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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO

ESPECIAL CÍVEL E CRIMINAL DE TERESINA-PI.

MARIA DAS GRAÇAS MOITA RAPOSO PEREIRA, brasileira, casada, inscrita no


RG de número 100351, e CPF número 047.886.643-72, e JOSÉ RAPOSO PEREIRA,
brasileiro, casado, inscrito no RG de número 291828, e CPF número 032.821.553-57,
ambos residentes e domiciliados na Rua José Torquato Viana, 1725 1543, Cep 64056-
333, Morada do Sol, Teresina-PI, vem, respeitosamente, perante V. Exa.,por intermédio
de seu advogado ao fim assinado, com escritório profissional localizado na Rua
Deputado Sousa Santos, 853, São Cristovão, Teresina-PI, CEP 64052370, onde recebe
as notificações e intimações de estilo, propor a presente:

AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Em face de GOL LINHAS AÉREAS INTELIGENTES S/A, com CNPJ nº


06.164.253/0001-87, com sede na Pc Linneu Gomes, SN, Portaria 03, Predio 24, Parte,
Campo Belo, São Paulo - SP, CEP 04.626-020 e SMILES S/A, com CNPJ nº
15.912.764/0001-20, com sede na Alameda Rio Negro, 585, Edif: Padauiri, Bloco: B,
Andar: 2, Conj: 21 e 22, Alphaville, Barueri - SP, CEP 06454-000, pelos elementos de
fato e direito a seguir delineados.

1. DOS FATOS

Os REQUERENTES adquiriram passagens junto às empresas REQUERIDAS


para viajar de Fortaleza para Teresina, no dia 16 de janeiro de 2022.

A passagem anexa deixa claro que o voo dos Requerentes tinha previsão para sair
de Fortaleza com destino a Teresina por volta das 17:40.

Entretanto, para o seu constrangimento e abalo moral, o voo não ocorreu como
previsto.

É que durante o processo de check-in do seu voo entre Fortaleza e Teresina,


houve uma suposta falha de comunicação por parte das requeridas, que não
relacionaram os nomes dos requerentes na aeronave.

As Requeridas simplesmente informou que os Requerentes NÃO


PODERIAM EMBARCAR NO VOO QUE HAVIAM ADQUIRIDO, E QUE UM
NOVO VOO ESTARIA PREVISTO APENAS ÀS 17:40 do dia 18 de janeiro de
2022! O que é demonstra ser um absurdo

Absurdo porque, consoante se comprova na nova passagem emitida pelas


Empresas Requeridas, os Requerentes só conseguiram prosseguir para o seu
destino às 17:40h dois dias depois do previsto. Ou seja, os Requerentes
permaneceram aguardando o seu embarque por mais de 48h!

E detalhe, Excelência, os Requerentes permaneceram durante todo esse


período SEM AS EMPRESAS TEREM OFERECIDO HOTÉIS, BEM COMO
ALIMENTAÇÃO. As Requeridas sequer tiveram o respeito para com seus clientes
de lhes acomodar em um hotel durante esse período de mais de 48 horas de espera,
e muito menos tiveram o respeito de fornecer alimentação!

Em outras palavras, os Requerentes tiveram que suportar todo o custo de


permanecer aguardando mais de 48h por seu novo voo – resultado de uma falha
das Requeridas, sem qualquer suporte.

Ora, Excelência, estamos diante de uma GRAVÍSSIMA FALHA NA


PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS por parte das REQUERIDAS, uma vez que não
observou os termos contratados pelos autores no momento da compra da passagem
ao ATRASAR EM MAIS DE 48 HORAS SEU VOO SEM QUALQUER AVISO
PRÉVIO, causando-lhes constrangimento e abalo moral, sendo passível de indenização
por danos morais.

EM OUTRAS PALAVRAS, QUER-SE CHAMAR ATENÇÃO AO ABUSO


DE CONDUTA DAS EMPRESAS, HAJA VISTA QUE OS CLIENTES DAS
REQUERIDAS, MESMO QUE PROGRAMEM SUAS VIAGENS COM
BASTANTE ANTECEDÊNCIA, NÃO TERÃO GARANTIA DE QUE AS
MESMAS OCORRERÃO COMO PROGRAMADO.

Dessa forma, como é algo pacificado nos tribunais superiores quanto a


responsabilidade objetiva e o dever de indenizar o cliente por parte da empresa aérea
nos casos de atraso de voo, além da instituição do DANO  IN RE IPSA, em que o dano
ocorre pelo próprio fato, não necessitando a comprovação do prejuízo moral ocorrido,
vem por meio deste requerer o que segue como medida de justiça.

2. DA INVERSÃO DO ÔNUS DA PROVA

Buscando a facilitação da defesa dos direitos do consumidor, parte mais


vulnerável da relação de consumo, o legislador estabeleceu, no art. 6º, inciso VIII, do
Código de Defesa do Consumidor, a possibilidade de inversão do ônus da prova pelo
Magistrado, exigindo para tal apenas a comprovação da verossimilhança das alegações
ou a hipossuficiência do consumidor:

“Art. 6º. VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão
do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de
experiências. ”

Ademais, cabe ressaltar a aplicação, ao caso em análise, da Teoria das Cargas


Probatórias Dinâmicas, segundo a qual as regras sobre a distribuição do ônus da prova
podem ser flexibilizadas no caso concreto, quando se verificar que a sua rígida
aplicação impedirá o acesso de uma das partes à Justiça e a descoberta da verdade real,
estando à parte contrária em condições de produzir a prova sobre alegações de fatos
relevantes para o julgamento da causa.

No caso sub examine, evidentes se mostram os pressupostos da aplicação da


aludida regra, uma vez que a verossimilhança se encontra assente nos documentos
colacionados à exordial, que comprovam que os REQUERENTES arcaram com
o  ATRASO DE MAIS DE 48 HORAS EM SEU VOO.

Portanto, diante da presença dos requisitos legais, deve o Magistrado determinar a


aplicação da regra da inversão do ônus da prova em favor do consumidor, para
determinar que os fornecedores demonstrem, de forma cabal, a inexistência do abalo
íntimo experimentado pelo autor.

3. DA RESPONSABILIDADE OBJETIVA

Primeiramente, merece destaque a responsabilidade civil por parte das empresas


REQUERIDAS no presente caso, uma vez que, pela atividade que exerce, esta deve
arcar com os danos sofridos pelos seus consumidores, independente de dolo ou culpa,
quando forem situações inerentes ao seu serviço.

Fundamentando o que fora supracitado, dispõe o Código de Defesa do


Consumidor:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Assim, verifica-se no presente caso a configuração de defeitos relativos à


prestação de serviços por parte da empresa aérea, no que tange ao transporte dos
passageiros.

A partir do momento que a empresa falha no transporte dos passageiros, havendo


o ATRASO DE MAIS DE 48 HORAS QUE SEQUER FOI JUSTIFICADO, esta
deve se responsabilizar pelo constrangimento experimentado pelo consumidor.

Isso se dá pelo fato de que o cliente, ao viajar pela empresa, espera chegar e partir
nos horários previstos, para que possa honrar com compromissos eventualmente
agendados ou para não desgastar-se mentalmente e fisicamente além do esperado, o que
não ocorreu com os REQUERENTES.

Ressalta-se, por tanto, a teoria do risco da atividade, conforme disposição


supracitada do CDC, em que o fornecedor responde independentemente de culpa por
qualquer dano causado ao consumidor, pois, por esta teoria, este deve assumir o dano
em razão da atividade que realiza, como ensina Cavalieri:

“Uma das teorias que procuram justificar a responsabilidade objetiva é a teoria do


risco do negócio. Para esta teoria, toda pessoa que exerce alguma atividade cria um
risco de dano para terceiros. E deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua conduta seja
isenta de culpa.”
Destaca-se, ainda, o importante ensinamento do doutrinador Nelson Nery:

“A norma estabelece a responsabilidade objetiva como sendo o


sistema geral da responsabilidade do CDC. Assim, toda indenização
derivada de relação de consumo, sujeita-se ao regime da responsabilidade
objetiva, salvo quando o Código expressamente disponha em contrário.
Há responsabilidade objetiva do fornecedor pelos danos causados ao
consumidor, independentemente da investigação de culpa.”

Por fim, o subjetivismo não é importante quando tratamos de questões sobre


relação de consumo, uma vez que não faz parte dos critérios determinantes no momento
de se condenar à reparação do dano, já que não interessa se houve ou não a pretensão de
lesar, sendo suficiente apenas a existência do prejuízo e, por isso, o causador é obrigado
a repará-lo.            

4. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS

Como anteriormente disposto, pode-se verificar a obrigação da Ré em reparar


pelos danos sofridos pelos REQUERENTES, uma vez que o prejuízo moral sofrido pelo
segundo ter decorrido em virtude da comprovada conduta ilícita praticada pelo primeiro.

Temos, primeiramente, o disposto no Código de Defesa do Consumidor:

Art. 14. O fornecedor de serviços responde, independentemente da


existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores
por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

Fundamentando o direito incontroverso objeto desta lide, cita-se o art. 186 e art.
187 do Código Civil:

Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou


imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao


exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim
econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.

Em conjunto com as disposições supracitadas, temos o art. 927 do mesmo código


em que se verifica a responsabilidade de indenizar, por parte das REQUERIDA, por
estes atos ilícitos praticados, qual seja:

Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a
outrem, fica obrigado a repará-lo.

Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o


dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou
quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano
implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
De acordo com as disposições normativas acima, as REQUERIDAS, no presente
caso, tem o dever de indenizar pelos danos morais sofridos pelos REQUERENTES,
uma vez que, ao ATRASAR MAIS DE 48 HORAS SEM JUSTIFICATIVA o
voo  dos seus clientes, falharam na prestação de serviços , favorecendo para o abalo
íntimo sofrido, além do desgaste físico excedente e a perda de compromissos marcados
para o dia seguinte, em total desatenção e desrespeito ao consumidor.

Em consonância com todos os argumentos acima, cita-se o brilhante Dr. Araken


de Assis, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul que,
em um de seus artigos, inicia dessa forma para, posteriormente, expor seu pensamento:

“Nos últimos tempos, controverte-se a indenização pecuniária do dano


moral. Averbam-se tais indenizações como uma fonte de enriquecimento
sem causa e a própria constatação desta espécie de dano, em inúmeros
ilícitos, como uma trava perniciosa à vida em sociedade. [...] Com tais
preposições, honestamente, não posso concordar. Em geral, elas
provêm de contumazes contraventores de regras de conduta e de
litigantes contumazes, interessados em minimizar os efeitos dos seus
reiterados atos ilícitos. Ao contrário do que se alega, é imperioso, na
sociedade de massas, inculcar respeito máximo à pessoa humana,
frequentemente negligenciada, e a indenização do dano moral,
quando se verificar ilícito e dano desta natureza, constitui um
instrumento valioso para alcançar tal objetivo”.

Desconstrói, então, a justificativa das empresas de se recusarem a pagar


indenizações de cunho moral, impondo, em seguida, a importância desse tipo de
compensação, tanto como forma de reparar danos de foro íntimo experimentados pelos
que são lesados, como também um meio de compelir os contraventores a não minimizar
seus reiterados atos ilícitos praticados.

Em conformidade com tudo que foi exposto, segue o entendimento atual do


Superior Tribunal de Justiça que embasa ainda mais tudo que foi arguido, demonstrando
o quão incontroverso é o direito aqui pleiteado em favor do autor, qual seja:

AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇÃO. DANO


MORAL. VIOLAÇÃO DO ART. 535, II, DO CPC. INEXISTÊNCIA.
CASSAÇÃO DA DECISÃO QUE JULGOU PROCEDENTE O
PEDIDO DE DANO MORAL E FIXOU O VALOR DA
INDENIZAÇÃO. REEXAME DE FATOS E PROVAS. SÚMULA
7/STJ. AGRAVO IMPROVIDO. DECISÃO Trata-se de agravo
interposto contra decisao do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que não
admitiu o recurso especial apresentado por Webjet Linhas Aéreas S.A.,
com base no art. 105, III, a, da CF, desafiando acórdão assim ementado
(e-STJ, fl. 191): INDENIZAÇÃO. ALTERAÇÃO DE VÔO. DANOS
MORAIS. VALOR. MAJORAÇÃO. O arbitramento econômico do dano
moral deve ser realizado nos termos do art. 944 do CPC. Comprovado
nos autos o dano moral experimentado pelo consumidor, porquanto
enfrentou situação desalentadora e desrespeitosa em razão do
descaso da ré frente alteração do vôo contratado, deve ser majorado
o valor dos danos morais, eis que o fixado ficou aquém dos parâmetros
utilizados por esta Câmara. No caso em exame, os recorridos
ajuizaram ação de responsabilidade civil contra a recorrente,
objetivando a indenização por danos morais sofridos pela
antecipação de seu horário de vôo sem aviso prévio. [...] Quanto ao
mais, relativamente à caracterização do dano moral e do valor da
indenização fixada, o Tribunal de origem assim se pronunciou (fl. 193):
[...]. No caso em tela, entendo que devido ao tratamento oferecido pela
empresa, a frustração e transtorno vivenciado perante a antecipação
do vôo sem qualquer aviso e por fim o embarque apenas ao final da
tarde, para uma estadia de poucos dias (carnaval) em Salvador, logram o
reconhecimento do dano impingido à pessoa dos autores. Torna-se
inegável, portanto, que o episódio extrapolou o mero aborrecimento,
configurando efetivo abalo moral, passível de reparação. E, mesmo
feitas tais considerações, o dano aqui discutido, por ser de ordem
subjetiva e pessoal, referente a direitos de personalidade, tonar-se
presumível e independente de prova para sua configuração, sendo
então "in re ipsa", inerente ao próprio fato ocorrido. Quanto ao valor
da reparação, arbitrado em R$ 8.000,00 para todos os autores, sendo R$
2.000,00 para cada um, é de ser majorado, como querem os demandantes,
pois muito aquém dos parâmetros utilizados por esta Câmara em casos
semelhantes. No caso, quando uma empresa aventura-se no ramo da
prestação de serviço ao público, o mínimo exigido é que preste um
serviço de qualidade e que atenda, totalmente, às expectativas do
consumidor aderente. Assim, merece reparo o valor fixado pelo M.M.
Juiz sentenciante, quanto à indenização por danos morais, por considerá-
la fora dos parâmetros da razoabilidade e prudência que merecem o caso,
motivo pelo qual fixo em R$ 3.000,00 (três mil reais), para cada autor.
[...](STJ - AREsp: 656198 MG 2015/0028006-5, Relator: Ministro
MARCO AURÉLIO BELLIZZE, Data de Publicação: DJ 05/03/2015)

Buscando reforçar ainda mais o quão pacificado é esse entendimento, segue


importantes julgados recentes de diversos Tribunais de Justiça sobre o assunto, quais
sejam:

INDENIZAÇÃO. ALTERAÇÃO DE VÔO. DANOS MORAIS.


VALOR. MAJORAÇÃO. O arbitramento econômico do dano moral
deve ser realizado nos termos do art. 944 do CPC. Comprovado nos
autos o dano moral experimentado pelo consumidor, porquanto
enfrentou situação desalentadora e desrespeitosa em razão do
descaso da ré frente alteração do vôo contratado, deve ser majorado
o valor dos danos morais, eis que o fixado ficou aquém dos parâmetros
utilizados por esta Câmara.(TJ-MG - AC: 10024112264650001 MG ,
Relator: Amorim Siqueira, Data de Julgamento: 08/04/2014, Câmaras
Cíveis / 9ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 14/04/2014)

APELAÇÃO CÍVEL. TRANSPORTE. TRANSPORTE DE PESSOAS.


AÇÃO CONDENATÓRIA POR DANOS MATERIAIS E MORAIS.
ALTERAÇÃO DE HORÁRIO DE VÔO. DANO MORAL. Desborda
da esfera do mero dissabor e configura dano moral a circunstância
de alteração do horário do vôo contratado pelos autores, pela
companhia aérea, sem a sua prévia comunicação, frustrando, em
parte, a programação para a sua viagem. "Quantum" fixado em
R$3.000,00 (três mil reais), para cada um dos autores. Recurso de
apelação provido. (Apelação Cível Nº 70063911978, Décima Segunda
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Umberto Guaspari
Sudbrack, Julgado em 13/08/2015).(TJ-RS - AC: 70063911978 RS ,
Relator: Umberto Guaspari Sudbrack, Data de Julgamento: 13/08/2015,
Décima Segunda Câmara Cível, Data de Publicação: Diário da Justiça do
dia 17/08/2015)

Portanto, evidencia-se o dever de reparar os danos morais sofridos pelos


REQUERENTES perante o defeito na prestação de serviços das REQUERIDA,
ao  ATRASAR EM MAIS DE 48 HORAS, E QUE SEQUER FOI JUSTIFICADO!

5. DO QUANTUM INDENIZATÓRIO

No tocante ao que já foi arguido e amplamente fundamentado, com base em leis,


doutrinas e jurisprudências, principalmente, observa-se claro o dever de indenizar das
REQUERIDAS perante os REQUERENTES diante do fato aqui exposto e sua
responsabilidade pelo ocorrido.

Tem-se como entendimento pacífico dos Tribunais e pela própria legislação que,
diante de ato ilícito, cabe reparação por danos morais, tendo como tal toda atitude que
vá de encontro a um direito previsto em lei e/ou se dê contra o bom costume e a boa-fé.
Além disso, destaca-se este entendimento quanto ao caráter da supracitada
indenização: PUNITIVO E PEDAGÓGICO.

Os juízes, desembargadores e ministros tem entendido que se faz necessário, no


momento da valoração, a observação quanto à atitude da parte Ré, no que tange à
possibilidade de reiterar na conduta ilícita e tornar-se algo contumaz, devendo ser
punida pelo feito, além, claro, da compensação pelo abalo sofrido pela vítima, com o
intuito de “educar” a empresa, sendo este o caráter PEDAGÓGICO.

Não obstante, há de se observar também o caráter PUNITIVO que se dá com o


objetivo de punir as partes REQUERIDAS pela conduta ilícita praticada, cominando o
pagamento de uma quantia para que esta tenha prejuízo pela atitude tomada.

Casando-se os dois critérios supracitados, temos que a medida em que se busca


que a Ré sinta o prejuízo pela atitude ilícita tomada, isso faz com que esta não reitere na
conduta para não arcar com novas dívidas semelhantes, aumentando e melhorando seu
dever de cuidado para com os consumidores.

Assim, seguindo estes requisitos para a valoração da indenização, assegurar-se-á


os direitos dos indivíduos de natureza subjetiva, como a honra, respeitando-se seus
sentimentos, além de manter os bons costumes e boa-fé nas relações civis e
consumeristas.

Cita-se, então, jurisprudências e votos que tratam do quantum indenizatório nas


situações de prática de ilícito que acarretam em prejuízos morais:
“No que refere ao valor arbitrado na sentença, cuja parte apelante
considerou exorbitante, cabe elucidar que diante da ausência de critérios
legais preestabelecidos, cabe ao julgador, atender nessa
fixação, circunstâncias relativas a posição social e econômica das
partes, a repercussão social da ofensa, o aspecto punitivo-retributivo
da medida, dentre outras. O montante não pode ser irrisório a ponto de
menosprezar as consequências sofridas pelo lesado, nem exagerado,
dando margem a um exacerbamento punitivo. Frisa a jurisprudência
que a responsabilização por danos morais, também possui um cunho
preventivo e pedagógico, a fim de desestimular o ofensor em práticas
semelhantes, não buscando de forma alguma enriquecer o pobre, muito
menos miserabilizar o rico. Sobre o tema fixação do dano moral
prevalece o entendimento de que, na falta de um critério norteador, deve
se ter em conta um critério de razoabilidade, a fim de evitar quantias
irrisórias ou exageradas, levando-se em consideração as peculiaridades
de cada caso (REsp. nº 173.366-SP, 4ª Turma, Rel. Min. Sálvio de
Figueiredo Teixeira).”

“Quanto ao valor fixado para a indenização pelo dano moral, a


orientação jurisprudencial tem sido no sentido de que o juiz,
valendo-se de sua experiência e bom senso, deve sopesar as
peculiaridades de cada caso, de forma que a condenação cumpra a
função punitiva e pedagógica, compensando-se o sofrimento do
indivíduo sem, contudo, permitir o seu enriquecimento sem causa".
(TRF -2ª REGIÃO; AC: 2001.51.01.023374-1; UF: RJ; Orgão Julgador:
QUINTA TURMA ESPECIALIZADA; Relator JUIZ ANTÔNIO CRUZ
NETTO).” (grifos nossos)

Tem-se, portanto, Douto Julgador, a necessidade de valor estes danos de modo


que se compense o cidadão lesado pelo abalo moral sofrido, bem como se interceda nos
atos da empresa para que esta não reitere nestes tipos de conduta, para que outros
consumidores não sofram danos de qualquer natureza, buscando manter as relações
cíveis e consumeristas saudáveis para ambas as partes.

6. DA INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS.

Conforme comprova-se por meio dos comprovantes anexos, os Requerentes


tiveram que desembolsar valores para alimentação durante as 48 (quarenta e oito) horas
que permaneceram na cidade. E isso porque, consoante apontamos em linhas anteriores,
as Requeridas sequer ofereceram vouchers de alimentação ou estadia para os
Requerentes.

Assim, observa-se que o valor dos gastos foi de R$ xxx reais, motivo pelo quais
faz jus a condenação das empresas à reparação por danos materiais nesse valor.

7.DOS PEDIDOS

Forte do exposto, requer:


a) A citação das Rés para que compareça à Audiência de Conciliação, sob pena de
revelia e consequente condenação;

b) Se inexistir acordo, seja designada Audiência de Instrução e Julgamento,


intimando-se a ré para, se quiser, oferecer contestação;

c) Seja julgada pela TOTAL PROCEDÊNCIA do pedido aqui formulado,


ensejando o pagamento de indenização por danos morais pela falha na prestação de
serviços das REQUERIDA ao ATRASAR o voo dos REQUERENTES em mais de
48 HORAS;

d) Seja condenada a reparação por danos materiais no valor de R$ xxx, em face do


prejuízo suportado pelo Requerente.

e) Seja condenada as REQUERIDAS ao pagamento de custas processuais e


honorários advocatícios, caso haja;

f) Seja determinada a inversão do ônus da prova, tendo em vista a vulnerabilidade


dos REQUERENTES em face das REQUERIDAS.

A juntada de documentos novos a qualquer tempo.

Dá-se à causa o valor de R$ xxxx (xxx).

Nestes termos, pede e espera deferimento.

Teresina/PI, 17 de janeiro de 2022.

ABEL ESCÓRCIO FILHO

OAB/PI 13.408

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