Você está na página 1de 193

33 Dias para um Amanhecer Glorioso

Retiro de preparação para a consagração a


Maria

Padre Michael Gaitley, MIC


33 Dias para um Amanhecer Glorioso:
Retiro de preparação para a consagração a Maria

Edição Brasileira
© Editora Apostolado da Divina Misericórdia
www.misericordia.org.br/editora
editora@misericordia.org.br

Gestão Editorial:
Pe. Silvio R. Roberto, MIC

Coordenação editorial e revisão:


Gislaine Keizanoski

Tradução:
Guilherme Ferreira Araújo

Projeto gráfico e diagramação:


João Marcos Esser

Primeira Edição:
Agosto de 2019

33 Days to Morning Glory: A Do-It-Yourself Retreat in Preparation


for Marian Consecration
Copyright © 2017 The Marian Fathers of the Immaculate
Conception of the B.V.M. All rights reserved.
Portuguese edition is published by arrangement with Marian
Press, Stockbridge, Massachusetts, USA.
Elogios ao livro 33 Dias para um
Amanhecer Glorioso
Finalmente um jeito fácil de compreender e viver a consagração a
Nossa Senhora! O leitor pode esquecer a teologia complicada e a
linguagem ultrapassada. Pela primeira vez, você terá acesso aos
melhores ensinamentos marianos de São Luís de Montfort, São
Maximiliano Kolbe, Santa Teresa de Calcutá e São João Paulo II –
todos apresentados de um modo tão simples e claro, que você
poderá se apropriar deles imediatamente e aplicá-los em sua vida
cotidiana.
Escrito no estilo pessoal e coloquial do padre Gaitley, este livro
inspirará qualquer pessoa a se aproximar de Jesus por meio de
Maria. Ele se tornará o novo manual da verdadeira devoção a Maria.
Vinny Flynn, autor do best-seller 7 Secrets of the Eucharist [Os
Sete Segredos a Eucaristia] e diretor do MercySong Ministries of
Healing

Numa época em que os riscos espirituais jamais foram tão


elevados, a consagração a Jesus por Maria permanece um caminho
testado e aprovado para atingir a santidade. Delineado
primeiramente por São Luís Maria Grignion de Montfort, esse
caminho espiritual é fácil, certo, seguro e perfeito. Por isso o Padre
Michael E. Gaitley, MIC, prestou ao povo de Deus um enorme serviço
com sua adaptação dos 33 dias de preparação para a consagração.
Em 33 Dias para um Amanhecer Glorioso, o Padre Gaitley realça
os ensinamentos de São Luís de Montfort e também os de três
gigantes espirituais contemporâneos. Esses santos revelam os
segredos de sua própria peregrinação ao Coração de Jesus através
de Nossa Senhora e nos ensinam a descobrir sua bem-aventurança
maternal. Faça este retiro e deixe que São Maximiliano Kolbe, Santa
Teresa de Calcutá, São João Paulo II e São Luís Maria Grignion de
Montfort lhe conduzam à maravilha mística do Imaculado Coração.
Acredite em mim: sua vida jamais será a mesma!
Johnnette S. Benkovic, Women of Grace, Fundadora e
Presidente; apresentadora de TV e rádio no canal EWTN

Em 33 Dias para um Amanhecer Glorioso, o Padre Michael


Gaitley, MIC, acertou em cheio. Ele explora a experiência bíblica da
consagração a Maria por meio das experiências de quatro gigantes:
São Luís de Montfort, São Maximiliano Kolbe, Santa Teresa de
Calcutá e São João Paulo II.
O Padre Gaitley em uma habilidade excepcional para selecionar e
explicar com clareza a essência da contribuição de cada um desses
santos ao tema da consagração mariana: a apaixonada insistência
de São Luís de Montfort na totalidade do dom de si; a intuição
mística de São Maximiliano Kolbe sobre a união interior com Maria e
o Espírito Santo na vida de um consagrado; a experiência de Santa
Teresa de Calcutá de ter sido levada ao coração de Maria, onde
Jesus repete constantemente “tenho sede”; e a compreensão de São
João Paulo II de que a consagração a Maria nos dá a fonte do amor
misericordioso – a Divina Misericórdia pronta para transformar o
mundo.
Parabenizo efusivamente o Padre Gaitley pela maneira
extraordinária com a qual ele trata o tema da consagração – com
uma antecipação concreta das dúvidas dos fiéis antes que elas
possam ser apresentadas. Tenho dado palestras sobre Maria por
décadas, e nunca li nenhuma com o estilo que o Padre Gaitley
recebeu de Deus. Parabéns, Padre! Este é de fato um tesouro!
Padre James McCurry, OFM Conv., Ministro Provincial da
Província de Santo Antônio de Pádua

33 Dias para um Amanhecer Glorioso aprofundará a


compreensão sobre a consagração mariana tanto para aqueles que
desejam se consagrar pela primeira vez como para aqueles que já se
consagraram. O Padre Michael Gaitley, MIC, elaborou um retiro
vigoroso com a doutrina mariana de quatro gigantes espirituais. Uma
leitura orante deste livro não apenas ampliará o conhecimento do
leitor sobre a consagração mariana, mas também o levará a uma
união mais íntima com Nossa Senhora.
Madre Assumpta Long, OP, Priora Geral das Irmãs Dominicanas
de Maria, Mãe da Eucaristia.
Dedicatória

À minha comunidade,
Os Marianos da Imaculada Conceição
e todos os nossos membros leigos e Auxiliares Marianos.
Que possamos amar ainda mais a Imaculada!
“Todos deveriam ter uma verdadeira devoção a Maria e confiar
suas vidas ao seu cuidado maternal”.

Concílio Vaticano II
Agradecimentos
Há mais ou menos três semanas dei uma conferência sobre
temas espirituais para os novos membros de minha comunidade
religiosa: os Marianos da Imaculada Conceição. Falei sobre nosso
carisma, missão e identidade e expliquei que, por sermos uma
comunidade particularmente ativa, temos de nos dedicar ao trabalho
apostólico por Cristo e pela Igreja. Então perguntei a eles: “De onde
deveria vir nosso zelo por esse trabalho?” Um deles respondeu: “De
nosso amor por Jesus Cristo.” É claro que ele estava absolutamente
certo, mas fui além disso. Expliquei o seguinte: “Como Marianos da
Imaculada Conceição, uma das fontes fundamentais de nossa
energia e zelo também deveria ser um grande amor por Maria
Imaculada.” Em seguida, fiz uma confissão. Disse: “Rapazes, por
favor, rezem por mim. Apesar de ter dito isso a vocês, também
preciso crescer nesse ponto. Tenho um profundo amor por Jesus e
tenho certeza de que Maria tem muito a ver com isso, mas preciso
de um estímulo em minha devoção a ela.”
Menciono essa história porque, em razão de seu profundo amor
por Maria, essas novas vocações marianas têm rezado por mim.
Creio nisso porque comecei a escrever este livro menos de um mês
após ter pedido que rezassem por mim. Não consigo explicar o que
ocorreu; sei apenas que há uma semana acordei com o plano
completo deste livro em minha mente e em meu coração.
Providencialmente, isso aconteceu exatamente antes do início de
minha semana de férias. Portanto, tenho escrito sem parar desde
então.
O que mais me surpreende em tudo isso é que, embora eu tenha
levado dez anos para finalizar meu último livro, Consoling the Heart
of Jesus [Consolando o Coração de Jesus], escrevi metade deste em
menos de uma semana. Por essa razão, sou muito grato aos novos
membros de nossa comunidade. Embora as orações deles tenham
estragado as minhas férias, estou feliz porque o meu zelo morno por
Maria está sendo reavivado. Espero que este livro – escrito com
pressa, mas com cuidado – inflame outras almas mornas para que
tenham um amor maior por Maria.
Antes de finalizar, quero agradecer às outras pessoas cujas
orações e cujo encorajamento têm me ajudado neste projeto,
particularmente a Maria Imaculada, Santa Bernadete Maria Allain-
Dupre, FM, Pe. Gregory Staab, OMV, e Erin Flynn. Também faço um
agradecimento especial àqueles que aceitaram revisar o texto,
particularmente a Sarah Chichester, que já fez muitos comentários e
sugestões úteis. Finalmente, agradeço ao Pe. Angelo Casimiro, MIC,
e a Curtis Bohner por terem ajudado a elaborar a capa, a Kathy
Szpak, que fará o trabalho de editoração e à equipe da editora, que
cuidará da edição: David Came e Andy Leeco. Agradeço à minha
família religiosa – Congregação dos Padres Marianos da Imaculada
Conceição – por ter me dado a oportunidade de escrever e publicar
este retiro. Finalmente, agradeço profundamente a Deus por seus
inúmeros favores, sendo a nossa Mãe Imaculada um dos maiores
deles.

Pe. Michael E. Gaitley, MIC, STL


Santuário Nacional da Divina Misericórdia
Stockbridge, Massachussets - EUA
26 de julho de 2011,
Memória de São Joaquim e Santa Ana
(pais de Maria)
Reconhecimento
Registro aqui com gratidão as permissões concedidas para citar
trechos das seguintes obras:
Trechos de Aim Higher!: Spiritual and Marian Reflections of St.
Maximilian Kolbe. Traduzido por Dominic Wisz, OFM. Franciscan
Marytown Press, Libertyville, IL, 2007.
Trechos de Immaculate Conception and the Holy Spirit por H. M.
Manteau-Bonamy, OP. Traduzido por Richard Arnandez, FSC.
Franciscan Marytown Press, Libertyville, IL, 1977.
Trechos de The Kolbe Reader. Editado de Anslem W. Romb,
OFM. Franciscan Marytown Press, Libertyville, IL, 1987.
Trechos de The True Devotion to Mary de São Luís de Montfort.
Traduzido por Frederick W. Faber. TAN Books, Rockford, 1985.
Carta de Madre Teresa para as Missionárias da Caridade, 25 de
março de 1993. Missionaries of Charity Sisters, c/o Mother Teresa
Center. Usado com autorização.
Introdução

Por que escrevi este livro e como ele


funciona
Escrevi este livro por uma razão principal: a Total Consagração a
Jesus por Maria (consagração mariana) é verdadeiramente “o
caminho mais seguro, fácil, rápido e perfeito”[1] para nos tornarmos
santos, deveria existir um caminho fácil e atualizado para que
pudéssemos mergulhar nessa bênção.
Não havia um caminho fácil... até agora. Deparei-me com um
problema enquanto escrevia meu outro retiro faça-você-mesmo,
Consoling the Heart of Jesus [Consolando o Coração de Jesus].
Mostrei nesse livro o quão impressionante, incrível e transformadora
é a consagração total a Jesus por Maria, mas não pude explicá-la
integralmente. Portanto, recomendei a leitura do clássico de São Luís
Maria Grignion de Montfort sobre a consagração mariana: Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria.
No Tratado..., São Luís apresenta um percurso de preparação
para a consagração mariana que dura 33 dias. O problema é que
não é tão fácil seguir o formato apresentado no livro. (Como as
orações ficam em páginas diferentes, você tem de localizá-las,
avançar e voltar, etc.) Para resolver esse problema, os padres
montfortianos publicaram um livro chamado Preparação para a
Consagração Total. Nesse livro as orações foram colocadas no
mesmo lugar. Isso facilitou a realização do percurso de 33 dias, mas
para mim ainda havia um problema.
A preparação de 33 dias proposta por São Luís está repleta de
ladainhas e orações, mas carece de informações sobre a
consagração. Lembro-me claramente da impressão que me causou a
preparação sugerida por ele quando decidi segui-la pela primeira vez
há alguns anos: “No que eu me meti?” Tive a impressão de ter
começado uma maratona de oração com duração de 33 dias e me
perguntei se seria capaz de perseverar até o final. Finalmente,
resignei-me com a ideia de que, para ganhar a coroa da
consagração mariana, teria apenas de “cumprir meu dever” por meio
da recitação da longa lista de orações que crescia a cada semana.
Não me interprete mal: é conveniente que façamos algum tipo de
sacrifício para que recebamos um dom tão grande quanto a
consagração mariana. Além disso, não tenho a intenção de depreciar
a oração vocal, que tem um valor imenso e é um “elemento essencial
da vida cristã”[2]. É que pessoalmente tiro mais frutos espirituais da
meditação a respeito de ensinamentos inspiradores sobre a
consagração mariana do que da recitação de longas orações.
Aprendi que não são poucos os que pensam do mesmo jeito e não
quero que percam a chance de aproveitar um tesouro como a
consagração mariana por causa de tantas orações longas.
Por isso escrevi este livro. Eu o fiz por crer que uma preparação
para a consagração mariana (ou uma preparação para a renovação
dela) não precisa ser uma maratona de oração. Em vez disso, ela
pode ser uma experiência menos desanimadora de leitura espiritual
e oração contemplativa. Naturalmente, há quem considere a
preparação original de 33 dias um alimento espiritual mais adequado.
Isso é ótimo. Mas eu queria fornecer uma alternativa àqueles que,
como eu, às vezes têm dificuldade para recitar tantas orações
longas. Eu também queria fornecer a todas as pessoas – incluindo
os que amam as ladainhas – uma versão atualizada da preparação
original de 33 dias, a qual incluiria novos tesouros de fontes
contemporâneas: uma consagração mariana para o terceiro milênio.
Não havia um caminho atualizado... até agora. Em Consoling the
Heart of Jesus eu disse algo incrivelmente ousado: que uma pessoa
pode obter todas as graças de um retiro inaciano de trinta dias em
apenas uma semana. Minha ousadia foi influenciada pelo Venerável
Pe. Bruno Lanteri (1759-1826), que disse que um indivíduo pode
obter em apenas oito dias tudo aquilo de que necessita para se
tornar “um grande santo”. Por que Lanteri acreditava que seus retiros
podiam ser tão eficazes quanto os de trinta dias, ainda que mais
breves? Porque ele os oferecia com uma ênfase especial, que eu
chamo de “armas secretas”: a Divina Misericórdia e Maria. E por que
eu acreditava que meu retiro podia ser ainda mais breve que o de
Lanteri? Porque ele morreu há mais de 180 anos e desde seu
falecimento suas armas secretas têm sido cada vez mais
compreendidas, tornando-as assim ainda mais poderosas. Com
essas armas mais poderosas em mãos, concluí que poderíamos ter
retiros ainda mais eficazes, até mesmo num final de semana.
Portanto, utilizei a maioria das páginas de Consoling the Heart of
Jesus para elucidar as ricas e novas compreensões relacionadas a
uma das armas secretas de Lanteri: a Divina Misericórdia. Assim,
incluí no livro muito material de duas das grandes apóstolas
contemporâneas da misericórdia: Santa Teresinha do Menino Jesus
e Santa Faustina Kowalska. Infelizmente, naquele momento eu não
tinha tanto tempo para me dedicar às novas e ricas compreensões a
respeito da consagração mariana. E os abordei, mas não pude
aprofundá-los suficientemente. Felizmente, é isso o que faremos
neste livro.
Nas páginas seguintes, escutaremos não apenas o primeiro
grande apóstolo da consagração mariana, São Luís de Montfort, mas
também outros gigantes marianos que vieram depois dele. Ao fazer
isso apenas seguiremos o próprio exemplo de São Luís. Quando
escreveu o Tratado... ele reuniu e sintetizou os ensinamentos dos
melhores especialistas em espiritualidade mariana. Se estivesse
vivo, sem dúvida alguma apresentaria os ensinamentos de nossos
“especialistas marianos” contemporâneos.
Quem são os especialistas marianos contemporâneos? São
muitos, mas escolhi os “três maiores” para nossa reflexão. Para ser
mais específico, escolhi os três santos marianos que mais
contribuíram para a beleza e a riqueza da espiritualidade da
consagração. São Maximiliano Kolbe, Santa Teresa de Calcutá e São
João Paulo II. Quando acrescentamos São Luís de Montfort a esse
grupo, ficamos com os quatro gigantes marianos que nos ajudarão a
percorrer a versão atualizada e eficaz da preparação para a
consagração mariana.
Como o retiro funciona. Em cada uma das quatro semanas deste
retiro (além dos cinco dias de revisão) nós aprenderemos como um
dos nossos quatro gigantes da consagração mariana viveram sua
consagração a Jesus por Maria. O objetivo não será apenas ler
sobre eles e seus ensinamentos, mas, como Maria, meditar sua
mensagem em nossos corações. Portanto, ao longo dos 33 dias nós
não recitaremos uma longa lista de orações. Em vez disso nós
faremos o nosso melhor para meditar ao longo de cada dia seu
respectivo ensinamento. (Se fizermos a leitura à noite, podemos
meditar ao longo do dia o ensinamento da noite anterior.) Como nos
mostra a Sagrada Escritura, essa atitude meditativa é
especificamente mariana (ver Lc 2,19;51) e podemos mantê-la ainda
que estejamos muito ocupados. Além disso, incluí junto com a leitura
do dia uma breve oração para nos ajudar a meditar a lição do dia.
Como nosso objetivo é manter ao longo de 33 dias uma postura de
oração contemplativa, chamei esse período não apenas de
preparação, mas de retiro.
Naturalmente, 33 dias são um longo período para permanecer em
retiro. Por isso, apesar de nossas boas intenções e de nossos
esforços, é possível que percamos um ou mais dias de leituras e
orações. Não podemos desanimar caso isso aconteça e com certeza
não devemos desistir! Em vez disso, sugiro que simplesmente
leiamos os textos dos dias perdidos tão logo seja possível e
prossigamos com o retiro. O Senhor sabe o que está em nossos
corações e, se nosso desejo é realmente fazer a consagração, não
deveríamos permitir que nenhuma tentação nos impeça de fazê-la.
Acredite em mim: é muito provável que tenhamos a tentação de
cancelar nossa preparação, mas não podemos desistir. Façamos o
nosso melhor para manter a fidelidade às leituras e à oração
meditativa em cada dia. Se falharmos por causa de nossa
negligência, peçamos perdão ao Senhor, confiemos em sua
misericórdia e coloquemos em dia as leituras perdidas e sigamos
adiante.
A razão pela qual sugiro que coloquemos em dia quaisquer
leituras perdidas tem a ver com a estrutura do retiro: o ensinamento
de um dia serve de fundamento para o ensinamento do dia
subsequente, e no final todas as partes convergem para formar uma
imagem completa da consagração mariana. Portanto, nós com
certeza não gostaríamos de saltar uma parte essencial da
preparação. Além disso, em razão do modo como o retiro está
estruturado, no início pode ser útil fazer uma classificação de suas
quatro semanas completas, sem deixar de lado o fato de que os
últimos cinco dias são dedicados a uma revisão:

1ª semana – São Luís de Montfort


2ª semana – São Maximiliano Kolbe
3ª semana – Santa Teresa de Calcutá
4ª semana – São João Paulo II

Ora, antes de iniciarmos o retiro, pensei em fazer uma introdução


à consagração mariana. Essa introdução não faz parte dos 33 dias e
preparação. Na verdade, é uma espécie de preparação para a
preparação. Isso é algo positivo, porque embora a introdução possa
ser lida a qualquer momento, eu recomendo que o retiro seja feito
durante um dentre vários períodos específicos. Em outras palavras,
sugiro que sigamos o conselho de São Luís e programemos os 33
dias de preparação para que possam terminar na vigília de alguma
das festas marianas. O quadro abaixo, que mostra as datas de início
e as de cada festa, pode nos ajudar a escolher qual o momento mais
adequado para iniciar:

Início dos 33 Consagração/dia da


Festa Mariana
dias festa
Nossa Senhora de
9 de janeiro 11 de fevereiro
Lourdes
20 de fevereiro[3] Anunciação 25 de março
Nossa Senhora de
10 de abril 13 de maio
Fátima
28 de abril Visitação 31 de maio
Imaculado Coração de Sábado depois de Corpus
Variável
Maria Christi
13 de junho Nossa Senhora do Carmo 16 de julho
13 de julho Assunção 15 de agosto
20 de julho Maria Rainha 22 de agosto
6 de agosto Natividade de Maria 8 de setembro
Santíssimo Nome de
10 de agosto 12 de setembro
Maria
13 de agosto Nossa Senhora das 15 de setembro
Dores
Nossa Senhora do
4 de setembro 7 de outubro
Rosário
19 de outubro Apresentação de Maria 21 de novembro
5 de novembro Imaculada Conceição 8 de dezembro
Nossa Senhora de
9 de novembro 12 de dezembro
Guadalupe
29 de novembro Mãe de Deus 1º de janeiro
31 de dezembro Apresentação do Senhor 2 de fevereiro

Portanto, tal como São Luís, recomendo vivamente que você


espere para começar o retiro em uma das datas de início acima. Dito
isto, tenho de acrescentar que não há um período certo ou errado
para iniciar a preparação para a consagração. As datas que foram
listadas são apenas uma sugestão. Se você decidir esperar alguma
das datas sugeridas, não precisa esperar para ler a introdução
abaixo. Na verdade, você pode começar a lê-la imediatamente.
Com efeito, antes de começar a ler a introdução talvez você
queira pensar na possibilidade de fazer um retiro em grupo. Embora
as pessoas costumem fazer retiros sozinhas, muitas acham que é
particularmente eficaz um retiro feito com um grupo pequeno. Se
tiver interesse nessa opção, veja as páginas informativas no final do
livro.

Introdução à Consagração Mariana

Por que “Amanhecer Glorioso”? Quando você viu este livro pela
primeira vez, talvez tenha se perguntado: “Por que ele se chama 33
Dias para um Amanhecer Glorioso?” Agora já deve estar claro a que
se referem os 33 dias – aos dias de preparação –, mas talvez ainda
não esteja tão clara a parte do título que se refere ao “amanhecer
glorioso”. Escolhi essa parte do título porque creio que ela traduz da
melhor forma possível o que é realmente a consagração mariana: um
novo modo de vida em Cristo. O ato de se consagrar a Jesus por
Maria marca o início de um dia gloriosamente novo, um novo
amanhecer, uma nova manhã na jornada espiritual de uma pessoa. É
um recomeço que muda tudo.
Experimentei essa manhã gloriosamente nova em minha jornada
espiritual quando me consagrei a Maria[4] pela primeira vez no dia 8
de dezembro de 1995, no final do meu semestre de calouro na
faculdade. No início daquele semestre, um amigo me havia dado
uma cópia do Tratado da Verdadeira Devoção..., de São Luís Maria
Grignion de Montfort. Quando li o texto da contracapa do livro,
segundo o qual a obra apresentava um caminho “curto, fácil, seguro
e perfeito” para alguém se tornar santo, fiquei entusiasmado. Pensei:
“Este é o tipo de caminho de que preciso!” Então, comecei a lê-lo,
embora estivesse sobrecarregado com lições de casa. Antes mesmo
de chegar à metade do livro tomei a firme decisão de fazer a
consagração. Após o término da leitura, escolhi a festa mariana mais
próxima, fiz os 33 dias de preparação e me consagrei com imenso
fervor. Aquele dia mudou minha vida por completo. Ao me lembrar
dele hoje posso realmente dizer que tudo mudou. Tudo se renovou.
Foi um amanhecer gloriosamente novo em minha caminhada com
Cristo, desde então acompanhado também por Maria.
São João Paulo II diz que a consagração a Maria teve um efeito
semelhante nele. Ele inclusive diz que a leitura do livro de São Luís
foi um “ponto de inflexão” em sua vida.[5] Na verdade, a consagração
a Jesus por Maria foi tão importante em sua vida, que ele adotou
como lema papal as próprias palavras de São Luís que sintetizam a
consagração total a Jesus por Maria: “Totus Tuus” (“Todo Teu”). Além
disso, dizem que o Papa recitava diariamente a versão longa da
oração de consagração escrita por São Luís.
Conheci muitas pessoas que se consagraram a Maria, e elas se
identificam completamente com as palavras do Papa sobre ela ser
um ponto de inflexão na vida – ou, como disse, “uma manhã
gloriosamente nova” na vida espiritual de alguém. Ela realmente faz
diferença. Ela realmente é o “caminho mais seguro, mais fácil, mais
curto e mais perfeito” para chegar à santidade, e isso me leva a
apresentar mais uma razão pela qual decidi incluir “Amanhecer
Glorioso” no título.
O amanhecer de gloriosos novos santos. Como disse na
introdução de Consoling the Heart of Jesus, São Luís de Montfort
previu duas coisas interessantes sobre o Tratado... Em primeiro
lugar, ele disse que depois de sua morte demônios furiosos
esconderiam o manuscrito não publicado a fim de que ninguém
pudesse lê-lo – e, na verdade, após a morte dele o manuscrito ficou
perdido por mais de um século. O santo escreveu: “Vejo claramente
que bestas ferozes virão para destroçar este pequeno livro com seus
dentes diabólicos... ou ao menos para escondê-lo na escuridão e no
silêncio de um cofre, para que ele não possa aparecer”.[6]
São Luís também disse que seu manuscrito seria finalmente
descoberto e publicado, e que sua espiritualidade mariana ajudaria a
formar os maiores santos da história da Igreja. Além disso, sua
profecia sobre esses santos não dizia que seriam poucos, mas que
haveria um verdadeiro exército desses grandes santos: “Essa visão
me encoraja e me dá esperança de um grande triunfo, isto é, de que
um enorme esquadrão de valentes e corajosos soldados de Jesus e
Maria, de ambos os sexos, combaterão o mundo, o diabo e a
natureza corrompida naqueles perigosíssimos tempos que se
aproximam”.[7]
Nessa passagem São Luís descreve esses “perigosíssimos”
tempos que se aproximavam. Não creio que ninguém duvidaria que
vivemos numa época perigosa. Na verdade, os tempos em que
vivemos são marcados, sob muitos aspectos, por males sem
precedentes. Mas não se preocupe, porque tenho uma boa notícia:
em épocas de males sem precedentes Deus quer conceder graças
sem precedentes. Pois, como diz São Paulo: “Onde abundou o
pecado, superabundou a graça” (Rm 5,20). E em nossa época, uma
das maneiras por meio das quais Deus concede uma graça
superabundante é pela formação de alguns dos maiores santos da
história. São Luís descreve esses santos da seguinte maneira: “O
Altíssimo, com sua Santíssima Mãe, formará para Si grandes santos
que superarão a maioria dos outros santos em santidade, tal como
os cedros do Líbano ultrapassam em estatura pequenos arbustos”.[8]
Como isso pode ser possível? Os santos que nos precederam
com certeza são impressionantes. Além disso, a virtude e a
santidade das pessoas em nossa época não são exatamente
excepcionais – inclusive as deste autor. Porém, isso é que é incrível.
Deus quer formar santos a partir de almas pequenas. Ele quer formar
santos segundo o padrão da Imaculada Conceição de Maria. Veja
isso por este ângulo: a Imaculada Conceição de Maria, a graça por
meio da qual ela foi concebida sem a mancha do pecado original, é
um incrível dom de misericórdia. É particularmente notável que Maria
não tenha feito nada para merecer essa graça. Foi um dom completo
– obtido pelos méritos de seu Filho. E durante o período em que foi
um embrião no ventre de sua mãe, Santa Ana, Maria não rezava o
Rosário a fim de receber esse dom. Ao contrário, ela o recebeu no
momento em que foi concebida, no exato momento em que passou a
existir. Portanto, ela não fez nada para merecê-lo. Foi Deus quem
teve a iniciativa de lhe conceder esse dom maravilhoso e
completamente gratuito.
O mesmo acontece conosco. Deus oferece às pessoas de nossa
época um caminho poderoso e eficaz para que se tornem grandes
santos, e isso não acontece por sermos bons. Ao contrário, isso
ocorre porque vivemos em tempos perigosos, e Deus quer que sua
misericórdia triunfe por meio de Maria. Assim, Ele nos dá, almas
pobres e pecaminosas, um dom espetacular: aquilo que São Luís
chama de “segredo” pouco conhecido:
Ó pobres filhos de Maria, a vossa fraqueza é extrema,
grande a vossa inconstância e bem corrompida a vossa
natureza. Fostes tirados, é certo, do mesmo barro corrompido
que os filhos de Adão e Eva. Mas não desanimeis por isso.
Consolai-vos e alegrai-vos! Eis que vos ensino este segredo
desconhecido da maioria dos cristãos, até mesmo dos mais
piedosos.[9]
O que é esse “segredo” abençoado? É a espiritualidade da
verdadeira devoção a Maria, uma espiritualidade de total
consagração a Jesus por Maria. É disso que este retiro trata. Antes
de começarmos, explicarei resumidamente o que é a consagração
mariana (a compreensão dela ficará mais profunda ao longo de
nosso retiro).
O que é a consagração mariana? Segue abaixo o resumo da
consagração mariana que apresentei em meu livro Consoling the
Heart of Jesus. Se você já o tiver lido, sinta-se à vontade para pular
esta seção. Porém, não há mal algum em revisá-lo, certo?
Para que possamos entender adequadamente a essência da
consagração total a Jesus por Maria, teremos de refletir,
primeiramente, sobre um ponto importante: Jesus quer incluir todos
nós em sua obra salvífica. Noutras palavras, Ele não somente nos
redime e espera que então cruzemos os braços e relaxemos. Ao
contrário, Ele nos põe a trabalhar; quer que todos nós trabalhemos
na vinha de seu Pai, de um modo ou de outro. Não sabemos por que
Ele simplesmente não estalou seus dedos e ordenou as coisas a fim
de que todas as pessoas escutassem e compreendessem
individualmente o Evangelho por meio de alguma revelação mística e
privada. O que realmente sabemos é que Jesus confia em outras
pessoas para disseminar seu Evangelho e delega a seus discípulos
a tarefa de pregá-lo ao mundo inteiro (Mt 28,19-20). Basicamente,
Ele diz a todos nós: “Mãos à obra!” Naturalmente, que Deus queira
nossa participação em sua obra salvífica é um imenso dom e um
glorioso privilégio. Em verdade, não há trabalho mais importante a
ser feito.
Embora todas as pessoas sejam chamadas a colaborar com a
grande obra de salvação, nem todas desempenham o mesmo papel.
Por exemplo, São Paulo diz: “Os ministérios são diversos, mas um
só é o Senhor. Há também diversas operações, mas é o mesmo
Deus que opera tudo em todos” (1 Cor 12,5-6). Ele prossegue
dizendo que Deus escolheu para a obra da salvação “primeiramente
os apóstolos, em segundo lugar os profetas, em terceiro lugar os
doutores, depois os que têm o dom dos milagres, o dom de curar, de
socorrer, de governar” (1 Cor 12,28). Deus escolheu cada um de nós
para uma tarefa especial em sua grande obra, independentemente
de quem somos.
Dentre as diversas funções delegadas por Deus a seus filhos há
uma que é radicalmente mais importante do que todas as outras: a
função que Ele deu a Maria. Todos sabemos que Deus abençoou
Maria de um modo singular ao escolhê-la para conceber, portar e
nutrir Jesus Cristo, nosso Salvador. Mas temos consciência de que
sua tarefa abençoada não terminou depois que Jesus deixou a casa
e iniciou seu ministério público? Após os três anos da vida oculta de
Maria durante a vida pública de Jesus, Ele a inseriu novamente no
quadro de sua obra de salvação, em seu momento mais crucial: a
Paixão. Podemos dizer que naquele momento Ele revelou
completamente a função especial de Maria – a mesma que ela havia
iniciado 33 anos antes e que ainda continua.
Pouco antes de morrer, Jesus revelou plenamente a função
especial de Maria. Isso aconteceu quando Ele, do alto da Cruz, olhou
para baixo e disse a Maria, que estava ao lado de São João: “Mulher,
eis aí teu filho”, e a João: “Eis aí tua mãe” (Jo 19,26-27). Naquele
momento, Jesus nos deu um de seus maiores dons: deu-nos por
mãe sua própria mãe. É claro que Maria não é nossa mãe biológica.
Ela é nossa mãe espiritual. Em outras palavras, assim como há
cerca de 2 mil anos sua missão foi dar à luz o Cristo, alimentá-lo,
nutri-lo, ajudá-lo a crescer a se tornar um homem, do mesmo modo,
desde quando aceitou se tornar a mãe de Jesus até o fim dos
tempos, a missão de Maria passou a ser gerar espiritualmente os
cristãos, alimentá-los e nutri-los com a graça, bem como ajudá-los a
crescerem para atingir a plena estatura em Cristo. Em suma, a tarefa
de Maria é nos ajudar a crescer em santidade. Sua missão é fazer
com que nos tornemos santos.
Alguém poderia dizer: “Espere um pouco, não é tarefa do Espírito
Santo fazer com que nos tornemos santos?” Com certeza, o Espírito
Santo é o Santificador. Ele é quem nos transforma em nosso
Batismo, para que deixemos de ser meras criaturas e nos tornemos
membros do Corpo de Cristo; e Ele é quem nos ajuda na nossa
progressiva transformação em Cristo pela contínua conversão.
Formidável. Então, qual é o papel de Maria nessa história?
Ela é a esposa do Espírito Santo. Na Anunciação, o anjo Gabriel
disse a Maria que ela conceberia um filho e que o Espírito Santo a
envolveria com sua sombra (Lc 1,31-35). Quando Maria diz: “Eis aqui
a escrava do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra” (Lc
1,38), compreendemos de forma clara que ela é a esposa do Espírito
Santo, pois naquele momento ela deu ao Espírito Santo permissão
para conceber Cristo em seu ventre. Assim, naquele momento o já
insondavelmente profundo vínculo entre Maria e o Espírito Santo, o
qual fora estabelecido (no tempo) desde o primeiro momento de sua
Imaculada Conceição, foi revelado como nada menos que uma união
marital na qual dois se tornam um (Gn 2,24). Por causa dessa união,
o Espírito Santo se apraz em trabalhar e agir por meio de sua
esposa, Maria, para a santificação da espécie humana.
Naturalmente, para fazer isso Ele não precisava estar tão unido a
Maria. Trata-se de uma escolha livre dele (e também do Pai e do
Filho) com a qual Ele se satisfaz.
Portanto, a grande tarefa dada por Deus a Maria, em união com o
Espírito Santo e por meio de seu poder, é fazer com que cada ser
humano se torne “outro Cristo”, isto é, unir todas as pessoas ao
Corpo de Cristo e fazer com que cada uma delas se torne um
membro plenamente maduro desse Corpo.[10] Portanto, cada ser
humano é convidado a repousar no ventre de Maria e, pelo poder do
Espírito Santo, a se tornar de modo mais perfeito a própria imagem
de Cristo. Se quisermos nos tornar mais plenamente Cristo, então
nós necessitamos pertencer mais plenamente a Maria. Quando nos
dirigimos a ela e com ela permanecemos, permitimos que ela cumpra
sua missão em nós. Permitimos que nos transforme em outros
Cristos, em grandes santos. Mas como fazemos isso? Como
podemos pertencer a Maria de modo mais pleno e permitir que ela
cumpra em nós sua missão? É simples. Basta darmos o nosso “sim”,
tal como ela o fez.
Maria tem um profundo respeito pela liberdade humana. Ela sabe,
por sua própria experiência em Nazaré, o que um “sim” dado a Deus
livremente é capaz de fazer (Lc 1,38). Por isso ela não faz nenhum
tipo de pressão para lhe darmos nosso “sim”. É claro que ela sempre
se preocupa com seus filhos, mas jamais nos forçará a ter uma
relação mais profunda com ela. Não há dúvida de que ela nos
convida a aprofundar essa relação e espera pacientemente que
aceitemos seu convite, mas não deixa de ser respeitosa. Apesar
disso, se conseguíssemos ver o anseio por trás de seu silêncio,
diríamos sim a ela mesmo que fosse para deixá-la aliviada. Na
verdade, se lhe dermos o nosso “sim”, ela ficará mais que aliviada.
Ficará feliz, imensamente feliz. E quanto mais o nosso “sim” for
pleno, mais alegre ela ficará. Pois nosso “sim” dá a ela a liberdade
para completar em nós sua obra, a liberdade de nos transformar em
grandes santos. Isso nos mostra qual é a essência da consagração
mariana.
Fundamentalmente, a consagração mariana significa dar a Maria
permissão total (o quanto pudermos) para que ela complete sua
tarefa maternal em nós, isto é, transformar-nos em outros Cristos.
Portanto, quando nos consagramos a Maria cada um de nós diz a
ela:
Maria, eu quero me tornar santo. Sei que você também quer
que eu me torne santo e que Deus lhe deu a missão de me
formar na santidade. Portanto, Maria, neste momento, neste dia,
escolho livremente dar-lhe permissão completa para que você
realize sua obra em mim junto com seu Esposo, o Espírito
Santo.
Tão logo ela vê que tomamos essa decisão, vem imediatamente
até nós e começa a realizar uma obra-prima da graça em nossas
almas. Ela continua essa obra enquanto não escolhemos
deliberadamente mudar nossa decisão de um sim para um não,
enquanto nós não revogamos nossa permissão e não a
abandonamos. Dito isto, devemos sempre nos esforçar para
aprofundar nosso “sim” a Maria. Porque quanto mais nós o
aprofundamos, mais ela pode realizar maravilhosamente suas obras
da graça em nossas almas.
Um dos aspectos mais importantes da consagração a Maria é o
fato de ela ser uma mãe bondosa. Ela torna suaves as lições da Cruz
e derrama em cada uma de nossas feridas seu consolo e seu amor
maternal. O caminho “mais certo, mais fácil, mais curto e mais
perfeito” para nos tornarmos santos é realmente ir até ela e lhe dar
permissão para fazer seu trabalho. É uma imensa alegria ser
consagrado a Jesus por Maria!
Agora estamos prontos para iniciar o retiro e aprender mais sobre
esse “segredo” abençoado e sobre o homem que o proclama de
modo tão vigoroso ao mundo: São Luís Maria Grignion de Montfort.
Primeira Semana
São Luís de Montfort

Nesta semana nos concentraremos no exemplo e nas palavras


do primeiro grande profeta da consagração mariana. Primeiramente,
aprenderemos algo sobre sua vida e então meditaremos a respeito
dos principais aspectos de sua doutrina mariana. [É importante notar
que não temos espaço suficiente para cobrir todos os elementos
essenciais da doutrina de São Luís de Montfort. Os elementos que
tiverem de ser omitidos serão abordados nas próximas semanas.]
1º Dia
O santo apaixonado da Bretanha
Observe o mapa da França. Agora repare em seu formato: não
parece que uma parte do país está a ponto de se deslocar do
continente para mergulhar no Mar Celta? Aquele braço saliente no
noroeste do país se chama “Bretanha”. Foi lá que São Luís de
Montfort cresceu.
Há algo especial na Bretanha que parece ter influenciado São
Luís: suas raízes celtas. A Bretanha é considerada uma das seis
nações celtas, e isso significa que a língua e a cultura celta ainda
sobrevivem. (Portanto, esqueça o que disse sobre a Bretanha estar
prestes a mergulhar no Mar Celta. Ela já está nadando nele.) Uma
parte da cultura celta parece ter penetrado profundamente no
coração de São Luís: a vitalidade de seus guerreiros.
Desde tempos muito antigos os guerreiros celtas aterrorizavam
seus inimigos. Se tiver visto o filme Coração Valente, você saberá do
que estou falando. Pense na figura destemida de Sir William Wallace
(interpretado por Mel Gibson) e sua louca equipe de guerreiros
escoceses que enfrentam um inimigo inglês muito maior que eles.
Isso revela algo do espírito guerreiro dos celtas, mas sua versão na
vida real é ainda mais intensa.
Muitas vezes usando apenas uma tinta azul de batalha, os
verdadeiros guerreiros celtas eram tomados por um frenesi sedento
de sangue e entravam em combate urrando e decepando seus
inimigos com imensas espadas de duas mãos. Apesar de não terem
disciplina e armaduras, esses guerreiros ferozes eram extremamente
eficazes em combate por causa de sua paixão e ferocidade
incomparáveis. Ao longo da história ninguém se mete com os loucos
guerreiros celtas.
O pai de São Luís, Jean Grignion, provavelmente descendia
desses guerreiros selvagens, pois ninguém ousava se meter com ele
também. Na verdade, ele era conhecido por ter o temperamento
mais inflamado de toda a Bretanha. Como diz certo autor: “Ele era
um vulcão em constante erupção.”[11] São Luís, por sua vez, era
manso como um cordeiro, certo? Errado. Ele confessou que seu
temperamento era tão ruim quanto o do pai. Porém, ele não
canalizou sua paixão inflamada para as provocações e a violência,
mas para o trabalho em prol da maior Glória de Deus – bem, exceto
na ocasião em que ele nocauteou dois bêbados que não paravam de
interrompê-lo durante um sermão. Podemos compreender melhor o
zelo notável de Luís se refletirmos sobre sua curta – mas
incrivelmente produtiva – vida sacerdotal.
São Luís faleceu em 1716 com apenas 43 anos de idade, tendo
sido sacerdote por apenas 16 anos. Labores incansáveis para
conduzir as almas a Cristo por Maria, especialmente por meio da
pregação de intermináveis missões paroquiais, fizeram com que ele
falecesse precocemente. Como se esses labores não fossem
suficientemente extenuantes, São Luís ainda teve de suportar cruéis
perseguições do clero e dos hereges jansenistas,[12] inclusive a
ponto de ser agredido e envenenado por eles. Apesar de todos
esses percalços, nosso guerreiro indomável continuava avançando
no campo de batalha, pregando continuamente seu característico
caminho de condução das almas a Jesus por Maria. Na verdade,
quando os líderes da Igreja na França pensaram haver colocado um
fim em seu trabalho, São Luís percorreu o longo caminho até Roma
a fim de pedir aconselhamento ao Papa, que não apenas lhe disse
para retornar à França e continuar sua pregação, mas também lhe
concedeu o título de “Missionário Apostólico”. Obediente, nosso
santo voltou com alegria para a França, onde continuou a pregar, a
escrever e a suportar seus sofrimentos por amor a Cristo, a Maria e
às almas.
O zelo e a paixão de São Luís inflamaram o jovem Karol Wojtyla,
futuro Papa João Paulo II. Alguns anos antes de sua morte, o Papa
conseguiu realizar um sonho de longa data e visitar o túmulo de São
Luís. Ele disse naquela ocasião: “Fico feliz por começar minha
peregrinação na França sob o ícone dessa grande personalidade.
Vocês sabem que devo muito a este santo e ao seu Tratado da
Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem Maria.”[13]
E o que dizer de nós? Nossos corações estão inflamados no
início deste retiro? Deveriam estar, ou pelo menos deveríamos nos
esforçar para que estivessem. Vontade e generosidade são
ingredientes essenciais para um retiro bem-sucedido. Que Maria
interceda por nós e o Espírito Santo nos encha com uma paixão que
nos ajude a fazer este retiro com seriedade, apesar do cansaço, das
distrações e dos obstáculos. E recordemos que a disciplina de
oração que porventura seja exigida de nós não é nada se comparada
àquilo que São Luís teve de enfrentar. Lembremo-nos também que
ele intercederá por nós. Confiando em sua intercessão e na
intercessão da Mãe de Deus, façamos o propósito agora de nos
dedicarmos a este retiro com a intensidade e o zelo de um guerreiro
celta – embora sem as pinturas no rosto e os gritos.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a fazer este retiro com generosidade e zelo.
2º dia
A influência de São Luís na Igreja
Há um episódio da vida de São Luís que expressa de modo
singular seu zelo, sobre o qual refletimos ontem. Na vila de
Pontchâteau, São Luís inspirou os camponeses a construírem um
grande monumento em homenagem à Paixão de Cristo em uma
colina próxima. Ao longo de 15 meses, centenas de camponeses
trabalharam voluntariamente para construí-lo. Ao término da obra,
percebia-se que o monumento tinha uma estrutura maciça e que era
o resultado de algo feito verdadeiramente com amor. Porém, um dia
antes de sua dedicação pelo bispo, São Luís soube que seus
inimigos haviam convencido o governo a destruir o monumento.
(Eles haviam mentido para as autoridades, dizendo que na verdade a
estrutura fora feita para ser um forte contra o governo.) Quando São
Luís recebeu a notícia frustrante, disse o seguinte aos milhares de
pessoas que haviam se reunido para a cerimônia de bênção do
monumento: “Esperávamos construir um calvário aqui. Construamo-
lo em nossos corações. Louvado seja Deus.”
Devo dizer uma coisa importante sobre o trabalho do Senhor:
nem sempre ele sai de acordo com os nossos planos. Por exemplo:
São Luís com certeza havia planejado seu monumento a Cristo para
que durasse mais de um dia. Apesar disso, o santo aceitou
obedientemente a destruição de seu plano e louvou a Deus. Por
causa desse desapego em relação à sua vontade e desse amor à
vontade de Deus, São Luís se tornou um instrumento de Deus para a
realização de obras ainda mais grandiosas. Portanto, embora seu
monumento físico tenha sido destruído, ao fim e ao cabo seus
ensinamentos se tornaram um enorme edifício na Igreja, tendo
exercido grande influência em muitos Papas e na espiritualidade
católica. Na verdade, as obras apaixonadas de São Luís acabaram
dando frutos, mesmo que ele mesmo não os tenha visto.
Como estamos no início de nossa preparação para a
consagração a Jesus por Maria, examinemos algumas das
manifestações de apoio de vários Papas aos ensinamentos de São
Luís. Que o testemunho do apoio dos Papas fortaleça nossa
determinação em nossa jornada rumo ao Dia da Consagração e que
ele nos ajude a acreditar que nossa consagração dará realmente
muitos frutos em nossas vidas, ainda que não compreendemos o
modo como isso ocorrerá.

Bem-Aventurado Papa Pio IX (1846 – 1878) afirmou


que a melhor e mais aceitável forma de devoção a Maria é
que a propõe São Luís.
Leão XIII (1878 – 1903) não apenas beatificou São Luís,
mas concedeu indulgências aos católicos que se
consagrassem a Maria usando a fórmula de São Luís. Além
disso, conta-se que Leão XIII foi tão influenciado pelo zelo
de São Luís em propagar o Rosário, que escreveu 11
encíclicas sobre essa preeminente devoção mariana.
São Pio X (1903 – 1914), como Leão XIII, também
recomendou aos fiéis a doutrina de São Luís sobre Maria.
Na verdade, ele concedeu uma indulgência plenária in
perpetuum a qualquer um que recitasse a fórmula de São
Luís para a consagração mariana. Além disso, ele ofereceu
uma bênção apostólica a qualquer um que simplesmente
lesse o Tratado da Verdadeira Devoção. Ele encorajou com
tanta veemência os fiéis a viverem a devoção mariana
segundo o método de São Luís porque ele mesmo havia
experimentado seu poder. Na verdade, em sua encíclica
mariana Ad Diem Illum, o Papa santo revelou o quanto
havia dependido de São Luís para a redação do documento,
algo que fica óbvio para quem o compara com o Tratado. A
encíclica do Papa reflete continuamente o tom e o espírito
da clássica obra de São Luís, como deixam claro frases
como esta: “Não há caminho mais seguro ou fácil do que
Maria para unir todos os homens a Cristo.”
Pio XI (1922 – 1939) disse simplesmente: “Pratico esta
devoção desde a minha juventude.”
Venerável Papa Pio XII (1939 – 1958) canonizou São
Luís em 1947 e, na homilia da Missa de canonização,
referiu-se à doutrina mariana de São Luís como “sólida e
correta”. Em seguida, quando se dirigiu aos peregrinos que
estavam presentes na Missa de canonização, disse que
São Luís nos leva a Maria, que, por sua vez, nos leva a
Jesus, assim resumindo o sentido da consagração mariana.
São João Paulo II (1978 – 2005) promoveu a doutrina
de São Luís mais do que qualquer outro Papa. Falaremos
mais sobre isso durante a quarta semana do retiro. Por ora
basta relembrar dois fatos extraordinários: primeiro: o lema
papal de João Paulo II era Totus Tuus (“todo teu”). O lema
foi retirado diretamente da oração abreviada de
consagração composta por São Luís; segundo: João Paulo
II descreveu a leitura do Tratado da Verdadeira Devoção
como um “ponto de inflexão” na vida dele.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Preparai-me para que eu me dedique plenamente à vivência
dessa verdadeira e sólida devoção.
3º Dia
A Consagração de São Luís de Montfort (1ª parte)
Muito bem, no primeiro dia desta semana nós pedimos um maior
zelo e paixão na realização de nossa preparação para a
consagração. Ontem, nós meditamos sobre a incrível influência que
a breve vida de São Luís exerceu sobre a Igreja. O poderoso
testemunho dos Papas deve ter inflamado nosso zelo e nos levado a
fazer a seguinte pergunta: “O que é essa doutrina incrivelmente
influente, pregada por um sacerdote que só viveu até os 43 anos de
idade?” É claro que se trata de sua doutrina sobre a consagração
mariana, mas o que ela significa exatamente?
Lembre-se do resumo da consagração mariana apresentado na
introdução a este retiro. Nele eu apresentei a consagração como
nosso “sim” dado a Maria, permitindo que ela complete em nós a
tarefa que Deus lhe deu: a de nos transformar em outros Cristos.
Isso é verdadeiro, mas não é tudo. São Luís enfatiza dois pontos
fundamentais de sua doutrina sobre a consagração mariana que
ampliam o que já lemos sobre ela. Os dois pontos são (1) a
renovação de nossas promessas de batismo e (2) uma oferta
particularmente íntima de nós mesmos a Maria. Veremos cada um
deles separadamente (um hoje e outro amanhã).
O dia de nosso Batismo é o mais importante de nossas vidas. Foi
o dia em que nós – criaturas pobres e pecadoras – fomos não
somente purificados do pecado, mas também recebemos a incrível
dignidade e honra de sermos transformados em filhos do Deus Todo-
Poderoso. Naquela feliz ocasião, antes de recebermos essa graça
maravilhosa, prometemos solenemente (ou, se éramos crianças,
outros prometeram em nosso nome) rejeitar Satanás; em seguida,
nós (ou outros em nosso nome) professamos nossa fé e
compromisso com Jesus Cristo. Desde então, em toda Páscoa
renovamos solenemente essa promessa e esse compromisso. Mas
nós os mantemos? Somos fiéis às nossas palavras? Não. Todos nós
pecamos. Infelizmente, todos nós cedemos às “pompas e obras” de
Satanás e rejeitamos Nosso Senhor, ao menos em pequenas coisas.
Por que isso acontece? A resposta, muito simples, é: por causa
do pecado original. Nós temos uma natureza caída e por isso
tendemos a pecar. Isso é verdade, mas São Luís nos convida a ir
mais fundo e fazer um exame de consciência. Se o fizermos,
descobriremos que a principal razão que nos leva a pecar é o
esquecimento de nossa promessa e de nosso compromisso com
Cristo no Batismo. São Luís afirma que se renovarmos pessoal e
sinceramente nossas promessas batismais e se as colocarmos nas
mãos de Maria, esse ato será de grande utilidade na vitória contra o
pecado. Portanto, ele faz dessa renovação das promessas batismais
um elemento essencial da oração de consagração. Na verdade, no
primeiro parágrafo da oração ele faz com que nos dirijamos a Maria e
da seguinte maneira:
Eu, [nome], infiel pecador, renovo e ratifico hoje, nas Vossas
mãos, as promessas do meu Batismo: renuncio para sempre a
Satanás, às suas pompas e suas obras, e dou-me inteiramente
a Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada, para segui-Lo, levando
a minha Cruz, todos os dias da minha vida. E a fim de lhe ser
mais fiel do que até agora tenho sido, escolho-Vos neste dia, ó
Maria Santíssima, na presença de toda a Corte Celeste, por
minha Mãe e Senhora.[14]
Portanto, São Luís nos leva a atacar a raiz do pecado – Satanás,
suas pombas e obras – e a renovar nosso compromisso com Cristo,
tudo isso por meio de Maria. Por que por meio dela? Porque Deus
pôs inimizade entre ela e Satanás (Gn 3,15), e este não consegue
suportá-la. Na verdade, de acordo com São Luís, Satanás a teme
não apenas mais do que aos anjos e santos, mas, em certo sentido,
ainda mais do que ao próprio Deus! Por quê? Porque, como ele diz,
Satanás, porque é orgulhoso, “sofre incomparavelmente mais, por
ser vencido e punido pela pequena e humilde escrava de Deus, cuja
humildade o humilha mais que o poder divino”.[15] Portanto, São Luís
nos apresenta um modo prático e eficaz de vencermos o pecado em
nossas vidas: renunciar formalmente a Satanás e recomendar-nos a
Cristo por Maria.
No último dia dessa semana falarei mais sobre o poder de Maria
sobre o mal. Amanhã refletiremos sobre o segundo elemento da
consagração de São Luís: a oferta particularmente íntima de nós
mesmos a Maria. Reflitamos sobre a promessa que fizemos em
nosso Batismo: rejeitar Satanás e amar e seguir Nosso Senhor Jesus
Cristo.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Dai-me a graça de rejeitar Satanás e seguir Cristo ainda mais de
perto.
4º Dia
A Consagração de São Luís de Montfort (2ª parte)
Ontem eu disse que São Luís enfatiza dois pontos fundamentais
de sua doutrina sobre a consagração mariana: (1) uma renovação de
nossas promessas batismais e (2) uma oferta particularmente íntima
de nós mesmos a Maria. Falamos sobre a primeira ênfase ontem.
Agora vamos falar sobre a segunda, começando pela pergunta: “Por
que devemos nos entregar a Maria?”
Devemos nos entregar a Maria para imitarmos Nosso Senhor e
Salvador Jesus Cristo. Afinal, Ele não se entregou a Maria desde o
momento da Encarnação? Sim. E nós não somos chamados a imitar
Cristo? Sim. Mas Maria não é uma criatura? Sim, mas ela é única.
Maria é não apenas livre de pecado e inteiramente conformada à
vontade de Deus, mas em função de Sua vontade e desígnio – como
vimos na introdução – ela tem um papel especial em nossa
santificação. Portanto, devemos nos entregar à Mãe de Deus para
que ela nos ajude a nos tornarmos santos, outros Cristos. Devemos
dar-lhe nosso sim. Porém, São Luís leva isto um passo à frente. Seu
sim a Maria é particularmente profundo, é uma doação
especialmente íntima de si a Maria:
Esta devoção consiste, portanto, em entregar-se inteiramente
à Santíssima Virgem, a fim de, por ela, pertencer inteiramente a
Jesus Cristo. É preciso dar-lhe (1) nosso corpo, com todos os
seus membros e sentidos; (2) nossa alma, com todas as suas
potências; (3) nossos bens exteriores, que chamamos de
fortuna, presentes e futuros; (4) nossos bens interiores e
espirituais, que são nossos méritos, virtudes e nossas boas
obras passadas, presentes e futuras.[16]
O quarto ponto é o mais interessante. De acordo com São Luís,
esse aspecto de nossa consagração a Maria faz com que o dom de
nós mesmos que oferecemos a ela vai além até mesmo daquilo que
é exigido das pessoas que se oferecem a Deus por meio de votos
religiosos. Por exemplo: em virtude dos votos de pobreza, castidade
e obediência, uma religiosa não dá a Deus o direito de dispor da
graça de todas as suas boas obras, nem ela abre mão de seus
próprios méritos. Permita-me mostrar com mais clareza quão radical
é essa doação de si, ou seja, a consagração mariana.
Em primeiro lugar, com relação aos outros, se dermos a Maria o
direito de dispor das graças de nossas boas obras, não poderemos
aplicá-las incondicionalmente a quem quisermos. Por exemplo: se
faço essa oferta a Maria, não posso insistir em que as graças
advindas de uma doença que eu venha a oferecer sejam aplicadas à
pessoa que eu escolher. Em segundo lugar, com relação a nós, se
nos consagrarmos a Maria, quando morrermos não apareceremos
perante Deus revestidos dos méritos de nossas orações e boas
obras. Na verdade, apareceremos diante de Deus de mãos vazias,
porque teremos dado todos os nossos méritos a Maria.
Se a natureza radical dessa oferta lhe causou preocupação, fique
em paz. Amanhã veremos por que não devemos temer essa oferta e,
em verdade, por que ela é incrivelmente bela e por que ela vale a
pena. Até lá podemos refletir sobre a segunda parte da fórmula da
consagração mariana redigida por São Luís, a qual fala dessa oferta
íntima de nós mesmos a Maria:
E a fim de lhe ser mais fiel do que até agora eu tenha sido,
escolho-vos neste dia, ó Maria Santíssima, na presença de toda
a Corte Celeste, por minha Mãe e Senhora. Entrego-vos e
consagro-vos, na qualidade de escravo, o meu corpo e a minha
alma, os meus bens interiores e exteriores, e até o valor de
minhas boas obras passadas, presentes e futuras, deixando-Vos
direito pleno e inteiro de dispor de mim e de tudo o que me
pertence, sem exceção, a Vosso gosto, para maior glória de
Deus, no tempo e na eternidade.[17]

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a entregar-me inteiramente a Jesus por Maria.
5º Dia
Deveríamos realmente dar tudo a Maria? (1ª parte)
A segunda parte da fórmula de consagração de São Luís diz que
deveríamos dar tudo a Maria, inclusive os nossos “bens interiores e
exteriores, e o próprio valor das nossas boas obras passadas,
presentes e futuras”. Isso não é um pouco exagerado? Não. É
perfeito. É maravilhoso. Vejamos o porquê entendendo como a oferta
afeta os outros e a nós mesmos.
Com relação aos outros, quando nos consagramos plenamente a
Maria, perdemos o direito incondicional de distribuir o valor das
nossas orações e boas ações aos outros. Em outras palavras,
damos a Maria os direitos à graça (mérito) de nossas orações.
Dizemos a ela: “Maria, dou-te o direito de distribuíres a graça das
minhas orações da maneira que considerares mais adequada.”
Há um enorme benefício em oferecer esse dom a Maria. Ao fazê-
lo, temos a certeza de que o mérito das nossas orações será usado
da melhor maneira possível. Funciona desta maneira: por causa de
sua posição privilegiada no céu e de sua intimíssima comunhão com
seu Divino Filho, Maria consegue decidir da melhor forma possível
quais pessoas mais necessitam das nossas orações. Por exemplo:
ao ver alguma pessoa abandonada na China prestes a morrer em
desespero, Maria pode tomar a graça das nossas orações (e dos
nossos sofrimentos “oferecidos”) e usá-la para ajudar essa pessoa
moribunda a confiar em Deus e aceitar sua misericórdia.
Ora, talvez essa ideia nos tenha feito pensar o seguinte:
“Isso é excelente. Fico feliz em ajudar aquela pessoa moribunda
na China, a quem não conheço, mas sentiria certa frustração se por
causa disso não pudesse usar a graça das minhas orações e boas
obras para ajudar as pessoas que conheço, como meus familiares e
amigos. Tenho receio de que, se der a Maria o direito de distribuir as
graças das minhas orações e boas obras, perderei o direito de rezar
pelas pessoas que amo de modo especial, ainda que não tenham
tanta necessidade quanto outras pessoas espalhadas ao redor do
mundo.”
Trata-se de uma preocupação legítima, mas não há motivo para
isso. Por quê? Por duas razões: (1) Maria torna perfeitas as boas
coisas que oferecemos a ela. Em outras palavras, ela aumenta,
incrementa e purifica os méritos e dons espirituais que lhe
oferecemos. Como ela os torna mais perfeitos, mais graças e méritos
são distribuídos. São Luís usa uma analogia inesquecível para
explicar isso:
É como se um camponês, querendo ganhar a amizade do
rei, se dirigisse à rainha, e lhe apresentasse uma maçã, que
representasse toda a sua fortuna, e lhe pedisse que a
oferecesse ao rei. A rainha, acolhendo a pobre dádiva do
camponês, punha-a no centro de um grande e magnífico prato
de ouro, e apresentava-a assim ao rei, da parte do ofertante.
Nestas circunstâncias, a maçã, indigna por si mesma de ser
oferecida a um rei, torna-se um presente digno de sua
majestade, devido ao prato de ouro e à importância da pessoa
que a apresenta.[18]
Esta é a segunda razão por que não deveríamos nos preocupar:
Maria jamais se deixa superar em generosidade. Portanto, se formos
tão generosos a ponto de dar-lhe o direito de distribuir as graças das
nossas orações e boas obras, ela com certeza será particularmente
generosa com as pessoas que amamos. Na verdade, ela cuidará
ainda mais daqueles que amamos do que nós mesmos poderíamos
fazê-lo. Por exemplo, digamos que um dos nossos familiares ou
amigos necessite de orações, embora não o saibamos. Ora, Maria
sabe disso e se certificará de que a pessoa não ficará sem as
orações de que precisa. Dar a Maria o direito de distribuir a graça
das nossas orações e boas obras não implica que não possamos
mais rezar por nossos entes queridos. Nós podemos e devemos
rezar por eles, mas concedemos a Maria o poder de decidir a quem e
com que propósito as graças das nossas orações e boas obras serão
aplicadas.
Lembre-se de que Maria não se deixa superar em generosidade.
Ela escuta especialmente as orações daqueles que lhe entregam
tudo – inclusive o valor de suas boas obras – e quer que falem com
ela sobre as pessoas e as intenções que levam em seus corações.
Se dermos tudo a ela, podemos duvidar de que ela será generosa ao
distribuir qualquer bem que pedirmos por nossos entes queridos?[19]

Oração de hoje
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a ser generoso, dando a Maria tudo o que tenho.
6º Dia
Deveríamos realmente dar tudo a Maria? (2ª parte)
Ontem compreendemos como – ao nos consagrarmos a Maria –
abrimos mão do direito de oferecer a outras pessoas as graças das
nossas orações e méritos. Vimos, porém, que no final das contas
tudo fica ainda melhor. Hoje voltamo-nos para nós. Não seria loucura
entregar a Maria todo o valor das nossas boas ações e orações e,
assim, aparecer de mãos vazias perante Deus? De modo algum.
Lembre-se de que Maria não se deixa ganhar em generosidade. Se
lhe dermos todos os nossos méritos, ela nos dará todos os seus. E
isso é um excelente negócio.
Certa vez li uma história sobre uma santa que havia tido uma
visão do paraíso. Ela viu os santos no céu e seus diferentes níveis
de glória. Ela ficou admirada com alguns santos porque eles haviam
atingido uma glória tão elevada, que adoravam a Deus junto com os
serafins, o coro mais elevado dos anjos. Noutra ocasião, li uma
passagem no Diário de Santa Faustina na qual a santa tivera uma
visão semelhante do céu. Ela disse que, se víssemos os diferentes
níveis de glória que há no céu, sofreríamos voluntariamente qualquer
coisa nesta vida apenas para subir um nível.[20] Depois de ler esses
testemunhos, digo a mim mesmo: “Quero não apenas ir para o céu,
mas também atingir o mais elevado grau de glória de que for capaz.”
Há meio fácil de conseguir isso: dar tudo a Maria, confiando nos
méritos dela, e não nos nossos. São Luís explica:
A Santíssima Virgem, Mãe de doçura e misericórdia, que
jamais se deixa vencer em amor e liberdade, vendo que alguém
se lhe entrega inteiramente, para honrá-la e servir-lhe,
despojando-se do que tem de mais caro para com isso adorná-
la, entregasse também inteiramente e dum modo inefável, a
quem tudo lhe dá. Ela o faz imergir no abismo de suas graças,
reveste-o de seus merecimentos, dá-lhe o apoio do seu poder,
ilumina-o com sua luz, abrasa-o no seu amor, comunica-lhe suas
virtudes: sua humildade, sua fé, sua pureza, etc; constitui-se seu
penhor, seu suplemento, seu tudo para com Jesus. Como,
enfim, essa pessoa consagrada é toda de Maria, Maria também
é toda dela.[21]
Ora, apesar dessas palavras consoladoras, alguém ainda poderia
ficar preocupado e dizer: “Excelente! Estou plenamente de acordo
em atingir um grau elevado de glória no céu. Porém, preocupo-me
com o purgatório. Temo que, se abrir mão de todos os meus méritos,
mesmo que seja para entregá-los a Maria, eu tenha de sofrer no
purgatório por muito tempo.” São Luís responde:
Esta objeção, produto do amor próprio e da ignorância
acerca da liberdade de Deus e de sua Mãe Santíssima, destrói-
se por si mesmo. Uma alma cheia de fervor e generosa, que
antepõe os interesses de Deus aos seus próprios, que tudo o
que tem dá a Deus inteiramente, sem reservas, que só aspira à
glória e ao Reino de Jesus Cristo intermédio de sua Mãe
Santíssima, e que se sacrifica completamente para obtê-lo, esta
alma gêneros, repito, e liberal, será castigada no outro mundo
por ter sido mais liberal e desinteressada que as outras? Muito
ao contrário, é a esta alma, como veremos a seguir, que Nosso
Senhor e sua Mãe Santíssima se mostram mais generosos
neste mundo e no outro, na ordem da natureza, da graça e da
glória.[22]
Muito bem, isso resolve o assunto. Ainda por cima levamos uma
gentil repreensão. São Luís repete este importante ponto: Maria não
se deixa vencer em generosidade! Se formos particularmente
generosos com ela, então ela será particularmente generosa
conosco. Ele também ressalta outro aspecto positivo: a repreensão
gentil. Ele diz que esse tipo de preocupação vem do amor próprio.
Portanto, devemos almejar as coisas mais elevadas; devemos ter
uma santa ambição e desejar alcançar o cume da santidade. Mas
nossa motivação não deve ser o amor próprio; ao contrário, deve ser
nosso desejo de agradar e glorificar a Deus. Devemos nos lembrar
disso amanhã, quando lermos sobre alguns dos incríveis benefícios
da consagração a Maria.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a glorificar a Deus, dando a Maria tudo o que tenho.
7º Dia
Um caminho rápido, fácil e seguro para a santidade
Nos últimos dois dias, aprendemos sobre os belos benefícios da
consagração a Jesus por Maria, benefícios concedidos a nós e aos
nossos entes queridos. Hoje, neste último dia de meditação sobre a
doutrina de São Luís, vamos nos concentrar em outros benefícios da
consagração mariana. Vamos aprender, especificamente, em que
medida a consagração mariana é um meio rápido, fácil e seguro para
chegar à santidade. À medida que avançarmos na leitura, deveremos
nos lembrar de que o dom desses benefícios não nos dá direito a
relaxar na vida espiritual. (Este seria um exemplo de amor-próprio
repreendido por São Luís na leitura de ontem.) Ao contrário, quando
testemunhamos a generosidade de Deus ao recebermos um dom tão
grandioso como a consagração mariana, devemos nos esforçar
ainda mais para colocá-lo em prática e crescer em santidade.
Comecemos com a parte rápida e fácil: a consagração a Jesus
por Maria é um caminho rápido e fácil para chegar à santidade. Mas
o que é a santidade? É morrer para si. Isso, definitivamente, não é
algo fácil. Mesmo assim, a consagração mariana é um caminho
relativamente fácil e rápido em um trajeto que não é fácil por
natureza e, muitas vezes, leva muito tempo para ser percorrido. São
Luís diz o seguinte sobre esse tema:
Do mesmo modo que a natureza tem segredos para fazer em
pouco tempo, sem muitos gastos e com facilidade, certas
operações naturais, há segredos, na ordem da graça, pelos
quais se fazem, em pouco tempo, com doçura e facilidade,
operações sobrenaturais, como despojar-nos de nós mesmos,
encher-nos de Deus, e tornar-nos perfeitos.[23]
Portanto, como percorrermos esse caminho rápido e fácil? Basta
entregarmo-nos a Jesus por Maria, que ela nos leva a Jesus e torna
fácil e rápida a estrada para a santidade, embora não elimine nossas
cruzes. Na verdade, aqueles que são particularmente amados por
Maria têm mais cruzes que outras pessoas, mas Maria torna as
cruzes mais agradáveis e leves:
Respondo-lhes que é bem verdade que os mais fiéis servos
da Santíssima Virgem, porque são seus grandes favoritos,
recebem dela as maiores graças e favores do céu, isto é, as
cruzes; mas sustento que são também os servidores de Maria
que levam estas cruzes com mais facilidade, mérito e glória; e
mais que, onde outro qualquer pararia mil vezes e até cairia,
eles não se detém e, ao contrário, avançam sempre, porque
esta boa Mãe, cheia de graça e unção do Espírito Santo, adoça
todas as cruzes no mel de sua doçura maternal e na unção do
puro amor; deste modo, eles as suportam alegremente, como
nozes confeitadas, que, de natureza são amargas (...); do
mesmo modo que uma pessoa não poderia, sem uma grande
violência, impossível de manter indefinidamente, comer nozes
verdes que não fossem saturadas de açúcar.[24]
Avançamos mais, em pouco tempo de submissão e
dependência a Maria, do que em anos inteiros de vontade
própria e contando apenas com o próprio esforço.[25]
Por meio desta prática, fielmente observada, você dará a
Jesus maior glória em um mês do que por meio de qualquer
outra prática, por mais difícil que seja, ao longo de muitos anos.
[26]
[Os verdadeiros devotos de Maria] têm tanta facilidade em
carregar o jugo de Jesus Cristo, que quase não lhe sentem o
peso.[27]
Portanto, o caminho da consagração mariana é, em certo sentido,
verdadeiramente rápido é fácil. Como diz São Luís em outro lugar, é
como a diferença entre um escultor que talha uma estátua ao longo
de várias semanas de trabalho e um artista que faz a mesma estátua
rápida e facilmente por meio de um molde. Maria é o molde que nos
transforma, de modo mais perfeito, rápido e fácil, em outras imagens
de Cristo.[28]
Terminaremos estas reflexões sobre os maravilhosos benefícios
da consagração mariana deixando que São Luís descreva em que
medida esse caminho também é seguro, ou seja, quando o
percorremos somos particularmente protegidos e defendidos dos
ataques do demônio:
[Maria] protege-os contra as garras do gavião e do abutre;
acompanha-os como um exército em linha de batalha (Ct 6,3).
Pode um homem, garantido por um exército de cem mil homens,
ter receio de seus inimigos? Menos ainda há de recear um fiel
servo de Maria, rodeado que está da proteção e força de sua
Mãe Santíssima. Esta Mãe e Princesa poderosa enviaria antes
batalhões de milhares de anjos em socorro de um só de seus
servos, para que se não dissesse que um servo fiel de Maria,
que a ela se confiou, sucumbiu à malícia, ao número e à força
do inimigo.[29]

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a louvar-Vos por causa de um caminho tão rápido, fácil
e seguro para a santidade!
Segunda semana
São Maximiliano Kolbe

Nesta semana nos concentraremos no exemplo e nas palavras


do apóstolo da consagração mariana do século XX: São Maximiliano
Kolbe, que conhecia bem a doutrina mariana de São Luís de Montfort
e falava dela apaixonadamente. Ao formular sua própria forma de
expressar a verdadeira devoção a Maria, ele não apenas aprofundou
muitas das compreensões de São Luís, mas acrescentou muitas
novas ideias oriundas de sua contemplação do mistério de Maria.
Antes de nos voltarmos para sua doutrina mariana, vamos conhecê-
lo primeiro.
8º Dia
Quem é você, São Maximiliano Kolbe?
Se lhe fizéssemos essa pergunta em uma entrevista, poderíamos
ficar desapontados, ao menos inicialmente. Ele provavelmente
responderia, com delicadeza e humildade: “Ora, essa pergunta não é
tão importante assim. Esta é a pergunta verdadeiramente importante:
‘Quem é tu, ó Imaculada Conceição?’” Se nosso objetivo na
entrevista fosse conhecer São Maximiliano, essa resposta não
deveria nos decepcionar, pois ela realmente diz muito sobre ele. Na
verdade, uma das grandes paixões de sua vida foi conhecer o
mistério de Maria, tal como ela o revelou a Santa Bernadete de
Lourdes: “Eu sou a Imaculada Conceição.” Por que ela chamou a si
mesma de “A Imaculada Conceição”? Seu nome não é Maria?
Amanhã começaremos a refletir sobre esse intrigante mistério. Hoje
vejamos o que Kolbe não teria respondido em nossa entrevista
hipotética.
Quem é São Maximiliano Kolbe? Ele é conhecido por muitos
títulos: Mártir da Caridade, O Santo de Auschwitz, Fundador da
Milícia da Imaculada, Apóstolo de Maria e Patrono do Século XX.
Mas antes de se tornar tudo isso ele era simplesmente Raimundo,
Raimundo Kolbe, que nasceu em 1894 no seio de uma pobre família
de fazendeiros poloneses. Desde o início ninguém poderia adivinhar
que, ao fim e ao cabo, ele se tornaria um grande santo. Na verdade,
certo dia, sua mãe ficou tão frustrada com o comportamento dele,
que gritou exasperada: “Raimundo, o que será de você?!” Isso
deixou o garoto abalado. Cheio de tristeza, ele voltou-se
imediatamente para a Mãe de Deus e lhe perguntou: “O que será de
mim?” Em seguida, foi a uma igreja e repetiu a pergunta. O futuro
santo contou o que aconteceu em seguida:
A Virgem Maria apareceu diante de mim segurando duas
coroas, uma branca e outra vermelha. Ela me olhou com ternura
e me perguntou se eu as queria. A branca significava que eu
guardaria a pureza; a vermelha, que eu seria um mártir. Eu disse
sim. Então, a Virgem me olhou [novamente] com ternura e
desapareceu.[30]
A coroa branca da pureza veio primeiro. Raimundo a confirmou
quando, tendo tomado o nome de Irmão Maximiliano, professou os
votos religiosos, sendo um deles a castidade. Mas a pureza dele não
se referia apenas ao corpo, pois existe outro tipo de pureza: a de
intenção. Uma pessoa pratica a pureza de intenção quando direciona
seus pensamentos, palavras e ações não a si mesma ou a outra
criatura, mas a uma missão ou propósito divinos e, em última
instância, a Deus.
Talvez por causa de sua paixão e vigor naturais, Kolbe sentia um
forte desejo de dedicar-se a uma missão ou objetivo específico. Um
de seus colegas no seminário menor relata o seguinte: “Ele dizia com
frequência que desejava consagrar sua vida inteira a uma grande
ideia.”[31] A “grande ideia” de Kolbe finalmente tomou a forma daquilo
que ele chamou de “Milícia da Imaculada”, que ele iniciou em 1917
com seis companheiros de seminário. A “MI”, como a chamavam, era
realmente uma “grande ideia”, ao menos do que diz respeito à sua
ambição. O objetivo da milícia era nada menos que levar o mundo
inteiro a Deus por meio de Cristo sob o comando de Maria
Imaculada, e fazê-lo o mais rápido possível. A única preocupação –
ou intenção – de Kolbe era cumprir essa missão por meio da
obediência à vontade de Deus, em união com Maria Imaculada. Ele
sacrificou tudo para atingir esse objetivo e isso nos leva à coroa
vermelha.
Em 1941, após algumas décadas de trabalhos apostólicos
incrivelmente fecundos na Polônia e no Japão, Kolbe foi preso pela
Gestapo e enviado ao campo de concentração em Auschwitz. Antes
de sua prisão, seus irmãos franciscanos insistiram para que ele se
escondesse. Ele manifestou a gratidão com que era tratado por eles,
mas disse que não podia seguir seu conselho. Mais tarde ele
explicou o porquê: “Tenho uma missão – a Imaculada tem uma
missão a cumprir.”[32] Essa missão foi cumprida na véspera da festa
da Assunção de Maria, quando, após ter se oferecido para tomar o
lugar de um prisioneiro condenado a morrer de inanição, os nazistas,
impacientes, mataram Kolbe com uma injeção letal. Desse modo,
São Maximiliano morreu como mártir da caridade e recebeu de sua
Mãe Imaculada a segunda coroa.
Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Fazei-me puro em corpo e espírito e ajudai-me a morrer para
mim.
9º Dia
Quem sois vós, ó Imaculada Conceição? (1ª parte)
Ontem, quando mencionei a prisão de São Maximiliano pela
Gestapo, esqueci de mencionar um detalhe notável que será
importante para a reflexão de hoje: duas horas antes de sua prisão, o
futuro santo redigiu a mais importante reflexão teológica de sua vida.
Foi simplesmente a resposta que lhe havia escapado ao longo de
tantos anos, a resposta à pergunta sobre a qual ele havia refletido
várias vezes desde os primeiros dias de sua vida religiosa: “Quem
sois vós, ó Imaculada Conceição?” Na reflexão de hoje, vamos
começar a desvendar esse documento notável, mas, antes de
começarmos, vamos parar e fazer, em silêncio, uma oração à
Imaculada a fim de pedirmos a graça de receber a sabedoria de
Kolbe.
O documento começa assim:
Imaculada Conceição. Essas palavras saíram dos lábios da
própria Imaculada. Portanto, eles devem nos dizer da forma
mais precisa e essencial quem ela realmente é...
Então, quem sois vós, ó Imaculada Conceição?[33]
É uma boa pergunta, mas ainda sem resposta. Em um trecho
posterior do documento Kolbe ressalta um ponto simples, mas
fundamental: nas aparições em Lourdes, Maria não disse a
Bernadete: “Eu fui concebida de forma imaculada”, mas “Eu sou a
Imaculada Conceição”. Isso parece um problema. Afinal de contas,
Maria foi concebida de forma imaculada. Em outras palavras, por
meio de uma graça especial de Deus, ela foi concebida no seio de
sua mãe, Santa Ana, sem a mancha do pecado original em previsão
dos méritos de seu Filho.[34] Então, por que ela fala de um modo tão
estranho? Por que ela faz da graça recebida na concepção seu
próprio nome? Ao fazer isso, não temos a impressão de que ela
como que se diviniza? Obviamente, Maria não é Deus. Kolbe lutou
por décadas com esse aparente “problema da divindade”, e isso o
levou à seguinte solução.
A Imaculada Conceição é divina, mas não me refiro a Maria, e
sim ao Espírito Santo. Em outras palavras, Kolbe acreditava que há
duas “Imaculadas Conceições”: Maria e o Espírito Santo. Maria é a
Imaculada Conceição criada e o Espírito Santo é a Imaculada
Conceição incriada. Dito de outro modo, antes de existir a Imaculada
Conceição criada (Maria), há desde toda a eternidade a Imaculada
Conceição incriada, Aquele que por toda a eternidade “flui” de Deus
o Pai e de Deus o Filho como uma concepção de Amor incriada e
que é o “protótipo de todas as concepções que multiplicam a vida em
todo o universo”.[35] Portanto, o “Pai gera; o Filho é gerado e o
Espírito é a ‘concepção’ que flui do amor deles”.[36]
Ora, o Espírito Santo é uma “concepção” no sentido de ser a Vida
e o Amor que fluem do amor do Pai e do Filho – de modo análogo,
podemos falar na concepção dos filhos, que “fluem” do amor dos
esposos. O Espírito Santo é uma “imaculada” concepção porque,
sendo Deus, é obviamente livre de pecado. Finalmente, o Espírito
Santo é a concepção “eterna, incriada” porque é Deus.
Muito bem, isso esclarece a doutrina de Kolbe segundo a qual o
Espírito Santo é a Imaculada Conceição, mas por que Maria atribui
esse nome a si mesma? Deixemos essa pergunta para amanhã.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Mostrai-me o significado da Imaculada Conceição.
10º Dia
Quem sois vós, ó Imaculada Conceição? (2ª parte)
Vimos, então, que o Espírito Santo é a Imaculada Conceição
incriada e Maria é a Imaculada Conceição criada. Por que não
facilitamos as coisas e simplesmente dizemos que o Espírito Santo é
a Imaculada Conceição e Maria foi concebida imaculadamente? Mais
uma vez, isso tem a ver com Lourdes. É culpa de Santa Bernadete!
Brincadeira à parte, deveríamos agradecer profusamente a Santa
Bernadete e a São Maximiliano Kolbe, porque sua fidelidade à graça
permite que nos seja revelada agora uma verdade gloriosa que
fortalece em sua integralidade a teologia da consagração mariana.
Essa verdade tem a ver com a união entre o Espírito Santo e Maria.
Kolbe explica isso em uma passagem longa e difícil, mas
incrivelmente rica e digna de uma profunda reflexão:
Que espécie de união é essa [entre o Espírito Santo e
Maria]? É, sobretudo, uma união interior, a união da essência
dela com a “essência” do Espírito Santo, que habita e vive nela.
Isso é verdadeiro desde o primeiro instante da existência dela.
Sempre foi e sempre será verdadeiro.
Em que consiste essa vida do Espírito em Maria? Ele mesmo
é o Amor incriado presente nela; o Amor do Pai e do Filho, o
Amor por meio do qual Deus ama a si mesmo, o próprio amor da
Santíssima Trindade. Ele é um Amor fecundo, uma
“Concepção”. Nas criaturas feitas à imagem de Deus, a união
resultante do amor conjugal é a mais íntima de todas (ver Mt
19,6). O Espírito Santo vive, de um modo muito mais preciso,
interior e essencial, na alma da Imaculada, nas profundezas de
seu próprio ser. Ele a torna fecunda desde o primeiro instante de
sua existência e assim a mantém durante toda a sua vida e por
toda a eternidade.
Essa “Imaculada Conceição” eterna – que é o Espírito Santo
– gera de um modo imaculado a própria vida divina no seio (ou
nas profundezas) da alma de Maria, fazendo dela a Imaculada
Conceição, a Imaculada Conceição humana. E o seio virginal de
Maria permanece sagrado para ele; lá ele concebe no tempo –
porque tudo o que é material ocorre no tempo – a vida humana
do Homem-Deus.
Se a esposa toma o sobrenome de seu marido por pertencer
a ele, por ser uma com ele, por se tornar igual a ele e, junto
dele, ser a fonte de novas vidas, não haveria uma razão muito
maior para que o nome do Espírito Santo, que é a Imaculada
Conceição divina, seja usado como o nome daquela em quem
ele vive como Amor incriado, o princípio da vida na ordem
sobrenatural da graça?[37]
Gostaria de destacar três pontos à luz desse trecho notável.
Primeiro, medite sobre ele novamente de modo profundo e
contemplativo. Enquanto estiver meditando, lembre-se de que são as
palavras finais de um dos maiores santos marianos de todos os
tempos, por meio das quais ele respondeu à pergunta à qual
dedicara sua vida e suas energias. Segundo, não se preocupe se
você tiver ficado com a impressão de que Kolbe foi um pouco
extravagante ao falar sobre Maria e a união dela com o Espírito
Santo. O Papa Paulo VI se esforçou por tranquilizar os fiéis a
respeito da consistência da doutrina de Kolbe.[38] Terceiro, se você
só conseguir compreender um ponto desse trecho desafiador, que
seja este: Maria é a Esposa do Espírito Santo. Na verdade, a união
dela com o Espírito Santo é ainda mais profunda do que aquilo que
entendemos por relação matrimonial. Vamos abordar esse tópico
amanhã.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Mostrai-me o significado da Imaculada Conceição.
11º Dia
A Imaculada sempre cumpre perfeitamente a vontade de
Deus
Ontem aprendemos algo sobre a união íntima entre o Espírito
Santo e Maria, entre a Imaculada Conceição incriada e a criada.
Talvez agora estejamos pensando: “Muito bem, o que isso implica?”
Precisamente isto: Maria cumpre perfeitamente a vontade de Deus –
e isso é muito importante. Vamos dar um passo atrás e contextualizar
isso por meio da observação do quadro geral da realidade.
De acordo com Santo Tomás de Aquino, toda a criação realiza
um grande movimento circular que parte de Deus e retorna a Ele,
algo que os teólogos chamam de “O Grande Círculo do Ser”. Diz
Santo Tomás:
Procedendo do Princípio Primordial, as criaturas realizam
uma espécie de circuito, um movimento giratório que funciona
de tal modo que todas as coisas, quando tendem ao seu fim
próprio, retornam ao Princípio do qual vieram (...). Nós fomos
criados pelo Filho e pelo Espírito Santo e, portanto, é por meio
deles que somos levados novamente ao nosso fim.[39]
Ora, como São Maximiliano Kolbe foi um bom teólogo, descreve
esse quadro geral da realidade de forma semelhante. Ele começa
ressaltando nossa própria experiência do mundo:
Percebemos que em todos os lugares do mundo está
presente a ação (...) partida e regresso; ida e retorno; separação
e reunião. A separação sempre anseia pela reunião, que é
criativa. Tudo isso é simplesmente uma imagem da Santíssima
Trindade na atividade das criaturas.[40]
O que Kolbe descreve nesse trecho é verdadeiro. É a estrutura
do cosmos. Tudo vem de Deus e volta para Ele, de modo mais ou
menos perfeito. Costumamos chamar esse movimento de a grande
“Saída e Retorno”. Embora Kolbe use o termo “separação” em vez
“saída”, trata-se da mesma ideia:
Primeiro, Deus cria o universo, e isso é uma espécie de
separação. Quando as criaturas seguem a lei natural implantada
nelas por Deus, atingem sua perfeição, tornam-se semelhantes
a Ele e retornam para Ele. As criaturas inteligentes [os seres
humanos] amam-No de forma consciente. Por meio desse amor
elas se unem a Ele de forma ainda mais íntima e assim
encontram o caminho de volta para Ele.[41]
Dentre todas as criaturas no universo, Kolbe acredita que a
Imaculada é digna de uma menção especial:
A criatura que possui esse amor de forma mais plena, por ser
preenchida pelo próprio Deus, é a Imaculada, que não teve
sequer a menor mancha de pecado e nunca se afastou por
menos que seja da vontade de Deus. Unida ao Espírito Santo,
seu esposo, ela é uma com Deus de um modo incomparável,
que não pode ser predicado de nenhuma outra criatura.[42]
Reflitamos por um momento a respeito dessa visão da realidade:
primeiro, tudo tem origem em Deus. Pense em toda a criação. Deus
fala e as coisas surgem Dele. Então, as plantas e os animais
retornam a Deus ao realizarem suas respectivas naturezas, isto é,
sendo aquilo que foram criados para ser. Eles fazem isso sem
pensar ou deliberar e o fazem com certa facilidade. Isso ocorre por
meio de uma espécie de piloto automático instintivo. Os seres
humanos, por sua vez, são diferentes. Embora haja momentos em
que agimos por instinto, também agimos de um modo diferente do
dos animais. Agimos por meio da razão e da vontade e quando o
fazemos temos consciência disso, ou seja, estamos presentes para
nós quando agimos. Isto significa ser feito à imagem de Deus:
podemos conhecer e amar a Deus. Além disso, enquanto os animais
fazem a vontade de Deus por instinto, nós podemos fazê-la de modo
livre e consciente.
O problema é que nós abusamos da liberdade que Deus nos deu.
Nem sempre escolhemos fazer a vontade dele e, assim, não
retornamos a ele tal como deveríamos. Nós pecamos, e se o
fazemos em matéria grave e não nos arrependemos plenamente,
então não retornamos a Deus. Isso é uma grande tragédia na vida
humana, mas agradeçamos a Deus! Ele enviou seu Filho único e o
poder de seu Espírito para nos salvar, para que retornemos ao nosso
Pai no céu. E agradeçamos a Deus também porque, após a queda
do homem, Ele fez uma criatura concebida sem pecado, que se
conforma plenamente à sua vontade de forma livre e perfeita, pois
ela está perfeitamente unida ao Espírito Santo. Ela nos ajuda a
todos, pobres pecadores, em nossa caminhada; ajuda-nos a superar
a tragédia do pecado, a fazer a vontade de Deus e a trilhar o
caminho da santidade. Falaremos mais sobre isso amanhã.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Renovai a face da terra para que toda a criação possa retornar a
Deus.
12º Dia
Quem sois vós, ó santos de Deus?
São Maximiliano costumava realizar conferências sobre
espiritualidade aos noviços de sua comunidade religiosa. Certo dia
ele ensinou-lhes uma lição de que jamais se esqueceriam: “Como se
tornar um Santo.” O futuro santo começou dizendo aos seus ouvintes
que a santidade não é algo tão difícil. É o resultado de uma simples
equação: que ele escreveu no quadro negro: “V + v = s.” O V
maiúsculo se refere à vontade de Deus. O v minúsculo se refere à
nossa vontade. Quando as duas se unem, o resultado é a Santidade.
Essa não foi uma lição só para os noviços. Kolbe a repetia
inúmeras vezes, de modos diferentes, a toda a comunidade. Kolbe
fundou na Polônia o maior monastério franciscano do mundo, que ele
chamou de Niepokolanow (“Cidade da Imaculada”). Ele exortava
continuamente os mais de 600 frades que lá viviam a se tornarem
soldados-santos para Deus sob o comando de Maria Imaculada. Por
que sob o comando de Maria Imaculada? Porque, dentre todas as
criaturas, ela é a única que faz a vontade de Deus com perfeição.
Portanto, quando nossa vontade está unida à dela, está
necessariamente unida à vontade de Deus. Apresento agora dois
dentre inúmeros exemplos do modo como Kolbe expressava esse
ponto importantíssimo:
Rezemos muito para que compreendamos cada vez mais o
que a Imaculada disse na Anunciação: “Eis aqui a escrava do
Senhor, faça-se em mim [fiat mihi] segundo a vossa palavra.”
Faça-se conforme a vontade de Deus. Toda a felicidade está
contida nesse pensamento, inclusive aqui na terra, e todo o
destino está consumado.
(...)
Imploremos a Santíssima Virgem para que ela nos ensine
como nossa alma pode ser uma “escrava” do Senhor, tal como o
foi a dela. Deus não se revelou diretamente para a Mãe de
Deus, mas por meio de um mensageiro. Nós também temos
mensageiros divinos (...). Rezemos para que saibamos como
dizer a cada um desses mensageiros: seja feita a vontade de
Deus. Tudo o que temos de aprender nesta vida está contido aí.
[43]
Quando a nossa vontade se torna uma só com a de Maria,
que deu o grande fiat e é o único ser humano cuja vontade
jamais se desviou, pela sua escolha, da vontade de Deus,
unimo-nos perfeitamente à vontade Dele. E é este alinhamento
da sua vontade com a Dele que é o negócio mais urgente de
sua vida.[44]
Não é fácil fazer a vontade de Deus, a menos que recebamos o
auxílio da Imaculada. “Por meio da Imaculada, podemos nos tornar
grandes santos e, além do mais, de um modo fácil.[45] O principal
objetivo de Kolbe era tornar-se santo. Literalmente. Nas anotações
que fez no retiro de preparação para sua ordenação, Kolbe fez uma
lista de seus objetivos espirituais. O primeiro objetivo diz: “Desejo ser
um santo, um grande santo.”[46] Ele sabia que a Imaculada não só o
ajudaria, mas tornaria fácil o caminho para a santidade.
Como Maria torna fácil a santidade? Na semana passada,
falamos sobre muitas explicações sobre esse fato em nossa última
reflexão sobre a doutrina de São Luís de Montfort. Porém, Kolbe
enfatizou outra razão por que Maria torna fácil a santidade. Isso está
ligado ao fato de ela ser a Medianeira de todas as graças, uma ideia
expressa por ele em sua fórmula para a consagração mariana: “Deus
quis confiar a Maria toda a ordem da misericórdia.”[47] É vontade de
Deus que ela distribua suas graças. Por quê? Porque é a vontade de
Deus unir-se a Maria pelo Espírito Santo. “O Espírito Santo só age
por meio da Imaculada, sua esposa. Portanto, ela é a medianeira de
todas as graças do Espírito Santo.”[48] Desse modo, fica fácil
tornarmo-nos santos quando ficamos pertos de Maria e pedimos as
graças de que necessitamos àquela cujo trabalho é precisamente
distribuí-las por Deus.
Podemos ter uma ideia mais adequada sobre Maria como
Medianeira de todas as graças se olharmos para sua imagem na
medalha milagrosa, que chegou até nós por meio das aparições dela
a Santa Catarina Labouré. Essa imagem deixava Kolbe
profundamente comovido, porque nela Maria aparece sobre um
globo, com raios de luz (graças) saindo dos anéis em seus dedos.
Em uma das aparições, Catarina percebeu que os raios não saíam
de todos os anéis de Maria, que explicou que os raios e graças
estavam disponíveis, mas não apareceram porque ninguém havia
pedido por eles. O caminho de Kolbe não é somente o de pedir
essas graças, mas também permitir que Maria nos tome
completamente em suas mãos, para fazer de nós canais dessas
mesmas graças para o mundo inteiro. Aprenderemos mais sobre
esse caminho amanhã.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Uni minha vontade à da Imaculada, que é uma só convosco.
13º Dia
Ser um instrumento; melhor, ser instrumentos
Mais uma vez, São Maximiliano não queria somente pedir graças
à Imaculada; ele queria ser as graças da Imaculada. Não queria
apenas fazer a vontade da Imaculada, mas queria ser a vontade da
Imaculada. Calma, ser as graças e a vontade da Imaculada? Isso
não é um pouco exagerado? De acordo com o raciocínio de Kolbe,
não. Ele pensava da seguinte maneira: “Se as pessoas podem se
entregar a Satanás de modo a serem possuídas por ele e serem
seus instrumentos do mal, por que as pessoas não podem se
entregar a Deus para serem possuídas por Ele e serem seus
instrumentos de amor?” Ele também pensava que a Imaculada, mais
do que qualquer outra pessoa, está “possuída” pelo Espírito Santo;
[49] sendo assim, por que não podemos pedir para ser “possuídos”
por ela para estarmos perfeitamente unidos à vontade de Deus? Em
outras palavras, para ele não bastava ser apenas um “escravo” de
Maria, como costumava dizer São Luís de Montfort. Ele queria algo
mais profundo: queria ser um instrumento nas mãos da Imaculada.
Ser um instrumento nas mãos da Imaculada. Essa é a ideia
central do modo como Kolbe entendia a consagração mariana.
Desse modo, ele registra isso diretamente em sua oração de
consagração: “Permite que eu seja um instrumento adequado em
tuas mãos imaculadas e misericordiosas.” Com que propósito? A
conversão do mundo inteiro.
Por favor! Kolbe não está perdendo o controle? Quero dizer, o
que apenas um homem pode fazer? Isso, no entanto, nos leva ao
principal ponto de Kolbe, à sua principal estratégia. Ele não era a
única parte de seu plano-mestre. Na verdade, ele queria
arregimentar um exército inteiro de cavaleiros combatentes e
soldados que se doam para serem instrumentos nas mãos cheias de
graça da Imaculada. Ele queria criar uma “Milícia da Imaculada”, que
descreve da seguinte maneira:
Os Cavaleiros da Imaculada desejam se tornar, de modo
cada vez mais verdadeiro, propriedade da Imaculada; desejam
pertencer a ela de um modo ainda mais perfeito, sem exceção
alguma sob quaisquer aspectos. Querem desenvolver sua
compreensão do que significa pertencer a ela para que possam
iluminar, revigorar e inflamar as almas que vivem em seus
respectivos ambientes, tornando-as semelhantes a eles.
Desejam conquistar essas almas para a Imaculada para que
estas, por sua vez, possam pertencer a ela sem reservas e
possam, assim, ganhar para ela um número ainda maior de
almas – para que, na verdade, possam ganhar o mundo inteiro e
fazê-lo o mais rápido possível.[50]
Genial! Repare na lógica brilhante que está na base da estratégia
de Kolbe: se realmente amamos a Deus, se realmente desejamos
trabalhar por seu reino, então devemos encontrar o caminho mais
rápido e mais fácil para nos tornarmos santos e, deste modo,
retornar a Ele. Ora, o caminho mais rápido e fácil para fazer isso –
como aprendemos de São Luís de Montfort – é a consagração
mariana.
Contudo, Kolbe vai ainda além disso, pois não pensou apenas em
si, não guardou para si o grande segredo de como fazer santos.
Pense deste modo: o que é melhor, um ou dois santos? Mil ou um
milhão de santos? Pense no que um milhão de santos totalmente
consagrados a Maria poderiam fazer. Imagine se Maria tivesse um
milhão de instrumentos por meio dos quais pudesse fazer a vontade
perfeita de Deus. É uma ideia extraordinária. Por isso Kolbe
exclamava: “Ensinai este caminho aos outros! Conquistai mais almas
para a Imaculada!” Se esse é o caminho mais rápido e fácil para
alguém se tornar santo, também é o caminho mais rápido e fácil para
conquistar o mundo inteiro para Cristo, desde que o ensinemos a
outras pessoas. Portanto, Kolbe diz: “Mãos à obra!” Comecemos
aprendendo a viver essa consagração e, em seguida, apresentemo-
la a outras pessoas.
Muito bem, primeiramente, as coisas mais importantes.
Precisamos aprender a viver essa consagração à Imaculada.
Precisamos “pertencer a ela de um modo ainda mais perfeito”. Como
fazemos isso? É simples. Basta aprendermos a amar a Imaculada.
Como? Confiando em sua poderosa intercessão, experimentando
seu cuidado carinhoso, falando com ela em nossos corações,
deixando que ela nos conduza, recorrendo a ela em todas as coisas
e confiando nela completamente. Sim, deveríamos confiar
particularmente na Imaculada e nela nos alegrarmos. Deveríamos
seguir o exemplo de Kolbe, narrado por um de seus irmãos
religiosos:
Quando as coisas iam bem, ele se alegrava com todos
profundamente e agradecia à Imaculada com fervor pelas
graças recebidas por meio da intercessão dela. Quando as
coisas iam mal, ele se alegrava do mesmo jeito e costumava
dizer: “Por que deveríamos nos entristecer? A Imaculada, nossa
mãezinha, não sabe de tudo o que está acontecendo?[51]
Amanhã aprenderemos mais sobre a fórmula de consagração a
“nossa mãezinha” escrita por Kolbe. Terminemos hoje refletindo com
estas palavras: “Meus queridos irmãos, nossa mãezinha, Maria
Imaculada, pode fazer qualquer coisa por nós. Somos filhos dela.
Voltemo-nos para ela, que superará qualquer coisa.”[52]
Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Preparei-me para que eu me torne um instrumento adequado nas
mãos da Imaculada.
14º Dia
A oração de consagração de Kolbe
Para concluirmos as reflexões desta semana sobre a doutrina de
São Maximiliano a respeito da consagração mariana, é bom
conhecer a oração de consagração elaborada por ele. Vamos
analisar as três partes dela: (1) invocação, (2) súplica a Maria para
que ela nos receba como sua propriedade e (3) súplica a Maria para
que ela nos use a fim de ganharmos outras almas para ela.
A oração começa com uma invocação:
Imaculada Conceição, Rainha do céu e da terra, refúgio dos
pecadores e Mãe amantíssima, a quem Deus quis confiar toda a
Misericórdia.[53]
Aqui temos o título predileto de Kolbe para Maria, “Imaculada”.
Como aprendemos de sua aparição em Lourdes, essa é a identidade
dela. Para Kolbe, essa é a identidade mais importante dela, porque
enfatiza sua união íntima com o Espírito Santo. Essa invocação
também menciona outra parte da identidade de Maria: sua
Maternidade. Maria é a mãe mais humilde, gentil, carinhosa e
amável. Finalmente, Kolbe menciona também outro de seus títulos
prediletos para Maria: Medianeira de Todas as Graças. Pois “Deus
quis confiar a Maria toda a ordem da misericórdia”.
A segunda parte da oração de consagração expressa uma
súplica para que Maria nos receba como sua propriedade:
Eis-me aqui aos vossos pés, eu ________________ , pobre
pecador. Eu vos suplico: aceitai todo o meu ser como bem e
propriedade vossa. Fazei de mim, de todos as minhas potências
da alma e do corpo, de toda a minha vida, morte e eternidade, o
que quer que desejardes.[54]
Lembre-se de que São Luís, em sua fórmula e consagração, falou
mais sobre o que oferecia a Maria: corpo, alma, bens, méritos. Kolbe
tem em mente as mesmas coisas que São Luís, mas ele simplifica
seu modo de expressar o dom de si oferecido a Maria com uma frase
concisa: “Imploro que me tomes com tudo o que sou e tenho”. Por
outro lado, quando se refere ao propósito de sua consagração, Kolbe
desenvolve aquilo que São Luís descreve por meio de uma frase
simples e sucinta: “para a maior glória de Deus”. Assim, na terceira
parte de sua oração de consagração, Kolbe descreve o propósito de
sua oferta não apenas como sendo “para a maior glória de Deus”,
mas também com o seguinte objetivo:
Se vos aprouver, disponde de tudo o que sou e possuo sem
reservas, para que se realize, enfim, o que de vós foi dito:
“Somente vós vencereis todas as heresias no mundo inteiro.”
Que em vossas mãos imaculadas e misericordiosas eu
possa me tornar um instrumento capaz de reanimar e de fazer
aumentar vossa glória ao máximo em todas as muitas almas
afastadas e indiferentes, assim ajudando a estender tanto
quanto possível o reino do Sacratíssimo Coração de Jesus.
Onde quer que entrais, vós obtendes a graça da conversão e da
santificação, pois que é por vossas mãos que todas as graças
do Sacratíssimo Coração de Jesus nos vêm.[55]
A audácia da primeira frase pode ser facilmente negligenciada,
mas quando a compreendemos plenamente essa audácia pode ser
surpreendente. Kolbe está pedindo a Maria que o use para esmagar
completamente o reino de Satanás! Talvez ele recue (um pouco)
nessa incrível ambição quando afirma que quer que ela o utilize para
expandir “tanto quanto possível o reino bendito do Sacratíssimo
Coração de Jesus”. Mesmo assim, a audácia dele é incrível. Ele quer
que Maria o use como instrumento – tanto quanto possível – para
esmagar Satanás e expandir o reino de Deus, o reino do amor do
Coração de Jesus.
É interessante o fato de Kolbe focar no Coração de Jesus,
mencionando-o duas vezes. Não se trata de um capricho passageiro.
Por exemplo, ele aparece novamente quando Kolbe elabora o lema
de seu exército de Cavaleiros da Imaculada, a Milícia da Imaculada:
“Conduzir todas as pessoas ao Sacratíssimo Coração de Jesus por
meio de Maria.”[56] Aprenderemos mais sobre o Coração de Jesus
como o fim mais perfeito de nossas vidas espirituais quando
refletirmos, na próxima semana, a respeito de Santa Teresa de
Calcutá e seus ensinamentos.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Preparei-me para que eu dê tudo à Imaculada em prol do reino.
Terceira semana
Santa Teresa de Calcutá

Nesta semana nos concentraremos no exemplo e nas palavras


de Santa Teresa de Calcutá, outra grande mestra da consagração
mariana. Ela é notável pelo modo como contextualiza a consagração
mariana. Em outras palavras, enquanto São Luís e São Maximiliano
nos apresentam os principais detalhes da consagração mariana,
Madre Teresa nos ajuda a enxergá-la de um modo mais completo,
dentro do contexto mais amplo de uma relação íntima com Cristo.
Nós não iniciaremos com reflexões sobre a devoção dela a Maria,
mas chegaremos lá em breve.
15º Dia
Amante do Coração de Jesus
Quem é Santa Teresa de Calcutá? É fácil compreendê-la; basta
sabermos estas duas palavras: “Tenho sede.” Essas palavras do
Coração de Jesus, pronunciadas enquanto agonizava na Cruz, eram
tudo para Madre Teresa, eram sua principal preocupação – e o
mesmo poderia ser dito de Nossa Senhora. O desejo mais profundo
delas é saciar a sede de amor e de almas que tem o Coração de
Jesus. Neste sentido, a vida de Madre Teresa é uma revelação do
Coração de Maria e apresenta uma das expressões mais ricas da
consagração mariana. Refletiremos sobre os detalhes dessa
revelação e desse exemplo ao longo dos próximos dias, mas antes
vejamos um resumo da vida dela.
A paróquia a que pertencia Madre Teresa em sua terra natal, a
Macedônia, se chamava justamente Sagrado Coração. Justamente,
por isso, como ela mesma disse: “Desde a infância, o Coração de
Jesus foi meu primeiro amor.”[57] Esse amor pode ter começado
quando, com cinco anos de idade, recebeu pela primeira vez o
Coração Eucarístico de Jesus. Naquela ocasião, ela experimentou a
própria sede de almas que tem o Senhor. Ao longo dos anos, essa
sede cresceu e se transformou em convicção quando ela, aos 12
anos, convenceu-se de que Deus a chamava para ser uma
missionária. Quando ela completou 18 anos, entrou para o Instituto
da Santíssima Virgem (As Irmãs de Loreto) e se candidatou para
participar das missões da congregação em Bengala, Índia, para onde
foi enviada no ano seguinte. Após um ano de noviciado, Teresa foi
designada para ficar na comunidade das Irmãs de Loreto, em
Calcutá, e dar aulas na St. Mary’s Bengali Medium School para
meninas. A nova irmã serviria lá por mais de quinze anos.
Os anos de Madre Teresa na escola foram felizes. Ela era uma
irmã alegre, generosa e trabalhadora. Na verdade, ela era tão
generosa com o Senhor, que, com a permissão de seu diretor
espiritual, fez um voto extraordinário: não negar nada a Jesus. Cinco
anos depois, Jesus testou esse voto de um modo significativo. No dia
10 de setembro de 1946, estando no trem rumo ao seu retiro anual, a
irmã, então com 36 anos, experimentou o que descreveu como “um
chamado dentro de um chamado”. Os detalhes desse chamado se
tornaram mais claros, nas semanas e meses subsequentes, por meio
de uma torrente de experiências místicas, inclusive algumas visões.
No centro desse chamado estava a sede intensa de amor de almas
que Jesus tem e um apelo para que Teresa funde a congregação das
Missionárias da Caridade. Com relação ao segundo pedido, como se
estivesse a lembrá-la do voto que fizera, Jesus continuava repetindo:
“Não aceitarás?”[58]
Madre Teresa não negou o pedido do Senhor. Após o retiro, ela
falou com seu diretor espiritual e, com a permissão dele, entrou em
contato com o bispo. Quando hesitou em aprovar seus planos, ela
lhe escreveu: “Não demores, Excelência, não demores. Afastemos
do Coração de Jesus Seu contínuo sofrimento”.[59] Na mesma carta,
ela repetiu esta ideia: “Alegremos o Coração de Jesus e removamos
de Seu Coração aqueles terríveis sofrimentos.”[60] Finalmente, o
bispo deu a aprovação, e Madre Teresa fundou as Missionárias da
Caridade, cujo propósito geral ela descreveu da seguinte maneira:
“Saciar a sede de amor e de almas de Jesus Cristo na Cruz”.[61]
Desde o início da nova congregação, Madre Teresa começou a
experimentar com uma “terrível escuridão” em sua alma, “como se
tudo estivesse morto”.[62] Às vezes parecia algo insuportável, de
modo que muitas vezes ela esteve à beira do desespero. Em 1961,
ela viu uma luz na escuridão. Após uma conversa com um santo
sacerdote, ela compreendeu que seu doloroso anseio era na verdade
uma participação na sede de Jesus: “Pela primeira vez em 11 anos,
comecei a amar a escuridão. Pois agora creio que é uma parte, uma
pequeníssima parte, da dor e da escuridão de Jesus na terra.”[63] A
experiência que Madre Teresa teve da escuridão e da ânsia dolorosa
continuou até o fim de sua vida. Ela obteve forças para perseverar
porque, como disse seu diretor espiritual, compreendeu que a
escuridão era na verdade um “elo misterioso” que a unia ao Coração
de Jesus.[64]
E quanto a nós? Já conseguimos compreender o elo misterioso
entre a escuridão que às vezes experimentamos em nossas próprias
vidas e a escuridão do sofrimento do Senhor? Meditemos sobre as
palavras de Madre Teresa a respeito do sofrimento que ela
experimentou, para que, desse modo, possamos amar mais o
Coração de Jesus:
Temos de sofrer porque, se olharmos para a cruz, veremos
que a cabeça Dele está inclinada para baixo – Ele quer vos
beijar –, e suas mãos estão abertas – Ele quer vos abraçar. Seu
coração está aberto para vos receber. Então, quando vos sentis
infelizes, basta olhardes para a cruz e sabereis o que está
acontecendo. Sofrimento, dor, tristeza, humilhação, sentimentos
de solidão, tudo isso não é nada senão o beijo de Jesus, um
sinal de que chegastes o suficientemente perto para que Ele
possa vos beijar. Compreendeis isso, irmãos, irmãs ou quem
quer que sejais? Sofrimento, dor, humilhação – tudo isso é o
beijo de Jesus. Às vezes chegais tão perto de Jesus na cruz a
ponto de Ele conseguir vos beijar. Certa vez disse isso a uma
senhorita que estava sofrendo muito. Ela respondeu: “Pede a
Jesus que pare de me beijar.” Esse sofrimento tem de estar
presente, pois esteve presente na vida de Nossa Senhora e na
vida de Jesus e justamente por isso tem de estar presente em
nossas vidas também. Basta que jamais fiqueis amuadas. O
sofrimento é um dom de Deus. É algo que diz respeito à nossa
relação pessoal com Jesus.[65]

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a encontrar o amor do Coração de Jesus escondido na
escuridão.
16º Dia
O dom recebido de Deus no dia 10 de setembro
Lembremo-nos de um evento crucial que vimos no resumo da
vida de Madre Teresa sobre o qual refletimos ontem: o “chamado
dentro de um chamado”, a experiência da sede que Jesus tem de
amor e de almas. Durante muitos anos, a única pessoa com quem
Madre Teresa conversou sobre essa experiência foi seu diretor
espiritual. Então, quatro anos antes de falecer, no dia 25 de março de
1993, após a leitura de uma mensagem para a Quaresma do Papa
João Paulo II, sobre o trecho da Paixão em que Cristo diz “tenho
sede”[66], ela sentiu vontade de revelar seu segredo às Missionárias
da Caridade por meio de uma carta. Como essa carta parece
mostrar, melhor do que qualquer outra coisa, como era o coração de
Madre Teresa, vou citar um longo trecho dela. A reflexão de hoje
será baseada nesse trecho:
Depois de ler a mensagem do Santo Padre sobre o trecho
em que Nosso Senhor diz: “tenho sede”, fiquei tão impactada,
que não consigo vos dizer exatamente o que senti. A mensagem
dele me fez compreender mais do que nunca quão bela é nossa
vocação (...). Nós fazemos com que o mundo se lembre de Sua
sede, que vinha sendo esquecida (...). A carta do Santo Padre é
um sinal (...) para que reflitamos ainda mais na imensa sede que
Jesus sente por cada pessoa. É também, para a Madre, um
sinal de que chegou o momento de falar abertamente sobre o
dom que Deus deu no dia 10 de setembro – explicar, da melhor
maneira possível, o que para mim significa a sede de Jesus.
Jesus quer que eu vos diga novamente quanto Ele ama cada
uma de vós – muito mais do que podeis imaginar. Temo que
algumas de vós ainda não haveis tido um real encontro pessoal
com Jesus. Podemos passar um tempo na capela, mas haveis
enxergado com os olhos de vossas almas como Ele vos olha
com amor? Conheceis realmente o Jesus vivo, não por meio de
livros, mas por trazê-Lo em vossos corações? Escutastes as
palavras de amor que Ele vos dirige? Pedi esta graça, pois Ele
anseia por concedê-la. Só sereis capazes de escutá-Lo dizendo,
nos corações dos pobres, “tenho sede” quando conseguirdes
escutá-Lo no silêncio de vossos corações. Jamais renunciais a
esse contato íntimo diário com Jesus enquanto pessoa
realmente viva, não apenas como uma ideia. Como podemos
sobreviver um único dia sem escutar Jesus dizendo “eu te
amo”? Impossível. Nossa alma precisa disso assim como o
corpo precisa do ar. Se não fizermos isso, nossa oração não terá
vida e a meditação será apenas uma reflexão. Jesus quer que
cada uma de vós o escute – quando Ele falar no silêncio dos
vossos corações.
Cuidado com tudo o que pode obstruir esse contato pessoal
com Jesus vivo. O Demônio pode tentar usar as mágoas da
vida, e às vezes nossos próprios erros a fim de voz fazer crer
que é impossível que Jesus realmente vos ama, que Ele
realmente é fiel a vos. É um risco que nós todas corremos, e é
algo muito triste, pois é o oposto do que Jesus realmente deseja
e quer vos dizer: não apenas que Ele vos ama, mas ainda mais:
Ele vos deseja, sente falta de vós quando não vos aproximais
Dele, Ele tem sede de vós e vos ama sempre, mesmo quando
não vos sentis dignas. Quando não sois aceitas pelos outros, ou
às vezes até mesmo por vós mesmas, é Ele quem sempre vos
aceita. Minhas filhas, não é necessário que sejais diferentes
para que Jesus vos ame. Basta que acrediteis: vós sois
preciosas para Ele. Levai todos os vossos sofrimentos aos pés
Dele. Basta abrirdes os vossos corações para que sejais
amadas por Ele como vós sois. Ele fará o resto.
Vós todas sabeis que Jesus vos ama, mas nesta letra a
Madre quer tocar vossos corações... Por isso peço que leiais
esta carta diante do Santíssimo Sacramento, o mesmo lugar
onde ela foi escrita, para que o próprio Jesus possa falar com
cada uma de vós.
As palavras Dele (“tenho sede”) gravadas nas paredes de
cada capela das Missionárias da Caridade não dizem respeito
apenas ao passado, mas estão vivas aqui e agora, pois são
ditas a vós. Credes nisto? Se credes, escutareis, sentireis a
presença Dele. Permiti que ela se torne, para cada uma de vós,
tão íntima quanto o é para a Madre – esta é a maior alegria que
poderíeis me dar. A Madre tentará vos auxiliar a compreender
isso, mas é o próprio Jesus quem deve vos dizer: “tenho sede”.
Escutai vosso próprio nome, não apenas uma vez, mas todos os
dias. Se escutardes com o coração, entendereis.
Por que Jesus diz: “tenho sede”? O que isso significa? É algo
tão difícil de explicar por meio de palavras (se lembrardes de
algum trecho da carta da Madre, lembrai disto)! Quando Jesus
diz “tenho sede”, está dizendo algo muito mais profundo que “eu
te amo”. Só podeis começar a entender quem Ele quer ser para
vós quando compreenderdes que Ele tem sede de vós, ou que
deseja que pertençais a Ele.
A Santíssima Virgem (junto de São João e, tenho certeza,
também de Maria Madalena) foi a primeira pessoa a escutar
Jesus clamando “tenho sede”. Por ter estado presente no
Calvário, ela sabe quão real e quão profundo é o desejo que Ele
sente por vós e pelos pobres. E nós? Também sabemos disso e
o sentimos tanto quanto ela? Pedi ajuda a ela, pois seu papel é
vos colocar face a face – tal como João e Madalena – com o
amor presente no Coração de Jesus crucificado. Outrora a
Santíssima Virgem suplicou à Madre; agora é a Madre que
suplica a vós, em nome dela: “dai atenção à sede de Jesus”.
Que ela seja para cada uma de vós uma Palavra de Vida.
Como podemos nos aproximar da sede de Jesus? Só há um
segredo: quanto mais nos aproximarmos Dele, mais
conheceremos a sede que Ele sente por nós. “Arrependei-vos e
crede”, diz-nos Jesus. De que temos de nos arrepender? De
nossa indiferença, de nossa dureza de coração. Em que
devemos crer? Que Jesus tem sede, agora mesmo, em vossos
corações e nos pobres – Ele conhece vossas fraquezas, Ele
quer apenas vosso amor, apenas a chance de vos amar. O
tempo não é um limite para Ele. Sempre que nos aproximamos
nos tornamos companheiros de Nossa Senhora, de São João,
de Maria Madalena. Escutai-O, escutai vosso próprio nome.
Tornai plena a minha e a vossa alegria.[67]

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a dar atenção à sede de Jesus.
17º Dia
As visões de 1947
Vários meses após ter sentido o “chamado dentro do chamado”,
Madre Teresa teve três visões que expressaram de modo ainda mais
claro o chamado que havia recebido. Na primeira visão, ela viu uma
imensa multidão de todos os tipos de pessoas, incluindo crianças e
pobres. As pessoas tinham as mãos levantadas e apontadas para
ela e gritavam: “venha, venha, salve-nos – leve-nos até Jesus”.[68]
Na segunda visão, a mesma multidão estava presente, e desta
vez Madre Teresa podia ver a profunda tristeza e o imenso
sofrimento em seus semblantes. Ela estava ajoelhada perto de
Nossa Senhora, que olhava para a multidão. Embora não pudesse
ver o rosto de Maria, ela pôde ouvir que Nossa Senhora disse:
“Cuida deles, pois eles são meus. Leva-os até Jesus – leva Jesus
até eles. Não tenhas medo”.[69]
Na terceira visão, a mesma multidão estava presente outra vez,
mas uma escuridão a envolvia. Porém, isso não impedia Madre
Teresa de enxergar a multidão. Nesta mesma cena, Jesus aparecia
pendurado na Cruz e Nossa Senhora estava um pouco distante.
Madre Teresa aparecia como uma criança e estava diante de Nossa
Senhora. A mão esquerda da Santíssima Virgem repousava sobre o
ombro esquerdo de Madre Teresa, e com a mão direita ela segurava
o braço direito de Teresa. Ambas olhavam para a Cruz, e Jesus disse
a Teresa:
Eu te pedi. Eles te pediram e ela, Minha Mãe, te pediu. Recusar-
te-ás a fazer isto por Mim: cuidar deles e conduzi-los até Mim?[70]
Repare no papel desempenhado por Nossa Senhora nessas
visões. Ela ajuda Teresa a escutar o desejo do Coração do Senhor e
a enxergar o sofrimento da multidão. Ela está lá como uma Mãe com
sua “pequena filha”, olhando para Jesus e para a multidão. Ela dá
conforto e apoio a Teresa, assim como o fez com São João ao pé da
Cruz. O padre Joseph Langford, MC, cofundador dos Padres
Missionários da Caridade, reflete sobre o significado dessas visões:
Sem Nossa Senhora, ficaríamos sozinhos nas cruzes que
temos de carregar ao longo da vida e não perceberíamos que
Jesus está no meio de nós. Em períodos de tribulação, muitas
vezes ficamos envoltos em trevas, tal como os pobres da visão
de Madre Teresa, inconscientes da presença de Jesus no meio
de nós. Sem a fidelidade que Nossa Senhora deu a Madre
Teresa, o mundo não teria ouvido aquelas palavras [tenho sede],
nem teria percebido que elas perduram até hoje.[71]
Acontece que Nossa Senhora esteve presente, de um modo
especial, não apenas nessas visões, mas também durante a graça
original do dia 10 de setembro. No 50º aniversário daquele dia
abençoado, Madre Teresa divulgou algo novo: “Se Nossa Senhora
não estivesse comigo naquele dia, eu jamais compreenderia o que
Jesus quis dizer com as palavras ‘tenho sede’”.[72] O que Madre
Teresa queria dizer com isso? Compreendemos o que ela quis dizer
quando refletimos novamente sobre a dimensão mariana da carta do
dia 25 de março sobre as palavras “tenho sede”:
A Santíssima Virgem (junto de São João e, tenho certeza,
também de Maria Madalena) foi a primeira pessoa a escutar
Jesus clamando “tenho sede”. Por ter estado presente no
Calvário, ela sabe quão real e quão profundo é o desejo que Ele
sente por vós e pelos pobres. E nós? Também sabemos disso e
o sentimos tanto quanto ela? Pedi ajuda a ela, pois seu papel é
vos colocar face a face – tal como João e Madalena – com o
amor presente no Coração de Jesus crucificado. Outrora a
Santíssima Virgem suplicou à Madre; agora é a Madre que
suplica a vós, em nome dela: “dai atenção à sede de Jesus”.
Essa passagem toca o cerne do relacionamento entre Madre
Teresa e Nossa Senhora, e ela pode ser perfeitamente resumida por
meio desta frase preciosa: O papel [dela] é vos colocar face a face
(...) com o amor presente no Coração de Jesus crucificado.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Colocai-me face a face com o amor presente no Coração de
Jesus crucificado.
18º Dia
O Imaculado Coração de Maria
O papel de Maria é nos colocar face a face com o amor presente
no Coração de Jesus crucificado. Mas o que aconteceria se, quando
estivéssemos com Ele “face a face”, não nos sentíssemos tocados?
O que aconteceria se, diante de um crucifixo, refletindo sobre a
Paixão do Senhor, não sentíssemos nada ou quase nada? E se
nossos corações se tornassem duros e insensíveis por causa de
nossos pecados? Isso pode acontecer. Todos nós pecamos, e o
pecado endurece nosso coração. A aridez e a desolação também
podem ocorrer apesar de nossos pecados. Qualquer que seja o
motivo, nossos corações podem se tornar frios e insensíveis, e isso
pode ser um problema. Felizmente, aquela que possui um coração
livre do pecado, perfeito e imaculado pode nos ajudar. Ela nos dará
seu coração compassivo. Ela até nos permitirá viver em seu coração!
Basta que lhe demos o nosso.
Ao longo de nossa semana com São Luís de Montfort,
aprendemos que, ao nos consagrarmos a Maria, entregamo-nos
inteiramente a ela, e ela se entrega inteiramente a nós. Naquela
semana enfatizamos os méritos: se entregarmos nossos méritos a
Maria, ela nos entregará os dela. Isso é extraordinário. Porém, Madre
Teresa dá uma ênfase um pouco diferente a esse fato. Sua maior
preocupação é com o coração. Em outras palavras, sua versão da
consagração total a Maria se concentra numa espécie de troca de
corações: damos nossos corações a Maria, e ela nos dá seu
Imaculado Coração. Para Madre Teresa, esse dom do coração de
Maria recebido por meio da consagração significa essencialmente
duas coisas, que podem ser expressas por duas orações simples:
“Dai-me o vosso coração” e “guardai-me em vosso puríssimo
coração”.
Em primeiro lugar, reflitamos sobre “dai-me o vosso coração”. Por
meio dessa oração, Madre Teresa pediu a Nossa Senhora que lhe
desse o amor do coração dela. Em outras palavras, é como se ela
dissesse: “Maria, ajudai-me a amar com o amor perfeito de vosso
Imaculado Coração”. Lembremo-nos de que o desejo ardente de
Madre Teresa era saciar a sede de Jesus por amor, e queria fazê-lo
da melhor maneira possível. Haveria um modo mais perfeito de amar
a Jesus do que com o coração perfeito, humilde e imaculado de Sua
mãe? Foi desse modo que Madre Teresa descobriu o segredo de
como viver plenamente sua vocação: “Maria, dai-me o vosso
Imaculado Coração”.
Mas Maria pode realmente nos dar seu coração? É claro que há
algo piamente poético nessa ideia, mas mesmo assim há uma
verdade nela. Quando Madre Teresa dizia com frequência a Maria:
“Dai-me o vosso coração”, estava falando sério. Por acaso ela
achava que Maria removeria seu coração físico e desceria do céu
para lho entregar? É claro que não. O órgão físico é, nesse caso,
apenas um símbolo de uma realidade mais profunda e espiritual. “O
coração” simboliza a vida interior de uma pessoa e a sede do
Espírito Santo na alma. O Espírito Santo. Agora chegamos ao
coração do coração do tema.
Lembremo-nos de nossa semana com São Maximiliano Kolbe e
de como ele enfatizava o vínculo entre o Espírito Santo e Maria. Ele
dizia que Maria é a esposa do Espírito Santo e que a união deles é
ainda mais profunda do que uma união nupcial. Ele dizia coisas
como estas: “O Espírito Santo só age por meio da Imaculada, sua
esposa. Portanto, ela é a Medianeira de todas as graças do Espírito
Santo”.[73] Por essa razão, se quisermos amar Jesus de um modo
pleno, fervoroso e perfeito – tal como o fez Madre Teresa –,
precisaremos de Seu Espírito de Amor, e é Maria Imaculada que O
traz a nós. Oremos: “Maria, dai-nos o vosso coração; traga-nos o
Espírito Santo. Rogai para que nossos corações endurecidos
queimem de amor por Jesus. Ajudai-nos a fazer com que nossos
corações ardam de amor por Ele.”
A segunda oração é: “guardai-me em vosso puríssimo coração”.
Há que utilize uma versão mais completa: “Imaculado Coração de
Maria, guardai-me em vosso puríssimo coração, para que eu possa
agradar a Jesus por meio de vós, em vós e convosco.”[74] Essa é a
parte mais profunda da consagração de Madre Teresa a Nossa
Senhora. Ela não pede apenas que o coração de Maria permaneça
no dela, mas que seu coração permaneça no de Maria! Portanto, é
uma oração para que amemos a Jesus por Maria, em Maria e com
Maria. É algo mais do que simplesmente ter Maria dando-nos seu
coração. Compreender e viver isso requer uma dependência
amorosa de Maria e uma profunda união com ela. Depois de amanhã
explicaremos o sentido dessa afirmação e como podemos alcançá-
la. Amanhã aprenderemos mais sobre a disposição do coração de
Maria.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Guardai-me no puríssimo e Imaculado Coração dela.
19º Dia
Oração contemplativa
Você está preparado para a sua consagração a Maria? Se não
estiver, prepare-se! Como disse no início do livro, tudo muda após o
Dia da Consagração. Um glorioso novo dia amanhece em nossas
vidas espirituais. Na verdade, quando damos nosso “sim” a Maria,
ela começa a dispor todos os acontecimentos e detalhes de nossas
vidas de um modo belo, carinhoso e amável. Portanto, precisamos
nos preparar. Precisamos nos preparar especificamente para
reconhecer a plenitude de favores que receberemos por meio de seu
Esposo, o Espírito Santo.
É comum não reconhecermos os muitos dons que Deus derrama
em nós diariamente. Reconhecemos apenas os aborrecimentos, os
fardos, as dificuldades e as inconveniências diárias. São eles que
atraem nossa atenção e provocam em nós uma atitude de queixa.
Além disso, deixam-nos de mau humor e acabam com nossa
energia. Não seria trágico se, depois de começar a receber um
número ainda maior de dons e graças por causa de nossa
consagração, não mudássemos essa atitude negativa? É claro que
seria. Portanto, precisamos nos preparar, e Madre Teresa nos
ajudará.
Ela viveu em alguns dos lugares mais pobres do planeta. Teve de
lidar com calor lancinante, mau hálito, cômodos abafados, cansaço
permanente, infindáveis responsabilidades, comida insossa, camas
duras, mau cheiro, banho com água fria e uma profunda e
agonizante aridez espiritual. No entanto, apesar de tudo isso, ela
irradiava alegria e sorria. Ela ficava admirada com as boas coisas
que Deus fazia em sua vida e nas vidas de outras pessoas, e
ponderava sobre os inúmeros detalhes amorosos preparados por
Nossa Senhora. Como via e reconhecia essas coisas, ela não se
queixava.
Como Madre Teresa desenvolveu tamanha sensibilidade
espiritual e atitude de gratidão? Qual era seu segredo? Duas coisas.
Em primeiro lugar, ela seguiu o exemplo de Maria, que sempre
“meditava em seu coração” as “coisas boas” que Deus fazia na vida
dela (ver Lc 2,19;51). Naturalmente, Maria – tal como Madre Teresa
– viveu na pobreza e com certeza teve de lidar com momentos de
escuridão na oração. Mesmo assim ela encontrava Deus nos
detalhes, meditava sobre Sua bondade no seu coração e respondia
com o louvor: “Magnificat!” Ela com certeza louvava e agradecia a
Deus em todas as coisas, porque O encontrava em todas as coisas e
meditava profundamente em seu coração sobre os inúmeros sinais
de amor Dele.
Em segundo lugar, Madre Teresa seguiu o exemplo de Santo
Inácio de Loiola, o soldado santo e mestre da oração eficaz.
Especificamente, ela vivia o método do exame de consciência diário,
desenvolvido por Santo Inácio, por meio do qual a pessoa revisa
suas ações, no fim do dia, na presença do Senhor. Ao contrário do
que as pessoas costumam pensar do exame, não se trata de uma
simples lista de pecados. Na verdade, Santo Inácio leva as pessoas
a usarem a maior parte do tempo para refletir sobre as bênçãos
recebidas ao longo do dia, não sobre os pecados. Trata-se de um
verdadeiro exercício para reconhecer as coisas boas que Deus faz
em nossas vidas e como nós respondemos – ou deixamos de
responder – a esse amor. É uma imitação da oração contemplativa
de Maria. (Veja nesta nota ao final do livro um método para fazer o
exame de consciência.)[i]
Deus sempre derrama Seu amor e Sua misericórdia em nós de
muitos modos diferentes. É importante começarmos a reconhecer
essas bênçãos e a agradecê-Lo por elas, particularmente porque
essa torrente de bênçãos se transformará em uma torrente de graças
quando nos consagrarmos a Maria. Portanto, vamos nos preparar.
Lembremos que, de acordo com Madre Teresa, um modo importante
de viver nossa consagração é por meio do reconhecimento das
bênçãos recebidas de Deus e de uma profunda meditação sobre elas
em nossos corações, em união com Maria. Essa oração meditativa
nos leva a louvar e a agradecer, e o louvor e o agradecimento nos
inflamam com o amor divino.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a reconhecer e a meditar em meu coração sobre todo
o bem que fazeis por mim.
20º Dia
A aliança de consagração
Ontem eu disse que devemos nos preparar para nossa
consagração a Maria aprendendo a reconhecer todas as bênçãos
que começarão a ser derramadas. Hoje mudaremos um pouco nosso
foco. Vamos nos preparar para o dia da consagração refletindo sobre
a verdadeira seriedade da consagração mariana. Esta é uma parte
importante de nossa preparação porque quanto mais a levarmos a
sério, mais a sério a Mãe de Deus a levará. Madre Teresa nos será
particularmente útil hoje, pois ela levou muito a sério sua
consagração a Maria.
Um dos motivos pelos quais Madre Teresa levou tão a sério sua
consagração tem a ver com suas raízes na cultura albanesa. Uma
palavra-chave dessa cultura é “besa”. Traduzida literalmente,
significa “fé”, mas seu sentido mais completo é “palavra de honra” e
“manter uma promessa”. Madre Teresa explica: “Besa significa o
seguinte: se você matar meu pai e eu lhe der minha palavra de que
não direi nada à polícia – caso ela esteja atrás de você –, nem se os
policiais quiserem me matar eu direi seu nome a eles”.[75]
Em outras palavras, na mente de Madre Teresa, se você der sua
palavra a alguém, você se dá a si mesmo a ela. Na verdade, besa
tem um caráter sagrado, tal como um voto, um juramento ou uma
aliança. Reflitamos sobre a última palavra: “aliança”. Foi com ela que
Madre Teresa descreveu sua consagração a Maria. É uma palavra
que possui um rico sentido bíblico: ela descreve o elo estabelecido
entre Deus e Seu povo ao longo da história da salvação. Esse elo é
mais do que um contrato, tal como explica Scott Hahn, um estudioso
da Sagrada Escritura:
A principal diferença entre os contratos e as alianças pode
ser identificada em suas distintas formas de troca. Um contrato é
uma troca de propriedade sob a forma de bens e serviços
(“Aquilo é meu e isto é seu”); ao passo que uma aliança supõe o
intercâmbio de pessoas (“Eu sou seu e você é meu”), criando
um elo comum de comunhão interpessoal.[76]
Outra característica de uma aliança é que ela normalmente supõe
certos direitos e obrigações. Por exemplo, na aliança marital, marido
e mulher têm direito a usufruírem um do outro no abraço esponsal de
autodoação amorosa, mas também têm a obrigação de cuidar um do
outro e apoiar-se mutuamente “nos bons e maus momentos”. Madre
Teresa também entendia que sua “Aliança de Consagração” com
Maria tinha certos direitos e obrigações. Ela transmitiu essa
espiritualidade mariana a sua família religiosa: as Missionárias da
Caridade.
O padre Joseph Langford, MC, inspirado pelos ensinamentos de
Madre Teresa sobre a Aliança de Consagração, explica
detalhadamente os direitos e deveres de uma missionária da
caridade em seu relacionamento com Maria, listando 12 direitos e
deveres correspondentes. É importante observar que a lista começa
com o dever de Maria de dar “seu espírito e coração” e termina com
o “direito” de cada Missionária da Caridade de entrar no coração de
Maria e participar da vida interior dela. Consequentemente, os dois
suportes dessa aliança com Maria são as duas orações de Madre
Teresa que aprendemos acima: “dai-me o vosso coração” e “guardai-
me em vosso puríssimo coração”. Entre esses dois suportes estão os
termos do relacionamento.
Concluamos, portanto, com a meditação sobre a Aliança de
Consagração das Missionárias da Caridade a Maria, começando por
seu parágrafo introdutório:
Movido(a) por um ardente desejo de viver convosco uma
união mais próxima possível nesta vida, para que possa me unir
ao vosso Filho de modo mais pleno e seguro, eu, pelo presente,
me comprometo a viver o espírito e os termos da seguinte
Aliança de Consagração do modo mais generoso e fiel que
puder.[77]

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a realizar com fervor uma Aliança de Consagração a
Maria.
21º Dia
Seja aquele que consola Jesus (com Maria)
É possível que a lista de 12 deveres que vimos ontem tenha nos
impressionado. Portanto, hoje nos concentraremos em um modo
mais simples de recordar a essência da consagração de Madre
Teresa a Maria: “seja aquele”, ou, de modo mais específico, “seja
aquele, com Maria”. O que isso significa? A principal pista vem do
versículo do Ofertório (Sl 68,21) para a Missa da Festa do Sagrado
Coração:
Meu coração esperou censura e sofrimento. Esperei em vão
quem tivesse compaixão de mim, quem me consolasse, e não
encontrei.[78]
Madre Teresa responde: “seja esta pessoa”. Seja aquela pessoa
que consola Jesus saciando Sua profunda sede de amor. Ela diz:
Diz a Jesus: “eu serei essa pessoa”. Eu O confortarei, O
encorajarei e O amarei. Estarei com Jesus. Ele orou
incessantemente e em seguida foi em busca de consolação,
mas não encontrou ninguém... Sempre escrevo a frase: “Esperei
em vão quem me consolasse, e não encontrei”. Em seguida,
escrevo: “seja essa pessoa”. Agora seja você essa pessoa.
Procura ser a pessoa que ficará com Ele, que O confortará e O
consolará. Peçamos a Nossa Senhora que nos ajude a
compreender isso.[79]
A última frase é a mais importante. Precisamos da ajuda de
Nossa Senhora para compreendermos a sede de Jesus. É ela que
melhor O consola, pois é a esposa do Consolador, o Espírito Santo.
Por meio de Maria, o Espírito Santo pode nos ajudar a compreender
o que significa ser um consolador do Coração de Jesus:
Tentemos, de um modo especial, chegar o mais perto que
um coração humano pode chegar ao Coração de Jesus a fim de
tentar compreender o mais que pudermos, a terrível dor que
nossos pecados causaram em Jesus e a Sua Sede por nosso
amor (...) Graças a Deus Nossa Senhora esteve presente [no
Calvário] para compreender plenamente a sede de Jesus por
amor. Ela deve ter dito imediatamente: “eu sacio Tua sede com
meu amor e com o sofrimento do meu coração”.[80]
Sim, nós podemos agradecer a Deus por nossa Senhora. Ela nos
ensinar a “ser aquela pessoa”, com ela, consolando Jesus no
Calvário. Ela nos ajuda a dizer “imediatamente”: “Jesus, eu sacio Tua
sede”. Mas o que isso significa exatamente? O que significa saciar a
sede de Jesus? Duas coisas: consolar Jesus, Cabeça de Seu Corpo
Místico, e consolá-Lo nos membros de Seu Corpo.
Como consolamos Jesus, Cabeça do Corpo? Sendo apóstolos da
alegria, que equivale a “consolar o Sagrado Coração de Jesus por
meio da alegria”. E fazemos isso de um modo especial com a alegria
de Maria, pois Madre Teresa prossegue: “por favor, pede que Nossa
Senhora me dê o coração dela”.[81] Maria é aquela que louva e
agradece a Deus em todas as coisas, sorri para Ele e O consola com
seu amor, apesar da própria escuridão que tem de enfrentar em sua
provação. É algo simples e belo, que Madre Teresa resume por meio
de suas três virtudes características: total entrega a Deus, confiança
amorosa e perfeita alegria. Basicamente, trata-se de ser como uma
criança, com Maria, sorrindo para Jesus e amando-O ao pé da Cruz.
Ora, como consolamos Jesus nos membros de Seu Corpo?
Reconhecendo a sede deles. Todas as pessoas têm sede: ricos e
pobres, jovens e idosos, crentes e céticos. Todas as pessoas estão
em busca de Deus, pois o homem tem uma sede inesgotável.
Consolar Jesus no próximo é responder ao seu sofrimento,
especialmente ao mais profundo e universal sofrimento: a sede de
amor. Não deveríamos responder com indiferença a essa sede que
há em outras pessoas, mas com um sorriso amável que diz: “alegro-
me por você existir e também compreendo a dor da sede”. Madre
Teresa explica:
O maior dos males é a falta de amor e de caridade, a terrível
indiferença com o próximo... Atualmente, as pessoas estão
ávidas por amor, por compreender o amor, isto é, algo muito
elevado e que oferece a única resposta à solidão e à grande
pobreza.[82]
Por ter reconhecido, com a ajuda de Maria, que também tinha
essa sede e por não ter fugido dela, Madre Teresa conseguia
compreender a sede das outras pessoas – tanto a de Jesus na Cruz
como a de Jesus no próximo. Assim, ela se tornou uma verdadeira
apóstola da misericórdia e da alegria: uma verdadeira missionária da
caridade.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a “ser a pessoa” que consola Jesus com Maria.
Quarta semana
São João Paulo II

Ao longo desta quarta e última semana, nós nos concentraremos


no exemplo e nas palavras de outro grande mestre da consagração
mariana: São João Paulo II. “O Papa mais mariano”, como foi
chamado, aprofundou bastante a compreensão da Igreja a respeito
da consagração mariana. Desenvolvendo o trabalho realizado no
Concílio Vaticano II, ele nos apresenta uma abordagem
profundamente bíblica da consagração mariana – que ele também
chamava de “entrega” – e enfatiza a ideia de que o papel de Maria é
nos conduzir ao mistério do amor redentor de Cristo e à
autoconsagração ao Pai.
22º Dia
O dom de misericórdia de Maria
Em 1917, enquanto a I Guerra Mundial assolava o mundo, a
Santíssima Virgem apareceu a três pastorinhos em Fátima, Portugal.
Ela lhes disse que a guerra acabaria, mas que se as pessoas não se
convertessem, uma guerra pior aconteceria e a Rússia espalharia
seus erros pelo mundo, causando mais guerras, martírios e
perseguições à Igreja. Para impedir que isso ocorresse, Maria pediu
que o Santo Padre consagrasse a Rússia ao seu Imaculado Coração
e que as pessoas fizessem, ao longo de cinco meses consecutivos, a
comunhão reparadora no primeiro sábado de cada mês. No final,
disse ela, seu Imaculado Coração triunfaria.
É interessante o fato de Maria ter mencionado a Rússia. Naquela
época, isso gerou certa confusão: a Rússia? A Divina Rússia? Quais
foram os erros daquele país profundamente cristão? E como um país
tão pobre exerceria tanta influência? (Naquele momento, a revolução
russa ainda estava em seus primórdios; o regime comunista, ateu e
totalitário ainda não havia se estabelecido.)
Depois de Maria ter revelado sua profecia sobre a Rússia, as
crianças tiveram uma visão que dizia respeito a um “bispo vestido de
branco”, que julgaram ser o Papa. Com uma profunda angústia, elas
viram que ele sofreria muito e então seria baleado e morto. As
crianças descreveram o que viram apenas às autoridades da Igreja,
que decidiram não revelar isso ao público. Esse episódio ficou
conhecido como o último “segredo” de Fátima.
Ora, a primeira aparição de Nossa Senhora de Fátima ocorreu no
dia 13 de maio de 1917, às 17:00h. Exatamente 64 anos depois, no
dia 13 de maio de 1981, às 17:00h, um pequeno jipe conversível
dirigia pela Praça de São Pedro, carregando o Papa João Paulo II,
que saudava carinhosamente os peregrinos reunidos na praça. Em
determinado momento, o jipe parou para que o Papa pudesse tomar
em seus braços uma garotinha. Após tê-la devolvido aos pais, o jipe
continuou seu trajeto em meio à multidão de peregrinos, que
acenavam e aplaudiam. De repente, um homem armado que estava
muito perto Papa atirou duas vezes contra o pontífice. A primeira
bala passou de raspão no cotovelo dele. A segunda atingiu seu
abdômen e ricocheteou dentro dele, cortando seu intestino e
perfurando seu cólon. Milagrosamente, por 0,25 cm a bala não
atingiu a principal artéria abdominal. Se ela tivesse atingido essa
artéria – ou mesmo passado de raspão por ela –, o Papa teria
sangrado até a morte no caminho até o hospital. Quando se deu
conta dessa graça, o Papa afirmou que “uma mão disparou, mas
outra guiou a bala”.[83]
Qual mão guiou a bala? O Papa acreditava que havia sido a mão
de Nossa Senhora de Fátima (ele não havia ignorado que aquele dia
era 13 de maio, aniversário da aparição). Na verdade, depois dos
disparos, ele solicitou o envelope que continha o terceiro segredo de
Fátima, que mencionava o “bispo vestido de branco”. Então, com as
aparições de Fátima muito presentes em sua mente, ele pensou em
consagrar o mundo ao Imaculado Coração de Maria o mais rápido
possível, e começou a escrever um ato de consagração, que recitou
solenemente menos de um mês depois. Mesmo antes disso, menos
de uma semana depois do atentado, ele repetiu sua própria
consagração pessoal a Maria em um discurso aos peregrinos
reunidos na Praça de São Pedro: “A ti, Maria, eu repito: Totus tuus
ego sum”.[84]
No dia 25 de março de 1984, na Praça de São Pedro, diante da
imagem oficial de Nossa Senhora de Fátima, que havia sido levada
até lá especialmente para aquela ocasião, João Paulo II realizou, de
modo mais solene, a consagração do mundo ao Imaculado Coração
de Maria. Ele concluiu a oração com as seguintes palavras:
Que mais uma vez seja revelado, na história do mundo, o
infinito poder salvador da redenção: o poder do amor
misericordioso! Que ele possa impedir o avanço do mal! Que ele
transforme nossas consciências! Que vosso Imaculado Coração
revele a todas as pessoas a luz da Esperança!
Após tomar conhecimento da solene consagração feita pelo
Papa, Irmã Lúcia, a única sobrevivente dos três videntes de Fátima,
declarou que ela satisfez plenamente o pedido original de Nossa
Senhora. Cinco anos depois, o terrível regime totalitário na União
Soviética, que havia aterrorizado milhões de pessoas, subitamente
chegou ao fim.
Mesmo com a vitória obtida, o Papa não descansou. Aquilo que
ele outrora havia chamado de “século das lágrimas” estava longe de
chegar ao fim. Para enfrentar o mal contínuo e a injustiça no mundo,
ele proclamou vigorosamente, com uma frequência cada vez maior, o
poder salvador do “amor misericordioso” de Deus. Seus esforços
para promover essa mensagem culminaram com a proclamação da
Festa do Domingo da Divina Misericórdia no ano 2000 e um solene
Ato de Consagração do mundo à Divina Misericórdia em 2002. Três
anos após essa consagração, o grande Papa mariano, o grande
Papa da Misericórdia, morreu em um primeiro sábado do mês
(também vigília do Domingo da Divina Misericórdia). Maria salvou a
vida dele no início do pontificado a fim de que, por meio dele, seu
divino Filho pudesse conduzir a Igreja à vitória da Misericórdia e ao
triunfo de seu Imaculado Coração.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!
23º Dia
Mediação maternal
São João Paulo II, como um de nossos guias para o Dia da
Consagração, é um dom triplo. Ele não é apenas um santo mariano,
tal como nossos outros três guias; não é apenas brilhante e
profundamente versado em teologia, como São Luís de Montfort e
São Maximiliano Kolbe, mas é também Papa. Portanto, as palavras
dele têm a autoridade magisterial do sucessor de São Pedro... e o
peso de um Concílio Ecumênico! Bem, isso é verdadeiro porque
seus ensinamentos sobre a Mãe de Deus são profundamente
enraizados na Mariologia assertiva do Concílio Vaticano II. Em
função dessa dependência em relação ao Concílio, antes de
examinarmos a doutrina de São João Paulo II sobre a consagração
mariana, vejamos o que o Concílio tem a dizer sobre Maria. (Amanhã
começaremos a refletir sobre o quanto João Paulo II desenvolve o
ensinamento do Vaticano II.)
Os ensinamentos marianos do Concílio Vaticano II estão no
último capítulo da Constituição Dogmática sobre a Igreja, conhecida
pelo título em latim Lumen Gentium. O núcleo desses ensinamentos
está relacionado ao que normalmente chamamos de “mediação
maternal” de Maria. Isso significa, basicamente, que ela é nossa mãe
espiritual (daí o adjetivo “maternal”) que nos auxilia lá do céu com
suas orações e seu cuidado maternal para levar-nos a Deus (daí o
termo “mediação”). Embora o termo “maternal” deva ser familiar,
“mediação” requer alguma explicação.
Um mediador é alguém que se coloca entre duas pessoas a fim
de uni-las. Portanto, Jesus Cristo é um mediador. Ele é aquele que,
depois da queda, se coloca entre Deus e a humanidade caída para
levar-nos novamente a comunhão com Deus. E há apenas um, como
São Paulo deixa claro: “Há um só mediador entre Deus e os homens:
Jesus Cristo, homem” (1Tm, 2,5).
Se há apenas um mediador entre Deus e o homem, e se esse
mediador é Jesus Cristo, por que o Concílio Vaticano II descreve
Maria como mediadora? Porque Deus é generoso. Em outras
palavras, Jesus não guarda para si Seu papel de mediador. Ele quer
que Maria – não somente ela, mas todos os cristãos – participe de
Sua única mediação, mas de um modo subordinádo. Por exemplo,
cada um de nós participa da mediação única de Cristo quando
rezamos uns pelos outros “em Cristo”. Mencionei um ponto
semelhante na introdução quando escrevi que Deus quer que todos
nós participemos de sua obra de salvação. Também disse que Maria
tem um papel singular nessa obra. Mais uma vez, de acordo com o
Concílio Vaticano II, a expressão “mediação maternal” expressa esse
papel especial.
Entre as criaturas, o papel de Maria na contínua obra de salvação
é sem dúvida o mais importante. Esse papel tão importante foi
confiado a ela “não por causa de alguma necessidade intrínseca” da
parte de Deus, mas porque “Deus se compraz nisso”.[85] Aqui
podemos ver, mais uma vez, a generosidade de Deus ao nos incluir
na obra da redenção; nós, as mesmas criaturas que Ele veio redimir.
A seguinte passagem da Lumen Gentium sintetiza a cooperação de
Maria com essa obra de salvação quando ela estava na terra e agora
que está no céu:
A Virgem Santíssima, predestinada para Mãe de Deus desde
toda a eternidade simultaneamente com a encarnação do Verbo,
por disposição da divina Providência foi na terra a nobre Mãe do
Divino Redentor, a Sua mais generosa cooperadora e a escrava
humilde do Senhor. Concebendo, gerando e alimentando a
Cristo, apresentando-O ao Pai no templo, padecendo com Ele
quando agonizava na cruz, cooperou de modo singular, com a
sua fé, esperança e ardente caridade, na obra do Salvador, para
restaurar nas almas a vida sobrenatural. É por esta razão nossa
mãe na ordem da graça.
Esta maternidade de Maria na economia da graça perdura
sem interrupção, desde o consentimento, que fielmente deu na
anunciação e que manteve inabalável junto à cruz, até à
consumação eterna de todos os eleitos. De fato, depois de
elevada ao céu, não abandonou esta missão salvadora, mas,
com a sua multiforme intercessão, continua a alcançar-nos os
dons da salvação eterna. Cuida, com amor materno, dos irmãos
de seu Filho que, entre perigos e angústias, caminham ainda na
terra, até chegarem à pátria bem-aventurada. Por isso, a Virgem
é invocada na Igreja com os títulos de advogada, auxiliadora,
socorro, medianeira. Mas isto entende-se de maneira que nada
tire nem acrescente à dignidade e eficácia do único mediador,
que é Cristo.[86]
Portanto, enquanto estava na terra, Maria cooperou com o plano
salvador de Deus “mais do que qualquer outra criatura”,
particularmente ao dar à luz e cuidar de Jesus. Agora que está no
céu ela continua cooperando, de um modo especial, com o plano
salvador de Deus. Por meio de sua “constante intercessão” e
“caridade maternal”, ela nos traz graça, misericórdia e os “dons da
salvação eterna”. Amanhã começaremos a ver como São João Paulo
II desenvolve esse ensinamento sobre a maternidade de Maria na
ordem da graça. Por ora podemos refletir sobre este imenso dom de
Deus: Maria é nossa mãe espiritual cujo papel dado por Deus é
cuidar de nós com seu carinho maternal e com os dons e graças que
nos são concedidos por meio de suas amorosas orações.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Enchei meu coração de louvor a Deus por ter me dado Maria
como minha mãe espiritual.
24º Dia
O retiro de Maria (primeiro dia)
Ao longo deste retiro, temos meditado em nossos corações sobre
certas verdades de nossa fé que estão relacionadas à consagração
mariana. Alguém poderia dizer que estamos em uma espécie de
“peregrinação da fé” rumo ao Dia da Consagração. Durante sua vida
terrena, Maria também esteve em uma espécie de retiro e
peregrinação da fé. Ela também meditou em seu coração sobre
diferentes verdades relacionadas à consagração mariana. Afinal de
contas, ela não descobriu de uma vez só sua vocação de mãe
espiritual e mediadora. Maria, assim como cada um de nós,
precisava caminhar na fé enquanto meditava em seu coração. Ela
também precisou de um tempo de preparação considerando o seu
papel especial de nossa “mãe na ordem na graça”.
Como a mediação maternal de Maria é central para uma
compreensão adequada da consagração mariana, ao longo dos
próximos dias nós faremos um retiro dentro do nosso retiro. Faremos
isso examinando com atenção o retiro de Maria. Em outras palavras,
acompanharemos Maria ao longo do caminho pelo qual Deus a guiou
para que ela descobrisse gradualmente sua vocação para ser nossa
mãe espiritual e nossa mediadora.
Em certo sentido, o retiro de Maria começa na Anunciação. Com
seu “sim” a Deus, seu fiat, ela aceitou sua vocação para ser a mãe
de Jesus. No entanto, ela sabia também que havia aceitado o
chamado para ser a mãe espiritual de todos os cristãos? Eu não sei.
O que de fato sei é que o mistério da Anunciação deu a Maria algo
maravilhoso sobre o qual ela podia meditar, algo que está
profundamente ligado à confiança e à consagração mariana.
Permita-me explicá-lo desta maneira: quem foi a primeira pessoa a
confiar-se a Maria? Não foi São Luís de Montfort. Foi Deus Pai. João
Paulo II explica: “Com efeito, importa reconhecer que, primeiro do
que quaisquer outros, o próprio Deus, o Pai eterno, se confiou à
Virgem de Nazaré, dando-lhe o próprio Filho no mistério da
Encarnação.”[87] Sem dúvida alguma Maria ficou admirada com esse
ato de humildade de Deus. Será que, à medida que ficava admirada
e meditava sobre esse ato, ela teria começado a suspeitar de que,
posteriormente, Deus desejaria que aqueles que Ele viera redimir
seguissem seu exemplo?
Maria teve de meditar sobre muitas outras coisas durante sua
preparação para se tornar, de um modo mais completo, nossa mãe
na ordem da graça. Os Evangelhos Sinópticos (Mateus, Marcos e
Lucas) apresentam vários pontos de reflexão que dizem respeito à
maternidade espiritual de Maria. Vejamos, por exemplo, a passagem
no Evangelho de Marcos (3,31-35) na qual Maria e os primos de
Jesus, querendo vê-Lo, pedem que alguém O chame. Jesus
responde, perguntando: “Quem é minha mãe e quem são meus
irmãos?” Então, olhando para os que estão sentados ao Seu redor,
Ele diz: “Eis aqui minha mãe e meus irmãos. Aquele que faz a
vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.”
Jesus portou-se mal como filho ao dar essa resposta? Não. Ele
portou-se exatamente como Seu Pai queria que se portasse. Ao
mesmo tempo, Ele estava preparando Sua mãe para ser quem Ele
queria que ela fosse. Para ser mais específico, ao portar-se daquele
modo Ele começou a revelar a ela o novo vínculo filial do reino, que
vai além dos vínculos carnais. Em outras palavras, Ele sublinhou a
primazia do espírito sobre a carne, a primazia da Paternidade
sobrenatural de Deus sobre a paternidade (ou maternidade) natural
dos seres humanos. É provável que Maria tenha compreendido
imediatamente ao menos alguma parte do que Jesus estava
tentando ensinar a ela. Afinal de contas, durante anos ela meditou
em seu coração outra resposta estranha de Jesus, dada quando ela
O encontrou no Templo após três dias de uma busca dolorosa: “Não
sabíeis que devo ocupar-me das coisas de meu Pai?” (Lc 2,49).
Durante Seu ministério público, Jesus de fato se ocupou
plenamente com as coisas do Pai. Ora, uma parte fundamental disso
foi a preparação de Sua mãe para o novo papel que ela teria de
desempenhar no reino de Deus. Jesus sabia que “a maternidade [de
Maria], vista na dimensão do Reino de Deus, na irradiação da
paternidade do próprio Deus, alcança um outro sentido”.[88] Nas
palavras reportadas por Marcos lidas acima, Jesus se refere a esse
sentido: “Aquele que faz a vontade de Deus, esse é meu irmão,
minha irmã e minha mãe.” Maria com certeza meditou sobre essas
palavras em seu coração e compreendeu que, por meio delas, Jesus
não quis rejeitá-la, mas prepará-la.
Podemos ter certeza de que Jesus não estava rejeitando Maria?
Podemos. Embora as palavras de Jesus deem a impressão de que
Ele está rejeitando Maria, na verdade não é isso o que elas querem
dizer. De fato, se levarmos em conta um trecho semelhante presente
no Evangelho de Lucas (11,27-28), fica claro que Jesus está, na
verdade, abençoando Sua mãe. Nessa passagem, “uma mulher
levantou a voz do meio do povo e lhe disse: Bem-Aventurado o
ventre que te trouxe, e os peitos que te amamentaram!” Jesus
responde de um modo semelhante ao que lemos em Marcos: “Antes
bem-aventurados aqueles que ouvem a palavra de Deus e a
observam!” À primeira vista, isso pode parecer uma repreensão
dirigida a Maria. Mas não é. Afinal de contas, quem escutou a
palavra de Deus e a guardou melhor do que Maria? Ninguém.
Portanto, Jesus na verdade está abençoando Sua mãe, e ela
certamente compreendeu isso.
Maria é uma mulher incrivelmente perspicaz, e prestava bastante
atenção a cada palavra e ação de Jesus. As sutilezas dos
ensinamentos Dele não lhe escapavam, e ela foi compreendendo
gradualmente o desenrolar do mistério de sua maternidade singular:
Mas, à medida que se ia esclarecendo aos seus olhos e no
seu espírito a missão do Filho, ela própria, como Mãe, se ia
abrindo cada vez mais para aquela «novidade» da maternidade,
que devia constituir a sua «parte» ao lado do Filho. Não
declarara ela, desde o princípio: «Eis a serva do Senhor! Faça-
se em mim segundo a tua palavra»? (Lc 1, 38). Maria
continuava, pois, mediante a fé, a ouvir e a meditar aquela
palavra (...) E assim, Maria Mãe tornava-se, em certo sentido, a
primeira «discípula» do seu Filho, a primeira a quem ele parecia
dizer: “Segue-me...”[89]
Quanta alegria Jesus não deve ter sentido por ter tido uma
discípula que O compreendeu plenamente! Que consolação para o
Seu Coração ter encontrado tamanha atenção à Palavra de Deus!
Amanhã continuaremos nossa reflexão sobre essa atenção de
Maria e veremos como isso a levou a descobrir outro aspecto de sua
“parte” ao lado de seu filho em Sua obra de salvação. Tal como
escreveu São João Paulo II, essa parte de fato está relacionada à
“nova dimensão da maternidade dela”. Portanto, em Caná veremos
que ela dá à luz a fé dos discípulos ao desencadear o primeiro
milagre de Jesus, que é realizado por meio de seu desvelo maternal
com as necessidades humanas.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Ajudai-me a ser fiel à oração meditativa, tal como o foi Maria
25º Dia
O retiro de Maria (Segundo dia)
Ontem nós começamos um “retiro dentro de nosso retiro”, unindo-
nos ao retiro de Maria. Em outras palavras, começamos a meditar
sobre como Jesus preparou Maria para compreender e abraçar
plenamente seu novo papel maternal no reino de Deus. Hoje nós
continuamos este retiro nas bodas de Caná, onde a mediação
maternal de Maria brilha gloriosamente. Relembremos a cena (Jo
2,1-12).
A mãe de Jesus está em uma festa de casamento, para a qual
também foram convidados Jesus e Seus discípulos – possivelmente
por causa de Maria. Começa a faltar vinho. Maria se dá conta disso e
chama a atenção de Jesus para o fato: “Eles já não têm vinho”.
Jesus parece repreendê-la: “Mulher, isso compete a nós? Minha hora
ainda não chegou”. Apesar disso, Maria diz aos servos: “Fazei o que
Ele vos disser”. Os servos seguem as ordens de Jesus para
encherem com água os jarros de pedra. Em seguida, a água se
transforma em vinho e os discípulos creem.
Reflitamos profundamente sobre o comentário de João Paulo II
sobre essa cena. As palavras dele tocam o âmago do papel de Maria
em nossas vidas e explicam por que deveríamos nos consagrar a
ela:
Naquele evento é bem certo que já se delineia bastante
claramente a nova dimensão, o sentido novo da maternidade de
Maria (...) a partir da descrição dos fatos de Caná, esboça-se
aquilo em que se manifesta concretamente esta maternidade
nova, segundo o espírito e não somente segundo a carne, ou
seja, a solicitude de Maria pelos homens, o seu ir ao encontro
deles, na vasta gama das suas carências e necessidades. Em
Caná da Galileia torna-se patente só um aspecto concreto da
indigência humana, pequeno aparentemente e de pouca
importância («Não têm mais vinho»). Mas é algo que tem um
valor simbólico: aquele ir ao encontro das necessidades do
homem significa, ao mesmo tempo, introduzi-las no âmbito da
missão messiânica e do poder salvífico de Cristo. Dá-se,
portanto, uma mediação: Maria põe-se de permeio entre o seu
Filho e os homens na realidade das suas privações, das suas
indigências e dos seus sofrimentos. Põe-se de «permeio», isto
é, faz de mediadora, não como uma estranha, mas na sua
posição de mãe, consciente de que como tal pode ― ou antes,
«tem o direito de» ― fazer presente ao Filho as necessidades
dos homens. A sua mediação, portanto, tem um carácter de
intercessão: Maria «intercede» pelos homens. E não é tudo:
como Mãe deseja também que se manifeste o poder messiânico
do Filho, ou seja, o seu poder salvífico que se destina a socorrer
as desventuras humanas, a libertar o homem do mal que, sob
diversas formas e em diversas proporções, faz sentir o peso na
sua vida.
Outro elemento essencial desta função maternal de Maria
pode ser captado nas palavras dirigidas aos que serviam à
mesa: «Fazei aquilo que ele vos disser». A Mãe de Cristo
apresenta-se diante dos homens como porta-voz da vontade do
Filho, como quem indica aquelas exigências que devem ser
satisfeitas, para que possa manifestar-se o poder salvífico do
Messias. Em Caná, graças à intercessão de Maria e à
obediência dos servos, Jesus dá início à «sua hora». Em Caná,
Maria aparece como quem acredita em Jesus: a sua fé provoca
da parte dele o primeiro «milagre» e contribui para suscitar a fé
dos discípulos.
(...) o evento de Caná da Galileia nos oferece como que um
prenúncio da mediação de Maria, toda ela orientada para Cristo
e propendente para a revelação do seu poder salvífico.[90]
Quero destacar alguns pontos importantes dessa passagem para
que possamos meditá-los. (1) A “escrava do Senhor”, que faz a
vontade do Pai perfeitamente, tem – não por necessidade, mas pela
escolha de Deus – o “direito”, como mãe e medianeira, de indicar ao
seu Filho quais são as necessidades da humanidade. Não
deveríamos todos recorrer a uma Mãe de Misericórdia tão poderosa
em nossas necessidades e intenções? (2) Maria precisa de servos
que obedecerão as suas palavras: “Fazei o que Ele vos disser”.
Estamos preparados para ser servos dela, a fim de que Jesus possa
iniciar Sua “hora” em nosso dia? (3) As palavras “Fazei o que Ele vos
disser” deixam claro que o papel de Maria “orienta-se plenamente a
Cristo” e tende a revelar o poder salvífico Dele. A mediação de
Maria, portanto, está unida e subordinada à única mediação de
Jesus Cristo, nosso Salvador.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Fazei que eu me lembre de pedir a poderosa intercessão de
Maria nos momentos de necessidade.
26º Dia
O retiro de Maria (terceiro dia)
Ontem, nas bodas de Caná, vimos um exemplo glorioso da
mediação maternal de Maria. Depois desse episódio, Maria com
certeza meditou sobre ele profundamente e descobriu muitas coisas
a respeito de sua mediação maternal. Porém, Caná não foi a parte
mais importante da preparação dela. O “momento de coroação” da
preparação de Maria – em verdade, sua realização plena – foi o
Calvário.
No Calvário, Maria sofre com Cristo. Pela fé, ela “se uniu
perfeitamente a Cristo no Seu despojamento”. Por meio da fé, ela
compartilha todo o “mistério trágico” do dom do próprio Jesus por
amor a nós. Pela fé, a “Mãe participa na morte do Filho, na sua morte
redentora”.[91] Antes de morrer, Jesus ainda tem de ensinar mais
uma lição à sua discípula perfeita, que O seguiu até a Cruz e aceitou
plenamente sofrer junto com Ele. Ao vê-la ao pé da Cruz junto de
Seu discípulo amado, João, Ele diz: “Mulher, eis aí teu filho” (Jo
19,26-27). Em seguida, diz a João: “Eis aí tua mãe” (Jo 19,26-27).
Por meio dessas palavras, Jesus dá Maria como mãe a “todos e a
cada um dos homens”.[92]
De acordo com João Paulo II, essa “nova maternidade de Maria”
é o “é fruto do «novo» amor, que nela amadureceu definitivamente
aos pés da Cruz, mediante a sua participação no amor redentor do
Filho”.[93] Esse “novo amor”, diz João Paulo II, na verdade causa uma
“transformação” tão grande na maternidade de Maria, que ela passa
a amar ainda mais intensamente aqueles por quem Jesus sofreu e
morreu.
Essa ideia de que Maria, ao pé da Cruz, recebeu um novo e
ardoroso amor pelas almas pode nos remeter a profunda
compreensão de Madre Teresa sobre Maria. Lembre-se de que, para
Teresa, Maria foi aquela que compreendeu e meditou de modo mais
profundo as palavras de Jesus “tenho sede”. Ela também ajuda
outras pessoas a fazerem o mesmo. Seja como for, São João Paulo
II aprofunda a reflexão sobre a transformação de Maria no amor:
aos pés da Cruz, foi-se realizando, ao mesmo tempo, com as
suas ações e os seus sofrimentos, a sua cooperação materna e
esponsal em toda a missão do Salvador. Ao longo do caminho
de tal colaboração com a obra do Filho-Redentor, a própria
maternidade de Maria veio a conhecer uma transformação
singular, sendo cada vez mais cumulada de «caridade ardente»
para com todos aqueles a quem se destinava a missão de
Cristo. Mediante essa «caridade ardente», visando cooperar, em
união com Cristo, na restauração «da vida sobrenatural nas
almas», Maria entrava de modo absolutamente pessoal na única
mediação «entre Deus e os homens», que é a mediação do
homem Cristo Jesus.[94]

No Calvário, a preparação de Maria chegou ao fim. Ela recebeu


em plenitude o dom da mediação e da maternidade espiritual
universal, que é uma cooperação única com a obra redentora de
Cristo e uma participação em Sua mediação.
Após a morte de Jesus na Cruz, só temos notícia de Maria
exercendo sua nova maternidade no dia anterior à festa de
Pentecostes, quando os apóstolos, reunidos com “as mulheres, entre
elas Maria, mãe de Jesus, e os irmãos dele” (At 1,14), dedicavam-se
à oração no Cenáculo. João Paulo II diz sobre essa passagem:
“Vemos Maria implorando, com suas orações, o dom daquele
Espírito que já tinha estendido sobre ela sua sombra, na
Anunciação”.[95] Ele também afirma que Maria é a “presença
discreta, mas essencial” que indica a via do “nascimento do Espírito”,
primeiro na Anunciação e agora no nascimento da Igreja.
A nova maternidade espiritual de Maria está profundamente
vinculada à Igreja; “ela coopera com amor de mãe para a
regeneração e formação dos filhos e filhas da mãe Igreja”.[96] Esse
nascimento e esse desenvolvimento têm como fonte a vida
sacramental da Igreja, na qual a mediação maternal de Maria é
especialmente presente. Por exemplo, Maria com certeza atua e
intercede junto com seu Esposo, o Espírito Santo, quando Ele nos
transforma em membros do Corpo de Cristo no Batismo. Além disso,
ela também está presente e ativa, junto com seu Esposo, na Missa,
onde se torna presente o “verdadeiro corpo de Cristo nascido da
Virgem Maria”.[97] Por causa da centralidade da Eucaristia na fé e na
vida dos cristãos, Maria está sempre se esforçando para fazer com
que os fiéis se aproximem deste Sacramento.
Ao terminarmos a reflexão de hoje, que encerra os três dias do
“retiro sobre a maternidade espiritual de Maria”, temos de recordar
um ponto importante: a nova maternidade de Maria não é algo vago
ou abstrato. É algo concreto e pessoal, e apesar de ser universal, é
também algo profundamente particular. Maria é sua mãe. Ela é
minha mãe. Nesta perspectiva, João Paulo II considera relevante o
fato de a nova maternidade de Maria no Calvário ser expressa no
singular (“Eis aí teu filho”, e não “Eis aí teus bilhões de filhos
espirituais”). O Papa atinge o âmago desse fato quando diz: “Mesmo
quando uma só «mulher» é mãe de muitos filhos, a sua relação
pessoal com cada um deles caracteriza a maternidade na sua
própria essência”.[98] Em suma: Maria de um modo único, particular e
pessoal é sua mãe e minha mãe e ela não nos perde na multidão.
Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Muito obrigado pelo dom de Maria, minha mãe amável.
27º Dia
Confiar-se a Maria (primeira parte)
Agora que terminamos nosso breve retiro de três dias com Maria,
deveríamos ter uma compreensão mais clara da mediação materna
de Maria. Essa mediação maternal é a chave que abre
completamente a teologia da consagração mariana. Como já
estamos de posse dessa chave, estamos prontos para aprender
exatamente o que São João Paulo II entende por consagração
mariana, ou, como ele costumava dizer, “confiar-se a Maria”. Antes
de tudo, temos de voltar ao pé da Cruz.
“Mulher, eis aí teu filho.” Com essas palavras, Jesus está
confiando toda a humanidade aos cuidados maternais de Maria. Ele
a torna mãe espiritual de todos, e como aprendemos ontem, Maria
aceitou esse dom de modo pleno e com um “amor ardente”.
Em seguida, Jesus se dirige a João, o discípulo amado, que
representa todos nós: “Eis aí tua mãe.” Nesse momento, Jesus nos
dá um dom, o grande dom de Sua mãe como nossa mãe espiritual.
Nós aceitamos esse dom? Sim. Ao menos estamos tentando fazê-lo
(caso contrário, não estaríamos fazendo este retiro). De que modo
nós aceitamos isso? Esta é uma questão crucial.
De acordo com São João Paulo II, o seguinte trecho do
Evangelho nos diz como devemos aceitar Maria como nossa mãe
espiritual: “E dessa hora em diante o discípulo a levou para sua
casa” (Jo 19,27). O Papa descreve essa ação com uma palavra:
“confiar-se”. Vemos um exemplo disso na pessoa de João, que
confiou-se a Maria, que por sua vez foi confiada a João por Cristo:
“Eis aí tua mãe.” O confiar-se de João a Maria é sua resposta à
ordem de Cristo na Cruz, mas isso não é tudo. É também uma
resposta ao “amor ardente” de Maria por nós: “confiar-se é a
resposta ao amor de uma pessoa, e particularmente ao amor de uma
mãe”. Mais adiante, João Paulo II descreve a natureza deste confiar-
se a Maria:
Confiando-se filialmente a Maria, o cristão, como o Apóstolo
São João, acolhe «entre as suas coisas próprias» a Mãe de
Cristo e introdu-la em todo o espaço da própria vida interior, isto
é, no seu «eu» humano e cristão: «levou-a para sua casa».
Assim procura entrar no âmbito de irradiação em que se atua
aquela «caridade materna», com que a Mãe do Redentor «cuida
dos irmãos do seu Filho», para cuja regeneração e formação ela
coopera», segundo a medida do dom própria de cada um, pelo
poder do Espírito de Cristo. Assim se vai atuando também
aquela maternidade segundo o Espírito, que se tornou função de
Maria ao pé da Cruz e no Cenáculo.[99]
Esse confiar-se a Maria, que, como o Papa diz de um modo muito
belo, é o ato de “trazer Maria para o lar”, deveria ser compreendido
como seguir o exemplo do próprio Cristo – Ele por primeiro confiou-
se a Maria na Anunciação e depois ao longo de Sua Vida Oculta – e
esta é a Sua vontade para os Seus discípulos. Afinal de contas, Ele
mesmo inaugura esse confiar-se: “Eis aí tua mãe.” Mas por que
Cristo faz isso? Será que Ele quer se distanciar de nós? Não. Ele
nos aproxima de Si ao entregar-nos àquela que lhe foi mais próxima:
a mesma que conduz tudo a Ele: “Fazei o que Ele vos disser.”
Maria quer operar em todos aqueles que se confiam a ela como
crianças. Diz o Papa: “E é sabido que quanto mais estes filhos
perseveram na atitude de entrega e mais progridem nela, tanto mais
Maria os aproxima das «insondáveis riquezas de Cristo».”[100]
Digamo-lo novamente: isso acontece dessa forma por causa da
singular proximidade de Maria em relação a Cristo e por causa do
papel especial que ela tem de trazer os outros para a intimidade que
ela tem com Ele.
Amanhã veremos como essa proximidade de Maria em relação a
Cristo, particularmente na Sua consagração por nós, nos ajuda a
fazer nossa própria consagração a Cristo. Este é o verdadeiro
propósito pelo qual nos entregamos a Maria: para que ela nos
aproxime ainda mais de Cristo por meio de suas orações poderosas
e de seu amor maternal.

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Preparai-me para que eu possa confiar-me completamente a
Maria a fim de que ela me aproxime ainda mais de Cristo.
28º Dia
Confiar-se a Maria (segunda parte)
Retornemos a Fátima, onde iniciamos esta semana, mas desta
vez na companhia de São João Paulo II.
Exatamente um ano depois de ser baleado na Praça de São
Pedro, São João Paulo II foi a Fátima “para agradecer pelo fato de a
misericórdia de Deus e a proteção da Mãe de Cristo” terem salvado
sua vida.[101] Naquela ocasião, ele proferiu uma homilia tão profunda,
que é uma fonte rica da teologia da consagração e confiança
mariana. A íntegra da homilia e do Ato de Confiar-se são muito
longos para serem citados aqui. Portanto, terei de resumi-los. Para
ser mais específico, extrairei deles a associação que o Papa faz
entre a consagração a Maria, a Divina Misericórdia e a consagração
redentora de Cristo. Comecemos pela associação entre Maria e a
Divina Misericórdia.
Antes de iniciarmos, é necessário dizer algumas coisas sobre a
Divina Misericórdia: (1) De acordo com João Paulo II, a Divina
Misericórdia é o limite imposto por Deus ao mal, o amor de Deus
perante o mal; (2) a Divina Misericórdia é simbolizada pelo lado
trespassado de Cristo e pelo sangue e água que jorraram dele; (3)
uma parte essencial da devoção moderna à Divina Misericórdia é o
Terço da Misericórdia, que oferece reparação e implora a
misericórdia pelos nossos pecados e os do mundo inteiro. Veja a
seguir como esses três aspectos da Divina Misericórdia ocupam o
lugar central da mais importante homilia do Papa sobre a
consagração mariana.
O contexto da homilia é o mal generalizado, “quase apocalíptico”,
de nossa época, um mal que “ameaça”, que “se difunde” e paira
“como uma nuvem negra sobre a humanidade”. O Papa confessa
que esse mal deixa o coração dele “apreensivo”. Apesar disso, ele
encontra esperança num “Amor mais poderoso que o mal”, que
“nenhum pecado do mundo jamais poderá superar”. Ele chama esse
Amor de “Amor misericordioso”.[102]
O que dizer desse Amor misericordioso? O que ele tem a ver com
a consagração mariana? Tudo. Ele tem tudo a ver com a
consagração porque Maria é aquela que nos leva à fonte do Amor
misericordioso. Maria é aquela que nos leva ao amor que é mais
poderoso que o mal. Na verdade, como João Paulo II diz em sua
homilia, consagrar-se ao Imaculado Coração significa “aproximar-se,
pela intercessão da Mãe, da própria Fonte da Vida que brotou do
Gólgota”.[103] O que é essa fonte da vida? O Papa a chama de
“Fonte de Misericórdia”.[104] É o lado trespassado de Cristo, do qual
jorraram sangue e água como fontes de graça e misericórdia. É por
meio dessa ferida no Coração de Jesus que “a reparação pelos
pecados do mundo é feita continuamente”. Além disso, é por meio
dessa Fonte de Misericórdia que encontramos “uma fonte
inesgotável de vida nova e santidade”.[105]
Em seguida, o Papa explica que consagrar-se ao Imaculado
Coração de Maria significa “retornar à Cruz do Filho”. Significa
conduzir o mundo e todos os seus problemas e sofrimentos ao
“Coração trespassado do Salvador” e, portanto, “à própria fonte de
sua Redenção”. Significa conduzir o mundo, por meio de Maria, à
Divina Misericórdia! O poder da Redenção, o poder do Amor
misericordioso “é sempre maior que o pecado do homem e o pecado
do mundo”, e é “infinitamente superior a toda a extensão do mal no
homem e no mundo”.
Ora, Maria conhece melhor que ninguém o poder da Redenção, o
poder do Amor misericordioso. Na verdade, João Paulo II diz que ela
conhece esse poder “mais que qualquer outro coração em todo o
universo, visível e invisível”. Portanto, ela nos chama não apenas à
conversão, mas a “aceitar sua ajuda maternal para retornarmos à
fonte da Redenção”. Pois, novamente, o papel de Maria é nos
conduzir à Fonte de Misericórdia, ao lado trespassado de Cristo, ao
Seu Coração Misericordioso.
Portanto, consagrarmo-nos a Maria significa, em essência,
“aceitar sua ajuda para oferecermo-nos – e a humanidade inteira”[106]
– ao Deus infinitamente Santo. Significa confiarmo-nos àquela que
esteve mais profundamente unida à própria consagração de Cristo:
“Louvada sejas tu que estás plenamente unida à consagração
redentora de teu Filho!”[107] Significa confiarmo-nos às orações de
Maria, para que ela possa “nos ajudar a viver toda a verdade da
consagração de Cristo por toda a família humana do mundo
moderno”.[108] Em outras palavras, consagrarmo-nos a Maria
significa confiar em sua intercessão maternal para que ela nos ajude
a oferecermo-nos mais plenamente a Cristo em Sua própria
consagração redentora.
Depois de colocar a si mesmo e o mundo nas mãos e no Coração
de Maria, depois de dar-se àquela que está mais plenamente unida à
consagração de Jesus, o Papa reza o núcleo de seu ato de
confiança. Como conclusão, proponho que o meditemos
profundamente em nossos corações:
Porque Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o Seu
Filho unigénito, para que todo aquele que n’Ele crer, não pereça,
mas tenha a vida eterna (Jo 3,16).
Precisamente este amor fez com que o Filho de Deus se
tenha consagrado a si mesmo: “Eu consagro-me por eles, para
eles serem também consagrados na verdade” (Ibid. 17, 19).
Em virtude desta consagração, os discípulos de todos os
tempos são chamados a empenhar-se pela salvação do mundo,
a ajuntar alguma coisa aos sofrimentos de Cristo em benefício
do Seu Corpo, que é a Igreja (Cf. 2Cor 12,15; Col 1,24).
Diante de Vós, Mãe de Cristo, diante de Vosso Coração
Imaculado, desejo eu, hoje, juntamente com toda a Igreja, unir-
me com o nosso Redentor nesta sua consagração pelo mundo e
pelos homens, a qual só no seu Coração divino tem o poder de
alcançar o perdão e de conseguir a reparação.[109]

Oração de hoje:
Vinde, Espírito Santo, que viveis em Maria.
Fazei que eu mergulhe na Fonte de Amor e Misericórdia com
Maria e por meio de Maria.
últimos cinco dias
Síntese e revisão

Ao longo das últimas quatro semanas, nós refletimos sobre a


essência da consagração mariana e analisamos muitos textos.
Embora nosso programa diário de meditação sobre os textos tenha
nos ajudado digerir parte das informações, ainda podemos ir mais a
fundo. Para fazer isso, precisamos do que o Papa João Paulo II
chama de “sábia capacidade de Maria para se lembrar e acolher com
um único olhar de fé”.[110] Podemos desenvolver essa “sábia
capacidade” continuando o que temos feito desde o início, isto é,
meditando em nossos corações (ver Lc 2,19), mas agora com um
foco mais refinado.
Para que obtenhamos esse foco mais refinado, para cada
semana do retiro escolhi três palavras que resumem um determinado
ensinamento de uma semana. Portanto, ao longo dos próximos
quatro dias, refletiremos sobre três palavras em cada dia, meditando
sobre seu sentido para a consagração mariana. Tenho certeza de
que se nos dedicarmos a essa oração meditativa mais refinada,
conseguiremos acolher a verdade da consagração mariana “com um
único olhar da fé”. Após esses quatro dias de revisão, faremos uma
síntese do que aprendemos com uma única fórmula de consagração
que vise capturar a essência da consagração mariana.
29º Dia
São Luís Maria Grignion de Montfort
Três palavras resumem o que aprendemos com São Luís de
Montfort: (1) Paixão, (2) Batismo e (3) Dom.
Meditemos sobre cada uma delas.
Paixão
Lembre-se de que São Luís herdou o temperamento inflamado de
seu pai. Isso poderia ter provocado um desastre, mas São Luís
consagrou-se a Jesus por Maria. Ele permitiu que Maria assumisse o
controle da vida dele para que fizesse dela o que bem entendesse. E
o que Maria fez com ele? Ela o inflamou. Ela transformou a ira
impura dele em um fogo santo e ardente. Ela agiu com seu Esposo,
o Espírito Santo, para encher São Luís de paixão e zelo por Cristo.
Então, ele inflamou toda a Bretanha com o amor a Jesus, a
Sabedoria Encarnada – mas não apenas a Bretanha. A doutrina
inspiradora de São Luís resplandeceu ao longo dos séculos,
inflamando santos, papas e até pobres pecadores com um amor
ardente por Deus.
Talvez não tenhamos nascido com o temperamento inflamado de
São Luís, mas todos nós poderíamos usar uma parcela de seu
espírito zeloso. Poderíamos usar uma maior efusão do Espírito
Santo, que incendeia as almas e as enche com um fogo santo. Como
nós pedimos esse fogo? Como pedimos que ele desça até nós?
Imitando o exemplo de São Luís de ir até Maria, depender dela e
permanecer com ela. Pois, como o próprio santo diz, quando o
Espírito Santo, Esposo de Maria, encontra uma alma unida a ela,
“Ele voa para lá, entra plenamente e comunica-se a essa alma
abundantemente e na mesma medida em que ela dá lugar a Maria”.
[111] O Espírito Santo quer operar Suas maravilhas também nos dias
de hoje. Ele quer formar novos santos, grandes santos. Então, por
que Ele o faz tão raramente? De acordo com São Luís, isso acontece
porque Ele raramente vê em nós uma união suficientemente
profunda com Maria.
Neste esforço final rumo ao Dia da Consagração, que possamos
nos entregar zelosa e plenamente a Maria e permitir que o Espírito
Santo voe até nós e nos encha com um fogo santo e uma paixão
santa.

Batismo
São Luís coloca sua devoção a Maria justamente dentro do
mistério de Cristo. O melhor exemplo é o modo como ele inicia sua
fórmula de consagração com uma renovação das promessas
batismais, pois o Batismo está essencialmente vinculado a Cristo.
Neste sacramento nós somos transformados em membros do Corpo
de Cristo, tornamo-nos “outros Cristos”.
O Batismo também tem a ver com o Espírito Santo. Digo isso
porque foi o Espírito Santo quem primeiro formou Cristo, e é Ele
quem continua a formar outros Cristos – os membros do Corpo de
Cristo – em cada Batismo.
Ora, quem o Espírito Santo usa para formar Cristo? Ele usa
Maria, embora Ele não dependa dela em nada. Então, por exemplo,
ele usou Maria na Anunciação, levando ao nascimento de Jesus
Cristo Nosso Salvador. Ele usou Maria no dia de Pentecostes,
levando ao nascimento do Corpo de Cristo, a Igreja. Ele usou Maria
em cada Batismo, o que leva ao nascimento de “outros Cristos”,
membros de Seu Corpo. O Espírito Santo sempre usa Maria para dar
à luz a Cristo! E quanto mais Ele encontra uma alma unida a Maria,
“mais operante e poderoso se torna para produzir Jesus Cristo nessa
alma, e essa em Jesus Cristo”.[112]
Portanto, é justo que São Luís queira que renovemos nossas
promessas batismais ao nos entregarmos a Maria. Pois é função
dela, junto com o Espírito Santo, levar à plenitude a graça do
Batismo, já que ele não é o fim, mas um início maravilhoso, uma
nova e gloriosa manhã. É verdade que ele nos transforma, tornando-
nos membros do Corpo de Cristo, mas há mais a ser feito. O Batismo
é uma realidade que ainda não chegou à plenitude. Ele já nos inseriu
em Cristo (como membros de Seu Corpo), embora ainda não
estejamos plenamente formados em Cristo. Depois do Batismo,
ainda temos de crescer em Cristo, e é função de Maria acompanhar
e nutrir esse crescimento, junto com o Espírito Santo. Portanto, a
devoção a Maria ensinada por São Luís de modo algum “nos afasta
de Cristo”.[113] O único objetivo de Maria é nos aproximar de Cristo a
ponto de podermos dizer com São Paulo: “Não sou eu que vivo, mas
é Cristo que vive em mim” (Gl 2,20). O único objetivo da verdadeira
devoção a Maria é a nossa contínua transformação em Cristo após o
Batismo.

Dom
Se tivermos a coragem de entregarmo-nos completamente a
Maria, viveremos a consagração mariana como um dom
inacreditável. Além disso, quanto mais nos entregarmos a ela, mais
experimentaremos a grandeza desse dom.
Nós damos, e em troca ela dá infinitamente mais. Damos a ela
nossa natureza pecadora, e ela nos dá seu Imaculado Coração.
Damos a ela nossos méritos escassos, e ela não apenas os aumenta
e purifica com seu perfeito amor, mas nos dá seus méritos e graças,
infinitamente maiores. Ficamos vazios depois de entregarmos tudo a
Maria, e ela nos enche com o Espírito de Deus. Ela cuida de nossa
família, dos nossos amigos e das pessoas que amamos – ainda
melhor do que nós mesmos podemos fazê-lo. Ela prevê nossas
necessidades e ordena cada detalhe de nossas vidas para a maior
glória de Deus. Quando trilhamos o caminho da santidade junto dela,
ele se torna um “caminho de rosas e mel”, ao contrário de quando o
trilhamos sem nos consagrarmos a ela. Na verdade, ela torna mais
suaves nossas cruzes e tribulações. Ademais, ela nos protege das
tentações e dos ataques do maligno.
Pertencer completamente a Maria é o caminho mais rápido, fácil
e seguro para alcançar Jesus. Se compreendêssemos plenamente a
grandeza do dom da consagração a Jesus por Maria, quase nunca
deixaríamos de sorrir e louvar a Deus por tê-lo recebido.

Oração de hoje:
Passe o dia meditando sobre a doutrina mariana de São Luís
resumida por estas três palavras: Paixão, Batismo e Dom.
30º Dia
São Maximiliano Kolbe
Três palavras resumem o que aprendemos com São Maximiliano
Kolbe: (1) Mistério, (2) Milícia e (3) Amor. Meditemos sobre cada uma
delas.

Mistério
Quem és tu, ó Imaculada Conceição? São Maximiliano oferece-
nos uma chave para esse mistério: o Espírito Santo é a Imaculada
Conceição incriada, e Maria é a Imaculada Conceição criada. Ela
está perfeitamente unida ao Espírito Santo, porque foi concebida
sem pecado, jamais pecou e sempre cumpre com perfeição a
vontade de Deus. Ela permite que o Espírito Santo a cubra, tome
posse de sua alma e dê frutos por meio dela. O Espírito Santo se
alegra por agir sempre em e por meio de Maria para salvar todas as
outras criaturas feitas à imagem de Deus, primeiro realizando a
Encarnação no ventre dela e, em seguida, usando-a para formar a
imagem de seu Filho em todos os batizados. Embora Kolbe nos
forneça a chave do mistério, ele não o desvenda plenamente. Em
vez disso, ele nos convida a meditar mais profundamente sobre a
relação entre Maria e o Espírito Santo, uma relação ainda mais
profunda que a do matrimônio.
Milícia
O nome “Maximiliano” significa “o maior”. São Maximiliano Kolbe
recebeu esse nome porque os superiores dele reconheceram seus
grandes dons naturais e espirituais. Ele o aceitou porque isso
correspondia ao coração dos corações: “Não quero apenas render a
Deus uma grande glória, mas a maior glória possível.”
Kolbe reconhecia que o melhor caminho para glorificar a Deus é
unir-se à criatura que O glorifica da maneira mais perfeita: Maria
Imaculada. Ele também entendia que a maneira de render a Deus a
maior glória possível não era fazê-lo como uma só pessoa, mas junto
com exército (“Milícia”) de pessoas que rendem a Deus a maior
glória possível. Na verdade, ele queria que esse exército da
Imaculada (Militia Immaculata) levasse o mundo inteiro a render a
Deus a maior glória possível, por meio dela e o mais rápido possível.
Embora a meta do projeto de Kolbe seja a conversão do mundo
inteiro, ele deve começar por alguém. Primeiro essa pessoa tem de
se entregar completamente à Imaculada como posse e propriedade
dela, permanecendo unida a ela e inteiramente dependente dela. Em
seguida, terá de inspirar outros para que se entreguem a ela e vivam
em total dependência dela, de modo que ela possa usá-los como
instrumentos consagrados para levar o mundo inteiro ao Coração
Misericordioso de Jesus.
“Por meio da Imaculada, atingiremos o objetivo final da Militia
Immaculata, isto é, render a Deus a maior glória possível.”[114]

Amor
Kolbe estava unido a Maria por uma dependência de amor. Ele
diz que também devemos amar a Imaculada. Como? Confiando em
sua poderosa intercessão, experimentando seu cuidado maternal,
falando com ela em nossos corações, permitindo que ela nos guie,
recorrendo a ela em todas as coisas e confiando nela
completamente. Lembre-se destas palavras: “Meus queridos irmãos,
nossa mãezinha, Maria Imaculada, pode fazer tudo por nós. Somos
filhos dela. Voltem-se para ela, pois ela resolverá tudo.”[115]
Quando experimentarmos o cuidado maternal de Maria por nós,
poderemos amá-la ainda mais. Porém, temos de falar com ela,
temos de pedir a ela. E se mesmo após tantos sinais de amor e
cuidado ainda conseguirmos amar a Imaculada ou perceber o quanto
ela nos ama? Kolbe explica:
Não se preocupem se não sentirem esse amor. A simples
vontade de amar já é uma prova de amor. O que importa é a
vontade de amar. O sentimento externo é também fruto da
graça, mas ele nem sempre acompanha a vontade. Às vezes,
meus caros, este pensamento, um triste anseio semelhante a
uma súplica ou a uma queixa, pode lhes ocorrer: “A Imaculada
ainda me ama?” Meus filhos muito amados! Digo a todos e a
cada um individualmente, em nome dela (veja bem: em nome
dela!): ela ama cada um de vocês. Ela ama muito todos vocês a
todo momento e sem exceção alguma. Repito isso a vocês em
nome dela.[116]

Oração de hoje:
Passe o dia meditando sobre a doutrina mariana de São
Maximiliano resumida por estas três palavras: Mistério, Milícia e
Amor.
31º Dia
Santa Teresa de Calcutá
Três palavras resumem o que aprendemos com Madre Teresa:
(1) Sede, (2) Coração e (3) Aliança. Meditemos sobre cada uma
delas.

Sede
A Santíssima Virgem (junto de São João e, tenho certeza,
também de Maria Madalena) foi a primeira pessoa a escutar
Jesus clamando “tenho sede”. Por ter estado presente no
Calvário, ela sabe quão real e quão profundo é o desejo que Ele
sente por vós e pelos pobres. E nós? Também sabemos disso e
o sentimos tanto quanto ela? Pedi ajuda a ela, pois seu papel é
vos colocar face a face – tal como João e Madalena – com o
amor presente no Coração de Jesus crucificado. Outrora a
Santíssima Virgem suplicou à Madre; agora é a Madre que
suplica a vós, em nome dela: “dai atenção à sede de Jesus”.
Tentemos, de um modo especial, chegar o mais perto
possível do Coração de Jesus a fim de tentar compreender o
mais que pudermos a terrível dor que nossos pecados causaram
em Jesus e a Sua Sede por nosso amor (...) Graças a Deus
Nossa Senhora esteve presente [no Calvário] para compreender
plenamente a sede de Jesus por amor. Ela deve ter dito
imediatamente: “eu sacio Tua sede com meu amor e com o
sofrimento do meu coração”.
Portanto, peçamos a Nossa Senhora que nos ajude a
compreender.
Coração
Uma chave para compreendermos a doutrina de Madre Teresa
sobre a consagração é o “coração”, particularmente o Imaculado
Coração. Lembre-se das duas orações que ela dirigia a Maria: “Dai-
me o vosso coração” e “guardai-me em vosso puríssimo coração”.
Lembre-se também de como é importante imitarmos o coração
contemplativo de Maria. Comecemos com as duas orações e em
seguida revisemos a postura contemplativa de Maria.
Dai-me o vosso coração. Com essa oração, Madre Teresa pedia
a Nossa Senhora que lhe desse o amor presente no coração dela.
Em outras palavras, ela diz: “Maria, ajudai-me a amar com o amor
perfeito de vosso Imaculado Coração”. Lembre-se: o desejo ardente
de Madre Teresa era saciar a sede de Jesus por amor, e ela queria
fazer isso da melhor maneira possível. Haverá melhor forma de amar
Jesus do que com o coração perfeito, humilde e imaculado de Sua
mãe? Madre Teresa encontrou aqui o segredo de como viver
plenamente sua vocação: “Maria, dai-me o vosso Imaculado
Coração.”
Guardai-me em vosso puríssimo coração. Ou, dito de modo mais
completo, reza-se: “Imaculado Coração de Maria, guardai-me em
vosso puríssimo coração, para que eu possa agradar a Jesus por
meio de vós, em vós e convosco.”[117] Esta parte da consagração de
Madre Teresa a Maria é a mais profunda. Ela não pede apenas que o
coração de Maria permaneça nela, mas que ela permaneça no
coração de Maria! Portanto, esta é uma oração para amar a Jesus
por Maria, em Maria e com Maria. Compreender e viver isso exige de
nós uma dependência amorosa e uma profunda união com Maria.
Isso é expresso de modo mais completo na próxima seção
(“aliança”).
Coração contemplativo. Madre Teresa desenvolveu uma “atitude
de gratidão” ao seguir o exemplo de Maria, que estava sempre
“meditando em seu coração” as “coisas boas” que o Senhor fazia em
sua vida (Lc, 2,19;51). Madre Teresa seguiu especificamente esse
exemplo por meio de sua fidelidade ao exame de consciência. Em
outras palavras, no fim de cada dia, ela meditava em seu coração
todas as coisas boas que Deus lhe havia feito naquele dia, e depois
avaliava se estava ou não correspondendo ao amor Dele.

Aliança
Movido(a) por um ardente desejo de viver convosco na união
mais perfeita possível nesta vida, para que possa me unir ao
vosso Filho de modo mais pleno e seguro, eu pelo presente me
comprometo a viver o espírito e os termos da seguinte Aliança
de Consagração do modo mais generoso e fiel que puder.
Deveres de Maria Meus deveres
1. Entregar tudo o que sou e tudo o
1. Dar seu espírito e coração.
que tenho.
2. Possuir-me, proteger-me e transformar-
2. Total dependência dela.
me.
3. Capacidade de corresponder ao
3. Inspirar-me, guiar-me e iluminar-me.
espírito dela.
4. Compartilhar sua experiência de oração e
4. Fidelidade à oração.
louvor.
5. Responsabilizar-se por minha
5. Confiança na intercessão dela.
santificação.
6. Responsabilizar-se por tudo o que
6. Aceitar tudo como vindo dela.
acontecer comigo.
7. Compartilhar as virtudes dela comigo. 7. Imitar o espírito dela.
8. Socorrer-me em minhas necessidades
8. Recorrer constantemente a ela.
espirituais e materiais.
9. Lembrar sempre da presença
9. Unir-me ao coração dela.
dela.
10. Pureza de intenção;
10. Purificar a mim e as minhas ações.
abnegação.
11. Direito a dispor de mim, de minhas 11. Direito a servir-me dela e de
orações, intercessões e graças. suas energias em prol do reino.
12. Total liberdade em mim e em meu 12. Direito a entrar no coração dela
entorno, já que ela se alegra em todas as coisas. para participar de sua vida interior.

Oração de hoje:
Passe o dia meditando sobre a doutrina mariana de Madre Teresa
resumida por estas três palavras: Sede, Coração e Aliança.
32º Dia
São João Paulo II
Três palavras resumem o que aprendemos com São João Paulo
II: (1) Mãe, (2) “Confi-gração” e (3) Misericórdia. Meditemos sobre
cada uma delas.

Mãe
A doutrina de João Paulo II sobre a consagração mariana está
revestida não apenas da autoridade dele, mas também da autoridade
de um Concílio Ecumênico, por que ele repete e aprofunda a
doutrina do Vaticano II sobre Maria. Portanto, a doutrina dele
representa a mente e o coração da Igreja atualmente, e deveríamos
prestar bastante atenção nela. Então, qual é o ensinamento central
da Igreja sobre Maria? Ela destaca a mediação maternal de Maria.
Ela diz que Maria é nossa mãe na ordem da graça. Ela proclama a
Boa-Nova de que Deus nos deu uma mãe espiritual que cuida, com
amor e oração, de nosso crescimento na graça e na santidade. Essa
nova maternidade de Maria na vida da Igreja, na vida de cada um de
nós, é o belo, consolador e permanente pano de fundo para tudo o
que dissemos sobre a consagração mariana, que São João Paulo II
costumava chamar de “confiar-se”.
“Confi-gração”
Vendo Maria ao pé da Cruz junto de João, Seu discípulo amado,
Jesus disse: “Mulher, ei aí teu filho.” Em seguida, disse a João: “Eis
aí tua mãe” (Jo, 19,26-27). Essas palavras resumem o que já vimos
no ponto anterior: Maria é nossa mãe espiritual. Depois lemos no
seguinte versículo: “E dessa hora em diante o discípulo a levou para
a sua casa.” Este é o coração de nossa resposta ao fato de Jesus ter
nos confiado Maria como nossa mãe: estamos também confiando-
nos a ela, levando-a para “nossa casa”. Em outras palavras, temos
de trazê-la para nossa vida interior, para tudo o que nos diz respeito.
Temos de deixar que ela participe de nossas alegrias e tristezas,
esperanças e medos, planos e atividades.
Quando permitimos que Maria entre em nossas vidas, quando
nos confiamos ao seu cuidado, ela intercede por nós, nos consola e
nos dá coragem e força para que nos unamos de modo mais pleno à
própria consagração que Jesus fez de si mesmo pela vida do mundo.
Em outras palavras, ela nos leva à Cruz de Jesus, que é o sentido
último da autoconsagração de Jesus, e ela nos inspira a devotarmo-
nos à salvação do mundo, a fazer a nossa parte na obra de
redenção. Quando tomamos nossa cruz e passamos a viver na
própria consagração de Cristo, podemos ficar espiritualmente
sedentos, desolados e cansados. É nesse momento que Maria nos
conduz ao lado trespassado de Cristo, a Fonte de Misericórdia, onde
encontramos uma fonte inesgotável de força e santidade.
Portanto, para São João Paulo II, a confiar-se a Maria nos conduz
à nossa consagração a Cristo. Em outras palavras, alguém poderia
dizer que se trata de um movimento de “Confi-gração”.

Misericórdia
Enfim, a consagração mariana nos leva à Divina Misericórdia.
Atos de consagração ao Imaculado Coração de Maria levam a atos
de confiança no Coração Misericordioso de Jesus. Vemos isso na
história de Fátima e de São João Paulo II, e particularmente na
homilia que o Papa proferiu em sua peregrinação a Fátima em 1982,
uma peregrinação de agradecimento “à misericórdia de Deus e à
Mãe de Cristo” por terem salvado a vida dele.
Naquela homilia, o Papa mostrou diversas vezes como a
consagração mariana nos conduz ao Coração trespassado de Jesus,
a Fonte da Misericórdia. Esse vínculo pertence à vontade de Jesus,
que disse à Irmã Lúcia em 1936 que deseja a consagração ao
Coração de Maria “porque quero que minha Igreja inteira reconheça
aquela consagração [que minha mãe pediu em Fátima] como um
triunfo do Imaculado Coração de Maria, para que ela [a Igreja]
dissemine a veneração a esse Imaculado Coração e a ponha ao lado
da devoção ao Meu Sagrado Coração”.[118] Jesus quer ampliar a
veneração e a devoção ao Imaculado Coração de Maria porque ela
nos conduz a Ele de modo mais perfeito e nos ajuda a acolher a
infinita misericórdia de Seu Coração.
Oração de hoje:
Passe o dia meditando sobre a doutrina mariana de São João
Paulo II resumida por estas três palavras: Mãe, “Confi-gração”,
Misericórdia.
33º Dia
Ordenando todas as partes
Ao longo dos últimos quatro dias, nós revisamos as quatro
semanas anteriores de nosso retiro. Durante esses dias, nós não
apenas revisamos o material, mas também começamos a ordenar
tudo o que aprendemos. Eu disse que começamos a ordenar tudo.
Provavelmente, ainda não atingimos um ponto em que podemos
compreender “com um único olhar” – como disse São Paulo II – a
multiforme verdade sobre a consagração mariana. Para chegarmos a
esse ponto, talvez seja útil uma declaração unificadora, semelhante
ao “Princípio e Fundamento” que Santo Inácio estabeleceu para
resumir, esclarecer e dar foco à sua espiritualidade.
Na verdade, creio que precisamos de mais do que uma
declaração. Precisamos de uma oração, algo que possamos repetir
com frequência, inclusive diariamente, que não apenas nos ajude a
recordar o sentido de nossa consagração, mas de fato expresse o
dom de nós mesmo a Jesus por Maria.
Embora muitos dos santos com os quais aprendemos ao longo
das últimas semanas tenham escrito excelentes orações ou
“fórmulas” de consagração, não as apresentarei aqui. (Se tiver
interesse em usá-las, você pode encontrá-las no Apêndice 1). Em
vez disso, apresentarei aqui uma versão atualizada da oração de
consagração, combinando todas as compreensões sobre os quais
meditamos durante o retiro. Embora eu não seja um santo, sinto-me
confiante para fazer isso porque recorro das palavras e das ideias
dos quatro santos marianos de nosso retiro. Além disso, sinto-me
encorajado a compor essa nova oração por causa das palavras
proferidas pelo Papa Pio XII na canonização de São Luís de
Montfort:

A verdadeira devoção busca essencialmente a união com


Jesus sob a orientação de Maria. A forma e a prática dessa
devoção podem variar de acordo com a época, lugar e
preferência pessoal. Dentro dos limites da doutrina sã e segura,
da ortodoxia e da dignidade de culto, a Igreja deixa aos seus
filhos uma justa margem de liberdade. Ela tem consciência de
que a verdadeira e perfeita devoção a Nossa Senhora não está
vinculada a nenhum modo específico de modo que um possa
reclamar um monopólio em relação aos outros.[119]

Inspirando-me nessas palavras e valendo-me da liberdade que o


Papa nos dá, proponho a seguinte versão atualizada da oração de
consagração, que visa captar a essência do que aprendemos
durante nosso retiro. Se ela não se adequar às suas preferências,
não se preocupe. Você pode, livremente, escrever sua própria
oração ou usar outra escrita por algum santo. Seja como for, eis um
resumo do que aprendemos, uma declaração que é também uma
oração vinda do coração:

Eu, ________________ , pecador arrependido, renovo e


confirmo hoje, nas vossas mãos, ó Mãe Imaculada, as
promessas do meu Batismo. Renuncio a Satanás e disponho-me
a seguir Jesus Cristo ainda mais de perto do que antes.
Maria, eu vos dou meu coração. Rogo-vos que o incendieis
com amor a Jesus. Fazei-o sempre atento a sua abrasadora
sede de amor e de almas. Guardai meu coração em vosso
puríssimo Coração, para que eu possa amar a Jesus e aos
membros de seu Corpo com o vosso próprio amor perfeito.
Maria, eu me confio inteiramente a vós: meu corpo e minha
alma, meus bens interiores e exteriores, e o próprio valor de
todas as minhas boas obras. Rogo-vos fazei de mim, de tudo o
que sou e possuo, o que mais vos agradar. Deixai-me ser
instrumento útil em vossas mãos imaculadas e misericordiosas
para servir à maior glória de Deus. Se eu cair, peço-vos que me
guieis de volta a Jesus. Lavai-me no sangue e na água que
jorraram de seu lado perfurado, e ajudai-me a nunca perder a
confiança nessa fonte de amor e de misericórdia.
Convosco, ó Mãe Imaculada – que sempre fazeis a vontade
de Deus - eu me uno na perfeita consagração de Jesus, que se
oferece a si mesmo em Espírito ao Pai pela vida do mundo.
Amém.
Amanhã você se consagrará (ou renovará sua consagração)
completamente a Jesus por Maria. Isso é extraordinário! Para fazer
isso, porém, você precisará de uma oração de consagração. Quer
você use a que acabei de apresentar, alguma oração de um santo ou
sua própria oração, eu lhe encorajo a meditar hoje sobre o
significado dela. Essa meditação sobre a oração de consagração é
uma preparação perfeita para o Dia da Consagração.
A propósito, talvez você queira ler agora a primeira seção da
leitura de amanhã, intitulada “Antes da Consagração”.
Dia da Consagração
Um novo e glorioso amanhecer

Antes da Consagração
Parabéns! Você chegou ao Dia da Consagração. Agora prepara-
se para um novo amanhecer glorioso em sua vida espiritual.
Naturalmente, você já se preparou. Você se preparou fielmente para
este momento ao longo dos últimos 33 dias. Portanto, recomendo
três coisas a modo de preparação final: (1) Faça uma boa confissão
– mas se você não tiver tempo de fazê-la antes da consagração,
então diga ao Senhor, de coração, que você se arrepende de seus
pecados e faça uma resolução de confessar tão logo seja possível.
(2) Escreva ou imprima a oração de consagração, para que você
possa assiná-la depois de recitá-la. (3) Obtenha uma medalha
milagrosa para usar como sinal de sua consagração – ou ao menos
guarde uma em sua bolsa ou carteira. (Veja a explicação sobre a
medalha milagrosa no Apêndice 2). Essas três coisas são apenas
recomendações, ou seja, não são essenciais para a consagração.

Oração de Consagração
Muito bem, você está preparado(a) para fazer sua consagração.
Agora você precisará da oração adequada. Você pode usar a que
apresento abaixo, alguma escrita por um santo ou alguma que você
tenha escrito. Independentemente da oração que você escolher,
recomendo que a recite após participar da Missa ou mesmo após
receber a Eucaristia (se houver tempo). Se você não puder ir à
Missa, ainda assim poderá fazer a consagração – a Missa é
altamente recomendável, mas não é essencial [neste caso]. Com ou
sem a Missa, após recitar a oração de consagração, sugiro que
assine o papel, anote a data e o guarde em um local seguro.
(Quando eu renovo minha consagração anualmente, gosto de recitar
a oração a partir do original e, em seguida, assiná-la e datá-la outra
vez). Seja como for, eis novamente a Oração de Consagração de 33
Dias para um Amanhecer Glorioso, a qual resume as principais
ideias de nossos quatro gigantes marianos:

Eu, ________________ , pecador arrependido, renovo e


confirmo hoje, nas vossas mãos, ó Mãe Imaculada, as
promessas do meu Batismo. Renuncio a Satanás e disponho-me
a seguir Jesus Cristo ainda mais de perto do que antes.
Maria, eu vos dou meu coração. Rogo-vos que o incendieis
com amor a Jesus. Fazei-o sempre atento a sua abrasadora
sede de amor e de almas. Guardai meu coração em vosso
puríssimo Coração, para que eu possa amar a Jesus e aos
membros de seu Corpo com o vosso próprio amor perfeito.
Maria, eu me confio inteiramente a vós: meu corpo e minha
alma, meus bens interiores e exteriores, e o próprio valor de
todas as minhas boas obras. Rogo-vos fazei de mim, de tudo o
que sou e possuo, o que mais vos agradar. Deixai-me ser
instrumento útil em vossas mãos imaculadas e misericordiosas
para servir à maior glória de Deus. Se eu cair, peço-vos que me
guieis de volta a Jesus. Lavai-me no sangue e na água que
jorraram de seu lado perfurado, e ajudai-me a nunca perder a
confiança nessa fonte de amor e de misericórdia.
Convosco, ó Mãe Imaculada – que sempre fazeis a vontade
de Deus - eu me uno na perfeita consagração de Jesus, que se
oferece a si mesmo em Espírito ao Pai pela vida do mundo.
Amém.

Depois da Consagração
O que acontece depois de nos consagrarmos a Maria?
Recebemos muitas graças e vivemos um novo amanhecer glorioso!
Mas à medida que a manhã avança, podemos nos perguntar como
deveríamos viver nossa consagração. Será que a fazemos uma
única vez e depois a esquecemos? Não. Os três pontos seguintes
nos ajudarão a vivê-la plenamente: renovação, atitude e devoção.

Renovação
São Luís de Montfort recomenda que renovemos nossa
consagração ao menos uma vez por ano no mesma data, embora ele
nos encoraje a renová-la com uma frequência ainda maior. São João
Paulo II renovava sua consagração a Maria diariamente. Para a
renovação diária, podemos usar a mesma fórmula completa que
recitamos no Dia da Consagração ou podemos usar uma versão
mais breve, tal como esta:

Maria, minha Mãe, eu me entrego inteiramente a vós como


vossa posse e propriedade. Rogo-vos fazei de mim, de tudo o
que sou e possuo, o que mais vos agradar. Deixai-me ser
instrumento útil em vossas mãos imaculadas e misericordiosas
para servir à maior glória de Deus. Amém.

Outra maneira de renovar, e até aprofundar nossa consagração


Mariana, é fazer este retiro (33 Dias para um Amanhecer Glorioso)
com um grupo de sua paróquia. O retiro em grupo é uma maneira
extraordinária de enriquecer nossa compreensão sobre a
consagração mariana.
Atitude
Como deveríamos viver nossa consagração? Que tipo de “atitude
mariana” deveríamos ter? É difícil explicar isso integralmente, e isso
pode variar de pessoa para pessoa. Até nossos quatros santos
expressam isso de maneira diferente, mas mesmo assim eles nos
ensinam os aspectos essenciais.
São Luís de Montfort diz que não basta nos entregarmos a Maria
uma vez e em seguida seguirmos nosso caminho. Ele crê que
precisamos entrar no espírito da consagração, e isso requer uma
dependência interior de Maria. Em outras palavras, ele explica que
deveríamos fazer tudo “com Maria, em Maria, por Maria e para
Maria”[120] para que pudéssemos fazer tudo de modo mais perfeito
com Jesus, em Jesus, por Jesus e para Jesus. São Luís destaca
especialmente a ideia de fazer tudo “com Maria” e a descreve
usando uma linguagem que depois será adotada por São
Maximiliano Kolbe:

A prática essencial dessa devoção é realizar todas as nossas


ações com Maria (...). Devemos recorrer habitualmente a Nossa
Senhora, tornando-nos um com ela e adotando suas intenções
(...). Em outras palavras, devemos nos tornar instrumentos nas
mãos de Maria para que ela aja em nós e faça conosco o que
ela quiser, para a maior glória de seu Filho; e por Jesus para a
maior glória do Pai. Deste modo, viveremos nossa vida interior e
progrediremos espiritualmente dependendo exclusivamente de
Maria.[121]

Embora Kolbe descreva sua consagração a Maria de um modo


semelhante a essa citação (“instrumento nas mãos de Maria”), ele
acredita que não existam “fórmulas fixas” para viver a consagração.
[122] Ele acha que a própria Maria precisa nos ensinar o que isso
significa: “Eu não sei nada, na teoria e menos ainda na prática, sobre
como alguém pode servir a Imaculada (...). É ela mesma quem deve
instruir cada um de nós a cada momento e nos conduzir...”[123]. Para
receber as instruções de Maria, temos de recorrer a ela por meio da
“oração humilde” e refletir sobre “a experiência amorosa” de sua
intercessão diária em nossas vidas.[124] Em suma, para Kolbe,
aprendemos a postura de consagração confiando em sua poderosa
intercessão, experimentando seu cuidado maternal, falando com ela
em nossos corações, deixando que ela nos conduza, recorrendo a
ela em todas as coisas e confiando nela completamente. Além disso,
Kolbe dizia que nossa consagração a Maria deveria nos dar um
espírito apostólico que busca inspirar outros a fazer a consagração.
Pois, como aprendemos anteriormente, a consagração mariana é o
caminho mais rápido, fácil e seguro para a santidade para todas as
pessoas e, portanto, é o jeito mais eficaz de fazer com que o mundo
inteiro se aproxime de Deus por meio de Cristo.
Para Santa Teresa de Calcutá, a vivência da consagração
mariana está vinculada essencialmente a uma postura do coração.
Para ser mais específico, trata-se de viver com e no Imaculado
Coração de Maria. Essa postura é descrita detalhadamente em sua
“aliança de consagração”, que lemos anteriormente. Além disso, o
contexto de sua consagração total é compreendido por uma espécie
de compaixão por Jesus, que tem sede de amor e de almas.
Portanto, para Madre Teresa, a verdadeira postura de vivência da
consagração é a que permite que Maria nos leve até a Cruz de
Jesus, que nos tranquilize para que possamos perceber a sede
dolorosa de Jesus e que nos leve a pedir-lhe que nos ensine a
consolar Jesus com o próprio amor puro dela.
Para São João Paulo II, o núcleo da vivência de nossa entrega a
Maria está nas palavras do Evangelho de São João: “E dessa hora
em diante o discípulo a levou para sua casa” (Jo 19,27). Em outras
palavras, a postura de entrega, para ele, significa envolver Maria em
tudo o que diz respeito a nossa vida interior. Como “Papa do
Sofrimento”, ele também enfatiza o caráter “corredentor” de sua
teologia da consagração mariana. Ele faz isso ao afirmar que Maria
(que esteve plenamente unida a Cristo em Sua consagração
redentora na Cruz) ajuda a unirmo-nos a essa mesma consagração.
Em outras palavras, Maria nos ajuda a “oferecer” nossas próprias
cruzes; ela não nos deixa sofrer em vão e nos dá coragem para que
sejamos “corredentores” com Cristo (ver Cl 1,24) – naturalmente, de
um modo que está subordinado e unido a Cristo.[ii]
O que vemos nesses santos e bem-aventurados,
independentemente do modo como o expressam, é que deveríamos
nos aproximar de Maria, depender dela amorosamente, falar com ela
a partir de nossos corações, ter confiança em sua poderosa
intercessão e compartilhar com ela nossas alegrias, tristezas e
sofrimentos. Dito isso, é necessário lembrar que a consagração a
Maria não se baseia em sentimentos ou mesmo em lembrar dela
constantemente, por mais belo que isso seja. De acordo com São
Maximiliano Kolbe, a atitude própria daqueles que são consagrados
a Maria flui não tanto da razão ou das emoções, mas da vontade:
Não é de modo algum necessário que alguém pense na
Imaculada (...) pois a essência de nossa união com ela não
consiste no pensamento, na memória ou no sentimento, mas em
nossa vontade.[125]
Eu prossigo: nós pertencemos a ela ainda que não repitamos
constantemente a oferta concreta [que lhe fazemos de uma
determinada ação], porque nos consagramos a ela uma vez e
jamais renunciamos a essa consagração.[126]
Ainda que não estejamos pensando nisso, Maria dirige cada
uma das nossas ações, prepara todas as circunstâncias, repara
o dano das nossas quedas e nos conduz amorosamente ao céu.
Ela se compraz em espalhar através de nós boas ideias,
sentimentos e exemplos em todos os lugares, para que
possamos salvar almas e levá-las ao bom Jesus.[127]

Portanto, enquanto São Luís de Montfort diz: “Jamais devemos


buscar Nosso Senhor senão por meio de Maria”[128]. Kolbe nos
ensina que esse ato nem sempre precisa ser algo consciente. Com
certeza ele diria que é bom recorrermos explicitamente a Maria, mas
não é necessário fazer isso todas as vezes em que nos dirigimos a
Jesus. Para ele, depois que nos consagramos a Maria e
desenvolvemos uma dependência habitual dela, sempre nos
voltamos para Jesus com ela, ainda que não pensemos isso. É um
fenômeno semelhante a esta situação: digamos que aquele que ama
sua esposa tem de sair de casa para uma viagem de negócios longe
de casa. Enquanto está viajando, encontrando-se com clientes e
preenchendo relatórios, sua esposa ainda está com ele, em seu
coração, mesmo que ele não pense explicitamente nela. O mesmo
ocorre conosco quando Maria está em nossos corações.
Quando nos consagramos totalmente a Maria, quando
desenvolvemos uma relação de dependência em relação ao seu
cuidado maternal, ela sempre permanece conosco quando rezamos,
assim como Jesus está sempre conosco quando rezamos ao Pai.
Esse último ponto é verdadeiro, por exemplo, até quando não nos
dirigimos a Jesus explicitamente quando dizemos: “Pai Nosso”. A
principal ideia de Kolbe, aqui, é a de que o Pai, o Filho e Maria, que
está sempre unida ao Espírito Santo (sem, no entanto, deixar de ser
uma criatura) não vivem em linhas paralelas. Ao contrário, Jesus,
Maria e o Espírito Santo estão sempre unidos em um único
movimento “ascendente” em direção ao Pai, e sempre que
recorremos a um deles, unimo-nos a todos nesse movimento. Em
outras palavras, eles não competem entre si; não tiram nada um do
outro. Em vez disso, formam uma unidade e trabalham como uma
equipe – embora com papéis diferentes – para levar tudo de volta ao
Pai.
Gostaria de enfatizar algo importante antes de concluirmos:
embora seja verdade que os efeitos da consagração mariana
permaneçam mesmo quando não estamos pensando em Maria, viver
a consagração de fato requer algum esforço. Afinal de contas,
relacionamentos profundos requerem comunicação e trabalho, e isso
definitivamente se aplica ao nosso relacionamento com Maria. A
“comunicação” diz respeito a uma dependência amorosa em relação
a Maria, recorrendo a ela na oração, algo que já vimos nesta seção e
que aprofundaremos na próxima. O “trabalho” refere-se a evitar o
pecado, que ofende os corações de Jesus e Maria. Permita-me ser
claro: o fato de alguém ser totalmente consagrado a Maria não
implica que essa pessoa deixará de pecar. No entanto, significa que
deveríamos fazer uma resolução sincera de ao menos evitar todo
pecado mortal e de verdadeiramente esforçarmo-nos para crescer
em virtude e santidade. Essa é uma parte tão crucial da consagração
mariana, que, você se lembrará, São Luís começa sua oração de
consagração com a renovação de nossas promessas batismais, por
meio das quais rejeitamos a Satanás (pecado) e nos
comprometemos a seguir Jesus mais de perto.
Para concluir, se somos totalmente consagrados a Maria, então
ela age em nossas vidas, aumenta nossas boas obras e cuida de
nós e dos nossos entes queridos mesmo quando não recorremos a
ela. Além disso, com o Espírito Santo, ela nos leva a Jesus
independentemente de pensarmos ou não nela. Esse é o poder de
sua maternidade. Esse é o poder da consagração mariana! Por
causa da grandeza desse dom, deveríamos nos esforçar ainda mais
para unirmo-nos a Maria e fazer tudo por meio dela, com ela e nela.
Ao menos por gratidão, deveria ser nosso objetivo adotar uma
atitude de crescente atenção e dependência dela. Não obstante, não
se trata apenas de sermos gratos a Maria, pois quanto mais
pertencemos a ela, mais ela pode nos usar para cumprir a
perfeitíssima vontade de Deus. Na verdade, quanto mais nos unimos
a Maria, mais ela pode nos conduzir a mais profunda intimidade
possível com Jesus. Esse é um mistério que ela mesma nos
ensinará, uma lição que aprenderemos mais a partir da experiência
de seu cuidado amoroso do que por meio da leitura de livros.
Devoção
Para nos ajudar a aprofundar nossa postura de dependência
amorosa em relação a Maria, é uma boa ideia praticar devoções
marianas, particularmente as que têm um vínculo mais estreito com a
consagração mariana. A principal delas é o Santo Rosário.
O Rosário fomenta em nós a postura que descrevi na seção
anterior. Quando rezamos o Rosário, devemos nos concentrar nos
mistérios da vida de Jesus. No entanto, as “Ave-Marias”, que fluem
fielmente em segundo plano, fomentam em nós a postura habitual de
permanecermos com Maria mesmo quando caminhamos com Jesus.
Em outras palavras, ainda que não pensemos nas palavras de cada
Ave-Maria, elas ainda estão lá, ajudando-nos a contemplar Jesus
Cristo. Veja o Apêndice 2 para uma exposição completa sobre o
Rosário.
Outras devoções marianas apresentadas no Apêndice 2 são o
escapulário, a medalha milagrosa, a Coroa das 10 Virtudes
Evangélicas e a Coroa das Sete Dores. As devoções marianas que
não são apresentadas no Apêndice 2, mas dignas de menção e de
uma breve descrição são as novenas, os ícones, as peregrinações,
os dias de festa, as confrarias e a leitura espiritual.
Novenas: Da palavra latina “novem”, que significa nove, uma
novena é um período de nove dias de oração durante o qual pedimos
graças especiais ou favores particulares. Geralmente, elas têm um
aspecto de urgência. A oração, feita diariamente ao longo de nove
dias, pode ser tão simples quanto a Ave-Maria ou tão elaborada
como a Ladainha de Loreto (ver Apêndice 1). Às vezes, a intenção é
tão urgente, que não temos nove dias para rezar com antecedência.
Por exemplo, talvez você tenha recebido a oportunidade de realizar
uma entrevista de emprego, mas ela foi marcada para a tarde de
hoje! Bem, você pode tentar a “novena rápida” de Santa Teresa de
Calcutá, na qual rezamos nove vezes seguidas o Memorare
(Lembrai-vos ou Oração de São Bernardo – ver Apêndice 1). Madre
Teresa rezava essa novena com frequência, pois sempre grandes
problemas ou dificuldades surgiam e requeriam uma graça imediata.
Conta-se que ela frequentemente obtinha resultados miraculosos ao
rezá-la.
Ícones: Os ícones, ou quaisquer outras belas imagens ou
representações de Jesus, de Maria, dos anjos ou dos santos, servem
para fazer com que nossas mentes e corações se voltem para Deus
na medida em que nos recordam de Sua presença e da amável
intercessão de Maria, dos anjos e dos santos. Em 787, o Segundo
Concílio de Niceia declarou que as imagens sacras (inclusive as de
Maria) deveriam ser usadas e veneradas. Quando veneramos uma
imagem (seja uma pintura, uma escultura, etc.), mostramos um sinal
de reverência para com a pessoa representada pela imagem. Em
nossas vidas atarefadas, colocar imagens de Maria em nossas casas
e até mesmo em nossos veículos é algo que pode nos ajudar a
lembrar que ela está sempre conosco. Também podemos levar na
carteira ou na bolsa alguns santinhos com nossas orações
prediletas.
Peregrinações: Elas nos tiram de nosso ritmo de vida diário e
nos levam a um local sagrado e a um encontro com o Senhor. Há
muitos santuários marianos e locais de peregrinação no Brasil e ao
redor do mundo.
Dias festivos: As pessoas que se consagraram a Maria deveriam
celebrar os dias festivos em homenagem a ela com particular fervor
e amor. De acordo com Joseph Pieper, um dos filósofos prediletos do
Papa Emérito Bento XVI, a verdadeira carência do ser humano é sua
“incapacidade de celebrar uma festa de um modo verdadeiramente
festivo”. Ele prossegue:
Como todos sabem, a celebração de uma festa requer que a
realidade de nossa vida e de nosso mundo seja sinceramente
aceita e, portanto, que essa aceitação, em ocasiões especiais,
seja expressa e vivida com um ritual excepcional: é isso que
realmente significa “celebrar uma festa”![129]
Para aqueles que são consagrados a Jesus por Maria, uma boa
parte da “realidade de nossa vida e de nosso mundo” é a nossa
consagração, nosso pertencimento a Deus por meio da Mãe de
Deus. Portanto, como “aceitamos isso sinceramente”, em “ocasiões
especiais”, tais como as festas marianas, deveríamos expressar
nossa alegria por pertencermos a Maria e viver esse momento de um
modo “excepcional”. Deveríamos realmente celebrar as festas
marianas como ocasiões em que podemos expressar nossa alegria
decorrente do pertencimento a Deus por meio dela.
Para uma lista das principais festas marianas da Igreja (de acordo
com o nosso calendário litúrgico) e mais informações sobre essas
festas, veja a seguinte nota.[iii] Para uma explicação da devoção dos
“Primeiros Sábados”, apresentada por Nossa Senhora de Fátima, ver
a seguinte nota.[iv] Falando em sábado, geralmente as missas de
sábado são celebradas em honra à Santíssima Virgem Maria.
Confrarias (ou irmandades): Uma confraria ou irmandade é, de
modo geral, uma associação voluntária de fiéis reunidos em torno de
uma espiritualidade comum a fim para que possam cooperar na
realização de determinadas boas obras. Elas surgiram na Idade
Média, quando muitos leigos desejavam participar, de algum modo,
da vida espiritual das ordens religiosas. A Confraria da Imaculada
Conceição da Santíssima Virgem Maria que existe junto com a
Congregação dos Padre Marianos da Imaculada Conceição promove
a devoção ao Imaculado Coração de Maria, para que seu amor
maternal possa fortalecer, confortar e encher os corações de alegria,
cuja fonte é seu Filho, Jesus Cristo, nosso Salvador. O sinal externo
de pertencimento a uma Confraria é o escapulário azul. (ver
Apêndice 2 para aprender mais sobre a devoção ao escapulário e
sobre como você pode fazer parte da Confraria do Escapulário Azul).
Leitura espiritual: Santa Teresa de Ávila disse certa vez que,
durante dezoito anos, ela jamais fazia oração mental sem o auxílio
de um livro espiritual.[130] A leitura espiritual pode ser um grande
benefício para nossa vida de oração e nos ajuda a aprofundar nosso
relacionamento com Maria, pois podemos dizer quanto mais
conhecemos alguém, mais conseguimos amar essa pessoa. A leitura
orante de bons livros marianos pode ser um modo extraordinário de
conhecer Maria. Na verdade, pode ser que queiramos aderir à
prática de ler livros marianos pelo menos aos sábados, já que o
sábado é um dia tradicionalmente dedicado a Maria. Eis uma lista de
livros sobre Maria (ou sobre santos marianos) que eu recomendo:
Apostoli, Fr. Andrew, CFR, Fatima for Today: The Urgente Marian
Message of Hope. San Francisco, Ignatius Press, 2010.
De Montfort, São Luís Maria Grignion, Tratado da Verdadeira
Devoção à Santíssima Virgem Maria (diversas edições no Brasil).
Frossard, André, Forget not to Love: The Passion of St.
Maximilian Kolbe. San Francisco, Ignatius Press, 1991.
Hahn, Scott. Salve, Rainha. A Mãe de Deus na Palavra de Deus.
Lorena, SP, Cléofas.
João Paulo II, Papa, Carta Encíclica Redeptoris Mater, 1987.
João Paulo II, Papa, Carta Apostólica Rosaium Virginis Mariae,
2002.
Laurentin, René, Bernadette Speaks: A Life of Saint Bernadette
Soubirous in Her Own Words. Boston, Pauline Books and Media,
2000.
Madre Teresa, In the Shadow of Our Lady: Sharing Mother
Teresa’s Mystical Relationship with Mary, Joseph langford, MC.
Huntington, IN, Our Sunday Visitor, 2007.
Miravalle, Mark, Introduction do Mary: The Heart of Marian
Doctrine and Devotion. Goleta, CA, Queenship Publishing, 2006.
Apêndice 1:
Orações
Orações de consagração
Oração de consagração para um amanhecer glorioso
Eu, ________________ , pecador arrependido, renovo e
confirmo hoje, nas vossas mãos, ó Mãe Imaculada, as
promessas do meu Batismo. Renuncio a Satanás e disponho-me
a seguir Jesus Cristo ainda mais de perto do que antes.
Maria, eu vos dou meu coração. Rogo-vos que o incendieis
com amor a Jesus. Fazei-o sempre atento a sua abrasadora
sede de amor e de almas. Guardai meu coração em vosso
puríssimo Coração, para que eu possa amar a Jesus e aos
membros de seu Corpo com o vosso próprio amor perfeito.
Maria, eu me confio inteiramente a vós: meu corpo e minha
alma, meus bens interiores e exteriores, e o próprio valor de
todas as minhas boas obras. Rogo-vos fazei de mim, de tudo o
que sou e possuo, o que mais vos agradar. Deixai-me ser
instrumento útil em vossas mãos imaculadas e misericordiosas
para servir à maior glória de Deus. Se eu cair, peço-vos que me
guieis de volta a Jesus. Lavai-me no sangue e na água que
jorraram de seu lado perfurado, e ajudai-me a nunca perder a
confiança nessa fonte de amor e de misericórdia.
Convosco, ó Mãe Imaculada – que sempre fazeis a vontade
de Deus - eu me uno na perfeita consagração de Jesus, que se
oferece a si mesmo em Espírito ao Pai pela vida do mundo.
Amém.

Oração de consagração para um amanhecer glorioso


(abreviada)
Maria, minha Mãe, eu me entrego inteiramente a vós como
vossa posse e propriedade. Rogo-vos fazei de mim, de tudo o
que sou e possuo, o que mais vos agradar. Deixai-me ser
instrumento útil em vossas mãos imaculadas e misericordiosas
para servir à maior glória de Deus. Amém.

Oração de consagração de São Luís de Montfort

Eu, ________________ , infiel pecador, renovo e ratifico hoje, em


vossas mãos, os votos do meu batismo. Renuncio para sempre a
Satanás, suas pompas e suas obras, e dou-me inteiramente a Jesus
Cristo, Sabedoria encarnada, para segui-lo levando a minha Cruz,
em todos os dias da minha vida. E, a fim de lhe ser mais fiel do que
até agora tenho sido, escolho-vos neste dia, ó Maria Santíssima, na
presença de toda a corte celeste, por minha Mãe e minha Senhora.
Entrego-vos e consagro-vos, na qualidade de escravo, o meu corpo
e a minha alma, meus bens interiores e exteriores, e até o próprio de
minhas boas obras passadas, presentes e futuras, deixando-vos
direito pleno e inteiro de dispor de mim e de tudo o que me pertence,
sem exceção, a vosso gosto, para maior glória de Deus, no tempo e
na eternidade. Amém.

Oração de consagração de São Maximiliano Kolbe


Ó Imaculada, Rainha do céu e da terra, saúde dos enfermos e
nossa mais amada Mãe, Deus quis Vos confiar a inteira ordem da
misericórdia. Estivestes de pé aos pés da Cruz, unindo-vos aos
sofrimentos de Jesus, e então Vos tornastes para toda Igreja um
modelo de compaixão.
Eu, __________________, pecador arrependido, prostrado aos
vossos pés, imploro humildemente, torna-me com tudo o que sou e
tenho, inteiramente como coisa e propriedade vossa. Fazei de mim,
de todas as minhas forças da alma e do corpo, dos meus sofrimentos
diários e cruzes, de minha vida inteira, morte e eternidade, o que for
do vosso agrado.
Se Vos agrada, utilizai de tudo que eu sou e tenho se tservas,
para cumprir o que foi dito: “Ela te esmagará a cabeça” e “todas as
heresias foram por vós vencidas”.
Através de minhas orações e sofrimentos, deixai-me ser um
instrumento apropriado em vossas imaculadas e misericordiosas
mãos, para introduzir e aumentar a vossa glória ao máximo em
todas as almas perdidas e indiferentes, e assim ajudar a estender
tanto quanto for possível o Reino do Sagrado Coração de Jesus.
Para que onde Vós entrardes obtenhais a graça da conversão e do
crescimento da santidade, que através de vossas mãos todas as
graças do Sagrado Coração de Jesus venham sobre nós.

Concedei-me louvar-vos, ó Virgem Santíssma.


E dai-me forças para vencer os vossos inimigos.

Consagração consoladora a Maria


Eu renovo hoje minha total consagração a vós, ó Maria, minha
Mãe. Eu vos dou todo o meu ser, para que me leveis a consolar
vosso Filho com a perfeita consolação que lhe destes. Deste dia em
diante, querido Jesus, quando vos abraçar, que eu o possa fazer
com os braços de Maria. Quando o beijar, que eu o possa fazer com
os lábios de Maria. Quando cantar para vós, louvar-vos e agradecer-
vos, que eu o possa fazer com a voz de Maria. Jesus, que a cada
momento em que eu vos amar, que eu o possa fazer com o Coração
de Maria. Amém.

Consagração consoladora a Maria (abreviada)


Maria, eu quero ser santo. Sei que também quereis que eu seja
santo e que fazer-me santo é missão que vos foi confiada por Deus.
Portanto, Maria, neste momento, neste dia, eu escolho livremente
dar-vos minha total permissão para fazer sua obra em mim, com
vosso Esposo, o Espírito Santo. Amém.
Outras orações marianas
Ave-Maria
Ave, Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois
vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na
hora da nossa morte. Amém.

À vossa proteção
À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus. Não
desprezeis as súplicas que em nossas necessidades Vos dirigimos,
mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e
bendita. Amém.

Lembrai-vos
Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, de que nunca se ouviu
dizer que algum daqueles que tivesse recorrido à vossa proteção,
implorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por
vós desamparado. Animado eu, pois, com igual confiança, a vós,
Virgem das virgens, como a Mãe recorro; de vós me valho e,
gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro a vossos pés.
Não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus
humanado, mas dignai-vos de as ouvir propícia e de me alcançar o
que vos rogo. Amém.

Salve Rainha
Salve, Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança
nossa, salve! A vós bradamos, os degredados filhos de Eva. A vós
suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. Eia, pois,
advogada nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei, e
depois deste desterro mostrai-nos Jesus, bendito fruto do vosso
ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce sempre Virgem Maria. Amém.
V. Rogai por nós, santa Mãe de Deus.
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Ângelus
(Rezado tradicionalmente de manhã, ao meio-dia e ao final da tarde)
V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria.
R. E Ela concebeu do Espírito Santo.
Ave-Maria...

V. Eis aqui a escrava do Senhor.


R. Faça-se em mim segundo a vossa palavra.
Ave-Maria...

V. E o Verbo de Deus se fez carne.


R. E habitou entre nós.
Ave-Maria...

V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.


R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Regina Caeli
(Rezado durante o tempo Pascal em lugar do Ângelus)

V. Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia.


R. Porque quem mereceste trazer em vosso seio, aleluia.
V. Ressuscitou como disse, aleluia.
R. Rogai a Deus por nós, aleluia.
V. Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia.
R. Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia.

Oremos: Ó Deus, que vos dignastes alegrar o mundo com a


Ressurreição do vosso Filho Jesus Cristo, Senhor Nosso, concedei-
nos, vos suplicamos, que por vossa Mãe, a Virgem Maria,
alcancemos as alegrias da vida eterna. Pelo mesmo Jesus Cristo,
Senhor Nosso. R. Amém

Alma Redemptoris Mater


Ó Mãe do Redentor,
Porta do Céu, Estrela do Mar,
Socorrei o povo cristão que procura levantar-se do abismo da
culpa.
Vós que acolhendo a saudação do Anjo gerastes, com a
admiração da natureza, o vosso Santo Criador, ó sempre Virgem
Maria, tem piedade dos pecadores.

Ave Maris Stella


Ave do mar Estrela,
Bendita Mãe de Deus,
Fecunda e sempre Virgem,
Portal feliz dos céus.

Ouvindo aquele Ave


do Anjo Gabriel,
mudando de Eva o nome,
trazei-nos paz do céu.

Ao cego iluminai,
Ao réu livrai também,
De todo mal guardai-nos
E dai-nos todo o bem.

Mostrai ser nossa Mãe,


Levando a nossa voz
A Quem, por nós nascido,
dignou-se a vir de vós.

Suave mais que todas,


Ó Virgem sem igual,
fazei-nos mansos, puros,
guardai-nos contra o mal.

Ó, dai-nos vida pura,


guiai-nos para a luz,
E um dia, ao vosso lado,
possamos ver Jesus.

Louvor a Deus, o Pai,


E ao Filho, Sumo Bem,
Com seu Divino Espírito
Agora e sempre. Amém.

Ladainha Lauretana
Senhor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.
Deus Pai dos Céu,
tende piedade de nós.
Deus Filho Redentor do mundo,
tende piedade de nós.
Deus Espírito Santo,
tende piedade de nós.
Santíssima Trindade, que sois um só Deus,
tende piedade de nós.
Santa Maria,
rogai por nós.
(A partir daqui, repete-se a mesma resposta.)
Santa Mãe de Deus,
Santa Virgem das Virgens,
Mãe de Jesus Cristo,
Mãe da Divina Graça,
Mãe puríssima,
Mãe castíssima,
Mãe imaculada,
Mãe intacta,
Mãe amável,
Mãe admirável,
Mãe do bom conselho,
Mãe do Criador,
Mãe do Salvador,
Virgem prudentíssima,
Virgem venerável,
Virgem digna de louvor,
Virgem poderosa,
Virgem clemente,
Virgem fiel,
Espelho da justiça,
Sede da sabedoria,
Causa da nossa alegria,
Vaso espiritual,
Vaso honorífico,
Vaso insigne de devoção,
Rosa mística,
Torre de Davi,
Torre de marfim,
Casa de ouro,
Arca da aliança,
Porta do Céu,
Estrela da manhã,
Saúde dos enfermos,
Refúgio dos pecadores,
Consoladora dos aflitos,
Auxílio dos cristãos,
Rainha dos Anjos,
Rainha dos Patriarcas,
Rainha dos Profetas,
Rainha dos Apóstolos,
Rainha dos Mártires,
Rainha dos Confessores,
Rainha das Virgens,
Rainha de todos os Santos,
Rainha concebida sem pecado original,
Rainha do Santíssimo Rosário,
Rainha da Família,
Rainha da Paz,

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,


Perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
Ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo,
Tende piedade de nós.
V. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus,
R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.

Oremos:
Senhor Deus, nós Vos suplicamos, concedais aos vossos servos
perpétua saúde de alma e de corpo; e que, pela gloriosa intercessão
da bem-aventurada sempre Virgem Maria, sejamos livres da
presente tristeza e gozemos da eterna alegria. Por Cristo Nosso
Senhor. Amém.

Orações de Fátima

Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão


para os que não creem, não adoram, não esperam e não Vos
amam.

Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, adoro-Vos


profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma
e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da
terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que
Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo
Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão
dos pobres pecadores.
Apêndice 2:
Devoções
O Rosário
Introdução
Nesta seção sobre o Rosário, pretendo fazer três coisas: (1)
ensinar o que é o Rosário, (2) explicar por que nós devemos rezá-lo
e (3) dar instruções sobre como rezá-lo.

O que é o Rosário?
O Rosário é um instrumento que nos ajuda a rezar. Ele é feito de
um fio com cerca de 60 contas, cada qual representando uma oração
particular a ser rezada. A maioria das contas marca a oração da Ave-
Maria. Outras, o Pai-Nosso, o Glória ao Pai, etc. Mas o Rosário é
muito mais do que a soma dessas orações. Na verdade, ele nos leva
a uma meditação e contemplação profunda da face de Cristo. Além
disso, ele nos ajuda a entrar na escola de Maria, que ensinou Jesus
a rezar e quer também ensinar-nos a rezar. Alguma vez você já se
perguntou como se reza? O Rosário oferece um caminho completo,
o qual inclui as três formas de oração: a oração vocal, a meditação e
até mesmo a contemplação.
A completude, a simplicidade e a profundidade do Terço derivam
de sua estrutura. Ela consiste em 20 séries de 10 Ave-Marias –
comumente chamadas “dezenas” – intercaladas por Pai-Nossos,
Glórias ao Pai e a oração de Fátima (“Ó meu Jesus...”). Cada uma
das séries de 10 Ave-Marias é dedicada a um acontecimento
particular, ou “mistério”, das Sagradas Escrituras, que deve ser
meditado e contemplado enquanto as orações são ditas. Por
exemplo, enquanto se recitam as 10 Ave-Marias, pode-se refletir e
meditar sobre o Nascimento de Jesus.
Os 20 acontecimentos ou mistérios do Rosário dividem-se em
quatro categorias: os mistérios gozosos, os luminosos, os dolorosos
e os gloriosos que, juntos, oferecem um resumo completo da vida de
Jesus. Pode parecer um exagero pretender meditar sobre toda a vida
de Jesus de uma só vez. É por essa razão que a maioria das
pessoas que fazem essa oração diariamente não meditam todos os
20 mistérios no mesmo dia. Em vez disso, elas dividem o Rosário,
rezando diariamente apenas uma dentre as quatro categorias de
mistérios, ou seja, ¼ dele – ou 1/3, antes do acréscimo dos mistérios
luminosos, o que levou, no Brasil, a chamarem de “Terço” a oração
de apenas um conjunto de mistérios do Rosário. Isso parece ter sido
estimulado por uma tradição da Igreja que dedica certos dias da
semana à oração de um dos quatro grupos de mistérios do Rosário:
- às segundas e sábados, os mistérios gozosos
- às terças e sextas, os dolorosos
- às quartas e domingos, os gloriosos
- às quintas, os luminosos
Os luminosos são rezados apenas uma vez por semana, ao
passo que os outros mistérios são rezados mais de uma vez. Isso se
dá porque os mistérios luminosos são novos, acrescentados
recentemente (em 2002) pelo Papa João Paulo II. Em sua belíssima
carta apostólica sobre o Rosário (Rosarium Virginis Mariae), o Papa
explica por que os acrescentou. Essa carta pode ser facilmente
encontrada online.[131]
O acréscimo dos mistérios luminosos foi a maior mudança já feita
ao Rosário desde que a Igreja aprovou sua forma atual em 1569.
Antes de 1569, o Rosário passou por um período de
desenvolvimento que se seguiu à inspiração original recebida por
São Domingos da própria Virgem Maria no séc. XIII.

Por que rezar o Terço?


Certa vez perguntaram a uma mulher por que ela rezava o Terço
todos os dias. Ela olhou para os lados, olhou novamente para seu
interlocutor e então respondeu: “Tudo o que lhe posso dizer é que, se
eu rezo o Terço, o dia funciona. Se eu não rezo, nada funciona.” Isso
é verdade. E não é verdade por conta de alguma mágica ou
superstição. É verdade por causa da intercessão maternal de Maria e
do poder dos mistérios da vida de Cristo. Eu poderia gastar muito
tempo aqui descrevendo como papa após papa incentivou todos os
fiéis a rezar o Terço, como eles o qualificaram como uma das mais
poderosas orações que há depois da liturgia, e como concederam
um monte de indulgências para aqueles que o rezassem. Também
poderia contar várias histórias de como este e aquele santo se
dedicaram inteiramente a rezar o Terço e foram agraciados com uma
série de milagres. Em vez de fazê-lo, porém, gostaria de focar em
apenas três pontos: Maria, a batalha da oração e o significado dos
mistérios.
MARIA. Nos últimos dois séculos, as pessoas testemunharam
mais aparições marianas aprovadas pela Igreja do que durante todos
os outros séculos juntos. Qual a razão de tal aumento? As
dificuldades dos tempos modernos. Maria veio à terra e apareceu a
pessoas nos últimos tempos para nos alertar sobre as coisas ruins
que viriam a acontecer se as pessoas não se arrependessem e
rezassem o Terço.
Nossa Senhora ama seus filhos e não quer que padeçamos
calamidades; por isso, ela nos leva a rezar o Terço. Ela quer que
vivenciemos a paz em nossas famílias, sociedades e ações e, por
isso, pede-nos que rezemos o terço. Ela quer que os pecadores se
convertam e as pessoas experimentem a vida abundante em Cristo;
por isso, diz-nos para rezar o Terço. Maria deixou muito claro,
através das testemunhas de suas aparições aprovadas pela Igreja,
que deseja que rezemos o Terço. Na verdade, ela nos suplica que o
rezemos, muitas vezes com lágrimas nos olhos. Isso deveria bastar
para nós – mas há ainda mais. O Rosário não é apenas um
instrumento para a paz mundial.
Rezando o Terço, encontramos Maria. O Rosário é uma das
melhores maneiras de desenvolver a atitude amorosa de quem
depende dela – atitude sobre a qual aprendemos durante as leituras
preparatórias para o dia da Consagração. Há algo na oração do
Rosário que nos ajuda a desenvolver uma atitude filial de estar com
Maria. Acredito que isso tenha a ver com o ritmo pacífico das Ave-
Marias. Quando rezamos o Terço, o objetivo não é tanto refletir sobre
as palavras da oração da Ave-Maria. As Ave-Marias, antes,
destinam-se a ser uma espécie de “música de fundo” que nos ajuda
a entrar na contemplação dos mistérios. Essa música de fundo é
como a mão delicada de uma mãe sobre nossos ombros, levando-
nos a olhar para Jesus, contemplar sua face e amá-lo através dos
olhos, da mente e do coração de sua mãe. Rezar o Terço faz algo
pela alma. Permite que Maria nos molde de acordo com a imagem
de Seu Filho. O Papa João Paulo II coloca-o da seguinte maneira: “O
Rosário transporta-nos misticamente para junto de Maria dedicada a
acompanhar o crescimento humano de Cristo na casa de Nazaré.
Isto permite-lhe educar-nos e plasmar-nos com a mesma
solicitude.”[132]
Ser formado e moldado à imagem de Cristo com o mesmo
cuidado amoroso que o próprio Cristo recebeu de Maria! É disso que
se trata a consagração mariana, e é por isso que devemos rezar o
Terço. Mas como é que Maria nos forma e nos molda? Pelos
mistérios da vida de Seu Filho e pela lição de sua própria atitude
humilde, amorosa e dócil ante a majestade de Deus. Meditar e viver
os mistérios do Rosário é chaves para a santidade.
O COMBATE DA ORAÇÃO. Infelizmente nem sempre
conseguimos nos aprofundar nos mistérios de Cristo, porque não
perseveramos na oração do Terço. Esquecemo-nos de que, como
ensina o Catecismo da Igreja Católica, a oração pode ser um
verdadeiro combate.[133] Muitas vezes os ataques nesse combate
são a aridez ao rezar o Terço. Mas devemos seguir rezando. Às
vezes, justamente quando vamos começar a rezar o Terço, temos
uma súbita aversão, sentimo-nos cansados e nossas mentes
pensam em milhares de outras coisas que precisam ser feitas. Mas
devemos seguir rezando. É verdade que às vezes temos obrigações
urgentes que precisamos cumprir e que exigem que o Terço seja
deixado para depois. Mas muitas vezes as coisas que “temos” de
fazer podem ser uma tentação e uma desculpa esfarrapada para não
rezar o Terço. Por exemplo, quanto tempo você gasta com e-mails,
redes sociais, programas de televisão e ligações telefônicas
absolutamente inúteis? Será que não poderíamos tirar apenas 20
minutos desse tempo desperdiçado e dedicar a rezar o Terço? Por
que às vezes é tão difícil fazer uma pausa e rezar? Porque a oração
é um combate. Satanás não quer que participemos do poder dos
mistérios da vida de Cristo. Ele quer ver-nos acomodados, mornos e
preguiçosos. Quer ver-nos satisfeitos com a mediocridade. Os
mistérios da vida de Cristo são poderosos, e podemos receber seu
poder ao rezarmos o Terço – mas para que isso aconteça
precisamos rezá-lo bem. Eis aonde pretendo chegar: o combate da
oração nem sempre acaba quando fazemos o sinal da Cruz e
começamos a rezar. O combate pode continuar; e é muito comum
que deixemos de lutar enquanto estamos rezando o Terço. Deixamo-
nos levar por distrações. Não meditamos os mistérios. Deixamos que
nossas mentes vagueiem. É claro que distrações na oração são
comuns. Mas será que ao menos tentamos nos manter focados? Ou
só pensamos em terminar logo o Terço para voltar para “as coisas
mais importantes”? Não, o Terço é incrivelmente importante, e nós
devemos empenhar-nos em rezá-lo melhor. Uma maneira de rezá-lo
melhor é ler a carta de João Paulo II sobre o terço, que mencionei há
pouco. Lê-la irá ajudar a renovar nosso fervor por essa forma de
oração cheia de graça. Mas antes que você vá atrás da carta,
gostaria de encerrar esta seção dizendo um pouco mais sobre os
mistérios da vida de Jesus, que são o cerne do Terço.
A IMPORTÂNCIA DOS MISTÉRIOS. Os mistérios da vida de
Jesus estão cheios de significado. E assim estão porque Jesus é
incrivelmente único. É claro que Ele não é único por ser como nós
em tudo (exceto no pecado) – em outras palavras, Ele é verdadeiro
homem. Mas Ele é único porque é verdadeiro Deus. Ele é o Deus-
homem. Isso é algo que devemos ter sempre presente quando
meditamos os mistérios de Jesus. Esse bebê em Belém, essa
criança em Jerusalém, esse homem na Galileia – Ele é Deus. E por
que Ele nasceu? Por que está no Templo? Por que Ele tenta nos
ensinar? Devemo-nos fazer essas perguntas quando rezamos o
Terço. Ora, porque Jesus é Deus, tudo o que Ele diz e faz está cheio
de significado. Na verdade, os acontecimentos de sua vida estão tão
cheios de sentido que não nos é possível esgotá-los. É por essa
razão que os chamamos de “mistérios”. Um mistério não é algo que
não podemos entender, senão algo que jamais chegaremos a
compreender em sua totalidade. Haverá sempre mais maravilhas
para descobrir. Haverá sempre mais riquezas para explorar. Haverá
tesouros infinitos e inesgotáveis contidos em cada um dos mistérios
da vida de Cristo.
Algo mais sobre os mistérios: eles são acontecimentos únicos.
Novamente, são únicos porque Jesus é incrivelmente único. Ele é
Deus. E esse é o grande ponto. Na passagem que talvez seja a
minha favorita em todo o Catecismo, a Igreja explica o que há de tão
único nos acontecimentos da vida de Jesus, e por que eles são tão
importantes. O Catecismo assim explica o mistério pascal de Jesus
(sua paixão, morte e ressurreição), mas o que se segue aplica-se a
todos os acontecimentos de Sua vida:
“O Seu mistério pascal é um acontecimento real, ocorrido na
nossa história, mas único; todos os outros acontecimentos da
história acontecem uma vez e passam, devorados pelo passado.
Pelo contrário, o mistério pascal de Cristo não pode ficar
somente no passado, já que pela sua morte, Ele destruiu a
morte; e tudo o que Cristo é, tudo o que fez e sofreu por todos
os homens, participa da eternidade divina, e assim transcende
todos os tempos e em todos se torna presente. O acontecimento
da cruz e da ressurreição permanece e atrai tudo para a
vida.”[134]
Essa passagem arrebatadora capta um aspecto extraordinário do
mistério do tempo e da eternidade. Quando Deus, que vive na
eternidade, entra no tempo como o Verbo Encarnado, esse
acontecimento, por assim dizer, “dobra o tempo”, pois cria uma
realidade histórica única que existe misteriosamente tanto dentro
quanto fora do tempo. Como o Catecismo ensina, os mistérios da
vida de Jesus não se esgotam no passado; pelo contrário, eles ainda
estão presentes aqui, agora, vivos – para nós. “Jesus Cristo é o
mesmo, ontem, hoje e eternamente” (Hb 13,8). Esses
acontecimentos na vida de nosso Salvador participam da “eternidade
divina”, do “eterno agora” de Deus. Eles estão verdadeiramente
presentes em todos os tempos, durando eternamente. Essas
realidades merecem ser meditadas profundamente, e cada mistério
do Rosário é uma oportunidade para essa meditação e para nos
colocarmos inteiramente na presença de Cristo. A título de exemplo,
tomemos um mistério do Rosário para ver o que passa. Reflitamos
sobre o quinto Mistério Doloroso, a Crucificação.
Há cerca de 2000 anos atrás, Jesus estava na Cruz, morrendo
em agonia por nossos pecados. Enquanto isso acontece, Maria, São
João e Santa Maria Madalena estavam todos historicamente
presentes, vendo Jesus na Cruz. Isso significa que eles estavam
literalmente, fisicamente ali, e podiam ver, cheirar, ouvir e sentir o
que acontecia ao redor. Alguns soldados romanos também estavam
historicamente presentes ali, assim como sacerdotes e anciãos
judeus. Ora, como os acontecimentos da vida de Cristo permanecem
e estão presentes em todos os tempos, nós também podemos estar
lá. Obviamente não podemos estar historicamente presentes – não
podemos entrar numa máquina do tempo e estar lá fisicamente –,
mas nós podemos estar verdadeiramente presentes como
espectadores da morte de Cristo na Cruz. Na verdade, nós podemos
estar ainda mais próximos de Cristo do que os soldados romanos e
os sacerdotes e anciãos judeus. Como? Pelas virtudes da fé e do
amor. Em outras palavras, quando nossos corações são movidos
pela fé e pelo amor ao meditarmos a paixão e a morte de Jesus na
Cruz, nós verdadeiramente somos “misticamente transportados” para
junto dele. Temos um contato real com Ele. Podemos realmente
receber, aqui e agora, a fonte de amor e misericórdia que jorra do
lado aberto de Jesus e que flui ao longo dos anos como um potente
rio. Na verdade, pelas virtudes teologais da fé e da caridade, nós
podemos entrar na “eternidade divina” e estar verdadeiramente na
presença de Jesus em todos os mistérios de Sua vida, morte e
ressurreição – ainda mais do que se pudéssemos regressar em uma
máquina do tempo.
Temos um contato real com Jesus através da oração cheia de fé
e caridade mesmo quando, durante a meditação, não captamos
todos os pormenores históricos perfeitamente. Quem sabe ao certo
quantas pessoas estavam historicamente presentes aos pés da Cruz
ou como ela era exatamente? Os detalhes históricos não são o mais
importante. O mais importante é meditar o mistério evangélico em
nossos corações e fazê-lo com fé e caridade. Quando as virtudes
teologais (fé, esperança e caridade) estão ativas enquanto rezamos,
é sinal de que estamos realmente em contato com Jesus. Nós o
tocamos por meio dessas virtudes. E assim como saía de Cristo uma
força divina, curativa e fortalecedora, dirigindo-se a todos aqueles
que nele criam e que com ele se encontravam durante Sua vida
terrena (vide Lc 6,19), também hoje, quando meditamos sobre os
mistérios da vida de Cristo com fé, esperança e amor, essa mesma
força nos atinge.
A força que emana de Cristo e vem em nossa direção nos
mistérios é nova, revigorada e única a cada mistério. Por exemplo, o
nascimento de Jesus contém suas próprias riquezas e forças, que
são capazes de nos reerguer e iluminar nossas mentes, dando-nos a
capacidade de sermos compassivos para com os pobres e de
abraçar ao menos a pobreza de espírito, pois que refletimos como o
próprio Jesus nasceu na pobreza. As graças são infinitas em cada
mistério, e seus tesouros são dispensados quando meditamos os
mistérios com Maria, cheios de fé, esperança e caridade.
Como rezar o Terço?
Oração opcional de encerramento
Ó Deus, cujo Filho Unigênito nos mereceu por sua vida, morte e
ressurreição, as recompensas da eterna salvação, fazei, nós vos
pedimos, que, honrando estes mistérios do Santíssimo Rosário da
Bem-Aventurada Virgem Maria, imitemos o que contêm e
obtenhamos o que prometem. Pelo mesmo Cristo Nosso Senhor.
Amém.

Mistérios do Terço

Os mistérios gozosos

Primeiro mistério gozoso:


A ANUNCIAÇÃO
E quando o anjo aproximou-se dela, disse: “Ave, cheia de graça,
o Senhor é contigo.” (Lc 1,28)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: HUMILDADE

Segundo mistério gozoso:


A VISITAÇÃO
Isabel encheu-se do Espírito Santo e bradou em alta voz:
“Bendita sois vós dentre as mulheres e bendito é o fruto do vosso
ventre.” (Lc 1,41-42)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: AMOR AO PRÓXIMO

Terceiro mistério gozoso:


O NASCIMENTO DE JESUS
Ela deu à luz a seu primogênito, envolveu-o em faixas e deitou-o
em uma manjedoura, pois não havia lugar para eles na hospedaria.
(Lc 2,7)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: POBREZA

Quarto mistério gozoso:


A APRESENTAÇÃO
Quando chegou o dia da purificação de acordo com a lei de
Moisés, o casal levou-o a Jerusalém para que Ele fosse apresentado
ao Senhor, pois está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do
sexo masculino deverá ser consagrado ao Senhor.” (Lc 2,22-23)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: OBEDIÊNCIA

Quinto mistério gozoso:


O ENCONTRO DO MENINO JESUS NO TEMPLO
Depois de três dias procurando-o, Maria e José encontram o
menino Jesus no templo, sentado entre os doutores, escutando-lhes
e fazendo-lhes perguntas. (Lc 2,46)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: ALEGRIA DO ENCONTRO COM CRISTO

Os mistérios luminosos

Primeiro mistério luminoso:


O BATISMO DE JESUS
E quando Jesus foi batizado, os céus se abriram e Ele viu o
Espírito de Deus descer como uma pomba e pousando sobre Ele. E
eis que uma voz dos céus disse: “Este é Meu Filho amado, em quem
eu me comprazo.” (Mt 3,16-17)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: ABERTURA AO ESPÍRITO SANTO

Segundo mistério luminoso:


AS BODAS DE CANÁ
Sua mãe disse aos servos: “Fazei tudo o que Ele vos disser.”
Jesus disse a eles: “Enchei as jarras de água.” E eles encheram-nas
até a borda. (Jo 2,5-7)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: A JESUS POR MARIA

Terceiro mistério luminoso:


ANÚNCIO DO REINO
"Por onde andardes, anunciai que o Reino dos céus está
próximo.
Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos,
expulsai os demônios. Recebestes de graça, de graça dai!" (Mt 10,7-
8)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: ARREPENDIMENTO E CONFIANÇA EM DEUS

Quarto mistério luminoso:


TRANSFIGURAÇÃO
Enquanto Ele orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes
tornaram-se resplandecentes de brancura. E da nuvem saiu uma
voz: “Este é o meu Filho muito amado; ouvi-o!" (Lc 9,29-35)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: DESEJO DE SANTIDADE

Quinto mistério luminoso:


INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA
E Ele tomou pão, deu graças e partiu-o, dando-o aos discípulos e
dizendo: “Isto é o Meu Corpo, que é dado por vós.” Do mesmo modo,
tomou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança em
Meu Sangue, que é derramado por vós.” (Lc 22,19-20)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: ADORAÇÃO

Os mistérios dolorosos

Primeiro mistério doloroso:


A AGONIA DE JESUS
Em sua agonia, Ele orava ainda com mais instância, e seu suor
tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra. Depois de ter
rezado, levantou-se e foi ter com os discípulos e achou-os
adormecidos de tristeza. (Lc 22, 44-45)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: DOR PELOS PECADOS

Segundo mistério doloroso:


A FLAGELAÇÃO DO SENHOR
Pilatos então mandou flagelar Jesus. (Jo 19,1)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: PUREZA

Terceiro mistério doloroso:


A COROAÇÃO DE ESPINHOS
Arrancaram-lhe as vestes e colocaram-lhe um manto escarlate.
Depois trançaram uma coroa de espinhos, meteram-lha na cabeça e
em sua mão puseram uma vara. (Mt 27,28-29)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: CORAGEM
Quarto mistério doloroso:
CARREGANDO A CRUZ
Ele próprio carregava sua cruz para fora da cidade, dirigindo-se
ao lugar conhecido como “Calvário”, em hebraico “Gólgota”. (Jo
19,17)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: PACIÊNCIA

Quinto mistério doloroso:


A CRUCIFIXÃO
Jesus deu um grande brado e disse: “Pai, em tuas mãos entrego
o meu espírito.” Dizendo isso, expirou. (Lc 23,46)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: PERSEVERANÇA

Os mistérios gloriosos

Primeiro mistério glorioso:


A RESSURREIÇÃO
“Não tenhais medo! Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado.
Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram.”
(Mc 16,6)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: FÉ

Segundo mistério glorioso:


A ASCENÇÃO
Depois que o Senhor Jesus lhes falou, foi levado ao céu e está
sentado à direita de Deus. (Mc 16,19)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: ESPERANÇA

Terceiro mistério glorioso:


A DESCIDA DO ESPÍRITO SANTO
Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em
línguas estrangeiras, conforme o Espírito Santo lhes concedia que
falassem. (At 2,4)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: AMOR DE DEUS

Quarto mistério glorioso:


A ASSUNÇÃO
“Tu és a glória de Jerusalém! (...) Tu és a honra de nosso povo!
(...) O Senhor te fortaleceu e por isso serás eternamente bendita.” (Jt
15,9-10)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: GRAÇA DE UMA BOA MORTE

Quinto mistério glorioso:


A COROAÇÃO DE MARIA
“Apareceu um grande sinal no céu: uma Mulher revestida do sol,
com a lua sob os pés, trazendo na cabeça uma coroa de doze
estrelas.” (Ap 12,1)
Pai-Nosso, 10 Ave-Marias, Glória ao Pai, etc.
FRUTO DO MISTÉRIO: CONFIANÇA NA INTERCESSÃO DE MARIA

Escapulários
Escapulários são sacramentais
Os escapulários inserem-se na categoria geral de “sacramentais”.
Portanto, antes de sabermos o que são os escapulários, vamos
primeiro revisar o que são sacramentais. O Catecismo da Igreja
Católica ensina que “[sacramentais] são sinais sagrados por meio
dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se significam e
se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem
espiritual.”[135] Mais especificamente, sacramentais são objetos
(água, óleo, sal, crucifixos, escapulários, medalhas, etc.) abençoados
por um bispo, padre ou diácono ou suas ações (bênçãos, imposição
de mãos) que melhor nos dispõem a receber a graça. Eles “atuam”
orientando nossos corações e mentes na direção de Deus quando
quer que os usemos com fé.
Sacramentais não são sacramentos. Eles não comunicam graças
sacramentais como fazem os sacramentos. Os sacramentais
tampouco são mágica: a bênção realizada sobre um objeto, como
um escapulário, não lhe dá poderes especiais, místicos. Mas Deus
frequentemente ouve nossos pedidos por graças especiais quando
usamos com fé objetos abençoados.

Escapulários em geral
O termo “escapulário” vem da palavra latina scapulae, que
significa “ombros”. Há duas principais categorias de escapulários: (1)
aquele usado por religiosos consagrados como parte de seu hábito e
(2) aquele usado pelos fiéis como uma forma de devoção. O primeiro
consiste em uma peça longa de roupa que geralmente é pendurada
nos ombros e chega aos joelhos. O segundo, o escapulário
devocional, é muito menor, e consiste em duas pequenas peças de
roupa unidas por finas tiras ou fitas, e geralmente representa algum
tipo de associação com a comunidade religiosa que usa aquele
escapulário. O “escapulário marrom”, por exemplo, está relacionado
à Ordem Carmelita, cujos membros consagrados usam um hábito
marrom.
O escapulário azul é, de certo modo, único. Isso porque nenhuma
das comunidades religiosas associadas a ele (como, por exemplo, as
Irmãs Concepcionistas, os Teatinos ou os Padres Marianos da
Imaculada Conceição) usa hábitos azuis. Eles usam o escapulário
azul – em sua forma menor, devocional – sob sua habitual veste
religiosa. Esse escapulário azul, “escapulário oculto”, como foi
chamado, não indica adesão a uma comunidade religiosa. Significa,
antes, uma devoção especial a Maria e a sua Imaculada Conceição.
Há muitos tipos diferentes de escapulários: preto, marrom, azul,
vermelho, verde e branco. Porém, como nosso espaço aqui é
limitado, trataremos apenas de dois deles: o marrom e o azul.
O escapulário marrom
O escapulário marrom, também conhecido como escapulário de
Nossa Senhora do Monte Carmelo, é o escapulário devocional mais
popular. Sua popularidade deve-se em grande parte à famosa
aparição de Maria a São Simão Stock, carmelita inglês, que viveu no
séc. XIII.
Nessa aparição, segundo o relato, Maria trazia nas mãos o hábito
marrom da Ordem Carmelita e ofereceu-o a São Simão Stock,
dizendo: “Eis um privilégio para ti e para todos os carmelitas: aquele
que morrer trajando este hábito será salvo.” As palavras-chave são
estas: “aquele que morrer trajando este hábito será salvo.” Em outras
palavras, a promessa de Nossa Senhora muito provavelmente
significa o seguinte: um fiel religioso carmelita que mantém seus
votos e vive de acordo com as constituições de sua ordem, da qual
sua veste religiosa é um símbolo, morrerá em estado de graça. Essa
promessa não nos parece lá tão extraordinária quando consideramos
que um fiel religioso carmelita está, por seus votos e pelas
constituições da ordem, preso a uma vida de renúncia, dedicação à
oração e amor a Deus e ao próximo.
Em certo momento, a Ordem Carmelita, que consistia de uma
Primeira Ordem (sacerdotes e freis) e de uma Segunda Ordem
(irmãs), expandiu-se para incluir a Ordem Terceira, para leigos que
se comprometiam a viver certas normas da espiritualidade carmelita.
Acredita-se amplamente que a promessa feita por Maria a São
Simão aplica-se também aos membros da Ordem Terceira,
conquanto estes leigos permaneçam fiéis a seu compromisso de
oração e boas obras, um compromisso representado pelo
escapulário devocional que usam.
Além de seu uso pelos membros da Ordem Terceira, o
escapulário marrom também é usado pelos membros da
Confraternidade do Escapulário Marrom. Uma confraternidade é um
grupo de pessoas unidas com uma profissão ou propósito em
comum, e é normalmente um grupo religioso que partilha de uma
espiritualidade comum e que coopera em certas boas obras. Os
membros dessa comunidade lutam pela perfeição da caridade de
acordo com o espírito da Ordem Carmelita e, desse modo,
participam de seus benefícios espirituais, tais como a promessa de
Nossa Senhora a São Simão quanto aos carmelitas.
Há que lembrar que é possível ingressar no rito do escapulário
marrom sem, contudo, fazer parte de uma confraternidade. Em 1996,
em uma declaração aprovada pela Congregação para o Culto Divino
e a Disciplina dos Sacramentos, a Igreja declarou que qualquer um
que receber o escapulário marrom torna-se membro da Ordem
Carmelita e compromete-se a viver aquela espiritualidade de acordo
com seu estado de vida.
Assim, todos os carmelitas são livres para acreditar na promessa
feita por Nossa Senhora a São Simão. Contudo, eles têm de se
empenhar para se manterem fiéis às exigências da caridade e para
seguirem no caminho de perfeição. Em outras palavras, o
escapulário marrom não é um amuleto de boa sorte ou um “passe
livre para o céu”. É antes sinal de um compromisso sério com uma
ardente vida cristã sob o patrocínio e a proteção de Nossa Senhora
do Monte Carmelo, cuja poderosa intercessão garante que seus
verdadeiros filhos e filhas serão salvos.
O escapulário azul
Segundo uma tradição da Igreja, Nosso Senhor apareceu à
venerável Úrsula Benincasa (1547-1618), fundadora da Ordem das
Irmãs Teatinas, que ajudaram a popularizar o uso do escapulário azul
da Imaculada Conceição. Acredita-se que Jesus apareceu para ela,
prometendo grandes favores para sua Ordem, e ela lhe pediu que
aquelas mesmas graças fossem concedidas a todos aqueles que
usassem o escapulário azul em honra à Imaculada Conceição. Ela
disse que Jesus concedeu-lhe o pedido; e assim ela começou a
distribuir os escapulários. Um grupo de garotas abastadas que abrira
mão do materialismo do mundo para viver por Nosso Senhor foi o
primeiro a vesti-lo, porque desejavam usar algo em honra à Bem-
Aventurada Virgem Maria de uma maneira especial. Em 1671, o
Papa Clemente aprovou uma cerimônia de bênção e investidura para
o escapulário azul.
O escapulário azul simboliza o amor e a devoção a Nossa
Senhora e é um sinal de confiança em sua intercessão e cuidado.
Também pode significar um desejo da parte daquele que o usa de
viver como Nossa Senhora fez, livre do pecado e em união com
Jesus Cristo.
A Congregação dos Padres Marianos da Imaculada Conceição
começou a usar o escapulário azul pouco depois de sua fundação,
pelo Bem-Aventurado Stanislaus Papczynski (1631-1701). O
Venerável Casimir Wyszynski (1700-1755), também membro dos
Padres Marianos, primeiro foi ter com os Padres Teatinos em 1733 e
pediu permissão para realizar a bênção e investidura do escapulário
azul, uma vez que eram eles que oficialmente propagavam a
devoção àquela época. Em 1734, os Marianos adotaram oficialmente
o uso do escapulário azul e passaram a promovê-lo.
Mais tarde, em 1992, os Marianos pediram e foi-lhes concedida
pelos Padres Teatinos permissão perpétua para realizar a bênção e
imposição do escapulário. Uma indulgência plenária dada à hora da
morte é oferecida àqueles que morrem usando este escapulário, e a
permissão autoriza os Marianos a delegar a outros padres ou
diáconos a bênção e outorga do escapulário azul. Assim, os
Marianos têm promovido o uso do escapulário azul como uma
devoção a Nossa Senhora por mais de três séculos.
Para obter mais informações sobre como ingressar na
Confraternidade da Imaculada Concepção da Bem-Aventurada
Virgem Maria, sobre a investidura do escapulário azul, sobre os
deveres decorrentes de seu uso e seus benefícios espirituais, assim
como informações sobre o próprio escapulário, por favor envie um e-
mail para nosso coordenador de confraternidade
(confraternity@marian.org) ou preencha o formulário online em
www.marian.org/confraternity. Também é possível ligar gratuitamente
para o número 1-800-462-7426 se você for dos EUA ou do Canadá e
comprar escapulários azuis e o livreto sobre o escapulário (favor
mencionar o código EBS).

A medalha milagrosa
Assim como o escapulário, a medalha milagrosa é um
sacramental. Teve origem na aparição de Maria a Santa Catarina
Labouré, uma irmã francesa, que vivia em Paris. A aparição
específica que tem a ver com a medalha milagrosa ocorreu em 27 de
novembro de 1830. Na visão desse dia, Santa Catarina viu Maria de
pé sobre metade de um globo, esmagando uma serpente com o pé,
suas mãos adornadas com anéis seguravam um pequeno globo de
ouro com uma cruz. Uma luz irradiava de algumas das joias em seus
dedos. Subitamente, o pequeno globo dourado desapareceu das
mãos de Maria e ela abriu os braços. As luzes de suas joias
passaram a emanar de suas mãos, e uma moldura semicircular
apareceu ao seu redor, com uma inscrição em ouro: “Ó Maria,
concebida sem pecado, rogai por nós, que recorremos a vós.”
A visão parecia girar. E, no lado reverso, Catarina viu a letra “M”
com uma cruz sobre si, cercada por 12 estrelas. A cruz situava-se
sobre uma barra horizontal. Sob o “M” havia dois corações envoltos
em chamas, um rodeado de espinhos e outro trespassado por uma
espada.
Maria então disse a Catarina: “Faça uma medalha com base
neste modelo. Aqueles que a usarem, receberão grandes graças,
especialmente se a usarem ao redor do pescoço.”
Maria explicou o significado da medalha a Catarina da seguinte
maneira: Maria é Rainha dos céus e da terra. Ela esmaga Satanás,
que se vê impotente sob seus pés (vide Gn 3,15). Seus braços estão
abertos e os vários raios de luz são graças que ela obtém para
aqueles que as pedem. As joias escuras, que não estão cheias de
luz, representam as graças que estão disponíveis, mas que as
pessoas não recebem porque não as pedem.
A inscrição: “Ó, Maria, concebida sem pecado, rogai por nós que
recorremos a vós”, refere-se à Imaculada Conceição de Maria, que
quer dizer que, desde o primeiro momento de sua concepção, ela
estava livre de toda mancha de pecado.
No verso da medalha, as doze estrelas representam os doze
Apóstolos, que representam toda a Igreja, que por sua vez está ao
redor de Maria. O “M” significa Maria, e a cruz é a Cruz de Cristo,
símbolo de nossa redenção. A barra horizontal representa a terra. A
disposição da cruz e da barra sobre e entre a letra “M” refere-se à
participação de Maria na Cruz de Cristo e seu comprometimento com
o nosso mundo. Os dois corações são os de Jesus e Maria, ardendo
de amor por todos nós.
Com a aprovação da Igreja, as primeiras “Medalhas da Imaculada
Conceição” foram feitas em 1832, e quase imediatamente relatos de
curas milagrosas começaram a surgir, a ponto de a medalha ter
ficado conhecida como a “medalha milagrosa”.
Desde a época das aparições, milhões de medalhas foram
distribuídas ao redor do mundo, particularmente por pessoas como
Santa Teresa de Calcutá. Conta-se que suas Missionárias da
Caridade distribuem cerca de 1.8 milhão de medalhas por ano.
A medalha milagrosa recebeu aprovação litúrgica
(reconhecimento especial e aprovação para oração pública) pelo
Cardeal Aloisi Masella, Prefeito da Sagrada Congregação dos Ritos,
em 1895. É um dos três sacramentais na Igreja que receberam essa
honra litúrgica, sendo os outros dois que compartilham essa
distinção o Rosário e o escapulário marrom.
A medalha está longe de ser um amuleto de boa sorte ou uma
superstição, e poderosas conversões ocorreram por meio da
intercessão de Maria e do uso da medalha milagrosa.
Uma das conversões mais famosas ocorreu com Alphonse
Ratisbonne, um judeu ateu, no dia 20 de janeiro de 1842. Ele
desprezava a Igreja e a fé católica, particularmente desde que seu
irmão mais velho, Theodor, converteu-se ao catolicismo e se tornou
sacerdote.
Ao ser desafiado por um amigo católico, o Barão de Bussieres,
Ratisbonne começou a portar a medalha milagrosa e a recitar a
oração Lembrai-vos a fim de provar inocuidade daquilo que para ele
eram apenas as superstições ridículas da religião católica.
No dia 20 de janeiro, Ratisbonne acompanhou o Barão de
Bussieres em uma visita a uma igreja (atualmente, a Basílica de
Santo André dos Frades, em Roma, onde o Barão tinha alguns
compromissos). Quando o Barão retornou, viu Ratisbonne chorando,
beijando a medalha e dizendo: “Eu a vi! Eu a vi!”
Algum tempo depois, Ratisbonne narrou o episódio em seu diário:
Eu estava na igreja já pouco tempo e de repente fui tomado
por um sentimento de inquietação. Olhei para cima e vi que o
restante da construção havia desaparecido. Uma única capela
parecia ter reunido toda a luz e a concentrado em si mesma. Em
meio àquela luminosidade, vi alguém de pé no altar, uma figura
nobre e radiante, toda doce e majestosa, a Virgem Maria, tal
como aparece nesta medalha. Uma força irresistível me atraiu
em direção a ela, que pediu que me ajoelhasse. Quando me
ajoelhei, ela parece ter ficado satisfeita. Embora ela não tenha
dito uma palavra sequer, pude compreendê-la perfeitamente.[136]
Esse encontro com Maria afetou Ratisbonne de um modo tão
profundo, que ele se converteu ao catolicismo e foi ordenado
sacerdote em 1847. Posteriormente, ele se mudou para a Terra
Santa com seu irmão Theodor e um fundou uma congregação de
irmãs – a Congregação de Nossa Senhora de Sião – que teria como
objetivo rezar pela conversão dos judeus.
Uma imagem de Maria tal como apareceu a Ratisbonne foi
pintada alguns meses depois da aparição e posta acima do altar da
igreja onde ela apareceu a Ratisbonne. Algum tempo depois, outro
devoto de Maria e da medalha milagrosa, São Maximiliano Kolbe,
celebrou sua primeira Missa na mesma igreja em Roma, diante da
mesma pintura. Aparentemente, em janeiro de 1917, quando ainda
era seminarista em Roma, Kolbe escutou uma palestra sobre a
conversão de Ratisbonne. Ele continuou a meditar, durante nove
meses, sobre a intercessão de Maria por aquele não crente.
Em outubro do mesmo ano, Kolbe fundou a Militia Immaculata
(MI) com outros seis franciscanos. Esses jovens consagraram suas
vidas total e incondicionalmente a Maria por sua própria santificação
e pela conversão das almas. Todos os membros da MI hoje usam a
medalha milagrosa como sinal de sua total consagração a Maria e a
distribuem para que Maria possa operar as maravilhas da graça nas
vidas de outras pessoas:
Kolbe disse o seguinte sobre a medalha milagrosa:
Por pior que a pessoa possa ser, se ela aceitar portá-la, não
deixe de dar-lhe uma medalha (...). Em seguida, reze por essa
pessoa e no momento oportuno tente fazer com que ela se
aproxime de sua Mãe Imaculada, a fim de que possa recorrer a
ela em todas as suas dificuldades e tentações.[137]
Portar a medalha milagrosa é um modo discreto, simples e eficaz
de expressar nossa devoção e consagração a Maria, e ela nos
predispõe a receber a graça de Deus por meio de sua poderosa
intercessão.

Coroa das Dez Virtudes da Bem-Aventurada Virgem Maria

Introdução
De acordo com São Luís de Montfort, uma parte fundamental da
vivência da consagração é a imitação das virtudes de Maria. Porém,
para que possamos imitar suas virtudes, precisamos conhecê-las.
Nós podemos conhecê-las bem, rezando a Coroa das Dez Virtudes,
que identifica e fomenta a meditação sobre as Dez Virtudes de
Maria, tomadas dos Evangelhos.

Como Rezar a Coroa


Em 1502 foi fundada a Ordem da Bem-Aventurada Virgem Maria,
por São João de Valois e Bem-Aventurado Gilberto Nicolas, que
compuseram esta coroa.
Esta oração baseia-se na rica tradição do rosário, acrescentado
das virtudes de Nossa Senhora. Os Padres Marianos, desde a sua
fundação em 1673, fazem esta oração.
Em nome do Pai...
Pai-Nosso...
10 Ave-Marias e em cada Ave-Maria, após as palavras: “Santa
Maria, Mãe de Deus” acrescenta-se uma das dez virtudes da Bem-
Aventurada Virgem Maria

Rezando assim:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Pai-Nosso, que estais no céu.
Santificado seja o Vosso nome,
Venha a nós o Vosso reino,
Seja feita a Vossa vontade,
Assim na terra como no céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoai as nossas ofensas,
Assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
E não nos deixeis cair em tentação,
Mas livrai-nos do mal,
Amém.
Ave, Maria, cheia de graça,
o Senhor é convosco,
Bendita sois vós entre as mulheres;
e Bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus.
Santa Maria, Mãe de Deus PURÍSSIMA rogai por nós pecadores,
Agora e na hora de nossa morte. Amém.
Santa Maria, Mãe de Deus PRUDENTÍSSIMA rogai por nós
pecadores, Agora e na hora de nossa morte. Amém.
Santa Maria, Mãe de Deus HUMILÍSSIMA rogai por nós
pecadores, Agora e na hora de nossa morte. Amém.
Santa Maria, Mãe de Deus FIDELÍSSIMA rogai por nós
pecadores, Agora e na hora de nossa morte. Amém.
Santa Maria, Mãe de Deus PIÍSSIMA rogai por nós pecadores,
Agora e na hora de nossa morte. Amém.
Santa Maria, Mãe de Deus OBEDIENTÍSSIMA rogai por nós
pecadores, Agora e na hora de nossa morte. Amém.
Santa Maria, Mãe de Deus PAUPÉRRIMA rogai por nós
pecadores, Agora e na hora de nossa morte. Amém.

Í
Santa Maria, Mãe de Deus PACIENTÍSSIMA rogai por nós
pecadores, Agora e na hora de nossa morte. Amém.
Santa Maria, Mãe de Deus MISERICORDIOSÍSSIMA rogai por
nós pecadores, Agora e na hora de nossa morte. Amém.
Santa Maria, Mãe de Deus DOLOROSÍSSIMA rogai por nós
pecadores, Agora e na hora de nossa morte. Amém.
Glória ao Pai...
Pela Vossa Imaculada Conceição ó Maria, tornai puro meu
coração e santa a minha alma.

Oremos:
Ó Deus, que preparaste uma digna habitação para o vosso Filho
pela Imaculada Conceição da Virgem Maria, preservando-a de todo
pecado em previsão dos méritos de Cristo, concedei-nos chegar até
vós purificados também de toda a culpa, por sua materna
intercessão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade
do Espírito Santo. Amém.
Que a Imaculada Conceição da Virgem Maria seja nossa saúde e
proteção.

Pedidos opcionais
Os seguintes pedidos, divididos de acordo com as virtudes de
Maria, não fazem parte da Coroa das Dez Virtudes. No entanto, a
apresentação desses pedidos à Mãe de Deus pode nos ajudar a
rezar a coroa de um modo mais eficaz.
Primeira Virtude: Pureza
Maria, vós sois a mais pura criatura, em corpo e alma. Ajudai-me
a proteger minha pureza corporal por meio da guarda da vista e da
fuga de tudo aquilo que poderia levar à luxúria. Ajudai-me a agir e a
vestir-me com modéstia, protegendo minha dignidade e
reconhecendo também a dignidade do próximo.
Fazei com que minhas intenções sejam puras. Ajudai-me a lutar
para que eu faça tudo por Jesus, sem motivações egoístas.
Segunda Virtude: Prudência
Virgem prudentíssima, vós meditastes em vosso coração tudo o
que Deus vos disse ao longo de vossa vida. Reconhecestes e
meditastes sobre tudo o que Deus vos pediu. Por favor, ajudai-me a
desenvolver a mesma postura meditativa. Ajudai-me a refletir sobre
tudo o que Deus faz em minha vida por meio das pessoas que estão
ao meu redor, para que eu possa responder a Ele com generosidade.
Terceira Virtude: Humildade
Mãe humilíssima, Deus vos concedeu a extraordinária graça da
Imaculada Conceição, não por causa de vossos méritos, mas porque
o aprouve fazê-lo. Ajudai-me a aceitar com alegria todas as graças
que Deus me enviar diariamente, sabendo que não as mereço.
Quarta Virtude: Fé
Maria, vós sois fidelíssima. Aceitastes tudo o que Deus vos pediu.
Grande era o vosso desejo de segui-Lo e de colocar tudo em Suas
mãos. Preocupo-me, Mãe fiel, com muitas coisas: minha vida, minha
família, meu emprego, meu futuro, o futuro de meu país. Ajudai-me a
ter fé em Deus. Ajudai-me a confiar Nele assim como vós confiastes,
submetendo todas as coisas à santa vontade dele.

Quinta Virtude: Devoção


Mãe devotíssima e modelo de oração, ensinai-me a orar. Juntai
às vossas as minhas simples orações e fazei com que elas se
tornem ainda mais agradáveis a Deus. Ajudai-me, acima de tudo, a
receber Jesus na Eucaristia com atenção. Ajudai-me a falar com Ele,
a amá-Lo e a escutá-Lo.

Sexta Virtude: Obediência


Maria, por meio de vossa amável obediência à vontade de Deus,
trouxestes ao mundo o Salvador. Muitas vezes fico dividido entre
fazer a minha vontade e a de Deus. Ajudai-me a renunciar à minha
vontade obstinada, ainda que às vezes pareça que não tenho
chances de mudar. Ajudai-me também a amar a vontade de Deus,
mesmo quando for difícil de aceitá-la.
Sétima Virtude: Pobreza
Mãe paupérrima, vossa pobreza foi física e espiritual. Tivestes
apenas coisas simples e mesmo assim considerastes tudo como
dom de Deus. Às vezes minhas posses se apossam de mim, e eu
me esqueço que elas também são dons de Deus na medida em que
dão glória a Ele. Ajudai-me a renunciar a qualquer apego aos meus
bens que possam me impedir de amar a Deus. Ajudai-me também a
ser ainda mais grato por todas as bênçãos materiais e espirituais que
recebo de Deus.
Oitava Virtude: Paciência
Maria, modelo de paciência, suportastes todas as coisas com
toda a paciência possível. Maria, muitas vezes enfrento dificuldades
neste ponto. Quando as coisas não saem imediatamente da maneira
como esperava, fico impaciente e às vezes nervoso. Ajudai-me a
suportar as provações e os fardos segundo o tempo de Deus, e não
de acordo com o meu. Transformai meus momentos de espera,
mesmo em coisas tão pequenas quanto um engarrafamento ou uma
fila no banco, em momentos de oração serena.
Nona Virtude: Misericórdia
Grande Mãe de Misericórdia, destes-nos Jesus Cristo, a Divina
Misericórdia Encarnada. Também intercedeis ininterruptamente por
todos os vossos filhos aqui na terra. Ensinai-me a pedir misericórdia
a Jesus e a ser misericordioso com o próximo.
Décima Virtude: Dor pelo Pecado
Mãe dolorosíssima, vosso coração ferido e trespassado recorda-
me da realidade do pecado e do quanto vós sofreis quando nos
afastamos de Deus. Vosso amor por nós é também uma fonte de
tristeza, na medida em que permaneceis conosco quando sofremos.
Ajudai-me a ter verdadeira contrição pelos meus pecados. Ajudai-me
também a vos procurar quando as provações e os sofrimentos da
vida parecerem insuportáveis.

Coroa (ou terço) das Sete Dores de Nossa Senhora

Introdução
A devoção às Sete Dores de Nossa Senhora remonta à Idade
Média e foi promovida pela Ordem dos Servos de Maria, ou Servitas.
Quando Maria apareceu aos videntes em Kibeho, Ruanda, pediu que
essa devoção fosse recitada. As Sete Dores baseiam-se em
episódios das vidas de Jesus e Maria, e revelam os sofrimentos da
Mãe de Deus.
A devoção é rezada com um rosário especial, dividido em sete
conjuntos de sete contas, além de outras três contas usadas para o
encerramento. Cada conjunto de sete contas começa com um Pai-
Nosso seguido de sete Ave-Marias. No final, nas três contas
remanescentes, três Ave-Marias são recitadas para honrar as
Lágrimas de Nossa Mãe Dolorosa.
Início:

D- Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.


R- Amém!
D- Nós vos louvamos, Senhor, e vos bendizemos!
R- Porque associastes a Virgem Maria à obra da salvação.
D- Nós contemplamos vossas Dores, ó mãe de Deus!
R- E vos seguimos no caminho da fé!

Oração Inicial:

Virgem Dolorosíssima, seríamos ingratos se não nos


esforçássemos em promover a memória e o culto de vossas Dores
particulares graças para uma sincera penitência, oportunos auxílios e
socorros em todas as necessidades e perigos. Alcançai-nos
Senhora, de Vosso Divino Filho, pelos méritos de Vossas Dores e
lágrimas, a graça... (pedir a graça).

1ª Dor - Profecia de Simeão


Simeão os abençoou e disse a Maria, sua mãe: Eis que este
menino está destinado a ser ocasião de queda e elevação de muitos
em Israel e sinal de contradição. Quanto a ti, uma espada te
transpassará a alma (Lc 2,34-35).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

2ª Dor - Fuga para o Egito


O anjo do Senhor apareceu em sonho a José e disse: Levanta,
toma o menino e a mãe, foge para o Egito e fica lá até que te avise.
Pois Herodes vai procurar o menino para matá-lo. Levantando-se,
José tomou o menino e a mãe, e partiu para o Egito (Mt 2,13-14).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

3ª Dor – A perda de Jesus no templo


Acabados os dias da festa da Páscoa, quando voltaram, o
menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que os pais o percebessem.
Pensando que estivesse na caravana, andaram o caminho de um dia
e o procuraram entre parentes e conhecidos. E, não o achando,
voltaram a Jerusalém à procura dele (Lc 2,43b-45).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

4ª Dor - Jesus encontra a Sua Mãe no caminho do Calvário


Ao conduzir Jesus, lançaram mão de um certo Simão de Cirene,
que vinha do campo, e o encarregaram de levar a cruz atrás de
Jesus. Seguia-o grande multidão de povo e de mulheres que batiam
no peito e o lamentavam (Lc 23,26-27).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

5ª Dor - Maria ao pé da Cruz de Jesus


Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua Mãe, a irmã de sua
Mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Vendo a Mãe e, perto
dela, o discípulo a quem amava, disse Jesus para a mãe: Mulher, eis
aí o teu filho! Depois disse para o discípulo: Eis aí a tua Mãe! (Jo
19,15-27a).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

6ª Dor - Maria recebe Jesus descido da Cruz


Chegada à tarde, porque era o dia da Preparação, isto é, a
véspera de sábado, veio José de Arimatéia, entrou decidido na casa
de Pilatos e pediu o corpo de Jesus. Pilatos, então, deu o cadáver a
José, que retirou o corpo da cruz (Mc 15,42).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

7ª Dor - Maria deposita Jesus no Sepulcro


Os discípulos tiraram o corpo de Jesus e envolveram em faixas
de linho com aromas, conforme é o costume de sepultar dos judeus.
Havia perto do local, onde fora crucificado, um jardim, e no jardim um
sepulcro novo onde ninguém ainda fora depositado. Foi ali que
puseram Jesus (Jo 19,40-42a).
1 Pai-Nosso; 7 Ave-Marias

Conclusão:
3 Ave-Marias são ditas em honra das lágrimas da Mãe Dolorosa.

Folha de Consulta

Quadro com sugestões de datas de início da preparação


Início dos 33 Consagração/dia da
Festa Mariana
dias festa
Nossa Senhora de
9 de janeiro 11 de fevereiro
Lourdes
20 de
Anunciação 25 de março
fevereiro[138]
Nossa Senhora de
10 de abril 13 de maio
Fátima
28 de abril Visitação 31 de maio
Sábado depois de Corpus
Variável Imaculado Coração
Christi
13 de junho Nossa Senhora do Carmo 16 de julho
13 de julho Assunção 15 de agosto
20 de julho Maria Rainha 22 de agosto
6 de agosto Natividade de Maria 8 de setembro
Santíssimo Nome de
10 de agosto 12 de setembro
Maria
Nossa Senhora das
13 de agosto 15 de setembro
Dores
Nossa Senhora do
4 de setembro 7 de outubro
Rosário
Nossa Senhora
9 de setembro 12 de outubro
Aparecida
19 de outubro Apresentação de Maria 21 de novembro
5 de novembro Imaculada Conceição 8 de dezembro
Nossa Senhora de
9 de novembro 12 de dezembro
Guadalupe
29 de novembro Mãe de Deus 1º de janeiro
31 de dezembro Apresentação do Senhor 2 de fevereiro

Orações Diárias

Comece as orações diárias com: “Vinde, Espírito Santo, que


viveis e Maria.”

1a Semana: São Luís Maria Grignion de Montfort

1º Dia: Ajudai-me a fazer este retiro com generosidade e zelo.


2º Dia: Preparai-me para que eu me dedique plenamente à
vivência dessa verdadeira e sólida devoção.
3º Dia: Dai-me a graça de rejeitar Satanás e seguir Cristo ainda
mais de perto.
4º Dia: Ajudai-me a entregar-me inteiramente a Jesus por Maria.
5º Dia: Ajudai-me a ser generoso, dando a Maria tudo o que
tenho.
6º Dia: Ajudai-me a glorificar a Deus, dando a Maria tudo o que
tenho.
7º Dia: Ajudai-me a louvar-Vos por causa de um caminho tão
rápido, fácil e seguro para a santidade!

2ª Semana: São Maximiliano Kolbe

8º Dia: Fazei-me puro em corpo e espírito e ajudai-me a morrer


para mim.
9º Dia: Mostrai-me o significado da Imaculada Conceição.
10º Dia: Mostrai-me o significado da Imaculada Conceição.
11º Dia: Renovai a face da terra para que toda a criação possa
retornar a Deus.
12º Dia: Uni minha vontade à da Imaculada, que é uma só
convosco.
13º Dia: Preparei-me para que eu me torne um instrumento
adequado nas mãos da Imaculada.
14º Dia: Preparei-me para que eu dê tudo à Imaculada em prol do
reino.

3ª Semana: Santa Teresa de Calcutá

15º Dia: Ajudai-me a encontrar o amor do Coração de Jesus


escondido na escuridão.
16º Dia: Ajudai-me a dar atenção à sede de Jesus.
17º Dia: Colocai-me face a face com o amor presente no Coração
de Jesus crucificado.
18º Dia: Guardai-me no puríssimo e Imaculado Coração dela.
19º Dia: Ajudai-me a reconhecer e a meditar em meu coração
sobre todo o bem que fazeis por mim.
20º Dia: Ajudai-me a realizar com fervor uma Aliança de
Consagração a Maria.
21º Dia: Ajudai-me a “ser a pessoa” que consola Jesus com
Maria.

4ª Semana: São João Paulo II

22º Dia: Tende misericórdia de nós e do mundo inteiro!


23º Dia: Enchei meu coração de louvor a Deus por ter me dado
Maria como minha mãe espiritual.
24º Dia: Ajudai-me a ser fiel à oração meditativa, tal como o foi
Maria
25º Dia: Fazei que eu me lembre de pedir a poderosa intercessão
de Maria nos meus momentos de necessidade.
26º Dia: Muito obrigado pelo dom de Maria, minha mãe amável.
27º Dia: Preparai-me para que eu possa me entregar a Maria
completamente a fim de que ela me aproxime ainda mais de Cristo.
28º Dia: Fazei que eu mergulhe com e por meio de Maria na
Fonte de Amor e de Misericórdia.

últimos cinco dias: Síntese e Revisão

29º Dia: Passe o dia meditando sobre a doutrina mariana de São


Luís resumida por estas três palavras: Paixão, Batismo e Dom.
30º Dia: Passe o dia meditando sobre a doutrina mariana de São
Maximiliano resumida por estas três palavras: Mistério, Milícia e
Amor.
31º Dia: Passe o dia meditando sobre a doutrina mariana de
Madre Teresa resumida por estas três palavras: Sede, Coração e
Aliança.
32º Dia: Passe o dia meditando sobre a doutrina mariana de São
João Paulo II resumida por estas três palavras: Mãe, “Confi-gração”,
Misericórdia.

33º Dia:
Oração de Consagração para o Amanhecer Glorioso:
Eu, ________________ , pecador arrependido, renovo e
confirmo hoje, nas vossas mãos, ó Mãe Imaculada, as
promessas do meu Batismo. Renuncio a Satanás e disponho-me
a seguir Jesus Cristo ainda mais de perto do que antes.
Maria, eu vos dou meu coração. Rogo-vos que o incendieis
com amor a Jesus. Fazei-o sempre atento a sua abrasadora
sede de amor e de almas. Guardai meu coração em vosso
puríssimo Coração, para que eu possa amar a Jesus e aos
membros de seu Corpo com o vosso próprio amor perfeito.
Maria, eu me confio inteiramente a vós: meu corpo e minha
alma, meus bens interiores e exteriores, e o próprio valor de
todas as minhas boas obras. Rogo-vos fazei de mim, de tudo o
que sou e possuo, o que mais vos agradar. Deixai-me ser
instrumento útil em vossas mãos imaculadas e misericordiosas
para servir à maior glória de Deus. Se eu cair, peço-vos que me
guieis de volta a Jesus. Lavai-me no sangue e na água que
jorraram de seu lado perfurado, e ajudai-me a nunca perder a
confiança nessa fonte de amor e de misericórdia.
Convosco, ó Mãe Imaculada – que sempre fazeis a vontade
de Deus - eu me uno na perfeita consagração de Jesus, que se
oferece a si mesmo em Espírito ao Pai pela vida do mundo.
Amém.

Para um resumo da doutrina da Igreja sobre Maria, visite (em


inglês): http://www.marian.org/mary/catechism.php
[1] True Devotion to Mary, trans. Frederick W. Faber. TAN Books, Rockford, IL, 1985, n.
55. Ver também n. 152-168.
[2] Catecismo da Igreja Católica, n. 2701 ss.
[3] Nos anos bissextos, a data de início é 21 de fevereiro.
[4] Neste livro, às vezes me referirei à consagração mariana como consagração “a
Jesus por Maria”. Noutros momentos, eu me referirei a ela simplesmente como consagração
“a Maria”. As duas expressões têm o mesmo significado. Afinal de contas, o propósito e a
intenção de Maria é conduzir as almas a uma união com seu divino Filho, Jesus. Ela não
está competindo com Ele. Portanto, se eu disser “consagração a Maria”, o sentido pleno é “a
Jesus por Maria”. Na verdade, qualquer expressão “a Maria” usada neste livro deve ser
entendida como “a Maria... por causa de Cristo, por causa de Deus, por causa da Trindade”.
A partir de agora isso estará pressuposto, já que será repetitivo explicar a ideia a cada
momento.
[5] Discurso aos padres montfortianos, citado em True Devotion..., p. vi.
[6] Ibid., n. 114.
[7] Ibid.
[8] Ibid., 47.
[9] Ibid, 177.
[10] A tarefa especial de Maria na obra de salvação não prejudica a tarefa de Cristo,
pois Ele é quem completa perfeitamente essa obra. O fato de Cristo compartilhar essa tarefa
com Maria (e com todos nós) mostra a grandeza dela. Assim, citando o Catecismo da Igreja
Católica, a Lumen Gentium, nos 60 e 62, do Concílio Vaticano II, nos diz:
Mas a função maternal de Maria em relação aos homens de modo algum ofusca
ou diminui esta única mediação de Cristo; manifesta antes a sua eficácia. Com efeito,
todo o influxo salvador da Virgem Santíssima sobre os homens se deve ao
beneplácito divino e não a qualquer necessidade; deriva da abundância dos méritos
de Cristo, funda-se na Sua mediação e dela depende inteiramente, haurindo aí toda a
sua eficácia; de modo nenhum impede a união imediata dos fiéis com Cristo, antes a
favorece.

Efetivamente, nenhuma criatura se pode equiparar ao Verbo encarnado e


Redentor; mas, assim como o sacerdócio de Cristo é participado de diversos modos
pelos ministros e pelo povo fiel, e assim como a bondade de Deus, sendo uma só, se
difunde variamente pelos seres criados, assim também a mediação única do Redentor
não exclui, antes suscita nas criaturas cooperações diversas, que participam dessa
única fonte (CIC, 970).
[11] Eddie Doherty, Wisdom’s Fool: A Biography of St. Louis de Montfort [A Sabedoria
do Tolo: Uma Biografia de São Luís de Montfort]. Bay Shore, NY: Montfort Publications,
1993, p. 31.
[12] A heresia jansenista era muito rigorosa e legalista. Ela focava em nossa
pecaminosidade, não na misericórdia. De acordo com os jansenistas, uma pessoa deve ser
perfeita e pura inclusive para poder pensar em se aproximar de Jesus. Além disso, é
necessário merecer o amor de Deus. Eles não gostavam de São Luís de Montfort por causa
da maneira como ele enfatizava a misericórdia de Deus, particularmente por ela chegar até
nós através de Maria. Os jansenistas não gostavam de pensar na misericórdia de Deus.
Eles queriam que as pessoas tivessem medo de Deus e pensassem apenas em sua justiça.
[13] Battista Cortinovis, SMM, “Saint Louis-Marie Grignion de Montfort”, s.d.,
‘http://www.3op.org/stlouis.php’ (acessado no dia 10 de outubro de 2011).
[14] Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Ed. 36ª. Editora Vozes.
Oração: Consagração de si mesmo a Jesus Cristo, a Sabedoria Encarnada, pelas mãos de
Maria.
[15] Ibid., no 52.
[16] Ibid., no 121.
[17] Ibid.
[18] Ibid., no 147.
[19] Veja-se ibid., no 132.
[20] Diário de Santa Maria Faustina Kowalska: A Misericórdia Divina na Minha Alma.
41ª ed. Curitiba: Ed. Apostolado da Divina Misericórdia, 2016.:

Ó Santíssima Trindade, Deus eterno, agradeço-Vos por me terdes dado conhecer


a grandeza e os diferentes graus de glória em que se dividem as almas. Oh, que
grande diferença existe entre um [e outro] grau dentro do conhecimento mais profundo
de Deus. Oh, se as almas pudessem saber disso! Ó meu Deus, se eu pudesse
conseguir atingir mais um desses graus, de boa vontade haveria de suportar por
inteiro os tormentos que sofreram [todos] os mártires juntos. Realmente, todos esses
tormentos parecem-me nada em comparação com a glória que nos espera por toda a
eternidade” (Diário, 605).
[21] Tratado da Verdadeira Devoção..., no 144. Neste contexto, também vale a pena ler
o no 28: “No céu, Maria dá ordens aos anjos e aos bem-aventurados. Para recompensar
sua profunda humildade, Deus deu-lhe o poder e a missão de povoar de santos os tronos
vazios, que os anjos apóstatas abandonaram e perderam por orgulho”.
[22] Ibid., no 133.
[23] Ibid., no 82.
[24] Ibid., no 154. Ver também no 152:

Aí se encontram, sem dúvida, rudes combates a travar, e dificuldades enormes a


vencer. Mas esta boa Mãe e Senhora está sempre tão próxima e presente a seus fiéis
servos, para iluminá-los em suas trevas, esclarecê-los em suas dúvidas, sustê-los em
seus combates e dificuldades, que, em verdade, este caminho virginal, para chegar a
Jesus Cristo é um caminho de rosas e mel, em vista de outros caminhos.

[25] Ibid., no 155.


[26] Ibid., no 122.
[27] Ibid., no 208.
[28] Ver ibid., nos 218-219, que dizem:

Vejo tantos devotos e devotas que buscam Jesus Cristo, este por uma via e uma
prática, aqueles por outra; e muitas vezes depois de muito labutar durante a noite,
podem dizer: “trabalhando a noite inteira, nada apanhamos” (Lc 5,5).

Notai, se vos apraz, que eu digo que os santos são moldados em Maria. Há
grande diferença entre executar uma figura em relevo, a martelo e a cinzel, e executá-
la por um molde. Os escultores e estatuários têm de esforçar-se muito para fazer uma
figura da primeira maneira, e gastam muito tempo; mas, da segunda maneira,
trabalham pouco e terminam em pouco tempo.
[29] Ibid., no 210. Ver também o no 203:

Ela [Maria] espreita, como Rebeca, as ocasiões favoráveis de lhes proporcionar


algum bem, de os engrandecer, de os enriquecer. Ela vê claramente em Deus todos
os bens e males, as boas e más fortunas, as bênçãos e as maldições divinas, e por
isso, dispõe as coisas para isentar seus servos de todo mal e cumulá-los de todos os
bens (...) “Ela própria se ocupa dos nossos interesses e negócios”, diz um santo.

E também o no 209:

O terceiro bem que a Santíssima Virgem faz a fiéis servos é conduzi-los e dirigi-
los conforme a vontade de seu Filho (...).Maria , a estrela do mar, guia todos os seus
fiéis servos a bom porto; mostra-lhes os caminhos da vida eterna; desvia-os dos
passos perigosos (...).“Seguindo-a, não vos extraviareis”, diz São Bernardo. Não
temais que um verdadeiro filho de Maria se deixe enganar pelo demônio e venha a
cair em alguma heresia formal. Onde se manifesta a mão condutora de Maria, aí não
se encontram nem o espírito maligno com suas ilusões, nem os hereges com seus
sofismas: “Enquanto Maria vos sustenta, não caís.”
[30] Patricia Treece, A Man for Others: Maximillian Kolbe, Saint of Auschwitz [Um
Homem para Todos: Maximiliano Kolbe, Santo de Auschwitz]. Huntington, IN: Our Sunday
Visitor, 1982, p. 1.
[31] Ibid., p. 9.
[32] Ibid., p. 160.
[33] H. M. Manteau-Bonamy, OP, Immaculate Conception and the Holy Spirit [A
Imaculada Conceição e o Espírito Santo], trad. Richard Arnandez, FSC. Libertyville, IL:
Franciscan Marytown Press, 1977, p. 2.
[34] Eis a declaração oficial e infalível do Papa Pio IX, alguns anos antes das aparições
em Lourdes:

Por uma graça e favor singular de Deus onipotente e em previsão dos méritos de
Jesus Cristo, Salvador do gênero humano, a bem-aventurada Virgem Maria foi
preservada intacta de toda a mancha do pecado original no primeiro instante da sua
conceição (Catecismo da Igreja Católica, no 491).
[35] Manteau-Bonamy, p. 3.
[36] Ibid.
[37] Ibid., p. 4-5.
[38] Ver a homilia de Paulo VI proferida na Missa de beatificação de Maximiliano Kolbe,
no dia 17 de outubro de 1971:

Ninguém deveria reprovar o entusiasmo que o Beato Maximiliano e toda a Igreja


mostram pela veneração formal da Santíssima Virgem. Esse entusiasmo jamais será
exagerado se considerarmos os méritos e as vantagens que podemos receber por tal
veneração, precisamente porque uma comunhão misteriosa une Maria a Cristo, uma
comunhão documentada de modo convincente no Novo Testamento. Jamais tomemos
isso por “Mariolatria”. Sabemos que o sol jamais será ofuscado pela luz da lua e, do
mesmo modo, o ministério da salvação confiado à solicitude da Igreja jamais será
debilitado se a Igreja for fiel e honrar Maria como sua Filha mais excepcional e sua
Mãe espiritual.
[39] The Book of the Sentences, Santo Tomás de Aquino, I, dist. 14, q. 2 a. 2, citado em
Immaculate Conception and the Holy Spirit, p. 38.
[40] Manteau-Bonamy, p.3.
[41] Ibid., p. 4.
[42] Ibid.
[43] Luigi Faccenda, OFM Conv., One More Gift [Um Dom a Mais], trad. Father Kolbe
Missionaries of the Immaculate. West Covine, CA: Immaculata Press, 1990, p. 74-75.
[44] Treece, p. 73.
[45] Aim Higher! Spiritual and Marian Reflections of St. Maximilian Kolbe, trad., Dominic
Wisz, OFM Conv. Libertyville, IL: Marytown Press, 2007, p. 15.
[46] Treece, p. 67.
[47] Aim Higher!, p. 129.
[48] Ibid., 13.
[49] Manteau-Bonamy, p. 43.
[50] Faccenda, p. 51-52.
[51] Treece, p. 68-69.
[52] Ibid., p. 66.
[53] Aim Higher!, p. 129.
[54] Ibid.
[55] Ibid., p. 129-130.
[56] Ibid., p.
[57] Mother Teresa: Come Be My Light: The Private Writings of the “Saint of Calcutta”
[Madre Teresa: Sede Minha Luz: Os Escritos Privados da “Santa de Calcutá”], ed. Brian
Kolodiejchuk, MC. New York: Doubleday, 2007, p. 14.
[58] Ibid., 48.
[59] Ibid., 67.
[60] Ibid., 68.
[61] Ibid., 41.
[62] Ibid., 149.
[63] Ibid., 214.
[64] Ibid., 216.
[65] A Life for God: Mother Teresa Treasury, ed. Lavonne Neff. New York: Harpercollins,
1996, p. 139.
[66] São João Paulo II diz na mensagem:

Caros irmãos e irmãs... escutai a voz de Jesus, que, cansado e com sede, diz à
samaritana no poço de Jacó: “Dá-me de beber” (Jo 4,7). Olhai para Jesus pregado na Cruz,
moribundo, e escutai sua fraca voz: “Tenho sede” (Jo 19,28). Hoje, Cristo repete seu pedido
e revive os tormentos de sua Paixão nos nossos irmãos e irmãs mais pobres (A Santa Sé,
Mensagem de Sua Santidade, o Papa João Paulo II, para a Quaresma de 1993, 18 de
setembro de 1992).

[67] Carta de Madre Teresa às Missionárias da Caridade, 25 de março de 1993.


Missionaries of Charity Sisters, c/o Mother Teresa Center, 2011.
[68] Come Be My Light [Sede Minha Luz], p. 99.
[69] Ibid.
[70] Ibid.
[71] Joseph Langford, MC. Mother Teresa: In the Shadow of Our Lady: Sharing Mother
Teresa’s Mystical Relationship with Mary [Madre Teresa à Sombra de Nossa Senhora:
Compartilhando o Relacionamento Místico entre Madre Teresa e Maria]. Huntington, IN, Our
Sunday Visitor, 2007, p. 24-25.
[72] Ibid., p. 40.
[73] Aim Higher!, p. 13.
[74] Ver In the Shadow of Our Lady, p. 72.
[75] Come Be My Light, p. 31.
[76] Scott Hahn, A Father Who Keeps His Promises: God’s Covenant Love in Scripture
[Um Pai que Guarda Suas Promessas: A Aliança Amorosa de Deus na Sagrada Escritura].
Ann Arbor, MI: Servant Publications, 1998, p. 26.
[77] Langford, p. 78.
[78] Bíblia Ave-Maria.
[79] Come Be My Light, p. 31.
[80] Ibid., p. 321.
[81] Ibid., p. 171.
[82] Ibid., p. 233.
[83] George Weigel, Witness to Hope: The Biography of Pope John Paul II [Testemunho
de Esperança: A Biogragia do Papa João Paulo II]. New York: Harper Collins, 1999, p. 413.
[84] Em seu livro Gift and Mistery: On the Fiftieth Anniversary of My Priestly Ordination
[Dom e Mistério: Sobre o 50o Aniversário de Minha Ordenação Sacerdotal] (New York,
Doubleday, 1996), João Paulo II explica o sentido da frase “Totus Tuus”, seu lema papal. Ele
diz que a frase vem de São Luís Maria Grignion de Montfort e que essas palavras são “uma
abreviação de uma forma mais completa de consagração à Mãe de Deus, a saber: “Totus
Tuus ego sum et omnia mea Tue sunt. Accipio Te in mea Omnia. Praebe mimico or Tuum,
Maria” (p. 30).
[85] Lumen Gentium, no 61.
[86] Ibid., nos 61-62.
[87] Redemptoris Mater, no 39.
[88] Ibid., no 20.
[89] Ibid.
[90] Ibid., nos 21-22.
[91] Ibid., no 18.
[92] Ibid., no 23.
[93] Ibid.
[94] Ibid., no 39.
[95] Ibid., no 24.
[96] Ibid., no 44.
[97] Ibid.
[98] Ibid., no 45.
[99] Ibid.
[100] Ibid., no 46.
[101] Essas foram as palavras de João Paulo II durante a saudação aos peregrinos de
língua inglesa em sua primeira audiência geral em Roma após ter retornado da viagem a
Fátima em maio de 1982. A referência do texto completo está na nota 103.
[102] Ato de Entrega, Papa João Paulo II, 13 de maio de 1982, no 9. Ver também o uso
que ele faz dessas palavras durante o Ato de Entrega de 13 de maio de 1984, as quais
estão citadas na reflexão do 22o dia.
[103] Homilia do Papa João Paulo II em Fátima, Portugal, no dia 13 de maio de 1982,
no 8.
[104] Essa frase foi retirada das palavras do Papa na saudação aos peregrinos de
língua inglesa em sua primeira audiência geral em Roma após ter retornado da viagem a
Fátima (maio de 1982), citada por Arthur Calkins em Totus Tuus: John Paul II’s Programo of
Marian Consecration and Entrustment. Libertyville, IL, Academy of the Immaculate, 1992, p.
177. Naquela ocasião, o Papa disse:

Na semana passada, fui a Portugal em peregrinação, particularmente a Fátima,


para agradecer pelo fato de a misericórdia de Deus e a proteção da Mãe de Cristo
terem salvado minha vida no ano passado. A mensagem de Fátima é um chamado à
conversão e à penitência, o primeiro e fundamental chamado do Evangelho. Hoje, ele
é mais urgente do que nunca, já que o mal nos ameaça por meio de erros que se
baseiam na negação de Deus. A mensagem de Fátima nos põe em estado de
vigilância. Ela também nos convida a aproximarmo-nos novamente da Fonte de
Misericórdia por meio de um ato de consagração. Maria quer que nos aproximemos
dessa Fonte: cada um de nós, cada nação, o mundo inteiro.
[105] Homilia, 1982, no 8.
[106] Ibid., no 9.
[107] Ato de Entrega, 13 de maio de 1982, no 2.
[108] Ibid.
[109] Ibid.
[110] Theotokos: Woman, Mother, Disciple. Boston, Pauline Books and Media, 2000, p.
38.
[111] Tratado da Verdadeira Devoção, no 36.
[112] Ibid., no 20.
[113] São Luís diz o seguinte sobre o fato de Maria nos aproximar de Cristo:

Maria foi criada apenas para Cristo, e é inconcebível a ideia de que ela guarde
uma só alma para si. Ao contrário, ela leva cada alma diretamente a Deus para se unir
a Ele. Maria é a maravilhosa imitadora de Cristo. Quanto mais alguém se une a ela,
mais eficazmente se une a Deus. Quando dizemos “Maria”, ela ecoa “Deus” (The
Secret of Mary” in God Alone: The Collected Writings of St. Louis Marie de Montfort.
Bay Shore, NY, Montfort Publications, 1995, p. 268).
[114] Aim Higher!, p. 43.
[115] Treece, p. 66.
[116] The Kolbe Reader, ed. Anselm W. Romb, OFM Conv. Libertyville, IL, Franciscan
Marytown Press, 1987, p. 96.
[117] Langford, p. 72.
[118] Mons. Arthur Burton Calkins, “The Theology of the Alliance of the Hearts of Jesus
and Mary”, n.d., http://www.christendom-awake.org/pages/calkins/alliance.htm
[119] Papa Pio XII, Audiência da Canonização de São Luís Maria Grignion de Montfort,
21 de julho de 1947. As ênfases são minhas.
[120] “O Segredo de Maria”, nos43-44.
[121] Ibid., nos 45-46.
[122] The Kolbe Reader, p. 99.
[123] Ibid., p. 112.
[124] Ibid., p. 128.
[125] Ibid., p. 120.
[126] Ibid., p. 145.
[127] Ibid., p. 15.
[128] “O Segredo de Maria”, no 48.
[129] Joseph Pieper, Only the Lover Sings: Art and Contemplation. San Francisco,
Ignatius Press, 1990, p. 66.
[130] The Book of Her Life (Vol. 1) in The Collected Works of St. Teresa of Avila (3
Vols.). Trad. Kieran Kavanaugh, OCD, and Otilio Rodriguez, OCD. Washington, Institute of
Carmelite Studies, 1976-1987, 4, 9.
[131] Acesse a versão PDF no site do Vaticano: https://w2.vatican.va/content/john-paul-
ii/pt/apost_letters/2002/documents/hf_jp-ii_apl_20021016_rosarium-virginis-mariae.pdf
[132] Rosarium Virginis Mariae, n. 15.
[133] Catecismo, 2725ss.
[134] Catecismo, n. 1085. Grifo no original.
[135] Catecismo, n. 1667.
[136] Roy H. Schoeman, “Salvation is From the Jews”, n.d.,
˂http://www.salvationisfromthejews.com/alljews.html#ratibonne˃
[137] Father Kolbe Missionaries of the Immaculata, “The Miraculous Medal”, n. d.,
http://www.kolbemission.org/flex/cm/pages/ServeBLOB.php/L/EN/IDPagina/122.
[138] Nos anos bissextos, a data de início é 21 de fevereiro.

[i] O exame de consciência deveria ser feito em algum momento do final do dia. A
maioria das pessoas faz brevemente pouco antes de se deitarem. Basicamente, trata-se de
uma revisão mental das cerca de 16 horas anteriores de lucidez – portanto, algumas
pessoas preferem chamar o exame de consciência de exame de lucidez.

Para fazer o exame, primeiramente temos de nos colocar na presença de Deus. Em


outras palavras, temos de iniciar conscientes de que este é um momento de oração, não
apenas um exercício mental. Fazer o Sinal da Cruz com devoção é suficiente para que nos
lembremos disso.

Em seguida, temos apenas de memorizar uma palavra: B-I-C-A-R, bicar. Temos


também de saber o que significa cada letra dessa palavra.

B se refere a “bênçãos”. De acordo com Santo Inácio, este é o mais importante dos
cinco pontos. Aqui nós apenas revisamos nosso dia, reconhecemos as diversas bênçãos
que Deus nos deu no decorrer dele e então O louvamos e agradecemos por essas bênçãos.
Por exemplo, talvez tenha ocorrido uma excelente conversa com alguém na hora do almoço.
Pode ser que, durante o exame, queiramos refletir sobre esse dom e louvar e agradecer o
Senhor por ele. Naturalmente, não precisamos refletir sobre cada uma das bênçãos
recebidas ao longo do dia, pois isso levaria muito tempo. O importante aqui é deixar que o
coração se ocupe com alguns picos de alegria e com algumas bênçãos recebidas ao longo
do dia, aquilo que Santo Inácio chama de “consolação”. Mais uma coisa: não podemos nos
esquecer de agradecer a Deus pelas cruzes do dia, que também são bênçãos.

Se adquirirmos o hábito de louvar e agradecer a Deus dessa forma em nosso exame


diário, começaremos a reconhecer as bênçãos de nosso dia-a-dia à medida que ocorrem, e
assim desenvolveremos um contínuo senso de gratidão. Em outras palavras, nosso louvor e
agradecimento não ocorrerão apenas quando fizermos o exame, mas serão constantes ao
longo de todo o dia. Além disso, quando Deus vir nosso esforço para reconhecer Suas
bênçãos e agradecê-Lo por elas, enviará ainda mais bênçãos.

I se refere a “implorar”. Embora já tenhamos nos colocado na presença de Deus no


início do exame, neste momento temos de implorar uma graça especial do Espírito Santo: a
graça de reconhecer nossos pecados. Sem a ajuda do Espírito Santo não conseguiremos
enxergar nossa pecaminosidade. Por isso, quando chegarmos ao segundo ponto teremos
de implorar o Espírito Santo para nos ajudar a reconhecer nossa pecaminosidade, o que
nos leva ao próximo ponto.

C se refere a “crucificar”. Por que “crucificar”? Porque Jesus foi crucificado por causa de
nossos pecados. Neste terceiro ponto, temos de refletir sobre nossa pecaminosidade (e
também sobre nossas fraquezas e apegos). Portanto, mais uma vez pensamos em nossas
horas de lucidez ao longo do dia. Neste momento, porém, não observamos os picos, mas os
vales, que Santo Inácio chamava de “desolação”. Em outras palavras, prestamos atenção
nos momentos do dia em que nos sentimos mal? Talvez por causa do pecado de outrem,
talvez por alguém nos disse algo indelicado. Ok. Perdoamos essas pessoas? Se o fizemos,
muito bem. Se não o fizemos, o exame é um bom momento para tratar disso.

Ora, continuemos nossa reflexão. Eis outro momento em que nos sentimos mal:
durante a tarde, no trabalho, ao lado do refrigerador de água. Hummm. Por que nos
sentimos mal naquele momento. Ah, sim (obrigado, Espírito Santo), foi quando tratamos
João de modo grosseiro. Vejamos, houve mais alguma coisa? Sim, mais uma coisa fez com
que nos sentíssemos mal: não aceitamos o engarrafamento no caminho de volta para casa
como uma pequena participação na Cruz do Senhor. Deveríamos ter ficado mais calmos
naquele momento, oferecendo-o como oração pelo próximo.

Muito bem, então, após recordarmos todos os momentos que nos impactaram
negativamente, talvez nos sintamos um tanto tristes. Tal sentimento pode despertar em nós
o desejo de nos afastarmos de Jesus. Não façamos isso. É quando o peso de nossa
pecaminosidade faz com que nos sintamos mal que devemos nos aproximar de Jesus (com
todo o nosso ser, incluindo nossa pecaminosidade), o que nos leva ao seguinte ponto.

A se refere a “acolher”. Temos de permitir que Jesus nos acolha, pecadores que somos,
com os raios de Seu amor misericordioso. Enquanto meditamos sobre esse ponto, talvez
valha a pena pensar na Imagem de Jesus Misericordioso. Gosto pensar nos raios dessa
imagem me acolhendo com clemência. Também gosto de recordar que Jesus disse que o
perdão acalma Seu coração e que, quando me aproximo Dele com minha pecaminosidade,
dou-Lhe a alegria de ser meu Salvador. Creio que nesse momento do exame deixamos
Jesus profundamente consolado quando simplesmente permitimos que Ele nos acolha com
Seu amor misericordioso – e, naturalmente, nós também somos consolados. Antes de
passar ao próximo ponto, recomendo que você dedique um pouco mais de tempo a este
momento.

R se refere a “resolução”. Durante este último ponto do exame, tomamos o que


aprendemos com os pontos anteriores e pensamos no dia seguinte, dispostos a fazer
resoluções. Por exemplo, tendo reconhecido, durante o ponto “C”, que hoje no escritório
ofendemos João com um comentário grosseiro, podemos fazer o propósito de nos
redimirmos com ele no dia seguinte, indo até a sua sala, dando-lhe um tapinha nas costas e
parabenizando-lhe por seu time de futebol ter jogado bem nesta noite. Além disso, após
recordarmos que fomos impacientes no engarrafamento hoje, podemos nos comprometer a
ficar calados se o mar de luzes de freio aparecer novamente. Finalmente, como no ponto “B”
nós percebemos que Deus falou conosco durante o almoço enquanto conversávamos com
Sara, iluminando um determinado problema, podemos nos propor a agir sobre essa luz
lendo, na internet, o artigo recomendado por ela. (Creio que você entendeu a ideia de como
devemos fazer o exame.)

[ii] A Igreja Católica ensina que somos chamados a participar da ação redentora de
cristo no mundo. Em outras palavras, como lemos na introdução, Jesus não nos redimiu
para que sentemos, cruzemos os braços e relaxemos. Ao contrário, Ele nos inclui na obra
de redenção, e uma parte importante dessa obra é o nosso sofrimento. Para ser mais
específico, Jesus nos convida para unirmos nosso sofrimento ao Dele a fim de salvar almas:
Ele nos convida a ser “corredentores”, redentores “com Ele”, embora de um modo
plenamente subordinado a Ele.

Aproximamo-nos do mistério da “corredenção” quando refletimos sobre estas palavras


desconcertantes de São Paulo: “Agora me alegro nos sofrimentos suportados por vós. O
que falta às tribulações de Cristo, completo na minha carne, por seu corpo que é a Igreja”
(Cl 1,24). Como São Paulo pode afirmar que “falta” algo ao sofrimento de Cristo? Seu
sofrimento é objetivamente suficiente para salvar a humanidade inteira, e as graças
provenientes dele estão disponíveis a todos. Neste sentido, não falta nada ao sofrimento de
Cristo. Não obstante, poderíamos dizer que “falta” algo no sofrimento de Cristo no sentido
de que não são todas as pessoas que aceitam Sua graça e misericórdia. Além disso, falta
em Seu sofrimento quando as pessoas não aceitam plenamente Sua graça e misericórdia,
isto é, quando o fazem com desleixo, reservas e condições. É precisamente nessas
situações nas quais as pessoas rejeitam ou não aceitam plenamente a graça de Deus que
nossos sofrimentos e orações podem “completar o que falta”.

Portanto, Jesus não veio para nos livrar do sofrimento, mas para transformá-lo. Com
Cristo, o sofrimento deixa de ser um fardo sem sentido. Sim, nós ainda sofremos, mas
agora, se estivermos em estado de graça e se unirmos nossos sofrimentos aos de Jesus,
eles terão um valor salvífico; eles salvarão almas; eles darão vida a outras pessoas. Você
pode estar pensando: “Isso é extraordinário, mas como uno a Cristo os meus sofrimentos?”
É simples: basta entregá-los a Maria. Ela esteve plenamente unida a Cristo em Seu
sofrimento na Cruz, e quando entregamos a ela os nossos sofrimentos, ela mesma os une
aos de Cristo e aos seus próprios; isso mesmo, aos seus próprios sofrimentos.
Os sofrimentos de Maria ao pé da Cruz foram maiores que os de qualquer outra
criatura, e ela os ofereceu com um amor imenso. Para compreender melhor seu sofrimento
e seu amor, reflita sobre o seguinte: se você perguntasse a qualquer mãe cujo filho está
sofrendo terrivelmente se ela trocaria de lugar com ele, é claro que ela responderia
imediatamente que trocaria de lugar, sem hesitar. Assim é o amor de uma mãe. Agora,
pense no seguinte: se você reunisse em um só coração o amor que todas as mães do
universo sentem por seus filhos, esse amor não seria tão intenso quanto o amor que Maria
sente por Jesus. Leve em conta, também, que seu Filho é a mais amável de todas as
pessoas. Agora, considere que Ele foi brutalmente agredido e insultado, que morreu
lentamente bem diante dela. Consegue imaginar o sofrimento dela? Nós não conseguimos.
O sofrimento de Maria é verdadeiramente mais intenso que o de qualquer outra criatura.
Seu coração foi realmente trespassado com uma espada. Ela foi de fato “crucificada
espiritualmente” com Jesus por meio do amor, por meio de seu amor perfeitamente
compassivo.

Ora, se eu posso me tornar um “corredentor” com Cristo ao oferecer-lhe meus


insignificantes sofrimentos, então Maria obviamente é também uma corredentora. Na
verdade, por causa de seu extraordinário sofrimento com Cristo, ela merece um título
especial, que muitos Papas lhe deram: “Corredentora”. Esse título não a torna igual a Cristo,
mas mostra que ela sofreu com Ele de um modo extraordinário e subordinado. (O prefixo
“co” não significa “igual a”, mas “com”.) Esse título é o reconhecimento de que ela cooperou,
mais do que qualquer outra pessoa, com a obra redentora de Cristo. E assim como ela tem
um papel especial no Corpo de Cristo, a saber, a de gerar “outros Cristos” por meio de suas
orações, ela também tem um papel especial em nossa união à morte salvífica de Jesus. Sua
função é nos ajudar a unir nossos sofrimentos com Jesus, a nos colocar – em nosso
sofrimento – face a face com o amor do Coração de Jesus crucificado. Além disso, ela
aumenta os méritos dos nossos sofrimentos com seus méritos insondáveis, méritos que ela
ganhou por meio de sua dolorosa união com Cristo na Cruz como Sua mãe amorosa.

Como é bom ser consagrado a Maria! Ela nos ajuda a não tornarmos vãos os nossos
sofrimentos. Ela os une, juntos com seus próprios sofrimentos, à Cruz de Cristo. Portanto,
ela torna nossos sofrimentos superabundantemente significativos e meritórios para a vida do
mundo.

[iii] Eis uma lista de Festas Marianas:

Janeiro
1 – Santa Maria, Mãe de Deus
21 – Nuestra Señora de la Altagracia (Republica Dominicana)

Fevereiro
2 – Nossa Senhora da Candelária
2 – Nossa Senhora de Copacabana
2 – Nossa Senhora da Luz
2 – Nossa Senhora da Purificação
2 – Nossa Senhora das Candeias
2 – Nossa Senhora dos Navegantes
11 – Nossa Senhora de Lourdes
23 – Nossa Senhora do Divino Pranto
24 – Nossa Senhora da Confiança
Março
25 – Anunciação

Abril
2 – Nossa Senhora do Desterro
8 – Nossa Senhora da Penha de França
26 – Nossa Senhora do Bom Conselho

Maio
08 – Nossa Senhora da Estrela
13 – Nossa Senhora de Fátima
24 – Nossa Senhora Auxiliadora
26 – Nossa Senhora de Caravaggio
31 – Nossa Senhora da Visitação
31 – Nossa Senhora Medianeira de todas as Graças

Junho
24 – Nossa Senhora Rainha da Paz
27 – Nossa Senhora do Perpétuo Socorro

Julho
8 – Nossa Senhora das Graças
13 – Nossa Senhora da Rosa Mística
16 – Nossa Senhora do Carmo

Agosto
2 – Nossa Senhora dos Anjos
5 – Nossa Senhora das Neves
15 – Nossa Senhora da Assunção Aparecida de Aparecida de São Manuel
15 – Nossa Senhora da Assunção
15 – Nossa Senhora da Glória
15 – Nossa Senhora Desatadora dos Nós
15 – Nossa Senhora da Abadia
15 – Nossa Senhora da Boa Viagem (Belo Horizonte)
15 – Nossa Senhora dos Impossíveis
15 – Nossa Senhora da Esperança
15 – Nossa Senhora dos Prazeres
15 – Nossa Senhora da Saúde
15 – Nossa Senhora do Calvário
15 – Nossa Senhora da Guia
16 – Nossa Senhora do Amparo
22 – Nossa Senhora Rainha
26 – Nossa Senhora de Czestochowa

Setembro
8 – Nossa Senhora da Pena (Porto Seguro, Bahia)
8 – Nossa Senhora da Natividade
8 – Nossa Senhora Menina
8 – Nossa Senhora do Monte Serrat
8 – Nossa Senhora da Luz
8 – Nossa Senhora dos Remédios
8 – Nossa Senhora da Confiança
8 – Nossa Senhora de Campanhã
8 – Nossa Senhora de Nazaré
15 – Nossa Senhora da Piedade
15 – Nossa Senhora das Dores
18 – Nossa Senhora da Defesa
19 – Nossa Senhora da Salette
24 – Nossa Senhora das Mercês

Outubro
7 – Nossa Senhora do Rosário
12 – Nossa Senhora da Conceição Aparecida

Novembro
1 – Nossa Senhora do Bom Sucesso
8 – Nossa Senhora Mediadora
15 – Nossa Senhora do Rocio
16 – Nossa Senhora Mãe da Misericórdia
21 – Nossa Senhora da Apresentação
21 – Nossa Senhora da Apresentação de Natal
21 – Nossa Senhora dos Impossíveis
27 – Nossa Senhora das Graças e da Medalha Milagrosa

Dezembro
8 – Imaculada Conceição
12 – Nossa Senhora de Guadalupe
12 – Nossa Senhora da Boa Viagem
12 – Nossa Senhora Desatadora dos Nós
18 – Nossa Senhora do Bom Parto

Eis uma lista de festas marianas móveis, ou seja, que mudam de data a cada ano:

Memória do Imaculado Coração de Maria – sábado depois da Solenidade de Corpus


Christi
Nossa Senhora, Rainha dos Apóstolos – sábado depois da Ascenção
Nossa Senhora, Saúde dos Enfermos – sábado anterior ao último domingo de agosto
Nossa Senhora da Consolação – sábado depois da Festa de Santo Agostinho
Maria, Mãe da Divina Providência – sábado anterior ao 3º domingo de novembro

Há quatro tipos de “festas”. Do mais importante ao menos importante, são os seguintes:


solenidade, festa, memória e memória facultativa. O termo “festa” tem dois sentidos: o
primeiro significa propriamente uma festa (o segundo mais importante tipo de celebração); o
segundo é usado genericamente para se referir a uma celebração, independentemente de
seu grau de importância.

As quatro mais importantes festas marianas (solenidades) no calendário são: a


Maternidade Divina de Maria (1º de janeiro), sua Imaculada Conceição (8 de dezembro), sua
Assunção (15 de agosto) e a Anunciação (25 de março). Destas, as três primeiras são dias
de preceito, de acordo com o cânon 1246 do Código de Direito Canônico. Porém as
Conferências Episcopais podem suprimir certos dias de preceito ou transferi-los para um
domingo.

[iv] A prática piedosa dos Cinco Primeiros Sábados começou após as aparições de
Nossa Senhora em Fátima. Na aparição de julho de 1917, Maria disse a Lúcia: “Virei pedir
(...) que no Primeiro Sábado de cada mês sejam feitas comunhões reparadoras em
expiação dos pecados do mundo”.

No dia 10 de dezembro de 1925, Nossa Senhora apareceu novamente a Lúcia (desta


vez em Pontevedra, na Espanha, aonde Lúcia fora enviada para aprender a ler e a escrever
com as Irmãs Doroteias) e completou o pedido dos Cinco Primeiros Sábados.

Ela disse a Lúcia:

Vê, minha filha, meu coração envolto em espinhos com os quais homens ingratos
o perfuram a cada momento com suas blasfêmias e ingratidões. Tu ao menos te
esforças para me consolar. Diz a eles que prometo assistir na hora da morte, com as
graças necessárias para a salvação, todos aqueles que, a fim de fazerem reparação
por mim, no Primeiro Sábado de cinco meses seguidos, se confessarem, receberem a
Eucaristia, rezarem cinco mistérios do Rosário e ficarem comigo durante quinze
minutos, meditando sobre os quinze mistérios do Rosário.

A devoção dos Cinco Primeiros Sábados consiste nos seguintes elementos, praticados
com intenção reparadora ao longo de cinco meses consecutivos:

Confissão (antes ou depois do Primeiro Sábado – contanto que a pessoa


comungue em estado de graça);
Comunhão recebida no Primeiro Sábado;
Santo Rosário (cinco mistérios recitados em algum momento do dia);
Meditação sobre os mistérios do Rosário por 15 minutos (um ou mais de um
deles).

Você também pode gostar