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António pretendia matar Bento. Sabendo que este se encontrava no bar de Xavier, António pegou na sua pistola com
silenciador e dirigiu-se às imediações desse bar, aguardando que Bento de lá saísse. Por volta das 2:30 horas, finalmente, o bar
fecha e Bento retira-se do mesmo, acompanhado dos seus amigos Carlos e Daniel, todos completamente embriagados. António
aponta na direção de Bento, mas, no momento em que dispara dois tiros, a sua potencial vítima tropeça e cai, acabando o
primeiro disparo por atingi-lo no peito, próximo do ombro direito, e o segundo por falhar o alvo e acertar no vidro de uma das
janelas do bar. Como havia uma fuga de gás numa das condutas existentes no estabelecimento comercial, a saída de ar
provocada pelo tiro salvou a vida de duas pessoas que ali se encontravam a dormitar, embriagadas, e que, não raras vezes,
acabavam por lá passar a noite.
Quando António apontava para um terceiro disparo, surge, por detrás, Carlos, que, apercebendo-se da iminência de
novo disparo de António sobre Bento, pega num pau e lhe desfere violento golpe na cabeça. António cai inanimado no chão.
Mesmo assim, Carlos, revoltado com o comportamento de António, ainda o pontapeia na face.
Eduardo, que por ali passava e a tudo assistira, chama, pelo telefone, uma ambulância que conduz António e Bento ao
hospital.
Francisca, uma das médicas de serviço, diagnostica lesão grave em Bento e tudo prepara para uma intervenção
cirúrgica.
Gisela, enfermeira, ao reconhecer em Bento um ex-namorado que frequentemente lhe batia, ao preparar a anestesia,
introduz uma dose de veneno mortal.
Após, Hélder, médico anestesista, lhe ministrar a anestesia, Bento teve morte imediata.
António foi intervencionado com sucesso por uma outra médica, Luísa, não ficando com sequelas graves.
Com espírito de síntese e clareza nas respostas, determine a eventual responsabilidade penal de:
Tentativa de homicídio sobre Bento (que consome ofensa à integridade física), artigos 22.º, 23.º e 131.º (referir desvio relevante no desenvolvimento do risco na
morte provocada por veneno na anestesia).
Dano (artigo 212.º) em aberratio ictus; exclusão do dolo por analogia com artigo 16º, nº 1.
Dano negligente não é típico, artigo 13.º.
Ofensa grave (artigo 144.º, d)) sobre António em excesso de defesa (artigo 33º) de terceiro. Pontapés foram desnecessários para repelir agressão atual e ilícita.
O excesso de defesa é censurável (artigo 33.º, n.º 2).
Homicídio de Bento em erro-ignorância sobre o facto típico (artigo 16º, nº1) provocado por Gisela que, assim, o instrumentaliza; exclusão do dolo; fica ressalvada
a punibilidade por negligência (artigos 16.º, n.º 3, 15.º e 137º).
NOTAS