Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
A descoberta de que há diversos tipos de infinito deve-se a Georg ros cardinais, consulte:
1. Os números naturais
Toda a teoria dos números naturais pode ser deduzida dos três axi-
omas abaixo, conhecidos como axiomas de Peano.
São dados, como objetos não-definidos, um conjunto, que se de-
signa pela letra N, cujos elementos são chamados números naturais, e
uma função s : N −→ N. Para cada n ∈ N, o número natural s(n) é
chamado o sucessor de n.
A função s satisfaz aos seguintes axiomas:
(I) s : N −→ N é injetiva, ou seja, se s(m) = s(n), então m = n.
(II) N − s(N) consiste de um único elemento, ou seja, existe um
único número natural que não é sucessor de outro número natural. Este
número, chamado um, é representado pelo sı́mbolo 1.
Assim, s(n) 6= 1 para todo n ∈ N e, se n 6= 1, existe um único m ∈ N
tal que s(m) = n.
Uma demonstração na qual o axi-
(III) (Princı́pio de Indução) Se X ⊂ N é tal que 1 ∈ X e, para todo oma (III) é empregado, chama-se
uma demonstração por indução.
n ∈ X tem-se s(n) ∈ X, então X = N. Ver exemplo 1.1.
Prova.
(a) Sejam m, n ∈ N números naturais arbitrários e seja
X = {p ∈ N | m + (n + p) = (m + n) + p} .
Então 1 ∈ X e se p ∈ X, tem-se que
m + (n + s(p)) = m + s(n + p) = s(m + (n + p)) = s((m + n) + p)
= (m + n) + s(p) .
4 J. Delgado - K. Frensel
Os números naturais
Prova.
(a) Se m < n e n < p, existem q1 ∈ N e q2 ∈ N tais que n = m + q1
e p = n + q2 .
Logo,
p = n + q2 = (m + q1 ) + q2 = m + (q1 + q2 ).
Então, m < p.
(b) Sejam m, n ∈ N. Então, ocorre exatamente uma das seguintes alter-
nativas:
6 J. Delgado - K. Frensel
Os números naturais
• ou m = n;
• ou existe p ∈ N tal que m = n + p, ou seja n < m;
• ou existe q ∈ N tal que n = m + q, ou seja m < n.
(c) Sejam m, n, p ∈ N. Se m < n, existe q ∈ N tal que n = m + q.
Logo,
n + p = (m + q) + p = m + (q + p) = m + (p + q) = (m + p) + q ,
ou seja, m + p < n + p.
Definição 1.3 Para cada m ∈ N, seja fm a função definida por A operação de multiplicação é
a função que a cada par de
fm : N −→ N números naturais associa o seu
p 7−→ fm (p) = p + m . produto:
·:N×N −→ N
O produto de dois números naturais é definido por: (m, n) 7−→ m·n
Multiplicar dois números naturais
• m · 1 = m, significa calcular o produto entre
eles.
• m · (n + 1) = (fm )n (m) . O produto de m e n é designado
por m · n ou por m n.
Assim, multiplicar um número m por 1 não o altera, e multiplicar m
por um número maior que 1, ou seja, por um número da forma n + 1, é
iterar n−vezes a operação de somar m, começando com m.
Por exemplo:
m · 2 = fm (m) = m + m;
Prova.
(a) Sejam m, n ∈ N e seja X = {p ∈ N | m · (n + p) = m · n + m · p} .
Já vimos que 1 ∈ X. Suponhamos que p ∈ X. Então,
m · (n + (p + 1) = m · ((n + p) + 1) = m · (n + p) + m · 1
= (m · n + m · p) + m = m · n + (m · p + m)
= m · n + m · (p + 1) , ou seja, p + 1 ∈ X.
ou seja, p + 1 ∈ X .
Logo, X = N, isto é, m·(n·p) = (m·n)·p quaisquer que sejam m, n, p ∈ N.
8 J. Delgado - K. Frensel
Os números naturais
Prova.
Seja X = {n ∈ N | {1, . . . , n} ⊂ N − A} .
Se 1 ∈ A, então 1 é o menor elemento de A. Se 1 6∈ A, então 1 ∈ X.
Como A 6= ∅ e X ⊂ N − A, temos que X 6= N.
Logo, pelo princı́pio de indução, existe n0 ∈ X tal que n0 + 1 6∈ X, ou seja,
1, . . . , n0 6∈ A e n0 + 1 ∈ A.
Assim, n0 + 1 ≤ n, para todo n ∈ A.
Outra demonstração.
Suponha, por absurdo, que A não tem um menor elemento. Seja
X = {p ∈ N | p ≤ n , ∀ n ∈ A} .
Então:
(1) 1 ∈ X, pois 1 ≤ n ∀ n ∈ N.
(2) Seja p ∈ X, ou seja, p ∈ N e p ≤ n ∀ n ∈ A.
Como A não tem um menor elemento, temos que p 6∈ A. Logo, p < n para
todo n ∈ A, ou seja, para todo n ∈ A existe qn ∈ N tal que n = p + qn .
Então, p < p + qn =⇒ p + 1 ≤ p + qn = n , ∀ n ∈ A =⇒ p + 1 ∈ X.
Pelo princı́pio de indução, temos que X = N, o que é um absurdo, pois,
como A 6= ∅, existe n0 ∈ A. Sendo X = N, n0 + 1 ∈ X e, portanto,
n0 + 1 ≤ n0 .
10 J. Delgado - K. Frensel
Os números naturais
Prova.
É obvio que 1 ∈ X, pois, caso contrário, existiria algum número natural
n 6∈ X tal que n < 1.
Suponha que n ∈ X. Vamos provar que n + 1 ∈ X.
De fato, se n + 1 6∈ X, existe p0 < n + 1 tal que p0 6∈ X.
Seja A = {q ∈ N | q < n + 1 e q 6∈ X}.
Então, como A 6= ∅, A possui um menor elemento q0 ∈ A, ou seja,
q0 < n + 1 e q0 6∈ X.
Se p < q0 , temos que p ∈ X, já que p < q0 < n + 1 e q0 é o menor
elemento não pertencente a X com esta propriedade.
Logo, como p < q0 implica que p ∈ X, temos, pela hipótese, que q0 ∈ X,
o que é uma contradição.
Assim, se n ∈ X, temos que n + 1 ∈ X.
Então, pelo Primeiro Princı́pio de Indução, X = N.
Outra demonstração.
Seja A = N − X. Se X 6= N, então A 6= ∅.
Pelo Princı́pio da Boa Ordenação, existe p ∈ A tal que p ≤ n para todo
n ∈ A.
Assim, se q < p, temos que q 6∈ A, ou seja q ∈ X. Pela hipótese, p ∈ X, o
que é uma contradição. Logo, X = N.
12 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos finitos e infinitos
Observação 2.2
• Cada conjunto In é finito e possui n elementos.
• Se f : X −→ Y é uma bijeção, então X é finito se, e só se, Y é finito.
Prova.
Provaremos o resultado por indução em n.
Se n = 1, I1 = {1} e A ⊂ {1}.
Logo A = {1} = I1 .
Suponhamos que o teorema seja válido para n e consideremos uma bijeção
f : In+1 −→ A.
A restrição de f a In fornece uma bijeção f 0 : In −→ A − {f(n + 1)}. Se
A−{f(n+1)} ⊂ In , temos, pela hipótese de indução, que A−{f(n+1)} = In .
Prova.
Se n ≤ m, temos que In ⊂ Im .
Logo, m = n, pelo teorema anterior.
Se n ≥ m, temos que f−1 : In −→ Im é uma bijeção tal que Im ⊂ In .
Portanto, Im = In .
Prova.
Sendo X finito, existe uma bijeção ϕ : In −→ X para algum n ∈ N.
Seja A = ϕ−1 (Y).
Então, A é uma parte própria de In e a restrição de ϕ a A fornece uma
bijeção f 0 : A −→ Y.
X −−−→ Y
f
x x
ϕ
0
ϕ
In −−−→ A
g
14 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos finitos e infinitos
Prova.
Designaremos por #(A) o número
Seja f : In −→ X uma bijeção e seja f 0 : A −→ Y a restrição de f a
de elementos de um conjunto A.
A = f−1 (Y) ⊂ In .
Se provarmos que A é finito, que #(A) é menor do que ou igual a n e é
igual a n se, e somente se, A = In , teremos que Y é finito, que #(Y) = #(A)
é menor do que ou igual a #(In ) = #(X), e é igual se, e somente se A = In ,
ou seja, se, e somente se, Y = X.
Basta, então, provar o teorema no caso em que X = In .
Se n = 1, então Y = ∅ ou Y = {1}.
Assim, #(Y) ≤ 1 e #(Y) = 1 se, e só se, Y = {1} = I1 .
Suponhamos que o teorema seja válido para In e consideremos um sub-
conjunto Y ⊂ In+1 .
Se n + 1 6∈ Y, então Y ⊂ In . Logo, pela hipótese de indução, Y é um
conjunto finito com #(Y) ≤ n e, portanto, #(Y) < n + 1.
Se, porém, n + 1 ∈ Y, temos que Y − {n + 1} ⊂ In . Logo, Y − {n + 1} é um
conjunto finito com p elementos, onde p ≤ n.
Se Y − {n + 1} 6= ∅, existe uma bijeção ψ : Ip −→ Y − {n + 1}.
Definimos, então, a bijeção ϕ : Ip+1 −→ Y pondo ϕ(x) = ψ(x) para x ∈ Ip
e ϕ(p + 1) = n + 1.
Segue-se que Y é finito e que #(Y) = p + 1 ≤ n + 1.
Resta, agora, mostrar que se Y ⊂ In tem n elementos então Y = In .
Se #(Y) = n, existe uma bijeção f : In −→ Y.
Como Y ⊂ In temos, pelo Teorema 1.4, que Y = In .
Prova.
Sendo f : X −→ Y injetiva, temos que f : X −→ f(X) é uma bijeção.
16 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos finitos e infinitos
Prova.
(a)=⇒(b) Seja X = {x1 , . . . , xn } e seja a = x1 + . . . + xn . Então a > xi
para todo i = 1, . . . , n, ou seja, X é limitado.
(b)=⇒(c) Como X é limitado, existe a ∈ N tal que a ≥ n para todo n ∈ X.
Então, o conjunto
A = {p ∈ N | p ≥ n ∀ n ∈ X}
é não-vazio. Pelo Princı́pio da Boa Ordenação, existe p0 ∈ A que é o
menor elemento de A.
Se p0 6∈ X, temos que p0 > n ∀ n ∈ X e p0 > 1, pois X 6= ∅.
Logo, existe q0 ∈ N tal que p0 = 1 + q0 .
Assim, p0 ≥ n + 1 ∀ n ∈ X, ou seja, q0 + 1 ≥ n + 1 ∀ n ∈ X. Então q0 ≥ n
∀ n ∈ X, ou seja, q0 ∈ A, o que é absurdo, pois q0 < p0 e p0 é o menor
elemento de A.
Logo, p0 ∈ X e p0 ≥ n ∀ n ∈ X, ou seja, p0 é o maior elemento de X.
(c)=⇒(a) Seja p o maior elemento de X. Então, p ∈ X e p ≥ n ∀ n ∈ X.
Logo, X ⊂ Ip e é, portanto, finito.
Observação 2.4 Um conjunto X ⊂ N é ilimitado quando não é limitado, Note que: pelo teorema 2.3, an-
terior, X é infinito se, e somente
ou seja, para todo p ∈ N existe n ∈ X tal que n > p. se, X é ilimitado.
Prova.
Sejam f1 : Im −→ X e f2 : In −→ Y bijeções.
Definamos a função f : Im+n −→ X ∪ Y pondo
f(x) = f1 (x) se 1 ≤ x ≤ m
f(m + x) = f2 (x) se 1 ≤ x ≤ n .
Prova.
Para cada i = 1, . . . , k, seja Xi = {(x, i) | x ∈ Yi } e seja ϕi : Yi −→ Xi
a função definida por ϕi (x) = (x, i).
Como ϕi é uma bijeção, temos que Xi é finito e possui ni elementos,
i = 1, . . . , k. Além disso, os conjuntos finitos X1 , . . . , Xk são disjuntos dois
a dois.
Logo, pelo corolário anterior, X1 ∪ . . . ∪ Xk é finito e possui n1 + . . . + nk
elementos.
Seja
f : X1 ∪ . . . ∪ Xk −→ Y1 ∪ . . . ∪ Yk
a função definida por f(x, i) = x.
Como f é sobrejetiva, X1 ∪ . . . ∪ Xk finito e possui n1 + . . . + nk elementos,
temos que Y1 ∪. . .∪Yk é finito e possui no máximo n1 +. . .+nk elementos.
18 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos finitos e infinitos
Prova.
Basta provar o corolário para k = 2, pois o caso geral segue por indução
em k.
Sejam X e Y conjuntos finitos com m e n elementos, respectivamente.
Se Y = {y1 , . . . , yn }, então X × Y = X1 ∪ . . . ∪ Xn , onde Xi = X × {yi },
i = 1, . . . , n.
Como X1 , . . . , Xn são disjuntos dois a dois e todos possuem m elementos,
temos que X × Y é finito e possui m · n elementos.
Prova.
Seja ϕ : Im −→ X uma bijeção. Então, a função
H : F(X; Y) −→ F(Im ; Y)
f 7−→ f ◦ ϕ
é a inversa da função H.
Logo, basta provar que F(Im ; Y) é um conjunto finito e que possui nm
elementos.
Seja a função
F : F(Im ; Y) −→ Y × . . . × Y (m fatores)
definida por
F(f) = (f(1), . . . , f(n)) .
Como F é uma bijeção e Y × . . . × Y (m fatores) possui nm elementos pelo
corolário anterior, temos que F(Im ; Y) é finito e possui nm elementos.
3. Conjuntos enumeráveis
são bijeções.
Prova.
Basta provar que existe uma função f : N −→ X injetiva, pois, assim,
f : N −→ f(N) é uma bijeção, sendo, portanto, f(N) um subconjunto infi-
nito enumerável de X.
Para cada subconjunto A não-vazio de X podemos escolher um elemento
xA ∈ A.
Vamos definir por indução uma função f : N −→ X.
Tome f(1) = xX e suponhamos que f(1), . . . , f(n) já foram definidos.
Seja An = X − {f(1), . . . , f(n)}.
20 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos enumeráveis
Prova.
Se uma tal bijeção existir, pelo corolário 2.2, X não é finito.
Reciprocamente, se X é infinito, X contém um subconjunto infinito enu-
merável A = {a1 , . . . , an , . . .}.
Seja Y = (X − A) ∪ {a2 , a4 , . . . , a2n , . . .}.
Então Y é uma parte própria de X, pois
X − Y = {a1 , a3 , . . . , a2n−1 , . . .}.
Além disso, a função f : X −→ Y definida por f(x) = x se x ∈ X − A e
f(an ) = a2n , n ∈ N, é uma bijeção de X sobre Y.
Prova.
Se X é finito, então X é enumerável, por definição.
Suponhamos que X é infinito.
Vamos definir por indução uma bijeção f : N −→ X.
Tome f(1) =menor elemento de X, e suponha que f(1), . . . , f(n) foram
definidos satisfazendo as seguintes condições:
Prova.
Como f(X) ⊂ Y é enumerável e f : X −→ f(X) é uma bijeção, temos
que X é enumerável.
Prova.
Como f : X −→ Y é sobrejetiva, f possui uma inversa à direita, ou seja,
existe g : Y −→ X tal que f ◦ g = IY . Então, g é injetiva. Logo, Y é
enumerável.
22 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos não-enumeráveis
Prova.
Sendo X e Y finitos ou infinitos enumeráveis, existem funções f : X −→ N
e g : Y −→ N injetivas.
Seja f × g : X × Y −→ N × N definida por f × g(x, y) = (f(x), g(y)). Como
f e g são injetivas, f × g também é injetiva.
Basta, então, provar que N × N é enumerável. Para isso, definimos a
função h : N × N −→ N, pondo h(m, n) = 2m · 3n . Pela unicidade da
decomposição em fatores primos, f é injetiva e, portanto, N × N é enu-
merável.
Prova.
p Designamos Z? = Z − {0} .
Sabemos que Q = p ∈ Z e q ∈ Z? , e que Z × Z? é enumerável.
q
p
Como a função f : Z × Z? −→ Q, definida por f(p, q) = é sobrejetiva,
q
segue-se do corolário 3.5 que Q é enumerável.
Prova.
Tomemos, para cada m ∈ N, uma função fm : N −→ Xm sobrejetiva, e
definamos a função f : N × N −→ X pondo f(m, n) = fm (n). Como f é
sobrejetiva e N × N é enumerável, tem-se que X é enumerável.
4. Conjuntos não-enumeráveis
Prova.
Seja ϕ : X −→ F(X; Y) uma função e seja ϕx : X −→ Y o valor da função
ϕ no ponto x ∈ X.
Construiremos uma função f : X −→ Y tal que f 6= ϕx para todo x ∈ X.
24 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos não-enumeráveis
Para cada x ∈ X, seja f(x) ∈ Y tal que f(x) 6= ϕx (x), o que é possı́vel, pois
Y tem pelo menos dois elementos.
Assim, f 6= ϕx para todo x ∈ X, pois f(x) 6= ϕx (x) para todo x ∈ X.
Logo, f 6∈ ϕ(X), ou seja, ϕ não é sobrejetiva.
Prova.
Basta considerar o caso em que todos os Xn são iguais a N. De fato,
para cada n ∈ N, existe uma bijeção fn : N −→ Xn . Então, a função
Y∞ Y∞
F: Ni −→ Xi
i=1 i=1
(x1 , x2 , . . . , xn , . . .) 7−→ (f1 (x1 ), f2 (x2 ), . . . , fn (xn ), . . .) ,
Exemplo 4.1 Seja Y = {0, 1}. Então, o conjunto {0, 1}N = F(N; Y) das
seqüências cujos termos são 0 ou 1 não é enumerável.
A função
ξ : P(A) −→ F(A; {0, 1})
X 7−→ ξX
Como {0, 1} tem dois elementos, segue-se do teorema 4.1 que ne-
nhuma função ϕ : A −→ F(A, {0, 1}) é sobrejetiva. Logo, nenhuma
26 J. Delgado - K. Frensel
Conjuntos não-enumeráveis
1. Corpos
Observação 1.2
• x · 1 = 1 · x = x para todo x ∈ K.
• x · x−1 = x−1 · x = 1 para todo x ∈ K − {0}.
x
• Dados x, y ∈ K, com y 6= 0, escrevemos x · y−1 = . A operação
y
x x
A multiplicação de x por y 7 → , x ∈ K, y ∈ K − {0}, chama-se divisão e o número
(x, y) − é o
será designada, também, pela y y
justaposição xy.
quociente de x por y.
x
• Se y 6= 0, = z ⇐⇒ x = yz. De fato,
y
x
= z ⇐⇒ (xy−1 )y = zy ⇐⇒ x(y−1 y) = yz ⇐⇒ x · 1 = yz ⇐⇒ x = yz .
y
Observação 1.3
• (x + y) · z = x · z + y · z para todos x, y, z ∈ K.
• x · 0 = 0 para todo x ∈ K. De fato,
x · 0 + x = x · 0 + x · 1 = x · (0 + 1) = x · 1 = x ,
32 J. Delgado - K. Frensel
Exemplos de corpos
logo, x · 0 = 0.
• se x · y = 0 então x = 0 ou y = 0. De fato, se x 6= 0, então x−1 · (x · y) =
x−1 · 0. Logo, y = 0.
Assim, se x 6= 0 e y 6= 0, então x · y 6= 0.
• Regras dos sinais: (−x) · y = x · (−y) = −(x · y) e (−x) · (−y) = x · y .
De fato, temos que (−x) · y + x · y = (−x + x) · y = 0 · y = 0, ou seja,
(−x)·y = −(x·y). Analogamente, podemos verificar que x·(−y) = −(x·y).
Logo,
(−x) · (−y) = −(x · (−y)) = −(−(x · y)) = x · y .
Em particular, (−1) · (−1) = 1.
2. Exemplos de corpos
p p0
De fato, lembrando que = 0 ⇐⇒ pq 0 = p 0 q, vamos provar primeiro
q q
que a soma e a multiplicação de números racionais estão bem definidas.
p p p0 p0
Sejam = 1 e 0 = 10 . Então
q q1 q q1
p p0 pp 0 p1 p10 p1 p10
• · 0 = = = · , pois
q q qq 0 q1 q10 q1 q10
(pp 0 )(q1 q10 ) = p1 qp10 q 0 = (p1 p10 )(qq 0 ) .
0
• O elemento neutro da adição é , para todo p 0 6= 0, pois
p0
p 0 pp 0 + 0q 0 pp 0 p
+ 0 = 0
= 0
= .
q p qp qp q
1 p0
• O elemento neutro da multiplicação é = 0 , p 0 ∈ Z? , pois
1 p
p 1 p·1 p
· = = .
q 1 q·1 q
p −p p
• seja ∈ Q. Então é o simétrico de , pois
q q q
p −p p · q + (−p) · q 0
+ = = = 0.
q q q·q q·q
p q p
Exercı́cio 1: Verificar as propri- • Seja ∈ Q, com p 6= 0. Então é inverso de , pois
edades comutativa, associativa e
q p q
a distributividade das operações p q p·q
· = = 1.
definidas no exemplo 2.1 sobre os q p q·p
números racionais.
34 J. Delgado - K. Frensel
Exemplos de corpos
p(t)
Exemplo 2.4 O conjunto Q(t) das funções racionais r(t) = , onde
q(t)
p e q são polinômios com coeficientes racionais, sendo q(t) não identica-
mente nulo, com as operações de adição e multiplicação definidas abaixo
é um corpo.
p(t) p 0 (t) p(t) · q 0 (t) + p 0 (t) · q(t) p(t) p 0 (t) p(t) · p 0 (t)
+ 0 = · 0 = .
q(t) q (t) q(t) · q 0 (t) q(t) q (t) q(t) · q 0 (t)
3. Corpos ordenados
p
Exemplo 3.1 Q é um corpo ordenado no qual P = pq ∈ N .
q
p p0
• De fato, se , ∈ P, então pq, p 0 q 0 ∈ N e, portanto,
q q0
p p0 pq 0 + p 0 q
◦ + 0 = ∈ P, pois
q q qq 0
(pq 0 + p 0 q)(qq 0 ) = (pq)q 02 + (p 0 q 0 )q2 ∈ N .
p p0 pp 0
◦ · 0 = ∈ P, pois pp 0 qq 0 = (pq)(p 0 q 0 ) ∈ N.
q q qq 0
p p 0
• Seja∈ Q. Então, pq = 0 ou pq ∈ N ou −(pq) ∈ N, ou seja, = = 0
q q q
p −p p
ou ∈ P ou = − ∈ P.
q q q
36 J. Delgado - K. Frensel
Corpos ordenados
De fato:
p(t) p 0 (t)
• Se , ∈ P, então os coeficientes an e bm dos termos de maior
q(t) q 0 (t)
grau de pq e p 0 q 0 , respectivamente, são positivos.
Logo,
◦ o coeficiente cj do termo de maior grau de (pq 0 + p 0 q)qq 0 =
pqq 02 + p 0 q 0 q2 é positivo, pois cj = an q 0 2i + bm q2i ou cj = an q 0 2i ou
cj = bm q2i , onde qi e qi0 são os coeficientes dos termos de maior grau
de q e q 0 , respectivamente.
◦ o coeficiente do termo de maior grau de pp 0 qq 0 = (pq)(p 0 q 0 ) é
an bm > 0.
p(t)
• Se ∈ Q(t), então ou pq = 0 (e, neste caso, p = 0) ou o coeficiente
q(t)
do termo de maior grau de pq é positivo ou o coeficiente do termo de
p(t) p(t) p(t)
maior grau de pq é negativo. Logo, ou = 0 ou ∈ P ou − ∈P
q(t) q(t) q(t)
Exemplo 3.4 O corpo Q(i) não é ordenado, pois i2 = −1, e num corpo
ordenado −1 é negativo e o quadrado de qualquer elemento diferente de
zero é positivo.
Observação 3.1
• Em particular, x > 0 se, e só se, x ∈ P e x < 0 se, e só se, −x ∈ P, ou
seja, x ∈ −P.
Prova.
(1) Se x < y e y < z, então y − x ∈ P e z − y ∈ P. Logo, (y − x) + (z − y) =
z − x ∈ P, ou seja, x < z.
(2) Dados x, y ∈ K, ocorre exatamente uma das seguintes alternativas:
ou y − x = 0 , ou y − x ∈ P , ou y − x ∈ −P ,
ou seja,
ou x = y , ou x < y , ou y < x .
(3) Se x < y então y − x ∈ P. Logo, (y + z) − (x + z) = y − x ∈ P, ou seja
x + z < y + z, para todo z ∈ K.
(4) Se x < y e z > 0, então y − x ∈ P e z ∈ P. Logo, (y − x)z = yz − xz ∈ P,
ou seja xz < yz. Se, porém, x < y e z < 0, então y − x ∈ P e −z ∈ P,
donde (y − x)(−z) = xz − yz ∈ P, ou seja, xz > yz.
• Em particular, x < y é equivalente a −x > −y, pois (−1)x > (−1)y,ou
seja, −x > −y, já que −1 ∈ −P, ou seja −1 < 0.
• Se x < x 0 e y < y 0 então x + y < x 0 + y 0 .
De fato, por (3), se x < x 0 , então x + y < x 0 + y, e se y < y 0 , então
x 0 + y < x 0 + y 0 . Logo, por (1), x + y < x 0 + y 0 .
• Se 0 < x < x 0 e 0 < y < y 0 , então xy < x 0 y 0 .
De fato, por (4), x · y < x 0 y e x 0 y < x 0 y 0 , e por (1), xy < x 0 y 0 .
38 J. Delgado - K. Frensel
Corpos ordenados
ou seja, n + 1 ∈ X. Logo, X = N.
• Seja Y = {n ∈ N | f(n) ∈ P} . Então:
◦ 1 ∈ Y, pois f(1) = 1 0 ∈ P ,
◦ se n ∈ Y, então n + 1 ∈ Y, pois f(n + 1) = f(n) + 1 0 ∈ P.
Logo, Y = N.
Temos, assim, que se m < n então f(m) < f(n), pois, como existe
Exercı́cio 4: Verifique que
f(mn) = f(m)f(n) , ∀ m, n ∈ N . p ∈ N tal que n = m + p, segue-se que f(n) = f(m) + f(p), ou seja,
f(n) − f(m) = f(p) ∈ P.
Portanto, f : N −→ f(N) = N 0 ⊂ K é uma bijeção, onde N 0 é o
subconjunto de K formado pelos elementos 1 0 , 1 0 + 1 0 , 1 0 + 1 0 + 1 0 , . . . que
preserva a soma, o produto e a relação de ordem. Podemos, então, iden-
tificar N 0 com N e considerar N contido em K, voltando a escrever 1, em
vez de 1 0 .
Em particular, um corpo ordenado K é infinito e tem caracterı́stica
zero, ou seja, 1 + 1 + 1 + . . . + 1 6= 0 qualquer que seja o número de
parcelas 1.
Considere o conjunto Z 0 = N ∪ {0} ∪ (−N), onde −N = {−n | n ∈ N}.
Então, Z 0 é um subgrupo abeliano de K com respeito à operação de
adição.
De fato, 0 ∈ Z 0 e se x ∈ Z 0 então −x ∈ Z 0 . Resta verificar que se
x, y ∈ Z 0 então x + y ∈ Z 0 .
• Se x, y ∈ N então x + y ∈ N ⊂ Z 0 .
• Se x, y ∈ −N então (−x)+(−y) = −(x+y) ∈ N, ou seja, x+y ∈ −N ⊂ Z 0 .
• Se x ∈ N e y ∈ −N então, fazendo y = −z, com z ∈ N, temos que, ou
Exercı́cio 5: Verifique que se
m, n ∈ N 0 e m − n > 0 então
x + y = x − z = 0 ∈ Z 0 , ou x + y = x − z > 0 e, portanto, x + y ∈ N, ou
m − n ∈ N0 . x + y = x − z < 0 e, portanto, x + y ∈ −N.
40 J. Delgado - K. Frensel
Corpos ordenados
◦ 0, 1 ∈ Q 0 ,
m m −m
◦ se ∈ Q 0 então − = ∈ Q 0.
n n n
m n
◦ se ∈ Q 0 ? então ∈ Q 0.
n m
m m0 m m0
◦ se , 0 ∈ Q 0 então + 0 ∈ Q 0 . De fato, como
n n n n
0 m m0 mnn 0 m 0 nn 0
nn + 0 = + = mn 0 + m 0 n ,
n n n n0
temos que
m m0 mn 0 + m 0 n
+ 0 = ∈ Q0 ,
n n nn 0
pois, como já vimos, mn 0 + m 0 n ∈ Z e nn 0 ∈ Z? .
• Q 0 é o menor subcorpo de K.
Com efeito, todo subcorpo de K deve conter pelo menos 0 e 1; por
adições sucessivas de 1, todo subcorpo de K deve conter N; tomando os
simétricos, deve conter Z e por divisões em Z, deve conter o conjunto das
m
frações , m ∈ Z e n ∈ Z? .
n
Este menor subcorpo de K se identifica, de maneira natural, com o
corpo Q dos números racionais.
Assim, dado um corpo ordenado K, podemos considerar, de modo
natural, as inclusões
N ⊂ Z ⊂ Q ⊂ K.
Prova.
Faremos a demonstração por indução em n.
Johann Bernoulli
(1667-1748) Suı́ça.
42 J. Delgado - K. Frensel
Intervalos
4. Intervalos
Prova.
Temos que
−a ≤ x ≤ a ⇐⇒ −a ≤ x e x≤a
⇐⇒ a ≥ −x e a ≥ x
⇐⇒ a ≥ max {−x, x} = |x| .
44 J. Delgado - K. Frensel
Intervalos
Prova.
De fato, |x − a| ≤ b se, e só se, −b ≤ x − a ≤ b, ou seja, a − b ≤ x ≤ a + b
(somando a).
Prova.
(1) Como −|x| ≤ x ≤ |x| e −|y| ≤ y ≤ |y|, temos que
−(|x| + |y|) ≤ x + y ≤ |x| + |y| .
Logo, |x + y| ≤ |x| + y|.
Assim,
−|x − y| ≤ |x| − |y| ≤ |x − y| .
Logo, pela proposição 4.1,
| |x| − |y| | ≤ |x − y| .
A outra desigualdade, |x| − |y| ≤ | |x| − |y| | segue da definição de valor
absoluto.
(4) Por (1), |x − y| = |x − z + z − y| ≤ |x − z| + |z − y| .
46 J. Delgado - K. Frensel
Números reais
Prova.
(a)=⇒(b) Como N é ilimitado superiormente, dados a, b ∈ K, com a > 0,
b b
existe n ∈ N tal que n > . Logo, na > a · = b.
a a
(b)=⇒(c) Dado a > 0, existe, por (b), n ∈ N tal que na > 1. Então
1
0< < a.
n
(c)=⇒(a) Seja b ∈ K. Se b ≤ 0, então b < 1 e, portanto, b não é cota
superior de N.
1 1
Se b > 0, existe, por (c), n ∈ N tal que 0 < < . Logo, b < n e não é,
n b
portanto, uma cota superior de N.
5. Números reais
Exemplo 5.1
• Se X ⊂ K possui um elemento máximo b ∈ X, então b = sup X. De fato:
(1) b ≥ x para todo x ∈ X.
(2) Se c ≥ x para todo x ∈ X, então c ≥ b, pois a ∈ X.
48 J. Delgado - K. Frensel
Números reais
1
Exemplo 5.3 Seja Y ⊂ Q o conjunto das frações do tipo , n ∈ N.
2n
1
Então, sup Y = e inf Y = 0.
2
1 1 1 1
• Como ∈ Y e n < para todo n > 1, n ∈ N, temos que é o maior
2 2 2 2
elemento de Y e, portanto, o supremo de Y.
1
• Sendo ≥ 0 para todo n ∈ N, 0 é cota inferior de Y.
2n
Seja b > 0 em Q. Como Q é um corpo arquimediano, existe n0 ∈ N tal
1 1
que n0 > − 1. Logo, n0 + 1 > .
b b
Pela desigualdade de Bernoulli, temos que
1
2n0 = (1 + 1)n0 ≥ 1 + n0 > ,
b
1
ou seja, b > . Assim, 0 = inf X.
2n0
Prova.
p
Suponhamos, por absurdo, que existe ∈ Q tal que
q
2
p
= 2,
q
ou seja p2 = 2q2 .
O fator 2 aparece um número par de vezes na decomposição de p2 e de
q2 em fatores primos.
Como p2 possui um número par de fatores iguais a 2 e 2q2 possui um
número ı́mpar de fatores iguais a 2, chegamos a uma contradição.
2 − b2
Seja b ∈ X, ou seja b ≥ 0 e b2 < 2. Como > 0 e Q é arquimediano,
1 + 2b
1 2 − b2
existe n ∈ N tal que < .
n 1 + 2b
1
Faça r = . Então 0 < r < 1 e
n
50 J. Delgado - K. Frensel
Números reais
Observação 5.7 Pelo exemplo 5.5, temos que todo corpo ordenado
completo é arquimediano.
52 J. Delgado - K. Frensel
Números reais
Exemplo 5.6
• Q não é completo, pois o conjunto X = {x | x ≥ 0 e x2 < 2} ⊂ Q não-vazio
e limitado superiormente não possui supremo em Q.
• Q(t) não é completo, pois Q(t) não é arquimediano.
Então,
An (a − xn )
(x + d)n ≤ xn + An d < xn + = a,
An
54 J. Delgado - K. Frensel
Números reais
bn = a.
Se bn < a, temos que b ∈ X, o que é absurdo, pois
b = sup X e, portanto, o elemento máximo de X, o que contradiz (1).
Se bn > a, então b ∈ Y, pois b > 0.
Exercı́cio 9: Mostrar que Y 6= ∅
Como, por (2), Y não possui um elemento mı́nimo, existe c ∈ Y tal que e bn = a, onde b = inf Y .
c < b.
Exercı́cio 10: Mostrar que existe
um único b > 0 em R tal que
Por (3), x < c < b para todo x ∈ X, ou seja, c é uma cota superior de X
bn = a (ver observação 5.9).
menor do que b = sup X, o que é absurdo. Logo, bn = a.
Exemplo 5.9
√ √
• 2 ∈ I, pois 12 = 1 e 22 = 4 > 2, ou seja, 2 6∈ N.
√ √
• 3 3 ∈ I, pois 13 = 1 e 23 = 8 > 3, ou seja, 3 3 6∈ N.
√ √
• 3 6 ∈ I, pois 13 = 1 e 23 = 8 > 6, ou seja, 3 6 ∈6 N.
Prova.
Seja (a, b), a < b, um intervalo aberto qualquer em R.
Afirmativa 1: Existe um número racional em (a, b).
1
Como b − a > 0, existe p ∈ N tal que < b − a.
p
m
Seja A = m ∈ Z ≥b .
p
56 J. Delgado - K. Frensel
Números reais
√
2(m0 − 1)
Logo, ∈ (R − Q) ∩ (a, b).
p
• Suponhamos, agora, que 0 ∈ (a, b). Neste caso, basta tomar p ∈ N tal
√
1 b 2
que < √ , ou seja, < b.
p 2 p
√ √
2 2
Como a < 0 < < b, temos que ∈ (R − Q) ∩ (a, b).
p p
Prova.
Para cada n ∈ N, an ≤ an+1 ≤ bn+1 ≤ bn , pois In+1 = [an+1 , bn+1 ] ⊂
[an , bn ] = In . Segue-se, então, que
a1 ≤ a2 < . . . ≤ an ≤ . . . ≤ bm ≤ . . . ≤ b2 ≤ b1 ,
pois an ≤ bm quaisquer que sejam m, n ∈ N.
De fato, se m = n, an ≤ bn . Se n < m, an ≤ am ≤ bm , e se n > m,
an ≤ bn ≤ bm .
Sejam A = {an | n ∈ N} e B = {bn | n ∈ N}. Então A e B são subconjuntos
limitados de R, já que: a1 é uma cota inferior e bm é uma cota superior de
A, para todo m ∈ N; e b1 é uma cota superior e am é uma cota inferior de
B, para todo m ∈ N.
Sejam a = sup A e b = inf B.
Como, para todo m ∈ N, bm é uma cota superior de A e am é uma cota
inferior de B, temos a ≤ bm e b ≥ am .
Logo, como a ≤ bm para todo m ∈ N, temos a ≤ b.
Então, [a, b] ⊂ In , pois an ≤ a ≤ b ≤ bn , para todo n ∈ N.
58 J. Delgado - K. Frensel
Números reais
\
Portanto, [a, b] ⊂ In .
n∈N
\
Precisamos ainda provar que In ⊂ [a, b]. Suponhamos que existe
n∈N
Prova.
Precisamos, antes, provar a seguinte:
Afirmação: Dados um intervalo limitado e fechado I = [a, b], a < b, e um
número real x0 , existe um intervalo limitado e fechado J = [c, d], c < d, tal
que J ⊂ I e x0 6∈ J.
De fato:
• se x0 6∈ I, tome J = I.
• suponha que x0 ∈ I. Se
ha + b i
◦ x0 = a, tome J = ,b ;
2
a+b
h i
◦ x0 = b, tome J = a, ;
2
h a+x i
0
◦ a < x0 < b, tome J = a, .
2
• Seja X = {x1 , . . . , xn , . . .} um subconjunto enumerável de R.
Vamos mostrar que existe x ∈ R tal que x 6∈ X.
Seja I1 um intervalo limitado, fechado e não-degenerado tal que x1 6∈ I1 .
Supondo que é possı́vel obter intervalos I1 ⊃ I2 ⊃ . . . ⊃ In limitados,
fechados e não-degenerados com xi 6∈ Ii para todo i = 1, . . . , n, podemos
Prova.
[
• Primeiro vamos provar que R = (n, n + 1], isto é, dado x ∈ R existe
n∈N
60 J. Delgado - K. Frensel
enumerável dos conjuntos enumeráveis (n, n + 1].
Prova.
Como Q é enumerável e R = Q ∪ (R − Q), então R − Q não é enu-
merável, pois, caso contrário, R seria enumerável por ser reunião de dois
conjuntos enumeráveis.
1. Seqüências
Observação 1.1
• Não se deve confundir a seqüência x com o conjunto de seus termos:
x(N) = {x1 , x2 , . . . , xn , . . .} ,
que pode ser finito, pois a seqüência x : N −→ R não é necessariamente
injetiva.
Observação 1.2
• Todo intervalo [a, b] está contido num intervalo centrado em 0 da forma
[−c, c] para algum c > 0. Basta tomar c = max{|a|, |b|}, pois −c ≤ a < b ≤
c, já que c ≥ |b| ≥ b e c ≥ |a| ≥ −a, ou seja −c ≤ a.
• Assim, uma seqüência é limitada se, e só se, existe c ∈ R?+ tal que
|xn | ≤ c para todo n ∈ N.
• Então, (xn )n∈N é uma seqüência limitada se, e só se, (|xn |)n∈N é uma
seqüência limitada.
Observação 1.5 Uma seqüência monótona (xn )n∈N é limitada se, e só
se, possui uma subseqüência limitada.
Com efeito, vamos supor que x = (xn )n∈N é não-decrescente e (xn )n∈N 0
é uma subseqüência limitada de x, ou seja, existe b ∈ R tal que xn ≤ b
66 J. Delgado - K. Frensel
Seqüências
1 1 1
Exemplo 1.4 Se xn = para todo n ∈ N, então x = 1, , . . . , , . . .
n 2 n
é uma seqüência limitada e decrescente, pois xn ∈ (0, 1] e xn+1 < xn para
todo n ∈ N.
n(1 + (−1)n+1 )
Exemplo 1.5 Seja x = (xn )n∈N , onde xn = para todo
2
n ∈ N. Então xn = 0 para n par e xn = n para n ı́mpar, ou seja, x =
(1, 0, 3, 0, 5, . . .). Ela é ilimitada superiormente, limitada inferiormente e
não é monótona, mas seus termos de ı́ndice ı́mpar x2n−1 = 2n − 1 formam
uma subseqüência monótona crescente ilimitada superiormente e seus
termos de ı́ndice par x2n = 0 formam uma subseqüência constante.
• Se 0 < a < 1, então an+1 < an e 0 < an < 1 para todo n ∈ N, ou seja,
(xn )n∈N é decrescente e limitada.
• Se −1 < a < 0, então a seqüência não é monótona, pois seus termos
são alternadamente positivos e negativos, mas continua sendo limitada,
pois |an | = |a|n , com 0 < |a| < 1.
a2n
◦ Os termos de ordem ı́mpar x2n−1 = a2n−1 = formam uma
a
subseqüência decrescente ilimitada inferiormente, pois a < 0 e (a2n )n∈N
é uma seqüência crescente ilimitada superiormente.
68 J. Delgado - K. Frensel
Seqüências
1 1 1
Exemplo 1.8 Seja an = 1 + + + . . . + , n ∈ N. A seqüência
1! 2! n!
(an )n∈N é crescente e é limitada, pois
1 1 1
an < 1 + 1 + + + . . . + n−1 < 1 + 2 = 3 ,
2 2·2 2
para todo n ∈ N.
1
n
Exemplo 1.9 Seja bn = 1 + , n ∈ N. A fórmula do binômio de
n
Newton (que pode ser provada por indução) nos dá
1
n
bn = 1+
n
1 n(n − 1) 1 n(n − 1)(n − 2) 1
= 1+n· + · 2+ · 3
n 2! n 3! n
n(n − 1) . . . 2 · 1 1
+... + · n,
n! n
ou seja,
1 1 1 1 2
bn = 1+1+ 1− + 1− 1− + ...
2! n 3! n n
1 1 2 n−1
+ 1− 1− ... 1 − .
n! n n n
j
Como 1 − > 0, para 1 ≤ j ≤ n − 1, temos que cada bn é uma
n
soma de parcelas positivas. Além disso,cada parcela cresce com n, pois
j j
1− > 1− , 1 ≤ j ≤ n − 1, e, também, o número de parcelas
n+1 n
cresce com n.
Logo, bn+1 > bn para todo n ∈ N, ou seja, (bn )n∈N é uma seqüência
crescente.
Observe ainda que (bn )n∈N é uma seqüência limitada, pois
Importante: Provaremos depois
1 1 1
0 < bn < 1 + 1 + + + ... + < 3, que as seqüências (an )n∈N e
2! 3! n! (bn )n∈N dos exemplos 1.8 e 1.9
convergem para o número e.
para todo n ∈ N.
x1 = 0 ,
x2 = 1 ,
1 1
x3 = 1 − = ,
2 2
1 1 1
x4 = 1− + =1− ,
2 4 4
1 1 1 1 1 1 1
x5 = 1− + − = + = 1+ ,
2 4 8 2 8 2 4
1 1 1 1 1 1
1 1
x6 = 1− + − + =1− − =1− + 2 ,
2 4 8 16 4 16 4 4
etc
Provaremos alguns fatos para obter a fórmula geral dos termos de ordem
par e de ordem ı́mpar.
1
Afirmação 1: xn+1 − xn = (−1)n+1 · , para todo n ∈ N.
2n−1
De fato:
1
◦ Se n = 1, x2 − x1 = 1 − 0 = 1 = (−1)2 · .
20
◦ Suponhamos que a afirmação seja válida para n. Então
1 1
xn+2 − xn+1 = (xn + xn+1 ) − xn+1 = (xn − xn+1 )
2 2
1 1 1
= − (xn+1 − xn ) = − (−1)n+1 · n−1
2 2 2
1 1
= (−1)n+2 · n = (−1)(n+1)+1 (n+1)−1 .
2 2
Note que:
• Se n é par, xn+1 < xn e, portanto, xn+1 < xn+2 < xn , pois
1
xn+1 − xn = (−1)n+1 · < 0.
2n−1
• Se n é ı́mpar, xn < xn+1 , e, portanto, xn < xn+2 < xn+1 , pois
1
xn+1 − xn = (−1)n+1 > 0.
2n−1
70 J. Delgado - K. Frensel
Seqüências
1 1 1
Afirmação 2: x2n+1 = 1 + + . . . + n−1 para todo n ∈ N.
2 4 4
De fato:
0+1 1 1
◦ Se n = 1, x3 = = = · 1.
2 2 2
◦ Suponhamos a afirmação verdadeira para n.
Então, como x2n+1 < x2n+3 < x2n+2 , temos que
1
x2(n+1)+1 = x2n+3 = x2n+1 + (x2n+2 − x2n+1 )
2
1
1 1
1 (−1)2n+2
= 1 + + . . . + n−1 + ·
2 4 4 2 22n
1 1 1 1 1
= 1 + + . . . + n−1 + · n
2 4 4 2 4
1 1 1 1
= 1 + + . . . + n−1 + n .
2 4 4 4
1 1
Afirmação 3: x2n = 1 − + ... + para todo n ∈ N, n ≥ 2.
4 4n−1
De fato:
1
◦ Se n = 2, x4 = 1 − .
4
◦ Suponhamos que a igualdade seja válida para n.
Então, como x2n+1 < x2(n+1) < x2n , temos que
1 1
x2n+2 = x2n − (x2n − x2n+1 ) = x2n + (x2n+1 − x2n )
2 2
1 1
(−1)2n+1 1 1
1
= 1− + . . . + n−1 + 2n−1
= 1 − + . . . + n−1
− n
4 4 2·2 4 4 4
1 1 1
= 1− + . . . + n−1 + n .
4 4 4
• Assim, como
1
1 1 1 1 − n+1 1 4
1 + + . . . + n−1 + n = 4 < = ,
4 4 4 1 1 3
1− 1−
4 4
para todo n ∈ N, temos que
1 4 4
0 ≤ x2n+1 < · = < 1,
2 3 6
para todo n ≥ 0, e
4 2
1 ≥ x2n >1+ 1− = , para todo n ≥ 1.
3 3
Definição 2.1 Dizemos que o número real a é limite da seqüência (xn )n∈N
de números reais, e escrevemos
a = lim xn ,
n→∞
quando para cada número real ε > 0 é possı́vel obter um número natural
n0 tal que
|xn − a| < ε ,
para todo n > n0 .
Simbolicamente, temos que
a = lim ⇐⇒ ∀ ε > 0 ∃n0 ∈ N ; |xn − a| < ε , ∀ n > n0
n→∞
ou seja,
a = lim ⇐⇒ ∀ ε > 0 ∃n0 ∈ N ; xn ∈ (a − ε, a + ε) , ∀ n > n0
n→∞
72 J. Delgado - K. Frensel
Limite de uma seqüência
Observação 2.1
• Quando lim xn = a, dizemos que a seqüência (xn )n∈N converge para a
n→∞
• lim xn 6= a se, e só se, existe ε0 > 0 tal que para todo n0 ∈ N existe
n→∞
Prova.
1
Suponhamos a 6= b e seja ε = |b − a| > 0. Temos que:
2
• (a − ε, a + ε) ∩ (b − ε, b + ε) = ∅, pois se existisse x ∈ (a − ε, a + ε) ∩
(b − ε, b + ε), terı́amos que:
|b − a| = |b − x + x − a| ≤ |b − x| + |x − a| < ε + ε = 2ε = |b − a| .
• Existe n0 ∈ N tal que xn ∈ (a − ε, a + ε) para todo n > n0 .
Logo, xn 6∈ (b − ε, b + ε) para todo n > n0 . Então lim xn 6= b.
n→∞
Prova.
Seja (xnk )k∈N uma subseqüência de (xn )n∈N . Dado ε > 0, existe n0 ∈ N
tal que |xn − a| < ε para todo n > n0 .
Como o conjunto N 0 = {n1 < n2 < . . . < nk < . . .} é ilimitado, existe k0 ∈ N
tal que nk0 > n0 .
Logo, nk > nk0 > n0 e |xnk − a| < ε para todo k > k0 .
Prova.
De fato, ( x1+k , x2+k , . . . , xn+k , . . . ) é uma subseqüência de (xn )n∈N e,
portanto, converge para a.
Observação 2.2
• O limite de uma seqüência não se altera quando dela se omite um
número finito de termos. Ou melhor, pelo teorema 2.2, o limite se mantém
Exercı́cio 12: Se (xn+k )n∈N
converge para a, para algum k ∈ quando se omite um número infinito de termos desde que reste ainda um
N, então xn −→ a.
número infinito de ı́ndices.
• Se (xn )n∈N possui duas subseqüências com limites distintos então (xn )n∈N
é divergente.
• Se (xn )n∈N converge e a subseqüência (xnk )k∈N converge para a, então
xn −→ a.
Prova.
Seja a = lim xn e tome ε = 1. Então, existe n0 ∈ N tal que xn ∈
n→∞
Prova.
Suponhamos que (xn )n∈N é não-decrescente, isto é, xn ≤ xn+1 para todo
n ∈ N.
Seja b ∈ R tal que xn ≤ b para todo n ∈ N e seja a = sup{xn | n ∈ N}.
74 J. Delgado - K. Frensel
Limite de uma seqüência
Corolário 2.2 Se uma seqüência monótona (xn )n∈N possui uma sub-
seqüência convergente, então (xn )n∈N é convergente.
Prova.
Pela observação 1.5, temos que a seqüência monótona (xn )n∈N é limi-
tada porque possui uma subseqüência convergente e, portanto limitada.
Então, pelo teorema anterior, (xn )n∈N é convergente.
1 + (−1)n+1
Exemplo 2.3 A seqüência (1, 0, 1, 0, . . .), onde xn = , n ∈ N,
2
é divergente porque possui duas subseqüências (x2n )n∈N e (x2n−1 )n∈N que
convergem para limites diferentes.
1
Exemplo 2.4 A seqüência tem limite zero.
n n∈N
1
De fato, dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que < ε.
n0
1 1
Então, −ε < < < ε, para todo n > n0 .
n n0
1 1
Com efeito, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que n > para todo n ≥ n0 ,
a ε
n
1
pois a seqüência é crescente e ilimitada superiormente, já
a n∈N
1
que > 1. Logo, −ε < an < ε ∀ n ≥ n0 .
a
• Se −1 < a < 0, lim an = 0, pois lim |an | = lim |a|n = 0, já que
n→∞ n→∞ n→∞
De fato, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |an | < ε(1 − a) para todo n > n0 .
1 |an+1 |
Logo, xn − = < ε para todo n ≥ n0 .
1−a |1 − a|
76 J. Delgado - K. Frensel
Limite de uma seqüência
1
O mesmo vale para a tal que 0 ≤ |a| ≤ 1, ou seja, lim xn = , apesar
n→∞ 1−a
de (xn )n∈N não ser monótona para −1 < a < 0.
1 1 1 1
n
Exemplo 2.8 Sejam an = 1 + + + . . . + + . . . e bn = 1 + ,
1! 2! n! n
para todo n ∈ N.
Como as seqüências (an )n∈N e (bn )n∈N são crescentes e limitadas, elas
são convergentes.
Mostraremos depois que lim an = lim bn = e, onde e é a base dos
n→∞ n→∞
logaritmos naturais.
e
1 1
1
1
x2n = 1 − + . . . + n−1 = 2 − 1 + + . . . + n−1
4 4 4 4
1
1 − 4n 4 1
2 4 1
= 2− = 2 − 1 − = + · n.
1 n 3 4 3 3 4
1−
4
1 3
Dado ε > 0 , ∃ n0 ∈ N tal que n
< ε para todo n ≥ n0 .
4 4
2 4 1
Assim, x2n − = · n < ε para todo n ≥ n0 .
3 3 4
Afirmação 3: Se lim x2n+1 = lim x2n = a então lim xn = a.
n→∞ n→∞ n→∞
lim (xn yn ) = 0.
n→∞
Prova.
Seja c ∈ R, c > 0, tal que |yn | < c para todo n ∈ N.
ε
Dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que |xn | < para todo n > n0 . Logo,
c
ε
|xn yn | < c · = ε para todo n > n0 .
c
Isso mostra que lim (xn yn ) = 0.
n→∞
sen(nx)
Exemplo 3.1 Para todo x ∈ N, n→∞
lim = 0, pois a seqüência
n
1
(sen(nx))n∈N é limitada já que | sen(nx)| ≤ 1, e a seqüência con-
n n∈N
verge para zero.
78 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades aritméticas dos limites
xn
No item 3 do teorema abaixo, vamos considerar a seqüência
yn n∈N
xn a
(3) lim = , se b 6= 0.
yn b
Prova.
(1) Dado ε > 0 existem n1 , n2 ∈ N tais que
ε
|xn − a| < para n > n1 ,
2
ε
|yn − b| < para n > n2 .
2
Seja n0 = max{n1 , n2 }. Então,
|(xn + yn ) − (a + b)| = |(xn − a) + (yn − b)|
≤ |xn − a| + |yn − b|
ε ε
< + =ε
2 2
para todo n > n0 .
Se prova, de modo análogo, que (xn − yn ) −→ (a − b) .
(2) Como xn yn − ab = xn yn − xn b + xn b − ab = xn (yn − b) + (xn − a)b,
lim (xn − a) = lim (yn − b) = 0 e (xn )n∈N é limitada, por ser convergente,
n→∞ n→∞
temos que lim xn (yn − b) = lim (xn − a)b = 0, pelo teorema 3.1.
n→∞ n→∞
Assim, lim xn yn = ab .
n→∞
b2
(3) Pelo item (2), lim yn b = b2 . Então, dado ε = , existe n0 ∈ N tal que
n→∞ 2
b2 b2
yn b > b2 − = > 0 para todo n > n0 .
2 2
1 2
Segue-se que 0 < < para todo n > n0 .
yn b b2
1
Logo, a seqüência é limitada.
yn b n∈N
Assim,
xn a xn b − yn a
lim − = lim =0
n→∞ yn b n→∞ yn b
a
Logo, lim xn yn = .
n→∞ b
1 1
Assim, lim sn 6= lim + . . . + lim = 0 + . . . + 0 = 0.
n→∞ n→∞ n n→∞ n
√
Exemplo 3.2 Seja a seqüência (xn )n∈N , onde xn = n
a , a > 0.
√ √
n
• Se a = 1, n
a = 1 para todo n ∈ N, logo, lim a = 1.
n→∞
√ √
Sejam b = n+1
aec= n
a, ou seja, bn+1 = cn = a .
80 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades aritméticas dos limites
√
• Se a > 1, então n a é decrescente e limitada.
√
De fato, b = n+1 a > 1, pois bn+1 = a > 1, e bn < bn b = bn+1 = cn .
√ √ √
Logo, b < c, ou seja, n+1 a < n a, e n a > 1 para todo n ∈ N.
√
• Se 0 < a < 1, então n a é crescente e limitada.
√
De fato, b = n+1 a < 1, pois bn+1 = a < 1, e bn > bn b = bn+1 = cn .
√ √ √
Logo, b > c, ou seja, n+1 a > n a e n a < 1 para todo n ∈ N.
√
Como, para todo a > 0, a seqüência ( n a)n∈N é monótona e limitada,
√
temos, pelo teorema 2.4, que existe lim n a = `.
n→∞
√
n
Afirmação: lim a = ` > 0.
n→∞
√ √ √
Se a > 1, lim n
a = inf{ n a | n ∈ N} ≥ 1, pois ( n a)n∈N é decrescente e 1
n→∞
1 1 1
Consideremos a subseqüência (a n(n+1) )n∈N = (a n − n+1 )n∈N . Pelo teorema
2.2 e pelo item (3) do teorema 3.2, obtemos:
1
1 1
− 1 an `
` = lim a n(n+1) = lim a n n+1 = lim 1 = = 1.
n→∞ n→∞ n→∞ a n+1 `
√
Exemplo 3.3 Podemos, agora, mostrar que n→∞
lim n n = 1.
√
Como ( n n)n∈N é uma seqüência decrescente a partir de seu terceiro
√
termo e n n ≥ 1 para todo n ∈ N, temos que
√ √
` = limn→∞ n n = inf{ n n | n ≥ 3} ≥ 1 .
1
Tomando a subseqüência ((2n) 2n )n∈N , obtemos que
h 1
i2 1
h 1 1
i
`2 = lim (2n) 2n = lim (2n) n = lim 2 n · n n
n→∞ n→∞ n→∞
1 1
= lim 2 · lim n = 1 · ` = ` .
n n
n→∞ n→∞
lim xn = 0, pois
n→∞
x
lim xn = lim yn n = 0.
n→∞ n→∞ yn
ilimitada.
• Suponhamos agora que lim xn = lim yn = 0. Neste caso, a seqüência
n→∞ n→∞
xn
pode ser convergente ou não. Por exemplo:
yn n∈N
1 1 x
◦ se xn = e yn = , a 6= 0, então n = a −→ a.
n an yn
(−1)n 1 xn
◦ se xn = e yn = , então a seqüência é diver-
n n yn n∈N
xn
gente, pois = (−1)n .
yn
1 1 xn
◦ se xn = e yn = 2 , então a seqüência não converge,
n n yn n∈N
xn
pois = n.
yn
Prova.
a a a
Dado ε = > 0, existe n0 ∈ N tal que a − < xn < a + para todo
2 2 2
a a
n ≥ n0 . Logo, xn > a − = > 0 para todo n ≥ n0 .
2 2
82 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades aritméticas dos limites
Prova.
Suponhamos, por absurdo, que lim xn > lim yn .
n→∞ n→∞
1 1 1
Por exemplo, tome xn = 0 e yn = , ou xn = 2 e yn = .
n n n
lim zn = a.
n→∞
Prova.
Dado ε > 0, existem n1 , n2 ∈ N tais que a − ε < xn < a + ε para todo
n ≥ n1 e a − ε < yn < a + ε para todo n ≥ n2 .
Seja n0 = max{n1 , n2 }. Então,a − ε < xn ≤ zn ≤ yn < a + ε para todo
n ≥ n0 .
Logo, lim zn = a.
n→∞
1 1 1 1
n
Exemplo 3.5 Sejam an = 1 + + + . . . + e bn = 1 + , n ∈ N.
1! 2! n! n
Já provamos antes que as seqüências (an )n∈N e (bn )n∈N são crescentes
e limitadas, e que bn < an para todo n ∈ N.
Então, lim bn ≤ lim an = e. Por outro lado, fixando p ∈ N, temos, para
n→∞ n→∞
todo n > p,
1 1 1 1 2
bn = 1+1+ 1− + 1− 1− + ...
2! n 3! n n
1 1 2 n−1
+ 1− 1− ... 1 −
n! n n n
1 1 1 1 2
≥ 1+1+ 1− + 1− 1− + ...
2! n 3! n n
1 1 p−1
+ 1− ... 1 − .
p! n n
4. Subseqüências
Prova.
(=⇒) Seja a = lim0 xn , onde N 0 = {n1 < n2 < . . . < nk < . . .}. Então,
n∈N
para todo ε > 0, existe k0 ∈ N tal que xnk ∈ (a − ε, a + ε) para todo k > k0 .
Como o conjunto {nk | k > k0 } é infinito, existem infinitos n ∈ N tais que
xn ∈ (a − ε, a + ε).
(⇐=) Para ε = 1, existe n1 ∈ N tal que xn1 ∈ (a − 1, a + 1).
84 J. Delgado - K. Frensel
Subseqüências
e
b = lim bn = inf bn = inf sup Xn .
n∈N n∈N
86 J. Delgado - K. Frensel
Subseqüências
1 1
Exemplo 4.4 Seja a seqüência (xn ), onde x2n−1 = − e x2n = 1 + ,
n n
n ∈ N. Então,
1 1 1 1
◦ X2n−2 = 1+ ,− ,1 + ,− ,... ,
n−1 n n n+1
1 1 1 1
◦ X2n−1 = − ,1 + ,− ,1 + ,... ,
n n n+1 n+1
1 1 1 1
◦ X2n = 1 + , − ,1 + ,− ,... ,
n n+1 n+1 n+2
1 1
Assim, inf X2n−2 = inf X2n−1 = − e sup X2n−1 = sup X2n = .
n 1+n
Logo, a = lim inf xn = sup inf Xn = 0 e b = lim sup xn = inf sup Xn = 1.
n n
Teorema 4.2 Seja (xn ) uma seqüência limitada. Então, a = lim inf xn é
o menor valor de aderência de (xn ) e b = lim sup xn é o maior valor de
aderência de (xn ).
Prova.
Vamos provar primeiro que a = lim inf xn é valor de aderência de (xn ).
Dados ε > 0 e n0 ∈ N, como a = lim an , existe n1 > n0 tal que
an1 ∈ (a − ε, a + ε). Sendo an1 = inf Xn1 e a + ε > an1 , existe n ≥ n1 tal
que a − ε < an1 ≤ xn < a + ε.
Provamos, então, que dados ε > 0 e n0 ∈ N, existe n > n0 tal que
xn ∈ (a − ε, a + ε). Logo, pelo teorema 4.1, a é valor de aderência de
(xn ).
Vamos, agora, provar que a é o menor valor de aderência de (xn ).
Seja c < a. Como a = lim an , existe n0 ∈ N, tal que c < an0 ≤ a. Ou seja,
c < an0 ≤ xn , para todo n ≥ n0 ,
pois an0 = inf{xn0 , xn0 +1 , . . .}.
Prova.
Como a = lim inf xn é valor de aderência de (xn ), (xn ) possui uma sub-
seqüência que converge para a.
Prova.
(=⇒) Se (xn ) é convergente e lim xn = c, então c é o único valor de
aderência de (xn ).
Logo, lim inf xn = lim sup xn = lim xn .
(⇐=) Suponhamos que a = lim inf xn = lim sup xn .
Como lim an = lim bn = a, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que
a − ε < an0 ≤ a ≤ bn0 < a + ε.
Mas, an0 ≤ xn ≤ bn0 para todo n ≥ n0 . Logo,
a − ε < an0 ≤ xn ≤ bn0 < a + ε ,
para todo n ≥ n0 .
Assim, lim xn = a .
Teorema 4.3 Sejam a = lim inf xn e b = lim sup xn , onde (xn ) é uma
seqüência limitada.
Então, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que a − ε < xn < b + ε para
todo n > n0 . Além disto, a é o maior e b é o menor número com esta
propriedade.
88 J. Delgado - K. Frensel
Subseqüências
Prova.
Seja ε > 0. Suponha que existe uma infinidade de ı́ndices n tais que
xn < a − ε. Estes ı́ndices formam um subconjunto N 0 ⊂ N infinito.
Então, a subseqüência (xn )n∈N 0 possui um valor de aderência c ≤ a − ε,
pois xn < a − ε para todo n ∈ N 0 , o que é absurdo, pois c < a e a é o
menor valor de aderência de (xn ).
Logo, dado ε > 0, existe n1 ∈ N tal que xn > a − ε para todo n > n2 .
De modo análogo, suponha que existe uma infinidade de ı́ndices n tais
que xn > b + ε. Então estes ı́ndices formam um subconjunto N 0 ⊂ N
infinito. A subseqüência (xn )n∈N 0 possui um valor de aderência c ≥ b + ε,
já que xn > b + ε para todo n ∈ N 0 , o que é absurdo, pois c ≥ b + ε > b
e b é o maior valor de aderência de (xn ). Logo, existe n2 ∈ N tal que
xn < b + ε para todo n > 1.
Seja n0 = max{n1 , n2 }. Então a − ε < xn < b + ε para todo n > n0 .
1
• Seja a < a 0 e tome ε = (a 0 − a). Então, a + ε = a 0 − ε.
2
Sendo a um valor de aderência de (xn ), existe uma infinidade de ı́ndices
n tais que a − ε < xn < a + ε = a 0 − ε. Logo, nenhum número real a 0 > a
goza da propriedade acima.
1
• Seja b 0 < b e tome ε = b − b 0 . Então, b 0 + ε = b − ε.
2
Como b é valor de aderência de (xn ), existe uma infinidade de ı́ndices n
tais que b 0 + ε = b − ε < xn < b + ε. Logo, nenhum número real b 0 < b
goza da propriedade.
Corolário 4.3 Se c < lim inf xn , então existe n1 ∈ N tal que c < xn para
todo n > n1 . Analogamente, se d > lim sup xn , então existe n2 ∈ N tal
que xn < d para todo n > n2 .
Prova.
Se c < a = lim inf xn , então c = a − ε, com ε = a − c > 0. Então,
pelo teorema 4.3, existe n1 ∈ N tal que xn > a − ε = c para todo n > n1 .
De modo análogo, podemos provar a afirmação com respeito ao
lim sup xn = b, tomando ε = d − b > 0.
Prova.
Suponhamos que xn ∈ [a, b] para todo n ∈ N. Seja
A = {t ∈ R | t ≤ xn para uma infinidade de ı́ndices n} .
Como a ≤ xn ≤ b para todo n ∈ N, temos que a ∈ A e nenhum elemento
de A pode ser maior do que b.
Assim, A 6= ∅ e é limitado superiormente por b.
Portanto, existe c = sup A.
Vamos usar o teorema 4.1 para provar que c é valor de aderência da
seqüência (xn ).
Dado ε > 0, existe t ∈ A tal que c − ε < t ≤ c. Logo, há uma infinidade de
ı́ndices n tais que c − ε < xn .
Por outro lado, como c + ε 6∈ A, existe apenas um número finito de ı́ndices
n tais que xn ≥ c + ε.
Assim, existe um número infinito de ı́ndices n tais que c − ε < xn < c + ε.
90 J. Delgado - K. Frensel
Seqüências de Cauchy
todo n ∈ N.
Assim, α = bn = sup Xn para todo n ≥ n1 .
1
Tome ε = (α − c) . Então, para todo n ≥ n1 , existe m > n tal que
2
1
α − ε < xm , ou seja, xm > (α + c) > c .
2
1
Portanto, o conjunto dos ı́ndices n tais que (α + c) < xn é ilimitado,
2
logo, infinito.
1 1
Então (α + c) ∈ A e (α + c) > c = sup A , o que é uma contradição.
2 2
Logo, c = sup A = α = lim sup xn .
5. Seqüências de Cauchy
Prova.
ε
Seja a = lim xn . Dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |xm − a| < e
2
ε
|xn − a| < , quaisquer que sejam m, n > n0 .
2
ε ε
Logo, |xm − xn | ≤ |xm − a| + |xn − a| < + = ε para todos m, n > n0 .
2 2
Prova.
Seja ε = 1 > 0. Então, existe n0 ∈ N tal que |xm − xn | < 1, quaisquer
que sejam m, n ≥ n0 .
Em particular, |xm − xn0 | < 1, ou seja, xn0 − 1 < xn < xn0 + 1 para todo
n ≥ n0 .
Sejam a o menor e b o maior elementos do conjunto
{xn0 − 1, xn0 + 1, xn1 , . . . , xn0 −1 } .
Então, a ≤ xn ≤ b para todo n ∈ N, ou seja, a seqüência (xn ) é limitada.
Prova.
ε
Dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |xm − xn | ≤ quaisquer que sejam
2
m, n > n0 .
Como a é limite de uma subseqüência de (xn ), existe, pelo teorema 4.1,
ε
n1 ∈ N, n1 > n0 , tal que |xn1 − a| < .
2
Logo,
ε ε
|xn − a| ≤ |xn − xn1 | + |xn1 − a| < + = ε,
2 2
para todo n > n0 .
Com isto, provamos que a = lim xn .
Prova.
Seja (xn ) uma seqüência de Cauchy.
Pelo lema 5.1, (xn ) é limitada e, portanto, pelo corolário 4.1, (xn ) possui
uma subseqüência convergente. Então, pelo lema 5.2, (xn ) é conver-
gente.
92 J. Delgado - K. Frensel
Seqüências de Cauchy
λn−1
Como lim |x2 − x1 | = 0 , dado ε > 0 , existe n0 ∈ N tal que
n→∞ 1 − λ
λn−1
0≤ |x2 − x1 | < ε para todo n > n0 .
1−λ
Logo, |xn+p − xn | < ε para todo p ∈ N e todo n > n0 , ou seja, |xm − xn | < ε
quaisquer que sejam m, n > n0 .
Então, (xn ) é de Cauchy e, portanto, converge.
Prova.
r √
1 a a a 2 a a2
x+ > ⇐⇒ x + > √ ⇐⇒ x2 + 2a + 2 > 2a, o que é
2 x 2 x 2 x
a2
verdadeiro, pois x2 ≥ 0 e ≥ 0.
x2
r
a a
• Pelo lema, temos que xn > , para todo n > 1. Portanto, xn xn+1 > ,
2 2
a
ou seja, < 1 para todo n > 1 .
2 xn xn+1
1
Afirmação: |xn+2 − xn+1 | ≤ |xn+1 − xn | para todo n > 1.
2
De fato, como
1 a 1 a
xn+2 − xn+1 = xn+1 + − xn +
2 xn+1 2 xn
1 a 1 1
= (xn+1 − xn ) + −
2 2 xn+1 xn
1 a xn − xn+1
= (xn+1 − xn ) + ,
2 2 xn+1 xn
temos que
|xn+2 − xn+2 | 1 a 1
≤ ,
= −
|xn+1 − xn | 2 2 xn xn+1 2
a
pois 0 < < 1.
2 xn xn+1
6. Limites infinitos
Definição 6.1 Dizemos que uma seqüência (xn ) tende para mais infi-
nito, e escrevemos lim xn = +∞, quando para todo número real A > 0
dado, existir n0 ∈ N tal que xn > A para todo n > n0 .
94 J. Delgado - K. Frensel
Limites infinitos
√
Exemplo 6.4 A seqüência ( p n)n∈N , para todo p ∈ N, tende para +∞,
√
pois é crescente e ilimitada superiormente, já que ( p np )n∈N = (n)n∈N é
√
uma subseqüência ilimitada superiormente da seqüência ( p n)n∈N .
Exemplo 6.5 A seqüência (nn )n∈N tende para +∞, pois nn ≥ n para
todo n ∈ N e a seqüência (n) tende para +∞.
Definição 6.2 Dizemos que uma seqüência (xn ) tende para −∞, e es-
crevemos lim xn = −∞, quando para todo A > 0 existir n0 ∈ N tal que
xn < −A para todo n > n0 .
Exemplo 6.6 A seqüência ((−1)n n)n∈N não tende para +∞ nem para
−∞, pois ela é ilimitada superiormente e inferiormente.
Prova.
(1) Existe b < 0 tal que yn ≥ b para todo n ∈ N. Dado A > 0, temos
que A − b > 0. Logo, existe n0 ∈ N tal que xn > A − b para todo n > n0 .
Assim, xn + yn > A − b + b = A para todo n > n0 e, portanto
lim(xn + yn ) = +∞ .
A
(2) Dado A > 0 existe n0 ∈ N tal que xn > para todo n > n0 . Logo,
c
A
xn yn > c = A para todo n > n0 . Portanto, lim xn yn = +∞ .
c
(3) Suponhamos que lim xn = 0 . Dado A > 0, existe n0 ∈ N tal que
1 1
0 < xn < para todo n > n0 . Logo, > A para todo n > n0 . Assim,
A xn
1
lim = +∞.
xn
96 J. Delgado - K. Frensel
Limites infinitos
1
Suponhamos, agora, que lim = +∞ .
xn
1 1
Dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que > para todo n > n0 .
xn ε
(b) Seja b > 0 tal que 0 < xn < b para todo n ∈ N. Dado ε > 0, existe
b
n0 ∈ N tal que yn > para todo n > n0 .
ε
xn b x
Então, 0 < < = ε para todo n > n0 e, portanto, lim n = 0 .
yn b/ε yn
√ √
Exemplo 6.9 Se xn = n + 1 e yn = − n, então lim xn = +∞ e
lim yn = −∞, mas
√ √ √ √
√ √ ( n + 1 − n)( n + 1 + n)
lim (xn + yn ) = lim ( n + 1 − n) = lim √ √
n→∞ n→∞ n→∞ n+1+ n
1
= lim √ √ = 0.
n→∞ n+1+ n
∞
Observação 6.6 é indeterminado, ou seja, se lim xn = +∞ e
∞
xn
lim yn = +∞ , nada se pode dizer sobre o limite da seqüência .
yn
Pode ser que essa seqüência convirja, que tenha limite +∞ ou que não
tenha limite algum.
an
Exemplo 6.16 Se a > 1 , então lim = +∞ , para todo p ∈ N .
np
Como a > 1, a = 1 + h, onde h > 0. Logo, para todo n ≥ p,
X n n−j j X n j
n p+1
n n
a = (1 + h) = 1 h ≥ h
j=0
j j=0
j
n(n − 1) 2 n(n − 1) . . . (n − p) p
= 1 + nh + h + ... + h .
2! p!
Daı́,
an 1 h 1 1 h2
≥ + + 1 − + ...
np np np−1 2 n np−2
1 1 p−1 n 1 p
p−1
+ 1− ... 1 − h + 1− ... 1 − hp .
(p − 1)! n n p! n n
98 J. Delgado - K. Frensel
Séries numéricas
Como
2
1 h 1 1 h 1 1 p−1
lim + p−1 + 1− + ... + 1− ... 1 − hp−1
n→∞ np n 2 n np−2 (p − 1)! n n
n 1 p p
+ 1− ... 1 − h = +∞ ,
p! n n
an
temos que lim = +∞ , qualquer que seja p ∈ N.
n→∞ np
an
Exemplo 6.17 Mas, n→∞
lim = 0, a > 0.
nn
a 1
De fato, seja n0 ∈ N tal que < .
n0 2
n
an
a n a 1
Então, 0 < n = ≤ < ; para todo n ≥ n0 .
n n n0 2n
an 1 an
Logo, 0 ≤ lim ≤ lim = 0 , ou seja, lim = 0.
nn 2n nn
n!
Exemplo 6.18 Para todo número real a > 0, tem-se lim = +∞ .
an
n0
De fato, seja n0 ∈ N tal que > 2. Logo, para todo n > n0 , temos que
a
n! n ! n +1 n + (n − n0 ) n !
n
= n00 0 ... 0 > 0n 2n−n0 ,
a a a a a0
n! n0 ! n n n!
ou seja, n
> n
2 . Como lim 2 = +∞, temos que lim = +∞ .
a (2a) 0 an
Isso significa que n! cresce mais rápido do que an , para a > 0 fixo.
7. Séries numéricas
Notação: Usaremos também a Se a seqüência das reduzidas não converge, dizemos que a série
notação
P
an para designar a P
∞
an é divergente ou que diverge.
X
série an .
n=1
Observação 7.1 Toda seqüência (xn ) pode ser considerada como a
seqüência das reduzidas de uma série.
De fato, basta tomar a1 = x1 e an+1 = xn+1 − xn , para todo n ∈ N, pois,
assim, teremos:
s1 = x1 ,
s2 = a1 + a2 = x1 + x2 − x1 = x2 ,
.. ..
. .
sn = x1 + (x2 − x1 ) + . . . + (xn − xn−1 ) = xn .
X
∞
Assim, a série x1 + (xn+1 − xn ) converge se, e só se, a seqüência (xn )
n=1
Prova.
Seja s = lim sn , onde sn = a1 + . . . + an .
Então, lim sn−1 = s. Logo, como an = sn − sn−1 , temos que
lim an = lim(sn − sn−1 ) = lim sn − lim sn−1 = 0.
X
∞
1 1 1
• Como consequência, para 0 < r < 1, a série diverge, pois >
nr n r n
n=1
Lembre que: nr = er log n <
para todo n > 1. elog n = n .
X
∞
Exemplo 7.2 A série geométrica an é
n=0
1 X
∞
1
que tende para . Isto é, an = , se |a| < 1.
1−a 1−a
n=0
X
n X
n
Afirmação: c` = ai bj , para todo n ∈ N.
`=1 i,j=1
X
1 X
1
◦ Se n = 1, c` = c1 = a1 b1 = ai bj .
`=1 i,j=1
Então,
X X X X
n+1 n n
! n
!
c` = c` + cn+1 = ai bj + cn+1
`=1 `=1 i=1 j=1
X X X X
n
! n
! n+1 n
= ai bj + ai bn+1 + an+1 bj
i=1 j=1 i=1 j=1
X X X X
n
! n
! n n
= ai bj + ai bn+1 + an+1 bn+1 + an+1 bj
i=1 j=1 i=1 j=1
X X X
n
! n+1
! n+1
= ai bj + an+1 bj
i=1 j=1 j=1
X X
n+1
! n+1
!
= ai bj .
i=1 j=1
X
∞
1
Exemplo 7.3 A série é convergente e sua soma é 1.
n(n + 1)
n=1
1 1 1
De fato, como = − , a reduzida de ordem n da série é
n(n + 1) n n+1
1
1 1 1 1
1
sn = 1 − + − + ... + − =1− .
2 2 3 n n+1 n+1
P 1
Logo, = lim sn = 1.
n(n + 1)
P
Exemplo 7.4 A série (−1)n+1 = 1 − 1 + 1 − 1 + . . . é divergente, pois
seu termo geral não tende para zero. Suas reduzidas de ordem par são
iguais a zero e as de ordem ı́mpar são iguais a um.
X
∞ X
∞
Observação 7.3 A série an converge se, e somente se, an
n=1 n=n0
P
Teorema 7.2 Seja an ≥ 0 para todo n ∈ N. A série an converge se, e
somente se, a seqüência das reduzidas é limitada, ou seja, se, e somente
se, existe k > 0 tal que sn = a1 + . . . + an < k para todo n ∈ N.
Prova.
Como an ≥ 0 para todo n, a seqüência (sn ) é monótona não-decrescente.
Logo, (sn ) converte se, e somente se, (sn ) é limitada.
Prova.
Sejam sn0 = an0 + . . . + an e tn0 = bn0 + . . . + bn para todo n ≥ n0 .
P
◦ Se a série bn converge, existe k > 0 tal que b1 + . . . + bn < k
para todo n ∈ N. Logo, a seqüência crescente (sn0 ) converge, pois sn0 < k
para todo n ≥ n0 .
X X
∞
Assim, a série an converge, e, portanto, an é uma série conver-
n≥n0 n=1
gente.
P
◦ Se a série an diverge, a seqüência (sn ) de suas reduzidas,
tende a ∞. Como sn0 = sn − sn0 −1 , temos que a seqüência (sn0 ) tende a ∞.
P 1
Então a série bn diverge, pois tn ≥ tn0 ≥ sn0 , para todo n ≥ n0 , já que
c
bn ≥ an c para todo n ≥ n0 .
X
∞
1
Exemplo 7.5 Se r > 1, a série é convergente.
nr
n=1
1
Como os termos da série são positivos, a seqüência (sn ) de suas re-
nr
duzidas é crescente.
Então, para provar que (sn ) converge, basta mostrar que (sn ) possui uma
subseqüência limitada.
Para m = 2n − 1,
1 1
1 1 1 1
s2n −1 = 1 + r + r + r + r + r + r + . . .
2 3 4 5 6 7
1 1
+ n−1 r
+ ... + n r
(2 ) (2 − 1)
2 4 2n−1
< 1+ + + . . . +
2r 4r (2n−1 )r
X
n−1
2 i
= ,
2r
i=0
1 1
pois = n−1 .
(2n − 1)r (2 + 2n−1 − 1)r
2 X 2 ∞ n
Como r > 1, temos r < 1. Logo, a série converge e é, portanto,
2 2r
n=0
Prova.
P
Seja (sn ) a seqüência das reduzidas da série an .
Como sn+p − sn = an+1 + . . . + an+p , basta aplicar à seqüência (sn ) o
critério de Cauchy para seqüências.
P
Definição 7.1 Uma série an chama-se absolutamente convergente
P
quando a série |an | é convergente.
Exemplo 7.6 Toda série convergente cujos termos não mudam de sinal
é absolutamente convergente.
P
Exemplo 7.7 Se −1 < a < 1, a série geométrica an é absolutamente
convergente.
X
∞
(−1)n+1
Exemplo 7.8 A série é convergente, mas não é absoluta-
n
n=1
mente convergente.
Já provamos que a série
X (−1)n+1 X
∞ ∞
1
n
= ,
n
n=1 n=1
P (−1)n+1
é divergente. Vamos mostrar agora que a série é convergente.
n
◦ Suas reduzidas de ordem par são:
1 1
1 1
s2 = 1 − ; s4 = 1 − + − ;...;
2 2 3 4
1
1 1 1 1
s2n = 1 − + − + ... + − ;...
2 3 4 2n − 1 2n
1 1
Como − > 0, para todo j > 1, temos que a subseqüência (s2n )
j−1 j
é crescente.
Além disso, (s2n ) é limitada superiormente.
Com efeito, existe c > 0 tal que
1 1 1
s2n = + + ... +
2×1 3×4 (2n − 1) × (2n)
1 1
< 1+ 2
+ ... + < c,
3 (2n − 1)2
P 1
para todo n ∈ N, pois a série é convergente e, portanto, limitada.
n2
Logo, existe lim s2n = s 0 .
◦ Suas reduzidas de ordem ı́mpar são:
1 1
s1 = 1 ; s3 = 1 − − ;...;
2
1 1 3 1 1
s2n−1 = 1 − − + ... + − ;...
2 3 2n − 2 2n − 1
P P
Definição 7.2 Se a série an é convergente, mas a série |an | é
P
divergente, dizemos que an é condicionalmente convergente.
Prova.
P
Se a série |an | converge, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que
|an+1 | + . . . + |an+p | < ε ,
quaisquer que sejam n > n0 e p ∈ N. Logo, como
|an+1 + . . . + an+p | ≤ |an+1 | + . . . + |an+p | < ε ,
P
temos, pelo critério de Cauchy para séries, que a série an converge.
P
Corolário 7.2 Seja bn uma série convergente com bm ≥ 0 para todo
n ∈ N.
Se existem k > 0 e n0 ∈ N tais que |an | ≤ kbn para todo n > n0 , então a
P
série an é absolutamente convergente.
Prova.
Dado ε > 0, existe n1 ∈ N tal que
ε
|bn+1 + . . . + bn+p | = bn+1 + . . . + bn+p < ,
k
quaisquer que sejam n > n1 e p ∈ N.
Tome n2 = max{n1 , n0 }. Então,
|an+1 | + . . . + |an+p | ≤ k (bn+1 + . . . + bn+p ) < ε ,
quaisquer que sejam n > n0 e p ∈ N.
Corolário 7.3 Se, para todo n > n0 tem-se |an | ≤ kcn , onde 0 < c < 1
P
e k > 0, então a série an é absolutamente convergente.
Prova.
P
Basta aplicar o corolário anterior, já que a série geométrica cn con-
verge se 0 < c < 1.
De fato, seja 0 < d < 1 tal que lim sup xn < d. Então, pelo corolário 4.3,
existe n0 ∈ N tal que n |an | < d < 1 para todo n > n0 .
p
P
|an | < 1, então a série
p
Corolário 7.5 Se lim n
an é absolutamente
convergente.
P
|an | = 1 e lim an = 0, a série
p
Observação 7.6 Se lim n
an pode
convergir ou não.
P1 P 1
Por exemplo, para ambas as séries e
temos que lim an = 0 e
n n2
r 2
1 1 1
lim |an | = 1, pois lim √
p
n n
n
= 1 e, portanto, lim 2
= lim √n
= 1.
n n n
P1 P 1
No entanto, a série diverge e a série converge.
n n2
X
∞
Exemplo 7.9 Consideremos a série nr an , onde a, r ∈ R. Temos
n=1
√ r √ r
lim n |nr an | = lim n |a| = |a| lim n n = |a|.
p n
n→∞ n→∞
an
Se |a| > 1 e r < 0, temos que lim −r = +∞. Logo, neste caso, a série
n→∞ n
P r n
n a também diverge.
P 1
• Se a = 1 e r < −1. a série converge, pois −r > 1.
n−r
P 1
• se a = 1 e −1 ≤ r < 0, a série diverge, pois 0 < −r ≤ 1.
n−r
P (−1)n
• se a = −1 e r < −1, a série é absolutamente convergente, pois
n−r
P 1
converge.
n−r
P (−1)n
• Se a = −1 e −1 ≤ r < 0, a série é condicionalmente con-
n−r
vergente, como veremos depois, usando o critério de Leibniz (corolário
7.9).
|a|
|b2n−1 | = lim |a|2n−2 = lim = |a| ,
2n−1
p 2n−1
p
lim
|a|
2n−1
p
temos que a série converge absolutamente se |a| < 1 e diverge se |a| > 1.
Portanto, a série converge (absolutamente) se, e somente se, |a| < 1.
Prova.
Seja n > n0 . Então,
|a |
ou seja, |an | ≤ k bn , onde k = n0 +1 . Então, pelo corolário 7.2, a série
bn0 +1
P
an é absolutamente convergente.
|an+1 |
Corolário 7.6 Se existe uma constante c tal que 0 < c < 1 e ≤c
|an |
P
para todo n ≥ n0 , então a série an é absolutamente convergente.
|an+1 | P
Ou seja, se lim sup < 1, a série an converge absolutamente.
|an |
Prova.
P
Basta tomar bn = cn no teorema anterior, pois a série geométrica cn
converge se 0 < c < 1.
|an+1 | P
Corolário 7.7 Se lim < 1 então a série an é absolutamente
|an |
convergente.
P
Exemplo 7.11 Seja a série nan . Como
|(n + 1)an+1 |
n + 1
lim = lim |a| = |a| ,
|na |n n
P
temos que a série an converge se |a| < 1.
Neste caso, o teste da raiz e da razão levam ao mesmo resultado, pois,
como já vimos, lim n n |a|n = |a| .
p
|an+1 |
Logo, lim sup = 2|a| e, pelo teste da razão, a série converge se
|an |
1
|a| < .
2
|an+1 |
, então existe também lim n |an | e, mais ainda,
p
e, se existe lim
|an |
esses limites coincidem.
X
∞
xn
Exemplo 7.13 Seja a série , onde x ∈ R.
n!
n=0
|x|n+1 n! |x| X
∞
xn
Como · n = −→ 0, temos que a série é absoluta-
(n + 1)! |x| n+1 n!
n=0
|an+1 |
Observação 7.7 Quando lim = 1 nada se pode afirmar, ou seja,
|an |
P
a série an pode convergir ou divergir. Por exemplo,
P1 |an+1 | n+1
• a série harmônica diverge e lim = lim = 1;
n |an | n
P 1 |an+1 | n+1
2
• a série converge e lim = lim = 1.
n2 |an | n
|an+1 | P
Observação 7.8 Quando ≥ 1 para todo n ≥ n0 , a série an
|an |
diverge, pois seu termo geral não tende para zero.
P
Mas, ao contrário do teste da raiz, não se pode concluir que a série an
|an+1 |
diverge apenas pelo fato de se ter ≥ 1 para “uma infinidade de
|an |
valores de n”.
P
Com efeito, se an é uma série convergente qualquer e an > 0 para todo
n ∈ N, a série a1 + a1 + a2 + a2 + . . . + an + an + . . . também é convergente,
0 0
pois s2n = 2sn e s2n−1 = 2sn − an e, portanto,
0 0
P
lim s2n = lim s2n−1 = 2s = 2 an ,
Teorema 7.6 Seja (an ) uma seqüência limitada de números reais posi-
tivos. Então,
an+1 √ √ a
lim inf ≤ lim inf n an ≤ lim sup n an ≤ lim sup n+1 .
an an
an+1 √
Em particular, se existir lim , existirá, também, lim n an e os dois limi-
an
tes serão iguais.
Prova.
Vamos provar que
an+1 √
lim inf ≤ lim inf n an .
an
ap
ap
k= . Logo,
cp
√ √
√ √
inf { an+1 , . . . } ≥ inf
n n+1
n
an , n+1
c k, c k, . . .
pois,
√ √ √ √
n n+1 m
inf c k, c k, . . . ≤ c k < m am ,
√ √
n n+1
para todo m ≥ n e n > p. Ou seja, inf c k, c k, . . . é uma cota
√ √
inferior do conjunto { n
an , n+1
an+1 , . . . } , para todo n > p.
Assim, temos que
√ √
n
√
n
an ≥ lim inf c k = lim c k = c ,
lim inf n
√
o que é absurdo, pois estamos supondo que lim inf n an < c.
A desigualdade
√ an+1
lim sup n
an ≤ lim sup
an
Mas,
√ 1
• lim 2n−1
x2n−1 = lim(an bn−1 ) 2n−1
n n−1
= lim a 2n−1 b 2n−1
1 1 1 1
= lim a 2 + 2(2n−1) b 2 − 2(2n−1)
√ 1
√ 1
= a lim a 2(2n−1) b lim b− 2(2n−1)
√
= ab
√ √
2n
√ √
• lim 2n
x2n = lim an bn = lim a b = a b
√ √
Logo, lim n
xn = a b .
Este exemplo mostra que pode existir o limite da raiz sem que exista
o limite da razão.
1 1 √
Exemplo 7.15 Seja xn = √
n
. Tome yn = . Então, xn = n yn .
n! n!
Como
yn+1 1 1
lim = lim n! = lim = 0,
yn (n + 1)! n+1
√
temos que lim n
yn também existe e
√ y
lim n yn = lim n+1 = 0 .
yn
√
Logo, lim xn = lim n
yn = 0.
n nn √
Exemplo 7.16 Seja xn = √
n
e considere yn = . Então, n yn = xn .
n! n!
Como
yn+1 (n + 1)n+1 n! (n + 1)(n + 1)n n! 1
n
= · n = = 1+ −→ e ,
yn (n + 1)! n n!(n + 1)nn n
√
temos que existe lim n
yn e
√ yn+1
lim xn = lim n
yn = lim = e.
yn
Prova.
Vamos mostrar, primeiro, por indução, que, para todo n ≥ 2,
X
n
a1 b1 + a2 b2 + a3 b3 + . . . + an bn = si−1 (bi−1 − bi ) + sn bn ,
i=2
ou seja,
De fato
• Se n = 2, a1 b1 + a2 b2 = a1 (b1 − b2 ) + (a1 + a2 )b2 .
• Suponhamos que a igualdade é verdadeira para n. Então,
a1 b1 + a2 b2 + . . . + an bn + an+1 bn+1
X
n
= si−1 (bi−1 − bi ) + sn bn + an+1 bn+1
i=2
Xn
= si−1 (bi−1 − bi ) + sn (bn − bn+1 ) + sn bn+1 + an+1 bn+1
i=2
X
n+1
= si−1 (bi−1 − bi ) + sn+1 bn+1 .
i=2
Como a seqüência (sn ) é limitada, existe k > 0 tal que |sn | ≤ k para todo
n ∈ N.
Temos também que a reduzida de ordem n da série de termos não-
X
∞
negativos (bn−1 − bn ) é b1 − bn+1 , que converge para b1 .
n=2
X
∞ X
∞
Logo, a série sn−1 (bn−1 −bn ) é convergente, pois a série (bn−1 −bn )
n=2 n=2
converge e
|sn−1 (bn−1 − bn )| ≤ k(bn−1 − bn ) , para todo n ≥ 2.
X
∞
Então a série an bn é convergente, pois lim sn bn = 0, ou seja, a redu-
n=1
X
n
P
zida si−1 (bi−1 − bi ) + sn bn de ordem n da série an bn converge.
i=2
Prova.
Como a seqüência (bn ) é não-crescente e limitada inferiormente, existe
lim bn = b e b ≤ bn para todo n ∈ N.
Logo, lim(bn − b) = 0 e (bn − b) é uma seqüência não-crescente.
P
Então, pelo teorema de Dirichlet, a série an (bn − b) é convergente e,
P P
portanto, a série an bn também é convergente, já que a série b an
converge.
Prova.
P
Pelo teorema de Dirichlet, a série (−1)n bn converge, pois as reduzidas
P
da série (−1)n são limitadas por 1.
P (−1)n
Exemplo 7.17 A série é convergente para todo r > 0, pois a
nr
1
seqüência é decrescente e tende para zero.
nr
P (−1)n
Logo, a série é condicionalmente convergente para 0 < r ≤ 1,
nr
P 1
pois já provamos que a série não converge quando r ≤ 1.
nr
X
∞
cos(nx) X sen(nx)
Exemplo 7.18 Se x 6= 2πk , k ∈ Z, as séries e ,
n n
n=1
são convergentes.
1
Como a seqüência é decrescente e tende para zero, basta mostrar
n
que as reduzidas sn = cos(x) + cos(2x) + . . . + cos(nx) e tn = sen(x) +
P P
sen(2x) + . . . + sen(nx) das séries cos(nx) e sen(nx) são limitadas.
Temos que 1 + sn e tn são, respectivamente, a parte real e imaginária do
número complexo
1 − (eix )n+1
1 + eix + . . . + einx = .
1 − eix
Ou seja, a seqüência 1 + eix + . . . + einx n∈N
é limitada e, portanto, as
seqüências de suas partes reais e imaginárias são, também, limitadas.
P
Observação 7.9 Dada uma série an , definimos
an se an > 0
pn =
0 se an ≤ 0 .
X
∞
(−1)n+1 1 1 1
Exemplo 7.19 Já sabemos que a série = 1− + − +
n 2 3 4
n=1
P 1 P 1
pn = 1 + 0 + + 0 + . . . e a série das partes negativas qn = 0 + +
3 2
1
0+ + . . . divergem.
4
8. Aritmética de séries
P P
Exemplo 8.1 Sejam an e
bn séries convergentes com somas s e
P
t, respectivamente. Já sabemos que a série (an + bn ) = (a1 + b1 ) +
(a2 + b2 ) + . . . converge para s + t.
Vamos provar que a série a1 + b1 + a2 + b2 + . . ., obtida pela dissociação
P
dos termos da série (an + bn ) converge e sua soma é s + t.
Observamos, primeiro, que esta afirmação não decorre do provado acima,
P P
pois não estamos supondo que an e bn sejam absolutamente con-
vergentes e nem que os seus termos an e bn tenham o mesmo sinal.
P P
Sejam sn e tn as reduzidas das séries an e bn respectivamente.
Então, a série a1 +b1 +a2 +b2 +a3 +b3 +. . . tem como reduzidas de ordem
par r2n = sn +tn e como reduzidas de ordem ı́mpar r2n−1 = sn−1 +tn−1 +an .
Como lim an = 0 , segue-se que lim r2n = lim r2n−1 = s + t . Logo, lim rn =
s + t , ou seja, a série a1 + b1 + a2 + b2 + . . . converge e tem soma s + t.
P
• Comutatividade: Dada uma série an , mudar a ordem de seus termos
significa considerar uma bijeção ϕ : N −→ N para formar uma nova série
P
bn , cujo termo geral é bn = aϕ(n) , para todo n ∈ N.
P
Definição 8.1 Uma série an é comutativamente convergente quando,
P
para toda bijeção ϕ : N −→ N, a série bn , cujo termo geral é bn = aϕ(n) ,
P P
é convergente e an = bn .
X
∞
(−1)n+1 1 1 1
Exemplo 8.2 A série = 1− + − + . . . é convergente,
n 2 3 4
n=1
Provaremos depois que a soma s
da série do exemplo 8.2 é igual a mas não é absolutamente convergente.
log 2 , usando a série de Taylor da
função logaritmo. X
∞
(−1)n+1 1
Seja s = . Multiplicando os termos da série por , obtemos
n 2
n=1
s X
∞
(−1)n+1 1 1 1 1 1
= = − + − + ...
2 2n 2 4 6 8 10
n=1
Então,
s 1 1 1 1 1
=0+ +0− +0+ +0− +0+ ...,
2 2 4 6 8 10
pois, quando incluimos zeros entre os termos de uma série, não alteramos
a sua convergência e nem a sua soma.
P P
• De fato, se sn e tn são as reduzidas da série an e da série bn ,
obtida acrescentando zeros entre os termos an , temos que, dado n0 ∈ N,
existe m0 ∈ N, m0 ≥ n0 , tal que tm0 = sn0 .
Assim, se |sn − s| < ε para todo n ≥ n0 , então |tn − s| < ε para todo
m ≥ m0 , pois para todo m ≥ m0 existe n ≥ n0 tal que t m = s n.
Então, somando termo a termo as séries
s 1 1 1 1 1
=0+ +0− +0+ +0− +0+ ... ,
2 2 4 6 8 10
e
1 1 1 1 1 1 1 1 1
s=1− + − + − + − + − + ...,
2 3 4 5 6 7 8 9 10
obtemos a série
3s 1 1 1 1 1 1 1 1
=1+0+ − + +0+ − + + − + ...
2 3 2 5 7 4 9 11 6
Pela propriedade associativa, podemos retirar os termos zeros de uma
Prova.
P
• Suponhamos, primeiro, que an é uma série convergente com an ≥ 0
para todo n.
Seja ϕ : N −→ N uma bijeção e tomemos bn = aϕ(n) .
P P P
Vamos provar que a série bn é convergente e que bn = an .
Logo,
X
m X
n
sm = bϕ−1 (i) ≤ bj = tn .
i=1 j=1
P
Afirmação 3: lim sn = lim tn = s , ou seja, bn é convergente e
P P
bn = an .
De fato, como s = lim sm = sup sm e t = lim tn = sup tn , temos que
m∈N n∈N
e
vn = 0 = qϕ(n) = −aϕ(n) = −bn , se aϕ(n) = bn < 0
v = 0 = q
n ϕ(n) = 0 , se aϕ(n) = bn ≥ 0 .
P P
• Pelo provado anteriormente, as séries un e vn convergem, sendo
P P P P
un = pn e vn = qn .
P P P P
Logo, a série bn é absolutamente convergente e bn = un − vn .
P P P P P P
Além disso, an = pn − qn = un − vn = bn .
P
Teorema 8.2 Seja an uma série condicionalmente convergente. Dado
P
qualquer número real c, existe uma reordenação (bn ) dos termos de an ,
P
de modo que bn = c.
Prova.
Sejam pn a parte positiva e qn a parte negativa de an . Como a série
P
an é condicionalmente convergente, temos que lim an = 0, e, portanto,
P P
lim pn = lim qn = 0, mas pn = +∞ e qn = +∞.
P
Vamos reordenar os termos da série an da seguinte maneira:
Sejam
◦ n1 ∈ N o menor ı́ndice tal que p1 + . . . + pn1 > c .
◦ n2 ∈ N o menor ı́ndice tal que
p1 + . . . + pn1 − q1 − . . . − qn2 < c .
◦ n3 ∈ N o menor ı́ndice tal que
p1 + . . . + pn1 − q1 − . . . − qn2 + pn1 +1 + . . . + pn3 > c .
◦ n4 ∈ N o menor ı́ndice tal que
p1 + . . . + pn1 − q1 − . . . − qn2 + pn1 +1 + . . . + pn3 − qn2 +1 − . . . − qn4 < c .
P P
Esses ı́ndices existem, pois pn = +∞ e qn = +∞.
Prosseguindo desta maneira, obtemos uma reordenação da série tal que
as reduzidas tn da nova série tendem para c.
0 < tni−1 +ni − c < pni , e 0 < c − tni +ni+1 < qni+1 ,
X
ni X
ni−1
pois ni é o menor inteiro tal que pn − q` > c e ni+1 é o menor
j=1 `=1
X
ni X
ni +1
Sendo lim pni = lim qni+1 = 0 , temos que lim tni +ni+1 = lim tni−1 +ni = 0 .
Além disso, dado n ∈ N, existe i ı́mpar, tal que
◦ ni−1 + ni < n < ni + ni+1 =⇒ tni +ni+1 ≤ tn ≤ tni−1 +ni ,
ou
◦ ni + ni+1 < n < ni+1 + ni+2 =⇒ tni +ni+1 ≤ tn ≤ tni+1 +ni+2 .
Logo, lim tn = c, ou seja, a nova série tem soma c.
P
Observação 8.1 Podemos reordenar uma série an condicionalmente
convergente de modo que a série reordenada tenha soma +∞ ou −∞.
De fato, sejam
◦ n1 ∈ N tal que p1 + . . . + pn1 > 1 + q1 ,
◦ n2 ∈ N tal que n2 > n1 e
p1 + . . . + pn1 − q1 + pn1 +1 + . . . + pn2 > 2 + q2 ,
◦ n3 ∈ N tal que n3 > n2 e
p1 + . . . + pn1 − q1 + pn1 +1 + . . . + pn2 − q2 + pn2 +1 + . . . + pn3 > 3 + q3 .
P
Prosseguindo desta maneira, obtemos uma reordenação da série an ,
de modo que as reduzidas tn da nova série satisfazem:
tni +(i−1) > i + qi ≥ i e tni +i > i , para todo i ∈ N .
Como, dado A > 0, existe i0 ∈ N, tal que i0 > A, temos que tn > i0 > A
X X
Teorema 8.3 Se an e bn são séries absolutamente convergen-
n≥0 n≥0
tes, então
P P P
( an ) ( bn ) = cn ,
onde cn = a0 bn + a1 bn−1 + . . . + an b0 para todo n ≥ 0.
Prova.
Já sabemos que, para todo n ≥ 0,
X X X
n
! n
! n
ai bj = ai bj = x0 + x1 + . . . + xn ,
i=0 j=0 i,j=0
onde
X
n X
n−1
xn = ai bn + an bj
i=0 j=0
= a0 bn + a1 bn + . . . + an bn + an bn−1 + . . . + an b0 .
P P P
E, portanto, ( an ) ( bn ) = xn .
P
Pela dissociação dos termos xn , obtemos a série ai bj , cujos termos
são ordenados de modo que as parcelas de xn precedem as de xn+1 .
P
Para cada k ≥ 0, a reduzida de ordem (k + 1)2 da série |ai bj | é
X X X X X
k k
! k
! ! !
|ai | |bj | = |ai | |bj | ≤ |an | |bn | ,
i,j=0 i=0 j=0 n≥0 n≥0
P
ou seja, a subseqüência das reduzidas de ordem (k + 1)2 da série |ai bj |
é limitada.
P
Logo, a seqüência das reduzidas da série |ai bj | é convergente, por ser
Parte 4
Topologia da reta
1. Conjuntos abertos
Observação 1.2 x é um ponto interior de X se, e só se, existe ε > 0 tal
que |y − x| < ε =⇒ y ∈ X.
De fato,
|y − x| < ε ⇐⇒ −ε < y − x < ε ⇐⇒ x − ε < y < x + ε ⇐⇒ y ∈ (x − ε, x + ε).
Observação 1.3
• int X ⊂ X.
• X ⊂ Y então int X ⊂ int Y.
• Se int X 6= ∅, X contém um intervalo aberto, sendo, portanto, infinito
não-enumerável.
Logo, int X = ∅, se X é finito ou infinito enumerável.
Em particular int N = int Z = int Q = ∅.
• O conjunto R − Q dos números irracionais, apesar de ser infinito não-
enumerável, também possui interior vazio, pois todo intervalo aberto contém
um número racional.
Exemplo 1.2 Sejam X = [c, d], Y = [c, +∞) e Z = (−∞, d]. Então,
int X = (c, d) , int Y = (c, +∞) , int Z = (−∞, d) .
De fato, se x ∈ (c, d), temos que x ∈ (c, d) ⊂ X. Logo, (c, d) ⊂ int X.
Além disso, como para todo intervalo aberto (a, b) contendo c, (a, c) 6⊂ X,
temos que c 6∈ int X.
Do mesmo modo, d 6∈ int X, pois para todo intervalo aberto (a, b) que
contém d, temos que (d, b) 6⊂ X. Então, int X ⊂ (c, d). Logo, int X = (c, d).
Analogamente, podemos provar os outros casos e, também, que
int(c, d] = int[c, d) = (c, d).
Prova.
Sejam A1 , . . . , An ⊂ R conjuntos abertos e seja
A = A1 ∩ . . . ∩ An .
Se x ∈ A, então x ∈ Ai para todo i = 1, . . . , n.
Logo, para cada i = 1, . . . , n existe um intervalo aberto (ai , bi ) tal que
x ∈ (ai , bi ) ⊂ Ai .
Sejam a = max{a1 , . . . , an } e b = min{b1 , . . . , bn }.
Como para todo i = 1, . . . , n ai < x < bi , temos que ai ≤ a < x < b ≤ bi .
Ou seja x ∈ (a, b) ⊂ (ai , bi ) ⊂ Ai para todo i = 1, . . . , n.
Logo, x ∈ (a, b) ⊂ A.
é um conjunto aberto.
Prova.
S
Se x ∈ A = λ∈L Aλ , então existe λ0 ∈ L tal que x ∈ Aλ0 .
1 1
seja, x 6∈ An0 = − , .
n0 n0
Logo, se x 6= 0, então x 6∈ A.
1 1
De fato, se x ∈ [a, b], então a − ≤ a ≤ x ≤ b < b + para todo n ∈ N,
n n
∞
1 1
\
ou seja, x ∈ a− ,b + . Assim [a, b] ⊂ A.
n n
n=1
1 1
Se x > b, existe n0 ∈ N tal que < x − b, ou seja, x > b + . Então
n0 n0
∞
1 1 1 1
\
x 6∈ a − ,b + e, portanto, x 6∈ a− ,b + .
n0 n0 n n
n=1
1
De modo análogo, se x < a, existe n0 ∈ N tal que < a − x, ou seja,
n0
1 1 1
x < a − . Logo, x 6∈ a − , a + e, portanto, x 6∈ A.
n0 n0 n0
∞ ∞
1 1 1 1
\ \
Então, a − ,b + ⊂ [a, b]. Logo, a − ,b + = [a, b].
n n n n
n=1 n=1
Lema 1.1 Seja (Iλ )λ∈L uma famı́lia de intervalos abertos, todos con-
tendo o ponto p ∈ R.
[
Então, I = Iλ é um intervalo aberto.
λ∈L
Prova.
Para cada λ ∈ L, seja Iλ = (aλ , bλ ). Então, aλ < bµ quaisquer que se-
jam λ, µ ∈ L, pois aλ < p < bµ .
Sejam a = inf{aλ | λ ∈ L} e b = sup{bλ | λ ∈ L}.
Então, a ≤ aλ < p < bλ ≤ b, ou seja, a < b.
Pode, ainda, ocorrer que seja a = −∞ ou b = +∞, ou seja, pode ocorrer
que o conjunto {aλ | λ ∈ L} seja ilimitado inferiormente ou que o conjunto
{bλ | λ ∈ L} seja ilimitado superiormente.
[
Afirmação: (a, b) = Iλ .
λ∈L
[
Como a ≤ aλ < bλ ≤ b para todo λ ∈ L, temos que Iλ ⊂ (a, b).
λ∈L
Prova.
Para cada x ∈ A, seja Ix a reunião de todos os intervalos abertos que
contêm x e estão contidos em A. Cada Ix , pelo lema anterior, é um inter-
valo aberto tal que x ∈ Ix ⊂ A.
Se I é um intervalo aberto qualquer que contém x e está contido em A,
então, I ⊂ Ix . Isto é, Ix é o maior intervalo aberto que contém x e está
contido em A.
Afirmação 1: Se x, y ∈ A, então Ix = Iy ou Ix ∩ Iy = ∅.
• Suponhamos que existe z ∈ Ix ∩ Iy , ou seja, Ix ∩ Iy 6= ∅. Então, pelo
lema anterior, I = Ix ∪ Iy é um intervalo aberto contido em A que contém
os pontos x e y. Logo, I ⊂ Ix e I ⊂ Iy . Mas, como I ⊃ Ix e I ⊃ Iy , temos
que I = Ix = Iy .
[
Existe, portanto, um subconjunto L ⊂ A, tal que A = Ix e Ix ∩ Iy = ∅
x∈L
se x, y ∈ L e x 6= y.
[
Afirmação 2: Se A = Jλ é uma união de intervalos abertos dois a
λ∈L
Unicidade
[
Seja A = Jm , onde os Jm = (am , bm ) são intervalos abertos dois a
m∈N
dois disjuntos.
Fig. 2: a ≥ am .
Fig. 3: bm ≤ b.
Prova.
Se A 6= ∅ e B 6= ∅, as decomposições de A e B em intervalos aber-
tos disjuntos dariam origem a uma decomposição de I com pelo menos
dois intervalos, o que é absurdo, pela unicidade da decomposição, já que
I é um intervalo aberto.
2. Conjuntos fechados
Observação 2.1
• Todo ponto a ∈ X é aderente a X.
Basta tomar a seqüência constante xn = a, n ∈ N.
• Mas a ∈ R pode ser aderente a X sem pertencer a X.
1
Por exemplo, 0 é aderente ao conjunto X = (0, +∞), pois ∈ X, para todo
n
1
n∈Ne −→ 0.
n
Prova.
(=⇒) Seja (xn ) uma seqüência de pontos de X tal que xn −→ a.
Então, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que xn ∈ (a − ε, a + ε) para todo
n > n0 .
Assim, (a − ε, a + ε) ∩ X 6= ∅ para todo ε > 0.
1 1
(⇐=) Para cada n ∈ N, seja xn ∈ X ∩ a − , a + . Então (xn ) é uma
n n
1
seqüência de pontos de X tal que xn −→ a, pois |xn − a| < para todo
n
1
n ∈ N, e −→ 0.
n
Prova.
Basta observar que para todo intervalo aberto contendo a existe ε > 0
tal que (a − ε, a + ε) ⊂ I.
Prova.
Dado ε > 0, existem x ∈ X e y ∈ Y tais que a ≤ x < a + ε e b − ε < y ≤ b.
Logo, (a − ε, a + ε) ∩ X 6= ∅ e (b − ε, b + ε) ∩ Y = ∅.
Observação 2.3
• X ⊂ X.
• Se X ⊂ Y =⇒ X ⊂ Y .
Observação 2.5
• De modo análogo, podemos provar que
• Assim, os intervalos fechados [a, b], (−∞, b] e [a, +∞) são conjuntos
fechados e R também o é.
• Em particular, se a = b, o conjunto [a, b] = [a, a] = {a} é um conjunto
fechado. Ou seja, todo conjunto unitário é fechado.
Prova.
De fato, F é fechado
Prova.
(a) Como R − R = ∅ e R − ∅ = R são conjuntos abertos, temos que
R e ∅ são conjuntos fechados.
n
\
(b) Como R − (F1 ∪ . . . ∪ Fn ) = (R − Fi ) é um conjunto aberto, pois cada
i=1
junto fechado.
Prova.
Seja x ∈ R − X, ou seja, x não é aderente a X. Então, existe um intervalo
I tal que x ∈ I e I ∩ X = ∅, ou seja, x ∈ I ⊂ R − X.
[
Exemplo 2.4 Z é um conjunto fechado, pois R − Z = (n, n + 1) é um
n∈Z
conjunto aberto.
∞
[
Logo, K é um conjunto fechado, pois [0, 1] e R − In são conjuntos fe-
n=1
Logo, existe k0 ∈ {1, . . . , 2n0 } (verifique!) tal que I ⊂ Jk0 , o que é absurdo,
1
pois 3n0
< `.
Observação 2.11
Prova.
• Se X é finito, então X é denso em si mesmo, pois X = X.
• Suponhamos, agora, que X não é finito.
Dado n ∈ N, podemos exprimir R como união enumerável de intervalos
1
de comprimento :
n
[ h p p + 1
R= , .
n n
p∈Z
h p p + 1
Se X ∩ , 6= ∅, escolhemos um ponto xpn nessa interseção.
n n
Afirmação: E é denso em X.
Seja I = (a, b) um intervalo aberto contendo algum ponto de X e seja
x ∈ I ∩ X.
1
Sejam n0 ∈ N tal que < max{d(a, x), d(b, x) } e p0 ∈ Z tal que
n0
p0 p0 + 1 p0 p0 + 1
x∈ , . Então, , ⊂ I, pois, caso contrário, terı́amos
n0 n0 n0 n0
1 1
que > d(a, x) ou > d(b, x).
n0 n0
h ”
p0 p0 +1
Fig. 5: x ∈ n0
, n ∩ (a, b) .
0
p0 p0 + 1
Logo, como x ∈ , ∩ X 6= ∅, existe o ponto xp0 n0 ∈ E, que
n0 n0
p p +1
também pertence a I, pois xp0 n0 ∈ 0, 0 ⊂ I.
n0 n0
h ”
p0 p0 +1
Fig. 6: xp0 n0 ∈ n0
, n ⊂ I = (a, b) .
0
3. Pontos de acumulação
Prova.
(1) =⇒ (2) Seja x1 ∈ X tal que 0 < |x1 − a| < 1.
Suponhamos que foi possı́vel determinar pontos x1 , x2 , . . . , xn ∈ X tais que
1
0 < |xj − a| < |xj−1 − a| e 0 < |xj − a| < , j = 2, . . . , n.
j
Prova.
Pela definição de ponto aderente e de ponto de acumulação, temos que
X ⊂ X e X 0 ⊂ X. Logo, X ∪ X 0 ⊂ X.
Prova.
X é fechado ⇐⇒ X = X ⇐⇒ X = X ∪ X 0 ⇐⇒ X 0 ⊂ X.
Prova.
Seja E ⊂ X um subconjunto enumerável denso em X, ou seja, X ⊂ E.
1
Logo, a < xn+1 < a + e xn+1 < a + xn − a = xn .
n+1
Prova.
Como F 0 = F e F 6= ∅, temos que F 0 6= ∅. Logo, F = F 0 é infinito. Então,
existe y ∈ F tal que y 6= x.
Seja [a, b] um intervalo fechado tal que x 6∈ [a, b] e y ∈ (a, b).
Seja G = (a, b) ∩ F. Então, G é limitado e não-vazio, pois y ∈ G. Além
disso, G não possui pontos isolados.
De fato, se c é um ponto isolado de G, existe ε > 0 tal que
(c − ε, c + ε) ∩ (a, b) ∩ F = {c}.
Então, para ε 0 = min{ε, b − c, c − a}, temos
(c − ε 0 , c + ε 0 ) ⊂ (a, b) ∩ (c − ε, c + ε)
e, portanto, (c − ε 0 , c + ε 0 ) ∩ F = {c}, o que é absurdo, pois F não possui
pontos isolados.
Se G é fechado, basta tomar Fx = G, pois x 6∈ G.
Suponhamos que G não é fechado.
Prova.
Seja X = {x1 , x2 , . . . , xn , . . .} um subconjunto enumerável de F.
Pelo lema anterior, existe um conjunto F1 não-vazio, limitado, fechado, e
sem pontos isolados tal que x1 6∈ F1 ⊂ F.
Suponhamos que existem subconjuntos F1 , F2 , . . . , Fn , não-vazios, limita-
dos, fechados e sem pontos isolados tais que
Fn ⊂ . . . ⊂ F2 ⊂ F1 ⊂ F e xj 6∈ Fj , para todo j = 1, . . . , n.
Então, pelo lema, existe Fn+1 não-vazio, limitado, fechado e sem pontos
isolados tal que xn+1 6∈ Fn+1 ⊂ Fn .
Obtemos, assim, uma seqüência decrescente (Fn ) de conjuntos não-vazios,
fechados, limitados e sem pontos isolados tais que xn 6∈ Fn para todo
n ∈ N.
Como Fn 6= ∅, para todo n ∈ N, existe yn ∈ Fn . A seqüência (yn ) é
limitada, pois yn ∈ Fn ⊂ F1 para todo n ∈ N e F1 é limitado.
Logo, a seqüência (yn )n∈N possui uma subseqüência (ynk )k∈N conver-
gente.
Seja y = lim ynk .
k→∞
4. Conjuntos compactos
h1 3i
Exemplo 4.1 Seja X = , e seja C = {C1 , C2 , C3 } uma famı́lia de
3 4
subconjuntos de R, onde
2 1 1 9
C1 = 0, , C2 = ,1 e C3 = , .
3 3 2 10
Então, C é uma cobertura de X, pois X ⊂ C1 ∪ C2 ∪ C3 = (0, 1) e
C 0 = {C1 , C2 } é uma subcobertura de C, pois X ⊂ C1 ∪ C2 = (0, 1).
1 1
Exemplo 4.3 Seja X = 1, , . . . , , . . . . Então X é infinito e todos os
2 n
seus pontos são isolados, pois X = {0} e, portanto, X ∩ X 0 = ∅.
0
[ [ [
Como X = {x} ⊂ Ix ⊂ X, temos que X = Ix , ou seja C = (Ix )x∈X é
x∈X x∈X x∈X
uma cobertura de X.
Mas C não possui uma subcobertura própria, pois se x ∈ X, então x 6∈ Iy ,
para todo y 6= x, y ∈ X, já que Iy ∩ X = {y}.
Iλ1 , . . . , Iλn , tais que I ⊂ Iλ1 ∪ . . . ∪ Iλn . Ou seja, toda cobertura de [a, b]
por meio de intervalos abertos possui uma subcobertura finita.
Prova.
Seja
X = {x ∈ [a, b] [a, x] pode ser coberto por um número finito dos intervalos Iλ } .
Afirmação: c ∈ X.
Como a ≤ x ≤ b para todo x ∈ X, temos que a ≤ c ≤ b, ou seja, c ∈ [a, b].
Então existe λ0 ∈ L tal que c ∈ Iλ0 = (α, β).
Sendo α < sup X = c, existe x ∈ X tal que α < x ≤ c < β. Como x ∈ X,
existem λ1 , . . . , λn ∈ L tais que [a, x] ⊂ Iλ1 ∪ . . . ∪ Iλn .
Então, [a, c] ⊂ Iλ1 ∪ . . . ∪ Iλn ∪ Iλ0 , pois [x, c] ⊂ (α, β) = Iλ0 . Logo, c ∈ X.
Afirmação: c = b.
Suponhamos que c < b. Então existe c 0 ∈ Iλ0 tal que c < c 0 < b.
Assim, [a, c 0 ] ⊂ Iλ1 ∪ . . . ∪ Iλn ∪ Iλ0 , ou seja, c 0 ∈ X, o que é absurdo, pois
c 0 > c = sup X.
Logo, b ∈ X, ou seja, o intervalo [a, b] está contido numa união finita dos
I λ .
Prova.
Seja C = (Aλ )λ∈L uma cobertura de [a, b], onde cada Aλ é aberto.
Seja x ∈ [a, b]. Então existe λx ∈ L tal que x ∈ Aλx . Sendo Aλx aberto,
existe um intervalo aberto Ix tal que x ∈ Ix ⊂ Aλx .
[
Logo, [a, b] ⊂ Ix . Pelo teorema anterior, existem x1 , . . . , xn ∈ [a, b]
x∈[a,b]
tais que [a, b] ⊂ Ix1 ∪ Ix2 ∪ . . . ∪ Ixn . Assim, [a, b] ⊂ Aλx1 ∪ . . . ∪ Aλxn .
finita.
Prova.
Sejam A = R − F e [a, b] um intervalo fechado e limitado tal que F ⊂ [a, b].
!
[
Logo, [a, b] ⊂ Aλ ∪ A. Como A é aberto, temos, pelo teorema
λ∈L
1
Exemplo 4.5 O intervalo (0, 1] possui a cobertura aberta ,2
n n∈N
que não possui subcobertura finita, pois uma reunião finita de intervalos
1
da forma , 2 é o maior deles e, portanto, não pode conter (0, 1].
n
Neste exemplo, o intervalo (0, 1] é limitado, mas não é um conjunto fe-
chado.
Prova.
(1) =⇒ (2) Segue do teorema de Borel-Lebesgue.
(2) =⇒ (3) Seja X ⊂ K um conjunto sem pontos de acumulação em K.
Vamos provar que X é finito.
Seja x ∈ K. Como x 6∈ X 0 , existe um intervalo aberto Ix tal que Ix ∩ X = {x}
se x ∈ X, e Ix ∩ X = ∅, se x 6∈ X.
[
Como K ⊂ Ix , existem x1 , . . . , xn ∈ K, tais que K ⊂ Ix1 ∪. . .∪Ixn . Então,
x∈K
Logo, K é fechado.
Prova.
Seja (xn ) uma seqüência limitada de números reais e seja
X = {x1 , x2 , . . . , xn , . . .}.
Como X é limitado, existem a, b ∈ R, a < b, tais que X ⊂ [a, b].
Prova.
Seja X um conjunto limitado e infinito de números reais. Então, existem
a, b ∈ R, a < b, tais que X ⊂ [a, b].
Observação 4.2 K é compacto se, e somente se, satisfaz uma (e, por-
tanto todas) as afirmações do teorema 4.4.
Exemplo 4.6
1 1
• O conjunto Y = 0, 1, , . . . , , . . . é compacto, pois Y = X = X ∪ X 0 ,
2 n
1 1
onde X = 1, , . . . , , . . . .
2 n
• O conjunto de Cantor é compacto.
• Os intervalos do tipo [a, b] são compactos.
• R, Q e Z não são compactos porque não são limitados.
compacto.
Prova.
O conjunto K é fechado, pois é interseção de uma famı́lia de conjuntos
fechados, e é limitado, pois K ⊂ K1 e K1 é limitado (por ser compacto).
Logo, K é compacto.
Para cada n ∈ N, tome xn ∈ Kn . Então, xn ∈ Kj para todo n ≥ j. Em
particular, xn ∈ K1 para todo n ∈ N.
Como K1 é compacto, a seqüência (xn ) de pontos de K1 possui uma sub-
seqüência convergente (xnk ). Seja x = lim xnk .
k→∞
n
[ X
n
Proposição 4.1 Se [a, b] ⊂ (ai , bi ), então b − a < (bi − ai ).
i=1 i=1
Prova.
Podemos supor, sem perda de generalidade, que (ai , bi ) ∩ [a, b] 6= ∅ para
todo i.
Sejam c1 < c2 < . . . < ck os números ai e bj ordenados de modo cres-
cente.
k−1
[
Então {a1 , . . . , an , b1 , . . . , bn } ∩ (cj , cj+1 ) = ∅, ou seja, ai 6∈ (cj , cj+1 ) e
j=1
• cj < a
Neste caso, cj não pode ser um dos bi , pois, caso contrário, (ai , bi ) ∩
[a, b] = ∅. Logo, cj = ai para algum i = 1, . . . , n. Como bi não pode estar
entre cj e cj+1 , temos que (cj , cj+1 ) ⊂ (ai , bi )
• cj > b
Neste caso, temos cj+1 > b. Logo, cj+1 = bi para algum i = 1, . . . , n,
pois, caso contrário, (ai , bi ) ∩ [a, b] = ∅. Como ai 6∈ (cj , cj+1 ), temos que
ai ≤ cj e, portanto, (cj , cj+1 ) ⊂ (ai , bi ).
Para cada i = 1, . . . , n, existem p ∈ {1, . . . , k} e q ∈ N tais que ai = cp ,
bi = cp+q e p + q ∈ {1, . . . , k}. Então,
bi − ai = (cp+q − cp+q−1 ) + . . . + (cp+1 − cp ) .
X
n
Logo, (bi − ai ) é uma soma de parcelas do tipo cj+1 − cj , sendo que
i=1
X
k−1 X
n
Assim, b − a < (cj+1 − cj ) ≤ (bi − ai ) .
j=1 i=1
∞
[ X
∞
Proposição 4.2 Se [a, b] ⊂ (an , bn ) então (b − a) < (bn − an ) .
n=1 n=1
Prova.
Pelo teorema de Borel-Lebesgue, existem n1 , . . . , nk ∈ N tais que
[a, b] ⊂ (an1 , bn1 ) ∪ . . . ∪ (ank , bnk ) .
Então, pela proposição anterior, b − a < (bn1 − an1 ) + . . . + (bnk − ank ) .
X
∞
Portanto, b − a < (bn − an ) .
n=1
X
∞
Proposição 4.3 Se (bn − an ) < b − a, então o conjunto
n=1
∞
[
X = [a, b] − (an , bn )
n=1
é não-enumerável.
Prova.
X
∞
Seja c = (b − a) − (bn − an ) > 0, e suponha que X = {x1 , . . . , xn , . . .} é
n=1
enumerável.
c
Tome, para cada n ∈ N, um intervalo Jn de centro xn e raio n+2 . Logo,
2
∞ ∞
! !
[ [
[a, b] ⊂ (an , bn ) ∪ Jn . (?)
n=1 n=1
Mas,
∞
X ∞
X ∞
X ∞
X ∞
1 cX 1
(bn − an ) + |Jn | = (bn − an ) + c = (b − a) − c +
2n+1 2 2n
n=1 n=1 n=1 n=1 n=1
c c
= (b − a) − c + = (b − a) − < b − a ,
2 2
o que contradiz (?), pela proposição anterior.
Aplicações
(A) Existe uma coleção de intervalos abertos cujos centros são todos
os números racionais do intervalo [a, b] que não é uma cobertura de [a, b].
• Seja X = {r1 , r2 , . . . , rn , . . .} uma enumeração dos racionais contidos no
intervalo [a, b].
b−a
Para cada n ∈ N, seja (an , bn ) o intervalo aberto de centro rn e raio .
2n+2
X
∞
b−a X ∞
Então, (bn − an ) = < b − a . Logo, [a, b] − (an , bn ) não
2
n=1 n=1
∞
[
é vazio, pois não é enumerável, ou seja, [a, b] 6⊂ (an , bn ).
n=1
Parte 5
Limites de funções
tal limite, quando existe, depende apenas dos valores f(x) para x próximo
e diferente de a.
É possı́vel ter-se lim f(x) 6= f(a).
x→a
1 , se x ∈ R − {0}
Por exemplo, se f : R → R é a função definida por f(x) =
0 , se x = 0 ,
{a}), pois todo intervalo aberto de centro L contém pontos deste conjunto.
Prova.
Dado ε > 0, existem δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que:
ε
• x ∈ X − {a} e 0 < |x − a| < δ1 =⇒ |f(x) − L1 | < ;
2
ε
• x ∈ X − {a} e 0 < |x − a| < δ2 =⇒ |f(x) − L2 | < .
2
Prova.
Dado ε > 0, existe δ > 0 tal que |f(x) − L| < ε qualquer que seja
x ∈ (X − {a}) ∩ (a − δ, a + δ) .
Então, |g(x) − L| = |f(x) − L| < ε para todo x ∈ (Y − {a}) ∩ (a − δ, a + δ).
Logo, lim g(x) = L.
x→a
Prova.
Seja L = limx→a f(x). Dado ε = 1 > 0, existe δ > 0 tal que |f(x) − L| < 1
para todo x ∈ (X − {a}) ∩ (a − δ, a + δ).
Então, |f(x)| ≤ |f(x) − L| + |L| < 1 + |L| = A para todo x ∈ (X − {a}) ∩ (a −
δ, a + δ).
Prova.
Dado ε > 0, existem δ1 > 0 e δ2 > 0 tais que:
ε
• |f(x) − L| < se x ∈ X e 0 < |x − a| < δ1 .
2
ε
• |h(x) − L| < se x ∈ X e 0 < |x − a| < δ2 .
2
Tome δ = min{δ1 , δ2 }. Então,
L − ε ≤ f(x) ≤ g(x) ≤ h(x) ≤ L + ε ,
para todo x ∈ (X − {a}) ∩ (a − δ, a + δ). Logo, lim g(x) = L.
x→a
Prova.
M−L L+M
Seja ε = > 0. Então, L + ε = = M − ε e existe δ > 0
2 2
tal que L − ε < f(x) < L + ε = M − ε e M − ε < g(x) < M + ε para todo
x ∈ (X − {a}) ∩ (a − δ, a + δ).
M+L
Logo, f(x) < < g(x), ou seja, f(x) < g(x) para todo x ∈ (X − {a}) ∩
2
(a − δ, a + δ).
x ∈ X − {a}, então L ≤ M.
se, e só se, lim f(xn ) = L para toda seqüência (xn ) ⊂ X − {a} tal que
n→∞
lim xn = a.
n→∞
Prova.
Suponhamos que lim f(x) = L e que lim xn = a, com xn ∈ X − {a}
x→a n→∞
para todo n ∈ N. Então, dado ε > 0, existe δ > 0, tal que |f(x) − L| < ε
para todo x ∈ X, 0 < |x − a| < δ.
Como lim xn = a e xn 6= a para todo n ∈ N, existe n0 ∈ N tal que
n→∞
Suponhamos, agora, que lim f(x) 6= L. Então existe ε0 > 0 tal que para
x→a
1
todo n ∈ N podemos obter xn ∈ X tal que 0 < |xn −a| < e |f(xn )−L| ≥ ε0 .
n
Logo, lim xn = a, mas lim f(xn ) 6= L.
n→∞ n→∞
Prova.
Basta provar que lim f(xn ) independe da seqüência (xn ) ⊂ X − {a} com
n→∞
lim xn = a.
n→∞
M = lim f(yn ).
n→∞
f(x) L
(3) lim = , se M 6= 0.
x→a g(x) M
(4) Se lim f(x) = 0 e existe A > 0 tal que |g(x)| ≤ A para todo x ∈ X − {a},
x→a
Prova.
Seja (xn ) uma seqüência de pontos de X − {a} com lim xn = a.
n→∞
• Se M 6= 0, temos, pelo teorema 1.6, que existe δ > 0 tal que g(x) 6= 0
para todo x ∈ (X − {a}) ∩ (a − δ, a + δ). Como lim xn = a e xn ∈ X − {a},
n→∞
existe n0 ∈ N tal que 0 < |xn − a| < δ para todo n > n0 . Logo, g(xn ) 6= 0
f(xn ) L
para todo n > n0 e lim = .
n→∞ g(xn ) M
f(x)
Assim, pelo teorema 1.7, tem sentido para todo x suficientemente
g(x)
f(x) L
próximo e diferente de a e lim = .
x→a g(x) M
f(x) f(x)
Observação 1.4 Se x→a
lim g(x) = 0 e existe lim ou o quociente
x→a g(x) g(x)
é limitado numa vizinhança de a, então, pelo teorema acima,
f(x)
lim f(x) = lim g(x) = 0.
x→a x→a g(x)
Logo, se lim g(x) = 0 e lim f(x) 6= 0 ou não existe lim f(x), então o quo-
x→a x→a x→a
f(x)
ciente não é sequer limitado numa vizinhança de a.
g(x)
todo ε > 0 dado, existe δ > 0, tal que |f(x) − f(y)| < ε quaisquer que sejam
x, y ∈ ( X − {a} ) ∩ (a − δ, a + δ) .
Prova.
ε
lim f(x) = L, então, dado ε > 0 existe δ > 0 tal que |f(x) − L| <
(=⇒) Se x→a
2
para todo x ∈ X, 0 < |x − a| < δ.
Logo,
ε ε
|f(x) − f(y)| ≤ |f(x) − L| + |f(y) − L| < + = ε,
2 2
quaisquer que sejam x, y ∈ X, 0 < |x − a| < δ e 0 < |y − a| < δ.
Dado ε > 0, existe δ > 0 tal que |f(x)−f(y)| < ε para x, y ∈ X, 0 < |x−a| <
δ e 0 < |y − a| < δ.
Como lim xn = a e xn ∈ X − {a}, existe n0 ∈ N tal que 0 < |xn − a| < δ
n→∞
1.
Então, lim f(x) = 0 e lim g(y) = 0, mas não existe lim g(f(x)), pois
x→0 y→0 x→0
1 , se x ∈ Q
g ◦ f(x) =
0 , se x ∈ R − Q .
Prova.
Dado ε > 0 existe η > 0 tal que |g(y) − g(b)| < ε para todo y ∈ Y,
|y − b| < η.
Sendo lim f(x) = b, existe δ > 0 tal que |f(x) − b| < η para todo x ∈ X,
x→a
0 < |x − a| < δ.
Logo, |g(f(x)) − g(b)| < ε para todo x ∈ X, 0 < |x − a| < δ.
2. Exemplos de limites
p(x)
Assim, se f(x) = é o quociente de dois polinômios, ou seja, f é uma
q(x)
função racional, então lim f(x) = f(a), se q(a) 6= 0.
x→a
p1 (x)
Se m > n, então lim f(x) não existe, pois f(x) = , onde o
x→a (x − a)m−n q1 (x)
denominador tem limite zero e o numerador não (ver observação 1.4).
f é limitada.
Afirmação: Seja a ∈ R fixo. Dado ε > 0 existe δ > 0 tal que 0 <
p
− a < δ =⇒ 0 < 1 < ε, ou seja, q > 1 .
q q ε
1
Seja F = {q ∈ N | q ≤ } . Então, F é um conjunto fiinito. Para cada q ∈ F
ε
m
fixo, as frações , m ∈ Z, decompõem a reta em intervalos juxtapostos
q
1
de comprimento , pois
q
[ m m+1
R= , .
q q
m∈Z
mq mq0
Para cada q ∈ F, seja mq ∈ Z o maior inteiro tal que < a. Seja 0 a
q q
m
maior das frações q , com q ∈ F, a qual existe, pois F é finito.
q
mq 0
Assim, é a maior fração que tem denominador em F e é menor do que
q0
nq 00
a, e é a menor fração com denominador em F que é maior do que
q 00
a. Então, salvo possı́velmente a, nenhum número racional do intervalo
mq 0 nq 00
0
, 00 pode ter denominador em F.
q q
m 0 n 00
Seja δ = min a − q0 , q00 − a . Então,
q q
p p p
0 < − a < δ =⇒ a − δ < < a + δ , 6= a
q q q
mq 0 p n 00 p
=⇒ 0
< < q00 , 6= a
q q q q
1 1
=⇒ q 6∈ F =⇒ q > =⇒ 0 < < ε
ε q
p
=⇒ f − 0 < ε .
q
p
Logo, provamos que dado ε > 0, existe δ > 0 tal que f − 0 < ε para
q
p p
todo ∈ Q, 0 < − a < δ. Assim, lim f(x) = 0 para todo a ∈ R.
q q x→a
x
Exemplo 2.4 Seja f : R − {0} −→ R definida por f(x) = x + , ou seja,
|x|
x + 1 , se x > 0
f(x) =
x − 1 , se x < 0 .
1
Exemplo 2.5 Seja f : R − {0} −→ R a função definida por f(x) = sen .
x
Então não existe lim f(x).
x→0
1
Mas, como a função f é limitada, temos que lim g(x) sen = 0 para toda
x→0 x
função g : R − {0} −→ R tal que lim g(x) = 0.
x→0
1
Em particular lim xn sen = 0 para todo n ∈ N.
x→0 x
3. Limites laterais
quando, para todo ε > 0 dado, existe δ > 0 tal que |f(x) − L| < ε para todo
x ∈ X, a < x < a + δ
Simbolicamente, temos:
lim f(x) = L ⇐⇒ "∀ ε > 0 ∃ δ > 0 ; x ∈ X , a < x < a + δ =⇒ |f(x) − L| < ε" .
x→a+
ou
lim f(x) = L ⇐⇒ ∀ ε > 0 ∃ δ > 0 ; f(x) ∈ (L − ε, L + ε) ∀ x ∈ X ∩ (a, a + δ) .
x→a+
quando, para todo ε > 0 dado, existe δ > 0 tal que |f(x) − L| < ε para todo
x ∈ X, a − δ < x < a.
Simbolicamente, temos:
lim f(x) = L ⇐⇒ "∀ ε > 0 ∃ δ > 0 ; x ∈ X , a − δ < x < a =⇒ |f(x) − L| < ε" ,
x→a−
ou
lim f(x) = L ⇐⇒ ∀ ε > 0 ∃ δ > 0 ; f(x) ∈ (L − ε, L + ε) ∀ x ∈ X ∩ (a − ε, a) .
x→a−
Prova.
(=⇒) Dado ε > 0, existe δ > 0 tal que f(x) ∈ (L − ε, L + ε) para todo
x ∈ X ∩ (a, a + δ).
Como (Y − {a}) ∩ (a − δ, a + δ) = X ∩ (a, a + δ), temos que |g(x) − L| < ε
para todo x ∈ (Y − {a}) ∩ (a − δ, a + δ).
(⇐=) Dado ε > 0, existe δ > 0 tal que |g(x) − L| = |f(x) − L| < ε para todo
x ∈ (Y − {a}) ∩ (a − δ, a + δ) = X ∩ (a, a + δ).
Prova.
(=⇒) Suponhamos que L = x→a
lim f(x). Sejam Y = (a, +∞) ∩ X e g = f|Y .
Como a ∈ Y 0 , pois a ∈ X+0 , temos, pelo teorema 1.2, que lim g(x) = L.
x→a
x
Exemplo 3.2 Seja f : R − {0} −→ R definida por f(x) = x + . Como
|x|
f(x) = x + 1 para x ∈ (0, +∞) e f(x) = x − 1 para x ∈ (−∞, 0), temos que
lim f(x) = 1, lim− f(x) = −1 e não existe lim f(x).
x→0+ x→0 x→0
1
Exemplo 3.3 Seja f : R − {0} −→ R definida por f(x) = .
x
Então, 0 ∈ (R − {0})+0 ∩ (R − {0})−0 , mas não existem os limites laterais à
direita e à esquerda no ponto 0.
1
Exemplo 3.4 Seja f : R − {0} −→ R definida por f(x) = e− x .
Então, lim+ f(x) = 0, mas não existe lim− f(x), pois f(x) não é limitada
x→0 x→0
Prova.
Suponhamos que f : X −→ R é não-decrescente.
Seja a ∈ X+0 e seja A = {f(x) | x ∈ X e x > a}.
Como a ∈ X+0 e f é limitada, temos que A é não-vazio e limitado inferior-
mente. Então, existe L = inf A.
Afirmação: L = lim+ f(x) .
x→a
quando
∀ ε > 0 ∃ A > 0 ; x ∈ X , x > A =⇒ |f(x) − L| < ε .
1 1
Exemplo 4.1 x→±∞
lim = 0, pois dado ε > 0 existe A = > 0 tal que
x ε
1 1 1 1
0 < < ε, para todo x > = A, e −ε < < 0, para todo x < −A = − .
x ε x ε
1 1
Exemplo 4.4 x→a
lim 2
= +∞, pois dado A > 0 existe δ = √ > 0
(x − a) A
tal que
1 1
0 < |x − a| < δ =⇒ 0 < (x − a)2 < =⇒ > A.
A (x − a)2
−1
Exemplo 4.5 x→a
lim = −∞ .
(x − a)2
quando a ∈ X−0 .
1 1
Exemplo 4.6 lim+ = +∞ ; lim = −∞ ; lim ex = +∞ ;
x→a x−a x→a− x−a x→+∞
lim xk = +∞ , k ∈ N.
x→+∞
riormente numa vizinhança de a. Logo, não se pode ter lim f(x) = L, pois,
x→a
neste caso, f seria limitada numa vizinhança de a, nem lim f(x) = −∞,
x→a
vizinhança de a.
(4) Se f(x) ≤ g(x) ∀ x ∈ X e lim f(x) = +∞, então lim g(x) = +∞.
x→a x→a
(5) Se lim f(x) = L e lim g(x) = +∞, então existe δ > 0 tal que
x→a x→a
◦ Sendo f(x) > c > 0 e g(x) > 0 para todo x ∈ (X−{a})∩(a−δ, a+δ),
f(x)
temos que se lim g(x) = 0 então lim = +∞.
x→a x→a g(x)
f(x)
Se a ∈ Y 0 , onde Y = {x ∈ X | g(x) 6= 0}, então o quociente está
g(x)
f(x)
definido em Y e faz sentido indagar se existe lim . Mas nada se pode
x→a g(x)
afirmar sobre esse limite, pois, dependendo das funções f e g, ele pode
assumir qualquer valor ou não existir.
Por exemplo, se f(x) = cx e g(x) = x, temos
f(x)
lim f(x) = 0, lim g(x) = 0 e lim = c.
x→0 x→0 x→0 g(x)
1
Por outro lado, se f(x) = x sen , x 6= 0, e g(x) = x, então lim f(x) =
x x→0
f(x) 1
lim g(x) = 0, mas não existe lim = lim sen .
x→0 x→0 g(x) x→0 x
1 1 1
E se f(x) = sen + 2
e g(x) = , temos que
x−a (x − a) (x − a)2
lim f(x) = lim g(x) = +∞,
x→a x→a
mas o limite
1
lim f(x)g(x) = lim eg(x) log f(x) = lim 1 + sen
x→0 x→0 x→0 x
não existe.
ponto a.
1 , se x ∈ Q
Exemplo 5.1 Seja f : R −→ R a função f(x) = 1 .
, se x ∈ R − Q
x
Então, 1 é o único valor de aderência de f no ponto 0, mas não existe
lim f(x), pois f não é limitada numa vizinhança de 0.
x→0
Prova.
(=⇒) Seja c um valor de aderência de f no ponto a e seja (xn ) uma
seqüência de pontos de X − {a} tal que xn −→ a e f(xn ) −→ c.
Como xn −→ a, dado δ > 0, existe n0 ∈ N tal que xn ∈ Vδ para todo
n > n0 . Logo, f(xn ) ∈ f(Vδ ) para todo n > n0 , ou seja, (f(xn ))n>n0 é uma
seqüência de pontos de Vδ que converge para c.
Então, c ∈ f(Vδ ) .
1
Assim, para todo n ∈ N, existe xn ∈ V 1 tal que |f(xn ) − c| < .
n n
1 1
Como xn ∈ X, 0 < |xn − a| < e |f(xn ) − c| < para todo n ∈ N,
n n
temos que (xn ) é uma seqüência de pontos de X − {a} tal que xn −→ a e
f(xn ) −→ c. Logo, c é um valor de aderência de f no ponto a.
\
Corolário 5.1 VA(f; a) = f(Vδ ) .
δ>0
\
Corolário 5.2 VA(f; a) = f(V 1 ) .
n
n∈N
Prova.
\
Se c ∈ f(Vδ ), então c ∈ f(Vδ ) para todo δ > 0. Em particular, c ∈ f(V 1 )
n
δ>0
\
para todo n ∈ N. Logo, c ∈ f(V 1 ) .
n
n∈N
\
Suponhamos, agora, que c ∈ f(V 1 ).
n
n∈N
1
Dado δ > 0, existe n ∈ N, tal que < δ. Logo, V 1 ⊂ Vδ e, portanto,
n n
Como c ∈ f(V 1 ) para todo n ∈ N, temos que c ∈ f(Vδ ) para todo δ > 0.
n
Portanto,
\
c∈ f(Vδ ) = VA(f; a) ,
δ>0
Prova.
Como VA(f; a) é uma interseção de conjuntos fechados, temos que VA(f; a)
é fechado.
Suponhamos que f é limitada numa vizinhança de a. Então existe n0 ∈ N
tal que f(V 1 ) é limitado. Logo, f(V 1 ) é fechado e limitado e, portanto,
n0 n0
compacto.
1 1
Exemplo 5.2 Se f : R−{0} −→ R é a função definida por f(x) = sen ,
x x
então f é ilimitada em toda vizinhança de 0 e VA(f; 0) = R, que não é
compacto, pois é ilimitado.
1
De fato, 0 ∈ VA(f; 0), pois xn = −→ 0 e
2nπ
1
f(xn ) = sen(2πn) = 0 −→ 0.
2πn
Seja, agora, c > 0.
1 1
Afirmação: Dado n ∈ N, existe xn > 0 tal que xn < e sen = xn c .
n xn
1 1 c
Como c − sen(nπ) = c−0= >0 e
nπ nπ nπ
1 π c
π c − sen(2πn + (4k − 3) 2 ) = −1<0
2πn + (4k − 3) 2 2πn + (4k − 3) π2
1
tal que xn c − sen = 0.
xn
1
Logo, 0 < xn < e f(xn ) = c para todo n ∈ N. Assim, xn −→ 0 e
n
f(xn ) −→ c, ou seja, c ∈ VA(f; a).
Se d = −c < 0, basta tomar a seqüência yn = −xn , onde (xn ) é a
seqüência obtida acima, que teremos yn −→ 0, yn < 0, e
f(yn ) = −f(xn ) = −c = d −→ d .
Logo, d ∈ VA(f; a). Então, VA(f; a) = R.
Observação 5.3 Também pode ocorrer que VA(f; a) seja vazio quando
f é ilimitada em toda vizinhança de a. Por exemplo, se f : R − {0} −→ R é
1
a função definida por f(x) = , então VA(f; a) = ∅.
x
1
Exemplo 5.3 Seja f : R − {0} −→ R a função definida por f(x) = sen .
x
Então, pelo visto no exemplo 2.5, VA(f; 0) = [−1, 1].
Logo, lim sup f(x) = +1 e lim inf f(x) = −1 .
x−→0 x−→0
Observação 5.5 Às vezes escrevemos lim sup f(x) = +∞ para indicar
x−→a
e
\ \
VA(f; −∞) = f(Wδ ) = f(W− 1 ) .
n
δ<0 n∈N
Prova.
Sejam L = lim sup f(x) e L0 = lim Lδ . Como L é valor de aderência de
x−→a δ→0
Prova.
Pelo teorema anterior, ` = lim `δ e L = lim Lδ . Então, dado ε > 0,
δ→0 δ→0
Prova.
(=⇒) Se x→a
lim f(x) = L então L é o único valor de aderência de f no ponto
Parte 6
Funções contı́nuas
Então, dado ε > 0, existe δ = δ0 > 0, tal que |f(x) − f(a)| < ε para todo
x ∈ X ∩ (a − δ0 , a + δ0 ) = {a}.
Em particular, se todos os pontos de X são isolados, então toda função
f : X −→ R é contı́nua.
é contı́nua no ponto a.
Prova.
Dado ε = K − f(a) > 0, existe δ > 0 tal que f(a) − ε < f(x) < f(a) + ε = K
para todo x ∈ X ∩ (a − δ, a + δ).
A ⊂ U ∩ X.
• Em particular, se X é aberto, então A é aberto.
com lim xn = a.
n→∞
lim xn = a.
n→∞
p(x)
f(x) = , onde p e q são funções polinomiais, é contı́nua nos pontos
q(x)
onde o denominador q não se anula.
x + 1, se x ≥ 5
Exemplo 1.2 Seja f : R −→ R dada por f(x) =
16 − 2x, se x < 5
Prova.
Sejam a ∈ X e ε > 0 dados. Precisamos analisar três casos:
(1) a ∈ F1 ∩ F2
Como f|X∩F1 e f|X∩F2 são contı́nuas no ponto a, existem δ1 > 0 e δ2 > 0
tais que:
já que (X ∩ F2 ) ∩ (a − δ, a + δ) = ∅ .
(3) a ∈ F2 e a 6∈ F1 .
Este caso prova-se de modo análogo ao anterior.
[
x0 ∈ X, temos X = {x}, com {x} fechado, e f|{x} contı́nua em x, para
x∈X
todo x ∈ X.
Prova.
Sejam a ∈ X e ε > 0 dados. Então existe λ0 ∈ L tal que a ∈ Aλ0 .
Como Aλ0 é aberto, existe δ1 > 0 tal que (a − δ1 , a + δ1 ) ⊂ Aλ0 .
Além disso, como f|X∩Aλ0 é contı́nua no ponto a, existe δ2 > 0 tal que
|f(x) − f(a)| < ε , ∀ x ∈ (X ∩ Aλ0 ) ∩ (a − δ2 , a + δ2 ) .
Seja δ = min{δ1 , δ2 } > 0. Então,
|f(x) − f(a)| < ε , ∀ x ∈ (X ∩ Aλ0 ) ∩ (a − δ, a + δ) = X ∩ (a − δ, a + δ),
pois (a − δ, a + δ) ⊂ Aλ0 . Logo, f é contı́nua no ponto a.
[
Corolário 1.5 Sejam f : X −→ R e X = Aλ , onde cada Aλ é aberto.
λ∈L
2. Descontinuidades
Pela observação 2.1 da parte 5, temos que lim g(x) = 0 para todo a ∈ R.
x→a
de primeira espécie.
Neste exemplo, os limites laterais nos pontos de descontinuidade existem
e são iguais, mas são diferentes do valor da função nesses pontos.
De fato:
• se a é a extremidade superior de um dos intervalos abertos retirados na
construção do conjunto de Cantor K, temos que a ∈ K+0 e a ∈ A+0 , pois
int K = ∅ (lembre que A = [0, 1] − K), então, existem sequências (xn ) e
(yn ) tais que xn ∈ K, xn > a, yn ∈ [0, 1] − K = A, yn > a, xn → a e
yn → a.
Logo, f(xn ) → 0 e f(yn ) → 1. Portanto, não existe lim+ f(x), apesar
x→a
aberto contido em A.
• se a = 0, não existe o limite lim+ f(x) pelo mesmo motivo exposto acima,
x→0
e lim− f(x) não faz sentido, pois 0 6∈ [0, 1]−0 é o domı́nio da função.
x→0
Portanto, não existe lim− f(x), mas existe lim+ f(x) = 1, pois a é a extre-
x→a x→a
1
sen( x1) , se x 6= 0
Exemplo 2.11 Seja f : R −→ R a função f(x) = 1 + ex
0, se x = 0 .
Então lim− f(x) = f(0) = 0, mas não existe lim+ f(x). Logo, 0 é um ponto
x→0 x→0
Prova.
Se a ∈ X é um ponto isolado, então f é contı́nua em a. Seja a ∈ X ∩ X 0 .
Se a ∈ X ∩ X+0 , então existe δ > 0 tal que a + δ ∈ X. Logo, f|X∩[a,a+δ] é
limitada e monótona e, portanto, existe lim+ f(x).
x→a
Prova.
Se a é ponto isolado de X, então f é contı́nua em a.
Seja a ∈ X ∩ X 0 . Se a ∈ X ∩ X+0 , existe lim+ f(x) = f(a+ ) e se a ∈ X ∩ X−0 ,
x→a
−
existe lim− f(x) = f(a ), pelo teorema anterior.
x→a
Prova.
1
Para cada n ∈ N, seja Dn = x ∈ X σ(x) ≥ .
n
Então o conjunto dos pontos de descontinuidade de f é
[
D= Dn .
n∈N
Prova.
Pelo teorema 2.1, todas as descontinuidades de f são de primeira espécie.
Prova.
Primeira demonstração.
Como f é contı́nua no ponto a, dado ε = d − f(a) > 0, existe δ > 0,
δ < b − a, tal que f(x) < f(a) + ε = d para todo x ∈ [a, a + δ).
Então A = { x ∈ (a, b) | f(x) < d } 6= ∅, pois (a, a + δ) ⊂ A, e é aberto, pela
observação 1.7.
Como f também é contı́nua no ponto b, dado ε = f(b)−d > 0 existe δ > 0,
δ < b − a, tal que d = f(b) − ε < f(x) para todo x ∈ (b − δ, b]. Então o
conjunto B = {x ∈ (a, b) | f(x) > d} é não-vazio, pois (b − δ, b) ⊂ B, e é
aberto, pela observação 1.7.
Se não existir c ∈ (a, b) tal que f(c) = d, terı́amos (a, b) = A ∪ B, o que é
absurdo pela unicidade da decomposição de um aberto como reunião de
intervalos abertos dois a dois disjuntos, já que A 6= ∅, B 6= ∅ e (a, b) é
um intervalo aberto (ver corolário 1.1 da parte 4).
Segunda demonstração.
Seja A = {x ∈ [a, b] | f(x) < d}. Então, A é limitado e não-vazio, já que
f(a) < d. Seja c = sup A.
Afirmação: c 6∈ A.
Suponhamos, por absurdo, que c ∈ A, ou seja, que f(c) < d.
Como c ≤ b e f(b) > d, temos que a ≤ c < b. Sendo f contı́nua em c,
dado ε = d − f(c) > 0, existe δ > 0, δ < b − c, tal que f(x) < f(c) + ε = d
para todo x ∈ [c, c + δ) ⊂ [a, b), o que é absurdo, pois c é o supremo de
A e (c, c + δ) ⊂ A.
Além disso, como c é o limite de uma seqüência de pontos xn ∈ A, temos
f(c) = lim f(xn ) ≤ d.
n→∞
Observação 3.1 O teorema continua válido quando f(b) < d < f(a).
Prova.
Basta restringir f ao intervalo [a, b] e aplicar o teorema anterior.
Prova.
Sejam α = inf{f(x) | x ∈ I} e β = sup{f(x) | x ∈ I}.
Podemos ter α = −∞ se f é ilimitada inferiormente, e β = +∞ se f é
ilimitada superiormente.
Observação 3.2 No corolário acima, podemos ter f(I) = [α, β], f(I) =
(α, β], f(I) = [α, β) ou f(I) = (α, β).
Exemplo 3.1 Seja f : (−1, 3) −→ R dada por f(x) = x3 . Então, f((−1, 3)) =
[0, 9).
Exemplo 3.2 Para cada n ∈ N, seja f : [0, +∞) −→ [0, +∞) a função
definida por f(x) = xn .
Como f é contı́nua, f(0) = 0 e lim xn = +∞, temos que
x→+∞
Prova.
Para verificar que f é monótona, basta provar que f é monótona em todo
intervalo limitado e fechado [a, b] ⊂ I.
Como f é injetiva, temos f(a) 6= f(b).
Vamos supor que f(a) < f(b).
Prova.
Primeira demonstração.
[
Seja (Aλ )λ ∈ L uma cobertura aberta de f(X), ou seja, f(X) ⊂ Aλ e
λ∈L
cada Aλ , λ ∈ L, é aberto.
Então, para todo x ∈ X, existe λx ∈ L tal que f(x) ∈ Aλx .
Como f é contı́nua, para cada x ∈ I, existe um intervalo aberto Ix centrado
em x tal que f(Ix ∩ X) ⊂ Aλx .
[
Logo, como X ⊂ Ix e X é compacto, existem x1 , . . . , xn ∈ X tais que
x∈X
X ⊂ Ix1 ∪ . . . ∪ Ixn .
Assim, f(X) ⊂ Aλx1 ∪ . . . ∪ Aλxn , o que prova a compacidade de f(X).
Segunda demonstração.
Seja (yn ) uma sequência de pontos de f(X).
Para cada n ∈ N, existe xn ∈ X tal que f(xn ) = yn . Como X é compacto,
(xn ) possui uma subseqüência (xnk )k∈N que converge para um ponto x ∈
X.
Então, pela continuidade de f, temos que ynk = f(xnk ) −→ f(x), ou
seja, (yn ) possui uma subseqüência que converge para um ponto de f(X).
Logo, f(X) é compacto.
Prova.
Pelo teorema acima, f(X) é compacto e, portanto, limitado e fechado.
Então, inf f(X) e sup f(X) existem e pertencem a f(X), ou seja, existem
x1 , x2 ∈ X tais que f(x1 ) = inf f(X) e f(x2 ) = sup f(X).
1
Exemplo 4.1 A função f : (−1, 1) −→ R definida por f(x) = é
1 − x2
contı́nua, mas não é limitada, pois f((−1, 1)) = [1, +∞). Isto é possı́vel,
porque o domı́nio (−1, 1) não é compacto, pois, apesar de ser limitado,
não é fechado.
1
Exemplo 4.3 A função f : [0, +∞) −→ R definida por f(x) =
1 + x2
é contı́nua e limitada, pois f([0, +∞)) = (0, 1]. A função f assume seu
máximo 1 no ponto zero, mas não existe x ∈ [0, +∞) tal que
f(x) = 0 = inf{f(x) | x ∈ [0, +∞)}.
Isto é possı́vel porque o domı́nio de f não é compacto, pois, apesar de ser
fechado, não é limitado.
Prova.
Seja b = f(a) ∈ f(X) = Y e seja yn −→ b, onde yn = f(xn ) ∈ f(X).
5. Continuidade Uniforme
Prova.
Dado ε > 0 existe δ > 0 tal que
x, y ∈ X, |x − y| < δ =⇒ |f(x) − f(y)| < ε .
Como (xn ) é de Cauchy, existe n0 ∈ N tal que |xm −xn | < δ para m, n > n0 .
Logo, |f(xn ) − f(xm )| < ε para m, n > n0 , ou seja, (f(xn )) é uma seqüência
de Cauchy.
Prova.
Seja (xn ) uma seqüência de pontos de X − {a} tal que xn −→ a. Então,
pelo teorema anterior, (f(xn )) é de Cauchy e, portanto, convergente. Logo,
pelo corolário 1.4 da parte 5, existe lim f(x).
x→a
1 1
Exemplo 5.4 As funções f, g : (0, 1] −→ R, f(x) = sen e g(x) = ,
x x
não são uniformemente contı́nuas, pois não existem lim g(x) e lim f(x),
x→0 x→0
0
no ponto 0 ∈ (0, 1] .
Prova.
Primeira demonstração.
Dado ε > 0. Para cada x ∈ X existe δx > 0 tal que
ε
y ∈ X, |y − x| < 2δx =⇒ |f(y) − f(x)| <
2
[
Seja Ix = (x − δx , x + δx ). Então a cobertura aberta X ⊂ Ix admite uma
x∈X
Segunda demonstração.
Suponhamos que f não é uniformemente contı́nua.
Então existe ε0 > 0 tal que, para todo n ∈ N existem xn , yn ∈ X com
1
|xn − yn | < e |f(xn ) − f(yn )| ≥ ε0 .
n
Como X é compacto, a seqüência (xn ) possui uma subseqüência (xnk )k∈N
que converge para um ponto x ∈ X.
Então ynk −→ x, pois (xnk − ynk ) −→ 0.
Sendo f contı́nua, temos que lim f(xnk ) = lim f(ynk ) = f(x), o que
k→+∞ k→+∞
√
Exemplo 5.6 A função f : [0, 1] −→ R, f(x) = x, é contı́nua e, portanto
uniformemente contı́nua, pois [0, 1] é compacto.
√ √
| x − y| 1
Mas, f não é lipschitziana, pois o quociente = √ √ não é
|x − y| x+ y
1
limitado, já que lim+ √ √ = +∞.
x→0 x+ y
√
Por outro lado, a função g : [0, +∞) −→ R, g(x) = x, da qual f é uma
restrição, é uniformemente contı́nua, embora seu domı́nio [0, +∞) não
seja compacto.
De fato, g|[1,+∞) é lipschitziana, pois
|x − y| 1
|g(x) − g(y)| = √ √ ≤ |x − y|, para x, y ∈ [1, +∞) .
x+ y 2
ε
• x, y ∈ [0, 1], |x − y| < δ1 =⇒ |g(x) − g(y)| < ˙;
2
ε
• x, y ∈ [1, +∞), |x − y| < δ2 =⇒ |g(x) − g(y)| < .
2
Seja δ = min{δ1 , δ2 } > 0 e sejam x, y ∈ [0, +∞), |x − y| < δ.
Assim, se
ε
• x, y ∈ [0, 1] =⇒ |g(x) − g(y)| < < ε;
2
ε
• x, y ∈ [1, +∞) =⇒ |g(x) − g(y)| < < ε;
2
• x ∈ [0, 1] e y ∈ [1, +∞) =⇒ |x − 1| < δ e |y − 1| < δ
ε ε ε ε
=⇒ |g(x) − g(1)| < e |g(y) − g(1)| < =⇒ |g(x) − g(y)| < + ≤ ε .
2 2 2 2
Prova.
Vamos definir ϕ no conjunto X = X ∪ X 0 .
Como f é uniformemente contı́nua, pelo Corolário 5.1, existe lim0 f(x) para
x→x
0 0
todo x ∈ X .
Definimos, então, ϕ da seguinte maneira:
ϕ(x 0 ) = lim0 f(x) se x ∈ X 0 e ϕ(x) = f(x) se x ∈ X.
x→x
Logo,
ψ(x) = lim ψ(xn ) = lim f(xn ) = lim ϕ(xn ) = ϕ(x) .
n→+∞ n→+∞ n→+∞
Prova.
Seja ϕ : X −→ R a extensão contı́nua de f.
Parte 7
Derivadas
f(x) − f(a)
Observação 1.1 Seja q : X − {a} −→ R definida por q(x) = .
x−a
f(a + h) − f(a)
onde a função h 7−→ está definida no conjunto
h
Y = {h ∈ R − {0} | a + h ∈ X} ,
que tem o zero como ponto de acumulação.
Observação 1.4 Se a ∈ X ∩ X+0 ∩ X−0 , f 0 (a) existe se, e só se, existem
e são iguais as derivadas laterais f 0 (a+ ) e f 0 (a− ).
y 6= b, temos que
f(g(y)) − f(a)
f 0 (a) = lim .
y→b g(y) − a
Logo,
X
n−2
!
f(a + h) − f(a) n
lim = lim aj hn−j−1 + nan−1
h→0 h h→0 j
j=0
n−1
= na , pois n − j − 1 ≥ 1 para 0 ≤ j ≤ n − 2 .
√
Exemplo 1.6 Seja f : [0, +∞) −→ R definida por f(x) = x. Então,
para a ∈ [0, +∞), h 6= 0 e a + h ≥ 0, temos
√ √
a+h− a h 1
= √ √ = √ √ .
h h a+h+ a a+h+ a
1
Logo, f é derivável em todo ponto a > 0 e f 0 (a) = √ , mas f não é
2 a
derivável no ponto zero, pois o quociente
√ √ √
0+h− 0 h 1
= =√
h h h
1
é ilimitado numa vizinhança de zero e, portanto, não existe lim+ √ .
h→0 h
1
A função f é derivável em todo x ∈ R, x 6= n, x 6= n + , n ∈ Z, sendo
2
1 1
se x ∈ n, n +
f 0 (x) = 2
−1 se x ∈ n + 1 , n + 1 .
2
1
Mas f não é derivável nos pontos n e n + , n ∈ N, porque f 0 (n+ ) = 1 6=
2
+
1 1 −
0 − 0 0
f (n ) = −1 e f n+ = −1 6= f n+ = 1 .
2 2
r(h)
f(a + h) = f(a) + f 0 (a) h + r(h) , com lim = 0. (1)
h→0 h
r(h)
Sendo lim = 0, dizemos que o resto r(h) tende para zero mais rapi-
h→0 h
Observação 1.9 As condições (1), (2) e (3) também são válidas para
as derivadas laterais, supondo h > 0 para a derivada à direita e h < 0
para a derivada à esquerda.
r(h)
Isto confirma que lim = 0, pois
h→0 h
cos h − 1
lim = cos 0 (0) = − sen(0) = 0 ,
h→0 h
e
sen h − h sen h − sen 0
lim = lim − 1 = cos 0 − 1 = 0 .
h→0 h h→0 h−0
Prova.
f(x) − f(a)
Como o limite lim existe e lim (x − a) = 0, temos que
x→a x−a x→a
f(x) − f(a)
lim ( f(x) − f(a) ) = lim (x − a)
x→a x→a x−a
f(x) − f(a)
= lim · lim (x − a) = 0 ,
x→a x−a x→a
Observação 1.10
• Se a ∈ X ∩ X+0 e f : X −→ R é derivável à direita no ponto a, então f é
contı́nua à direita no ponto a, ou seja, lim+ f(x) = f(a) .
x→a
Exemplo 1.11 Os exemplos 1.5, 1.6 e 1.7, mostram que uma função
pode ser contı́nua em toda a reta e não ser derivável em alguns pontos.
Na realidade, a maioria das funções contı́nuas em R não possuem de-
rivada em ponto algum (ver E. Lima, Espaços Métricos, exemplo 33 do
capı́tulo 7).
Prova.
Vamos demonstrar a fórmula de derivação do quociente, deixando as ou-
tras como exercı́cio.
Sendo g(x) 6= 0 para todo x ∈ (X − {a}) ∩ (a − δ, a + δ), para algum δ > 0,
f
a função está definida nesta vizinhança de a.
g
temos que
f(x) f(a)
−
g(x) g(a) f(x) − f(a) g(x) − g(a) 1
lim = g(a) lim − f(a) lim · lim
x→a x−a x→a x−a x→a x−a x→a g(x)g(a)
1
= ( g(a) f 0 (a) − f(a) g 0 (a) ) · .
( g(a) )2
Corolário 1.1
• Se c ∈ R então (c · f) 0 (a) = c · f 0 (a) .
1 0 f 0 (a)
• Se f(a) 6= 0 então (a) = − 2
.
f f(a)
Prova.
Sejam ρ e σ funções definidas numa vizinhança de 0, tais que
f(a + h) = f(a) + ( f 0 (a) + ρ(h) ) h , onde lim ρ(h) = 0 ,
h→0
g(b + k) = g(b) + ( g 0 (b) + σ(k) ) k , onde lim σ(k) = 0 .
k→0
Prova.
Como g é contı́nua no ponto b = f(a) e é injetiva, temos que
lim g(y) = g(b) = a ,
y→b
1
ou seja, g é derivável no ponto b e g 0 (b) = .
f 0 (a)
1 se x ≥ 0
Exemplo 1.16 A função h : R −→ R, dada por h(x) =
−1 se x < 0 ,
possui um máximo local não-estrito no ponto 0.
1
Exemplo 1.17 A função ϕ : R −→ R, ϕ(x) = x 2
1 + sen se x 6= 0
x
e ϕ(0) = 0, é contı́nua em toda a reta e possui um mı́nimo local não
estrito no ponto 0, pois ϕ(x) ≥ 0 = ϕ(0) para todo x ∈ R e, em toda
1
vizinhança de 0, há pontos x tais que ϕ(x) = 0, já que π −→ 0 e
(4k − 1)
2
1 = 0 para todo k ∈ Z.
ϕ π
(4k − 1)
2
Prova.
f(x) − f(a) f(x) − f(a)
Como lim + = f 0 (a+ ) > 0, existe δ > 0 tal que >0
x−→a x−a x−a
para todo x ∈ X ∩ (a, a + δ), ou seja, f(x) > f(a) ∀ x ∈ X ∩ (a, a + δ).
Prova.
Se f 0 (a) > 0 ou f 0 (a) < 0, temos, pelo corolário anterior, que a não é
ponto de máximo nem de mı́nimo local.
Observação 1.13 O teorema 1.4 não diz que existe um intervalo à di-
reita de a no qual f é crescente quando f 0 (a+ ) > 0, nem o corolário 1.3
diz que f é crescente numa vizinhança de a quando f 0 (a) > 0.
Exemplo 1.18
• Antes de dar o exemplo de uma função que ilustre a observação acima,
faremos o estudo de algumas funções.
1
• A função f : R −→ R, f(x) = x sen se x 6= 0 e f(0) = 0, é contı́nua
x
1 1 1
em toda a reta e possui derivada f 0 (x) = sen − cos em todo x 6= 0,
x x x
f(x) − f(0)
mas não é derivável no ponto zero, pois não existe o limite de =
x−0
1
sen quando x −→ 0.
x
1
• A função g : R −→ R, g(x) = x2 sen se x 6= 0 e g(0) = 0, é contı́nua
x
1 1
em toda a reta e possui derivada g 0 (x) = 2x sen − cos em todo ponto
x x
g(x) − g(0) 1
6 0. Além disso, como lim
x= = lim x sen = 0, temos que g é
x→0 x−0 x→0 x
derivável no ponto 0 e g 0 (0) = 0.
Assim, g : R −→ R possui derivadas em todos os pontos da reta, mas
g 0 : R −→ R não é contı́nua no ponto zero, pois não existe lim g 0 (x) =
x→0
1 1
lim 2x sen − cos .
x→0 x x
1 x
• Seja a função ϕ : R −→ R definida por ϕ(x) = x2 sen + se x = 6 0e
x 2
1
ϕ(0) = 0. Como ϕ é contı́nua e derivável em toda a reta, e ϕ 0 (0) = > 0,
2
temos, pelo corolário 1.3, que existe δ > 0 tal que 0 < x < δ =⇒ ϕ(x) > 0
e −δ < x < 0 =⇒ ϕ(x) < 0.
Mas, ϕ não é crescente em vizinhança alguma do ponto 0, pois, como
1 1 1
ϕ 0 (x) = 2x sen − cos + , para x 6= 0,
x x 2
1 1
dado δ > 0 existe n0 ∈ N tal que < δ. Então, ∈ (0, δ) e
2n0 π 2n0 π
0 1 1 0 1 1
ϕ < 0, − ∈ (−δ, 0), e ϕ − < 0, π ∈ (0, δ) e
2n0 π 2n0 π 2n0 π 4n0 π + 2
1 1 1
ϕ0 π > 0, − π ∈ (−δ, 0) e ϕ 0 − π > 0.
4n0 π + 2 4n0 π + 2 4n0 π + 2
Observação 1.14
• A recı́proca do corolário 1.4 não é verdadeira.
Por exemplo, a função f : R −→ R, f(x) = x3 , apesar de ter derivada zero
no ponto 0, tal ponto não é de máximo nem de mı́nimo local, pois f é uma
função crescente em toda a reta.
• No corolário 1.4, não basta que f possua derivadas laterais no ponto de
máximo ou de mı́nimo para podermos concluir que as derivadas laterais
são nulas nesse ponto. Por exemplo, a função g : R −→ R, g(x) = |x|,
possui um mı́nimo no ponto 0, mas as derivadas laterais neste ponto
g 0 (0+ ) = 1 e g 0 (0− ) = −1 não são nulas.
• E, também, a condição de a ∈ X+0 ∩X−0 é necessária para que o corolário
1.4 seja válido. Por exemplo, a função h : [0, +∞) −→ R, h(x) = x2 + x
possui um mı́nimo local no ponto 0, mas h 0 (0) = 1 6= 0.
1 1
é derivável em todos os pontos da reta, com f 0 (x) = 2x sen − cos se
x x
x 6= 0 e f 0 (0) = 0.
Mas f 0 : R −→ R não é contı́nua no ponto zero e, portanto, f não é de
classe C1 em toda a reta.
Prova.
Suponhamos, primeiro, que d = 0, ou seja, f 0 (a) < 0 < f 0 (b). Como
f 0 (a) < 0, existe δ > 0 tal que f(x) < f(a) para todo x ∈ (a, a + δ), e como
f 0 (b) > 0, existe δ 0 > 0 tal que f(y) < f(b) para todo y ∈ (b − δ 0 , b).
Além disso, como f é contı́nua no compacto [a, b], temos, pelo teorema
de Weierstrass, que f possui um ponto de mı́nimo e um ponto de máximo
no intervalo [a, b].
Logo, o ponto de mı́nimo c pertence ao intervalo (a, b), pois, pelo visto
acima, a e b não são pontos de mı́nimo.
Assim, pelo corolário 1.4, f 0 (c) = 0, pois c ∈ (a, b) é ponto de acumulação
à direita e à esquerda do conjunto [a, b].
No caso geral, basta considerar a função g(x) = f(x) − dx, x ∈ [a, b].
Então, g 0 (x) = f 0 (x) − d e f 0 (a) < d < f 0 (b) se, e só se, g 0 (a) < 0 < g 0 (b).
Logo, se f 0 (a) < d < f 0 (b), existe c ∈ (a, b) tal que g 0 (c) = 0, ou seja,
f 0 (c) = d.
Prova.
Seja c ∈ I um ponto de acumulação à direita de I, isto é, c não é a
extremidade superior de I.
0 se x ∈ Q
Exemplo 2.2 A função ϕ : R −→ R, dada por ϕ(x) =
1 se x ∈ R − Q ,
não é a derivada de uma função ξ : R −→ R, pois, embora suas descon-
tinuidades sejam todas de segunda espécie, ela não satisfaz ao teorema
do valor intermediário para funções deriváveis.
Prova.
Se f é constante em [a, b], então f 0 (c) = 0 para todo c ∈ (a, b).
Suponhamos, então, que f não é constante em [a, b]. Como f é contı́nua
no compacto [a, b], o máximo e o mı́nimo de f são atingidos em pontos do
intervalo [a, b]. Então, existe c ∈ (a, b) tal que f(c) = M ou f(c) = m, pois
se o máximo M e o mı́nimo m fossem ambos atingidos nas extremidades,
terı́amos M = m, pois f(a) = f(b), e f seria, portanto, constante.
Logo, pelo corolário 1.4, f 0 (c) = 0, pois c é um ponto de acumulação à
direita e à esquerda do intervalo [a, b] e f é derivável no ponto c.
1
Exemplo 2.5 Seja h : [−1, 1] −→ R definida por h(x) = (1−x2 ) sen
1 − x2
se x 6= ±1 e h(±1) = 0. Então, h é contı́nua em [−1, 1] e derivável apenas
no intervalo aberto (−1, 1). Neste exemplo, podemos aplicar o teorema de
Rolle para garantir que existe c ∈ (−1, 1) tal que f 0 (c) = 0. Na realidade,
1 2x 1
f 0 (0) = 0, pois f 0 (x) = −2x sen 2
+ 2
cos para x 6= ±1.
1−x 1−x 1 − x2
Como g é contı́nua e derivável em [a, b], g(a) = f(a) e g(b) = f(b), temos
que a função ϕ : [a, b] −→ R, ϕ(x) = f(x) − g(x) satisfaz as hipóteses
do teorema de Rolle, pois ϕ é contı́nua em [a, b], derivável em (a, b) e
ϕ(a) = ϕ(b) = 0.
Logo, existe c ∈ (a, b) tal que ϕ 0 (c) = 0. Mas, como ϕ 0 (x) = f 0 (x) − g 0 (x)
f(b) − f(a)
e g 0 (x) = para todo x ∈ (a, b), temos que
b−a
f(b) − f(a)
f 0 (c) = g 0 (c) = .
b−a
Prova.
Seja x ∈ (a, b). Então existe cx ∈ (a, b) tal que
f(x) − f(a)
0 = f 0 (cx ) = .
x−a
Assim, f(x) = f(a) para todo x ∈ [a, b], ou seja, f é constante em [a, b].
Prova.
Como a função g − f : [a, b] −→ R é contı́nua em [a, b], derivável em
(a, b) e (g − f) 0 (x) = g 0 (x) − f 0 (x) = 0 para todo x ∈ (a, b), temos, pelo
corolário anterior, que g − f é constante em [a, b], ou seja, existe c ∈ R tal
que g(x) − f(x) = c para todo x ∈ [a, b].
x
Observação 2.4 A função f : R − {0} −→ R, definida por f(x) = , não
|x|
é constante, apesar de f 0 (x) = 0 para todo x ∈ R − {0}. Isto ocorre porque
o domı́nio de f não é um intervalo.
Prova.
Sejam x, y ∈ I, x < y. Como f é contı́nua em [x, y] e derivável em (x, y),
existe z ∈ (x, y) tal que
f(x) − f(y) = f 0 (z)(x − y) .
Logo, |f(x) − f(y)| = |f 0 (z)| |x − y| ≤ k|x − y| .
O mesmo vale se y < x.
lim f(x).
x→a+
1
Por exemplo, a função f : (0, +∞) −→ R, definida por f(x) = sen , não
x
Prova.
f(xn ) − f(a)
Basta provar que lim = L , para toda seqüência (xn ) de pon-
n→+∞ xn − a
tos de (a, b) com lim xn = a.
n→+∞
Pelo teorema do valor médio, para todo n ∈ N, existe yn ∈ (a, xn ) tal que
f(xn ) − f(a)
f 0 (yn ) = .
xn − a
f(xn ) − f(a)
lim = L.
n→+∞ xn − a
Prova.
Seja δ > 0 tal que [c − δ, c + δ] ⊂ (a, b).
Como a função f é contı́nua em [c − δ, c], derivável em (c − δ, c) e existe
lim− f 0 (x) = L, então f é derivável à esquerda no ponto c e f 0 (c− ) = L.
x→c
Prova.
(=⇒) Sejam x, y ∈ I, x < y. Pelo teorema do valor médio, existe
f(y) − f(x)
z ∈ (x, y) tal que = f 0 (z). Como f 0 (z) ≥ 0 e y − x > 0, te-
y−x
mos que f(y) ≥ f(x).
ex x xn A
Então, n
> , ou seja, 0 < x
< para todo x > 0, onde A = (n+1)n+1 .
x A e x
xn
Logo, lim = 0.
x→+∞ ex
p(x)
Mais geralmente: x→+∞
lim = 0 para todo polinômio p(x) = an xn +
ex
an−1 xn−1 + . . . + a1 x + a0 .
an−1 a
De fato, como p(x) = an xn q(x), onde q(x) = 1 + + . . . + 0 n , temos
an x an x
p(x)
que lim = an e, portanto,
n→+∞ xn
p(x) p(x) xn p(x) xn
lim = lim · = lim · lim = an · 0 = 0 .
x→+∞ ex x→+∞ xn ex x→+∞ xn x→+∞ ex
1
Exemplo 2.8 Seja f : R −→ R definida por f(x) = e− x2 se x 6= 0 e
1
f(0) = 0. Como lim e− x2 = 0, f é contı́nua em R. Além disso, f é derivável
x→0
2 − 12
em R − {0}, com f 0 (x) = e x para x 6= 0.
x3
3
1 2y 2
Pondo y = 2 , temos, pelo exemplo acima, que lim |f 0 (x)| = lim =
x x→0 y→+∞ ey
3
y y2 y2 y y2
0, já que y < y < y , para todo y > 1, e lim y = lim y = 0.
e e e y→+∞ e y→+∞ e
e− x1 se x 6= 0
Exemplo 2.9 Seja f : R −→ R a função f(x) = .
0 se x = 0
1 1
Como lim+ e− x = 0 = f(0) e lim− e− x = +∞, f não é contı́nua no ponto
x→0 x→0
1
y= , temos, pelo corolário 2.5, que f é derivável à direita no ponto 0 e
x
f 0 (0+ ) = 0.
1
Observe que lim− f 0 (x) = lim− 1 = +∞.
x→0 x→0 x2 e x
Observação 2.9 Há duas situações nas quais vale o teorema do valor
médio sem supor que a função f : [a, b] −→ R seja contı́nua nos pontos a
e b:
Primeira: Suponhamos que existem lim+ f(x) = L e lim− f(x) = M. Então,
x→a x→b
f(b) − f(a)
existe, então existe c ∈ (a, b) tal que f 0 (c) = .
b−a
De fato, como não existe lim+ f(x), temos, pela observação feita após o
x→a
Prova.
(=⇒) Suponhamos que f é de classe C1 em [a, b], ou seja, f é derivável
em [a, b] e f 0 é contı́nua em [a, b]. Então, f 0 é uniformemente contı́nua em
[a, b], já que [a, b] é compacto.
∀ ε > 0 , ∃ δ > 0 tal que x, y ∈ [a, b], |x − y| < δ =⇒ |f 0 (x) − f 0 (y)| < ε .
Sejam x, x + h ∈ [a, b] com 0 < |h| < δ. Então, pelo teorema do valor
médio, existe y entre x e x + h tal que f(x + h) − f(x) = f 0 (y) h. Logo,
|f(x + h) − f(x) − f 0 (x)h| = |f 0 (y) − f 0 (x)| |h| < ε|h|,
pois |(x + h) − x| = |h| < δ e, portanto, |y − x| < δ.
Assim, f é uniformemente derivável em [a, b].
(⇐=) Suponhamos, agora, que f é uniformemente derivável em [a, b].
Provaremos que a derivada f 0 é contı́nua em todos os pontos do intervalo
compacto [a, b].
Seja x0 ∈ (a, b) e tome δ = min{b − x0 , x0 − a} > 0.
δ
Dado ε > 0, existe 0 < δ 0 < tal que se x ∈ [a, b], x + h ∈ [a, b] e
2
0 < |h| < δ 0 , então
f(x + h) − f(x) 0
ε
− f (x) < .
h 3
f(x + h) − f(x)
Como a função g : [a, x0 + h] −→ R definida por g(x) = é
h
contı́nua em x0 , existe 0 < δ 00 < h tal que
ε
|x − x0 | < δ 00 =⇒ |g(x) − g(x0 )| < .
3
ε ε ε
Então, |f 0 (x) − f 0 (x0 )| < + + = ε para todo x ∈ (x0 − δ 00 , x0 + δ 00 ).
3 3 3
• Mostraremos, agora, que f 0 é contı́nua no ponto a.
b−a
Dado ε > 0, existe 0 < δ < tal que
2
f(x + h) − f(x)
x, x + h ∈ [a, b] e 0 < |h| < δ =⇒ 0
− f (x) < ε3.
h
ε a+b
h i
|g(x) − g(b)| < para todo x ∈ (b − δ 00 , b] ⊂ ,b .
3 2
Logo,
|f 0 (x) − f 0 (b)| ≤ |f 0 (x) − g(x)| + |g(x) − g(b)| + |g(b) − f 0 (b)| Para uma demonstração mais
ε ε ε
< + + = ε, sintética, veja Curso de Análise,
3 3 3 Vol. I de Elon Lima
3. Fórmula de Taylor
• ϕn0 (0+ ) = ϕn0 (0− ) = 0 , pois lim± ϕn0 (x) = lim± (n + 1)xn−1 |x| = 0 .
x→0 x→0
Afirmação: ϕ(n)
n (x) = (n + 1)! ϕ0 (x) para todo x ∈ R.
para todo x ∈ R.
Como ϕ0 (x) = |x|, x ∈ R, é contı́nua, mas não é derivável no ponto zero,
temos que ϕ ∈ Cn , mas não é (n + 1)−vezes derivável no ponto zero.
Então, ϕ 6∈ Cn+1 .
Exemplo 3.2
• Sejam as funções fn , hn : R −→ R definidas por:
x2n sen 1 , se x 6= 0 x2n cos 1 , se x 6= 0
fn (x) = x e hn (x) = x
0 se x = 0 0 se x = 0 .
(n) (n)
Então fn e hn são n−vezes deriváveis em R, mas fn e hn não são
contı́nuas no ponto zero. Logo, fn 6∈ Cn e hn 6∈ Cn .
temos que f1 e h1 são deriváveis em R, mas f10 e h10 não são contı́nuas no
ponto zero.
• Como
1 2
g10 (x) = 3x2 sen − x cos , x 6= 0 e g10 (0) = 0,
x x
1 1 1 1
g100 (x) = 6x sen − 4 cos + sen , x 6= 0,
x x x x
1 1
ϕ10 (x) = 3x2 cos + x sen , x 6= 0 , e ϕ10 (0) = 0,
x x
1 1 1 1
ϕ100 (x) = 6x cos + 4 sen − cos , x 6= 0 ,
x x x x
Exemplo 3.3
• Todo polinômio é uma função C∞ em R.
1
e− x2 se x 6= 0
Exemplo 3.4 A função f : R −→ R, f(x) = é de
0 se x = 0
classe C∞ .
É claro que existem as derivadas de todas as ordens num ponto x 6= 0.
Logo, f(n+1) (0+ ) = f(n+1) (0− ) = 0. Então, f(n+1) (0) existe e é igual a zero.
Então,
1
f(a + h) = 1 + a + h + h2 + h3 sen , h 6= 0 ,
h
ou seja,
f(a + h) = p(h) + r(h) ,
Prova.
(=⇒) Mostraremos, por indução sobre n, que se r é n−vezes derivável,
r(x)
n ≥ 1, no ponto 0 ∈ I e r(0) = r 0 (0) = . . . = r(n) (0) = 0, então lim = 0.
x→0 xn
Como r é pelo menos uma vez derivável numa vizinhança do ponto zero,
pois n ≥ 2, existe 0 < δ 0 < δ, tal que r é derivável em I ∩ (−δ 0 , δ 0 ).
Então, pelo teorema do valor médio, para cada 0 < |x| < δ 0 , x ∈ I, existe
cx ∈ I, 0 < |cx | < |x|, tal que
r(x) = r(x) − r(0) = r 0 (cx )x .
Logo,
r(x) r 0 (cx ) r 0 (cx ) n−1
cx
xn = xn−1 = cn−1 · < ε.
x
x
r(x)
Logo, lim = 0.
x→0 xn
r(x) r(x)
r(0) = lim r(x) = lim x = lim lim x = 0 ,
x→0 x→0 x x→0 x x→0
r(n) (0) n
Seja ϕ : I −→ R definida por ϕ(x) = r(x) − x .
n!
Então, ϕ é n−vezes derivável no ponto 0 ∈ I e
ϕ(x) r(x) r(n) (0)
lim n−1 = lim n
x− x = 0.
x→0 x x→0 x n!
r(x)
Então, como lim = 0, temos que
x→0 xn
r(n) (0) r(n) (0) xn r(x) ϕ(x) r(x) ϕ(x)
= lim = lim − n = lim − lim n = 0 ,
n! x→0 n ! xn x→0 xn x x→0 x n x→0 x
r(h)
lim = 0 se, e só se, f(j) (a) = p(j) (0), para todo j = 0, 1, . . . , n.
h→0 hn
r(h)
Se, além disso, impusermos que grau(p) ≤ n, temos que lim =
h→0 hn
f(n) (a) n
f(a + h) = f(a) + f 0 (a) h + . . . + h + r(h)
n!
r(h)
onde lim = 0.
h→0 hn
X
n
f(j) (a)
Além disso, p(h) = hj é o único polinômio de grau ≤ n tal que
j!
j=0
r(h)
f(a + h) = p(h) + r(h) , com lim =0
h→0 hn
(1) Se n é par, então a é ponto de máximo local quando f(n) (a) < 0, é um
r(h)
onde ρ(0) = 0 e ρ(h) = se h 6= 0, a + h ∈ I.
hn
Então, se n é par e f(n) (a) > 0, temos que f(a + h) > f(a) para todo
h 6= 0 pertencente a uma vizinhança do poto zero, pois hn 6= 0 para todo
h 6= 0. Ou seja, a é um ponto de mı́nimo local estrito.
E, se n é par e f(n) (a) < 0, temos que f(a + h) < f(a) para todo
h 6= 0 suficientemente pequeno, já que hn > 0 para todo h 6= 0. Ou seja,
a é um ponto de máximo local estrito.
Agora, se n é ı́mpar e f(n) (a) > 0, como existe δ > 0 tal que (a −
f(n) (a)
δ, a + δ) ⊂ I e + ρ(h) > 0 para todo h ∈ (−δ, δ) − {0}, temos que
n!
f(n) (a)
f(a + h) − f(a) = + ρ(h) hn < 0 , se −δ < h < 0 ,
n!
e
f(n) (a)
f(a + h) − f(a) = + ρ(h) hn > 0 , se 0 < h < δ .
n!
0
4.2 Indeterminação do tipo .
0
• Vejamos agora outra fórmula de Taylor, que nos dá uma estimativa da
diferença f(a + h) − f(a) para um valor fixo de h, isto é, sem supor h −→
0. A fórmula de Taylor que iremos obter nos dá uma generalização do
Teorema do Valor médio para funções n−vezes deriváveis.
Prova.
Seja ϕ : [a, b] −→ R definida por
f(n−1) (x) k
ϕ(x) = f(b) − f(x) − f 0 (x) (b − x) − . . . − (b − x)n−1 − (b − x)n ,
(n − 1) ! n!
k
+ (b − x)n−1
(n − 1) !
X
n−1 (j+1)
f (x) X
n−2 (j+1)
f (x) (b − x)n−1
j
= −f (x) − 0
(b − x) + (b − x)j + k
j! j! (n − 1) !
j=1 j=0
k − f(n) (x)
= (b − x)n−1 .
(n − 1) !
dizer que, para a < x < b o ponto (x, f(x)) do gráfico de f está abaixo da
secante, significa que
f(b) − f(a)
f(x) ≤ (x − a) + f(a) ,
b−a
e
f(b) − f(a)
f(x) ≤ (x − b) + f(b) ,
b−a
ou seja,
f(x) − f(a) f(b) − f(a) f(b) − f(x)
≤ ≤
x−a b−a b−x
Na realidade, basta que uma dessas desigualdades ocorra para que
a função seja convexa.
Prova.
(⇐=) Suponhamos que f 00 (x) ≥ 0 para todo x ∈ I.
Sejam a, a + h ∈ I, h 6= 0. Então, pelo teorema anterior, existe c ∈ I entre
f 00 (c) 2
a e a + h tal que f(a + h) = f(a) + f 0 (a)h + h .
2!
Como f 00 (a) ≥ 0, temos que
f(a + h) − f(a)
≥ f 0 (a) se h > 0,
h
e
f(a + h) − f(a)
≤ f 0 (a) se h < 0.
h
Logo, se a < x < b, a, b, x ∈ I, temos que
f(a) − f(x) f(b) − f(x)
≤ f 0 (x) ≤ ,
a−x b−x
f(x) − f(a) f(b) − f(x)
isto é, ≤ .
x−a b−x
obtemos que
(f(x) − f(a))(b − a) ≤ (f(b) − f(a))(x − a) ,
ou seja,
f(x) − f(a) f(b) − f(a)
≤ ,
x−a b−a
f(n) (a + θn h) n
onde rn (h) = h , com 0 < θn < 1.
n!
A série
X
∞
f(n) (a)
hn
n!
n=0
h ∈ (−εa , εa ).
X
∞
f(n) (a)
Observação 4.3 A série de Taylor hn converge para f(a+h)
n!
n=0
ou seja,
1 yn
= 1 + y + . . . + yn−1 + ,
1−y 1−y
(−1)n x2n
Sejam p(x) = 1 − x2 + x4 − x6 + . . . + (−1)n−1 x2n−2 e r(x) = .
1 + x2
r(x) (−1)n x
Como p é um polinômio de grau ≤ 2n − 1 e lim 2n−1 = lim = 0,
x→0 x x→0 1 + x2
(−1)n x2n
Além disso, como r2n−1 (x) = r2n (x) = , temos que lim rn (x) = 0
1 + x2 n→0
se, e só se, lim rn (x) = 0 se, e só se, lim r2n−1 (x) = lim r2n (x) = 0.
n→+∞ n→+∞ n→+∞
X
∞
Então a série de Taylor de f em torno de zero, (−1)n x2n , converge
n=0
para f(x) se |x| < 1 e diverge se |x| ≥ 1, pois, neste caso, o termo geral
(−1)n x2n não tende a zero quando n −→ ∞.
Apesar disto, como veremos depois, f é analı́tica em toda a reta. O que
acontece é que a série de Taylor de f em torno de um ponto a 6= 0 é
diferente da série acima.
e−1/x2 se x 6= 0
Exemplo 4.5 Seja f : R −→ R a função f(x) =
0 se x = 0 .
Já vimos, no exemplo —, que f é de classe C∞ e que f(n) (0) = 0 para todo
n ∈ N.
X
∞
f(n) (0)
Logo, a série de Taylor xn de f em torno do ponto 0 é identi-
n!
n=0
sen(n) (c) n
onde rn (x) = x e |c| < |x|.
n!
|x|n
Logo, |rn (x)| ≤ para x ∈ R e n ∈ N.
n!
|x|n
Então, como lim = 0, temos que lim rn (x) = 0 para todo x ∈ R.
n→+∞ n ! n→+∞
De modo análogo, podemos provar que o mesmo vale para a função cos-
seno.
X
∞
ea hn
Logo, a série de Taylor da função exponencial em torno do ponto
n!
n=0
a+h
a converge para e para todo h ∈ R.
Assim, a função exponencial é analı́tica em toda a reta e
X
∞
ea
x
e = (x − a)n
n!
n=0
Parte 8
Integral de Riemann
r ∈ (ti−1 , ti ) à partição P.
Sejam
mi = inf{f(x) | x ∈ [ti−1 , ti ]}
m 0 = inf{f(x) | x ∈ [ti−1 , r]}
m 00 = inf{f(x) | x ∈ [r, ti ]} .
Então, mi ≤ m 0 e mi ≤ m 00 .
Assim,
s(f; Q) − s(f; P) = m 00 (ti − r) + m 0 (r − ti+1 ) − mi (ti − ti−1 )
= m 0 (ti − r) + m 00 (r − ti−1 ) − mi (ti − r) − mi (r − ti−1 )
= (m 0 − mi )(ti − r) + (m 00 − mi )(r − ti−1 ) ≥ 0 ,
Prova.
Como P ∪ Q refina P e Q, temos
s(f; P) ≤ s(f; P ∪ Q) ≤ S(f; P ∪ Q) ≤ S(f; Q) .
Zb
f(x) dx = inf S(f; P)
a P
Zb Zb
Ou seja, f(x) dx e f(x) dx são caracterizados pelas proprieda-
a a
des abaixo:
Zb
(1) f(x) dx ≥ s(f; P) para qualquer partição P de [a, b]
a
Zb
(1’) f(x) dx ≤ S(f; P) para qualquer partição P de [a, b]
a
pois
m(b − a) ≤ s(f; P) ≤ S(f; Q) ≤ M(b − a) ,
quaisquer que sejam as partições P e Q de [a, b].
Em particular, se |f(x)| ≤ K, ou seja, −K ≤ f(x) ≤ K, para todo
x ∈ [a, b], então
Z Z
b b
f(x) dx ≤ K(b − a) e f(x) dx ≤ K(b − a) .
a a
1 se x ∈ Q
Exemplo 1.1 Seja f : [a, b] −→ R definida por f(x) =
0 se x ∈ R − Q .
e
Zb Zc Zb
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx
a a c
Prova.
Dada uma partição P de [a, b], seja P 0 = P ∪ {c}. Então, s(f; P) ≤ s(f; P 0 ) .
Zb
Como f(x) dx ≥ s(f; P) para toda partição P de [a, b], temos que
a
Zb
f(x) dx ≥ s(f; Q) ,
a
Por outro lado, dada uma partição P de [a, b], temos que
Zb
Assim, f(x) dx = sup { s(f; Q) | Q partição de [a, b] com c ∈ Q} .
a
Prova.
Como x ≤ sup A para todo x ∈ A e y ≤ sup B para todo y ∈ B, te-
mos x + y ≤ supA + sup B. Logo, sup A + sup B é uma cota superior do
conjunto A + B.
ε
Além disso, dado ε > 0, existem x ∈ A e y ∈ B tais que x ≥ sup A − e
2
ε
y > sup B − .
2
Então, x + y > (sup A + sup B) − ε. Logo, sup A + sup B é a menor cota
superior de A + B, ou seja,
sup(A + B) = sup A + sup B .
De modo análogo, podemos provar que inf(A + B) = inf A + inf B.
Prova.
Sejam A = { f(x) | x ∈ [a, b] } , B = { g(y) | y ∈ [a, b] } e C = { f(x) +
g(x) | x ∈ [a, b] }. Como C ⊂ A + B, temos, pelo lema anterior, que
• sup(f + g) = sup C ≤ sup(A + B) = sup A + sup B = sup f + sup g ,
e
• inf(f + g) = inf C ≥ inf(A + B) = inf A + inf B = inf f + inf g.
onde
A 0 = {S(f|[a,c] ; P) | P é partição de [a, c] }
Então,
Zb Zb
f(x) dx = f(x) dx = α(c − a) + β(b − c) .
a a
e
Zb Zc Zb Zc
f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx = f(x) dx + β(b − c) .
a a c a
Zb
e, portanto, f(x) dx = α(c − a) + β(b − c) .
a
Além, disso, como s(f|[a, c] ; P) = α(c − a) para toda partição P de [a, c],
Zc
pois α ≤ β, temos que f(x) dx = α(c − a) e, portanto,
a
Zb
f(x) dx = α(c − a) + β(b − c) .
a
Zc Zc
Logo, f(x) dx = α(c − a) e f(x) dx = α(c − a) quaisquer que sejam os
a a
Prova.
Seja c > 0. Como x ≤ sup A para todo x ∈ A, temos que cx ≤ c sup A
para todo cx ∈ cA. Logo, c sup A é uma cota superior de cA.
ε
Além disso, dado ε > 0, existe x ∈ A tal que x > sup A − . Logo,
c
cx > c sup A − ε. Então sup A é a menor cota superior de cA, ou seja,
c sup A = sup cA.
Seja, agora, c < 0. Como x ≤ sup A para todo x ∈ A, temos cx ≥ c sup A
para todo cx ∈ cA. Logo, c sup A é uma cota inferior de cA.
ε ε
Além disso, dado ε > 0, existe x ∈ A tal que x > sup A + , pois < 0.
c c
Logo, cx < c sup A + ε. Portanto, c sup A é a maior cota inferior de cA, ou
seja, inf cA = c sup A.
De modo análogo, podemos provar que
inf cA = c inf A se c > 0 e sup cA = c inf A se c < 0.
Zb Zb Zb Zb
(2) Quando c > 0, c f(x) dx = c f(x) dx e c f(x) dx = c f(x) dx .
a a a a
Zb Zb Zb Zb
Quando c < 0, c f(x) dx = c f(x) dx e c f(x) dx = c f(x) dx .
a a a a
Zb Zb Zb Zb
Em particular, − f(x) dx = − f(x) dx e − f(x) dx = − f(x) dx .
a a a a
Prova.
Zb Zb
(1) Já sabemos que (f(x) + g(x)) dx ≤ (f(x) + g(x)) dx .
a a
Zb Zb Zb
Vamos provar que f(x) dx + g(x) dx ≤ (f(x) + g(x)) dx .
a a a
Logo,
Zb
(f(x) + g(x)) dx ≥ s(f; P) + s(g; P) ,
a
Zb
• c f(x) dx = inf S(c f; P) = inf c S(f; P)
P P
a
Zb
= c inf S(f; P) = c f(x) dx , se c > 0 ,
P a
Zb
• c f(x) dx = sup s(c f; P) = sup c S(f; P)
a P P
Zb
= c inf S(f; P) = c f(x) dx , se c < 0 ,
P a
Zb
• c f(x) dx = inf S(c f; P) = inf c s(f; P)
P P
a Zb
= c sup s(f; P) = c f(x) dx , se c < 0 ,
P a
(3) Como f(x) ≤ g(x) para todo x ∈ [a, b], temos que
2. Funções integráveis
Zb Zb
Este valor comum, indicado por f(x) dx ou f , é chamado a integral
a a
de f.
0 , x ∈ [a, b] ∩ (R − Q)
Exemplo 2.3 A função f : [a, b] −→ R, f(x) =
1 , x ∈ [a, b] ∩ Q
Zb Zb
não é integrável, pois f(x) dx = 0 6= 1 = f(x) dx .
a a
Dizer, então, que f é integrável, significa que a área interna e a área ex-
Zb
terna de A são iguais, ou seja, que A possui uma área igual a f(x) dx.
a
Prova.
Já sabemos que sup σ ≤ inf Σ.
(⇐=) Suponhamos que sup σ < inf Σ e tomemos ε = inf Σ − sup σ > 0.
Como s ≤ sup σ ≤ inf Σ ≤ S quaisquer que sejam s ∈ σ e S ∈ Σ, temos
que S − s ≥ inf Σ − sup σ = ε para todo S ∈ Σ e todo s ∈ σ, o que contradiz
a hipótese.
(=⇒) Suponhamos que sup σ = inf Σ. Seja ε > 0. Então existem s ∈ σ e
ε ε
S ∈ Σ tais que s > sup σ − e S < inf Σ + .
2 2
ε ε
Logo, S − s < inf Σ + − sup σ − = ε.
2 2
Prova.
Seja A = { |x − y| | x, y ∈ Y }. Dados x, y ∈ Y, podemos supor que x ≥ y.
Então,
|x − y| = x − y ≤ M − m ,
ou seja, M − m é uma cota superior de A.
ε ε
Além disso, dado ε > 0, existem x, y ∈ Y tais que x > M − e y < m+ .
2 2
Logo,
ε ε
|x − y| ≥ x − y > M − − m − = M − m − ε,
2 2
ou seja, M − m é a menor cota superior de A. Então, M − m = sup A.
Prova.
Pelo lema 2.1, temos que (1)⇐⇒(2). E (3)⇐⇒(4), pois, pelo corolário
2.1,
X
n
S(f; P) − s(f; P) = ωi (ti − ti−1 ).
i=1
(3) f + g é integrável e
Zb Zb Zb
(f(x) + g(x)) dx = f(x) dx + g(x) dx .
a a a
Segue-se de (4) e (5) que se |f(x)| ≤ K para todo x ∈ [a, b], então
Zb
f(x) dx ≤ k(b − a) .
a
Prova.
(1) Sejam
Zc Zb Zc Zb
α= f(x) dx, β = f(x) dx, A = f(x) dx, e B = f(x) dx.
a c a c
Zb Zb
Como f(x) dx = α + β, f(x) dx = A + B, α ≤ A e β ≤ B, temos que f
a a
E, neste caso,
Zb Zb Zc Zb Zc Zb
f(x) dx = f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx .
a a a c a c
Zb Zb
Logo, cf é integrável e cf(x) dx = c f(x) dx .
a a
O caso c = 0 é trivial.
(3) Pelo teorema 1.3, temos que
Zb Zb Zb Zb Zb
f(x) dx + g(x) dx = f(x) dx + g(x) dx ≤ ( f(x) + g(x) ) dx
a a a a a
Zb Zb Zb
≤ ( f(x) + g(x) ) dx ≤ f(x) dx + g(x) dx
a a a
Zb Zb
= f(x) dx + g(x) dx .
a a
Logo,
Zb Zb Zb Zb
f(x) dx + g(x) dx = ( f(x) + g(x) ) dx = ( f(x) + g(x) ) dx ,
a a a a
Zb Zb Zb
ou seja, f + g é integrável e ( f(x) + g(x) ) dx = f(x) dx + g(x) dx.
a a a
Zb Zb Zb Zb
f(x) dx = f(x) dx ≤ g(x) dx = g(x) dx ,
a a a a
Zb Zb
ou seja, f(x) dx ≤ g(x) dx .
a a
X
n X
n
ωi (|f|)(ti − ti−1 ) ≤ ωi (f)(ti − ti−1 ) < ε .
i=1 i=1
ou seja,
Zb Zb
f(x) dx ≤ |f(x) dx .
a a
(6) Como f e g são limitadas no intervalo [a, b], existe K > 0 tal que
|f(x)| ≤ K e |g(x)| ≤ K para todo x ∈ [a, b].
Seja P = {t0 , t1 , . . . , tn } uma partição de [a, b]. Para x, y ∈ [ti−1 , ti ] quais-
quer, temos
e, portanto,
ωi (f + g) ≤ K ( ωi (f) + ωi (g) ) ,
onde ωi (f+g), ωi (f), ωi (g) são as oscilações dessas funções no intervalo
[ti−1 , ti ].
Logo, como f e g são integráveis, dado ε > 0, existem partições P e Q de
[a, b], tais que
ε ε
S(f; P) − s(f; P) < e S(g; Q) − s(g; Q) < .
2K 2k
Então, sendo P 0 = P ∪ Q, temos que
ε ε
S(f; P 0 ) − s(f; P 0 ) < e S(g; P 0 ) − s(g; P 0 ) < .
2K 2K
Daı́, para a partição P 0 = {t0 , t1 , . . . , tn },
X
n X
n X
n
ωi (f + g)(ti − ti−1 ) ≤ K ωi (f)(ti − ti−1 ) + K ωi (g)(ti − ti−1 )
i=1 i=1 i=1
Provamos, assim, que dado ε > 0, existe uma partição P 0 de [a, b] tal que
X
n
ωi (f + g)(ti − ti−1 ) < ε .
i=1
Zb Zc Zb
Observação 2.5 A igualdade f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx só
a a c
tem sentido quando a < c < b.
Para torná-la verdadeira quaisquer que sejam a, b, c ∈ R, precisamos
fazer as seguintes convenções:
Za
• f(x) dx = 0
a
Zb Za
e • f(x) dx = − f(x) dx .
a b
a ≤ b ≤ c; a ≤ c ≤ b; b ≤ c ≤ a;
b ≤ a ≤ c; c ≤ a ≤ b; c ≤ b ≤ a.
Logo,
Zb Zc Zc Zc Zb
f(x) dx = f(x) dx − f(x) dx = f(x) dx + f(x) dx .
a a b a c
Prova.
Como [a, b] é compacto, f é limitada e uniformemente contı́nua no in-
tervalo [a, b]. Então, dado ε > 0, existe δ > 0 tal que
ε
x, y ∈ [a, b], |x − y| < δ =⇒ |f(x) − f(y)| < .
b−a
b−a
Seja n ∈ N tal que < δ e considere a partição P = {t0 , t1 , . . . , tn },
n
i(b − a)
onde ti = a + , i = 0, . . . , n.
n
b−a
Para x, y ∈ [ti−1 , ti ], temos |x − y| ≤ |ti − ti−1 | = < δ.
n
ε
Logo, |f(x) − f(y)| < , para x, y ∈ [ti−1 , ti ].
b−a
Assim,
ε
ωi (f) = sup { |f(x) − f(y)| | x, y ∈ [ti−1 , ti ] } ≤ , i = 1, . . . , n,
b−a
X
n
e, portanto, ωi (f)(ti − ti−1 ) ≤ ε.
i=1
Teorema 2.4 Seja f : [a, b] −→ R limitada. Se, para todo c ∈ [a, b),
f|[a,c] é integrável, então f é integrável.
Prova.
Seja K > 0 tal que |f(x)| ≤ K para todo x ∈ [a, b].
ε
Dado ε > 0, tome c ∈ (a, b) tal que b − c < .
4K
Como f|[a,c] é integrável, existe uma partição {t0 , t1 , . . . , tn } de [a, c] tal que
X
n
ε
ωi (f)(ti − ti−1 ) < .
2
i=1
Pondo tn+1 = b, obtemos uma partição {t0 , t1 , . . . , tn , tn+1 } de [a, b] tal que
X
n+1
ε
ωi (f)(ti − ti−1 ) < ε, pois ωn+1 (f)(tn+1 − tn ) < , já que
2
i=1
ε
ωn+1 (f) ≤ 2K e tn+1 − tn = b − c < .
4K
Logo, pelo teorema 2.1, f é integrável no intervalo [a, b].
Corolário 2.2 Seja f : [a, b] −→ R limitada. Se, para a < c < d < b
quaisquer, f|[c,d] é integrável, então f é integrável.
Prova.
Seja p ∈ (a, b) fixo. Como f|[q,p] é integrável para todo q ∈ (a, p] e f|[p,r] é
integrável para todo r ∈ [p, b), temos, pela observação 2.6 e pelo teorema
2.4, que f|[a,p] e f|[p,b] são integráveis.
Prova.
Seja {t0 , t1 , . . . , tn } = X ∪ {a, b}, onde t0 = a, tn = b e X é o conjunto
dos pontos de [a, b] onde f é descontı́nua.
Então, pelo corolário acima, f|[ti−1 ,ti ] é integrável para cada i = 1, . . . , n,
pois f é contı́nua e, portanto, integrável em todo intervalo [c, d], com
ti−1 < c < d < ti . Logo, pelo teorema 2.2, f é integrável em [a, b].
sen 1 , se x 6= 0
Exemplo 2.4 A função f : [−1, 1] −→ R , f(x) = x
0 , se x = 0 ,
é integrável, pois f é limitada e descontı́nua apenas no ponto 0.
X
n
Então, podemos decompor a soma superior S(f; P) = Mi (ti − ti−1 )
i=1
0
onde [ti−1 , ti0 ] são os intervalos de P que contêm algum ponto de F e
00
[ti−1 , ti00 ] são os intervalos de P disjuntos de F.
X X ε
Como, Mi0 (ti0 − ti−1
0
)≤ (ti0 − ti−1
0
) < , pois Mi0 ≤ 1 e
2
X ε ε
Mi00 (ti00 − ti−1
00
)≤ · (b − a) ≤ ,
2(b − a) 2
Além disso,
Zb Zb
0≤ f(x) dx ≤ f(x) dx = 0 .
a a
Zb
Logo, f é integrável e f(x) dx = 0.
a
Seja K > 0 tal que |f(x)| ≤ K para todo x ∈ [a, b]. Então,
Zy
|F(y) − F(x)| = f(t) dt ≤ K|y − x| .
x
Zx
Note que: o processo de passar
de f para F melhora, ou amacia,
Definição 3.1 A função F(x) = f(t) dt chama-se uma integral indefi-
a
as qualidades da função f.
nida de f.
Prova.
Sendo f contı́nua no ponto c, dado ε > 0 existe δ > 0 tal que
t ∈ [a, b], |t − c| < δ =⇒ |f(t) − f(c)| < ε.
Então, se 0 < h < δ e c + h ∈ [a, b], temos
Z c+h
F(c + h) − F(c) 1
− f(c) = f(t) dt − h f(c)
h h c
Z c+h
1
= (f(t) − f(c)) dt
h c
Z c+h
1 1
≤ |f(t) − f(c)| dt ≤ ε h = ε ,
h c h
Prova.
Zx
Basta tomar F(x) = f(t) dt.
a
1
Exemplo 3.3 A função f : [−1, 1] −→ R, definida por f(x) = 2x sen −
x
1 1
cos se x 6= 0 e f(0) = 0, possui a primitiva F(x) = x2 sen se x 6= 0 e
x x
F(0) = 0 e uma descontinuidade de segunda espécie no ponto 0.
Como ϕ(a) = 0, temos que −F(a) = c, ou seja, ϕ(x) = F(x) − F(a) para
todo x ∈ [a, b]. Em particular, para x = b,
Zb
ϕ(b) = F 0 (t) dt = F(b) − F(a) .
a
Prova.
Seja P = {t0 , t1 , . . . , tn } uma partição de [a, b]. Pelo teorema do valor
médio, para todo i = 1, . . . , n, existe ξi ∈ (ti−1 , ti ) tal que
F(ti ) − F(ti−1 ) = F 0 (ξi )(ti − ti−1 ).
Então,
X
n X
n
F(b) − F(a) = [ F(ti ) − F(ti−1 ) ] = F 0 (ξi )(ti − ti−1 ) .
i=1 i=1
Sendo
mi = inf { F 0 (x) | x ∈ [ti−1 , ti ] } e Mi = sup { F 0 (x) | x ∈ [ti−1 , ti ] } ,
temos que mi ≤ F 0 (ξi ) ≤ Mi para todo i = 1, . . . , n e, portanto,
s(F 0 ; P) ≤ F(b) − F(a) ≤ S(F 0 ; P)
Logo,
Zb Zb
0
F (t) dt ≤ F(b) − F(a) ≤ F 0 (t) dt ,
a a
ou seja,
Zb
F 0 (t) dt = F(b) − F(a).
a
Observação 3.4 Este teorema nos diz que as únicas primitivas de uma
função integrável f : [a, b] −→ R, caso existam, são da forma
Zx
f(t) dt + Const ,
a
Zb
e reduz a avaliação de f(t) dt à obtenção de uma primitiva.
a
1 ti+1
Como log(1 + t) é uma primitiva de e é uma primitiva de ti ,
1+t i+1
1
sendo e ti , i ∈ N , integráveis, por serem contı́nuas, temos que:
1+t
Zx
1
log(1 + t) = dt
0 1+t
Zx
2 n−1 n−1 (−1)n tn
= 1 − t + t − . . . + (−1) t + dt
0 1+t
Zx
x2 x3 xn tn
= x− + + . . . + (−1)n−1 + (−1)n dt ,
2 3 n 0 1+t
rn (x)
pois 0 < 1 + x ≤ 1 + t para t ∈ [x, 0]. Logo lim = 0.
x→0 xn
x2 x3 xn
Então, pn (x) = x − + − . . . + (−1)n−1 é o polinômio de Taylor
2 3 n
de ordem n para a função log(1 + x) em torno do ponto zero, ou, fazendo
a mudança de variável u = 1 + x, o polinômio p̃n (u) = pn (u − 1), é o
polinômio de Taylor de ordem n para a função log u em torno do ponto
1.
Além disso, como lim rn (x) = 0 para todo x ∈ (−1, 1], o desenvolvimento
n→∞
de Taylor
x2 x3 xn
log(1 + x) = x − + − . . . + (−1)n−1 + . . .
2 3 n
vale para todo x ∈ (−1, 1].
Em particular, para x = 1, obtemos que:
1 1 (−1)n−1 X
∞
(−1)n−1
log 2 = log(1 + 1) = 1 − + − . . . + +... = .
2 3 n n
n=1
Prova.
Como f é contı́nua, f possui uma primitiva F : [a, b] −→ R. Então, pelo
teorema fundamental do Cálculo, temos:
Z g(d)
f(x) dx = F(g(d)) − F(g(c)) .
g(c)
Zb Zb
Observação 4.2 A notação f(x) dx, em vez de f, encontra uma
a a
boa justificativa no teorema anterior, pois se tomarmos x = g(t), teremos
dx = g 0 (t) dt, x = g(c) e x = g(d) quando t assume os valores c e d,
respectivamente.
Essas substituições nos dão, então, a fórmula de mudança de variável.
b
onde f · ga = f(b)g(b) − f(a)g(a).
Prova.
Como (f · g) 0 (t) = f 0 (t) g(t) + f(t) g 0 (t) para todo t ∈ [a, b], temos que
f ◦ g é uma primitiva de f 0 g + f g 0 . Além disso, como f 0 g e g 0 f, e, portanto,
f 0 g + fg 0 , são integráveis, temos, pelo teorema fundamental do Cálculo,
que
Zb
( f 0 (t) g(t) + f(t) g 0 (t) ) dt = (f · g)(b) − (f · g)(a) .
a
Logo,
Zb Zb
0
b
f (t) g(t) dt + f(t) g 0 (t) dt = (f · g)a .
a a
Prova.
A. Como f é contı́nua, f possui uma primitiva F. Então, pelo teorema
do valor médio, existe c ∈ (a, b) tal que
Zb
f(x) dx = F(b) − F(a) = F 0 (c)(b − a) = f(c)(b − a) .
a
Zb Zb Zb
m p(x) dx ≤ p(x) f(x) dx ≤ M p(x) dx .
a a a
Zb Zb Zb
Se p(x) dx = 0, temos p(x) f(x) dx = 0, e se p(x) dx > 0, temos
a a a
Zb
f(x) p(x) dx
a
m≤ Zb ≤ M.
p(x) dx
a
Então, F 0 = f e F(a) = 0.
Integrando por partes, obtemos
Zb Zb Zb
f(x) p(x) dx = F (x) p(x) dx = F(b) p(b) − F(x) p 0 (x) dx .
0
a a a
Logo,
Zb Zb
f(x) p(x) dx = F(b) p(b) − F(ξ) p 0 (x) dx
a a
Logo,
Zb Z a+δ Z b−δ Zb
L = p(x) dx = p(x) dx + p(x) dx + p(x) dx
a a a+δ b−δ
Z b−δ
L
< + p(x) dx .
2 a+δ
Então,
Z b−δ
L
p(x) dx > .
a+δ 2
Sejam
m = f(x0 ) = inf{ f(x) | x ∈ [a, b] } e M = f(y0 ) = sup{ f(x) | x ∈ [a, b] } ,
onde x0 , y0 ∈ [a, b].
Seja
Zb
f(x) p(x) dx
a
d= Zb .
p(x) dx
a
ou seja,
Zb
(f(x) − m) p(x) dx = 0 .
a
Mas, como f é contı́nua em [a, b] e f(x) > m para x ∈ (a, b), existe K > 0
tal que f(x) ≥ K + m para todo x ∈ [a + δ, b − δ].
Logo,
Z b−δ Z b−δ
KL
(f(x) − m) p(x) dx ≥ K p(x) dx > > 0.
a+δ a+δ 2
o que é um absurdo.
• Suponhamos, agora, que d = M e f(x) 6= M para todo x ∈ (a, b), ou
seja, f(x) < M para todo x ∈ (a, b).
Logo,
Zb Zb
f(x) p(x) dx = M p(x) dx ,
a a
e, portanto,
Zb
(M − f(x))p(x) dx = 0 .
a
Como f é contı́nua em [a, b] e f(x) < M para todo x ∈ (a, b), existe K > 0
tal que f(x) < M − K para todo x ∈ [a + δ, b − δ].
Z b−δ
KL
Assim, (M − f(x))p(x) dx ≥ > 0 e, portanto,
a+δ 2
Zb Z a+δ
0 = (M − f(x))p(x) dx = (M − f(x))p(x) dx
a a
Z b−δ Zb
+ (M − f(x))p(x) dx + (M − f(x))p(x) dx > 0 ,
a+δ b−δ
o que é um absurdo.
• Deduziremos, agora, a Fórmula de Taylor com resto integral, usando
integração por partes.
Prova.
Provaremos este lema por indução sobre n.
• Caso n = 1: Seja ϕ : [0, 1] −→ R uma função que possui derivada de
ordem 2 integrável em [0, 1].
Z1
0
Como ϕ é contı́nua, temos que ϕ(1) = ϕ(0) + ϕ 0 (t) dt .
0
ou seja,
Z1
ϕ(1) = ϕ(0) + ϕ (0) + 0
(1 − t)ϕ 00 (t) dt
0
(1 − t)n+1 (1 − t)n
Sejam f(t) = e g(t) = ϕ(n+1) (t) . Então, f 0 (t) = − e
(n + 1) ! n!
g 0 (t) = ϕ(n+2) (t) , para todo t ∈ [0, 1].
Como f 0 e g 0 são integráveis, temos
Z1 Z1 Z1
(1 − t)n (n+1) 0
ϕ (t) dt = − f (t) g(t) dt = f g 1 + f(t) g 0 (t) dt
0
0 n ! 0 0
Z1
ϕ(n+1) (0) (1 − t)n+1 (n+2)
= + ϕ (t) dt .
(n + 1) ! 0 (n + 1) !
Logo,
Z1
0 ϕ(n) (0) ϕ(n+1) (0) (1 − t)n+1 (n+2)
ϕ(1) = ϕ(0)+ϕ (0)+. . .+ + + ϕ (t) dt .
n! (n + 1) ! 0 (n + 1) !
Prova.
Seja ϕ : [0, 1] −→ R definida por ϕ(t) = f(a + th), t ∈ [0, 1].
ou seja,
como querı́amos.
f(n) (a)
f(b) = f(a) + f 0 (a)(b − a) + . . . + (b − a)n
n!
Zb
(b − x)n (n+1)
+ f (x) dx ,
a n!
já que
Zb Z1
(b − x)n (n+1) (b − a − th)n (n+1)
f (x) dx = f (a + th) h dt
a n! 0 n!
Z1
(h − th)n (n+1)
= f (a + th) h dt
0 n!
Z1
(1 − t)n (n+1)
= f (a + th) hn+1 dt .
0 n!
Mostraremos que
Zb
f(x) dx = lim S(f; P),
a |P|→0
Prova.
Suponhamos, primeiro, que f(x) > 0, para todo x ∈ [a, b].
Seja M = sup { f(x) | x ∈ [a, b] } > 0.
Dado ε > 0, existe uma partição P0 = { t0 , t1 , . . . , tn } de [a, b] tal que
Zb Zb
ε
f(x) dx ≤ S(f; P0 ) < f(x) dx + .
a a 2
ε
Tome 0 < δ < e seja P uma partição arbitrária de [a, b] com |P| < δ.
2Mn
Indiquemos por [rα−1 , rα ] os intervalos de P contidos em algum intervalo
[ti−1 , t1 ] de P0 , e escrevemos α ⊂ i para indicar que [rα−1 , rα ] ⊂ [ti−1 , t1 ] .
Chamemos [rβ−1 , rβ ] os intervalos restantes. Como cada um destes in-
tervalos contém pelo menos um ponto ti em seu interior, há, no máximo,
n − 1 intervalos do tipo [rβ−1 , rβ ].
X
Se α ⊂ i, então Mα ≤ Mi e (rα − rα−1 ) ≤ ti − ti−1 , onde
α⊂i
Portanto,
X
Mα (rα − rα−1 ) ≤ Mi (ti − ti−1 ) .
α⊂i
No caso geral, como f é limitada, existe c ∈ R tal que f(x) + c > 0 para
todo x ∈ [a, b].
Tomando g(x) = f(x) + c, temos que g(x) > 0 para todo x ∈ [a, b],
Mi (g) = Mi (f) + c , S(g; P) = S(f; P) + c(b − a) ,
e, portanto,
Zb Zb
g(x) dx = f(x) dx + c(b − a) .
a a
ou seja,
Zb
S(f; P) + c(b − a) < f(x) + c(b − a) + ε .
a
Então,
Zb Zb
f(x) dx ≤ S(f; P) < f(x) dx + ε .
a a
Zb
Corolário 5.1 Seja f : [a, b] −→ R limitada. Então, f(x) dx = lim s(f, P),
a |P|−→0
Prova.
Pelo teorema anterior, dado ε > 0, existe δ > 0 tal que |P| < δ, então
Zb Zb
− f(x) dx ≤ S(−f; P) < − f(x) dx + ε .
a a
Logo,
Zb Zb
f(x) dx − ε < s(f; P) ≤ f(x) dx ,
a a
Zb Zb
pois S(−f; P) = −s(f; P) e − f(x) dx = − f(x) dx .
a a
I = lim Σ(f; P ? )
|P|→0
quando, para tdo ε > 0, existe δ > 0, tal que |Σ(f; P ? ) − I| < ε, seja qual
for a partição pontilhada P ? de [a, b], com |P| < δ.
Prova.
(⇐=) Seja f integrável. Pelo teorema 5.1 e pelo corolário 5.1, temos:
Zb
f(x) dx = lim S(f; P) = lim s(f; P) .
a |P|→0 |P|→0
Logo,
ε ε
Σ(f; P ? ) − < s(f; P) ≤ S(f; P) < Σ(f; P # ) + .
4 4
ε ε
Mas, como Σ(f; P ? ) e Σ(f; P # ) pertencem ao intervalo I − ,I + ,
4 4
temos que
ε ε
I− < s(f; P) ≤ S(f; P) < I + ,
2 2
e, portanto, S(f; P) − s(f; P) < ε .
1
Consideremos, por exemplo, a função f : [1, 2] −→ R dada por f(x) = .
x
Então, f é integrável, pois f é de classe C∞ , e, como veremos depois,
Z2
dx
= log 2.
1 x
n+1 n+2 n+n
Para cada n ∈ N, seja Pn = 1, , ,..., a partição que
n n n
subdivide o intervalo [1, 2] em n intervalos, cada um com comprimento
1
hn + i − 1 n + ii
. Pontilhemos Pn tomando em cada intervalo , o ponto
n n n
n+i
ξi = , i = 1, . . . , n.
n
n + i n 1
Como f(ξi ) = f = , temos que f(ξi )(ti − ti−1 ) = e,
n n+i n+i
portanto,
1 1 1
Σ(f; Pn? ) = + + ... +
n+1 n+2 2n
A média aritmética dos n números f(a + h), f(a + 2h), . . .,f(a + nh) = f(b)
1X
n
é indicada pela notação M(f; n) = f(a + ih). E definimos o valor
n
i=1
ou seja,
1
M(f; n) = Σ(f; Pn? ) .
b−a
Logo,
Zb
1 1
M(f; [a, b]) = lim Σ(f; Pn? ) = f(x) dx .
n→∞ b − a b−a a
X
k
X ⊂ I1 ∪ I2 ∪ . . . ∪ Ik e |Ij | < ε
j=1
Mas, o conjunto aberto I1 ∪. . .∪Ik pode ser expresso, de modo único, como
uma reunião finita de intervalos abertos disjuntos J1 , . . . , Jr , com r ≤ k.
De fato, como I1 ∪ . . . ∪ Ik é um conjunto aberto, existe uma única coleção
(Jn ) enumerável de intervalos abertos disjuntos tais que
∞
[
I1 ∪ . . . ∪ Ik = Jn .
n=1
∞
[
Como, para todo j = 1, . . . , k, Ij = Ij ∩ Jn e Ij ∩ Jn é vazio ou é um
n=1
intervalo aberto, temos que existe um único nj tal que Ij ∩ Jnj 6= ∅, pois,
caso contrário, o intervalo aberto Ij se escreveria como reunião de dois
conjuntos abertos disjuntos e não-vazios.
Logo, Ij ⊂ Jnj , e, portanto,
I1 ∪ . . . ∪ Ik = Jn1 ∪ . . . ∪ Jnk .
Assim, a coleção (Jnk ) é finita e tem no máximo k elementos, pois podem
existir j 6= `, j, ` = 1, . . . , k, tais que Jnj = Jn` .
Prova.
Seja ξX : R −→ R a função caracterı́stica de um conjunto X ⊂ R, ou
1 se x ∈ X
seja ξX (x) =
0 se x ∈
6 X.
X
k
Afirmação 1: Se Y = X1 ∪ . . . ∪ Xk , então ξY ≤ ξX , ocorrendo a
j
j=1
X
k
Logo, ξY (x) = 1 = ξXj (x) ≤ ξX (x), pois ξX (y) ≥ 0 para todo y ∈ R.
i i
i=1
X
n
Suponhamos que ξY = ξX . j
Então, os conjuntos Xj são disjuntos,
j=1
o que é absurdo.
• No caso em que X é um intervalo contido no intervalo [a, b], temos que
ξX : [a, b] −→ R é uma função escada e, portanto,
Zb
ξX(x) dx = |X|
a
e, portanto,
X
r r Zb
X Z X
r Zb X
k k Zb
X X
k
|Ji | = ξJ i
= ξJ i
≤ ξI j
= ξI j
= |Ij | .
i=1 i=1 a a i=1 a j=1 j=1 a j=1
X
k X
k
Logo, ξY (x) < ξI (x) para todo x ∈ I0, ou seja,
`
ξI (x) − ξY (x) ≥ 1
`
`=1 `=1
para todo x ∈ I0 .
Assim,
X
k X̀ Zb X
k X
r
!
|I` | − |Js | = ξI (x) −
`
ξJ (x)
s
dx
`=1 s=1 a `=1 s=1
Zb X
k
! Zc X
k
!
= ξI (x) − ξY (x)
`
dx = ξI (x) − ξY (x)
`
dx
a `=1 a `=1
Zd X
k
! Zb X
k
!
+ ξI (x) − ξY (x)
`
dx + ξI (x) − ξY (x)
`
dx
c `=1 d `=1
Zd
≥ 1 dx = d − c = |I0 | > 0 .
c
Prova.
Dado ε > 0, existem intervalos abertos I1 , . . . , Ik tais que X ⊂ I1 ∪ . . . ∪ Ik
X
k
e |Ij | < ε. Pela observação 6.1 e pelo lema 6.1, existem intervalos
j=1
ou
• ti−1 6= a e ti 6= b =⇒ (ti−1 , ti ) = J` .
ou
Em qualquer caso, temos que ti − ti−1 ≤ |J` |. Então,
X X
r
|ti − ti−1 | ≤ |Js | < ε .
X∩[ti−1 ,ti ]6=∅ s=1
X
jk
ε
Xk ⊂ Ik1 ∪ ... ∪ Ikjk e |Iki | < .
n
i=1
Logo,
jk
n [
[ X
n X
jk
ε
X1 ∪ . . . ∪ Xn ⊂ Iki e |Iki | < n × = ε.
n
k=1 i=1 k=1 i=1
X
k+r
ε ε
Logo, X ⊂ I1 ∪ . . . ∪ Ik ∪ Ik+1 ∪ . . . ∪ Ik+r e |Ij | < + = ε.
2 2
j=1
X
k
Então, X − F ⊂ I1 ∪ . . . ∪ Ik e |Ii | < ε . Logo, pela propriedade 4,
i=1
c(X) = 0.
• Em particular, vale a recı́proca do corolário 6.1: Se X ⊂ [a, b] e, para
cada ε > 0 existe uma partição P de [a, b] tal que a soma dos comprimen-
tos dos intervalos de P que contêm pontos de X é < ε, então c(X) = 0.
conteúdo nulo.
Lx : (0, δ0 ) −→ R
δ 7−→ Lxδ = supδ∈(0,δ0 ) f(Vδ ) ,
Além disso, temos que f é contı́nua em x se, e só se, lim f(t) = f(x), ou
t→x
Prova.
(=⇒) Suponhamos f contı́nua no ponto x0 ∈ [a, b]. Dado ε > 0, existe
δ > 0 tal que
ε ε
x ∈ [a, b] , |x − x0 | < δ =⇒ f(x0 ) − < f(x) < f(x0 ) + .
2 2
Então, |f(x) − f(y)| < ε quaisquer que sejam x, y ∈ [a, b] ∩ (x0 − δ, x0 + δ)
e, portanto, 0 ≤ ωδ ≤ ε.
Logo, ω(f; x0 ) = lim+ ωδ = 0.
δ→0
Dado ε > 0, existe δ > 0 tal que 0 ≤ ωδ < ε, ou seja, |f(x) − f(y)| < ε
quaisquer que sejam x, y ∈ (x0 − δ, x0 + δ) ∩ [a, b].
Em particular,
x ∈ [a, b] , |x − x0 | < δ =⇒ |f(x) − f(x0 )| < ε.
Logo, f é contı́nua no ponto x0 .
• O próximo teorema diz que a oscilação x 7−→ ω(f; x) é uma função se-
micontı́nua superiormente no intervalo [a, b], e os corolários estabelecem
propriedades gerais das funções semicontı́nuas superiormente.
Teorema 6.2 Seja f : [a, b] −→ R limitada. Dado x0 ∈ [a, b], para todo
ε > 0, existe δ > 0, tal que
x ∈ [a, b] , |x − x0 | < δ =⇒ ω(f; x) < ω(f; x0 ) + ε .
Prova.
Dado ε > 0 existe δ > 0 tal que ωx0 (δ) < ω(f; x0 ) + ε, pois
lim ωx0 (δ) = ω(f; x0 ).
δ→0
Como
ωx0 (δ) = ω(f; (x0 − δ, x0 + δ) ∩ [a, b]),
temos que para todo x ∈ X = (x0 − δ, x0 + δ) ∩ [a, b] , existe δx > 0 tal
que (x − δx , x + δx ) ∩ [a, b] ⊂ X .
Logo,
ω(f; (x − δx , x + δx ) ∩ [a, b]) ≤ ω(f; X) = ωx0 (δ) < ω(f; x0 ) + ε.
Mas, como
ω(f; x) ≤ ω(f; (x − δx , x + δx ) ∩ [a, b]),
já que
ω(f; x) = lim ωxδ 0 = inf { ωx (δ 0 ) | δ 0 > 0 },
0 δ →0
onde ωx (δ 0 ) = ω(f; (x−δ 0 , x+δ 0 )∩[a, b]), temos que ω(f; x) < ω(f; x0 )+ε.
Prova.
Pelo teorema acima, dado ε = α − ω(f; x0 ) > 0, existe δ > 0 tal que
x ∈ [a, b] , |x − x0 | < δ =⇒ ω(f; x) < ω(f; x0 ) + ε = α .
Prova.
Seja
Aα = [a, b] − Eα = { x ∈ [a, b] | ω(f; x) < α } .
Pelo corolário anterior, para todo x ∈ Aα , existe δx > 0, tal que (x − δx , x +
δx ) ∩ [a, b] ⊂ Aα .
Logo,
[
Aα = [a, b] ∩ (x − δx , x + δx ) = [a, b] ∩ Uα ,
x∈Aα
[
onde Uα = (x − δx , x + δx ) é aberto.
x∈Aα
Corolário 6.4 Seja (xn ) uma seqüência de pontos de [a, b] que con-
verge para x. Se o lim ω(f; xn ) = L existe, então L ≤ ω(f; x), ou seja
n→∞
Prova.
L − ω(f; x)
Suponhamos, por absurdo, que ω(f; x) < L e seja ε = > 0,
2
isto é, ω(f; x) + ε = L − ε. Pelo teorema 6.2, existe δ > 0 tal que
y ∈ [a, b] ∩ (x − δ, x + δ) =⇒ ω(f; y) < ω(f; x) + ε = L − ε .
Mas, como xn −→ x, existe n0 ∈ N tal que xn ∈ [a, b] ∩ (x − δ, x + δ) para
todo n ≥ n0 .
Logo, ω(f; xn ) < L − ε para todo n ≥ n0 , o que é um absurdo, pois
lim ω(f; xn ) = L.
n→∞
x
Exemplo 6.5 Seja a função f : R −→ R dada por f(x) = , x 6= 0, e
|x|
f(0) = 0. Então, ω(f; x) = 0 para todo x 6= 0, pois f é contı́nua nesses
pontos, e ω(f; 0) = 2, pois ω0δ = sup { |f(x) − f(y)| | x, y ∈ (−δ, δ) } = 2,
para todo δ > 0.
Prova.
Como ω(f; x) = lim+ ωx (δ) = inf {ωx (δ) | δ > 0 } < ε, para todo x ∈ [a, b],
δ→0
tura aberta do compacto [a, b], existem x1 , . . . , xn ∈ [a, b], pelo teorema
de Borel-Lebesgue, tais que [a, b] ⊂ Ix1 ∪ . . . ∪ Ixn .
Os pontos a, b, juntamente com as extremidades dos intervalos Ixj que
pertencem a [a, b], deterrminam uma partição P = {t0 , t1 , . . . , tn } de [a, b].
ωn = ω(f; [tn−1 , b]) ≤ ω(f; (xj − δxj , xj + δxj ) ∩ [a, b]) < ε .
Prova.
(=⇒) Sejam f integrável e δ > 0. Dado ε > 0, existe uma partição
X
n
P = {t0 , . . . , tn } de [a, b] tal que ωi (ti − ti−1 ) < εδ.
i=1
Isto é,
X
(ti − ti−1 ) < ,
i∈I
Como Eδ0 ⊂ [a, b] e c(Eδ0 ) = 0, temos, pelo corolário 6.1, que existe uma
partição P0 de [a, b] tal que a soma dos comprimentos dos intervalos de
ε
P0 que contêm algum ponto de Eδ0 é < , onde M = sup f e
2(M − m)
m = inf f. Observe que M − m > 0 se f não é constante.
Nos outros intervalos, onde [tk−1 , tk ] ∩ Eδ0 = ∅, temos que ω(f; x) < δ0
para todo x ∈ [tk−1 , tk ]. Logo, pelo teorema anterior, podemos subdividir
cada um dos intervalos [tk−1 , tk ] que não intersectam Eδ0 de modo a se
obter uma partição P que é um refinamento de P0 , com ωi < δ0 nos
intervalos que não contêm pontos de Eδ0 .
X
n X
∞
Logo, |Iki | ≤ |Ij | < ε e, portanto, c(X) = 0.
i=1 j=1
XX X
∞
ε
|In,j | < = ε.
2n
n j n=1
Assim, m(Y) = 0.
• Em particular, como um conjunto formado por um único ponto tem me-
dida nula, todo conjunto enumerável tem medida nula.
Assim, m(Q) = 0 e, portanto m(Q ∩ [a, b]) = 0, mas, como já vimos,
Q ∩ [a, b] não tem conteúdo nulo.
4. Se, para cada ε > 0, existem intervalos abertos I1 , . . . , In , . . . e
[ X
um subconjunto enumerável E ⊂ X tais que X − E ⊂ In e |In | < ε,
n∈N n∈N
então m(X) = 0.
De fato, dado ε > 0, existem intervalos abertos I1 , . . . , In , . . . e E ⊂ X
[ X ε
enumerável tais que X − E ⊂ In e |In | < .
2
n∈N n∈N
Mas, como E tem medida nula (por ser enumerável), existem inter-
[ X ε
valos abertos J1 , . . . , Jn , . . . tais que E ⊂ Jn e |Jn | < .
2
n∈N n∈N
[ [ X X
Logo, X ⊂ In ∪ Jk e |In | + |Jk | < ε e, portanto, X tem
n∈N k∈N n∈N k∈N
medida nula.
5. m(x) = 0 ⇐⇒ para todo ε > 0, existe uma coleção enumerável de
[ X
intervalos fechados F1 , F2 , . . . , Fn , . . . tal que X ⊂ Fn e |Fn | < ε.
n∈N n∈N
Prova.
Para cada δ > 0, seja Eδ = {x ∈ [a, b] | ω(f; x) ≥ δ}.
[ [
Então, D = Eδ = E1/n , já que f é contı́nua num ponto x ∈ [a, b] se,
δ>0 n∈N
Prova.
Se f e g são limitadas, existem K > 0 e M > 0 tais que |f(x)| ≤ K e
|g(x)| ≤ M para todo x ∈ [a, b] e, portanto, |f(x) · g(x)| ≤ KM para todo
x ∈ [a, b], ou seja, f · g é limitada.
Além disso, como D(f · g) ⊂ D(f) ∪ D(g), temos que m(D(f · g)) = 0, pois
m(D(f)) = m(D(g)) = 0.
Logo, f · g é integrável.
1 1
Se f(x) 6= 0 para todo x ∈ [a, b] e é limitada, temos que é integrável,
f f
já que D(1/f) = D(f) e m(D(f)) = 0.
Prova.
Se todas as descontinuidades de f são de primeira espécie, então D é
enumerável e, portanto, tem medida nula.
Prova.
Se f é monótona em [a, b], então f é limitada e todas as suas descon-
tinuidades são de primeira espécie. Logo, pelo corolário anterior, f é in-
tegrável.
7. Logarı́tmos e exponenciais
Zx
1 x−1
Observação 7.1 log x = dt ≥ > 0 para todo x > 1, já que,
1 t x
1 1
≥ para todo t ∈ [1, x].
t x
Z1
1
Observação 7.2 log 1 = dt = 0 e
1 t
Zx Z1
1 1
log x = dt = − dt ≤ −(1 − x) = x − 1 < 0 ,
1 t x t
1
para todo 0 < x < 1, pois ≥ 1 para todo t ∈ [x, 1].
t
1
Observação 7.3 Como (log) 0 (x) = > 0 para todo x > 0, a função
x
log : R+ −→ R é monótona crescente.
1
Além disso, log ∈ C∞ , já que a função x 7−→ é de classe C∞ .
x
E quando 0 < x < 1, logx é a área da faixa H1x com o sinal trocado.
1
Fig. 1: Area Hx
1 delimitada pelo gráfico de x
no intervalo [1, x] .
Prova.
Temos
Z xy Zx Z xy
1 dt dt
log xy = dt = +
1 t 1 t x t
Zy Zy
x ds
= log x + ds = log x +
1 xs 1 s
= log x + log y ,
Z xy
dt
onde, na integral , realizamos a mudança de variável t = xs.
x t
Prova.
Seja n ∈ N. Então, podemos provar, por indução, usando o teorema
acima, que log(xn ) = n log x , já que log x = log(x1 ) = 1 log x e, se
log(xn ) = n log x , então
log(xn+1 ) = log(xn · x) = log(xn ) + log x = n log x + log x = (n + 1) log x .
p
No caso geral, r = , p ∈ Z e q ∈ Z? . Como por definição, (xp/q )q = xp ,
q
temos que
p log x = log(xp ) = log((xp/q )q ) = q log(xp/q ) .
p
Assim, log(xp/q ) = log x .
q
Prova.
Já sabemos que a função log é contı́nua e crescente, donde injetiva.
Como, pelo corolário 3.2 da parte 6, log(R+ ) é um intervalo, para provar
que log(R+ ) = R, basta mostrar que
lim log x = +∞ e lim log x = −∞ .
x→∞ x→0+
que limx→∞ log x = +∞, já que dado A > 0 existe B = 2n0 > 0, onde
A
n0 > , tal que
log 2
x > B =⇒ log x > log(2n0 ) = n0 log 2 > A .
Temos, também, que lim+ log x = −∞, pois, dado A > 0, existe
x→0
A
δ = 2−n0 > 0, onde n0 > , tal que
log 2
0 < x < δ =⇒ log x < log(2−n0 ) = −n0 log 2 < −A .
Além disso, como log : R+ −→ R é uma bijeção contı́nua definida no
intervalo R+ = (0, ∞), temos, pelo teorema 3.2 da parte 6, que sua função
inversa log−1 : R −→ R+ é contı́nua em R.
Prova.
A função exp : R → R+ é uma bijeção contı́nua crescente de R sobre
R+ , pois ela é a inversa de uma bijeção contı́nua crescente de R+ sobre
R.
Além disso, pela regra de derivação da função inversa, temos que exp é
1
derivável, já que a função exp é contı́nua e (log) 0 (y) = 6= 0 para todo
y
y > 0, e
1 1
(exp) 0 (x) = 0 = = exp(x) , ∀ x ∈ R .
log (exp x) 1
exp(x)
Observação 7.7
• lim exp x = +∞ .
x→∞
log x
Teorema 7.3 x→+∞
lim = 0.
x
Prova.
Pelo teorema do valor médio, para todo x > 1, existe cx ∈ (1, x) tal que
x−1
log x = log x − log 1 = log 0 (cx ) (x − 1) = .
cx
1 1
Logo, log x < x para todo x > 1 e, portanto, 0 < log(x 2 ) < x 2 para todo
x > 1.
1 1
Assim, como log(x 2 ) = 2
log x , temos, elevando ao quadrado a última
(log x)2 log x 4
desigualdade, que 0 < < x , ou seja, 0 < < para todo
4 x log x
x > 1.
log x 4
Logo, lim = 0, pois lim = 0.
x→+∞ x x→+∞ log x
Prova.
1
Fazendo x = , temos
y
log(1/y) − log y
lim+ x log x = lim = lim = 0.
x→0 y→+∞ y y→+∞ y
Prova.
Seja ϕ : R −→ R definida por ϕ(x) = f(x) e−k(x−x0 ) .
Então
ϕ 0 (x) = f 0 (x)e−k(x−x0 ) − kf(x)e−k(x−x0 ) = kf(x)e−k(x−x0 ) − kf(x)e−k(x−x0 ) = 0
para todo x ∈ R.
Logo, como ϕ(x) é constante e ϕ(x0 ) = c, temos que ϕ(x) = c para todo
x ∈ R , ou seja, f(x) = cek(x−x0 ) para todo x ∈ R.
Assim, loga x = y ⇐⇒ ay = x.
1
De fato, como log 0 (x) = , a derivada da função log no ponto 1 é igual a
x
1, ou seja,
log(1 + x) − log 1 log(1 + x)
lim = lim = 1.
x→0 x x→0 x
Então,
lim log(1 + x)1/x = 1 ,
x→0
e, portanto,
lim (1 + x)1/x = lim exp(log(1 + x)1/x ) = e .
x→0 x→0
1
Fazendo y = , temos
x
y
1
lim 1+ =e
y→+∞ y
e, em particular, se n ∈ N, temos
1 n
lim 1 + =e
n→+∞ n
Como lim fn (x) = lim an g(x) = a g(x) = f(x) para todo x ∈ X, temos
n→+∞ n→+∞
que fn −→ f simplesmente em X.
x
Em particular, a seqüência de funções fn (x) = converge simplesmente
n
para a função f identicamente nula em toda a reta.
2 J. Delgado - K. Frensel
Convergência simples e convergência uniforme
Pode ocorrer, assim, que para um ε > 0 fixo, não exista n0 ∈ N algum que
sirva simultaneamente para todo x ∈ X.
4 J. Delgado - K. Frensel
Convergência simples e convergência uniforme
simplesmente para f = a g : X −→ R em X.
De fato, como, neste exemplo, g(x) = x, temos que g é limitada se, e só
se, X é limitado.
De fato, dado ε > 0, existe n0 ∈ N, tal que n > n0 =⇒ (1 − δ)n < ε, já que
lim (1 − δ)n = 0.
n→+∞
temos que, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |xn − 0| < ε para todo n > n0
e x ∈ [0, 1 − δ] e, portanto, |xn (1 − xn ) − 0| = xn (1 − xn ) ≤ xn < ε para todo
n > n0 e x ∈ [0, 1 − δ].
Prova.
Suponhamos, primeiro, que fn −→ f uniformemente em X. Então, dado
ε > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 =⇒ |fn (x) − f(x)| < ε para todo x ∈ X.
Logo,
ε ε
m, n > n0 =⇒ |fm (x) − fn (x)| ≤ |fm (x) − f(x)| + |f(x) − fn (x)| < + =ε
2 2
para todo x ∈ X. Portanto, (fn )n é uma seqüência de Cauchy.
Suponhamos, agora, que (fn )n é uma seqüência de Cauchy. Então, (fn (x))
é uma seqüência de Cauchy de números reais para todo x ∈ X e é, por-
tanto, convergente para todo x ∈ X. Podemos, assim, definir uma função
f : X −→ R fazendo f(x) = lim fn (x) para todo x ∈ X.
n→+∞
ε
Dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que n, m > n0 =⇒ |fm (x) − fn (x)| < para
2
todo x ∈ X. Mantendo n > n0 e x ∈ X fixos, temos que
6 J. Delgado - K. Frensel
Convergência simples e convergência uniforme
ε
lim |fm (x) − fn (x)| = |f(x) − fn (x)| ≤ < ε.
m→+∞ 2
Prova.
ε
Dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que m, n > n0 =⇒ |fm (x) − fn (x)| <
2
para todo x ∈ X.
para todo n ∈ N.
ε
Logo, como |fm (xk ) − fn (xk )| < para m, n > n0 e k ∈ N, temos que
2
ε
|fm (y) − fn (y)| = lim |fm (xk ) − fn (xk )| ≤ < ε .
k→+∞ 2
X
∞
sen(nx)
Exemplo 1.9 A série de funções é normalmente conver-
n2
n=1
1
gente em R, pois |fn (x)| ≤ para todo n ∈ N e todo x ∈ R, onde
n2
sen(nx) X
∞
1
fn : X −→ R, fn (x) = , e a série é convergente.
n2 n2
n=1
Prova.
Seja (an ) uma seqüência de números reais não-negativos tal que |fn (x)| ≤
X
an para todo n ∈ N e todo x ∈ X e an é convergente.
Logo,
8 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades da convergência uniforme
|fn (x) + fn+1 (x) + . . . + fn+p (x)| ≤ |fn (x)| + |fn+1 (x)| + . . . + |fn+p (x)|
≤ an + an+1 + . . . + an+p < ε ,
X
∞
sen(nx) X
∞
| sen(nx)|
Exemplo 1.10 As séries e convergem
n2 n2
n=1 n=1
uniformemente em R.
X 1
A convergência f = fn , f : [1, +∞) −→ R, f(x) = é uniforme em
x
1
[1, +∞), pois |f(x) − sn (x)| = |f(x) − (f1 (x) + . . . + fn (x))| < para todo
n
1
x ∈ [1, +∞), já que f(x) − sn (x) = 0 se x ∈ [1, n + 1) e f(x) − sn (x) =
x
para x ≥ n + 1.
X
Mas a série fn não converge normalmente em [1, +∞), pois se exis-
tissem constantes an ≥ 0 tais que |fn (x)| ≤ an para todo x ∈ [1, +∞),
1 X
terı́amos, tomando x = n, que an ≥ e, portanto, a série an não
n
convergiria.
X
Assim, a série fn de funções não negativas converge uniformemente,
mas não converge normalmente em [1, +∞).
Assim,
lim lim fn (x) = lim f(x) = 0
x→1 n→∞ x→1
e
lim lim fn (x) = lim 1 = 1 .
n→∞ x→1 n→∞
Portanto,
lim lim fn (x) =6 lim lim fn (x) ,
n→∞ x→1 x→1 n→∞
ou seja, neste exemplo não podemos inverter a ordem em que são toma-
dos os limites.
Prova.
Para mostrar que existe L = lim Ln , basta provar que a seqüência (Ln ) é
n→∞
de Cauchy.
10 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades da convergência uniforme
ε ε
Dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que |L − Ln | < e |fn (x) − f(x)| < para
3 3
todo n > n0 e todo x ∈ X.
Seja n > n0 fixo. Como lim fn (x) = Ln , existe δ > 0 tal que x ∈ X,
x→a
ε
0 < |x − a| < δ =⇒ |fn (x) − Ln | < . Logo, se x ∈ X, 0 < |x − a| < δ, então
3
ε ε ε
|f(x) − L| ≤ |f(x) − fn (x)| + |fn (x) − Ln | + |Ln − L| < + + = ε.
3 3 3
X
Corolário 2.1 Seja a ∈ X 0 . Se a série fn converge uniformemente
X
para f em X e para cada n ∈ N, existe Ln = lim fn (x), então Ln é uma
x→a
X
série convergente e Ln = lim f(x).
x→a
Em outras palavras,
X X
!
lim fn (x) = lim fn (x) ,
x→a x→a
n n
Prova.
Seja sn (x) = f1 (x) + . . . + fn (x). Como a seqüência de funções (sn )
converge uniformemente para f em X e, para cada n ∈ N, existe
X
n X
n
lim sn (x) = lim fj (x) = Lj ,
x→a x→a
j=1 j=1
X
temos, pelo teorema anterior, que a série Ln converge e tem por soma
X
Ln = lim f(x), ou seja,
x→a
X X
!
lim fn (x) = lim fn (x) .
x→a x→a
n n
desde que existam os dois limites dentro dos parênteses, sendo o se-
gundo deles uniforme. A demonstração é a mesma, tomando, no final,
ε
em vez de δ, A > 0 tal que x > A =⇒ |fn (x) − Ln | < .
3
(exercı́cio).
Observação 2.3 Tal simetria não se aplica para séries. Ou seja, não é
X
verdade que se a série fn (x) converge para f(x) em todo ponto x ∈ X
e se, para cada n ∈ N, existe Ln = lim fn (x) uniformemente em relação a
x→a
X X
n, então Ln converge e é igual a lim fn (x) . Em outras palavras,
x→a
pode-se ter
X X
lim fn (x) 6= lim fn (x)
x→a x→a
12 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades da convergência uniforme
mesmo que existam todos os limites, sendo apenas lim fn (x) uniforme em
x→a
relação a n.
Prova.
Isto é óbvio se a é um ponto isolado de X. Se a ∈ X 0 , temos que ex-
iste lim fn (a) = fn (a) para todo n ∈ N. Logo, pelo teorema 2.1,
x→a
lim f(x) = lim lim fn (x) = lim lim fn (x) = lim fn (a) = f(a) .
x→a x→a n→∞ n→∞ x→a n→∞
Prova.
Dado ε > 0, consideremos, para cada n ∈ N, o conjunto
Kn = {x ∈ X | |fn (x) − f(x)| ≥ ε} .
Afirmação: K1 ⊃ K2 ⊃ . . . ⊃ Kn ⊃ . . . .
De fato, seja x ∈ Kn+1 e suponhamos que a seqüência (fn (x))n é não-
decrescente.
Então,
ε ≤ |fn+1 (x) − f(x)| = f(x) − fn+1 (x) ≤ f(x) − fn (x) = |fn (x) − f(x)| ,
já que fn+1 (x) ≥ fn (x) e lim fn (x) = f(x) = sup{fn (x) | n ∈ N}.
n→∞
Logo, x ∈ Kn .
\
Mas Kn = ∅, pois se x ∈ Kn para todo n ∈ N, terı́amos que
n∈N
14 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades da convergência uniforme
\
Então, como Kn = ∅, temos, pelo teorema 4.5 da parte 4, que existe
n∈N
x
Exemplo 2.4 A seqüência fn : R −→ R, fn (x) = , converge mono-
n
tonamente para a função contı́nua f ≡ 0 em toda a reta R, mas a con-
vergência não é uniforme em R.
Prova.
Basta observar que se fn ≥ 0 para todo n ∈ N, então a seqüência das
reduzidas sn = f1 + . . . + fn é monótona não-decrescente.
X
∞
x2
Exemplo 2.5 A série de funções não-negativas converge
(1 + x2 )n
n=0
x2
para a função f : R −→ R dada por f(x) = = 1 + x2 se x 6= 0 e
1
1−
1 + x2
f(0) = 0. Como a função f não é contı́nua no ponto 0, a convergência não
é uniforme em compacto algum do qual 0 seja ponto de acumulação.
Prova.
X
Pelo corolário 2.4, a série de funções |fn | converge uniformemente
Zb Zb
Ou seja, lim fn = lim fn , desde que lim fn seja uniforme.
a n→∞ n→∞ a
Prova.
Sejam Dn e D os conjuntos dos pontos de descontinuidade de fn e f
respectivamente.
Como cada Dn tem medida nula, temos que D tem medida nula e,
portanto, f é integrável.
ε
Dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que n > n0 =⇒ |fn (x) − f(x)| < para
b−a
todo x ∈ [a, b]. Então
Z b Zb Z b
f(x) dx − fn (x) dx = (f(x) − fn (x)) dx
a a a
Zb
ε
≤ |f(x) − fn (x)| dx ≤ · (b − a) = ε ,
a b−a
Zb Zb
para todo n ≥ n0 . Logo, lim fn (x) dx = f(x) dx .
n→∞ a a
X
Corolário 2.6 Seja fn uma série uniformemente convergente de
16 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades da convergência uniforme
x3 x5 x2n+1
= x− + + . . . + (−1)n + ...
3 5 2n + 1
De fato, como
1 2n
2 4 n t
= 1 − t + t − . . . + (−1) ,
1 + t2 1 + t2
temos que
Zx
1 x3 (−1)n−1 x2n−1
arctg x = dt = x − + . . . + Rn (x) ,
0 1 + t2 3 2n − 1
onde
Z |x|
(−1)n t2n
Rn (x) = dt .
0 1 + t2
X
∞
(−1)n x2n+1
Portanto, a série converge uniformemente para a função
2n + 1
n=0
18 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades da convergência uniforme
tal que |fn (x)| ≤ K para todo n ∈ N e todo x ∈ [a, b]. Este resultado é uma
conseqüência do teorema da convergência dominada de Lebesgue.
sen(nx)
Exemplo 2.9 A seqüência de funções fn (x) = converge
n
uniformemente para a função identicamente nula em toda a reta, mas
a seqüência de suas derivadas fn0 (x) = cos(nx) não converge sequer
simplesmente em intervalo algum.
2m + 1
De fato, como o conjunto n
π m∈Zen∈N
2
é denso em R, dado um intervalo I, existe m0 ∈ Z e n0 ∈ N tais que
2m + 1
0
n0
π ∈ I.
2
2m + 1
0
Logo, a seqüência cos n π não converge, pois a subseqüência
2n0
2m + 1
cos n 0
π , onde N 0 = {2k2n0 | k ∈ N}, converge para 1, e a
2n0 N0
2m + 1
subseqüência cos n 0
n0
π , onde N 00 = {(2k + 1) 2n0 | k ∈ N},
2 N 00
2m + 1
0
converge para −1, já que cos n π = 1 para todo n ∈ N 0 e
2 n0
2m + 1
0
cos n π = −1 para todo n ∈ N 00 .
2n0
temos que o limite lim fn (x) = f(x) existe para cada x ∈ [a, b] e
n→∞
Zx
f(x) = f(c) + g(t) dt . (II)
a
Então f é derivável e f 0 (x) = g(x) para todo x ∈ [a, b], pois g : [a, b] −→ R
é contı́nua, já que g é um limite uniforme de funções contı́nuas em [a, b].
Logo,
|fn (x) − f(x)| ≤ |fn (c) − f(c)| + |x − a| sup |fn0 (t) − g(t)| .
t∈[a,b]
20 J. Delgado - K. Frensel
Propriedades da convergência uniforme
ε ε
n > n0 =⇒ |fn (c) − f(c)| < e |fn0 (t) − g(t)| < ,
2 2(b − a)
Assim, n > n0 =⇒ |fn (x) − f(x)| < ε para todo x ∈ [a, b], ou seja, fn −→ f
uniformemente em [a, b].
Logo, m, n > n0 =⇒ |fm (x) − fn (x)| < ε, para todo x ∈ [a, b] e, por-
tanto, pelo critério de Cauchy, a seqüência (fn ) converge uniformemente
no intervalo [a, b].
ou seja,
f(x) − f(x0 )
lim = lim fn0 (x0 ) = g(x0 ) .
x→x0 x − x0 n→∞
Corolário 2.8 Uma seqüência (ou uma série) de funções deriváveis num
intervalo arbitrário I pode ser derivada termo a termo desde que convirja
num ponto c ∈ I e a seqüência (ou série) das derivadas convirja uniforme-
mente em cada subintervalo compacto de I.
3. Série Dupla
22 J. Delgado - K. Frensel
Série Dupla
coluna.
X X
Mesmo quando xnk converge, para todo k ∈ N, xnk converge
n k
XX XX
para todo n ∈ N e as séries xnk e xnk convergem, pode
k n n k
ocorrer que
XX XX
xnk 6= xnk .
k n n k
X
Lema 3.1 Se, para cada n, a série xnk é convergente e se, definindo
k
X
as funções fn : N −→ R por fn (k) = xn1 + xn2 + . . . + xnk , a série fn
n
Prova.
X X
Como as séries fn (1) = xn1 e
n n
X X
(fn (k) − fn (k − 1)) = xnk ,
n n
para k > 1, são convergentes, temos pelo corolário 2.1 e pela observação
X X X
!
2.1, que xnk = lim fn (k) é convergente e
k→∞
n k n
X X X X
!
xnk = lim fn (k) = lim fn (k)
k→∞ k→∞
n k n n
X X X X X
! !
= lim xn1 + xn2 + . . . + xnk = xnk ,
k→∞
n n n k n
X X X
já que xn1 + xn2 + . . . + xnk é a reduzida de ordem k da série
n n n
X X
!
xnk .
k n
Teorema 3.1 Dada a seqüência dupla (xnk )n,k , suponhamos que cada
X
linha determina uma série absolutamente convergente, ou seja |xnk | =
k
X X
an , para cada n, e que an < +∞. Então, as séries xnk , para
n n
X X X X X
! !
todo k ∈ N, xnk , xnk , para todo n ∈ N e xnk são
n k k k n
convergentes e
X X X X
! !
xnk = xnk .
n k k n
24 J. Delgado - K. Frensel
Séries de potências
Prova.
Pondo fn (k) = xn1 + xn2 + . . . + xnk , temos que
|fn | = |xn1 + xn2 + . . . + xnk | ≤ |xn1 | + |xn2 | + . . . + |xnk | ≤ an ,
X
para todo k ∈ N e todo n ∈ N. Logo, a série de funções fn é normal-
mente convergente e, pelo teste de Weierstrass, é uniformemente conver-
gente em N.
X X X X
! !
xnk = xnk .
n k k n
4. Séries de potências
X
∞
Os resultados que obtivermos para an xn poderão ser adaptados para
n=0
X
∞
as séries an (x − x0 )n , fazendo a mudança de variável y = x − x0 .
n=0
X
∞
xn
Exemplo 4.1 A série de potências converge para ex para todo
n!
n=0
x ∈ R.
X
∞
Exemplo 4.2 A série de potências n ! xn converge apenas para
n=0
(n + 1) ! |x|n+1
x = 0, pois, para x 6= 0 lim = lim (n + 1)|x| = +∞ .
n→∞ n ! |x|n n→∞
X
∞
1
Exemplo 4.3 A série de potências xn converge para para todo
1−x
n=0
X
∞
(−1)n−1
Exemplo 4.4 A série de potências xn converge para a função
n
n=1
X
∞
(−1)n
Exemplo 4.5 A série de potências x2n+1 converge para a função
2n + 1
n=0
|an |)n :
p
n
de números reais não-negativos (
X
∞
(1) Se a seqüência ( |an |)n é ilimitada, a série
p
n
an xn converge
n=0
apenas para x = 0.
termo geral |an xn | = (|x| n |an |)n não tende para zero. Por exemplo, isso
p
X
∞
acontece na série nn xn .
n=0
X
∞
|an | = 0, então a série
p
(2) Se lim n
an xn converge absoluta-
n→∞
n=0
26 J. Delgado - K. Frensel
Séries de potências
De fato, lim n |an x|n = |x| lim n |an | = 0 para todo x ∈ R. Logo,
p p
n→∞ n→∞
X
∞
a série an xn converge, pelo teste da raiz, absolutamente para todo
n=0
X
∞
xn
x ∈ R. Por exemplo, isso ocorre com a série .
nn
n=0
1
|an | < +∞, ou seja, lim sup n |an | = , com
p
n
p
(3) Se 0 < lim sup
n→∞ n→∞ r
X
∞
r > 0, então an xn converge absolutamente para todo x ∈ (−r, r),
n=0
diverge se |x| > r e nenhuma afirmação pode ser feita para x = ±r.
|x|
|an xn | = |x| lim sup n |an | =
p
n
p
De fato, como lim sup , temos,
n→∞ n→∞ r
|x|
pelo teste da raiz, que a série converge absolutamente quando < 1, ou
r
seja, quando x ∈ (−r, r).
|x| |x|
> 1, então lim sup n |an xn | = > 1 e, portanto, |an xn | > 1
p
E se
r n→∞ r
X
∞
para uma infinidade de valores de n. Logo, a série an xn não converge
n=0
quando |x| > r, pois, para esses valores de x, o termo geral (an xn ) não
converge para zero.
0 < lim sup n |an | < ∞, pois, caso contrário, lim sup n |an | = 0 e, por-
p p
n→∞ n→∞
p
|an | = 0, já que 0 ≤ |an | ≤ sup n |an |, |an+1 |, . . . .
p
n
p
n
p
n+1
tanto, lim
n→∞
X
∞
Observação 4.3 Quando |x| = r, ou seja, x = ±r, a série an x n
n=0
X
∞
1
Exemplo 4.6 Para a série xn = , temos que r = 1, pois
1−x
n=0
√
|an | = lim 1 = 1. Neste exemplo, a série não converge para
p
n n
lim
n→∞ n→∞
x = ±1.
X
∞
(−1)n−1
Exemplo 4.7 Para a série xn = log(1 + x), temos que
n
n=1
1
lim n |an | = lim √
p
n
= 1, ou seja, r = 1. Neste exemplo, a série con-
n→∞ n→∞ n
verge para x = 1 e diverge para x = −1.
X
∞
(−1)n
Exemplo 4.8 Para a série x2n+1 = arctg x, temos que
2n + 1
n=0
1
|an | = 0 se n é par |an | = √ se n é ı́mpar,
p
n
p
n
e
n
−1
lim sup |an |
p
Definição 4.1 O número r = n
chama-se raio de con-
n→∞
X
∞
vergência da série de potências an xn . Convencionamos que r = 0,
n=0
X
∞
Teorema 4.1 Uma série de potências an xn , ou converge apenas
n=0
para x = 0 ou existe r > 0 (que pode ser +∞) tal que a série converge
absolutamente no intervalo aberto (−r, r) e diverge fora do intervalo fechado
[−r, r]. Nos extremos −r e r, a série pode convergir ou divergir, conforme
1
o caso. Tem-se = lim sup n |an |.
p
r n→∞
28 J. Delgado - K. Frensel
Séries de potências
Prova.
X
∞
Seja (−r, r) o intervalo de convergência da série an x n .
n=0
X
∞
para todo x ∈ [−s, s], temos, pelo teste de Weierstrass, que a série an x n
n=0
X
∞
Corolário 4.1 A função f : (−r, r) −→ R, definida por f(x) = an xn , é
n=0
Prova.
X
∞
Como, para todo 0 < s < r a série de funções contı́nuas an xn con-
n=0
X
∞
Observação 4.4 Uma série de potências an xn pode não convergir
n=0
intervalo de convergência (−1, 1), pois, caso contrário, ela seria conver-
gente nos pontos 1 e −1, o que não ocorre.
X
∞
(−1)n−1
Também a série xn não converge uniformemente no seu inter-
n
n=1
valo de convergência (−1, 1), pois, embora ela seja convergente no ponto
x = 1, ela é divergente para x = −1.
X
∞ X
∞
e positivo. Se an rn converge, então an xn converge uniformemente
n=0 n=0
X
∞ X
∞
n
no intervalo [0, r]. Em particular, lim− an x = a n rn .
x→r
n=0 n=0
X
∞
Lema 4.1 Seja αp uma série cujas reduzidas sp = α1 + . . . + αp são
p=1
limitadas, ou seja, existe k > 0 tal que |sp | ≤ k para todo p ∈ N. Seja
b1 ≥ b2 ≥ . . . ≥ bp ≥ . . . uma seqüência não-crescente de números
não-negativos. Então
|α1 b1 + . . . + αp bp | ≤ k b1 , para todo p ∈ N.
Prova.
Com as hipóteses feitas, temos que
|α1 b1 + . . . + αp bp | = |s1 b1 + (s2 − s1 )b2 + . . . + (sp − sp−1 )bp |
= |s1 (b1 − b2 ) + s2 (b2 − b3 ) + . . . + sp−1 (bp−1 − bp ) + sp bp |
≤ k(b1 − b2 + b2 − b3 + . . . + bp−1 − bp + bp ) = kb1 .
para todo p ∈ N.
Prova.
Dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que
n > n0 =⇒ |an+1 rn+1 + . . . + an+p rn+p | < ε para todo p ∈ N.
30 J. Delgado - K. Frensel
Séries de potências
x x p x n
|an+1 x n+1
+ . . . + an+p x n+p
| = α1
+ . . . + αp .
r r r
x p
Fazendo bp = , temos, pelo lema anterior, que, para todo n > n0 e
r
todo x ∈ [0, r],
x n
|an+1 xn+1 + . . . + an+p xn+p | = |α1 b1 + α2 b2 + . . . + αp bp |
x n+1 r
≤ ε ≤ ε,
r
para todo p ∈ N, já que (bp )p é uma seqüência não-crescente de números
não-negativos e |α1 + . . . + αp | < ε para todo p ∈ N.
X
Observação 4.6 A série an xn converge uniformemente no seu in-
tervalo de convergência (−r, r) se, e só se, converge nos pontos r e −r. E,
X
neste caso, a série an xn converge uniformemente no intervalo [−r, r].
X (−1)n−1
Exemplo 4.9 A série xn converge uniformemente em cada
n
intervalo [−1 + δ, 1], 0 < δ < 2, mas não converge uniformemente no
intervalo (−1, 1].
X
Se a série de potências an xn converge em todos os pontos do inter-
valo fechado [α, β], então
Z b X X an
an xn dx = βn+1 − αn+1 .
a n+1
Prova.
X
Se (−r, r) é o intervalo de convergência da série an xn , temos que
X
[α, β] ⊂ [−r, r]. Logo, pelo teorema de Abel, a série an xn converge
uniformemente no intervalo [α, β].
X
Então, pelo corolário 2.6, a função f(x) = an xn , x ∈ [α, β], é integrável
e temos:
Zβ Z β X X Zβ
n
f(x) dx = an x dx = (an xn ) dx
α α α
X an β X an
xn+1 α = βn+1 − αn+1 .
=
n+1 n+1
1
Exemplo 4.10 Seja a função f : [0, 1) −→ R definida por f(x) = √ .
1−x
Z1
Então a integral imprópria f(x) dx existe, já que
0
Z1 Zc
1 √ c
f(x) dx = lim− √ dx = lim− −2 1 − x0
0 c→1 0 1−x c→1
√
= lim− 2 − 2 1 − c = 2 .
c→1
32 J. Delgado - K. Frensel
Séries de potências
1
Exemplo 4.11 A função f : [0, 1) −→ R, f(x) = , não possui inte-
1−x
gral imprópria no intervalo [0, 1), pois
Z1 Zc
1 1
dx = lim− dx = lim− (− log(1 − c)) = +∞ .
0 1−x c→1 0 1−x c→1
X
Observação 4.8 Se a série an xn não converge no extremo r do
seu intervalo de convergência, podemos ainda efetuar termo a termo a
Z r X X an
integral imprópria an xn dx, desde que a série rn+1 seja
0 n+1
convergente.
X an tn+1 X an
= lim− = rn+1 ,
t→r n+1 n+1
converge para 1.
Z1
1 1 1
f(x) dx = 1 + + + ... + + ... = 2.
0 1·2 2·3 n(n + 1)
raio de convergência r.
Prova.
X
∞
Como a série nan xn−1 é convergente se, e somente se, a série
n=1
X
∞ X
∞
nan xn = x nan xn−1 converge, temos que o raio de convergência
n=1 n=1
X
∞
da série das derivadas é igual ao da série nan xn , ou seja, o raio de
n=1
X
∞ X
∞
Assim, an xn e nan xn−1 têm o mesmo raio de convergência r.
n=0 n=1
X
∞
Como a série das derivadas nan xn−1 converge uniformemente em
n=1
todo intervalo compacto contido em (−r, r), temos, pelo corolário 2.8, que
X
∞ X
∞
n
f(x) = an x é derivável e f (x) =0
nan xn−1 em todo x ∈ (−r, r).
n=0 n=1
X
∞
Corolário 4.2 A função f(x) = an xn , definida por uma série de
n=0
34 J. Delgado - K. Frensel
Séries de potências
fk (0)
Em particular, ak = , ou seja, a série de potências que converge para
k!
f(x) em (−r, r) é a série de Taylor de f em torno de 0.
e
g(x) = c(x + y) − c(x)c(y) + s(x)s(y).
Como
e
g 0 (x) = c 0 (x + y) − c 0 (x)c(y) + s 0 (x)s(y)
= −s(x + y) + s(x)c(y) + c(x)s(y) = −f(x) ,
temos que
(f(x)2 + g(x)2 ) 0 = 2f(x)f 0 (x) + 2g(x)g 0 (x) = 2f(x)g(x) − 2g(x)f(x) = 0 ,
e
g(0) = c(y) − c(0)c(y) + s(0)s(y) = 0 .
Daı́, s(x) seria uma função crescente em [0, ∞). Logo, para todo x > 1,
Zx Zx
s(1)(x − 1) ≤ s(t) dt = −c 0 (t) dt = c(1) − c(x) ≤ 2 ,
1 1
pois s(1) ≤ s(t) para todo t ∈ [1, x] e −1 ≤ c(t) ≤ 1 para todo t ∈ R, já
que s(t)2 + c(t)2 = 1. Mas a desigualdade s(1)(x − 1) ≤ 2 válida para todo
x > 1 é absurda, pois s(1) > s(0) = 0.
36 J. Delgado - K. Frensel
Operações aritméticas com sériesde potências
e
c(x + 2π) = c(x)c(2π) − s(x)s(2π) = c(x) ,
X
∞ X
∞
Observação 4.9 Embora as séries an xn e nan xn−1 tenham o
n=0 n=1
X
∞
mesmo intervalo de convergência (−r, r), pode ocorrer que a série an x n
n=0
X
∞
convirja num dos extremos ±r e a série nan xn−1 seja divergente nesse
n=1
ponto.
X
∞
xn
Por exemplo, a série converge em [−1, 1], mas a série derivada
n2
n=1
X
∞
xn−1
diverge no ponto x = 1.
n
n=1
X
∞
Mas, se a série derivada nan xn−1 converge num dos extremos ±r do
n=1
X
∞
intervalo de convergência, então a série an xn também converge nesse
n=0
extremo.
X
∞
De fato, se a série nan xn−1 converge no ponto x = r (ou no ponto x =
n=1
X
∞
−r), então a série nan xn−1 converge uniformemente no intervalo [0, r]
n=1
X
∞
(ou no intervalo [−r, 0]) e, portanto, pelo corolário 2.7, a série an x n
n=0
X X
Teorema 5.1 Se as séries de potências a n xn e bn xn convergem
X
para todo x ∈ (−r, r), então a série cn xn é convergente e
X X X
cn xn = an xn bn xn ,
Prova.
Como o intervalo (−r, r) está contido no intervalo de convergência de cada
X X
uma das séries an x n e bn xn , temos que estas séries convergem
absolutamente para todo x ∈ (−r, r).
38 J. Delgado - K. Frensel
Operações aritméticas com sériesde potências
converge e
X X X
cn xn = an x n bn xn .
X
∞ X
∞ X
∞
Corolário 5.1 Se as séries an , bn e cn são convergentes,
n=0 n=0 n=0
Prova.
X X
Pelo teorema de Abel, as funções f(x) = an xn e g(x) = bn xn são
definidas e contı́nuas para todo x ∈ (−1, 1]. Então, pelo teorema acima,
X
f(x) · g(x) = cn xn para todo x ∈ (−1, 1).
X
Como, por hipótese, a série de potências cn xn converge no ponto
X
x = 1, temos, pelo teorema de Abel, que a série cn xn converge uni-
formemente em [0, 1] e, portanto,
X X X X
an bn = lim f(x) · g(x) = lim cn xn = cn .
x→1 x→1
X X
• Se bn xn tem raio de convergência s e an xn tem raio de con-
X X X
vergência r < s, então a série cn xn = a n xn bn xn tem raio
de convergência ≥ r.
têm ambas raio de convergência 1, mas o produto destas duas séries tem
X
raio de convergência infinito, pois cn xn = 1 para todo x ∈ (−1, 1) e,
portanto, c0 = 1 e cn = 0 para todo n ≥ 1.
onde cn = a0 bn + a1 bn−1 + . . . + an b0 .
X
• Mostraremos, agora, que se f(x) = an xn para todo x ∈ (−r, r) e
1
f(0) = a0 6= 0, então existe s ∈ (0, r] tal que a função é representada
f(x)
1 X
por uma série de potências em (−s, s), ou seja, tem -se = bn xn
f(x)
para todo x ∈ (−s, s).
40 J. Delgado - K. Frensel
Operações aritméticas com sériesde potências
1
A primeira equação a0 b0 = 1 de (?) nos dá que b0 = . A partir
a0
daı́, cada bn é determinado sucessivamente em função dos coeficientes
a0 , a1 , . . . , an e b0 , b1 , . . . , bn−1 que foram obtidos nas equações anteri-
ores. A hipótese a0 6= 0 assegura que o sistema de infinitas equações (?)
possui uma solução única, obtida por recorrência.
1 1
=
f(x) 1 + (f(x) − 1)
X X
!
1
= (−1)n cnk xk .
f(x)
n k
1
o que exprimirá como uma série de potências no intervalo (−s, s) com
f(x)
X
coeficientes bk = (−1)n cnk .
n
Para isso, utilizaremos o teorema 3.1, o qual exige que, para todo n,
X X
(−1)n cnk xk convirja, o que é verdade, já que (−1)n cnk xk é uma
k k
X X
!
Afirmação: cnk xk converge.
n k
X
A série ϕ(x) = |ak |xk tem o mesmo raio de convergência que a
k
X
série ak x e ϕ(0) = |a0 | = 1. Então, podemos diminuir o número s > 0
k
de tal modo que |ϕ(x) − 1| < 1 e |f(x) − 1| < 1 para todo x ∈ (−s, s).
X
∞
Como a série (ϕ(x) − 1)n converge para todo x ∈ (−s, s), temos
n=0
X
∞ X
∞
!
que a série dnk xk é convergente para todo x ∈ (−s, s).
n=0 k=0
42 J. Delgado - K. Frensel
Operações aritméticas com sériesde potências
X X X X
!
a série |cnk xk | converge, já que |cnk xk | ≤ dnk |xk | e
n k k k
X X
!
dnk |x|k converge.
n k
e observando que
!n+1 !n
X X X
!
ak x k = ak x k ak x k
k k k
!n
X X
!
= cnk xk a k xk ,
k k
e
!n+1 !n
X X X
!
|ak |xk = |ak |xk |ak |xk
k k k
!n
X X
!
= dnk xk |ak |xk ,
k k
e
d(n+1) k = |a0 |dnk + |a1 |dn (k−1) + . . . + |ak |dn0 .
X
Teorema 5.2 Seja an xn uma série de potências que converge ao
valor f(x) para todo x ∈ (−r, r).
X
Se a0 6= 0, então existem s > 0 e uma série de potências bn xn que
1
converge, para todo x ∈ (−s, s), ao valor
f(x)
44 J. Delgado - K. Frensel
Funções analı́ticas
6. Funções analı́ticas
• Note que a série de potências varia com o ponto x0 , já que seus coefi-
cientes são dados em função das derivadas f(n) (x0 ), e que, mesmo sendo
f(x) analı́tica em toda a reta, sua série de potências em torno de um ponto
x0 não precisa convergir em toda a reta.
com cn = a0 bn + a1 bn−1 + . . . + an b0 .
1
Exemplo 6.1 A função f : R −→ R, dada por f(x) = , é analı́tica
1 + x2
em toda a reta, já que é uma função racional com denominador diferente
de zero em todos os pontos da reta.
X
A série de potências de f em torno de x = 0, ou seja, a série (−1)n x2n ,
só converge no intervalo (−1, 1), mas pelo teorema 5.2, para todo x0 ∈ R,
X 1
existem uma série de potências an (x − x0 )n e r > 0 tais que =
1 + x2
X
an (x − x0 )n para todo x ∈ (x0 − r, x0 + r). Os coeficientes an podem ser
obtidos pelo método dos coeficientes a determinar, a partir da igualdade
X∞
2
1 = (1 + x ) an (x − x0 )n .
n=0
Assim, escrevendo,
1 = 1 + x20 + 2x0 (x − x0 ) + (x − x0 )2 a0 + a1 (x − x0 ) + a2 (x − x0 )2 + . . . ,
46 J. Delgado - K. Frensel
Funções analı́ticas
X
• Mostraremos, agora, que se a série de potências an (x − x0 )n con-
verge para todo x ∈ (x0 − r, x0 + r), então a função f : (x0 − r, x0 + r) → R
X
definida por f(x) = an (x − x0 )n é analı́tica, ou seja, para todo x1 ∈
X
(x0 − r, x0 + r), existe uma série de potências da forma bn (x − x1 )n que
converge para a soma f(x) numa vizinhança de x1 .
Prova.
Se |x − x1 | < r − |x1 − x0 |, então |x − x1 | + |x1 − x0 | ≤ r. Logo, a série
X
an (y − x0 )n converge absolutamente para y = x0 + |x − x1 | + |x1 − x0 |,
pois |y − x0 | = |x − x1 | + |x1 − x0 | < r. Logo, a série
X X
|an | |y − x0 |n = |an | (|x − x1 | + |x1 − x0 |)n
X X
f(x) = an (x − x0 )n = an (x1 − x0 + x − x1 )n
n≥0 n≥0
X Xn
!
(?) n
= an (x1 − x0 )n−k (x − x1 )k
n≥0 k=0
k
X X n
" #
= an (x1 − x0 )n−k (x − x1 )k
k≥0 n≥k
k
X
= bk (x − x1 )k ,
k≥0
n
já que os coeficientes da série dupla (?) acima são ank = an k
(x1 −x0 )n−k
se k ≤ n e ank = 0 se k > n.
Prova.
• Seja A = { x ∈ I | f(n) (x) = 0 , para todo n ≥ 0 } .
Afirmação: A é aberto.
De fato, seja x0 ∈ I. Como f é analı́tica, existe r > 0 tal que
X f(n) (x0 )
f(x) = (x − x0 )n
n!
n≥0
Logo, f(x) = 0 para todo x ∈ (x0 − r, x0 + r), pois f(n) (x0 ) = 0 para todo
n ≥ 0. Então, (x0 − r, x0 + r) ⊂ A, já que f(n) (x) = 0 para todo n ≥ 0 e
todo x ∈ (x0 − r, x0 + r). Portanto, A é aberto.
Afirmação: B é aberto.
Sejam x0 ∈ B e n0 ≥ 0 tal que f(n0 ) (x0 ) 6= 0.
Como a função f(n0 ) : I −→ R é contı́nua, existe r > 0 tal que f(n0 ) (x) 6= 0
para todo x ∈ (x0 − r, x0 + r).
48 J. Delgado - K. Frensel
Funções analı́ticas
Prova.
Como X 0 = X+0 ∪ X−0 , existe uma seqüência monótona crescente ou de-
crescente de pontos de X com lim xn = x0 .
f(xn ) − f(x0 )
f 0 (x0 ) = lim = 0.
n→∞ xn − x0
Pelo teorema de Rolle, existe yn entre xn e xn+1 , tal que f 0 (yn ) = 0, já que
xn < xn+1 (ou xn+1 < xn ) e f(xn ) = f(xn+1 ) = 0.
Assim,
f 0 (yn ) − f 0 (x0 )
f 00 (x0 ) = lim = 0.
n→∞ yn − x 0
Prosseguindo desta manaira, podemos provar, por indução, que f(n) (x0 ) =
0 para todo n ≥ 0.
Prova.
Pelo lema anterior, temos f(n) (x0 ) = 0 para todo n ≥ 0.
Prova.
X X
Como as funções f(x) = an xn e g(x) = bn xn são analı́ticas no
intervalo (−r, r), temos, pelo corolário anterior, que f(x) = g(x) para todo
x ∈ (−r, r).
50 J. Delgado - K. Frensel
Nota sobre funções complexas
8. Eqüicontinuidade
52 J. Delgado - K. Frensel
Eqüicontinuidade
Exemplo 8.2 O conjunto E = {f}, formado por uma única função contı́-
nua f : X −→ R, é eqüicontı́nuo.
sen(nx)
Exemplo 8.3 A seqüência de funções fn (x) = é eqüicontı́nua
n
54 J. Delgado - K. Frensel
Eqüicontinuidade
Afirmação: Existe xn ∈ R tal que |xn − x0 | < δ e |fn (xn ) − fn (x0 )| > ε.
Seja b ∈ [−1, 1] tal que |b−sen(nx0 )| ≥ 1 (por exemplo, b = −1+sen(nx0 ),
se sen(nx0 ) ≥ 0, e b = 1 + sen(nx0 ), se sen(nx0 ) ≤ 0).
2π
Como nx varia entre nx0 e nx0 + 2π quando x varia entre x0 e x0 + ,
n
temos que sen(nx) assume todos os valores entre −1 e 1 no intervalo
2π 2π
h i h i
x0 , x0 + . Logo, existe xn ∈ x0 , x0 + tal que sen(nxn ) = b.
n n
2π
Então |xn − x0 | ≤ <δe
n
1
|fn (xn ) − fn (x0 )| = | sen(nxn ) − sen(nx0 )| = |b − sen(nx0 )| ≥ 1 > = ε.
2
56 J. Delgado - K. Frensel
Eqüicontinuidade
Exemplo 8.7 Um conjunto E = {f}, formado por uma única função contı́-
nua que não é uniformemente contı́nua, é um exemplo de conjunto que é
eqüicontı́nuo mas não é uniformemente eqüicontı́nuo.
Prova.
Seja E um conjunto eqüicontı́nuo de funções f : K −→ R.
|fn0 (xn0 ) − fn0 (yn0 )| ≤ |fn0 (xn0 ) − fn0 (x)| + |fn0 (x) − fn0 (yn0 )|
ε0 ε
< + 0 = ε0 ,
2 2
o que é uma contradição.
Prova.
Seja K ⊂ X compacto. Dado ε > 0, para todo d ∈ D, existe nd ∈ N
tal que
ε
m, n > nd =⇒ |fm (d) − fn (d)| < .
3
Além disso, como a seqüência (fn ) é eqüicontı́nua em X, para todo y ∈ K
existe um intervalo aberto Iy de centro y, tal que
ε
x, y ∈ X ∩ Iy =⇒ |fn (x) − fn (y)| < , ∀ n ∈ N.
6
ε
Logo, |fn (x) − fn (z)| < quaisquer que sejam x, z ∈ Iy ∩ X e n ∈ N.
3
[
Como K é compacto e K ⊂ Iy , existem números y1 , . . . , yp ∈ K tais
y∈K
58 J. Delgado - K. Frensel
Eqüicontinuidade
Como f1 , . . . , fn0 são limitadas em X, existe c > 0 tal que |fn (x)| ≤ c para
todo x ∈ X e todo n = 1, . . . , n0 .
Prova.
Seja X = {x1 , x2 , . . .}. Como a seqüência (fn (x1 ))n∈N é limitada, ela possui
uma subseqüência convergente, ou seja, existe N1 ⊂ N infinito tal que
existe o limite a1 = lim fn (x1 ).
n∈N1
Sendo (fn (x2 ))n∈N1 uma seqüência limitada, existe N2 ⊂ N1 infinito tal que
o limite a2 = lim fn (x2 ) existe.
n∈N2
Prova.
Seja X ⊂ K enumerável denso em K. Então, pelo teorema 8.3, (fn ) possui
uma subseqüência (fn )n∈N 0 que converge simplesmente em X, pois (fn ) é
uma seqüência simplesmente limitada no conjunto enumerável X.
60 J. Delgado - K. Frensel
Eqüicontinuidade
i1 < i2 < . . . < in e K ⊂ int Ki1 ∪int Ki2 ∪. . .∪int Kin . Logo, K ⊂ int Kin ⊂ Kin .
Basta, então, provar que (fn ) possui uma subseqüência que converge
uniformemente em Ki , para todo i ∈ N.
Prova.
É óbvio que (1)=⇒(2) e, pelo teorema 8.4, que (2)=⇒(3). Resta, então,
mostrar que (3)=⇒(1).
Afirmação 1: E é eqüicontı́nuo em K.
Suponhamos, por absurdo, que E não é eqüicontı́nuo em algum ponto
x0 ∈ K.
62 J. Delgado - K. Frensel
Eqüicontinuidade
8.1 Aplicação
o gráfico de f e o eixo−OX.
2
A(f0 ) ≤ A(fn ) = , ∀ n ∈ N,
2n + 1
1 1 1
|fn0 (xn0 ) − fn0 (1)| = − 1 = > ε0 = ,
2 2 3
onde fn0 (x) = x2n0 pertence a F. Ou seja, existe ε0 > 0 tal que para todo
δ > 0 podemos obter xδ ∈ [−1, 1] e fδ ∈ F com |xδ −1| < δ e |fδ (xδ )−fδ (1)| >
ε0 . Logo, F não é eqüicontı́nuo.
64 J. Delgado - K. Frensel
Eqüicontinuidade
uma subseqüência (fnk )k∈N 0 , que converge uniformemente para uma fun-
ção fc ∈ Ec . Logo,
Z1 Z1
A(fc ) = fc (x) dx = lim fnk (x) dx = lim A(fnk ) = µc ,
−1 k→∞ −1 n→∞
h1 1
i 1
h i
• se x ∈ − 1, 1 − e y ∈ 1 − , 1 =⇒
c c c
1−c
|f(y) − f(x)| = 1 − c + cy = c + cy ≤ −cx + cy = c|y − x| ,
c
c−1 1−c
pois x ≤ =⇒ ≤ −x .
c c
1 1
h i h i
• se x ∈ −1, − 1 e y ∈ 1 − , 1 =⇒
c c
|fc (x) − fc (y)| = |(1 − c) − cx − (1 − c) − cy| = c|x + y| ≤ c|y − x| ,
pois x < 0.
◦ para c = 1,
−x , se x ∈ [−1, 0]
fc (x) =
x , se x ∈ [0, 1]
66 J. Delgado - K. Frensel
Eqüicontinuidade
Escrevendo
pn (x) = a0 + a1 (x − a) + . . . + an (x − a)n ,
68 J. Delgado - K. Frensel
Apêndice: Teorema de Stone-Weierstrass
Prova.
Para cada n ∈ N, seja ϕn : R −→ R a função definida por
0 , se |t| ≥ 1 Edmund Georg Hermann Landau
ϕn (t) = (1 − t2 )n (1877-1938) Alemanha.
, se |t| < 1 , Estudou matemática na Univer-
cn sidade de Berlim onde, sob a
orientação de Frobenius, finali-
onde zou o seu doutorado em 1899
Z1 com uma tese sobre teoria dos
cn = (1 − t2 )n dt . números. Em 1909 foi nomeado
para a cadeira de Minkowski
−1
na Universidade de Göttingen,
na Alemanha, tendo Hilbert e
Então, ϕn é contı́nua em R, ϕn (−t) = ϕn (t), para todo t ∈ R e
Klein como colegas. O princi-
Z1 pal trabalho de Landau foi na
ϕn (t) dt = 1. teoria analı́tica dos números e
−1 no estudo da distribuição dos
números primos. Em 1903 ele
• O teorema de Weierstrass resulta dos três lemas abaixo. deu uma nova prova do teorema
dos números primos que diz que
o número de primos menores
Lema 9.1 Se 0 < δ < 1, então n→∞
lim ϕn (x) = 0 uniformemente para que n tende a infinito quando
n → ∞ tão rápido quanto
|x| ≥ δ. n
log n
. A sua prova foi mais
simples que as provas conheci-
das devidas a Vallée Poissin e
Prova. Hadamard. A partir desse tra-
balho Landau obteve resultados
Sendo ϕn uma função par, temos que: relativos à distribuição de ideais
primos em corpos de números
Z1 Z1 algébricos.
2 n
cn = (1 − t ) dt = 2 (1 − t2 )n dt
−1 0
Z1 Z1
n n
= 2 (1 + t) (1 − t) dt ≥ 2 (1 − t)n dt
0 0
2
= .
n+1
(1 − δ2 )n (n + 1)
Logo, dado ε > 0, existe n0 ∈ N tal que < ε para todo
2
n ≥ n0 e, portanto, 0 ≤ ϕn (x) < ε para todo n ≥ n0 e todo x com |x| ≥ δ.
Figura 9: Gráficos de ϕn .
Prova.
Para x ∈ [0, 1], a mudança de variável y = x + t nos dá:
Z x+1 Z1
pn (x) = f(y)ϕn (y − x) dy = f(y)ϕn (y − x) dy ,
x−1 0
70 J. Delgado - K. Frensel
Apêndice: Teorema de Stone-Weierstrass
(1 − (y − x)2 )n X
2n
ϕn (y − x) = = ξi (y) xi .
cn
i=0
X
2n Z1
i
Logo, pn (x) = ai x para todo x ∈ [0, 1], onde ai = f(y) ξi (y) dy ,
i=0 0
i = 0, 1, . . . , 2n.
Prova.
Z1 Z1
Como ϕn (t) dt = 1 , temos f(x) = f(x) ϕn (t) dt . Logo,
−1 −1
Z1
pn (x) − f(x) = (f(x + t) − f(x))ϕn (t) dt ,
−1
ε ε ε
< + + = ε.
3 3 3
Então, |f(x) − pn (x)| < ε para todo n > n0 e todo x ∈ [0, 1].
t−a
t − a
t−a
t−a
qn −g = qn −h a+ (b − a)
b−a b−a b−a b−a
t−a t−a
pois ∈ [0, 1], onde hn (t) = qn .
b−a b−a
Prova.
O n−ésimo polinômio de Bernstein da função f : [0, 1] −→ R é definido
72 J. Delgado - K. Frensel
Apêndice: Teorema de Stone-Weierstrass
por
Xn k n
Bn (x) = f xk (1 − x)n−k
n k
k=0
X
n
n
xk (1 − x)n−k = (x + (1 − x))n = 1 , (1)
k=0
k
Sergei Natanovich Bernstein
(1880-1968) Rússia.
podemos dizer que Bn (x) é uma média ponderada dos valores de f nos Na sua tese de doutorado na Sor-
bone de Paris (1904) resolveu o
1 2 n−1 19o Problema de Hilbert, enunci-
, 1 , com peso igual a nk xk (1 − x)n−k no ponto
pontos 0, , , . . . , ado em 1900, relativo a soluções
n n n
k analı́ticas de equações diferenci-
f , k = 0, 1, . . . , n. ais elı́ticas. Retornou à Rússia
n em 1905, e teve que fazer um
novo doutorado, pois naquele
Mostraremos que, se f : [0, 1] −→ R é uma função contı́nua, então os paı́s não eram válidos tı́tulos
acadêmicos estrangeiros. Na
polinômios de Bernstein Bn associados a f convergem uniformemente sua segunda tese de doutorado
(1913) resolveu o 20o problema
para f no intervalo [0, 1].
de Hilbert sobre as soluções
analı́ticas do problema de Di-
Ou seja, provaremos que dado ε > 0 existe n0 ∈ N tal que richlet para uma classe mais am-
n ≥ n0 =⇒ |f(x) − Bn (x)| < ε , ∀ x ∈ [0, 1] . pla de de equações elı́ticas não-
lineares. Em 1911 deu uma prova
Xn
n k
construtiva do Teorema de Weier-
strass usando os polinômios que
Como f(x) = f(x) x (1 − x)n−k , temos que hoje são denominados com o seu
k=0
k
nome. Os trabalhos de Bernstein
deram grandes contribuições para
a axiomatização da teoria de
X
n
k n Probabilidades.
|f(x) − Bn (x)| = f(x) − f k
x (1 − x) n−k
n k
k=0
Xn k n
≤ f(x) − f xk (1 − x)n−k . (2)
n k
k=0
X k n
A = f(x) − f xk (1 − x)n−k
n k
0≤k≤n
|x − k/n| < δ
ε X
n k
≤ x (1 − x)n−k
2 k
0≤k≤n
|x − k/n| < δ
ε X n
n
ε
≤ xk (1 − x)n−k = .
2 k 2
k=0
X k n
B = f(x) − f xk (1 − x)n−k
n k
0≤k≤n
|x − k/n| ≥ δ
X n
k
≤ |f(x)| + f xk (1 − x)n−k
n k
0≤k≤n
|x − k/n| ≥ δ
X
n k
≤ 2M x (1 − x)n−k
k
0≤k≤n
|nx − k| ≥ nδ
X (nx − k)2
n k
≤ 2M x (1 − x)n−k
(nx − k)2 k
0≤k≤n
|nx − k| ≥ nδ
2M X
n
≤ (nx − k)2 xk (1 − x)n−k
δ2 n2 k
0≤k≤n
|nx − k| ≥ nδ
2M X n
n
≤ 2 2
xk (1 − x)n−k (nx − k)2
δ n k
k=0
2M X n
n
= xk (1 − x)n−k (n2 x2 − 2knx + k2 ) . (3)
δ2 n2 k
k=0
74 J. Delgado - K. Frensel
Apêndice: Teorema de Stone-Weierstrass
X
n
n
n
(x + y) = xk yn−k , (4)
k=0
k
Xn
n k n−k
n−1
nx(x + y) = k x y . (5)
k=0
k
X
n
n k n−k
2 n−2
n(n − 1)x (x + y) = k(k − 1) x y . (6)
k=0
k
Xn
n k
nx = k x (1 − x)n−k , (7)
k=0
k
e
X
n
n k
n(n − 1)x 2
= k(k − 1) x (1 − x)n−k
k=0
k
Xn Xn
2 n k n−k n k
= k x (1 − x) − k x (1 − x)n−k .
k=0
k k=0
k
Logo,
X
n
n k
2
k x (1 − x)n−k = n(n − 1)x2 + nx . (8)
k=0
k
2M 2 2 2 2 2 2 2
= n x − 2n x + n x − nx + nx
δ2 n2
2M M
= 2
x(1 − x) ≤ 2 ,
δ n 2δ n
1
pois, para x ∈ [0, 1] , x(1 − x) ≤ .
4
M
Seja n0 ∈ N tal que n0 > .
εδ2
Então,
ε ε
n ≥ n0 =⇒ |f(x) − Bn (x)| ≤ A + B < + = ε , ∀ x ∈ [0, 1] .
2 2
TERCEIRA DEMONSTRAÇÃO.
• A terceira demonstração que daremos do Teorema de Weierstrass é
devida ao matemático francês Henri Lebesgue (1897) e resulta dos quatro
lemas abaixo.
76 J. Delgado - K. Frensel
Apêndice: Teorema de Stone-Weierstrass
Lema 9.5 Em qualquer intervalo compacto [a, b], a função f(x) = |x|
pode ser uniformemente aproximada por polinômios.
Prova.
Não há perda de generalidade em supor que o intervalo dado é da forma
[−a, a], com a > 0, pois todo intervalo compacto está contido num inter-
valo desse tipo.
78 J. Delgado - K. Frensel
Apêndice: Teorema de Stone-Weierstrass
• Toda função poligonal f : [a, b] −→ R, com vértices nos pontos (xi , f(xi )),
i = 0, 1, . . . , n, se exprime como soma f = f0 + f1 + . . . + fn de um número
finito de rampas f1 , . . . , fn e da função constante f0 ≡ f(a).
De fato, se
f(x) − f(a) , se x ∈ [a, x1 ]
f1 (x) =
f(x1 ) − f(a) , se x ∈ [x1 , b] ,
0, se x ∈ [a, xk−1 ]
fk (x) = f(x) − f(xk−1 ) , se x ∈ [xk−1 , xk ]
f(xk ) − f(xk−1 ) , se x ∈ [xk , b] ,
para 2 ≤ k ≤ n − 1, e
0 , se x ∈ [a, xn−1 ]
fn (x) =
f(x) − f(xn−1 ) , se x ∈ [xn−1 , b] ,
◦ se x ∈ [xk−1 , xk ] , 2 ≤ k ≤ n − 1 =⇒
X
n X
k−1
fi (x) = f(a) + [f(xj ) − f(xj−1 )] + f(x) − f(xk−1 ) = f(x) .
i=0 j=1
◦ se x ∈ [xn−1 , b] =⇒
X
n X
n−1
fi (x) = f(a) + [f(xj ) − f(xj−1 )] + f(x) − f(xn−1 = f(x) .
i=0 j=1
Prova.
Como toda função rampa g : [a, b] −→ R é da forma
α
g(x) = (d − c + |x − c| − |x − d|) , onde a ≤ c ≤ d ≤ b ,
2
e a função módulo é uniformemente aproximada por polinômios em qual-
quer intervalo compacto, temos que toda função rampa pode ser uniforme-
mente aproximada por polinômios.
Prova.
Como f é uniformemente contı́nua no intervalo [a, b], dado ε > 0 existe
δ > 0 tal que
ε
x, y ∈ [a, b] , |x − y| < δ =⇒ |f(x) − f(y)| < .
2
1 δ
Seja n ∈ N tal que < e seja
n b−a
b−a
b − a
P = a, a + ,...,a + i ,...,b
n n
uma partição de [a, b]. Então,
ε
x, y ∈ [ti−1 , ti ] =⇒ |f(x) − f(y)| < , ∀ i = 1, . . . , n .
2
Seja g : [a, b] −→ R a função cujo gráfico é a poligonal com vértices nos
pontos (xi , f(xi )), i = 0, 1, . . . , n. Ou seja, g(xi ) = f(xi ) e g é linear em
cada intervalo [xi−1 , xi ].
80 J. Delgado - K. Frensel
Apêndice: Teorema de Stone-Weierstrass
Uma análise profunda das razões que fazem o tipo de argumento us-
ado na demonstração dada por Lebesgue funcionar, levou o matemático
americano Marshal Stone a obter, em 1937, uma generalização do Teo-
rema de Aproximação de Weierstrass, conhecido como Teorema de Stone-
Weierstrass que se aplica a espaços métricos compactos arbitrários.
82 J. Delgado - K. Frensel
Apêndice: Teorema de Stone-Weierstrass
9.1 Exercı́cios
Zb
1. Seja f : [a, b] −→ R contı́nua. Se f(x) xn dx = 0 para todo inteiro
a
10. Mostre que o conjunto das funções q : [0, 2π] −→ R que têm a forma
X
n
q(x) = a0 + ( ak cos(kx) + bk sen(kx) ) ,
k=0
84 J. Delgado - K. Frensel