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Educação Infantil -

Currículo
Material Teórico
Avaliação na Educação Infantil

Responsável pelo Conteúdo:


Profa. Ms. Júlia de Cassia Pereira do Nascimento

Revisão Textual:
Prof . Esp. Vera Lídia de Sá Cicaroni
a
Avaliação na Educação Infantil

• Introdução

• Refletindo sobre Avaliação

• Avaliação no Âmbito da Educação Infantil

• Utilizando Instrumentos de Avaliação

• Conclusão

Mesmo neste nível de ensino, no qual estão crianças bem


pequenas, é preciso pensar de que forma podemos verificar como
as crianças estão aprendendo.
Por isso, nesta unidade, vamos conhecer um pouco sobre
a Avaliação na Educação para, depois, discutirmos sobre a
Avaliação na Educação Infantil e vamos, também, conhecer
alguns instrumentos que podem ser utilizados pelos professores
para verificar a aprendizagem dos pequenos.

Organize-se em seus estudos para alcançar uma aprendizagem mais significativa. Utilize o Ambiente Virtual de
Aprendizagem, o Blackboard, e navegue seguindo o roteiro.
Leia o Aviso da unidade, no qual você encontrará informações a respeito do tema a ser abordado na unidade.
Em Documentos da Disciplina, você terá acesso ao desenvolvimento da disciplina. Para começar, você
encontrará uma reflexão sobre nosso tema na Contextualização. Acesse o Conteúdo Teórico, no qual são
fornecidas informações e teorias para desenvolver o tema proposto.
Após a leitura, complemente sua aprendizagem com a Apresentação Narrada pelo professor para que você
possa reforçar o conhecimento. Você conta, ainda, com uma videoaula, que traz, até você, a presença do
professor com explicações sobre o tema proposto na unidade.
Depois disso prepare-se para realizar a Atividade de Sistematização, que são questões objetivas com
autocorreção pelo sistema. Você deve, também, realizar a Atividade de Aprofundamento, que, nesta
unidade, é a elaboração de uma atividade de avaliação para ser aplicada na Educação Infantil.
Confira também a indicação de Material Complementar e leia os textos que trarão mais aprendizagem sobre
o tema. E, ainda, confira as Referências utilizadas nesta unidade.

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Unidade: Avaliação na Educação Infantil

Contextualização

Observe a charge a seguir:

Fonte: http://diariofilosofico.wordpress.com/.

O que a charge nos mostra sobre avaliação? O que normalmente as pessoas envolvidas
na educação, sejam professores, pais ou alunos, pensam sobre esse conceito?
O que “você” pensa sobre avaliação?

É muito importante que tenhamos clareza sobre o que é avaliação, especialmente no


que diz respeito à Educação Infantil.

Vamos discutir alguns conceitos e, após seus estudos, volte à questão proposta nesta contextualização.

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Introdução

Nesta unidade, vamos tratar da Avaliação na Educação Infantil. Para que possamos entender
como ela se processa nesse nível de ensino, é preciso, primeiro, entender o conceito de avaliação
e o que os autores da área educacional pensam sobre o tema.

Refletindo sobre Avaliação

Diversos autores discutem a questão da avaliação, trazendo, assim, diferentes definições para
esse importante conceito na educação. Vejamos algumas dessas definições:

É um processo contínuo de pesquisas que visa interpretar os conhecimentos,


habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no
comportamento, propostas nos objetivos, a fim de que haja condições de
decidir sobre alternativas do planejamento do trabalho do professor e da
escola como um todo (PILETTI, 2010, p.190).
Avaliação é um processo de coleta e análise de dados, tendo em vista verificar
se os objetivos propostos foram atingidos. No âmbito escolar, a avaliação se
realiza em vários níveis: do processo ensino-aprendizagem, do currículo, do
funcionamento da escola como um todo (HAYDT, 2004, p.288).
Os procedimentos de avaliação são um precioso e imprescindível elemento
para conhecer o que o sistema educativo desde o estabelecimento de
políticas públicas até a realidade das classes pretende e obtém de seus alunos
(KRASILCHIK, in: CASTRO, 2002, p.165).

Podemos perceber que todos os autores citados remetem à avaliação como um processo cuja
finalidade é verificar se o objetivo do ensino, a aprendizagem, está sendo alcançado.
Segundo Haydt (2004), a avaliação tem as seguintes funções:
• Diagnosticar: verificar o que o aluno já sabe e o que ainda não aprendeu, detectando
os conhecimentos prévios ou pré-requisitos para a aprendizagem. Realiza-se no início do
período letivo ou de uma unidade de ensino. A autora relaciona esta função à Avaliação
Diagnóstica.
• Controlar: acompanhar o processo de aprendizagem do aluno, assim como o ensino
do professor, realizada ao longo do período letivo. Refere-se, segundo a autora, à
Avaliação formativa.
• Classificar: destinada à promoção dos alunos; classifica os alunos de acordo com o
nível de aproveitamento estabelecido e os resultados apresentados; realizada no final do
período letivo ou de uma unidade de ensino. Denominada de Avaliação Somativa pela
autora, mas alguns teóricos a chamam de Avaliação Classificatória.

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Unidade: Avaliação na Educação Infantil

Para Hoffmann (1993), a avaliação tem que ser significativa, permitindo intervenções que
favoreçam o relacionamento com os alunos e o diagnóstico da ocorrência ou não da aprendizagem,
numa mediação constante. Por isso defende o conceito de Avaliação Mediadora. A autora
entende que avaliação é uma mediação, que permite um diálogo com os alunos, querendo
saber o que sabem, o que pensam, o que já construíram para possibilitar o planejamento de
ações que os tornem cada vez mais autônomos.
A avaliação tem o propósito de permitir que o professor conheça seus alunos, aperfeiçoando
o processo de ensino-aprendizagem para que seus objetivos possam ser alcançados. Além disso,
poderá diagnosticar prováveis dificuldades e promover seus alunos.
A forma de encarar e realizar a avaliação reflete a atitude e a postura do professor assim
como suas relações com os alunos.
Assim fica claro que a avaliação não possui um conceito único, nem acontece somente em um
momento pré-determinado, pois é formada por diversas ações estabelecidas pelos professores,
com o intuito de diagnosticar as dificuldades de seus alunos, de procurar saná-las e também de
diagnosticar o que eles já aprenderam ou já sabem.

Avaliação no Âmbito da Educação Infantil

Como já visto, o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil – RCNEI – estabelece
os objetivos gerais para Educação Infantil, que preveem o desenvolvimento de diferentes
capacidades das crianças.
Assim pensando, Bassedas (1999) destaca que, em se tratando da Educação Infantil, ao se pensar
na avaliação, deve-se entender que sua finalidade deve ser a intervenção e a tomada de decisões
relacionadas à educação, a fim de que o professor possa observar o caminho percorrido pela
criança, sua evolução e progresso. Com isso, o professor poderá planejar suas ações para verificar a
necessidade de modificar situações, relações ou atividades desenvolvidas na sala de aula.
Dessa forma, pergunta-se: que tipo de avaliação deve ser desenvolvido na Educação Infantil?
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96, assim orienta quanto à
avaliação na Educação Infantil:
Art. 31º. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento
e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo
para o acesso ao ensino fundamental (BRASIL, 1996).

Entende-se, portanto, que, na Educação Infantil, a avaliação deve se constituir em um processo


que auxilie a aprendizagem e fortaleça a autoestima das crianças. Com isso, elas serão capazes
de acompanhar seus próprios avanços e conquistas, assim como as dificuldades encontradas
em seu processo de aprendizagem.

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Para Hoffmann (1996), apesar da determinação legal, alguns professores da Educação Infantil
se esquecem da questão processual e utilizam a avaliação somente no final do período letivo.

O modelo de avaliação classificatória se faz presente nas instituições


de educação infantil quando, para elas, avaliar é registrar ao final de um
semestre (periodicidade mais frequente na pré-escola) os “comportamentos
que a criança apresentou”, utilizando-se, para isso, de listagens uniformes
de comportamentos a serem classificados a partir de escalas comparativas
(HOFFMANN, 1996, p.12).

No início do ano, os professores planejam suas aulas com a intenção de alcançar determinados
objetivos previstos no RCNEI. Mais tarde, esse planejamento é posto em prática e, com isso,
se faz necessário que haja uma avaliação contínua desse processo e não o tipo de avaliação
desenvolvida citada por Hoffmann. Deste modo, no desenvolvimento de seu planejamento,
o professor poderá saber se está obtendo um resultado positivo e, principalmente, se suas
crianças estão demonstrando o seu desenvolvimento de acordo com os objetivos propostos no
planejamento do professor.

A avaliação deve servir, basicamente, para intervir, modificar e melhorar a nossa prática, a
evolução e a aprendizagem dos alunos. Assim sendo, é importante que os alunos sejam
avaliados em diferentes momentos e não em um único e exclusivo momento, para que, desse
modo, não ocorra o que chamamos de “rotulação”.

A avaliação é um elemento-chave através do qual dispomos de informações


que servem para tomarmos decisões. Faz menos sentido pensar em avaliação
unicamente com a finalidade de emitir um juízo ou de creditar, o que pode
incorrer no perigo de rotular e de condicionar muito as possibilidades da
criança. Ao contrário, devemos tentar proporcionar a todos os alunos a
possibilidade de viverem experiências de sucesso, para que todas as crianças
tenham vontade e confiança em aprender e crescer com o seu grupo de
companheiros (BASSEDAS, 1999, p.174).

A participação e o entendimento do aluno no próprio processo avaliativo são muito


importantes. É preciso que o aluno entenda que a avaliação não é algo ruim ou que deve ser
visto como uma “rotulação”. A criança deve compreender que o processo de avaliação faz
parte de sua aprendizagem e o professor, por sua vez, precisa proporcionar uma diversidade
de situações de aprendizagem para poder avaliar o aluno e aproveitar toda a experiência que a
criança carrega com ela.

Como orienta o RCNEI, “a avaliação nessa etapa deve ser processual e destinada a auxiliar
o processo de aprendizagem, fortalecendo a autoestima das crianças”. Nesse documento a
avaliação é entendida como:

(...) um conjunto de ações que auxiliam o professor a refletir sobre as


condições de aprendizagem oferecidas e ajustar sua prática às necessidades
colocadas pelas crianças. (...) Tem como função acompanhar, orientar,
regular e redirecionar o processo educativo como um todo (RCNEI, 1998,
p.59).

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Unidade: Avaliação na Educação Infantil

Bassedas (1999) propõe três diferentes momentos de avaliação na Educação Infantil. Suas
sugestões coincidem com os conceitos de avaliação defendidos por Haydt (2004) e citados
no início de nossos estudos. O primeiro momento é o que ela chama de “Avaliação Inicial”. A
avaliação inicial é realizada com o objetivo de saber o que os alunos já sabem sobre o tema
que será abordado, para que, desse modo, possa modificar ou ajustar as atividades, assim
podendo adequá-las visando à melhoria da aprendizagem e priorizando suas experiências
fora da sala de aula.
A avaliação inicial compreende, desse modo, diversas funções: utiliza-se para
externar informações sobre o que os meninos e as meninas de uma mesma
turma sabem ou o que não sabem; é útil para planejar, programar e apresentar
melhor a atividade ou a unidade a ser trabalhada, além de proporcionar
às crianças a darem sentido ao que se faz na escola e envolverem-se mais
ativamente nas atividades da aula (BASSEDAS, 1999, p.175).

O segundo momento é a “Avaliação Formativa”. Essa avaliação realiza-se de maneira


progressiva e paralela às diferentes atividades que se desenvolvem em sala de aula. Sua
ferramenta principal é a observação, ou seja, durante as atividades, o professor observa
seus alunos e coleta informações sobre o que eles aprenderam, em que tiveram dificuldades,
possibilitando, assim, a adequação do planejamento de acordo com as possibilidades de cada
criança. Sobre a observação, a autora diz:
A observação não é entendida como passiva, mas de uma maneira ativa:
quando se está perguntando, ajudando-os, propondo coisas diferentes a
diferentes crianças e detectando, dessa maneira, a sua capacidade de receber
ajuda, de aceitá-la e de aproveitá-la.
Esse tipo de observação participativa produz-se quando se ajuda uma
menina a acabar um quebra-cabeças; quando se diz a um menino que está
tentando fazer uma casa para observar um companheiro que também tenta
fazer uma; quando se vai verbalizando as partes do corpo a uma criança que
está fazendo o desenho de uma pessoa e em muitos outros momentos, nos
quais se tenta verificar o que os alunos são capazes de fazer; quando são
ajudados ou quando se faz uma atividade juntamente com eles (BASSEDAS,
1999, p.176).

Desse modo, a avaliação deve se constituir em uma possibilidade de conhecer as crianças e


suas especificidades, através de uma observação e de uma escuta atenta; deve ser vista como
observação e reflexão do cotidiano/de todos os elementos que compõem o trabalho pedagógico:
gestão, práticas educativas, currículo, condições materiais, espaços e tempos, e, por fim, deve
ser vista como um registro de experiências vividas pelas crianças.
O terceiro e último momento é a “Avaliação Somativa”. Essa avaliação é realizada no final
do processo de ensino-aprendizagem e possibilita ao professor saber o que definitivamente seus
alunos aprenderam e, se for necessário, modificar a prática educativa, visando à melhoria do
desenvolvimento das crianças.
(...) também possui, evidentemente, uma função reguladora, pois serve para
replanejar o processo de ensino que foi realizado. Pode, dessa maneira,
servir para modificar a unidade didática que se havia planejado, quando se
avalia que não foram atingidos os objetivos previstos; ou pode alertar sobre a
necessidade de retomar, em momentos posteriores, determinados conteúdos
trabalhados (BASSEDAS, 1999, p.177).

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Os instrumentos avaliativos na Educação Infantil, segundo o RCNEI, são a observação, o
registro e a avaliação formativa. Neste nível de ensino, a observação e o registro constituem-se
nos principais instrumentos de que o professor dispõe para apoiar sua prática.
A observação permite que o professor acompanhe as ações, interações, atividades e
progressos de suas crianças, podendo focar na formação integral da criança sem se afastar das
particularidades individuais.
O registro das observações realizadas pode ser feito por meio da escrita em relatórios, cadernos
de registro do aluno ou fichas; por meio de gravações em áudio e vídeo; através das próprias
produções das crianças, como desenhos e esculturas; ou, ainda, por meio de fotografias.
Embora o Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil ofereça várias maneiras
de se realizar os registros decorrentes das observações dos professores, a escrita ainda é a forma
mais comum e acessível aos professores e, assim, verifica-se a importância dos registros, por se
constituírem em rico material de reflexão e ajuda para o planejamento educativo.
Essas observações e registros fornecem aos professores uma visão mais ampla e íntegra de
sua prática educativa e do desenvolvimento de suas crianças. O RCNEI cita algumas formas de
registro como “fotos, registros em diários, impressões escritas”, etc.
Os professores reúnem essas informações em portfólios, dossiês ou relatórios de avaliação.
São os locais onde armazenam os registros da aprendizagem de cada aluno, para que todos os
envolvidos no processo (professores, pais e os próprios alunos) possam acompanhar e visualizar
o progresso da criança.
O professor deve registrar, diariamente, as atividades desenvolvidas e o desempenho de cada
criança. Com isso, pode-se delinear o percurso de cada um na construção da aprendizagem e o
professor pode perceber a importância de cada aula ou atividade na aprendizagem da criança.
Mais importante do que guardar os registros é a intenção de quem organiza essa coletânea
de atividades. O professor não deve agrupar os trabalhos das crianças e organizá-los somente
para mostrar à família, para valorizar seu próprio trabalho com as crianças. O significado do
dossiê ou portfólio deve ser uma coleta e organização de dados que demonstrem os avanços,
as mudanças conceituais, novos pensamentos e modos de fazer relativos ao progresso de cada
criança.
É necessário também que haja um retorno dessas avaliações para a família e para as crianças.
Nessa etapa da educação fica claro que a participação da família no processo educativo das
crianças é de extrema importância. Desse modo o professor deve criar meios pelos quais os pais
também possam acompanhar o processo de aprendizagem de seus filhos, inteirando-se de seus
avanços e conquistas e criando, assim, um sentimento de compreensão sobre os objetivos e as
ações desenvolvidas pela instituição escolar.
Não se trata somente de informar os pais sobre o rendimento de seus filhos, mas também de:
[...] coletar outras visões, contrastar com a família o que observamos
na escola, ver o que pensam sobre o que dizemos, por que pensam
que a criança se comporta de determinada maneira na escola e
como eles pensam que poderiam ajudar a criança a avançar em seu
desenvolvimento (BASSEDAS, 1999, p.182).

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Unidade: Avaliação na Educação Infantil

No que se refere às crianças, a avaliação deve permitir que elas acompanhem suas conquistas
ao longo do processo educativo.

Para que isso ocorra, o professor deve compartilhar com elas aquelas
observações que sinalizam seus avanços e suas possibilidades de superação
das dificuldades. São várias as situações cotidianas nas quais isso já ocorre,
como, por exemplo, quando o professor diz: “Olhe que bom, você já está
conseguindo se servir sozinho”, ou quando torna observável para as crianças
o que elas sabiam fazer quando chegaram na instituição com o que sabem
até aquele momento. Nessas situações, o retorno para as crianças se dá
de forma contextualizada, o que fortalece a função formativa que deve ser
atribuída à avaliação. Além dessas, existem outras situações que podem ser
aproveitadas ou criadas com o objetivo de situar a criança frente ao seu
processo de aprendizagem. É importante que o professor tenha consciência
disso, para que possa atuar de forma cada vez mais intencional. Isso significa
definir melhor a quem se dirige a avaliação – se ao grupo todo ou as crianças
em particular; qual o melhor momento para explicitá-la e como deve ser feito
(RCNEI, 1998, p.60).

Portanto, a avaliação na Educação Infantil deve promover uma educação digna às crianças,
propiciando momentos em que elas terão a oportunidade de desenvolver suas capacidades da
melhor forma possível.

Por fim, o terceiro instrumento indicado pelo RCNEI a ser utilizado pelo professor é a
avaliação formativa. Para que de fato ocorra um processo avaliativo eficaz, é necessário que
o professor faça, constantemente, a observação e o registro dos processos de aprendizagens
das crianças, conforme destaca a LDB. Este acompanhamento constante é o que chamamos
de avaliação formativa.

O acompanhamento do professor deve se constituir em possibilidade de conhecimento,


observando e escutando a criança nos diferentes momentos de seu desenvolvimento. Com
isso será possível observar e registrar as experiências vividas pelas crianças em seu dia a dia,
nas relações que estabelecem com outras crianças e com os adultos e na participação das
atividades propostas.

A avaliação formativa desenvolvida na Educação Infantil permite que o professor reflita


também sobre sua prática, condições de trabalho, materiais disponíveis, constituindo-se em
importante ferramenta de estudo, de formação e de mudanças em sua prática.

Ao acompanhar o desenvolvimento das crianças, observando e registrando cada avanço


ou dificuldade, o professor deve permitir que elas participem desse acompanhamento. Isso
poderá ser feito compartilhando suas observações, incentivando as crianças a melhorarem
e a participarem mais do processo, mostrando suas atividades mais antigas e recentes,
elogiando, etc.

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Utilizando Instrumentos de Avaliação
Os aspectos desenvolvidos pelas crianças passíveis de avaliação pelo professor são muitos e
variam de acordo com os objetivos propostos. Normalmente observamos três focos: aspectos
físicos, aspectos sociais e aspectos emocionais. Mas, de acordo com as necessidades de cada
turma ou do próprio professor de conhecer melhor seus alunos, esses aspectos desdobram-se
em outros subfocos.
Aspectos Físicos: Observam-se aspectos relacionados à expressão corporal, como a
harmonia, o equilíbrio, a coordenação, a organização espacial ampla, o uso e aplicação
da força. Além disso, trabalha-se também a questão do ritmo. Podemos também chamar
este aspecto de Perceptivo-Motor.
Aspectos Sociais: Verifica-se a questão da interatividade, da capacidade de participar
e compartilhar com os colegas, do respeito às regras, da disciplina, organização,
disponibilidade e participação no trabalho em equipe e da responsabilidade consigo
mesmo e com seus materiais. Trata-se, realmente, do desenvolvimento do aspecto Social
da criança.
Aspectos Emocionais: Neste aspecto, observamos, nas crianças, a expressão de
diferentes sentimentos, como alegria, tristeza, enfrentamento de derrotas, valorizando
suas manifestações e expressões de sentimentos. Encontramos, aqui, diferentes aspectos
relacionados ao desenvolvimento Afetivo-emocional.

A seguir, você encontra quatro modelos de fichas de avaliação que podem ser utilizadas para
que o professor registre suas observações sobre o desenvolvimento das crianças.

Acrescentamos, nos modelos, um aspecto a ser considerado, referente aos aspectos Cognitivos,
por entender que é importante, para o professor, considerar a evolução da criança no trabalho
com os diferentes eixos contidos no RCNEI, no volume que trata do Conhecimento de Mundo
e nos orienta quanto às noções a serem trabalhadas com diferentes conteúdos.

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Unidade: Avaliação na Educação Infantil

Observação/Avaliação: Aspecto Perceptivo-Motor


NOME: Idade:
CONCEITO DE AVALIAÇÃO
ITEM DE AVALIAÇÃO Sempre Frequentemente Raramente Nunca
01 Rola objetos de maneira organizada.
02 Senta adequadamente.
03 Flexiona os músculos.
04 Anda bem e com postura.
Mantém o equilíbrio com o corpo ou
05
com objetos.
É organizado ao realizar atividades como
06
galopar, agachar, correr, subir e descer.
07 Lança e pega novamente a bola.
08 Pula de diversas maneiras.
09 Reage bem aos ritmos.
10 Consegue contrair e relaxar o corpo.
11 Executa movimentos de pinça.
12 Tem facilidade em recorte e dobradura.
13 Enfia e encaixa materiais diversos.
14 Modela com movimentos coordenados.
15 Traça linhas.
16 Tem facilidade em imitar posições.
17 É capaz de colorir dentro dos limites.
18 É capaz de copiar figuras.
19 Usa mão direita.
20 Usa a mão esquerda.
Observações do (a) professor (a)

Modelo 1: Aspecto Perceptivo-Motor. Fonte: autora.

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Observação/Avaliação: Aspecto Social
NOME: Idade:
CONCEITO DE AVALIAÇÃO
ITEM DE AVALIAÇÃO Sempre Frequentemente Raramente Nunca
01 Relaciona-se bem com os amigos.
02 Relaciona-se bem com o(a) professor(a).
03 Atende as pessoas com boa vontade.
04 Sabe brincar e trabalhar em grupo.
05 Integra-se facilmente ao grupo.
06 Depende muito do auxílio do adulto.
07 Lidera seu grupo.
08 Tem iniciativa própria.
09 Compartilha brinquedos, jogos e materiais.
10 Participa de todas as tarefas.
11 Sabe dar oportunidade aos colegas.
12 Aceita reclamações e críticas necessárias.
13 Assume e cumpre pequenas responsabilidades.
14 Sabe ouvir as outras pessoas.
15 Transmite recados.
16 Usa as regras essenciais de cortesia.
Observações do (a) professor (a)

Modelo 2: Aspecto Social. Fonte: autora.

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Unidade: Avaliação na Educação Infantil

Observação/Avaliação: Aspecto Afetivo-Emocional


NOME: Idade:
CONCEITO DE AVALIAÇÃO
ITEM DE AVALIAÇÃO Sempre Frequentemente Raramente Nunca
01 Tem iniciativa para perguntar.
02 Demonstra interesse por coisas novas.
03 É calmo(a).
04 Gosta de receber carinho.
05 É carinhoso (a).
06 É alegre.
07 Tem uma aparência triste.
08 É agressivo (a).
09 Perturba a ordem da classe.
10 Precisa ser continuamente supervisionado (a).
11 É independente na realização de tarefas.
12 Tem baixa resistência à frustração.
Tem atitudes diferentes na presença do
13
pai e/ou mãe.
Quando suas vontades são recusadas,
14
reage com choros ou lamúrias.
15 É muito comunicativo.
16 Fica isolado.
17 Não se aproxima do professor.
Observações do (a) professor (a)

Modelo 3: Aspecto Afetivo-Emocional. Fonte: autora.

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Observação/Avaliação: Aspectos Cognitivos
NOME: Idade:
CONCEITO DE AVALIAÇÃO

ITEM DE AVALIAÇÃO Sempre Frequentemente Raramente Nunca

01 Conhece as propriedades dos objetos.


02 Identifica, citando as partes de seu corpo
03 Realiza imitações e mímicas.
04 Relata experiências de seu meio físico e social.
05 Tem boa coordenação de pensamento.
06 Possui um bom vocabulário para sua idade.
07 Usa expressões claras e lógicas nos relatos.
08 Descreve e responde organizando frases.
09 Entende e atende ordens claras e simples.
10 Tem interesse por livros e gravuras.
11 Gosta de ouvir histórias.
12 Compreende e reproduz histórias.
13 Memoriza canções e versinhos.
14 Apresenta gagueira.
15 Ouve bem.
É capaz de fazer leitura e desenhos de
16
imagens (com fins de comunicação).
17 Tem facilidade para memorizar.
Observações do (a) professor (a)

Modelo 4: Aspectos Cognitivos. Fonte: autora.

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Unidade: Avaliação na Educação Infantil

Como você pode perceber, são muitas as alternativas para que o professor acompanhe o
progresso das crianças. Os itens a serem avaliados também variam de acordo com sua sala,
assim como os modelos utilizados.
O professor pode, também, fazer uso da autoavaliação. As crianças conseguem perceber suas
dificuldades, seu envolvimento e até mesmo sua aprendizagem, o que pode colaborar para a
avaliação a ser realizada pelo professor.
Veja um modelo que pode ser utilizado com as crianças na Educação Infantil, o qual pode
ser aplicado mesmo aos que ainda não sabem ler ou escrever. O modelo a seguir poderá ser
aplicado, por exemplo, após uma atividade de ensaios para uma apresentação que as crianças
farão. Perceba que a criança deverá apontar como se saiu nos ensaios e durante a apresentação.

Auto Avaliação dos ensaios e da apresentação.


Peça: Chapeuzinho vai às compras
Nome:

Durante os ensaios

Estive atento
Participei com interesse
Não fiz bagunça
Colaborei no que pude

No dia da apresentação

Fiz silêncio
Obedeci à professora
Ajudei os colegas
Gostei de participar e dançar
Modelo 3: Autoavaliação. Fonte: autora.

Avaliar abrange aquisição de conhecimentos, decorrentes dos conteúdos curriculares, de


habilidades, competências, interesses, atitudes, hábitos e ajustamento pessoal e social.
É preciso frisar que alguns educadores abrem mão das fichas por entenderem que marcar “x”
em determinados itens não constitui avaliação, mas sim o cumprimento burocrático de algo que
não leva à real visão da aprendizagem do aluno. Por isso é muito importante deixar claro que a
simples anotação, nas fichas de avaliação, da condição na qual a criança se encontra em termos
de aprendizagem não constitui uma avaliação.
Avaliar pressupõe obtenção de conhecimento para verificar se o processo está ou não
atingindo seus objetivos. Portanto somente anotar e apresentar os resultados aos envolvidos
com a educação da criança não terá valor se não houver uma reflexão por parte do professor,
que fará com que haja mudanças naquilo que não está dando certo e manutenção do que está
contribuindo para o crescimento da criança, inclusive com a utilização de diferentes práticas.

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Conclusão

Nesta unidade pudemos conhecer alguns aspectos relevantes da avaliação na Educação


Infantil. Vimos que o professor possui diferentes alternativas para observar e acompanhar
o desenvolvimento das crianças. Percebemos, também, a importância de registrar essas
observações para podermos apresentá-las aos envolvidos com a educação da criança, a fim de
que todos nós possamos trabalhar por seu crescimento e desenvolvimento pleno.
Conforme se pode perceber, a avaliação na Educação Infantil depende da postura do
professor na construção de uma prática docente significativa, com base em pressupostos teórico-
metodológicos, na revisão de ensino e mediação na aprendizagem.
O desafio que se apresenta é que cada professor se comprometa com um ensino que auxilie
as crianças na construção de conhecimentos que, de fato, as ajudem a crescer e avançar, cada
vez mais, nos diferentes aspectos de seu desenvolvimento, utilizando a avaliação na Educação
Infantil como forma de promoção, crescimento e revisão de práticas, e não de classificar os
alunos como comumente vemos em muitas escolas.

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Unidade: Avaliação na Educação Infantil

Material Complementar

É importante que você faça leituras que complementem o conteúdo estudado nesta unidade.
1) BOTH, Ivo José. Avaliação planejada, aprendizagem: é ensinando que se avalia, é
avaliando que se ensina. 3. ed. rev. Curitiba: Ibpex,2011. p.156-174. Disponível em
https://cruzeirodosul.bv3.digitalpages.com.br/reader#5
2) SEB/MEC. Educação Infantil: subsídios para construção de uma sistemática de Avaliação.
GT/MEC, 2012. Disponível em http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_
docman&task=doc_download&gid=11990&Itemid=.

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Referências

BASSEDAS, Eulália et. Al. Aprender e ensinar na Educação Infantil. Artmed, 1999.

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394/96, de 20 de


dezembro de 1996.

CASTRO, A. D. Ensinar a Ensinar: Didática Para a Escola Fundamental e Media. São


Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2002.

HAYDT, R. C. C. Avaliação do Processo Ensino-Aprendizagem. 6. ed. São Paulo: Ática, 2004.

HOFFMANN, Jussara M.L. Avaliação na pré-escola: um olhar sensível e reflexivo sobre


a criança. Porto Alegre: Mediação, 1996.

______. Avaliação Mediadora: Uma Prática da Construção da Pré-escola a


Universidade. 17.ª ed. Porto Alegre: Mediação, 2000.

MEC/SEF. Referencial curricular nacional para educação infantil. Brasília: MEC/SEF,


1998.

PILETTI, C. Didática Geral. 24 ed. São Paulo: Ática, 2010.

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Unidade: Avaliação na Educação Infantil

Anotações

22
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