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I – DA GRATUIDADE DA JUSTIÇA:
Inicialmente, requer a concessão dos benefícios da Gratuidade da Justiça, nos termos do art. 98
e seguintes do CPC e do art. 4º da Lei nº 1.060/50, por não possuir a autoracondições financeiras de arcar
com as despesas e custas processuais, sem prejuízo do próprio sustento e de seus familiares (declaração
de hipossuficiência em anexo).
Informa, de início, que não há possibilidade de acordo, motivo pelo qual torna-se desnecessária
a audiência de conciliação. A hipótese mais claramente prevista pela lei reside na circunstância de a causa
se pautar em direito que não “admite composição” (CPC, art. 4º, II).
A vedação de audiência nas causas que não admitem autocomposição deve ser compreendida,
fundamentalmente, para evitar perda de tempo e gasto inútil de recursos, especialmente quando a Fazenda
Pública não tem autorização para composições. O princípio da legalidade exige ao advogado público que
somente transija nas hipóteses em que há autorização expressa em ato normativo. Não havendo, a causa
não admitirá autocomposição, sendo viável que – mediante requerimento unilateral ou mesmo de ofício –
o juiz determine a citação direta para contestação.
Inexistindo autorização no referido ente para a autocomposição, a audiência de conciliação ou
de mediação não deve ser marcada. Não apenas pelo desinteresse das partes, mas pela inadmissão da
autocomposição (artigo 334, parágrafo 4º, II, CPC/2015), do contrário, seriam marcadas um sem número
de audiências que não teriam qualquer utilidade, eis que o procurador não teria autorização para fazer
qualquer proposta de acordo. Essa é uma interpretação que está de acordo com a duração razoável do
processo (artigo 6º, CPC/2015).
Afinal, já seria uma espécie de fato notório judicial, que, nos casos relativos à saúde pública, o
ente público não tem qualquer autorização para conciliar Ou mediar.
Entretanto, a mãe do paciente não possui condições financeiras de arcar com o custo do
tratamento, que, a depender da prescrição médica bem como do preço na farmácia, pode chegar a ter o
custo mensal de até de R$ 600,00 (seiscentos reais), veja-se das notas fiscais em anexo.
Assim, certo que a demora no início do tratamento do Autor acarreta sérias complicações em
seu estado de saúde, não lhe resta outra solução senão recorrer à força coercitiva do Poder Judiciário,
que, no tema, é de se reconhecer, possui papel único e enobrecedor.
IV – DO DIREITO:
Preliminares rejeitadas;
Recursoconhecidoenãoprovido.Àunanimidade.(ApelaçãoCível n°
2011.000894-5. Relator: Des. Alcides Gusmão da Silva. Data do
julgamento: 01/06/2011)
***
IngoSarlet(AEficáciadosDireitosFundamentais,LivrariadoAdvogado,2005,p.3
26)explicacom propriedade a relação umbilical do direito à vida e à saúde com o princípio da
dignidade da pessoahumana:
Omestrepondera,ainda,queemborareconheçaaexistênciadelimitesfáticos(reserv
adopossível)e
jurídicos(reservaparlamentaremmatériaorçamentária),seuentendimentoédequesempreaonosencon
trarmosdiante de prestações de cunho emergencial, cujo indeferimento acarretaria o
comprometimento irreversível ou mesmo o sacrifício de outros bens essenciais, notadamente –
em se cuidando de saúde – da própria vida, integridade física e dignidade da pessoa humana,
haveremos de reconhecer um direito subjetivo do particular à prestação reclamada em Juízo.
Argumentos em contrário não podem se sustentar com base numa alegada insuficiência de
recursos, se acabem virtualmente condenando àmortea pessoa cujoúnico crimefoiode
servítimade umdanoà saúde enão tercondições de arcar com otratamento.
Poroutrolado,acriaçãodoSistemaÚnicodeSaúdetambémfoideterminadapelaCart
ade1988que, nos termos do artigo 198 dispôs: “as ações e serviços públicos de saúde integram
uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistemaúnico”.
Para cumprimento desse dever que a Constituição lhe impõe, o Estado instituiu
entidades públicas,
orapertencentesàAdministraçãodireta,oraàAdministraçãoindireta,bemcomocrioumecanismosdec
ooperaçãoentre essas entidades e entre entidades do setor privado, de modo que a execução das
políticas públicas de saúde se efetive de modo universal e igualitário, observando as
peculiaridades regionais e sociais da população queatende.
DentreosprincípiosediretrizesdoSUSestãoauniversalidadeeaintegralidade,diretr
izestareforçada pela Lei 8080/90 que assimprescreve:
Art.6.EstãoincluídasaindanocampodeatuaçãodoSistemaÚnic
Cumpre ressaltar que o artigo 23, II, da Constituição Federal estabelece que
cuidar da saúde é competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios. Assim, estabeleceu-se de forma peremptória a responsabilidade solidária dos entes
federativos que deverão atuar em cooperação administrativa recíproca.
Essa atuação do Poder Judiciário, aliás, por mais paradoxal que isso possa
parecer, permite uma correta leitura – e até mesmo uma confirmação – da regra da separação
dos poderes, pois no sistema de “freios e contrapesos” que essa regra encerra, é cabível ao
judiciário controlar os abusos (seja por ação ou por omissão) dos demais poderes no exercício de
suas competências.”
Alimitaçãoorçamentárianãopodeseróbiceaimpediraconcretizaçãododireitofund
amentalàsaúde
peloPoderJudiciárioque,nabelaliçãodoMin.CelsodeMello,quandosevirdividido“entreprotegerainv
iolabilidade do direito à vida e à saúde, que se qualifica como direito subjetivo inalienável
assegurado a todos pela própria Constituição da República (art. 5º, caput e art. 196), ou fazer
prevalecer, contra essa prerrogativa fundamental, um interesse financeiro e secundário do
Estado, (...) impõem ao julgador uma só e possível opção: aquela que privilegia o respeito
indeclinável à vida e à saúdehumana.”
V – DO ORÇAMENTO:
Considerando-
se,portanto,que,asaúdeéumdireitosocial(Art.6ºdaConstituiçãoFederal)e,ainda, direito de todos e
dever do Estado (Art. 196 da Carta Magna), sobrepondo-se a vida humana a todo e qualquer
outro direito, preenchido está o requisito do fumus bonijuris.
Domesmomodo,presentetambémopericuluminmora,jáqueasituaçãodopaciente
aquidefendida éderisco efetivoà situação psicológica e de vida emfaceda possibilidade patente
da perda da,eaespera dadecisão transitadaemjulgadolevará algum tempo, tempo esse que o
assistido não possui para vencer a doença.
Olegisladoracrescentoucinconovashipótesesdeatuaçãodomagistrado,sendotrêsd
elasdebastante
relevânciaparagarantiraadequadagestãoprocessual,constantesdosseguintesincisos:a)IV-
DETERMINARTODASAS MEDIDAS INDUTIVAS, COERCITIVAS,
MANDAMENTAIS OU SUB-ROGATÓRIAS NECESSÁRIAS PARA ASSEGURAR O
CUMPRIMENTODEORDEMJUDICIAL,INCLUSIVENASAÇÕESQUETENHAMPOROB
JETOPRESTAÇÃOPECUNIÁRIA;b)VI
– dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os
às necessidades do conflito de modo A CONFERIR MAIOR EFETIVIDADE À TUTELA
DO DIREITO; e c) IX – determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento
de outros vícios processuais.
Sob outro prisma, com o estabelecimento de uma parte geral aplicável a todos
os institutos processuais, não há dúvidas de que os preceitos envolvendo os poderes do juiz
podem ser aplicáveis também à execução, de forma inclusive cumulativa com as previsões
específicas relativas a esta última.
IX – DOS PEDIDOS:
b) A não intimação da parte autora para se manifestar sobre a inclusão de ente público
diverso no polo passivo desta demanda;
d) Acitaçãodoréunapessoadeseusrepresentanteslegaispara,querendo,noprazolegal,apresentar
contestação, sob pena de revelia e confissão quanto à matéria defato;
g) Protestaprovaroalegadocomosdocumentosacostados,testemunhas,depoimentopessoal,perí
ciaepor todas as provas em direito admitidas, provas que ficam, de logo, protestadas
erequeridas.
Dá-se á causa o valor de R$ 1.100,00 (mil e cem reais), para efeitos de alçada.