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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

ISCED-UIGE
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXACTAS
SECÇÃO DE ENSINO DE QUÍMICA

PROPOSTA METODOLOGICA PARA O ENSINO DA HIBRIDAÇÃO DE


ORBITAIS MOLECULARES NA 11ª CLASSE

POR:

JORGE ALFREDO DOS SANTOS

Trabalho apresentado para a obtenção do


Grau de Licenciado em Ciências de
Educação, opção de Ensino de Química.

UÍGE/2021
JORGE ALFREDO DOS SANTOS

PROPOSTA METODOLOGICA PARA O ENSINO DA


HIBRIDAÇÃO DE ORBITAIS MOLECULARES NA 11ª CLASSE

Orientador: Alves Mbunga Makonga, MSc

Co-orientador: Matiaba Lubelo, Lic

Trabalho apresentado para a obtenção do


Grau de Licenciado em Ciências de
Educação, opção de Ensino de Química

UÍGE/2021
i

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, filhos e esposa.


ii

AGRADECIMENTOS

À Deus Criador de todo o universo pelo fôlego de vida, inteligência e pelas bênçãos que me
concedeu durante a minha formação, pois que a ciência sem Deus é morta.

À minha esposa Helena Manuel Fernando, pelo apoio, carinho e compreensão durante o
período da elaboração deste trabalho.

Aos meus pais Alfredo Capitão e Joana Jorge, por me conceder a educação, carinho e auxilio
na minha formação acadêmica.

Aos meus filhos e irmãos, pela força e inspiração.

Aos meus Orientadores Alves Mbunga Makonga (Msc) e Matiaba Lubelo (Lic.) que de uma
maneira competente, paciente e carinhosa, muito me auxiliaram no desenvolvimento deste
trabalho.

Ao Afonso António Panzo Teca pelo auxílio na formatação deste trabalho até na sua fase
conclusiva.

À todos os professores que contribuíram direta ou indiretamente para a minha formação,


especialmente os da secção do ensino de Química do ISCED do Uíge.

Aos meus colegas de turma, mas que de maneira harmoniosa contribuíram directa ou
indirectamente para a concretização deste trabalho.

Finalmente, a todos que direta ou indiretamente contribuíram na elaboração deste trabalho, o


meu sincero agradecimento e que Deus vos abençoe a todos!
iii

RESUMO

O trabalho de pesquisa que se desenvolveu teve como tema Proposta metodológica para
ensino de hibridação de orbitais moleculares aos alunos da 11ª classe. Dentre os conceitos
químicos, o estudo da hibridação dos orbitais moleculares é de suma importância, pois explica
como os átomos se ligam para formar moléculas, esclarece que os átomos no seu estado
fundamental e activado não faz ligação com os outros átomos, mas no estado hibridizado sim,
formando os orbitais moleculares e permite identificar o tipo de hibridação em que a cada
átomo faz. Estando presente em quase todas as ligações covalente normais. O objectivo foi
elaborar uma proposta metodológica para noções de fenómenos de hibridação dos orbitais
moleculares aos alunos da 11ª classe, que facilitasse superar as dificuldades que os alunos
apresentavam. Para se alcançar os objectivos desta pesquisa e validar a sua hipótese, foi
necessário utilizar diferentes métodos e técnicas. O trabalho de campo desenvolveu-se em três
(3) etapas, onde na 1ª- aplicou-se o pré-teste, 2ª- aplicou-se a proposta metodológica em
forma de um algoritmo na sala de aula, usando um plano de aula e na 3ª- aplicou-se o pós-
teste para verificar o grau de aprendizagem dos alunos face a proposta metodológica
elaborada e ensaiada aos alunos. Quanto os resultados obtidos no pré-teste verificaram-se
duma forma geral, que muitos alunos apresentavam séries debilidades, sobre o fenómeno de
hibridação dos orbitais moleculares, tais como; identificar os tipos de hibridação dos átomos
do elemento central nas moléculas. Quanto os resultados obtidos no pós-teste os alunos
apresentaram resultados satisfatórios, isto porque houve um aumento significativo das notas
obtidas no pós-teste. Duma forma geral, muitos alunos superaram as suas dificuldades, sobre
o fenómeno de hibridação dos orbitais moleculares.

Palavras chave: Proposta metodológica, Hibridação molecular, Estado fundamental, Estado


activado, e Estado hibrido.
iv

ABSTRACT

The research work that was developed had as its theme Methodological proposal teaching of
hybridization of molecular orbitals to students of the 11th class. Among the chemical
concepts, the study of the hybridization of molecular orbitals is of paramount importance, as it
explains how atoms bond to form molecules, clarifies that atoms in their fundamental and
activated state do not connect with other atoms, but in the hybridized state yes, forming the
molecular orbitals and allows identifying the type of hybridization in which each atom does.
Being present in almost all normal covalent bonds. The objective was to develop a
methodological proposal for the notions of hybridization phenomena of molecular orbitals to
11th grade students, which would make it easier to overcome the difficulties that the students
presented. In order to achieve the objectives of this research and validate its hypothesis, it was
necessary to use different methods and techniques. The fieldwork was developed in three (3)
stages, where in the 1st - the pre-test was applied, 2nd - the methodological proposal was
applied in the form of an algorithm in the classroom, using a lesson plan and in the 3rd - the
post-test was applied to verify the students' degree of learning in face of the methodological
proposal elaborated and tested to the students. Regarding the results obtained in the pre-test, it
was found that, in general, many students had series of weaknesses, about the phenomenon of
hybridization of molecular orbitals, such as; identify the types of hybridization of the atoms of
the central element in the molecules. Regarding the results obtained in the post-test, the
students presented satisfactory results, because there was a significant increase in the grades
obtained in the post-test. In general, many students overcame their difficulties regarding the
phenomenon of hybridization of molecular orbitals.

Key words: Methodological proposal, hybridization of molecular, Fundamental state,


Activated state, and Hybrid state.
v

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ISCED: Instituto Superior de Ciências de Educação

L: Número quântico secundário

LCAO: Linear Combination of Atomic Orbitals

Ml: Número quântico magnético

N: Número quântico principal

Ne: Número de electrões

OAs: Orbitais atómico

OMs: Orbitais Moleculares

T.P : Tabela Periódica

TOM: Teoria dos Orbitais Moleculares

U.C: Última camada

Z: Número Atómico

ΨA: é a função de onda que representa o orbital atômico A.

ΨB: é a função de onda que representa o orbital atômico B.

ΨOMAL: é a função de onda que representa o orbital molecular antiligante.

ΨOML: função de onda que representa o orbital molecular ligante.

T.H: Tipo de Hibridação


vi

LISTA DE TABELAS

Tabela 1. 1. Número maximo de electrões em uma camada ..................................................... 5

Tabela 1. 2. Número maximo de electrões em um subnivel ...................................................... 5

Tabela 1.3. Com o número de orbitais incompletos e o número de ligações……………...…10

Tabela 3. 1. Respostas certas e erradas no pré-teste ...............................................................41

Tabela 3. 2. Distribuição das notas do pré-teste ...................................................................... 42

Tabela 3. 3. Medidas de tendência central do pré-teste ........................................................... 42

Tabela 3. 4. Respostas certas e erradas do pós-teste................................................................ 43

Tabela 3. 5. Distribuição das notas do pós-teste...................................................................... 45

Tabela 3. 6. Medidas de tendência central do pós-teste .......................................................... 45

Tabela 3. 7. Tabela comparativa dos resultados dos testes...................................................... 46

Tabela 3. 8. Comparação das medidas de tendência central do pré e pós-teste ...................... 47


vii

LISTA DE FIGURAS

Figura 1. 1. Representação simbólica do subnível .................................................................... 6

Figura 1. 2. Diagrama de Pauling .............................................................................................. 8

Figura 1. 3. Formação da ligação H-H .................................................................................... 12

Figura 1. 4. Hibridização sp3 para os Átomos de N: Geometria piramidal ............................ 20

Figura 1. 5. Hibridização sp3 para o Átomos de Oxigénio ..................................................... 20

Figura 1. 6. Hibridização sp2 nos átomos de B ....................................................................... 21

Figura 1. 7. Hibridização sp2 nos átomos de N ....................................................................... 22

Figura 1. 8. Hibridização sp2 no átomo de O .......................................................................... 22

Figura 2. 1. Passos do algoritmo .............................................................................................29

Figura 3. 1. Respostas certas e erradas no pré-teste ................................................................41

Figura 3. 2. Respostas certas e erradas do pós-teste ................................................................ 44

Figura 3. 3. Comparação dos resultados dos dois testes.......................................................... 46


viii

ÍNDICE

DEDICATÓRIA .......................................................................................................................... i
AGRADECIMENTOS ...............................................................................................................ii
RESUMO ..................................................................................................................................iii
ABSTRACT .............................................................................................................................. iv
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ................................................................................ v
LISTA DE TABELAS .............................................................................................................. vi
LISTA DE FIGURAS ..............................................................................................................vii
0. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1

0.1. Enquadramento e motivação ............................................................................................... 1

0.2. Problema científico .............................................................................................................. 1

0.3. Objectivo geral .................................................................................................................... 2

0.4. Hipótese do tema ................................................................................................................. 2

0.5. Delimitação do tema ............................................................................................................ 2

0.6. Tarefas de investigação ....................................................................................................... 2

0.7. Estrutura do trabalho ........................................................................................................... 2

CAPÍTULO I: REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................. 4

1.1. Noções fundamentais........................................................................................................... 4

1.1. 1. Números quânticos .......................................................................................................... 4

1.1.1.1. Número quântico principal (n) ...................................................................................... 4

1.1.1.2. Número quântico secundário ou do momento angular (l) ............................................. 5

1.1.1.3. Número quântico magnético (ml) .................................................................................. 5

1.1.1.4. Numero quântico rotatorio (spin em ingles, ms) ........................................................... 6

1.1.2. Estrutura electrónica dos átomos ...................................................................................... 6

1.1.3. Principio de exclusão de Pauli .......................................................................................... 6

1.1.4. Principio ou regra de Hund ............................................................................................... 7

1.1.5. Diagrama de Pauling ........................................................................................................ 7


ix

1.1.6. Distribuição electrónica de alguns átomos ....................................................................... 8

1.1.7. Estrutura das moléculas .................................................................................................... 9

1.2. Teorias dos orbitais ........................................................................................................... 10

1.2.1. Teoria dos orbitais atómicos ......................................................................................... 10

1.2.2. Teoria dos Orbitais moleculares ................................................................................... 11

1.3. Orbital Molecular Ligante e antiligante ............................................................................ 13

1.4. Hibridação dos orbitais ...................................................................................................... 16

1.4.1. Hibridização dos orbitais atómicos ............................................................................... 16

1.4.2. Hibridação dos orbitais moleculares ............................................................................. 23

CAPITULO II: METODOLOGIA DA PESQUISA ................................................................ 25

2.1. Abordagem metodológica da pesquisa .............................................................................. 25

2.1.1. Descrição da área de estudo............................................................................................ 25

2.1.2. Amostragem ................................................................................................................... 25

2.1.3. Fases do trabalho de campo ............................................................................................ 25

2.1.4. Técnicas usadas no tratamento de dados ........................................................................ 27

2.2. Proposta metodológica para fenómenos de hibridação dos orbitais moleculares ............. 27

2.2.1. Apresentação da proposta metodológica ........................................................................ 27

2.2.2. Aplicação da proposta metodológica .............................................................................. 30

2.2.3. Exercícios propostos ..................................................................................................... 40

CAPITULO III: RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................... 41

3.1. Resultados do pré-teste ...................................................................................................... 41

3.2. Resultados do pós-teste ..................................................................................................... 43

3.3. Análise comparativa dos dados do pré e pós-teste ............................................................ 46

CONCLUSÕES ........................................................................................................................ 48
SUGESTÕES ........................................................................................................................... 49
BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................... 50
APÊNDICES ............................................................................................................................ 51
x
1

0. INTRODUÇÃO

0.1. Enquadramento e motivação

Os conceitos inerentes a orbitais atómicos, os orbitais moleculares, ou seja, orbitais das


moléculas, podem ser trazidos à tona. A teoria que utiliza orbitais moleculares (TOM)
constitui uma alternativa para explicar a formação das ligações químicas. Considera-se que os
orbitais atómicos (OAs) do nível de valência dos átomos deixam de existir quando uma
ligação química se forma. Esta teoria surgiu como mais uma ferramenta para explicar a
formação das ligações químicas, assim como, teoria da ligação de valência, hibridização. E os
orbitais atómicos são substituídos por um novo conjunto de níveis energéticos, que
correspondem às novas distribuições da nuvem electrónica (densidade de probabilidade),
chamados Orbitais Moleculares (OMs), e esta abordagem pouco se ensina aos alunos da 11ª
classe, originando assim muitas dificuldades para a compreensão das ligações covalentes.

Situação esta que foi constatado em setembro de 2019, quando lecionava a estrutura da
molécula aos alunos da 11ª Classe do liceu do Dange-Quitexe. Das observações feitas, os
alunos em causa apresentaram as seguintes dificuldades:

 Não conseguiam explicar o fenómeno de hibridação;


 Não sabiam identificar e diferenciar os tipos de hibridação;
 Não conseguiam representar a geometria molecular.

Assim, na base das constatações acima referenciadas, motivou ao pesquisador em trabalhar


com o tema proposta metodológica para o ensino da hibridação de orbitais moleculares na 11ª
Classe. Pois a teoria da hibridação dos orbitais ajuda-nos entender as ligações químicas e o
tipo de hibridação que a cada átomo faz numa molécula

0.2.Problema científico

Na concepção científica, problema é qualquer questão não resolvida e que é objecto de


discussão em qualquer domínio do conhecimento (Gil, 2010, citado por Andrade, 2012).

Manuel (2012) refere que um problema só torna verdadeiramente problema a partir do


momento em que se tenta resolver. Portanto, quando surge um problema, é necessário pensar
de forma a encontrar uma solução para o mesmo. A presente pesquisa tem como problema:
dificuldades que os alunos da 11ª classe apresentam no ensino da hibridação de orbitais
moleculares.
2

Assim segue a seguinte pergunta cientifica: Como superar as dificuldades dos alunos da 11ª
classe no ensino da hibridação dos orbitais molecular?

0.3. Objectivo geral

O objectivo geral do presente trabalho é elaborar uma proposta metodológica para o ensino da
hibridação dos orbitais molecular na 11ª Classe.

0.4. Hipótese do tema

Se se elaborar uma proposta metodológica para o ensino da hibridação dos orbitais molecular,
então superar-se-iam as dificuldades que os alunos da 11ª classe apresentam na aprendizagem
desta noção.

0.5.Delimitação do tema

O tema em causa é abrangente no programa do II Ciclo do ensino Secundário do sistema da


reforma educativa em vigor no país. Neste projeto de pesquisa científica, limitou-se
particularmente nas noções de hibridação dos orbitais moleculares na 11ª classe, no liceu do
Dange-Quitexe.

0.6. Tarefas de investigação

Tendo em conta o objectivo previsto, realizou – se as seguintes tarefas:

 Contacto com os órgãos de ensino;


 Analise do programa da 11ª classe do ensino geral;
 Consulta bibliográfica dos materiais que tratam o tema em estudo;
 Análise das dificuldades relacionadas com o fenómeno de hibridação dos orbitais
moleculares.
 Aplicação do teste diagnostico (pré-teste)
 Apresentação da metodologia elaborada sobre a hibridação dos orbitais.
 Aplicação do pós – teste
 Tratamento estatístico dos dados recolhidos nos testes;
 Estrutura e elaboração do trabalho.

0.7. Estrutura do trabalho

O presente trabalho possui uma parte introdutória, três capítulos e uma parte final.
3

Na introdução fez-se o enquadramento do tema, procurando justificar os motivos da escolha


do tema e também se apresentou o problema levantado, os objectivos que se pretendiam
alcançar na pesquisa, a hipótese, a estrutura e as tarefas realizadas ao longo da pesquisa.

No primeiro capítulo fez-se a fundamentação teórica do tema em abordagem, onde procurou-


se desenvolver de forma teórica e sintética as noções gerais acerca da mecânica quântica, as
teorias dos orbitais atómicos e moleculares.

No segundo capítulo fez-se a abordagem metodológica da pesquisa e também se apresentou a


proposta metodológica elaborada, seguido de exercícios ilustrativos e um leque de exercícios
propostos.

No terceiro capítulo foram apresentados os resultados dos testes (pré e pós-teste) aplicados
aos alunos da 11ª Classe e a sua discussão.
4

CAPÍTULO I: REFERENCIAL TEÓRICO

Como é evidente não se pode entrar em profundidade da abordagem sobre hibridação dos
orbitais moleculares sem o conhecimento de certas noções essenciais.

Este capítulo apresenta as noções fundamentais que apoiam a compreensão do fenómeno de


hibridação dos orbitais.

1.1. Noções fundamentais

1.1.1. Números quânticos

Bohr precisou postular a existência dos números quânticos na sua teoria. Contudo, com o
progresso da compreensão da mecânica quântica, estes números ocorrem naturalmente ao se
resolver a equação de Schroedinger.

Os números quânticos são de grande relevância para descrever a posição dos electrões nos
átomos, os orbitais atómicos e moleculares. Para o estudo dos números quânticos, destaca-se
quatro números quânticos (Coelho, 2015): o número quântico principal (n), número quântico
secundário ou do momento angular (l), número quântico magnético (ml) e o número quântico
rotatório (spin em inglês, ms)

1.1.1.1. Número quântico principal (n)

De acordo com a teoria de Summerfeld, os electrões giram na eletrosfera em torno do núcleo


e ocupam as “camadas electrónicas” ou “níveis de energia”, chamados de números quânticos
principais (n). Até o momento, foram estabelecidas sete camadas ou níveis de energia,
representados pelos números 1 a 7 ou por letras maiúsculas K, L, M, N, O, P, Q. Os electrões
se movem nas camadas e, quando passam de uma camada para outra, liberam ou absorvem
energia (Martins & Moretto, s/d).

O número quântico principal indica a camada ou nível de energia, e caracteriza a órbita sobre
a qual se move o electrão. Existem sete (7) camada electrónicas designadas por notação de
letras maiúsculas (K,L,M,N,O,P,Q) (Feltre, 2004).

Em cada nível de energia (n) há um número máximo de electrões. Para saber o número
máximo de electrões possíveis em um nível de energia (n), devemos aplicar a fórmula 2n2, em
que n é o número quântico principal, conforme exemplificado na tabela a seguir (Martins &
Moretto, s/d).
5

Usa-se a relação para determinar o número máximo de electrões em uma camada


sendo n= 1,2,3,4. Aplicação desta formula é demonstrada na Tabela 1.1 abaixo

Tabela 1. 1. Número maximo de electrões em uma camada

Nível 1 2 3 4 5 6 7
Camada K L M N O P Q
Valor de n 1 2 3 4 4 3 2
2 8 18 32 32 18 8

1.1.1.2. Número quântico secundário ou do momento angular (l)

As camadas ou níveis de energia são formados por subcamadas ou subníveis de energia,


designados pelas letras s, p, d, f, g, h, i... São chamados de número quântico secundário ou
azimutal (l). Até o momento, estão ocupados os subníveis designados pelas letras s, p, d e f.
Os demais se encontram vazios. Cada subnível, por sua vez, suportam um número máximo de
electrões (Martins & Moretto, s/d). O número máximo de electrões em um subnível é dado
pela formula: ( ) onde . Conforme Tabela 1.2.

Tabela 1. 2. Número maximo de electrões em um subnivel

Subnível s p d f

Valor de l 0 1 2 3

( ) 2 6 10 14

1.1.1.3. Número quântico magnético (ml)

O número quântico magnético define a orientação das trajetórias descritas pelo electrão
quando o átomo é submetido num campo magnético exterior a si próprio (Feltre, 2004).

Este número determina a quantidade de casas quânticas e o seu valor é:

Se uma casa quântica, corresponde a subnivel s

Se três casas quântica, corresponde a subnivel p

Se cinco casas quânticas, corresponde a subnivel d


6

Se sete casas quânticas, corresponde a subnível f

1.1.1.4. Numero quântico rotatorio (spin em ingles, ms)

O número quântico rotatório (ms) descreve o sentido de rotação de um electrão em um orbital,


que pode ser horário ou anti-horário. Para cada caso foi atribuído um valor +1/2 e -1/2.

Representa, por convenção, um electrão com spin positivo s =+1/2

Representa, por convenção, um electrão com spin negativo s =-1/2

Para tal, existe algumas regras básicas sobre os números quânticos conforme se podem
apresentar:

 Os números n, l e m são números inteiros;


 O número quântico principal (n) não pode ser zero;
 O número quântico azimutal (l) pode ser qualquer número inteiro entre zero e n-1;
 O número quântico magnético (ml) pode ser qualquer número inteiro entre -l e +l;
 O número quântico rotatório (ms) só pode valer +1/2 e -1/2.
 O electrão será representado simbolicamente como apresenta a figura 1.1

Figura 1. 1. Representação simbólica do subnível

1.1.2. Estrutura electrónica dos átomos

Cada electrão é caracterizado por quatro (4) números quânticos (n, l ,ml e ms). Os electrões de
um átomo, segundo o seu número podem ser localizados sobre diferentes orbitais. Deste facto
descrevem os princípios e regras a seguir:

1.1.3. Principio de exclusão de Pauli

Orbital é a região do espaço onde é máxima a probabilidade de encontrar um electrão.


Princípio de exclusão de Pauling diz que; em cada orbital cabem no máximo dois electrões.
Para os orbitais que não possuem os dois electrões, dizemos que estão incompletos e que são
electrões isolados ou desemparelhados. Ou Dois electrões pertencentes a um mesmo átomo
podem ser caracterizados no máximo por três números quânticos idênticos segundo o
princípio enunciado por Pauli (Feltre, 2004).
7

Os electrões agem de certa forma como se eles estivessem girando em torno de um eixo da
mesma maneira que a Terra gira. Esse movimento denominado spin tem duas orientações,
denominadas para cima ↑ e para baixo ↓. Somente dois electrões podem ocupar um
orbital e eles devem ter spins opostos (o princípio de exclusão de Pauli).

1.1.4. Principio ou regra de Hund

Ao se preencher os orbitais, isto é, fazer a distribuição electrónica, deve se utilizar a regra de


Hund, ou regra de máxima multiplicidade, que diz que esse preenchimento deve ser feito de
modo a se obter o maior número possível de orbitais desemparelhados. Nesse preenchimento,
normalmente se simboliza cada electrão por uma seta (voltada para cima ou para baixo), com
o sentido de acordo com o spin do electrão (Martins & Moretto, s/d).

Esta regra ainda diz que: « se várias casas quânticas ou órbitas duma mesma subcamada estão
disponíveis de serem completadas os electrões aspiram ocupa-las todas antes de ocuparem
com dois a mesma casa»

Em termos simples, isso significa que, ao preenchermos os orbitais, primeiro devemos


preencher cada um deles com apenas uma seta, sendo que todas estarão voltadas para o
mesmo sentido e, se ainda houver mais electrões, continua-se preenchendo os orbitais com
setas no outro sentido.

Ex:

1.1.5. Diagrama de Pauling

O Diagrama de Pauling, também conhecido como Diagrama de Energia, é a representação


da distribuição electrónica através de subníveis de energia.

Através do esquema, o químico Linus Carl Pauling (1901-1994) sugeriu algo além do que já
havia com relação à distribuição de electrões dos átomos de elementos químicos. Para
melhorar a disposição, Pauling propôs os subníveis de energia. Através deles, seria possível
dispor os electrões do menor ao maior nível de energia de um átomo no seu estado
fundamental, conforme a figura 1.2
8

Figura 1. 2. Diagrama de Pauling

Fonte: https://www.todamateria.com.br/diagrama-de-pauling/

1.1.6. Distribuição electrónica de alguns átomos

A distribuição dos electrões em um átomo pode ser feita pelo diagrama dos níveis energéticos,
que vimos anteriormente.

Ex:

Camada de valência é o último nível de uma distribuição electrónica. Normalmente, os


electrões pertencentes à camada de valência são os que participam de alguma ligação química.

A distribuição electrónica nos iões é semelhante à dos átomos, é importante salientar que os
electrões que o átomo irá ganhar ou perder (para se transformar num ião) serão recebidos ou
retiradas da última camada electrónica e não do subnível mais energético. Como pode se ver
nos exemplos a seguir:
9

a) ( )
b) ( )

Nota:

 Última camada (U.C): é aquela que contém um subnível ou os subníveis de maior


coeficiente.
 Camada de valência: contém a última camada (subnível de maior coeficiente e o
subnível de maior energia).

Para os átomos cuja a configuração termina com o subnível s ou p, a camada de valência é


igual a última camada. Como está demostrado nos seguintes exemplos:

a) ( )

b) ( )

c) ( )

1.1.7. Estrutura das moléculas

Praticamente todas as sustâncias que encontramos na natureza estão formadas por átomos
unidos. As intensas forças que mantém unidos os átomos nas diversas sustâncias se
denominam ligações químicos.

Em 1916 G. N. Lewis e W. Kössel começaram a estudar como as ligações


químicas eram formadas e propuseram dois tipos principais (Kamogawa, 2006):

1) A Ligação iônica (ou eletrovalente), formada pela transferência de um ou mais electrões de


um átomo para outro para criar íons.

2) A ligação covalente, uma ligação que resulta quando os átomos partilham os electrões.

A ideia central no trabalho dele sobre ligação é que os átomos sem a configuração electrónica
de um gás nobre geralmente reagem para produzir tal configuração ou seja, é a tendência do
10

átomo em ceder ou receber electrões para atingir oito electrões na camada de valência, que
passou a ser chamada de Regra do Octeto.

O número de ligações covalentes que um átomo realiza está relacionado com o número de
orbitais incompletos que ele apresenta em sua camada de valência.

Esse mesmo raciocínio pode ser aplicado avaliando apenas a família do elemento, de acordo
com a tabela abaixo:

Tabela 1.3. Com o número de orbitais incompletos e o número de ligações

Essa realidade não se aplica a alguns elementos químicos, como é o caso do carbono, berílio e
boro, os quais realizam ligações covalentes apenas após passarem pelo fenômeno
da hibridização.

De uma forma geral, o fenômeno da hibridização ocorre na seguinte sequência:

 O átomo recebe energia do meio externo;

 Os elétrons dos orbitais mais externos absorvem essa energia;

 Automaticamente, esses elétrons são excitados;

 A tendência é que um elétron saia de um orbital completo e ocupe um orbital vazio;

 Por fim, os orbitais incompletos unem-se.

1.2. Teorias dos orbitais

1.2.1. Teoria dos orbitais atómicos

Em 1926, surgiu no mundo da química, uma nova teoria de estrutura atômica e molecular
desenvolvida independentemente por três cientistas: Erwin Schroedinger, Werner Heisenberg
e Paul Dirac.
11

Essa teoria que foi chamada de mecânica ondulatória por Schroedinger e de mecânica
quântica por Heisenberg, se tornou a base de todo entendimento moderno para as ligações
químicas.

Para Schroedinger, a movimentação dos electrões é de natureza ondulatória.

A proposta, de que o electrão tem propriedades de uma onda, bem como de uma partícula, foi
colocada por Louis de Broglie em 1923.

Schroedinger desenvolveu a mecânica ondulatória levando em conta que os movimentos


electrónicos podiam ser tratados como ondas; considerou que os estados estacionários em um
átomo ou molécula eram comparáveis a ondas estacionarias, e que a equação de ondas que
descreve o movimento de um electrão preso dentro de um átomo ou molécula, deveria ser
uma equação análoga a que se emprega para descrever um sistema de ondas estacionárias, ou
seja, com condições de contorno.

Werner Heisenberg, independentemente e um pouco antes, obteve os mesmos resultados que


Schroedinger por outra formulação, chamada de mecânica de matrizes.

1.2.2. Teoria dos Orbitais moleculares

Podemos ampliar bastante a nossa compreensão da ligação química ao considerar a teoria dos
orbitais moleculares, segundo a qual os orbitais de dois átomos podem se combinar para
formar um outro orbital que envolveria, de alguma forma, os núcleos dos dois átomos, e seria
então um orbital molecular. Este orbital molecular poderia (como um orbital atômico) alojar
dois electrões e constituiria, então, a ligação química entre os dois átomos (Constantino,
2004):

E como seria essa tal combinação de orbitais?

Fica mais fácil começar examinando um exemplo bem simples, o do átomo de hidrogênio,
que tem apenas um electrão em um orbital 1s. Imagine dois átomos de hidrogênio se
aproximando um do outro, e lembre-se do princípio de exclusão de Pauli. Se os dois electrões
tiverem spins opostos, eles podem ocupar o mesmo orbital. Não é difícil imaginar que, à
medida que os dois átomos se aproximam, cada núcleo passa a influenciar também o orbital
do outro átomo, atraindo o seu electrão; pode então ser formada uma nova região do espaço,
com influência de ambos os núcleos, constituindo um novo orbital que pode alojar os dois
electrões. É fácil também admitir que a energia potencial dos electrões neste novo orbital é
12

menor do que a soma das energias dos dois nos antigos orbitais atómicos, pois cada electrão é
atraído agora por ambos os núcleos (Constantino, 2004). Como está ilustrado na figura 1.3
abaixo.

Figura 1. 3. Formação da ligação H-H

Fonte: Constantino, 2004


O orbital molecular assim formado é chamado de orbital σ (sigma). Observe que este orbital
apresenta simetria cilíndrica em relação ao eixo que passa pelo centro dos dois núcleos dos
átomos (chamado eixo da ligação). É costume também dizer que a ligação formada é uma
ligação σ. Como você já deve ter entendido, descrevemos os orbitais atómicos através das
funções de onda, Ψ. A descrição dos orbitais moleculares se faz através de combinação dos
orbitais atómicos, um método geralmente referido como combinação linear de orbitais
atómicos. É muito útil, porém, lembrar que em inglês se usa a abreviatura LCAO (Linear
Combination of Atomic Orbitals) (Constantino, 2004).

De acordo com o modelo da mecânica quântica de um átomo, o comportamento de um


electrão específico em um átomo pode ser descrito pela expressão matemática denominada
equação de onda – o mesmo tipo de expressão usado para descrever o movimento das ondas
em fluidos. A solução de uma equação de onda é denominada função de onda, ou orbital, e é
descrita pela letra grega psi, Ψ (Coelho, 2015).

Quando o quadrado da função de onda Ψ2 é expresso em um espaço tridimensional, o orbital


descreve o volume do espaço em volta do núcleo onde o electrão tem maior probabilidade de
ser encontrado. Entretanto, você pode pensar em um orbital como uma fotografia do electrão
sendo tirada a uma velocidade lenta. Tal fotografia mostraria o orbital como uma nuvem
borrada indicando a região do espaço em volta do núcleo onde o electrão estava. Essa nuvem
electrónica não tem uma fronteira bem-definida, mas por questões de praticidade pode-se
fixar os limites dizendo que um orbital representa o espaço onde o electrão passa a maior
parte do tempo (90%) (Constantino, 2004).

Quais as formas de um orbital? Existem quatro tipos diferentes de orbitais, denominados s, p,


d e f descrito acima. Dos quatro, os mais importantes para química orgânica são os orbitais s
e p. Sendo que o orbital p se distribui em três eixos o px, py e pz.
13

Esta delimitação de orbitais permitiu uma melhor compreensão das ligações químicas,
definindo a chamada teoria do orbital atômico. Esta teoria permite determinar quantas
ligações um átomo pode realizar, sendo esta determinada pelo número de electrões no orbital
da camada de valência (última camada ou camada externa). Como por exemplo a
distribuição electrónica do flúor, com dois pares completos e um electrões desemparelhado,
indicando que o flúor necessita de mais um electrão para se estabilizar (regra do octeto)
(Kamogawa, 2006).

Apesar das teorias de Lewis e Kössel permitirem determinar como as ligações químicas
ocorrem, ela não explicava porque o carbono com uma distribuição electrónica 1s2, 2s2, 2p2
poderia fazer quatro ligações químicas, sendo que o átomo de carbono somente teria dois
electrões desemparelhados (consequentemente duas ligações) (Salomons & Fruhle, 2005).

Para explicar as quatro ligações do carbono, foi necessária uma outra teoria, denominada
teoria do orbital molecular, que propunha que as ligações químicas seriam realizadas pela
união dos orbitais de cada átomo e estes poderiam se modificar (unindo orbitais) formando
orbitais chamados híbridos.

No estado fundamental, a configuração electrónica do átomo de carbono é, 1s2, 2s2, 2p2


(2px,2py e 2pz)

Com essa distribuição electrónica, o carbono não é capaz de se ligar a quatro átomos de
hidrogênio, mas apenas a dois.

Se, no entanto, um electrão do orbital 2s for transferido para o orbital 2pz vazio, o carbono
passará a ter quatro electrões desemparelhados (estado excitado), sendo, portanto, capaz de
fazer quatro ligações. Desse modo, explica-se a tetra valência do átomo de carbono
(Kamogawa, 2006).

1.3. Orbital Molecular Ligante e antiligante

Quando as funções de onda referente a cada electrão, estão em fase, ocorre a sobreposição dos
orbitais atómicos. Assim as amplitudes se somam e a interferência recebe a denominação de
interferência construtiva dos orbitais atómicos, e forma-se o orbital molecular ligante. A
função de onda que representa o orbital molecular ligante é representada matematicamente
pela equação.
14

ΨOML= N (ΨA + ΨB)

ΨOML é a função de onda que representa o orbital molecular ligante.

ΨA, é a função de onda que representa o orbital atômico A.

ΨB, é a função de onda que representa o orbital atômico B.

N, é o fator de normalização da função Ψ, decorrente do fato da função psi obedecer a


equação.

∫ Ψ Ψ*dx = 1 e ser, portanto, uma função normalizada.

Toda a informação acerca das propriedades do sistema está contida na função Ψ. Se a função
psi não depende explicitamente do tempo, diz-se que o sistema se encontra num estado
estacionário. Para que a função psi possa dar origem a uma probabilidade, ela deve ser
continua, assim como suas derivadas, e deve ser mono-valorada, isto é, deve ter um só valor.
Quando as funções de onda psi, referente a cada electrão, estão fora de fase as amplitudes
passam a ter sinais contrários e, portanto, não se somam, para esta situação aparece a
formação do nodo ou nó e a interferência recebe a denominação de interferência destrutiva
dos orbitais atómicos, e forma-se o orbital molecular antiligante. A função de onda que
representa o orbital molecular antiligante é representada matematicamente pela equação
(Silveira, 2014).

ΨOMAL = N (ΨA -ΨB)

ΨOMAL é a função de onda que representa o orbital molecular antiligante.

ΨA, é a função de onda que representa o orbital atômico A.

ΨB, é a função de onda que representa o orbital atômico B.

O número de orbitais moleculares resultantes é sempre igual ao número de orbitais atómicos


que se combinaram (Silveira, 2014).

 Formação da molécula do hidrogênio: ligação sigma

Na formação da molécula do hidrogênio, pode ser utilizado dois orbitais atómicos s com o
mesmo sinal de fase, e nesta situação, forma -se o orbital molecular ligante sigma. E também
pode ser utilizado, dois orbitais atómicos s com o sinal de fase diferente, e formar o orbital
molecular antiligante sigma* conforme apresenta na figura 1.4 abaixo.
15

Figura 1.4. Formação da molécula do Hidrogênio, utilizado como orbital molecular ligante e
antiligante.

Fonte: Silveira, 2014

Na formação da ligação pi (π), será utilizada a molécula do eteno, pois nessa estrutura,
encontramos a ligação π.

Essa ligação, é formada através dos orbitais p. Quando os dois orbitais atómicos p, se
encontram com o mesmo sinal de fase, a interferência é construtiva e forma-se o orbital
molecular ligante π, de menor energia e, portanto, mais estável.

É possível também ser utilizado, dois orbitais atómicos p com o sinal de fase diferente, nessa
situação temos uma interferência destrutiva e forma-se o orbital molecular antiligante π* de
maior energia. Como ilustrado na figura 1.5.
16

Figura: 1.5. Ligação dos orbitais p com interferência construtiva e destrutiva por orbital molecular antiligante π*
de maior energia

Fonte: Silveira, 2014

Em um diagrama de energia, foram colocadas as energias relativas dos orbitais ligante


(orbitais moleculares ocupados de baixa energia); Não-ligante (orbitais moleculares ocupados
de alta energia); Antiligante (orbitais moleculares desocupados de baixa energia), são
mostradas a seguir.

O orbital molecular ligante sigma é o que mostra a menor energia quando comparado com o
orbital molecular ligante pi, por esta razão, as ligações pi são consideradas mais fracas que a
ligação sigma.

1.4. Hibridação dos orbitais

1.4.1. Hibridização dos orbitais atómicos

A palavra hibridar ou hibridizar faz lembrar o fenómeno genético: Duas espécies diferentes
cruzam-se e nasce uma nova espécie, com características diferentes das anteriores (Feltre &
Yoshinaga, 1974).

A teoria da hibridização1 foi inicialmente proposta por Linus Pauling2 para explicar a
geometria dos compostos orgânicos. Acabou se tornando uma teoria extremamente valiosa e
importante porque explica simultaneamente a geometria e a valência (que, por outras teorias,
seria considerada anômala) não só do carbono e seus compostos, mas também dos outros
elementos (Constantino, 2004).

1
Também chamada “hibridação”; há um certo desacordo entre autores sobre qual seria a forma mais correta.
2
Linus Carl Pauling, 1901-1994, notável químico norte-americano, ganhou duas vezes o prêmio Nobel:
de química em 1954 e da Paz em 1962, por sua postura de combater as armas atômicas devido aos perigos da
radiação. Uma frase de sua autoria lhe dará uma idéia dos problemas que cientistas humanitários podem
enfrentar: “A couple of days after my talk, there was a man in my office from the FBI saying – Who told you
how much plutonium there is in an atomic bomb? And I said –Nobody told me. I figured it out.”
17

Os átomos adquirem estabilidade quando todos seus orbitais ficam com 2 electrões, ou seja,
cada orbital fica com um par de electrões de spins opostos. A maioria dos átomos apresentam
pelo menos 1 orbital com apenas 1 electrão e diremos que se trata de orbital com electrão
desemparelhado, ou orbital incompleto (Feltre & Yoshinaga, 1974)

Uma das formas de completar o orbital é a do átomo se associar com outro átomo que possua
também electrões desemparelhados.

Quando pensamos em como os átomos que constituem uma molécula estão dispostos no
espaço uns em relação aos outros (o que estivemos chamando acima de geometria da
molécula), percebemos que:

1. Se tivermos apenas dois átomos, consideramos apenas a distância entre eles (distância entre
os centros dos núcleos).

2. Se tivermos três átomos, temos que considerar ainda o ângulo formado pelos eixos das duas
ligações (os eixos são as retas que passam pelo centro dos dois núcleos);

Constantino (2004) afirma que;

Em alguns elementos, o comportamento químico parece estar em contradição com a estrutura


electrónica provável. O carbono ilustra bem esse tipo de situação. É um elemento do grupo
IVA e, portanto, pode-se esperar que os quatro electrões da camada de valência tenham a
seguinte distribuição:

1s2, 2s2, 2p2

Nesse caso, o carbono formaria duas covalências simples, devido aos seus dois orbitais
incompletos, e uma covalência coordenada empregando os dois electrões s2. Na prática, isso
não acontece. Na imensa maioria de seus compostos, o carbono forma 4 valências iguais.

Para contornar o impasse, foi formulada a teoria da hibridação ou hibridização de orbitais,


segundo a qual a estrutura s2 p2 só ocorreria no átomo de carbono no estado fundamental, isto
é, no átomo isolado.

1) Hibridização sp3
a) Hibridização sp3 para o átomo de carbono
18

O carbono se localiza no grupo 14 ou família IVA da tabela periódica, possuí quatro electrões
na camada de valência e de acordo com a mecânica quântica, a configuração electrónica de
um átomo de carbono em seu estado de energia mais baixo recebe a denominação de estado
fundamental e é representado por (Silveira, 2014):

1s2, 2s2, 2p2

Segundo a teoria, o carbono só seria capaz de se combinar após receber energia suficiente
para promover ao orbital pz um dos electrões 2s.

A distribuição dos electrões no nível quântico n=2 (camada de valência) envolve os orbitais
Ψ2s, Ψpx, Ψpy e. Ψ2pz. Esta distribuição permite ao carbono estabelecer duas ligações
covalentes, uma vez que existem apenas dois electrões desemparelhados. Esta distribuição
electrónica impossibilita o carbono de realizar quatro compartilhamentos eletrônicos e fica em
desacordo com os postulados básicos da química lançados de formas independentes por
Kekulé, Couper e Butlerov; que propuseram que o carbono é tetravalente e forma quatro
ligações (Silveira, 2014).

Por outro lado, Le Bel e Van’Hoff propuseram para o carbono a capacidade de formar quatro
ligações simples, em um modelo espacial tetraédrico. Neste modelo o carbono se encontra no
centro de um tetraedro com suas valências voltadas para o vértice. Para o carbono formar as
quatro ligações é necessário a hibridação dos orbitais descritos pelas funções de onda Ψ2s,
Ψ2px, Ψ2py e Ψ2pz.

Na hibridização de orbital (que só acontece no mesmo nível quântico), ocorre a combinação


linear das funções de onda que descrevem os orbitais Ψ2s, Ψ2pz, Ψ2py e Ψ2px. Sob o olhar
quântico, os orbitais são representações gráficas da a função de onda ψ.

Para acontecer a hibridização é preciso que ocorra a combinação linear das funções de ondas
responsáveis pelos orbitais s e p, essa combinação linear vai gerar uma função de onda para
cada orbital hibridado. O número de orbitais novos formados é igual ao número de orbitais
atómicos originários da combinação linear (Coelho, 2015).

Por exemplo, no caso do carbono, a combinação linear será realizada com a função de onda
que descreve o orbital Ψ2s com as funções de onda que descrevem os orbitais Ψ2pz,Ψ2py e
Ψ2px, perceba que a combinação linear está sendo efetuada com o uso de quatro orbitais
atómicos, sendo assim, serão gerados na combinação linear das funções de onda, quatro novos
orbitais de mesma forma geométrica descritos pela função de Ψsp3, como está demonstrado
na figura 1.6. (Silveira, 2014)
19

Esquema para uma hibridização sp3

Figura 1. 6. Esquema para uma hibridização sp3

Fonte: Coelho, 2015

Que ocupam cada um dos orbitais Ψsp3; esse ângulo corresponde a 109º,5. Os quatro orbitais
sp3 semipreenchidos possuem a mesma energia.

 Hibridização sp3 para os Átomos de N e O

Para o nitrogênio, que apresenta cinco electrões na camada de valência, a distribuição nos
quatro orbitais descritos pela função de ondaΨsp3, será realizada com o preenchimento de
electrões nos orbitais hibridados, como mostra a figura 1.7 abaixo.

Figura 1. 7. Hibridização sp3 para os Átomos de N

Fonte: Coelho, 2015

Como o nitrogênio possui cinco electrões para serem distribuídos, um dos orbitais Ψsp3 vai
receber dois electrões. Esse orbital preenchido com dois electrões vai provocar repulsão
eletrostática com os electrões que se encontram nos orbitais vizinhos, para que essa repulsão
seja minimizada torna-se necessário a troca da geometria de tetraédrica para piramidal.

Na geometria piramidal o ângulo entre os orbitais Ψsp3 passa a ter um valor de 107º. Esse par
de electrões que ocupa um dos orbitais, recebem a denominação de electrões não ligantes do
20

nitrogênio ou electrões n. Veja como fica à disposição dos orbitais Ψsp3 para o nitrogênio na
geometria piramidal.

Figura 1. 4. Hibridização sp3 para os Átomos de N: Geometria piramidal

Fonte: Coelho, 2015

Para o oxigênio, que apresenta seis electrões na camada de valência, a distribuição nos quatro
orbitais descritos pela função de onda Ψsp3 será realizada da seguinte forma, conforme figura
1.7 abaixo.

Figura 1. 5. Hibridização sp3 para o Átomos de Oxigénio

Fonte: Coelho, 2015

Como o oxigênio possui seis electrões para serem distribuídos, dois orbitais

Ψsp3 estarão recebendo cada um, dois electrões.

Estes dois orbitais preenchidos, cada um com dois electrões, irão provocar repulsão
eletrostática entre si e repulsão eletrostática com os electrões que se encontram nos orbitais
vizinhos, para que essa repulsão seja minimizada, torna-se necessário a troca da geometria de
tetraédrica para angular.

Na geometria angular o ângulo entre os orbitais Ψsp3 passa a ter um valor de 105º.

Como o oxigênio tem dois orbitais preenchidos (com dois electrões), dizemos que o oxigênio
tem dois pares de electrões não ligantes, ou dois pares de electrões n.
21

2) Hibridização sp2

A hibridização sp2 se forma pela combinação linear entre as funções de onda que descrevem
os orbitais 2s e dois dos orbitais 2p, deixando um dos orbitais 2p sem formar combinação
linear. Esse orbital 2p que não participa da combinação linear das funções de onda, isto é,
não participa do processo de hibridização, é responsável pela formação de uma nova ligação
denominada de pi (Salomons & Fruhle, 2005).

A combinação linear entre as funções de ondas do orbital Ψ2s com os outros dois orbitais
2p,(vamos considerar o Ψ2px e o Ψ2py), dão origem a três novos orbitais denominados de
Ψsp2 que são responsáveis pela formação da ligação sigma. O carbono com hibridação sp2
forma três ligações sigmas utilizando três orbitais Ψsp2 (Silveira, 2014).

A segunda ligação química que pode ser formada é a pi, que se forma através do orbital
Ψ2pz, que não foi utilizado na combinação linear das funções de onda, (não participou do
processo de hibridação). A disposição espacial do carbono com hibridização sp2, mostra três
orbitais híbridos Ψsp2 dispostos em um plano formando entre si um ângulo de 120º, tendo o
orbital Ψpz que não participou do processo de hibridização, localizado de forma
perpendicular ao plano que contém os orbitais hibridados Ψsp2 (idem).

a) Hibridização sp2 nos átomos de B, O e N

O nitrogênio, o oxigênio e o boro que pertencem ao segundo período da tabela periódica,


podem se apresentar com hibridização sp2

A diferença entre eles, se encontra na quantidade de electrões da camada de valência.

Figura 1. 6. Hibridização sp2 nos átomos de B

Fonte: Silveira, 2014


22

O boro por ser um ametal forma ligações covalentes com seus orbitais hibridados sp2. Todos
os compostos BX3 são deficientes em electrões e por este motivo aparecem nas reações
orgânicas como ácidos de Lewis. O diborano (B2H6) é utilizado na reação de hidroboração de
alcenos, para a obtenção de trialquilboro. É um ácido de Lewis por possuir um orbital p vazio,
ilustrado na figura 1.9 e figura 1.10 abaixo.

b) Hibridização sp2 no átomo de Nitrogênio

Figura 1. 7. Hibridização sp2 nos2014


Fonte: Silveira, átomos de N

Fonte: Silveira, 2014

c) Hibridização sp2 no átomo de oxigênio

Figura 1. 8. Hibridização sp2 no átomo de O

Fonte: Silveira, 2014

3) Hibridização sp
a) Hibridização sp nos átomos de C e Be

A hibridação sp para o carbono que forma os alcinos, é conseguida através da combinação


linear das funções de onda que descrevem o orbital Ψ2s e o orbital Ψ2p (pode ser o Ψ2pz,
Ψ2py ou Ψ2px) (Silveira, 2014).

A combinação linear dessas duas funções de onda (Ψ2s e Ψ2px) dá origem a duas novas
funções de onda que descrevem o orbital hibridado Ψsp. Esses dois orbitais hibridados estão
dispostos em uma geometria linear e formam entre si um ângulo de 180º.
23

Os dois orbitais descritos pela função de onda Ψsp serão responsáveis pela formação de duas
ligações sigmas. Os dois orbitais Ψ2pz, Ψ2py que não foram utilizados na combinação linear,
são utilizados na formação de duas ligações π.

Este processo de hibridização segue a mesma linha de raciocínio aplicada anteriormente nas
hibridações sp3 e sp2, mudando apenas a combinação linear dos orbitais.

b) hibridação sp no átomo de carbono que apresenta duas duplas ligações

A hibridização do carbono do tipo sp acontece somente quando ele realiza duas ligações pi (π)
e duas ligações sigma (σ). Há, nesse caso, então, duas possibilidades: o carbono pode fazer
duas ligações duplas ou uma ligação simples e uma tripla, conforme se observa a seguir
(Fogaça, 2021):

O átomo de carbono quando possui duas ligações duplas, então ele apresenta somente duas
nuvens eletrônicas, cuja distância máxima possível forma um ângulo de 180ºC. Portanto, sua
geometria é linear.

1.4.2. Hibridação dos orbitais moleculares

Se mais de dois átomos estiverem envolvidos em uma molécula, as formas dos orbitais devem
coincidir com a forma das ligações (trigonal, tetraédrica, etc.).

Logo falando da hibridação dos orbitais moleculares, é necessariamente importante


desenvolver os aspectos da geometria molecular. E os orbitais atômicos não têm estas formas
e devem ser misturados para alcançar as formas necessárias.

Os átomos quando efetuam uma determinada ligação química formam ângulos entre si
adotando uma determinada geometria para a molécula formada. Pode-se dizer que a geometria
molecular é determinada pela posição adotada entre os núcleos dos átomos ligantes.

De acordo com a Teoria de repulsão dos pares eletrônicos da camada de valência, os pares dos
elétrons do átomo central, localiza-se em posições determinadas pela maior repulsão possível
entre eles e a partir daí definem a geometria molecular. Essa situação confere a molécula
maior estabilidade estrutural.
24

1 –Geometria Linear: é estabelecida por moléculas diatômicas e triatômicas que não possuem
elétrons livres no átomo central e a hibridação do átomo central é sp.

2- Geometria trigonal planar3: é um modelo de geometria molecular com um átomo no centro


e três átomos nos cantos de um triângulo equilátero, chamados átomos periféricos, todos em
um plano. Em uma espécie planar trigonal ideal, todos os três ligantes são idênticos e todos os
ângulos de ligação são 120°

3- Geometria Tetraédrica: com ângulo de 109° 28’. Acontece em moléculas que possuem
cinco átomos (moléculas pentatômicas). Quatro nuvens eletrônicas fazem ligações com outros
quatro átomos ao redor do átomo central.

4- Geometria bipiramidal: acontece quando são formados por seis (6) elementos, onde o
átomo central apresenta 5 átomos ao seu redor.

5-Geometria octaédrica4: descreve a forma de compostos nos quais seis átomos


ou ligantes estão simetricamente arranjados ao redor de um átomo central, definindo os
vértices de um octaedro.

Conclui-se então que a geometria é função dos elétrons da camada de valência do átomo
central, os quais adotam a situação de maior angulação possível entre eles, ou seja, a situação
de maior estabilidade. conforme a tabela 1.1. apresenta.

Classificação Grupo principal


Hibridação spx Hibridação spxdy
Linear (180º)
AX2 Hibridização sp.
Ex: N2; CO2
Trigonal planar (120º)
AX3 Hibridização sp2
Ex: BCl3
Tetraédrica (109,5º)
AX4 Hibridização sp3
Ex: CCl4
Bipirâmide trigonal
AX5 Hibridização sp3d
Ex:PF5
Octaédrica
AX6 Hibridização sp3d2
Ex: SF6

3
https://en.wikipedia.org/wiki/Trigonal_planar_molecular_geometry
4
https://pt.wikipedia.org/wiki/Geometria_molecular_octa%C3%A9drica
25

CAPITULO II: METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia é o caminho ou via que se segue para a realização de algo, ou ainda, é o


conjunto de etapas a serem tratados ordenadamente na investigação dos factos ou na procura
da verdade (Libano, 2006).

Portanto, a metodologia é utilizada para facilitar o cumprimento dos objectivos preconizados


tanto para uma aula tanto para uma pesquisa e precisa de uma explicação adequada,
detalhada, rigorosa e exacta (Silveira L. , 1998).

2.1. Abordagem metodológica da pesquisa


2.1.1. Descrição da área de estudo

A pesquisa de campo foi realizada na escola do II ciclo de Quitexe, do município de Quitexe,


à cerca de 40Km da cidade do Uíge.

A escola localiza-se à sul da cidade e a norte do Município de Quitexe (precisamente na


aldeia de Talambanza). Tem quatro (4) blocos com 10 salas de aulas e uma sala de limpeza,
sala de professores, direcção administrativa, casas de banhos. Nesta escola são administrados
três (3) cursos (cursos de ciências Físicas e Biológicas, Ciências Económicas e Jurídicas e
Ciências Humanas). Funciona em dois (2) períodos (manhã e tarde).

A escola funciona também com um total de 38 professores sendo dois (2) professores
lecionando a disciplina de Química.

2.1.2. Amostragem

Em estatística, a amostra é uma parcela conveniente selecionada do universo (população), ou


seja, é um subconjunto do universo. A turma única da 11ª Classe no geral esteve constituída
por 49 alunos de onde foram selecionados apenas 44 alunos, com idades que variam de 15 à
38 anos. Os 44 alunos são o que se fizeram presente na sala de aula durante os três momentos
de contacto.

2.1.3. Fases do trabalho de campo

O trabalho de campo desenvolveu-se em três (3) fases essências que se distinguem em:

 Fase 1: A aplicação do pré-teste que serviu de diagnóstico da situação;


 Fase 2: O ensaio da proposta metodológica na sala de aula com os alunos, usando
planos de aulas;
26

 Fase 3: A aplicação do pós-teste, que serviu para verificar o grau de aprendizagem


dos alunos face a proposta metodológica

2.1.3.1. Pré-teste

O pré-teste é um conjunto de perguntas dirigidas aos grupos em pesquisa (alunos) antes da


formação dos indivíduos para medir o nível de conhecimento que possui em relação ao
assunto em pesquisa (Azevedo, 2019).

Portanto, para identificar a evolução das concepções de um aluno, é necessário fazer-lhe um


pré-teste antes do ensino; dessa forma haverá maior segurança e precisão para a execução da
pesquisa.

Assim, nesta pesquisa, o pré-teste permitiu então avaliar o nível de conhecimentos que os
alunos tinham sobre o fenómeno de hibridação dos orbitais moleculares e a técnica utilizada
neste teste foi o questionário, aplicado em forma de uma prova escrita aos 44 alunos.

Elaborou-se um questionário com uma questão (1) questão tendo seis (6) alíneas com as suas
alíneas e aplicou-se aos 44 alunos, e a cada alínea valia 3,3 valores. E este questionário foi
realizado no dia 19 de setembro de 2019, com uma duração de 90 minutos, na turma única da
11ª classe do período de manhã.

Para a ponderação deste teste usou-se dois critérios:

1- Classificação em relação as respostas certas e erradas obtidas pelos alunos;


2- Classificação em relação as notas que cada aluno conseguiu no mesmo teste, cujos
resultados permitiram fazer os cálculos estatísticos das medidas da tendência central
usando a planilha do Excel. Para o mesmo teste, definiu-se uma cotação para cada
questão com uma ponderação total de 20 valores (ver Apêndice A).

2.1.3.2. Ensaio da proposta metodológica

Com o objectivo de resolver o problema encontrado no pré-teste foi aplicada a proposta


metodológica elaborada aos mesmos alunos que participaram no pré-teste. Assim, foram
preparadas e administradas 2 aulas usando todos os procedimentos didáticos para a realização
de uma aula, tendo uma duração de 45 minutos para cada aula (apêndices B e C), na qual a
primeira aula tratava dos fenómenos de hibridação dos orbitais moleculares e a segunda tipos
de hibridação.
27

2.1.3.3. Pós-teste

O pós-teste é considerado como o conjunto de perguntas que são feitas aos alunos com a
finalidade de informar se estes aprenderam ou não o conteúdo ensinado
(https://www.niduu.com.blog/Metodológia.Acedido aos 02.04.2019, s.d.).

Assim, depois da administração das duas aulas, aplicou-se o referido teste que teve um
questionário semelhante ao aplicado no pré-teste e o mesmo foi aplicado no dia 24 de
setembro de 2019. Tal como no pré-teste, neste teste usou-se também a mesma ponderação.

2.1.4. Técnicas usadas no tratamento de dados

Após correcção dos testes, os resultados foram tratados estatisticamente usando várias
ferramentas como: medidas de tendência central, Tabelas e gráficos para facilitar a
visualização dos dados. Assim, para o tratamento de dados recorreu-se à folha de cálculo do
Microsoft Excel seguindo as seguintes etapas seguindo as seguintes etapas:

 O agrupamento de notas obtidas pelos alunos em ordem crescente;


 A contagem manual de frequências de notas obtidas pelos alunos;
 A elaboração das Tabelas que apresentam as notas obtidas pelos alunos e as suas
frequências;
 O cálculo das medidas de tendência central;
 A análise comparativa das notas obtidas pelos alunos e das medidas de tendência
central;
 A análise comparativa das notas e das medidas de tendência central.

2.2. Proposta metodológica para fenómenos de hibridação dos orbitais moleculares


2.2.1. Apresentação da proposta metodológica

De forma didáctica e concisa a proposta metodológica apresenta os seguintes passos:

Passo 1: Determinar a distribuição electrónica dos átomos

Passo 2: Determinar os estados fundamentais5 dos átomos

Passo 3: Determinar os estados activado6

Passo 4: Apresentar o estado hibrido7

5
É o estado em que o átomo apresenta seus electrões localizados em níveis e subníveis de menor conteúdo
energético.
6
É o estado em que o elemento recebe estímulo energético do meio provocando deslocamento de electrões
situados em um orbital completo na camada de valência para o primeiro orbital vazio da mesma camada.
28

Passo 5: Representar por orbitais

Passo 6: Demonstrar a formula estrutural

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;

Passo 8: Aplicar a seguinte fórmula:

Condições:

Passo 9: Representar a forma geométrica da molécula

7
É o estado onde ocorre a fusão dos orbitais incompletos da camada de valência para formar orbitais híbridos
29

PASSOS DO ALGORITIMO

Determinar a distribuição electrónica dos átomos

Determinar os estados fundamentais dos átomos

Determinar os estados activado

Apresentar o estado hibrido

Representar por orbitais

Demonstrar a fórmula estrutural

Identificar os átomos ligantes e os pares de


electrões não ligantes

Aplicar a seguinte fórmula: Condições:


𝑇𝐻 𝑡𝑜𝑚𝑜𝑠 𝑙𝑖𝑔𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑝𝑎𝑟𝑒𝑠 𝑑𝑒 𝑒𝑙𝑒𝑐𝑡𝑟 𝑒𝑠 𝑛 𝑜 𝑙𝑖𝑔𝑎𝑛𝑡𝑒
Se a soma for: 2 3 4 5 6

Representar a forma geométrica da molécula


T.H: sp, sp2, sp3, sp3d1, sp3d2

Figura 2. 1. Passos do algoritmo


30

2.2.2. Aplicação da proposta metodológica

1. Demostre o fenómeno de hibridação e identifique o tipo de hibridação nas seguintes


moléculas:
a) BH3
b) CH4
c) BeH2
d) H2O
e) SF6
f) PCl5

Resolução dos exercícios ilustrativos

1.a) Resolução

Aplicando a proposta metodológica tem-se:

Passo 1: Determinar a distribuição electrónica dos átomos

 B (Z=5): 1s2, 2s2, 2p1


 H (Z=1): 1s1

Passo 2: Determinar os estados fundamentais dos átomos

 B (Z=5): 1s2, 2s2, 2p1 H (Z=1): 1s1

Passo 3: Determinar os estados activado


2s1, 2p2 1s1

Passo 4: Apresentar o estado hibrido


2sp2 1s1
31

Passo 5: Representar por orbitais

Passo 6: Demonstrar a fórmula estrutural da molécula.

H B H

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;


 Átomos ligantes:3
 Pares de electrões não ligantes: Nenhum

Passo 8: Identificar o tipo de hibridação aplicando a formula:

T.H = 3+0 -> T.H = 3.

Logo a hibridação é do tipo sp2

Passo 9: Representar a forma geométrica da molécula

Trigonal planar (120º)

Hibridização sp2

Assim, na molécula de BH3, o elemento B sofre hibridação sp2 e apresenta uma geometria
trigonal plana.

1.b) Resolução

Aplicando a proposta metodológica tem-se:

Passo 1: Determinar a distribuição electrónica dos átomos

 C (Z=6): 1s2, 2s2, 2p2


32

 H (Z=1): 1s1

Passo 2: Determinar os estados fundamentais dos átomos

C (Z=6): 1s2, 2s2, 2p2 H (Z=1): 1s1

Passo 3: Determinar os estados activado

2s2, 2p2 1s1

Passo 4: Apresentar o estado hibrido

2sp3 1s1

Passo 5: Representar por orbitais

Passo 6: Demonstrar a fórmula estrutural da molécula.

H C H

H
33

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;


 Átomos ligantes:4
 Pares de electrões não ligantes: Nenhum

Passo 8: Aplicar a seguinte formula:

T.H = 4+0 -> T.H = 4.

Logo a hibridação é do tipo sp3

Passo 9: Representar a forma geométrica da molécula

Tetraédrica (109,5º)

Hibridização sp3

Assim, na molécula de CH4, o elemento C sofre hibridação sp3 e apresenta uma geometria
tetraédrica.

1.c) Resolução

Aplicando a proposta metodológica tem-se:

Passo 1: Determinar a distribuição electrónica dos átomos

Be (Z=4): 1s2, 2s2,

H (Z=1): 1s1

Passo 2: Determinar os estados fundamentais dos átomos

Be (Z=4): 1s2, 2s2, H (Z=1): 1s1

Passo 3: Determinar os estados activado

2s1, 2p1 1s1


34

Passo 4: Apresentar o estado hibrido

2sp 1s1

Passo 5: Representar por orbitais

Passo 6: Demonstrar a fórmula estrutural da molécula.

H Be H

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;


 Átomos ligantes:2
 Pares de electrões não ligantes: Nenhum

Passo 8: Aplicar a seguinte formula:

T.H = 2+0 -> T.H = 2.

Logo a hibridação é do tipo sp

Passo 9: Representar a forma geométrica da molécula

Linear plana (180º)

Hibridização sp

Assim, na molécula de BeH2, o elemento Be sofre hibridação sp e apresenta uma geometria


Linear plana.

1.d) Resolução

Aplicando a proposta metodológica tem-se:

Passo 1: Determinar a distribuição electrónica dos átomos


35

 O (Z=8): 1s2, 2s2, 2p4


 H (Z=1): 1s1

Passo 2: Determinar os estados fundamentais dos átomos

O (Z=8): 1s2, 2s2, 2p4 H (Z=1): 1s1

Passo 3: Determinar os estados activado

2s2, 2p4 1s1

Passo 4: Apresentar o estado hibrido

2sp2 1s1

Passo 5: Representar por orbitais

Passo 6: Demonstrar a fórmula estrutural da molécula.

H O H

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;


 Átomos ligantes: 2
 Pares de electrões não ligantes: 2

Passo 8: Aplicar a seguinte formula:

T.H = 2+2 -> T.H = 4

Logo a hibridação é do tipo sp3


36

Passo 9: Representar a forma geométrica da molécula

Tetraédrica (109,5º)

Hibridização sp3

Assim, na molécula de H2O o elemento O sofre hibridação sp3 e apresenta uma geometria
Tetraédrica.

1.e) Resolução

Aplicando a proposta metodológica tem-se:

Passo 1: Determinar a distribuição electrónica dos átomos

 S (Z=16): 1s2, 2s2, 2p6 3s2 3p4


 F (Z=9): 1s2 2s2 2p5

Passo 2: Determinar os estados fundamentais dos átomos

S (Z=16): 1s2, 2s2, 2p6 3s2 3p4 F (Z=9): 1s2 2s2 2p5

Passo 3: Determinar os estados activado

3s1 3p3 3d2

Passo 4: Apresentar o estado hibrido


37

Passo 5: Representar por orbitais

Passo 6: Demonstrar a fórmula estrutural da molécula.

F F

F S F

F F

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;


 Átomos ligantes:6
 Pares de electrões não ligantes: Nenhum

Passo 8: Aplicar a seguinte formula:

T.H = 6+0 -> T.H = 6.

Logo a hibridação é do tipo sp3d2

Passo 9: Representar a forma geométrica da molécula

Octaédrica

Hibridização sp3d2

Assim, na molécula de SF6 o elemento S sofre hibridação sp3d2 e apresenta uma geometria
Octaédrica.
38

1.f) Resolução

Aplicando a proposta metodológica tem-se:

Passo 1: Determinar a distribuição electrónica dos átomos

 S (Z=15): 1s2, 2s2, 2p6 3s2 3p3


 Cl (Z=9): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5

Passo 2: Determinar os estados fundamentais dos átomos

S (Z=15): 1s2, 2s2, 2p6 3s2 3p3 Cl (Z=9): 1s2 2s2 2p6 3s2 3p5

Passo 3: Apresentar os estados activado

3s1 3p3 3d1

Passo 4: Apresentar o estado hibrido

Passo 5: Representar por orbitais


39

Passo 6: Representar a fórmula estrutural da molécula.

Cl

Cl P Cl

Cl Cl

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;


 Átomos ligantes: 5
 Pares de electrões não ligantes: Nenhum

Passo 8: Aplicar a seguinte formula:

T.H = 5+0 -> T.H = 5.

Logo a hibridação é do tipo sp3d1

Passo 9: Representar a forma geométrica da molécula

Bipirâmide trigonal

Hibridização sp3d1

Assim, na molécula de PCl5 o elemento P sofre hibridação sp3d1 e apresenta uma geometria
Bipirâmide trigonal.
40

2.2.3. Exercícios propostos

1. Demostre o fenómeno de hibridação e tipo de hibridação nas seguintes moléculas:


a) N2
b) NH3
c) C2H4
d) PCl3
e) O2
f) CO2
g) HCl
h) H2S
i) H2
j) XeF4
41

CAPITULO III: RESULTADOS E DISCUSSÃO


3.1. Resultados do pré-teste

Os resultados obtidos em relação as respostas certas e erradas estão apresentadas na Tabela


3.1 e no gráfico da Figura 3.1.

Tabela 3. 1. Respostas certas e erradas no pré-teste

Respostas Total de
Questões Certas Erradas alunos
Nº % Nº % Nº
Q1. a) 5 11,4 39 88,6 44
Q1. b) 4 9,1 40 90,9 44
Q1.c) 5 11,4 39 88,6 44
Q1. d) 6 13,6 38 86,4 44
Q1. e) 2 4,5 42 95,5 44
Q1.f) 0 0,0 44 100,0 44
Média 3,666667 8,3 40,33333 91,7 44

50 42 44
39 40 39 38
40
Respostas

30
20 Certas
5 4 5 6 Erradas
10 2 0
0
1 2 3 4 5 6
Questões

Figura 3. 1. Respostas certas e erradas no pré-teste

A partir das respostas certas e erradas obtidas neste teste diagnóstico verificou-se duma forma
geral, que muitos alunos apresentavam séries debilidades, sobre o fenómeno de hibridação
nos orbitais.

Este quadro levou ao pesquisador elaborar uma proposta metodológica procurando inverter o
quadro inicial, com a atenção em verificar também a causa do grande défice das habilidades
dos alunos no pré-teste.

No pré-teste os resultados obtidos pelos alunos, variaram de 0 aos 7 valores e estão


distribuídas conforme se apresentam na Tabela 3.2.
42

Tabela 3. 2. Distribuição das notas do pré-teste

Xi Fi
0 8
1 5
2 0
3 8
4 6
5 2
6 13
7 2
8 0
9 0
10 0
11 0
12 0
13 0
14 0
15 0
16 0
17 0
18 0
19 0
20 0
Soma 44
Aplicando a ferramenta estatística do Excel, os resultados das medidas de tendência central ou
de localização obtidos no pré-teste estão apresentados na Tabela 3.3

Tabela 3. 3. Medidas de tendência central do pré-teste

Parâmetros Pré-Teste
Média 3,522727273
Mediana 4
Moda 6
Variança 6
Desvio padrão 2,4
Máximo 7
Mínimo 0
Intervalo de confiança 0,7
Coeficiente de variação (%) 67,5
Analisando e interpretando os resultados com base nas notas que os alunos obtiveram nota-se
que:
43

 Em relação a mediana 50% dos alunos obtiveram uma nota inferior a 6 valores e
50% dos quais tiraram uma nota superior a 6 valores, na qual a nota mais obtida
foi de 6 valores, que corresponde a moda (Mo = 6).
 A distribuição é assimétrica positiva, pois a moda excedeu à mediana e esta a
média, onde a côa se encontrou a esquerda.
 A variabilidade é grande, pois o desvio padrão é de 2,4 e uma variância de 6
valores da média.
 A nota máxima obtida é de 7, que corresponde a uma percentagem de 35% da
ponderação máxima e a nota mínima obtida é de zero (0) valores.

Em relação a este critério, a situação é preocupante, pois que as notas obtidas são muito baixo,
o que demonstra existir mesmo dificuldades por parte destes alunos.

3.2. Resultados do pós-teste

Na Tabela 3.4 e no gráfico da Figura 3.2, se apresentam os resultados de respostas certas e


erradas obtidas no pós-teste.

Tabela 3. 4. Respostas certas e erradas do pós-teste

Respostas
Questões Certas Erradas Total de alunos
Nº % Nº % Nº
Q1. a) 34 77,3 10 22,7 44
Q1. b) 40 90,9 4 9,1 44
Q1. c) 35 79,5 9 20,5 44
Q1.d) 40 90,9 4 9,1 44
Q1. e) 36 81,8 8 18,2 44
Q1.f) 40 90,9 4 9,1 44
Média 37,5 85,2 6,5 14,8 44
44

40 40 40
40 35 36
34
35
30
Respostas 25
20 Certas
15 10 9 8 Erradas
10 4 4 4
5
0
1 2 3 4 5 6
Questões

Figura 3. 2. Respostas certas e erradas do pós-teste

A partir das respostas certas e erradas obtidas neste teste, os alunos apresentaram resultados
satisfatórios, isto porque houve um aumento significativo das notas obtidas no pós-teste.
Duma forma geral, muitos alunos superaram as suas dificuldades, sobre o fenómeno de
hibridação dos orbitais.

As notas obtidas pelos alunos no pós-teste, vão de 11 aos 19 valores e estão distribuídas
conforme se apresentam na Tabela 3.5.
45

Tabela 3. 5. Distribuição das notas do pós-teste

yi Fi
0 0
1 0
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
9 0
10 0
11 6
12 11
13 1
14 7
15 4
16 3
17 6
18 3
19 3
20 0
Soma 44

Aplicando a ferramenta estatística do Excel, os resultados das medidas de tendência central ou


de localização obtidos no pós-teste estão apresentados na Tabela 3.6.

Tabela 3. 6. Medidas de tendência central do pós-teste

Parâmetros Pós-teste
Média 14,32
Mediana 14
Moda 12
Variança 7
Desvio padrão 2,6
Máximo 19
Mínimo 11
Intervalo de confiança 0,4
Coeficiente de variação (%) 18,1
Em relação aos resultados apresentados na Tabela 3.6, nota-se que:

 A mediana é igual a 14 valores, isto significa que 50% dos alunos obtiveram uma nota
inferior a 14 valores e 50% dos alunos tiraram uma nota superior a 14 valores, na qual
a nota mais obtida foi de 12 valores (Mo = 12).
46

 Tem-se confiança de 95% de que a média real dos valores obtidos pelos alunos
encontra-se dentro dos limites do intervalo 11 e 19.
 A nota máxima obtida é de 19 valores, que corresponde a uma percentagem de 95% da
ponderação máxima e a nota mínima obtida é 11 valores (55% da ponderação
máxima).

Os dados analisados são significativos, pois os alunos obtiveram bom aproveitamento e maior
parte esteve acima dos 70% da ponderação máxima

3.3. Análise comparativa dos dados do pré e pós-teste

Como se pode ver nos dados obtidos no pré-teste e pós-teste verificou-se uma mudança
significativa conforme se representam na Tabela 3.7 e gráfico da Figura 3.3.

Tabela 3. 7. Tabela comparativa dos resultados dos testes

Pré-teste Pós-Teste
Questões Certas (Pré-teste) Erradas (Pré-teste) Certas (Pós-teste) Erradas (Pós-teste)
Q1. a) 5 39 34 10
Q1. b) 4 40 40 4
Q1. c) 5 39 35 9
Q1. d) 6 38 40 4
Q1.e) 2 42 36 8
Q1.f) 0 44 40 4

50 42 44
39 4040 39 3840 40
40 34 35 36

Certas (Pré-teste)
Respostas

30
20 Erradas (Pré-teste)
10 9 8
5 5 6 Certas (Pós-teste)
10 4 4 4 4
0 0 0 0 02 00 Erradas (Pós-teste)
0
1 2 3 4 5 6

Questões

Figura 3. 3. Comparação dos resultados dos dois testes

A partir da Tabela 3.7 e da Figura 3.3, vê-se os dados comparativos do nível de conhecimento
que os alunos apresentavam antes e depois da aplicação da estratégia, e se pode avaliar o grau
da eficiência e eficácia desta estratégia metodológica.
47

As comparações das medidas de tendência central do pré e pós-teste são apresentadas na


Tabela 3.8.

Tabela 3. 8. Comparação das medidas de tendência central do pré e pós-teste

Parâmetros Pré-teste Pós-teste


Média 3,522727273 14,32
Mediana 4 14
Moda 6 12
Variança 6 7
Desvio padrão 2,4 2,6
Máximo 7 19
Mínimo 0 11
Intervalo de confiança 0,7 0,4
Coeficiente de variação (%) 67,5 18,1
Conforme se pode ver na Tabela 3.8, comparando os resultados do pré e pós-testes, tem-se:

 A média no pré-teste foi de 3,52 valores, ao passo que no pós-teste é de 14,32 valores,
cujo crescimento verificado é de 10,8 valores.
 A mediana no pré-teste foi de 4 e no pós-teste a mediana cresceu para 14, o que
significa que no teste diagnóstico maior parte dos participantes tiveram nota inferior a
6, contrariamente ao pós-teste, na qual maior parte teve nota superior ou igual a 12
valores.
 A nota mais frequente no pré-teste foi de 6 valores, e no pós-teste cresceu para 12
valores.
 No pré-teste a nota máxima conseguida foi de 7 valores (35% da ponderação máxima)
contra 19 valores no pós-teste, correspondendo 95% da ponderação máxima;
 No pré-teste, vê-se que não houve positivas. Observa-se que no pós-teste todas as
notas foram positivas e não houve negativas.
48

CONCLUSÕES

De acordo com os objectivos traçados para a presente pesquisa, chegou-se as seguintes


conclusões:

 O diagnóstico sobre o conhecimento da noção em estudo aos alunos da 11ª classe


revelou que estes apresentavam enormes dificuldades no estudo da hibridação, isto é
fazer a hibridação da molécula e também descrever o tipo de hibridação nas
moléculas;
 O referencial teórico desenvolvido serviu de sustentabilidade para a criação dos
requisitos básicos para a elaboração do presente trabalho, procurando tornar a
compreensão mais clara e concisa o assunto relacionado ao fenómeno de hibridação
dos orbitais moleculares;
 A proposta metodológica elaborada traçada superou as dificuldades dos alunos no
conteúdo sobre hibridização dos orbitais moleculares.

 A proposta metodológica elaborada é eficaz e eficiente no ensino desta temática


concernente a este nível de ensino, porque os resultados obtidos nos dois testes foram
quantitativamente superiores em relação aqueles obtidos no teste diagnóstico.
49

SUGESTÕES

Em função das constatações feitas durante a investigação e elaboração deste trabalho, a fim de
se melhorar o ensino das ligações químicas, sugere-se o seguinte:

 Que os professores ao ensinar as ligações químicas, contextualiza-se as noções de


Hibridação dos orbitais atómicos e moleculares.

 Que os professores e alunos apliquem esta proposta metodológica para facilitar o


ensino desta noção e, atendendo que, todo e qualquer trabalho científico é um
produto não acabado, que outros pesquisadores aperfeiçoem a referida proposta
metodológica (caso necessário), pois ela facilita a compreensão do estudo sobre as
ligações químicas.

 Que os professores de Química não sejam apenas reféns dos manuais da reforma
educativa, mas que se apoiem noutras publicações que tratam sobre o assunto.
50

BIBLIOGRAFIA

Azevedo, C. (24 de 10 de 2019). Fonte: https:www.nido.com /glob / Gestão. Acedido aos 24.
10. 2019.

Brown, T. L. (2005). Química, a ciência central (9ª ed.). São Paulo: Pearson Prentice Hall.

Coelho, A. L. (2015). Química Inorgânica II. Fortaleza: UECE.

Constantino, M. G. (2004). Química orgânica (Vol. 1). São Paulo: USP.

Feltre, R. (2004). Química Geral (6ª Edição ed., Vol. volume 1). São Paulo, São Paulo,
Brasil: Moderna.

Feltre, R., & Yoshinaga, S. (1974). Atomística: Teoria e exercícios . São Paulo: Moderna.

https://www.niduu.com.blog/Metodológia.Acedido aos 02.04.2019. (s.d.).

Kamogawa, M. Y. (2006). Química orgânica - Ciência do alimento. São Paulo: USP. Fonte:
kamogawa@esalq.usp.br

Libano, J. (2006). Didática. (C. editora, Ed.) São Paulo. Fonte: Didática de Pedagogia.

Marconi M & Lakatos E. (2003). Fundamentos de Metodologia Cientifica (5ª ed.). São paulo:
Atlas.

Martins, L. C., & Moretto, S. A. (s/d). Química Geral e Inorgânica. São Paulo:
UNIP:Interactiva.

Salomons, T., & Fruhle, C. (2005). Química Orgânica (8ª ed., Vol. 1). Rio de Janeiro: LTC-
Livros Técnicos e científicos.

Silveira, A. J. (2014). Química Orgânica Teórica. (1ª ed.). Belém: aedi.

Silveira, L. (1998). Metodológia de trabalho académico. (Moderna, Ed.)


APÊNDICES
A1

Apêndice A - Ficha de inquérito (pré-teste e pós-teste)

Estimado (a) aluno (a)! O nosso objectivo não é medir a capacidade, mais sim, verificar
o nível de conhecimento acerca do assunto que diz respeito a hibridação dos orbitais
moleculares.

Demostre o fenómeno de hibridação e o tipo de hibridação nas seguintes moléculas:

a) BH3
b) CH4
c) BeH2
d) H2O
e) SF6
f) PCl5
A2

Apêndice B: Plano de aula

Escola: Liceu do Quitexe

Disciplina: Química

Classe: 11ª Classe

Sala nº: 17

Duração: 45 minutos

Data: 19/09/2019

Docente Responsável: Jorge Alfredo Dos Santos

Assunto da Revisão: Distribuição electrónica dos átomos

Assunto da Lição: Fenómeno de hibridação dos orbitais moleculares e os tipos de hibridação

Objetivos Específico: No final desta aula os alunos da 11ª serão capazes de:

 Diferenciar o estado fundamental com o estado hibrido


 Demostrar a forma como os orbitais atómicos se ligam para formar as orbitais moléculas.
 Identificar o tipo de hibridação.
Métodos: Expo-interrogativo e exercitação.

Materiais e meios de Ensino: Meios permanentes


A3

Duração Conteúdo a ensinar Procedimentos


I – Introdução 1. Faça a distribuição electrónica de
a) Revisão um átomo sabendo que o seu
1) R: número atómico é igual a 6
±5 Minutos

b) Motivação
2) R: O fenómeno de hibridação é o nome dado à fusão ou à união de orbitais 2. O que entendes por fenómeno de
atômicos incompletos, fenômeno que aumenta o número de ligações covalentes hibridação?
II – Desenvolvimento

1. Fenómeno de hibridação dos orbitais moleculares

±30Minutos a) Estado fundamental: É o estado em que o átomo apresenta seus electrões Conceituar os seguintes termos:
localizados em níveis e subníveis de menor conteúdo energético. a) Estado fundamental
b) Estado activado: É o estado em que o elemento recebe estímulo energético b) Estado activado
c) Estado hibrido
do meio provocando deslocamento de electrões situados em um orbital
completo na camada de valência para o primeiro orbital vazio da mesma
camada.
c) Estado hibrido: É o estado onde ocorre a fusão dos orbitais incompletos da
camada de valência para formar orbitais híbridos
Exercicios sobre o fenómeno de hibridação dos orbitais moleculares 1. Demostre o fenómeno de hibridação e
o tipo de hibridação na seguinte
1.a) Resolução molécula:
Aplicando a proposta metodológica tem-se: a) BH3
Passo 1: Determinar a distribuição electrónica do átomo

 B (Z=5): 1s2, 2s2, 2p1


 H (Z=1): 1s1
A4

Passo 2: Determinar o estado fundamental do átomo


 B (Z=5): 1s2, 2s2, 2p1 H (Z=1): 1s1

Passo 3: Determinar o estado activado


2s1, 2p2 1s1

Passo 4: Apresentar o estado hibrido


2sp2 1s1

Passo 5: Representar por orbitais


A5

Passo 6: Representar a fórmula estrutural da molécula.

H B H

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;


 Átomos ligantes:3
 Pares de electrões não ligantes: Nenhum
Passo 8: Aplicar a seguinte formula:
T.H = 3+0 -> T.H = 3.
Logo a hibridação é do tipo sp2
Passo 9: Representar a geometria molecular

Trigonal planar (120º)


Hibridização sp2

Assim, na molécula de BH3, o elemento B sofre hibridação sp2 e apresenta uma


geometria trigonal plana.
A6

III – Síntese Demostre o fenómeno de hibridação na


seguinte molécula:
1.b) Resolução
Aplicando a proposta metodológica tem-se: b) BeH2
Passo 1: Determinar a distribuição electrónica dos átomos
 Be (Z=4): 1s2, 2s2,
 H (Z=1): 1s1

Passo 2: Determinar o estado fundamental dos átomos


Be (Z=4): 1s2, 2s2, H (Z=1): 1s1

Passo 3: Apresentar os estados activados


2s1, 2p1 1s1

Passo 4: Apresentar os estados hibrido


2sp 1s1
A7

Passo 5: Representar por orbitais

Passo 6: Representar a fórmula estrutural da molécula.

H Be H

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;


 Átomos ligantes:2
 Pares de electrões não ligantes: Nenhum
Passo 8: Aplicar a seguinte formula:
T.H = 2+0 -> T.H = 2.
Logo a hibridação é do tipo sp
Passo 9: Representar a forma geométrica da molécula
Linear plana (180º)
Hibridização sp

Assim, na molécula de BeH2, o elemento Be sofre hibridação sp e apresenta uma


geometria Linear plana.
A8

± 5Minutos IV – Aplicação

1.c) Resolução
Aplicando a proposta metodológica tem-se: Demostre o fenómeno de hibridação na
Passo 1: Determinar a distribuição electrónica dos átomos seguinte molécula:
 O (Z=8): 1s2, 2s2, 2p4
 H (Z=1): 1s1 c) H2O

Passo 2: Determinar os estados fundamentais dos átomos


O (Z=8): 1s2, 2s2, 2p4 H (Z=1): 1s1

Passo 3: Apresentar os estados activado


2s2, 2p4 1s1

Passo 4: Apresentar os estados hibrido


2sp 1s1
A9

Passo 5: Representar por orbitais

Passo 6: Demonstrar a fórmula estrutural da molécula. Demostre o fenómeno de hibridação na


seguinte molécula:
H O H d) CH4

Tarefa

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;


 Átomos ligantes: 2
 Pares de electrões não ligantes: 2
Passo 8: Aplicar a seguinte formula:
T.H = 2+2 -> T.H = 4
Logo a hibridação é do tipo sp3
Passo 9: Representar a forma geométrica da molécula
A10

Tetraédrica (109,5º)
Hibridização sp3

Assim, na molécula de H2O o elemento O sofre hibridação sp3 e apresenta uma


geometria Tetraédrica. .

1.e) Resolução
Aplicando a proposta metodológica tem-se:
Passo 1: Determinar a distribuição electrónica dos átomos
S (Z=16): 1s2, 2s2, 2p6 3s2 3p4 F (Z=9): 1s2 2s2 2p5
Passo 2: Determinar os estados fundamentais dos átomos
S (Z=16): 1s2, 2s2, 2p6 3s2 3p4 F (Z=9): 1s2 2s2 2p5

Passo 3: Determinar os estados activado

3s1 3p3 3d2

Passo 4: Apresentar o estado hibrido


A11

Passo 5: Representar por orbitais

Passo 6: Representar a fórmula estrutural da molécula.

F F

F S F

F F

Passo 7: Identificar os átomos ligantes e os pares de electrões não ligante;


 Átomos ligantes:6
 Pares de electrões não ligantes: Nenhum
A12

Passo 8: Aplicar a seguinte formula:


T.H = 6+0 -> T.H = 6.
Logo a hibridação é do tipo sp3d2
Passo 9: Representar a forma geométrica da molécula
Octaédrica
Hibridização sp3d2

Assim, na molécula de SH6 o elemento S sofre hibridação sp3d2 e apresenta uma


geometria Octaédrica.

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