .
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 4.
Considere a sequência an definida como indicado abaixo:

a1 = 1
a2 = 1 + 2
a3 = 2 + 3 + 4
a4 = 4 + 5 + 6 + 7
...

(a) O termo a10 é a soma de 10 inteiros consecutivos. Qual é o menor e qual é o maior desses inteiros? Calcule
a10 .
(b) Forneça uma expressão geral para o termo an .

UMA SOLUÇÃO

(a) Uma maneira de fazer é ir até a décima linha, seguindo a regra sugerida, em que o último termo de uma linha
é o primeiro termo da seguinte.

a1 = 1
a2 = 1 + 2
a3 = 2 + 3 + 4
a4 = 4 + 5 + 6 + 7
a5 = 7 + 8 + 9 + 10 + 11
a6 = 11 + 12 + 13 + 14 + 15 + 16
a7 = 16 + 17 + 18 + 19 + 20 + 21 + 22
a8 = 22 + 23 + 24 + 25 + 26 + 27 + 28 + 29
a9 = 29 + 30 + 31 + 32 + 33 + 34 + 35 + 36 + 37
a10 = 37 + 38 + 39 + 40 + 41 + 42 + 43 + 44 + 45 + 46

Então a10 é a soma de uma P.A. com primeiro termo 37, último termo 46, e razão 1. Portanto
37 + 46
a10 = · 10 = 415 .
2

(b) Primeiro vejamos qual é a lei que rege o primeiro termo de an . Chamemos de bn esse primeiro termo. Temos
b1 = 1, b2 = 1, b3 = 2, b4 = 4, b5 = 7 etc. Daı́ b2 −b1 = 0, b3 −b2 = 1, b4 −b3 = 2, b5 −b4 = 3, isto é, bn −bn−1 = n−2.
Ou seja, bn − bn−1 , n ≥ 2, é uma P.A. de razão 1 e primeiro termo igual a zero. Então bn é igual a 1 mais a soma
dessa P.A. até o termo n − 2:
(n − 2)(n − 1)
bn = 1 + .
2
O último termo de an é igual a bn + n − 1. Então, sendo an a soma de uma P.A. de n termos com o primeiro igual a
bn e o último igual a bn + n − 1, resulta que

bn + (bn + n − 1)
an = n · .
2
Colocando essa expressão explicitamente em função de n, temos
 
n−1
an = n · bn +
2
 
1
= n · 1 + (n − 1)(n − 2 + 1)
2
 
1
= n · 1 + (n − 1)2 ,
2

que é um polinômio cúbico em n.


(Nessas horas, vale a pena conferir se a fórmula bate com o que esperamos, examinando os primeiros casos. Confira!)
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 5.
Seja ABC um triângulo equilátero de lado 6 e AD um segmento perpendicular ao plano desse triângulo de
comprimento 8.
(a) Localize o ponto P do espaço que é equidistante dos quatro pontos A, B, C e D e calcule a distância comum
R = P A = P B = P C = P D.
(b) Calcule o cosseno do ângulo entre as retas reversas AC e BD.

UMA SOLUÇÃO

(a) O ponto P deve estar no plano paralelo a ABC a 4 unidades de distância de A, pois esse é o plano dos pontos
equidistantes de A e D. Ao mesmo tempo, ele deve estar na reta perpendicular ao plano determinado por ABC que
passa pelo centro H de ABC, pois essa reta é o conjunto de pontos que equidistam de A, B e C.

A distância de H a qualquer um dos vértices do triângulo é igual a 2 3 (o que pode ser obtido de vários modos).

Como AHP é triângulo-retângulo, de catetos AH = 2 3 e HP = 4, e hipotenusa AP = R, então R2 = 12 + 16 = 28,

logo R = 2 7.

(b) Chame de Q o ponto do plano de ABC tal que AQBC é paralelogramo. O ângulo procurado é o ângulo
α = QBD.
b Todos os lados do triângulo QBD são conhecidos: (i) BD = 10, porque BAD é retângulo com catetos
iguais a 6 (o lado do triângulo ABC) e 8 (a altura do ponto D); (ii) BQ = AC = 6; (iii) QD = 10 (pela mesma
razão de (i)). Então, pela Lei dos Cossenos,

102 = 102 + 62 − 2 · 10 · 6 · cos α ,

de onde sai cos α = 0, 3.


EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 6.
No triângulo ABC assinale o ponto P do lado AC e o ponto Q do lado BC de forma que AP = 13 AC e BQ = 23 BC.
Seja J o ponto de interseção de AQ e BP .
JA
(a) Mostre que JQ = 34 . Sugestão: Trace QL paralelo a BP e use semelhança de triângulos.
JB
(b) Calcule a razão JP .
(c) Decida se a área do triângulo BP Q é maior do que, menor do que ou igual à metade da área do triângulo ABC.

UMA SOLUÇÃO

(a) Para facilitar, sejam BC = 3a e AC = 3b. Traçamos QL paralela a BP . Temos AP = b e P C = 2b.


Da semelhança dos triângulos BP C e QLC vem
LC QC 1
= = .
PC BC 3
Logo,
2b
LC =
3
e
4b
PL = .
3
Assim,
JA PA b 3
= = = .
JQ PL 4b/3 4

(b) Seja JP = x. Da semelhança entre AJP e AQL vem

JP AJ 3
= = .
QL AQ 7
Daı́,
7x
QL = .
3
Da semelhança dos triângulos BP C e QLC temos
BP BC 3
= = .
QL QC 1
Daı́, BP = 7x e BJ = 6x. Assim,
JB
= 6.
JP

(c) Seja 3h a distância de A à reta BC. A área do triângulo ABC é

3a · 3h 9ah
S= = .
2 2
O triângulo BP Q tem base BQ = 2a e altura igual à distância de P à reta BC, que é igual a 2h. A área do triângulo
BP Q é
2a · 2h 4ah
S1 = = .
2 2
Assim, S1 = 49 S < 12 S. Em palavras, a área do triângulo BP Q é menor do que a metade da área do triângulo ABC.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 7.
(a) Mostre que nenhum número natural da forma 4n + 3 pode ser escrito como o quadrado ou a soma de dois
quadrados de números naturais.
(b) Mostre que nenhum número a da forma 11 . . . 1 (n dı́gitos iguais a 1, n > 1) é o quadrado ou a soma de dois
quadrados de números naturais.

UMA SOLUÇÃO

(a) Suponhamos por absurdo que existam x, y, z ∈ N tais que z 2 = 4n + 3 ou que x2 + y 2 = 4n + 3. Terı́amos então
que z 2 ≡ 3 mod 4 ou que x2 + y 2 ≡ 3 mod 4.
Sendo, para todo a ∈ N, a ≡ 0 mod 4, a ≡ 1 mod 4, a ≡ 2 mod 4, ou a ≡ 3 mod 4, segue que

a2 ≡ 0 mod 4 ou a2 ≡ 1 mod 4.

Portanto, z 2 6≡ 3 mod 4 e x2 + y 2 6≡ 3 mod 4, o que é uma contradição.

(b) Para a = 11, por inspeção, o resultado é óbvio. Agora suponhamos n ≥ 2 e ponhamos a = 100b + 11, onde
b ≥ 0. Portanto, temos
a = 25 × 4b + 4 × 2 + 3 = 4(25b + 2) + 3 ,

o que nos diz que a é da forma 4n + 3, logo não é nem um quadrado nem uma soma de dois quadrados de números
naturais.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - 2012.2 - GABARITO

Questão 8.
Considere o sistema de congruências: (
x ≡ c1 mod n1
x ≡ c2 mod n2
Denotamos como de costume o mdc e o mmc de n1 e n2 por (n1 , n2 ) e [n1 , n2 ], respectivamente.
(a) Mostre que a e a0 são soluções do sistema se, e somente se, a ≡ a0 mod [n1 , n2 ]. O enunciado, da forma como
está, é incorreto. O certo seria: Mostre que, se a é solução, então a0 é solução se, e somente se, a ≡ a0 mod [n1 , n2 ].
(b) Mostre que o sistema admite solução se, e somente se, c2 ≡ c1 mod (n1 , n2 ).
(c) Dadas as progressões aritméticas (an ) de primeiro termo 5 e razão 14 e (bn ) de primeiro termo 12 e razão 21,
mostre que elas possuem termos comuns (isto é, existem r e s tais que ar = bs ). Mostre que esses termos comuns
formam uma PA e determine seu primeiro termo e sua razão.

UMA SOLUÇÃO

(a) Obs. Se o sistema admite uma solução a, então todo número da forma a + kn1 n2 é também uma solução. Em
outras palavras, se a0 ≡ a mod n1 n2 , então a0 é uma solução. Mas isso não dá todas as soluções, como o próprio
enunciado deixa evidente, a menos que n1 e n2 sejam primos entre si.
Suponha que a seja uma solução. Se a0 é outra solução do sistema, subtraindo uma da outra obtemos que
a0 ≡ a mod n1 e a0 ≡ a mod n2 . Por outro lado, essas duas condições juntas implicam que a0 é solução do sistema.
Ou seja: a0 é solução do sistema se, e somente se, a0 ≡ a mod n1 e a0 ≡ a mod n2 . Mas dizer que a0 ≡ a mod n1 e
a0 ≡ a mod n2 equivale a afirmar que a0 ≡ a mod [n1 , n2 ].

(b) Pelo que acabamos de mostrar, o sistema admite uma solução se, e somente se, ele admite uma solução
a > max{c1 , c2 }. Portanto, o sistema admite solução se, e somente se, existem x, y ∈ N tais que a − c1 = xn1 e
a − c2 = yn2 . Sem perda de generalidade, podemos supor c2 ≥ c1 . Assim, a existência de soluções do sistema é
equivalente à existência de soluções da equação diofantina xn1 − yn2 = c2 − c1 . Por sua vez, essa equação diofantina
possui solução se, e somente se, (n1 , n2 ) divide c2 − c1 , o que equivale a c2 ≡ c1 mod (n1 , n2 ).

(c) Os termos comuns a ambas as PAs são soluções do sistema


(
x ≡ 5 mod 14
x ≡ 12 mod 21,

o qual possui soluções dado que 12 ≡ 5 mod (14, 21), por (b).
Listemos os primeiros termos de ambas as PAs:
an : 5, 19, 33, . . .
bn : 12, 33, 54, . . .
Assim, 33 é o menor termo comum a ambas as PAs e pela parte (a) temos que os termos comuns a ambas PAs são
dados por cn = 33 + n[14, 21] = 33 + 42n, os quais formam uma PA de primeiro termo 33 e razão 42.
GABARITO - QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Questão 1. (pontuação: 1)
No octaedro regular duas faces opostas são paralelas. Em um octaedro regular de aresta a, calcule a distância
entre duas faces opostas.
Obs: no seu cálculo, você pode afirmar as propriedades que está utilizando sem precisar demonstrá-las, mas deve
descrevê-las detalhadamente.

D G
C
O M
A
B

Uma solução:

A figura acima mostra o octaedro regular ABCDEF de aresta a. As diagonais AC e EF determinam o centro O
do octaedro. Seja M o ponto médio da aresta BC. Como a reta BC é perpendicular ao plano (EOM ), os planos
(EBC) e (EOM ) são perpendiculares. No triângulo retângulo EOM a altura OG relativa à hipotenusa é a distância
do ponto O à face (EBC). Temos:

a 2
OE = 2 , metade da diagonal do quadrado BEDF ,
a
OM = 2 , distância do centro do quadrado ABCD ao lado BC, e

EM = a 2 3 , altura do triângulo equilátero EBC.

Assim, a relação OG.EM = OE.OM fornece OG = a 6 6 .
Como a distância de O à face (F DA) é igual ao comprimento de OG temos que a distância entre duas faces opostas

a 6
do octaedro regular é o dobro do comprimento de OG, ou seja, igual a 3 .

Outra solução:

Podemos decompor a pirâmide ABCDE em quatro tetraedros congruentes ao tetraedro BCEO. A pirâmide
√ √ √
a2 .OE a3 2 1 a2 3 a2 3
ABCDE tem volume igual a V = 3 = e o tetraedro BCEO tem volume igual aW = 3 4 OG = 12 OG.
√ 6
a 6
Da igualdade V = 4W segue que OG = 6 , logo a distância entre duas faces opostas do tetraedro regular é igual a

a 6
3 .

Questão 2. (pontuação: 1,5)


A figura abaixo mostra uma folha de papel retangular ABCD com AB = 25 cm e BC = 20 cm. Foi feita uma
dobra no segmento AE de forma que o vértice B coincidiu com o ponto P do lado CD do retângulo.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

D P C

A B

(a) Calcule o comprimento do segmento DP .


(b) Calcule a razão entre as áreas dos triângulos ADP e P CE.
(c) Calcule o comprimento do segmento AE.

Uma solução:
a) Como os triângulos AEB e AEP são congruentes, então AP = AB = 25 cm . Assim, pelo teorema de Pitágoras,
p
DP = 252 − 202 = 15 cm

D 15 P 10 C
 
7,5

25 E
20
12,5

A 25 B

b) Temos P C = 25 − 15 = 10 cm. O ângulo AP E é reto pois é igual ao ângulo ABE. Assim, os ângulos α e β
da figura são complementares e, como consequência, os triângulos ADP e P CE são semelhantes, pois possuem os
AD 20
mesmos ângulos e a razão de semelhança é k = PC = 10 = 2. Assim, a razão entre as áreas desses triângulos é
2
k = 4.
CE DP CE 15
c) Da semelhança dos triângulos ADP e P CE tem-se PC = AD , ou seja, 10 = 20 , o que dá CE = 7, 5 cm e,
consequentemente, BE = 12, 5 cm.
O teorema de Pitágoras pode ser usado no triângulo ABE para calcular o comprimento de AE. Isto dá AE =
p
252 + (12, 5)2 cm.

Observando que, neste problema, AB é o dobro de BE, o cálculo acima é imediato. Se um triângulo retângulo

possui catetos a e 2a, então sua hipotenusa mede a 5. Assim, neste caso, obtemos facilmente que

√ 25 5
AE = 12, 5 5 = cm
2
Questão 3. (pontuação: 1)
Em uma caixa há três dados aparentemente idênticos. Entretanto, apenas dois deles são normais, enquanto o
terceiro tem três faces 1 e três faces 6. Um dado é retirado ao acaso da caixa e lançado duas vezes.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Se a soma dos resultados obtidos for igual a 7, qual é a probabilidade condicional de que o dado sorteado tenha
sido um dos dados normais?

Uma solução:

Queremos obter

P (dado normal e soma 7)


P (dado normal|soma 7) =
P (soma7)
Mas

6 1
P (soma 7|dado normal) = =
36 6

6×3 1
P (soma 7|dado anormal) = =
36 2
(o primeiro resultado pode ser qualquer das faces; o segundo, qualquer das três faces diferentes da obtida no primeiro
lançamento). Logo

P (dado normal e soma 7)


P (dado normal|soma 7) = =
P (soma7)

P (dado normal) × P (soma 7|dado normal)


=
P (dado normal) × P (soma 7|dado normal) + P(dado anormal) × P (soma 7|dado anormal)

2 1
3 × 6 2
2 1 1 1 =
3 × 6 + 3 × 2
5

Outra solução:

Nomeemos os dados da seguinte forma: N1 e N2 (dados normais) e A (dado anormal).


Se o dado retirado for N1 são 36 casos possı́veis para dois lançamentos deste dado e somente 6 casos favoráveis
com soma 7. Se o dado retirado for N2 também são 36 casos possı́veis para dois lançamentos deste dado e somente 6
casos favoráveis com soma 7. Se o dado retirado for A são 36 casos possı́veis para dois lançamentos deste dado, mas
agora 18 casos favoráveis com soma 7.
Logo, no total são 30 os casos possı́veis para que a soma dê 7 e dentre estes, somente em 12 a soma é proveniente
de dados normais. Portanto

P (dado normal e soma 7) 12 2


P (dado normal|soma 7) = = = .
P (soma 7) 30 5

Questão 4. (pontuação: 1,5)


A linha poligonal da figura começa na origem e passa por todos os pontos de coordenadas inteiras do plano
cartesiano.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

-2 -1 1 2 3

-1

-2

(a) Seja n um número inteiro não negativo. Mostre que o comprimento c(n) da linha poligonal da origem até o
ponto (n, n) é igual a 4n2 .
(b) Qual é o comprimento da linha poligonal entre os pontos (7, 10) e (11, −20)?

Uma solução:

a) A passagem do ponto (n, n) para o ponto (n + 1, n + 1) é ilustrada no diagrama abaixo:

(-n-1, n+1) (n+1, n+1)

(n, n)

(-n-1, -n) (n, -n)

Assim, o comprimento adicional ao passar de (n, n) para (n + 1, n + 1) é 2n + (2n + 1) + (2n + 1) + (2n + 2) =


8n + 4 = 4(2n + 1).
A partir daı́, pode-se calcular diretamente a soma 4(2.0+1)+4(2.1+1)+...+4(2(n−1)+1) = 4(1+3+...+(2n−1)) =
4(1 + 2n − 1).n/2 = 4n2 .

Alternativamente, pode-se recorrer à indução finita:


A fórmula dada claramente vale para n = 0. Suponhamos válida para n. Para n+1, o comprimento é 4n2 +4(2n+1)
= 4(n + 1)2 ; logo, a fórmula vale para n + 1. Portanto, pelo PIF, vale a fórmula para todo n inteiro não negativo.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Outra solução:
Até chegar ao ponto (n, n), teremos passado por todos os pontos de coordenadas inteiras do retângulo [−n, n − 1] ×
[−(n − 1), n], que possui 2n.2n pontos; a linha poligonal tem, assim, comprimento igual a (4n2 − 1) + 1 (a primeira
parcela exprime o comprimento da poligonal no retângulo acima; a segunda, corresponde ao segmento final).

b) Como ilustra o diagrama abaixo, o comprimento entre (7, 10) e (11, −20, ) é c(20) − c(10) + 3 + 40 + 9 =
4.202 − 4.102 + 52 = 1252.

(20, 20)

3
(10, 10)
(7, 10)
40

(10, -10)
9

(11, -20) (20, -20)

Questão 5. (pontuação: 1)
Um corpo está impregnado de uma substância radioativa cuja meia-vida é um ano. Quanto tempo levará para que
sua radioatividade se reduza a 10% do que é?

Uma solução:
Se M0 é a massa da substância radioativa no ano t = 0 e M é a massa da mesma substância após t anos, então
M = M0 .at , para um certo a, com 0 < a < 1. A informação sobre a meia-vida nos diz que M0 .a1 = 21 M0 , logo a = 12 .
M0
Queremos achar t de modo que M0 .at = 10 , ou seja ( 12 )t = 1
10 . Então, tomando logaritmos na base 10,

1
t= .
log10 2
[Como log10 2 ≈ 0, 3010 então t ≈ 3, 3 ≈ 3 anos e 4 meses]

Questão 6. (pontuação: 1,5)


p p
Qual é o menor valor da expressão 16x/y + y/(81x) quando x e y são números reais positivos quaisquer?
Justifique sua resposta.

Uma solução:
p p
A expressão dada é o dobro da média aritmética entre 16x/y e y/(81x), logo seu valor é maior do que ou igual
ao dobro da média geométrica desses números. Ou seja:

4
p p qp p
16x/y + y/(81x) ≥ 2. 16x/y. y/(81x) =
3
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Além disso, a igualdade vale se, e somente se, 16x/y = y/(81x), isto é 16.81.x2 = y 2 . Isto acontece, por exemplo,
quando x = 1 e y = 36. Em outras palavras, com x = 1 e y = 36, a expressão dada atinge seu valor mı́nimo, que é
igual a 34 . Há, entretanto, infinitos pontos para os quais este valor mı́nimo é atingido.
Poderı́amos também “completar quadrados” para obter a igualdade
p p 1 1 16 1 1 1 4
16x/y + y/(81x) = ((16x/y) 4 − (y/(81x)) 4 )2 + 2.( ) 4 = ((16x/y) 4 − (y/(81x)) 4 )2 +
81 3
e proceder como acima.

Questão 7. (pontuação: 1)
Mostre que, para todo n ∈ N, é inteiro o número 17 n7 + 51 n5 + 23
35 n.

Uma solução:
Pelo Pequeno Teorema de Fermat temos que n7 ≡ n mod 7 e n5 ≡ n mod 5, logo 7 divide n7 − n e 5 divide n5 − n,
para todo n. Portanto, a igualdade

1 7 1 5 23 n7 − n n5 − n
n + n + n= + +n
7 5 35 7 5
nos permite concluir o desejado.

Outra solução:
Basta usar o Princı́pio de Indução Finita:
1 1 23
Se n = 0 a expressão é também igual a zero. Observe que quando n = 1, a expressão torna-se 7 + 5 +
35 = 1.
1 7
Suponha agora que 7n + 15 n5 + 23
35 n é um número inteiro e mostremos que 1
7 (n + 1)7 + 15 (n + 5 23
1) + 35 (n + 1)
também é inteiro.
Expandindo em seus binômios de Newton

1 1 1 1 1 1 23 23
{ C(7, 0)n7 + C(7, 1)n6 + ... + C(7, 7)n0 } + { C(5, 0)n5 + C(5, 1)n4 + ... + C(5, 5)n0 } + n +
7 7 7 5 5 5 35 35
vemos que todos os termos desta última expressão são números inteiros, exceto talvez 17 n7 , 15 n5 , 23 1 1
35 n, 7 , 5 e 23
35 . Mas,
por hipótese de indução, a soma dos três primeiros elementos desta última lista é um número inteiro e a soma dos
três restantes é igual a 1, logo a expressão toda é um inteiro.

Questão 8. (pontuação: 1,5)


Um número natural m é dito um quadrado se existe a ∈ N tal que m = a2 .

(a) Mostre que o algarismo das unidades (na base 10) de um quadrado só pode ser um dos seguintes: 0, 1, 4, 5, 6
ou 9.

(b) Mostre que todo quadrado é da forma 4n ou 4n + 1.

(c) Mostre que nenhum número que escrito na base 10 tem a forma m = dd . . . d (todos os algarismos iguais), com
m > 10 e d ∈ {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, é um quadrado.
EXAME DE QUALIFICAÇÃO - Setembro de 2012

Uma solução:
a) Escrevamos a = 10b + c, com c ∈ {0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}. Logo,

m = a2 = (10b + c)2 = 10(10b2 + 2bc) + c2 .

Portanto, o algarismo das unidades de m coincide o algarismo das unidades de c2 . Fazendo variar c no conjunto
{0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9}, temos os seguintes possı́veis valores:

c2 = 0, c2 = 1, c2 = 4, c2 = 9, c2 = 16,

c2 = 25, c2 = 36, c2 = 49, c2 = 64, c2 = 81,


o que prova a asserção.

b) Todo número natural a se escreve na forma 4s + r, com r = 0, 1, 2 ou 3.

Temos que

r = 0: m = a2 = (4s)2 = 4(4s2 ),

r = 1: m = a2 = (4s + 1)2 = 4(4s2 + 2s) + 1,

r = 2: m = a2 = (4s + 2)2 = 4(4s2 + 4s) + 4 = 4(4s2 + 4s + 1),

r = 3: m = a2 = (4s + 3)2 = 4(4s2 + 6s) + 9 = 4(4s2 + 6s + 2) + 1,

logo m é da forma 4n ou 4n + 1.

[Observe também que se dois números a e b deixam restos r1 e r2 , respectivamente, na divisão por um número c,
então o produto ab deixa o mesmo resto na divisão por c que o produto r1 r2 . Assim, apenas temos que olhar para
02 , 12 , 22 , 32 e observar que estes quatro números deixam resto 1 ou 0 na divisão por 4].

c) Os casos d = 2, 3, 7 e 8 são consequências imediatas do item (a).

Os casos d = 1, 4 e 9 são tratados a seguir. Temos que

m = 11 . . . 1 = 100x + 11 = 4(25x + 2) + 3,
logo m é da forma 4n + 3. Portanto, m não é um quadrado.
Os números m = 44 . . . 4 = 4(11 . . . 1) e m = 99 . . . 9 = 9(11 . . . 1) não podem ser quadrados, pois, caso contrário,
11 . . . 1 seria um quadrado.

O caso d = 5 segue do fato de

m = 55 . . . 5 = 100y + 55 = 4(25y + 13) + 3,

logo da forma 4n + 3.

O caso d = 6 segue do fato de m = 66 . . . 6 = 4(25z + 16) + 2, logo da forma 4n + 2.


GABARITO - QUALIFICAÇÃO - Março de 2013

Questão 1. (pontuação: 1,5)

É dado um retângulo ABCD tal que em seu interior estão duas circunferências tangentes exteriormente no ponto T ,
como mostra a figura abaixo. Uma delas é tangente aos lados AB e AD e a outra é tangente aos lados CB e CD.

D C

A B

a) Mostre que a soma dos raios dessas circunferências é constante (só depende das medidas dos lados do retângulo).
b) Mostre que o ponto T pertence à diagonal AC do retângulo.

Uma solução:

a) No retângulo ABCD consideremos AB = a e BC = b. Sem perda de generalidade consideraremos b ≤ a e


a ≤ 2b, pois sem esta última condição as tangências indicadas não ocorreriam.

Sejam O e O0 os centros das circunferências e r e r0 os respectivos raios. Seja s = r + r0 . Como a reta que contém
os centros das circunferências passa pelo ponto de tangência então OO0 = OT + T O0 = r + r0 = s.

D C

T O´
r E b
O r´
r

A a B

A paralela a AB por O e a paralela a BC por O0 cortam-se em E. Temos:

i) r + OE + r0 = a, ou seja, OE = a − s

ii) r + EO0 + r0 = b, ou seja, EO0 = b − s.


Aplicando o teorema de Pitágoras no triângulo OEO0 temos:

s2 = (a − s)2 + (b − s)2

Desenvolvendo e simplificando encontramos s2 − (2a + 2b)s + a2 + b2 = 0.


Como claramente s < a + b, pois as circunferências estão no interior do retângulo, o valor de s que procuramos é
a menor raiz da equação acima. Assim,


p
2a + 2b −4a2 + 8ab + 4b2 − 4(a2 + b2 ) 2a + 2b − 2 2ab
s= = = a + b − 2ab,
2 2
0
o que comprova que o valor de s = r + r é constante e só depende das medidas dos lados do retângulo.

b) As retas AO e O0 C são paralelas ou cincidentes porque fazem 45o com os lados do retângulo. Se forem
coincidentes, o resultado é óbvio. Senão traçamos os segmentos AT e T C e o segmento OO0 (que passa por T ). Os
ângulos T OA e T O0 C são congruentes porque são alternos internos nessas paralelas em relação à transversal OO0 .

D C

T O´
O

A B

Temos ainda que



OT r r 2 OA
0
= 0 = √ = 0 .
OT r 0
r 2 OC
Como ∠T OA = ∠T O0 C e OT
O0 T = OA
O0 C então os triângulos T OA e T O0 C são semelhantes. Assim, ∠OT A = ∠O0 T C
e, portanto, os pontos A, T e C são colineares.

Questão 2. (pontuação: 1,0)

O poliedro representado na figura abaixo é tal que:


i) há exatamente um plano de simetria;
ii) em cada vértice, os planos das faces que se tocam são perpendiculares dois a dois, sendo possı́vel decompor o
sólido em três paralelepı́pedos;
iii) as dimensões nunca ultrapassam 19;
iv) os comprimentos das arestas são inteiros maiores do que 1;
v) o volume é igual a 1995.
x

2y
z
z y z

y
3x z 4y

a) Descreva o plano de simetria do poliedro.


b) Encontre os valores de x, y e z.

Uma solução:
a) O plano de simetria do poliedro é o plano perpendicular às arestas de comprimento 3x, que passa pelos seus
pontos médios.

b) Para calcular o volume do sólido, observamos que ele pode ser decomposto como união de três paralelepı́pedos,
e
V = 12xyz + 6xyz + xyz = 19xyz

Daı́, 19xyz = 1995, xyz = 105 e as possibilidades para x, y e z são: 3, 5 e 7; como as dimensões não podem
ultrapassar 19, x não poderá ser 7, y não poderá ser 5 ou 7. Deveremos ter, portanto, z = 7, x = 5 e y = 3, de modo
que as dimensões são as indicadas na figura:

5 5
7
5
6

7 3 7

3
15 7 12

Questão 3. (pontuação: 1,5)



O objetivo desta questão é demonstrar que a função f (x) = cos x, x ≥ 0, não é periódica, ou seja, não existe
√ √
nenhum número real positivo T tal que cos x + T = cos x para todo x ≥ 0.
a) Encontre todos os valores de T ≥ 0 para os quais f (T ) = f (0) e, a seguir, encontre todos os valores de T ≥ 0
para os quais f (T ) = f (2T ).
b) Use o ı́tem a) para mostrar que f (x) não é periódica.
Uma solução:

a) Se f (T ) = f (0), T ≥ 0, então cos T = cos0 = 1 e

T = 2kπ, k = 0, 1, 2, . . . ⇒ T = 4k 2 π 2 , k = 0, 1, 2, . . . (1)

Reciprocamente se T = 4k 2 π 2 , k = 0, 1, 2, . . . , então f (T ) = f (0).


√ √
Por outro lado, se f (T ) = f (2T ), T ≥ 0, então cos 2T = cos T e

√ √ √ √ √ √
2T = T + 2mπ, m ∈ Z tais que T + 2mπ ≥ 0 ou 2T = − T + 2mπ, m ∈ Z tais que − T + 2mπ ≥ 0

Logo

√ √ √ 4m2 π 2
T = 2mπ ⇒ 2T − 2 2T + T = 4m2 π 2 ⇒ T =
2T − √ , m = 0, 1, 2, . . . (2)
3−2 2

(para esses valores de T é imediato verificar que T + 2mπ ≥ 0) ou

√ √ √ 4m2 π 2
T = 2mπ ⇒ 2T + 2 2T + T = 4m2 π 2 ⇒ T =
2T + √ , m = 0, 1, 2, . . . (3)
3+2 2

(para esses valores de T é imediato verificar que − T + 2mπ ≥ 0).
4m2√
π2 4m2√
π2
Reciprocamente, se T = 3−2 2
ou T = 3+2 2
, m = 0, 1, 2, . . . , é imediato constatar que f (T ) = f (2T ).

b) Para mostrar que f não é periódica, suponhamos o contrário, isto é, admitamos a existência de um número
positivo T tal que
√ √
cos x + T = cos x,

para todo x ≥ 0.
Então,
√ √
cos 2T = cos T = cos0,

e, de a) (1), obtemos as igualdades 2T = 4k12 π 2 e T = 4k22 π 2 , com k1 e k2 inteiros positivos, logo

√ k1
2= ∈ Q,
k2

o que é impossı́vel dado que 2 é um número irracional.

Questão 4. (pontuação: 1,0)


A derivada de um polinômio p(x) = an xn + an−1 xn−1 + ... + a1 x + a0 é, por definição, o polinômio

p0 (x) = nan xn−1 + (n − 1)an−1 xn−2 + ... + 2a2 x + a1 .

Admita a regra da derivada do produto:

(p.q)0 (x) = p0 (x).q(x) + p(x).q 0 (x)

e prove que a ∈ R cumpre p(a) = p0 (a) = 0 se, e somente se, p(x) = (x − a)2 s(x) para algum polinômio s(x).

Uma solução:
(⇐) Supondo p(x) = (x − a)2 .s(x) = (x2 − 2ax + a2 ).s(x), vem que p0 (x) = 2(x − a).s(x) + (x − a)2 .s0 (x), logo,
p(a) = p0 (a) = 0.
(⇒) Reciprocamente, supondo p(a) = p0 (a) = 0, temos, pelo algoritmo da divisão, que p(x) = (x − a)q(x) para
algum polinômio quociente q(x). Derivando esta última igualdade, vem

p0 (x) = q(x) + (x − a).q 0 (x)

donde q(a) = 0, logo, novamente pelo algoritmo da divisão q(x) = (x − a).s(x) para algum polinômio s(x), e daı́
p(x) = (x − a)2 .s(x)

Questão 5. (pontuação: 1,5)

a) Maria tem 10 anéis idênticos e quer distribuı́-los pelos 10 dedos de suas mãos. De quantas maneiras diferentes
ela pode fazer isto? Suponha que é possı́vel colocar todos os anéis em qualquer um dos dedos.
b) Suponha agora que os 10 anéis sejam todos distintos. De quantas maneiras Maria pode distribuı́-los em seus
dedos? Aqui também, suponha que é possı́vel colocar todos os anéis em qualquer um dos dedos e que a ordem dos
anéis nos dedos é relevante.

Uma solução:
a) Numeramos os dedos de Maria de 1 a 10. Para descrever como Maria colocou seus anéis, basta dizer quantos
deles há em cada dedo; se xi é o número de anéis no i-ésimo dedo, temos então x1 + x2 + · · · + x10 = 10. O número
9 19!
de soluções inteiras não negativas dessa equação é C10+9 = 9!10! , que é a resposta a nosso problema.
Uma outra maneira de resolver o problema é denotar por A os anéis e por um traço, - , a separação dos anéis nos
dedos. Assim, por exemplo A A A A A - - - - A - - - - A A A A -, indicará que 5 anéis foram colocados no dedo
de número 1, um anel no dedo de número 5 e quatro anéis no dedo de número 9. Como existe uma correspondência
biunı́voca entre estes anagramas com 19 sı́mbolos (são 10 A´s e 9 traços -) e as configurações dos anéis nas mãos,
19!
há, neste caso, 9!10! maneiras diferentes da Maria colocar os 10 anéis.

b) Basta multiplicar o resultado encontado no ı́tem a) por 10!, pois quando os anéis são idênticos, a ordem em que
aparecem não é importante e cada configuração com 10 A´s idênticos obtidas em a) gerará 10! configurações com
19! 19!
anéis distintos, já que diferentes permutações dos anéis gerarão configurações distintas. A resposta é 10! 9!10! = 9! .

Uma outra solução é a seguinte: Supomos os anéis numerados de 1 a 10. Para descrever como Maria coloca seus
anéis, basta dizer, em cada dedo do primeiro ao décimo, a ordem em que eles aparecem da base do dedo até a ponta.
Indicando a passagem de um dedo para o seguinte pelo sı́mbolo -, vemos que uma descrição consiste de uma sequência
formada pelos números de 1 a 10 e por nove traços -. Para construir uma dessas sequências, ordenamos primeiro
os números, o que pode ser feito de maneiras 10! diferentes. Com isso, são criados 11 espaços entre os números
(contam-se também os espaços à esquerda e à direita da sequência numérica), nos quais devemos distribuir os nove
traços -. Estamos então buscando o número de soluções inteiras não negativas de y1 + y2 + · · · + y11 = 9 (aqui yi
19!
indica quantos traços serão colocados no i-ésimo espaço vazio), que é 9!10! . A resposta a nosso problema é então
19! 19!
10! 9!10! = 9! .

Questão 6. (pontuação: 1,0)


Uma sequência (an ) é tal que a1 = 1 e

a1 + a2 + · · · + an
an+1 = para todo n ≥ 1.
n+1
Mostre que os valores de an , para n ≥ 2, são todos iguais.

Uma solução:
1
Basta proceder por indução finita para mostrar qu an = 2 para todo n ≥ 2.
a1 1
Para n = 2, temos a2 = a1+1 = 2 = 2.
1
Admitamos agora que aj = 2, para j = 2, . . . n e mostremos que an+1 = 21 .

1
a1 + a2 + · · · + an 1+ 2 + 12 · · · + 1
2 1 + (n − 1) 21 1
an+1 = = = =
n+1 n+1 n+1 2
1
Segue, então, pelo Princı́pio da Indução Finita, que an = 2 para todo n ≥ 2.

Questão 7. (pontuação: 1,5)


Seja n ∈ N = {1, 2, 3, . . . } e considere os conjuntos:
nn o
A = {d ∈ N; d|n} e B= ; c∈A .
c
Denotemos por S(n) a soma dos divisores naturais de n e por S ∗ (n) a soma dos seus inversos.
a) Mostre que A = B e com isto conclua que
S(n)
S ∗ (n) = .
n
b) Mostre que n é um número perfeito se, e somente se,

S ∗ (n) = 2.

Uma solução:

a) Temos que
x ∈ A ⇐⇒ n = xc para algum c ∈ A

n
⇐⇒ x= para algum c ∈ A
c

⇐⇒ x ∈ B.
Seja A = {d1 , . . . , dr }, di 6= dj para i 6= j, logo
 
X X n n 1 1
S(n) = x= x= + ··· + =n + ··· + = nS ∗ (n),
d1 dr d1 dr
x∈A x∈B

daı́ segue-se que


S(n)
S ∗ (n) =
.
n
b) Por definição, sabemos que n é perfeito se, e somente se, S(n) = 2n. O resultado segue imediatamente, pois, em
virtude do item (a),
S(n) = 2n ⇐⇒ S ∗ (n) = 2.

Questão 8. (pontuação: 1,0)


Mostre que se p é primo, p > 3, então p2 deixa resto 1 na divisão por 24.
Uma solução:

Observe que como p > 3 é primo, então p = 3q + r com r = 1 ou 2. Temos assim dois casos a considerar:

• Se r = 1, p = 3q + 1 e como p − 1 é par, q deve ser par; assim q = 2k para algum k. Logo p2 = (3.2k + 1)2 =
12k(3k + 1) + 1; mas ou k é par ou 3k + 1 é par, assim temos que p2 = 24m + 1, para algum m, como querı́amos
mostrar.

• Se r = 2, p = 3q + 2 e, sendo p é ı́mpar, temos que q também será impar, digamos q = 2k + 1, para algum k.
Substituindo, temos que p2 = (3q + 2)2 = (6k + 5)2 = 12k(3k + 5) + 24 + 1, mas ou k é par ou 3k + 5 é par, assim
temos que p2 = 24m + 1, para algum m, como querı́amos mostrar.
EXAME NACIONAL DE QUALIFICAÇÃO 2013 - 2

GABARITO

Questão 1.
Considere um triângulo equilátero de lado 3 e seja A1 sua área. Ao ligar os pontos médios de cada lado, obtemos
um segundo triângulo equilátero de área A2 inscrito no primeiro. Para este segundo triângulo equilátero, ligamos
os pontos médios de seus lados e obtemos um terceiro triângulo equilátero de área A3 inscrito no segundo e assim
sucessivamente, gerando uma sequência de áreas (An ), n = 1, 2, 3, . . . √
9 3
Usando o Princípio de Indução Finita, mostre que a fórmula An = n é verdadeira para todo n ≥ 1 natural.
4
Uma solução:

Usando do teorema de Pitágoras conseguimos obter a altura, h1 , do primeiro triângulo, a saber:


 2 √
3 27 3 3
h21 2
=3 − = =⇒ h1 = ·
2 4 2
Assim, concluímos que a área do primeiro triângulo é dada por

3.h1 9 3
A1 = =
2 4

9 3
Acabamos de verificar, assim, a validade da fórmula An = n para n = 1.
4
Agora, supondo que a fórmula seja válida para algum k, ou seja, que

9 3
Ak = k
4
devemos mostrar que ela é válida para k + 1. Como o triângulo inscrito tem área igual a 1/4 da do triângulo obtido
no estágio anterior, concluímos que
√ √
1 Hip.Ind. 1 9 3 9 3
Ak+1 = Ak = · k = k+1
4 4 4 4

9 3
Portanto, o Princípio de Indução Finita garante a validade da fórmula An = n para todo natural n ≥ 1.
4

Uma outra maneira, mais detalhada, de provar o passo indutivo é a seguinte:


Denotemos por hk e Lk a altura e a medida do lado do triângulo da etapa k, respectivamente, e notemos que
 2 √
2 2 Lk 3Lk
(hk ) = Lk − =⇒ hk = ·
2 2

3 2
Logo Ak = L .
4 k
Na etapa k + 1 teremos uma triângulo equilátero cuja medida do lado é metade da medida do lado do triângulo
anterior. Além disso, a altura será
 2  2 √
2 Lk Lk 3Lk
(hk+1 ) = − =⇒ hk+1 = ·
2 4 4

Portanto, a área do triângulo da etapa k + 1 é

hk+1 L2k

Ak+1 =
2
√ 2
1 3Lk
= ·
4 4
1
= · Ak
4

Hip.Ind. 1 9 3
= ·
4 4k

9 3
= ,
4k+1

√ k + 1.
o que prova que a fórmula vale para
9 3
Por Indução, a fórmula An = n vale para todo natural n ≥ 1.
4

Questão 2.
A sequência (an ), n ≥ 0, é definida da seguinte maneira:
• a0 = 4
• a1 = 6
an
• an+1 = , n≥1
an−1
a) Encontre a7 .
b) Encontre a soma dos primeiros 2013 termos da sequência.

Uma solução:

a) Basta fazer um cálculo direto: a7 = 6. Na verdade a sequência é dada por 4, 6, 6/4, 1/4, 1/6, 4/6, 4, 6,... e
vemos que ela se repete em ciclos de tamanho 6; os termos de índices n = 6, 12, ..., 6k, ... k ∈ N são todos iguais a 4;
isto será usado no ítem b).
b) Para encontrarmos a soma, primeiramente observamos que a soma do seis primeiros termos a0 + a1 + . . . a5 é
6 1 1 4 151 151
igual a 4 + 6 + + + + = . Assim, até 2009 (incluindo-o) temos 335 blocos iguais a . Portanto, a soma
4 4 6 6 12 12
solicitada é igual a

151 6 50723
335( )+4+6+ = .
12 4 12

Questão 3.
Um cone de revolução tem altura x e está circunscrito a uma esfera de raio 1. Calcule o volume desse cone em função
de x.

Uma solução:

x
T
O 1
1

A M r B

Sejam:
AB um diâmetro da base do cone,
M o centro da base,
C o vértice do cone,
O o centro da esfera inscrita no cone e
T o ponto de tangência da geratriz CB do cone com a esfera.
Temos CM = x e OM = OT = 1.

Seja r o raio da base do cone. O comprimento de uma geratriz do cone é CB = x2 + r 2 .
Como CM é perpendicular a AB e OT é perpendicular a CB, os triângulos CT O e CM B são semelhantes. Daí,

OC OT x−1 1
= ⇒√ =
CB MB 2
x +r 2 r
Elevando ao quadrado e aplicando a propriedade das proporções que permite obter nova fração equivalente às
anteriores subtraindo-se numeradores e denominadores (ou fazendo os cálculos), temos:
x2 − 2x + 1 1 x2 − 2x x−2 x
2 2
= 2 = = ⇒ r2 =
x +r r x2 x x−2
1 2 π x πx2
O volume do cone é V = πr x = · ·x= .
3 3 x−2 3(x − 2)

Questão 4. Na figura, temos um triângulo equilátero ABC e um segundo triângulo P QR cujos lados RP , P Q, QR
são, respectivamente, perpendiculares aos lados AB, BC, AC do triângulo ABC.

C
R

A P B

a) Mostre que o triângulo P QR é equilátero. Conclua que AP = BQ = CR.


b) Se o triângulo ABC tem área 1, encontre a área do triângulo P QR.

Uma solução:

a) Basta observar que cada um dos ângulos do triângulo menor P QR mede 60o para concluir que ele é equilátero.
Para mostrar que AP = BQ notamos que os triângulos P AR e QBP são congruentes, pois são semelhantes e
acabamos de mostrar que P R = BQ. Analogamente AP = CR.
Logo AP = BQ = CR.

b) Primeiramente, notemos que AP R é um triângulo retângulo 30o -60o -90o , ou seja, é a metade
de um triângulo
AP
1
equilátero. Logo, temos que AR = 2AP , e, consequentemente, P B = AR = 2AP , ou ainda, . =
PB
2
1
Se chamarmos L o comprimento do lado do triângulo ABC e l o lado do triângulo P QR, temos que AP = L e
3
2
AR = P B = L. Daí,
3
P itágoras 4 2 1 2 1
l2 = (RP )2 = L − L = L2
9 9 3
1 1
e a razão entre as áreas dos triângulos P QR e ABC é , logo o triângulo P QR tem área igual a .
3 3

Questão 5.
Sejam f : R → R uma função periódica e g : R → R uma função qualquer.
a) A função composta g ◦ f é necessariamente periódica? Em caso afirmativo, demonstre; em caso negativo,
apresente um contra-exemplo.
b) A função composta f ◦ g é necessariamente periódica? Em caso afirmativo, demonstre; em caso negativo,
apresente um contra-exemplo.

Uma solução:

a) Seja T > 0 o período de f , então f (x + T ) = f (x), ∀x ∈ R.


Como
(g ◦ f )(x + T ) = g(f (x + T )) = g(f (x)) = (g ◦ f )(x), ∀x ∈ R,

concluímos que g ◦ f é também periódica.

b) É falso. Considere, por exemplo, as funções f (x) = sen(x) e g(x) definida por

 0, se x < 0


g(x) =
 π , se x ≥ 0


2
Então f ◦ g não é periódica.

 0, se x < 0


(f ◦ g)(x) =

 1, se x ≥ 0

Se existisse T > 0 tal que (f ◦ g)(x + T ) = (f ◦ g)(x), ∀x ∈ R, tomando x = −T , (f ◦ g)(0) = 1 = (f ◦ g)(−T ) = 0,


uma contadição.

Questão 6.
Considere a equação:

1 3
|x||x − 3| = 2|x −|
2 2
a) Quais são as raízes dessa equação? Explique detalhadamente como as encontrou.
1 3
b) Esboce, em um mesmo plano cartesiano, os gráficos das funções f (x) = |x||x − 3| e g(x) = 2|x − | e marque
2 2
as raízes que você encontrou no ítem a).

Uma solução:

a) A equação é equivalente as igualdades:


x2 − 3x = 4x − 6, ou x2 − 7x + 6 = 0, cujas raízes são x = 1 e x = 6; e
x2 − 3x = −4x + 6 ou x2 + x − 6 = 0, cujas raízes são x = −3 e x = 2.
Logo, temos quatro raízes: -3, 1, 2 e 6.

b) Os gráficos das funções estão esboçados na figura abaixo:


f(x)

g(x)

-3 12 6

raízes

Questão 7.
Determine todos os inteiros X que são soluções da congruência

X 49 + X 14 + X 12 − 2X ≡ 0 (mod7)

Uma solução:

Se X ≡ 0(mod7), é claro que X é solução da congruência dada. Podemos então supor que 7 não divide X e
procurar outras possíveis soluções. Neste caso, pelo Teorema de Fermat, sabemos que

X 6 ≡ 1(mod7)

e que X 7 ≡ X(mod7). Concluímos que X 49 ≡ (X 7 )7 ≡ X 7 ≡ X(mod7), X 14 ≡ (X 7 )2 ≡ X 2 (mod7) e X 12 ≡ (X 6 )2 ≡


1(mod7). Substituindo na congruência dada, temos:

X 49 + X 14 + X 12 − 2X ≡ X 2 − X + 1(mod7)

Analisando cada caso (exceto X ≡ 0(mod7) que já sabemos ser solução da congruência original), temos a tabela
abaixo, na qual todas as congruências são módulo 7.

X ≡ 1 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 1

X ≡ 2 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 3
X ≡ 3 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 0

X ≡ 4 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 6

X ≡ 5 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 0

X ≡ 6 ⇒ X2 − X + 1 ≡ 3

As soluções de X 49 + X 14 + X 12 − 2X ≡ 0 (mod7) são X ≡ 0, X ≡ 3 e X ≡ 5, ou seja, o conjunto solução é:

S = {X : X = 7K, K ∈ Z} ∪ {X : X = 7K + 3, K ∈ Z} ∪ {X : X = 7K + 5, K ∈ Z}

Questão 8.
Encontre o menor natural k, k > 2008, tal que 1 + 2 + · · · + k seja um múltiplo de 13. Justifique sua resposta.

Uma solução:
k(k + 1)
Sabemos que 1 + 2 + · · · + k = . Assim, para que a soma seja um múltiplo de 13, temos que ter que k(k + 1)
2
é um múltiplo de 13 e já que 13 é um número primo, então ou k ou k + 1 é um múltiplo de 13. Como queremos o
menor valor de k para que isto aconteça, devemos ter que k + 1 é um múltiplo de 13; assim k + 1 = 2015 e portanto
k = 2014.
ENQ2014.1 - Gabarito e Pauta de Correção

Questão 1 [ 1,0 pt ]

O máximo divisor comum de dois inteiros positivos é 20. Para se chegar a esse resultado pelo processo das divisões
sucessivas, os quocientes encontrados foram, pela ordem, 1, 5, 3, 3, 1 e 3. Encontre os dois números.

Solução
Utilizando o processo das divisões sucessivas, para os inteiros positivos a, b, obtém-se:

• a = b · 1 + r; 0 < r < b

• b = r · 5 + r1 ; 0 < r 1 < r

• r = r1 · 3 + r2 ; 0 < r 2 < r 1

• r1 = r2 · 3 + r3 ; 0 < r 3 < r 2

• r2 = r3 · 1 + r4 ; 0 < r 4 < r 3

• r3 = r4 · 3

Portanto, r4 = (a, b) = 20 e r3 = 60. Substituindo esses valores nas equações anteriores encontra-se a = 6180 e b = 5200.

Pauta de correção

• Demonstrar saber o que é o processo das divisões sucessivas [0,25]

• Realizar todas as etapas do processo para este caso [0,25]

• Encontrar os valores corretos dos restos [0,25]

• Obter os valores corretos de a e b [0,25]

Questão 2 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Dado um polı́gono regular convexo de n lados inscrito em um cı́rculo de raio R, seja ln o comprimento dos lados e
seja an a distância do centro do cı́rculo aos lados do polı́gono (an é o apótema do polı́gono).

(a) Calcule l12 e a12 em função de R.

(b) Use o item (a) para obter o valor de tg 75◦ .

Solução
(a) Dados um cı́rculo de raio R e um dodecágono regular nele inscrito, considere um triângulo cujos lados sejam dois raios do
cı́rculo e um dos lados do dodecágono. Este triângulo tem dois lados de medida R e um de medida l12 . O ângulo do triângulo
oposto ao lado de medida l12 é central, correspondendo a um arco de medida 360◦ /12 = 30◦ . Assim, pela lei dos cossenos,

(l12 )2 = R2 + R2 − 2 · R · R · cos 30◦ ,


logo,

(l12 )2 = R2 (2 − 3),

e, com isso,

q
l12 = R 2− 3.

A altura do triângulo considerado acima, relativa ao lado de medida l12 , tem medida a12 , e divide o triângulo em dois
triângulos retângulos cujos catetos medem a12 e l12 /2, e cuja hipotenusa é R. Assim,
 2
l12
R2 = + (a12 )2 ,
2

logo,
 2
l12
(a12 )2 = R2 −
2

2 2− 3 2
= R −R ·
4

2 2+ 3
= R · .
4
Portanto,
√ p
2+ 3 R
a12 = .
2
(b) O primeiro triângulo considerado no item (a), é isósceles e tem o ângulo do vértice de medida 30◦ . Logo, seus outros
dois ângulos medem 75◦ . O triângulo retângulo utilizado em (a) para o cálculo de a12 tem então catetos adjacente e oposto
de medidas p √ p √
R 2− 3 R 2+ 3
l12 /2 = e a12 = ,
2 2
respectivamente. Assim, p √  p √
a12
◦ R 2 + 3 /2 2+ 3
tg 75 = = p √  = p √ .
l12 /2 R 2 − 3 /2 2− 3
p √
Multiplicando numerador e denominador da expressão acima por 2 + 3, obtém-se

tg 75◦ = 2 + 3.

Pauta de correção
Item (a)

• Encontrar o valor correto de l12 [0,25]

• Encontrar o valor correto de a12 [0,25]

Item (b)

• Identificar triângulo retângulo com ângulo interno de 75◦ [0,25]

• Obter o valor correto de tg 75◦ [0,25]

Questão 3 [ 1,0 pt ]

Um quadrilátero tem os seus vértices sobre cada um dos lados de um quadrado, cujo lado tem medida 1. Sabendo
que as medidas dos lados desse quadrilátero são a, b, c e d, prove que

2 ≤ a2 + b2 + c2 + d2 ≤ 4.
Solução
Denote por ABCD o quadrado de lado 1 e por M N OP o quadrilátero inscrito no quadrado tal que P M = a, M N = b, N O = c
e OP = d, conforme mostra a figura.
Denote ainda por x = AM , y = BN , z = CO e t = DP . Como o quadrado ABCD tem lado 1, tem-se que M B =
1 − x, CN = 1 − y, OD = 1 − z e P A = 1 − t. Usando o Teorema de Pitágoras nos triângulos retângulos AM P, M BN, N CO
e ODP, conclui-se que

a2 = x2 + (1 − t)2 ,
b2 = (1 − x)2 + y 2 ,
c2 = (1 − y)2 + z 2 ,
d2 = (1 − z)2 + t2 .

Somando, obtém-se

a2 + b2 + c2 + d2 = [x2 + (1 − x)2 ] + [y 2 + (1 − y)2 ]


+ [z 2 + (1 − z)2 ] + [t2 + (1 − t)2 ]
= (2x2 − 2x + 1) + (2y 2 − 2y + 1)
+ (2z 2 − 2z + 1) + (2t2 − 2t + 1)
= f (x) + f (y) + f (z) + f (t),

onde f (x) = 2x2 −2x+1, x ∈ [0, 1]. Agora é necessário calcular os valores de máximo e mı́nimo da função f (x) = 2x2 −2x+1, x ∈
[0, 1]. Visto que f é uma função quadrática de coeficiente lı́der positivo, o valor mı́nimo ocorre no vértice (desde que esse vértice
esteja dentro do intervalo) e o valor máximo ocorre em um dos extremos do intervalo. Como f (0) = f (1) = 1, a simetria da
parábola assegura que o vértice está dentro do intervalo e ocorre em x = 1/2. Como f (1/2) = 1/2, obtém-se que
1
≤ f (x) ≤ 1, ∀ x ∈ [0, 1].
2
Desta forma, como a2 + b2 + c2 + d2 = f (x) + f (y) + f (z) + f (t), conclui-se que
1 1 1 1
2= + + + ≤ a2 + b2 + c2 + d2 ≤ 1 + 1 + 1 + 1 = 4.
2 2 2 2

Pauta de correção

• Perceber que as medidas a, b, c e d são hipotenusas de triângulos retângulos e usar o Teorema de Pitágoras: [0,25].

• Perceber que a soma a2 + b2 + c2 + d2 pode ser escrita da forma f (x) + f (y) + f (z) + f (t), onde f (u) = 2u2 − 2u + 1:
[0,5]

• Usar máximos e mı́nimos de funções quadráticas no intervalo [0, 1] para concluir as desigualdades: [0,25].
Questão 4 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

De uma caixa contendo 50 bolas numeradas de 1 a 50 retiram-se duas bolas, sem reposição. Determine a probabi-
lidade de:

(a) o número da primeira bola ser divisı́vel por 3 e o número da segunda bola ser divisı́vel por 5.

(b) o número da primeira bola ser divisı́vel por 4 ou o número da segunda bola ser divisı́vel por 6.

Solução

(a) Das 50 bolas numeradas que constam na caixa, 16 bolas correspondem a números divisı́veis por 3 e 10 bolas correspon-
dem a números divisı́veis por 5. Entretanto há 3 bolas (15, 30 e 45) que correspondem a números divisı́veis por 15,
sendo, portanto, divisı́veis tanto por 3 quanto por 5.
O evento retirar da caixa duas bolas, sem reposição, de modo que o número da primeira seja divisı́vel por 3 e da segunda
seja divisı́vel por 5, pode ser distribuı́do em dois eventos:
Evento A: O número da primeira bola é divisı́vel por 3, mas não por 5, e o número da segunda bola é divisı́vel por 5:

13 10 130
P (A) =× =
50 49 2450
Evento B: O número da primeira bola é divisı́vel por 3 e também por 5, e o número da segunda bola é divisı́vel por 5:

3 9 27
×
P (B) = =
50 49 2450
157
Assim, a probabilidade de o número da primeira bola ser divisı́vel por 3 e o da segunda ser divisı́vel por 5 é 2450
.

(b) Das 50 bolas numeradas que constam na caixa, 12 bolas correspondem a números divisı́veis por 4 e 8 bolas compreendem
a números divisı́veis por 6. Entretanto há 4 bolas (12, 24, 36 e 48) que compreendem a números divisı́veis por 12, sendo,
portanto, divisı́veis tanto por 4 quanto por 6.
A probabilidade de retirar da caixa duas bolas, sem reposição, de modo que o número da primeira seja divisı́vel por 4
ou o da segunda seja divisı́vel por 6, pode ser calculada retirando-se da probabilidade total a probabilidade do evento
o número da primeira bola não ser divisı́vel por 4 e o da segunda não ser divisı́vel por 6, que não satisfaz a condição
inicial apresentada . Tal evento deve ser analisado sob dois outros eventos que o compõem:
Evento C: O número da primeira bola não é divisı́vel por 4 mas é divisı́vel por 6, e o número da segunda bola não é
divisı́vel por 6:

4 42 168 84
P (C) =× = =
50 49 2450 1225
Evento D: O número da primeira bola não é divisı́vel por 4 e nem é divisı́vel por 6, e o número da segunda bola não é
divisı́vel por 6:

34 41 1394 697
×
P (D) = = =
50 49 2450 1225
Desse modo, a probabilidade de o número da primeira bola não ser divisı́vel por 4 e o da segunda não ser divisı́vel por
781
6 é 1225
. Logo, a probabilidade de retirar da caixa duas bolas, sem reposição, de modo que o número da primeira seja
divisı́vel por 4 ou o da segunda seja divisı́vel por 6 é:
781 444
1− =
1225 1225

Pauta de correção
Item (a)
• Calcular corretamente a probabilidade de um dos dois eventos (A ou B) [0,25]

• Calcular corretamente a probabilidade do outro evento e encontrar a resposta correta [0,25]

Item (b)

• Calcular corretamente a probabilidade de um dos dois eventos (C ou D) [0,25]

• Calcular corretamente a probabilidade do outro evento e encontrar a resposta correta [0,25]

Questão 5 [ 1,0 pt ]

Para todo n inteiro positivo, seja


1 1 1
Hn = 1 + + + ··· + .
2 3 n
Prove, por indução em n, que n + H1 + · · · + Hn−1 = nHn , para todo n ≥ 2.

Solução

Seja P (n) a proposição: n + H1 + · · · + Hn−1 = nHn , para todo n ≥ 2.


 
3 1
Para n = 2 temos que 2 + H1 = 2 + 1 = 3 = 2 · = 2 · 1 + = 2H2 .
2 2
Suponha agora que P (n) é verdadeira para n = k, ou seja,

k + H1 + · · · + Hk−1 = kHk .

Resta provar que P (n) continua válida para n = k + 1.

De fato, (k + 1) + H1 + · · · + Hk−1 + H(k+1)−1 = (k + H1 + · · · + Hk−1 ) + Hk + 1 =


 
1
kHk + Hk + 1 = (k + 1)Hk + 1 = (k + 1) Hk + = (k + 1)Hk+1
k+1
e assim P (k + 1) é verdadeira.

Pauta de correção

• Provar para n = 2 [0,25]

• Provar para n = k + 1 [0,75]

Questão 6 [ 1,0 pt ::: (a)=0,25; (b)=0,75 ]

Considere o prisma ABCDEF de bases triangulares da figura.

(a) Mostre que os tetraedros ABCE e CDEF têm o mesmo volume.

(b) Mostre também que os tetraedros CDEF e ACDE têm o mesmo volume e conclua que o volume de um
tetraedro é a terça parte do produto da área da base pela altura.

Informação: Assuma o fato de que dois tetraedros com bases de mesma área e alturas congruentes têm volumes
iguais.
Solução

(a) Considerando o tetraedro ABCE com base ABC, sua altura é igual à do prisma. Considerando CDEF com base DEF ,
sua altura também é igual à do prisma. Como ABC e DEF são congruentes, pela definição de prisma, as bases dos
tetraedros têm mesma área. Como as alturas são congruentes, ABCE e CDEF têm mesmo volume.

(b) Como ACDF é um paralelogramo, os triângulos ACD e CDF são congruentes, logo têm mesma área. Observe que
estes dois triângulos estão contidos em um mesmo plano π. Considerando ACD como base de ACDE, a altura deste
tetraedro é a distância de E a π. Sendo CDF a base de CDEF , a altura é a distância de B a π. Mas, pela definição de
prisma, BE é paralelo a π, logo, as distâncias de B e E a π são iguais, e, então, os tetraedros têm mesma altura. Como
a área da base é igual, os volumes são iguais.
O volume do prisma é dado por Área(ABC) · h, onde h é sua altura. Os volumes dos três tetraedros ABCE, CDEF e
ACDE, nos quais o prisma pode ser decomposto, são iguais, logo

Área(ABC) · h = Volume(ABCE) + Volume(CDEF ) + Volume(ACDE)


= 3Volume(ABCE),

logo Volume(ABCE) = 31 Área(ABC) · h.

Pauta de correção
Item (a)

• Concluir a igualdade dos volumes, utilizando que as bases ABC e DEF são congruentes e que as alturas relativas a
estas bases são iguais [0,25]

Item (b)

• Perceber um dos seguintes fatos: [0,25]


– que as bases ACD e CDF têm a mesma área;
– que a altura de ACDE relativa ao vértice E é congruente à altura de CDEF relativa a E.

• Perceber o outro desses dois fatos e concluir a igualdade dos volumes [0,25]

• Concluir que o volume do tetraedro é um terço do volume do prisma, utilizando a decomposição do prisma nos tetraedros
ACDE, CDEF e ABCE e o fato de que têm mesmo volume. [0,25]
Questão 7 [ 1,0 pt ]

Mostre que a7 ≡ a mod 21, para todo inteiro a.

Solução
Seja a um inteiro qualquer. Observe que 21 = 3 × 7, com (3,7)=1 e assim [3,7]=21. Como 3 e 7 são primos, pelo Pequeno
Teorema de Fermat, tem-se que a7 ≡ a mod 7 e a3 ≡ a mod 3. Tomando a congruência a3 ≡ a mod 3, elevando ao quadrado,
segue que a6 ≡ a2 mod 3. Em seguida, multiplicando por a, vemos que a7 ≡ a3 mod 3, donde a7 ≡ a mod 3. Agora, como
a7 ≡ a mod 3 e a7 ≡ a mod 7, segue que a7 ≡ a mod [3, 7], isto é, a7 ≡ a mod 21.
Alternativa 1: Pode-se também mostrar que a7 ≡ a mod 3 usando a outra forma do Pequeno Teorema de Fermat: Se 3 | a
tem-se que a ≡ 0 mod 3 , portanto a7 ≡ a mod 3. No caso 3 - a, (a, 3) = 1 e pelo Pequeno Teorema de Fermat a2 ≡ 1 mod 3.
Elevando ao cubo e em seguida multiplicando por a tem-se que a7 ≡ a mod 3.
Alternativa 2: Pode-se usar também classes residuais: Seja a um inteiro qualquer. Segue que a ≡ 0 mod 3, a ≡ 1 mod 3
ou a ≡ 2 mod 3. Se a ≡ 0 mod 3 tem-se que a7 ≡ a mod 3. Se a ≡ 1 mod 3 tem-se que a7 ≡ 1 mod 3, donde a7 ≡ a mod 3.
No caso a ≡ 2 mod 3, elevando ao quadrado, segue que a7 ≡ 27 mod 3, onde 27 ≡ 2 mod 3, portanto a7 ≡ a mod 3.

Pauta de correção
• Provar que a7 ≡ a mod 7 [0, 25]
• Provar que a7 ≡ a mod 3 [0, 5]
• Concluir que a7 ≡ a mod [3, 7] [0, 25]

Questão 8 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Sejam f : X → Y e g : Y → X duas funções. Prove que:


(a) se g ◦ f é injetiva, então f é injetiva.

(b) se f ◦ g é sobrejetiva, então f é sobrejetiva.

Solução

(a) O objetivo é mostrar que, dados x1 , x2 ∈ X satisfazendo f (x1 ) = f (x2 ), então x1 = x2 . Assuma f (x1 ) = f (x2 ). Como
g : Y → X é uma função, tem-se que g(f (x1 )) = g(f (x2 )), isto é, (g ◦ f )(x1 ) = (g ◦ f )(x2 ). Como g ◦ f : X → X é
injetiva por hipótese, conclui-se que x1 = x2 , ou seja, f : X → Y é injetiva.
(b) O objetivo é mostrar que, dado qualquer y ∈ Y, existe x ∈ X tal que f (x) = y. Visto que f ◦ g : Y → Y é sobrejetiva,
dado qualquer y ∈ Y, existe y1 ∈ Y tal que (f ◦ g)(y1 ) = y, isto é f (g(y1 )) = y. Denotando por x = g(y1 ) ∈ X, conclui-se
que, dado y ∈ Y, existe x = g(y1 ) ∈ X tal que f (x) = y, isto é, f é sobrejetiva.

Pauta de correção
Item (a)
• Usar corretamente as definições de injetividade e composição de funções [0,25]
• Concluir corretamente a solução do item [0,25]
Item (b)
• Usar corretamente as definições de sobrejetividade e composição de funções [0,25]
• Concluir corretamente a solução do item [0,25]
GABARITO E PAUTA DE CORREÇÃO DO ENQ-2014.2

Questão 1 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Sejam a, b, p inteiros, com p primo. Demonstre que:

(a) se p não divide a, então (p, a) = 1.

(b) se p | ab, então p | a ou p | b.

Solução

(a) Suponha que p - a e seja d = (p, a). Segue que d | p e d | a. Como p é primo, d = p ou d = 1. Mas d 6= p, pois
p - a e, consequentemente d = 1.

(b) Basta provar que, se p | ab e p - a, então p | b. Suponha então que p | ab e p - a. Segue que (a, p) = 1 e daı́,
existem r e s inteiros tais que ra + sp = 1. Multiplicando esta equação por b tem-se que rab + spb = b. Mas
p | ab e p | p, portanto p | b.

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)

• Usar o fato de que p é primo e concluir que (p, a) = p ou (p, a) = 1 [0, 25]

• Concluir que (p, a) = 1 [0, 25]

Item (b)

• Escrever a estratégia da prova [0, 25]

• Concluir a prova [0, 25]

Questão 2 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Duas sequências de números reais xn e yn estão relacionadas pelas recorrências

xn+1 = 2xn + yn , yn+1 = 5xn − 2yn .

(a) Mostre que a sequência xn satisfaz a recorrência xn+2 = 9xn .

(b) Suponha x0 = y0 = 1. Encontre as fórmulas gerais para as sequências xn e yn em função de n.


Solução

(a) Como xn+1 = 2xn + yn e yn+1 = 5xn − 2yn , segue que xn+2 = 2xn+1 + yn+1 = 2(2xn + yn ) + 5xn − 2yn =
4xn + 2yn + 5xn − 2yn = 9xn .

(b) A recorrência xn+2 − 9xn = 0 tem como equação caracterı́stica r2 − 9 = 0, cujas raı́zes são r1 = −3 e r2 = 3.
Com isso a solução da recorrência é dada por xn = C1 (−3)n + C2 · 3n . Como x0 = y0 = 1 temos que
x1 = 2x0 + y0 = 3. Logo segue que 1 = C1 (−3)0 + C2 · 30 e 3 = C1 (−3)1 + C2 · 31 , ou seja, C1 + C2 = 1 e
−3C1 + 3C2 = 3, cuja solução é C1 = 0 e C2 = 1. Portanto xn = 3n e yn = xn+1 − 2xn = 3n+1 − 2 · 3n = 3n .

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)

• Provar o resultado [0, 5]

Item (b)

• Determinar xn [0, 25]

• Encontrar yn [0, 25]

Questão 3 [ 1,0 pt ]

Considere o triângulo ABC de lados a, b, c e alturas ha , hb e hc relativas respectivamente aos lados a, b e


1 1 1
c. Prove que ABC é semelhante a um triângulo de lados , e .
ha hb hc

Solução
No triângulo ABC, temos que ha é a altura relativa ao lado a, hb é a altura relativa ao lado b e hc é a altura relativa
ao lado c. Sendo assim, podemos escrever três relações que fornecem a mesma área, ou seja, a área do triângulo
ABC:
a · ha b · hb c · hc
= =
2 2 2
a
Dessa forma, temos que a · ha = b · hb = c · hc . Como a · ha = (1/h a)
, podemos reescrever a expressão anterior na
forma:
a b c
1 = 1 = 1 ,
ha hb hc

o que mostra que os triângulos de lados a, b, c e lados (1/ha ), (1/hb ), (1/hc ) são semelhantes.

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Observar que a · ha /2, b · hb /2 e c · hc /2 são, as três, expressões da área do triângulo (ou, obviamente, que
a · ha ,b · hb e c · hc são o dobro da área) [0,5]

• Utilizar a conclusão anterior para concluir que a/(1/ha ) = b/(1/hb ) = c/(1/hc ) [0,25]

• Concluir a semelhança [0,25]


Questão 4 [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Sejam x e y dois números racionais com x < y.


x+y y−x
(a) Prove que x < < y e que x < x + √ < y.
2 2
(b) Mostre que entre dois números racionais quaisquer existe pelo menos um número racional e um
irracional.

Solução
x+y
(a) Como x < y por hipótese, somando x em ambos os lados desta desigualdade tem-se 2x < x+y, logo x < .
2
De modo análogo, somando y em ambos os lados de x < y tem-se x + y < 2y, ou seja, x+y 2 < y. Portanto
x+y y−x
segue-se que x < < y. Por outro lado, x < y ⇒ y − x > 0 ⇒ √ > 0 e somando x em ambos os
2 2
y−x
lados desta última desigualdade obtém-se x < x + √ . Para demonstrar a segunda parte da desigualdade,
2
y−x
observe que x + √ < y
√ 2 √ √ √
equivale a 2x + y − x < 2y, ou ainda, ( 2 − 1)x < ( 2 − 1)y que nos dá x < y. Portanto, usando argumento
y−x
de volta, pode-se concluir que x + √ < y e, juntando as duas partes chega-se a desigualdade desejada,
2
y−x
x < x + √ < y.
2
x+y
(b) A primeira parte do item (a) nos diz que o número z1 = está situado entre os números racionais x e y e
2
como soma e produto de números racionais é um número racional, segue que z1 satisfaz a condição requerida.
y−x
A segunda parte de (a) nos diz que o número z2 = x + √ também está situado entre os números racionais
2
1
x e y e para concluir, basta ver que z2 é irracional. Sabemos que √ é irracional e que produto de irracional
2
1 y−x
por racional não nulo é irracional. Como y − x > 0 é racional, segue que √ · (y − x) = √ é irracional.
2 2
y−x
A soma de um racional com um irracional também é irracional e portanto z2 = x + √ é irracional e está
2
situado entre os números racionais x e y.

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)
x+y
• Provar que x < <y [0,25]
2

y−x
• Provar que x < x + √ < y [0,25]
2
Item (b)

• Provar que entre dois números racionais existe pelo menos um racional [0,25]

• Provar que entre dois números racionais existe pelo menos um irracional [0,25]
Questão 5 [ 1,0 pt ]

Em uma cesta contendo ovos, na contagem de dois em dois, de três em três, de quatro em quatro e de
cinco em cinco, sobram 1, 2, 3 e 4 ovos, respectivamente. Qual é a menor quantidade de ovos que a cesta
pode ter?

Solução
Representamos por N o número procurado. Sabemos que N é uma solução do seguinte sistema de congruências:


 x ≡ 1 mod 2


 x ≡ 2 mod 3


 x≡ 3 mod 4

x≡ 4 mod 5

Como (3, 4) = (3, 5) = (4, 5) = 1 consideramos primeiramente o sistema formado pelas três últimas congruências e
usamos o Teorema Chinês dos Restos para resolvê-lo. Neste caso, M = 3 · 4 · 5 = 60, M1 = 20, M2 = 15 e M3 = 12.
Por outro lado, y1 = 2, y2 = 3 e y3 = 3 são soluções, respectivamente, das congruências 20y1 ≡ 1 mod 3, 15y2 ≡ 1
mod 4 e 12y3 ≡ 1 mod 5. Portanto, uma solução é dada por

M1 y1 c1 + M2 y2 c2 + M3 y3 c3 = 20 · 2 · 2 + 15 · 3 · 3 + 12 · 3 · 4 = 359.

As soluções do sistema são x = 359 + 60t, onde t ∈ Z. A menor solução é 59, quando t = −5. Como 59 também
satisfaz a primeira congruência concluimos que N = 59.

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Montar o sistema [0, 25]

• Determinar a solução geral [0, 5]

• Obter a menor solução positiva [0,25]

Outra solução :
Representamos por N o número procurado. Sabemos que N é uma solução do seguinte sistema de congruências:


 x≡ 1 mod 2


 x≡ 2 mod 3


 x≡ 3 mod 4

x≡ 4 mod 5

Somando 1, nos dois lados, de cada congruência:




 x+1≡ 0 mod 2


 x+1≡ 0 mod 3


 x+1≡ 0 mod 4

x+1≡ 0 mod 5

o qual é equivalente à congruência x + 1 ≡ 0 mod [2, 3, 4, 5], onde [2, 3, 4, 5] = 60, obtemos as soluções x + 1 = 60t,
onde t ∈ Z. A menor solução positiva ocorre quando t = 1, portanto N = 59.
PAUTA DE CORREÇÃO:

• Montar o sistema [0, 25]

• Determinar a solução geral [0, 5]

• Obter a menor solução positiva [0,25]

Questão 6 [ 1,0 pt ]

Um professor do Ensino Médio propôs a seguinte questão:

“Dada a sequência 1, 4, 9, 16, . . ., determine o quinto termo”.

Um aluno achou um resultado diferente de 25, que era a resposta esperada pelo professor. Ele obteve
um polinômio P (x) satisfazendo cinco condições: P (1) = 1, P (2) = 4, P (3) = 9, P (4) = 16 e P (5) 6= 25.
Encontre um polinômio P (x) satisfazendo as condições acima e tal que P (5) = 36.

Sugestão: Analise o polinômio Q(x) = P (x) − x2 .

Solução
Seja Q(x) = P (x) − x2 . Observe que x = 1, x = 2, x = 3, x = 4 são raı́zes de Q(x) e podemos escrevê-lo da seguinte
forma:
Q(x) = h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4),

onde h(x) é uma função de x. Temos então que

P (x) = x2 + h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4).

Como o enunciado pede para encontrarmos um polinômio, façamos h(x) = k, sendo k uma constante a ser determinada
11
com P (5) = 36. Substituindo x = 5 em P (x), P (5) = 36 = 52 + k.4.3.2.1 e encontramos k = 24 .
11
Logo P (x) = x2 + 24 (x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4) é um polinômio que satisfaz as condições do enunciado.

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Observar que x = 1, x = 2, x = 3, x = 4 são raı́zes de Q(x) [0,25]

• Descrever que Q(x) é da forma Q(x) = h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4) [0,25]

• Descrever que P (x) = x2 + h(x)(x − 1)(x − 2)(x − 3)(x − 4) [0,25]

• Mostrar algum h(x) e escrever P (x) [0,25]

Questão 7 [ 1,0 pt ]

Considere um cubo de aresta a. A partir de um vértice, e sobre as três arestas que nele concorrem, são
a
assinalados os pontos que distam 3 deste vértice. Os três pontos assim obtidos, junto com o vértice do
cubo, são vértices de um tetraedro. Repetindo o processo para cada vértice, e retirando-se do cubo os oito
tetraedros assim formados, obtém-se o poliedro P restante. Calcule a área total de P .

Solução
A área do total poliedro P pode ser calculada subtraindo-se, da área total do cubo, as áreas de 24 triângulos retângulos
a
de catetos 3, correspondentes às 3 faces laterais de cada um dos 8 tetraedros retirados, e somando-se a área de 8

a 2
triângulos equiláteros de lado 3 , correspondentes às bases de cada um dos 8 tetraedros.

As áreas acima são dadas por:

• Área total do cubo:


AC = 6a2 .

a
• Área de cada triângulos retângulos de catetos 3:

1  a 2 a2
A1 = · = .
2 3 18

a 2
• Área de cada triângulos equiláteros de lados 3 :

√ !2 √ √ √
a 2 3 2a2 3 a2 3
A2 = · = · = .
3 4 9 4 18

Assim, a área do poliedro P é dada por

AP = 6 AC − 24 A1 + 8 A2

2 a2 a2 3
= 6a − 24 · +8·
18 √ 18
2 2
4a 4a 3
= 6a2 − +
√3 9
a2 · (4 3 + 42)
= .
9

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Apresentar a estratégia para cálculo da área e calcular corretamente a área do cubo [0,25]

• Calcular corretamente a área de cada face triangular a ser retirada (A1 ) [0,25]

• Calcular corretamente a área de cada face triangular a ser somada (A2 ) [0,25]

• Calcular corretamente a área total, a partir das áreas acima obtidas, observando o número correto de faces a
serem somadas ou retiradas [0,25]

Outra solução:
O poliedro P obtido é formado por 8 faces triangulares e 6 faces octogonais. Considerando A1 a área de uma face
triangular e A2 a área de uma face octogonal, teremos que a área A do Poliedro P será dada por A = 8 · A1 + 6 · A2 .
As faces octogonais são obtidas, cada uma, retirando-se de um quadrado de lado a quatro triângulos retângulos
2 2
cujos catetos medem a3 . A área de cada um desses triângulos será 12 a3 = a18 . Assim, a área de cada face octogonal
a2 7a2
será A1 = a2 − 4 · 18 = 9 .

a 2
As faces triangulares são equiláteras, de lados l = 3 , que podem ser obtidos √
observando que os lados do tetraedro
a a2 3
retirado são triângulos retângulos de catetos medindo 3 . Sendo assim, A2 = 18 .
Assim podemos calcular a área A do poliedro P :

AP = 6 · (A1 ) + 8 · (A2 )

7a2 a2 3
= 6· +8·
9√ 18
a2 · (4 3 + 42)
= .
9

PAUTA DE CORREÇÃO:

• Calcular corretamente a área de cada face triangular [0,25]

• Apresentar uma forma correta de cálculo da área de cada face octogonal (retirando as áreas dos quatro
triângulos ou outro caminho equivalente) [0,25]

• Obter corretamente a área de cada face octogonal [0,25]

• Calcular corretamente a área total, a partir das áreas obtidas para cada tipo de face, observando o número
correto de faces de cada tipo [0,25]

Questão 8. [ 1,0 pt ::: (a)=0,5; (b)=0,5 ]

Considere que foram efetuadas todas as permutações possı́veis dos algarismos que compõem o número
78523, listando os números obtidos em ordem crescente.

(a) Determine a posição ocupada pelo número 78523.

(b) Calcule a soma de todos os números listados.

Solução

(a) Para obter a posição do número 78523 nesta lista, calcularemos quantos números estão antes dele na lista.
Os primeiros números, nesta lista, são aqueles que iniciam com 2. Permutando os outros 4 algarismos, temos
4! = 24 números que iniciam com 2. Os próximos números são os iniciados com 3. Como no caso anterior,
trata-se de 24 números. Seguem-se os números iniciados com 5, que também são 24 números. Os próximos
números são os iniciados com 72, 73 e 75. Para cada um destes casos, permutandos os outros 3 algarismos,
temos mais 3! = 6 números. Finalmente, temos os números iniciados com 782 e 783, com 2 números em cada
caso. Sendo assim, a posição do número 78523 é

3 × 24 + 3 × 6 + 2 × 2 + 1 = 95.

Outra Solução:

Para obter a posição do número 78523 nesta lista, calcularemos quantos números estão depois dele na lista.
Permutando os 5 algarismos, calculamos que a lista tem um total de 5! = 120 números. Os últimos números,
nesta lista, são aqueles que iniciam com 8. Permutando os outros 4 algarismos, temos 4! = 24 números que
iniciam com 8. Antes destes temos o número 78532, que está imediatamente após o número 78523. Sendo
assim, a posição do número 78523 é
120 − 24 − 1 = 95.

(b) Permutando os 5 algarismos, vemos a lista tem um total de 5! = 120 números. Para calcular a soma destes
números, devemos perceber que cada algarismo do número 78523 aparece na posição das unidades em 4! = 24
números. Assim temos (7 + 8 + 5 + 2 + 3) × 24 = 600 unidades. O mesmo ocorre na posição das dezenas,
centenas, milhares e dezenas de milhares. Portanto, a soma é igual a

600 × 10000 + 600 × 1000 + 600 × 100 + 600 × 10 + 600 = 6.666.600.

PAUTA DE CORREÇÃO:
Item (a)
• Perceber que existem 24 números iniciando com 2, 3 e 5 [0,25]
• Calcular corretamente a posição ocupada pelo número 78523 [0,25]
Solução alternativa para o item (a)

• Perceber que existem 24 números iniciando com 7 e 8 [0,25]


• Calcular corretamente a posição ocupada pelo número 78523 [0,25]

Item (b)
• Perceber que cada algarismo aparece 24 vezes em cada posição [0,25]
• Calcular corretamente a soma [0,25]
Gabarito e Pauta de Correção – ENQ 2015.1

Questão 01 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Mostre que se x e y são números irracionais tais que x2 − y 2 seja racional
não nulo, então x + y e x − y são ambos irracionais.
(b) Sabendo que a raiz quadrada de um número primo é irracional, prove que
√ √ √ √
se p e q são primos distintos, então p + q e p − q são números
irracionais.

Solução

(a) Sejam x e y irracionais tais que x2 − y 2 é racional não nulo (em particular
x 6= ±y). Agora suponha, por absurdo, que x + y e x − y não são ambos
irracionais, isto é, que pelo menos um deles é racional. Note que, como x 6= −y
e x 6= y, temos que

x2 − y 2 x2 − y 2
x−y = e x+y = .
x+y x−y

donde se conclui que, no caso de x2 − y 2 ser racional,

x + y ∈ Q ⇐⇒ x − y ∈ Q.

(x + y) + (x − y)
Mas isto implica que x = é racional, o que dá um absurdo.
2
Logo x + y e x − y são números irracionais.

√ √
(b) Sejam p e q primos distintos. Logo p e q são números irracionais.
√ √  √ √  √ 2 √
Note que p+ q p − q = ( p) − ( q)2 = p − q é um número racional
√ √
não nulo. Portanto, pelo item (a), podemos concluir que tanto p + q quanto
√ √
p − q são irracionais.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Deduzir que x + y é racional se, e somente se, x − y é racional. [0,25]
• Provar que x + y e x − y são irracionais. [0,25]
Item (b)
• Usar o item (a) e deduzir o resultado do item (b). [0,5]
Questão 02 [ 1,00 ::: (a)=0,75; (b)=0,25 ]

   
a+b a−b
(a) Sabendo que sen a + sen b = 2 sen cos , prove que
2 2
 
x+y
se x, y ∈ (0, π) e x 6= y, então sen x + sen y < 2 sen .
2
(b) Use o resultado do item (a) para resolver a equação
√ 


2x + x π
q
sen(2x)sen x = sen , 0<x< .
2 2

Solução

(a) Sejam 0 < x < π e 0 < y < π. Combinando essas duas desigualdades obtemos
x+y
0< <π (1)
2
π x−y π
− < < (2)
2 2 2
x−y
Como x 6= y, temos que 6= 0, e portanto, por (2),
2
x − y
0 < cos < 1.
2
x + y
Multiplicando esta última desigualdade por 2 sen , que é um número
2
positivo, por causa de (1), obtemos
x + y x − y x + y
2 sen cos < 2 sen .
2 2 2
Juntando essa desigualdade com a identidade dada no enunciado, concluı́mos
que
x + y
sen x + sen y < 2 sen .
2
π √
(b) Como 0 < x < , temos que 0 < 2x < π e 0 < x < π.
√ 2
Se 2x 6= x e usando o item (a) obtemos a seguinte desigualdade
√  √


2x + x sen(2x) + sen x
q
sen(2x)sen x = sen > ,
2 2
que contradiz a desigualdade entre as médias aritmética e geométrica dos números

positivos sen(2x) e sen x.
√ 1
Portanto 2x = x e assim concluı́mos que x = .
4

2
Pauta de Correção:

Item (a)
x − y
• Deduzir que 0 < cos < 1. [0,25]
2
x + y
• Provar que sen x + sen y < 2 sen . [0,5]
2
Item (b)
• Encontrar a solução da equação. [0,25]

Questão 03 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Considere o conjunto de todos os números naturais com quatro algarismos


tais que os algarismos lidos da esquerda para a direita estão em ordem estrita-
mente decrescente.
(a) Quantos elementos possui tal conjunto?
(b) Se escrevermos tais números em ordem crescente, que número ocupa a
109a posição?

Solução

(a) A cada escolha de quatro dı́gitos (sem repetição), entre os dez dı́gitos, temos
uma única ordem decrescente; portanto o número de elementos pedido é igual a
!
10
= 210.
4

(b) A quantidade dos que iniciam com o dı́gito 3 é 1 (apenas o número 3210);

4 iniciam com o dı́gito 4, a saber 4210, 4310, 4320 e 4321; os que iniciam com o
! !
5 6
dı́gito 5 são no total de = 10; com o dı́gito 6 são = 20; com o dı́gito 7
3 3

são 35.
Até este momento temos um total de 70 números em ordem crescente.
A quantidade daqueles que iniciam com o dı́gito 8 e são seguidos do dı́gito:

• 2 é apenas 1 número, a saber 8210;


!
3
• 3 é = 3;
2

3
!
4
• 4 é = 6;
2
!
5
• 5 é = 10;
2
!
6
• 6 é = 15.
2

Agora temos um total de 105 números.


Os números seguintes serão 8710, 8720, 8721, 8730.
Assim concluı́mos que o número que ocupa a 109a posição é 8730.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Calcular corretamente a quantidade de elementos do conjunto. [0,5]
Item (b)
• Encontrar o número que está na 109a posição. [0,5]

Questão 04 [ 1,00 ]

As diagonais AD e CE do pentágono regular ABCDE de lados de medida


a, intersectam-se no ponto P . Determine AP e P D em função de a.

Solução
Cada ângulo interno do pentágono regular tem medida
360◦
âi = 180◦ − = 180◦ − 72◦ = 108◦ .
5
Como DC ≡ DE, o triângulo CDE é isósceles de vértice D, e, como C D̂E = 108◦ ,
180◦ − 108◦
temos DĈE = DÊC = = 36◦ .
2

4
Como os triângulos CDE e DEA são congruentes (LAL), temos também DÂE =
AD̂E = 36◦ .

Como E ÂP = 36◦ e P ÊA = 108◦ − 36◦ = 72◦ , temos que E P̂ A = 180◦ − 36◦ −
72◦ = 72◦ , logo o triângulo EAP é isósceles de vértice A. Com isso, AP = EA = a.

Os triângulos DP E e DEA possuem, cada um, dois ângulos de medida 36◦ ,


fazendo com que seus terceiros ângulos tenham também a mesma medida. Assim,
esses triângulos são semelhantes, com

PD DE
= .
EA AD
Como EA = DE = a e AD = AP + P D = a + P D, temos

PD a
= ,
a a + PD
logo,
P D(a + P D) = a2 ,
e então
2
P D + a P D − a2 = 0.
Resolvendo a equação, temos

−a ± 5a2
PD = .
2
Tomando a solução positiva, temos
√ 
a 5−1
PD = .
2

Pauta de Correção:
• Observar ou utilizar a congruência entre os triângulos CDE e DEA. [0,25]

5
• Concluir que o triângulo EAP é isósceles de vértice A e obter AP = a. [0,25]
• Mostrar que os triângulos DP E e DEA são semelhantes. [0,25]
• Calcular P D. [0,25]

Questão 05 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Um cubo de 20cm de aresta, apoiado em um piso horizontal e com a parte


superior aberta, contém água até a altura de 15cm. Colocando uma pirâmide
regular de base quadrada sólida de altura 30cm com a base apoiada no fundo
do cubo, o nı́vel da água atinge a altura máxima do cubo, sem derramar.

(a) Qual o volume do tronco de pirâmide submerso?


(b) Qual o volume da pirâmide?

Solução

(a) Como, ao submergir o tronco de pirâmide, a água ocupa integralmente o volume


do cubo, a soma do volume Vt do tronco de pirâmide com o volume inicial da
água, dado por 20 · 20 · 15, será o volume do cubo. Assim,

Vt + 15 · 202 = 203
e, portanto,

Vt = 203 − 202 · 15 = 202 · (20 − 15) = 202 · 5 = 2000cm3 .

Solução alternativa do item (a):

Sendo H = 30cm a altura da pirâmide e a = 20cm a aresta do cubo, o volume (Vt )


do tronco de pirâmide submerso é igual ao volume da coluna de água que subiu, de
5cm, ou seja,
Vt = a · a · 5 = 20 · 20 · 5 = 2000cm3 .
(b) Sejam V o volume da pirâmide de altura H = 30cm e h = H − a = 10cm a
altura da pirâmide emersa e v seu volume. Da relação entre V e v, tem-se que
 3  3
V H 30
= =
v h 10
e, portanto,
V
v= .
27
Mas, sabe-se que
V − v = Vt = 2000
e, com isso
v = V − 2000.

6
Logo,
V
= V − 2000,
27
e, portanto,
27000 3
V = cm .
13

Pauta de Correção:

Item (a), primeira solução:


• Indicar que o volume do tronco da pirâmide somado ao da água é igual ao volume
do cubo. [0,25]
• Calcular corretamente o volume do tronco da pirâmide. [0,25]
Item (a), solução alternativa:
• Indicar que o volume do tronco da pirâmide é igual ao volume da coluna de água
que subiu. [0,25]
• Calcular corretamente o volume do tronco da pirâmide. [0,25]
Item (b)
• Obter uma relação entre o volume total V da pirâmide e o volume v da parte
emersa. [0,25]
• Calcular corretamente o volume total da pirâmide. [0,25]

Questão 06 [ 1,00 ]

Sejam a, b e c inteiros tais que a3 + b3 + c3 é divisı́vel por 9. Mostre que pelo


menos um dos inteiros a, b ou c é divisı́vel por 3.

Solução

Observamos primeiramente que, se um número n não é divisı́vel por 3 então ele é


da forma 3k + 1 ou 3k + 2, logo n3 é da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
Suponha que nenhum dos inteiros a, b, c seja divisı́vel por 3. Segue que os cubos
desses números são da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
Considerando todas as possibilidades para a soma de três cubos, a soma a3 +b3 +c3
será da forma 9k + 1, 9k + 3, 9k + 6 ou 9k + 8:
a3 + b3 + c3
9k1 + 1 9k2 + 1 9k3 + 1 9k + 3
9k1 + 1 9k2 + 1 9k3 + 8 9k + 1
9k1 + 1 9k2 + 8 9k3 + 8 9k + 8
9k1 + 8 9k2 + 8 9k3 + 8 9k + 6

Portanto, obtemos a3 + b3 + c3 não divisı́vel por 9.

Solução alternativa:

7
Observamos primeiramente que, se um número n não é divisı́vel por 3 então ele é
da forma 3k + 1 ou 3k + 2, logo n3 é da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
Portanto, se n não é divisı́vel por 3 então n3 ≡ 1 mod 9 ou n3 ≡ 8 mod 9.
Suponha que nenhum dos inteiros a, b, c seja divisı́vel por 3. Segue que os cubos
desses números são congruentes a 1 ou a 8 módulo 9.
Considerando todas as possibilidades para a soma de três cubos teremos:
a3 + b3 + c3 ≡ 1 + 1 + 1 ≡ 3 mod 9
a3 + b3 + c3 ≡ 1 + 1 + 8 ≡ 1 mod 9
a3 + b3 + c3 ≡ 1 + 8 + 8 ≡ 8 mod 9
a3 + b3 + c3 ≡ 8 + 8 + 8 ≡ 6 mod 9
Portanto, obtemos a3 + b3 + c3 não divisı́vel por 9.

Pauta de Correção:

• Observar que, se n não é divisı́vel por 3 então n é da forma 3k + 1 ou 3k + 2.


[0,25]
• Observar que, se n não é divisı́vel por 3 então n3 é da forma 9k + 1 ou 9k + 8.
[0,25]
• Supor que nenhum dos inteiros a, b, c seja divisı́vel por 3 e considerar todas as
possibilidades para a3 + b3 + c3 . [0,25]
• Concluir o resultado. [0,25]

Questão 07 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Considere um conjunto formado por 11 números inteiros positivos di-


ferentes, menores do que 21. Prove que podemos escolher dois desses
números tais que um divide o outro.
(b) Exiba um conjunto com 10 números inteiros positivos, menores do que 21,
tais que nenhum deles é múltiplo de outro.

Solução

(a) Vamos distribuir os números de 1 a 20 em 10 conjuntos disjuntos como, por


exemplo: {1, 2, 4, 8, 16}, {3, 6, 12}, {5, 10, 20}, {7, 14}, {9, 18}, {11}, {13}, {15},
{17}, {19}.
Tomando 11 números de 1 a 20, pelo Princı́pio das Gavetas, como há 10 conjun-
tos, necessariamente teremos 2 números no mesmo conjunto, e portanto, temos
a propriedade desejada.
(b) Algumas respostas possı́veis:
{11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19, 20}, {10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 18, 19},
{9, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20}, {9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 16, 17, 19}
{8, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19, 20}, {8, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 18, 19},

8
{8, 9, 10, 11, 12, 13, 14, 15, 17, 19}, {7, 8, 11, 12, 13, 15, 17, 18, 19, 20},
{7, 8, 10, 11, 12, 13, 15, 17, 18, 19}, {6, 7, 9, 10, 11, 13, 15, 16, 17, 19},
{6, 7, 8, 9, 11, 13, 15, 17, 19, 20}, {6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 15, 17, 19},
{6, 7, 9, 11, 13, 15, 16, 17, 19, 20}, {6, 7, 8, 9, 10, 11, 13, 15, 17, 19},
{6, 9, 10, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 19}, {6, 8, 9, 11, 13, 14, 15, 17, 19, 20},
{6, 9, 11, 13, 14, 15, 16, 17, 19, 20}, {4, 6, 9, 10, 11, 13, 14, 15, 17, 19}
e {4, 6, 7, 9, 10, 11, 13, 15, 17, 19} .

Pauta de Correção:

Item (a)
• Exibir a partição do conjunto dos números de 1 a 20 em 10 conjuntos dois a
dois disjuntos com a propriedade indicada na solução. [0,25]
• Concluir a prova do item (a). [0,25]
Item (b)
• Exibir um conjunto com a propriedade solicitada. [0,5]

Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Considere o seguinte sistema de congruências



X ≡ 1 mod 9

X ≡ 5 mod 7

X ≡ 3 mod 5

(a) Encontre o menor número natural que satisfaz o sistema.


(b) Alguma solução do sistema é solução da congruência X ≡ 926 mod 3?

Solução
(a) Como (9, 7) = 1, (9, 5) = 1 e (7, 5) = 1, o sistema tem solução. Pelo Teorema
Chinês dos Restos as soluções do sistema são

x = 35 · y1 · 1 + 45 · y2 · 5 + 63 · y3 · 3 + t · 315
sendo t ∈ Z, y1 solução de 35Y ≡ 1 mod 9, y2 solução de 45Y ≡ 1 mod 7 e y3 solução
de 63Y ≡ 1 mod 5. Os inteiros y1 = 8, y2 = 5 e y3 = 2 satisfazem as condições
impostas. Portanto

x = 35 · 8 + 45 · 25 + 63 · 6 + 315 · t = 1783 + t · 315

Para encontrar e menor solução positiva devemos impor 1783 + t · 315 > 0 para t ∈ Z.
−1783
1783 + t · 315 > 0 ⇐⇒ t > ⇐⇒ t > −5
315

9
A menor solução é x0 = 1783 − 5 · 315 = 208.

(a) Solução alternativa


Observe
 que
 X ≡ 1 mod 9 (
 X ≡ 1 mod 9
X ≡ 5 mod 7 ⇐⇒
 X ≡ −2 mod 35
X ≡ 3 mod 5

Assim, x = 1 + 9k = −2 + 35t, com k, t ∈ Z.
Segue-se que 35t − 9k = 3 com solução particular t0 = −3, k0 = −12 e solução
geral
(dada por
t = −3 + 9r, r ∈ Z
k = −12 + 35r, r ∈ Z
Portanto, x = 1 + 9(−12 + 35r) e a menor solução natural ocorre quando r = 1,
obtendo x = 208.

(b) As soluções do sistema são as soluções da congruência X ≡ 208 mod 315. Portanto
queremos saber se o sistema de congruências
(
X ≡ 208 mod 315
X ≡ 926 mod 3

possui solução. Suponhamos que existe a ∈ Z que satisfaz o sistema, isto é, existem
y, z ∈ Z tais que a − 208 = y · 315 e a − 926 = z · 3. Subtraindo as equações, temos
718 = 315y −3z. Como a última equação não tem solução, pois (315, 3) = 3 não divide
718, então o sistema não tem solução. Ou seja, nenhuma solução do item (a) é solução
da equação X ≡ 926 mod 3.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Encontrar as soluções do sistema de congruências. [0,25]
• Encontrar a menor solução. [0,25]
Item (b)
• Descrever o sistema de congruências. [0,25]
• Mostrar que o sistema não tem solução. [0,25]

10
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2015.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Determine TODOS os valores possı́veis para os algarismos x, y, z e t de modo que os números abaixo, representados
na base 10, tenham a propriedade mencionada:

(a) 3x90586y é divisı́vel por 60.

(b) 72z41t é divisı́vel por 99.

Solução
(a) 3x90586y é divisı́vel por 60 = 22 · 3 · 5 se, e somente se, é divisı́vel simultaneamente por 4, 3 e 5.

i) 3x90586y é divisı́vel por 5 se, e somente se, y = 0 ou y = 5.


ii) 3x90586y é divisı́vel por 4 se, e somente se, 6y é divisı́vel por 4. Pelo item anterior, y = 0, pois 65 não é divisı́vel por 4.
iii) 3x905860 é divisı́vel por 3 se, e somente se, 3 + x + 9 + 0 + 5 + 8 + 6 + 0 = 31 + x é divisı́vel por 3. Os possı́veis valores
para x são: 2, 5, 8.

Resposta: 32905860, 35905860 ou 38905860.

b) 72z41t é divisı́vel por 99 = 9 · 11 se, e somente se, é divisı́vel simultaneamente por 9 e 11.

i) 72z41t é divisı́vel por 9 se, e somente se, 7 + 2 + z + 4 + 1 + t = 14 + z + t é divisı́vel por 9. Então z + t = 4 ou z + t = 13.
ii) 72z41t é divisı́vel por 11 se, e somente se, t − 1 + 4 − z + 2 − 7 = t − z − 2 é divisı́vel por 11. Então t − z = −9 ou
t − z = 2.

z + t = 4
Primeiro caso: , sem solução inteira.
t − z = −9

z + t = 4
Segundo caso: ⇔ z = 1 e t = 3.
t − z = 2

z + t = 13
Terceiro caso: ⇔ z = 11 e t = 2.
t − z = −9

z + t = 13
Quarto caso: , sem solução inteira.
t − z = 2

Resposta: 721413

Pauta de Correção:
Item (a)
• Verificar os critérios de divisibilidade por 3, 4 e 5 na conclusão de que um número é divisı́vel por 60 ou mostrar que os
números achados pelos critérios usados são efetivamente divisı́veis por 60. [0, 25]
• Determinar corretamente os valores de x e y. [0, 25]
Item (b)

• Verificar os critérios de divisibilidade por 9 e 11 na conclusão de que um número é divisı́vel por 99. [0, 25]

• Determinar corretamente os valores de z e t. [0, 25]

Questão 02 [ 1,00 ]

A altura CH e a mediana BK são traçadas em um triângulo acutângulo ABC.


Sabendo que BK ≡ CH e K B̂C=H ĈB, prove que o triângulo ABC é equilátero.

Solução
Na figura abaixo, denotamos por P o ponto de interseção entre BK e CH.

Nos triângulos KBC e HCB, temos KB ≡ HC, K B̂C = H ĈB e BC ≡ CB, logo, pelo caso LAL, estes triângulos são
congruentes. Assim, C K̂B = B ĤC = 90◦ , logo a mediana BK é também altura, mostrando que o triângulo ABC é isósceles,
com AB ≡ BC. Da congruência entre os triângulos KBC e HCB, concluı́mos também que BH ≡ CK.

Como BP C é isósceles, temos CP ≡ BP e, consequentemente, P K ≡ P H. Com isso, os triângulos retângulos AHP e AKP
possuem mesma hipotenusa e catetos P H e P K congruentes, logo estes triângulos são congruentes. Com isso, AH ≡ AK. E,
como BH ≡ CK, isto implica que AB ≡ AC.

Como já concluı́mos que AB ≡ BC, temos então AB ≡ BC ≡ AC.

Solução alternativa para mostrar que AB ≡ AC sem usar o segmento AP


Os triângulos AHC e AKB são congruentes, pois são retângulos com ângulos retos nos vértices H e K, o ângulo C ÂH =
B ÂK é comum e os catetos opostos CH ≡ BK são iguais. Logo AB ≡ AC e assim AB ≡ BC ≡ AC.
Pauta de correção:

• Concluir que BK é uma altura, a partir da congruência dos triângulos KBC e HBC, ou argumento equivalente. [0,25]

• Concluir que AB ≡ BC, a partir do fato de a mediana BK ser também altura ou equivalente. [0,25]

• Concluir que AH ≡ AK a partir da congruência dos triângulos AHP e AKP (ou mostrar que os triângulos AHC e
AKB são congruentes). [0,25]

• Concluir que AB ≡ AC. [0,25]

Pauta de correção alternativa:

• Concluir que BK é uma altura, a partir da congruência dos triângulos KBC e HBC, ou argumento equivalente. [0,25]

• Concluir que AB ≡ BC, a partir do fato de a mediana BK ser também altura ou equivalente. [0,25]

• Concluir que AB ≡ AC sem usar o segmento AP . [0,5]


Questão 03 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Calcule o resto da divisão de 28237 por 13.


1000
(b) Determine o algarismo das unidades do número 7(7 )
.

Solução

(a) Como 28 = 2 · 13 + 2, tem-se que 28 ≡ 2 mod 13. Daı́ obtém-se que

282 ≡ 22 ≡ 4 mod 13

283 ≡ 2 · 4 ≡ 8 mod 13

284 ≡ 24 ≡ 3 mod 13

286 ≡ 4 · 3 ≡ −1 mod 13

Escrevendo 237 = 6 · 39 + 3, segue que

28237 ≡ 286·39+3 ≡ (286 )39 · 283 ≡ −8 ≡ 5 mod 13

Portanto, o resto é igual a 5.

Solução Alternativa (a):


Tem-se que 28 = 2 · 13 + 2, logo 28 ≡ 2 mod 13. Como (2, 13) = 1, aplicando o Pequeno Teorema de Fermat, segue-se que
212 ≡ 1 mod 13 e assim
2812 ≡ 212 ≡ 1 mod 13.
Escrevendo 237 = 12 · 19 + 9,

28237 ≡ 2812·19+9 ≡ (2812 )19 · 289 ≡ 289 mod 13

Finalizando

284 ≡ 24 ≡ 3 mod 13

288 ≡ 9 mod 13

289 ≡ 18 ≡ 5 mod 13

Portanto, 28237 ≡ 5 mod 13.

1000
(b)Calcular o algarismo das unidades de 7(7 )
equivale a calcular o resto da divisão deste número por 10. Tem-se que

7 ≡ −3 mod 10

72 ≡ 9 mod 10

74 ≡ 92 ≡ 1 mod 10

74·q ≡ (74 )q ≡ 1 mod 10, para todo q ∈ N.

Por outro lado,


7 ≡ −1 mod 4, logo 71000 ≡ 1 mod 4.
1000
Segue que 71000 = 4 · q + 1, 7(7 )
≡ 74·q+1 ≡ 74·q · 7 ≡ 7 mod 10
1000
Portanto, o algarismo das unidades de 7(7 )
é igual a 7.

Pauta de Correção
Item (a)

• Calcular 286 ou 2812 módulo 13 [0, 25]

• Calcular o resto [0, 25]


Item (b)

• Calcular 74q módulo 10 [0, 25]

• Calcular o algarismo das unidades [0, 25]

Questão 04 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Prove a desigualdade de Bernoulli:


Se x ∈ R, x > −1, então (1 + x)n > 1 + nx, para todo n > 1.
 n
1
(b) Prove que a sequência an = 1 + é crescente, ou seja, que an < an+1 , para todo n > 1.
n
n
(n + 2) (n + 1)2 − 1

an+1
Sugestão: Mostre que = · e use o item (a).
an (n + 1) (n + 1)2

Solução
(a) Seja P (n) a proposição (1 + x)n > 1 + nx.
Temos que P (1) é verdadeira, uma vez que 1 + x > 1 + x.
Suponha agora que P (n) seja verdadeira para n = k. Mostraremos que P (k) implica P (k + 1). De fato, considere (1 + x)k >
1 + kx. Note que (1 + x) é um número real não negativo, visto que x > −1. Assim, multiplicando ambos os lados da
desigualdade anterior por (1 + x), temos

(1 + x)k+1 = (1 + x)k · (1 + x) > (1 + kx) · (1 + x)


= 1 + kx + x + kx2
= 1 + (k + 1)x + kx2
> 1 + (k + 1)x,
onde a última desigualdade é verdadeira pelo fato do termo kx2 ser não negativo.
n n  n
(n + 1)n
 
1 1 n+1
(b) Seja an = 1+ . Note que an = 1+ = = .
n n n nn

Temos então que

an+1 1 (n + 2)n+1 nn nn · (n + 2)n+1


= an+1 · = n+1
· n
= =
an an (n + 1) (n + 1) (n + 1)2n+1
n n n
(n + 1)2 − 1
  
(n + 2) n · (n + 2) (n + 2) (n + 2) −1
· = · = · 1 + .
(n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2
−1
Como > −1 segue, pela desigualdade de Bernoulli, que
(n + 1)2

 n  
(n + 2) −1 (n + 2) −n
· 1+ > · 1 + .
(n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2
Assim segue que

(n + 2) (n + 1)2 − n
 
an+1 (n + 2) −n
> · 1+ = · =
an (n + 1) (n + 1)2 (n + 1) (n + 1)2

(n + 2)(n2 + n + 1) n3 + 3n2 + 3n + 2
3
= 3 > 1.
(n + 1) n + 3n2 + 3n + 1
Portanto an+1 > an .
Pauta de correção:

Item (a)

• Fazer o P(1) e indicar a estratégia de prova por indução. [0,25]

• Fazer o passo de indução. [0,25]

Item (b)
an+1
• Mostrou a identidade para da sugestão, e usou o item (a). [0,25]
an
• Finalizou corretamente a questão. [0,25]

Questão 05 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Seja f (x) = ax2 + bx + c uma função quadrática com a > 0 e ∆ = b2 − 4ac > 0.
Considere o triângulo ABV , onde A e B são os pontos de interseção da parábola correspondente ao gráfico de f com
o eixo das abcissas e V é o vértice da parábola.
p
∆(∆ + 4)
(a) Mostre que BV = .
4a
(b) Mostre que o triângulo ABV é equilátero se, e somente se, ∆ = 12.

Solução

(a) Seja C o ponto médio do segmento AB.

As coordenadas dos pontos são


 √   √     
−b − ∆ −b + ∆ b b ∆
A= ,0 ,B = ,0 ,C = − ,0 e V = − ,− .
2a 2a 2a 2a 4a

Aplicando o Teorema de Pitágoras no triângulo BCV , temos que


2 2 2
BV = BC + CV .

Calculando os comprimentos dos segmentos:


√  √  √
AB 1 −b + ∆ −b − ∆ ∆ ∆
BC = = · − = e CV = .
2 2 2a 2a 2a 4a

Portanto, p
2 ∆ ∆2 ∆2 + 4∆ ∆(∆ + 4)
BV = 2
+ 2
= , logo BV = .
4a 16a 16a2 4a
(b) Como o triângulo é isósceles (pela simetria da parábola), BV = AV . Portanto, o triângulo será equilátero se, e somente
se, BV = AB. Temos √

p
∆(∆ + 4) ∆
BV = AB ⇐⇒ = ⇐⇒ ∆ + 4 = 4 ⇐⇒ ∆ = 12.
4a a

Pauta de Correção

Item (a)

• Escrever corretamente as coordenadas dos pontos A, B e V . [0,25]

• Calcular o comprimento do segmento BV . [0,25]

Item (b)

• Estabelecer alguma condição necessária e suficiente para o triângulo ser equilátero. [0,25]

• Igualar as expressões e calcular ∆ corretamente. [0,25]

Questão 06 [ 1,00 ]

No paralelepı́pedo reto retângulo da figura seguinte, calcule a distância do vértice C ao segmento AM , sendo M o
ponto médio de CE.

Solução

Inicialmente, aplicando o teorema de Pitágoras ao triângulo ABC, calculamos o comprimento do segmento AC:
2 2 2
AC = AB + BC = `2 + (2`2 ).

Daı́ segue que AC = ` 5.

Analisando agora o triângulo ACM , concluı́mos que ele é retângulo em C pois o segmento M C é perpendicular à face
ABCD do paralelepı́pedo e, portanto, perpendicular ao segmento AC contido nesta face.

Ainda observando o triângulo retângulo ACM , o segmento CN é perpendicular à hipotenusa AM pois CN representa a
distância de C à reta AM e, por definição, distância de ponto à reta é sempre perpendicular à reta.

Então, usando o Teorema de Pitágoras temos:

2
 √ 2
AM = (2`)2 + ` 5 ,
e assim

AM = 3`.
Usando que o produto da hipotenusa pela altura correspondente é igual ao produto dos catetos temos que:

AM · CN = AC · CM ,
substituindo os valores correspondentes temos que:


3` · CN = ` 5 · 2`,
logo, √
2` 5
CN = .
3

Pauta de correção:
• Calcular AC corretamente. [0,25]
• Calcular AM corretamente. [0,25]
• Observar que a distância de C ao segmento AM é o comprimento de um segmento CN perpendicular a AM . [0,25]
• Calcular CN . [0,25]

Questão 07 [ 1,00 ]

cos(3x− π4 )
Determine todos os valores de x ∈ R tais que 1 − cos2 x = 1.

Solução
Reescrevendo a equação da forma
π
(sen2 x)cos(3x− 4 ) = 1,
notamos inicialmente que a equação está bem definida para todo x ∈ R visto que a base é um número real não negativo.
Usando propriedades das exponenciais, observamos a ocorrência de apenas duas situações:

(i) A base é igual a 1 e o expoente é um número real qualquer, ou seja, sen2 x = 1 e cos 3x − π4 ∈ R.

π
Nesse caso temos sen x = ±1, isto é, x = + nπ, n ∈ Z.
2
(ii) A base é um número real positivo e o expoente é nulo, isto é, sen2 x > 0 e cos 3x − π4 = 0.

π π π π
Nesse caso, temos 3x − = + kπ, k ∈ Z, isto é, x = + k , k ∈ Z.
4 2 4 3
Observação: Visto que sen2 x e cos 3x − π
não se anulam para o mesmo valor de x, a situação 00 nunca ocorre na equação.

4

Pauta de Correção:

• Analisar, no caso (i), a ocorrência sen x = 1. [0,25]

• Analisar, no caso (i), a ocorrência sen x = −1. [0,25]

• Fazer corretamente o caso (ii). [0,5]

Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Será formada uma fila com h homens e m mulheres, onde h > 2 e m > 1.

(a) Quantas filas distintas poderão ser formadas, tendo um homem no final da fila?

(b) Qual a probabilidade de uma das filas do item (a) ter um homem na primeira posição da fila?

Solução

(a) Há h possibilidades de escolha do homem para o final da fila. Em seguida devemos formar uma fila com h + m − 1
pessoas (h − 1 homens e m mulheres) que pode ser feito de (h + m − 1)! maneiras. Com isso, o número de filas possı́veis
tendo um homem no final é igual a h · (h + m − 1)! .

(b) Para formar uma fila com um homem no final e outro no inı́cio, temos h possibilidades para o homem no final, h − 1
maneiras para escolha do primeiro da fila e (m+h−2)! modos de formar o restante da fila. Assim temos h(h−1)(h+m−2)!
filas com um homem em primeiro lugar e um homem no final da fila.
Portanto a probabilidade de uma das filas do item (a) ter um homem em primeiro lugar é igual a

h(h − 1)(h + m − 2)! (h − 1)(h + m − 2)! h−1


= = .
h · (h + m − 1)! (h + m − 1)(h + m − 2)! h+m−1

Pauta de correção:

Item (a)

• Calcular corretamente a quantidade de filas. [0,5]

Item (b)

• Encontrar o total de casos favoráveis. [0,25]

• Calcular corretamente a probabilidade. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2016.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Seja x0 , y0 uma solução da equação diofantina aX + bY = c, onde a, b são inteiros não nulos e (a, b) = 1. Prove
que as soluções x, y em Z da equação são x = x0 + tb e y = y0 − ta, com t ∈ Z.

(b) Encontre TODAS as soluções em N ∪ {0} da equação 7X + 19Y = 781.

Solução

(a) Seja x, y uma solução de aX + bY = c, logo ax0 + by0 = ax + by = c. Consequentemente,

a(x − x0 ) = b(y0 − y).

Como (a, b) = 1, segue-se que b|(x − x0 ), logo x − x0 = tb, com t ∈ Z. Substituindo x − x0 na equação acima, segue-se
que y0 − y = ta, isto é, as soluções são do tipo exibido.
Por outro lado, x, y como no enunciado são soluções, pois

ax + by = a(x0 + tb) + b(y0 − ta) = ax0 + by0 = c.

(b) Uma solução da equação 7X + 19Y = 781 é x0 = 3 e y0 = 40. De fato, 7 · 3 + 19 · 40 = 21 + 760 = 781. Pelo item (a)
as soluções da equação são: x = 3 + 19t e y = 40 − 7t com t ∈ Z. Para encontrar as soluções em N ∪ {0} devemos ter
x > 0 e y > 0. Assim segue que

3
3 + 19t > 0 ⇔ 19t > −3 ⇔ t > −
19
40
40 − 7t > 0 ⇔ −7t > −40 ⇔ t 6
7
Logo t = 0, 1, 2, 3, 4, 5 e as soluções procuradas são: (3, 40), (22, 33), (41, 26), (60, 19), (79, 12), (98, 5).

Pauta de Correção:

Item (a)

• Verificar que x = x0 + tb e y = y0 − ta são soluções da equação. [0,25]

• Verificar que as soluções são necessariamente x = x0 + tb e y = y0 − ta. [0,25]

Item (b)

• Encontrar a solução geral da equação. [0,25]

• Encontrar as soluções naturais. [0,25]


Questão 02 [ 1,00 ]

Dados dois segmentos de medidas distintas a e b, descreva como construir, com régua e compasso, segmentos de
a+b √
medidas e ab .
2

Observação: Considere conhecida a construção de perpendiculares.

Solução
Consideramos três pontos colineares A, B e C, de maneira que B pertença ao segmento AC, AB = a e BC = b.

a+b
Construção de :
2

• Traçamos duas circunferências de raio a + b, uma com centro em A e outra com centro em B. Chamamos de D e E os
pontos de interseção entre elas.
• Traçamos a reta por D e E. Chamamos de M a interseção dessa reta com o segmento AC.
a+b
• O segmento AM mede , uma vez que DM é altura do triângulo equilátero ACD e portanto é mediana.
2


Construção de ab :

a+b
• Traçamos uma circunferência de centro no ponto médio M e raio
.
2
• Traçamos uma perpendicular a AC passando por B. Chamamos de X e Y as interseções dessa perpendicular com a
circunferência.
√ 2
• O segmento BX mede ab, pois é a altura do triângulo retângulo ACX e portanto BX = AB · BC.

Pauta de Correção:

a+b
• Construir um segmento de tamanho . [0,5]
2

• Construir um segmento de tamanho ab . [0,5]
Questão 03 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Seja p(X) = an X n + an−1 X n−1 + · · · + a2 X 2 + a1 X + a0 um polinômio com coeficientes inteiros. Se a fração
a
irredutı́vel , com a e b inteiros, é raiz de p(X), mostre que a é divisor de a0 e b é divisor de an .
b
(b) Encontre todas as raı́zes reais do polinômio

p(X) = 2X 4 + X 3 − 7X 2 − 3X + 3.

Solução

a  a n  a n−1  a 2 a


(a) Como p = an + an−1 + · · · + a2 + a1 + a0 = 0, multiplicando a igualdade por bn
b b b b b

temos que an an + an−1 an−1 b + · · · + a2 a2 bn−2 + a1 abn−1 + a0 bn = 0.

Logo an an = −(an−1 an−1 + · · · + a2 a2 bn−3 + a1 abn−2 + a0 bn−1 )b e

a0 bn = −(an an−1 + an−1 an−2 b + · · · + a2 abn−2 + a1 bn−1 )a.

Mas a e b são primos entre si, portanto segue das duas últimas igualdades

acima que b é divisor de an e a é divisor de a0 .

(b) Nesse caso, os divisores de a0 = 3 são 1, −1, 3 e −3 e os divisores de a4 = 2 são 1, −1, 2 e −2.

1 1 3 3
Logo as possı́veis raı́zes racionais de p(X) são 1, −1, 3, −3, , − , e − .
2 2 2 2
 
1
Agora p(1) = −4, p(−1) = 0, p(3) = 120, p(−3) = 84, p = 0 e, com isso, temos duas raı́zes
2
 
1 1
racionais de p(X), a saber −1 e . Assim o polinômio p(X) é divisı́vel por X − (−1) = X + 1 e por 2 X − .
2 2

Dividindo p(X) por (X + 1)(2X − 1) = 2X 2 + X − 1 segue que p(X) = (2X 2 + X − 1)(X 2 − 3).

Portanto p(X) = 0 se, e somente se, 2X 2 + X − 1 = 0 ou X 2 − 3 = 0 e as raı́zes de p(X) são as soluções

1 √ √
dessas equações do segundo grau, ou seja, −1, , 3 e − 3.
2

Pauta de Correção:

Item (a)
a
• Substituir em p(X) = 0 e obter uma igualdade sem denominadores.[0,25]
b
• Concluir que a é divisor de a0 e b é divisor de an . [0,25]

item (b)

• Encontrar as raı́zes racionais de p(X). [0,25]

• Encontrar as raı́zes irracionais de p(X). [0,25]


Questão 04 [ 1,00 ::: (a)=0,25; (b)=0,25; (c)=0,50 ]

A sequência (an ) satisfaz as seguintes condições:


1
• a1 = ;
2
n
X
• ai = n2 an , para n > 2.
i=1

(a) Determine a2 , a3 e a4 .

(b) Conjecture uma expressão para o termo geral an , em função de n.

(c) Prove, por indução em n, a fórmula obtida no item (b).

Solução

(a) Pela definição da sequência an segue que a1 + a2 = 22 a2 , a1 + a2 + a3 = 32 a3 e a1 + a2 + a3 + a4 = 42 a4 .

1 1 1 1 1 1 1
Como a1 = , obtemos a2 = = , a3 = = e a4 = = .
2 2·3 6 3·4 12 4·5 20

1
(b) Pelos resultados obtido no item (a), é possı́vel conjecturar que an = , para todo n > 1.
n(n + 1)
1
(c) Seja P (n) a proposição: an = , para todo n > 1.
n(n + 1)

1 1
Para n = 1 temos que a1 = = .
2 1·2

1
Suponha agora que P (n) é verdadeira para n = k, ou seja, ak = .
k(k + 1)

Resta provar que P (k) implica P (k + 1). De fato, a1 + a2 + · · · + ak + ak+1 = (k + 1)2 ak+1 .

kak
Usando a definição para k temos que k2 ak + ak+1 = (k + 1)2 ak+1 , logo ak+1 = .
k+2

k k 1 1
Agora usando a hipótese de indução segue que ak+1 = ak = · = .
k+2 k + 2 k(k + 1) (k + 1)(k + 2)

Portanto, P (k + 1) é verdadeira.

Pauta de Correção:
Item (a)

• Encontrar a2 , a3 e a4 . [0,25]

Item (b)

• Conjecturar an de forma correta. [0,25]

Item (c)

• Provar o item (c). [0,5]

Alternativa Item (c)


kak
• Usar a definição da sequência para mostrar que ak+1 = . [0,25]
k+2
• Usar a hipótese de indução e concluir a demonstração. [0,25]
Questão 05 [ 1,00 ]

3
Se p é um número natural primo, mostre que 2(p+1) ≡ 256 mod p.

Solução

Como p é primo, pelo Pequeno Teorema de Fermat, temos que

2p ≡ 2 mod p.

Usando propriedades das congruências, segue que

2
2p = (2p )p ≡ 2p ≡ 2 mod p

3 2 2
2p = (2p )p ≡ 2p ≡ 2 mod p

2 2
23p = (2p )3 ≡ 23 mod p

23p = (2p )3 ≡ 23 mod p.

Portanto,
3 3 2
2(p+1) = 2p · 23p · 23p · 21 ≡ 2 · 8 · 8 · 2 ≡ 256 mod p.

Solução alternativa:

2p+1 ≡ 4 mod p

2
2(p+1) ≡ 4p+1 ≡ (2p+1 )2 ≡ 16 mod p

3
2(p+1) ≡ 16p+1 ≡ (4p+1 )2 ≡ 162 ≡ 256 mod p.

Pauta de Correção:

• Usar o Pequeno de Fermat. [0,25]

• Calcular duas congruências. [0,25]

• Completar o cálculo das outras duas congruências. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]


Questão 06 [ 1,00 ]

Seja f : [a, b] → [f (a), f (b)] uma função bijetiva, onde [a, b] e [f (a), f (b)] são intervalos de números reais. Considere
ainda x1 , x2 ∈ [a, b] e y1 , y2 números reais positivos. Mostre que existe um único c ∈ [a, b] tal que

f (x1 )y1 + f (x2 )y2 = f (c) (y1 + y2 ) .

Solução

Sejam x1 , x2 ∈ [a, b] e y1 , y2 números reais positivos. Temos que

f (a)(y1 + y2 ) = f (a)y1 + f (a)y2 6 f (x1 )y1 + f (x2 )y2 e

f (x1 )y1 + f (x2 )y2 6 f (b)y1 + f (b)y2 = f (b)(y1 + y2 ).

f (x1 )y1 + f (x2 )y2


Assim segue que f (a) 6 6 f (b).
y1 + y2

Como f é uma bijeção entre [a, b] e [f (a), f (b)], existe um único c ∈ [a, b]

f (x1 )y1 + f (x2 )y2


tal que f (c) = , ou seja, f (x1 )y1 + f (x2 )y2 = f (c)(y1 + y2 ).
y1 + y2

Pauta de Correção:

• Usar ou observar que f (a) 6 f (x1 ) 6 f (b) e f (a) 6 f (x2 ) 6 f (b). [0,25]
f (x1 )y1 + f (x2 )y2
• Mostrar que pertence ao intervalo [f (a), f (b)]. [0,5]
y1 + y2
• Concluir a existência e a unicidade de c. [0,25]
Questão 07 [ 1,00 ]

Um cubo está pendurado por um de seus vértices, de forma que a corda que o sustenta é colinear a uma das diagonais
do cubo, como mostra a figura.

Determine o cosseno do ângulo entre a corda e uma das arestas do cubo que lhe são adjacentes, representado na
figura.

Solução

Denotando o vértice por onde o cubo está pendurado por A, o vértice oposto por C e um dos vértices das arestas adjacentes
à corda por B, como na figura, temos que o ângulo β procurado é suplementar ao ângulo α := B ÂC.


Denotando por a a aresta do cubo, temos AB = a e AC = a 3. Como BC é perpendicular a AB, o triângulo ABC

AB a 1 1
é reto em B, logo cos α = = √ = √ . Como α e β são suplementares, temos que cos β = − cos α = − √ .
AC a 3 3 3

Solução alternativa:
AB a 1
Considere o ângulo γ := AĈB. Como sen γ = = √ = √ e β = γ + 90◦ (a medida de um ângulo externo
AC a 3 3

do triângulo é a soma das medidas dos ângulos internos não adjacentes a ele), temos:
1 1 1
β − 90◦ = γ ⇒ sen (β − 90◦ ) = sen γ = √ ⇒ sen (90◦ − β) = − √ ⇒ cos β = − √ .
3 3 3
Pauta de Correção:
• Construir um triângulo retângulo que tenha como lados uma aresta, a diagonal do cubo e a diagonal de uma face. [0,25]
• Calcular a medida da diagonal do cubo em função da aresta. [0,25]
• Calcular o cosseno do ângulo suplementar ao pedido (cos α) ou o seno do ângulo da solução alternativa (sen γ). [0,25]
• Obter o cosseno do ângulo pedido (cos β). [0,25]
Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Considere os pontos A, B, C, D, E e F de um cubo distribuı́dos como na figura abaixo.

Determine a probabilidade de,

(a) escolhidos ao acaso 3 pontos distintos dentre os 6 dados, eles determinarem um único plano.

(b) escolhidos ao acaso 4 pontos distintos dentre os 6 dados, eles serem coplanares.

Solução

(a) O número de escolhas de 3 pontos distintos do conjunto {A, B, C, D, E, F } é


6! 6·5·4
C63 = = = 20.
3!3! 3·2·1
Três pontos no espaço determinam um único plano se, e somente se, não são colineares. Dentre as 20 escolhas diferentes
de três pontos, apenas 2 contêm todos os pontos colineares, a saber, {A, B, C} e {D, E, F }. Portanto, há 18 escolhas
em que os 3 pontos determinam um único plano. Logo, a probabilidade pedida é
18 9
P = = = 0, 9.
20 10
(b) O número de escolhas de 4 pontos distintos do conjunto {A, B, C, D, E, F } é
6! 6·5
C64 = = = 15.
4!2! 2·1
Como os pontos dados estão distribuı́dos em duas arestas reversas, temos que quatro deles são coplanares se, e somente
se, houver três deles colineares.
Há 3 possibilidades contendo {A, B, C} e 3 possibilidades contendo {D, E, F }, fazendo um total de 6 casos favoráveis.
Portanto a probabilidade é

6 2
P = = = 0, 4.
15 5

Pauta de Correção:

Item (a)

• Fazer a contagem dos 3 pontos que determinam um plano. [0,25]

• Calcular a probabilidade. [0,25]

Item (b)

• Fazer a contagem dos 4 pontos coplanares. [0,25]

• Calcular a probabilidade. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2016.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,00 ]

A secretaria de educação de um municı́pio recebeu uma certa quantidade de livros para distribuir entre as escolas do
municı́pio. Sabe-se que a quantidade é superior a 1000, inferior a 2000, que se dividi-los entre 7 escolas sobram 4,
entre 9 sobram 2 e entre 13 sobram 6. Encontre a quantidade de livros.

Solução

Indicando por N a quantidade de livros, temos que





 N ≡ 4 mod 7

N ≡ 2 mod 9



N ≡ 6 mod 13

Como (7, 9) = 1, (9, 13) = 1 e (7, 13) = 1, o sistema tem solução.

Pelo Teorema Chinês dos Restos as soluções do sistema são dadas por

N ≡ 117 · y1 · 4 + 91 · y2 · 2 + 63 · y3 · 6 mod 819

onde
 


117y1 ≡ 1 mod 7 

5y1 ≡ 1 mod 7
 
91y2 ≡ 1 mod 9 ⇐⇒ y ≡ 1 mod 9

  2


63y ≡ 1 mod 13 
11y ≡ 1 mod 13
3 3

Os inteiros y1 = 3, y2 = 1 e y3 = 6 satisfazem as condições acima, portanto

N ≡ 117 · 3 · 4 + 91 · 2 + 63 · 6 · 6 mod 819

N ≡ 3854 ≡ 578 mod 819.

Como 1000 < N < 2000, obtemos N = 1397.

Pauta de Correção:

• Montar o sistema. [0,25]

• Escrever a solução geral do sistema. [0,25]

• Encontrar os valores de y1 , y2 e y3 . [0,25]

• Encontrar a solução pedida. [0,25]


Solução Alternativa:

Seja X a quantidade de livros comprada pela secretaria.

Temos que X ≡ 4 mod 7, X ≡ 2 mod 9 e X ≡ 6 mod 13.

Pela primeira equação modular segue que X = 7k + 4, com k ∈ Z.

Substituindo na segunda equação vemos que 7k + 4 ≡ 2 mod 9, somando 5 em ambos os lados temos que 7k ≡ 7 mod 9,

ou seja, k ≡ 1 mod 9.

Logo k = 9n + 1 e assim X = 7k + 4 = 7(9n + 1) + 4 = 63n + 11.

Colocando essa informação na terceira equação segue que 63n + 11 ≡ 6 mod 13.

Isso implica que 11n ≡ 8 mod 13. Multiplicando essa equação por 6 temos que 66n ≡ 48 mod 13, ou seja, n ≡ 9 mod 13.

Assim segue que n = 13t + 9 e X = 63n + 11 = 63(13t + 9) + 11 = 819t + 578. Como 1000 < X < 2000, concluı́mos que a
resposta é X = 1397.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Montar o sistema. [0,25]

• Substituir a primeira congruência na segunda e a segunda na terceira. [0,25]

• Escrever a solução geral do sistema. [0,25]

• Encontrar a solução pedida. [0,25]

Questão 02 [ 1,00 ]

O cone da figura seguinte tem 3 cm de raio e 4 cm de altura, sendo d a distância do vértice a um plano α, paralelo
à base.

Determine d de modo que as duas partes do cone separadas pelo plano α tenham volumes iguais.
Solução

Sejam v o volume do cone pequeno, V o volume do cone grande e Vt o volume do tronco do cone.

Observe que o cone pequeno unido ao tronco de cone completam o cone grande, logo

v + Vt = V.

Queremos v = Vt . logo

2v = V,

ou ainda,
v 1
= .
V 2
Como a razão dos volumes dos cones é igual ao cubo da razão das alturas correspondentes, temos
1  d 3
= ,
2 4
logo

3
d = 2 4cm.

Pauta de Correção:

• Observar que o volume do cone pequeno é a metade do volume total [0,25]

• Utilizar que a razão entre os volumes é igual ao cubo da razão entre as alturas. [0,5]

• Determinar corretamente o valor de d. [0,25]

Solução Alternativa:

Pela semelhança entre os triângulos da figura,


r d
= ,
3 4
3d
logo r = .
4

Com isso, o volume do cone menor será dado por


 2
1 1 3d 3
v= π r2 d = d= π d3 .
3 3 4 16

O volume total do cone é


1
V = π · 32 · 4 = 12π,
3
1
e como v = V , segue que
2
3 1
π d3 = · 12π,
16 2
que, simplificando, nos dá
d3 = 32,

e assim

3
d = 2 4cm.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Escrever corretamente r em função de d. [0,25]

• Obter o volume do cone menor em função apenas de d. [0,25]

• Calcular corretamente o volume V do cone total e observar que v = 21 V . [0,25]

• Determinar corretamente o valor de d. [0,25]

Questão 03 [ 1,00 ]

Sejam x e y números reais positivos tais que x + y = 1.


  
1 1
Prove que 1 + 1+ > 9.
x y

Solução
Como x e y são positivos, a inequação é equivalente à

(x + 1)(y + 1) > 9xy.

Pela hipótese x + y = 1, podemos isolar y = 1 − x e, substituindo na equação, obter a desigualdade equivalente

(x + 1)(2 − x) > 9x(1 − x),

que pode ser reescrita como


8x2 − 8x + 2 > 0,

ou ainda  2
1
8 x− > 0.
2
A última desigualdade, que é satisfeita para todo valor de x, é equivalente à original. Portanto,
  
1 1
1+ 1+ > 9.
x y

Pauta de Correção:

• Chegar corretamente a uma desigualdade envolvendo apenas uma das variáveis e equivalente à original. [0,5]

• Concluir que a desigualdade sempre é satisfeita. [0,5]

Solução Alternativa 1
Como na primeira solução, a equação é equivalente a

(x + 1)(y + 1) > 9xy.


Esta última desigualdade pode ser simplificada para x + y + 1 > 8xy.
1
Agora, usando a hipótese de que x + y = 1, podemos simplificar ainda mais para 2 > 8xy, ou seja, xy 6 , mas isto é
4
√ x+y 1 1
verdadeiro por causa da desigualdade das médias. De fato, xy 6 = , e portanto xy 6 .
2 2 4

Pauta de Correção da Solução Alternativa 1:


1
• Chegar à desigualdade xy 6 . [0,25]
4
• Usar a hipótese. [0,25]

• Resolver a inequação. [0,5]

Solução Alternativa 2
1 x+y x y 1 1
Como x + y = 1 segue que = = + = + .
xy xy xy xy y x
  
1 1 1 1 1 2
Logo 1+ 1+ =1+ + + =1+ .
x y y x xy xy

Pela desigualdade das médias aritmética e geométrica temos que

x+y √ 1 4
> xy que é equivalente a > .
2 xy (x + y)2

Assim segue que


  
1 1 2 2·4
1+ 1+ =1+ >1+ = 1 + 8 = 9.
x y xy (x + y)2

Pauta de Correção da Solução Alternativa 2:


  
1 1 2
• Chegar à igualdade 1 + 1+ =1+ . [0,25]
x y xy
• Usar a desigualdade das médias. [0,25]

• Concluir o que se pede. [0,5]

Questão 04 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

(a) Seja f : R → R, f (x) = ax + b. Se f (k) ∈ Z para todo k ∈ Z, mostre que a e b são inteiros.

(b) Seja f : R → R, f (x) = ax2 + bx + c. Se f (k) ∈ Z para todo k ∈ Z, podemos afirmar que a, b e c são todos
inteiros? Justifique a sua resposta.

Solução

(a) Como f (0) = b segue que b é inteiro. Além disso, f (1) = a + b ∈ Z temos que

a + b = c, com c inteiro, então a = c − b ∈ Z.

(b) A resposta é não.


1 2 1
Considere a função f : R → R, f (x) = x + x.
2 2

Para todo inteiro k, k(k + 1) é par, logo


1 2 1
f (k) = (k + k) = · k(k + 1) ∈ Z.
2 2

Pauta de Correção:

Item (a)
• Calcular f (0) e concluir que b é inteiro. [0,25]
• Calcular f (1) e concluir que a é inteiro. [0,25]
Item (b)
• Dar um contraexemplo. [0,25]
• Justificar que a função do contraexemplo satisfaz f (k) ∈ Z, para todo k ∈ Z. [0,25]

Questão 05 [ 1,00 ]

Sejam ABCD um quadrado de lado 1 (uma unidade), M o ponto médio de AB, N o ponto médio de BC e I a
interseção de DN e CM . Calcule a área do triângulo N IC.

Solução

Observe que os triângulos retângulos N CD e M BC são congruentes pelo caso LAL. Consequentemente, temos ∠N CI ≡
∠CDN . Como ∠CDN e ∠CN D são complementares, temos então que ∠N CI e ∠IN C também o são, logo o triângulo N IC
é retângulo de hipotenusa CN .
Os triângulos N IC e M BC têm um ângulo em comum e cada um destes triângulos possui um ângulo reto. Assim, eles têm
dois ângulos congruentes e, por isso, são semelhantes. A razão de semelhança entre os triângulos N IC e M BC é dada por
1 1
CN 1
k= = s 2  = √2 = √ .
CM 1
2 5 5
1+ 2
2

Com isso,

Área(N IC) 1
= k2 = ,
Área(M BC) 5
logo
1
Área(N IC) = Área(M BC),
5
e, como
1 1 1 1
Área(M BC) = · BC · BM = · 1 · = ,
2 2 2 4
temos
1 1 1
Área(N IC) = · = .
5 4 20

Pauta de Correção:

• Concluir que o triângulo N IC é retângulo. [0,25]

• Concluir que os triângulos N IC e M BC são semelhantes. [0,25]


Área(N IC) 1
• Concluir que = ou igualdade equivalente. [0,25]
Área(M BC) 5
• Calcular a área do triângulo N IC. [0,25]

Questão 06 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

De quantas maneiras distintas podemos escolher três números distintos do conjunto I40 = {x ∈ N : 1 6 x 6 40} de
modo que sua soma seja:

(a) um número ı́mpar?

(b) um múltiplo de 3?

Solução

(a) Temos que I40 = {1, 2, ..., 39, 40} = {1, 3, ..., 39} ∪ {2, 4, ..., 40}.
| {z } | {z }
20 ı́mpares 20 pares

Para obtermos um número ı́mpar, somando três números, temos duas possibilidades: três ı́mpares ou apenas um deles
ı́mpar.

O número de possibilidades para a escolha de 3 ı́mpares distintos é igual

3 20! 18 · 19 · 20
a C20 = = = 1140.
3!17! 6
Já, o número de possibilidades para escolhermos dois pares e um ı́mpar distintos é
2 20! 19 · 20
20 · C20 = 20 · = 20 · = 3800.
2!18! 2

Portanto, a resposta é 1140 + 3800 = 4940.

(b) Temos que


I40 = {1, 2, ..., 39, 40} = {3, 6, ..., 39} ∪ {1, 4, 7, ..., 40} ∪ {2, 5, 8, ..., 38}
| {z } | {z } | {z }
13 múltiplos de 3 14 da forma 3k+1 13 da forma 3k+2

Para obtermos um múltiplo de 3, somando três números, temos 4 possibilidades: três múltiplos de 3, três da forma
3k + 1, três da forma 3k + 2 ou
tomando os três de formas distintas 3k, 3k + 1 e 3k + 2.
Portanto, a resposta é

3 3 3
C13 + C14 + C13 + 13 · 14 · 13 = 286 + 364 + 286 + 2366 = 3302.

Pauta de Correção:

Item (a)

• Analisar corretamente as possibilidades de escolhas dos três números. [0,25]

• Fazer corretamente a contagem. [0,25]

item (b)

• Analisar corretamente as possibilidades de escolhas dos três números. [0,25]

• Fazer corretamente a contagem. [0,25]

Questão 07 [ 1,00 ]

Mostre que, para todo número natural n > 1, o resto da divisão do polinômio x2n + x + 1 por x2 − 1 é igual a x + 2.

Solução

Provaremos o resultado usando indução em n.

Para n = 1 temos que x2 + x + 1 = 1 · (x2 − 1) + (x + 2).

Supõe que o resultado vale para um certo k > 1, isto é,

x2k + x + 1 = q(x)(x2 − 1) + (x + 2) ou ainda x2k = q(x)(x2 − 1) + 1.

Agora vamos mostrar a validade do resultado para k + 1. De fato,

x2(k+1) + x + 1 = x2k+2 + x + 1 = x2 · x2k + x + 1 = x2 q(x)(x2 − 1) + 1 + x + 1 =


 

x2 · q(x)(x2 − 1) + x2 + x + 1 = x2 · q(x) + 1 (x2 − 1) + (x + 2).


 

Portanto vale o resultado para todo n > 1.


Pauta de Correção:

• Verificar que a afirmação é válida para n = 1. [0,25]

• Explicitar a hipótese de indução. [0,25]

• Concluir a prova. [0,5]

Solução Alternativa 1:

x2n + x + 1 = (x2 )n + x + 1
= (x2 − 1 + 1)n + x + 1
= (x2 − 1)n + n(x2 − 1)n−1 + · · · + n(x2 − 1) + 1n + x + 1
= (x2 − 1) · q(x) + 1 + x + 1
= (x2 − 1) · q(x) + (x + 2)

Como x + 2 tem grau 1, é o resto da divisão.

Pauta de Correção da Solução Alternativa 1:

• Escrever que x2 = x2 − 1 + 1. [0,25]

• Desenvolver o polinômio na forma q(x)(x2 − 1) + x + 2. [0,5]

• Concluir que x + 2 é o resto. [0,25]

Solução Alternativa 2:
Sabemos que y n − 1 = (y − 1)(y n−1 + · · · + y + 1). Assim,

x2n + x + 1 = (x2 )n + x + 1
= (x2 )n − 1 + 1 + x + 1
= (x2 − 1)((x2 )n−1 + · · · + x2 + 1) + x + 2

Como x + 2 tem grau 1, é o resto da divisão.

Pauta de Correção da Solução Alternativa 2:

• Escrever a fatoração de y n − 1. [0,25]

• Desenvolver o polinômio na forma q(x)(x2 − 1) + x + 2. [0,5]

• Concluir que x + 2 é o resto. [0,25]

Questão 08 [ 1,00 ::: (a)=0,50; (b)=0,50 ]

Dados a, n ∈ N, com a > 2 ı́mpar, mostre que:


an − 1
(a) se é par então a é da forma 4k + 1 ou n é par.
2
an − 1
(b) se a é da forma 4k + 1 ou n é par, então é par.
2
Solução

Solução (a)

an − 1
Suponha que é par e que a não é da forma 4k + 1.
2
an − 1
Temos que = 2k, com k inteiro, logo an = 4k + 1.
2

Como a é ı́mpar temos que a é da forma 4k + 3.

Considerando que

(4k1 + 3)(4k2 + 3) = 4k + 1

(4k1 + 1)(4k2 + 1) = 4k + 1

(4k1 + 1)(4k2 + 3) = 4k + 3

concluı́mos que n é par.

Solução Alternativa (a):

an − 1
Suponha que é par e que a não é da forma 4k + 1.
2
an − 1
Segue que = 2k, daı́ an = 4k + 1 ou equivalentemente an ≡ 1 mod 4.
2

Como a é ı́mpar, então a ≡ 3 ≡ −1 mod 4.

Portanto n é par pois, caso contrário, terı́amos an ≡ −1 mod 4.

Solução (b)

an − 1
Suponhamos que a é da forma 4k + 1. Como (4k1 + 1)(4k2 + 1) = 4k + 1, concluimos que an = 4k + 1, e daı́ = 2k,
2
portanto par.

Suponhamos n é par. Como a é ı́mpar temos que a é da forma 4k + 3.

Considerando que

(4k1 + 3)(4k2 + 3) = 4k + 1

(4k1 + 1)(4k2 + 1) = 4k + 1
an − 1
concluimos que an é da forma 4k + 1. Portanto = 2k é par.
2

Solução Alternativa (b):

an − 1
Suponhamos que a é da forma 4k + 1. Segue que a ≡ 1 mod 4, daı́ an ≡ 1 mod 4. Portanto, = 2k é par.
2

Suponhamos n par. Como a é ı́mpar temos que a ≡ 1 mod 4 ou a ≡ 3 ≡ −1 mod 4. Nos dois casos, an ≡ 1 mod 4, portanto
an − 1
= 2k é par.
2
Pauta de Correção item (a):

• Supor a da forma 4k + 3 (ou n ı́mpar). [0,25]

• Concluir n par (ou a é da forma 4k + 1). [0,25]

Pauta de Correção item (b):

• Concluir o resultado quando a da forma 4k + 1. [0,25]

• Concluir o resultado quando n par. [0,25]

Outra Solução:

an − 1
 
a−1
Começamos escrevendo = (an−1 + · · · + a + 1).
2 2
a−1
Vamos, primeiramente, analisar a paridade de .
2
Como a é impar, ele é da forma 4k + 1 ou 4k + 3.

a−1 a−1
Se a = 4k + 1, então = 2k é par, enquanto que, se a = 4k + 3, então = 2k + 1 é ı́mpar.
2 2

Agora, analisaremos a paridade de an−1 + · · · + a + 1.

Sendo a > 2 ı́mpar, temos que an−1 , . . . , a são ı́mpares.

Assim, se n é par então an−1 + · · · + a + 1 é par.

Agora, se n é ı́mpar, então an−1 + · · · + a + 1 é ı́mpar.

an − 1
Finalmente, observando que é par se, e somente se,
2
a−1
é par ou an−1 + · · · + a + 1 é par concluı́mos que
2
an − 1
é par se, e somente se a é da forma 4k + 1 ou n é par.
2

Pauta de Correção:

an − 1
 
a−1
• Escrever = (an−1 + · · · + a + 1). [0,25]
2 2
a−1
• Analisar corretamente a paridade de . [0,25]
2
• Analisar corretamente a paridade de an−1 + · · · + a + 1. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2017.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ]

Determine as equações das duas retas tangentes à parábola de equação y = x2 − 2x + 4 que passam pelo ponto
(2, −5).

Solução
A equação de uma reta tangente à parábola que passa pelo ponto (2, −5) é caracterizada por y = m(x − 2) − 5 , onde m é a
inclinação e o sistema seguinte possui solução única, isto é, a interseção da reta com a parábola possui um único ponto.
(
y = x2 − 2x + 4
y = m(x − 2) − 5

Assim, x2 − 2x + 4 = m(x − 2) − 5, donde x2 − (2 + m)x + 2m + 9 = 0. O sistema terá uma única solução se, e somente se,
∆ = b2 − 4ac = 0.

Calculando ∆ = (2 + m)2 − 4(2m + 9) = m2 − 4m − 32, obtemos ∆ = 0 se, e somente se, m = 8 ou m = −4.

Portanto, y = 8x − 21 e y = −4x + 3 são as equações pedidas.

Pauta de Correção:

• Escrever a equação de uma reta passando por (2, −5). [0,25]


• Caracterizar a reta tangente. [0,25]
• Concluir que o sistema tem solução única se, e somente se, ∆ = 0. [0,25]
• Determinar as duas equações. [0,5]

Questão 02 [ 1,25 ]

Descreva a construção, com régua e compasso, do cı́rculo tangente à reta r e contendo os pontos A e B da figura
abaixo.

Observação: Considere conhecidas as construções, com régua e compasso, da mediatriz de um segmento, da média
geométrica de dois segmentos e da perpendicular a um segmento passando por um ponto dado. Estas construções
podem ser utilizadas sem maiores detalhamentos.
Solução
Vamos supor o problema resolvido:

Para construir o cı́rculo, precisamos construir, primeiramente, seu centro C. Este centro estará na interseção da mediatriz do
segmento AB com a reta perpendicular a r e passando pelo ponto T de tangência entre r e o cı́rculo. Com isso, se soubermos
determinar o ponto T , o problema poderá ser facilmente resolvido.

Sendo P o ponto de interseção entre r e a reta que passa por A e B, sabemos que
2
PA · PB = PT ,

logo, P T é a média geométrica dos segmentos P A e P B. Com isso, podemos fazer a seguinte construção:

1. Marcamos o ponto P de interseção entre as retas da figura e construı́mos o cı́rculo de centro P e raio a, onde a é a
média geométrica dos segmentos P A e P B (esta construção pode, segundo o enunciado, ser feita sem maiores detalhes).
2. Tomamos o ponto T na interseção entre r e o cı́rculo do passo anterior, de forma que T P A seja agudo.
3. Traçamos a reta s, perpendicular a r e passando por T (segundo o enunciado, esta construção pode ser feita sem maiores
detalhes).
4. Traçamos a reta m, mediatriz de AB (esta construção pode ser feita sem maiores detalhes).
5. Marcamos o centro C do cı́rculo na interseção entre m e s.
6. Construı́mos o cı́rculo de centro C e raio CA.

Pauta de Correção:

• Indicar (mesmo que apenas em uma figura) que o centro do cı́rculo está na mediatriz de AB e na reta perpendicular a
r passando por T , ou seguir claramente uma estratégia que utiliza este fato. [0,25]
• Considerar a média geométrica entre os segmentos P A e P B. [0,25]
• Tomar o ponto T de forma que P T seja a média geométrica entre os segmentos P A e P B. [0,5]
• Finalizar a construção do cı́rculo, tomando o centro na mediatriz de AB e na perpendicular a r passando por T . [0,25]

Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove que um número inteiro positivo n possui uma quantidade ı́mpar de divisores positivos se, e somente se,
é um quadrado perfeito.

(b) Sejam a e b números inteiros positivos com (a, b) = 1. Prove que, se ab é um quadrado perfeito, então a e b são
quadrados perfeitos.
Lista verão 01
Solução

α
(a) Pelo teorema fundamental da aritmética, n = pα
1
1
· pα
2 · · · pk
2 k
sendo
p1 < p2 < · · · < pk números primos e α1 , α2 , . . . , αk números inteiros positivos. A quantidade de divisores de n é dado
por
d(n) = (α1 + 1) · (α2 + 1) · · · (αk + 1).

(i) Se n tem um número ı́mpar de divisores, então todos os fatores de d(n) são números ı́mpares, ou seja, α1 , α2 , · · · , αk
são números pares. Portanto
 α α2 αk
2
1
n= p1 2 · p2 2 · · · pk 2 .

(ii) Por outro lado, se n é um quadrado perfeito, então n = c2 para algum c ∈ Z. Isto implica que todos os αi são números
pares e então d(n) é ı́mpar, por ser o produto de ı́mpares.

(b) Sejam a = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s e b = bγ11 · bγ22 · · · bγt t a decomposição destes números em fatores primos distintos. O fato de
(a, b) = 1 implica que a e b não tem fator primo comum. Portanto a decomposição de ab em fatores primos é

ab = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s · bγ11 · bγ22 · · · bγt t

Como ab é um quadrado perfeito, pelo item (a) a quantidade de divisores de ab é um número ı́mpar, isto é,

d(ab) = (β1 + 1) · (β2 + 1) · · · (βs + 1) · (γ1 + 1) · (γ2 + 1) · · · (γt + 1)

é ı́mpar. Logo d(a) é ı́mpar, d(b) é ı́mpar e novamente pelo item (a) os números a e b são quadrados perfeitos.

Pauta de Correção:

Item (a)

• Supor que n tem uma quantidade ı́mpar de divisores e concluir que n é quadrado perfeito. [0,25]

• Supor que n é quadrado perfeito e concluir que n tem uma quantidade ı́mpar de divisores. [0,25]

Item (b)

• Escrever corretamente a decomposição em primos de ab, usando o fato (a, b) = 1. [0,25]

• Concluir que a e b são quadrados perfeitos. [0,5]

Solução alternativa para o item (b):

(b) Sejam a = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s e b = bγ11 · bγ22 · · · bγt t a decomposição destes números em fatores primos distintos. O fato de
(a, b) = 1 implica que a e b não tem fator primo comum. Portanto a decomposição de ab em fatores primos é

ab = a1β1 · aβ2 2 · · · aβs s · bγ11 · bγ22 · · · bγt t .

Como ab é um quadrado perfeito, os expoentes βi e γj são todos pares. Logo as decomposições de a = aβ1 1 · aβ2 2 · · · aβs s e
b = bγ11 · bγ22 · · · bγt t em fatores primos distintos têm expoentes pares. Portanto os números a e b são quadrados perfeitos.

Pauta de Correção:

Item (b)

• Escrever corretamente a decomposição de ab em primos distintos usando o fato de que (a, b) = 1. [0,25]

• Concluiur que a e b são quadrados perfeitos. [0,50]


Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Uma permutação de n elementos é dita caótica quando nenhum elemento está na posição original. Por exemplo,
(2, 1, 4, 5, 3) e (3, 4, 5, 2, 1) são permutações caóticas de (1, 2, 3, 4, 5), mas (3, 2, 4, 5, 1) não é, pois 2 está no lugar
original. O número de permutações caóticas de n elementos é denotado por Dn .

(a) Determine D4 listando todas as permutações caóticas de (1, 2, 3, 4).

(b) Quantas são as permutações de (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7) que têm exatamente três números em suas posições original?

Solução

(a) As permutações caóticas de (1, 2, 3, 4) são 2143, 2341, 2413, 3142, 3412, 3421, 4123, 4312 e 4321.

(b) Primeiro escolhemos 3 números entre 1 e 7 que ficam na posição original, o que pode ser feito de C73 = 35 maneiras.
Devemos fazer uma permutação caótica com as demais 4 posições, e isso pode ser feito de D4 = 9 maneiras.

Portanto temos um total de C73 · D4 = 315 permutações de (1, 2, 3, 4, 5, 6, 7) que têm exatamente três números em suas posições
originais.

Pauta de Correção:

(a) • Listar as 9 permutações caóticas de (1, 2, 3, 4). [0,5]


• Não listar todas as permutações caóticas de (1, 2, 3, 4) mas listar pelo menos 6, sendo todas as listadas caóticas.
[0,25]

(b) • Concluir que existem 35 modos de escolher os 3 números que ficarão na posição original. [0,25]
• Concluir que cada escolha dos 3 números fixados na posição original gera D4 permutações caóticas. [0,25]
• Concluir a contagem 35 · D4 . [0, 25]

Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um tetraedro ABCD possui como base o triângulo equilátero BCD, cujos lados têm medida 1. Suas faces laterais
são tais que AB = AC = AD = `, com B ÂC = C ÂD = B ÂD = α.

(a) Expresse ` em função de α.

(b) Determine, em função de α, a medida da altura deste tetraedro traçada a partir de A.


Solução

(a) Considerando a face ABC, como ` = AB = AC e BC = 1, temos, pela Lei do Cossenos,

12 = `2 + `2 − 2 · ` · ` · cos α,

que implica
2`2 (1 − cos α) = 1,

logo
1
`2 = .
2(1 − cos α)
Com isso, s
1
`= .
2(1 − cos α)

(b) Como as faces ABC, ACD e ABD são triângulos isósceles de vértice A, as alturas relativas a A de cada uma dessas
faces têm seus pés nos pontos médios de BC, CD e BD, respectivamente. Da mesma forma, as alturas da face BCD,
que é um triângulo equilátero, têm pés nos mesmos pontos médios, como mostra a figura abaixo.

Assim, as projeções das arestas AB, AC e AD sobre a base estão sobre as alturas da base, de forma que H, pé da
altura AH do tetraedro, esteja então no incentro/ortocentro/baricentro do triângulo equilátero BCD. Como a altura

3
do triângulo BCD tem medida 2
, temos
√ √
2 3 3
BH = CH = DH = · = .
3 2 3

Assim, como AHB é retângulo em H, temos


2 2 2
AH + BH = AB ,

logo
 √ 2
2 3
AH + = `2 ,
3
que nos dá
2 1 1
AH + = .
3 2(1 − cos α)
Com isso, s
1 1
AH = − ,
2(1 − cos α) 3
que é a altura pedida

Pauta de Correção:

Item (a):

• Aplicar a lei dos cossenos. [0,25]


• Obter ` em função de α. [0,25]
Item (b):

• Obter a distância 3/3 entre um dos vértices da base (B, C ou D) e o pé H da altura pedida. [0,25]
• Considerar um dos triângulos retângulos ABH, ACH ou ADH. [0,25]
• Encontrar a altura correta. [0,25]

Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove a relação de Stifel: para todos n e p inteiros positivos com n > p,
p+1
Cn+1 = Cnp+1 + Cnp .

(b) Considere a sequência de números inteiros



a1 = C 2 ,
2
a = C 2 + · · · + C 2
n 2 n+1 , n > 2.
3
Mostre que an = Cn+2 .

Solução

(a) Se n = p obtemos 1 = 0 + 1. Suponhamos então n > p.


Temos que
n! n! n!(n − p) + n!(p + 1)
Cnp+1 + Cnp = + =
(p + 1)!(n − p − 1)! p!(n − p)! (p + 1)!(n − p)!)

n!(n + 1) (n + 1)!
Cnp+1 + Cnp = = p+1
= Cn+1
(p + 1)!(n − p)! (p + 1)!(n − p)!
(b) Para n = 2 temos a2 = C22 + C32 = 1 + 3 = C43 , portanto a afirmação é verdadeira.
3 3
Suponhamos an = Cn+2 , para n fixo, n > 2. Vamos provar que o resultado vale para n + 1, isto é, an+1 = Cn+3 .
2 3 2
Temos que an+1 = an + Cn+2 = Cn+2 + Cn+2 (hipótese de indução).
Agora, usando a relação de Stifel, obtemos

3 2 3
an+1 = Cn+2 + Cn+2 = Cn+3

Portanto, pelo princı́pio de indução, o resultado é válido para todo n > 2.

Pauta de Correção:

Item (a)
• Provar a relação de Stifel. [0,5]
Item (b)
• Verificar o resultado para n = 2 (base da indução). [0,25]
• Supor o resultado válido para n e provar para n + 1. [0,5]

Solução alternativa para o item (a) com argumento combinatório:


(a) Suponha que de um grupo de n + 1 pessoas tenham que ser formada uma comissão com p + 1 pessoas. Por definição
de número binomial segue que o lado esquerdo da igualdade é uma solução possı́vel para o problema. Por outro lado,
fixemos uma pessoa, digamos P. Vamos considerar as comissões que contém P e as comissões que não contém P. O
número de elementos do primeiro conjunto é igual a y = Cnp , pois como P já faz parte, resta escolher p entre as demais
n. Já, o número de comissões sem P é igual a x = Cnp+1 . Portanto segue o resultado.
p+1
Temos então que x + y = Cn+1 .

Pauta de Correção:

Item (a)

• Encontrar x e y. [0,25]
p+1
• Concluir que Cn+1 = x + y. [0,25]

Solução alternativa para o item (b):

(b) Pela relação de Stifel temos

C43 = C33 + C32


C53 = C43 + C42
C63 = C53 + C52
..
.
3
Cn+1 = Cn3 + Cn2
3 3 2
Cn+2 = Cn+1 + Cn+1 .

Somando-se as igualdades acima, membro a membro, obtemos que

3
Cn+2 = C33 + C32 + · · · + Cn2 + Cn+1
2
.

Como C33 = C22 = 1 segue que

3
Cn+2 = C22 + C32 + · · · + Cn2 + Cn+1
2
.

Pauta de Correção:

Item (b)

• Listar todas as igualdade de Stifel de 4 e n + 2. [0,25]

• Somar termo a termo e concluir a igualdade. [0,50]


Questão 07 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Uma função f é dita crescente em X ⊂ R se, para todos x1 , x2 ∈ X com x1 < x2 , tem-se f (x1 ) < f (x2 ). Sabendo
que as funções g(x) = xa e h(x) = bx são crescentes em [0, +∞) para a e b reais com a > 0 e b > 1,
x2 +1
(a) prove que a função F (x) = (1 + ex ) é crescente em [0, +∞);
x2 +1
(b) encontre as soluções não negativas da equação (1 + ex ) = 2.

Solução

(a) Suponha x1 < x2 , onde x1 , x2 ∈ [0, ∞).


Como as funções g(x) = xa e h(x) = bx são crescentes em [0, +∞) para a e b reais com a > 0 e b > 1, tem-se que

x1 < x2 =⇒ xa1 < xa2 e bx1 < bx2

Assim, x21 < x22 (tomamos a = 2) e daı́


x21 + 1 < x22 + 1

Concluimos, tomando b = 1 + ex1 > 1, que


2 2
(1 + ex1 )x1 +1 < (1 + ex1 )x2 +1 (1)

Por outro lado, tomando b = e > 1, tem-se que ex1 < ex2 , logo ex1 + 1 < ex2 + 1. Agora, tomando a = x22 + 1, concluimos
que
2 2
(1 + ex1 )x2 +1 < (1 + ex2 )x2 +1 (2)

Usando as desigualdades (1) e (2) concluimos, pela transitividade, que


2 2
F (x1 ) = (1 + ex1 )x1 +1 < F (x2 ) = (1 + ex2 )x2 +1

Portanto, a função F é crescente.


2 2
(b) Temos que a função F (x) = (1 + ex )x +1
é crescente , consequentemente é injetora. A equação (1 + ex )x +1
= 2 é
equivalente à F (x) = 2 = F (0).
Portanto, x = 0 é a única solução não negativa.

Pauta de Correção:

(a) • Concluir a desigualdade (1). [0,25]


• Concluir a desigualdade (2). [0,25]
• Concluir que a função é crescente. [0,25]

(b) • Concluir que a função é injetiva. [0,25]


• Achar a solução única. [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Sejam a, b, m números inteiros, com m > 1 e tais que (a, m) = 1. Prove que a congruência ax ≡ 1 mod m
possui solução. Além disso, mostre que se x1 , x2 ∈ Z são soluções da congruência, então x1 ≡ x2 mod m.

(b) Resolva a congruência 13x ≡ 1 mod 2436.

Solução

(a) Suponha (a, m) = 1. Segue que existem inteiros r, s tais que a · r + m · s = 1. Daı́ temos que ar ≡ 1 mod m, portanto r é
solução. Suponha agora que x1 , x2 são soluções, isto é, ax1 ≡ 1 mod m e ax2 ≡ 1 mod m. Segue que, ax1 ≡ ax2 mod m,
Como (a, m) = 1, concluimos que x1 ≡ x2 mod m.

(b) Considere a congruência 13 · x ≡ 1 mod 2436.


Calculando o mdc(2436, 13) obtemos
187 2 1 1 2
2436 13 5 3 2 1
5 3 2 1 0
Portanto, mdc(2436, 13) = 1. Agora, usando o algoritmo euclidiano estendido, obtemos

13 · 937 + 2436 · (−5) = 1

Portanto, x ≡ 937 mod 2436.

Pauta de Correção:

Item (a)

• Mostrar que a congruência tem solução. [0,25]

• Mostrar que duas soluções são congruentes módulo m. [0,25]

Item (b)

• Mostrar 13 e 2436 são primos entre si. [0,25]

• Achar a solução geral. [0,5]

• Achar apenas uma solução particular. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2017.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ]


Encontre as medidas dos lados e ângulos de dois triângulos ABC diferentes tais que AC = 1, BC = b = 30◦ .
3 e ABC

Solução


Considere AC = 1, BC = b = 30◦ e BA = c.
3 , ABC


Aplicando a lei dos cossenos, obtemos 1 = c2 + 3 − 2 3c · cos 30◦ = c2 + 3 − 3c, ou seja, c2 − 3c + 2 = 0. Logo c = 1 ou c = 2.

b = 30◦ e B AC
Para c = 1 obtemos um triângulo isósceles, logo B CA b = 120◦ .


b = 90◦ e C AB
Para c = 2 temos 22 = ( 3)2 + 12 , logo obtemos um triângulo retângulo com B CA b = 60◦ . Para fins de
ilustração, estes triângulos estão esboçados abaixo:

Pauta de Correção:

• Aplicar corretamente a lei dos cossenos. [0,25]

• Determinar os dois valores para a medida do lado AB. [0,50]

• Determinar as medidas dos ângulos no caso AB = 1. [0,25]

• Determinar as medidas dos ângulos no caso AB = 2. [0,25]


SOLUÇÃO ALTERNATIVA


Sejam BC = 3 e a reta r formando um ângulo de 30◦ com BC. A perpendicular ao segmento BC, traçada de C, intersecta
r em um ponto, denotado por A.
√ √
3 BC 3
No triângulo retângulo ABC, tem-se que cos 30◦ = = = , donde BA = 2.
√ 2 2 BA BA
2 2
Usando o teorema de Pitágoras, ( 3) + (AC) = 2 , e daı́ AC = 1. Assim obtemos um triângulo retângulo ABC, com
BA = 2, AC = 1 e B AC b = 60◦ .

Seja A0 o ponto médio de BA, logo BA0 = A0 A = 1. Traçando a mediana CA0 obtém-se o triângulo A0 AC isósceles com
A0 AC
b = 60◦ , logo um triângulo equilátero. Concluimos daı́ que A0 C = 1.
Consequentemente, o triângulo A0 BC é o outro triângulo pedido, com B Ac0 C = 120◦ .

Pauta de Correção :

• Traçar a perpendicular CA e concluir que AB = 2. [0,25]

• Determinar as medidas dos lados e ângulos do triângulo ABC. [0,25]

• Traçar a mediana relativa à hipotenusa AB e mostrar que o triângulo A0 AC é equilátero. [0,50]

• Encontrar as medidas dos lados e ângulos do triângulo A0 BC. [0,25]


Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Sejam a, b e c números reais com a 6= 0. Considere a função f : R → R definida pela expressão f (x) = ax2 + bx + c.

(a) Escreva a expressão de f na forma f (x) = a(x − m)2 + k.

(b) Utilizando o item anterior, prove que, se b2 − 4ac > 0, as raı́zes da equação ax2 + bx + c = 0, são dadas por
√ √
−b + b2 − 4ac −b − b2 − 4ac
r1 = e r2 = .
2a 2a

Solução

(a) Podemos fatorar a expressão de f como abaixo:

 
b c
f (x) = ax2 + bx + c = a x2 + x +
a a
b2 b2
 
b c
= a x2 + 2 · ·x+ 2 − 2 +
2a 4a 4a a
" 2 #
b 4ac − b2
= a x+ +
2a 4a2
2
4ac − b2

b
= a x+ + .
2a 4a

(b) Utilizando o item anterior,

ax2 + bx + c = 0 ⇐⇒ f (x) = 0
2
4ac − b2

b
⇐⇒ a x+ =−
2a 4a
 2 2
b b − 4ac
⇐⇒ a x+ =
2a 4a
 2 2
b b − 4ac
⇐⇒ x+ =
2a 4a2
r
b b2 − 4ac
⇐⇒ x+ =±
b2 −4ac>0 2a 4a2

b b − 4ac
2
⇐⇒ x+ =±
2a 2|a|

b − 4ac
2 b
⇐⇒ x=± −
2a 2a

−b ± b2 − 4ac
⇐⇒ x=
2a
Com isso, as raı́zes da equação ax2 + bx + c = 0 são dadas por
√ √
−b + b2 − 4ac −b − b2 − 4ac
r1 = e r2 = .
2a 2a

Pauta de Correção:
(a) • Fazer corretamente o completamento de quadrados. [0,5]
• Concluir corretamente as expressões para m e k. [0,25]
(b) • Observar que a expressão dentro da raiz é positiva. [0,25]
• Chegar corretamente à expressão final. [0,25]
Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Considere as sequências pn e qn definidas recursivamente por p1 = q1 = 1,

pn+1 = p2n + 2qn2 , qn+1 = 2pn qn , para n > 1.

(a) Prove que p2n − 2qn2 = 1, para n > 2.


pn
(b) Use o item (a) para concluir que as frações são irredutı́veis para todo n > 2.
qn

Solução

(a) A afirmação é verdadeira para n = 2. De fato, p2 = p21 +2q12 = 1+2 = 3 e q2 = 2p1 q1 = 2, portanto p22 −2q22 = 32 −23 = 1.
Suponha a afirmação verdadeira até um certo k > 2, isto é, p2k − 2qk2 = 1 (hipótese de indução). Vamos provar que a
afirmação é válida para k + 1.
Considerando a recorrência, temos que

p2k+1 − 2qk+1
2
= (p2k + 2qk2 )2 − 2(2pk qk )2 =

= p4k + 4p2k qk2 + 4qk4 − 8p2k qk2 = p4k − 4p2k qk2 + 4qk4 = (p2k − 2qk2 )2

Usando a hipótese de indução, concluı́mos que

p2k+1 − 2qk+1
2
= (p2k − 2qk2 )2 = 1.

Portanto, pelo Princı́pio de Indução Matemática, temos que p2n − 2qn2 = 1, para n > 2.

(b) Seja d o máximo divisor comum entre pn e qn . Como d | pn e d | qn , então d | p2n − 2qn2 . Usando o item (a) obtemos que
d | 1, o que nos mostra que d = 1.

Pauta de Correção:

(a) • Provar a afirmação para n = 2. [0,25]


• Supor a afirmação válida para n = k e provar para n = k + 1. [0,5]

(b) • Provar que (pn , qn ) = 1. [0,5]


Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)= 0,75 ]

Uma técnica simples para calcular o quadrado de um número natural N , representado no sistema decimal, cujo
algarismo das unidades é igual a 5 é a seguinte:

(i) O algarismo das dezenas de N 2 será 2 e o das unidades será 5, ou seja, N 2 “termina”em 25.

(ii) Para determinar os algarismos antecedentes a 25 em N 2 , considere o número a obtido pela retirada do algarismo
5 (algarismo das unidades) do número N que se quer elevar ao quadrado e multiplique pelo seu sucessor a + 1.
Assim, os algarismos do número a × (a + 1) serão os algarismos que antecedem o 25.

Por exemplo: 352 = 1225, pois 3 × 4 = 12; 1952 = 38025, pois 19 × 20 = 380.

(a) Use a técnica acima para calcular 7052 e 99952 .

(b) Prove a validade desse resultado.

Solução

(a) Tem-se que 7052 = 497025, pois 70 × 71 = 4970 e 99952 = 99900025, pois 999 × 1000 = 999000.

(b) Considere um número N , representado no sistema decimal, cujo algarismo das unidades é 5:

N = an · 10n + an−1 · 10n−1 + · · · + a1 · 10 + 5

Tem-se que
N = (an · 10n−1 + an−1 · 10n−2 + · · · + a1 ) ·10 + 5 = 10a + 5
| {z }
a

onde a é o número formado por todos os algarismos, exceto o algarismo 5. Segue daı́ que

N 2 = (10a + 5)2 = (10a)2 + 2 × 10a × 5 + 52 = 100a2 + 100a + 25 = a × (a + 1) × 100 + 25

Portanto, N 2 é o número terminado em 25 e os demais algarismos são obtidos pela multiplicação a × (a + 1).

Pauta de Correção:

(a) • Calcular 7052 , usando a técnica. [0,25]


• Calcular 99952 , usando a técnica. [0,25]

(b) • Escrever N = a · 10 + 5. [0,25]


• Calcular N 2 e concluir o resultado. [0,5]
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Um cubo de aresta de medida 3 é intersectado por um plano, determinando o triângulo DP Q, como mostra a figura
a seguir:

Sabe-se que AP = AQ = 2.

(a) Calcule a área do triângulo DP Q.

(b) Determine a distância do vértice A do cubo ao plano que contém o triângulo DP Q.

Solução

(a) Como AP = AQ = 2 e como P AQ é um triângulo retângulo, temos


2 2 2
P Q = AP + AQ = 22 + 22 = 8,
√ √
logo P Q = 8 = 2 2.

Como os triângulos DAQ e DAP são congruentes (caso LAL), tem-se DP = DQ, logo o triângulo DP Q é isósceles de
vértice D. Tomando o ponto médio M do lado P Q deste triângulo, tem-se então que DM é a altura de DP Q relativa
a P Q.

Como o triângulo AP Q é isósceles de vértice A, temos também que AM é altura de AP Q, logo AM̂ P = 90◦ . Com isso,

AM · P Q = AP · AQ,

logo

AM · 2 2 = 2 · 2,
e, com isso,

AM = 2.

O triângulo DAM é retângulo, logo


2 2 2 √
DM = DA + AM = 32 + ( 2)2 = 11.

Com isso, DM = 11 e
1 1 √ √ √
Área(DP Q) = · P Q · DM = · 2 2 · 11 = 22.
2 2
(b) Sendo d a distância do vértice A ao plano que contém o triângulo DP Q, o volume V do tetraedro DP QA pode ser
calculado de duas formas:
1
· Área(DP Q) · d,
V =
3
1
V = · Área(AP Q) · DA
3
(na primeira, tomamos DP Q como base e, na segunda, AP Q).

Com isso,
Área(DP Q) · d = Área(AP Q) · DA.

Como Área(DP Q) = 22 e
1 1
Área(AP Q) = · AP · AQ = · 2 · 2 = 2,
2 2
temos

22 · d = 2 · 3,

logo
6
d= √ .
22

Pauta de Correção:

Item (a):

• Considerar o ponto M . [0,25]



• Calcular DM = 11. [0,25]

• Obter o valor correto para a área de P DQ. [0,25]

Item (b):

• Calcular o volume do tetraedro DP QA. [0,25]

• Utilizar o volume calculado para obter a distância procurada. [0,25]

Solução Alternativa do Item (b):


O segmento d é a altura do triângulo retângulo DAM . Os catetos medem DA = 3, AM = 2, e a hipotenusa mede

DM = 11. Calculando a área de duas formas diferentes, obtemos a relação:

DM · d = DA · AM ,

√ √ 3 22 6
chegamos a 11d = 3 2, o que nos leva a d = = √ .
11 22

Pauta de Correção da Solução Alternativa do Item (b):

• Identificar d como a altura do triângulo retângulo ADM . [0,25]

• Utilizar qualquer relação métrica para calcular d. [0,25]


Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Sejam a, b números inteiros e p um número primo. Prove que:

(a) se p | ap − bp , então p | a − b.

(b) se p | ap − bp , então p2 | ap − bp .

Solução

(a) Suponha que p | ap − bp . Como p é primo, pelo Pequeno Teorema de Fermat, temos que p | ap − a e p | bp − b, logo
p | ap − bp − (a − b). Agora, como p | ap − bp , concluı́mos que p | a − b.

(b) Suponha que p | ap − bp . Segue que, usando o item (a), p | a − b, ou equivalentemente, a ≡ b mod p. Então temos que
an ≡ bn mod p, para todo n natural.
Daı́,
ap−1 + ap−2 b + · · · + abp−2 + bp−1 ≡ bp−1 + bp−2 b + · · · + bbp−2 + bp−1 ≡ pbp−1 ≡ 0 mod p

Como ap −bp = (a−b)(ap−1 +ap−2 b+· · ·+abp−2 +bp−1 ) e os dois fatores são divisı́veis por p, concluı́mos que p2 | ap −bp .

Pauta de Correção:

Item (a)

• Usar o Pequeno Teorema de Fermat. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]

Item (b)

• Decompor ap − bp e usar o item (a) para concluir que p divide um dos fatores. [0,25]

• Provar que p divide o outro fator. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]


Questão 07 [ 1,25 ]

Resolva a equação de recorrência Fn+2 − Fn+1 − Fn = 0 (n > 0), F0 = 0, F1 = 1.

Solução

A equação caracterı́stica associada a Fn é r2 − r − 1 = 0 cujas raı́zes são dadas por


√ √
1+ 5 1− 5
r1 = e r2 = .
2 2
Então,  √ n  √ n
1+ 5 1− 5
Fn = C1 + C2 .
2 2
Para determinar C1 e C2 usamos F0 = 0 e F1 = 1.

Para n = 0 e n = 1 obtemos o sistema 


 F 0 = C1 + C2 = 0
 √   √ 
 F1 = C1 1+2 5 + C2 1−2 5 = 1

1 1
Resolvendo o sistema, encontramos C1 = √ , C2 = − √ e assim:
5 5

 √ n  √ n
1 1+ 5 1 1− 5
Fn = √ −√ .
5 2 5 2

Pauta de Correção:

• Escrever a equação caracterı́stica. [0,25]

• Achar as raı́zes da equação caracterı́stica. [0,25]

• Escrever a fórmula explı́cita Fn = C1 r1n + C2 r2n . [0,25]

• Atribuir dois valores para n e montar um sistema. [0,25]

• Resolver o sistema. [0,25]


Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]


Considere a função real definida por f (x) = 3 sen(x) + cos(x).

(a) Determine α ∈ [0, 2π] para que f possa ser escrita na forma f (x) = 2 sen(x + α).

(b) Resolva, em R, a equação 3 sen(x) + cos(x) = 2.

Solução

(a) Desenvolvendo a expressão 2 sen(x + α), temos

2 sen(x + α) = 2 [sen(x) cos(α) + sen(α) cos(x)]


= 2 cos(α) sen(x) + 2 sen(α) cos(x).

Assim, para que 2 sen(x + α) seja igual a f (x) = 3 sen(x) + cos(x), é necessário e suficiente que

2 cos(α) = 3 e 2 sen(α) = 1,

ou, equivalentemente, √
3 1
cos(α) = e sen(α) = .
2 2
π
Esta igualdade é satisfeita, para α ∈ [0, 2π], tomando-se α = .
6
(b) Pelo item (a),
√  π
3 sen(x) + cos(x) = 2 ⇐⇒ 2 sen x + =2
6
 π
⇐⇒ sen x + =1
6
π π
⇐⇒ x + = + 2kπ, k ∈ Z
6 2
π π
⇐⇒ x = − + + 2kπ, k ∈ Z
6 2
π
⇐⇒ x = + 2kπ, k ∈ Z
3

Pauta de Correção:

(a) • Usar a fórmula do seno da soma de arcos. [0, 25]


• Concluir que α = π/6. [0, 25]

(b) • Usar o item (a) e reescrever a equação. [0, 25]


• Chegar à solução da equação. [0, 5]

Solução Alternativa para o Item (b):


Podemos reescrever a equação na forma 3 sen(x) = 2 − cos(x).

Elevando os dois lados ao quadrado temos que 3 sen2 (x) = (2 − cos(x))2 , ou seja, 3 sen2 (x) = 4 − 4 cos(x) + cos2 (x). Pela
relação fundamental cos2 (x) + sen2 (x) = 1, segue que 3(1 − cos2 (x)) = 4 − 4 cos(x) + cos2 (x).

Assim temos a equação 4 cos2 (x) − 4 cos(x) + 1 = 0. Fazendo cos(x) = t obtemos a equação do segundo grau 4t2 − 4t + 1 = 0,
1
cuja solução é t = .
2
1 π π
Logo temos que resolver a equação cos(x) = que tem como soluções x = + 2kπ e x = − + 2kπ, com k ∈ Z.
2 3 3
π π
Como as funções seno e cosseno são 2π-periódicas, podemos testar apenas x = e x = − na equação original.
3 3
π  π √ √
1 π 3  π 3
Sabemos que cos = cos − = , sen = e sen − =− .
3 3 2 3 2 3 2
√ π π
Substituindo na equação 3 sen(x) = 2 − cos(x) vemos que x = é solução e que x = − não é solução.
3 3
π
Portanto as soluções em R são dadas por x = + 2kπ, com k ∈ Z.
3

Pauta de Correção da Solução Alternativa para o Item (b):

• Encontrar a equação em cos(x) e fazer a substituição t = cos(x). [0,25]

• Resolver a equação em t e encontrar os possı́veis valores de x. [0,25]

• Concluir quais são as soluções corretas da equação. [0,25]


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2018.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Isótopos radioativos de um elemento quı́mico estão sujeitos a um processo de decaimento radioativo. Com o passar
do tempo, uma amostra de tais isótopos vai se desintegrando, isto é, emitindo radiação e se transformando em uma
amostra de átomos mais estáveis.
Sabe-se que este decaimento é de tipo exponencial, isto é, denotando por m(t) a massa de um determinado isótopo
radioativo no instante t, tem-se
m(t) = m0 · bt ,

para algum 0 < b < 1, sendo m0 > 0 a massa inicial. A meia vida deste isótopo, denotada T , é o tempo necessário
para que a massa m se reduza à metade de seu valor inicial.

(a) Determine b em função de T .

(b) Determine, em função de T , o tempo necessário para que m se reduza a um terço de seu valor inicial.

Solução

(a) Considere t0 o tempo inicial, isto é, m(t0 ) = m0 . Segue que m0 · bt0 = m0 , logo t0 = 0.
Se T é o tempo necessário para que caia à metade a massa m de uma amostra de isótopos radioativos, a partir do
instante t0 = 0, temos
m0
m(T ) = ,
2
logo,
m0
m0 · bT = ;
2
com isso,
1
bT = .
2
Assim,
 1
1 T
b= .
2

1
Uma outra forma de escrever a última relação acima é b = 2− T .

(b) Seja t o tempo necessário para que a massa de uma amostra decaia a um terço. Temos que
m0
m(t) = ,
3
logo,
m0
m0 · bt = ;
3
portanto,
1
bt =
3
e, com isso,  1
t 1
2− T = .
3
Assim,
t
2− T = 3−1

ou, ainda,
t
2 T = 3.

Finalmente,
t
= log2 3,
T
de sorte que
t = T · log2 3.

Assim, o tempo necessário para que a massa de uma amostra decaia a um terço é T · log2 3.

Pauta de Correção:

(a) • Escrever a equação m(T ) = m20 . [0,25]


1 1
• Obter b = 12 T ou b = 2− T . [0,25]

(b) • Escrever a equação m(t) = m30 . [0,25]


 t
t 1 T 1
• Obter 2 T = 3 ou = . [0,25]
2 3
• Obter t = T · log2 3, ou algum valor equivalente. [0,25]

Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,75; (c)=0,25 ]

O objetivo deste problema é encontrar o número natural x, menor do que 1700 e que deixe restos 2, 2, 1 e 0 quando
dividido por 5, 6, 7 e 11, respectivamente. Para tanto, faça os itens a seguir:

(a) Escreva um sistema de congruências que tenha x como uma solução.

(b) Determine a solução geral do sistema do item (a).

(c) A partir da solução geral do sistema, calcule o valor de x.

Solução

(a) Temos que 0 < x < 1700 é uma solução do seguinte sistema de congruências:

 X ≡ 2 (mod 5)



 X ≡ 2 (mod 6)


 X ≡ 1 (mod 7)

X ≡ 0 (mod 11)

(b) Como 5, 6, 7, 11 são coprimos dois a dois, usaremos o Teorema Chinês dos Restos para determinar a solução geral do
sistema.
Tomamos M = 5 · 6 · 7 · 11 = 2310, M1 = 6 · 7 · 11 = 462, M2 = 5 · 7 · 11 = 385, M3 = 5 · 6 · 11 = 330 e M4 = 5 · 6 · 7 = 210.
Continuando, pondo m1 = 5, m2 = 6, m3 = 7, m4 = 11, c1 = 2, c2 = 2, c3 = 1 e c4 = 0, temos que a solução geral do
sistema é dada por
X ≡ M1 y1 c1 + M2 y2 c2 + M3 y3 c3 + M4 y4 c4 (mod M ),

onde cada yi é solução de Mi · y ≡ 1 (mod mi ), i = 1, 2, 3, 4.


Como c4 = 0 precisaremos determinar apenas y1 , y2 e y3 onde
 
 6 · 7 · 11y1 ≡ 1 (mod 5)  2y1 ≡ 1 (mod 5)

 

5 · 7 · 11y2 ≡ 1 (mod 6) ⇐⇒ y2 ≡ 1 (mod 6)
 
 5 · 6 · 11y ≡

1 (mod 7)  y ≡

1 (mod 7)
3 3

Portanto, y1 = 3, y2 = y3 = 1 e, assim,

X ≡ 462 · 3 · 2 + 385 · 1 · 2 + 330 · 1 · 1 ≡ 3872 (mod 2310).

(c) Temos que X= 3872 +2310 t, com t ∈ Z. Como 0 < x < 1700, obtemos x = 3872 − 2310 = 1562 como única solução.

Pauta de Correção:

(a) Escrever o sistema. [0,25]

(b) Determinar a solução geral. [0,75]

(c) A partir da solução geral, obter o valor de x. [0,25]


Questão 03 [ 1,25 ]

Dadas duas retas reversas r e s no espaço, definimos o ângulo entre r e s como o sendo o menor ângulo entre r e
s0 , onde s0 é qualquer reta paralela a s e concorrente com r. Pode-se provar que este ângulo não depende da reta s0
escolhida. Na figura abaixo, as retas reversas r e s são suporte, respectivamente, de uma diagonal do cubo e de uma
diagonal de uma de suas faces.

Calcule, de acordo com a definição acima, o cosseno do ângulo entre r e s.

Solução
De acordo com a definição relembrada no enunciado, precisamos determinar o ângulo entre r e s0 , com s0 paralela a s e
concorrente com r. Ainda de acordo com o enunciado, pode-se escolher qualquer reta s0 com tais propriedades. Vamos, então,
tomar s0 como sendo a paralela a s que concorre com r em um dos vértices do cubo, que chamaremos de A, conforme a figura
abaixo.

Note que s0 é perpendicular a AP , pois está contida no plano da face da base do cubo, que é perpendicular à aresta vertical
AP . Além disso, como s é paralela à diagonal BD da face ABCD do cubo, s0 também é paralela a BD; por fim, como BD é
perpendicular a AC, s0 é também perpendicular a AC.

Assim, como s0 é perpendicular a (ACP ), que é o mesmo plano (ACR), que por sua vez contém r. Logo, s0 é perpendicular a
r e, com isso, o cosseno do ângulo do ângulo entre as retas é 0.

Pauta de Correção:

• Considerar a reta s0 , ou alguma outra paralela a s concorrente com r, ou ainda alguma reta paralela a r e concorrente
com s. [0,25]

• Concluir corretamente que s0 é perpendicular a AC. [0,25]

• Concluir corretamente que s0 é perpendicular ao plano (ACR). [0,25]

• Concluir que s0 é perpendicular a r. [0,25]

• Calcular o cosseno. [0,25]


Solução Alternativa
Temos que s é perpendicular a P R, pois as diagonais de uma face do cubo são perpendiculares. Além disso, s está contida no
plano da face P QRS e AP é perpendicular a esta face, logo s é perpendicular a AP . Com isso, s é perpendicular ao plano
que contém o quadrilátero ACRP . Então, s é ortogonal a toda reta em ACRP , logo, ortogonal a r. Assim, sendo E o ponto
em que s intersecta ACRP e r0 a paralela a r passando por E, temos que s e r0 formam um ângulo de 90◦ uma com a outra.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Mostrou que s é ortogonal é AP . [0,25]


• Mostrou que s é ortogonal é ACRP . [0,25]
• Mostrou que s é ortogonal a r. [0,25]
• Considerou a reta r0 e mostrou que o ângulo entre s e r0 é de 90◦ . [0,25]
• Calcular o cosseno. [0,25]

Solução Alternativa (por Lei dos Cossenos)


Denotamos por a a aresta do cubo. Prolongando a aresta CB do cubo, obtemos o ponto E na interseção deste prolongamento
com s0 . Vamos calcular cos θ, onde θ é a medida do ângulo RÂE.
Pelo caso LLL, os triângulos SP Q e DAB da figura abaixo são congruentes. Além disso, como s0 é paralela a BD, e AD é

paralelo a EB, o quadrilátero AEBD será um paralelogramo. Com isso, BE = AD = a e AE = BD = a 2.

Temos ainda, pelo Teorema de Pitágoras, que


2 2 2
RE = RC + CE = a2 + (2a)2 ,

logo RE = a 5.

√ √ √
O triângulo RAE tem, então, lados de medidas AR = a 3, AE = a 2 e RE = a 5.

Pela Lei dos Cossenos,


2 2 2
RE = AE + AR − 2 · AE · AR · cos θ,
logo
√ √
5a2 = 2a2 + 3a2 − 2 · a 2 · a 3 · cos θ,
e, então
√ √
0 = −2 · a 2 · a 3 · cos θ.
Com isso, cos θ = 0 (e, portanto, o ângulo entre r e s0 mede 90◦ ).

Pauta de Correção da Solução Alternativa (Lei dos Cossenos):

• Considerar a reta s0 . [0,25]


• Obter o ponto E, interseção de s0 com o prolongamento de BC. [0,25]

• Obter RE = a 5. [0,25]
• Aplicar corretamente a Lei dos Cossenos. [0,25]
• Calcular o cosseno. [0,25]
Solução Alternativa (pelo Teorema das Três Perpendiculares)
Na figura que aparece na solução anterior, considerando α o plano que contém a face ABCD, temos RC⊥α. Temos BD k s, e
s k s0 , logo BD k s0 . Por fim, como AC⊥BD (pois ambos os segmentos são diagonais da face quadrada ABCD), temos então
AC⊥s0 .

Como RC⊥α, AC ⊂ α, s0 ⊂ α e AC⊥s0 , pelo Teorema das Três Perpendiculares, temos AR⊥s0 , logo r⊥s0 . Com isso, o ângulo
entre r e s é reto e, portanto, o cosseno do ângulo entre r e r é 0.

Pauta de Correção da Solução Alternativa (Teorema das Três Perpendiculares):

• Considerar a reta s0 , ou alguma outra paralela a s concorrente com r, ou ainda alguma reta paralela a r e concorrente
com s. [0, 25]

• Concluir corretamente que s0 é perpendicular a AC. [0, 25]

• Concluir corretamente que RC é perpendicular ao plano α, da face ABCD. [0, 25]

• Utilizar o Teorema das Três Perpendiculares e concluir que s0 é perpendicular a r. [0, 25]

• Calcular o cosseno. [0, 25]

Questão 04 [ 1,25 ]

Sejam (an ) uma progressão aritmética e (bn ) a sequência definida por bn = a2n+1 − a2n , para todo n > 1. Mostre que
(bn ) é uma progressão aritmética e calcule o primeiro termo e a razão de (bn ) em função do primeiro termo e da
razão de (an ).

Solução
Sejam a o primeiro termo e r a razão da progressão aritmética (an ).

Então ak = a + (k − 1)r, para todo k > 1.

Além disso, para n > 1, temos que

bn = a2n+1 − a2n = [a + nr]2 − [a + (n − 1)r]2 = a2 + 2anr + (nr)2 − a2 + 2a(n − 1)r + (n − 1)2 r2 =


 

a2 + 2anr + n2 r2 − a2 − 2anr + 2ar − n2 r2 + 2nr2 − r2 = 2ar + 2nr2 − r2 =

2ar + r2 + (n − 1)(2r2 ).

Logo (bn ) é uma progressão aritmética com primeiro termo 2ar + r2 e razão 2r2 .

De fato, b1 = 2ar + r2 + (1 − 1)(2r2 ) = 2ar + r2 e, para k > 1, temos que

bk+1 − bk = 2ar + r2 + (k + 1 − 1)(2r2 ) − 2ar + r2 + (k − 1)(2r2 ) = 2r2 e


 

assim está provado o resultado.

Pauta de Correção:

• Determinar a expressão de (bn ). [0,25]

• Verificar que (bn ) é uma progressão aritmética. [0,5]

• Determinar o primeiro termo de (bn ). [0,25]

• Determinar a razão da progressão aritmética (bn ). [0,25]


Solução Alternativa
Sejam a o primeiro termo e r a razão da progressão aritmética (an ).
Calculando a diferença de dois termos consecutivos da sequência (bn ) temos

bn+1 − bn = a2n+2 − a2n+1 − (a2n+1 − a2n ),

onde an+2 = an+1 + r e an+1 = an + r. Logo,

bn+1 − bn = (an+1 + r)2 − a2n+1 − [(an + r)2 − a2n ]

Fazendo as simplificações, obtemos

bn+1 − bn = 2an+1 r − 2an r = 2r(an+1 − an ) = 2r2 .

Portanto, (bn ) é uma progressão aritmética de razão 2r2 .


Temos que b1 = a22 − a21 = (a1 + r)2 − a21 = 2a1 r + r2 = 2ar + r2 .
Portanto, o primeiro termo de (bn ) é igual a 2ar + r2 .

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Considerar a diferença bn+1 − bn . [0,25]

• Verificar que (bn ) é uma progressão aritmética. [0,5]

• Determinar o primeiro termo de (bn ). [0,25]

• Determinar a razão de (bn ). [0,25]

Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Qual a probabilidade de duas pessoas escolhidas ao acaso terem nascido no mesmo dia da semana?

(b) Em um grupo de r pessoas (2 6 r 6 7), qual a probabilidade de haver pelo menos duas delas que tenham
nascido no mesmo dia da semana?

Observação: Suponha que a probabilidade de uma pessoa nascer em determinado dia da semana seja igual a 1/7.

Solução

(a) Escolhidas duas pessoas, o número de pares possı́veis dos dias da semana é igual 7 × 7 = 49. O número de casos
favoráveis, são os pares em que os dias de nascimento da semana são os mesmos, ou seja, igual a 7. Logo a probabilidade
7 1
pedida é igual a = .
49 7

Solução alternativa I
O número de pares possı́veis em que duas pessoas nasceram em dias distintos da semana é igual a 7 × 6 = 42. Temos
42 1
então que a probabilidade pedida é p = 1 − = .
49 7

Solução alternativa II
1
Escolhida uma pessoa, a probabilidade da outra ter nascido no mesmo dia da semana da primeira é p = .
7

(b) O número de casos possı́veis para r pessoas é igual a 7r . O número de casos em que nenhuma das r pessoas nasceu no
mesmo dia da semana, isto é, o número de casos desfavoráveis, é igual a 7 × 6 × · · · × [7 − (r − 1)]. Logo a probabilidade
pedida é

7 × 6 × · · · × (7 − (r − 1))
p=1− .
7r
Pauta de Correção:

(a) • Determinar o cardinal do Espaço Amostral. [0,25]


• Determinar a probabilidade. [0,25]

(b) • Determinar o cardinal do Espaço Amostral. [0,25]


• Determinar a probabilidade. [0,5]

Questão 06 [ 1,25 ]

Para cada n > 0 inteiro considere o número C(n) obtido pela concatenação das potências de 2, com expoentes de 0
até n, conforme exemplificado na tabela abaixo:

n 0 1 2 3 4 5 ···
C(n) 1 12 124 1248 124816 12481632 ···

Mostre, por indução, que C(n) é divisı́vel por 2n para todo n > 0.

Solução
Observemos primeiramente que
C(1) = 12 = 10 + 2, C(2) = 124 = 12 · 10 + 4, C(3) = 1248 = 124 · 10 + 8, C(4) = 124816 = 1248 · 102 + 16, C(5) =
124816 · 102 + 32, C(6) = 12481632 · 102 + 64, C(7) = 1248163264 · 103 + 128, . . ..
De um modo geral,
C(n + 1) = C(n) · 10s + 2n+1 ,

onde s > 1 é o número de algarismos da expansão decimal de 2n+1 .


Agora, por indução sobre n, para n = 0 temos que 20 | C(0).
Suponha que 2n divide C(n), para um certo n > 0.
Temos que C(n + 1) = C(n) · 10s + 2n+1 , onde s > 1.
Como 2n divide C(n) e 2 divide 10s , concluimos que 2n+1 divide C(n) · 10s , logo 2n+1 divide C(n + 1).
Portanto, C(n) é divisı́vel por 2n para todo n > 0.

Pauta de Correção:

• Verificar que C(n) é divisı́vel por 2n para n = 0. [0,25]

• Escrever C(n + 1) = C(n) · 10s + 2n+1 . [0,25]

• Concluir que 2n+1 divide C(n) · 10s . [0,5]

• Concluir a prova. [0,25]

Questão 07 [ 1,25 ]

Seja ABC um triângulo. Se P é o pé da bissetriz interna relativa ao lado BC, prove o Teorema da Bissetriz
Interna, isto é, que

BP BA
= .
PC AC
Solução

←→ ←→
Trace, pelo ponto B, a paralela à reta AP e marque seu ponto de interseção B 0 com a reta AC.
←→ ←−→
Como AP é paralela à reta B 0 B e AP é bissetriz do ∠BAC obtemos
∠ABB 0 = ∠BAP e∠BB 0 A = ∠P AC; como ∠BAP = ∠P AC, segue que ∠BB 0 A = ∠ABB 0 .
Portanto, o triângulo B 0 AB é isósceles de base B 0 B, e assim AB = AB 0 .
←→ ←−→
Aplicando o teorema de Tales às paralelas AP e B 0 B obtemos

BP AB 0 AB
= =
PC AC AC

Pauta de Correção:
←→
• Traçar a paralela a AP e mostrar a igualdade ∠BB 0 A = ∠ABB 0 . [0,5]
• Concluir que AB = AB 0 . [0,25]
• Aplicar o teorema de Tales. [0,25]
• Concluir o resultado. [0,25]

Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

(a) Escreva cos(3x) em termos de cos(x).


r
(b) Mostre que, se um número racional irredutı́vel (r e s inteiros não nulos primos entre si) é raiz de um polinômio
s
P (X) = an X n + an−1 X n−1 + · · · + a1 X + a0 de coeficientes inteiros, então s divide an e r divide a0 .

(c) Use os itens acima para mostrar que cos (20◦ ) é um número irracional.

Solução
(a)

cos(3x) = cos(2x + x)
= cos(2x) · cos x − sen(2x) · senx
= (cos2 x − sen2 x) · cos x − 2 · senx · cos x · senx
= cos3 x − sen2 x · cos x − 2 · sen2 x · cos x
= cos3 x − 3 · sen2 x · cos x
= cos3 x − 3 · (1 − cos2 x) · cos x
= 4 cos3 x − 3 cos x.
r
(b) Suponha r e s como no enunciado, tais que é uma raiz racional irredutı́vel do polinômio P (x) = an xn + an−1 xn−1 +
s
· · · + a1 x + a0 , isto é,

r  r n  r n−1  r 2 r


P = an + an−1 + · · · + a2 + a1 + a0 = 0
s s s s s
Multiplicando a igualdade por sn , temos que

an rn + an−1 rn−1 s + · · · + a2 r2 sn−2 + a1 rsn−1 + a0 sn = 0,

an rn = −(an−1 rn−1 + · · · + a2 r2 sn−3 + a1 rsn−2 + a0 sn−1 )s

a0 sn = −(an rn−1 + an−1 rn−2 s + · · · + a2 rsn−2 + a1 sn−1 )r.

Segue que s|an rn e r|a0 sn e, como, (r, s) = 1 concluı́mos que s|an e r|a0 .

(c) Note que 60o = 3 · 20o .


Por um lado, cos 60o = 1/2; por outro, o item (a) fornece cos 60o = 4 cos3 20o − 3 cos 20o .
Portanto, podemos afirmar que cos 20o satisfaz à equação 4x3 − 3x − 1
2
= 0, e então que é raiz do polinômio com
coeficientes inteiros
P (x) = 8x3 − 6x − 1.

Pelo item (b), as (possı́veis) raı́zes racionais de P devem pertencer ao conjunto {±1, ± 21 , ± 14 , ± 18 }. Calculando as
imagens de cada um desses números, temos

x 1 -1 1/2 -1/2 1/4 -1/4 1/8 -1/8


P (x) 1 -3 -3 1 -19/8 3/8 -111/64 -17/64

Portanto, cos 20o não pode ser um número racional.

Pauta de Correção:

(a) Escrever cos(3x) em função de cos x. [0,25]

(b) • Concluir que s|an rn e r|a0 sn . [0,25]


• Usar o fato (r, s) = 1 e concluir que s|an e r|a0 . [0,25]

(c) • Usar o item (a) para obter cos 20◦ como raiz da polinômio
P (x) = 8x3 − 6x − 1. [0,25]
• Usar o item (b) para concluir que cos 20◦ é um número irracional. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2018.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Sejam a, b, n ∈ Z com n > 0. Mostre que a + b | a2n − b2n .

(b) Para quais valores de a ∈ N ∪ {0} tem-se que a + 2 | a4 + 2 ?

Solução

(a) Temos que a − b | an − bn , para todo n natural, pois


an − bn = (a − b) · (an−1 + an−2 b + · · · + abn−2 + bn−1 ).
Assim a + b = a − (−b) | a2n − (−b)2n = a2n − b2n .

(b) Usando o item (a), temos que a + 2 | a4 − 24 = a4 − 16.


Como a4 + 2 = (a4 − 16) + 18, segue que a + 2 | a4 + 2, se se somente se, a + 2 | 18.
Assim a + 2 = ±1, ±2, ±3, ±6, ±9 ou ±18 , com a ∈ N ∪ {0}, portanto
a = 0, 1, 4, 7 ou 16.

Pauta de Correção:

(a) • Escrever que a − b divide an − bn . [0,25]


• Escrever que a + b = a − (−b) divide a2n − b2n . [0,25]

(b) • Escrever que a4 + 2 = (a4 − 16) + 18. [0,25]


• Concluir que a + 2 deve dividir 18. [0,25]
• Determinar todos os valores de a. [0,25]

Solução Alternativa para o Item (a)


Vamos provar por indução em n.
Para n = 1, temos a2 − b2 = (a + b)(a − b), logo (a + b) | a2 − b2 .
Suponha que o resultado é válido para n = k, isto é, a2k − b2k = (a + b) · q. E considere

a2(k+1) − b2(k+1) = a2k · a2 − b2k · b2

Somando e subtraindo a2k · b2 e, em seguida, usando a hipótese de indução, temos

a2(k+1) − b2(k+1) = a2k · a2 − a2k · b2 + a2k · b2 − b2k · b2


= a2k · (a2 − b2 ) + (a2k − b2k )b2
= a2k · (a + b) · (a − b) + (a + b) · q · b2
= (a + b) · [a2k · (a − b) + q · b2 ]

Portanto está provado o resultado.

Pauta de Correção da Solução Alternativa do Item (a)


(a) • Provar o caso n = 1. [0,25]
• Provar o caso geral. [0,25]
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Dados três pontos A, B e C não colineares, faça o que se pede tendo em vista que este é um problema de Geometria
Plana.

(a) Descreva os passos de construção necessários para obter, utilizando régua e compasso, as duas retas r e s que
contêm C, tais que r equidista de A e B, e s equidista de A e B.

(b) Justifique a construção anterior, isto é, explique porque os passos de construção descritos no item (a) fornecem
realmente as retas procuradas.

Observação: Considere conhecidas as construções, com régua e compasso, da mediatriz de um segmento e da paralela
a um segmento passando por um ponto dado. Estas construções podem ser utilizadas sem maiores detalhamentos.

Solução

(a) Para obter a reta r que equidista de A e B e contém C:


1. Trace o segmento AB;
2. Trace a mediatriz m do segmento AB;
3. Marque o ponto M de interseção entre AB e m, que é o ponto médio de AB;
←−→
4. Trace a reta CM , que é a reta r procurada.
Quanto à reta s, para obtê-la, basta traçar a reta paralela ao segmento AB e que contém C.

(b) Por construção, C pertence tanto a r quanto a s. Sendo s paralela ao segmento AB, equidista de todos os pontos da
←→
reta AB, em particular dos pontos A e B. Resta então mostrar que r também equidista dos pontos A e B.

Para tanto, consideremos os pontos D e E, pés das perpendiculares baixadas a partir dos pontos A e B, respectivamente,
até a reta r, conforme a figura. Agora podemos construir os triângulos AM D e BM E, que são congruentes, pelo caso
LAAo , já que ADMb e B EM
b são, por construção, ambos retos, AM
cD e B McE são opostos pelo vértice e os lados AM
e BM são congruentes, uma vez que M é ponto médio de AB. Portanto, AD = BE, de modo que r equidista de A e
B, como querı́amos provar.

Pauta de Correção:

(a) • Indicar que uma das retas é a reta s, paralela a AB passando por C. [0,25]
• Descrever corretamente os passos de construção da reta r. [0,25]
←→
(b) • Argumentar que s equidista de A e B porque equidista de todos os pontos da reta AB. [0,25]
• Apresentar um argumento coerente provando que r equidista de A e B. [0,5]

Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Se r, s e t são as raı́zes da equação x3 + ax2 + bx + c = 0, mostre que r + s + t = −a, rs + rt + st = b e rst = −c.

(b) Se r, s e t são as raı́zes da equação x3 − 4x2 + 5x + 6 = 0, calcule o valor de r2 + s2 + t2 .


Solução

(a) Tem-se que x3 +ax2 +bx+c = (x−r)(x−s)(x−t) = x3 −(r+s+t)x2 +(rs+rt+st)x−rst, donde r+s+t = −a, rs+rt+st = b
e rst = −c.

(b) Usando o resultado do item (a), tem-se que r + s + t = 4 e rs + rt + st = 5. Segue que


(r + s + t)2 = 16, r2 + s2 + t2 + 2(rs + rt + st) = 16, portanto r2 + s2 + t2 = 16 − 2 · 5 = 6

Pauta de Correção:

(a) • Escrever o polinômio dado como (x − r)(x − s)(x − t). [0,25]


• Comparar os coeficientes e concluir o resultado. [0,25]

(b) • Aplicar o resultado do item (a) e obter as relações entre as raı́zes. [0,25]
• Calcular o valor de r2 + s2 + t2 . [0,5]

Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere as funções f : [−1, 1] → R e g : R → R definidas pelas expressões abaixo:

√ 1 √ 1
f (t) = −t2 + 3t + e g(x) = 3 sen x + cos(2x).
2 2
(a) Encontre os valores máximo e mı́nimo de f e os valores reais t em que f assume tais valores.

(b) Encontre os valores máximo e mı́nimo de g e todos os valores reais x em que g assume tais valores.

Solução

(a) Como f é uma função quadrática, seu gráfico no intervalo [−1, 1] é um arco de parábola como ilustrado na figura abaixo.

−b
A abscissa do vértice de uma parábola de equação y = a t2 + b t + c, denotada por tv , é dada pela fórmula tv = e é
2a
o valor em que a função atinge seu valor máximo ou mı́nimo. No caso da função f , como a parábola tem a concavidade
voltada para baixo (já que o coeficiente
√ do termo
√ quadrático é negativo), tv representa o valor no qual essa função atinge
3 3
seu valor máximo. Como tv = e −1 < < 1, então esse é o valor no qual a função assume seu valor máximo no
2 2 √ 
3 5
intervalo. Para encontrar o valor máximo basta então calcular f (tv ) = f = . Quanto ao valor mı́nimo, este será
2 4
um dos extremos do intervalo fechado [−1, 1], uma vez que f é monótona crescente para t < tv e monótona decrescente
1 √ 1 √
para t > tv . Como f (−1) = − − 3 < − + 3 = f (1), então a função atinge seu valor mı́nimo quando t = −1.
2 2
5 1 √
Resumindo, os valores máximo e mı́nimo da função f são e − − 3, nessa ordem, e os valores de t em que a função
√ 4 2
3
assume esses valores são, respectivamente, e −1.
2
(b) Utilizando a identidade trigonométrica cos(2x) = 1 − 2 sen2 x podemos reescrever a função g como g(x) = −sen2 x +
√ 1 √ 1
3 sen x + . Fazendo sen x = t ficamos com g(t) = −t2 + 3 t + , sendo que −1 < t < 1. Desse modo, temos que
2 2
os valores máximo e mı́nimo de g são os mesmos encontrados no item (a) para a função f . Por outro lado, os valores
de x tais√que g assume seu valor máximo ou mı́nimo são, respectivamente, as soluções das equações trigonométricas
3
sen x = e sen x = −1.
2
5 1 √
Assim, os valores máximo e mı́nimo de g são também e − − 3, nessa ordem, e os valores de x em que a função
4 2
assume esses valores são, respectivamente, os elementos dos conjuntos A e B dados por:
 
π 2π
A = x ∈ R; x = + 2kπ ou x = + 2kπ, com k ∈ Z
3 3
 

B = x ∈ R; x = + 2kπ, com k ∈ Z
2
Pauta de Correção:

(a) • Encontrar o máximo e o mı́nimo de f . [0,25]


• Encontrar os valores t do domı́nio nos quais f assume seus valores máximo e mı́nimo. [0,25]

(b) • Encontrar o máximo e o mı́nimo de g. [0,25]


• Encontrar os valores x do domı́nio nos quais g assume seus valores máximo e mı́nimo. [0,5]

Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere a equação diofantina linear 5x + 3y = 2018.

(a) Escreva a solução geral em Z.

(b) Quantas soluções existem em N ∪ {0}?

Solução

(a) Temos que 5 · (−1) + 3 · (2) = 1, logo 5 · (−2018) + 3 · (4036) = 2018. Fazendo a divisão euclidiana de −2018 por 3,
−2018 = 3 · (−673) + 1. Substituindo na equação acima, obtemos

5 · (−3 · 673 + 1) + 3 · (4036) = 2018

5 · (1) + 3 · (4036 − 5 · 673) = 2018

5 · (1) + 3 · (671) = 2018

Portanto, x0 = 1 e y0 = 671 é a solução minimal e a solução geral em Z é dada por


(
x = 1 + 3t
y = 671 − 5t

onde t ∈ Z.

(b) A solução geral em N ∪ {0} é dada por (


x = 1 + 3t
y = 671 − 5t
onde t ∈ N ∪ {0} e 671 − 5t > 0, logo 0 6 t 6 134.
Portanto, existem 135 soluções em N ∪ {0}.

Pauta de Correção:

(a) • Encontrar uma solução particular. [0, 25]


• Encontrar a solução geral em Z. [0, 25]

(b) • Escrever a solução geral em N ∪ {0}. [0, 5]


• Encontrar o número de soluções em N ∪ {0}. [0, 25]
Solução Alternativa

(a) Temos que


3y = 2018 − 5x = 2016 − 3x + 2 − 2x = 3(672 − x) + 2(1 − x)
2(1 − x)
y = 672 − x +
3
Sendo x, y são inteiros, concluimos que 1 − x = 3t, com t ∈ Z. Daı́, obtemos a solução geral em Z
(
x = 1 − 3t
y = 671 + 5t

onde t ∈ Z.

(b) Queremos soluções inteiras não negativas, logo 1 − 3t > 0 e 671 + 5t > 0.
Portanto, −134 6 t 6 0 e assim temos 135 soluções não negativas.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

(a) • Encontrar a solução geral em Z. [0, 5]

(b) • Escrever a solução geral em N ∪ {0}. [0, 5]


• Encontrar o número de soluções em N ∪ {0}. [0, 25]

Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

O método abaixo pode ser utilizado para para encontrar o número de soluções inteiras não negativas da equação
x1 + x2 + · · · + xr = m, onde r e m são inteiros positivos dados.
Vamos aplicar o método para encontrar o número de soluções inteiras não negativas da equação x1 + x2 + x3 + x4 = 6.
Representamos as soluções como quadras de números inteiros não negativos (x1 , x2 , x3 , x4 ), xi ∈ Z, xi > 0. Uma
estratégia que podemos usar para contar o número de soluções é representar cada uma delas num diagrama de quadras
e ruas, contando todos os caminhos que vão do ponto O até o ponto A, sendo permitido apenas dois movimentos:
subir ou deslocar para a direita. Veja na figura abaixo a representação das soluções (1, 3, 2, 0) e (2, 1, 1, 2).
Note que em qualquer solução temos que subir 6 quadras e fazer 3 deslocamentos para a direita. Isso corresponde
9!
ao número de anagramas da “palavra” SSSSSSDDD. Portanto o número de soluções é igual a = 84.
6!3!

(a) Utilize o método indicado acima para calcular o número de soluções inteiras não negativas da equação x1 +
x2 + · · · + xr = m, onde m e r são inteiros positivos dados.

(b) Um mercado vende 5 tipos de frutas em caixas com 12 frutas, de um só tipo ou sortidas. Quantos tipos de
caixas podem ser montadas?

(c) Se o mercado do item (b) resolver colocar pelo menos uma fruta de cada tipo em uma caixa, quantos tipos de
caixas podem ser montadas?
Solução

(a) O número de soluções corresponde à quantidade de percursos num diagrama de quadras e ruas de O até A, em que
subimos m quadras e nos deslocamos r − 1 vezes para a direita, que é equivalente a contar a quantidade de anagramas
(m + r − 1)!
da palavra S
| .{z
. . S} D
| .{z
. . D} e isso é igual a .
m!(r − 1)!
m r−1

(b) Neste problema precisamos encontrar a quantidade de soluções inteiras não negativas da equação x1 +x2 +x3 +x4 +x5 =
12, onde cada xi indica a quantidade de frutas de cada tipo. Pelo item (a) segue que esta quantidade é igual a
(12 + 5 − 1)! 16!
= = 1820.
12!(5 − 1)! 12!4!
(c) Agora resta escolher 7 frutas para completar a caixa e assim precisamos encontrar a quantidade de soluções inteiras não
(7 + 5 − 1)! 11!
negativas da equação x1 + x2 + x3 + x4 + x5 = 7 que é igual a = = 330.
7!(5 − 1)! 7!4!
Pauta de Correção:

(a) Obter a solução da equação. [0,25]

(b) • Escrever a equação que modela o problema. [0,25]


• Encontrar a solução da equação. [0,25]

(c) • Escrever a equação que modela o problema. [0,25]


• Obter a solução da equação. [0,25]

Questão 07 QstId=1349 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Duas esferas de raios r e R, com r < R, são tangentes interiores, isto é, possuem apenas um ponto em comum e o
centro da esfera de raio r está no interior da esfera de raio R.

(a) Prove que o ponto de interseção das duas esferas é colinear aos centros destas esferas.

(b) Sabe-se que o centro da esfera menor é o ponto médio de uma das arestas de um tetraedro regular inscrito na
esfera maior. Calcule r em função de R.

a 6
Dica: Sendo a a aresta do tetraedro, sabe-se que R = .
4
Solução

(a) Sejam O o centro da esfera de raio R, M o centro da esfera de raio r e P o ponto de interseção entre as esferas.

Supondo, por absurdo, que P , M e O não sejam colineares, temos um triângulo OP M . Tome o ponto Q, projeção de P
sobre a reta OM , e P 0 tal que Q seja o ponto médio de P P 0 . Os triângulos OQP e OQP 0 serão congruentes pelo caso LAL,
e, portanto, OP 0 = OP = R. Os triângulos M QP e M QP 0 também serão congruentes por LAL, logo M P 0 = M P = r.
Com isso, ambos P e P 0 pertencem à interseção entre as duas esferas, contradizendo o fato de serem tangentes interiores.

Solução Alternativa para o item(a):

Sejam O o centro da esfera de raio R, M o centro da esfera de raio r e P o ponto de interseção entre as esferas. O plano
α, tangente em P à esfera de raio R, é perpendicular ao raio OP .

O plano α também é tangente à esfera de raio r em P . De fato, todos os pontos da esfera menor, exceto P , são interiores
à esfera maior, e todos os pontos de α, exceto P , são exteriores à esfera maior. Assim, o único ponto de interseção entre
α e a esfera menor é P .

Com isso, o raio M P da esfera de raio r é perpendicular a α no ponto P , logo é colinear ao raio OP da esfera de raio
R. Com isso, O, M e P são colineares.

(b) Para que as esferas sejam tangentes interiores, o ponto P de interseção entre elas é colinear aos centros O e M destas
esferas, como na figura abaixo.
Logo, r = R − M O.
Sejam A e B as extremidades da aresta que contém o ponto M , centro da esfera menor. Como M é ponto médio de
a
AB, AM = . Considerando o triângulo o AOB, que é isósceles, pois AO = AB = R, o ângulo AM̂ O será reto. Assim,
2
aplicando o Teorema de Pitágoras a AM O, temos
2 2 2
M O + AM = AO ,

logo  a 2
2
MO + = R2 ,
2
e, com isso,
2 a2
M O = R2 − .
4

a 6 4R 16R2 8R2
Como R = , temos a = √ , e, portanto, a2 = = . Com isso,
4 6 6 3
8R2
2 8R2 2R2 R2
M O = R2 − 3
= R2 − = R2 − = ,
4 12 3 3

R R 3
logo M O = √ = .
3 3
Com isso, √ √
R 3 3− 3
r = R − MO = R − = · R.
3 3
Pauta de Correção:
(a) Provar corretamente, por qualquer pauta. [0,5]
(b) • Indicar que há a estratégia de obter r fazendo r = R − M O. [0,25]
• Concluir que o triângulo AM̂ O é reto. [0,25]
• Encontrar r. [0,25]

Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere a recorrência definida por a1 = 1, a2 = 5 e para n > 0,

an+2 = 5an+1 − 6an .

(a) Determine o termo geral da recorrência.

(b) Quantos múltiplos de 7 há no conjunto {an | 1 6 n 6 2018, n ∈ Z}?

Solução
(a) A equação caracterı́stica dessa recorrência é r2 − 5r + 6 = 0, que tem soluções r1 = 2 e r2 = 3. Logo a solução da
recorrência é da forma
an = A · 2n + B · 3n .
De a1 = 1, temos que 2A + 3B = 1 e de a2 = 5 temos que 4A + 9B = 5. Assim, A = −1 e B = 1, o que nos dá

an = 3n − 2n .
(b) Precisamos calcular, para qualquer inteiro n, o resto da divisão de 3n − 2n por 7, isto é, 3n − 2n mod 7 e verificar
quantos valores n geram expressões congruentes a 0.
Pelo Pequeno Teorema de Fermat, 36 ≡ 26 ≡ 1 mod 7, logo, 36 − 26 ≡ 0 mod 7 e além disso, se escrevemos n = 6q + r,
temos que 3n − 2n ≡ 3r − 2r mod 7. Assim, para r = 1, ..., 5 temos

a1 = 31 − 21 ≡ 1 mod 7
2 2
a2 = 3 − 2 ≡ 5 mod 7
3 3
a3 = 3 − 2 ≡ 5 mod 7
4 4
a4 = 3 − 2 ≡ 2 mod 7
a5 = 35 − 25 ≡ 1 mod 7

Com isso podemos afirmar que an é múltiplo de 7 ⇐⇒ n é múltiplo de 6. Como 2018 = 6 · 336 + 2 , concluı́mos que
entre 1 e 2018, há 336 múltiplos de 6, logo no conjunto {a1 , a2 , ..., a2018 } há 336 múltiplos de 7.

Pauta de Correção:

(a) • Exibir a equação caracterı́stica e a forma geral da solução. [0,25]


• Utilizar os termos iniciais para encontrar os coeficientes A e B. [0,25]

(b) • Provar que se n é múltiplo de 6, então an é múltiplo de 7. [0,25]


• Listar os casos a1 , a2 , ..., a5 . [0,25]
• Contar corretamente os múltiplos de 6 entre 1 e 2018. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2019.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Resolva as seguintes recorrências:

(a) an+2 − 5an+1 + 4an = 0, a0 = 1, a1 = 3.

(b) an+2 − 4an+1 + 4an = 2n , a0 = −1, a1 = 6.

Solução

(a) A equação caracterı́stica da recorrência an+2 − 5an+1 + 4an = 0 é dada por r2 − 5r + 4 = 0, cujas raı́zes são r1 = 1 e
r2 = 4. A solução geral é dada por
an = c1 + c2 · 4n

Considerando que a0 = 1 e a1 = 3, obtemos

(
c1 + c2 = 1
c1 + 4c2 = 3
1 2
e resolvendo o sistema, c1 = e c2 = . Portanto,
3 3

1 2
an = + · 4n
3 3
(b) A equação caracterı́stica da recorrência an+2 − 4an+1 + 4an = 2n é dada por r2 − 4r + 4 = 0, cujas raı́zes são r1 = r2 = 2.
A solução geral é dada por an = c1 · 2n + c2 · n · 2n + tn , onde tn é uma solução particular.
Tentaremos uma solução do tipo tn = A · n2 · 2n . Substituindo na recorrência temos que

A · (n + 2)2 · 2n+2 − 4A · (n + 1)2 · 2n+1 + 4A · n2 · 2n = 2n


1 1
Fazendo as contas, obtemos 8A2n = 2n , portanto A = e a solução geral é dada por an = c1 · 2n + c2 · n · 2n + · n2 · 2n .
8 8
Considerando que a0 = −1 e a1 = 6, obtemos

 c1 = −1
 2c1 + 2c2 + 1 = 6
4
31
e daı́, c1 = −1, c2 = . Portanto a solução é dada por
8

31 1
an = −2n + · n · 2n + · n2 · 2n
8 8
Pauta de Correção:

(a) • Escrever a forma da solução geral . [0,25]


• Obter a solução, usando as condições iniciais. [0,25]

(b) • Escrever a forma da solução. [0,25]


• Determinar uma solução particular. [0,25]
• Obter a solução, usando as condições iniciais. [0,25]
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Prove, usando indução, que 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer número natural n.

(b) Prove, usando congruências, que 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer número natural n.

Solução

(a) Para n = 1, temos 113 + 123 = 1331 + 1728 = 3059 = 23 · 133, logo divisı́vel por 133.
Suponha que, para um certo k > 1, tenhamos 11k+2 + 122k+1 divisı́vel por 133.
Vamos provar que 11k+3 + 122k+3 também é divisı́vel por 133.
Temos que
11k+3 + 122k+3 = 11k+2 · 11 + 122k+1 · 122 = 11k+2 · 11 + 122k+1 · (133 + 11).

Logo,
11k+3 + 122k+3 = 11 · (11k+2 + 122k+1 ) + 133 · 122k+1 .

Como, por hipótese de indução, 133 divide 11k+2 + 122k+1 , concluı́mos que 11k+3 + 122k+3 é divisı́vel por 133.
Portanto, 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer n natural.

(b) Basta provar que 11n+2 + 122n+1 ≡ 0 mod 133.


Temos, usando propriedades das congruências, que

11n+2 + 122n+1 = 112 · 11n + 12 · (122 )n ≡ 121 · 11n + 12 · 11n ≡ 133 · 11n ≡ 0 mod 133

Uma alternativa para as contas:

11n+2 = 121 · 11n ≡ −12 · 11n mod 133

122n+1 = 12 · 144n ≡ 12 · 11n mod 133

Somando as duas congruências obtemos

11n+2 + 122n+1 ≡ 0 mod 133

Portanto, 11n+2 + 122n+1 é divisı́vel por 133, para qualquer n natural.

Pauta de Correção:

(a) • Verificar que a afirmação é válida para n = 1. [0,25]


• Concluir a prova por indução. [0,50]

(b) • Indicar que basta provar que 11n+2 + 122n+1 ≡ 0 mod 133. [0,25]
• Concluir a prova. [0,25]

Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Dado um número real x, o piso de x, denotado por bxc, é o único inteiro k tal que k 6 x < k + 1.

(a) Considere a e b, respectivamente, o menor e o maior número natural com n algarismos expressados no sistema
decimal. Forneça expressões algébricas para a e b em função de n.

(b) Mostre que a quantidade de algarismos, no sistema decimal, do número inteiro positivo N é igual a blog N c + 1,
onde log é a função logaritmo decimal.

(c) Mostre que se p é um inteiro positivo, então 2p − 1 tem bp · log 2c + 1 algarismos no sistema decimal.
Solução

(a) O menor número, no sistema decimal, com n algarismos é a = 10n−1 e o maior é b = 10n − 1.

(b) Suponha que N possui n algarismos no sistema decimal. Pelo item (a) segue que 10n−1 6 N 6 10n − 1 < 10n . Como
a função logaritmo decimal é crescente, segue que log 10n−1 6 log N < log 10n , ou seja, n − 1 6 log N < n e assim
blog N c = n − 1. Logo n = blog N c + 1.

(c) Observamos que os únicos números consecutivos que têm quantidades diferentes de algarismos no sistema decimal são
aqueles da forma 10n − 1 e 10n . Como 2p não é uma potência de 10 segue que os números 2p − 1 e 2p têm a mesma
quantidade de algarismos. Logo a quantidade de algarismos de Mp é igual a blog(2p −1)c+1 = blog(2p )c+1 = bp·log 2c+1.

Pauta de Correção:

(a) • Expressar a. [0,25]


• Expressar b. [0,25]

(b) • Utilizar o item (a) e argumentar que a função logaritmo decimal é crescente. [0,25]
• Concluir a demonstração. [0,25]

(c) • Provar o item, utilizando o item (b). [0,25]

Questão 04 [ 1,25 ]

Dados dois segmentos de comprimentos s e q, com s > 2q, indique a construção com régua e compasso, de segmentos
cujos comprimentos sejam iguais às raı́zes da equação do segundo grau x2 − sx + q 2 = 0.

Solução

• Trace uma reta r e marque, sobre a mesma, pontos B e C tais que BC = s.

• Construa um cı́rculo de diâmetro BC.


s
• Trace a reta r0 paralela a reta r distando q dela, a qual intersecta o semicı́rculo superior nos pontos A e D, pois q < .
2
• Temos que o triângulo ABC é retângulo em A.

• Considere H o pé da altura do triângulo ABC relativa ao vértice A, logo AH = q.

• Temos que q 2 = (AH)2 = (BH) · (HC) e BH + HC = s.

Portanto, BH e HC são as raı́zes da equação x2 − sx + q 2 = 0.

Pauta de Correção:
s
• Construir um cı́rculo de raio . [0,25]
2
• Observar que o triângulo ABC é retângulo. [0,25]

• Usar a relação métrica (AH)2 = (BH) · (HC). [0,5]

• Concluir que BH e HC são as raı́zes da equação. [0,25]


Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Sejam A e B conjuntos finitos e não vazios com, respectivamente, a e b elementos.

(a) Qual a relação entre a e b para que exista alguma função bijetiva de A em B ? Nesta condição, quantas funções
bijetivas existem?

(b) Qual a relação entre a e b para que exista alguma função injetiva de A em B ? Nesta condição, quantas funções
injetivas existem?

Solução

(a) Uma função de A em B será bijetiva se for injetiva e sobrejetiva. Pela injetividade, cada elemento de A estará associado
a um elemento diferente de B, e, pela sobrejetividade, todo elemento de B estará associado a algum elemento de A. Isto
resulta em dizer que A e B possuem o mesmo número de elementos, logo a = n(A) = n(B) = b.
Sejam x1 , . . . , xa os elementos de A e y1 , . . . , ya os elementos de B e f : A → B bijetiva. Temos que
• f (x1 ) pode ser qualquer um dos a elementos de B;
• f (x2 ) pode ser qualquer elemento de B, exceto o f (x1 ), resultando em a − 1 possibilidades para f (x2 ).

..
.

• f (xi ) pode ser qualquer elemento de B, exceto f (x1 ), . . . , f (xi−1 ), resultando em a − i − 1 = a − i + 1 possibilidades
para f (xi ).
..
.

• f (xa ) poderá ser apenas o elemento que restar após a escolha de f (x1 ), . . . , f (xa−1 ).
Pelo Princı́pio Multiplicativo, teremos então

a × (a − 1) × (a − 2) × · · · × 1 = a!

funções bijetivas f : A → B possı́veis.

(b) Se uma função de A em B for injetiva, cada elemento de A estará associado a um elemento diferente de B, logo é
necessário que B tenha pelo menos o mesmo número de elementos que A, logo b = n(B) > n(A) = a.
Sejam x1 , . . . , xa os elementos de A e y1 , . . . , yb os elementos de B e f : A → B injetiva. Temos que
• f (x1 ) pode ser qualquer um dos b elementos de B;
• f (x2 ) pode ser qualquer elemento de B, exceto o f (x1 ), resultando em b − 1 possibilidades para f (x2 ).

..
.

• f (xi ) pode ser qualquer elemento de B, exceto f (x1 ), . . . , f (xi−1 ), resultando em b − i − 1 = b − i + 1 possibilidades
para f (xi ).
Fazendo i = a, o número de escolhas para f (xa ) será b − a + 1.
Pelo Princı́pio Multiplicativo, teremos então

b × (b − 1) × (b − 2) × · · · × (b − a + 1) × (b − a) × · · · × 1 b!
b × (b − 1) × (b − 2) × · · · × (b − a + 1) = =
(b − a) × · · · × 1 (b − a)!

funções injetivas f : A → B possı́veis.

Pauta de Correção:

(a) • Afirmar, com justificativa, que a = b. [0,25]


• Mostrar que existem a! funções bijetivas. [0,25]

(b) • Afirmar, com justificativa, que b > a. [0,25]


b!
• Mostrar que existem b × (b − 1) × · · · × (b − a + 1) ou funções injetivas. [0,5]
(b − a)!
Questão 06 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Considere a função polinomial f : R → R, dada por

f (x) = (x2 + 2019x − 1)2 + (2x + 2019)2

(a) Determine constantes k e h tais que a função possa ser reescrita da maneira f (x) = (x2 + kx + 1)2 + h.

(b) Usando a expressão encontrada no item anterior, encontre o menor valor real α, assumido pela função f .

(c) Encontre a média aritmética de todas as raı́zes reais da equação f (x) = α, com α encontrado no item anterior.

Solução

(a) Desenvolvendo a segunda parcela

(2x + 2019)2 = 4x2 + 4 · 2019x + 20192


= 4(x2 + 2019x) + 20192 .

Se denotarmos µ = x2 + 2019x a expressão de f (x) fica

f (x) = (µ − 1)2 + 4µ + 20192


= µ2 − 2µ + 1 + 4µ + 20192
= µ2 + 2µ + 1 + 20192
= (µ + 1)2 + 20192
= (x2 + 2019x + 1)2 + 20192 .

Logo k = 2019 e h = 20192 .


(b) Como o discriminante de g(x) = x2 + 2019x + 1 é ∆ = 20192 − 4 > 0 e o termo quadrático tem coeficiente positivo,
podemos concluir que o menor valor atingido por g é negativo. Logo o valor mı́nimo de g(x)2 é igual a zero. Assim o
menor valor assumido por f (x) = g(x)2 + 20192 é α = 20192 .
(c) As seguintes equações têm as mesmas raı́zes

(x2 + 2019x + 1)2 + 20192 = 20192


(x2 + 2019x + 1)2 = 0
2
x + 2019x + 1 = 0
2019
Logo a média das raı́zes de f (x) = α é igual a − .
2
Pauta de Correção:
(a) • Encontrar o valor de k. [0,25]
• Encontrar o valor de h. [0,25]
(b) • Concluir que o valor mı́nimo de g é negativo e que, portanto, o valor mı́nimo de seu quadrado é zero. [0,25]
• Encontrar o valor mı́nimo de f . [0,25]
(c) • Encontrar a média das raı́zes. [0,25]

Questão 07 [ 1,25 ]

Um recipiente cilı́ndrico de base circular está parcialmente cheio de água. Quando “deitado”, isto é, apoiado sobre
uma de suas geratrizes, o nı́vel da água atinge um quarto do diâmetro d da base do cilindro, conforme figura. Quando
o cilindro é “levantado”, isto é, apoiado sobre uma de suas bases, o nı́vel da água atinge que fração da altura h do
cilindro?

Observação: Considere desprezı́vel a espessura das paredes e das bases do recipiente.


Solução
A figura abaixo representa a base do cilindro, quando este está deitado. O lı́quido corresponde ao segmento circular hachurado,
de área Ss .

r
Chamando de r o raio da base, como o nı́vel do lı́quido é d/4, na figura acima teremos CD = OC = 2
. Com isso, como
r/2
cos(B ÔC) = r
= 12 , temos B ÔC = 60◦ .
Com isso, o arco AB mede 120◦ , logo a área Ss do segmento circular é obtida subtraindo-se, do setor circular de 120◦ , a
área do triângulo AOB. Com isso,
√ 
π r2 π r2 r √

1 π 3
Ss = − · AB · OC = − ·12 · · r 3 = r2 − .
3 2 3 2 3 4
Assim, o volume do lı́quido é dado por √ 
π 2 3
V = h · Ss = h r − .
3 4
Ao levantar o cilindro, o volume do lı́quido é dado por ` · Sb , onde ` é o nı́vel do lı́quido e Sb a área da base. Assim,

V = ` · π r2 .

Com isso, temos  √ 


π 3
h r2 − = ` · π r2 ,
3 4
logo √ 


` r2 π
3
− 4
3
1 3
= = − .
h π r2 3 4π

1 3
Logo, o nı́vel da água, quando o cilindro é levantado, corresponde a 3
− 4π
da altura h do cilindro.

Pauta de Correção:

• Identificar que AÔB = 120◦ . [0,25]


• Calcular a área do segmento circular. [0,25]
• Calculou o volume do lı́quido em função de r e h, quando o cilindro está deitado. [0,25]
• Obter o volume do lı́quido quando o cilindro está em pé, em função do nı́vel ` e de r. [0,25]
• Obter a razão entre o nı́vel ` e h (considerar também se, em vez da razão, o aluno apresentar ` em função de h). [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=1,00; (b)=0,25 ]

(a) Determine o menor número natural c para o qual a equação

5X + 7Y = c

tenha exatamente 4 soluções em N ∪ {0}.

(b) Determine, explicitamente, as 4 soluções obtidas no item (a).

Solução

(a) Considere c, um número natural. Temos que 5 · (3) + 7 · (−2) = 1, logo 5 · (3c) + 7 · (−2c) = c.
Usando a solução particular x0 = 3c e y0 = −2c, escrevemos a solução geral da equação 5X + 7Y = c :

(
x = 3c + 7t
, t ∈ Z.
y = −2c − 5t
−3c −2c
Como procuramos soluções em N ∪ {0} temos que, 3c + 7t > 0 e −2c − 5t > 0. Logo, 6t6 .
7 5
−2c −3c
Como queremos 4 soluções, − > 3, logo c > 105.
5 7
Considerando c = 105, obtemos −45 6 t 6 −42.
Portanto, exatamente 4 soluções correspondentes à t = −45, −44, −43, −42.

(b) Temos a equação 5X + 7Y = 105. Para encontrar as 4 soluções, basta substituir os valores de t na equação geral:
(
x = 315 + 7t
y = −210 − 5t

obtendo (0, 15), (7, 10), (14, 5) e (21, 0).

Pauta de Correção:

(a) • Escrever a solução geral da equação em Z. [0,5]


• Determinar o intervalo para a obtenção de soluções em N ∪ {0}. [0,25]
• Determinar o valor de c. [0,25]

(b) Determinar as 4 soluções. [0,25].

Solução Alternativa

(a) Seja c um número natural tal que a equação 5X + 7Y = c tenha 4 soluções em N ∪ {0} e seja (x0 , y0 ) a solução em
N ∪ {0}, com x0 a menor possı́vel (solução minimal). Então a solução geral dessa equação é dada por
(
x = x0 + 7t
, t ∈ Z.
y = y0 − 5t

Indicando por (x1 , y1 ), (x2 , y2 ), (x3 , y3 ) as outras soluções, com x0 < x1 < x2 < x3 , tem-se que x3 > 21 e daı́

c = 5x3 + 7y3 > 5 · 21 + 7y3 > 105

Tomando c = 105, vamos mostrar que a equação 5X + 7Y = 105 tem exatamente 4 soluções em N ∪ {0}. Nesse caso, a
solução minimal é (0, 15) e a solução geral é dada por
(
x = 7t
y = 15 − 5t,

onde t > 0 e 15 − 5t > 0, isto é, 0 6 t 6 3. Portanto, exatamente 4 soluções.


(b) Temos a equação 5X + 7Y = 105. Para encontrar as 4 soluções não negativas, basta substituir os valores de t = 0, 1, 2, 3
na equação geral obtendo as soluções (0, 15), (7, 10), (14, 5) e (21, 0).

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

(a) • Escrever a solução geral da equação em N ∪ {0}.[0, 5]


• Concluir que c > 105. [0, 25]
• Mostrar que, para c = 105 a equação tem exatamente 4 soluções. [0, 25]

(b) Determinar as 4 soluções. [0,25].


MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2019.2 – Gabarito

[01] QstId=227 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove que, se p é primo e p 6= 3, então p2 deixa resto 1 na divisão por 3.

(b) Sejam p, q, r e n primos positivos tais que n = p2 + q 2 + r2 . Mostre que um dos primos p, q, r é igual a 3.

Solução

(a) Considere p primo, p 6= 3. Pela divisão euclidiana, tem-se que

p = 3s + t, com 0 6 t 6 2.

Como p é primo e p 6= 3, segue que t = 1 ou t = 2 e assim p = 3s + 1 ou p = 3s + 2. Analisando os dois casos,


p2 = (3s + 1)2 = 9s2 + 6s + 1 = 3(3s2 + 2s) + 1
p2 = (3s + 2)2 = 9s2 + 12s + 4 = 3(3s2 + 4s + 1) + 1
Portanto, p2 deixa resto igual a 1 na divisão por 3.

(b) Sejam p, q, r e n primos tais que n = p2 + q 2 + r2 . Suponha, por absurdo, que p, q, r 6= 3. Daı́, usando o item (a),

n = (3s1 + 1) + (3s2 + 1) + (3s3 + 1) = 3(s1 + s2 + s3 + 1)


n = 3.k (combinação, logo não é primo)
Temos uma contradição, pois n > 3 e n é primo.

Pauta de Correção:

(a) • Escrever que p = 3s + 1 ou p = 3s + 2. [0,25]


• Concluir que, nos dois casos, p2 deixa resto 1 na divisão por 3. [0,25]

(b) • Supor, por absurdo, que p, q, r 6= 3. [0,25]


• Usar o item (a) para escrever n. [0,25]
• Concluir a contradição. [0,25]

[02] QstId=1437 [ 1,25 ]

O Teorema do Ângulo Inscrito afirma que se AB e AC são cordas de um cı́rculo de centro O, então a medida do
ângulo inscrito ∠BAC é igual à metade do ângulo central ∠BOC correspondente. Prove esse teorema no caso em
que o ângulo ∠BAC contém o centro O em seu interior.
Solução

Prolongando o raio AO obtemos o diâmetro AD. Os triângulos AOC e AOB são isósceles de bases AC e AB, respectivamente,
logo
OAC
b = OCA
b = α e OAB
b = OBA
b = β.

Como o centro O está no interior do ângulo B AC,


b o diâmetro AD divide em dois cada um dos ângulos B AC
b e B OC,
b ou seja,

B OC
b = C OD
b + B OD
b e B AC
b = B AO
b + C AO.
b

Usando o teorema do ângulo externo aplicado aos triângulos AOC e OBA obtemos C OD
b = 2α e B OD
b = 2β. Concluı́mos
que,
B OC
b = C OD
b + B OD
b = 2α + 2β = 2(α + β) = 2B AC.
b

B OC
b
Portanto, B AC
b = .
2

Pauta de Correção:

• Concluir que os triângulos AOC e AOB são isósceles. [0,25]

• Concluir que os ângulos das bases dos triângulos isósceles são congruentes. [0,25]

• Observar que o diâmetro AD divide em dois cada um dos ângulos B AC


b e B OC.
b [0,25]

• Aplicar o teorema do ângulo externo duas vezes. [0,25]

• Concluir o resultado. [0,25]

[03] QstId=1348 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

Sabendo que u e v são as raı́zes reais da equação x2 + bx + c = 0, onde b, c ∈ R, encontre:

(a) Uma equação do segundo grau, com coeficientes dados em função de b e c, que tenha como raı́zes u2 e v 2 .

(b) Uma equação do segundo grau, com coeficientes dados em função de b e c, que tenha como raı́zes u3 e v 3 .

Solução
Note que se u e v são raı́zes da equação x2 + bx + c = 0, então u + v = −b e uv = c.

(a) Pelas relações acima segue que

u2 + v 2 = (u + v)2 − 2uv = b2 − 2c e u2 v 2 = (uv)2 = c2 .

Logo u2 e v 2 são raı́zes da equação do segundo grau x2 + (2c − b2 )x + c2 = 0.

(b) Agora temos que u3 + v 3 = (u + v)3 − 3uv(u + v) = −b3 − 3c(−b) = −b3 + 3bc e u3 v 3 = (uv)3 = c3 .

Logo u3 e v 3 são raı́zes da equação do segundo grau x2 + (b3 − 3bc)x + c3 = 0.


Pauta de Correção:

(a) • Observar que u + v = −b e u · v = c. [0,25]


• Expressar u2 + v 2 em função de b e de c. [0,25]
• Achar a equação pedida. [0,25]

(b) • Expressar u3 + v 3 em função de b e de c. [0,25]


• Achar a equação pedida. [0,25]

Solução Alternativa

Seja u uma raiz da equação x2 + bx + c = 0.

(a) Como u2 + bu + c = 0 então −bu = u2 + c, logo (−bu)2 = u4 + 2cu2 + c2 . Portanto u4 + (2c − b2 )u2 + c2 = 0. Segue-se
que u2 é raiz da equação x2 + (2c − b)x + c2 = 0.

(b) Tem-se que (−bu)3 = (u2 + c)3 = u6 + 3u2 c(u2 + c) + c3 = u6 − 3bcu3 + c3 Portanto u6 + (b3 − 3bc)u3 + c3 = 0. Segue-se
que u3 é raiz da equação x2 + (b3 − 3bc)x + c3 = 0.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

(a) • Escrever −bu = u2 + c. [0,25]


• Desenvolver e obter b2 u2 = u4 + 2cu2 + c2 . [0,25]
• Achar a equação pedida. [0,25]

(b) • Desenvolver (−bu)3 = u6 + 3cu2 (u2 + c) + c3 = u6 − 3bcu3 + c3 . [0,25]


• Achar a equação pedida. [0,25]

[04] QstId=1420 [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Determine o número de soluções inteiras não negativas da equação x + y + z + t = 98.

(b) Determine o número de soluções inteiras não negativas da inequação x + y + z 6 98.

Solução
(a) Cada solução da equação x + y + z + t = 98 pode ser representada por uma fila de 98 sinais + e 3 sinais | que separam as
incógnitas. Além disso, cada fila desta forma corresponde a uma solução da equação. Por exemplo, + + ...+ | + + ...+ || + + ...+
| {z } | {z } | {z }
29 37 32
corresponde à solução (29, 37, 0, 32).

Para contar a quantidade de tais filas, basta escolher 98 dentre os 98+3=101 lugares para colocar os sinais de +. Isso pode
98 101!
ser feito de C101 maneiras, ou seja, = 166.650 são as soluções da equação x + y + z + t = 98.
98!3!

(b) Em cada solução inteira não negativa de x + y + z 6 98 definimos a folga da solução por t = 98 − (x + y + z). Assim, existe
uma correspondência biunı́voca entre as soluções inteiras não negativas de x + y + z 6 98 e as soluções inteiras não negativas
de x + y + z + t = 98.

Portanto o número de soluções inteiras não negativas de x + y + z 6 98 é igual a 166.650.

Pauta de Correção:

(a) • Representar as soluções através de dois sı́mbolos colocados em fila. [0,25]


• Identificar uma técnica de contagem adequada (combinação simples ou permutação com repetição) para encontrar
o número de soluções. [0,25]
• Obter a resposta correta. [0,25]
(b) • Observar que o número de soluções da inequação coincide com o número de soluções da equação. [0,25]
• Obter a resposta correta. [0,25]

Pauta Alternativa de Correção para o item (a):

• Identificar a combinação com repetição como técnica de contagem. [0,5]

• Realizar as contas corretamente. [0,25]

[05] QstId=1453 [ 1,25 ]

Você tem dinheiro aplicado à taxa de 10% ao mês. Suponha que, com esse dinheiro, deseja comprar um bem e você
tem duas opções de pagamento:

(I) À vista no valor de R$ 3.500,00.

(II) Em 2 prestações mensais fixas de R$ 2.000,00, vencendo a primeira um mês após a compra.

Qual das opções é a mais vantajosa financeiramente?

Solução
Considere a data da compra à vista como sendo a data zero. Tomando o valor de cada prestação para a data zero com a taxa
de 10%, teremos um total de

2000 2000 2000 · (1, 1) + 2000 4200


+ = = ≈ 3471, 07 que é menor que 3500.
1, 1 (1, 1)2 (1, 1)2 1, 21

Logo a opção (II) é a mais vantajosa .

Pauta de Correção:

• Determinar o valor da prestação ou o valor à vista em alguma data. [0,25]

• Calcular o somatório das prestações em alguma data. [0,25]

• Comparar o somatório com o valor à vista na mesma data. [0,25]

• Concluir corretamente a melhor opção. [0,5]

Solução Alternativa

Digamos que você tem os R$ 3500,00, mas opta pela opção (II).

Assim, após um mês você terá 3500 + 10% · 3500 = 3850 reais. Você paga a primeira parcela de R$ 2000 e ainda sobram 1850
reais.

Após mais um mês, haverá 1850 + 10% · 1850 = 2035 reais na conta. Logo você paga a segunda parcela e sobrarão 35 reais.

Portanto a opção (II) é a mais vantajosa.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:

• Concluir que o valor à vista, após um mês, valerá 3850 reais.[0,25]

• Deduzir a primeira prestação e obter 1850 reais. [0,25]

• Calcular o valor da aplicação de 1850 reais, após um mês. [0,25]

• Concluir que, após pagar a segunda prestação ainda sobrarão 35 reais reais e escolher a segunda opção. [0,5]
[06] QstId=1457 [ 1,25 ]

O copo em forma de tronco de cone circular reto representado na figura está apoiado em uma superfı́cie perfeitamente
horizontal e tem as seguintes medidas: raio da base superior igual a 5 cm, raio da base inferior igual a 3 cm e altura
igual a 12 cm. Se esse copo está preenchido com água até a altura de 9 cm, pergunta-se: é possı́vel transferir toda
a água contida em um outro copo de 200 mL, completamente cheio, para o copo que aparece na figura sem que este
transborde?

Informação: O volume V de um tronco de cone cujos raios das bases são R e r e cuja altura é h é dado por
πh 2
V = (R + Rr + r2 ).
3

Solução
Efetuando um corte transversal passando pelos centros A e D das circunferências da borda e da base do copo obtemos uma figura
como a representada abaixo, na qual estão representados o trapézio ABCD, cujas bases AB e CD medem, respectivamente, 5
cm e 3 cm e cuja altura mede 12 cm e o trapézio PQCD, cuja base PQ mede a e a altura mede 9 cm.

Traçando uma paralela a AD passando por C obtemos os pontos E e T de interseção desta paralela com os segmentos AB e
PQ. Chamaremos de x a medida do segmento TQ. Note que a = 3 + x.
Para saber se o copo irá ou não transbordar ao acrescentarmos 200 mL de água precisamos calcular a capacidade da parte
vazia do copo, isto é, o volume do tronco de cone de altura AP = 3 cm e raios das bases a cm e 5 cm. Resta-nos então a
tarefa de encontrar o valor de a. Para tanto, basta descobrirmos o valor de x, considerando a semelhança entre os triângulos
BCE e QCT. Assim temos:

x 9
=
2 12
x = 1, 5.

Assim, concluı́mos que a = 4, 5 cm e, utilizando a fórmula fornecida para o cálculo do volume V do tronco de cone concluı́mos
que:
3π 2
V = (5 + 5 × 4, 5 + (4, 5)2 )
3
V = π(25 + 22, 5 + 20, 25)

V ≈ 3, 14 × 67, 75

V ≈ 212, 735 cm3 .

Desta forma, como o volume da parte vazia do copo é de aproximadamente 212, 735 cm3 = 212, 735 mL > 200 mL, chegamos
a conclusão de que é possı́vel acrescentar mais 200 mL de água no copo sem que este transborde.

Pauta de Correção:

• Representar o corte transversal do copo por meio de uma figura. [0,25]

• Encontrar o raio da circunferência que representa a superfı́cie da água contida no copo inicialmente. [0,5]

• Calcular o volume da parte vazia do copo. [0,25]

• Concluir que é possı́vel acrescentar mais 200 mL de água no copo sem que este transborde. [0,25]

[07] QstId=1465 [ 1,25 ]

Considere duas progressões aritméticas, de razões não nulas:

(a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , bn , . . .)

Mostre que existe uma, e somente uma, função afim f : R → R, tal que
f (a1 ) = b1 , f (a2 ) = b2 , . . . , f (an ) = bn , . . ..

Solução
Sejam r e s, respectivamente, as razões das progressões aritméticas

(a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , bn , . . .).

Unicidade: Considere uma função afim f (x) = mx + n tal que f (a1 ) = b1 e f (a2 ) = b2 . Então,
(
m · a1 + n = b1
m(a1 + r) + n = b1 + s.
s s
Resolvendo o sistema, obtemos m = e n = b1 − a1 . Portanto, existe uma única função afim f (x) = mx + n tal que
r r
f (a1 ) = b1 e f (a2 ) = b2 .

s  s 
Existência: Agora basta verificar que a função afim f (x) = x + b1 − a1 é tal que f (an ) = bn , para todo n > 1.
r r

Temos que an = a1 + (n − 1)r e bn = b1 + (n − 1)s e assim

s  s  s s
f (an ) = (a1 + (n − 1)r) + b1 − a1 = a1 + (n − 1)s + b1 − a1 = bn
r r r r

Pauta de Correção:

• Considerar uma função f (x) = mx + n tal que f (a1 ) = b1 e f (a2 ) = b2 . [0,25]

• Calcular m e n. [0,25]

• Escrever os termos gerais das duas sequências. [0,25]

• Mostrar que f (an ) = bn , para todo n > 1. [0,5]


Solução Alternativa

Sejam r e s, respectivamente, as razões das progressões aritméticas

(a1 , a2 , . . . , an , . . .) e (b1 , b2 , . . . , an , . . .)

Existência: O gráfico de uma função afim é uma reta. A equação da reta que passa pelos pontos (a1 , b1 ) e (a2 , b2 ) é dada por

b2 − b1 b1 + s − b1 s
f (x) = b1 + (x − a1 ) = b1 + (x − a1 ) = b1 + (x − a1 )
a2 − a1 a1 + r − a1 r
Vamos mostrar que f (an ) = bn , para todo n > 1.
Temos que an = a1 + (n − 1)r e bn = b1 + (n − 1)s e assim

s
f (an ) = b1 + (a1 + (n − 1)r − a1 ) = b1 + (n − 1)s = bn
r
Unicidade: Considere g(x) = mx + x uma função afim tal que g(an ) = bn , para todo n > 1. Como g(a1 ) = b1 e g(a2 ) = b2
temos que (
m · a1 + n = b1
m · a2 + n = b2
b2 − b1 s s
Obtemos assim, m = = e n = b1 − a1 .
a2 − a1 r r
s s s
Logo temos que g(x) = x + b1 − a1 = b1 + (x − a1 ) = f (x), para todo x real. Portanto g = f .
r r r

Pauta de Correção da Solução Alternativa:


s
• Encontrar a função f (x) = b1 + (x − a1 ). [0,25]
r
• Escrever os termos gerais das duas sequências. [0,25]
• Mostrar que f (an ) = bn , para todo n > 1. [0,25]
• Considerar uma função afim g tal que g(an ) = bn , para todo n > 1. [0,25]
• Mostrar que g = f . [0,25]

[08] QstId=1468 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Mostre que se a, b e c são inteiros tais que a | (b + c) e a | b, então a | c.

(b) Determine os números primos tais que p divide 3p + 382.

Solução

(a) Temos que existem k e ` ∈ Z tais que b + c = ak e b = a`. Logo

a` + c = ak ⇐⇒ c = ak − a` ⇐⇒ c = a(k − `).

Portanto, a | c .
(b) Como p é primo, pelo Teorema de Fermat, temos que p|(3p − 3).
Escrevendo 3p + 382 = 3p − 3 + 385, concluı́mos que p|(3p + 382) se, e somente se, p|385 = 5 · 7 · 11. Portanto p = 5, 7
ou 11.

Pauta de Correção:
(a) • Escrever as hipóteses sob a forma de igualdades. [0,25]
• Provar o resultado. [0,25]
(b) • Observar, usando Fermat, que p divide 3p − 3. [0,25]
• Calcular os valores de p. [0,5]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2020.1 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ]

Determine um número inteiro entre 1200 e 1400 que deixa restos 2 e 6 quando dividido, respectivamente, por 11 e 13.

Solução
Queremos determinar uma solução inteira x, 1200 < x < 1400, do seguinte sistema de congruências:

X ≡ 2 mod 11
X ≡ 6 mod 13
Como (11, 13) = 1, podemos aplicar o Teorema Chinês dos Restos para obter a solução geral.
Considere M = 11 · 13 = 143, M1 = 13 e M2 = 11.

A solução geral é dada por X = M1 y1 c1 + M2 y2 c2 + 143t, com t ∈ Z, onde


c1 = 2, c2 = 6 e y1 , y2 são soluções das congruências M1 y1 ≡ 1 mod 11, M2 y2 ≡ 1 mod 13.

Temos que
13y1 ≡ 1 mod 11 ⇔ 2y1 ≡ 1 mod 11
11y2 ≡ 1 mod 13 ⇔ −2y2 ≡ 1 mod 13
com soluções y1 = 6 e y2 = 6.

Assim, X = 13 · 6 · 2 + 11 · 6 · 6 + 143t = 552 + 143t.

Como procuramos uma solução x, 1200 < x < 1400, obtemos t = 5 e x = 1267.

Pauta de Correção:
• Escrever o sistema de congruências. [0,25]
• Escrever a forma da solução geral. [0,25]
• Achar a solução geral. [0,5]
• Achar a solução particular. [0,25]

Solução Alternativa
Queremos determinar uma solução inteira x, 1200 < x < 1400, do seguinte sistema de congruências:

X ≡ 2 mod 11
X ≡ 6 mod 13
Temos que a solução da primeira congruência é dada por X = 2 + 11t. Substituindo na segunda congruência obtemos
2 + 11t ≡ 6 mod 13.
Como,
2 + 11t ≡ 6 mod 13 ⇔ 11t ≡ 4 mod 13 ⇔ −2t ≡ 4 mod 13
−2t ≡ 4 mod 13 ⇔ −12t ≡ 24 ≡ 11 mod 13 ⇔ t ≡ 11 mod 13
Assim segue que, t = 11 + 13k e X = 2 + 11(11 + 13k) = 123 + 143k, com k ∈ Z.
Como procuramos uma solução x, 1200 < x < 1400, obtemos k = 8 e x = 1267.

Pauta de Correção da Solução Alternativa:


• Escrever o sistema de congruências. [0,25]
• Resolver uma das congruências e substituir a solução na outra. [0,25]
• Achar a solução geral. [0,5]
• Achar a solução particular. [0,25]
Outra Solução Alternativa
Queremos determinar uma solução inteira X, com 1200 < X < 1400 tal que X = 11x + 2 e X = 13y + 6.

Então temos a equação diofantina linear 11x − 13y = 4 que tem como solução particular x = −2 e y = −2.

Como (11, 13) = 1, a solução geral é x = 13t − 2, y = 11t − 2, com t ∈ Z.

Assim segue que X = 11(13t − 2) + 2 = 143t − 20.

Logo temos que 1200 < 143t − 20 < 1400 ↔ 1220 < 143t < 1420 e então t = 9.

Portanto X = 143 · 9 − 20 = 1267.

Pauta de Correção da Outra Solução Alternativa:


• Escrever a equação diofantina linear. [0,25]
• Encontrar a solução geral da equação diofantina linear. [0,5]
• Achar a solução geral para X. [0,25]
• Achar o valor de X. [0,25]

Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Para cada sentença abaixo, diga se ela é verdadeira ou falsa, justificando sua resposta.
(a) Existe um número real x tal que 5x + 7 < 2 − x < 7x + 8.
x2 + 4x + 3
(b) Se x é um número real tal que x > 3, então > 0.
x2 − 4x + 3
(c) Para todo número real x, tem-se que x < 1 =⇒ x2 < 1.

Solução

(a) Temos que


5x + 7 < 2 − x < 7x + 8 ⇐⇒ 5x + 7 < 2 − x e 2 − x < 7x + 8
5 3
⇐⇒ x<− e x>− .
6 4
5 3
Portanto, a sentença é falsa, pois −
<− .
6 4
(b) Como x > 3, temos que x2 + 4x + 3 > 0 e assim

x2 + 4x + 3
> 0 ⇐⇒ x2 − 4x + 3 > 0.
x2 − 4x + 3

Considerando que x2 − 4x + 3 > 0 ⇐⇒ (x − 1)(x − 3) > 0, concluı́mos que, se x > 3 então (x − 1)(x − 3) > 0.
Portanto, a sentença é verdadeira.
(c) A sentença é falsa pois para x = −2 temos que

−2 < 1 e (−2)2 > 1.

Pauta de Correção:
(a) • Escrever que 5x + 7 < 2 − x < 7x + 8 é equivalente a 5x + 7 < 2 − x e 2 − x < 7x + 8. [0,25]
• Resolver as duas inequações e concluir que a sentença é falsa. [0,25]
(b) • Observar que, como x > 3, a inequação é equivalente a x2 − 4x + 3 > 0. [0,25]
• Concluir que, como x > 3, a sentença é verdadeira. [0,25]
(c) Justificar que a sentença é falsa exibindo um valor de x que não verifica a implicação. [0,25]
Questão 03 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,25; (d)=0,25 ]

Seja D um ponto no interior de um triângulo equilátero ABC de lado ` tal que AD = 7, BD = 8 e CD = 5. Considere
um ponto E no exterior do triângulo ABC, conforme a figura, tal que o ângulo DCEb = 60◦ e CD = CE.

(a) Mostre que os triângulos ACE e BCD são congruentes.


(b) Determine os comprimentos dos segmentos AE e DE.

(c) Encontre a medida do ângulo AED.


b

(d) Encontre o valor de `.

Solução

(a) Como DCE b = B CAb = 60◦ , então B CDb = B CA b − DCAb = 60◦ − DCA
b = DCEb − DCAb = ACE b e, já que AC = BC,
pois ABC é equilátero, e CE = CD, por hipótese, concluı́mos pelo caso LAL, que os triângulos ACE e BCD são
congruentes.
(b) Pela congruência provada no item (a) temos que AE = BD = 8. Além disso, como CD = CE = 5 e DCE b = 60◦ , segue
que o triângulo DCE é equilátero e, portanto, DE = 5.
2 2 2
b = α. Aplicando a lei dos cossenos no triângulo AED temos que AD = AE + DE − 2 · AE · DE · cos α.
(c) Seja AED
b = α = 60◦ .
Segue daı́ que 49 = 64 + 25 − 2 · 8 · 5 · cos α e então cos α = 0, 5. Portanto AED
(d) Usando o fato, já concluı́do no item (b), de que CDE é equilátero e o resultado provado no item (c), temos que
b = 120◦ . Aplicando a lei dos cossenos no triângulo AEC segue que
AEC
2 2 2
AC = AE + CE − 2 · AE · CE · cos 120◦ .

Logo temos que `2 = 64 + 25 − 2 · 8 · 5 · (−0, 5) = 129.



Portanto ` = 129.

Pauta de Correção:
(a) Provar a congruência dos triângulos ACE e BCD. [0,25]
(b) • Determinar o comprimento do segmento AE. [0,25]
• Determinar o comprimento do segmento DE. [0,25]
(c) Encontrar o valor de AED
b usando a lei dos cossenos. [0,25]
(d) Encontrar o valor de ` usando a lei dos cossenos. [0,25]
Questão 04 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Dizemos que dois polinômios p(X) e q(X) são tangentes para X = r quando a diferença p(X) − q(X) é divisı́vel por
(X − r)2 .

(a) Mostre que p(X) = aX 2 + bX + c e q(X) = (2ar + b)X + (c − ar2 ) são tangentes para X = r.
(b) Seja p(X) = an X n + · · · + a2 X 2 + a1 X + a0 , em que n > 2 e a1 6= 0. Encontre o polinômio de grau 1 que é
tangente a p(X) para X = 0.

Solução

(a)

p(X) − q(X) = aX 2 + bX + c − ((2ar + b)X + (c − ar2 ))


= aX 2 + bX + c − (2ar + b)X − (c − ar2 )
= aX 2 + (b − (2ar + b))X + c − (c − ar2 )
= aX 2 − 2arX + ar2
= a(X − r)2 .

Logo (X − r)2 divide p(X) − q(X).


(b) Seja q(X) = mX + n. Queremos encontrar m, n ∈ R de forma que X 2 divida p(X) − q(X).

p(X) − q(X) = an X n + · · · + a2 X 2 + a1 X + a0 − (mX + n)


= an X n + · · · + a2 X 2 + (a1 − m)X + a0 − n
= X 2 (an X n−2 + · · · + a3 X + a2 ) + (a1 − m)X + a0 − n.

Como o resto r(X) = (a1 − m)X + a0 − n nesta expressão deve ser identicamente nulo, concluı́mos que a1 = m e que
a0 = n, ou seja, q(X) = a1 X + a0 .

Pauta de Correção:
(a) • Escrever o polinômio p(X) − q(X). [0,25]
• Fatorar o polinômio p(X) − q(X). [0,25]
(b) • Escrever o polinômio p(X) − q(X). [0,25]
• Mostrar que o resto é r(X) = (a1 − m)X + a0 − n. [0,25]
• Concluir que o resto é identicamente nulo e mostrar q(X). [0,25]
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Quais são os possı́veis restos da divisão do quadrado de um número inteiro por 5?

(b) Uma tripla pitagórica é uma tripla de inteiros positivos a, b e c tais que a2 + b2 = c2 . Use o item (a) para
mostrar que em toda tripla pitagórica sempre há um múltiplo de 5.

Solução

(a) Todo número inteiro deixa resto 0, 1, 2, 3 ou 4 quando dividido por 5. Desta forma, se n é um inteiro qualquer, temos
uma, e apenas uma, das seguintes situações:

n ≡ 0 mod 5 =⇒ n2 ≡ 0 mod 5
n ≡ 1 mod 5 =⇒ n2 ≡ 1 mod 5
n ≡ 2 mod 5 =⇒ n2 ≡ 4 mod 5
n ≡ 3 mod 5 =⇒ n2 ≡ 4 mod 5
n ≡ 4 mod 5 =⇒ n2 ≡ 1 mod 5
Isto é, um quadrado perfeito deixa resto 0, 1 ou 4 quando dividido por 5.
(b) No caso em que um dos inteiros a ou b é múltiplo de cinco, não há o que provar. Suponhamos então que nem a nem b
sejam múltiplos de 5. Então, deve ocorrer uma das possibilidades abaixo:

(1) a2 ≡ 1 mod 5 e b2 ≡ 1 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 2 mod 5 =⇒ c2 ≡ 2 mod 5


(2) a2 ≡ 4 mod 5 e b2 ≡ 4 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 8 mod 5 =⇒ c2 ≡ 3 mod 5
(3) a2 ≡ 1 mod 5 e b2 ≡ 4 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 5 mod 5 =⇒ c2 ≡ 0 mod 5
(4) a2 ≡ 4 mod 5 e b2 ≡ 1 mod 5 =⇒ a2 + b2 ≡ 5 mod 5 =⇒ c2 ≡ 0 mod 5

Pelo item (a) sabemos que os dois primeiros casos são impossı́veis, já que os restos da divisão por 5 não podem ser 2
nem 3 e os dois últimos casos significam que c2 , e portanto c, é múltiplo de 5. Isso mostra que deve haver sempre um
múltiplo de 5 entre os inteiros a, b e c.

Pauta de Correção:
(a) • Observar que os inteiros podem ser divididos em classes conforme o resto da divisão por 5. [0,25]
• Encontrar os possı́veis restos da divisão por 5 elevando ao quadrado os representantes de cada classe. [0,25]
(b) • Listar todos os casos possı́veis. [0,25]
• Argumentar, com base no item (a), que os casos (1) e (2) são impossı́veis. [0,25]
• Argumentar que os casos (3) e (4) implicam que c é múltiplo de 5. [0,25]
Questão 06 [ 1,25 ]

Um poliedro é dito inscritı́vel se existir uma esfera que passa por todos os seus vértices. Mostre que um prisma reto
cuja base é um polı́gono regular é um poliedro inscritı́vel.

Solução
Seja A1 A2 ...An o polı́gono regular de uma das bases do prisma. Como este prisma é reto, a outra base será o polı́gono A01 A02 ...A0n
congruente a A1 A2 ...An e tal que os lados correspondentes Ai Ai+1 e A0i A0i+1 são paralelos.

A base A1 A2 ...An é regular, logo, podemos considerar o centro O do cı́rculo C, de raio r, que circunscreve este polı́gono. Como
a outra base, A01 A02 ...A0n , é congruente a A1 A2 ...An , ela será inscritı́vel em um cı́rculo C 0 , de mesmo raio r e centro O0 . Como o
sólido em questão é um prisma, os planos que contém as bases são paralelos, e, como este prisma é reto, o segmento OO0 será
perpendicular a estes planos, e paralelo às arestas Ai A0i .

Seja M o ponto médio de OO0 . Cada triângulo M OAi é retângulo com catetos de medidas M O e r. Como isso, todos estes
triângulos são congruentes, e, consequentemente, M A1 ≡ M A2 ≡ ... ≡ M An . Da mesma forma, cada triângulo M OA0i é
retângulo com catetos de medidas M O0 = M O e r, logo, M A01 ≡ M A02 ≡ ... ≡ M A0n ≡ M A1 ≡ ... ≡ M An .

Assim, M é o centro de uma esfera que passa por todos os vértices


A1 , ..., An , A01 , ..., A0n , tendo os segmentos M Ai e M A0i como raios.

Pauta de Correção:
• Apresentar, mesmo que só em um desenho, o segmento que une os centros dos cı́rculos que circunscrevem as bases. [0,25]
• Afirmar que a esfera que circunscreve o prisma tem centro em M , ponto médio do segmento do item de pauta anterior.
[0,5]
• Mostrar que todos os segmentos que unem M aos vértices do prisma são congruentes. [0,5]

Questão 07 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

2b
Seja f : (0, +∞) → R, f (x) = ax4 + , onde a e b são números reais positivos.
x2
r !
6 b
(a) Calcule f .
a

(b) Use a desigualdade das médias para provar que o valor encontrado no item anterior é o valor mı́nimo de f .

Solução

(a)
r ! r !4
6 b 6 b 2b b2/3 2b 1/3 2/3

3
f =a + r !2 = a a2/3 + 1/3 = a b + 2a1/3 b2/3 = 3 ab2 .
a a b
6 b

a a1/3

(b) Como a, b e x são positivos segue, pela desigualdade entre as médias aritmética e geométrica (MA > MG), que
r !

r
2b
4 4 b b 3 b b 3 6 b
f (x) = ax + 2 = ax + 2 + 2 > 3 ax4 · 2 · 2 = 3 ab2 = f .
x x x x x a

Pauta de Correção:

3
(a) • Encontrar o valor 3 ab2 . [0,5]
(b) • Usar a desigualdade das médias com três termos de modo a obter o resultado. [0,5]
√3
• Concluir que 3 ab2 é o valor mı́nimo. [0,25]
Questão 08 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um ônibus possui 32 poltronas distribuı́das em 8 fileiras, ou seja, quatro em cada fileira, duas em cada lado do
corredor. Pergunta-se:
(a) Se forem os primeiros a entrar no ônibus, de quantas formas uma criança e seus dois responsáveis podem ocupar
três poltronas do ônibus de modo que todos fiquem na mesma fileira e um dos adultos fique ao lado da criança,
sem que esteja separado pelo corredor?

(b) Se outras 29 pessoas já entraram no ônibus, ocupando as poltronas de forma completamente aleatória, deixando
apenas 3 poltronas livres, qual a probabilidade de que seja possı́vel os três se sentarem da forma estabelecida
no item anterior?

Solução

(a) Ao entrar no ônibus vazio a criança tem 32 duas possibilidades de escolha. Depois que a criança estiver sentada deve-se
decidir qual dos responsáveis sentará ao seu lado, para o que há 2 possibilidades. Estando um dos responsáveis sentado
ao lado da criança, o outro deverá então escolher uma dentre as 2 poltronas restantes na mesma fileira. Considerando
estas três etapas (escolha da criança, escolha do responsável ao seu lado e escolha da poltrona do outro responsável) e
aplicando a elas o princı́pio fundamental da contagem (PFC) podemos concluir que há 32 × 2 × 2 = 128 configurações
de ocupação das três poltronas pela criança e seus responsáveis que atendem as condições do enunciado.
(b) Para encontrar a probabilidade de haver uma configuração que atenda ao item (a) devemos calcular o número de
configurações do espaço amostral que atendem a essas condições e dividir esse número pelo total de configurações do
espaço amostral. Para encontrar o total de configurações basta notar que precisamos escolher quais serão as três poltronas
3 32!
vazias dentre as 32, o que corresponde a C32 = = 32 × 31 × 5 = 4960 configurações. Já as configurações desejadas
3! 29!
são aquelas nas quais as três poltronas livres estão todas na mesma fileira. Assim, para encontrar o total de configurações
desejadas, basta escolhermos uma dentre as 8 fileiras existentes e, a seguir, qual dentre as 4 poltronas da fileira escolhida
estará ocupada, totalizando, pelo PFC novamente, 8 × 4 = 32 possibilidades. Portanto, a probabilidade procurada é
32 8×4 1
= = .
4960 32 × 31 × 5 155

Pauta de Correção:
(a) • Concluir que há 32 possibilidades de escolha para a criança ou concluir que após a criança se sentar há 2 × 2 = 4
possibilidades de escolha para os responsáveis ou concluir alguma contagem parcial correta. [0,25]
• Concluir que há, no total, 128 possibilidades. [0,25]
29 3
(b) • Concluir que há C32 = C32 = 32 × 31 × 5 = 4960 casos possı́veis, que correspondem a todas as maneiras possı́veis
dos 29 passageiros se sentarem aleatoriamente no ônibus. [0,25]
• Concluir que há 8 × 4 = 32 casos favoráveis, que correspondem aos casos possı́veis em que uma fileira terá três
lugares vagos. [0,25]
• Calcular a probabilidade como a razão entre casos favoráveis e casos possı́veis. [0, 25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2020.2 – Gabarito

[01] [ 1,25 ]

Determine a equação da reta tangente à parábola y = x2 + x + 1 no ponto P = (1, 3) usando o seguinte procedimento:

• Escreva a equação de uma reta r passando pelo ponto P = (1, 3) com inclinação m.
• Determine m de modo que a interseção entre a parábola y = x2 + x + 1 e a reta r tenha um único ponto, no
caso o ponto P .

Solução
A equação de uma reta r passando pelo ponto P = (1, 3) é dada por y = 3 + m(x − 1), onde m é a inclinação de r.

Para calcularmos a interseção da parábola com a reta, resolveremos o sistema

x2 + x + 1

y =
y = 3 + m(x − 1)

Assim, x2 + x + 1 = 3 + m(x − 1), donde x2 + (1 − m)x + m − 2 = 0. O sistema terá uma única solução se, e somente se,
∆ = b2 − 4ac = 0.

Calculando ∆ = (1 − m)2 − 4(m − 2) = m2 − 6m + 9 = (m − 3)2 , obtemos ∆ = 0 se, e somente se m = 3.

Portanto a equação da reta tangente é y = 3 + m(x − 1) = 3 + 3(x − 1) = 3x.

Pauta de Correção:

• Escrever a equação da reta r. [0,25]


• Montar o sistema e impor a condição para se obter a interseção. [0,25]
• Concluir que o sistema tem solução única se, e somente se, ∆ = 0. [0,5]
• Calcular o valor de m. [0,25]

[02] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

A expansão de Cantor de um número inteiro positivo a é a soma

a = an n! + an−1 (n − 1)! + · · · + a2 2! + a1 1!
onde ai é um inteiro com 0 6 ai 6 i, para i = 1, 2, . . . , n, e an 6= 0.

Por exemplo 110 = 4 · 4! + 2 · 3! + 1 · 2! + 0 · 1!.

(a) Encontre a expansão de Cantor de 719.

(b) Prove, por indução em m, que


m−1
X
j · j! = m! − 1, para todo m > 2.
j=1
Solução

(a) Observando que 6! = 720 > 719, portanto, o maior valor de n para o qual n! < 719 é n = 5. Assim, dividindo 719 por
120 = 5!, encontramos:

719 = 5 · 5! + 119.
Tomando o resto da divisão acima e dividindo por 24 = 4!, que é o maior valor na forma de fatorial que divide 119,
obtemos:

119 = 4 · 4! + 23.
Tomando o resto da divisão acima e dividindo por 6 = 3!, que é o maior valor na forma de fatorial que divide 23, obtemos:

23 = 3 · 3! + 5.
Tomando o resto da divisão acima e dividindo por 2 = 2!, que é o maior valor na forma de fatorial que divide 5, obtemos:

5 = 2 · 2! + 1.
Das equações acima, concluı́mos que:

719 = 5 · 5! + 4 · 4! + 3 · 3! + 2 · 2! + 1 · 1!.

(b) Para m = 2 temos


2−1
X 1
X
j · j! = j · j! = 1 · 1! = 1 = 2! − 1.
j=1 j=1

Supondo a proposição verdadeira para algum número natural m > 2, provemos que a mesma é também verdadeira para
m + 1, ou seja, que
Xm
j · j! = (m + 1)! − 1.
j=1

Vejamos,
m
X m−1
X
j · j! = m · m! + j · j! = m · m! + m! − 1 = (m + 1) · m! − 1 = (m + 1)! − 1.
j=1 j=1

Logo, a proposição é verdadeira para m + 1 e, consequentemente, para todo m > 2 pertencente aos naturais.

Pauta de Correção:
(a) Determinar a expansão de Cantor do número 719. [0,5]
(b) • Verificar a validade da proposição para m = 2. [0,25]
• Finalizar a prova da indução. [0,5]

Pauta de Correção:
(a) • Encontrar o primeiro termo 5 · 5! da expansão de Cantor do número 719. [0,25]
• Encontrar a expansão de Cantor 5 · 5! + 4 · 4! + 3 · 3! + 2 · 2! + 1 · 1! do número 719. [0,25]
(b) • Verificar a validade da proposição para m = 2. [0,25]
• Finalizar a prova da indução. [0,5]
[03] [ 1,25 ]

Uma expressão exponencial ab com a > 0 e b ∈ R é menor que 1 nos seguintes casos: (i) a < 1 e b > 0 ou (ii) a > 1 e
b < 0.
Usando essa informação, determine o conjunto solução da inequação
3 −6x2 +11x−6
|2x + 1|x < 1,
em que x ∈ R, x 6= − 21 .

Solução
Como x 6= − 12 , a base |2x + 1| é estritamente maior que zero.

Primeiro caso: |2x + 1| < 1 e x3 − 6x2 + 11x − 6 > 0.

|2x + 1| < 1 ⇐⇒ −1 < 2x + 1 < 1 ⇐⇒ −2 < 2x < 0 ⇐⇒ −1 < x < 0

x3 − 6x2 + 11x − 6 = (x − 1)(x − 2)(x − 3) > 0 ⇐⇒ 1 < x < 2 ou x > 3.


Nesse caso não há solução, pois (−1, 0) ∩ ((1, 2) ∪ (3, +∞)) = ∅.

Segundo caso: |2x + 1| > 1 e x3 − 6x2 + 11x − 6 < 0.

|2x + 1| > 1 ⇐⇒ 2x + 1 < −1 ou 2x + 1 > 1 ⇐⇒ x < −1 ou x > 0.

x3 − 6x2 + 11x − 6 = (x − 1)(x − 2)(x − 3) < 0 ⇐⇒ x < 1 ou 2 < x < 3.


((−∞, −1) ∪ (0, +∞)) ∩ ((−∞, 1) ∪ (2, 3)) = (−∞, −1) ∪ (0, 1) ∪ (2, 3).

Logo o conjunto solução é (−∞, −1) ∪ (0, 1) ∪ (2, 3).

Pauta de Correção:
• Estabelecer o primeiro caso. [0,25]
• Resolver o primeiro caso. [0,25]
• Estabelecer o segundo caso. [0,25]
• Resolver o segundo caso. [0,25]
• Escrever a solução final. [0,25]
[04] [ 1,25 ]

Considere um triângulo ABC. Sejam M o ponto médio do segmento BC e Γ a circunferência tal que o segmento AB
é um diâmetro.
Prove que AB = AC se, e somente se, M pertence à circunferência Γ.

Solução

Supondo AB = AC, o triângulo BAC é isósceles de vértice A, portanto a mediana AM é também altura. Desta forma, o
triângulo AM B será retângulo, portanto estará inscrito na circunferência Γ, de diamêtro AB.

Se, por outro lado, assumimos que M ∈ Γ, então, como AB é diâmetro, AM̂ B = 90◦ . Com isso, a mediana AM do triângulo
BAC é também uma altura, provando que BAC é isósceles.

Pauta de Correção:
• Indicar que precisa provar os dois “sentidos” da equivalência, mesmo que um deles apresente erro ou não seja feito. [0, 25]
Provar que, se AB = AC, então M ∈ Γ:
• Dizer que AM é altura do triângulo BAC e concluir que o triângulo AM B é retângulo. [0,25]
• Concluir que M ∈ Γ. [0,25]
Provar que, se M ∈ Γ, então AB = AC:
• Usar o fato de que M ∈ Γ para concluir que o triângulo AM B é retângulo, logo AM é altura do triângulo ABC. [0,25]
• Concluir que o triângulo BAC é isósceles, logo AB = AC. [0,25]

[05] [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

No cilindro circular reto da figura, o raio da base mede 3cm e a altura mede 9cm. Sabe-se ainda que o segmento AB
é perpendicular às bases e que o comprimento do menor arco AC é, em centı́metros, 2π.

(a) Determine a medida do segmento BC.

(b) Determine o ângulo ABC.


b
Solução

(a) Como o comprimento do menor arco AC é 2π e o comprimento da circunferência da base superior é 2π · 3 = 6π, o ângulo
b da figura abaixo será dado por 2π · 360◦ .
central AOC

Pela Lei dos Cossenos,


 
2 2 1
AC = 32 + 32 − 2 · 3 · 3 · cos(120◦ ) ∴ AC = 18 − 18 · − = 27.
2

∴ AC = 3 3.
Como AC está contido em uma base, AB e AC são perpendiculares, logo o triângulo BAC é retângulo em A. Pelo
Teorema de Pitágoras,

2 2 2 2 2 √
BC = AB + AC ∴ BC = 81 + 27 ∴ BC = 108 ∴ BC = 6 3.
(b) Temos que √ √
b = AC = 3 3 = 3 .
tg ABC
AB 9 3
b = 30◦ .
Com isso, ABC

De forma alternativa, poderı́amos ter feito



b = AC = 3√3 = 1 ,
sen ABC
BC 6 3 2

ou ainda √
AB 9 3
cos ABC =
b = √ = ,
BC 6 3 2
b = 30◦ .
que também conduziriam a ABC

Pauta de Correção:
(a) b mede 120◦ . [0,25]
• Observar que o ângulo central AOB
• Determinar AC. [0,25]
• Calcular BC. [0,25]

(b) b = AC , ou que sen ABC


• Observar que tg ABC b = AC , ou ainda cos ABC
b = AB . [0,25]
AB BC BC
• Determinar AB̂C. [0,25]
[06] [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Mostre que a solução da recorrência


(
xn+2 − 10xn+1 + 25xn = 0;
x0 = 3; x1 = 45

é da forma an · bn em que an é uma progressão aritmética e bn é uma progressão geométrica.


(b) Encontre uma recorrência linear de segunda ordem com coeficientes constantes, indicando as condições iniciais,
cuja solução é a sequência
xn = (a + nr) · q n
em que a, r e q são números reais.

Solução

(a) A equação caraterı́stica dessa recorrência é λ2 − 10λ + 25 = 0 cuja raiz única é λ = 5. Logo a solução geral é da forma
xn = C1 · 5n + C2 · n · 5n . Fazendo n = 0 e n = 1 chegamos ao sistema
( (
3 = x0 = C1 C1 = 3
⇐⇒
45 = x1 = 5C1 + 5C2 C2 = 6

Logo a solução é xn = 3 · 5n + 6n · 5n = (3 + 6n) · 5n , onde an = 3 + 6n é uma progressão aritmética e bn = 5n é uma


progressão geométrica.
(b) A equação caracterı́stica da recorrência procurada deve ter q como única raiz. Assim, deve ser λ2 − 2qλ + q 2 = 0. O que
gera a recorrência xn+2 − 2qxn+1 + q 2 xn = 0. Os dois primeiros termos da sequência são x0 = a e x1 = (a + r)q.

Pauta de Correção:
(a) • Encontrar a solução geral da recorrência. [0,25]
• Encontrar C1 e C2 . [0,25]
• Escrever a solução na forma de produto. [0,25]
(b) • Escrever a recorrência. [0,25]
• Determinar os dois primeiros termos. [0,25]

[07] [ 1,25 ::: (a)=0,75; (b)=0,50 ]

(a) Mostre que se 7 | a2 + b2 , onde a e b são números inteiros, então 7 | a e 7 | b.


(b) Resolva a equação diofantina X 2 + Y 2 = 637.

Solução

(a) Considere um número inteiro n e sua divisão por 7,


n = 7q + r onde 0 6 r 6 6. Analisando as possibilidades para os restos da divisão de n2 por 7 temos

n = 7q =⇒ n2 = 7t

n = 7q + 1 =⇒ n2 = 7t + 1
n = 7q + 2 =⇒ n2 = 7t + 4
n = 7q + 3 =⇒ n2 = 7t + 9 = 7(t + 1) + 2
n = 7q + 4 =⇒ n2 = 7t + 16 = 7(t + 2) + 2
n = 7q + 5 =⇒ n2 = 7t + 25 = 7(t + 3) + 4
n = 7q + 6 =⇒ n2 = 7t + 36 = 7(t + 5) + 1
Assim, os possı́veis restos da divisão de um quadrado por 7 são 0, 1, 2 ou 4.
Seja s o resto da divisão de a2 + b2 por 7. Temos que,

7 | a e 7 - b =⇒ s = 1, 2 ou 4

7 - a e 7 | b =⇒ s = 1, 2 ou 4

7 - a e 7 - b =⇒ s = 1, 2, 3, 4, 5 ou 6
Portanto, se 7 | a2 + b2 , então 7 | a e 7 | b.
(b) Suponha x e y inteiros tais que x2 + y 2 = 637.
Temos que 637 = 72 · 13, logo 7 | x2 + y 2 .
Usando o item (a), concluimos que x = 7t e y = 7k, com t, k inteiros. Segue que x2 + y 2 = 72 · t2 + 72 · k2 = 72 · 13,
donde t2 + k2 = 13.
Concluimos que t2 = 4 e k2 = 9 ( ou t2 = 9 e k2 = 4) , portanto

x = ±14 e y = ±21
ou
x = ±21 e y = ±14
Portanto, os pares (x, y) soluções da equação são:
(14, 21), (14, −21), (−14, 21), (−14, −21), (21, 14), (21, −14), (−21, 14) e (−21, −14).

Solução Alternativa item (a)


Dado um número inteiro n, n ≡ r mod 7 onde 0 6 r 6 6. Segue que,

n ≡ 0 mod 7 =⇒ n2 ≡ 0 mod 7

n ≡ 1 mod 7 =⇒ n2 ≡ 1 mod 7
n ≡ 2 mod 7 =⇒ n2 ≡ 4 mod 7
n ≡ 3 mod 7 =⇒ n2 ≡ 2 mod 7
n ≡ 4 mod 7 =⇒ n2 ≡ 2 mod 7
n ≡ 5 mod 7 =⇒ n2 ≡ 4 mod 7
n ≡ 6 mod 7 =⇒ n2 ≡ 1 mod 7
Suponha que 7 - a ou 7 - b, isto é, a 6≡ 0 mod 7 ou b 6≡ 0 mod 7.
Analisando todas as possibilidades obtemos a2 + b2 ≡ 1, 2, 3, 4, 5, 6 mod 7, logo a2 + b2 6≡ 0 mod 7. Portanto, se 7 | a2 + b2 ,
então 7 | a e 7 | b.

Pauta de Correção:
(a) • Determinar os restos da divisão de um quadrado por 7. [0,25]
• Determinar os restos da divisão de a2 + b2 por 7. [0,25]
• Concluir o resultado. [0, 25]
(b) • Usar o item (a) e concluir que 7 | x e 7 | y. [0,25]
• Determinar as soluções. [0,25]

[08] [ 1,25 ]

Seja m um número natural. Dois números inteiros a e b são ditos congruentes módulo m se os restos da divisão
euclidiana de a e b por m são iguais. Quando os inteiros a e b são congruentes módulo m, escreve-se

a ≡ b mod m

Suponha que a, b, m ∈ Z, com m > 1. Prove que a ≡ b mod m se, e somente se, m | b − a.
Solução
Sejam a = mq1 + r1 e b = mq2 + r2 , com 0 6 r1 , r2 < m, as divisões euclidianas de a e b por m, respectivamente.
Suponha que a ≡ b mod m. Segue, da definição, que r1 = r2 e daı́ b − a = m(q2 − q1 ) + r2 − r1 = m(q2 − q1 ), portanto
m|b − a.
Reciprocamente, suponha que m|b − a. Como r2 − r1 = b − a − m(q2 − q1 ) e m|b − a, concluimos que m|r2 − r1 . Sendo
0 6 r1 , r2 < m, temos que |r2 − r1 | < m, logo r2 = r1 . Portanto, a ≡ b mod m.

Pauta de Correção:
• Escreveu as divisões de a e b por m. [0,25]
• Supondo que a ≡ b mod m, considerou a diferença b − a. [0,25]
• Concluiu que m|b − a. [0,25]
• Supondo que m|b − a, concluiu que m|r2 − r1 . [0,25]
• Concluiu que a ≡ b mod m. [0,25]
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2021.1 – Gabarito

[01] [ 1,25 ]
n n n
Determine um número natural n tal que é um quadrado, é um cubo e é uma quinta potência.
2 3 5

Solução
Considere n da forma n = 2α · 3β · 5θ , com α, β e θ maiores do que 1. Assim,
n n n
= 2α−1 · 3β · 5θ , = 2α · 3β−1 · 5θ e = 2α · 3β · 5θ−1
2 3 5
Temos que
n
é um quadrado se, e somente se, α − 1, β e θ são pares;
2
n
é um cubo se, e somente se, α, β − 1 e θ são múltiplos de 3 e
3
n
é uma potência quinta se, e somente se, α, β e θ − 1 são múltiplos de 5.
5
Portanto, devemos ter

α ı́mpar, múltiplo de 3 e 5

β par, β − 1 múltiplo de 3, β múltiplo de 5

θ par, múltiplo de 3 e θ − 1 múltiplo de 5

Escolhendo α = 15, β = 10 e θ = 6 obtemos n = 215 · 310 · 56 .

[02] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

O cubo ABCDEF GH da figura tem aresta igual a a. Os pontos M , N e P são os centros das faces AF ED, DEHC
e CBGH, respectivamente.

(a) Determine o ângulo entre as faces M P A e M P N do tetraedro AM P N .


(b) Determine o volume do tetraedro AM P N .
Solução

(a) Como M , N e P são os centros das faces do quadrado em que estão, o plano contendo a face M N P do tetraedro é
paralelo às faces ABCD e F GHE do cubo, cortando as arestas AF , BG, DE e CH em seus pontos médios.

Pelo mesmo motivo, o segmento P B é paralelo a AM e então o plano contendo a face AM P contém também o ponto
B. Mais do que isto, ele é o plano contendo as arestas AB e EH do cubo.

Estes dois planos estão representados na figura abaixo, na qual I é o ponto médio de ED.

Como AM e M I são perpendiculares a M P , que é segmento comum aos planos contendo as faces AM P e M N P , o
ângulo entre estas faces é o ângulo AM̂ I. Como AM está na diagonal da face ADEF , e como M I é paralelo a AD,
temos AM̂ I = 135◦ .

Assim, o ângulo entre as faces AM P e M N P é 135◦ . Cabe observar, como informação complementar, que este não é o
menor ângulo entre os planos contendo as faces, que seria 45◦ .
(b) Como visto no item anterior, o plano contendo a face M N P do tetraedro é paralelo à face ABCD do cubo. Assim, se
pensarmos em M N P como base do tetraedro, a altura correspondente será o segmento M J, onde J é o ponto médio de
AD. De fato, M J é perpendicular ao plano contendo M N P , pois é perpendicular ao plano ABCD, paralelo a M N P .

Observando a figura do item (a), a área S da base M N P é dada por

1 1 a a2
S= · MI · MP = · · a =
2 2 2 4
a
e, como temos M J = , o volume do tetraedro será dado por
2
1 1 a2 a a3
V = · S · MJ = · · = .
3 3 4 2 24
[03] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Considere os polinômios p(X) = X 4 − 4X − 1 e q(X) = (X 2 + a)2 − 2(X + b)2 .


(a) Encontre os valores de a e b tais que os polinômios p(X) e q(X) sejam idênticos.
(b) Determine as raı́zes reais de p(X).

Solução

(a) Temos que q(X) = (X 2 + a)2 − 2(X + b)2 = X 4 + 2aX 2 + a2 − 2(X 2 + 2bX + b2 ).

Logo q(X) = X 4 + (2a − 2)X 2 − 4bX + a2 − 2b2 .

Então p(X) = q(X) ⇔ X 4 − 4X − 1 = X 4 + (2a − 2)X 2 − 4bX + a2 − 2b2 ⇔ 2a − 2 = 0, −4b = −4 e a2 − 2b2 = −1.

Portanto a = b = 1 e q(X) = (X 2 + 1)2 − 2(X + 1)2 .

(b) As raı́zes de p são obtidas resolvendo a equação p(x) = 0, ou seja, x4 − 4x − 1 = 0.

Como p(X) = q(X) basta resolvermos a equação q(x) = 0, isto é, (x2 + 1)2 − 2(x + 1)2 = 0.

Logo (x2 + 1)2 − 2(x + 1)2 = 0 ⇔ (x2 + 1)2 = 2(x + 1)2 ⇔ x2 + 1 = ± 2(x + 1).
√ √
Então temos que resolver x2 + 1 = 2(x + 1) e x2 + 1 = − 2(x + 1), ou seja,
√ √ √ √
x2 − 2x + (1 − 2) = 0 e x2 + 2x + (1 + 2) = 0.

Agora resolveremos as duas equações do segundo grau:


√ q √ √ p √
2
√ √ 2 ± 2 − 4(1 − 2) 2 ± −2 + 4 2
• x − 2x + (1 − 2) = 0 ⇔ x = = ,
2 2
√ q √ √ p √
2
√ √ − 2 ± 2 − 4(1 + 2) − 2 ± −2 − 4 2
• x + 2x + (1 + 2) = 0 ⇔ x = = e essas duas raı́zes não são reais.
2 2
√ p √ √ p √
2 + −2 + 4 2 2 − −2 + 4 2
Portanto as raı́zes reais de p são x1 = e x2 = .
2 2
[04] [ 1,25 ]

Sejam r e s raı́zes da equação ax2 + bx + c = 0 em que a, b e c são números reais dois a dois distintos, com a e c não
1 1
nulos. Suponha que, nesta ordem, a, c e b estão em progressão aritmética e também que, + , r + s, r2 + s2 estão
r s
c 1
em progressão geométrica, nesta ordem. Mostre que = .
a 6

Solução
c
Primeiro observamos que = rs. Vamos denotar essa quantidade como k.
a
b
Como a, c, b estão em P.A. temos que 2c = a + b. Dividindo tudo por a, temos que 2k = 1 + .
a
1 1
Agora, + , r + s, r2 + s2 estão em P.G.
r s
r+s r2 + s2
r+s = ⇐⇒ r2 + s2 = rs(r + s)
r+s
rs
Por outro lado, r2 + s2 = (r + s)2 − 2rs, o que nos dá (r + s)2 − 2rs = rs(r + s).
b
Como r + s = − = 1 − 2k, podemos substituir na identidade acima e obter
a
(1 − 2k)2 − 2k = k (1 − 2k) .

O que nos leva à seguinte equação quadrática


6k2 − 7k + 1 = 0,
1
.
cujas soluções são k = 1 ou k =
6
c c 1
Considerando que a 6= c, temos que k = não pode ser igual a 1, logo, deve-se ter = .
a a 6

[05] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,25; (c)=0,25; (d)=0,25 ]

Dizemos que uma função F : R → R é par quando F (−x) = F (x), para todo x ∈ R, e que é ı́mpar quando
F (−x) = −F (x), para todo x ∈ R.

(a) Dê exemplo de uma função par, uma função ı́mpar e uma que não seja nem par nem ı́mpar.

Para os itens a seguir, dada uma função qualquer f : R → R, considere as funções g, h : R → R definidas por
f (x) + f (−x) f (x) − f (−x)
g(x) = e h(x) = .
2 2
(b) A função g é par, ı́mpar ou nem par nem ı́mpar?
(c) A função h é par, ı́mpar ou nem par nem ı́mpar?
(d) Mostre que toda função f : R → R pode ser escrita como a soma de uma função par com uma função ı́mpar.

Solução

(a) F (x) = x2 é uma função par, G(x) = x é ı́mpar e H(x) = x2 + x não é par nem ı́mpar, pois H(1) = 2 e H(−1) = 0.
(b) A função g é par. De fato,
f (−x) + f (−(−x)) f (−x) + f (x)
g(−x) = = = g(x).
2 2
(c) A função h é ı́mpar. De fato,
f (−x) − f (−(−x)) f (−x) − f (x) f (x) − f (−x)
h(−x) = = =− = −h(x).
2 2 2
f (x) + f (−x) f (x) − f (−x)
(d) Note que f (x) = + = g(x) + h(x).
2 2
Vimos nos itens (b) e (c) que g é par e h é ı́mpar.
[06] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

No sistema de numeração posicional duodecimal (base 12) os doze sı́mbolos 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, A e B são


utilizados como algarismos, sendo A = 10 e B = 11. Assim, por exemplo, o número 47, é representado no sistema
duodecimal como 3B12 , já que 47 = 3 × 12 + 11.
(a) Prove que um número expresso no sistema duodecimal é um múltiplo de 3 se, e somente se, o algarismo das
unidades é também múltiplo de 3.

(b) Quantos são os múltiplos de 3 que possuem quatro algarismos distintos quando representados no sistema duodec-
imal?
(c) Represente o resultado obtido no item (b) no sistema de numeração posicional duodecimal.

Solução

(a) Seja n um número inteiro de k algarismos representado em um sistema de numeração de base 12. Logo
k−1
X
n= ai · 12i
i=0

em que os ai representam os algarismos de n no sistema duodecimal. Em particular, a0 representa o algarismo das


unidades. Queremos provar que 3|n ⇐⇒ 3|a0 são equivalentes. Para a ida, suponhamos 3|n. Isto equivale a n ≡ 0
mod 3. Assim,
k−1
X
ai · 12i ≡ 0 mod 3.
i=0

Notando que o único termo do somatório que não é múltiplo de 12 é aquele para o qual i = 0, vamos reescrevê-lo isolando
este termo
k−1
X
a0 + ai · 12i ≡ 0 mod 3.
i=1

Agora podemos colocar 12 em evidência, obtendo


k−1
X
a0 + 12 ai · 12i−1 ≡ 0 mod 3.
i=1

Como 12 = 3 × 4, então
a0 ≡ 0 mod 3 ⇐⇒ 3|a0 .
Isso conclui a ida. A volta consiste em notar que todos os passos feitos aqui são reversı́veis.

(b) Queremos escrever um número com quatro algarismos distintos no sistema duodecimal de modo que este seja um múltiplo
de 3. Pelo que vimos no item (a), o algarismos das unidades deve ser um dos algarismos 0, 3, 6 ou 9. E para que possua,
de fato, 4 algarismos, o algarismo de maior valor relativo deve ser diferente de 0. Assim, precisamos dividir nosso prob-
lema em dois casos. O caso I é aquele em que o algarismo das unidades é zero e o caso II aquele em que este vale 3, 6 ou 9.

Em ambos os casos nosso problema será dividido nas seguintes etapas:

(i) escrever o algarismo das unidades (1 possibilidade no caso I e 3 possibilidades no caso II);
(ii) escrever o algarismo de maior valor relativo, que deve ser distinto daquele escolhido na etapa anterior (11 possibil-
idades no caso I e 10 possibilidades no caso II);
(iii) escrever cada um dos outros algarismos, os quais precisam ser diferentes dos dois escolhidos nas etapas anteriores
e também distintos entre si.

No caso 1, o número de possibilidades será 1 × 11 × (10 × 9) = 990.


No caso 2, o número de possibilidades será 3 × 10 × (10 × 9) = 2.700.
Somando o número de possibilidades de cada caso, os quais não possuem interseção, concluı́mos que existem 3.690
múltiplos de 3 representados por quatro algarismos distintos no sistema duodecimal.
(c) Para convertermos a representação de um número do sistema decimal para o sistema duodecimal devemos realizar a
divisão inteira por 12 sucessivas vezes (isto é, dividir por 12 o quociente da divisão anterior) até obtermos um quociente
menor que 12. A representação duodecimal terá como algarismos o quociente da última divisão seguido dos restos de
cada divisão, na ordem inversa daquela segundo a qual foram obtidos no processo.
Como
3.690 = 307 × 12 + 6
307 = 25 × 12 + 7
25 = 2 × 12 + 1
temos que 3.690 = 2.17612 .

[07] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Um segmento que tem um vértice de um triângulo como uma de suas extremidades e a outra extremidade sobre o lado
oposto a esse vértice é chamado de ceviana interna do triângulo. O Teorema de Ceva afirma que, em um triângulo
BA0 CB 0 AC 0
ABC, as cevianas internas AA0 , BB 0 e CC 0 se intersectam em um mesmo ponto se, e somente se, 0 · 0 · 0 =
AC BA CB
1.

Prove, utilizando o Teorema de Ceva, que em um triângulo ABC:


(a) as três medianas de um triângulo concorrem em um mesmo ponto.
(b) as três bissetrizes internas de um triângulo concorrem em um mesmo ponto.

Solução

(a) Neste caso os pontos A0 , B 0 e C 0 são os pontos médios dos lados BC, AC e AB, respectivamente. Assim, BA0 = A0 C,
BA0 CB 0 AC 0 BA0 CB 0 AC 0
CB 0 = B 0 A e AC 0 = C 0 B, de modo que = = = 1. Portanto, · · = 1 e, pelo teorema de
AC0 BA0 CB0 A0 C B 0 A C 0 B
Ceva, as três medianas concorrem no mesmo ponto.
BA0 AB
(b) Considerando a bissetriz interna AA0 , o teorema da bissetriz interna nos garante que = . De modo análogo,
A0 C AC
CB 0 BC
usando esse mesmo teorema, mas considerando as bissetrizes internas BB 0 e CC 0 , obtemos, respectivamente, =
B0A AB
AC 0 AC BA0 CB 0 AC 0 AB BC AC
e = . Portanto, · · = · · = 1. Assim, pelo teorema de Ceva, concluı́mos que as
C0B BC A0 C B 0 A C 0 B AC AB BC
três bissetrizes internas concorrem no mesmo ponto.
[08] [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

Dados x, y ∈ Z, denotamos o maior divisor comum de x e y por (x, y).

(a) Seja a ∈ Z, com a 6= 1, e m ∈ N, mostre que


 m 
a −1
, a − 1 = (m, a − 1)
a−1

(b) Seja m um número natural. Mostre que

16 | (5m − 1) ⇐⇒ 4 | m

Solução

(a) Temos que am − 1 = (a − 1)(am−1 + · · · + a + 1), logo

am − 1
= (am−1 − 1) + (am−2 − 1) + · · · + (a − 1) + m − 1 + 1
a−1
Como a − 1|ak − 1, para todo k natural, temos que

am − 1
= `(a − 1) + m, onde ` ∈ Z.
a−1

am − 1
 
Portanto, , a − 1 = (`(a − 1) + m, a − 1) = (m, a − 1).
a−1
(b) Suponha que 16|5m − 1. Temos que 5m − 1 = 16k, com k ∈ Z e pelo item (a)

5m − 1
 
, 5 − 1 = (m, 5 − 1)
5−1
 
16k
Obtemos , 4 = (m, 4), logo 4 = (4k, 4) = (m, 4). Portanto, 4|m.
4
Suponha que 4|m. Temos que m = 4k, com k ∈ Z e
5m − 1 = 54k − 1 = (54 )k − 1.
Como 624 = 54 − 1|54k − 1 = 5m − 1 e 16|624, concluimos que 16|5m − 1.
(b) Solução Alternativa
 m 
5 −1
Pelo item (a) temos , 5 − 1 = (m, 5 − 1), logo
5−1
 m 
5 −1
, 4 = (m, 4)
4

Portanto,
5m − 1
  m
5 − 1
4|m ⇐⇒ 4 = (m, 4) = , 4 ⇐⇒ 4 ⇐⇒ 16|5m − 1
4 4
QUESTÕES DA LISTA 4 DE MA11 – POSTADA EM 09/07/2021
QUESTÃO 1 (ENQ 2018.2 – Q3)

QUESTÃO 2 (ENQ 2018.2 – Q4)


QUESTÃO 3 (ENQ 2018.1 – Q1)
QUESTÃO 4 (ENQ 2018.1 – Q8)
QUESTÃO 5 (ENQ 2017.2 – Q8)
QUESTÃO 6 (ENQ 2017.1 – Q1)
QUESTÃO 7 (ENQ 2017.1 – Q7)
QUESTÃO 8 (ENQ 2016.1 – Q6)
QUESTÃO 9 (ENQ 2015.2 – Q5)
QUESTÃO 10 (ENQ 2015.2 – Q7)

QUESTÃO 11 (ENQ 2015.1 – Q2)


- CAPÍTULO 1 -

1.1. Sejam P1, P2, Q1, Q2 propriedades referentes a elementos de um conjunto-


universo U. Suponha que P1 e P2 esgotam todos os casos possíveis (ou seja, um
elemento qualquer de U ou tem a propriedade P1 ou tem P2). Suponha ainda que
Q1 e Q2 são incompatíveis (isto é, excluem-se mutuamente). Suponha,
finalmente, que P1 → Q1 e P2 → Q2. Prove que valem as recíprocas: Q1 → P1 e
Q2 → P2.
Consideremos os seguintes subconjuntos de U:
A. Subconjunto formado por elementos que gozem da propriedade P1.
B. Subconjunto formado por elementos que gozem da propriedade P2.
C. Subconjunto formado por elementos que gozem da propriedade Q1.
D. Subconjunto formado por elementos que gozem da propriedade Q2.
Hipóteses:
P1 e P2 esgotam todos os casos possíveis, ou seja, AUB = U.
Q1 e Q2 são mutuamente exclusivos, ou seja, C∩D = Ø
P1 → Q1, isto é, A ⊂ C;
P2 → Q2, isto é, B ⊂ D.
Teses:
Q1 → P1, isto é C ⊂ A;
Q2 → P2, isto é D ⊂ B.
Demonstrações: Q1 → P1, isto é C ⊂ A;
Suponhamos por absurdo que exista um elemento x, tal que x ∈ C e x ∉ A.
Desta forma, x ∈ B já que AUB = U, o quer por hipótese nos garante que x ∈ D. Como
C∩D = Ø, se x ∈ C, logo é impossível que tenhamos x ∈ D. Podemos então dizer que,
se x ∈ C temos também que x ∈ A, provando que C ⊂ A, ou ainda que Q1 → P1.
Q2 → P2, isto é D ⊂ B.
Suponhamos por absurdo que exista um elemento y, tal que y ∈ D e y ∉ B.
Desta forma, y ∈ A já que AUB = U, o quer por hipótese nos garante que y ∈ C. Como
C∩D = Ø, se y ∈ D, logo é impossível que tenhamos y ∈ C. Podemos então dizer que,
se y ∈ D temos também que y ∈ B, provando que D ⊂ B, ou ainda que Q2 → P2.

1.2. Enquadre no contexto do exercício anterior o seguinte fato geométrico:


Duas oblíquas que se afastam igualmente do pé da perpendicular são iguais. Se,
se afastam desigualmente então são desiguais e a maior é a que mais se afasta.
Vamos observar as figuras

Nelas estão representadas as


oblíquas AB e AC e o P é o pé
da perpendicular baixada a
partir de A. consideremos que
na figura 1 tem-se AB = AC e
BP = CP e que na figura 2 tem-
Figura 1 Figura 2
se AB ≠ AC, com AB > AC e BP ≠ CP, com BP > CP.
Enquadrando estas situações no contexto da questão 1, temos:
AB = AC e AB ≠ AC representam respectivamente as propriedade P1 e P2, pois juntas
esgotam todas as possibilidades quanto às medidas das oblíquas;
BP = CP e BP ≠ BP representam respectivamente as propriedades de Q 1 e Q2, pois
são mutuamente exclusivas.
Desta forma, pode-se dizer que,
Se P1 → Q1 então Q1 → P1
Se P2 → Q2 então Q2 → P2

1.3. Sejam X1, X2, Y1, Y2 subconjuntos do conjunto-universo U. Suponha que


X1UX2 = U e Y1 ∩Y2 = Ø, que X1 ⊂ Y1 e que X2 ⊂ Y2. Prove que X1 = Y1 e X2 = Y2
X1UX2 = U
Y1∩Y2 = Ø X1 = Y1
Hipóteses Teses
X1 ⊂ Y1 X2 = Y2
X2 ⊂ Y2
Demonstrações: X1 = Y1
Consideremos por absurdo que exista um elemento a, de modo que a ∈ Y1 e a ∉ X1.
Se a ∉ X1, então a ∈ X2, pois X1UX2 = U. Como a ∈ X2⊂Y2, isto significa que a ∈ Y2.
Mas esta conclusão é inviável tendo em vista que Y1∩Y2. = Ø. Desta forma se a ∈ Y1
então a ∈ X1, ou seja, Y1⊂X1. Como por hipótese X1⊂Y1 e provamos que Y1⊂X1.
Logo X1 = Y1.
X2 = Y2
Consideremos por absurdo que exista um elemento b, de modo que b ∈ Y2 e b ∉ X2.
Se b ∉ X2, então b ∈ X1, pois X1UX2 = U. Como b ∈ X1⊂Y1, isto significa que b ∈ Y1.
Mas esta conclusão é inviável tendo em vista que Y1∩Y2. = Ø. Desta forma se b ∈ Y2
então b ∈ X2, ou seja, Y2⊂X2. Como por hipótese X2⊂Y2 e provamos que Y2⊂X2. Logo
X2 = Y2.
1.4. Compare o exercício anterior com o primeiro em termos de clareza e
simplicidade dos enunciados. Mostre que qualquer um deles pode ser resolvido
usando o outro. Estabeleça resultados análogos com n propriedades ou n
subconjuntos em vez de 2. Veja no livro: “Coordenadas no Espaço”, (Coleção do
Professor de Matemática, S.B.M.) pág. 83 uma utilização deste fato com n = 8.

1.5. Ainda no tema do primeiro exercício, seria válido substituir as implicações


P1 → Q1 e P2 → Q2 nas hipóteses por suas recíprocas Q1 → P1 e Q2 → P2?
A. P1. AUB = U
B. P2. eses C∩D = Ø P1 → Q1, ou seja, A ⊂ C
Hipóteses Teses
C. Q1. Q1 → P1, ou seja, C ⊂ A P2 → Q2, ou seja, B ⊂ D.
D. Q2. Q2 → P2, ou seja, D ⊂ B
Verificação: P1 → Q1, ou seja, A ⊂ C
Suponhamos que exista um elemento x, tal que x ∈ A e x ∉ C. Desta forma, tem-se
que x ∈ D ou x ∉ D. Se x ∈ D, então x ∈ B, dai x ∈ AUB. Se x ∉ D então x ∉ B, mas
como consideramos que x ∈ A, logo x ∈ AUB. Com isto comprovamos a possibilidade
de x ∈ A e x ∉ C, de forma que a tese A ⊂ C tornando-se inválida. Podemos concluir
então que não é valido substituir implicações P1 → Q1 e P2 → Q2 na hipótese por suas
recíprocas Q1 → P1 e Q2 → P2.

1.6. Escreva as implicações lógicas que correspondem à resolução da equação


√x + 2 = x, veja quais são reversíveis e explique o aparecimento de raízes
estranhas. Faça o mesmo com a equação √x + 3 = x
Sendo x > 2, temos:
(A) √x + 2 = x A→B→C→D→E→F→G
(B) √x = x – 2 por transitividade tem-se A → G
(C) x = (x – 2)2 Significado desta implicação é que se a equação
(D) x = x – 4x + 4
2
√x + 2 = 2 possui raízes reais, estas pertencem ao
(E) x2 – 5x + 4 = 0 ao conjunto {1, 4}
(F) x = 4 ou x = 1
(G) x ∈ {1, 4} .
Com exceção da implicação B → C, as demais são reversíveis.
Observa-se que C → B é x = (x – 2)2 → √x + 2 = x ou -√x + 2 = x
Com x > 2, tem-se que x = 4 é raiz de (A), porém x = 1 é considerada uma raiz
estranha, pois não é raiz da equação √x + 2 = x e sim da equação -√x + 2 = x.
Para x = 4 em (A), temos: Para x = 1 em (A), temos:
Sendo x > 3,√x +2=x
temos: √x + 2 = x
√4 + 2 = 4 √1 + 2 = 1
(A) √x + 3 = x A→B→C→D→E→F→G
2+2=4 1+2=1
(B) √x = x – 3 4=4 3 ≠ 1 A → G. Isto significa que
por transitividade tem-se
(C) x = (x – 3)2 o conjunto solução da equação √x + 3 = x está
(D) x = x – 6x + 9
2
contido no conjunto {7 + √13; 7 - √13}
(E) x2 – 7x + 9 = 0 2 2
(F) x = 7 + √13 ou x = 7 - √13
2 2
(G) x ∈ {7 + √13; 7 - √13 } ≈ (5,3; -1,7)
2 2
Com exceção da implicação B → C, as demais são reversíveis. Como x > 3, então a
única raiz real da equação proposta é x = 7 + √13.
2

1.7. Mostre que, para todo m > 0, a equação √x + m = x tem exatamente uma raiz.
Para m ≥ 0
√x + m = x Como x – m = √x e m > 0, então x > m, daí
√x = x – m, m > 0 para que tenhamos as condições (I) e (II)
x = (x – m)2 satisfeitas, devemos ter x’ > m e x” < m ou
x = x2 – 2mx + m2 x’ < m e x” > m. Desta forma provamos que
x – (2m + 1)x + m = 0
2 2
é única a raiz da equação √x + m = x.
 x’ + x” = 2m + 1 .(I)
Soma das raízes: x’ + x” = -b/a
 x’.x” = m2 .(II) Produto das raízes: x’.x” = c/a

1.8. Considere as seguintes (aparentes) equivalências lógicas:


x = 1  x2 − 2x + 1 = 0 (I)
 x2 − 2 · 1 + 1 = 0 (II) Recíproca: (II) → (I) falsa.
x2 − 1 = 0 => x2 − 2x + 1 = 0
 x2 − 1 = 0 (x–1)(x+1) = 0 => x2 − 2x + 1 = 0
 x = ±1: x = ±1 => x2 − 2x + 1 = 0
Para x = 1 => x2 − 2x + 1 = 0
Conclusão (?): x = 1  x = ±1: Onde está o erro? 12 – 2.1 + 1 = 0
A segunda equivalência lógica é incorreta, pois a 0=0
Para x = -1 => x − 2x + 1 = 0
2
implicação x2 − 2x + 1 = 0 → x2 − 2 · 1 + 1 = 0 possui (-1)2 – 2(-1) + 1 = 0
recíproca falsa. 4≠0

1.9. As raízes do polinômio x3 − 6x2 + 11x − 6 = 0 são 1, 2 e 3. Substitua, nesse


polinômio, o termo 11x por 11x2 = 22, obtendo então x3 − 6x2 + 16, que ainda tem
2 como raiz mas não se anula para x = 1 nem x = 3. Enuncie um resultado geral
que explique este fato e o relacione com o exercício anterior.
Considerando o polinômio:
n=k
P(x) = ∑ an xn, sendo n ∈ IN, podemos obter um polinômio q(x) substituindo um dos
n=0

termos do p(x), (an.xn) por an.tn. Desta forma, teremos p(t) = q(t), e se t vier a ser raiz
de p(x), ocorrerá q(t) = 0, ou seja, t também será raiz de q(x). Em relação a mais
raízes de q(x) não temos embasamento suficientes para compará-las com as demais
raízes de p(x), podendo estas então diferir das primeiras.
No exercício anterior temos um polinômio de forma, p(x) = ax2 + bx + c. Substituindo o
termo bx por bt, obtemos o polinômio q(x) = ax2 + bt + c e então é notável que p(t) =
q(t) é uma raiz de p(x), então p(t) = 0 → q(t) = 0, daí tem-se:
ax2 + bt + c = 0 (1), já sabemos que t é uma de suas raízes. Chamando a outra raiz de
(a = a, b = 0 e c = bt + c)
k + t = 0 → k = -t (2) Soma das raízes: x’ + x” = -b/a
k, obtemos:
k.t = bt + c (3) Produto das raízes: x’.x” = c/a
 k + t = 0 → k = -t (2) a
c + bt = k.t.a
 k.t = bt + c (3) c = k.t.a – bt
a c = (-t).t.a – bt
Substituindo (2) em (3), temos: c = -at2 - bt
c = -at2 – bt (4)
Substituindo (4) em (1), temos:
ax2 + bt – at2 – bt = 0 surgindo aqui a raiz de –t que é raiz de q(x) mas
ax2 – at2 = 0 não é raiz de p(x).
a(x2 – t2) = 0
x2 = t2
x = ±t

1.10. Expressões tais como “para todo” e “qualquer que seja” são chamadas de
quantificadores e aparecem em sentenças dos tipos:
(1) “Para todo x, é satisfeita a condição P(x)”
(2) “Existe algum x que satisfaz a condição P(x)”, onde P(x) é uma condição
envolvendo a variável x.
a) Sendo A o conjunto de todos os objetos x (de um certo conjunto universo U)
que satisfazem a condição P(x), escreva as sentenças (1) e (2) acima, usando a
linguagem de conjuntos.
(1) A = U, pois x ∈ U, a expressão diz que “Para todo x, é satisfeita a condição P(x)” e
A é o conjunto dos objetos x que satisfazem tal condição.
(2) A ≠ Ø, pois Ǝ x ∈ U que satisfaz a condição P(x), da forma que, como A é formado
por objetos x que satisfazem a condição P(x), então A possui ao menos um objeto.
b) Quais são as negações de (1) e (2)? Escreva cada uma destas negações
usando conjuntos e compare com as sentenças obtidas em (a).
Considerando x ∈ U e A o conjunto dos objetos x que satisfazem a condição P(x) e B o
conjunto dos objetos que não satisfazem a condição P(x), temos:
~(1) “Existe algum x que não satisfaz a condição P(x)”. AUB = U
~(2) “Não existe x que satisfaz a condição P(x)”. A = Ø → B = U.
Como A e B são disjuntos e AUB =U, podemos dizer que B = AC.

c) Para cada sentença abaixo, diga se ela é verdadeira ou falsa e forme sua
negação:
• Existe um número real x tal que x2 = −1. – FALSA, pois Ʉ x ∈ IR ≥ 0
Negação: Para todo número real x, tem-se x2 ≠ −1 ou Ʉ x ∈ IR, x2 ≠ -1.
• Para todo número inteiro n, vale n2 > n. – FALSA, pois n = 0 ou n = 1 não satisfaz.
Negação Existe um número inteiro n tal que n2 ≤ n.
• Para todo número real x , tem-se x > 1 ou x2 < 1. – FALSA [-1 > 1 ou (-1)2 < 1)].
Negação: Existe um número real x tal que x ≤ 1 e x2 ≥ 1.
Para todo número real x existe um número natural n tal que n > x. - VERDADEIRA
Negação: Existe um número real x tal que n ≤ x para todo número natural n.
Existe um número natural n tal que, para todo número real x, tem-se n > x FALSA
Negação: Para todo número natural n, existe um número real x tal que n ≤ x.

11. Considere os conjuntos abaixo:


F = conjunto de todos os filósofos
M = conjunto de todos os matemáticos
C = conjunto de todos os cientistas
P = conjunto de todos os professores
a) Exprima cada uma das afirmativas abaixo usando a linguagem de conjuntos:
1) Todos os matemáticos são cientistas.
M⊂C
2) Alguns matemáticos são professores.
M∩P ≠ Ø
3) Alguns cientistas são filósofos.
C∩F ≠ Ø
4) Todos os filósofos são cientistas ou professores.
F ⊂ (CUP)
5) Nem todo professor é cientista.
P∩CC ≠ Ø existe professor que não é cientista.
b) Faça o mesmo com as afirmativas abaixo:
6) Alguns matemáticos são filósofos.
M∩F ≠ Ø
7) Nem todo filósofo é cientista.
F∩CC ≠ Ø
8) Alguns filósofos são professores.
F∩P ≠ Ø
9) Se um filósofo não é matemático, ele é professor.
F⊂(MUP) ou (F∩MC) ⊂ P
10) Alguns filósofos são matemáticos.
F∩M ≠ Ø
c) Tomando as cinco primeiras afirmativas
como hipóteses, verifique quais das
afirmativas do segundo grupo são
necessariamente verdadeiras.

Nenhuma é necessariamente verdadeira.

1.11. O artigo 34 da Constituição Brasileira de 1988 diz o seguinte:


“A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para:
I. Manter a integridade nacional;
II. Repelir invasão estrangeira ou de unidade da Federação em outra”
III. ...;
(a) Suponhamos que o estado do Rio de Janeiro seja invadido por tropas do
estado de São Paulo. O texto acima obriga a União a intervir no estado?
O texto constitucional não obriga intervenção federal num estado em nenhuma
circunstância.

Na sua opinião, qual era a intenção dos legisladores nesse caso?


Provavelmente, os legisladores queriam dizer que nos casos citados, e somente
nesses casos, a União intervirá.

(b) Reescreva o texto do artigo 34 de modo a torná-lo mais preciso.


A União intervirá nos Estados ou no DF para manter a integridade nacional ou repelir
invasão estrangeira ou de unidade da Federação em outra.

1.12. Prove que x2 + x − 1 = 0 → x3 − 2x + 1 = 0.


A implicação é obtida multiplicando ambos os termos da igualdade x2 + x - 1 = 0 por x - 1.
(x – 1)(x2 + x – 1) = x3 – x2 + x2 – x – x + 1
= x3 – 2x + 1
1.13. Prove que, para x, y, k inteiros, tem-se x + 4y = 13k  4x + 3y = 13(4k − y).
Conclua que 4x + 3y e x + 4y são divisíveis por 13 para os mesmos valores
inteiros de x e y.
() Se x + 4y = 13k → 4x + 3y = 4(x + 4y) – 13y = 4(13k) – 13y = 13(4k – y)

4x + 3y = mantendo a igualdade devemos


fazer aparecer 13y que somado a 16y dá (⇐) 4x + 3y = 13(4k – y)

igual a 3y e é múltiplo de 4 e arrumando fica: 4x + 3y = 52k – 13y

4x + 16y - 13y 4x + 3y + 13y = 52k

4(x + 4y) – 13y, só que x + 4y = 13k, logo: 4x + 16y = 52k dividindo por 4.

4.13k – 13y = 13(4k – y) x + 4y = 13k → x + 4y é múltiplo de 13

1.14. O diagrama de Venn para os conjuntos X, Y, Z decompõe o plano em oito


regiões. Numere essas regiões e exprima cada um dos conjuntos abaixo como
reunião de algumas dessas regiões.
(Por exemplo: X ∩ Y = 1 U 2)

a) (XC U Y)C = (4, 6, 7, 8 U 1, 2, 4, 6)C


= (1, 2, 4, 6, 7, 8)C
= (3U5)

b) (XC U Y) U ZC;
= (4, 6, 7, 8 U 1, 2, 4, 6) U (2, 5, 6, 8)
= (1, 2, 4, 6, 7, 8) U (2, 5, 6, 8)
= (1 U 2 U 4 U 5 U 6 U 7 U 8)

c) (XC ∩ Y) U (X ∩ ZC)
= (4, 6, 7, 8 ∩ 1, 2, 4, 6) U (1, 2, 3, 5 ∩ 2, 5, 6, 8)
= (4, 6) U (2, 5)
= (2 U 4 U 5 U 6)
d) (X U Y)C ∩ Z
= (1, 2, 3, 5 U 1, 2, 4, 6)C ∩ (1, 3, 4, 7)
= (1, 2, 3, 4, 5, 6)C ∩ (1, 3, 4, 7)
= (7, 8) ∩ (1, 3, 4, 7) = 7

1.15. Exprimindo cada membro como reunião de regiões numeradas, prove as


igualdades:
a) (X U Y ) ∩ Z = (X ∩ Z) U (Y ∩ Z);
(X U Y ) ∩ Z =
(1, 2, 3, 5 U 1, 2, 4, 6) ∩ (1, 3, 4, 7) =
(1, 2, 3, 4, 5, 6) ∩ (1, 3, 4, 7) =
(1 U 3 U 4)
(X ∩ Z) U (Y ∩ Z) =
(1, 2, 3, 5 ∩ 1, 3, 4, 7) U (1, 2, 4, 6 ∩ 1, 3, 4, 7)
(1, 3) U (1,4) =
(1 U 3 U 4)

b) X U (Y ∩ Z)C = X U YC U ZC
1, 2, 3, 5 U (1, 2, 4, 6 ∩ 1, 3, 4, 7)C = 1, 2, 3, 5 U 3, 5, 7, 8 U 3, 5, 6, 8
1, 2, 3, 5 U (1, 4)C = 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8,
1, 2, 3, 5 U 2, 3, 5, 6, 7, 8 = 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8
1, 2, 3, 5, 6, 7, 8 = 1, 2, 3, 5, 6, 7, 8

1.16. Sejam A, B e C conjuntos. Determine uma condição necessária e suficiente


para que se tenha A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ C.
SOLUÇÃO 1.
De acordo com a distributiva da união em relação à interseção teremos:
I. A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ (A U C)
A condição A ⊂ C é necessária para que valha A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ C. Com efeito, se A ⊂ C
então A U C = C, logo A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ (A U C) = (A U B) ∩ C. Reciprocamente, se vale
a igualdade A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ C então, A ⊂ A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ C ⊂ C, isto é,
A ⊂ C. Portanto, vale A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ C se, e somente se, A ⊂ C.

A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ C. Aqui tanto faz o conjunto A ter ou não elemento(s)


em comum como o conjunto B que a igualdade é
SOLUÇÃO 2 valida.
De acordo com a distributiva da união em relação à interseção teremos:
I. A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ (A U C)
A condição A ⊂ C é necessária para que valha A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ C. Com efeito, se A ⊂ C
então A U C = C, logo A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ (A U C) = (A U B) ∩ C.
II. (A U B) ∩ C = (A ∩ C) U (B ∩ C)
A condição A ⊂ C é suficiente para que valha A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ C. Com efeito, se A ⊂ C
então A ∩ C = A, logo (A U B) ∩ C = (A ∩ C) U (B ∩ C) = A U (B ∩ C)
Portanto, vale A U (B ∩ C) = (A U B) ∩ C se, e somente se, A ⊂ C.

1.17. A diferença entre conjuntos é definida por A − B = {x / x ∈ A e x ∉ B}.


Determine uma condição necessária e suficiente para que se tenha
A − (B − C) = (A − B) − C.

Solução 1
Elas nos mostram que se A ∩ C = Ø, temos: A – (B – C) = (A – B) – C
De fato,
(1) A – (B – C) = [A – (A ∩ B)] U (A ∩ B ∩ C)
= [A – (A ∩ B)] U (Ø ∩ B)
= [A – (A ∩ B)] U Ø
= A – (A ∩ B) (i)
(2) (A – B) – C = A – [(A ∩ C) U (A ∩ B)]
= A – [Ø U (A ∩ B)]
= A – (A ∩ B) (ii)
Logo (i) = (ii).
Solução 2

1.18. Prove que se um quadrado perfeito é par então sua raiz quadrada é par e que se um
quadrado perfeito é ímpar então sua raiz quadrada é ímpar.
Prove que:
1) x2 = 2k → x = 2n
2) x2 = 2k + 1 → x = 2n + 1, com x, n, k ∈ IN
Demonstração (1): x2 = 2k → x = 2n
Suponhamos, por absurdo, que x = 2k + 1
x = 2k + 1 → x2 = (2k + 1)2
= 4k2 + 4k + 1
= 2(2k2 + 2k) + 1, façamos m = 2k2 + 2k
= 2m + 1, absurdo, pois x2 = 2k
Logo x = 2n.

Demonstração (2): x2 = 2k + 1 → x = 2n + 1, com x, n, k ∈ IN


Suponhamos, por absurdo, que x = 2k
x = 2k → x2 = (2k)2
= 4k2
= 2(2k2), façamos m = 2k2
= 2m, absurdo, pois x2 = 2k + 1
Logo x = 2n + 1

1.19. Prove o teorema de Cantor: se A é um conjunto e P(A) é o conjunto das partes de A,


não existe uma função f : A → P(A) que seja sobrejetiva.
Sugestão: Suponha que exista uma tal função f e considere X = {x ∈ A : x ∉ f(x)}
Solução 1.
Dada uma função arbitrária f: A → P(A), considere o conjunto X = {x ∈ A; x ∉ f(x)}. Então
X ∈ P(A), mas não existe x ∈ A tal que f(x) = X, pois a existência de um tal x levaria a uma
contradição. Com efeito, ou x ∈ X ou x ∉ X.
O primeiro caso não pode ocorrer porque x ∈ X → x ∉ f(x) → x ∉ X. Absurdo.
Já no segundo caso, temos x ∉ X → x ∈ f(x) → x ∈ X. Absurdo.
Portanto f não pode ser sobrejetiva, pois isso leva a um absurdo.

Solução 2.
Assumindo que f é sobrejetiva.
Defini-se o conjunto X como o conjunto tal que se x é elemento de f(x) então x não é
elemento de X, e se x não é elemento de f(x) então x é elemento de X.
Como f é sobrejetiva existe um b tal que f(b) = X, há dois casos:
1) b é elemento de f(b), logo b não pode ser elemento de X, mas X = f(b), absurdo.
2) b não é elemento de f(b), logo b é elemento de X, mas X = f(b), absurdo.
Portanto f não pode ser sobrejetiva, pois isso leva a um absurdo.

- CAPÍTULO 2 -
2.1. Dado o número natural a, seja Y ⊂ IN um conjunto com as seguintes propriedades: (1)
a ∈ Y; (2) n ∈ Y → n + 1 ∈ Y. Prove que Y contém todos os números naturais maiores do
que ou iguais a a. (Sugestão: considere o conjunto X = Ia U Y, onde Ia é o conjunto dos
números naturais ≤ a, e prove, por indução, que X = IN.) Ia ≤ a ≤ Y
SOLUÇÃO 1.
De (1) e (2), temos que Y ≠ ᴓ;
É preciso mostrar que Y = {n ∈ IN; a ≤ n}.
Considere X = IaUY, onde Ia = {n ∈ IN; n ≤ a} (conjunto de todos os nºs IN ≤ a).
1 ∈ Ia, pois a ∈ IN, então 1 ≤ a, logo temos que 1 ∈ X = IaUY.
Vamos supor, por hipótese, que n ∈ X = IaUY, então n ≤ a ou n ≥ a.
De n ∈ X = IaUY → n ∈ Y ou n ∈ Ia.
(I). Se n ∈ Y, pela propriedade (2), temos que n + 1 ∈ Y, logo concluímos que n + 1 ∈ X =
IaUY;
(II). Se n ∈ Ia, temos que n ≤ a. Como pela propriedade (1) a ∈ Y, temos que existe
n’ ∈ IN tal que n’ = a + 1 > a ∉ Ia, logo, pela propriedade (2), n’ = a + 1 ∈ Y. Então para
a = n, temos n’ = a + 1 = n + 1 ∈ Y, o que concluímos que n’ = a + 1 = n + 1 ∈ X = IaUY. De
qualquer forma temos:
1 ∈ X = IaUY
n ∈ X = IaUY → X = IN.
n + 1 ∈ X = IaUY
Como X = IaUY → IN = IaUY, ou o mesmo que IN = IaUY → IN – Ia = Y, logo temos:
Y = IN – Ia = (Ia)C = {1, 2, 3, ..., a, a+1, ...} – {1, 2, 3, ..., a} = {a+1, a+2, ..., a+n, ...}
Y = {a+1, a+2, a+3,..., a+n, ...} = {n ∈ IN; a ≤ n}.
SOLUÇÃO 2.
Seja X = {n ∈ IN; a + n ∈ Y}. Como a ∈ Y, por (1), segue-se que a + 1 ∈ Y, portanto 1 ∈ X.
Além disso, n ∈ X → a + n ∈ Y → (a + n) + 1 ∈ Y → n + 1 ∈ X. Logo X = IN. Assim, Y contém
todos os números naturais ≥ a.

2.2. Use o exercício anterior para provar que 2n + 1 ≤ 2n para todo n ≥ 3 e, em seguida,
que n2 < 2n para todos n ≥ 5.
Parte 1. 2n + 1 ≤ 2n
P(n) → 2n + 1 ≤ 2n, n ≥ 3.
Defina Y = {n ∈ IN, n ≥ 3, P(n) é verdadeiro}
Mostrar que Y = {3, 4, 5, 6, ...} é o subconjunto de IN que satisfaz P(n).
Para n = 3 → 2.3 + 1 = 7 ≤ 23 = 8, vale e assim 3 ∈ Y.
Suponha que n ∈ IN, com n > 3, vale P(n).
Hipótese de indução
k ∈ IN tal que k ∈ Y, então P(k) é verdadeiro, isto é, 2k + 1 ≤ 2k
2(k + 1) + 1 ≤ 2k + 1
É preciso mostrar que 2(k + 1) + 1 ≤ 2k + 1
2k + 2 + 1 ≤ 2k + 1
2(k + 1) + 1 = 2k + 2 + 1 = (2k + 1) + 2, mas de [2k + 1 ≤ 2k] hipótese
2k + 1 + 2 ≤ 2k + 1,
= 2k + 2 ≤ 2k + 2k, observe que 2 ≤ 2k, para k ≥ 1.
por H.I 2k+1 ≤ 2k
= 2.2k = 2k+1, portanto 2(k + 1) + 1 ≤ 2k + 1
2k + 2 ≤ 2k + 1
Parte II. n2 < 2n para todo n ≥ 5
2k + 1 ≤ 2k + 1
Tome n = 5 → 52 = 25 < 25 = 32
Suponha P(n), n2 < 2n verdadeira (hipótese de indução)
É preciso mostrar que para n+1, P(n+1) vale, ou seja, (I). (n+1)2 < 2(n+1) (II). Vamos
partir de (I) e chegar a (II):
(I). (n+1)2 = n2 + 2n + 1, por H.I. P(n), n2 < 2n vale
n2 + 2n + 1 < 2n + 2n + 1, mas 2n + 1 ≤ 2n (da parte (i))
2n + 2n + 1 ≤ 2n + 2n = 2.2n = 2n+1, ou seja, (n + 1)2 < 2n+1 com n ≥ 4.

2.3 Prove, por indução, que

Para todo n ≥ 3 e conclua daí que a sequência 1, √2, 3√3, 4√4... é decrescente a partir do
terceiro termo.

Mostraremos que para n ≥ 3. É claro que (4/3)3 = 64/27 ≈ 2,37 < 3. Agora,
indução:

Supor que é válido para n e provar que é válido para n + 1.

Escrevendo multiplicando por nn em ambos os lados verificaremos a


desigualdade (n + 1)n < n.nn →
(n + 1)n < nn+1 vemos que n+1√n + 1 < n√n para n ≥ 3. Logo 1, √2, 3√3, 4√4... é decrescente
a partir do terceiro termo.
(n + 1)n < n → como n é positivo e multiplicando por nn teremos: (n + 1)n < n.nn = nn+1
nn

2.4. Prove, por indução, que 1 + 22 + 32 + ... + n2 = n(n + 1).(2n + 1)


6
(i) verificar a validez para n = 1

12 = 1(1 + 1).(2.1 + 1) = 1.2.3 = 6 = 1, verdadeira.


6 6 6
(ii) A igualdade indicada é obviamente verdadeira para n = 1. Supondo-a válida para um
certo n temos
1 + 22 + 32 + ... + n2 = n(n + 1).(2n + 1)
6
Para provar a implicação P(n) → p(n+1), basta verificar que
1 + 22 + 32 + ... + n2 + (n + 1)2 = (n+1)((n+1)+1).(2(n+1)+1) = (n+1)(n+2)(2n+3)
6 6
Desenvolvendo a primeira parte teremos:

n(n+1).(2n+1) + (n+1)2 = n(n+1).(2n+1) + 6(n+1)(n+1) = (n+1)[n(2n+1) + 6(n+1)]


6 6 6
= (n+1)[2n2+n + 6n+6] = (n+1)[2n2+7n+6] = (n+1)(n+2).(2n+3)
6 6 6
Portanto P(n) → P(n+1).

2.5. Critique a seguinte argumentação: Quer-se provar que todo número natural é
pequeno. Evidentemente, 1 é um número pequeno. Além disso, se n for pequeno, n+1
também o será, pois não se torna grande um número pequeno simplesmente somando-lhe
uma unidade. Logo, por indução, todo número natural é pequeno.
O problema resulta do fato de que o “conjunto” dos números naturais pequenos não está
bem definido. O “Conjunto’ dos números pequenos é limitado? Se é, (como deveria) então
qual é o maior número pequeno?

2.6. Use a distributividade para calcular (m+n)(1+1) de duas maneiras diferentes e em


seguida use a lei do corte para concluir que m + n = n + m.
Por um lado (distributividade à direita), (m+n)(1+1) = (m+n).1 + (m+n).1 = m+n+m+n.
Por outro lado (distributividade à esquerda, depois à direita),
(m+n)(1+1) = m(1+1) + n(1+1) = m + n + m + n.
Logo m + n + m + n = m + m + n + n.
n+m+n= m + n + n.
n+m = m + n.
Pela lei do corte (aplicada duas vezes) n + m = m + n.
2.7. Seja X ⊂ IN um conjunto não-vazio, com a seguinte propriedade: para qualquer n ∈ IN,
se todos os números naturais menores do que n pertencem a X então n ∈ X. Prove que X =
IN. (Sugestão: boa ordenação).
Suponha que seja X ≠ IN. Pelo princípio da boa ordenação existe um elemento mínimo a
pertencente a um conjunto não-vazio A = IN – X. Logo, temos que todos os números
naturais menores do que a pertencem a X. Mas pela hipótese, X ≠ ᴓ e X ⊂ IN, segue-se que
em algum momento o a será sucessor de um elemento de X e teríamos a ∈ X. Contradição.
Logo o conjunto A = ∅ e X = IN.

2.8. Seja P(n) uma propriedade relativa ao número natural n. Suponha que P(1), P(2) são
verdadeiras e que, para qualquer n ∈ IN, a verdade de P(n) e P(n+1) implica a verdade de
P(n+2). Prove que P(n) é verdadeira para todo n ∈ IN.
Dados n ∈ IN → P(n)
Hipótese: P(1) e P(2) são verdadeiras, Ʉ n ∈ IN e P(n) e P(n+1) → P(n+2) é verdade.
Provar que P(n) é verdade Ʉ n ∈ IN. Partindo de que a TESE é FALSA.
Suponha que o conjunto A dos números naturais n para os quais P(n) é falsa seja não-
vazio, A ≠ ∅. Então 1 < a, 2 < a e, além disso, P(a-2) e P(a-1) são verdadeiras. Segue-se da
hipótese (enunciado) que P(a) é verdadeira. Contradição. Logo A = ∅ e P(n) é verdadeira
para todos n ∈ IN.

2.9. Use indução para provar que 13 + 23 + 33 + ... + n3 = n2(n + 1)2.


4
Para n = 1 teremos: 13 = ¼.12(1 + 1)2 = ¼.1.22 = ¼.4 = 1
Provar que P(n) → P(n+1):
13 + 23 + 33 + ... + n3 + (n+1)3 = (n+1)2((n+1) + 1)2 = (n+1)2(n+2)2
4 4
n2(n + 1)2 + (n+1)3 = n2(n + 1)2 + 4(n+1)3 = (n + 1)2 [n2 + 4(n+1)] =
4 4 4
= (n + 1)2 [n2 + 4n+4)] = (n + 1)2(n+2)2 .
4 4

- CAPÍTULO 3 -

3.1. Seja f: X → Y uma função. A imagem inversa por f de um conjunto B ⊂ Y é o conjunto


f-1(B) = {x ∈ X; f(x) ∈ B}. Prove que se tem sempre f-1(f(A)) ⊃ A para todo A ⊂ X e f(f-1(B))
⊂ B para todo B ⊂ Y. Prove também que f é injetiva se, e somente se, f-1(f(A)) = A para
todo A ⊂ X. Analogamente, mostre que f é sobrejetiva se, e somente se, f(f -1(B)) = B para
todo B ⊂ Y.
a) x ∈ A → f(x) ∈ f(A) → x ∈ f-1(f(A)) :. A ⊂ f-1f(A)
b) y ∈ f-1(f(B)) → y = f(x), x ∈ f-1(B) → y = f(x), f(x) ∈ B → y ∈ B :. f-1(f(B)) ⊂ B.
c) Seja f injetiva. Se x ∈ f-1(f(A)) então f(x) ∈ f(A), isto é, tem-se f(x) = f(a) para algum
a ∈ A, logo x = a e x ∈ A. Assim, f-1(f(A)) ⊂ A e daí (vide a) f-1(f(A)) = A.
Reciprocamente, temos x2 ∈ f-1(f(A)) = A = {x1} logo x2 = x1 e f é injetiva.
d) Seja f sobrejetiva. Então, para todo B ⊂ Y, temos:
b ∈ B → b = f(x), x ∈ X → b = f(x), x ∈ f-1(B) → b ∈ f(f-1(b)).
Assim B ⊂ f(f-1(B)). Por (b), segue-se f(f-1(B)) = B. reciprocamente, se f(f-1(B)) = B
para todo B ⊂ Y então, tomando y ∈ Y arbitrariamente e pondo B = {y} vemos que
f(f-1(y)) = {y} logo f-1(y) ≠ ∅ e f(x) = y qualquer que seja x ∈ f-1(y). Logo f é
sobrejetiva.

3.2. Prove que a função f: X → Y é injetiva se, e somente se, existe uma função g: Y → X tal
que g(f(x)) = x para todo x ∈ X.
Se existir g: Y → X tal que g(f(x)) = x para todo x ∈ X então f(x1) = f(x2) → x1 = g(f(x1)) =
g(f(x2)) = x2 logo f é injetiva. Reciprocamente, se f é injetiva então definimos f: X → X
assim: fixamos x0 ∈ X. Dado y ∈ Y, se não existir x ∈ X tal que f(x) = y, pomos g(y) = x0. Se y
= f(x) para algum x ∈ X, este x é único e então pomos g(y) = x. A função g: Y → X cumpre
f(g(y)) = X.

3.3. Prove que a função f: X → Y é sobrejetiva se, e somente se, existe uma função h: Y → X
tal que f(h(y)) = y para todo y ∈ Y.
Se existir h: Y → X tal que f(h(y)) = y para todo y ∈ Y então, para todo y ∈ Y tem-se y =
f(x), com x = h(y), logo f é sobrejetiva. Reciprocamente, se f é sobrejetiva então, para cada
y ∈ Y o conjunto f-1(y) é ≠ ∅. Escolhemos x ∈ f-1(y) e pomos h(y) = x. A função h: Y → X
cumpre f(h(y)) = y.

3.4. Dada a função f: X → Y, suponha que g, h: Y → X são funções tais que g(f(x)) = x para
todo x ∈ X e f(h(y)) = y para todo y ∈ Y. Prove que g = h.
Para todo y ∈ Y, pondo h(y) = x, temos
g(y) = g(f(h(y))) = g(f(x)) = x = h(y).

3.5. Defina uma função sobrejetiva f: IN → IN tal que, para todo n ∈ IN, a equação f(x) = n
possui uma infinidade de raízes x ∈ IN. (Sugestão: todo número natural se escreve, de
modo único sob a forma 2a.b, onde a, b ∈ IN e b é impar.)
Escrevendo n = 2a.b com a, b ∈ IN, b ímpar, defina f: IN → IN pondo f(n) = a. Como a
decomposição n = 2a.b, b ímpar, é única, f está bem definida. Como a é qualquer, f é
sobrejetora. Como há infinitos números ímpares b, para cada a existem infinitas soluções n
= 2a.b para a equação f(n) = n.

3.6. Prove, por indução, que se X é um conjunto finito com n elementos então existem n!
bijeções f: X → X.
Isto é claro se n = 1. Supondo verdadeira a afirmação para conjuntos com n elementos,
seja X um conjunto com n+1 elementos. Fixe um elemento a ∈ X. Uma bijeção f: X → X
consiste em escolher a’ = f(a) e definir uma bijeção de X – {a} sobre X – {a’}. Existem n+1
escolhas possíveis para a’ e (por indução) n! possíveis de X – {a} sobre X – {a’}. Segue-se
que há (n+1).n! = (n+1)! bijeções de X.

3.7. Ache o erro da seguinte demonstração por indução:


Teorema: Todas as pessoas têm a mesma idade.
Prova: Provaremos por indução que se X é um conjunto de n (n ≥ 1) pessoas, então todos
os elementos de X têm a mesma idade. Se n = 1 a afirmação é evidentemente verdadeira,
pois se X é um conjunto formado por uma única pessoa, todos os elementos de X têm a
mesma idade.
Suponhamos agora que a afirmação seja verdadeira para todos os conjuntos de n
elementos. Consideremos um conjunto com n+1 pessoas, {a1, a2, ... , an8, an+1}. Ora, {a1, a2, ...
, an8, an+1} é um conjunto de n pessoas, logo a1, a2, ... , na têm a mesma idade de an e an+1,
todos os elementos de {a1, a2, ... , an8, an+1} têm a mesma idade, conforme queríamos
demonstrar.
O erro consiste na passagem P(n) → P(n+1), que é falsa quando n = 1. (Não é verdade que
P(1) = P(2). Mas exatamente: P(2) é certamente falsa.)

3.8. Prove, por indução, que um conjunto com n elementos possui 2n subconjuntos.
Seja P(n) a afirmação de que um conjunto com n elementos tem 2n subconjuntos. Então
P(1) é verdadeira pois se X = {a} então ∅ e {a} são os dois únicos subconjuntos de X.
Supondo P(n) verdadeira, seja X um conjunto com n + 1 elementos. Fixando a ∈ X, seja X’
= X – {a}. Há dois tipos de subconjuntos de X: as partes de X’ (em número de 2 n) e os
subconjuntos que contém a (também são 2n deles). Como 2n + 2n = 2n+1, segue=se
P(n+1).
3.9. Dados n (n ≥ 2) objetos de pesos distintos, prove que é possível determinar qual o
mais leve e qual o mais pesado fazendo 2n – 3 pesagens em uma balança de dois pratos. É
esse o número mínimo de pesagens que permite determinar o mais leve e o mais pesado?
Solução 1 (livro)
P(2) é óbvio pois uma só pesagem é suficiente para saber, entre dois objetos, qual é o mais
leve e qual o mais pesado. Supondo P(n) verdadeira, efetuamos 2n-3 pesagens e
encontramos, entre n objetos dados, o mais leve L e o mais pesado P. Agregando-se o
(n+1)-ésimo objeto, basta efetuar duas pesagens mais, comparado-o com L e com P. Se ele
for mais leve do que L, será o mais leve dos n+1 novos objetos. Se for mais pesado que P
também o problema está resolvido. Se for mais pesado que L e mais leve que P então L e P
continuarão sendo o mais leve e o mais pesado. 2n – 3 é o menor número possível para
resolver o problema, como se vê considerando três objetos.
Solução 2 (net)
Pra n = 2 é obvio: colocamos um objeto em cada prato e vemos imediatamente qual o mais
pesado, com apenas 2*2 - 3 = 1 pesagem.
Suponhamos que isso seja verdade pra n objetos.
Se tivermos n+1 objetos, separamos um deles e, em 2n - 3 pesagens, descobrimos qual o
mais pesado dentro os n restantes (pela hipótese de indução).
Em seguida, com mais uma pesagem (análoga ao caso n= 2) comparamos este objeto com
aquele que separamos inicialmente.
Total = 2n - 3 + 1 = 2n - 2 = 2(n+1) - 4 < 2(n+1) - 3 pesagens.
Este não é o numero mínimo de pesagens.
O numero mínimo de pesagens é igual a n - 1.

3.10. Prove que, dado um conjunto com n elementos, é possível fazer uma fila com seus
subconjuntos de tal modo que cada subconjunto da fila pode ser obtido a partir do
anterior pelo acréscimo ou pela supressão de um único elemento.
P(1) é claro. Suponhamos todos os subconjuntos de um conjunto X com n elementos
dispostos numa fila, de modo que cada um desses subconjuntos difira do anterior pelo
acréscimo ou pela retirada de um elemento. Tomemos um (n+1)-ésimo elemento e
estendemos a fila acrescentando-o, na ordem inversa, a cada subconjunto da fila anterior,
começando com o último. Desta maneira obteremos todos os subconjuntos de X dispostos
como está prescrito no enunciado.
3.11. Todos os quartos do Hotel Georg Cantor estão ocupados, quando chegam os trens T1,
T2, ..., Tn, ... (em quantidade infinita), cada um deles com infinitos passageiros. Que deve
fazer o gerente para hospedar todos?
No hotel, cujos quartos são Q1, Q2, ..., Qn, ..., passe o hóspede do quarto Qn para Q2n – 1. Assim,
todos os quartos de número par ficam vazios e os quartos de número ímpar, ocupados. Em
seguida, numere os trens assim: T1, T3, T5, T7, .... Os passageiros do trem Ti serão pi1, pi2, ...,
pik, ..., de modo que pik é o k-ésimo passageiro do trem Ti. Finalmente, complete a locação
do hotel alojando o passageiro pik no quarto de número 2k.i. Como todo número par se
escreve, de modo único, sob a forma 2k.i com k ∈IN e i ímpar, haverá um hóspede apenas
em cada quarto.

- CAPÍTULO 4 -

4.1. Dados os intervalos A = [-1, 3), B = [1, 4], C = [2, 3], d = (1, 2] e E = (0, 2] dizer se 0
pertence a ((A – B) – (C ∩ D)) – E.

É claro que 0 ∈ A mas não pertence a B nem a C ∩ D nem a E. Logo 0 ∈ ((A – B) – (C ∩ D)) – E.

4.2. Verifique se cada passo na solução das inequações abaixo está correto:
a) 5x + 3 > 2 → 5x + 3 > 4x + 2 → x > - 1
2x + 1
A implicação 5x + 3 > 2 → 5x + 3 > 4x + 2 é obtida multiplicando a primeira desigualdade
2x + 1
Por 2x + 1. 5x + 3(2x + 1) > 2(2x + 1) → 5x + 3 > 4x + 2. Portanto só é quando
2x + 1
2x + 1 > 0, ou seja, x > -1/2. A maneira correta de resolver esta inequação é separá-la em
2 casos:
5x + 3 > 4x + 2
5x - 4x + 3 > 4x - 4x + 2
x+3–3>2–3
x>–1
 No primeiro caso acima a solução é: x > -1/2 e x > -1, logo x > -1/2.
 No segundo caso para x < -1/2, tem-se 2x + 1< 0 logo vale:
(5x + 3)(2x + 1) > 2(2x + 1) → 5x + 3 < 4x + 2 → x < -1
2x + 1
5x + 3 < 4x + 2
A resposta é x < -1 ou x > - ½. Equivalentemente: x ∉ [-1, -1/2].
5x - 4x + 3 < 4x - 4x + 2
x+3–3<2–3
b) 2x² + x < 2 → 2x² + x < 2x² + 2 → x < 2.
x² + 1 x<–1

As implicações estão todas corretas: a primeira resulta de multiplicar ambos membros da


desigualdade por x² + 1, que é sempre > 0 para todo x. A segunda consiste em somar – 2x²
a ambos os membros. Valem as implicações opostas, em (a) e (b).
2x + x(x² + 1) < 2(x² + 1) → 2x² + x – 2x² < 2x² + 2 – 2x² → x < 2
x² + 1

4.3. Sejam a, b, c, d > 0 tais que a/b < c/d. Mostre que
a<a+c<c
b b+d d
Interprete este resultado no caso em que a, b, c e d são inteiros positivos (isto é, o que
significa somar numeradores e denominadores de suas frações?)
Primeira desigualdade:
a < c → multiplicando por b.d ambos os membros teremos:
b d
adb < cdb → ad < bc, como são Z+, somando cd a ambos os membros teremos:
b d
ad + cd < bc + cd → d(a + c) < c(b + d) → a + c < c (i) Interpretação geométrica
b+d d
Segunda desigualdade:
a < c → multiplicando por b.d ambos os membros teremos:
b d

adb < cdb → ad < bc, como são Z+, somando ab a ambos os membros
teremos:
b d
ad + ab < bc + ab → a(d + b) < b(a + c) → a < a + c (ii)
b b+d
Portanto: de (i) e (ii) temos: a < a + c < c
b b+d d

4.4. Qual é a aproximação da raiz cúbica de 3 por falta com uma casa decimal?

Sabemos que a função que fornece a raiz cúbica de um número real


é contínua e crescente em todo o seu domínio. Temos também que 1 < 3 < 8 e 1³ < 3 < 2³ e
como a função raiz cúbica é crescente, vale que 1 < ³√3 < 2, logo teremos:
³√ 3 = 1,... Pegando este inteiro e a próxima casa decimal e elevando ao cubo teremos:
(1, 1)³ = 1,33 < 3
(1, 2)³ = 1,72 < 3
(1, 3)³ = 2,19 < 3
(1, 4)³ = 2,74 < 3
(1, 5)³ = 3,37 > 3. Logo a aproximação pedida para ³√3 é 1,4.

4.5. Ao terminar um problema envolvendo radicais, os alunos normalmente são instados a


racionalizar o denominador do resultado obtido. Por que isso?
Como estamos falando de operações realizadas manualmente é mais prático para os
alunos usarem a racionalização para números irracionais no denominador por que estes
representam uma dízima não-periódica e fica difícil calcular o valor aproximado deste
número e complicado, também, a realização da operação de divisão por este número
irracional.

4.6. Considere todos os intervalos da forma [0, 1/n], onde n ∈ IN. Existe um número
comum a todos estes intervalos? E se forem tomados os intervalos abertos?
O zero pertence a todos os intervalos. [0, 1/1], [0, 1/2], [0, 1/3], ... , e tem como número
comum: 0
Nenhum outro número real x > 0 pode pertencer a todos esses intervalos porque, dado x > 0
podemos sempre achar n ∈ IN tal que n > 1/x, donde x > 1/n, portanto x ∉ [1, 1/n].
[Um modo prático de obter um número natural n > x consiste em tomar a expressão decimal
de x, desprezar a parte após a vírgula e por n = 1 + (a parte inteira de x)]

4.7. Considere um número racional m/n, onde m e n são primos entre si. Sob que
condições este número admite uma representação decimal finita? Quando a representação
é uma dízima periódica simples?
Como 10 é formado por 2 x 5, conseguimos obter uma decimal finita quando o denominador
for formado apenas dos fatores primos 2 e/ou 5. Antes, porém, m/n terá que ser simplificada,
tornando-se irredutível.
Decimais finitas:
3/32 onde 32 = 25 — 3/32 irá gerar decimal finita = 0,09375.
7/25 onde 25 = 5² — 7/25 irá gerar decimal finita também = 0,28.
9/40 onde 40 = 2².5 — 9/40 irá, igualmente, gerar decimal finita = 0,225.
O número racional representado pela fração irredutível m/n tem uma expressão decimal
quando existe um inteiro k tal que n.k seja uma potência de 10.
Para isso, é suficiente que seu denominador seja da forma n = 2a.5b, com a e b ∈ IN.
Por outro lado, se n é primo com 10 (isto é, não é divisível por 2 nem por 5) então m/n
gera uma dízima periódica simples.
Dízimas periódicas simples:
2/9 onde 9 = 3² → 2/9 irá gerar dízima periódica simples (3 ≠ 2 e/ou 5) = 0,222...
4/21 onde 21 = 3*7 → 4/21 irá gerar dízima periódica simples (3 e 7 ≠ 2 e/ou5) =
0,190476 190476 ...
Com efeito, algum múltiplo de n tem a forma 99...90...0 mas, como n é primo com 10, se n
divide 99...9.10r, divide o fator 99...9. Logo podemos afirmar que n tem um múltiplo tipo
99...9. Se n.k = 99...9 então mk = mk = geratriz de uma dízima periódica simples.
nk 99...9

4.8. O número 0,123456789101112131415... é racional ou irracional?


Como o número 0,123456789... não é periódico, trata-se de um número irracional.

4.9. Utilize a interpretação geométrica de módulo para resolver as equações e inequações


abaixo:
a) │x – 1│ = 4;
│x - 1│= 4 significa que o número x está a uma distância 4 do número 1. Logo, x = 5
(direita) ou x = -3 (esquerda)
b) │x + 1│ < 2;
│x + 1│< 2  a distância de x a -1 é menor do que 2  x ∈ (-3, 1) = (-1 – 2), -1 +2).
c) │x – 1│ < │x – 5│;
│x - 1│< │x - 5│  x está mais próximo de 1 do que de 5.
O ponto eqüidistante de 1 e 5 é x = 3. Logo deve ser x < 3
d) │x – 2│ +│x + 4│ = 8;
│x – 2│ +│x + 4│ = 8  (distância de x a 2) + (distância de x a -4) = 8. Evidentemente, x
não pode estar entre 2 e -4. Logo, há duas possibilidades: x < -4 ou x > 2. No primeiro caso
x – 2 + x + 4 = 8. No segundo caso, 2 – x – x – 4 = 8.
2x + 2 = 8 -2x – 2 = 8
2x = 6 -2x = 10
x=3 x = -5
e) │x – 2│ +│x + 4│ = 1;

Neste caso x deveria estar entre – 4 e 2 mas não pode porque a soma das distâncias de x a -
4 e a 2 seria sempre 6 que já é maior do que 1 descartando as outras possibilidades de
estar a direita de 2 ou esquerda de -4. Assim a equação │x – 2│ +│x + 4│ = 1 não tem
solução.

4.10. Sejam a e b números reais não negativos. Mostre que a + b ² < a² + b²


2 2
Interprete geometricamente esta desigualdade.
Subtraindo o 1º membro do 2º teremos:
a² + b² – a + b ²= a² + b² – a² + 2ab + b² = 2a² + 2b² – a² + 2ab + b² = a² - 2ab + b ²
2 2 2 4 4 4
a – b ² ≥ 0, pois (a – b)² > 0, com a, b ∈ IR+.
2
Logo, a² + b² > a + b ²
2 2
Interpretação geométrica: a desigualdade acima significa que a parte escura na figura tem
área mínima quando os dois pequenos quadrados são iguais.

4.11. Sabendo que os números reais x, y satisfazem as desigualdades 1,4587 < x < 1,4588
e 0,1134 < y < 0,1135, têm-se os valores exatos de x e y até milésimos. Que grau de
precisão, a partir daí, podemos ter para o valor de x.y? Determine esse valor aproximado.
Como procederíamos para obter um valor aproximado de x/y? Qual o grau de precisão
encontrado no caso do quociente?
Se 1,4587 < x < 1,4588 e 0,1134 < y < 0,1135 então, multiplicando membro a membro
estas desigualdades obtemos:
1,4587.0,1134 = 0,16541 < x.y < 1,4588.0,1135 = 0,16557
0,16541 < x.y < 0,16557
Assim, vemos que x.y = 0,165 com 3 algarismos decimais exatos e erro inferior a 1 décimo
milésimo, por falta.
Tomando os inversos multiplicativos nas desigualdades que envolvem y, temos:
1 1 . Na divisão quanto menor o quociente
0,1135 < y-1 < 0,1134 entre 0 e 1 maior será o seu valor e vice-
versa.
8,8105 < y-1 < 8,8183
0,2 < 0,5
 2/0,2 = 10
 2/0,5 = 4

Portanto (multiplicando estas desigualdades por aquelas que envolvem (x) resulta que
1,4587. 8,8105 = 12,851 < x.y-1 < 1,4588. 8,8183= 12,864
12,851 < x.y-1 < 12,864
Logo, x.y-1 = 12,8 com 1 algarismo decimal exato e erro inferior a 1 centésimo, por falta.
4.12. Prove que, para quaisquer x, y ∈ IR, tem-se ││x│ – │y││ ≤ │x – y│.
Tomemos x = x – y + y. logo
│x│ ≤ │x - y│+ │y│, subtraindo -│y│ em ambos os membros teremos:
│x│ -│y│ ≤ │x - y│+ │y│-│y│
│x│ -│y│ ≤ │x - y│
Analogamente,
│y│ -│x│ ≤ │x - y│. Como, │x│= max{x, -x}
││x│ -│y││ = max{│x│-│y│,│y│-│x│} ≤ │x - y│ .

- CAPÍTULO 5 -

5.1. Quando dobra o percurso em uma corrida de táxi, o custo da nova corrida é igual ao
dobro, maior que o dobro ou menor que o dobro da corrida original?
Se a corrida for representada pela função: f(x) = ax + b, onde a representa a tarifa
cobrada, x a distância percorrida e b a bandeirada podemos perceber que se dobramos o
percurso na mesma corrida vamos ter um custo de corrida menor que o dobro da corrida
original, pois não será cobrada outra bandeirada. Algebricamente teremos: se f(x) = ax +
b então f(2x) = 2ax + b (dobrou apenas o percurso) enquanto 2.f(x) = 2ax + 2b.

5.2. A escala da Figura 5.13 a seguir é linear. Calcule o valor correspondente ao ponto
assinalado.

Figura 5.13
Como a escala é dita linear podemos representá-la por uma função f(x) = ax + b, onde x
representa a posição de um ponto ao extremo esquerdo da linha e f(x) é o número acima
deste ponto. Aplicando os valores dados (f(0) = 17 e f(8) = 59) na função calcularemos o
valor de a e b.
f(x) = ax + b
f(0) = 17
f(0) = a.0+17 = 0+17, comparando com a formula percebemos que 17 é "b", ou seja, b=17
f(8) = 59
f(8) = a.8+17
59 = 8a+17
42 = 8a
a = 42/8
a = 5,25
Encontramos a=5,25 e b=17 , aplicando no ponto pedido:
f(3)=5,25.3+17
f(3)=15,75+17
f(3)=32,75

5.3. A escala N de temperaturas foi feita com base nas temperaturas máxima e mínima em
Nova Iguaçu. A correspondência com a escala Celsius é afim e sabemos o seguinte:
°N °C
0 18
100 43
Em que temperatura ferve a água na escala N?
Como a escala N tem correspondência afim com a escala Celsius podemos representá-la
pela função f(x) = a.x + b, onde f(x) representa N e x representa C. Temos que para f(18)
= 0 e para f(43) = 100 e aplicando-os na formula descobriremos as constantes a e b.
f(x) = ax + b f(x) = ax + b
f(18) = a.18 + b f(43) = a.43 + b
0 = 18a + b 100 = 43a + b (ii)
b = - 18a (i)
Substituindo (i) em (ii) teremos:
100 = 43a – 18a
100 = 25a
a = 4 e b = - 72
A água ferve na escala Celsius quando atinge 100°C que corresponde na escala N:
f(100) = 4a – 72
f(100) = 4.100 – 72
f(100) = 328

5.4. Uma caixa d’água de 1000 litros tem um furo no fundo por onde escoa água a uma
vazão constante. Ao meio dia de certo dia ela foi cheia e, ás 6 da tarde desse dia, só tinha
850 litros. Quando a caixa ficará pela metade?
Temos que à medida que o tempo passa diminui a quantidade de água na caixa d’água e
como a vazão é constante temos uma função f(x) = - ax + b. Ao meio dia ela estava cheia,
tomando-o como ponto inicial da vazão, ou seja, f(0) = 1000 e após 6 horas teremos 850l ,
logo, f(6) = 850l. Substituindo na fórmula teríamos:
f(x) = - ax + b f(x) = - ax + b
f(0) = - a.0 + b f(6) = - a.6 + 1000
1000 = 0 + b 850 = - 6a + 1000
b = 1000 - 150 = - 6a
a = 25
Substituindo a e b na fórmula temos: f(x) = - 25a + 1000
A caixa ficará pela metade quando tiver 500l, logo:
500 = - 25a + 1000
- 500 = - 25a
a = 20 horas.
Se ao meio dia estava cheia e após 20 horas ficou pela metade, obteremos este valor às 8
horas do dia seguinte.

5.5. Um garoto brinca de arrumar palitos fazendo uma sequência de quadrados como na
figura. Se ele fez n quadrados, quantos palitos utilizou?
Podemos observar que na construção do primeiro
quadrado ele precisou de 4 palitos e para construir o
seguinte ele utilizou mais três e assim o fez para os
seguintes. Portanto para construir n quadrados ele precisará de 3(n – 1) + 4 = 3n - 3 + 4
= 3n + 1 palitos.

5.6. Admita que 3 operários, trabalhando 8 horas por dia, construam um muro de 36
metros em 5 dias.
a) Quantos dias são necessários para que uma equipe de 5 operários, trabalhando 6 horas
por dia, construa um muro de 15 metros?
O tempo procurado é uma função T = T(o, h, m) do número de operários, do número h de
horas e do número m de metros. Temos com isso que T é diretamente proporcional a m e
inversamente proporcional a o e h. Portanto temos que T = k.m/o.h, com k fator de
proporcionalidade. Medindo o tempo em dias, temos: 5 = k.36/3.8 = 36k/24 = 3k/2
K = 10/3
Consequentemente, T = 10.15 = 5 dias ≈ 1 dia e 16 horas.
3.5.6 3

b) Que hipóteses foram implicitamente utilizadas na solução do item anterior?


As hipóteses implicitamente utilizadas na solução foram de que o muro é diretamente
proporcional ao número de metros do muro.
c) Dentro dessas mesmas hipóteses, exprima o número D de dias necessários á construção
de um muro em função do número N de operários, do comprimento C do muro e do
número H de horas trabalhadas por dia.
Como dito anteriormente o número D é diretamente proporcional ao comprimento C do
muro e inversamente proporcional ao número N de operários e H de horas, logo, temos:
D = k. C , onde k é a constante de proporcionalidade.
N.H
Aplicando-os no primeiro contexto temos:
5 = k.36/3.8 = 36k/24 = 3k/2 → K = 10/3
Substituindo acima temos: D = 10. C .
3 N.H

5.7. As leis da Física, muitas vezes, descrevem relações de proporcionalidade direta ou


inversa entre grandezas. Para cada uma das leis abaixo, escreva a expressão matemática
correspondente.
a) (Lei da gravitação universal). Matéria atrai matéria na razão direta das massas e na
razão inversa do quadrado das distâncias.
F = k. m1.m2

b)(Gases perfeitos). A pressão exercida por uma determinada massa de um gás é


diretamente proporcional á temperatura absoluta e inversamente proporcional ao volume
ocupado pelo gás.
pv = c.t

c) (Resistência elétrica). A resistência de um fio condutor é diretamente proporcional ao


seu comprimento e inversamente proporcional á área de sua seção reta.
r = k.l
s

d) (Dilatação térmica). A dilatação térmica sofrida por uma barra é diretamente


proporcional ao comprimento da barra e á variação de temperatura.
Δl = k.l.Δt

5.8. As grandezas X e Y são inversamente proporcionais. Se X sofre um acréscimo de 25%


qual o decréscimo percentual sofrido por Y?
Como X e Y são inversamente proporcionais temos que Y = k. 1 , onde k é a constante de
proporcionalidade X
Proporcionalidade. Como X teve um incremento de 25% teremos X’ = 125%X = 5/4X.
Para o novo valor de Y’ teremos: Y’ = k/X’ = 4/5Y = 80% de Y. Portanto Y tem um
decréscimo percentual de 20%.

5.9. Os termos a1, a2, ... , an de uma P.A. positiva crescente são os valores f(1), f(2), ..., f(n)
de uma função afim.
a) Mostre que cada ai é igual á área de um trapézio delimitado pelo gráfico de f, pelo eixo
OX e pelas retas verticais de equações.
x=i–½ e x = i + 1/2
Esse trapézio tem altura 1 e base média ai, logo sua
área é 1.ai = ai.

i x = i – 1/2 x = i + 1/2 (B+ b).h/2


1 1/2 3/2 (3/2+1/2).1/2 = (4/2)/2=1
2 3/2 5/2 (5/2+3/2).1/2 = (8/2)/2=2
3 5/2 7/2 (7/2+5/2).1/2 = (12/2)/2=3

b) Mostre que a soma S = a1 + a2 + ... + an é igual á área do trapézio delimitado pelo


gráfico de f, pelo eixo OX e pelas retas verticais x = ½ e x = n + ½.
a1 + a2 + ... + na é a área desse trapézio maior porque ele é a justaposição dos trapézios
de altura 1 considerados no item anterior.

c) Conclua que S = a1 + an . n
2
a1 + an é a base média do trapézio maior porque a1+an = f(1)+f(2) = f(1-1/2)+f(n+1/2)
2 2 2 2
Pois a função f tem a propriedade f(x – h) + f(x’ + h) = f(x) + f(x’). Como a altura desse
trapézio é n + ½ - ½ = n, o resultado segue-se.

5.10. Pessoas apressadas podem diminuir o tempo gasto em uma escada rolante subindo
alguns degraus da escada no percurso. Para uma certa escada, observa-se que uma pessoa
gasta 30 segundos na escada quando sobre 5 degraus e 20 segundos quando sobe 10
degraus. Quantos são os degraus da escala e qual o tempo normalmente gasto no
percurso?
Seja d o numero de degraus da escada e s o tempo (segundos) para subir cada degrau.
Analisando os dados temos:
 Gasta 30 segundos na escada quando sobe 5 degraus, ou seja, (d-5).s = 30 (i)
 Gasta 20 segundos na escada quando sobe 10 degraus, ou seja, (d-10).s = 20 (ii)
Isolando s em (i) e (ii) igualando teremos: 30 = 20 e resolvendo obteremos:
(d-5) (d-10)
30(d-10) = 20(d-5)  30d – 300 = 20d – 100  10d = 200  d = 20 degraus.
Substituindo em (i) (d-5).s = 30  (20-5)s = 30  15s = 30  s = 2 segundos para cada
degrau e 2.20 = 40 segundos para todo o percurso.

5.11. Augusto, certo dia, fez compras em 5 lojas. Em cada loja, gastou metade do que
possuía e pagou, na saída, R$ 2,00 de estacionamento. Se após toda essa atividade ainda
ficou com R$ 20,00, que quantia ele tinha inicialmente?
Fazendo a volta do processo de compras e levando em conta os 20,00 reais que sobrou
mais os 2,00 reais do estacionamento teremos:
Antes
5° loja 4° loja 3° loja 2° loja 1° loja
estacionamento
R$ 22,00 R$ 44,00 R$ 88,00 R$ 176,00 R$ 352,00 R$ 704,00
Antes
5° loja + Est. 4° loja+ Est. 3° loja+ Est. 2° loja+ Est. 1° loja+ Est.
estacionamento
R$ 22,00 44+2=46 92+2=94 188+2=190 380+2=382 764

5.12. Estuda-se a implantação da chamada “fórmula 95”. Por essa fórmula os


trabalhadores teriam direito á aposentadoria quando a soma da idade com o numero de
anos de serviço atingisse 95. Adotada essa fórmula, quem começasse a trabalhar com 25
anos, com que idade se aposentadoria?
Se a soma da idade com o ano de serviço deve dar 95 temos que a cada ano de
contribuição corresponderá a um ano a mais de vida, ficando a fórmula para o caso
específico: idade + contribuição + ano a mais de vida = 95, ou seja, 25 + x + x = 95  2x
= 95 – 25  2x = 70  x = 35. Logo ele se aposentará: 25 + 35 = 60 anos.

5.13. Em uma escola há duas provas mensais, a primeira com peso 2 e a segunda com peso
3. Se o aluno não alcançar média 7 nessas provas, fará prova final. Sua média final será
então a média entre a nota da prova final, com peso 2 e a média das provas mensais, com
peso 3. João obteve 4 e 6 nas provas mensais. Se a média final para a aprovação é 5, quanto
ele precisa obter na prova final para ser aprovado?
Analisando as suas notas mensais teremos como média: (4.2 + 6.3)/5 = 5,2 < 7, logo irá
para prova final.
Para a prova final terá como nota: (5,2.3 + x.2)/5 ≥ 5
(5,2.3 + x.2)/5 ≥ 5
15,6 + 2x ≥ 5 .(5)
5
15,6 + 2x ≥ 25
2x ≥ 9,4
x ≥ 4,7 deve ser a nota na prova final para ser aprovado.

5.14. Arnaldo dá a Beatriz tantos reais quanto Beatriz possui e dá a Carlos tantos reais
quantos Carlos possui. Em seguida, Beatriz dá a Arnaldo e a Carlos tantos reais quanto
cada um possui. Finalmente, Carlos faz o mesmo. Terminam todos com R$ 16,00 cada.
Quanto cada um possuía no início?
Sendo a letra inicial de cada nome o valor correspondente a cada quantia que cada um
tinha antes das transferências teremos:
Cada transferência que cada um fazia era para os outros dois ao mesmo tempo.
Transferências Arnaldo Beatriz Carlos
A B C
1º T feita por A A–B-C B + B = 2B C + C = 2C
2º T feita por B 2(A – B – C) 2B – (A-B-C)-2C 2C + 2C = 4C
3° T feita por C 4(A – B – C) 2[2B – (A-B-C)-2C] 4C-2(A-B-C)-[2B –(A-B-C)-2C]
4A – 4B – 4C -2A + 6B – 2C 7C – A - B
4A – 4B – 4C = 16 A–B–C=4 A = 26 reais
-2A + 6B – 2C = 16 -A + 3B – C = 8 Teremos: B = 14 reais
-A – B + 7C = 16 -A – B + 7C = 16 C = 8 reais

5.15. Um carro sai de A para B e o outro de B para A, simultaneamente, em linha reta, com
velocidades constantes e se cruzam em um ponto situado a 720m do ponto de partida
mais próximo. Completada a viagem, cada um deles para por 10min e regressa com a
mesma velocidade da ida. Na volta, cruzam-se em um ponto situado a 400m do outro
ponto de partida. Qual a distância de A até B?
Consideremos VA e VB as velocidades dos
carros A e B respectivamente. Pela fórmula
da velocidade temos V = S/t e após t1
minutos com velocidades constantes os dois
se encontram em 720m do ponto de partida
mais próximo, que vamos dizer que foi de A, logo VA.t1 = 720 (i). Sendo d a distancia de A a
B, para o mesmo tempo teremos: VB.t1 = d – 720 (ii)
Dividindo (i) por (ii) temos: VA = 720 (r1).
VB d-720
Para o segundo encontro vamos levar em consideração o ponto de partido inicial até o
momento do segundo encontro e chamaremos de t2 esse tempo, levando em conta os 10
minutos parados antes do retorno da viagem, teremos:
VA(t2 – 10) = d + 400 (iii) e VB(t2 – 10) = 2d – 400 (iv). Dividindo (iii) por (iv) temos:
VA = d+400 (r2). Comprando as relações (r1) = (r2) teremos: 720 = d+400
VB 2d-420 d-720 2d-720

Portanto teremos d = 1760.

5.16. Em uma ferrovia, as estações de A e B distam entre si 3km e a cada 3min parte um
trem de cada uma delas em direção á outra. Um pedestre parte de A para B, no exato
momento em que um trem parte de A para B e outro chega a A vindo de B. Ele chega a B no
exato momento em que um trem parte de B para A e outro trem chega a B vindo de A. Em
seu caminho, o pedestre encontrou 17 trens que iam no mesmo sentido que ele e com 23
trens que iam no sentido oposto ao seu, aí incluídos os 4 trens já citados anteriormente. As
velocidades dos trens são iguais. Calcule as velocidades dos trens e do pedestre.
Tendo com ponto de partida da nossa análise o tempo que o pedestre levou para ir de A
até B e chamando-o de t teremos:
* ida do pedestre: ele foi ultrapassado por 16 trens, contando o último. E se a cada 3
minutos partia um trem este último levou t – 48 minutos (i) para ir de A a B. Sendo VP a
velocidade do pedestre e VT a dos trens, então este último levou VT(t – 48) = VP.t = 3km.
* chegada do 1º trem que cruzou com ele (na direção contrária): este chegou a 66 minutos
antes do trem que estava saindo de B no momento em que chegava o pedestre em B,
gastando 66 – t minutos (ii). Então VT(66 – t) = Vp.t= 3km. Igualando os tempos (i) = (ii)
teremos: t – 48 = 66 – t, com t = 57minutos.
Para a velocidade do trem temos: Para a velocidade do pedestre temos:
VT(t – 48) = 3 VP.t = 3
VT(57 – 48) = 3 VP.57 = 3
VT.9 = 3 VP= 3km = 3km = 60km
VT = 1km = 1km = 20km/h 57min 20/19h 19h
3min 1/20h

5.17. Dado o gráfico da função f, a seguir, obtenha, em cada caso, o gráfico da função g tal
que:
a) g(x) = f(x) – 1; Desloque o gráfico g(x) uma unidade para baixo.
b) g(x) = f(x – 1); Desloque o gráfico g(x) uma unidade para direita.
c) g(x) = f(- x); Imagem refletida do gráfico em torno do eixo Y.
d) g(x) = 2f(x);
e) g(x) = f(2x);
f) g(x) = │f(x)│;
g) g(x) = f(│x│);
h) g(x) = max{f(x), 0};

5.18. Determine os valores reais de x que satisfazem:


a) 2x + 3 – (x – 1) < x + 1; resolvendo teremos 4 < 1, logo { }
b) 2x + 3 – (x – 1) < x + 5; resolvendo teremos 4 < 5, logo IR
c) min{x + 1; 5 – x} > 2x – 3; resolvendo x < 4 e x < 8/3, logo x < 8/3
d) min{x + 1; 5 – x} > 2x; resolvendo teremos x < 1
e) min{2x - 1; 6 – x} > x; resolvendo x > 1 e x < 3, logo x ∈ { 1, 3}
f) 2│x + 1│- │1 - x│ ≤ x + 2; resolvendo -3/4 ≤ x ≤ 1/2, logo
g) (2x + 3)(1 –x) = (2x + 3)(x – 2); resolvendo teremos x = 3/2
h) │x + 1 - │x - 1││≤ 2x – 1. 1/2 ≤ x ≤ 1 ou 3/2 ≤ x, logo x ∈ [1/2,1]U[3/2,+∞)

(EXTRA) Se mín(a; b) representa o menor dos valores a e b, o conjunto-solução da


inequação mín(2x + 3; 3x - 5) < 4 é igual a?
Se 2x+3 > 3x - 5 , mín(2x+3; 3x-5) = 3x -5 , nesse caso temos:
2x + 3 > 3x - 5 e 3x - 5 < 4
x < 8 e x < 3 , fazendo a interseção: x < 3
Se 2x+3 < 3x -5 , mín(2x+3;3x-5) = 2x+3 :
2x+ 3 < 3x -5 e 2x + 3 < 4
x > 8 e x < 1/2 , interseção : Ø
Logo, x < 3 .

5.19. Resolva a inequação 1 < 1 .


2x+1 1–x
2x + 1 ≠ 0 1–x≠0 1 – x < 2x + 1 x ∈ [0, 1) U (-∞,-1/2)
2x ≠ -1 – x ≠ -1 1 – 1 < 2x + x
X ≠ - 1/2 x≠1 0<x

5.20. Determine a imagem da função f: R → R tal que f(x) = max{x – 1, 10 – 2x}.


f1(x) = x – 1 f1(x) = 3,67 – 1 = 2,67
f2(x) = 10 – 2x
f1(x) = f2(x) Dízima:
y = 2,66...
x – 1 = 10 – 2x
10y = 26,66
x = 11/3 = 3,67 9y = 24
Resposta: [8/3, +∞) y = 8/3
5.21. Faça os gráficos de:
a) f(x) = min{4 – x; x + 1};
b) f(x) = │x + 1│ - │x - 1│.

5.22. Identifique o conjunto dos pontos (x, y) tais que:


a) │x│+ │y│ = 1;
│1│+ │0│ = 1; (1, 0)
│0│+ │1│ = 1; (0, 1)
│-1│+ │0│ = 1; (-1, 0)
│0│+ │-1│ = 1; (0, -1)

b) │x - y│ = 1.
As duas retas y = x + 1 e y = x - 1

5.23. Um supermercado está fazendo uma promoção na venda de alcatra: um desconto de


10% é dado nas compras de 3 quilos ou mais. Sabendo que o preço do quilo de alcatra é de
R$ 4,00, pede-se:
a) o gráfico do total pago em função da quantidade comprada.
Temos que até 3 quilos o consumidor paga R$ 4,00 o quilo, passou disso ele pagará R$ 3,6
por quilo a mais. Então se f(x) é o preço de x quilos teremos:
Até 4 quilos f(x) = 4x, 0 ≤ x ≤ 3.
Acima de 3 quilos: f(x) = 12 + 3,6(x – 3), x > 3.

b) o gráfico do preço médio por quilo em função da


quantidade comprada.
Se f(x) é o preço de x quilos, a média será m(x) = f(x)/x.
Para 0 ≤ x < 3, m(x) é constante, igual a 4. Então f(x)/x = 4,
0 < x ≤ 3.
Para x > 3, temos 1,2+ 3,6x = 1,2 + 3,6
x x

c) A determinação de quais consumidores poderiam ter comprado mais alcatra pagando o


mesmo preço.

5.24. Os novos valores de IR-fonte: (Dados de 1996)


Base de cálculo Alíquota Parcela a deduzir
f(x) = 0,15x – 135 para 900 ≤ x ≤ 1800
Até R$ 900 Isento -
De R$ 900 a R$ 1800 15% R$ 135 f(1000) = 0,15.1000 – 135

Acima de R$ 1800 25% R$ 315 f(1000) = 150 – 135


Fonte: Secretaria da Receita Federal
f(1000) = 15
Baseado na tabela acima, construa o gráfico do imposto a pagar em função do rendimento.

f(x) = 0, para 0 ≤ x ≤ 900


f(x) = 0,15x - 135, para 900 ≤ x ≤ 1800
f(x) = 0,25x - 315, para x > 1800

5.25. O imposto de renda y pago por uma pessoa que, em 1995, teve uma renda líquida x é
calculado através de uma expressão da forma y = ax – p, onde a alíquota a e a parcela a
deduzir p dependem da renda x e são dadas por uma tabela, parcialmente fornecida a
seguir.
Renda (em R$) Alíquota (a) Parcela a deduzir p
Até R$ 8800 0 0
De R$ 8800 a R$ 17160 15% 1320
De R$ 17160 a R$ 158450 26% 3207,6
Mais de 158450 35% 17468,1
a) Complete a tabela, de modo que o imposto a pagar varie continuamente com a renda
(isto é, não haja saltos ao se passar de uma faixa de renda para outra).
b) Se uma pessoa está na terceira faixa e sua renda aumenta de R$ 5.000,00, qual será seu
imposto adicional ( supondo que este acréscimo não acarrete uma mudança de faixa)?
0.26*5000 = 1300,00
c) É comum encontrar pessoas que lamentam estar no início de uma faixa de taxação (“que
azar ter recebido este dinheiro a mais!”). Este tipo de reclamação é procedente?
Não
d) Os casais têm a alternativa de apresentar declaração em conjunto ou separadamente.
No primeiro caso, o “cabeça do casal” pode efetuar uma dedução de R$ 3.000,00 em sua
renda líquida mas, em compensação, tem que acrescentar a renda do cônjuge. Em que
casos é vantajosa a declaração em separado?

e) A tabela de taxação é, ás vezes, dada de uma outra forma, para permitir o cálculo do
imposto através de uma expressão da forma y = b(x – q)(Isto é, se deduz a parcela q e
depois se aplica a alíquota). Converta a tabela acima para este formato (isto é, calcule os
valores de b e q para cada faixa de renda).
Em cada faixa de renda, devemos ter
ax – p = b(x – q) = bx – bq, para todo x. Ou seja,
b = a e q = p/a
e) Até 8800: b = 0, q arbitrário.
f) De 8800 a 17160: b = 15%, q = 8800
g) De 17160 a 158450: b = 26%, q = 12336, 92
h) Mais de 158450: b = 35%, q = 49908,86

f) Qual a renda para a qual o imposto é igual a R$ 20.000,00?


Renda (em R$) Alíquota (a) Parcela a deduzir p I.R.
Até R$ 8800 0 0 0
De R$ 8800 a R$ 17160 15% 1320 1254,24
De R$ 17160 a R$ 158450 26% 3207,6 37983,40
Um IR igual a R$ 20.000,00 é pago na faixa de tributação de 17160 a 158450 e a renda
satisfaz 0,26x – 3207,60 = 20000, ou seja, x = 89.260,00

g) Esboce o gráfico da função que associa a cada renda x o percentual desta renda que é
pago de imposto.

5.26. Uma copiadora publicou a seguinte tabela de preços:


Numero de cópias de um mesmo original Preço por cópia
De 1 a 19 R$ 0,10
De 20 a 49 R$ 0,08
50 ou mais R$ 0,06

a) Esboce o gráfico da função que associa a cada natural n o custo de n cópias de um


mesmo original.
0,10n, se 1 ≤ n ≤ 19;
0,08, se 20 ≤ n ≤ 49;
0,06, se n ≥ 50.

b) O uso da tabela acima provoca distorções. Aponte-as e sugira uma tabela de preços mais
razoável.
A distorção consiste no fato de que é mais barato fazer, por exemplo, 20 cópias (R$ 1,60)
do que 19 cópias (R$1,90). Uma escala mais razoável seria:
* 0,10 por cópia, pelas primeiras 19 cópias.
* 0,08 por cópia adicional, até 49 cópias.
* 0,06 por cópia adicional, a partir da 50ª cópia.

5.27. Resolva as seguintes equações:


a) │x - 2│ = 2x – 1;
Analisando para x – 2 ≥ 0, x ≥ 2 teremos:
x – 2 = 2x – 1,
x = - 1, não serve pois x ≥ 2.
Analisando para x – 2 ≤ 0, x ≤ 2 teremos:
2 – x = 2x – 1, verificando │1 - 2│ = 2(1) – 1;
x = 1, serve pois x ≤ 2 │- 1│ = 1, Portanto a solução é x = 1
b) │3x - 6│ = x + 3;
Analisando para 3x - 6 ≥ 0, donde x ≥ 2 teremos:
3x – 6 = x + 3, temos que 9,5 = 4,5 ≥ 2, serve│3.9/2 - 6│ = 9/2 + 3;
x = 9/2 │15│ = 15, portanto x = 9/2 é solução
Analisando para 3x - 6 ≤ 0, x ≤ 2 teremos:
6 – 3x = x + 3, temos que 3/4 = 0,75 ≤ 2, serve │3.3/4 - 6│ = 3/4 + 3;
x = 3/4 │-15│ = 15, portanto x = 3/4 é solução
Portanto a equação admite as duas raízes.

c) │x - 2│ = x – 3.
Analisando para x – 2 ≥ 0, x ≥ 2 teremos: 2 – x = x – 3,
x – 2 = x – 3, x = 5/2 = 2,5, não serve pois x ≤ 2
-2 = -3, sem solução.
Analisando para x – 2 ≤ 0, x ≤ 2 teremos: Logo a equação dada não tem raízes.

5.28. Chama-se de função-rampa a uma função poligonal f:[a, b] → R, cujo gráfico é de uma
das formas abaixo:

Isto é, f tem dois patamares [a, c] e [d, b], onde assume, respectivamente, os valores 0 e D,
ligados por uma rampa.
a) Mostre que toda função-rampa pode ser escrita na forma
f(x) = ∝[(d – c) + │x - c│ + │x - d│, para todo x ∈ [a, b], onde ∝ = D é a inclinação da rampa.
2 d-c
Primeira rampa:
 Se a ≤ x ≤ c, f(x) = ∝/2[d – c – x + c + x – d] = 0
 Se c ≤ x ≤ d, f(x) = ∝/2[d – c + x - c + x – d] = ∝/2(2x – 2c) = ∝(x – c).
Como f(d) = D temos ∝(d – c) = D, ou seja, ∝ = D/(d – c)
 Se d ≤ x ≤ b, f(x) = ∝/2[d – c + x - c - x + d] = ∝/2(2d – 2c) = ∝(d – c) = D.

Segunda rampa:
 Se a ≤ x ≤ c, f(x) = ∝/2[d – c – x + c + x – d] = 0
 Se c ≤ x ≤ d, f(x) = ∝/2[d – c - x + c + x – d] = ∝/2(2x – 2c) = ∝(x – c).
Como f(d) = D temos ∝(d – c) = D, ou seja, ∝ = D/(d – c)
 Se d ≤ x ≤ b, f(x) = ∝/2[d – c + x - c - x + d] = ∝/2(2d – 2c) = ∝(d – c) = D.
b) Mostre que toda função polinomial definida em um intervalo [a, b] pode ser expressa
como uma soma de uma função constante (que pode ser vista como uma função-rampa de
inclinação zero) com um número finito de funções-rampa. Escreva nesta forma a função
polinomial cujo gráfico é dado abaixo.
Se a função poligonal f: [a,b]  R é afim em cada um
dos intervalos [ti-1, ti], com a = t0 < t1 < ... < tn = b,
afirmamos que f = c + ⍵1 + ... + ⍵2, onde c = f(a) e
cada ⍵i: [a,b]  R é a função-rampa igual a zero no
intervalo [a, ti-1] e igual a f(ti) – f(ti-1) no intervalo
[ti, b]. No caso da função f cujo gráfico é a figura é a figura 24, temos c = 0 e f = ⍵1 + ⍵2 +
⍵3, onde as funções rampa ⍵1, ⍵2, ⍵3 têm os seguintes gráficos:

c) Conclua que toda função poligonal definida em um intervalo [a, b] pode ser escrita na
forma
f(x) = A + ∝1│x – a1│ + ∝2│x – a2│+ ... + ∝n│x – an│
para todo x ∈ [a, b], onde a1, a2, ... , an são as abscissas dos vértices da poligonal. Escreva
nesta forma a função poligonal cujo gráfico é dado na Figura acima.
Para o gráfico acima temos para a função f:
⍵1(x) = ½(1 + │x + 1│ - │x│)
⍵2(x) = ½(1 + │x│ - │x – 1│)
⍵3(x) = ½(1 + │x – 1 │ - │x – 4│)
Portanto f(x) = ⍵1(x) + ⍵2(x) + ⍵3(x) = ½(3 - 2│x│ + 2│x – 1│ + │x + 1│ - │x – 4│)

5.29. Dadas as progressões aritméticas (a1, a2, ... , an, ...) e (b1, b2, ... , bn, ...), mostre que existe
uma, e somente uma, função afim: f: R → R tal que f(a1) = b1, f(a2) = b2, ... , f(an) = bn, ...
Seja f(x) = rbx + b1 – rb.a1, sendo ra e rb as razões das progressões (a1, a2, ... , an, ...) e (b1, b2, ... ,
ra ra
bn, ...), respectivamente. A função f é afim e f(an) = rb.an + b1 – rb.a1 = rb(an – a1) + b1 =
ra ra ra
rb[(a1 + (n – 1)ra – a1] + b1 = rb[(n – 1)ra] + b1 = b1 + (n - 1)rb = bn
ra ra
A unicidade é óbvia pois só existe uma função afim f tal que f(a1) = b1 e f(a2) = b2.
5.30. A e B são locadoras de automóvel. A cobra 1 real por quilômetro rodado mais uma
taxa de 100 reais fixa. B cobra 80 centavos pro quilômetro mais uma taxa fixa de 200 reais.
Discuta a vantagem de A sobre B ou de B sobre A em função do número de quilômetros a
serem rodados.
Seja x a quilometragem e fA(x) = 1.x + 100 e fB(x) = 0,8x + 200, respectivamente, as
funções da locadora A e B. Igualando as funções encontraremos a quilometragem em que
os valores cobrados serão o mesmo.
1.x + 100 = 0,8x + 200
x = 500km, este valor é o mesmo cobrado aos dois, mas analisando deste ponto temos:
Para quilometragem abaixo de 500km, a locadora A é mais vantajosa;
Para quilometragem acima de 500km, a locadora B é mais vantajosa;

5.31. Defina uma função f: R → R pondo f(x) = 2x se x é racional e f(x) = 3x se x é


irracional. Mostre que se tem f(nx) = nf(x) para todo n ∈ Z e todo x ∈ R mas f não é linear.
Uma função é dita linear se satisfizer as duas seguintes condições:
(1) f(nx) = nf(x)
(2) f(x1 + x2) = f(x1) + f(x2)
Para todos os valores de x em seu domínio.
Basicamente, o enunciado nos pede pra provar que (1) é verdade e que (2) não é.

A função é
(1) f(nx) onde n ∈ Z e x ∈ IR. Devemos, então, separar nossa demonstração em duas
situações
(i) x ∈ Q  f(nx) = 2nx = n2x = nf(x)
(ii) x ∈ {IR – Q}  f(nx) = 3nx = n3x = nf(x)
Ou seja, demonstramos que para qualquer x ∈ IR sempre teremos f(nx) = nf(x).
(2) f(x1 + x2) = f(x1) + f(x2). Vamos calcular cada uma das partes em isolado:
Se tivermos x1 = 2 e x2 = √2 teremos:
f(x1 + x2) = f(2 + √2) sendo 2 + √2 ∈ {IR – Q} temos f(2 + √2)= 3(2 + √2)= 6 + 3√2
f(x1) = f(2) = 2.2 = 4
f(x2) = f(√2) = 3√2
Note que a igualdade f(x1 + x2) = f(x1) + f(x2) não é válida. Logo, f(x) não é linear.
6 + 3√2 ≠ 2 + 3√2

5.32. Prove que a função f: R → R, definida por f(x) = 3x + sen(2πx), é crescente e, para
todo x ∈ R fixado, transforma a progressão aritmética x, x+1, x+2, .... numa progressão
aritmética. Entretanto, f não é afim. Por que isto não contradiz o fato provado no final da
Seção 5.4 (págs. 114 e 115)?
Para todo x ∈ IR, como sen[2π(x + 1)] = sen(2πx), segue-se que f(x + 1) – f(x) = 7,
portanto a sequência f(x), f(x+1), ..., f(x+n), ... é uma progressão aritmética de razão 7. A
maneira mais rápida de ver que f é crescente é usar o Cálculo Diferencial. A derivada de f é
f’(x) = 7 + 2π.cos(πx). Como │2π.cos(πx)│ ≤ 2π < 7, tem-se f’(x) > 0 para todo x, logo f é
crescente.

CAPÍTULO 6

6.1. Encontre a função quadrática cujo gráfico é dado em cada figura abaixo:
Como (m=3, k=5) é o vértice, equação pode ser escrita y = a(x–
m)²+k ou y = a(x – 3)² + 5. Como (x=5, y=13) pertence à
parábola, temos 13 = a(5-3)² + 5 e a = 2. Portanto, y = 2(x – 3)²
+ 5 = 2x² - 12x + 23. A resposta é f(x) = 2x² - 12x + 23.

y = a(x – 3)² + 5
13 = a(5-3)² + 5
13 – 5 = a(2)²
8 = 4a
a=2

Adotando um novo sistema de coordenadas, com eixos nas retas


do desenho, o vértice da parábola passa a ser o ponto (0,-8) e o
ponto (2,0) pertence a parábola. A equação pode ser escrita Y =
a(X-0)²-8. Como o ponto (2,0) pertence á parábola, 0 = a(2-0)-8
e a = 2. Portanto, nesse sistema a equação é Y = 2(X-0)² - 8 = 2X² - 8.
No sistema de coordenadas do enunciado, a equação será da forma y+k = 2(x+h)²-8.
Como os pontos (1,9) e (-3,9) pertencem a parábola, temos para y+k = 2(x+h)² - 8

y+k = 2(x+h)² - 8 9+k = 2(-3+h)² - 8 k = 2h²-12h + 1


9+k = 2(1+h)² - 8 9+k = 2(-3+h)² - 8 k = 2h²+4h - 15
k = 2(1+2h+h²) – 8 - 9 k = 2(9-6h+h²) – 8 - 9 0 = 16h - 16
k = 2+4h+2h² - 17 k = 18-12h+2h² - 17 h=1
k = 2h²+4h - 15 k = 2h²-12h + 1 k = 2.1²-12.1+1= - 9

A equação da parábola é y-9 = 2(x+1)²-8, isto é, y = 2x² + 4x + 3.


6.2. Identifique os sinais de a, b e c nos gráficos de funções quadráticas f(x) = ax² + bx + c
dados na figura 6.22

b = inclinação da tangente quando x = 0.


Analisando os sinais de a1, a2 e a3, respectivamente, nas figuras, nesta ordem, temos:
Como a concavidade da primeira está para cima, temos a1 < 0 e as demais estão para baixo
teremos, a2 > 0 e a3 > 0.
Como c = f(0) e corta o eixo vertical temos para a primeira e terceira figura o corte na
parte positiva, com c1 > 0 e c3 > 0 e na segunda um corte na parte negativa, tendo a2 < 0.
Para analisarmos o sinal de b observemos o sinal da abscissa do vértice que é –b/2a:
 a e b terão sinais iguais quando a abscissa do vértice é negativa, logo para a
segunda figura temos, a1 > 0 e b2 > 0;
 a e b terão sinais diferentes quando a abscissa do vértice é positiva, logo para a
primeira figura temos, a1 < 0 e b1 > 0 e para a terceira figura a3 > 0 e b3 < 0

6.3. Escreva cada uma das funções quadráticas abaixo na forma f(x) = a(x – m)² + k. A
seguir, calcule suas raízes (se existirem), o eixo de simetria de seu gráfico e seu valor
mínimo ou máximo.
a) f(x) = x² - 8x + 23;
f(x) = x² - 8x + 23 = x² - 8x + 16 + 7 = (x² - 4) + 7. Como discriminante é negativo, não há
raízes reais e o eixo de simetria é a reta x = 4 e o valor mínimo é 7.

b) f(x) = 8x – 2x².
f(x) = -2x² + 8x = -2(x² - 4x) = -2(x² - 4x + 4 - 4) = -2[(x - 2)² - 4] = -2(x - 2)² + 8. O eixo
de simetria é a reta x = 2 e o valor máximo é 8 e as raízes são os valores para os quais
0 = -2(x - 2)² + 8
-2(x - 2)² = - 8, dividindo por (-2) temos:
(x - 2)² = 4
x - 2 = +-2
Logo as raízes serão x1 = 4 e x2 = 0.
6.4. Observe os gráficos abaixo, que representam as parábolas y = ax² para diversos
valores de a. Estas parábolas são semelhantes entre si?
Temos uma hometetia
de razão k, com centro
na origem que
transforma o ponto
(x,y) no ponto (X, Y) =
(kx, ky), com x = X/k e
y = Y/k e transforma a
parábola y = ax² na
parábola y = a x ², ou
seja, Y = a.X². Portanto, as parábolas y = ax² e y = a1x² são
k k k
semelhantes e a razão de semelhança é k tal que a1 = a/k, ou seja, k = a/a1. Logo, as
parábolas do problema são semelhantes entre si.

6.5. Encontre a unidade que deve ser usada nos eixos cartesianos de modo que a parábola
abaixo seja o gráfico da função f(x) = 2x².

Tracemos a bissetriz do primeiro


quadrante. Isso pode ser feito
porque não depende da escala
dos eixos. O ponto de interseção
(distinto da origem) da bissetriz
com a parábola é (0,5;0,5).
Dobremos a abscissa desse ponto
e obteremos a unidade.

6.6. Encontre os valores mínimo e máximo assumidos pela função f(x) = x² - 4x + 3 em


cada um dos intervalos abaixo:
a)[1, 4];
Determinando o vértice da parábola que temos: XV = -
b/2a = 4/2 = 2 e YV = -Δ/4a = - 4/4 = -1, logo (2, -1).
Como a > 0 obtivemos em (2,-1) o ponto mais baixo
do gráfico. Em [1, 4], o mínimo ocorre em x = 2 e é
igual a -1. E quanto mais afastado do vértice estiver o
ponto mais alto ele estará ocorrendo o máximo, e
neste caso, para x = 4 teremos:
f(4) = 4² - 4.4 + 3 = 16 – 16 + 3 = 3.

b) [6, 10]
Em [6,10], o mínimo ocorre em x = 6 e é igual a f(6) = 6² - 4.6 + 3 = 36 – 24 + 3 = 15. E o
máximo ocorre em x = 10 e é igual a f(10) = 10² - 4.10 + 3 = 100 – 40 + 3 = 63.

6.7. Seja f(x) = ax² + bx + c, com a > 0.


a) Mostre que f x1 + x2 < f(x1) + f(x2).
2 2
Provaremos inicialmente que, se x1 ≠ x2, então x1+x2 ² < x1²+x2².
2 2
x1²+x2² > x1+x2 ²
2 2
x1²+x2² - x1+x2 ² = x1²+x2² - x1²+ 2x1x2 + x2² = 2x1²+2x2² - x1²- 2x1x2 - x2² = x1²- 2x2²x1²- x2²
2 2 2 4 4 4
x1 - x2 > 0, se x1 ≠ x2.
2
f(x) = ax² + bx +c
se x1 ≠ x2 e a a > 0, f x1+x2 = a x1+x2 ²+ b x1+x2 + c = a x1²+x2² + b x1+x2 + c =
2 2 2 2 2
= ax1²+ ax2² + bx1+bx2 + 2c = (ax1² + bx1+c) + (ax2²+bx2 + c) = f(x1) + f(x2)
2 2 2

b) Mais geralmente, mostre que se 0 < ∝ < 1, então


f(∝x1 + (1 - ∝)x2) < ∝f(x1) + (1 - ∝)f(x2)
interprete geometricamente esta propriedade.
Provaremos inicialmente que, se x1 ≠ x2 e 0 < ∝ < 1, então [∝.x1+(1-∝)x2]² < ∝.x1²+(1-∝)x2².
∝.x1²+(1-∝)x2² > [∝.x1+(1-∝)x2]²
(*) (#)
∝.x1²+(1-∝)x2² - [∝x1+(1-∝)x2]² =
= ∝.x1²+ x2²- ∝.x2² - [∝²x1²+2∝.x1(1-∝)x2 + (1-∝)²x2²] =
= ∝.x1²+ x2²- ∝.x2² - [∝²x1²+2∝.x1.x2 - 2∝².x1.x2 + (1-2∝+ ∝²)x2²] =
= ∝.x1²+ x2²- ∝.x2² - ∝²x1²- 2∝.x1.x2 + 2∝².x1.x2 – x2² + 2∝.x2²- ∝².x2² =
= ∝.x1² - 2∝.x1.x2 + ∝.x2² - ∝²x1² + 2∝².x1.x2 - ∝².x2² =
= ∝(x1² - 2x1.x2 + x2²) – ∝²(x1² - 2.x1.x2 + x2²) =
= (∝ – ∝²)(x1² - 2x1.x2 + x2²)
= ∝(1 – ∝)(x1² - 2x1.x2 + x2²)
= ∝(1 – ∝)[x1 - x2]² > 0 se x1 ≠ x2 e 0 < ∝ < 1.
se x1 ≠ x2 e 0 < ∝ < 1 e a > 0,
f(x) = ax² + bx +c
f[∝x1 + (1-∝)x2] = a[∝x1+(1 - ∝)x2]² + b[∝x1 + (1 - ∝)x2] + c <
f[∝x1 + (1-∝)x2] = a(∝.x1²+(1-∝)x2²) + b[∝x1 + (1 - ∝)x2] + c =
f[∝x1 + (1-∝)x2] = a∝.x1²+ax2² - a∝x2² + b∝x1 + bx2 - b∝x2 + c =
f[∝x1 + (1-∝)x2] = a∝.x1²+ax2² - a∝x2² + b∝x1 + bx2 - b∝x2 + - ∝.c + ∝.c + c =
= ∝.a.x1² + ∝.b.x1 + ∝.c + ax2² - ∝a.x2²+ b.x2 - ∝.b.x2 + c - ∝.c =
= ∝ax1² + ∝bx1 + ∝c + (1-∝)ax2²+(1-∝)bx2+(1-∝)c =
= ∝(ax1² + bx1 + c) + (1-∝)(ax2² + bx2 + c) =
= ∝f(x1)+(1-∝)f(x2).

6.8. Prove que se a, b e c são inteiros ímpares, as raízes de y = ax² + bx + c não são
racionais.
Sejam a = 2r + 1, b = 2s + 1 e c = 2t + 1 e substituindo na equação acima teremos:
y = (2r+1)x² + (2s+1)x + 2t + 1 então analisando o discriminante obteremos:
Δ = b² - 4ac
Δ = (2s+1)² - 4(2r+1)(2t+1)
Δ = 4s²+4s+1 - 4(4rt+2r+2t+1)
Δ = 4s²+4s+1 - 16rt - 8r - 8t - 4
Δ = 4s(s+1) - 16rt - 8r - 8t – 3
Observemos que s(s+1) é um produto de dois inteiros consecutivos e, um deles será par. E
multiplicando este por 4 temos um múltiplo de 8, ou seja, 4s(s+1) é múltiplo de 8. Nos
termos seguintes temos 8(-2rt – r – t) que é um múltiplo de 8. Logo o Δ será 3 unidades
menor que um múltiplo de 8 e dividindo-o por 8 dá resto 5. Observemos que os números
divididos por 8 dão resto 0, 1 , 2 , 3 , 4 , 5 , 6, 7 e que o quadrado destes números divididos
por 8 darão resto 0, 1, 4, 1, 0, 1, 4, 1, respectivamente. Logo, nenhum número quadrado
perfeito dará resto igual a 5 quando o dividido por 8. Portanto, Δ não será quadrado
perfeito e as raízes desta equação não serão racionais.
Solução 2.
Suponhamos que a equação y = ax² + bx + c admita uma raiz racional. Então seja p/q esta
raiz racional de fração irredutível. Sendo raiz da equação, substituindo-a e simplificando
teremos:
y = ax² + bx + c = a(p/q)² + b(p/q) + c = ap² + bpq + cq² = 0.
y = ap² + bpq + cq². Analisando p e q nesta equação temos que ambos não podem ser
pares pois não seriam irredutíveis e sendo ambos ímpares, não obteríamos zero nesta
equação, ap² + bpq + cq². Sendo um deles par e outro ímpar teríamos na equação anterior
duas parcelas pares e uma ímpar, tornando a soma um número ímpar, chegando num
absurdo pois ap² + bpq + cq² = 0.

6.9. Dado um conjunto de retas do plano, elas determinam um número máximo de regiões
quando estão na chamada posição geral: isto é, elas são concorrentes duas a duas e três
retas nunca têm um ponto comum. Seja Rn o número máximo de regiões determinadas por
n retas no plano.
a) Quando se adiciona mais uma reta na posição geral a um conjunto de n retas em posição
geral, quantas novas regiões são criadas?
Retas Regiões PA
Para n retas temos: an=an-1+n
0 1 1
1 2 2 E quando adicionamos mais uma reta na
posição geral a um conjunto de n retas já
2 4 3
traçadas obteremos n+1 regiões.
3 7 4 an+1=an+(n+1)
4 11 5
n n+1 n

b) Deduza de (a) que Rn é dada por uma função quadrática de n e obtenha a expressão
para Rn.
a0 = 1 Somando todos os termos ao lado e an = An² + Bn + C
a1 = a0 + 1 resolvendo os cancelamentos Como a1 = 2, a2 = 4 e a3 = 7, temos:
teremos:
a2 = a1 + 2 n=1 A + B + C = 2
an = 1 + (1 + 2 + 3 + ... + n)
a3 = a2 + 3 an = 1 + (1 + n).n n=2 4A + 2B + C = 4
a4 = a3 + 4 2
n=3 9A + 3B + C = 7
an = 2 + n + n²
an=an-1+n 2 Resolvendo, teremos: A = 1/2, B = 1/2, C = 1.
an = n² + n + 2
2
6.10. No máximo quantos pontos de interseção existem quando são desenhadas n
circunferências?
Circunf. Pontos PA Somando todos os termos ao lado e
1 0 a1 = 0 resolvendo os cancelamentos
teremos:
2 2 2 a2 = a1 + 2
an = 0 + (2 + 4 + 6 + ... + 2(n-1)
3 6 4 a3 = a2 + 4 an = (2 + 2(n-1)).(n-1)
4 12 6 a4 = a3 + 6 2
an = 2n(n-1) = n² - n
n an = 2(n-1) 2

6.11. Um estudante anotou a posição, ao longo do tempo, de um móvel sujeito a uma força
constante e obteve os dados abaixo:
t (seg) f(t) metros
Instante (seg) Posição (metros)
0 17
10 45
20 81
Calcule a posição do móvel nos instantes 5 seg, 15 seg e 25 seg.
Seja f(t) a posição, em metros, no instante t segundos.
Temos f(t) = 1/2at² + bt + c. Da tabela acima temos f(0) = 17, f(10) = 45 e f(20) = 81,
obteremos o seguinte sistema:
f(t) = 1/2at² + bt + c f(10) = (½)a10² + b10 + c f(20) = (½)a20²+b20+ c
f(0) = (½)a0² + b0 + c 45 = (½)a100 + b10 + c 81 = (½)a400+20b+c
17 = c 45 = 50a + 10b + c 81 = 200a+20b+c
c = 17
50a + 10b + c = 45  50a + 10b = 28  25a + 5b = 14 (-1) 25a + 5b = 14
25*0,08 + 5b = 14
200a+20b+c = 81  200a + 20b = 64  50a + 5b = 16 2 + 5b = 14
25a + 0 = 2  a = 0,08 5b = 12
Substituindo na função temos: b = 2,4

f(t) = 1/2at² + bt + c
f(t) = (½)0,08t² + 2,4t + 17
f(t) = 0,04t² + 2,4t + 17
Para t = 5 teremos: f(5) = 0,04.5² + 2,4.5 + 17 = 1 + 12 + 17 = 30
Para t = 15 teremos: f(15) = 0,04.15² + 2,4.15 + 17 = 9 + 36 + 17 = 62
Para t = 25 teremos: f(5) = 0,04.25² + 2,4.25 + 17 = 25 + 60 + 17 = 102
6.12. O motorista de um automóvel aplica os freios de modo suave e constante, de modo a
imprimir uma força de frenagem constante a seu veículo, até o repouso. O diagrama a
seguir mostra a posição do veículo a cada segundo a partir do instante em que os freios
foram aplicados.

a) Os dados acima são compatíveis com o fato de a força de frenagem ser constante?
Vamos verificar se a equação f(t) = at² + bt + c tem solução para os valores acima sendo
f(t) a posição no instante t.
Para f(0) = 0 temos Para f(1) = 30 Para f(2) = 55 Para f(3) = 75
f(0) = a.0² + b.0 + c f(1) = a.1² + b.1 + c 55 = a.2² + b.2 + c 75 = a.3² + b.3 + c
0=c 30 = a + b + c 55 = 4a + 2b + c 75 = 9a + 3b + c

c=0
a + b + c = 30  a + b = 30 . (-2)  -2a – 2b = -60 a + b = 30
-2,5 + b = 30
4a + 2b + c = 55  4a + 2b = 55  4a + 2b = 55
b = 32,5
9a + 3b + c = 75  2a = -5  a = -2,5
Substituindo na equação temos: f(t) = at² + bt + c = -2,5t² + 32,5t
Como o sistema tem solução, os dados são compatíveis com a hipótese da força constante.

b) Qual a posição do veículo 5s após o início da frenagem?


Substituindo t = 5s na equação f(5) = -2,5.5² + 32,5.5 = -62,5 + 162,5 = 100m
1s 2s 3s 4s 5s
30m 25m 20m 15m 10m = 100m
Ele estará a 100 m do ponto onde começou a frenagem.

c) Quanto tempo o veículo demora para chegar ao


repouso?
A velocidade é f(t) = 2at + b = -2.2,5t + 32,5 = - 5t + 32,5. O veiculo chegará ao repouso
quando f(t) = 0, ou seja,
- 5t + 32,5 = 0
- 5t = - 32,5 .(-1)
t = 6,5. O veiculo demora 6,5 segundos para chegar ao repouso.

d) Qual era a velocidade do veículo no instante em que o motorista começou a aplicar os


freios?
Quando t = 0, ou seja, f(0) = -5.0 + 32,5 = 32,5m/seg.
6.13. Um grupo de alunos, ao realizar um experimento no laboratório de Física, fez
diversas medidas de um certo comprimento. O instrutor os orientou no sentido de tomar a
média aritmética dos valores encontrados como o valor a ser adotado. Este procedimento
pode ser justificado do modo abaixo.
Sejam x1, x2, ... , xn os valores encontrados. É razoável que o valor adotado x seja escolhido
de modo que o erro incorrido pelas diversas medições seja o menor possível. Em geral,
este erro é medido através do chamado desvio quadrático total, definido por
d(x) = (x – x1)² + (x – x2)² + ... + (x – xn)²
a) Mostre que d(x) é minimizado quando
x = x1 + x2 + ... + xn
n
Desenvolvendo a igualdade acima temos:
d(x) = (x – x1)² + (x – x2)² + ... + (x – xn)²
d(x) = x² – 2x.x1 + x1² + x² – 2x.x2 + x2² + ... + x² – 2x.xn + xn² a=n

d(x) = n.x² – 2(x1 + x2 + ... + xn)x + (x1² + x1² + ... + xn²) b = x1 + x2 + ... + xn

f(x) = ax² - bx + c c = x1² + x1² + ... + xn²

d(x) será minimizado quando x = -b/2a = (x1 + x2 + ... + xn)


n

b) Suponha agora que se deseje utilizar o desvio absoluto total e(x) = |x – x1| + |x – x2| + ...
+ |x – xn| como medida do erro cometido. Mostre que e(x) é minimizado quando x é a
mediana de x1, x2, ..., xn.
Suponhamos que x1 ≤ x1 ≤ ... xn. A função f(x) = |x – x1| + |x – x2| + ... + |x – xn| é uma
função poligonal, cujo gráfico é formado por segmentos de reta tais que dois segmentos
consecutivos tem um vértice em comum. Para x ≤ x1, todos os valores absolutos são iguais
a |xi – x|, portanto, a inclinação do gráfico é igual a –n, para x ≤ x1. Para x1 ≤ x ≤ x2, o
primeiro valor absoluto é igual a |x1 – x|, sendo os demais iguais a |x – xi|, para i = 2, ... , n.
Logo, a inclinação é igual a –n+2, neste intervalo. Quando n é impar, a inclinação troca de
sinal (passando de -1 para 1) no ponto mediano x(n+1)/2; logo, a função assume seus valor
mínimo neste ponto. Quando n é par, a inclinação é nula no intervalo [xn/2, x(n+2)+1]; logo, é
mínimo em cada ponto deste intervalo.

6.14. Numa vidraçaria há um pedaço de espelho, sob a forma de um triângulo retângulo de


lados 60cm, 80cm e 1m. Quer-se, a partir dele, recortar um espelho retangular com a
maior área possível. A fim de economizar corte, pelo menos um dos lados do retângulo
deve estar sobre um lado do triângulo.
As posições sugeridas são as da figura acima. Em cada caso, determine qual o retângulo de
maior área e compare os dois resultados. Discuta se a restrição de um lado estar sobre o
contorno do triângulo é realmente necessária para efeito de maximizar a área.
Se os lados do retângulo são x e y, em centímetros, temos,
pela semelhança dos triângulos brancos, 60 - y = y .
Daí,
x 80-x
3x + 4y = 240 e y = 60 – 3x/4
60 - y = y .
Como a área do retângulo é dado x 80-x
Por x.y = x.(60 – 3x/4) = -3x²/4 + 60x é será máxima quando (60-y)(80-x) = x.y
4800 – 60x – 80y + x.y = x.y = 0
X = -b/2a = - 60 = - 60 = 60.2 = 40. E para y teremos: 4800 – 60x – 80y = 0 .(1/20)
2.(-3/4) -3/2 3 3x + 4y = 240
Y = 60 – 3x/4 = 60 – 3.40/4 = 60 – 30 = 30. y = 60 – 3x
Logo, o retângulo de maior área tem lados iguais a 40cm e 30cm e área igual a4 1200cm².
GRAFICO 2
Na segunda figura, seja x o lado do retângulo apoiado na hipotenusa e y o outro lado. A
altura do triângulo retângulo é h = b.c/a = 60.80/100 = 48cm.
Usando semelhança de triângulos, temos triângulos,
Hip.menor temos
= Hmenor
Hip.maior Hmaior
x = 48-y
100 48
12x+25y = 1200
y = 48 – 12x/25

A área do retângulo é xy = x.(48 – 12x/25) = -12x²/25 + 48x, cujo valor máximo ocorre
x = -b/2a = -48 = - 48 = 2.25 = 50.
2.(-12/25) -24/25 1
E para y teremos:
Y = 48 – 12x/25 = 48 – 12.50/25 = 48 – 12.2 = 24, com área igual a 1200cm².
A conclusão é que os dois modos de apoiar o retângulo sobre um dos lados do triângulo
conduzem a triângulos com a mesma área máxima (igual a metade da área do triângulo),
caso contrário sua área será menor que esta metade.

6.15. Com 80 metros de cerca um fazendeiro deseja circundar uma área retangular junto a
um rio para confinar alguns animais. Quais devem ser as mediadas do retângulo para que a
área cercada seja a maior possível?
Sejam x e y os lados do retângulo, sabendo que ele não vai cercar o lado do rio (2x + y) e
dispõe de 80m de cerca e usando a fórmula da área do retângulo obteremos:
2x + y = 80 com y = 80 – 2x e substituindo na fórmula da área temos:
AR = b.h = x.y = x(80 – 2x) = - 2x² + 80x. Para obtermos a área máxima devemos ter
x = -b/2a = - 80/2.(-2) = 20. E para o valor de y = 80 – 2x = 80 – 2.20 = 40. Logo, as
medidas do terreno dever ser de 20m e 40m.

6.16. No instante t = 0 o ponto P está em (-2, 0) e o ponto Q em (0,0). A partir desse


instante, Q move-se para cima com velocidade de 1 unidade por segundo e P move-se para
a direita com velocidade de 2 unidades por segundo. Qual é o valor da distância mínima
entre P e Q?

No
instante
t, Q está em (0, t) e P está em (2t – 2, 0). A distância
PQ satisfaz
PQ² = (2t – 2 – 0)² + (0 – t)² = (2t – 2)² + t² = 4t² -
8t + 4 + t² = 5t² - 8t + 4. A distância de PQ será mínima quando (PQ)² o for. Isso ocorre no
instante t = -b/2a = -(-8)/2.5 = 8/10 = 0,8. Para t = 0,8 temos PQ² = 0,8 e PQ = √0,8 =
√8/10 = √4/5 = 2/√5 = 2√5/5
‘’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’
’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’’
6.17. Se x e y são reais tais que 3x + 4y = 12, determine o valor mínimo de z = x² + y².
Como 3x + 4y = 12 temos y = (12 – 3x)/4 e substituindo na equação obteremos:
z = x² + y²
z será mínimo para
= x² + [(12 – 3x)/4]² x = -b = -(-9) = 9.8 = 72 = 1,44.
= x² + (144 – 72x + 9x²)/16 2a 2.25/16 25 25

= (16x² +144 – 72x + 9x²)/16 y = (12 – 3x) = (12 – 3.1,44) = 7,68 = 1,92
= (25x² - 72x + 144)/16 4 4 4

= 25x² - 9x + 9 O valor mínimo de z = x² + y²


16 2 z = x² + y² = 1,44² + 1,92² = 2,0736+3,6864 = 5,76

6.18. Um avião de 100 lugares foi fretado para uma excursão. A companhia exigiu de cada
passageiro R$ 800,00 mais R$ 10,00 por cada lugar vago. Para que número de passageiros
a rentabilidade da empresa é máxima?
Seja x o número de passageiros da excursão, então o número de poltronas vagas é dado
por 100−x.
Assim, a expressão que fornece a receita em função de x é dada por:
R(x) = (800 + 10(100-x))x = 800x + 10x(100-x) = 800x + 1000x – 10x² = -10x²+1800x
Como essa expressão representa o gráfico de uma função quadrática (parábola com a
concavidade para baixo) teremos o valor máximo para x = -b/2a = -1800/2.(-10) = 90.

6.19. João tem uma fábrica de sorvetes. Ele vende, em média, 300 caixas de picolés por R$
20,00. Entretanto, percebeu que, cada vez que diminuía R$ 1,00 no preço da caixa, vendia
40 caixas a mais. Quanto ele deveria cobrar pela caixa para que sua receita fosse máxima?
Reduzindo t reais no preço da caixa, ele venderá 300 + 40t caixas a 20-t reais cada,
arrecadando R = (300 + 40t)(20-t) = 6000 + 800t – 300t – 40t² = -40t² + 500t + 6000 =
-2t² + 25t + 300. A receita será máxima se t = -b/2a = -25/2.(-2) = 25/4 = 6,25. O preço
deve ser 20 – 6,25 = 13,75 reais para que a receita seja máxima.

6.20. Uma loja está fazendo uma promoção na venda de balas: “Compre x balas e ganhe x%
de desconto”. A promoção é válida para compras de até 60 balas, caso em que é concedido
o desconto máximo de 60%. Alfredo, Beatriz, Carlos e Daniel compraram 10, 15, 30 e 45
balas, respectivamente. Qual deles poderia ter comprado mais balas e gasto a mesma
quantia, se empregasse melhor seus conhecimentos de Matemática?
Comprando x balas, o multiplicador de x% de desconto é (1 – x/100). E se o preço unitário
é p, o gasto em função de x fica expresso por p.x 1 – x = px – p .x²
100 100
mas o problema pede para descobrirmos como comprar mais balas gastando menos, logo
temos um problema de máximo, como temos uma função de segundo grau com coeficiente
líder negativo (o valor que multiplica o x de maior grau), logo o vértice da parábola
descrita pela função achada representa o máximo da função, logo:
x = -b = -1 = -1 = 100 = 50 balas, que a quantidade de maior desconto.
2a 2.(-1/100) -2/100 2
Todos os que compraram entre 40 (inclusive) e 50 balas poderiam obter mais balas pelo
mesmo preço. Logo, Daniel foi o único que comprou neste intervalo.

6.21. O diretor de uma orquestra percebeu que, com o ingresso a R$ 9,00, em média 300
pessoas assistem aos concertos e que, para redução de R$ 1,00 no preço dos ingressos, o
público aumenta de 100 espectadores. Qual deve ser o preço do ingresso para que a
receita seja máxima?
Reduzindo x reais no preço da caixa, ele venderá 300 + 100x caixas a 9-x reais cada,
arrecadando R = (300 + 100x)(9-x) = 2700 + 900x – 300x – 100x² = -100x² + 600x + 2700
= -x² + 6t + 27. A receita será máxima se x = -b/2a = -6/2.(-1) = 6/2 = 3. O preço deve ser 9
– 3 = 6 reais para que a receita seja máxima.

6.22. Qual o valor máximo de 21n – n², n inteiro?


Determinando o valor máximo desta equação encontraremos n = -b/2a = -21/2(-1) =
21/2 = 10,5. Como este valor não é inteiro temos que quanto mais perto do vértice estiver
o ponto, mais alto estará. Logo, teremos para os inteiros mais próximo de 10,5 os números
n = 10 e n = 11, onde em ambos o valor será de 110.
- n² + 21n = - 10² + 21.10 = -100 + 210 = 110
- n² + 21n = - 11² + 21.11 = -121 + 231 = 110

6.23. Esboce o gráfico de:


a) f(x) = |x²| - |x| + 1;
b) g(x) = |x² - x|.
x f(x) x g(x)
0 1 0 0
1 1 1 0
-1 1 -1 2
6.24. Identifique o conjunto dos
pontos (x, y) tais que:
a) x² - 5x + 6 = 0;
O conjunto é formado pelos
pontos de duas retas verticais que
equivalem a x = 2 ou x = 3.
x² - 5x + 6 = 0
x² - 5x = – 6

b) y = x² - 5x + 6.
Δ = b² - 4.a.c = (-5)² - 4.1.6 = 25 – 24 = 1
X = - b +- √Δ = 5 +- √1 = 5 +- 1 = x’ = 3 ou x” = 2
2a 2.1 2
xV = b/2a = 5/2.1 = 2,5
yV = - Δ/4a = -1/4 = -0,25

6.25. Resolva a inequação x4 + x² - 20 > 0.


Fazendo x² = y, obteremos y² + y – 20 > 0
Δ = b² - 4.a.c = 1² - 4.1.(-20) = 1 + 80 = 81
X = - b +- √Δ = -1 +- √81 = -1 +- 9 = x’ = 4 ou x” = -5
2a 2.1 2
Daí, y < -5 ou y > 4, isto é, x² < -5 (não é válida) ou
x² > 4, com x² - 4 > 0 para x < -2 ou x > 2

6.26. Determine explicitamente os coeficientes a, b, c do trinômio f(x) = ax² + bx + c em


função dos valores f(0), f(1) e f(2).
a.0² + b.0 + c = f(0) c = f(0)
a.1² + b.1 + c = f(1) a + b + c = f(1) a + b = f(1) – f(0) b= f(1)–f(0)-a (i)
a.2² + b.2 + c = f(2) 4a + 2b + c = f(2) 4a + 2b = f(2) – f(0) (ii)
Substituindo (i) em (ii) temos:
4a + 2b = f(2) – f(0) b= f(1)–f(0)-a (i)
4a + 2(f(1)–f(0)-a) = f(2) – f(0) b= f(1)–f(0)-(f(2) – 2f(1) + f(0))
2
4a + 2f(1)–2f(0)-2a = f(2) – f(0)
b= 2f(1) – 2f(0) - f(2) + 2f(1) - f(0)
a = f(2) – 2f(1) + f(0) 2
2
b= - f(2) + 4f(1) + 3f(0)
2
6.27. Um restaurante a quilo vende 100kg de comida por dia, a 12 reais o quilo. Uma
pesquisa de opinião revelou que, por cada real de aumento no preço, o restaurante
perderia 10 clientes, com um consumo médio de 500g cada. Qual deve ser o valor do quilo
de comida para que o restaurante tenha a maior receita possível?
Se o quilo custa 12+t reais, serão vendidos 100 – 10.0,5t quilos e a receita será
(12 + t)(100 – 5t) = 1200 – 60t + 100t – 5t² = -5t² + 40t + 1200 = -t² + 8t + 240. A receita
será máxima para t = -b/2a = - 8/2.(-1) = 4. Logo, o preço deve ser 12+4 = 16 reais.

6.28. Um prédio de 1 andar, de forma retangular, com lados proporcionais a 3 e 4, vai ser
construído. O imposto predial é de 7 reais por metro quadrado, mais uma taxa fixa de
2.500 reais. A prefeitura concede um desconto de 60 reais por metro linear do perímetro,
como recompensa pela iluminação externa e pela calçada em volta do prédio. Quais devem
ser as medidas dos lados para que imposto seja o mínimo possível? Qual o valor desse
imposto mínimo?
Sendo os lados do retângulo 3t e 4t teremos como imposto a ser cobrado
7.3t.4t + 2500 – 60.14t = 84t² - 840t + 2500 e o mesmo será mínimo para t = -b/2a = -(-
840)/2.84 = 5. Os lados devem medir 15 e 12 metros e o imposto a ser cobrado dever se
de 84t² - 840t + 2500 = 84.5² - 840.5 + 2500 = 2100 – 4200 + 2500 = 400.
6.29. Determine entre os retângulos de mesma área a, aquele que tem o menor perímetro.
Existe algum retângulo cujo perímetro seja maior do que os de todos os demais com
mesma área?
Sendo x um dos lados do retângulo e a sua área representada por a teremos com função do
perímetro f(x) = x + x + a/x + x/a = 2x + 2a/x = 2(x + a/x). Chamemos de 2p o
perímetro e seus possíveis valores são aqueles para quais a equação x(p – x) = a, ou seja,
x² - px +a = 0 tem solução. Para tanto, devemos ter Δ ≥ 0, ou seja, b² - 4.a.c = p² - 4a ≥ 0,
isto é, o semiperímetro é p ≥ 2√a. Logo, o valor mínimo do perímetro será 4√a. Portanto
dobrando sucessivamente a base x e dividindo a altura por 2, obteremos retângulos com
perímetros tão grandes quanto se queira e mesma área.

6.30. Que forma tem o gráfico da função f: [0, +∞)  IR, dada por f(x) = √x?
Observamos que o domínio vai de 0 a +∞ e teremos a função f(x) = √x, ou seja, y = √x se e
somente se y² = x e os pontos estarão situados acima do eixo dos x.

6.31. Mostre que a equação √x + m = x possui uma raiz se m > 0, duas raízes quando
-1/4 < m ≤ 0, uma raiz para m = -1/4 e nenhuma raiz caso m < -1/4.
Desenvolvendo a equação temos:
√x + m = x
√x = x – m, elevando ao quadrado
(√x)² = (x – m)²
x = x² – 2xm + m²
x² – 2xm – x + m²
x² – x(2m + 1) + m², calculando o discriminante teremos:
Δ = b² - 4.a.c
Δ = [-(2m+1)]² - 4.1.m²
Δ = 4m²+4m + 1 - 4m
Δ = 4m + 1, analisando o discriminante obtemos:
 m > 0. A equação em x tem uma única raiz.
 -1/4 < m < 0. A equação em x tem duas raízes.
 m = -1/4. A equação em x tem uma única raiz.
 m < -1/4. A equação em x não tem raiz real.
Chamando √x de y, obtemos a equação de segundo grau y + m = y², ou seja, y² - y – m = 0.
Essa equação em y terá duas raízes reais diferentes quando seu discriminante Δ = 1 + 4m
for positivo, ou seja, quando m > -1/4. Cada raiz em y que seja maior que ou igual a zero
dará uma raiz para a equação em x e cada raiz negativa da equação em y é igual a –m e a
soma das raies da equação em y é igual a 1. Portanto:
 m > 0. A equação em y tem duas raízes de sinais contrários.
 m = 0. A equação em y tem uma raiz nula e uma raiz positiva.
 -1/4 < m < 0. A equação em y tem duas raízes positivas distintas.
 m = -1/4. A equação em y tem duas raízes positivas iguais.
 m < -1/4. A equação em y não tem raiz real.
Logo,
 m > 0. A equação em x tem uma única raiz.
 -1/4 < m < 0. A equação em x tem duas raízes.
 m = -1/4. A equação em x tem uma única raiz.
 m < -1/4. A equação em x não tem raiz real.

6.32. Numa concorrência pública para a construção de uma pista circular de patinação
apresentam-se as firmas A e B. A firma A cobra 20 reais por metro quadrado de
pavimentação, 15 reais por metro linear do cercado, mais uma taxa fixa de 200 reais para
administração. Por sua vez, a firma B cobra 18 reais por metro quadrado de pavimentação,
20 reais por metro linear do cercado e taxa de administração de 600 reais. Para quais
valores do diâmetro da pista a firma A é mais vantajosa? Esboce um gráfico que ilustre a
situação. Resolva um problema análogo com os números 18, 20 e 400 para A e 20, 10, 150
para B.
Temos que o comprimento do circulo é dado por C = 2πr e sua é dada por A = π.r². Sendo
d o diâmetro, ou seja, d = 2r teremos como perímetro C = π.r e área sendo π.(d/2)² =
πd²/4. O preço da firma A será de:
∝ = 20.A + 15.C + 200 = 20.π.d² + 15.π.d + 200 = 5.π.d² + 15.π.d + 200
4
O preço da firma B será de:
β = 18.A + 20.C + 600 = 18.π.d² + 20.π.d + 600 = 4,5.π.d² + 20.π.d + 600
4
A firma A será mais vantajosa quando β - ∝ = 4,5.π.d² + 20.π.d + 600 – (5.π.d² + 15.π.d + 200)
= -0,5.π.d² + 5.π.d + 400 > 0. Este trinômio tem duas raízes de sinais contrários e d deve estar
compreendido entre elas e ser positivo. Os valores para d estarão entre:
Δ = b² - 4.a.c = (5.π)² - 4.(-0,5π).400 = 25π² + 800π
d = -b +- √Δ = - 5π + √25π² + 800π = - 5π + π√25 + 800/π = 5 + √25 + 800/π ≈ 21,72 > 0.
2a 2(-0,5) -1
Logo, devemos ter 0 < d < 21,72 metros.

O preço da firma A será de:


∝ = 18.A + 20.C + 400 = 18.π.d² + 20.π.d + 400 = 4,5.π.d² + 20.π.d + 400
4
O preço da firma B será de:
β = 20.A + 10.C + 150 = 20.π.d² + 10.π.d + 150 = 5.π.d² + 10.π.d + 150
4
A firma A será mais vantajosa quando β - ∝ = 5.π.d² + 10.π.d + 150 – (4,5.π.d² + 20.π.d + 400)
= 0,5.π.d² - 10.π.d - 250 > 0. Este trinômio tem duas raízes de sinais contrários e d deve ser
exterior ao intervalo das raízes e ser positivo. Os valores para d serão:
Δ = b² - 4.a.c = (-10.π)² - 4.(0,5π).(-250) = 100π² + 500π
d = -b +- √Δ = 10π + √100π²+500π = 10π + π√100+500/π = 10+√100+500/π ≈ 26,10 > 0.
2a 2(0,5) 1
Logo, devemos ter d > 26,10 metros.

6.33. Dados a, b, c positivos, determinar x e y tais que xy = c e que ax + by seja o menor


possível.
Como xy = c temos y = c/x (i) e chamemos de S = a.x + b.y (ii). Substituindo (i) em (ii)
teremos: S = a.x + b.c = a.x² + b.c (iii). Os valores de S serão positivos quando x > 0 e
x x
negativos quando x < 0. De (iii) temos a.x² - S.x + b.c = 0. Para que ax + by seja o menor
possível o discriminante deve ser maior que ou igual a 0, ou seja, Δ = b² - 4.a.c = S² - 4.a.b.c ≥ 0
S² - 4.a.b.c ≥ 0
S² ≥ 4.a.b.c
S ≥ +-√4.a.b.c
S ≥ +2√a.b.c ou S ≥-2√a.b.c
Para x > 0, o menor valor de S é +2√a.b.c

6.34. Cavar um buraco retangular de 1m de largura de modo que o volume cavado seja
300m³. Sabendo que cada metro quadrado de área cavada custa 10 reais e cada metro de
profundidade custa 30 reais, determinar as dimensões do buraco de modo que o seu custo
seja mínimo.
As dimensões do buraco retangular podem ser do tipo 1.m.n = 300m³ (i) e o custo do
buraco pode ser y = 10.m + 30.n (ii). Substituindo (i) em (ii) teremos:
y = 10.m + 30.300 = 10m² + 9000 (iii). Teremos y > 0 para m > 0 e a função (iii) fica
m m
10.m² - ym + 9000 = 0. O discriminante, neste caso, deve ser maior que ou igual a 0, ou
seja,
Δ = b² - 4.a.c ≥ 0
(-y)² - 4.10.9000 ≥ 0
y² - 360000 ≥ 0
y² ≥ 360000
y ≥ √360000 e como y > 0 teremos:
y ≥ +600 reais o custo mínimo. Logo as dimensões do buraco serão:
10.m² - ym + 9000 = 0 De (ii) obteremos:
y = 10.m + 30.n
10.m² - 600m + 9000 = 0 600 = 10.30 + 30.n
Δ = b² - 4.a.c 600 = 300 + 30.n
600 - 300 = 30.n
= (-600)² - 4.10.9000 300 = 30.n
= 360000 – 360000 = 0 n = 10 metros

m = -b +- √Δ = 600 +- 0 = 600 = 30
2a 2.10 20

6.35. Dois empresários formam uma sociedade cujo capital é de 100 mil reais. Um deles
trabalha na empresa três dias por semana e o outro dois. Após um certo tempo, vendem o
negócio e cada um recebe 99 mil reais. Qual foi a contribuição de cada um para formar a
sociedade?
Analisando a sociedade temos que um empresário entrou com o capital x e trabalhou 3
dias por semana e o outro investiu 100 – x e trabalhou dois dias por semana. Sendo o lucro
do primeiro 99-x e do segundo 99 – (100-x) = x – 1. O lucro de cada um por dia se serviço
foi de (99-x) e (x – 1). Cada real aplicado rendeu, por dia de serviço, o lucro
3 2
99 – x = x – 1 .
2x 3(100-x)
2x² - 2x = (99 – x)(300 – 3x)
2x² - 2x = 29700 – 297x – 300x + 3x²
0 = 29700 – 595x + x²
x² – 595x + 29700 = 0
Δ = b² - 4.a.c
= (-595)² - 4.10.29700
= 354025 – 118800 = 0
= 235225
x = -b +- √Δ = 595 +-485  x’ = 1080 = 540 e x” = 110 = 55
2a 2.1 2 2
Como 540 mil > 100mil, o valor de x que responde a questão é x = 55 mil. Portanto um
sócio entrou com 55 mil reais e outro com 100 – x = 100 – 55 = 45 mil.

6.36. Nas águas paradas de um lago, Marcelo rema seu barco a 12km por hora. Num certo
rio, com o mesmo barco e as mesmas remadas, ele percorreu 12km a favor da corrente e
8km contra a corrente, num tempo total de 2 horas. Qual era a velocidade do rio, quanto
tempo ele levou para ir e quanto tempo para voltar?
Sendo a velocidade da corrente do rio v e sabendo que a esta é dada por v = espaço/tempo
teremos como tempos gastos a favor da correnteza 12 horas e contra 12 horas
12+v 12-v
O percurso no rio com correnteza foi de 12 + 8 = 2
12+v 12-v
12(12-v) + 8(12+v) = 2(12-v)(12+v)
144 – 12v + 96 + 8v = 288 – 2v²
2v² - 4v – 48 = 0
v² - 2v – 24 = 0
Δ = (-2)² - 4.1.(-24)
Δ = 4 + 96
Δ = 100
x = -b +- √Δ = 2+-10  x’ =2+10 = 6 e x” = 2 – 10 = - 4
2a 2 2 2
A única raiz positiva é x’ = 6, logo, a velocidade da corrente é v = 6km/h e o tempo que
levou pra ir foi de 12 = 12 = 2h = 40min (a favor da corrente) e 8 = 8 = 4h = 1h20min
12+6 18 3 12-6 6 3
(contra a corrente).

6.37. Os alunos de uma turma fizeram uma coleta para juntar 405 reais, custo de uma
excursão. Todos contribuíram igualmente. Na última hora, dois alunos desistiram. Com
isso, a parte de cada um sofreu um aumento de um real e vinte centavos. Quantos alunos
têm a turma?
Solução 1
x.y = 405  x = 405/y (i)
(x – 2).(y + 1,2) = 405 (ii), substituindo (i) em (ii) teremos:
5y² + 6y – 1215
Δ = 24336
X = - 6 +-156  x’ = -6+156 = 150 = 15 e x” = -162 (não serve)
10 10 10
x = 405/y = 405/15 = 27 alunos.

Solução 2
Com x alunos, a parte de cada um seria 405/x reais. Com x – 2 alunos, cada um daria 405.
x-2
reais. Então teríamos 405 = 405 + 1,2. Eliminando denominadores e simplificando teremos:
x-2 x
405 = 405 + 12
x-2 x 10
405.10.x = 405(10x-20) + 12(x²-2x)

4050x = 4050x – 8100 + 12x² - 24x


x² - 2x – 675 = 0
Δ = b² - 4.a.c = (-2)² - 4.1.675 = 4 + 2700 = 2704
x = -b +- √Δ = 2+-52  x’ =2+52 = 27 e x” = 2 – 52 = - 25 (não serve)
2a 2.1 2 2
Logo, a turma tinha 27 alunos.

6.38. Olhando o gráfico da função quadrática f(x) = x², vê-se que ele parece uma parábola.
Se for, quais serão o foco e a diretriz? Por simetria, o foco deve ser F = (0, t) e a diretriz
deve ser a reta y = -t. Use a definição de parábola para mostrar que t = 1/4.
Os pontos do gráfico são da forma P = (x, x²). Pela definição de parábola, a distância PF
deve ser igual a x²+t, que é a distância de P á reta y = -t. Tomando os quadrados temos PF²
= (x² + (x² - t))² = (2x² - t)¹. Efetuando e simplificando obtemos imediatamente t = ¼.

CAPÍTULO 7

7.1. Sejam P(x) e p(x) polinômios não identicamente nulos, tais que gr. P(x) ≥ gr.p(x).
(Onde gr. significa grau do polinômio.) Prove que existe um polinômio q(x) tal que
gr.[P(x) – p(x).q(x)] < gr.P(x). Usando repetidamente este fato, mostre que existem
polinômios q(x) e r(x) tais que P(x) = p(x).q(x) + r(x), com gr.r(x) < gr.p(x), chamam-se
respectivamente o quociente e o resto da divisão de P(x) por p(x). (Aqui admitimos que o
grau do polinômio 0 é - ∞).
Fazendo P(x) = anxn + an-1xn-1 + ... + a1x + a0, com an ≠ 0 e
p(x) = bpxp + bp-1xp-1 + ... + b1x + b0, com bp ≠ 0, tome q0 = an.xn-p.P(x) – p(x).q0(x) =
bn
(an-1 - anbp-1)xn-1 + ... tem grau no máximo igual a n – 1.
bn
Pondo P(x) – p(x).q0(x) para desempenhar o papel de P(x), vemos que existe um
polinômio q1(x) tal que P(x) – p(x)q0(x) – p(x)q1(x) = P(x) – p(x)[q0(x) + q1(x)] tem, no
máximo, grau n – 2. Prosseguindo, vemos que existe um polinômio q(x) = [q0(x) + q1(x)]
+ ... + qn-p(x) tal que P(x) – p(x)q(x) tem grau, no máximo, igual a p – 1. Chamando P(x) –
p(x)q(x) de r(x), está provado o que se queria demonstrar.

7.2. Prove a unicidade do quociente e do resto, isto é, se P(x) = p(x)q1(x) + r1(x) e P(x) =
p(x).q2(x) + r2(x), com gr.r1(x) e gr.r2(x) ambos menores do que gr.p(x), então q1(x) =
q2(x) e r1(x) = r2(x) para todo x ∈ IR. (Novamente, gr.r(x) = - ∞ se r(x) é identicamente
nulo.)
Temos que se P(x) = p(x)q1(x) + r1(x) - (i) e P(x) = p(x).q2(x) + r2(x) – (ii), com os graus
r1(x) e r2(x) ambos menores do que o grau de p(x), temos, subtraindo (i) de (ii) teremos,
P(x) – P(x) = p(x)q1(x) - p(x)q2(x) + r1(x) – r2(x)
0 = p(x)[q1(x) – q2(x)] + r1(x) – r2(x)
p(x)[q1(x) – q2(x)] = r2(x) – r1(x) - (iii)
Analisando a igualdade temos: Se q1(x) – q2(x) não for identicamente nulo, o grau do
primeiro membro será igual a ou maior que o grau de p(x), ao passo que o grau do
segundo membro será menor que o grau de p(x). Logo q1(x) – q2(x) é identicamente nulo,
ou seja, q1(x) = q2(x). Substituindo em (iii),
p(x)[q1(x) – q2(x)] = r2(x) – r1(x)
p(x).0 = r2(x) – r1(x)
0 = r2(x) – r1(x)
r1(x) = r2(x).

7.3. Diz-se que o número real ∝ é uma raiz de multiplicidade m do polinômio p(x) quando
se tem p(x) = (x - ∝)mq(x), com q(∝) ≠ 0. (Se m = 1 ou m = 2, ∝ chama-se
respectivamente uma raiz simples ou uma raiz dupla.)
Prove que ∝ é uma raiz dupla de p(x) se, e somente se, tem-se p(∝) = 0 e p’(x) ≠ 0.
Se ∝ é raiz simples de p(x) então p(x) = (x - ∝)q(x), com q(∝) ≠ 0. Daí, p(∝) = (∝ - ∝)q(∝) = 0
e, como derivada de p(x) é p’(x) = (x - ∝)’q(x) + (x - ∝)q’(x) = 1.q(x) + (x - ∝).q’(x), logo
p’(x) = q(x) + (x - ∝).q’(x), e sendo ∝ raiz obteremos: p’(∝) = q(∝) + (∝ - ∝).q’(∝), ou seja,
p’(∝) = q(∝) + 0.q’(x),
p’(∝) = q(∝) ≠ 0.
Se p(∝) = 0 e p’(∝) ≠ 0, então p(x) = (x - ∝)q(x) pois ∝ é raiz de p(x) e, como p’(x) = (x -
∝)’q(x) + (x - ∝)q’(x) = q(x) + (x - ∝)q’(x), temos q(a) = p’(a) ≠ 0.
Prove também que ∝ é uma raiz dupla de p(x) se, e somente se, p(∝) = p’(∝) = 0 e p”(∝).
Generalize.
Se ∝ é a raiz dupla de p(x) então p(x) = (x - ∝)²q(x), com q(∝) ≠ 0. Daí, p(∝) = (∝ - ∝)q(∝)
= 0 e, como p’(x) = [(x - ∝)²]’q(x) + (x - ∝)²q’(x) = 2(x - ∝)q(x) + (x - ∝)²q’(x) e p”(x) =
2q(x) + 4(x - ∝)q’(x) + (x - ∝)²q”(x), p’(∝) = 0 e p”(∝) = 2q(∝) ≠ 0.

7.4. Certo ou errado: ∝ é raiz dupla de p(x) se, e somente se, é raiz simples de p’(x).
Se pegarmos uma função do tipo p(x) = x² + 3, temos na primeira derivada, p’(x) = 2x, e
que 0 é raiz simples dela, mas não é raiz dupla de p(x).

7.5. Determine o polinômio p(x) de menor grau possível tal que p(1) = 2, p(2) = 1, p(3) =
4 e p(4) = 3.
p(x) = y0(x – x1)(x – x2)(x – x3) + y1(x – x0)(x – x2)(x – x3) + y2(x – x0)(x – x1)(x – x3) + y3(x – x0)(x – x1)(x – x2)
(x0 – x1)(x0 – x2)(x0 – x3) (x1 – x0)(x1 – x2)(x – x3) (x2 – x0)(x2 – x1)(x2 – x3) (x3 – x0)(x3 – x1)(x3 – x2)
x0 = 1 e y0 = 2 x1 = 2 e y1 = 1 x2 = 3 e y2 = 4 x3 = 4 e y3 = 3
p(x) = 2(x – 2)(x – 3)(x – 4) + 1(x – 1)(x – 3)(x – 4) + 4(x – 1)(x – 2)(x – 4) + 3(x – 1)(x – 2)(x – 3)
(1 – 2)(1 – 3)(1 – 4) (2 – 1)(2 – 3)(2 – 4) (3 – 1)(3 – 2)(3 – 4) (4 – 1)(4 – 2)(4 – 3)

p(x) = 2(x – 2)(x – 3)(x – 4) + 1(x – 1)(x – 3)(x – 4) + 4(x – 1)(x – 2)(x – 4) + 3(x – 1)(x – 2)(x – 3)
(–1)(–2)(–3) (1)(–1)(–2) (2)(1)(–1) (3)(2)(1)

p(x) = x³ - 9x² + 26x - 24 + x³ - 8x² + 19x - 12 + 2x³ - 14x² + 28x - 16 + x³ - 6x² + 11x - 6
(–3) 2 (–1) 2
p(x) = -(2x³ - 18x² + 52x – 48) + 3x³ - 24x² + 57x - 36 – (12x³ - 84x² + 148x – 96) + 3x³ - 18x² + 33x - 18
6
p(x) = -2x³ + 18x² - 52x + 48 + 3x³ - 24x² + 57x - 36 – 12x³ + 84x² - 148x + 96 + 3x³ - 18x² + 33x - 18
6
p(x) = -8x³ + 60x² - 44x + 90 = -4x³ + 10x² - 65x + 15
6 3 3

7.6. Seja p(x) um polinômio cujo grau n é um número ímpar. Mostre que existem números
reais x1, x2, tais que p(x1) < 0 e p(x2) > 0. Conclua daí que todo polinômio de grau ímpar
admite pelo menos uma raiz real.
Seja p(x) = anxn + an-1xn-1 + ... + a1x + a0 e suponhamos an > 0. Seja k o maior dos números
|a0|, |a1|, ... , |an-1|.
Se x > 1, |an-1xn-1 + ... + a1x + a0| ≤ |an-1|xn-1 + ... + |a1|x + |a0| ≤ |k|xn-1 + ... + k.xn-1 + k.xn-1
= nk.xn-1.
Se tomamos um valor x que, além de ser maior que 1, seja também maior que nk/a n,
teremos
x > nk/anx,
anx > nk, vezes xn-1
anxn > nkxn-1 > |an-1xn-1 + ... a1x + ao|, p(x) > 0.
Se x < -1, |an-1xn-1 + ... a1x + ao| ≤ |an-1|.|x|n-1 + ... |a1|x + |ao| ≤ k.|x|n-1 + ... k.|x|n-1 = nk|X|n-1.
Se tomarmos um valor para x que, além de ser menor que -1, seja também menor que –
nk/a, teremos
X < - nk/an
anx < - nk, vezes xn-1
anxn > - nkxn-1, (como n é impar, xn-1 é positivo), | anxn| > nk|x|n-1 (na desigualdade anterior
dos dois membros são negativos; de dois números negativos, o menor é o que tem maior
módulo), |anxn| > |an-1xn-1 + ... a1x + ao| e, como anxn é negativo, p(x) < 0.
Caso fosse an < 0, bastava aplicar a conclusão ao polinômio – p(x).
Pela continuidade do polinômio, se p(x1) < 0 e p(x2) > 0, existe x0 compreendido entre x1
e x2 tal que p(x0) = 0.

7.7. Mostre que se n é um número par então o polinômio p(x) = xn + xn-1 + ... + x + 1 não
possui raiz real.
1 não é raiz do polinômio pois p(1) = n + 1 ≠ 0. Se x ≠ 1, p(x) = xn+1 – 1. Como n é par,
x–1
não existe x real, x ≠ 1, tal que xn+1 = 1. Logo, p(x) ≠ 0 também para todo x real diferente
de 1.

7.8. Tomando x0 = 3, use a relação de recorrência xn-1 = 1 xn + 5 para calcular √5 com


2 xn
três algarismos decimais exatos. (Por exemplo: sabemos que 1,414 é uma aproximação de
√2 com três algarismos decimais exatos porque 1,414² < 3 < 1,415².)
xn = 1 xn-1 + 5 = 1 xn-1² + 5 .
2 xn-1 2 xn-1

para x = 1 temos: x1 = 1 x0² + 5 = 1. 3² + 5 = 14 = 2,333


2 x0 2 3 6

para x = 2 temos: x2 = 1 x1² + 5 = 1. 2,333² + 5 = 10,442889 = 2,238


2 x1 2 2,333 4,666

para x = 3 temos: x1 = 1 x2² + 5 = 1. 2,238² + 5 = 10,006644 = 2,236


2 x2 2 2,238 4,476

para x = 4 temos: x1 = 1 x3² + 5 = 1. 2,236² + 5 = 9,999696 = 2,236


2 x3 2 2,236 4,472
Como 2,236² < 5 e 2,237² > 5, a resposta é 2,236.
7.9. Usando o método de Newton, estabeleça um processo interativo para calcular ³√a e
aplique-o a fim de obter um valor aproximado de ³√2.
Devemos determinar a raiz real de p(x) = x² - a. A fórmula do método de Newton é
xn+1 = xn – p(xn) = xn – xn³ - a = 2xn + a .
p’(xn) 3xn2 3 3xn²
No caso a = 2, fórmula fica xn+1 = 2xn + a . começando com x0 = 1, obtém-se x1 = 1,3333
3 3xn²
x2 = 1,2639; x3 = 1,2599; x4 = 1,2599. Como 1,2599³ < 2 e 1,2600³ > 2, a aproximação de
³√2 com 4 decimais exatas é 1,2599.

CAPÍTULO 8

8.1. Com um lápis cuja ponta tem 0,02mm de espessura, deseja-se traçar o gráfico da
função f(x) = 2x. Até que distância á esquerda do eixo vertical pode-se ir sem que o gráfico
atinja o eixo horizontal?
Podemos admitir que a ponta do lápis é um disco com raio de 0,01cm. O gráfico tocara o
eixo horizontal num ponto (x, 2x) sempre que
2x < 0,001cm, aplicando o logaritmo
log2x < log 0,01
xlog2 < log 10-2
x < -2log10
log2
x < - 2.1 .
0,301
x < -6,644cm

8.2. Definindo ap/q como q√ap, prove que ap/q.ar/s = ap/q+r/s.


De fato,

ap/q.ar/s = q√ap. s√ar = q.s√ap.s .s.q√ar.q = q.s√aps+qr = ap(p.s + qr)/qs = ap/q + r/s

8.3. Dados a > 0 e b > 0, qual a propriedade da função exponencial que assegura a
existência de h ≠ 0 tal que bx = ax/h para todo x ∈ R? Mostre como obter o gráfico de y = bx
a partir do gráfico de y = ax. Use sua conclusão para traçar o gráfico de y = (1/³√4)x a
partir do gráfico de y = 2x.
A propriedade em questão diz que a função exponencial f: R  R+, definida por f(x) = bx, é
sobrejetiva. Portanto, dado a > 0, existe h ∈ R tal que bh = a, ou seja, b = a1/h. Daí bx = ax/h
para todo ∈ R.
Para obter o gráfico de y = bx, trace a
reta horizontal que passa pelo ponto de
abscissa x/h no gráfico de y = ax. O
ponto dessa reta que tem abscissa x é
(x,bx). Quando a = 2 e b = 1/³√4, a
igualdade ax/h = bx, que equivale a h =
loga/logb, nos dá h = -3/2 e x/h = -2x/3.

8.4. Prove que uma função do tipo exponencial fica determinada quando se conhecem dois
de seus valores. Mais precisamente, se f(x) = b.ax e F(x) = B.Ax são tais que f(x1) = F(x1) e
f(x2) = F(x2) com x1 ≠ x2 então a = A e b = B.
Como f(x1) = F(x1) temos: f(x1) = b.ax1 e F(x1) = B.Ax1
b.ax1 = B.Ax1
b = Ax1 = A x1 (i)
B ax1 a
Como f(x2) = F(x2) temos: f(x2) = b.ax2 e F(x2) = B.Ax2
b.ax2 = B.Ax2
b = Ax2 = A x2 (ii), igualando (i) = (ii) teremos:
B ax2 a
A x1 = A x2 , como x1 ≠ x2, isto nos obriga a: a = 1, ou seja, a = A. Então b.ax1 = B.Ax1
a a A b.Ax1 = B.Ax1
b = B.

8.5. Dados x0 ≠ 0 e y0 > 0 quaisquer, prove que existe a > 0 tal que ax0 = y0.
Um possível valor para a = x0√y0, pois
(x0√y0)x0 = y0
y0 = y0

8.6. Dados x0 ≠ x1 e y0, y1 não-nulos com o mesmo sinal, prove que existem a > 0 e b tais
que b.ax0 = y0 e b.ax1 = y1.
Temos b.ax0 = y0 e solando o b teremos: b.ax1 = y1
b = y0/ ax0 y0.a-x0.ax1 = y1
b = y0.a-x0, substituindo na função b.ax1 = y1, temos: ax1-x0 = y1/y0
a = y1 x1-x0
y0
8.7. A grandeza y se exprime como y = b.at em função do tempo t. Sejam d o acréscimo que
se deve dar a t para que y dobre e m (meia-vida de y) o acréscimo de t necessário para que
y se reduza á metade. Mostre que m = -d e y = b.2t/d, logo d = loga2 = 1/log2a.
y = b.at, seja d o acréscimo que se deve dar a t para que y dobre temos:
y = 2b.at+d (i)
E seja m o acréscimo de t necessário par que y se reduza á metade.
y = b.at+m (ii), igualando (i) = (ii) teremos:
2
2b.at+d = b.at+m Deve-se ter b.ad = 2b, portanto, ad = 2, donde d = loga2 = 1/log2a.
2
4at.ad = at.am Geralmente m (e, equivalentemente, d) é conhecido experimentalmente,
4ad = am enquanto a se obtém a partir de m: de ad = 2, ou seja, a-m = 2, resulta que
4 = am a = 2m. Assim a expressão de y em função de t fica y = b.2mt, onde b é o
ad valor inicial de y (correspondente a t = 0).
4 = am-d
am-d = 4

8.8. Observações por longo tempo mostram que, após períodos de mesma duração, a
população da terra fica multiplicada pelo mesmo fator. Sabendo que essa população era de
2,68 bilhões em 1956 e 3,78 bilhões em 1972, pede-se:
(a) O tempo necessário para que a população da terra dobre de valor;
Seja b a população num determinado ano e t o número de anos decorridos gerando a
seguinte expressão y = b.eat. Começando a contar os anos a partir de 1956, temos 2,68
bilhões. De 1972 a 1956 temos t = 16 anos.
Para determinar o coeficiente a, usaremos a observação de 1972, segundo a qual se tem
2,68.e16a = 3,78
e16a = 3,78
2,68
e16a = 1,41, aplicando o logaritmo teremos:
loge16a = log (1,41)
a = log (1,41)/16
a = 0,0093262
O tempo necessário para que a população dobre é o número t de anos tal que e0,0093262.t = 2.
Aplicando o logaritmo teremos:
Log e0,0093262.t = log 2
0,0093262.t = log 2
t = log 2/0,0093262
t ≈ 32,27 anos, aproximadamente 32 anos e 3 meses.

(b) A população estimada para o ano 2012;


Em 2012 teremos t = 2012 – 1956 = 56 anos, portanto
2,68.e0,0093262.56 = 2,68.e0,5222672 = 2,68.1,685845469 = 4,52 bilhões.
2,68.e0,0215.56 = 2,68.e1,204 = 2,68.3,333423987 = 8,9 bilhões.

(c) Em que ano a população da terra era de 1 bilhão.


A população da terra era de 1 bilhão quando
2,68.e0,0093262.t = 1
e0,0093262.t =1/2,68
e0,0093262.t = 0,3731343283582..., aplicando o logaritmo teremos:
0,0093262.t = log 0,3731343283582
0,0093262.t = -0,428134794...
0,0093262.t = -0,4281344794...
0,0093262
t = - 45,9 = 45 anos e 10 meses. Logo, 1956-45,9 = 1910,1, ou seja, no ano
de 1910.
8.9. Dê um argumento independente de observações para justificar que, em condições
normais, a população da terra após o decurso de períodos iguais fica multiplicada pela
mesma constante.
Por “independente de observações” deve-se entender sem coleta de dados estatísticos, ou
seja, um argumento baseado na reflexão. “Em condições normais” significa que não
ocorreram repetidas catástrofes nem houve a descoberta do elixir da imortalidade. Então,
se começamos a contar os anos a partir de quando a população da terra era de b bilhões de
pessoas, indicaremos com f(b,t) a população após o decurso de t anos. A primeira
constatação que fizemos é que f(b,t) depende linearmente de b. Com efeito, é claro que
f(b,t) é função crescente de b. Em seguida, notamos que f(n.b,t) = n. f(b,t) como se vê ao
imaginarmos n planetas exatamente iguais á terra, cada um deles com b bilhões de
pessoas no mesmo ano t = 0. O Teorema Fundamental da Proporcionalidade nos garante
então que f(b,t) depende linearmente de t. Finalmente, temos f(f(b,s),t) = f(b,s+t) pois
esta igualmente significa que, se começamos a contar os anos a partir do ano s, quando a
população seria de f(b,s) bilhões, após decorridos t anos a população será de f (f(b,t),t)
bilhões, a mesma que obteríamos se tivéssemos considerado a população de b bilhões,
quando s = t = 0, e olhássemos para essa população após s+t anos, quando seu valor seria
f(b,s+t). Portanto f(f(b,s),t) = f(b,s+t). Pelo exercício 2, vemos que f(b,t) é do tipo
exponencial.
8.10. Prove que, para a e x positivas, tem-se log1/ax = -logax.
Página. 166. Fórmula de mudança de base: logax = logab.logbx
log1/ax = loga-1x = 1logax = - logax
-1

8.11. Resolva os exercícios do livro “Logaritmos”, especialmente os do último capítulo.

CAPITULO 9

9.1. Determine os valores máximo e mínimo da função f: R  R definida por f(x) = 3 .


2+senx
Quando sem x cresce, f(x) decresce e quando sen x decresce, f(x) cresce. Assim, quando
sen x = 1, f(x) = 1, que é o seu valor mínimo e, quando sin x = -1, f(x) = 3, que é seu valor
máximo.

9.2. Observando a figura a seguir, onde AB = x, mostre que t = senx/cosx


Traçando BC perpendicular ao raio AO e sendo T o ponto de intersecção de
OB com o eixo tangente à circunferência, vemos que os triângulos OCB e OAT
são semelhantes. Logo
BC = OC  senx = cosx  t = sin x
AT OA t 1 cosx

9.3. Se sen x + cos x = 1,2, qual é o valor do produto sen x. cos x?


(sen x + cos x)² = (1,2)²
sen²x + 2sinx.cosx + cos²x = 1,44 , como sen²x + cos²x = 1, temos:
1 + 2sinx.cosx = 1,44
2sinx.cosx = 0,44
sinx.cosx = 0,22

9.4. Definimos aqui as funções


Secante: sec x = 1 , se cos x ≠ 0
cos x
cossecante: csc x = 1 se sen x ≠ 0
sen x
cotangente: sec x = cos x se sen x ≠ 0
sen x
Mostre que:
a) sec²x = 1 + tg²x
1 + tg²x = 1 + sin²x = cos²x + sin²x = 1 = sec²x
cos²x cos²x cos²x

b) csc²x = 1 + cotg²x
1 + cotg²x = 1 + cos²x = sin²x + cos²x = 1 = csc²x
sin²x sin²x sin²x

9.5. Prove as identidades abaixo:


a) 1 – tg²x = 1 + 2sen²x
1+tg²x
Substituindo tgx por sinx/cosx teremos:
1 – sin²x cos²x – sin²x
cos²x = cos²x = cos²x – sin²x = 1 – 2sin²x
1 + sin²x cos²x + sin²x 1
cos²x cos²x

como sen²x = 1 - cos²x


b) senx = 1 + cosx
csc x – cotg x
sin²x = sin²x = sin²x.(1 + cosx) = sin²x(1 + cosx) = 1 + cosx.
cscx - cotgx 1 - cosx = (1 – cosx)(1 + cosx) 1 – cos²x
sinx sinx

9.6. Determine todas as soluções da equação cos 2x + π = 1 .


3 2

Os pontos em que cosx = 1/2 estão no 1° quadrante, logo temos:


2x + π/3 = 2kπ + π/3  x = kπ

9.7. Se tg x + sec x = 3/2, calcule sin x e cos x.


sin²x + 1 = 3  2(1 + senx) = 3cosx
cosx cosx 2
Elevando ao quadrado,
[2(1 + senx)]² = (3cosx)²
4(1 + 2senx + sin²x) = 9cos²x
4 + 8senx + 4sin²x = 9(1 – sin²x)
4 + 8senx + 4sin²x = 9 – 9sin²x
13sin²x + 8sinx – 5 = 0
Δ = 64 + 260 = 324
x’ = -1, não serve para sinx = -1, pois, neste caso, cosx = 0.
x = - 8 +- 18
26 x” = 5/13, sendo sinx = 5/13 teremos para cosx ?
2(1 + senx) = 3cosx
2(1 + 5/13) = 3cosx
2(18/13) = 3cosx
2(6/13) = cosx
12/13 = cosx

9.8. Encontre as fórmulas para sin 2x, cos 2x e tg 2x em termos de sen x e cos x.
sin2x = sin(x + x) = sinx.cosx + sinx.cosx = 2 sinx.cosx
cos2x = cos(x + x) = cosx.cosx - sinx.sinx = cos²x – sin²x
tg2x = tg(x + x) = tgx + tgx = 2tgx .
1 – tgx.tgx 1 – tg²x

9.9. Observando a figura abaixo, mostre que AOB = 45°.

Fazendo AOP = ∝ e BOP = β, temos tg∝ = 3 = 1 e tgβ = 2 = 1.


6 2 6 3

Logo, tg(∝ + β) = tg∝ + tgβ = ½ + 1/3 = 5/6 = 1


1 – tg∝.tgβ 1 – ½.1/3 5/6
Assim, AOB = ∝ + β = 45°

9.10. Se tg x = ½, calcule tg 3x.


tg2x = 2tgx = 2.(1/2) = 1 = 4/3
1 – tg²x 1 – (1/2)² 3/4
tg(2x + x) = tg2x + tgx = 4/3 + 1/2 = 11/6 = 11
1 – tg2x.tgx 1–(4/3)1.2 1/3 2

9.11. Calcular
a) y = sen 5π. cos 5π
12 12
Temos que sinx.cosx = ½.sin2x, ou, 2sinx.cosx = sin2x, multiplicando o termo abaixo por 2
temos:
2y = 2sen 5π. cos 5π = sin2.5π = sin5π = sinπ = 1. Logo, 2y = 1  y = 1
12 12 12 6 6 2 2 4

b) y = 1 + tg π/12
1 – tg π/12

tg π – tg π
y= 4 12 = tg π + π = tg π = √3
1 - tg π.tg π 4 12 3
4 12

9.12. Determine os valores máximo e mínimo de y = 2 sen² x + 5 cos² x.


y = 2 sen² x + 5 cos² x.
y = 2 sen² x + 2 cos² x + 3cos²x
y = 2(sen² x + cos²x) + 3cos²x
y = 2.1 + 3cos²x
y = 2 + 3cos²x
Como 0 ≤ cos²x ≤ 1 então o valor mínimo de y é 2 e o valor máximo é 5.
Como sen(x) e cos(x) são funções limitadas e que oscilam entre -1 e 1, tem-se que valores
constituídos da soma destas duas funções também deverão ser limitados

9.13. Determine os valores máximo e mínimo de y = senx + 2cos x.


Observe que: 1² + 2² = 5, logo multipliquemos por √5
Observe que – 1 ≤ cosx, sinx ≤ 1 (i)
Logo, -2 ≤ 2cosx ≤ 2. Assim
(-1) + (-2) ≤ senx + 2cosx ≤ 1 + 2, portanto – 3 ≤ sinx + 2cosx ≤ 3 e y = senx + 2cosx é
uma função limitada superior e inferiormente. Agora, note que
y = √5 1 .senx + 2 cos x (ii)
√5 √5
Seja ∝ o arco (entre 0 e π/2) tal que sin ∝ = 1 . Note que ∝ existe pois 2 ² + 1 ² = 1
√5 √5 √5
Assim, usando a relação sen(a + b) = sen(a)·cos(b) + sen(b)·cos(a) podemos reescrever
y como y = √5sen(x + α) (iii)
onde cos(α) = 1/√5 e sen(α) = 2/√5 .
Podemos verificar que esse ∝ existe a partir da relação fundamental, pois
-1 ≤1/√5, 2/√5 ≤ 1
cos²(∝) + sin²(∝) = (1/√5)² + (2/√5)² = 1/5 + 4/5 = 1.
Por (i) e (iii), temos que
- 1 ≤ y/√5 ≤ 1  - √5 ≤ y ≤ √5.

Como sen(x) e cos(x) são funções limitadas e que oscilam entre -1 e 1, tem-se que valores
constituídos da soma destas duas funções também deverão ser limitados
QUESTÕES GEOMETRIA PLANAPROVA 2013.1 QUESTÃO 1
É dado um retângulo ABCD tal que em seu interior estão duas circunferências tangentes exteriormente no ponto

T, como mostra a figura abaixo. Uma delas é tangente aos lados AB e AD e a outra é tangente aos lados CB e CD.
A altura CH e a mediana BK são traçadas em um triângulo acutângulo ABC.
Sabendo que BK = CK e KBC = HCB, prove que o triângulo ABC é equilátero

PROVA 2015.2 QUESTÃO 2


Dados dois segmentos de medidas distintas a e b, descreva como construir, com régua e compasso,
segmentos de medidas a + b e ab.

PROVA 2016.1 – QUESTÃO 2


Descreva a construção, com régua e compasso, do círculo tangente á reta r e contendo os pontos A e B da figura
abaixo.

PROVA 2017.1 – QUESTÃO 2


Seja ABC um triângulo. Se P é o pé da bissetriz interna relativa ao lado BC, prove que o Teorema da Bissetriz

Interna, isto é, que BP = BA


PC AC

PROVA 2018.1 – QUESTÃO 7


Dados três pontos A, B e C naõ colineares, faça o que se pede tendo em vista que este é um problema de Geometria
Plana.
(a) Descreva os passos de construção necessários para obter, utilizando régua e compasso, as duas retas r e s que

PROVA 2018.2 – QUESTÃO 2


O teorema do Ângulo Inscrito afirma que se AB e AC são cordas de um círculo de centro O, então a medida do
ângulo inscrito BAC é igual a metade do ângulo central BOC correspondente. Prove esse teorema no caso em
que o ângulo BAC contém o centro O em seu interior.

PROVA 2019.2 – QUESTÃO 2


Seja D um ponto no interior de um triângulo equilátero ABC de lado l tal que AD = 7, BD = 8 e CD = 5. Considere
um ponto E no exterior do triângulo ABC, conforme a figura, tal que o ângulo DCE = 60° e CD = CE.

PROVA 2020.1 – QUESTÃO 3


Considere um triângulo ABC. Sejam M o ponto médio do segmento BC e delta a circunferência tal que o segmento AB
é um diâmetro.
Prove que AB = AC se, e somente se, M pertence á circunferência delta.

PROVA 2020.2 – QUESTÃO 4


Um segmento que tem um vértice de um triângulo como uma de suas extremidade e a outra extremidade sobre o lado
oposto a esse vértice é chamado de ceviana interna do triângulo. O teorema de Ceva afirma que, em um triângulo ABC
as cevianas internas AA', BB' e CC' se intersectam em um mesmo ponto se, e somente se, BA' . CB' . AC' = 1.
A'C B'A C'B

PROVA 2021.1 – QUESTÃO 7


Instituto Federal do Piauí - IFPI
Campus Floriano
Avaliação de Geometria - 2º Semestre/2021
Professor: Ezequias Esteves / Ricardo Castro
Aluno(a):.........................................................................................

Solução da Prova 1

Questão 1
___________________________________________________________________________

(OBM 2010) As bissetrizes internas dos ângulos ∠𝐴 e ∠𝐶 do triângulo 𝐴𝐵𝐶 cortam-se no ponto
𝐼. Sabe-se que ̅̅̅
𝐴𝐼 = ̅̅̅̅
𝐵𝐶 e que ∠𝐼𝐶𝐴 = 2 ∠𝐼𝐴𝐶. Determine a medida do ângulo ∠𝐴𝐵𝐶. (Dica:
Construa os pontos D e 𝐸 resultante da interseção de 𝐶𝐼 e da bissetriz de 𝐴𝐶̂ 𝐼, respectivamente,
com o lado 𝐴𝐵.

Solução.

Conforme figura, observe que o ângulo ∠𝐶𝐸𝐵 é o ângulo externo do triângulo 𝐴𝐶𝐸 e vale 3𝜃,
isto é, ∠𝐶𝐸𝐵 = 3𝜃. Por outro lado, também conforme figura, temos que ∠𝐵𝐶𝐸 = 3𝜃. Portanto,
o triângulo 𝐸𝐵𝐶 é isóscele de base 𝐶𝐸 e, consequentemente, ̅̅̅ ̅̅̅̅ = 𝐵𝐸
𝐴𝐼 = 𝐵𝐶 ̅̅̅̅ . Podemos
observar, ainda, que os triângulos 𝐴𝐶𝐸 e 𝐶𝐴𝐼 são congruentes pelo caso 𝐴𝐿𝐴, pois ∠𝐴𝐶𝐼 =
∠𝐶𝐴𝐸 = 2𝜃, ∠𝐶𝐴𝐼 = ∠𝐴𝐶𝐸 = 𝜃 e o segmento 𝐴𝐶 é comum aos dois triângulos. Assim as
medidas dos lados correspondentes ̅̅̅
𝐴𝐼 = ̅̅̅̅
𝐶𝐸 . Como já temos que ̅̅̅
𝐴𝐼 = ̅̅̅̅
𝐵𝐶 = ̅̅̅̅
𝐵𝐸 , concluímos
que o triângulo 𝐸𝐵𝐶 é equilátero. Consequentemente, o ângulo ∠𝐴𝐵𝐶 = ∠𝐸𝐵𝐶 = 600 .

𝜃
𝜃 2𝜃

𝜃
𝜃
Questão 2
___________________________________________________________________________

Calcule a soma dos ângulos nos vértices A, B, C, D e E da estrela de cinco pontas da figura
abaixo.

Solução.

Considerando a figura dada no problema com os novos pontos 𝐹 e 𝐺, temos que o ângulo
∠𝐶𝐹𝐺 = ∠𝐶𝐹𝐸 = 𝐷 ̂ + 𝐸̂ (ângulo externo do triângulo 𝐹𝐷𝐸). De modo análogo, temos que o
ângulo ∠𝐶𝐺𝐹 = ∠𝐶𝐺𝐴 = 𝐴̂ + 𝐵̂ (ângulo externo do triângulo 𝐺𝐴𝐷). Como a soma dos
ângulos interno do triângulo 𝐶𝐹𝐺 vale 1800 , então 𝐴̂ + 𝐵̂ + 𝐷
̂ + 𝐸̂ + 𝐶̂ = 1800 . Portanto, a
soma dos ângulos procurados é 1800 , independente de como é construída a estrela, desde que
mantida o mesmo formato.

𝐴̂ + 𝐵̂
𝐶̂

̂ + 𝐸̂
𝐷
𝐹 𝐺
Questão 3
___________________________________________________________________________

As retas que contêm os lados 𝐴𝐵 e 𝐸𝐹 de um polígono regular 𝐴𝐵𝐶𝐷𝐸𝐹𝐺 … formam um


ângulo, que contém os vértices 𝐶 e 𝐷 e é o dobro do Ângulo externo do polígono. Mostre que
polígono que atende as condições acima tem 54 diagonais.

Solução.

De acordo com as hipóteses do problema e conforme a figura abaixo, o ângulo ∠𝐵𝐸 ′ 𝐸 = 2𝛼,
onde os ângulos externos ∠𝐷 ′ 𝐸𝐸 ′ = ∠𝐶 ′ 𝐷𝐷 ′ = ∠𝐵𝐶𝐶 ′ = 𝛼, onde 𝐷 ′ e 𝐶 ′ são as interseções
do prolongamento de 𝐴𝐵 com os prolongamentos de 𝐸𝐷 𝑒 𝐷𝐶, respectivamente. Pelo teorema
do ângulo externo para os triângulos 𝐸𝐸 ′ 𝐷 ′ 𝑒 𝐷𝐷 ′ 𝐶 ′ , temos que ∠𝐵𝐷 ′ 𝐷 = 3𝛼 e ∠𝐵𝐶 ′ 𝐶 =
4𝛼. Isso levou ao triângulo 𝐵𝐶 ′ 𝐶 com os ângulos internos 𝛼, 𝛼 𝑒 4𝛼. Como a soma dos ângulos
internos de um triângulo é 1800 , então 𝛼 + 𝛼 + 4𝛼 = 1800 e isso implica que 𝛼 = 300 .
360
Como em qualquer polígono regular convexo o ângulo externo é dado por 𝛼 = , onde 𝑛 é o
𝑛
número de lado do polígono, então concluímos que o polígono procurado tem o número de lado
360
igual a 𝑛 = = 12.
30

𝐶′
𝐷′
𝐸′

𝑛(𝑛−3)
Como o número de diagonais de um polígono é dado pela expressão 𝑑 = e o número de
2
12(12−3) 12.9
lado encontrado foi 𝑛 = 12, então 𝑑 = = = 54, como queríamos demonstrar.
2 2
Questão 4
___________________________________________________________________________

Sejam 𝐴𝐵𝐶𝐷 um quadrado de diagonais 𝐴𝐶 e 𝐵𝐷 e 𝐸 um ponto sobre o lado 𝐶𝐷, tal que ̅̅̅̅
𝐴𝐸 =
̅̅̅̅ + 𝐸𝐶
𝐴𝐵 ̅̅̅̅ . Sendo 𝐹 o ponto médio do lado 𝐶𝐷, resolva os itens abaixo:

a) Se 𝐺 é o ponto médio de 𝐵𝐶 e 𝐻 o ponto de interseção das retas 𝐸𝐺 𝑒 𝐴𝐵, mostre que


̅̅̅̅
𝐸𝐶 = ̅̅̅̅
𝐵𝐻 .
b) Mostre que 𝐸𝐴̂𝐵 = 2. 𝐹𝐴̂𝐷.

Solução.

a) Observando a figura abaixo, temos que os triângulos 𝐸𝐶𝐺 e 𝐻𝐵𝐺 são congruentes pelo caso
𝐴𝐿𝐴, visto que ∠𝐸𝐺𝐵 = ∠𝐻𝐺𝐵 (opostos pelo vértice), ∠𝐸𝐵𝐺 = ∠𝐻𝐵𝐺 = 900 e 𝐶𝐺 ̅̅̅̅ = 𝐺𝐵
̅̅̅̅,
̅̅̅̅ = 𝐵𝐻.
haja vista 𝐺 ser ponto médio do segmento 𝐵𝐶. Logo, 𝐸𝐶 ̅̅̅̅̅

b) Como ̅̅̅̅ 𝐵𝐻 , consequentemente, ̅̅̅̅


𝐸𝐶 = ̅̅̅̅ 𝐴𝐻 = ̅̅̅̅
𝐴𝐸 , pois ̅̅̅̅
𝐴𝐸 = ̅̅̅̅
𝐴𝐵 + ̅̅̅̅
𝐸𝐶 . Portanto, o triângulo
𝐴𝐸𝐻 é isóscele de base 𝐸𝐻. Neste caso, a mediana, a altura e a bissetriz relativas ao vértice 𝐴,
oposto à base 𝐸𝐻, coincidem.

Além disso, os triângulos 𝐴𝐵𝐺 e 𝐴𝐷𝐹 também são congruentes pelo caso 𝐿𝐴𝐿, pois ̅̅̅̅
𝐴𝐷 = ̅̅̅̅
𝐴𝐵,
̅̅̅̅ ̅̅̅̅ ̂ ̂ 0
𝐷𝐹 = 𝐵𝐺 e 𝐷 = 𝐵 = 90 . Logo os ângulos correspondentes ∠𝐹𝐴𝐷 = ∠𝐵𝐴𝐺.

Como ∠𝐸𝐴𝐵 = ∠𝐸𝐴𝐺 + ∠𝐵𝐴𝐺 = 2∠𝐵𝐴𝐺, então concluimos que ∠𝐸𝐴𝐵 = 2∠𝐹𝐴𝐷.

𝐹 𝐸
𝐷 𝐶

𝐴 𝐵 𝐻
Questão 5
___________________________________________________________________________

De um triângulo 𝐴𝐵𝐶, conhecemos as posições dos vértices 𝐵 e 𝐶 e a medida 𝛼 do ângulo ∠𝐴.


Conhecendo a soma 𝑙 dos comprimentos dos lados 𝐴𝐵 𝑒 𝐴𝐶, construa com régua e compasso a
posição do vértice 𝐴.(Obs. Descrevas os procedimentos e faça o desenho).

Solução.

Dado o segmento 𝐵𝐶, construa o arco capaz do ângulo dado 𝛼 sobre esse segmento. (Basta
construir o ângulo complementar 90 − 𝛼 nos vértices B e C, no semiplano superior da reta 𝐵𝐶 ̅̅̅̅ .
O encontro das semirretas dos ângulos construídos é o centro 𝑂 do círculo que dará o arco capaz
do semiplano superior). Denomine este circulo por Γ1 .

Com centro em B e raio 𝑙 igual a soma dos comprimentos dos lados 𝐴𝐵 e 𝐴𝐶, construa o círculo
Γ2 .
𝛼
Agora construa o arco capaz sobre o segmento 𝐵𝐶 e ângulo igual a 2 . Isso pode ser construído
tomando a mediatriz do segmento 𝐵𝐶 e tomando o ponto 𝑂′ como a interseção da mediatriz
com o arco capaz de ângulo 𝛼 construído sobre o mesmo segmento 𝐵𝐶. Veja figura abaixo. O
semicírculo superior do círculo de raio ̅̅̅̅̅
𝑂′ 𝐵 = ̅̅̅̅̅
𝑂′ 𝐶 e centrado em 𝑂′ dará o arco capaz do
𝛼
ângulo 2 sobre o segmento 𝐴𝐵. Denomine Γ3 o círculo que determina tal arco capaz sobre 𝐵𝐶.

Considerando 𝐴′ o encontro do círculo Γ2 de raio 𝑙 com o círculo Γ3 que determina o arco capaz
𝛼
de ângulo 2 , temos que ̅̅̅̅̅
𝐴𝐴′ = ̅̅̅̅̅
𝐴𝐶. De fato, como o ângulo 𝐵𝐴̂𝐶, externo ao triângulo 𝐴𝐶𝐴′ ,
𝛼 𝛼 𝛼
mede 𝛼 e 𝐵𝐴̂′ 𝐶 mede 2 , então 𝐴𝐶̂ 𝐴′ também mede 𝛼 − 2 = 2 . Isso mostra que o triângulo 𝐴𝐶𝐴′
̅̅̅̅̅′ = 𝐴𝐶.
é isóscele e 𝐴𝐴 ̅̅̅̅̅

O Ponto procurado é exatamente o ponto de interseção do segmento 𝐵𝐴′ com o arco capaz de
ângulo 𝛼 sobre o segmento 𝐴𝐵, pois 𝑙 = ̅̅̅̅
𝐵𝐴 + ̅̅̅̅̅
𝐴𝐴′ = ̅̅̅̅
𝐵𝐴 + ̅̅̅̅
𝐴𝐶 , como desejado pelo problema.

Observação. O ponto 𝐴 também poderia ter sido obtido da interseção do segmento 𝐵𝐴′ com a
mediatriz do segmento 𝐶𝐴′ , pois 𝐴 seria equidistante de 𝐵 e 𝐴′ e, consequentemente, 𝑙 = ̅̅̅̅
𝐵𝐴 +
̅̅̅̅̅
′ ̅̅̅̅ ̅̅̅̅
𝐴𝐴 = 𝐵𝐴 + 𝐴𝐶 .

Γ3
Γ1

Γ2
Questão 6
___________________________________________________________________________

O quadrilátero ABCD está inscrito em uma circunferência. Seja M o ponto médio do arco CD
como mostra a figura. Os segmentos MA e MB cortam o lado CD em P e Q, respectivamente.

a) Mostre que o quadrilátero ABQP é inscritível.

b) Mostre que os ângulos DÂQ e 𝑃𝐵̂𝐶 são iguais.

Solução.

Veja a figura:

̂ , AB
a) Sejam 𝑎, 𝑏, 𝑐, 𝑑 e novamente 𝑑 os arcos DA ̂ , BC
̂ , CM
̂ e MD̂ como na figura acima.
Vamos calcular a soma de dois ângulos opostos do quadrilátero ABQP.
̂ 𝑐+𝑑
𝐵𝑀
𝑃𝐴̂𝐵 = 𝑀𝐴̂𝐵 = =
2 2
pela propriedade do ângulo inscrito, e
̂ + 𝐶𝑀
𝐷𝐵 ̂ 𝑎+𝑏+𝑑
𝐵𝑄̂ 𝑃 = 𝐵𝑄̂ 𝐷 = =
2 2
pela propriedade do ângulo ex-cêntrico interior ou pelo fato que o ângulo 𝐵𝑄̂ 𝑃 é ângulo externo
ao triângulo 𝐷𝑄𝑀(Usa-se novamente a propriedade do ângulo inscrito na determinação dos
dois ângulos).
Assim,
𝑐 + 𝑑 𝑎 + 𝑏 + 𝑑 𝑎 + 𝑏 + 𝑐 + 2𝑑 3600
𝑃𝐴̂𝐵 + 𝐵𝑄̂ 𝑃 = + = = = 1800 .
2 2 2 2
Logo, 𝐴𝐵𝑄𝑃 é inscritível.
𝑑
b) 𝐷𝐴̂𝑄 = 𝐷𝐴̂𝑃 + 𝑃𝐴̂𝑄 = 𝐷𝐴̂𝑀 + 𝑃𝐴̂𝑄 = + 𝑃𝐴̂𝑄
2
e
𝑑
𝑃𝐵̂𝐶 = 𝑃𝐵̂𝑄 + 𝑄𝐵̂𝐶 = 𝑃𝐵̂𝑄 + 𝑀𝐵̂𝐶 = 𝑃𝐵̂𝑄 +
2
Como 𝐴𝐵𝑄𝑃 é inscritível, então 𝑃𝐴̂𝑄 = 𝑃𝐵̂𝑄. Logo D𝐴̂𝑄 = 𝑃𝐵̂𝐶.
Dado um número a > o, quanto medem os lados do retângulo de perímetro mínimo
cuja área é a

SELEÇÃO DE QUESTÕES ENQ PARA SEGUNDA AVALIAÇÃO DE GEOMETRIA


1 – 2012.1 QUESTÃO 2

2 – 2012.1 QUESTÃO 4
ABCD é um quadrado, M é o ponto médio do lado BC e N é o ponto médio do lado CD.
Os segmentos AM e BN cortam-se em P.
No octaedro regular duas faces opostas são paralelas. Em um octaedro regular de aresta a,
calcule a distância entre duas faces opostas

3 – 2012.3 QUESTÃO 1

4 – 2012.3 QUESTÃO 2

A figura abaixo mostra um folha de papel retungular ABCD com AB = 25cm e BC = 20cm
Foi feita uma dobra no segmento AE de forma que o vértice B coincidiu com o ponto P do
lado CD do retângulo.
5 – 2013.1 QUESTÃO 2
O poliedro representado na figura abaixo é tal que:
(i) há exatamente um plano de simetria;
(ii) em cada vértice, os planos das faces que se tocam não perpendiculares dois a dois, sendo
possível decompor o sólido em três parapalelepípedos.
6 – 2013.2 QUESTÃO 3

Um cone de revolução tem altura x e está circunscrito a uma esfera de raio 1. Calcule o
volume desse cone em função de x.
7 – 2013.2 QUESTÃO 4

Na figura, temos um triângulo equilátero ABC e um segundo triângulo PQR cujos lados
RP, PQ, QR são, respectivamente, perpendiculares aos lados AB, BC, AC do triângulo
ABC.
8 – 2014.1 QUESTÃO 2
Dado um polígono regular convexo de n lados inscrito em um círculo de raio R, seja In
o comprimento dos lados e seja an a distância do centro do círculo aos lados do polígono
(an é o apótema do polígono)
9 – 2014.1 QUESTÃO 6
Considere o prisma ABCDEF de bases triangulares da figura.
(a) Mostre que os tetraedros ABCE e CDEF têm o mesmo volume.
(b) Mostre também que os tetraedros CDEF e ACDE tem o mesmo volume e conclua que
10 – 2014.2 QUESTÃO 7
Considere um cubo de aresta a. A partir de um vértice, e sobre as três arestas que nele
concorrem, são assinaldas os pontos que distam a/3 deste vértice. Os três pontos assim
obtidos, junto com o vértice do cubo, são vértices de um tetraedro. Repetindo o processo para cada vértice, e
retirando-se do cubo os oito tetraedos assim formados, obtém-se o
11 – 2015.1 QUESTÃO 5

Um cubo de 20cm de aresta, apoiado em um piso horizontal e com a parte superior


aberta, contém água até a altura de 15cm. Colocando uma pirâmide regular de base
quadrada sólida de altura 30cm com a base apoiada no fundo do cubo, o nível da
água atinge a altura máxima do cubo, sem derramar.
12 – 2015.2 QUESTÃO 6

No paralelepípedo reto retângulo da figura seguinte, calcule a distância do vértice C ao


segmento AM, sendo M o ponto médio de CE.
13 – 2016.1 QUESTÃO 7
Um cubo está pendurado por um de seus vértices, de forma que a corda que o sustenta
é colinear a uma das diagonais do cubo, como mostra a figura. Determine o cosseno do
ângulo entre a corda e uma das arestas do cubo que lhe são adjacentes, representado na
figura.
14 – 2016.2 QUESTÃO 2
O cone da figura seguinte tem 3cm de raio de 4 cm de altura, sendo d a distância do
vértice a um plano alfa, paralelo á base.
Determine d de modo que as duas partes do cone separadas pelo plano alfa tenham
volumes iguais.
15 – 2016.2 QUESTÃO 5

Sejam ABCD um quadrado de lado 1 (uma unidade), M o ponto médio de AB, N o

ponto médio de BC e I a interseção de DN e CM. Calcule a área do triângulo NIC.


16 – 2017.1 QUESTÃO 5
Um tetraedro ABCD possui com base o triângulo equilátero BCD, cujos lados têm
medida. Suas faces laterais são tais que AB = AC = AD = l, com BÂC = CÂD = BÂD = alfa.
(a) Expresse l em função de alfta
(b) Determine, em função de alfa, a medida da altura deste tetraedro traçada a partir de A.
17 – 2017.2 QUESTÃO 5
Um cubo de aresta de medida 3 é intersectado por um plano, determinando o triângulo
DPQ, como mostra a figura a seguir:
Sabe-se que AP = AQ = 2

(a) calcule a área do triângulo DPQ.


(b) Determine a distância do vértice A do cubo ao plano que contém o triângulo DPQ.
18 – 2018.2 QUESTÃO 7
Duas esferas de raios r e R, com r < R, são tangentes interiores, isto é, possuem apenas
um ponto em comum e o centro da esfera de raio r está no interior da esfera de raio R.
(a) Prove que o ponto de interseção das duas esferas é colinear aos centros destas esferas.
(b) Sabe-se que o centro da esfera menor é o ponto médio de uma das arestas de um
tetraedro regular inscrito na esfera maior. Calcule r em função de R.
19 – 2019.1 QUESTÃO 7
Um recipiente cilíndrico de base circular está parcialmente cheio de água. Quando "deitado"

isto é, apoiado sobre uma de suas geratrizes, o nível da água atinge um quarto do diâmetro
d da base do cilindro, conforme figura. Quando o cilindro é "levantado", isto é, apoiado, sobre
uma de suas bases, o nível da água atinge que fração da altura h do cilindro?
20 – 2019.2 QUESTÃO 6
O copo em forma de tronco de cone circular reto representado da figura está apoiado em
uma superfície perfeitamente horizontal e tem as seguintes medidas: raio da base superior
igual a 5cm, raio da base inferior a 3cm e altura igual a 12cm. Se esse copo está preenchido
com água até a altura de 9cm, pergunta-se: é possível transferir toda a água contida em um
outro copo de 200ml, completamente cheio, para o copo que aparece na figura sem que este
transborde.
21 – 2020.1 QUESTÃO 6
Um poliedro é dito inscritível se existir uma esfera que passa por todos os seus vértices.
Mostre que um prisma reto cuja base é um poligono regular é um poliedro inscritível.
22 – 2020.2 QUESTÃO 5
No cilindro circular reto da figura, o raio da base mede 3cm e a altura mede 9cm. Sabe-se
ainda que o segmento AB é perpendicular ás bases e que o comprimento do menor arco
AC é, em centímetros, 2pi.
23 – 2021.1 QUESTÃO 2

O cubo ABCDEFGH da figura tem aresta igual a a. Os pontos M, N e P são os centros


das faces AFED, DEHC e CBGH, respectivamente.
(a) Determine o ângulo entre as faces MPA e MPN do tetraedro AMPN.
(b) Determine o volume do tetraedro AMPN.
24 – 2021.2 QUESTÃO 5
Na figura abaixo, a partir de um quadrado de lado l forma-se uma sequência de quadrados
e círculos em que cada quadrado é formado unindo os pontos médios do quadrado
imediatamente anterior e todos os círculos estão inscritos em algum quadrado. Sejam ln o

lado n-ésimo quadrado e rn o raio do n-ésimo círculo.


(a) Determine a relação entre ln e rn
(b) Encontre a soma P dos perímetro dos infinitos quadrados em função de l.
(c) Obtenha a soma A das áreas dos infinitos círculos em função de l.

25 – 2021.2 QUESTÃO 6
Dois triângulos ABC e BCD são isósceles, retângulos em B e contidos em planos

perpendiculares, conforme figura. Determine o volume do sólido ABCD em função

da medida a do segmento AB.


BONS ESTUDOS!
MESTRADO PROFISSIONAL EM MATEMÁTICA EM REDE NACIONAL

ENQ – 2021.2 – Gabarito

Questão 01 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,75 ]

(a) Prove que 10n − 1 é divisı́vel por 9, para todo n > 1.


(b) Use o item (a) para provar o seguinte critério de divisibilidade por 9: “Um número natural é divisı́vel por 9 se,
e somente se, a soma dos seus algarismos for divisı́vel por 9”.

Observação: Lembre-se que todo número natural a pode ser representado no sistema decimal por
a = am · 10m + · · · + a2 · 102 + a1 · 10 + a0 , em que m ∈ N e am 6= 0.

Solução

(a) O resultado vale será provado por indução em n. Para n = 1, pois 101 − 1 = 9 é divisı́vel por 9.
Suponha que o resultado vale para k > 1, ou seja, que existe ` inteiro tal que 10k − 1 = 9`. Assim, 10k = 9` + 1.
Para k + 1 temos que 10k+1 − 1 = 10 · 10k − 1 = 10 · (9` + 1) − 1 = 9 · (10` + 1) e, assim, segue o resultado pelo princı́pio
de indução matemática.

(b) Sejam a = am · 10m + · · · + a1 · 10 + a0 e S = am + · · · + a1 + a0 a soma dos algarismos de a.


Note que a−S = a−(am +· · ·+a1 +a0 ) = am ·10m +· · ·+a1 ·10+a0 −(am +· · ·+a1 +a0 ) = am ·(10m −1)+· · ·+a1 ·(101 −1).

Pelo item (a), sabemos que que 10k − 1 é múltiplo de 9, para todo k > 1. Daı́, concluı́mos que a − S = 9q. Desta
igualdade segue o critério de divisibilidade por 9:

Se a = 9r, então S = 9r − 9q = 9(r − q). Reciprocamente, se S = 9p, então a = 9p + 9q = 9(p + q).


Pauta de Correção:
(a) • Fazer o caso n = 1 e/ou escrever/citar a hipótese de indução. [0,25]
• Fazer o passo indutivo e concluir o resultado. [0,25]
(b) • Desenvolver a diferença a − S. [0,25]
• Usar o item (a) para concluir que a − S é múltiplo de 9. [0,25]
• Mostrar que o fato anterior implica o critério pedido. [0,25]
Solução Alternativa
(a) Sabemos que 10 ≡ 1 mod 9. Logo, para qualquer n > 1, temos 10n ≡ 1 mod 9, ou seja, 10n − 1 é divisı́vel por 9.
(b) Seja a = am · 10m + · · · + a1 · 10 + a0 . Para cada k = 0, ..., m temos

10k ≡ 1 mod 9 ⇐⇒ ak · 10k ≡ ak mod 9

Somando as congruências acima para todo k = 0, ..., m:

am · 10m + · · · + a1 · 10 + a0 ≡ am + · · · + a1 + a0 mod 9

Ou seja,
a ≡ am + · · · + a1 + a0 mod 9
o que é equivalente a dizer que a e am + · · · + a0 deixam o mesmo resto na divisão por 9. Daı́, um deles é múltiplo de 9
(congruente a 0 mod 9) se, e somente se, ou outro for.
Pauta de Correção:
(a) Usar que 10 ≡ 1 mod 9 para concluir o item. [0,5]
(b) • Usar o item (a) e deduzir que ak · 10k ≡ ak mod 9. [0,25]
• Concluir que a e am + · · · + a1 + a0 são congruentes módulo 9. [0,25]
• Mostrar que o fato anterior é equivalente ao critério enunciado. [0,25]
Questão 02 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

Seja f : (0, +∞) → R uma função tal que f (xy) = f (x) + f (y) para todos x, y ∈ (0, +∞).

(a) Mostre que f (1) = 0.


(b) Mostre, por indução, que para todo a > 0 e todo n > 1 natural, tem-se f (an ) = nf (a).
(c) Mostre que para todo a > 0 e todo n ∈ N, tem-se f (a−n ) = −nf (a).

Solução

(a)
f (1) = f (1 · 1) = f (1) + f (1) ⇐⇒ f (1) = 0.
(b) Para n = 1, temos pela hipótese do enunciado, f (a1 ) = f (a) = 1 · f (a).
Suponha, agora, válido para n = k, isto é, f (ak ) = kf (a) e vamos calcular para n = k + 1:

f (ak+1 ) = f (ak · a) = f (ak ) + f (a) = kf (a) + f (a) = (k + 1)f (a).

A segunda igualdade vale pela hipótese do problema e a penúltima pela hipótese de indução.
(c)
0 = f (1) = f (a0 ) = f (an−n ) = f (an · a−n ) = f (an ) + f (a−n ) = nf (a) + f (a−n )
⇐⇒ f (a−n ) = −nf (a).

Pauta de Correção:
(a) Provar que f (1) = 0. [0,25]
(b) • Provar a base da indução. [0,25]
• Provar o passo indutivo. [0,25]
(c) Realizar a prova solicitada. [0,5]
Questão 03 [ 1,25 ]

Considere um triângulo ABC de lados a, b e c, conforme a figura, e seja r o raio do cı́rculo circunscrito a este triângulo.
Prove a lei dos senos:
a b c
= = = 2r
sen  sen B̂ sen Ĉ

Solução
Considere o triângulo BCD, construı́do de tal modo que BD seja um diâmetro, conforme a figura. Evidentemente os ângulos
 e D̂ são congruentes, já que ambos estão inscritos na circunferência e determinam o mesmo arco. Como o triângulo BCD é
reto em C, já que está inscrito em uma semicircunferência, então
a
sen  = sen D̂ = .
2r

Procedendo do mesmo modo com relação aos ângulos B̂ e Ĉ concluı́mos que


b c
sen B̂ = e sen Ĉ = .
2r 2r
Isolando 2r nas três equações obtidas anteriormente chegamos a

a b c
= = = 2r,
sen  sen B̂ sen Ĉ
provando assim a lei dos senos, como era nossa intenção.

Pauta de Correção:
• Construir o triângulo inscrito na semicircunferência. [0, 25]
• Argumentar que ângulos inscritos que determinam o mesmo arco são congruentes. [0, 25]
• Argumentar que todo triângulo inscrito em uma semicircunferência é retângulo. [0, 25]
a
• Encontrar a relação sen  = ou uma de suas equivalentes para B̂ ou Ĉ. [0, 25]
2r
• Argumentar que o procedimento para os outros dois ângulos é análogo e finalizar a prova. [0, 25]
Questão 04 [ 1,25 ]

Sabendo que cos(3x) = 4 cos3 x − 3 cos x e que 54◦ + 36◦ = 90◦ , calcule sen (18◦ ).

Solução
Tomando x = 18◦ e usando o fato de que cos (54◦ ) = sen (36◦ ),

cos (54◦ ) = 4 cos3 (18◦ ) − 3 cos (18◦ ),

sen (36◦ ) = 4 cos3 (18◦ ) − 3 cos (18◦ ).


como
sen (36◦ ) = 2sen (18◦ ) cos (18◦ ),
teremos

2 sen (18◦ ) = 4 cos2 (18◦ ) − 3.


Seja y = sen (18◦ ), temos então que,

4y 2 + 2y − 1 = 0,
donde √
5−1
y= ,
4

5−1
ou seja sen (18◦ ) = .
4

Pauta de Correção:
• Escrever que cos (54◦ ) = sen (36◦ ). [0,25]
• Concluir que sen (36◦ ) = 4 cos3 (18◦ ) − 3 cos (18◦ ). [0,25]
• Escrever que sen (36◦ ) = 2sen (18◦ ) cos (18◦ ). [0,25]
• Concluir que 2 sen (18◦ ) = 4 cos2 (18◦ ) − 3, ou equivalente. [0,25]

5−1
• Concluir que sen (18◦ ) = . [0,25]
4
Questão 05 [ 1,25 ::: (a)=0,25; (b)=0,50; (c)=0,50 ]

Na figura abaixo, a partir de um quadrado de lado ` forma-se uma sequência de quadrados e cı́rculos em que cada
quadrado é formado unindo os pontos médios do quadrado imediatamente anterior e todos os cı́rculos estão inscritos
em algum quadrado. Sejam `n o lado do n-ésimo quadrado e rn o raio do n-ésimo cı́rculo.

(a) Determine a relação entre `n e rn .


(b) Encontre a soma P dos perı́metros dos infinitos quadrados em função de `.

(c) Obtenha a soma A das áreas dos infinitos cı́rculos em função de `.

Solução

(a) Como o n-ésimo cı́rculo está inscrito no n-ésimo quadrado, seu diâmetro é igual ao lado desse quadrado, ou seja `n = 2rn .
`n
(b) Notando que o lado do quadrado Qn+1 corresponde à diagonal de um quadrado cujo lado mede concluı́mos que
√ 2
`n 2
`n+1 = , ou seja, uma vez que o perı́metro de cada quadrado é o quádruplo de seu lado, os perı́metros da sequência
2 √
2
Qn de quadrados formam uma PG de razão cujo primeiro termo igual a 4`. Logo, a soma P procurada é dada pela
2
4` √
soma dos termos desta PG infinita, isto é, P = √ = 4`(2 + 2).
2
1−
2
√ √
`n 2 rn 2
(c) Uma vez que, pelo item (b), `n+1 = , concluı́mos, pelo item (a), que rn+1 = . Como a razão entre as áreas
2 2
de dois cı́rculos é dada pelo quadrado da razão entre seus raios, concluı́mos que as áreas da sequência de cı́rculos Cn é
πl2 1
também uma PG cujo primeiro termo vale πr12 = e cuja razão é igual a . Dessa forma, podemos novamente utilizar
4 2
πl2
a fórmula da soma da PG infinita para concluir que a soma procurada é dada por A = .
2

Pauta de Correção:
(a) Apresentar a relação correta. [0,25]
(b) • Observar que a sequência dos perı́metros formava uma PG infinita, identificando a razão e o primeiro termo. [0,25]
• Calcular corretamente a soma da PG infinita. [0,25]
(c) • Observar que a sequência das áreas formava uma PG infinita, identificando a razão e o primeiro termo. [0,25]
• Calcular corretamente a soma da PG infinita. [0,25]
Questão 06 [ 1,25 ]

Dois triângulos ABC e BCD são isósceles, retângulos em B e contidos em planos perpendiculares, conforme figura.
Determine o volume do sólido ABCD em função da medida a do segmento AB.

Solução
O sólido ABCD é uma pirâmide, conforme figura abaixo.

As retas BA e BD são perpendiculares à reta BC de interseção entre os planos, assim, o ângulo AB̂D entre essas retas
define o ângulo entre os planos. Como é dito que os planos são perpendiculares, temos então que AB̂D = 90◦ . Com isso, BD
é perpendicular ao plano da base ABC.

Tomando ABC como base da pirâmide, a altura da pirâmide relativa à base ABC será o segmento BD.

Observe que o triângulo ABC é retângulo isósceles, logo BC = AB = a e a área do triângulo ABC é dada por

a·a a2
S= = .
2 2
Como BD é congruente a AB, temos também BD = a, logo a altura da pirâmide relativa à face ABC é a. Assim, o volume
da pirâmide ABCD é dado por
1 1 a2 a3
V = S·h= · ·a= .
3 3 2 6

Pauta de Correção:
• Considerar (escrever ou esboçar) a base ABC e a altura BD (ou outra configuração equivalente) [0,25]
• Justificar o fato de BD ser altura relativa à base ABC [0,25]
• Calcular a área da base [0,5]
• Obter o volume final correto [0,25]
Questão 07 [ 1,25 ::: (a)=0,50; (b)=0,50; (c)=0,25 ]

Um dado não viciado é lançado duas vezes. Neste contexto, em cada item abaixo, calcule a probabilidade de:
(a) a soma dos números obtidos ser um número ı́mpar.
(b) obter dois números menores do que 3.
(c) obter dois números pares.

Solução
O espaço amostral é formado por todos os pares de resultados possı́veis. Como em cada lançamento há 6 possibilidades, o
número de casos possı́veis é 6 · 6 = 36, todos com a mesma possibilidade de ocorrência.
(a) No primeiro lançamento temos 6 possibilidades. Para cada escolha, como a paridade no segundo lançamento tem que
18 1
ser diferente, temos 3 possibilidades, logo 18 casos favoráveis. Portanto, a probabilidade, neste caso, é igual a = .
36 2
(b) No primeiro lançamento temos 2 possibilidades e no segundo também 2 possibilidades, logo 4 casos favoráveis. Portanto,
4 1
a probabilidade, neste caso, é igual a = .
36 9
(c) No primeiro lançamento temos 3 possibilidades e no segundo também 3 possibilidades, logo 9 casos favoráveis. Portanto,
9 1 25
a probabilidade, neste caso, é igual a = = .
36 4 100

Pauta de Correção:
• Responder o item (a). [0,5]
• Responder o item (b). [0,5]
• Responder o item (c). [0,25]

Questão 08 [ 1,25 ]

Determine o resto da divisão por 19 do número

S = 118 + 218 + 318 + · · · + 9518 .

Solução

Pelo Pequeno Teorema de Fermat tem-se, para todo inteiro a tal que (a, 19) = 1, que
a18 ≡ 1 mod 19
Por outro lado, se (a, 19) 6= 1 então 19|a e neste caso
a18 ≡ 0 mod 19
Como temos cinco múltiplos de 19 entre 1 e 95: 1 · 19, 2 · 19, 3 · 19, 4 · 19 e 5 · 19 = 95, concluimos que

S ≡ 1 + 1 + · · · + 1 = 90 mod 19
Portanto,
S ≡ 14 mod 19
e o resto é igual a 14.

Pauta de Correção:
• Usar o Pequeno Teorema de Fermat, no caso (a, 19) = 1. [0, 25]
• Observar o caso em que 19|a. [0, 25]
• Determinar a quantidade de múltiplos de 19.[0, 25]
• Concluir que S ≡ 90 mod 19. [0, 25]
• Determinar o resto. [0, 25]
QUESTÕES ENQ DE ARITMÉTICA PARA SEGUNDA AVALIAÇÃO
1 – 2019.2 – QUESTÃO 1 (NÚMEROS PRIMOS)

Sejam p, q, r e n primos positivos tais que n = p² + q² + r². Mostre que um dos primos p, q, r é igual a 3

Prove que, se p é primo e p = 3, então p² deixa resto 1 na divisão por 3.

2 – 2019.2 – QUESTÃO 8 (NÚMEROS PRIMOS)

p
Determine os números primos tais que p divide 3 + 382.

Mostre que se a, b e c são inteiros tais que a|(b + c) e a|b, então a|c.
3 – 2021.1 – QUESTÃO 1 (NÚMEROS PRIMOS)

Determine um número natural n tal que n/2 é um quadrado, n/3 é um cubo e n/5 é uma quinta potência.

4 – 2013.1 – QUESTÃO 7 (NÚMEROS ESPECIAIS)


Seja n IN = {1, 2, 3, . . . } e considere os conjuntos: A = {d N; d|n} e B = {n/c; c A}.
Denotemos por S(n) a soma dos divisores naturais de n e por S*(n) a soma dos seus inversos.
a) Mostre que A = B e com isto conclua que S*(n) = S(n)/n.
7 5
Mostre que, para todo n N, é inteiro o número 1/7n + 1/5n + 23/35n.

5 – 2012.3 – QUESTÃO 7 (CONGRUÊNCIA)

6 – 2015.1 – QUESTÃO 6 (CONGRUÊNCIA)

Sejam a, b e c inteiros tais que a³ + b³ + c³ é divisível por 9. Mostre que pelo menos um dos inteiros

a, b, ou c é divisível por 3.
7 – 2015.2 – QUESTÃO 3 (CONGRUÊNCIA)

237
(a) Calcule o resto da divisão de 28 por 13.
1000
7
(b) Determine o algarismo das unidades do número 7

7
8 – 2016.1 – QUESTÃO 5 (CONGRUÊNCIA)

(p + 1)
Se p é um número natural primo, mostre que 2 = 256 mod p.
p p p+1
Pelo PTFermat temos: 4 = 2.2 = 2 = 4 mod p

9 – 2017.2 – QUESTÃO 6 (CONGRUÊNCIA)

Sejam a, b números inteiros e p um número primo. Prove que:

(a) se p| a - b , então p| a - b.

(b) se p| a - b , então p²| a - b .

10 – 2019.1 – QUESTÃO 2 (CONGRUÊNCIA)


(a) Prove, usando indução, que 11 + 12 é divisível por 133, para qualquer número natural n.

(b) Prove, usando congruências, que 11 + 12 é divisível por 133, para qualquer número natural n.

H.I.

11 – 2020.1 – QUESTÃO 5 (CONGRUÊNCIA)

(a) Quais são os possíveis restos da divisão do quadrado de um número inteiro por 5?

(b) Uma tripla pitagórica é uma tripla de inteiors positivos a, b e c tais que a² + b² = c². Use o item (a)
para mostrar que em toda tripla pitagórica sempre há um múltiplo de 5.
12 – 2020.2 – QUESTÃO 7 (CONGRUÊNCIA)

(a) Mostre que se 7| a² + b², onde a e b são números inteiros, então 7|a e 7|b.

(b) Resolva a equação diofantina X² + Y² = 637.


13 – 2020.2 – QUESTÃO 8 (CONGRUÊNCIA)

Seja m um número natural. Dois números inteiros a e b são ditos congruentes módulo m se os restos da
divisão euclidiana de a e b por m são iguais. Quando os inteiros a e b são congruentes módulo m, escreve-se
a = m mod m
Suponha que a, b, m Z, com m > 1. Prove que a = b mod m se, e somente se, m | b - a.

14 – 2014.1 – QUESTÃO 7 (TEOREMA DE EULER E WILSON)


Mostre que a = a mod 21, para todo inteiro a.

15 – 2012.1 – QUESTÃO 6 (CONGRUÊN. LINEARES E CLASSES RESIDUAIS)

(a) Escreva e justifique métodos práticos para obter os restos da divisão por 9, 10 e 11, respectivamente,
de um número natural escrito no sistema decimal.

(b) Ache as soluções mínimas de cada uma das seguintes congruências:


i. 110y = 1 mod 9
ii. 99y = 1 mod 10
iii. 90y = 1 mod 11

(c) Um mágico pede a sua audiência para escolher um número natural M de pelo menos dois algarismos
e menor do que 1000, e de lhe revelar apenas os restos r9 , r10 e r 11 da divisão de M por 9, 10 e 11,
respectivamente (tarefa fácil, pelo item (a)). Sem nenhuma outra informação ele consegue descobrir M.
Explique como ele consegue fazer isto.
16 – 2012.2 – QUESTÃO 8 (CONGRUÊN. LINEARES E CLASSES RESIDUAIS)

Considere o sistema de congruências:


x = c1 mod n1
x = c2 mod n2
Denotamos como de costume o mdc e o mmc de n1 e n2 por (n1, n2) e [n1, n2], respectivamente.
(a) Mostre que a e a' são soluções do sistema se, e somente se, a = a' mod [n1, n2]. O enunciado, da forma
como está, é incorreto. O certo seria: Mostre que, se a é solução, então a' é solução, então a' é solução se,
somente se, a = a' mod [n1, n2].

(b) Mostre que o sistema admite solução se, e somente se, c2 = c1 mod (n1, n2).

(c) Dadas as progressões aritméticas (an) de primeiro termo 5 e razão 14 e (bn) de primeiro termo 12 e razão
21, mostre que elas possuem termos comuns (isto é, existem r e s tais que ar = bs). Mostre que esses termos
comuns formam uma PA e determine seu primeiro termo e sua razão.

17 – 2015.1 – QUESTÃO 8 (CONGRUÊN. LINEARES E CLASSES RESIDUAIS)


Considere o seguinte sistema de congruências

X = 1 mod 9
X = 5 mod 7
X = 3 mod 5

(a) Encontre o menor número natural que satisfaz o sistema.

(b) Alguma solução do sistema é solução da congruência X = 926 mod 3?


18 – 2017.1 – QUESTÃO 8 (CONGRUÊN. LINEARES E CLASSES RESIDUAIS)

(a) Sejam a, b, m números inteiros, com m > 1 e tais que (a, m) = 1. Prove que a congruência ax = 1 mod m
possui solução. Além disso, mostre que se x1, x2 Z são soluções da congruência, então x1 = x2 mod m.

(b) Resolva a congruência 13x = 1 mod 2436.

19 – 2018.1 – QUESTÃO 2 (CONGRUÊN. LINEARES E CLASSES RESIDUAIS)

O objetivo deste problema é encontrar o número natural x, menor do que 1700 e que deixe restos 2, 2, 1 e 0
quando dividido por 5, 6, 7 e 11, respectivamente. Para tanto, faça os itens a seguir:

(a) Escreva um sistema de congruências que tenha x como uma solução

(b) Determine a solução geral do sistema do item (a)

(c) A partir da solução geral do sistema, calcule o valor de x.


20 – 2013.2 – QUESTÃO 7 (CONGRUÊNCIAS QUADRÁTICAS)

Determine todos os inteiros X que são soluções da congruência X49 + X14 + X12 - 2X = 0 (mod 7).

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