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HIV

É comum se deparar anualmente com estatísticas de contágio de HIV por faixa


etária e localização. A exígua promoção de políticas públicas de conscientização
sobre o tema, no entanto, acaba por viabilizar uma inércia em relação à
disseminação do vírus. O que também é preocupante é a forma como a sociedade
lida com esses números, sejam eles crescentes ou decrescentes. A forma como a
mídia aborda a temática e transmite informações sobre ela também acaba
dificultando seu enfrentamento. Faz-se necessário, portanto, uma articulação entre
mídia e estado para a promoção de conscientização eficiente sobre a pauta.
É indubitável que a marginalização das parcelas minoritárias da sociedade
permanece forte no mundo hodierno. Dentre as parcelas mais afetadas pelo
preconceito enraizado, está a afetada pelo vírus HIV - cercado por décadas de
desinformação e fraco empenho social de enfrentamento. Pouco divulgados, mas
extremamente necessários para a prevenção e tratamento do HIV, os CTAs -
Centros de Testagem e Aconselhamento são iniciativas do SUS para o
enfrentamento do HIV e de outras DSTs. Esses centros existem justamente para
desmitificar inúmeras falácias propagadas pelo senso comum em relação às DSTs,
disponibilizando a testagem, o tratamento e o aconselhamento gratuitos para quem
necessitar.
Um dos maiores inimigos do enfrentamento do vírus é a desinformação, como já
supracitado. A ideia de que a transmissão do vírus ocorre mais facilmente do que
realmente acontece é um dos maiores pilares do forte preconceito sofrido por
portadores do HIV. A desinformação começa já no período escolar, que tem,
recentemente, sofrido represálias dos setores mais conservadores da sociedade por
abordar temáticas cuja discussão é extremamente necessária para a prevenção do
vírus. E não só isso: Tão importante quanto a prevenção do vírus é a prevenção do
preconceito por desinformação, e isso também é algo que deveria ser abordado no
período escolar.
A mídia, por sua vez, tem contribuído à sua própria maneira para o enfrentamento
da desinformação. Dois grandes sucessos da teledramaturgia brasileira recente
abordaram a condição dos HIV soropositivos. Em 2015, Malhação apresentou um
personagem que tem de lidar com a contaminação pelo HIV. Apesar de uma
abordagem problemática e que foi alvo de críticas por diversos grupos, a novela teve
como objetivo mostrar que a vida como portador de HIV pode ser tão normal quanto
a de um soronegativo. No mesmo ano, a novela Totalmente Demais também
apresentou um portador de HIV em sua reta final. Na trama, o jovem Gabriel acaba
se afeiçoando por Carolina (Juliana Paes), que deseja fortemente ser mãe do rapaz.
Com a descoberta do diagnóstico de Gabriel, nada muda: o amor entre eles
continua, viabilizando a entrega de cenas emocionantes ao público, que teve contato
com um arco de grande sensibilidade.
Destarte, infere-se que o enfrentamento do preconceito em relação a portadores do
HIV não é apenas uma tarefa governamental, mas também midiática e de
responsabilidade social comum.

Moradores de rua

É indubitável a inércia que caracteriza a marginalização sofrida por parcelas sociais


minoritárias. Dentre elas, os moradores de rua são frequentemente ignorados por
políticas públicas, e acabam tendo amparo exíguo nesse aspecto. A questão
assume contornos ainda mais complexos quando se coloca em xeque todo o cenário
por trás da condição de vida assumida pelo morador de rua. Afinal, ele tem nome,
antecedentes e toda uma jornada anterior à condição marginalizada. Muitas vezes, a
marginalização acaba sendo, inclusive, um dos motivos que o levaram a assumir a
condição de morador de rua.
Dentre os principais fatores a serem considerados para analisar o quadro referente à
condição dos moradores de rua em Belo Horizonte, faz-se necessário buscar a raiz
da questão: o sistema. A perpetuação sistemática do capitalismo nos moldes
defendidos ferrenhamente pela política de mercado impõe um ciclo vicioso à cadeia.
As famílias sem condição financeira para se manter e sem moradia própria acabam
não tendo alternativa a não ser viver na rua. Muitas vezes, indivíduos marginalizados
dentro de seus próprios lares acabam não tendo escolha a não ser ir para a rua, pois
não são aceitos por suas respectivas famílias. Em todo caso, a inobservância
governamental faz-se presente e problemática.
Quando rejeitados dentro de seus próprios seios familiares, os indivíduos vão para
as ruas, onde são igualmente marginalizados. Em todo caso, é importante salientar
que grande parte dos moradores de rua acaba nessa condição devido aos
respectivos antecedentes. Dentre eles, o envolvimento com drogas acaba sendo um
fator de possível deságua na condição de desabrigados. Isso impõe outra reflexão
sobre o cenário dos moradores de rua, dessa vez referente à inobservância estatal
em relação ao tratamento da dependência química como caso de saúde pública.
Destarte, depreende-se que a questão envolvendo os moradores de rua em Belo
Horizonte não é de simples resolução, encontrando ramificações e desdobramentos
diversos. No entanto, é possível chegar a algumas conclusões sobre o cenário, e
identificar possíveis meios de enfrentamento das questões impostas pelo cruel
sistema que nos permeia.

O HIV e as Pessoas em Situação de Rua


A precariedade das condições em que vivem, a estigmatização cultural e a exclusão
socioeconômica de que são vítimas, torna a população em situação de rua,
vulnerável a riscos e doenças que comprometem gravemente sua saúde. Há grande
dificuldade por parte das políticas públicas em atingir esses sujeitos de forma a
compreender seus contextos sociais e familiares, para que assim se formem
intervenções na saúde de maneira eficaz. Isso torna o acesso à saúde mais difícil
pra essa população favorecendo assim, a contaminação dos mesmos com o agente
infeccioso de doenças como o HIV, que é uma doença relacionada às condições de
saneamento básico, higiene grau de educação sanitária.
Em consequência a isto, a população em situação de rua é apontada por
especialistas entre as mais vulneráveis à contração e mais sujeito à internação
hospitalar devido às complicações do HIV. Segundo A médica Maria Inês Nemes, da
Faculdade de Medicina da USP e coordenadora da pesquisa, feita pelo Programa
Estadual de DST-Aids, de São Paulo “A adesão ao tratamento correto era menor
nos grupos com menor escolaridade e sem renda alguma”. O uso de drogas e álcool
também é fator relevante para o aumento das complicações nessas pessoas.
Sem serem alcançados por programas e campanhas de conscientização eficazes e
que atendam suas necessidades de forma diferenciada contra a doença, uma das
consequências disso é, o risco de haver aumento de vírus resistente nessa
população, devido ao fato de muito dos integrantes dessa população carregarem
cepas de outras doenças como as do vírus tuberculose, que segundo o Ministério da
Saúde é encontrado 67 vezes mais em pessoas em situação de rua do que na
população em geral.

Ainda segundo Maria Inês Nemes "Mas o fator que mais alterava os níveis de
aderência era a qualidade dos serviços de saúde". Então, podemos afirmar que se
faz essencial e indispensável a sensibilização dos gestores das três esferas do
Sistema Único de Saúde, para que ações e serviços de Saúde sejam
implementados de forma adequada às necessidades e especificidades da população
em situação de rua, garantindo assim sejam atingidos de forma a diminuir a
incidência dos vírus do HIV nesses sujeitos.

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