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Adoradores em Sublime Silêncio

Quarto Exercício
Adoração na Alma
Quando falamos da prática da Adoração eucarística, muitas pessoas já concluem
que só estar frente a um sacrário ou ostensório com o Santíssimo Sacramento presente
já é suficiente. Mas será mesmo unicamente essa a essência de um coração adorador?
No decorrer das semanas, os exercícios foram nos revelando que viver o mistério
eucarístico é algo muito mais aprofundado. Não basta somente a pratica piedosa na
presença do Senhor sacramentado se isso não envolve toda a vida, as qualidades e dons,
desafios e pecados.
Aquele que se predispõe na trilha de um caminho eucarístico fatalmente será
levado a adentrar a porta do autoconhecimento e descoberta de si, tanto em nível
superficial quanto profundo e ainda em um nível profundíssimo.
Nível Superficial
Quando falamos no primeiro nível de superficialidade, no entanto, não nos
referimos no sentido pejorativo de uma leviandade, mas na superfície do coração que
envolve variadas distrações muitas vezes incontroláveis que se traduzem nas tantas
preocupações com o futuro ou lembranças passadas que confundem nossa mente e nos
sabotam.
Não é verdade que ficamos inquietos e fugimos de práticas de adoração
exatamente por que ficamos ansiosos? Muitas vezes quando nos dispomos a manter
silencio adorante, nossa mente não se inflama de nervosismos que evidentemente ali
não se resolvem?
E tudo isso, deve ser devidamente integrado dentro de nós, haja vista que essas
desatenções parecem inofensivas, mas simplesmente podem fazer que o coração se
impaciente na presença de Jesus no sacramento, ou seja, te impeça de ser um adorador.
A ideia, contudo, não é te levar na vivencia de um quietismo na presença de
Deus. Seria uma forma errada de ver a adoração que não pode ser comparada a outras
práticas meditativas para se alcançar o equilíbrio mental, mas um caminho de união
entre o que tenho mais profundo dentro de mim com Aquele que é O mais profundo:
Deus.
Portanto, é importante dar atenção para a aparente superficialidade das
distrações!
Nível profundo
Agora, quando falamos de autoconhecimento em nível mais profundo estamos
nos referindo a aspectos do coração que não se pode ter fácil acesso, ou seja, às áreas
que são inconscientes, mas que mesmo assim não deixam de influenciar nosso
comportamento.
Adoradores em Sublime Silêncio

Pode ser que essa ideia seja nova para você, mas importa tomarmos consciência
que nem tudo que fazemos é absolutamente deliberado. Muitas de nossas atitudes,
pensamentos, sentimento e ações comportamentais são igualmente influenciadas por
uma parte em nós que não temos acesso imediato por estarem escondidas no
subconsciente.
Você consegue auto perceber comportamentos que surpreendem a você
mesmo? Você conhece a origem profunda de tudo que você faz?
Se formos honestos, admitiremos que, qual São Paulo em sua carta aos
Romanos, não fazemos o bem que queremos, mas o mal que não queremos esse
fazemos (Cf. Rm, 7;19).
E se alguém inicia um caminho de adoração essa clarividência de uma maior
lucidez, ou seja, de um maior autoconhecimento são inevitáveis.
Obviamente, esse movimento pode ter maiores ganhos se o indivíduo busca a
ajuda de um acompanhamento, que tem vários níveis, dependendo da necessidade de
cada um, desde uma possível terapia, uma direção espiritual com um sacerdote, até a
orientação de uma pessoa mais experimentada na vida.
Nível Profundíssimo
E se nos aprofundarmos mais, chegamos no selo indelével de filhos de Deus
que carregamos desde o nosso batismo. Estar diante do Amado de nossas almas em
adoração nos permite ter uma maior clareza dessa identidade de cristão. Assim vamos
assimilando que Ele habita em nós e em nosso coração. Sim, existe um Deus que mora
no seu ser. E você é chamado a adorá-lo.
E a matéria que devemos transcender para adorar Jesus presente em nossa
alma são as nossas lutas cotidianas, e as mais variadas dificuldades que enfrentamos
no dia-a-dia.
O motivo do silencio é bem esse: Ter maior perceptibilidade de nós mesmos,
ou seja, um autoconhecimento em nível superficial (conhecer nossas distrações,
ansiedades e impaciências), em nível profundo (as causas de nossas ansiedades e
nervosismos que está em nível inconsciente) e profundíssimo (a clareza da Graça de
sermos filhos de Deus pelo Batismo).
Para exercitarmos esse autoconhecimento em todos os seus níveis vamos
realizar a seguinte tarefa:
Tome seu caderno de anotações espirituais ou diário eucarístico, como preferir
chamar.

 Anote duas circunstâncias de sua vida atual:


Adoradores em Sublime Silêncio

1. Uma situação que aflige e perturba a sua alma, que te preocupa, inquieta e
que te faz sofrer ou ficar ansioso, que te traz medo e que muitas vezes não
é passível de solução. Seja pontual na definição.
2. Uma situação alcançada que te traz alegria e força. Uma conquista que faz
teu coração descansar e que te traz gratidão.

 Escreva em duas frases de no máximo três linhas cada situação.


 Pedir o Espírito Santo em oração para iluminar sua alma para poder
adorar Jesus dentro de você.
Aos poucos silenciando o coração busque a iluminação interior fazendo uma
leitura orante das circunstâncias anotadas no caderno.
Fique atento se sobrevier conflitos! Por que os conflitos nascem daquelas áreas
desconhecidas no inconsciente trazendo ansiedade por algo que de repente eu nem
saiba a origem.
Esse exercício não é momento de pedir para Deus resolver essa situação que te
angustia, mas a atividade está exatamente em adorar Jesus incondicionalmente, ou
seja, independentemente de qualquer situação, seja ela boa ou não tão boa assim, eu
sou chamado a adorar.
Como Ele não impõe condições para nos amar, também somos impelidos a
adorá-Lo sem imposição nenhuma.
As contingencias ao meu redor não precisam estar todas maravilhosamente
resolvidas para que eu esteja disposto a adorar. E essa é a verdadeira adoração em
espírito e verdade. Sou chamado a adorar nos lutos, nas doenças, nas crises, nas
perseguições, na dificuldade financeira e na não compreensão das pessoas,
especialmente daquelas que moram comigo.

ATENÇÃO: Adorar Jesus nessas circunstancias não significa em momento


nenhum não sentir a dor do sofrimento. Todo seu humano pode sentir o peso dos
desafios diários. O segredo está em mesmo sofrendo adorar a Deus.

A mesma atitude interior se encaixa para as situações favoráveis na vida, as


vitórias e conquistas, a plena saúde ou estabilidade financeira. Devemos adorar o
Senhor independente de todos os benefícios e até privilégios que das mãos de Deus
eu possa ter recebido.
Assim purifica-se as intenções do coração. Adoro Jesus por que Ele é Deus e
merece ser adorado não pelo que de bom ou ruim acontece na minha vida. Não busco
as consolações de Deus, mas o Deus das consolações.
Adoradores em Sublime Silêncio

Essa forma de adorar mais aprofundada livra o coração até mesmo de


sentimentos de autocomiseração, ou seja, aquele vitimísmo inconsciente onde a
pessoa se vê como o que mais sofre na vida e assim fica paralisada por que quer
somente a felicidade aqui nessa terra sem experimentar nenhuma espécie de dor ou
sofrimento (como se isso fosse possível).
Antes de finalizarmos esse exercício eucarístico, vamos entender uma coisa
importante na execução do mesmo: Não é necessário calar totalmente sua mente para
alcançar o silêncio adorante (o que é muito difícil e gastaria muita energia), mas é
preciso deixar os pensamentos mais sóbrios, ou seja, aprender a percebê-los e dominá-
los. Repetimos que Adoração não é quietismo.
Assim finalizamos a primeira fase preliminar dos nossos exercícios eucarísticos.

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