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MANUAL PARA AVALIAÇÃO DE

REGULARIDADE DE PRODUTOS PARA


TELECOMUNICAÇÕES IMPORTADOS

Edição 2
Março de 2021

Elaboração:
Anatel-GO (GR07/SFI)
Gerência de Certificação e Numeração (ORCN/SOR)
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Manual sobre avaliação de regularidade de


produtos para telecomunicações nas Aduanas
Sobre este Manual
Esta é a segunda edição deste manual, que tem o objetivo de reunir todas informações relacionadas à
regulamentação da Anatel para avaliação de regularidade de produtos para telecomunicações na zona primária
das aduanas. Nesta versão foram acrescidas informações sobre as formas de apoio que a Anatel pode prestar à
RFB para a inspeção de produtos importados, bem como as diferenças relacionadas a produtos que estejam em
trânsito para outros países.
Na primeira parte os itens de avaliação são apresentados de forma resumida, permitindo uma consulta
rápida. Em seguida é apresentada uma proposta de fluxo para avaliação de regularidade dos produtos. Por fim,
os itens regulamentares são discutidos com mais profundidade. Ao final, são apresentados os resultados do
combate à pirataria no ano de 2020.
As orientações contidas neste manual são baseadas na Lei nº 9.472/97 (Lei Geral das Telecomunicações)
e na Resolução nº 715/2019, que aprovou o Regulamento de Avaliação da Conformidade e de Homologação de
Produtos para Telecomunicações.
Devem ser avaliados de acordo com as orientações deste manual todos os produtos para
telecomunicações cuja homologação é exigida pela Anatel, como antenas, transceptores (como wi-fi e
bluetooth), celulares, baterias e carregadores de celulares, cabos metálicos, fibras óticas e TV Boxes. A relação
completa está disponível em:
https://www.anatel.gov.br/legislacao/atos-de-certificacao-de-produtos/2020/1403-ato-2222.

Itens a serem observados para avaliação de regularidade de produtos


São requisitos para a entrada de um produto para telecomunicações no país:
• Caso destinados à comercialização, ter identificação de homologação (Resolução nº 715, Art. 63, §
Único);
• Não possuir alterações técnicas (produto deve corresponder ao homologado);
• Não se prestar a fins ilícitos (Resolução nº 715, Art. 60, Inc. II);
• Importador deve ser o titular da homologação ou autorizado pelo titular (Resolução nº 715, Art. 64,
Inc. II), ainda que se tratando de módulos embarcados em conjuntos maiores.

As seguintes irregularidades são sanáveis na zona primária pelo importador:


• Produto homologado, mas sem identificação da homologação (importador pode afixar o selo nos
produtos);
• Produto não homologado, mas passível de homologação (importador pode homologar o produto e
em seguida identificá-lo com o número da homologação);
• Importador não é o detentor da homologação (importador pode apresentar autorização emitida
pelo detentor da homologação).

As seguintes irregularidades não são sanáveis na zona primária pelo importador:


• Produto identificado com selo falso;
• Produto identificado com selo de produto diferente do importado;
• Produto se presta a fins ilícitos (por exemplo, à pirataria de conteúdo audiovisual);
• Produto não é passível de homologação (por exemplo, bloqueadores de sinal e desbloqueadores de
Televisão por Assinatura).
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Fluxo proposto para avaliação de regularidade

Apoio da Anatel à RFB na inspeção de produtos para telecomunicações

A Anatel se coloca à disposição da RFB para prestar apoio para a inspeção de produtos para
telecomunicações importados. Vislumbra-se que esse apoio pode ser prestado por duas formas:
• Treinamentos: quando solicitado, a Anatel poderá prover treinamentos aos agentes aduaneiros
para que estes possam avaliar a regularidade dos produtos de forma autônoma, por exemplo
utilizando os sistemas interativos da Agência para verificação das características de
homologação dos produtos;
• Emissão de laudos: caso não seja possível para os agentes aduaneiros verificar a regularidade
dos produtos de forma autônoma, a Anatel, quando solicitado, poderá emitir laudo de avaliação,
atestando, justificadamente, se o produto é regular ou irregular e, caso seja irregular,
informando se há possibilidade de regularização pelo importador.
O apoio da Anatel à RFB, tanto por meio de treinamentos quanto pela inspeção de produtos para emissão
de laudos, será prestado pelos agentes de fiscalização que já estão envolvidos na execução do Plano Operacional
de Fiscalização da Agência. Por isso, para cada solicitação de apoio, deverá ser acordado um prazo exequível,
considerando ainda a eventual necessidade de deslocamento dos agentes de fiscalização.

Avaliação de produtos em trânsito

Os produtos avaliados pela RFB que estiverem em trânsito para outros países não necessitam de
homologação da Anatel caso sejam destinados à comercialização e uso fora do Brasil. No entanto, a Anatel poderá
prestar apoio à RFB para emissão de laudo em dois casos:
• Produtos em trânsito que contenham selo da Anatel – neste caso a Agência poderá avaliar a
regularidade do selo e a compatibilidade das características do equipamento com o produto
homologado;
• Produtos destinados a práticas ilegais – caso o produto seja destinado à prática de crimes, como
é o caso dos bloqueadores de sinais e dos produtos destinados à recepção de conteúdo
audiovisual pirata, a Anatel poderá atestar essa situação à RFB.
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Considerações sobre a regulamentação

Sobre a exigência de identificação da homologação no produto importado:

O momento da marcação do produto depende da finalidade da homologação (ART. 64, I e II da resolução


nº 715/2019).

A homologação é pré-requisito para a utilização e a comercialização no país, conforme Art. 55 da


Resolução nº 715/2019. Os casos em que haverá necessidade de homologação prévia à importação serão
definidos em Procedimento Operacional, que está em construção pela Anatel.

Art. 55. A homologação é pré-requisito obrigatório para a utilização e a comercialização, no País, dos produtos
abrangidos por este Regulamento.
Parágrafo único. A Anatel poderá estabelecer, por meio de Procedimentos Operacionais, os casos em que haverá
a necessidade de homologação prévia à importação de produtos para telecomunicações.

No entanto, para produtos destinados à comercialização, a identificação com o selo é exigida antes da
entrada do produto no país, conforme Parágrafo Único do Art. 63. Para esses casos, um procedimento operacional
excepcionará os produtos dispensados da identificação.

Art. 63. Os produtos homologados devem conter a identificação da homologação, conforme estabelecido no
correspondente Procedimento Operacional.
Parágrafo único. No caso de produtos para telecomunicações importados destinados à comercialização, a
identificação da homologação deve ser realizada antes da entrada do produto no País, ressalvados os casos e
situações definidos no Procedimento Operacional mencionado no caput.

Portanto, se o produto tiver sua homologação destinada ao uso (art. 64, I da Res. 715/2019) e o produto
se encaixar nos casos de homologação por simples declaração de conformidade, destinada a equipamentos de
radiação restrita e baixa potência, desde que não operem conectados à rede elétrica, e para utilização do próprio
importador (fones e caixas de som bluetooth, roteadores wi-fi etc), a marcação pode ser feita a posteriori. No
entanto, se o produto é destinado à comercialização, a marcação deve ocorrer antes da entrada no país.

Ato 2221/2020:
5.1. O produto homologado deve ser marcado com a identificação da homologação Anatel.
5.2. A identificação no produto deve ser providenciada previamente ao uso ou à sua disponibilização no mercado.

O Ato 2221/2020 está atualmente vigente e será substituído pelo Ato 4088/2020, que mantém a mesma
disposição citada acima, mas que também excepciona os casos que não necessitarão de identificação prévia à
importação a partir de 31 de julho de 2021.

Ato 4088/2020:
Art. 2º As obrigações estabelecidas no item 5.2.1 deste Procedimento passarão a ser obrigatórias após 365
(trezentos e sessenta e cinco) dias da publicação deste Ato.
(...)
5.2.1. No caso de produtos para telecomunicações importados, a identificação da homologação deve ser
realizada antes da entrada do produto no País, ressalvados os seguintes casos:
I - Produtos não acabados passíveis de homologação cuja importação é realizada pelo Requerente para
finalização do produto em território nacional;
II - Produtos que exijam a afixação da identificação por meio do Selo de Segurança; e
III - Produtos para o uso do próprio importador.

Em resumo, se o produto se destinar à comercialização (art. 64, II da Res. 715/2019) “a identificação da


homologação deve ser realizada antes da entrada do produto no País, ressalvados os casos e situações definidos
no Procedimento Operacional mencionado no caput. (art. 63, caput, da Res.715/2019)”. Essas exceções da parte
final do art. 63 quanto à necessidade de marcação prévia estão dispostas no Ato 4088/2020, que passará a vigorar
em 31/07/2021.
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Considerações sobre a regulamentação

Sobre a necessidade de autorização do titular da homologação:

Apenas o titular da homologação ou entidade por ele autorizada pode importar um produto para
telecomunicações.
O art. 64, II da Res. 715/2019 dispõe que “O Certificado de Homologação, emitido pela Anatel, confere ao
titular o direito de utilizar e/ou comercializar o produto de telecomunicações em todo o País, no caso de
homologação de Certificado de Conformidade, em suas modalidades”.

Art. 64. O Certificado de Homologação, emitido pela Anatel, confere ao titular:


I - o direito de uso do produto de telecomunicações pelo próprio titular, na hipótese de homologação de
Declaração de Conformidade; e,
II - o direito de utilizar e/ou comercializar o produto de telecomunicações em todo o País, no caso de
homologação de Certificado de Conformidade, em suas modalidades; e de Declaração de Conformidade com
Relatório de Ensaio, conforme dispuser o respectivo Requisito Técnico do produto para telecomunicações.
Paragrafo único. Procedimentos Operacionais e Requisitos Técnicos podem, motivadamente, estabelecer
situações diversas àquelas previstas neste artigo.

Do dispositivo acima extrai-se que o certificado de homologação é conferido em caráter personalíssimo


(intuitu personae), conferindo ao seu titular os direitos de uso e comercialização.
Tais direitos são passíveis de serem cedidos ou compartilhados, segundo o que se depreende do art. 67 do
regulamento citado, que preconiza: Se a operação envolver a transferência ou o compartilhamento do direito de
comercializar o produto para telecomunicações no País, o acordo comercial entre as partes deve prever
expressamente o tratamento a ser conferido aos consumidores quanto à garantia de compra, ao suporte
operacional e à assistência técnica, exigidos pela legislação brasileira, conforme o caso.

Art. 67. Se a operação envolver a transferência ou o compartilhamento do direito de comercializar o produto


para telecomunicações no País, o acordo comercial entre as partes deve prever expressamente o tratamento a
ser conferido aos consumidores quanto à garantia de compra, ao suporte operacional e à assistência técnica,
exigidos pela legislação brasileira, conforme o caso.
§ 1º Na situação prevista no caput, o cedente responde solidariamente por eventuais danos e obrigações
decorrentes da comercialização do produto.
§ 2º A suspensão ou revogação do certificado de homologação do produto para telecomunicações afeta todos os
titulares, que ficam impedidos de utilizar e comercializar o produto e devem cessar toda a publicidade correlata,
salvo disposição expressa em contrário.

Nota-se do exposto que somente o titular do direito de comercializar pode autorizar terceiros a distribuir
ou importar o produto para a comercialização, mormente porque sobre ele recai responsabilidade solidária pelas
obrigações em relação ao produto. Nesse sentido, o §1º do art. 67 citado preconiza: Na situação prevista no
caput, o cedente responde solidariamente por eventuais danos e obrigações decorrentes da comercialização do
produto.
As disposições acima determinam a necessidade de haver um vínculo jurídico (contrato, autorização etc)
entre o titular do direito de comercializar (detentor do certificado de homologação) e o importador interessado
na distribuição do produto para que o produto seja validamente ofertado em território nacional.
Portanto, firma-se o entendimento de que é exigível em zona primária, antes do desembaraço aduaneiro,
a bem da proteção do consumidor de telecomunicações, com fundamento no art. 64, caput e II c/c art. 67 caput e
§1º da Res. 715/2019, o acordo comercial que legitime o importador não detentor da homologação a importar o
produto para telecomunicações para o Brasil.
É previsto na regulamentação a homologação somente do módulo (placa) de transmissão de frequências
alternativamente à homologação do produto final para alguns tipos de produto (por exemplo, caixas de som
portáteis e notebooks), para permitir economia de escala aos fabricantes. Neste caso, o produto que utiliza o
módulo deve ter marcado em seu manual, ou guia rápido, ou no corpo do equipamento a seguinte informação:
“Este produto contém a placa XXXXX código de homologação HHHHH-AA-FFFFF”, conforme determina o Ato
2221, de 20 de abril de 2020. Aplica-se o entendimento de que apenas o titular da homologação do módulo ou
entidade por ele autorizada pode importar um produto final para telecomunicações..
Considerações sobre a regulamentação 5/5

Sobre produtos com características técnicas diferentes da homologação (alterações técnicas):

Para que um produto possa receber um certificado de homologação da Anatel, são realizados testes para avaliação
de atendimento a diversos requisitos técnicos, que visam garantir que os produtos operam de acordo com a regulamentação
vigente no país.
Por exemplo, testes são realizados para verificar se as características relacionadas à emissão de radiofrequências são
compatíveis com as faixas de frequências e limites de potência previstos na regulamentação. Também são verificados os
níveis de emissão de radiação não ionizante e a proteção do usuário contra choques elétricos, superaquecimento e
vazamento de material tóxico.
É comum que alguns produtos sejam homologados com determinadas características técnicas e posteriormente
recebam novas funcionalidades, como por exemplo novas faixas de radiofrequências de operação, e não sejam novamente
submetidos à avaliação de conformidade. Nesses casos, os produtos são considerados como não homologados, pois são
diferentes dos produtos avaliados para emissão do certificado de homologação.

Sobre produtos com software destinado à pirataria:

Os TV Boxes são produtos de alto valor agregado e de grande apelo junto aos consumidores. Sua principal função é
transformar um televisor comum em uma SmartTV, permitindo acesso a conteúdos disponíveis na Internet, como Netflix,
GloboPlay, Prime Video, etc.
No entanto, é comum que esses aparelhos também sejam embarcados com softwares destinados à recepção de
conteúdo pirata, contrariando a Lei de Direitos Autorais.
Em seu Art. 60, Inc II, a Resolução nº 715/2019 estabelece que deve ser indeferido o requerimento de homologação
quando o produto se prestar a fins ilícitos.

Art. 60. O requerimento de homologação deve ser indeferido quando:


(...)
II - o produto se prestar a fins ilícitos, ou concorrer à facilitação de crime ou contravenção penal;

Portanto, caso possuam software destinado à recepção de conteúdo pirata, os TV Boxes, ainda que possuam um
certificado de homologação, são considerados para todos os efeitos como produtos não homologados.
São exemplos de softwares dedicados à pirataria comumente encontrados instalados em Tv Boxes o “My Family
Cinema” e “TV Express”. Outros softwares com essa finalidade podem surgir no futuro.

Resultados do PACP em 2020


A parceria entre a Anatel e a Receita Federal do Brasil tem rendidos excelentes frutos para o combate à
importação de produtos para telecomunicações não homologados. No ano de 2020, as ações junto às aduanas em
portos, aeroportos, correios e couriers se tornaram a principal forma de retirada de produtos irregulares do
mercado. O gráfico abaixo demonstra os resultados obtidos em todas as linhas de ação do PACP em 2020.

2020

Para informações sobre o processo de certificação: certificacao@anatel.gov.br


Para informações sobre as ações de combate à pirataria: pacp@anatel.gov.br
https://www.gov.br/anatel/pt-br/regulado/fiscalizacao/combate-a-pirataria

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