Você está na página 1de 3

1.

5 ECONOMIA, CONSUMO E DESVIO:

 PARA SANCHEZ: a expansão do direito penal está relacionada, na sociedade


contemporânea, à busca por uma forma de solucionar de modo rápido os problemas
sociais, e responder à demanda punitiva de amplas camadas sociais, que identificam
no sistema penal a função de promotor de segurança e diminuição de ansiedades
sociais
 A sociedade atual é marcada pelo risco social, que se mostram na individualização e no
sentimento de insegurança e medo. Fatores que incentivam e acentuam esses
sentimentos:
1) o desenvolvimento dos meios de comunicação: a) TV – “a televisão seria
responsável pela difusão de uma cultura de massas, na qual, ao mesmo tempo em que
se tem acesso fácil a informações de vários tipos, os indivíduos iriam tornando-se,
paulatinamente, receptores passivos de manipulação ideológica, fato que inibiria as
idéias de movimentos sociais e de mudanças sociais”
b) informática –causa uma diferenciação social e cultural entre usuários: uma
crescente estratificação social pode ser verificada através deste processo.
2) o crescimento do poder de mercado
3) A interdependência das esferas de organização social, assim como a crescente
utilização da ordem jurídica como instância de intermediação para a resolução dos
conflitos entre indivíduo e sociedade
 O Estado passa a ser cobrado para resolver o sentimento de insegurança vivido pela
sociedade, e visando atender a tais demandas utiliza-se do direito penal. A punição dos
culpados, que é uma das demandas da sociedade, simboliza a superação do trauma
gerado pelo delito.
 Com as mudanças nos sistemas econômicos, as desigualdades de renda aumentaram
drasticamente, sendo que tal diferenciação gerou tanto um sentimento de privação
relativa entre os pobres, fator responsável tanto pelo incremento da criminalidade,
quanto pelo nascimento do sentimento de ansiedade entre aqueles que se
encontravam em uma situação economicamente mais favorecida, fator que fomentou
a cultura da punição e da intolerância. A frustração social gerada pela impossibilidade
de consumir determinados bens une-se a privação relativa, junção esta que tende a se
tornar uma fonte de desvio.
 A globalização gerou modificações no mercado de trabalho.A exclusão do mercado de
trabalho traz como conseqüência direta a eliminação da cidadania, a negação dos
direitos sociais, não somente por parte da comunidade, mas também por parte das
autoridades.
 FASCISMO SOCIAL: (Souza Santos) conjunto de processos sociais, mediante os quais
extensos setores da população mundial são colocados de maneira irreversível no
exterior de qualquer tipo de controle social. Assim, estes grupos são socialmente
rejeitados e permanentemente excluídos e, muito provavelmente não voltarão a ser
reintegrados pela sociedade. Solução p/ o problema:construção de um novo padrão de
relações locais, nacionais e transnacionais, cujas bases estariam na redistribuição de
renda e no reconhecimento social.
 Os princípios jurídicos do direito penal passa ser questionados pela sociedade
moderna. Sendo necessário novos mecanismos de controle social.
 Processo Penal de emergência: tentativa de adaptar o sistema às novas necessidades
de controle social.
 Para que o direito penal passa a ser influenciado pela política e pela mídia, buscando
atender às demandas sociais punitivas através do endurecimento da legislação penal,
transformando-a na principal forma de combate aos problemas sociais.
Consequências: - garante a legitimidade do poder punitivo do Estado;
- leva a justiça penal a uma situação de grande complexidade. Verifica-se enorme
morosidade, muitos casos de impunidade, com o conseqüente descrédito da ameaça
penal.

1.6 A Globalização e a Transformação das Relações Sociais


 Globalização: gerou como conseqüências o aumento da desigualdade social e
econômica entre países ricos e pobres, migração internacional crescente,
esvaziamento do poder dos estados.
 Com a mudança no sistema capitalista, que era fundamentado pelo trabalho, houve o
surgimento do desemprego estrutural. O trabalho passa a definir as situações de
exclusão social.
 Polarização social: a sociedade passou a ser expressivamente dual. O apartheid social
entre as classes motiva o punitivismo social e o apoio à criminalização de condutas. No
decorrer do processo de mudança no sistema estatal, a criminalidade urbana cresce
expressivamente, assim como o tráfico e o consumo de drogas, fatos que,
paradoxalmente, acabaram por legitimar o corte de gastos sociais, bem como o
endurecimento penal.
 O encarceramento massivo passa a ser utilizado como uma ferramenta fundamental
na dinâmica das sociedades neoliberais de Modernidade Tardia. é um modo civilizado‖
e constitucional de segregar as populações problemáticas que foram criadas pelas
instâncias econômicas e sociais atuais. O encarceramento cumpre a função de
satisfazer os sentimentos de retribuição, sendo ainda mecanismo capaz de controlar‖
o risco e de confinar o perigo‖.
 (Bauman) o critério de é relativo à aptidão de que se possa participar do mercado de
consumo. Já o critério de perigo ou impureza está ligado àqueles indivíduos chamados
consumidores falhos‖, os quais não possuem recursos suficientes para consumir. a
busca pela pureza é verificada através da crescente ação punitiva contra as classes
consideradas perigosas (moradores de rua, de zonas urbanas consideradas proibidas)
 O aumento da criminalidade seria o principal produto de uma sociedade de
consumidores em pleno desenvolvimento, a qual é legitimada por todos os indivíduos
que fazem parte da sociedade, inclusive os excluídos.

1.7 O Encarceramento e a Exclusão Social


 Encarceramento: Através dele, são separados e isolados aqueles indivíduos que não
possuem condições econômicas para participar do jogo do consumo capitalista.
 Funções da prisão: retribuição, prevenção e recuperação. E existe uma quarta função
não explicitada nos ordenamentos legais, a de repasse ideológico dos valores e
padrões sociais vigentes nas sociedades na qual a prisão está inserida.
 O aumento massivo da utilização do encarceramento enquanto mecanismo de
controle social e separação é conseqüência direta do fato de haver novos e amplos
setores sociais que são vistos como uma ameaça à ordem social. Sua expulsão forçada
do meio social pelo encarceramento é verificada como uma forma eficaz de neutralizar
a ansiedade pública provocada por essa ameaça.
 Passou-se a ocorrer a criminalização da pobreza. A prisão deixou de ter a função de
reeducação, passando a ter um papel de segregação, de defesa social.
 O sistema carcerário torna-se um dos maiores propulsores do aumento da violência. as
prisões têm contribuído para o aumento das taxas de criminalidade. O
encarceramento produz a reincidência.
 A privação de liberdade não consegue atualmente cumprir a função de reinserir
socialmente ou mesmo de prevenir o delito. Ao contrário disso, tem sido propiciado o
surgimento e desenvolvimento de organizações internas, as facções prisionais, que
surgem das carências e da incapacidade do sistema para garantir os direitos
fundamentais dos presos, e acabam resultando em grupos hierárquicos que dominam
o ambiente carcerário e estendem suas atividades para fora das prisões, em atividades
como o tráfico de drogas, assaltos e seqüestros nos grandes centros urbanos.
 “A questão da exclusão social afeta grande parte da populaçã brasileira e é resultante
da convergência de vários aspectos, mas tem como resultado comum a exacerbação
da pobreza. A população carcerária, de modo geral, é formada por indivíduos em
situação de vulnerabilidade social e econômica, e que em condições normais já teriam
dificuldades de garantir a sua própria subsistência e vincular-se a redes sociais de
apoio e solidariedade social. Soma-se a estas dificuldades o fato de que, ao sair da
prisão, passam a carregar o estigma de ex-presidiários, o que se torna um obstáculo
quase intransponível para a maioria dos egressos. Além disso, a baixa escolaridade,
que é característica da quase totalidade da população carcerária, e não é enfrentada
de forma efetiva pelas políticas carcerárias, dificulta ainda mais a recolocação do
egresso no mercado de trabalho.”

Você também pode gostar