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Um choro de dor começa a ser escutado por todos os cantos daquela casa, a mulher

olhou para o berço de sua filha e se amaldiçoou-o com consternação. O bebé já não
estava lá. Tinha estado fora da sua vista apenas por um segundo, mas isso foi
suficiente.
— "Julia! Onde você tá?!"
Ela desceu as escadas a correr para a cozinha. O relógio mostrou que eram 5:30 da
manhã. criança não estava na cama do casal, mas no pensamento da mulher era
impossível estar lá, não havia espaço para ela, o marido e o bebé, ela ainda poderia
estar sobre o efeito de acordar rapidamente d’manhã, mas ainda assim, aquilo não
aliviava ela. Assim, indo olhar o quarto da filha para ver se somente estava grogue de
sono. Quando ela abriu a porta, o dia começou. Estava uma manhã escura e fria de um
outono no Sul-Brasileiro.
A mulher correu para dentro do quarto, à procura da sua filha. Ela deu a volta no
quarto, mas não havia vestígios da criança. Quando olhou para a janela, viu a sua filha
chorando no colo de um ser encapuzado de preto. Chamou o nome da criança, mas
Julia não a conseguia ouvir. Ela tentou alcançar a criança, mas a mulher perdeu o
controle e caiu ao chão. Ela destacou-se, olhando para os dois, com os olhos cheios de
lágrimas a suplicar, ao perceber que não era capaz de a alcançar.
O coração da mulher doía e os seus olhos abriram bem. Nesse segundo, ela apercebeu-
se do que tinha acontecido à sua filha.
Na manhã seguinte, quando ela acordou e ouviu os sons de sua filha rindo, ela se
assustou e pensou que era apenas um sonho extremamente realista, então ela
caminhou com passos largos e trêmulos em direção ao quarto do bebê. Mas quando
ela chegou, ela ouviu o farfalhar das asas de um pássaro, correndo para cima e para
baixo em sua casa, era seu cérebro a enganando.
Tudo o que a mulher queria era uma oportunidade de segurar e ver a sua filha. Ela
queria esperar que houvesse uma forma de a ter de volta. Passou-se um mês, e a
mulher tinha desistido. Ela só pensava nas coisas negativas que tinham acontecido, e
tinha aceite que o pior era tão bom como o melhor agora. Após três meses, a mulher
sonhou subitamente com a criança. No seu sonho, ela viu a sua filha segurando uma
chave.
— "Onde arranjou isto?"
— "No jardim".
A mulher não sabia o que isso significava. Ela acordou de seu sonho, mas se sentiu um
pouco melhor porque agora tinha algum tipo de memória. Uma noite, estava frio
novamente. Ela estava esperando o marido, que fora trabalhar. Ela viu o bebê deitado
no berço à sua frente, olhando para ela e sorrindo, logo, sua visão escureceu e aquela
cena desbotou em seus olhos.
No dia seguinte, como de costume, a mulher foi para o parque, como sempre fazia
com sua filha em manhãs favoráveis. Era difícil acreditar que o bebé tinha
desaparecido novamente, e era tão triste ver um pequeno a correr descalço pelo
parque, enquanto os olhos de todos estavam colados a ela.
Voltando para casa, ela viu uma chave de madeira deitada sobre a grama. Ela
aproximou-se dessa chave e pegou nela. Ela lembrou-se do sonho que teve 2 noites
atrás. Ela queria saber de onde tinha vindo, por isso colocou a chave de madeira no
buraco da fechadura do jardim e a porta abriu-se.
A mulher ficou aliviada. Ver a sua filha foi um milagre. A menina ficou na entrada da
porta, usando um casaco de lã vermelho com um chapéu. Estava frio lá fora, mas ela
sorriu ao ver a sua mãe. A mãe saltou para fora e abraçou a sua filha.
— "Vem Julia, vamos para casa. Mamãe não te vê faz muito tempo. Tenho tantas
saudades suas".
A mulher bota Julia em seu colo e caminha em direção a porta, mas de repente, três
figuras encapuzadas de preto apareceram à sua frente e desapareceram. A mulher
sentiu-se assustada. Ela gritou no topo da sua voz, e o marido veio a correr.
— "Porque estão aqui? Vocês não vão tirar minha filha de mim, nunca mais!"
A mulher ficou aterrorizada. Ela já tinha visto as figuras antes. No dia da perca de sua
filha, uma daquelas figuras foi o que a levou.
— "Deus, por favor, me ajude!"
Seu marido caminhou em sua direção e pediu que ela se acalmasse, ela estava vendo
coisas, não havia homens encapuzados e que não estava segurando Júlia e sim uma
beterraba que caiu de sua plantação de frutas e verduras
— "Todos nós sentimos saudades da Júlia, mas já faz 4 meses, qualquer coisa de ruim
já poderia ter acontecido com ela, principalmente porque ela é um bebê, mas agora
não é hora de delirar e sim de prestar respeito e amor à nossa filha."
A mulher olhou para tudo aquilo e se levantou na descrença, apenas o desespero e o
frio a consumiam, aquelas palavras não faziam muito sentido em sua cabeça. O seu
marido a guiou até sua casa e a colocou no sofá, onde ela poderia se deitar e
finalmente descansar. No entanto, enquanto ela estava descansando, seu marido ligou
para um hospital psiquiátrico na cidade para internar sua esposa até que ela
melhorasse de seu estado.
Ela acordou e já estava no hospital, em uma maca, com uma enfermeira ao seu lado,
trocando o soro que estava sendo injetado na mulher, a mesma olhou para ela e deu-
lhe um sorriso gentil, depois saiu do quarto. A mulher não sentia nada, era como se ela
fosse uma árvore com a casca oca, quando ela pensou que ainda poderia salvar sua
filha, ela sabia que não havia nada que ela pudesse fazer. Ela se lembrou do que seu
marido havia dito e achou que ele estava certo. Passou-se um mês. A mulher estava
em tentativa de esquecer a sua filha. Não havia nada que ela pudesse fazer, não havia
maneira de a recuperar, e mesmo que houvesse, isso não importaria. No hospital ela
perdeu toda a esperança, sentiu-se triste e culpada, magoada por dentro, derramando
todas as suas lágrimas sem razão real, não tinha mais nada e apenas esperou que a
morte viesse e a levasse. A mesma se encontra no hospital psiquiátrico, em um ciclo
eterno de vida e morte, somente esperando um dia que seu corpo não aguente mais
tudo isso e finalmente possa se juntar da sua filha no paraíso.

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